Queijos Nacionais - Mercado Sebrae
Queijos Nacionais - Mercado Sebrae
Queijos Nacionais - Mercado Sebrae
Sumário
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae 2008
Adelmir Santana
Presidente do Conselho Deliberativo Nacional
Francisco Gracioso
Conselheiro Associado ESPM
Raissa Rossiter
Gerente Unidade de Acesso a Mercados
Juarez de Paula
Gerente Unidade de Atendimento Coletivo – Agronegócios e Territórios Específicos
Patrícia Mayana
Coordenadora Técnica
Laura Gallucci
Coordenadora Geral de Estudos ESPM
Ione Almeida
Pesquisadora ESPM
S E T E M B R O D E 2 0 0 8
queijos nacionais
Sumário
Índice
1. Introdução...................................................................................................................... 7
2. Histórico do Queijo........................................................................................................ 7
4. Produtos ...................................................................................................................... 19
4.1. Mussarela................................................................................................................... 19
4.2. Prato........................................................................................................................... 19
4.3. Requeijão.................................................................................................................... 20
4.4. Minas Frescal.............................................................................................................. 20
4.5. Minas Padrão . ........................................................................................................... 20
4.6. Parmesão.................................................................................................................... 21
4.7. Queijo de Coalho ........................................................................................................ 21
2. Matriz PFOA................................................................................................................. 26
Este Sumário é parte integrante da Análise de Mercados Setoriais do SEBRAE e tem como
propósito apresentar um panorama sobre o mercado de queijos nacionais, permitindo aos
empresários de micro e pequenas empresas se desenvolver, crescer e lucrar com maior
segurança e tranqüilidade, apoiados em informações que possibilitam a melhoria na qua-
lidade da tomada de decisões gerenciais.
2. Histórico do Queijo
Conforme detectado por meio de dados primários junto a especialistas do setor, utiliza-se
o termo commodity (produto básico, primário, simples) para se referir aos queijos larga-
mente comercializados e de menor valor agregado, de forma a diferenciá-los dos queijos
fundidos, processados e finos.
2.2. Mercado
número de pequenos e micro laticínios que atuam regionalmente e fora do âmbito do Serviço
de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura – SIF. O predomínio desses pequenos pro-
dutores dificulta a obtenção de informações oficiais sobre a produção total de queijos no Bra-
sil, uma vez que não há um registro oficial do que é produzido por essas MPEs informais.
D E
A produção sob inspeção do SIF, conforme projeções feitas por especialistas do setor e pela
ESTUDOS
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006**
Volume
191,7 206,6 248,6 286,2 318,5 350,4 376,0 402,8 423,8 449,6 477,3 477,3 500,0 543,5 572,0
1000 ton.
Var. % 3,0 7,8 20,3 15,1 11,3 10,0 7,3 7,1 5,2 6,1 6,2 0,0 4,8 8,7 5,2
Fonte: SIPA (Sistema Integrado de Agroecológica); ABIQ (Associação Brasileira das Indústrias de Queijos); Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
Nos anos subseqüentes (95 a 97), o mercado de queijos continuou apresentando índices
de crescimento elevados mas, a partir de 2000, com a queda no ritmo de crescimento da
economia brasileira, as taxas de crescimento do mercado de queijos se mantiveram prati-
camente estáveis, num patamar em torno de 6% ao ano.
Entre 2002 e 2006, este mercado cresceu cerca de 20%, passando de 477.300 tons para
572.000 tons.
7
Gráfico 1 – Evolução da produção brasileira de queijos (*) – volumes em 1.000 toneladas
600
em 1.000 toneladas
500
400
Volume
300
200
100
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006*
anos
Fonte: SIPA (Sistema Integrado de Agroecológica); ABIQ (Associação Brasileira das Indústrias de Queijos); Embrapa (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Nota: * Inclui queijos especiais; ** informação atualizada: fonte ABIQ.
Quanto ao dimensionamento do mercado em valores, a ABIQ estima que, em 2006, o
faturamento das empresas sob inspeção federal foi da ordem de R$ 3,7 bilhões, um
crescimento de cerca de 5,7% em relação a 2005, cujo faturamento foi de aproximada-
mente R$ 3,5 bilhões.
8.000
milhões de reais
7.000
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000
0
2001 2002 2003 2004 2005 2006*
anos
Fonte: EUROMONITOR INTERNATIONAL. GMID (Global market information database). 2007. Nota: * Estimativa.
8
Tabela 2 – Vendas de queijo no varejo em valor (milhões de reais) – 2001/2006* (em milhoes de reais)
24%
2 Empresa européia de Consultoria e Pesquisa de Mercado que faz levantamentos de várias categorias
de produtos em vários países. As estimativas elaboradas por essa empresa levaram em conta estatísticas
locais oficiais (IBGE p.ex.), associações do varejo, pesquisas junto a empresas locais e referem-se ao volume
estimado de vendas, em valor, por parte do varejo.
35%
Gráfico 3 – Produção por tipo de queijo – 2005 (em %)
2%
24%
68%
35%
Fonte: ABIQ
Seguem-se os queijos processados (Requeijão Cremoso, Petit Suisse e Cream Cheese) com
11%, e os Especiais, com 10,7%. O segmento de Queijos Frescos, cujo principal represen-
tante é o Minas Frescal, responde por 8,2% do volume total e o de fundidos, por 1,6% da
produção nacional.
9
mercado total.
2% Commodities
8%
11% Processados
Especiais
11%
queijos nacionais – leite e derivados
Frescos
68% Fundidos
Tabela 3 – Produção brasileira por tipo de queijo (volume em toneladas e %)
MERCADO
191.706 100 248.626 286.200 100 477.300 499.863 543.548 100
TOTAL
V% V% V%
Mussarela 61.000 31,8 73.200 84.180 29,4 137.800 144.690 159.000 29,3
Prato 45.000 23,5 54.000 59.400 20,8 97.600 102.480 113.000 20,8
Requeijão
12.000 6,3 30.000 41.000 14,3 86.400 90.720 100.000 18,4
Culinário
Cream Cheese 394 0,2 472 570 0,2 1.650 1.815 2.000 0,4
Requeijão
9.836 5,1 17.100 19.000 6,6 29.435 30.907 34.000 6,3
Cremoso
Petit Suisse 10.019 5,2 12.022 14.427 5,0 22.932 22.932 24.000 4,4
Minas Frescal 15.700 8,2 17.378 19.086 6,7 27.500 28.875 30.000 5,5
10
Minas Frescal
455 0,2 1.200 1.350 0,5 4.300 4.515 4.750 0,9
Ultrafiltrado
Cottage 122 0,1 146 175 0,1 550 578 636 0,1
Ricota 4.430 2,3 5.217 5.582 2,0 8.200 8.610 9.050 1,7
Fundidos (*) 3.160 1,6 3.946 4.248 1,5 7.834 8.379 8.780 1,6
SEBR A E/ESPM
Especiais 29.590 15,4 33.945 37.182 13,0 53.099 55.362 58.332 10,7
Variação % do
3,0 20,4 15,1 6,2 4,7 8,7
Mercado (**)
MERCA DO
Fonte: Embrapa/SIPA/ABIQ. Nota: (*) inclui fatias/porções/tabletes/cremosos; (**) crescimento em relação ao ano anterior.
No Brasil, a maior parte dos produtores de queijos artesanais se inclui na segunda catego-
ria. Estima-se que este segmento represente 40% do volume total de queijos produzido no
Brasil e que seja composto basicamente de queijos artesanais, segundo informações obtidas
por meio de entrevista com especialistas do setor e informações disponíveis na internet3.
11
A fim de unificar uma visão sobre o tema, existem atualmente no Brasil vários estudos sendo
desenvolvidos com o apoio de instituições como: SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Mi-
cro e Pequenas Empresas), SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), OCEMG
(Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais), EMATER (Empresa de Assistên-
cia Técnica e Rural), EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e IMA (Insti-
tuto Mineiro de Agropecuária), entre outras. O objetivo é conseguir que o queijo artesanal bra-
queijos nacionais – leite e derivados
sileiro obedeça à legislação vigente, sem perder as características tradicionais de sua origem.
Quando se considera queijos artesanais, o mais lembrado é o Queijo Minas. Entre os vários
queijos produzidos artesanalmente, destacam-se aqueles que já se tornaram conhecidos
como típicos de determinadas regiões ou estados e/ou cujos nomes são associados a um
tipo de queijo específico.
Assim, a denominação dos queijos muitas vezes é ligada ao nome do município de sua
origem ou ao seu local de maior produção. As principais regiões produtoras e respectivos
queijos artesanais são os seguintes:
Em Minas Gerais há, ainda, a produção do queijo parmesão artesanal, na região do Suacui
e, no norte do Estado, a produção de Mussarela Cabacinha.
• Nordeste: Queijo de Manteiga (AL) e Queijo de Coalho – este último muito presente
em todo NE, com características marcantes em Feira de Santana (BA), Garanhuns (PE),
Interior do Ceará, Batalha (AL) e alguns municípios do RN.
São diversos os queijos especiais — principalmente de origem européia — que vêm sendo
incorporados ao cardápio brasileiro. Isto se deve aos investimentos feitos por alguns fabri-
cantes e também à maior difusão da culinária étnica, impulsionado pelo hábito de comer
12
Dentre os queijos especiais, o mais produzido é o parmesão. Suas versões Forma e Ralado
apresentam volumes de produção similares – respectivamente, 13.630 t e 12.700 t em 2005.
Embora com volumes de produção bem menores que o parmesão, os queijos gorgonzola
e gruyère apresentaram índices de crescimento expressivos nos últimos anos, conforme
SEBR A E/ESPM
mostra a tabela 4.
Participação Variação
2000 2004 2005
2005 (%) 2005/2000 (%)
MERCA DO
5 Fonte: LATIN PANEL. Painel de lares: mercado de queijos. jun. 2001/maio 2003. Disponível em:
<http://www.latinpanel.com.br>. Acesso em: 20 out. 2007.
Participação Variação
2000 2004 2005
2005 (%) 2005/2000 (%)
Não se observa no Brasil uma forte cultura ligada ao consumo de queijos. O hábito alimen-
tar brasileiro inclui queijos basicamente no café-da-manhã (desjejum) e, eventualmente, no
lanche que substitui o jantar, conforme informações da pesquisa Hábitos Alimentares6 e
diversos artigos sobre tema.
13
queijos nos lares brasileiros, é relativamente alta – 68% em 2003. Contudo, como será visto
mais adiante, o volume consumido por pessoa, no lar (consumo per capita no domicílio)
ainda é muito baixo.
Requeijão 39
Queijo Ralado 28
Queijos Brancos 22
Queijos Especiais 7
Porcionados 2
Total 68
6 Fonte: TOLEDO & ASSOCIADOS. Estudo hábitos alimentares. São Paulo, 2006.
3.2. Distribuição do volume por classe social e composição dos domicílios
Analisando o consumo por classe social, observa-se que praticamente 50% do volume
é consumido pelas classes sociais de maior poder aquisitivo (classes A e B) e por lares
com a presença de filhos adolescentes e/ou adultos, principalmente para requeijão,
conforme o gráfico 4.
D+E
C
A+B
120
100
41
80
19 20
12
60 35
40 31 31
31
25
20
49 48
56
0
População Total Queijo + Total Queijo Requijão
Requeijão
100
17 13 14
13
80
8 13 15
13
60
15
14 14
10
MERCA DO
40 16
17 17
18
23 14 14 13
20
25 29 29 27
0
População Total Queijo + Total Queijo Requijão
DE
Requeijão
ESTU DOS
• A “dobradinha” – café com leite e pão com manteiga e/ou margarina constitui-se no
alimento básico do desjejum brasileiro. Apenas 22% do total da amostra declarou con-
sumir queijo no café-da-manhã; esse consumo no café-da-manhã é um pouco mais
elevado em Belém (28,3%), na região Nordeste como um todo (24,6%) e em Brasília
(23,6%);
• Quase metade dos entrevistados (45,7%) declara comer/tomar lanche (refeição mais
leve, típica de final de semana) como substituto do jantar;
15
Pão Francês 76% Terça-feira 6%
Frutas 11%
Pão 11%
Bolacha Doce 7%
Presunto 6%
Alimentos mais consumidos Dias da semana nos quais
no café da manhã
%
costuma lanchar
%
Ovos 6%
Pão de Forma 6%
Mortadela 6%
BASE (total que costuma lanchar) 976 BASE (total que costuma lanchar) 976
Fonte: TOLEDO & ASSOCIADOS. Estudo sobre hábitos alimentares. São Paulo, 2006.
Pão 67%
Queijo 46%
Presunto 41%
Hambúrguer 21%
Salsicha 18%
Maionese 17%
Mortadela 16%
16
Mussarela 14%
Pizza 14%
Assim, o queijo é o sexto produto mais mencionado (12%) como passível de ser descartado
em caso de dificuldade financeira, como pode ser visto na tabela 8.
D E
ESTUDOS
Bolachas 31%
Carnes 28%
Refrigerantes 22%
Doces/Chocolates 18%
Queijos 12%
Enlatados 11%
Macarrão 10%
Sobremesas Prontas 8%
A partir de diversas fontes consultadas para o desenvolvimento deste estudo, foram detec-
tadas importantes tendências que podem ser aplicadas ao mercado de queijos:
17
• Aumento do consumo de produtos com baixos teores de gordura e açúcar;
• Aumento no hábito de comer fora de casa (não apenas por lazer, mas devido à distância
trabalho/escola/casa);
• Valorização dos alimentos com apelos funcionais, ou seja, que apresentem atributos
ligados a questões nutricionais e de saudabilidade;
Como produtos substitutos também podem ser incluídos o leite de soja, que vem ganhan-
do mercado principalmente entre consumidores com intolerância a lactose (o açúcar natu-
ralmente contido no leite de vaca) e o queijo de soja, embora pouco difundido.
Existe também um segmento da população que, por questões filosóficas, não consome
qualquer produto de origem animal – os vegans. Neste caso, também, os queijos feitos à
base de soja substituem os queijos tradicionais.
Para passar no pão, torrada ou biscoito, disputam espaço com os queijos espalháveis (requei-
jão, Cream Cheese etc.) sobretudo geléias, patês, maioneses e manteiga e/ou margarinas.
Os queijos também são consumidos puros, como aperitivo. Neste caso, os substitutos in-
cluem uma gama variada de opções: frios, azeitona, amendoim, frutas secas, salgadinhos,
legumes crus (cenoura, pepino...) entre outros.
4. Produtos
18
Para um bom entendimento do mercado, segue-se uma breve descrição dos itens mais
produzidos e consumidos no Brasil, bem como um resumo comparativo:.
4.1. Mussarela
SEB RAE/ ESPM
É de origem italiana e tem como características ser um queijo de massa semidura e filada
(esticada e rejuntada). A massa deve permanecer em repouso até que acidifique para ser
esticada e rejuntada a quente, o que provoca a superposição de camadas. Os principais
usos da mussarela são predominantemente culinários, sendo utilizado em pizzas, saladas,
sanduíches, recheios de massa etc.
M ERC ADO
4.2. Prato
queses. Com massa semi-cozida, sem olhaduras e de textura untuosa e macia, permite
fatiamento fino. Produzido em formato retangular para facilitar seu fatiamento, não possui
ESTU DOS
Nos anos mais recentes, houve uma alteração na formulação do produto e nas embalagens
por parte de vários fabricantes. A principal alteração se refere à adição de soro, no lugar
do leite, tornando o produto uma “especialidade láctea”, conforme denominação nas pró-
prias embalagens. Os copos de vidro foram substituídos por copos plásticos, verificando-
se também uma redução na gramatura líquida do produto. Tais diferenças, contudo, rara-
mente são percebidas pelo consumidor.
O produto é também comercializado na forma de requeijão culinário. Neste caso, sua textura
é mais espessa, passível de ser cortada e visualmente granulosa. Apresentado em bisnagas
plásticas ou potes, boa parte dele destina-se a grandes consumidores (como bares, lancho-
netes e, sobretudo, pizzarias). É consumido no café da manhã ou em lanches, no pão, em
torradas, bolachas, puro ou acompanhado de frios e geléias.
Os chamados queijos frescos são produzidos mundialmente. No Brasil, esse tipo de queijo
fresco foi denominado de Minas Frescal; acredita-se que tenha sido o primeiro tipo de
queijo fabricado no Brasil. Queijo de massa crua, feito com leite de vaca pasteurizado, além
de não ser cozido, não passa por maturação, sendo embalado e comercializado logo após
sua produção. É um queijo, portanto, de vida útil/validade baixa, apenas 21 dias em em-
balagem fechada e sob refrigeração, devendo ser consumido em até 5 dias após a abertura
19
da embalagem. Muito consumido principalmente no café da manhã, puro ou com pães e
biscoitos, também é adequado para acompanhar doces e compotas. Devido ao seu baixo
teor de gordura é bastante associado a dietas alimentares.
Assim como o Minas Frescal, acredita-se que tenha sido um dos primeiros tipos de queijos
fabricado no Brasil no Estado de Minas Gerais. O queijo Minas Padrão é também conheci-
do como Minas Curado, Minas Prensado e Minas Pasteurizado.
O queijo minas padrão é feito a partir do leite de vaca pasteurizado. Após a enformagem,
a massa é salgada e maturada por aproximadamente 30 dias. Sua massa é densa e firme,
com cor branco-creme, podendo apresentar pequenas olhaduras internas. Seu sabor é mais
acentuado que o do minas frescal e levemente ácido. Apresenta casca fina com coloração
ligeiramente amarelada. É bastante consumido no café da manhã, puro ou com pão; tam-
bém acompanha doces em massa, principalmente goiabada e compotas. Na culinária, é
utilizado no preparo de pão de queijo, pastéis, risoles, entre outros.
4.6. Parmesão
Seu consumo no Brasil é muito difundido como queijo ralado, acompanhando massas e ou-
tros pratos. Também é consumido puro, em pedaços ou lascas, como aperitivo.
Originário do Nordeste do Brasil, o início de sua produção remonta há mais de150 anos,
com a chegada do gado bovino trazido pelos portugueses. O nome Coalho advém do uso
de coalho natural na sua fabricação. No Nordeste, está entre os principais tipos de queijos
artesanais comprovadamente incorporados à cultura regional, mas que vem ganhando
espaço na região Sudeste. A maior parte da fabricação é artesanal e o queijo é feito com
leite cru. Em função do grande consumo deste queijo, em vários Estados do Nordeste já
existe uma legislação específica para sua produção. Nacionalmente, já está estabelecida a
sua identidade e os requisitos mínimos de qualidade que deverão ser cumpridos, por meio
do Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Produtos Lácteos para o Queijo
de Coalho. Este regulamento define como queijo de coalho aquele que se obtém por coa-
gulação do leite, seja por meio de coalho ou de outras enzimas coagulantes apropriadas,
20
e não muito bem definida. Pode ser encontrado na forma de “palito” – que é o queijo com
um palito espetado na barra de queijo, pronto para ser assado ou frito.
região Sudeste, é cada vez mais comum encontrar vendedores ambulantes que assam o
queijo coalho na brasa e o oferecem aos banhistas.
DE
ESTU DOS
Tabela 9 – Comparativo de origem, usos e características dos principais tipos de queijos
Tipo De
Produto Origem Característica Principal Usos Gado
Leite
Café da manhã
Processado e e lanche (com
Requeijão Brasil Pasteurizado Vaca
espalhável pão e bolacha)
e culinário
Mundial
Café da manhã
(primeiro
e lanche (com
Minas Frescal queijo Massa crua Pasteurizado Vaca
pão e bolacha)
produzido no
e doces
Brasil)
Café da manhã
Minas Padrão e lanche (com
(Processado ou Brasil (MG) Massa densa e firme pão e bolacha), Pasteurizado Vaca
Pasteurizado) doces e
culinário
Culinário
Massa cozida e de
Parmesão Itália (Parma) (ralado) ou Pasteurizado Vaca
salga longa
puro (lascas)
21
Massa semi-cozida ou Puro (frito ou
Coalho Brasil (NE) cozida, semi-dura e assado) e Cru Vaca
elástica culinário
Fonte: Elaboração do revisor, baseado nas diversas pesquisas realizadas para a construção do relatório.
II. Diagnóstico do Mercado de
Queijos
Com objetivo de desenvolver considerações diagnósticas sobre o mercado de queijos, bus-
cou-se o suporte de modelos conceituais, visando uma compreensão mais sistematizada
dessa realidade.
A análise das informações contidas neste relatório foi realizada à luz dos seguintes mode-
los: a estratégia competitiva em indústrias fragmentadas, estratégias competitivas genéri-
cas e a matriz PFOA.
O mercado de queijos é composto por inúmeros produtores de pequeno porte, que repre-
sentam cerca da metade da produção total dessa categoria de produto.
De acordo com Porter, o que caracteriza este mercado é a ausência de líderes que possam
influenciar o mercado como um todo. Vale dizer que a indústria fragmentada encontra-se
em vários setores da economia, como prestação de serviços e produtos agrícolas.
Esse tipo de mercado pode ser composto por empresas que apresentam produtos ou ser-
viços diferenciados ou não diferenciados. Este último é o caso do atual estágio dos produ-
tores de queijos artesanais que vendem praticamente o mesmo tipo de queijo, ou seja, sem
nenhuma diferenciação. Como exemplo, pode-se citar os milhares de produtores mineiros
24
Segundo Porter, a fragmentação pode ser superada por meio dos fatores descritos a seguir:
No caso dos produtores de queijo, a economia de escala pode ser encontrada na organiza-
ção em cooperativas ou qualquer outro modelo associativo; isto, até certo ponto, já ocorre
em alguns projetos desenvolvidos pelos órgãos ligados ao setor.
Uma ação nesse sentido é neutralizar um ou mais aspectos que interferem nesta fragmen-
tação. No caso dos pequenos produtores de queijos, um aspecto de destaque é a falta de
recursos e de habilidades. Nesse sentido, uma possibilidade é trabalhar com políticas pú-
blicas voltadas para investimentos estratégicos, tanto em recursos materiais como no de-
senvolvimento dos treinamentos para capacitação.
2. Matriz PFOA
25
A realização do diagnóstico do setor, à luz da análise da matriz PFOA, representa uma
ferramenta útil para que se possa compreender de forma mais clara o mercado e os ca-
minhos a serem seguidos. É importante salientar que esta análise que deve ser elaborada
continuamente.
queijos nacionais – leite e derivados
A construção da matriz visa trabalhar os pontos fracos em áreas onde existem riscos e
fortalecer os pontos fortes em áreas nas quais se identificam oportunidades. Inicialmente
é necessário examinar as forças e fraquezas, como também os fatores externos positivos
(oportunidades) e os negativos (ameaças).
e, muitas vezes resistentes, à adoção de “boas práticas de fabricação” (BPF), especialmente no mercado informal;
• Tamanho do mercado informal (40%), muitas vezes colocando no mercado produtos de baixa qualidade e baixo
valor agregado;
• Ausência de capacitação/habilitação para exportar por parte do pequeno produtor, frente aos rígidos pré-
requisitos impostos pelos países importadores;
• Alto custo da matéria-prima básica, o leite;
• Alto custo do leite como gargalo para exportação do leite;
• A margem de rentabilidade do setor de queijos é baixa, inclusive em função do custo do leite;
• Baixa visibilidade internacional;
• Baixa diferenciação dos queijos de origem brasileira.
• Fornecimento ao segmento de food service, cujo crescimento é grande, sobretudo nos grandes centros;
• Potencial da demanda internacional no médio/longo prazo, devido à saturação da capacidade de produção
principalmente na União Européia, Nova Zelândia e Austrália;
• Valorização de produtos artesanais pelo consumidor;
• Movimento de valorização dos produtos regionais;
• Forte tendência de consumo de produtos associados à imagem de saúde, como diet e light, propiciando o
lançamento de novos produtos ou até foco nesses segmentos;
• Crescimento do mercado de luxo no Brasil e do consumo de queijos nacionais finos e diferenciados
• Aumento da importação de queijos, dependendo de taxas cambiais e de negociações sobre barreiras comerciais
entre o Brasil e outros países;
• Redução de barreiras alfandegárias a produtos importados;
• Presença constante de intermediários e/ou atravessadores no canal de distribuição assumindo etapas da cadeia
produtiva nas quais os pequenos produtores não conseguem atuar;
• Mercado informal (não SIF)
• Possibilidade de crises econômicas com perda de poder de compra da população, levando à queda do consumo
26
• Tributação alta atinge indistintamente grandes e pequenos produtores, desestimulando a legalização das
operações (ou seja, saída da informalidade) destes últimos;
• Hábitos limitados de consumo de lácteos e derivados, agravado pelo baixo nível de renda dos consumidores
brasileiros;
• Questões fiscais e burocráticas como gargalo, mesmo no mercado interno;
• Forte tendência ao consumo de produtos associados à imagem de saúde, como diet e light reduzindo o potencial
de consumo de queijos que não se enquadrem nessas categorias;
• Aumento da produção do leite pode levar à integração vertical para frente, estimulando entrada de novos
concorrentes (atuais produtores de leite) e aumentando a concorrência no setor.
M ERC ADO
27
▪▪ Fomento das exportações;
▪▪ Produção e exportação de queijos típicos brasileiros com adição de componen-
tes ligados à saudabilidade (Ex.: “Coisas da Amazônia”);
▪▪ Associar características regionais ao posicionar produto junto ao mercado exter-
no.
queijos nacionais – leite e derivados
2.1.1. Governo
• Revisão da questão tributária para o pequeno produtor incentivando, desta forma, sua
legalização (saída da informalidade) e facilitando seu fortalecimento;
• Aumentar o grau de fiscalização sobre empresas que atuam de forma irregular, desin-
centivando a atuação informal e promovendo melhoria geral da imagem dos produtos
oriundos da produção artesanal.
28
2.1.2. Instituições
desenvolvimento do mercado.
Embora já existam movimentos exercidos por algumas instituições com forte poder de co-
alizão e disseminação, como já citado anteriormente, devido à grande extensão territorial
brasileira e às condições geográficas, há muito espaço para trabalhos de associativismo,que
alcancem o numeroso grupo de pequenos produtores rurais e exerçam um papel de forta-
lecimento da sua vontade política e econômica de progredir.
M ERC ADO
• A criação de comitês com objetivo de estabelecer padrões de ação para que o conceito
‘DOC’’ possa ser uma regra para os queijos artesanais, e não uma exceção. Ou seja, que
efetivamente se estabeleça este conceito no país, como já aconteceu com os setores de
vinho e cachaça.
2.1.3. Produtores
Pode-se dizer que a melhor opção para o pequeno produtor é a preservação de sua tradição
histórica de produção artesanal, desenvolvendo, porém, a profissionalização do negócio.
O produtor necessita que seu queijo seja não só diferenciado pelo modo de fabricação histórico
e artesanal, mas, sobretudo, pelo padrão de qualidade, embalagem e rótulo, de forma que pos-
sam passar ao consumidor a imagem de um produto artesanal de qualidade e diferenciado.
Para tanto, o pequeno produtor deve procurar apoio nas instituições que exercem papel de
orientação e formação, além de procurar estabelecer contato com seus pares para se forta-
lecer através do associativismo.
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sua produção, visando também à obtenção de ganhos financeiros.
Além disso, ao atuar de forma conjunta e organizada, pode minimizar a ação de atraves-
sadores, ao assumirem seu papel na cadeia produtiva, levando o produto a intermediários
que possam atingir o púbico-alvo desejado.
queijos nacionais – leite e derivados
2.1.4. Mercado
Este é um mercado que apresenta um grande potencial, na medida em que o consumo per
capita é baixo, mas que acena com potencial de crescimento do consumo nas classes C e D.
Somado ao isso, é um produto que tem boa valorização em termos de nutrição, apoiado,
sobretudo, na imagem de sua matéria-prima básica (leite), produto importante para a po-
pulação desde a fase infantil.
Os consumidores, por sua vez, estão abertos a novidades, bem como aos apelos de produ-
tos “do campo”, “da fazenda”, “artesanal” que remetem ao conceito de natural e até mesmo
ao período da infância.
Essa característica pode ser mais bem explorada especialmente junto ao segmento de con-
sumidores de produtos finos, que valorizam imagem, exclusividade, especialidade e “ex-
periências sensoriais diferenciadas”.
Assim, percebe-se que há uma motivação latente para este tipo de produto e o queijo se
enquadra perfeitamente dentro deste contexto. Portanto, tem-se um mercado receptivo a
um produto mais elaborado, com maior valor agregado.
Cabe ao produtor organizar-se para que este produto possa chegar às mãos do consumi-
dor, livre do atravessador e com uma qualidade assegurada.
Porter9 identificou três estratégias genéricas de competição: liderança no custo total, enfo-
que e diferenciação, em meio a alvos segmentados ou de maior abrangência (vide figura 1).
Essas podem ser usadas em conjunto ou isoladamente para criar uma posição sustentável
a longo prazo.
Para explicar essa matriz faz-se necessário mencionar que “estratégia competitiva” repre-
senta ações ofensivas ou defensivas empreendidas pela empresa para criar uma posição
sustentável e, principalmente, obter lucro, ou seja, retorno sobre o capital investido.
A primeira é a estratégia competitiva de custo, na qual uma empresa centra seus esforços
na busca de eficiência produtiva, na ampliação do volume de produção e na minimização
de gastos com propaganda, assistência técnica, distribuição, pesquisa e desenvolvimento,
e tem no preço um dos principais atrativos para o consumidor.
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Vantagem estratégica
Unicidade Observada
Posição de Baixo Custo
pelo Cliente
No Âmbito de Toda
Diferenciação Liderança no Custo Total
a Indústria
Enfoque
Alvo Estratégico
Apenas um
Segmento Particular
Fonte: Elaboração do autor, baseado em PORTER, Michael E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da
concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1996.
4. Considerações Finais
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volvendo nos últimos anos e crescendo continuamente.
No entanto, ainda existe espaço promissor e favorável ao crescimento, dado o baixo consu-
mo de queijo pela população brasileira, aliado ao valor nutricional deste alimento.
queijos nacionais – leite e derivados
Este é um trabalho que cabe a três públicos de interesse: governo, instituições e produtores.
Estas campanhas teriam, além do cunho mercadológico, um conteúdo educativo e social,
pois a conscientização quanto à importância de uma alimentação nutritiva também é im-
portante e necessária para a população.
O produtor deve manter o foco de seu know how de produção artesanal original e valorizá-
lo através do uso do conceito “DOC”, denominação de origem controlada. Esta denomina-
ção de origem é uma alternativa adequada para uma produção artesanal que agregue valor
ao produto e lhe confira um importantíssimo conceito de marca.
Entretanto, para atuar no mercado respeitando a força dos grandes players existentes e
reconhecendo suas próprias limitações, o pequeno produtor deve considerar a adoção da
estratégia competitiva com foco em diferenciação.
Finalizando, deve-se destacar o papel das instituições, que deverá ser decisivo para obten-
ção do apoio das políticas públicas, como já acontece em alguns estados e, deste modo, con-
seguir os investimentos indispensáveis ao desenvolvimento e ao crescimento deste setor e
de seus pequenos produtores artesanais.
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SEB RAE/ ESPM
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D E
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