Clube de Regatas Do Flamengo - Amado Por Uma Multidão, Ferramenta Política Da Ditadura Com o Apoio Da Globo (1933-1985)

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Trabalho de Métodos e Técnicas em História

Estudante: Marcos Vinicius da Cunha Bonfim


Prof: Pedro Campos.
Instituição de ensino: Universidade Rural Federal do Rio de Janeiro (UFRRJ)

Clube de Regatas do Flamengo: amado por uma multidão, ferramenta


política da ditadura com o apoio da Globo (1933-1985)

O objetivo deste trabalho de pesquisa têm é de compreender como o Flamengo, se


tornou tão população a nível nacional na década de 30, e durante o período da ditadura
civil-militar como o Flamengo foi usado de ferramenta política e citar casos de atletas
perseguidos como Stuart Angel era remador do clube e terminou torturado e morto, Zico
cortado das olimpíadas de 72 em Berlim e de familiares dos atletas como Nando irmão de
Zico perseguido por fazer parte do Plano Nacional de Alfabetização de Paulo Freire, quando
cursava filosofia na Faculdade Nacional de Filosofia, de Edu Coimbra barrado da copa de
70, apesar do fato de ter sido artilheiro do torneio Roberto Gomes Pedrosa (era o
campeonato brasileiro da época) e entre outros assuntos.

A justificativa desse projeto se sustenta em compreender como o Fla se tornou tão


popular a nível nacional, desmistificar a falácia que futebol e política não se misturam e o
Flamengo é mais um exemplo dessa relação futebol e política, e as fontes utilizadas como
base desse projeto são; a tese de Renato Coutinho " Um Flamengo grande, um Brasil
maior: O Clube de Regatas do Flamengo e o imaginário político nacionalista popular
(1933-1955), o livro de Ruy Castro "Vermelho e o Negro", site Observatório do Futebol,
Fórum da verdade da UFPR, o Relato do irmão de Zico Nando é a Reportagem do portal
UOL do dia 01/04/2019. Boa leitura

Introdução

'Um dia, quando se mergulhar de verdade nos


fatores que historicamente ajudaram a consolidar
a integração nacional, o Flamengo terá de ser
incluído."
(Ruy Castro)

É de conhecimento popular que o futebol é uma paixão popular, mexe com a paixão do
brasileiro, seja com a seleção brasileira em época de copa do mundo ao ponto de ser
decretado ponto facultativo para que todos possam assistir os jogos da seleção, ou com o
seu time de futebol seja Vasco, Botafogo, Fluminense e Flamengo ou qualquer outro time
de futebol é inegável que o Brasil é o país do futebol. Não apenas das 5 copas que
conquistamos, também das lendas como; Pelé o rei deste esporte, Ronaldo Fenômeno,
Romário, Zico, Kaká e vários outros se eu ficasse citando um por um levaria uma
eternidade. Mas também nosso esporte foi usado também de ferramenta política como a
lendária seleção de 70, após do vexame de 66 na Inglaterra passou a ter interferência do
regime como a polêmica convocação de Dadá Maravilha, a controvérsia demissão de João
Saldanha por ter ligações ao partido comunista, as propagandas ufanistas durante a copa
de 70 como "Ninguém segura esse país", "Brasil ame-o ou deixo", sem contar do
clientelismo que motivava o regime a inflar o campeonato nacional com base no tema "onde
a arena vai mal, mais um time no nacional" em 79 chegou a contar com 94 times o exemplo
mais famoso é o Itabuna convidado para jogar o torneio para jogar o torneio após um
mutirão dos produtores de cacau da região e nem o Flamengo escapou dessa interferência,
isso será explicado mais à frente.

É notório que hoje a história do Flamengo é rica de conquistas e de ídolos a final em


termos de conquistas, temos 3 libertadores, somos os únicos do Estado do RJ campeão do
Mundo, 4 Copas do Brasil, 8 brasileiros sem falar das 2 super copas e da Recopa
Sul-americana e de ídolos temos o Júnior, Andrade, Rondinelli o "Deus da Raça", Leandro,
Nunes, o rei rubro-negro Arthur Antunes Coimbra (Zico) e mais recente o príncipe
rubro-negro Gabriel Barbosa (Gabigol), Arrascaeta, Everton Ribeiro, Gerson, Adriano
Imperador e Petkovic e entre outros. Mas nem sempre foi assim, nessa parte inicial do
trabalho vamos voltar a uma época onde o Flamengo não era tão vitorioso assim.

1. Flamengo, origem de sua popularidade .

É fato que as pesquisas de opinião sempre costumam circular nas conversas com seus
amigos, parentes ou familiares seja por um pleito eleitoral ou qual música foi a mais ouvida
daquele ano. O fato é que se um determinado instituto de pesquisa divulgar um resultado
que vai contra a opinião de alguém as teorias da conspiração ganham força. Em outubro de
1998, uma rádio de Jaú, no interior de São Paulo, fez uma enquete querendo saber se ele
já havia sido ouvido pelo IBOPE. Vale destacar que a negação da legitimidade das
pesquisas de opinião teve como base essa enquete.

Em 1927, o Jornal do Brasil, com o apoio da mineradora Salutaris. Com o objetivo de


saber qual era o clube mais popular da cidade. E então os torcedores preenchiam os
cupons publicados nos jornais e os torcedores mandavam para a redação. É notório que
esse método de pesquisa abriu margem para questionamentos do resultado. Vale citar que
na época alguns torcedores do Flamengo se passavam por torcedores do Vasco e pegaram
os cupons com os votos para o clube cruzmaltino na sede do jornal. Jogaram os cupons no
lixo após a contagem geral dos votos, o Flamengo recebeu a taça Salutaris e recebeu o
apelido de clube mais querido do Brasil. O então elitista Clube de Regatas do Flamengo,
graças à malandragem de seus sócios que manipularam venceu a eleição, futuramente o
apelido iria virar a sua marca registrada.

E nas décadas de 30 e 50, o Jornal dos Sports, periódico esportivo que a partir de 1936
ficou sob a responsabilidade do Jornalista Mário Filho, sacramentou as pesquisas de
popularidade. E na década de 70 a revista Placar consolidou as pesquisas de popularidade,
nesse período o espaço era praticamente dedicado às maiores torcidas dos clubes de
futebol.

O Flamengo desde que venceu a primeira pesquisa de popularidade em 1927, ostenta a


maior quantidade de torcedores pelo o país. Aparentemente a primeira apuração sofreu
fraudes relevantes. Porém outras pesquisas, em outros cenários sociais, confirmaram o
resultado de 1927. Vale mencionar que a popularidade do rubro-negro carioca foi
conquistada através da fraude de votos, as pesquisas a partir dos anos 30 passou por um
rigor operacional, desde daquele momento o clube adotou a popularidade a sua imagem
social.

Com a evolução dos valores na questão dos contratos publicitários em torno da


popularidade ganhou uma nova dimensão. Ter mais torcedores representa uma fatia maior
no contrato de direito de transmissão com as emissoras, sem contar que isso também
representa um poder de barganha maior nos acordos patrocínios que estampam os
uniformes dos clubes. No início da era profissional a presença de torcedores era a principal
fonte de renda, com a ampliação das maneiras de arrecadações, ser popular também
representou uma facilidade maior de obter um sucesso publicitário maior.

Em busca pelo reconhecimento popular chegou no seu ponto máximo de tensão no


momento que o resultado das pesquisas de popularidade. Isso representa um milhões a
mais na hora de fechar um acordo pelos direitos de transmissão, por causa disso o torcedor
representa um poder mercantil. Todavia as primeiras colocações não apresentaram
alterações, Flamengo e Corinthians seguem como os clubes mais populares do país,
sequencialmente em primeiro e segundo lugares nas preferências do público, consolidando
eles como os representantes da brasilidade e do imaginário social do país.

No ano de 1998, o jornal o Lance mostrou uma pesquisa encomendada pelo o


IBOPE, tinha como objetivo ter uma noção mais ampla sobre as torcidas dos clubes de
futebol do país. Foram entrevistados 3 mil homens e mulheres acima dos 16 anos em todo
Brasil levando em consideração gênero, escolaridade, geração, renda, interesse pelo o
esporte e distribuição regional. Em todas as categorias, o Flamengo levou a melhor.
Confirmando os resultados de outras pesquisas anteriores.

Por gênero, 17% dos homens e 14% das mulheres afirmaram que são torcedores do
Flamengo, contra 10 % e 11% de mulheres e homens corinthianos. As épocas de
nascimentos foram divididas em 4 fases: de 1974 e 1982, entre 1964 e 1973, entre 1949 e
1963 e, finalmente, antes de 1949. Nas três gerações mais novas, o Flamengo ficando em
primeiro, o Corinthians logo em segundo.

Por renda e escolaridade a popularidade do Flamengo fica ainda mais forte. No tocante a
aqueles que têm o ensino fundamental I e II completos e ensino fundamental II incompleto,
também entre quem possui o colegial completo e incompleto. Com as pessoas que tem o
ensino superior completo o rubro-negro carioca caiu do primeiro lugar para o terceiro lugar
com 10% de preferência desse público e o primeiro lugar com uma porcentagem de 14%.
Com as pessoas até dois salários mínimos o Fla possui 15 %, mais do que o dobro do
segundo colocado Corinthians, e o triplo do terceiro colocado Palmeiras com 5%. Em
relação com 5 salários, o Corinthians com 15% e o Flamengo com 14% quase um empate
técnico.

Flamengo; o clube da elite vs o clube do povo.

Até metade dos anos 30 o Fla era visto como o clube das elites, até José de Barros
assumir a presidência do clube. Com o objetivo de transformar o rubro-negro carioca um
clube de massa. Realizou ações públicas nas escolas para que os alunos mostrassem
apego ao clube é a criação da Frase "Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer".

O mandatário também expandiu o número de sócios torcedores da instituição,


aumentando as suas receitas, conseguindo atrair bons jogadores e obtendo uma maior
visibilidade. Como também apoio das grandes emissoras e de nomes como Mário Filho,
Roberto Marinho, Ary Barroso e José Lins do Rego ampliaram o alcance da equipe.

Podemos mencionar também a profissionalização na forma de gerir a instituição, o Brasil


e o futebol, como um todo, passaram pelo mesmo processo naquela época. A conquista de
diversos títulos e um futebol encantador taticamente continuou encantando a população,
porém no conceito de integração nacional o Flamengo é um time muito popular entre os
brasileiros até os dias de hoje.

2. Com base da alta popularidade do Flamengo, Médici adota o rubro-negro carioca


com segundo time.

Com a popularidade do Flamengo consolidada desde a década de 1930, após o clube


mudar de identidade, deixando de ser o clube da alta sociedade carioca, para ser o clube do
povo. Com base nisso, em plena ditadura militar, Emílio Garrastazu Médici adotou o
Flamengo como o segundo time, dividindo o espaço com o Grêmio, que é o seu primeiro
time. Isso tudo para buscar popularidade com a população, passando a imagem de fã do
esporte bretão com a camisa do clube e segurando um radinho de pilha ele era ovacionado
pelo o público presente no Maracanã.

E a estratégia política funcionou perfeitamente na época o público esquecia que havia


perseguidos políticos, tortura, repressão para aplaudir o então ditador na época, assim
como a seleção brasileira foi usada de ferramenta política do regime política em busca de
popularidade com as propagandas ufanistas, o clube de maior torcida do país foi outra
ferramenta em busca de aprovação popular.
A propagação dessa imagem, contou com a relação imprensa e regime na época.
Através da censura, também na interferência nas divulgações de notícias pelo o país. O
aparato midiático conectado diretamente a propaganda e censura que é completamente
legitimado pela imprensa escrita e de rádio. A relação governo e imprensa já foi abordada
por diversos autores, e se mostrou muito bem sucedida na época. Muito também se deve
ao momento que o Brasil estava com o clima ufanista devido ao sucesso do milagre
econômico. Com base nisso a imagem do Médici era construída como um brasileiro comum;
torcedor que frequenta o Maracanã, dá palpite na escalação da seleção brasileira, com o
cigarrinho, copinho de café e torcedor do Flamengo. Conseguia construir a imagem de
homem do povo, apesar de toda repressão da época.

3. Flamengo agente de alienação da população brasileira pró-ditadura com a


colaboração da Rede Globo de Televisão.

Não é nenhum absurdo dizer que a Rede Globo de Televisão foi agente pró-ditadura
naquele período, afinal a emissora de Roberto Marinho foi conivente com o regime ditatorial,
sem contar dos favorecimentos que a emissora recebeu naquele período como por exemplo
cassar as concessões da TV Tupi, enquanto as da Globo cresciam de maneira bem
duvidosa e o golpe final contra a Tupi foi quando o regime provocou o incêndio no prédio da
emissora paulista e assim a TV Tupi fechava as portas é a TV Globo se tornava a emissora
mais poderosa do País.

E então aonde o Flamengo entra nessa história?

Com a Tupi completamente fora do caminho, a Rede Globo de Televisão podia expandir
a sua audiência, com as conceções no Nordeste, Roberto Marinho viu a oportunidade
perfeita de aumentar o alcance da sua emissora, levando o futebol para a região. E aí entra
o Flamengo nisso, o clube foi usado de instrumento de manipulação pela a TV Globo e da
Ditadura fazendo toda a população esquecer dos problemas gerados pelos militares
naquele período e de obter mais benefícios.

Na década de 60 o Campeonato Carioca começou a se tornar o campeonato mais


importante do Brasil. Até a década de 70 os clubes possuíam um certo equilíbrio, porém o
Flamengo, já despontava como o clube de maior torcida. Uma pesquisa da revista Placar
em conjunto com o instituto Gallup mostra os números da preferência dos torcedores no Rio
de Janeiro.

Flamengo 28%
Fluminense 18%
Vasco 17%
América 6%
Botafogo 5%
Bangú 2%
Outros 2%
Nenhum 22%

A emissora focou naqueles 22%, era uma população que poderia estar vibrando
assistindo os jogos do rubro-negro carioca estavam lutando contra os problemas do Regime
Militar. O esquadrão lendário do Flamengo de 1981 deu a chance perfeita de oferecer uma
alternativa perfeita para os generais para os seus problemas. Através do futebol, seria algo
equivalente a "política do pão e circo" só que em vez de gladiadores, jogadores de futebol.
As mulheres dariam às novelas, aos homens o Fla de Zico, Júnior, Andrade, Leandro,
Adílio, Andrade, Raul Plasmann e entre outros.

Com isso a emissora percebeu que o Flamengo naquele período encantava não apenas
os torcedores locais, também a torcida fora do Estado do Rio de Janeiro. Que viu um time
dominante no futebol nacional e na América do Sul, Roberto Marinho tinha como objetivo de
transformar a administração em paixão.

Em São Paulo não deu certo como se esperava, até porque o Campeonato Paulista
também era muito relevante e o Corinthians era um fenômeno de popularidade, inclusive no
Sudeste e disputava torcida em Santa Catarina e no Paraná. E o Rio Grande do Sul por
causa da sua postura separatista resistiu ao Flamengo. E com isso o Nordeste foi alvo da
Globo e da ditadura com a manipulação.

É claro atribuir as conquistas do Flamengo a Globo ou aos militares é o cúmulo do


clubismo até porque o clube foi competente para montar um esquadrão com jogadores feito
no próprio clube. Como os títulos Brasileiros de 80, 82 e 83 sem contar dos diversos títulos
cariocas e da libertadores em 81 sobre o Cobreloa e do mundial no mesmo ano com direito
a um 3x0 sobre o Liverpool. E essa conquista virou canto da torcida:

"Em dezembro de 81
Botou os ingleses na roda
3 a 0 no Liverpool
Ficou marcado na história
Que no Rio não tem outro igual
Só o Flamengo é campeão mundial
E agora seu povo
Pede o mundo de novo
Em dezembro de 81
Botou os ingleses na roda
3 a 0 no Liverpool
Ficou marcado na história
Que no Rio não tem outro igual
Só o Flamengo é campeão mundial
E agora seu povo
Pede o mundo de novo
Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe, mengo
Pra cima deles, Flamengo!
Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe, mengo
Pra cima deles, Flamengo!
Que no Rio não tem outro igual
Só o Flamengo é campeão mundial
E agora seu povo
Pede o mundo de novo"

Porém a instituição foi usada como um agente pró-ditadura, isso não dá para negar, essa
é a maior mancha que o Flamengo carrega em sua gloriosa história centenária.

4. Familiares de Zico perseguidos pela a Ditadura.

Caso Nando, irmão do Zico

Fernando Antunes Coimbra, irmão de Zico, também foi jogador de futebol. Porém sua
carreira foi encerrada, não por causa do seu desempenho ou da sua idade, mas sim pela a
perseguição que ele sofria pela a ditadura militar no país.

Durante a Entrevista ao podcast "Contra ataque", produzido pela a Globoplay ele


relembra do porque a sua trajetória no esporte precisou ser abreviada por conta do
militarismo. Ele atuou nas categorias de base do Fluminense, mas naquela época resolveu
dividir a sua vivência no esporte com a sua carreira de professor, devido ao fato que ele se
inscreveu e foi aprovado no Programa Nacional de Alfabetização criado por Paulo Freire no
governo de João Goulart.

A carreira dele como professor durou um mês após a implantação da ditadura, em 1964,
já que logo depois do golpe o PNA havia colocado fim ao programa. Nando voltou todas as
suas atenções ao futebol. Ele teve uma breve passagem pelo o Santos-ES que não existe
mais. E quando voltou ao Rio de Janeiro, passou pelo América-RJ na categoria de
aspirantes, onde jogavam os irmãos Antunes e Edu, e depois chegou ao Madureira. Mesmo
se destacando na época ele foi afastado do clube, segundo um diretor de futebol do
Madureira disse que ele se recusou a cumprir uma ordem, todavia segundo Nando o motivo
era outro segundo ele:

"Tinham que inventar alguma coisa, né?! Véspera de


Madureira e Botafogo no Maracanã [...] ele armou com
um veterano para eu fazer uma pergunta a ele sobre
quando era o pagamento dos jogadores. Ele colocou o
dedo na minha cara, começou a me xingar e disse que
eu estava afastado. Os jogadores fizeram até um apelo
para eu voltar porque ninguém entendia o motivo de eu
não poder jogar. Um dia eu descobri que ele era um
dedo-duro da ditadura"

Depois de sair do futebol carioca, Nando foi jogar no Ceará, longe dos holofotes da
ditadura. O desempenho dele foi convincente, tanto que chamou a atenção do Belenses de
Portugal, e partiu para o futebol europeu em 1968. Porém a vida ele no território português
não foi fácil, porque ele foi considerado uma ameaça ao regime de Antônio Salazar e
relatou o seguinte:

"Começaram a falar e deram a entender que sabiam da minha


vida no Brasil. Não falaram do PNA, mas sabiam que, além do
futebol, tinha outras coisas e tal. Expliquei que estava lá para
jogar futebol e mais nada. Quiseram ver meu documento.
Naquela época, as transferências eram feitas de federação
para federação. Lembrei que um senhor da CBD [hoje CBF]
me chamou em um canto e me falou: 'Olha, meu filho,
cuidado. Você é filho de português e eles estão mandando
todo mundo para a África, para a guerra. Se te procurarem,
você diz que sua documentação está na embaixada brasileira'"

Edu barrado da copa de 70.

Muitos conhecem a história da demissão controversa de João Saldanha, porque o regime


não aceitava um militante comunista no comando técnico da seleção. Porém pouco é
comentado sobre o fato do Edu Antunes Coimbra ter sido cortado da copa de 70, mesmo
sendo artilheiro do torneio Roberto Gomes Pedrosa (atual campeonato brasileiro) ele era
um nome praticamente certo na seleção do Saldanha, mas misteriosamente ele foi barrado
após Zagallo ter assumido a seleção, ele seria o reserva imediato de Pelé, mas por ser
irmão do Nando não jogou a copa de 70.

Zico barrado das olimpíadas de 1972

Antes de se tornar o maior nome da história do Flamengo e umas das lendas do futebol
brasileiro, Arthur Antunes Coimbra (Zico) foi barrado das olimpíadas de Montreal, apesar do
fato de ter feito o gol que classificou o Brasil no pré-olímpico de 1971 contra a Argentina e
ele pensou em desistir do futebol mas foi convencido pelos seus irmãos segundo ele:

Meus irmãos me convenceram, dizendo que o Flamengo não


tinha nada com isso. E eu não quis que acontecesse comigo o
que aconteceu com eles. Em 1964, meu pai não quis assinar
um contrato de gaveta para o Antunes e ouviu de um cara que
o filho não iria para a Seleção. O Edu, em 1969, foi eleito o
melhor jogador do Brasil e não foi para a Seleção. Pensei: “De
novo acontecendo, agora comigo?” Aí, decidi voltar a jogar e
graças a Deus tomei a decisão certa. Mas minha irmã,
psicóloga, bate na tecla de que fui impedido de ir à Olimpíada
por causa do regime ditatorial, do problema do meu irmão
Nando (Fernando Antunes Coimbra), que foi pego pelos
militares e passou cinco dias na Polícia do Exército, no Rio. A
ditadura pode ter me tirado da Olimpíada.

É notório que ele não foi barrado por lesão ou por questões técnicas, mas sim devido ao
fato que o regime havia perseguido os irmãos de Nando. Primeiro o Edu, depois o Zico.

5. Stuart Angel remador do Flamengo perseguido pela a Ditadura

Stuart Edgar Angel Jones era estudante de economia na Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) e remador do Clube de Regatas do Flamengo, até que em 1964 com o
golpe militar contra João Goulart a vida dele mudou, largou a faculdade de economia e
entrou no grupo revolucionário MR-8, Movimento Revolucionário 8 de Outubro, largando a
faculdade de economia e o remo para lutar contra a ditadura.

Stuart participou do sequestro do embaixador norte-americano. Segundo o site Memórias


da ditadura, o jovem era um dos integrantes da frente de trabalho sendo um dos
participantes do sequestro.
No dia 14 de 1971, Stuart Angel foi preso aos 25 anos, pelos os agentes do Centro de
Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa), sendo levado para a base aérea do
Galeão. Os agentes queriam que Stuart passasse informações sobre o paradeiro de Carlos
Lamarca. O jovem por lá foi torturado até a morte e segundo o militante Polari de Alvarenga,
que também foi detido, Stuart foi amarrado a um jipe militar e foi arrastado pela a pista de
pouso, como também quando o veículo parava os agentes levavam a boca do rapaz
obrigando ele a respirar os gases do escapamento e por fim morreu implorando por água e
desapareceu.

Gestão Patrícia Amorim e a memória de Angel.

A gestão de Patrícia Amorim em termos futebolísticos e financeiros merece todas críticas


do mundo. Afinal ela deixou a saúde financeira do Flamengo em frangalhos para o seu
sucessor Eduardo Bandeira de Mello, porém no lado humanitário a sua gestão merece
todos os elogios possíveis, pois no dia 9 de dezembro de 2010 o rubro-negro carioca
inaugurou o memorial em homenagem a Stuart Angel foi alteta do clube, estudante de
Economia e desaparecido e assassinado pela a ditadura. Essa iniciativa contou com o apoio
da secretaria dos direitos humanos, entre outras entidades. Até ser retirado pela a
autoridade olímpica para reformas e não voltou.

Porque justamente na sede náutica do Flamengo ?

Ele foi bicampeão carioca de remo pelo o clube (1964-1965) Stuart achou na garagem de
barcos na lagoa Rodrigo de Freitas um abrigo anos depois de atuar pelo o clube. Durante o
período na clandestinidade, chegou a dormir num barco na sede náutica, ele não deixava o
local nem pra comprar comida. Por livre espontânea vontade a sua casa segunda casa para
não comprometer a segurança dos seus amigos. Segundo ele:

“Está ficando perigoso andar comigo”, dizia aos companheiros de


Flamengo.

Um capítulo lamentável da história do nosso país passa pela a sede náutica do


Flamengo, e não tem como fingir que nada disso aconteceu. O clube não retirou o
memorial, mas pode colocá-lo de volta de onde nunca deveria ter saído.

Gestão atual e a negligência do caso Stuart Angel.

O grupo de sócios Flamengo da gente organizou uma homenagem à Hildeart Angel, irmã
de Stuart que foi perseguido, torturado e morto durante o período de ditadura militar em
nosso país. O Rubro Negro carioca foi cobrado, mas teve uma postura covarde e se
esquivou do assunto de acordo com o comunicado:
"Em relação à nota publicada nesta segunda-feira na coluna Ancelmo
Gois - do jornal O Globo - o Clube de Regatas do Flamengo esclarece
que, por ser uma verdadeira Nação, formada por mais de 42 milhões
de torcedores das mais diversas crenças e opiniões, não se posiciona
sobre assuntos políticos.

A homenagem citada na nota foi realizada diretamente por um grupo


de sócios e torcedores do Clube, sem nenhuma participação da
instituição - algo que, inclusive, é estatutariamente vedado."

Uma nota oficial feita por dirigentes completamente covardes numa tentativa patética de
tentar fingir que um ex-atleta do clube nunca foi torturado, além de ser uma nota de covarde
também deram um show de hipocrisia pois na nota afirmam que o clube não deve se
posicionar politicamente, mas Marcos Braz e Rodolfo Landim tiraram foto com o então
presidente Jair Bolsonaro e com o então ministro da justiça, Sérgio Moro. Contar que após o
Flamengo conquistar o tricampeonato da libertadores a diretoria do Fla fazem 22 um claro
sinal de apoio ao candidato e presidente até pouco tempo Jair Messias Bolsonaro que já
defendeu as atrocidades cometidas pelo o regime militar e já homenageou Carlos Brilhante
Ustra durante a votação do Impeachment de Dilma Rousseff. Haja hipocrisia e covardia de
uma gestão que em termos de títulos foi muito bem sucedida, mas no lado humanitário e na
coerência falharam miseravelmente.

6. Conheça a Fla-Diretas, torcida organizada que defendeu a campanha das diretas já

Muitos já ouviram falar da democracia corinthiana, movimento composto por jogadores


do clube liderados pelo o falecido Sócrates, também nas arquibancadas existiu uma
organizada do Flamengo que também defendeu essa campanha, essa organizada se
chama Fla-Diretas. Durante a estreia do clube no campeonato brasileiro de 1984 contra o
Palmeiras e vencendo por 1x0 com gol de Tita, a Fla-Diretas esteve presente naquele jogo,
a torcida organizada deu as caras três meses antes da votação sobre a emenda Dante de
Oliveira em abril daquele ano, o movimento era composto por funcionários do bandejão da
PUC e estudantes. E provavelmente tenha rolado uma brincadeira com o jovem zagueiro
Figueiredo, xará de João Batista Figueiredo, último dos ditadores militares.
“Nosso Figueiredo é melhor que o deles. A ideia era essa. Mas ele,
coitado, não sabia de nada”, recorda o jornalista Henrique Brandão, à
época estudante de História na UFF.

Mas, antes de começar a frequentar as arquibancadas a Fla-Diretas precisava de


conquistar dois avais: do clube e da associação de torcidas organizadas do Flamengo.
Durante o encontro com o presidente do clube naquele período, George Helal, que
atualmente dá o nome do CT Ninho do Urubu, os jovens contaram com a ajuda de Márcio
Braga, que presidiu o Flamengo de 1977 até 1980 exercendo os seus dois primeiros
mandatos.

Raça ao Congresso, passando por Henfil e… Christiane Torloni.

Na arquibancada rubro-negra historicamente sempre esteve fragmentada em várias


torcidas organizadas, porém nos últimos 40 anos a Raça Rubro-Negra foi a organizada que
mais se destacou. E partiu dela, naquele período capitaneada por pelo o fundador Cláudio
Cruz, o maior apoiador interno do Fla-Diretas na reunião das torcidas, no campo e nas
arquibancadas. Outras organizadas, outros pensavam que a intenção do movimento, era
notoriamente efêmero, de se tornar uma torcida fixa, com lugar na arquibancada e com
sede de hegemonia.

Com o apoio do 'Pulmão da Arquibancada' e sobre alguns olhares tortos, a Fla-Diretas foi
ganhando força e ganhou um mascote pra chamar de seu. Nas mãos do cartunista Henfil,
um dos fundadores do PT, o tradicional urubu da Gávea passou a carregar um urubu da
Gávea e passou a carregar um voto na boca, com o rastro do voo formando o nome da
torcida no ar. A arte virou adesivo de carro, camisa, carteirinha com direito a número de
inscrição e função dentro do movimento. Henfil, foi presenteado com o papel plastificado
com o número 10, feito por Zico, era o diretor de criação.

Enquanto as carteirinhas eram uma brincadeira interna entre os fundadores, as camisetas


e o plástico se espalhavam pelo o Maracanã. Até a última reforma do estádio voltada para
os grandes eventos, o Maracanã só tinha duas rampas de acesso, conhecidas como Bellini
e UERJ. Todavia, a primeira era o nome associado ao zagueiro ídolo do Vasco, era a
entrada clássica dos flamenguistas, que por alí subiam até ocupar a arquibancada à
esquerda da filmagem televisiva. Foi naquele setor que a Fla-Diretas passou a se
estabelecer antes das partidas e a colocar os seus produtos à venda. O resultado das
vendas mostrou que o apelo pela volta da democracia era enorme. E Henrique Brandão
descreve esse momento segundo ele:

“Fiquei impressionado. Saía muito o material. Quando o jogo


começava, já tinha acabado. Toda a torcida começou a perceber o
que a gente queria, que era ser um movimento político dentro da
torcida do Flamengo”, explica Henrique Brandão. “[Contra o
Palmeiras] Fomos andando para a Raça, e foi legal que quando
chegamos lá todo mundo cantou: ‘É Fla Diretas! É Fla Diretas!’ Foi a
primeira torcida pelas Diretas Já num estádio.”

Também houve o apoio ao movimento dos funcionários do bandejão da PUC, que eram
controlados pelo o DCE, que costumavam ser aparelhados pelos líderes estudantis.
Segundo o irmão de Bussunda o movimento chegou a ter uns 300 e poucos.

"Chegamos a ter uns 300 e poucos (membros na arquibancada)”

“Ao mesmo tempo em que discutíamos política, discutíamos


Flamengo. Era uma sensação muito boa: apoiando o Flamengo e
derrubando a ditadura. Melhor que isso é difícil imaginar.“

No meio político partidário, um dos grandes apoiadores da Fla-Diretas foi o hoje deputado
Miro Teixeira (Rede-RJ), torcedor do clube que contou com o apoio do Partidão ao se
candidatar ao governo do Rio de Janeiro pelo o PMDB, 1982–quando a campanha de
Leonel Brizola, atravessou as bases populares. Segundo na opinião de Miro, que frequenta
o Maracanã quando tem tempo é impossível separar o futebol da política segundo ele

“São as pessoas. As pessoas que estão no futebol também estão


pensando no desemprego”

Se Figueiredo era o padrinho, faltava uma madrinha. A torcedora famosa e envolvida com
política, a atriz Christiane Torloni surgiu com a melhor alternativa para ser a madrinha. O
contato não foi difícil. Ela foi casada com o psicanalista Eduardo Mascarenhas, que mais
tarde ocuparia cadeiras na Câmara por PDT e PSDB. Nos anos mais duros da ditadura,
Mascarenhas exerceu papel importante ao lado da mãe de Bussunda e Sergio Besserman,
a também psicanalista Helena Besserman Vianna, na oposição ao regime.

Fla-Diretas e a candidatura de Tancredo

Com camiseta, padrinho e madrinha, a Fla-Diretas crescia rapidamente. Até que veio o dia
25 de abril de 1984. Derrubada na Câmara, a Emenda Dante de Oliveira adiava o sonho da
população de voltar a escolher o presidente da república do país, a movimentação popular,
porém serviu para fortalecer a candidatura de Tancredo Neves (PMDB) ao cargo máximo do
executivo do Brasil. Seu adversário era Paulo Maluf pelo PDS, antigo ARENA, o partido do
regime, e Besserman comentou sobre o pleito.

“O que não se fala muito, mas nós sabíamos, é que as Diretas não
iam passar no Congresso. Sabíamos que não tinha maioria. Mas
também sabíamos que o movimento dividiria o regime e elegeria o
Tancredo nas eleições indiretas”

Márcio Braga também apoiou a candidatura de Tancredo Neves, seu nome foi apoiado
pelos setores democráticos. Com a escassez de humildade que faz parte da sua
personalidade o ex-presidente marcado pela a abundância de títulos diz:

Nós (Flamengo) popularizamos o Doutor Tancredo. O que o


Flamengo abraça, a população abraça.”

Com o sonho das eleições diretas adiado, a Fla-Diretas passou a defender o candidato
Tancredo Neves, com a criação do comitê jovem do Tancredo. Nessa mistura de causas,
torcida e comitê, que no fundo tinham o mesmo objetivo final. Para Luiz Augusto Veloso,
que ingressaria na vida política do Flamengo em 1986 através do Márcio e se tornaria
presidente do clube em 1992, a experiência estudantil foi fundamental para a influência para
a criação do movimento rubro-negro em apoio das diretas.

“Todo mundo tinha o mínimo de experiência de organização. E a Fla Diretas


influenciou de modo recíproco, uma coisa de mão dupla. Ela não existiria se
as pessoas não fossem militantes”, diz. “Essas coisas se organizam com um
sentido básico de mobilização. Era mais fácil encarar essas conversas com
as demais torcidas para quem tinha que encarar reunião de movimento
estudantil.”

7. O Fla-Flu das diretas

Pôster: Flamengo campeão da Taça Guanabara da revista da Placar da edição de número


749 do dia 29/09/1984.
A disputa Tancredo e Maluf, pulsando na final da Taça Guanabara de 1984, ganhou
contornos políticos. Aquela final foi chamada de Fla-Flu das diretas, a face mais repercutida
iniciada pela a Fla-Diretas meses antes. Campeão brasileiro naquele ano depois de duas
conquistas consecutivas do rubro-negro carioca, o tricolor estava numa polêmica que irritou
a diretoria e sua torcida.

Torcedor do Fluminense e do Grêmio, o general João Batista Figueiredo conseguiu um


bico para o massagista Nazareno Barbosa Tavares, que o salvou de um infarto, na
comissão técnica do tricolor das Laranjeiras. Como Maluf era o candidato do regime,
Nazareno deu um jeito de articular um apoio ao candidato do PDS, com a promessa que
Maluf iria criar o ministério dos esportes. O atacante Washington, ídolo nas Laranjeiras, os
laterais Branco e Aldo e o volante Jandir participaram de visita a Maluf em Brasília,
visitaram Maluf em Brasília 1 semana antes do pleito. O goleiro Paulo Vitor que não
respondeu a reportagem, como também não compareceu ao encontro com Maluf. Sem
estar presente no encontro, ele foi até a sede da TV Manchete, onde estavam Romerito e
Delei, que também discordaram da iniciativa porque perceberam que Maluf tinha o povo
contra si.

Segundo os escritos de Eduardo Galeano sobre a magia do Fla-Flu resumiu bem o clima
de 1984 no seguinte trecho.

“(…) o Fluminense havia gerado sua própria maldição, e a


desgraça não tinha mais remédio.” Como não podia deixar de
ser, a malufada tricolor virou motivo de provocação por parte
dos flamenguistas. Na arquibancada rubro-negra, o recado era
claro: “O Fla não Malufa”, dizia uma faixa. “Eu me lembro que
meus amigos tricolores ficaram putos”, recorda Henrique
Brandão, que não foi ao jogo porque estava num comício de
Tancredo no Recife. Mas a torcida tricolor, de encontro com o
elenco, também se posicionou pró-Tancredo e esticou a faixa
“Maluf é corrupção, Tancredo é a solução”, parecida com a
“Muda Brasil, Tancredo já” erguida no lado rubro-negro.

Em resumo foi um Fla-Flu com cunho político com gol de Adílio e uma atuação impecável
de Bebeto, apontado como o substituto do Zico, o Flamengo foi campeão da Taça
Guanabara daquele ano. E a revista Placar cuja a sua redação era dirigida pelo o jornalista
Juca Kfouri, a vitória recebeu destaque políticos a matéria recebendo o seguinte título "A
tancredada do Fla" nada imprevisível se tratando da revista que colocou o futebol no
caminho da redemocratização
"Eu fui ao palanque (das Diretas), eu arregimentei o povo nos
esquentas dos comícios e pus ‘Placar’ inteiramente na campanha.
Fizemos capas com Pelé e Sócrates”, recorda Kfouri, sobre a
cobertura daquele período. Antes do Fla x Flu, o técnico Zagallo
vociferou aos jogadores rubro-negros: “Vamos dar uma tancredada
neles!”

Depois de o país ser redemocratizado, alguns integrantes da Fla-Diretas se envolveram


na política em maior grau ou em menor. Sergio Besserman se filiou ao PSDB nos anos
1990, foi diretor do BNDES e presidente do IBGE no governo de Fernando Henrique
Cardoso. Atualmente o economista nos dias de hoje se considera de esquerda, porém faz
questão de frisar que rechaça a dicotomia entre Estado e mercado, estatização e
privatização. Enquanto Henrique Brandão esteve no PT durante um período, até se
aproximar do PSOL, há alguns anos chegou a ser assessor do deputado Eliomar Coelho na
Assembleia Legislativa do Rio.

CONCLUSÃO

Não é apenas no Brasil que o futebol foi usado de maneira política. Pode citar também a
Itália campeã da copa de 34 foi utilizada de maneira política, através do futebol ele queria
fidelizar as massas, sem falar do fato que a copa estava sendo disputada no território
italiano mostrando a força e a capacidade de organização do torneio, como também
buscava legitimidade frente a comunidade internacional que criticava os seus métodos e
obrigando os jogadores da seleção a fazer uma saudação facista e sem contar das
polêmicas de arbitragem no duelo contra a Espanha por exemplo vencendo com um gol
irregular e da ameaça de morte de Mussolini feita aos jogadores, no caso argentino o
regime queriam se ultilizar da copa de melhorar a imagem do governo e associar a vitória
da seleção albiceleste ao regime, sem contar no jogo fraudulento contra o Perú com direito
ao general Videla visitando o vestiário da seleção peruana numa maneira de intimidar os
jogadores peruanos e no caso brasileiro podemos citar a seleção brasileira de 70 e todo o
ufanismo durante aquela copa, a duvidosa demissão de João Saldanha, a convocação de
Dadá Maravilha por exigência do ditador Medici, a interferência no campeonato nacional
baseado num clientelismo motivou a ARENA a inflar o brasileiro de 79 para 94 times e o
próprio Flamengo foi ultilizado de maneira involuntária como uma ferramenta a serviço do
regime como foi citado ao longo desse trabalho. Enfim futebol e política andam lado a lado
por conveniência de algum determinado regime ditatorial.
REFERÊNCIAS

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do Flamengo e a Construção do Imaginário Político Nacionalista Popular (1933-1955). 2. ed.
Rio de Janeiro: 7 Letras, 2019. 198p.

SARTORI, Caio. Democracia rubro-negra: quando a torcida do Flamengo gritou Diretas Já.
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GINANE, Leandro. O papel do Flamengo na sociedade. Ludopédio, São Paulo, v. 132, n.


52, 2020.

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-5f889b6f5678

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