6-Considerações Sobre A Filo e Ciencia
6-Considerações Sobre A Filo e Ciencia
6-Considerações Sobre A Filo e Ciencia
Material Teórico
Considerações sobre a Filosofia e a Ciência
Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Considerações sobre a Filosofia e a Ciência
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Apresentar considerações sobre a relação da ciência e filosofia,
retomando o debate sobre a fragmentação do conhecimento e
apresentar elementos inicias para se pensar a complexidade.
ORIENTAÇÕES
Nesta unidade, você encontrará uma reflexão mais geral sobre a relação
filosofia/ ciência, também será introduzido(a) em alguns elementos do
pensamento complexo, como defendido por Edgar Morin.
Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais interativo
possível, na pasta de atividades, você também encontrará as atividades de
Avaliação e uma Atividade Reflexiva. Cada material disponibilizado é mais
um elemento para seu aprendizado; por favor, estude todos com atenção!
UNIDADE Considerações sobre a Filosofia e a Ciência
Contextualização
Assista ao vídeo disponível no link a seguir: é uma entrevista com o pensador
francês Edgar Morin, que fala de cultura, educação, política e complexidade.
https://youtu.be/2sYQymE46I4
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Considerações sobre a Filosofia e a Ciência
A busca por entender o mundo é parte importante do DNA do pensamento
filosófico. Essa busca pode ser localizada no distante período pré-socrático e não
abandonou o pensamento filosófico mesmo nos dias atuais. Mas houve mudanças.
Essa última evolução, mais recente, foi o que permitiu a atividade científica
deixar para trás a condição romântica, de apêndice da atividade principal do
investigador, que era “cientista nas horas vagas”, para torna-se cada vez mais
séria, complexa e rigorosa. Quanto maior o seu reconhecimento junto à sociedade,
quanto mais numerosas as oportunidades profissionais, maior se tornavam os
contingentes de pesquisadores, contando com a subvenção de instituições de
ensino e do próprio Estado.
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Um jogo lógico óbvio poderia insuflar a ideia de que ser antidogmático é aderir
a outro tipo de dogma e, portanto, seria uma contradição.
Isso nos leva a interrogar sobre o olhar da Filosofia sobre a Ciência. Uma
filosofia que reivindique uma posição antidogmática não pode fazer concessões
ao dogmatismo ou a dogmatizações. No caso, as ciências, e as condições que
mencionamos do seu desenvolvimento, seus acertos e sucessos, podem e devem
ser examinados, mas a reverência dogmatizante e acrítica não pode ser aceita.
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Os avanços das ciências foram imensos. Não apenas no campo do conhecimento,
como também a tecnologia contribuiu fortemente para mudar a nossa forma de
convívio enquanto sociedade. Contudo, houve custos. A precificação se manifestou
de deferentes formas: do impacto ambiental, passando pela construção de
devastadoras armas de guerra, atingindo inclusive a própria teoria do conhecimento
e o discurso filosófico. E é sobre o último que iremos nos debruçar nesta unidade.
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O positivismo, tido como clássico, de Auguste Comte foi um dos mais impor-
tantes percursores desse movimento no próprio terreno da filosofia. Aliás, o papel
da filosofia em relação às ciências no pensamento comteano se reduziria a uma
“coordenação metodológica”, auxiliando na demarcação das fronteiras entre as
várias ciências, delegando para as ciências naturais a responsabilidade de desbravar
os segredos do conhecimento. Mesmo com a dimensão humana da sua proposta
de “física social”, a investigação da sociedade deveria tentar ao máximo copiar os
métodos das ciências naturais.
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O Capital e o Estado, diretamente à frente ou pelo menos financiando as instituições
científicas, terminam por pautar quais investigações avançam mais. Quais
especialidades recebem maior financiamento, e isso ressoa para o mercado de
trabalho, pois o jovem aspirante a cientista, ao enxergar as possibilidades distintas
de carreira como expert, pode optar por uma especialidade mais valorizada. Essas
práticas podem perfeitamente induzir à redução do contingente de pesquisadores
de um campo e concentrá-los em outro.
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Se nas próprias ciências da natureza esse modelo pode ser limitante, o estrago
do cientificismo junto às ciências humanas é ainda maior.
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Para Morin (MORIN, 1998), os debates em filosofia da ciência, apesar de
interessantes, foram por demais capturados pelo binômio demarcatório científico/
não científico e não buscaram compreender o fenômeno da complexidade.
Talvez por isso, antes mesmo nos apresentar alguns dos aspectos de como ele
compreende a complexidade, o autor antecipa o comentário sobre mal-entendidos
a respeito do tema.
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Um exemplo bastante interessante são as pesquisas da física e da astronomia sobre a
Explor
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6ª Princípio de organização recursiva: Se o hologramático é um princípio da
complexidade, a organização recursiva é outro princípio importante. A partir
dos resultados das pesquisas de Norbert Wiener (1894-1964), que deram
origem à cibernética, temos a ideia na qual “o efeito retorna de modo causal
sobre a causa que o produz” (idem, p.182); esse fenômeno sinaliza para uma
circularidade entre causa e efeito: a informação absorvida produz um efeito
no sistema, sendo que esse efeito produz uma nova informação, que leva a
novo efeito... Essa interatividade borra as fronteiras não apenas do ponto
de vista empírico, como também no plano conceitual e lógico no momento
de fazer a definição entre produtor e produto, causa e efeito (idem, p. 183).
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Se não houvesse algum contraposto, hoje, nas ciências humanas, por exemplo,
teríamos exclusivamente uma praxeologia destinada a questões de desempenho
e de melhoria imediata da produtividade. Nada seria dito sobre questões que
envolvessem insalubridade ou qualidade de vida no trabalho. Nas ciências naturais
todos os esforços estariam voltados para a próxima tecnologia/ produto que
resultasse em maiores – e de preferência imediatos – ganhos econômicos.
Foi com abordagens cada vez mais transversais por um lado, e por outro, de se
evitar olhar para a apreensão do conhecimento como fonte instantânea de geração
de lucros, que podemos contar com pesquisas no campo da astronomia sobre o
afastamento das galáxias, outras sobre economia verde, reutilização de resíduos ou
formas de energia “limpa”. Já as “humanidades” podem contar ainda tanto com
pesquisas filosóficas, na área da literatura e das artes e pesquisas arqueológicas,
como com análises sobre condições de vida das populações (níveis de riqueza,
acesso à saúde básica, taxas de natalidade, etc.), que servem de norte para a
aplicação – quando não para a reivindicação – de políticas públicas.
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Afinal, não vemos como seja possível pensar com honestidade uma filosofia
política feita apenas com Hobbes, ou com Rousseau, ou ainda apenas com Karl
Marx. O mesmo vale para outras áreas das ciências humanas; a psicanálise,
por exemplo, apesar de dever sua fundação e uma importantíssima elaboração
teórica e clínica a Sigmund Freud, não pode ser reduzida somente às obras do
mestre vienense.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Filosofia da Ciência: Introdução ao Jogo e a Suas Regras
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e a suas regras. São Paulo: Edições
Loyola, 2000.
A Filosofia no Século XX
LACOSTE, Jean. A Filosofia no século XX. Tradução de Marina Appenzeller; revisão técnica
de Constança Marcondes Cesar. Campinas: Papirus, 1992.
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Referências
ARAÚJO, Inês Lacerda. Curso de teoria do conhecimento e epistemologia.
Barueri: Minha Editora, 2012.
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