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Submitted 1 May 2011; received in revised form 12 Dec 2011; accepted 26 Jan 2012
Resumo
Sabendo que mais de 80% do comércio internacional brasileiro é realizado via marítima, o setor portuário assume uma
importância indiscutível no processo de crescimento econômico nacional, inclusive como um fator de desenvolvimento sócio-
econômico no seu entorno. Dentro desse contexto, a necessidade de avaliar o desempenho portuário se torna essencial para
assegurar a competitividade dos produtos nacionais em mercados externos. Neste artigo, são abordadas as duas principais
metodologias de avaliação de eficiência portuária, em especial a Fronteira Estocástica e a Análise Envoltória de Dados. Serão
levantadas evidências do desempenho das técnicas existentes e quais se adequam melhor para o caso da avaliação da eficiência
portuária. A fronteira estocástica apresentou como principal vantagem o fato de comparar os resultados dos portos analisados
com parâmetros técnicos ou normalizados, porém, só consegue analisar um produto por vez. A análise envoltória de dados, por
sua vez, tem como vantagem a possibilidade de analisar múltiplos produtos, porém, com um número reduzido de dados
amostrais.
Palavras-Chave: portos; eficiência portuária; análise envoltória de dados; fronteira estocástica.
Abstract
More than 80% of the Brazilian international trade is by sea, the port assumes an unquestionable importance in the process of
national economic growth. Also considered as a factor for socioeconomic development to region nearby. In this context, the
necessity to evaluate the port efficiency is essential to assure the competitiveness of the national products on external markets.
This paper will analyze the two main approaches of evaluation of port efficiency, in special the Stochastic Frontiers and the Data
Envelopment Analysis. It will show the main evidences of the performance of the existing techniques and which is the better for
the case of the port efficiency. The Stochastic Frontiers presented as main advantage the fact to compare the results with
technical parameters or normalized, however it only analyze one product for time. The Data Envelopment Analysis has as
advantage, the possibility to analyze multiples products, however with a reduced number of samples.
Key words: ports; port efficiency; data envelopment analysis; stochastic frontier.
Recommended Citation
Falcão, V. A. and Correia, A. R. (2012) Eficiência portuária: análise das principais metodologias para o caso dos portos brasileiros.
Journal of Transport Literature, vol. 6, n. 4, pp. 133-146.
■ JTL|RELIT is a fully electronic, peer-reviewed, open access, international journal focused on emerging transport markets and
published by BPTS - Brazilian Transport Planning Society. Website www.transport-literature.org. ISSN 2238-1031.
1. Introdução
Desde a época das grandes navegações, que teve início no século XV, o transporte marítimo
tem uma considerável importância na economia mundial. Atualmente, com o advento da
globalização o transporte marítimo e, consequentemente, os portos, se tornaram peças
fundamentais para alavancar o desenvolvimento do comércio internacional de um país. Até
porque está mais do que confirmado que a maior parte do comércio internacional é realizado
via marítima.
No Brasil, existe uma crescente preocupação com a eficiência portuária, sobretudo pelo fato
que o “Custo Brasil” (conjunto de fatores desfavoráveis que encarecem o investimento no
Brasil) afeta diretamente na competitividade e na eficiência da indústria nacional além de ser
bastante influenciado por problemas relacionados aos portos nacionais. De acordo com a
Associação Nacional dos Usuários de Transportes de Carga (ANUT) apud Dos Santos e
Haddad (2007) os atrasos no embarque e desembarque nos portos, causados, entre outros,
pelo número insuficiente de berços e contêineres e pelo tamanho inadequado dos berços,
custou ao Brasil US$ 1,2 bilhões em 2004.
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países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e também, atrás da Argentina, México,
Nigéria, Polônia, Paraguai e Colômbia.
O presente trabalho está dividido da seguinte forma, a seção 1: Introdução, nela foram
apresentados as principais diretrizes do trabalho: problemática, importância, objetivo, e a
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estrutura do trabalho sob forma de artigo científico. A seção 2: Portos onde tem uma revisão
bibliográfica de Portos no seu contexto geral. A seção 3: Principais métodos de avaliação da
Eficiência Portuária que é uma revisão bibliográfica das técnicas mais utilizadas na avaliação
da Eficiência Portuária, que sejam as mais importantes a Análise Envoltória de Dados e as
Fronteiras Estocásticas. Por fim, tem-se a conclusão.
2. Portos
Conforme Collyer apud Sousa Jr., (2010) pode-se definir porto como entreposto dinâmico de
mercadorias, em que se realizam atividades (aduaneiras, alfandegárias, comerciais, sanitárias,
tributárias, imigratórias etc.). É a porta de entrada e saída de mercadorias e passageiros,
servindo de abrigo e ancoradouro das embarcações, além de estar munido de instalações
necessárias para o embarque e desembarque de cargas e passageiros e, sobretudo, o mais
importante elo da cadeia logística que supre a humanidade.
O porto é considerado um elo na cadeia de transporte, sendo assim, sua principal finalidade é
promover o desenvolvimento econômico de uma região através do escoamento de pessoas, de
bens e de mercadorias e, assim, movimentar a economia. Os transportes existem para facilitar
o deslocamento de pessoas e bens no espaço e no tempo. Pode-se considerar os seus
principais objetivos a promoção do desenvolvimento sócio-econômico, romper barreiras,
permitindo assim o escoamento e a comercialização de bens e serviços.
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As cargas nos portos podem ser classificadas em três tipos: granel sólido, granel líquido e
carga geral. Alumina, carvão, minério de ferro, soja, trigo e sal são exemplos de remessas
classificadas como granel sólido. Os derivados do petróleo, gases liquifeitos e produtos
químicos em geral são considerados granéis líquidos. Produtos diversos, como frutas,
produtos agrícolas e carnes são considerados como carga geral. Estes ainda tem uma
subclassificação, pode ser considerada solta ou conteinerizada.
Segundo Branch apud Esmer (2008), os portos tem como objetivos principais:
A UNCTAD apud Sousa Jr., Ferreira Jr. & Prata (2008) classifica os portos por geração,
sendo o mais antigo considerado como porto de 1ª geração e o mais moderno como porto de
4ª geração.
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Tabela 1 – Classificação da UNCTAD para portos. Adaptado de Sousa Jr., Ferreira Jr. & Prata (2008)
Segundo Gonzalez e Trujillo (2008) os portos tem um importante papel na cadeia logística,
sendo assim o nível de eficiência portuária influencia, enormemente, a competitividade de um
país, por conseguinte uma alta eficiência portuária conduz a baixas tarifas de exportações que,
por sua vez, favorecem a competitividade dos produtos nacionais em mercados internacionais.
A fim de manter uma posição de competidor no mercado internacional, os países precisam
trabalhar nos fatores que influenciam a eficiência de seus portos.
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Segundo UNCTAD apud Sousa Jr., (2010) em termos de planejamento portuário é essencial
destacar três atividades principais:
i. Preparação do plano nacional dos portos: definição da função de cada porto no âmbito
nacional priorizando a otimização na utilização dos recursos nacionais.
iii. Preparação de projetos portuários: por em prática cada parte do plano geral, com
definição das datas.
Ainda conforme UNCTAD apud Sousa Jr., (2010), as funções do porto podem ser divididas
em externas e internas.
i. Funções destinadas aos navios: os serviços prestados aos navios logo que chegam ao
porto, esses serviços são realizados pelos práticos e rebocadores.
ii. Funções realizadas na “interface” mar-terra: O manuseio da carga ocorre nesse grupo.
Nessa etapa, a fim de obter eficiência, é necessário o uso dos sistemas operacionais
integrados. Esses sistemas devem ser empregados em todas as operações
executadas, desde o porão dos navios até a saída das embarcações do porto.
iii. Funções em terra: Os serviços deste grupo são realizados em terra. Consistem na
prestação dos mais variados serviços, correspondentes às necessidades de
eficiência e qualidade impostas pela concorrência. Como exemplo de atividades,
tem-se o manuseio de cargas do ponto de atracação até os pátios e armazéns.
Pelo que foi escrito acima e conforme Esmer (2008) há muitas razões pelas quais um porto
precisa medir o seu desempenho, entre elas:
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• Primeiramente, precisa saber se o mesmo está operando com eficácia. Quanto carga é
manipulada diariamente? Quantos clientes por semana?
• Em seguida, deve saber quanto eficientemente se está operando. Que recursos (em
termos de pessoal, de máquinas, de superfície etc.) são necessários para realizar suas
atividades? Quanto de carga movimentada é considerada por empregado? Quanto
custa para movimentar cada tonelada da carga?
• Considerando o seu desempenho atual, é essencial ajustar seus objetivos para o futuro.
• Finalmente, é importante promover seu negócio e atrair novos clientes. Assim como é
do seu interesse monitorar constantemente a satisfação dos seus clientes.
Neste subcapítulo pretende-se abordar os principais trabalhos, que foram estudados, sobre
métodos de cálculo da eficiência portuária. O objetivo é fazer um breve resumo sobre os
principais trabalhos nesse domínio.
Conforme Gomes e Ponchio. apud Acosta et al. (2011), a eficiência técnica de uma unidade
produtiva é pode ser medida pela razão entre a produção observada e a produção máxima, ou
pela razão entre a quantidade mínima necessária de recursos e a quantidade efetivamente
empregada, dada a quantidade de produtos gerada.
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Segundo Lima Jr. apud Sousa Jr., Ferreira Jr. & Prata (2008), pode considerar quatro passos
básicos para a estruturação da medição de desempenho:
i. Definição de quais atributos, tais como, tempo, custo, nível de serviço, qualidade, são
considerados críticos para que o sistema atinja seus objetivos;
iii. Identificação dos elementos críticos e das capacidades necessárias para a execução dos
processos satisfatoriamente; e
iv. Concepção de medidas que avaliem esses elementos e capacidades, assim como os
respectivos padrões e metas.
Vale salientar que mesmo quando o estudo é centrado sobre uma variável específica, ainda
existe diversidade, afinal o porto rende serviços tanto aos navios como aos passageiros e à
carga. A carga, propriamente dita, não deve ser considerada como homogênea, pois cada tipo
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A metodologia SFA faz uma comparação do desempenho dos portos com padrões técnicos ou
comportamentais. A principal desvantagem desse método é a necessidade de um grande
número de dados de difícil acesso, além dos problemas com as definições dos insumos e
produtos das atividades dos portos.
Segue abaixo, um exemplo de uma função SFA para a avaliação de eficiência no caso dos
portos, pode perceber claramente a complexidade da mesma, Estache, A., et al. (2002).
Onde:
as variáveis são todos desvios geométricos e definidos como : i = 1,...,N e t = 1,...,M
Qit é o volume de movimentação de mercadorias do porto “i” durante um período “t”
Kit é o capital usado pelo porto “i” durante um período “t”,
Lit é a quantidade de empregados no porto “i” durante um período “t”,
t é o tempo
vit é o erro aleatório
uit é a variável aleatória não negativa associada com ineficiência técnica
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As principais características da Análise Envoltória de Dados - DEA, por ser um modelo não
paramétrico e determinístico, é ser uma técnica baseada na programação linear. O DEA, não
apresenta coeficientes, e quanto menor a amostra, melhores serão as interpretações, porém há
necessidade de escolher uma amostra correlacionada para obter informações mais precisas.
Uma importante característica desse método é a sua flexibilidade, quanto a sistemas com
diversos insumos e produtos.
É importante salientar que no DEA, é analisado, somente, uma unidade por vez. A
metodologia DEA, mede o desempenho relativo dos portos, isso significa que obtem-se
resultados e os comparam entre eles mesmos para posteriormente ordená-los. A principal
deficiência é a necessidade de um grande número de dados de difícil acesso.
∑ =1 0
0 =
∑ =1 0
∑ =1
≤ 1, ∀
∑ =1
, ≥ 0, ∀ ,
Onde,
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4. Conclusão
A importância dos Portos para economia brasileira é indiscutível. Cerca de 85% das suas
exportações/importações acontecem via marítima. O Brasil, apesar de ser a 8ª economia do
mundo, tem uma medíocre classificação em termos de qualidade de infraestrutura portuária,
ficando atrás de economias de menor influência no mercado mundial. Sendo assim, se torna
evidente a necessidade de um maior investimento nessa área.
Dentro desse contexto, e conforme Gonzalez e Trujillo (2008), como os portos tem um
importante papel na cadeia logística, o nível de eficiência portuária influencia, enormemente,
a competitividade de um país. Por conseguinte, uma alta eficiência portuária conduz a baixas
tarifas de exportações que, por sua vez, favorecem a competitividade dos produtos nacionais
em mercados internacionais. A fim de manter uma posição de competidor na mercado
internacional, os países (governos) precisam melhorar os fatores que influenciam a eficiência
de seus portos.
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No caso dos portos, pode-se concluir que pelo fato das suas características multi-modal, com
multi-atividades e, consequentemente complexo, não existe um método, que sozinho, possa
fazer uma análise global do desempenho do mesmo. A união dessas duas técnicas pode ser
um avanço para determinação de eficiência. As principais técnicas podem ser classificadas em
paramétricas, principalmente a Fronteira Estocástica e não paramétricas representada pela
Análise Envoltória de Dados, ambas com suas vantagens e desvantagens em se tratando de
eficiência portuária.
A análise envoltória de dados por sua vez, tem como vantagem, a possibilidade de considerar
múltiplos produtos, porém com um número reduzido de dados na amostra a fim de não causar
distorções nos resultados.
Concluí-se que uma união entre as metodologias DEA e SFA constitua o primeiro passo para
o nascimento de um método apropriado à realidade portuária. Devido a importância do tema
para o crescimento econômico e social do país se faz necessário um estudo mais aprofundado
das duas técnicas e a sua consequente aplicação em trabalhos futuros.
No caso da análise da malha portuária brasileira uma das principais críticas aos trabalhos
atuais é o fato de não existir um comparativo entre os nossos portos nacionais com outros
portos “internacionais” que são considerados de ponta e eficientes. Isso é de suma
importância, principalmente no caso da técnica DEA, visto que a mesma faz um comparativo
entre portos.
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5. Referências
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