Visão Geral e Comentaros Segundo Sao Tomas Sobre o Livro de Josue

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Visão Geral do Livro de Josué

O Livro de Josué (em hebraico: ‫עשוהי רפס‬, Sefer Yahushua) é o sexto livro da Bíblia
hebraica (e do Antigo Testamento cristão).

Começaremos esta visão geral com um revisão dos últimos fatos:

Deus escolheu Abraão e sua família para que se tornasse o povo de Israel, mas por fim
foram escravizados no Egito, então, através de Moisés, Deus resgatou Israel do Egito,
fez uma aliança com eles no Monte Sinai e os guiou pelo deserto.

Israel acampou fora da Terra Prometida, e Moisés os convocou a obedecer os


mandamentos de Deus
para que eles pudessem mostrar a todas as outras nações como Deus era.

O livro de Josué começa logo após a morte de Moisés, e Israel está pronta para entrar na
Terra Prometida. A história de Josué é montada a partir de 4 movimentos principais.

Josué primeiramente lidera o povo para a Terra Prometida e uma vez na Terra
Prometida, eles enfrentam toda a hostilidade dos canaanitas e entram em batalha.
Depois das vitórias, Josué divide a Terra Prometida, como herança para as 12 tribos e o
livro é concluído com os pronunciamentos finais de Josué ao povo.

Vejamos cada um dos 4 movimentos principais da história:

Primeira Parte do Livro de Josué: Capítulos 1-5

A primeira seção começa com a morte de Moisés, e Josué é designado como o novo
líder de Israel. O autor intencionalmente apresenta Josué como "um novo Moisés".
Assim como Moisés, Josué convoca o povo para obedecer a Torah, ou seja, os
mandamentos da aliança que eles receberam no Monte Sinai.

Josué envia espiões para a Terra Prometida assim como Moisés fez, em Números
capítulos 13 e 14, porém, foi muito melhor dessa vez, inclusive, alguns canaanitas
começaram a seguir o Deus de Israel. Josué então lidera o povo de Israel, cruzando o
Rio Jordão em direção a Terra Prometida. Da mesma maneira que o mar se abriu com
Moisés no êxodo, o Rio Jordão se abre aos sacerdotes que carregam a Arca da Aliança.

No capítulo 5, a história apresenta uma transição. O povo se lembra das suas raízes
como povo da Aliança, a nova geração é circuncidada e eles celebram a primeira páscoa
na Terra Prometida.

Nesse momento o livro apresenta Josué e em um estranho encontro com um guerreiro


misterioso que é um comandante angelical do exército de Deus. Josué pergunta: "você é
por nós ou por nossos inimigos?" e o guerreiro responde: "Não! Mas sou chefe do
exercito de Iahweh e acabo de chegar". O que mostra que, a verdadeira questão aqui é
se Josué está do lado de Deus e fica claro que toda essa história não é sobre Israel
contra os Canaanitas. Essa batalha é de Deus, e Israel irá ter o papel de espectador, ou
em certos momentos, apoiadores no plano de Deus.

O que nos leva à próxima seção:

Segunda Parte do Livro de Josué: Capítulos de 6-12

Nessa seção nós encontramos histórias sobre os conflitos que Israel teve com diferentes
grupos canaanitas. A primeira parte reconta detalhadamente a história de duas batalhas e
isso é seguido por uma série de histórias curtas que condensam anos de batalhas em
curtos sumários.

As primeiras duas batalhas são contra Jericó e Ai. Elas oferecem um contraste entre a
fidelidade de Deus versus a falha de Israel.

Em Jericó, Israel deveria tomar uma abordagem completamente passiva. Eles deixaram
a presença de Deus na arca liderá-los ao redor da cidade através da música por 6 dias e
assim como Raabe se converteu ao Deus de Israel, talvez o povo de Jericó fizesse o
mesmo, mas eles não se convertem. Então, no sétimo dia, os sacerdotes tocam suas
trombetas e as muralhas caem, Israel é liderado por Deus para a vitória.

O ponto da história é que Deus é aquele que irá conduzir Seu povo, Israel precisa
simplesmente confiar e esperar.

A próxima história, sobre a batalha de Ai, mostra um ponto diferente. Havia um israelita
chamado Acã
e ele rouba de Jericó alguns desses bens que deveriam pertencer somente a Deus, e
mente sobre isso,
é uma ação bem tola, depois de tudo que Deus havia feito por Israel.

Quando Israel vai batalhar contra a cidade de Ai é completamente derrotada e é somente


após humilde arrependimento e um tratamento severo com o pecado de Acã que Israel
consegue a vitória.

Essas duas histórias são colocadas lado a lado para nos mostrar um ponto importante: se
Israel irá herdar a Terra Prometida, eles precisam ser obedientes e confiar nos
mandamentos de Deus. Eles não recebem nenhum tratamento especial quando
desobedecem.

Agora, a segunda parte da seção começa com os gabaonitas, um grupo de canaanitas.


Eles fazem a mesma coisa que Raabe fez: passam a seguir o Deus de Israel e fazem um
tratado de paz com Israel. Isso em contraste com todos os outros reis canaanitas, que
começam a formar alianças e coalizões, pois querem destruir Israel.

Israel batalha contra eles, e vencem todas as batalhas. Essa seção é concluída com uma
lista contendo todas essas vitórias ganhas por Moisés e Josué.
Nesse momento você pode estar incomodado com as histórias de guerra e violência. Já
que no Novo Testamento Deus é apresentado como Amor e aqui Ele mesmo declara
guerra e manda fazer guerra.

As principais razões das ações do Senhor são dadas anteriormente na história bíblica:

1- A cultura e a moral dos canaanitas havia se tornado extremamente


corrupta especialmente quando se trata de sexo (dê uma olhada em Levíticos capítulo
18)

2- eles também praticavam sacrifício infantil (dê uma olhada em Deuteronômio capítulo
12)

Deus não queria que essas práticas influenciassem Israel, e os canaanitas precisavam ir
embora. O que nos leva ao terceiro ponto: "Deus realmente mandou destruir todos os
canaanitas, como um genocídio?". Olhando para as frases: "Eles foram completamente
destruídos", "Não deixaram sobreviventes nem nada que respirasse" e acompanhando a
história, podemos notar que são claramente hipérboles e não literais. Por exemplo
em Deuteronômio capítulo 7:

Primeiramente é dito a Israel para expulsar os canaanitas, e depois para destruí-los


totalmente e isso é seguido por mandamentos para não se casarem com eles, ou fazer
negociações com eles. Você não pode casar com quem você destruiu... acho que vocês
entenderam o ponto. A mesma idéia é aplicada nas histórias no livro de Josué, olhe
atentamente, por exemplo, em Josué capítulo 10 que Israel não deixou
sobreviventes nas cidades de Hebrom ou Debir. Porém mais tarde, no capítulo 15, nós
vemos que essas cidades, continuam populadas por canaanitas.

Josué se encaixa em outros antigos relatos de batalhas ao usar uma linguagem


hiperbólica não-literal como parte do estilo narrativo, então, a palavra "genocídio" não
se aplica ao que vemos aqui, especialmente vendo as histórias sobre os canaanitas que
se converteram ao Deus de Israel como Raabe ou os gabaonitas (por enganação, veja
bem, e mesmo assim não foram mortos). Deus estava disponível para aqueles que se
voltassem para Ele

A última coisa para se pensar é que essas histórias marcam um momento na história de
Israel essas batalhas eram limitadas ao pequeno grupo de pessoas que viviam nas terras
de Canaã; com todas as outras nações, Israel havia sido comandada por Deus para
buscar a paz leia Deuteronômio capítulo 20 então, o propósito dessas histórias de
batalhas nunca foi dizer para você, leitor, para cometer violência em nome de Deus ao
invés disso, elas nos mostram Deus trazendo Sua justiça contra a maldade
humana e como Ele salva Israel de ser aniquilada pelos canaanitas fisicamente,
moralmente e espiritualmente.

Terceira Parte do Livro de Josué: Capítulo 13-22

Após anos de batalhas, nós vemos um Josué já idoso, e ele começa a dividir a terra para
as 12 tribos de Israel e a maior parte dessa seção é uma lista de fronteiras. Para os
Israelitas, as listas eram super importantes. Esse era o cumprimento da promessa de
Deus para Abraão de que seus descendentes herdariam a Terra Prometida. Tudo tinha se
cumprido, finalmente.

Josué faz 2 discursos para o povo que são bem similares aos discursos finais de Moisés
em Deuteronômio. Josué os lembra da generosidade de Deus, como Ele os trouxe até a
terra prometida e os resgatou dos canaanitas . Ele os convoca a não adorar os deuses dos
canaanitas e serem fiéis à aliança que eles fizeram, pois, se eles fizerem isso, terão uma
vida de bênçãos na Terra Prometida mas se forem infiéis, Israel irá trazer sobre si a
mesma a justiça divina que os canaanitas tiveram: eles serão expulsos da terra e
exilados.

Josué deixa Israel com uma escolha: o que Israel irá fazer?

Comentário ao Livro de Josué


Introdução ao Cristianismo segundo a Obra de São
Tomás
Produzido pela Sociedade para o Ensino do Cristianismo

Um exame superficial diria que o livro de Josué é essencialmente uma narrativa de uma
série de batalhas empreendidas pela conquista da Palestina. De fato, o enredo histórico
deste livro é este, mas ele é apenas a superfície da obra. Tal como o livro de Josué, a
vida de todo homem sobre a terra também é uma série de batalhas empreendidas por
alguma finalidade, mas em muitas destas vidas há uma essência que está muito além da
narrativa histórica destas lutas. Sem dúvida alguma, Josué foi uma destas vidas.

Principal personagem do livro que leva o seu nome, Josué foi o sucessor de Moisés no
comando do povo judeu. Seu livro narra como o povo escolhido, após 40 anos de
estadia no deserto, atravessou o rio Jordão e, em uma série de campanhas militares, nas
quais frequentemente entravam em condições de inferioridade, venceram e dominaram
os povos que habitavam a terra prometida.

A morte do valoroso comandante deixava para os que ficavam muitos problemas


pendentes; além das conquistas a fazer, as terras já conquistadas teriam que ser
defendidas contra os inimigos e seria de se esperar que Josué, antes de morrer, deixasse
orientações precisas sobre a necessidade de se formar um exército regular, como mantê-
lo bem treinado, fortemente armado e ocupando todas as posições estratégicas. Josué,
porém, não fez nada disso; o grande estrategista, vencedor de inúmeras batalhas
impossíveis, em suas últimas palavras mostrou pouca ou mesmo nenhuma preocupação
a respeito de questões militares. Em vez disso, deixou aos israelitas conselhos bastante
diversos como sendo o seu testamento: "Eu estou velho", disse Josué em seu leito de
morte, "de idade muito avançada, e hoje entro no caminho de toda a terra. Vós
vedes o que o Senhor vosso Deus fez a todas as nações circunvizinhas, e como Ele
mesmo combateu por vós. Posto que restam ainda muitas nações a vencer, o
Senhor vosso Deus as exterminará e as retirará de vossa vista, e vós possuireis este
país, como Ele vos prometeu. Somente será preciso que sejais fortes e solícitos em
observar todas as coisas que estão escritas no livro da Lei de Moisés, e que
permaneçais unidos ao Senhor vosso Deus, como tendes feito até este dia. Então o
Senhor vosso Deus exterminará à vossa vista nações grandes e fortíssimas, e
ninguém vos poderá resistir. Um só de vós porá em fuga mil homens dos inimigos,
porque o Senhor vosso Deus combaterá por vós, como prometeu. Somente tende
grandíssimo cuidado em amar o Senhor vosso Deus, em cumprir o mandamento e
a Lei que Moisés, servo do Senhor, vos prescreveu, isto é, que ameis o Senhor vosso
Deus, que andeis em todos os seus caminhos, observeis os seus mandamentos,
estejais unidos a Ele e o sirvais de todo o vosso coração e toda a vossa alma" (Josué
23, 3- 14; 22, 5).

Eis a alma de Josué, um exemplo de fé, através do qual as Escrituras nos querem ensinar
a nós, homens de hoje. Em suas últimas palavras, depois de nos ter ensinado pelo
testemunho de sua vida, Josué nos propõe o mesmo ensinamento que Jesus nos deu no
Sermão da Montanha: "Olhai as aves do Céu", diz Jesus, "que não semeiam nem
ceifam, nem fazem provisões nos celeiros, e contudo vosso pai celeste as sustenta.
Porventura não valeis vós muito mais do que elas? Considerai como crescem os
lírios do campo; não trabalham nem fiam, e no entanto nem Salomão, em toda a
sua glória, se vestiu como um deles. Se, pois, Deus veste assim uma erva do campo,
que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca
fé! Buscai, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas as
demais coisas vos serão acrescentadas" (Mt. 6, 26- 33).

Vemos, pois, que a mensagem do livro de Josué é a mesma que a do Sermão da


Montanha, e que estão muito longe da verdade aqueles que imaginam que, enquanto o
Antigo Testamento nos fala de guerras, o Novo nos fala da vida do espírito. É o mesmo
Deus que fala e mostra a mesmo ensinamento.

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