JCDF Resumo
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2. Definição de Constituição
O Direito Constitucional é o direito da constituição.
A constituição é o conjunto de normas jurídicas que definem a estrutura (povo, território e poder político), os
fins (segurança, justiça e bem-estar económico-social), as funções do Estado (política, legislativa, judicial e
administrativa), a organização (económica, social e política), a titularidade (órgãos), o exercício (processo de
feitura e execução de leis) e o controlo do poder político (fiscalização da constitucionalidade, tribunais e
provedor de Justiça).
4. Constituição Portuguesa
A 1ª constituição escrita apareceu em 1822, como produto do movimento revolucionário de 1820. Foi elaborada
pelas cortes extraordinárias e constituintes de 1821, que foram eleitas, pelo povo através de assembleia,
especificamente para este fim (pertencia ao modelo de monarquia parlamentar).
Ocorrida a Revolução do 25 de abril de 1974, que tinha como finalidade pôr fim ao regime político ditatorial e
instaurar um regime político democrático, surge a constituição de 1976 (que causa uma rutura constitucional ou
uma descontinuidade constitucional).
Rutura Constitucional porquê?
Pois a revolução de 1974 provocou um corte político, jurídico e social na ordem existente (regime de ditadura
que tinha uma constituição que acompanhava – constituição de 1933), criando uma nova ordem que teria a sua
estrutura fundamental no texto da Constituição de 1976. Esta nova constituição assenta no poder constituinte de
uma Assembleia Constituinte soberana, onde há legitimidade representativa. Defendia que a soberania residia
no povo português.
5. Sentidos de constituição
Constituição em sentido material: abrange todas as normas que versam sobre matéria com dignidade
constitucional (atende ao seu objeto e conteúdo, delimita a matéria com dignidade)
Constituição em sentido formal: conjunto de normas qualificadas como constitucionais e revestidas de força
jurídica superior à de quaisquer outras normas (deve-se vincular à constituição em sentido material).
Requisitos que assinalam a constituição em sentido formal:
1) Intencionalidade na formação – as normas constitucionais são criadas com a intenção de serem
constitucionais, são elaboradas por um poder com legitimidade para esse mesmo fim, de acordo
com um processo específico de formação.
2) Sistematização própria – as normas integram-se num conjunto sistemático com uma unidade e
coerência próprias, dentro da unidade e da coerência gerais do ordenamento jurídico.
Constituição em sentido instrumental: documento onde se inserem as normas constitucionais; tem como
objetivo tornar patente a Constituição em sentido formal e a qualificação de certas normas como
constitucionais.
Em sentido amplo, considera-se todo e qualquer texto constitucional (seja ou não Constituição em sentido
formal), mas num sentido mais estrito, é o próprio texto chamado constituição, que depende sempre da
existência de uma Constituição em sentido formal.
b) Modificação da Constituição
Defende-se que a criação de uma constituição envolve duas realidades diferentes: a faculdade de criar ex-
novo uma constituição e a faculdade de rever a constituição existente. É crucial o asseguramento da
continuidade da Constituição para que esta possa cumprir a sua tarefa, o que implica a proibição da revisão
constitucional total e alterações que eliminem a identidade da própria constituição.
A revisão pode consistir em: modificação (substituição), eliminação (supressão) ou introdução (aditamento)
de um preceito constitucional.
Podem ainda ocorrer ruturas constitucionais – regulamentações constitucionais específicas, contrárias ao
regime genérico consagrado na Constituição. Temos como exemplos as auto-ruturas (disposições de
conteúdo contrário a outras normas constitucionais gerais e abstratas), os atos decorrentes da vigência do
regime do estado de sítio ou estado de emergência (a constituição admite-os para poder sobreviver) e a lei-
medida constitucional (possibilidade de a revisão revestir a forma de uma lei concreta na modalidade de lei-
medida).
Desconstitucionalização – consiste na transformação de normas constitucionais anteriores em normas
legislativas ordinárias. Pode ser originária (resulta do exercício do poder constituinte originário),
superveniente (resulta do exercício do poder de revisão), expressa (a transformação é expressamente prevista
na constituição) ou tácita (a transformação resulta do silêncio do legislador sobre normas que não revoga de
forma explícita).