Contextualização e Fundamentos Da Física
Contextualização e Fundamentos Da Física
Contextualização e Fundamentos Da Física
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO
Coordenação Pedagógica – IBRA
DISCIPLINA
CONTEXTUALIZAÇÃO E
FUNDAMENTOS DA FÍSICA
2
Sumário
UNIDADE 1 - APRESENTAÇÃO
4
UNIDADE 02 – INTRODUÇÃO
O sentido de uma noção não se pode dar ao aluno; ele deve construí-lo
dentro de um conjunto de problemas onde ela funcione de uma maneira
mais ou menos local...Uma noção apreendida é somente utilizável na
medida em que ela é relacionada a outras, estas ligações constituindo sua
significação, sua etiqueta, seu método de ativação. Mas ela é somente
apreendida na medida que ela é utilizável e usada efetivamente, isto é
somente se ela é uma solução de um problema.(BROUSSEAU, 1983).
1
http://74.125.155.132/scholar?q=cache:TRlAuYtqTwcJ:scholar.google.com/+Gobara+e+Piub%C3%A9li,+em
+seu+artigo+%E2%80%9CContextualiza%C3%A7%C3%A3o+do+ensino+de+f%C3%ADsica:+iluminando+o+
campamento%E2%80%9D,&hl=pt-BR&as_sdt=0,5.
5
2
http://74.125.155.132/scholar?q=cache:sM1hyffFkPgJ:scholar.google.com/+CONTEXTUALIZA%C3%87%
C3%83O+E+FUNDAMENTOS+DA+F%C3%8DSICA+&hl=pt-BR&as_sdt=0, 2011.
3
SNEF: Simpósio Nacional de Ensino de Física, EPEF: Encontro de Pesquisadores em Ensino de
Física, RELAEF: Reunião Latino-Americana sobre Educação em Física, REFs: Reunión Nacional de
Educación en la Física , Revista Enseñanza de las Ciencias, GIREP: Groupe International de
Recherche sur l‟enseignement de la Physique .
7
alcance de nossos dedos com um pequeno telefone celular, coisa que foi possível
com o advento de técnicas sofisticadas, que utilizam materiais de alta tecnologia
desenvolvidos a partir do século XX. Daí, a importância de se introduzir conceitos
básicos de FMC como forma de proporcionar ao aluno uma compreensão do mundo.
Segundo Freire,
– O TEMPO
Meridianos e paralelos
Meridianos são linhas imaginárias que cortam o globo terrestre,
longitudinalmente, ou seja, de cima para baixo. O ponto inicial para contagem da
longitude fica em Greenwich, na Inglaterra. Um meridiano tem a longitude fixa e
varia em latitude.
Paralelos são linhas imaginárias que cortam o globo terrestre,
transversalmente, ou seja, de lado. Um paralelo tem a latitude fixa e varia em
longitude.
O ponto inicial para contagem da latitude é a linha do Equador, que divide a
Terra ao meio em hemisférios sul e norte.
O cruzamento entre latitude e longitude pode determinar a localização de
qualquer objeto no planeta.
12
Relógio de sol
Desde remotos tempos, o homem percebeu que o Sol criava as sombras
dos objetos e que, ao longo do dia, o tamanho destas variava.
Em um primeiro momento, o homem primitivo usou sua própria sombra para
estimar as horas (sombras moventes). Logo depois, percebeu que podia fazer essa
estimativa através de uma vareta fincada no chão na posição vertical. Estava criado
o pai de todos os relógios de sol, o famoso gnômon.
13
Clepsidra
Junto com o relógio de sol, a clepsidra (do grego kleptein, roubar, e hydor,
água) ou relógio de água foi um dos primeiros sistemas criados pelo homem para
medir o tempo. Uma das vantagens em relação ao relógio de sol é que a clepsidra
permite a medição do tempo à noite!
Um relógio de água básico constitui-se de dois recipientes marcados com
escalas convencionadas de tempo. O líquido escorre de um pote para outro,
permitindo que se meça o tempo de forma mais ou menos preciso.
As clepsidras eram usadas em tribunais, nos lares e em processos
científicos. Alguns dos relógios de água mais antigos foram encontradas no Egito, na
Grécia e na China. Há indícios de que os chineses já conheciam a clepsidra em
2679 a.c.
Ampulheta
Também chamado de “relógio de areia”, acredita-se que a ampulheta foi
inventada no século VIII, por um monge francês chamado Luipraud, para substituir a
clepsidra (relógio de água) nos meses de inverno, quando a água congelava!
As primeiras ampulhetas eram feitas de areia.
Mas esta era muito abrasiva e acabava por aumentar o diâmetro do furo por
onde passava, desregulando o instrumento. Resolveu-se então substituir a areia por
pó de casca de ovo.
Relógios mecânicos
No século XVII, Galileu Galilei estabeleceu as leis do pêndulo e viu nesse
instrumento a possibilidade de utilizá-lo como medidor de tempo. Galileu observou
que, mesmo que o movimento do pêndulo mudasse de amplitude, o tempo de
oscilação permanecia sempre o mesmo. Descobriu, assim, uma maneira isocrônica
(regular) inédita de se medir fenômenos com precisão de segundos.
Em 1656, o holandês Christian Huygens construiu o primeiro relógio
mecânico baseado no modelo pendular de Galileu. O primeiro relógio de Huygens
tinha uma margem de erro de 1 minuto por dia – uma insignificância para os padrões
da época.
15
O primeiro relógio atômico, construído em 1949 pelo Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST, na sigla
em inglês), nos EUA. 13 .
. ESPAÇO E REFERENCIAIS
Características do movimento
A caracterização de um movimento se dá pela sua continuidade,
uniformidade ou variação. Em conseqüência, definimos algumas grandezas físicas,
qualquer quantidade mensurável ou medida, para caracterizar o movimento.
19
Um pouco mais à frente, Newton inicia novos estudos antecedidos por uma
série de novos axiomas, com destaque para o primeiro:
Ainda que os três axiomas acima possuam uma grande semelhança com as
Leis do Movimento de Descartes, Newton promove uma mudança fundamental ao
tratar quantitativamente as “causas externas” responsáveis pelas mudanças no
estado de movimento ou de repouso dos corpos. O essencial para ele foi, a partir
dos princípios e noções físicas de Descartes, ter desenvolvido nesse período um
“modelo geométrico” que lhe possibilitou analisar as forcas do movimento dos
4
Valdinei Gomes Garcia. A gravitação universal na filosofia da natureza de Isaac Newton. Dissertação de
Mestrado. 2010. Disponível em:
(http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/handle/1884/24235/Dissertacao_Nei.pdf;jsessionid=1E0E7E62561F
05DAFA477EA2C5C83F2D?sequence=1).
22
corpos nas colisões e calcular de modo mais preciso as ações das “causas
externas”. Além do mais, esse “modelo de análise” permitiu-lhe tratar de um outro
tipo de movimento essencial em suas futuras investigações: o movimento circular
(dos corpos).
Naquele período de investigação, Newton empregou o termo “força” pela
primeira vez, associando-o as “causas externas”. Ele a definiu como sendo “a
pressão ou a compressão de um corpo sobre outro” e adiante, no Axioma 3,
estabelece a proporcionalidade entre forca e a mudanca de movimento produzido
por ela: “Se o corpo bacd adquire o movimento q pela força d, e o corpo f o
movimento p pela força g, então d:q::g:p” (HERIVEL, 1965, pp. 138 e 150).
A razão acima reúne do mesmo lado movimento (q e p) e força (d e g),
denotando que Newton, como um bom geômetra euclidiano (que respeita o princípio
da homogeneidade das grandezas dispostas em relação de proporcionalidade) e um
bom cartesiano, não faz ainda nenhuma diferenciação entre tais propriedades da
matéria: “força” é apenas uma maneira de falar, sendo ontologicamente idêntica ao
movimento.
No entanto, os termos irão mudar drasticamente depois do De Gravitatione.
A presença desse modelo de análise no Waste Book tornar-se-á importante
nas investigações que Newton realizará a respeito dos movimentos circulares e da
atuação de uma forca, uma vez que nesse manuscrito ele explica as mudanças de
movimento geradas pelas colisões dos corpos com base no pressuposto conceitual
de que “causa externa” dessas mudanças deve ser chamada de “força ou poder
capaz de impedir ou mudar a continuação dos corpos em seus estados” (HERIVEL,
1965, p. 156).
O problema de determinar a medida do “conatus [tendência, esforço] dos
corpos que giram para afastarem-se do centro de seus movimentos”, que Descartes
tratou de investigar na Terceira Parte do Principia Philosophiae, tornou-se objeto de
interesse de Newton entre os anos de 1665 a 1670. Em seu tratado, Descartes
postula que os corpos tendem a afastarem-se dos centros, em torno dos quais são
movidos circularmente, em decorrência da “segunda lei da natureza”, que
estabelece a determinação retilínea de todos os movimentos realizados sem
nenhum impedimento externo.
23
Figura 01
24
Após ter definido o significado físico desse “esforço”, o próximo passo será a
tentativa de avaliá-lo quantitativamente. O Axioma 22 procura cumprir tal exigência:
“a força total através da qual o corpo oc esforça-se a partir do centro m, na metade
25
de uma revolução, é de mais que o dobro da força capaz de gerar ou destruir seu
movimento, isto é, mais que o dobro da força com a qual é movido” (Idem).
Figura
26
(...) a força pela qual ela [a esfera] esforça-se a partir do centro n gerará
tanto movimento em um corpo quanto existe em b no tempo em que o corpo
b percorre a distancia do semidiâmetro bn (como b é movido com um grau
de movimento através de bn em um segundo de uma hora, então a força a
partir do centro n sendo continuamente (como a força da gravidade)
imprimida sobre um corpo durante um segundo, gerará um grau de
movimento nesse corpo). Ou, a força a partir de n está para a força dos
movimentos dos corpos :: periferia : raio.” (HERIVEL, 1965, p. 129).
Ou seja,
soma total das colisões nos 4 lados soma dos lados do quadrado
soma total das colisões em todos os lados soma de todos os lados do polígono
Certamente Newton operou de modo intuitivo nessa altura dos seus estudos
mecânicos, tratando de proceder das forças instantâneas pelas quais os corpos
interagem nas colisões para as forcas continuas, ou seja, aquelas forças cujos
efeitos devem ser avaliados com respeito ao tempo em que agem sobre os corpos.
Tudo isso indica que Newton ainda não tinha a mesma consciência das implicações
desse procedimento analítico que demonstra ter alcançado nos seus trabalhos
posteriores, tal como acontecerá ao desenvolver um método para passar das forcas
impulsivas para as forcas continuas que obviamente constituiu a base da sua teoria
dinâmica no Principia Mathematica (1687). Mas um dos aspectos de singular
importância é o fato de que a partir do Waste Book o “modelo” dessas forcas
continuas é, para Newton, a forca da gravidade (que aparecerá mais tarde no
Principia), cujos efeitos sobre os corpos na superfície da Terra certamente ele
aprendeu a medir na mesma época em que desenvolvia seus estudos sobre o
conatus a centro.
Todavia, por mais que a passagem acima se refira à Terceira lei de Kepler,
ela deve ser considerada apenas dentro de um contexto astronômico e não
conduzindo às conclusões sobre os movimentos circulares, algo que Newton
realizará algum tempo depois quando derivar a lei do inverso do quadrado das
distancias para o conatus a centro dos planetas.
x: ADEA2::BD:AD2
BE:BA::BA:BD
DE:DA::DA:DB
Logo,
Figura 03.
30
5
Newton tomou conhecimento de vários problemas apresentados por Galileu ao ler sua obra através
da edição de Thomas Salusbury (The Systeme of the World in four Dialogues. By Galileus Galileus,
1661). Provavelmente essa foi a única obra de Galileu que ele conheceu antes de escrever o
Principia (Cf. COHEN, 1980, p. 133 e p. 319 nota 11; WESTFALL, 1971, p. 47 nota 3).
31
não permite que a Terra girando faça os corpos afastarem-se e lançarem-se no ar.”
(Idem).
60 x 1²
,
1 x 27, 3216²
O manuscrito citado há pouco (U.C.L.MS Add. 3958.5, folios 87, 89), que
contém a regra “1/D2” para o conatus centrífugo, não traz qualquer referência a este
respeito, mas indiretamente nos leva a pensar que tais acontecimentos teriam
ocorrido tão logo Newton encontrou essa regra. Como vimos, Newton inferiu através
da regra “D/T2” que a “força da gravidade é mais de 4000 vezes [precisamente, 350
x 12 12 = 4375 vezes] maior que o conatus da Lua para afastar-se do centro da
Terra”. Por outro lado, esse resultado é um tanto diferente do valor teórico fornecido
pela regra “1/D2”, ou seja, que a razão entre o conatus da Lua e a força da
gravidade na superfície da terra é a razão inversa do quadrado da distância da ua ao
centro da Terra para o quadrado do raio da Terra. Assumindo que a distância entre a
Lua e o centro da Terra é igual a 60 raios da Terra, a força da gravidade é 3600
vezes maior que o conatus centrífugo da Lua. Portanto, uma diferença de
aproximadamente 25% em relação ao resultado anterior. Essa diferença deveu-se
ao fato de Newton ter assumido o valor de 3500 milhas italianas para o raio da
Terra. Mas, se tomarmos essa medida como sendo de 4000 milhas (inglesas), pela
regra “2π2R” teremos que o conatus centrífugo na superfície da Terra será 286,72
vezes maior que a força da gravidade. Então, a força da gravidade será 3584 vezes
maior que o conatus centrífugo da Lua. Algo que se aproxima bastante do valor
teórico de 3600 vezes. No entanto, Newton não percebeu imediatamente o erro que
cometera nem há qualquer evidência no manuscrito supracitado de que ele tenha
feito essa “comparação” dos resultados obtidos pelas duas regras e, portanto,
constatado a diferença entre eles.
Todos esses fatos fornecem indícios de que Newton, nessa época, não
poderia jamais ter cogitado a idéia de uma “força” (centrípeta, atrativa) agindo sobre
a Lua e continuamente equilibrando com sua tendência centrífuga. É somente após
suas correspondências com Robert Hooke (1679/80) que surgem em seus escritos
as primeiras referências a forcas centrais atrativas, mas, antes disso, qualquer
referência sobre as forças centrais não ultrapassam os limites conceituais do
conatus recedendi a centro de Descartes. Nesse sentido, a “comparação” feita no
manuscrito analisado acima não é exatamente entre “a força necessária para manter
33
a Lua em sua órbita” e a forca da gravidade na superfície da Terra, mas entre esta e
o conatus da Lua para afastar-se do centro da Terra. A própria derivação da regra
“1/D2” indica que ela se aplicava apenas aos efeitos dos conatus a centro nos
movimentos circulares dos planetas. E mesmo considerando que Newton, ao
estendê-la para o conatus centrífugo da Lua, constatou a diferença com o cálculo
feito anteriormente, nada indicaria que ele passou a considerar que outra causa
além da gravidade seria a responsável pela manutenção da Lua em sua órbita,
mesmo porque tal questão nem tinha sido colocada em suas investigações
astronômicas dessa época. A simples referência aos vortices de Descartes fornece
dados importantes para deixarmos de acreditar em qualquer possibilidade de
Newton ter em mente uma noção próxima do conceito de gravitação universal que
postulará no Principia Mathematica.
34
(A review on the “Modern and Contemporary Physics at High School” research area)
Fernanda Ostermann [[email protected]]
Marco Antonio Moreira [[email protected]]
Instituto de Física - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
C.P 15051 - 91501-970 Porto Alegre, RS
Resumo
6.1- INTRODUÇÃO
- JUSTIFICATIVAS
ocorrido na Física deste século). O autor sugere que sejam escritos livros e textos
com abordagens inovadoras de FMC como forma de encorajar a revisão curricular.
Eijkelhof et al. (1984) defendem que o tema “armas nucleares” seja ensinado
nas aulas de Física do ensino secundário, considerando que o objetivo central é que
os estudantes possam ter um maior entendimento acerca do debate público que
acontece em torno desta questão. Aubrecht (1989) justifica a necessidade da
atualização curricular nas escolas, nos “colleges” e nas universidades norte-
americanas, atestando a existência de uma dicotomia, proposta por dois físicos da
Universidade de Maryland:
38
6
“A-Level” é um curso pré-universitário dirigido a estudantes entre 16 e 18 anos.
39
aos alunos os desafios a serem enfrentados pela Física no futuro, ou eles não serão
encorajados a seguir carreiras científicas. Wilson concorda com Stannard (1990),
Aubrecht (1989) e Kalmus (1992) quanto ao interesse que assuntos de FMC nas
escolas podem provocar nos alunos, acabando por atraí-los para as carreiras de
Física.
1. difração de elétrons;
7. problemas de interpretação.
O autor defende que nos cursos secundários este tema seja ensinado com
esse viés histórico/epistemológico.
Veit et al. (1987) apresentam um programa - aula para o nível médio sobre
efeito fotoelétrico via computador. A motivação para utilizar-se o computador no
ensino deste tema, segundo os autores, centra-se na pouca tradição didática da
área de FMC e carência de equipamentos e outros materiais instrucionais como, por
exemplo, textos adequados. Os autores colocam que o uso do computador para o
45
a luz, para a maioria dos alunos, é constituída por raios luminosos, por
“varetas rígidas e finas”;
47
Relatividade (Arruda e Villani, 1996; Warren, 1976; Whitaker, 1976; Ireson, 1996;
Kirsh e Meidav,1987; Alemañ Berenguer, 1997; Villani e Pacca, 1987; Toledo et
al., 1997; Alvarenga e Máximo, 1997; Amaldi, 1995; Hewitt, 1992);
Armas nucleares (Eijkelholf et al., 1984);
Efeito fotoelétrico (Valadares e Moreira, 1998; Veit et al., 1987; Jones, 1991;
Silva, 1993);
Laser (Valadares e Moreira, 1998; Schewe, 1981; Camargo, 1996; Alvarenga e
Máximo, 1997; Grupo de Reelaboração do Ensino de Física, 1993);
Emissão de corpo negro (Valadares e Moreira, 1998);
Polaróides (Laburú et al., 1998);
Cristais líquidos (Laburú et al., 1998);
Supercondutividade (Gough, 1998; Shukor e Lee, 1998; Dull e Kerchner, 1994;
Guarner e Sánchez, 1992; Alvarenga e Máximo, 1997);
Interações fundamentais (Moreira, 1990; O‟Connell, 1998);
Partículas elementares (Holton et al, 1970; Ryder, 1976; Lederman, 1982;
Fundamental Particles and Interactions Chart Committee, 1988; Moreira, 1989;
Galetti, 1990; Farmelo, 1992; Jones, 1992; Swinbank, 1992; Barlow, 1992;
Allday, 1997; Contemporany Physics Education Project, 1998; Fermilab, 1998;
50
Os trabalhos de Solbes et al. (1987), Gil et al. (1988), Solbes (1993), Gil e
Solbes (1993) enfatizam a introdução de conceitos básicos de Mecânica Quântica e
sugerem uma estratégia de mudança conceitual e metodológica.
descrita na seção 6.3. Ao todo, 270 alunos dos níveis “O-Level”7 e “A-Level” de
escolas de Berlim, divididos em grupo experimental (n=150) e grupo controle
(n=120), responderam aos mesmos questionários antes e depois das lições. Em
uma comparação entre os dois grupos com respeito à concepção da estabilidade de
um átomo, os autores encontraram que, inicialmente, os dois grupos tendiam a
apresentar a mesma concepção: os elétrons estão em círculos em torno do núcleo
com as forças centrífuga e coulombiana em equilíbrio. No entanto, ao final das
aulas, 68% dos estudantes no grupo experimental atribuíram a estabilidade atômica
ao princípio de incerteza de Heisenberg, em contraposição a 7% do grupo controle.
7
“O-Level” corresponde ao ensino médio brasileiro (estudantes entre 15 e 17 anos).
58
uma elaboração mais profunda. Além disso, uma mínima parte dos alunos não foi
motivada pela proposta.
Conceptual Physics – The High School Physics Program – Hewitt, P., Addison-
Wesley, 1992, 676p.
63
Nesta obra, de volume único, percebe-se que tópicos de FMC estão integrados ao
longo dos capítulos e não todos concentrados ao final dos capítulos ou ao final do
livro.
Já no capítulo 13 (ao todo são 40 capítulos), que trata das interações gravitacionais,
há uma seção dedicada ao tema “buracos negros”. Os capítulos 15 e 16 (os dois
últimos da unidade “Mecânica”) abordam aspectos conceituais (que é a ênfase do
livro) da Relatividade Especial. O capítulo seguinte (nº 17), que é o 1º da unidade
intitulada “Propriedades da Matéria”, é dedicado à natureza atômica da matéria. Os
três capítulos da última unidade (Física Atômica e Nuclear) trazem conceitos básicos
de Mecânica Quântica, radioatividade, fissão e fusão nuclear.
Vê-se, portanto, que desde o início há uma “introdução moderna” à Física, quando
nos capítulos iniciais já são discutidas, conjuntamente, as interações gravitacional e
eletromagnética.
Além disso, os tópicos modernos permeiam todo o texto e, muitas vezes, estão
ocupando o espaço que, comumente, seria de temas clássicos. É, sem dúvida, uma
concepção de livro-texto e de ensino de Física muito diferente do que se encontra
nas obras disponíveis no mercado brasileiro.
Conclusão
diversidade inicial de opiniões, bem como uma falta de acordo entre o que era e o
que não era Física Contemporânea. Isso nos sugeriu que seria melhor falar em
tópicos de Física Moderna e Contemporânea (FMC) ao invés de Física
Contemporânea que, segundo nosso critério, é a Física desenvolvida no século XX a
partir dos anos quarenta.
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ANEXOS
Resumo
Este trabalho é parte integrante de um projeto maior denominado Ciências Exatas na Escola Básica,
em andamento no centro universitário UNIVATES. A parcela aqui apresentada relata a análise de
livros didáticos de física quanto ao conteúdo da mecânica, mais especificamente cinemática e
dinâmica. Os livros analisados estão entre os mais usados ou mais indicados nas escolas do Vale do
Taquari, Lajeado/RS. Em função do espaço limitado para a descrição da pesquisa, foi analisado um
número reduzido de livros e apenas algumas das unidades de análise estão sendo contempladas
neste relato. Dos cinco títulos aqui discutidos foi possível perceber que apenas um introduz o estudo
dos movimentos simultaneamente à dinâmica, enquanto os demais tratam a cinemática e a dinâmica
separadamente. A atenção dispensada à cinemática, em um contexto em que o número de períodos
semanais para a disciplina de física no ensino médio é cada vez mais reduzido, leva muitos
professores a dar menos atenção justamente aos conceitos e relações mais intervenientes nas
causas de movimentos e de situações de equilíbrio, que são as Leis de Newton.
Palavras-chave: livros didáticos, ensino de física, trabalho integrado
Introdução
Este trabalho é parte de um projeto de pesquisa desenvolvido no Centro Universitário UNIVATES
(Lajeado/RS), que se preocupa em investigar as ciências exatas na escola básica, tendo, portanto, o
foco no ensino de física, química e matemática no ensino fundamental e, em especial, no ensino
médio. Este projeto envolve a participação tanto de professores da instituição, quanto de professores
de física, química e matemática de escolas da região, constituindo-se assim um coletivo de
professores em reflexão. Os professores das escolas que participam do projeto contribuem com
discussões acerca das atividades propostas e, na medida do possível, dispõem-se a aplicá-las em
sala de aula.
Um dos focos desse projeto é examinar, em livros didáticos de Matemática, Química e Física, que
usualmente circulam nas escolas de Ensino Médio da região do Vale do Taquari, os jogos de
linguagem que instituem o ensino de Ciências Exatas na Escola Básica (Giongo et al, 2010). Rudá
(2010) aponta que qualquer coisa tem o seu significado determinado pela existência desta coisa junto
às coisas que a rodeiam. No ensino de ciências exatas, esta perspectiva nos permite identificar o
significado das coisas, ou das grandezas físicas, a partir do contexto no qual estão inseridas, e das
relações traçadas entre elas.
Neste trabalho, foram selecionados livros didáticos de física para análise.
Foram escolhidos os livros mais usados nas escolas de ensino médio da região, conforme indicação
dos professores participantes do projeto.
O foco da análise é identificar abordagens ou enfoques que indiquem como os assuntos são tratados
e se há conexões entre os conceitos que favoreçam a construção dos conhecimentos de uma forma
mais complexa e abrangente, contribuindo para uma aprendizagem significativa, na perspectiva
ausubeliana.
Inicialmente, estão sendo analisados livros da primeira série do ensino médio, e é esta análise que
será compartilhada neste trabalho.
Justificativa
O projeto de pesquisa, do qual este trabalho é parte integrante, nasceu da necessidade de um
espaço de discussão, socialização e proposição que integrasse as três disciplinas que compõem a
área das ciências exatas. No Centro Universitário UNIVATES, é oferecido o curso de Licenciatura em
Ciências Exatas, no qual os professores saem com habilitação integrada para Física, Química e
Matemática do Ensino Médio e Matemática do Ensino Fundamental. Assim, as ações de extensão e
pesquisa são uma ferramenta importante para acompanhar e oferecer formação continuada aos
egressos em serviço, bem como aos demais professores em atuação nessas disciplinas. Visto que,
em muitas escolas, são os mesmos professores que lecionam estas três disciplinas, a oferta da
71
licenciatura integrada veio oferecer formação e resolver um problema histórico da falta de qualificação
de muitos professores na área de ciências exatas. A partir de reportagens divulgadas na mídia, em
nível nacional, a falta de professores habilitados nessas áreas é um problema de larga escala em
todo o Brasil e afeta a educação científica e tecnológica de nossas crianças e jovens. Um exemplo
deste tipo de divulgação é a reportagem veiculada no Fantástico de 11/07/2010.
As diretrizes curriculares em vigência no país têm incentivado a organização em grandes áreas do
conhecimento. Em nível estadual, o Rio Grande do Sul também está implantando um referencial
curricular que visa a uma maior integração das áreas, através do projeto “Lições do Rio Grande”. A
abordagem proposta acompanha esta tendência e sugere que a formação de professores seja
permeada de metodologias diversificadas e de diálogos interdisciplinares que potencializem aspectos
comuns das diversas áreas de conhecimento, possibilitando o desenvolvimento de temas
integradores de forma mais complexa e menos repetitiva.
Outra tendência observada é a carga horária reduzida na área de ciências exatas. Na região de
abrangência do projeto, são geralmente 2h/a semanais para física e para química e 3h/a para
matemática. Em vista desta característica, o professor precisa ser muito seletivo e crítico na
organização dos planos de estudo e de trabalho. Deve ser capaz de priorizar conceitos estruturantes,
que são a base para que o aluno, quando necessário, tenha condições de agregar novos conceitos e
informações a esse conhecimento básico.
Para otimizar o tempo disponível para o ensino das disciplinas que compõem as ciências exatas
(física, química e matemática), destaca-se algumas possibilidades: integrar disciplinas diferentes com
conceitos e fenômenos comuns a serem estudados, evitando que sejam trabalhados em duas ou
mais disciplinas, em detrimento de outros que não serão trabalhados em nenhuma; trabalhar
sincronamente, sob diferentes enfoques, temas que estão contemplados nos currículos de diferentes
disciplinas; em uma mesma disciplina, trabalhar de forma mais integradora, favorecendo a percepção
das diversas relações entre grandezas e propiciando a construção dos conceitos de forma mais
abrangente e dinâmica.
Considerando que os livros didáticos se tornaram a principal ferramenta de trabalho dos professores,
avalia-se que uma maneira de contribuir para a melhora nesse cenário é o incentivo ao uso mais
racional e crítico dessa ferramenta. Em vista das questões expostas e da importância a elas
atribuídas pela equipe de trabalho, a análise dos livros foi uma das ações planejadas e que está em
execução no projeto de pesquisa de Ensino de Ciências Exatas na Escola Básica.
Análise dos Livros Didáticos
A mecânica é o assunto trabalhado no primeiro ano do ensino médio na maioria das escolas do
Brasil. Portanto o foco inicial da análise ateve-se ao estudo da Cinemática e da Dinâmica. Peduzzi
(1996) e Harres (2002) defendem que as ideias prévias dos estudantes devem ser consideradas e
que o estudo dos movimentos deve ser realizado em conjunto com suas causas. Em consonância
com esta proposta, pode-se trabalhar o movimento uniforme juntamente com as condições em que o
corpo deve se encontrar para que permaneça neste estado de equilíbrio (primeira lei de Newton).
A disciplina que melhor poderia se integrar à física, na abordagem comumente apresentada pelos
livros didáticos, seria a matemática, uma vez que as funções horárias dos movimentos poderiam ser
estudadas nessa disciplina, como aplicação e contextualização do estudo das funções. A física
poderia, concomitantemente, resgatar a descrição destes movimentos, trabalhando suas causas
através dos fenômenos e das conseqüências (variações e conservações) relacionadas às leis do
movimento. A otimização do tempo para ambas as disciplinas seria uma consequência lógica. No
Referencial Curricular de Física do RS, é sugerido que o conteúdo do primeiro ano do ensino médio
seja introduzido pelas noções de força e interação, e pelo estudo dos movimentos. (Referenciais
Curriculares, Quadro 3, p. 92).
Os livros didáticos analisados foram escolhidos pelo critério dos mais adotados na região do Vale do
Taquari, no RS, como já mencionado. Dentro da mecânica, o foco de análise esteve na abordagem
proposta para as Leis de Newton e para movimentos. A apresentação será feita por unidade de
análise.
Unidades de Análise:
Foram criadas três unidades de análise. Para cada livro serão apresentadas, resumidamente, as
considerações feitas em cada uma destas unidades. As unidades adotadas são:
1ª. De maneira geral, como o conteúdo é abordado?
Nesta unidade buscou-se identificar como o conteúdo está disposto e se permite o trabalho com um
número pequeno de períodos de aula.
2ª. Qual é a linguagem matemática utilizada na abordagem dos conceitos?
72
O foco desta unidade foi identificar a forma escolhida para a apresentação dos conceitos, se há
estímulo à realização de estimativas, à compreensão das proporcionalidades entre grandezas e a
forma como as habilidades matemáticas são estimuladas e desenvolvidas.
3ª. Qual é o enfoque proposto para o estudo das Leis de Newton?
Pela importância atribuída à compreensão e possibilidades de aplicações das leis de Newton,
buscou-se avaliar se a abordagem proposta favorece a construção de conceitos como variações e
conservações, se há preocupação em retomar a relação com os movimentos e se o autor considera
as concepções prévias frequentemente trazidas pelos alunos.
Curso de Física, v. 1
1ª. Os autores apresentam um capítulo específico para movimentos retilíneos, que não requer
tratamento vetorial, dado seu caráter unidimensional. Não faz nenhuma referência às condições
dinâmicas para que se mantenha um MRU ou MRUV. No estudo do movimento variado com
aceleração constante, explora bastante o movimento da queda livre, propondo experimentos simples
e interessantes. Antes de serem introduzidas as leis de Newton, há um capítulo envolvendo o estudo
de vetores e o movimento curvilíneo.
Apenas no quarto capítulo é introduzido o tema forças, a partir do estudo da primeira e da terceira leis
de Newton. O capítulo seguinte é dedicado à 2ª lei de Newton, com aplicações diversas, e o
tratamento de forças em trajetórias curvas é feito no mesmo capítulo.
2ª. Ao longo do texto, há o cuidado de estabelecer relações de dependência entre as variáveis. Vários
exercícios propostos, especialmente os de fixação, propõem que o aluno estabeleça relações de
proporcionalidade. Como exemplo, podemos citar a variação da distância com o quadrado do tempo
em um movimento com aceleração constante, apresentado à página 49, ou ainda, o exercício 1, na
página 168. Há um cuidado na apresentação do significado físico das grandezas, o que estimularia a
compreensão conceitual, e não apenas a resolução de fórmulas e a obtenção de resultados
numéricos. Também se avalia como pertinente a análise gráfica das funções dos movimentos; ao
apresentar a dependência entre as grandezas, o texto estimula o aluno a avaliar qual é o gráfico
típico para aquela relação. Observa-se essa estratégia, por exemplo, no gráfico d versus t, (p. 49).
Também avalia-se como positivo que, em vários exercícios, o aluno é solicitado a analisar gráficos
para comparar e descrever comportamentos e a evolução de sistemas. Como exemplo tem-se o
gráfico do exercício 9 (p. 63).
3ª. Apresenta, primeiramente, os conceitos de inércia e a ação-reação, com aplicações, e depois o
princípio fundamental da dinâmica. Propõe a importante discussão da diferenciação entre massa e
peso, tanto no texto básico quanto em vários exercícios propostos (p. 151, 154).
Não conceitua força como interação, o que é considerado uma necessidade para a adequada
compreensão do conceito. Também, não faz nenhuma referência às interações fundamentais, o que
seria uma aproximação com as teorias atuais da Física.
O conceito de inércia é apresentado como tendência em manter o estado de repouso ou do
movimento constante. Sob esse enfoque, são citados vários exemplos, embora a inércia esteja muito
mais relacionada à necessidade da inter-ação com outro corpo para provocar qualquer tipo de
mudança no próprio movimento. Adotar este enfoque ajudaria a reforçar a noção de interação,
através da identificação dos inter-agentes responsáveis pelas forças em um sistema. O enfoque da
inércia como a in-capacidade de um corpo, sozinho, alterar seu próprio estado dinâmico, mostra-se
mais adequado ao significado atual. (Gardelli, 1999).
De maneira geral, o texto apresenta as leis do movimento com a discussão de exemplos concretos,
propõe leituras e questões que levam o aluno a questionar suas concepções alternativas, e isso pode
favorecer uma melhor compreensão conceitual. Explora o papel das forças de atrito, presentes em
qualquer situação de movimento real. Na página 109, a definição da primeira lei do movimento
poderia ser mais rigorosa, pois além da ausência de forças, se a resultante das forças for nula (que é
o caso mais comum nos movimentos observáveis), também há equilíbrio.
Os fundamentos da Física 1
1ª. Antes de tratar a dinâmica dos movimentos, esta obra tem nove capítulos dedicados ao estudo
mais formal e matemático da cinemática. São cinco capítulos para cinemática escalar e quatro para
cinemática vetorial. Para a dinâmica, são dedicados apenas três capítulos do livro, o que é uma
divisão desproporcional entre essas áreas: a dinâmica requer mais tempo para que se desenvolva um
trabalho que favoreça algum contraste com as concepções alternativas, muito arraigadas quando o
tema é força e movimento.
2ª. Esta obra utiliza intensamente a ferramenta dos gráficos; há um capítulo exclusivo para o estudo
matemático dos gráficos dos movimentos retilíneos (pag. 71-100). Este capítulo tem como aspecto
positivo a comparação e a correlação que propõe entre os gráficos das funções matemáticas básicas
73
e as suas aplicações físicas. A apresentação formal o torna mais adequado para utilização em aulas
de matemática.
Os exercícios com gráficos exigem cálculo de velocidades, de áreas (distâncias ou espaços
percorridos), determinação de condições iniciais, típico de uma abordagem mais clássica da
cinemática.
O texto explora pouco a proporcionalidade entre as grandezas. As equações são apresentadas com a
identificação de cada variável, mas há pouca discussão do seu significado físico. A maioria dos
exercícios propostos e dos exemplos resolvidos enfatiza o equacionamento do problema, como a
aplicação da 2ª lei de Newton ao movimento de dois blocos, mas estimula pouco a interpretação
física dos resultados.
3ª. Apresenta o princípio de inércia como tendência. Mas de maneira indireta, menciona a
necessidade de interação com outro corpo, por exemplo, "segurar-se no ônibus" ou "ser empurrado
pela poltrona" (p. 173), para variar o próprio movimento e adquirir movimento solidário ao veículo.
Essa abordagem favorece a compreensão desejável.
Adota a classificação das forças como de contato ou de campo, mas não faz referência às interações
fundamentais.
Apresenta a segunda lei do movimento com ênfase ao caráter vetorial.
Propõe resolução de problemas para diferentes diagramas de força, geralmente priorizando a solução
matemática em detrimento da análise das conseqüências, das variações ou das conservações
observadas.
Toda a descrição cinemática dos movimentos, feita anteriormente, não é retomada. Não é proposta
uma conexão explícita entre os movimentos e suas causas.
As Faces da Física, v. único
1ª. Também começa pelo estudo da Cinemática. Dedica três capítulos à cinemática escalar, dois
capítulos à cinemática vetorial, e mais três capítulos para os movimentos circulares, composição de
movimentos e movimento de projéteis.
Portanto são oito capítulos antes de apresentar as relações causais entre força e movimento. Ao
estudo das leis de Newton, são dedicados apenas três capítulos.
2ª. Esta obra utiliza com frequência a linguagem gráfica, embora o faça de maneira bastante formal.
Dá ênfase à interpretação de sinais algébricos, mas não utiliza a comparação dos sentidos entre
vetores para avaliar se o movimento é acelerado ou desacelerado.
O texto não enfatiza a discussão de significados físicos. Apresenta a equação e logo propõe seu uso
na resolução de problemas. Há muita ênfase à resolução matemática das equações e, geralmente, os
exercícios problematizam pouco o comportamento físico dos sistemas.
A obra separa a apresentação de um tópico da ferramenta matemática necessária ao seu estudo. Por
exemplo, os movimentos em duas dimensões estão em um capítulo, enquanto a análise matemática
está em outro (o da composição dos movimentos), e a cinemática vetorial, que define o vetor
velocidade, está ainda em um terceiro. É excessivo e improdutivo utilizar tanto tempo desenvolvendo
questões com pouco impacto sobre a compreensão conceitual da física. Se o professor optar por
desenvolver o estudo dos movimentos bidimensionais, considera-se mais adequado revisar ou
apresentar os recursos matemáticos simultaneamente.
3ª. Inicia o estudo da Dinâmica citando interações mecânicas, sem mencionar as interações
fundamentais. Classifica as forças como de contato e de ação à distância e, nesta última, faz
referência às forças de campo, sem contudo definir “campo”. Define brevemente força como o
“resultado da interação entre dois corpos” (p. 111) e apresenta alguns efeitos. Define vetorialmente o
que é força resultante e logo propõe exercícios matemáticos de cálculo. Apenas em dois exercícios é
explorada a idéia de interação (exercícios 3 e 5, p. 119).
A primeira lei é apresentada como o princípio da inércia, que é definida como tendência a manter o
estado de movimento e é apresentada como propriedade da matéria (p. 122). Há exemplos em que é
mencionada a necessidade de interação para mudar o movimento (p. 120).
Apresenta a 2ª lei de Newton estabelecendo proporcionalidades entre força e variação de velocidade,
massa e intervalo de tempo. Considera-se positiva a apresentação da força resultante em função da
variação de velocidade no tempo, ao invés de apenas utilizar a aceleração, pois indica preocupação
com as concepções prévias dos alunos e as dificuldades de aprendizagem decorrentes. No entanto
os exercícios não exploram significativamente essa relação.
Física Mecânica, v. 1
1ª. Há três capítulos introdutórios que apresentam ferramentas e noções gerais relacionadas à física
e ao que seu estudo compreende. São dedicados cinco capítulos para a cinemática, sobre
movimentos retilíneos e movimentos compostos (lançamentos). Há três capítulos abordando as leis
74
matemática. Alguns aspectos para essa discussão poderiam ser: a) a origem da aceleração na queda
livre; b) porque os movimentos bidimensionais têm comportamentos diferentes nas duas direções;
entre outras possibilidades que auxiliam na construção das relações causais.
Entende-se que a percepção de relações de proporcionalidade e a realização de estimativas são
habilidades que podem ser desenvolvidas conjuntamente, nas três disciplinas da área de ciências
exatas. A construção e a análise de gráficos também é uma atividade potencialmente interdisciplinar,
que permite ao aluno aplicar os conhecimentos básicos de funções em exemplos contextualizados e
reais, utilizando o conhecimento adquirido na matemática como uma ferramenta e um tipo de
linguagem muito apropriado à comunicação e à interpretação de dados em química e física. O estudo
de funções na matemática, geralmente genérico e restrito às variáveis x e y, pode ser enriquecido
com parâmetros de sistemas reais e mais próximos da realidade dos estudantes. Ao adotar esse
enfoque, estaríamos aproveitando o potencial interdisciplinar e aproximando as linguagens da Física
e da Matemática.
Considerações Finais
Este trabalho apresenta a análise de alguns livros didáticos de ampla utilização na região de
abrangência da pesquisa, e contém algumas propostas baseadas nas concepções de ensino das
autoras, fundamentadas em grande parte, na linha epistemológica construtivista. Neste estudo, em
particular busca-se compreender e utilizar melhor a linguagem, para auxiliar a construção do
conhecimento físico de forma mais eficiente, integrada e significativa.
Assim pode-se justificar a proposta de que os conceitos e as grandezas físicas sejam trabalhados de
forma interrelacionada, tanto no contexto disciplinar quanto no interdisciplinar. A conexão entre os
conceitos permite uma melhor compreensão da estrutura do conhecimento físico, o que poderia
favorecer a aprendizagem significativa em física.
A linguagem, por sua vez, tem papel interdisciplinar, interrelacionando conceitos e conteúdos comuns
às disciplinas de ciências exatas, integrando-as também com as outras áreas de conhecimento.
Rudá (2010) destaca:
Assim, as palavras, para terem sentido têm de estar junto à outras para formar as frases. Essas sim,
possuem o condão de serem verdadeiras ou falsas e, sendo assim, podemos dizer que ela faz parte
da estrutura do mundo e, nesse sentido, temos a linguagem como estrutura do mundo e oriunda da
conexão entre os objetos e
as palavras.
Nesta linha também Vygotsky (apud Vergnaud, 2004, p. 73) destaca o papel da linguagem coerente
na construção de significados. Ele distingue o sentido e o significado da palavra, o significado é o que
encontramos no dicionário e o sentido “representa todos os fatos psicológicos que esta palavra faz
surgir em nossa consciência”. A partir desta visão concebe-se a crítica a alguns enfoques adotados
pelos livros analisados, nos quais não há a preocupação em “traduzir” a linguagem matemática e
científica formal para a linguagem cotidiana, que é familiar aos alunos.
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76
Introdução
No Estado do Paraná, o Projeto Festival de Arte da Rede Estudantil (FERA) e o Projeto Educação
Com Ciência se configuraram, nos últimos anos, como atividades integradoras de grande expressão
educacional. O Projeto FERA, desde seu lançamento em 2004, mobilizou milhares de estudantes,
professores, artistas e representantes da comunidade em suas atividades artístico-culturais. Em
todas as etapas, o Festival alcançou seus objetivos de propiciar o enriquecimento na formação de
alunos e professores e o aprimoramento da expressão de sua criatividade. Da mesma forma, o
Projeto Educação Com Ciência tem como objetivo proporcionar aos estudantes paranaenses, em
todas as suas edições, a oportunidade de divulgação de trabalhos de natureza científica e
tecnológica, incentivando a curiosidade e a pesquisa. Ambos os Projetos, programas pioneiros na
Educação do Paraná, estimularam o aprendizado de conteúdos curriculares e a produção cultural e
despertaram na comunidade educacional o interesse pela cultura, pela arte e pela ciência,
fortalecendo-a para estender o conhecimento adquirido a todos os domínios da vida.
Em 2008, a Secretaria de Educação do Paraná propôs a integração desses dois grandes projetos
educacionais - FERA COM CIÊNCIA. O tema deste evento em 2010 foi – Cultura e Tecnologia na
Preservação Ambiental. Deste modo, práticas pedagógicas de cunho investigativo ou informativo
puderam contribuir para o desenvolvimento das reflexões sobre o homem e seu ambiente. Neste
trabalho escrevemos ações metodológicas empregadas na oficina ONDAS ELETROMAGNÉTICAS E
APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS, ministrada para professores do ensino Fundamental e Médio de
diferentes áreas do conhecimento.
O evento ocorreu entre os dias 06 e 09 de abril de 2010 na cidade de Santa Isabel do Ivaí-Paraná
sob a coordenação do Núcleo Regional de Educação de Loanda – Paraná. Mais informações sobre
este evento pode ser obtido no sítio www.diadiaeducacao.pr.gov.br.
Ação Metodológica Aplicada na Oficina
Através de uma avaliação prognóstica, foi constatado que a grande maioria dos professores
(aproximadamente 93%) apresentam dificuldades em conceituar onda, matéria e energia,
principalmente. Talvez, em função disto, também apresentaram dificuldades em relacionar os
fenômenos associados. Constatado as dificuldades, iniciamos nossas discussões definindo onda e
partícula. Para mostrar algumas das propriedades da luz, construímos um periscópio. Este
instrumento óptico de simples montagem (caixa tetra pak e dois espelhos planos com a medida da
caixa) nos permitiu discutir as leis da reflexão da luz através de um espelho plano. Neste caso, os
participantes foram conduzidos a observar que o ângulo de incidência e o ângulo de reflexão da luz
são iguais com relação a uma reta perpendicular à superfície refletora. A construção do periscópio
funcionou como um gatilho para disparar uma discussão histórica a cerca da natureza da luz. Teria a
luz um comportamento ondulatório ou corpuscular? Durante as discussões foi apresentada a disputa
histórica entre o inglês Isaac Newton (1642 – 1727) e Robert Hooke (1635 – 1703) ambos, membros
da recém criada Royal Society. Para Newton a luz poderia ser explicada através da teoria
corpuscular, enquanto, Hooke defendia o modelo ondulatório, seguido também pelo italiano
Francesco M. Grimaldi (1618-1730) e Christian Huygens (1629 - 1695).
Ambas as teorias encontravam explicações para a reflexão e refração da luz. No entanto, devido ao
prestígio de Newton, depois de sua obra “Optika” (1.704), onde se afirmava o caráter corpuscular da
luz, ficou decretado que a luz seria a propagação de partículas num meio, caracterizado como éter.
[EINSTEIN, Albert; INFELD, Leopold 2008].
O fenômeno da refração está intimamente relacionado com a mudança da velocidade de propagação
dos raios de luz entre 2 meios. Definimos como índice de refração a razão entre estas velocidades de
propagação da luz, sendo portanto, um número adimensional.Os participantes da oficina verificaram a
refração da luz ao atravessar um recipiente com nujol (óleo laxante com n=1,477 a 20oC).
[NUSSENZVEIG, H. Moysés 1997] .
Ainda na discussão histórica sobre a natureza da luz, foi apresentado aos participantes as
descobertas do físico inglês Thomas Young (1801 - 1803) sobre a difração e interferência da luz por
fendas duplas. Estes experimentos foram cruciais para a decisão acerca da natureza da luz, além de
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ser considerado como um dos cinco mais belos experimentos de toda a história da Física.
[HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl 1992].
Para auxiliar as discussões acerca da natureza ondulatória da luz, construímos uma lanterna caseira.
Para tal, utilizamos um recipiente de detergente vazio, duas pilhas de tamanho D, um LED (light
emission diode) branco, fita crepe, papel alumínio, palha de aço, fio elétrico e um clipe. Esta
montagem proporcionou discussões de outros temas relevantes, como a associação em série das
pilhas, corrente contínua, o comportamento dos semicondutores (diodos), metais e isolantes além de
oportunizar aos participantes o manuseio do multímetro. Estas discussões e ações, promovidas pela
confecção da lanterna, foram recebidas com entusiasmo pelos participantes.
Para a montagem da lanterna cortou-se a parte superior do recipiente de detergente com 4 cm e
retirou-se o bico dosador. Esta peça foi invertida e novamente fixada no corpo do detergente (que
ficou com 16 cm). Na parte inferior do recipiente duas pilhas em séries foram acomodadas, utilizando-
se de revistas velhas para „prender‟ as pilhas cujo diâmetro é menor do que o diâmetro do recipiente
(detergente). Colocamos o pólo negativo da pilha em contato com o fio condutor localizado na parte
inferior do recipiente. Para aumentar a eficiência deste contato, uma bolinha de palha de aço foi
enrolada na extremidade desencapada do fio. Este fio foi fixado na parte externa do recipiente com
um clipe preso em sua extremidade desencapada. O clipe funcionou como o interruptor da lanterna.
Sobre o pólo positivo da pilha fixamos, com fita crepe, o positivo do LED. O pólo negativo foi
conectado com um fio de aproximadamente 4 cm, que ficava próximo ao clipe, pronto para entrar em
contato caso, desejássemos acender a lanterna. Uma fita adesiva transparente fez o papel do vidro
protetor do LED. Em resumo, nosso circuito contempla as duas pilhas em série com o LED tendo um
clipe como interruptor. O recipiente do detergente é ideal para suportar tal arranjo.
Com as lanternas em punho, os participantes a utilizaram para observar os fenômenos da difração e
refração da luz (é importante que a sala seja escurecida com cortinas ou jornais nos vidros). A
difração,foi observada através das sombras dos objetos. Neste momento discutiu-se o fenômeno
sobre a atração entre as sombras. Apesar de curioso, este fenômeno nunca recebeu atenção nos
livros didáticos. Quando duas sombras se aproximam, aquela que se encontra mais próxima do
objeto que lhe corresponde será “atraída” (deformada) pela outra sombra do objeto mais distante
[SILVEIRA, F. L. ; AXT, R 2007].
Observamos o fenômeno da interferência incidindo as luzes das lanternas numa lâmina de barbear e
fazendo-a atravessar um tecido fino, como em geral são os tecidos das cortinas. O tecido que faz o
papel de grade de difração.. Estes fenômenos foram discutidos considerando a natureza ondulatória
da luz. Também utilizamos um laser de diodo para observarmos as franjas de interferência quando a
luz incide num fio de cabelo. As distâncias entre o cabelo e o anteparo podem ser testadas e
adaptadas conforme a melhor visualização das franjas. Geralmente a distância entre o laser e o
cabelo mede aproximadamente 40 cm e entre o cabelo e o anteparo 100 cm. Aqui pudemos explorar
a relação entre a largura da fenda e a franja da difração e as distâncias entre as fendas. Onde:
asen(Ѳ ) =m (a é a abertura da fenda, Ѳ é o ângulo entre o centro do máximo central até o mínimo de
ordem „m‟ (lembre-se haverá uma franja com vários pontos de mínimo, cada um com um valor de „m‟
diferente) e é o comprimento de onda do laser). No caso do fio de cabelo determinamos sua
espessura, utilizando o mesmo procedimento utilizado para determinar a largura de uma fenda
simples. Associamos estes fenômenos com o “arco-íris”, observado nos CDs. Aliás, também
apresentamos outro modo de obter uma grade de difração eficiente – os CDs ou DVDs. O seu uso
para construção de espectroscópios didáticos de baixo custo tem sido bastante discutido e difundido.
[GARCIA, N.M.D; KALINOWSKI, H. J 2004].
A lanterna caseira também oferece uma ótima oportunidade para mostrar a reflexão interna total e
ângulo crítico, fenômenos que explicam a utilização das fibras óticas para o sistema de comunicação
atual. Como já foi mencionado, quando a luz passa de um meio mais refringente para outro menos
refringente (n1 > n2) o raio
refratado se afasta da normal. Existirá um ângulo de incidência, que quando o raio é refratado, seu
feixe emergirá paralelo à superfície, correspondendo a refração rasante. Neste caso, o ângulo de
incidência é denominado ângulo limite ou crítico (θc). Para qualquer ângulo de incidência maior que o
ângulo crítico, não haverá refração, o raio de luz incidente fica refletindo no interior do meio com o
maior índice de refração, temos então a reflexão interna total.
O efeito da reflexão interna total foi observado incidindo o feixe de luz da lanterna confeccionada no
interior de uma mangueira transparente. Para melhorar a visualização colocamos a mangueira (20 cm
de comprimento, 1 cm de diâmetro externo e 0,8cm de diâmetro interno) no interior de uma caixa de
sapato pintada de cor escura, apenas 5 cm da mangueira ficava no lado exterior da mesma.
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GARCIA, Nilson Marcos Dias, KALINOWSKI, Hypolito Jose. Cad. Cat. Ens. Fís., vol. 11, n.
2, pág. 134-140, 1994.
FEYNMAN, Richard P.; LIGHTON, Robert B.; e SANDS Matthew. The Feynman Lectures
on Physics Definitive Edition. California USA: Pearson Addison Wesley, 1997.