Conhecimento
Conhecimento
Conhecimento
Em resposta a esta pergunta, Platão considera que só há conhecimento quando as crenças que
temos das coisas são simultaneamente verdadeiras e justificadas.
Todo o conhecimento pressupõe uma crença, pois é necessário acreditar naquilo que se
conhece; no entanto, a crença, apesar de necessária, não é condição suficiente pois não nos
garante que esse conhecimento seja verdadeiro.
A verdade é também uma condição necessária ao conhecimento, mas não suficiente, pois as
crenças verdadeiras poderão ter sido obtidas por mero acaso e não porque se sabe
antecipadamente; logo, necessita de uma justificação.
Por isto, conclui-se que a dúvida cartesiana é metódica, ou seja, é um meio utilizado para
alcançar a verdade. Além disso, como nada pode escapar à dúvida, esta é universal e também
hiperbólica (exagerada, indo além da própria realidade percebida). Embora, Descartes nada
exclua da dúvida, esta durará somente até se encontrar algum conhecimento certo, pois o
objetivo do filósofo é descobrir certezas, evidências que resistam á dúvida, sendo por isso
provisória.
Descartes apresentou várias razões para duvidar: as ilusões dos sentidos, a indistinção vigília-
sono, os erros do raciocínio e a Hipótese de um Génio Maligno.
O argumento das ilusões dos sentidos sustenta que, uma vez que os nossos sentidos nos
enganam algumas vezes, nunca podemos saber se nos estão a enganar ou não, portanto nunca
devemos confiar nas informações adquiridas através deles.
O argumento dos erros de raciocínio baseia-se na ideia de que, uma vez que todos podemos
cometer erros nos raciocínios mais simples, não podemos justificadamente acreditar em
crenças que tenham origem no nosso raciocínio.
O argumento do Génio Maligno diz-nos o seguinte: uma vez que não podemos saber se o
Génio Maligno existe ou não, a maioria das nossas crenças são falsas, ou, ainda que sejam
verdadeiras, são-no apenas por acaso (pois não temos nenhuma justificação para acreditar que
não se trata de mais uma das suas maquinações). Logo, não temos qualquer espécie de
conhecimento. Enquanto a Hipótese do Génio Maligno não for afastada, não podemos,
aparentemente, estar certos de nada.
Descartes mostra que ainda que eu não possa saber se estou, ou não, a ser engando por um
Génio Maligno, existe algo que posso saber com toda a certeza: Penso, logo, existo. Esta
crença, conhecida por cogito, não pode consistentemente posta em causa, pois para se poder
duvidar do quer que seja é preciso existir.
Contudo, o cogito não é suficiente para assegurar Descartes de que tem um corpo, nem da
veracidade das suas experiências percetivas, porque, uma vez que pode imaginar que não tem
um corpo sem que isso implique que não existe, mas não pode duvidar que existe enquanto
ser pensante, Descartes conclui que é essencialmente uma substância pensante, isto é, uma
mente ou alma imaterial, que existe independentemente do corpo e que é de natureza
inteiramente distinta do mesmo. Esta perspetiva ficou conhecida como “dualismos mente-
corpo” (ou “dualismos cartesiano”).
Inspirado no cogito, Descartes adota o critério de verdade, que permite distinguir as ideias
verdadeiras das falsas, uma vez que consiste em aceitar apenas as coisas que apareçam ao
espírito tão clara e distintamente que nenhuma dúvida lhe possa resistir.