O Que É o Assédio No Local de Trabalho
O Que É o Assédio No Local de Trabalho
O Que É o Assédio No Local de Trabalho
Assédio moral
Estabelecer sistematicamente metas e objetivos impossíveis de atingir ou
estabelecer prazos inexequíveis;
Atribuir sistematicamente funções estranhas ou desadequadas à categoria
profissional;
Não atribuir sistematicamente quaisquer funções ao trabalhador/a – falta de
ocupação efetiva;
Apropriar-se sistematicamente de ideias, propostas, projetos e trabalhos de
colegas ou de subordinados sem identificar o autor das mesmas;
Desprezar, ignorar ou humilhar colegas ou trabalhadores/as, forçando o seu
isolamento face a outros colegas e superiores hierárquicos;
Sonegar sistematicamente informações necessárias ao desempenho das
funções de outros colegas ou de subordinados ou relativas ao funcionamento
das entidades empregadoras, públicas ou privadas, sendo no entanto o
conteúdo dessas informações facultado aos demais trabalhadores e
trabalhadoras;
Divulgar sistematicamente rumores e comentários maliciosos ou críticas
reiteradas sobre colegas de trabalho, subordinados ou superiores hierárquicos;
Dar sistematicamente instruções de trabalho confusas e imprecisas;
Pedir sistematicamente trabalhos urgentes sem necessidade;
Fazer sistematicamente críticas em público a colegas de trabalho, a
subordinados ou a outros superiores hierárquicos;
Insinuar sistematicamente que o trabalhador ou trabalhadora ou colega de
trabalho tem problemas mentais ou familiares;
Transferir o/a trabalhador/a de sector com a clara intenção de promover o seu
isolamento;
Falar sistematicamente aos gritos, de forma a intimidar as pessoas;
Marcar o número de vezes e contar o tempo que o trabalhador/a demora na
casa de banho;
Fazer brincadeiras frequentes com conteúdo ofensivo referentes ao sexo, raça,
opção sexual ou religiosa, deficiências físicas, problemas de saúde etc., de
outros/as colegas ou subordinados/as;
Comentar sistematicamente a vida pessoal de outrem;
Criar sistematicamente situações objetivas de stresse, de molde a provocar no
destinatário/a da conduta o seu descontrolo.
Assédio sexual
Repetir sistematicamente observações sugestivas, piadas ou
comentários sobre a aparência ou condição sexual;
Enviar reiteradamente desenhos animados, desenhos, fotografias ou
imagens de Internet, indesejados e de teor sexual;
Realizar telefonemas, enviar cartas, sms ou e-mails indesejados, de
caráter sexual;
Promover o contacto físico intencional e não solicitado, ou excessivo ou
provocar abordagens físicas desnecessárias;
Enviar convites persistentes para participação em programas sociais ou
lúdicos, quando a pessoa visada deixou claro que o convite é
indesejado;
Apresentar convites e pedidos de favores sexuais associados a
promessa de obtenção de emprego ou melhoria das condições de
trabalho, estabilidade no emprego ou na carreira profissional, podendo
esta relação ser expressa e direta ou insinuada;
1. Denúncia interna
É na denúncia, feita pela vítima ou por um terceiro, que tudo começa. A
situação deverá, numa primeira instância, ser reportada ao mecanismo da
empresa responsável por tratar destas questões.
“Há diversas hipóteses”, avança Joana de Sá. Numa multinacional, é provável
que o canal de denúncia não esteja sediado no país do colaborador, estando a
cargo da gestão de Recursos Humanos, que garante que a denúncia é
absolutamente anónima e protegida.”
Quando se trata de organizações mais pequenas, o canal de denúncia deve
ser delegado ao responsável pelos Recursos Humanos ou a alguém que
detenha as funções responsáveis pelas entrevistas e admissão de novos
colaboradores, considera Joana de Sá. De qualquer forma, não é aconselhável
que seja a gerência a gerir esta função, uma vez que pode “consubstanciar um
conflito de interesses.”
Independentemente da dimensão da empresa, é importante que exista um
email próprio para a denúncia, recebido pela mesma pessoa.
O que pode acontecer?
Quando a queixa é recebida, a empresa tem a obrigação de abrir um inquérito.
“Deve-se tentar ouvir a pessoa que fez a denúncia, caso se tenha identificado,
e os visados”, explica Joana de Sá.
É neste processo que é apurado se houve ou não assédio na empresa. Caso
se considere que sim, instaura-se um processo disciplinar contra o colaborador
que assediou, que pode ser sancionado de diversas formas, incluindo com o
despedimento. “O colaborador que é a vítima de assédio tem o direito de
consultar o processo e decidir se se conforma com a solução que a empresa
encontrou para lidar com a situação”, explica Joana de Sá.
Caso a vítima não concorde, pode instaurar uma ação judicial contra o
assediador. “Neste caso, será ele o responsável por qualquer dano sofrido pelo
colaborador e não a empresa, que já accionou todo o seu protocolo de
recepção de queixa, instauração de processo e, eventualmente, de aplicação
de sanção.”
Em termos judiciais, a vítima pode exigir uma indemnização pelo dano moral
sofrido face à conduta da qual foi vítima. “Se o tema resvalar para matérias
mais gravosas, pode ser tratado nos tribunais criminais, através de
importunação sexual, ofensa à integridade física ou moral, conforme a
densidade da conduta.”
2. Queixa à ACT
Caso o colaborador (vítima ou testemunha de assédio) não se sinta à vontade
— ou caso a empresa não possua este canal — recorrer aos mecanismos
nacionais ou regionais é uma hipótese. Pode fazer a denúncia junto
da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) ou da Inspecção Regional
do Trabalho.
O que pode acontecer?
Na sequência desta inspecção, estas entidades podem sancionar a empresa
por vários motivos: confirmar a prática da má conduta, por observar que não
existem os canais de denúncia, que não foi aberto um inquérito ou por verificar
que não existe um código de prevenção e combate ao assédio no trabalho.
Se a entidade empregadora não possuir um código de conduta, pode, no caso
de haver uma queixa por assédio no trabalho, dar-se a inversão do ónus da
prova. “Presume-se que se a entidade empregadora não tem este código de
combate ao assédio, ela é cúmplice na situação”, explica Joana de Sá. “Se um
colaborador pedir uma indemnização devido à conduta da qual foi vítima, a
entidade pode também ser condenada.”
Para se proteger e garantir que é possível provar que houve prática de assédio,
Joana de Sá aconselha que as vítimas vão reunindo provas, como “e-
mails trocados com discursos menos corretos” ou colegas que são
testemunhas do assédio e que se disponibilizem para falar.
Como pode a empresa proteger os seus trabalhadores?
Foi a partir de 2017 que a proibição do assédio moral no local de trabalho
passou a estar expressa em letra de lei. “O Código do Trabalho passou a
prever uma série de regras espelhadas em alguns artigos relativos a esta
matéria, passando a impor uma regra chave: para empresas com sete ou mais
trabalhadores passa a ser necessário criar um código de conduta para
prevenção e combate ao assédio no trabalho”, explica Joana de Sá.
Segundo a especialista em Direito do Trabalho, além de existir por escrito, este
código deve espelhar-se de outras formas: “Pode ser mais valioso se for
materializado em práticas, designadamente em ações de sensibilização e
simulacros dentro das empresas, que expliquem o que pode ou não
consubstanciar conduta proibida ou não recomendada.”
Além disso, é importante que, sempre que se faça uma admissão do
empregador e se entregue o contrato e o regulamento interno, se proceda
também à explicação detalhada do que são as regras de prevenção e combate
do assédio do trabalho. É que, conclui Joana de Sá, não vale a pena ter um
código de conduta se este não é do conhecimento dos colaboradores.
A lei prevê que tanto o trabalhador que denuncia como as testemunhas não
podem ser alvo de sanções disciplinares pelas declarações que prestaram no
processo. O despedimento ocorrido até um ano depois de um trabalhador ter
denunciado uma situação de assédio presume-se abusivo. Parte-se do
princípio de que foi provocado pela denúncia e terá de ser a entidade patronal
a provar que assim não foi.
Reparação de danos
Direito a indemnização
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Assédio moral
Assédio sexual