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ADURA MILITAR
ILITAR
XXIII
HISTÓRIA I
Em 1964, um golpe militar marcaria o surgimento de uma nova grupo conhecido como “linha dura” do regime militar brasileiro,
fase no Brasil, caracterizada por autoritarismo e crescimento econô- que pregava a intensificação do uso da força e de medidas repressi-
mico. A interrupção da democracia no Brasil ajudava a configurar vas.
um triste cenário de golpes violentos por toda a América Latina. Tomava forma no país uma nova composição no quadro político,
Assim como em nosso país, Argentina, Uruguai, Chile, Peru, Co- baseada no bipartidarismo - uma maneira do governo militar falsear
lômbia, Bolívia e vários outros tiveram seus regimes democráticos um veio democrático ao regime instalado, enquanto limitava os par-
abolidos em nome de uma “Doutrina de Segurança Nacional”, dita- tidos políticos a dois:
da pelos Estados Unidos em plena Guerra Fria. ARENA (Aliança Renovadora Nacional) - partido do governo;
Chamada de “revolução” por seus autores, essa subida ao poder PMDB (Movimento Democrático Brasileiro) - partido da oposi-
cada vez revelaria a sua tendência anti-democrática e conservadora. ção.
Consumado o golpe, o decreto do Ato Adicional n.1 conferia No ano de 1967, uma nova Constituição era aprovada majoritari-
poderes ao Congresso para eleger o presidente – era escolhido, en- amente por membros ou simpatizantes do governo. Diminuiu a au-
tão, Castelo Branco - ex-chefe do estado-maior do exército. tonomia dos estados, que passaram a ter seus governantes eleitos
Passaram a ser perseguidos, perdendo muitas vezes seus manda- indiretamente, e ampliou ainda mais o poder do executivo. A Lei de
tos, os principais líderes políticos de oposição. Diversos organismos Imprensa entraria em vigor em março deste mesmo ano, como mais
políticos foram extintos, como o Comando Geral dos trabalhado- uma medida de controle da opinião pública pela ordem autoritária.
res, as Ligas Camponesas e a União Nacional dos Estudantes (UNE),
que, ainda assim, continuou atuando na clandestinidade até 1968.
Foram feitas intervenções nos sindicatos, que passavam a ter sua
atuação significativamente limitada.
Foram presos, nos primeiros meses do regime, cerca de 50 mil
pessoas, suspeitas de subversão e com poucas chances de se defen-
der. A imprensa brasileira não se manifestava abertamente acerca
das violências do novo governo, mas a opinião pública internacio-
nal, já nos primeiros meses após o golpe, denunciava o autoritarismo
que se estenderia pelas próximas duas décadas no Brasil.
CASTELO BRANCO (1964-1967)
Seu governo caracteriza-se pela modernização e abertura do país
ao capital estrangeiro, pela repressão às organizações populares e
pelo início dos atos institucionais. “- Foi você, Maria, ou já começou a Lei de Imprensa?”
Embora fosse considerado um moderado, Castelo Branco foi o Caricatura de Fortuna durante a discussão do projeto para a nova Lei de Imprensa.
responsável pela criação do SNI (Serviço Nacional de Informações), Correio da Manhã, 7/10/1966.
buscando monitorar e coibir possíveis atividades comunistas. ARTUR DA COSTA E SILVA (1968-69)
Para reprimir os opositores do regime, considerados subversivos Através de pleito indireto, o general “linha dura” foi escolhido
e “comunistas” (demonizados pelos militares), foram criados apare- para ser o segundo presidente, provocando intensas manifestações
lhos repressivos onde a tortura, que muitas vezes levava à morte, era contra a ditadura.
aplicada: o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), o
Alguns políticos, como Carlos Lacerda (que havia colaborado com
DOI-CODI (Destacamento de Operações e Informações – Centro
os militares no momento do golpe), Juscelino Kubitschek e João
de Operações de Defesa Externa), a OBAN (Operação Bandeiran-
Goulart criaram a “Frente Ampla”, organização pela democracia.
tes) e o CCC (Comando de Caça aos Comunistas).
A ameaça de perda do poder pelo restabelecimento da ordem ci-
O MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) também
vil, levou Costa e Silva a proibir a Frente Ampla ainda em 1968.
data deste período, e através dele o governo pretendia diminuir os
Várias foram as manifestações ocorridas nesse ano a denunciar a
índices de analfabetismo no país. Sendo implantado em 1967, esva-
insatisfação com o regime – e contra a negativa dos governantes em
ziou das práticas alfabetizadoras a construção do espírito crítico pelos
promover a prometida abertura. Greves como as de Contagem (MG)
educandos - como Paulo Freire vinha propondo com sua “pedago-
e Osasco (SP) e a Passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro, são
gia do oprimido” antes do golpe – limitando o processo educativo à
exemplos importantes.
aprendizagem mecânica da leitura, escrita e das operações matemá-
1968 foi um ano repleto de manifestações políticas em todo o
ticas.
mundo; as rebeliões estudantis na França e na Alemanha, a contes-
Foi criado nesse governo o Fundo de Garantia por Tempo de tação à Guerra do Vietnã e à política norte-americana, entre outros,
Serviço (FGTS), favorecendo o empresariado, uma vez que aumen- acenderam no Brasil a esperança de modificações sociais profundas
tava a rotatividade de mão-de-obra a baixo custo e limitava a estabi- a começar pelo fim da ditadura. Embora não respondesse aos anseios
lidade no emprego. de toda a juventude oposicionista, a luta armada cativava já um bom
Com o Ato Institucional no 2, cancelou os registros dos partidos número de simpatizantes.
políticos, tornando-os ilegais, ao mesmo tempo em que aumentou a Em março desse mesmo ano, a repressão a uma manifestação
repressão nos estados e municípios. Ficava clara aí a influência do estudantil no restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro, resultou na
24 Pela Difusão do Conhecimento Crítico
morte de Edson Luís pelos policiais militares. O assassinato do jo- imprensa alternativa e da chamada “imprensa nanica”, por utilizar
vem estudante teve grande repercussão, e figurou como um marco mimeógrafo ou gráficas clandestinas na reprodução de panfletos e
da luta contra o autoritarismo - seu enterro foi acompanhado por jornais de oposição e denúncia dos crimes do regime. O Pasquim foi
cerca de 50 mil pessoas. Na missa de sétimo dia, a polícia prendeu um dos mais importantes órgãos de imprensa surgido nesse contex-
600 pessoas. to. Trazendo entrevistas, charges, crônicas, com caráter de irreverência
Finalmente, o discurso proferido em 2 de setembro na Câmara e contestação, foi responsável pela revelação de nomes importantes
Federal pelo jovem deputado emedebista Márcio Moreira Alves – como Henfil, Jaguar, Millôr Fernandes, Ziraldo entre outros.
propondo o boicote às comemorações do 7 de setembro e critican-
do a invasão por 200 soldados da PM e 100 agentes do DOPS à
Universidade de Brasília, ocorrido quatro dias antes e resultando no
ferimento à bala de diversos estudantes -, serviu de estopim para
que fosse tomada a principal medida de endurecimento em todo o
regime: a decretação do Ato Institucional no 5.
O AI-5 foi considerado “o golpe dentro do golpe”. Através deste
decreto, o Congresso foi fechado por tempo indeterminado, o habeas
corpus (garantia constitucional de defesa da cidadania) suprimido, e a
censura imposta de modo ainda mais violento.
Acusados de “subversivos”, muitos opositores do regime foram
perseguidos, torturados e mortos por todo o país.
À medida em que o Brasil vivia um acirramento da ditadura e da
intolerância, as manifestações culturais ganhavam espaço, dando
vazão, muitas vezes, à contestação do regime. Os grandes festivais,
transmitidos pela televisão, consagravam uma geração de composi-
tores da música popular brasileira, como Chico Buarque, Gilberto
Gil, Geraldo Vandré, Caetano Veloso e outros, ao mesmo tempo
em que serviam como terreno para o debate de idéias acerca daque-
le contexto.
Inspirado pelos modernistas de 22, um grupo de artistas cria o “Em novembro de 1969, quase toda a redação do semanário O Pasquim é presa. Sob
censura, o jornal atribuiu o sumiço de sua equipe a um surto de gripe”.
movimento tropicalista em 1968, na tentativa de conjugar elemen-
tos da cultura brasileira e as tendências da vanguarda internacional, Fonte: História da Vida Privada no Brasil / Lilia Moritz Schwarcz (org.). – SP: Cia
das Letras, 1998, p.355.
numa intenção auto-intitulada “neo-antropofágica”. A introdução
de instrumentos elétricos em músicas de temática nacional é um Na área econômica, o novo ministro da Fazenda, Delfim Netto
exemplo dessa intenção, que acabou gerando bastante controvérsia, prometia a retomada do crescimento econômico sem aumento in-
não sendo totalmente aceita pela juventude da época. flacionário. Fixou salários, ao mesmo tempo em que criava um siste-
Com o AI-5, as letras de música, peças de teatro, filmes, ou qual- ma de controle de preços, fornecendo créditos ao setor privado.
quer manifestação artística passaram a sofrer uma interferência cada Essa política funcionou num primeiro momento, elevando o PIB e
vez maior dos órgãos de censura. Ao mesmo tempo em que diversas iniciando o período conhecido como “milagre econômico”.
obras eram proibidas, outras acabavam atravessando o crivo dos Tido como referencial na economia para a direita brasileira (até os
censores pela sutileza de algumas menções ou pela ambigüidade de dias atuais) e execrado pela esquerda, Delfim Netto iniciava um
palavras e idéias. Contudo, muitos artistas foram perseguidos e al- processo de endividamento externo, beneficiando a curto prazo a
guns deles acabaram por deixar o país. classe média, que passava a ter poder aquisitivo, graças às linhas de
Os grandes jornais do país também passaram a sofrer censura, crédito. O resultado dessa política seria sentido nos governos poste-
chegando até a ser alvo de atentados. Em abril de 1968 o jornal O riores, com a crescente dependência externa e a acentuação do abis-
Estado de S. Paulo foi atingido por uma bomba que destruiu boa par- mo entre as classes populares e as elites.
te do saguão, chegando a danificar janelas de prédios localizados em Doente, Costa e Silva foi afastado do governo em 1969 e substitu-
um raio de 500 metros. Foram responsabilizadas, na época, as forças ído por uma Junta Militar, reunindo os ministros do exército, da
radicais de esquerda, mas, dez anos depois, descobriu-se a participa- marinha e da aeronáutica. Nessa época, foi outorgada uma emenda
ção do Estado Maior do II Exército na preparação e execução do à Constituição centralizando ainda mais o poder nas mãos dos mili-
atentado. A repressão não conseguiu impedir a proliferação de uma tares.
1) (Unicamp) “A palavra revolução tem sido empregada de modo a provocar confu- ticas básicas do bipartidarismo e suas principais conseqüências.
sões... No essencial, porém, há pouca confusão quanto ao seu significado central: sabe-se
que a palavra se aplica para designar mudanças drásticas e violentas na estrutura da 3) (Puc) Com o golpe civil-militar de 64, assumiu a presidência da Repúbli-
sociedade.” ca brasileira o general Castelo Branco, que governou o país até o ano de
1967. São medidas de seu governo, exceto:
(Florestan Fernandes. O que é Revolução – SP: Brasiliense, 1981, p.7 e 8.)
a) Liberação da remessa de lucros para o exterior, permitindo que as
Explique por que, segundo o conceito proposto por Florestan Fernandes, o multinacionais mandassem capitais para fora do país.
movimento político de 1964 não foi uma revolução. b) Revogação dos decretos de nacionalização das refinarias de petróleo e da
2) (Fuvest) O Ato Institucional no 2, baixado em outubro de 1965 pelo desapropriação de terras.
regime militar brasileiro, extinguiu os partidos políticos então existentes, c) Decretação do AI-2, que estabelecia a competência da Justiça Militar
abrindo caminho para a instituição do bipartidarismo. Aponte as caracterís- para julgar civis que cometessem crimes contra a segurança nacional.
3) a