Analise de Desempenho Da Modulacao GFDM em Sistemas Mimo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE TELEINFORMÁTICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE TELEINFORMÁTICA
MESTRADO ACADÊMICO EM ENGENHARIA DE TELEINFORMÁTICA

EDSON BEZERRA DA SILVA

ANÁLISE DE DESEMPENHO DA MODULAÇÃO GFDM EM SISTEMAS MIMO


COM TRANSCEPTORES HÍBRIDOS

FORTALEZA
2018
EDSON BEZERRA DA SILVA

ANÁLISE DE DESEMPENHO DA MODULAÇÃO GFDM EM SISTEMAS MIMO COM


TRANSCEPTORES HÍBRIDOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia de Teleinformática
da Universidade Federal do Ceará, como
requisito parcial à obtenção do título de mestre
em Engenharia de Teleinformática. Área de
Concentração: Sinais e Sistemas

Orientador: Prof. Dr. Yuri Carvalho Bar-


bosa Silva

FORTALEZA
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

S579a Silva, Edson Bezerra da.


Análise de desempenho da modulação GFDM em sistemas MIMO com transceptores híbridos / Edson
Bezerra da Silva. – 2018.
50 f. : il. color.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-


Graduação em Engenharia de Teleinformática, Fortaleza, 2018.
Orientação: Prof. Dr. Yuri Carvalho Barbosa Silva.

1. Diversidade. 2. Multiplexação espacial. 3. Sistemas híbridos. 4. MIMO. 5. GFDM. I. Título.


CDD 621.38
EDSON BEZERRA DA SILVA

ANÁLISE DE DESEMPENHO DA MODULAÇÃO GFDM EM SISTEMAS MIMO COM


TRANSCEPTORES HÍBRIDOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia de Teleinformática
da Universidade Federal do Ceará, como
requisito parcial à obtenção do título de mestre
em Engenharia de Teleinformática. Área de
Concentração: Sinais e Sistemas

Aprovada em: 27 de Julho de 2018.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Yuri Carvalho Barbosa Silva (Orientador)


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Prof. Dr. Walter da Cruz Freitas Jr.


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Prof. Dr. Francisco Rafael Marques Lima


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Prof. Dr. Vicente Angelo de Sousa Jr.


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
À minha família, por sua capacidade de acreditar
em mim, por sempre investir em meus sonhos,
por sempre encontrar palavras de motivação para
que eu siga em frente. Mãe, seu cuidado e de-
dicação foi que deram, em alguns momentos, a
esperança para seguir. Pai, sua presença signifi-
cou segurança e certeza de que não estou sozinho
nessa caminhada.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por me fazer acreditar e me tornar mais perseverante.


Por colocar pessoas generosas na minha vida e que estão sempre dispostas a ajudar.
Agradeço imensamente ao Prof. Dr. Yuri Carvalho Barbosa Silva por sempre
compartilhar seu conhecimento quando precisei, por toda a paciência e dedicação de seu tempo
para tornar possível o desenvolvimento deste trabalho.
À minha esposa e filha por acreditarem mais em mim do que eu mesmo, por me
darem amor, força, apoio e compreenderem que os meus momentos ausência foram para um bem
maior.
Aos meus amigos do DETI: Davyd, Renato, Cleiton, Cindy, Jonathan, Tarcísio
Bruno, Glauder e Anagildo por me incentivaram nos momentos de desânimo e por se importarem
com meu sucesso. Dentre eles, em especial, agradeço ao meu amigo Davyd que por meio de
seus conselhos demonstrava à sua maneira preocupação com meus prazos e por muitas vezes
compartilhar seus conhecimentos em LaTeX e programação.
Aos bibliotecários da Universidade Federal do Ceará: pela revisão e discussão da
formatação utilizada neste template.
Agradeço a todos os professores por me proporcionarem o conhecimento e que
sempre fizeram parte desta caminhada.
Por fim, agradeço a todas as pessoas que fazem parte da minha vida: meus pais,
irmãos, família e amigos, próximos ou não, porque essas pessoas são o combustível da nossa
felicidade.
“O sonho é que leva a gente para frente. Se a
gente for seguir a razão, fica aquietado, acomo-
dado.”
(Ariano Suassuna)
RESUMO

Os sistemas de comunicação sem fio das futuras gerações necessitam de altas taxas de dados
para atender à demanda crescente dos usuários. Nesse contexto, novas tecnologias surgem para
garantir a qualidade dos serviços e tentar atender às exigências do mercado de telefonia móvel e
redes de banda larga, como por exemplo, o desenvolvimento de novas formas de onda e o avanço
das técnicas baseadas em comunicações com Múltiplas-Entradas Múltiplas-Saídas / Multiple-
Input Multiple-Output (MIMO). Neste trabalho consideramos o uso da Multiplexação por Divisão
na Frequência Generalizada / Generalized Frequency Division Multiplexing (GFDM), a qual
possui vantagens em relação à Multiplexação por Divisão na Frequência Ortogonal / Orthogonal
Frequency Division Multiplexing (OFDM) convencional, como por exemplo a redução das
emissões fora de banda de interesse. Além disso, apresentamos uma análise do seu desempenho
em Sistemas MIMO com Transceptores Híbridos / Hybrid MIMO Transceiver Systems (HMTS),
os quais combinam diversidade e multiplexação espacial. Tendo em vista que estudos anteriores
não consideraram o uso da modulação GFDM em cenários híbridos, são apresentados neste
trabalho resultados em termos de taxa de erro de bit comparando diferentes esquemas híbridos
e de diversidade. Com base nos resultados obtidos, o trabalho sugere algumas melhorias para
serem aplicadas em trabalhos futuros a fim de sanar alguns dos problemas detectados neste
estudo, tais como altas taxas de erro de bit.

Palavras-chave: Diversidade. Multiplexação espacial. Sistemas Híbridos. MIMO. GFDM.


ABSTRACT

The next generation wireless communication systems require high data rates in order to satisfy the
growing demands of the users. In this context, new technologies have been developed in order to
comply with the requirements of mobile telephony and broadband networks, such as the proposal
of new waveforms and the advancement of Multiple Input Multiple Output (MIMO) techniques.
In this work we consider the Generalized Frequency Division Multiplexing (GFDM) modulation
scheme, which presents advantages with regard to conventional Orthogonal Frequency Division
Multiplexing (OFDM), such as the reduction of out-of-band emissions. Furthermore, we present
an analysis of its performance in Hybrid MIMO Transceiver Systems (HMTS), which combine
diversity and spatial multiplexing. Since previous studies have not considered the use of GFDM
in hybrid scenarios, this work presents bit error rate results comparing different hybrid and
diversity schemes. Based on the obtained results, this work proposes some improvements to be
applied in future works, with the purpose of overcoming some of the problems detected in this
study, such as high bit error rates.

Keywords: Diversity. Spatial multiplexing. Hybrid systems. MIMO. GFDM.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Cenários 5G diversificados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16


Figura 2 – Ambiente altamente dispersivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Figura 3 – Transceptores MIMO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Figura 4 – Esquema de transmissão Alamouti para codificação G2. . . . . . . . . . . . 24
Figura 5 – Estruturas de Transmissão HMTS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 6 – Estrutura de transmissão V-BLAST. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 7 – Estrutura do Bloco GFDM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Figura 8 – Diagrama em Blocos do Transmissor GFDM. . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 9 – Diagrama em Blocos do time-shift ou frequency-shift OQAM-GFDM. . . . 37
Figura 10 – Diagrama em Blocos do canal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 11 – Desempenho dos esquemas GFDM-G2+1 e OFDM-G2+1 considerando 16-
QAM, 3 antenas de transmissão e 3 na recepção. . . . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 12 – Impacto do esquema de diversidade sobre o FS-OQAM-GFDM (16-QAM). 42
Figura 13 – Desempenho do GFDM com esquema híbrido G2+1 (16-QAM). . . . . . . 44
Figura 14 – Comparação do GFDM empregando esquemas híbridos de mesma taxa: G2+1
(BPSK) e G3 (16-QAM). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Figura 15 – Comparação do GFDM empregando esquemas STBC/híbridos com taxa de 4
bits por uso do canal: G2+1 (QPSK), G3 (256-QAM) e MIMO 4x4 (BPSK)
usando ZF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Parâmetros de simulação do GFDM e OFDM. . . . . . . . . . . . . . . . . 40


Tabela 2 – Parâmetros de simulação do FS-OQAM-GFDM. . . . . . . . . . . . . . . . 40
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

4G Quarta Geração
5G Quinta Geração
AWGN Ruído Aditivo Gaussiano Branco / Additive White Gaussian Noise
BD Diagonalização em Blocos / Block Diagonalization
BER Taxa de Erro de Bit / Bit Error Rate
BLAST Bell Laboratories Layered Space-Time
BPSK PSK Binário / Binary PSK
BS Estação Rádio Base / Base Station
CP Prefixo Cíclico / Cyclic Prefix
DFT Transformada Discreta de Fourier / Discrete Fourier Transform
FBMC Banco de Filtros Multiportadora / Filter Bank Multicarrier
FS-OQAM-GFDM Frequecy-Shift OQAM-GFDM
GFDM Multiplexação por Divisão na Frequência Generalizada / Generalized
Frequency Division Multiplexing
HMTS Sistemas MIMO com Transceptores Híbridos / Hybrid MIMO Transceiver
Systems
ICI Interferência Interportadora / Inter Carrier Interference
IoT Internet das Coisas / Internet of Things
ISI Interferência Intersimbólica / Inter Symbol Interference
M2M Máquina-a-Máquina / Machine-to-Machine
MIMO Múltiplas-Entradas Múltiplas-Saídas / Multiple-Input Multiple-Output
MISO Múltiplas-Entradas Única-Saída / Multiple Input Single Output
MLE Estimação de Máxima Verossimilhança / Maximum Likelihood Estimation
MMSE Mínimo Erro Quadrático Médio / Minimum Mean Square Error
MS Estação Móvel / Mobile Station
MTC Comunicação Tipo Máquina / Machine Type Communication
MU-MIMO Multi-Usuário Múltiplas-Entradas Múltiplas-Saídas / Multi-User
Multiple-Input Multiple-Output
OFDM Multiplexação por Divisão na Frequência Ortogonal / Orthogonal Fre-
quency Division Multiplexing
OOB Fora de Banda / Out-of-Band
OQAM QAM com Desvio / Offset QAM
PAPR Razão entre Potência de Pico e Média / Peak to Average Power Ratio
PSK Chaveamento por Deslocamento de Fase / Phase Shift Keying
QAM Modulação de Amplitude em Quadratura / Quadrature Amplitude Modu-
lation
QPSK PSK Quaternário / Quaternary PSK
SIC Cancelamento Sucessivo de Interferência / Successive Interference Can-
celation
SIMO Única-Entrada Múltiplas-Saídas / Single Input Multiple Output
SISO Única-Entrada Única-Saída / Single Input Single Output
SNR Relação Sinal-Ruído / Signal-to-Noise Ratio
STBC Códigos de Bloco Espaço-Tempo / Space Time Block Codes
SU-MIMO Único Usuário Múltiplas-Entradas Múltiplas-Saídas / Single User
Multiple-Input Multiple-Output
SVD Decomposição em Valores Singulares / Singular Value Decomposition
TS-OQAM-GFDM Time-Shift OQAM-GFDM
UFMC Filtro Universal Multiportadora / Universal Filter Multicarrier
V-BLAST Vertical Bell Laboratories Layered Space-Time
WLAN Rede Local Sem Fios/ Wireless Local Area Network
WRAN Rede de Área Regional sem Fio / Wireless Regional Area Network
ZF Forçagem a Zero / Zero Forcing
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.3 Metodologia e Contribuições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.4 Organização da Dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2 DIVERSIDADE E MULTIPLEXAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.1 Seleção de Antenas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2 Estruturas de Transmissão MIMO Convencionais . . . . . . . . . . . . . 21
2.2.1 Código Alamouti G2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2.2 Esquema STBC G3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.2.3 Esquema STBC G4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3 Sistemas de Transmissão MIMO Híbridos . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3.1 Esquemas Híbridos G2+1 com 3 Antenas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.3.2 Arquitetura HMTS para 4 Antenas de Transmissão . . . . . . . . . . . . . 27
2.4 Técnicas de Cancelamento de Interferência . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.4.1 Arquiteturas BLAST . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.4.2 Diagonalização em Blocos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.5 Comentários Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3 PRINCÍPIO DO GFDM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.1 Geração do Sinal GFDM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.1.1 Time-Shift OQAM para GFDM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.1.2 Frequency-Shift OQAM para GFDM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4 RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.1 Cenários Considerados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.1.1 Simulador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.1.2 Análise dos Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS . . . . . . . . . . . . . . . 46
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
14

1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo apresenta-se as principais características dos sistemas de comuni-


cações sem fio modernos. São discutidas as suas vantagens e sua importância com relação
aos padrões de redes sem fio atuais. Além disso, listamos também as limitações da tecnologia
que levam ao estudo de novos padrões. Para evidenciar um dos temas importantes deste tra-
balho definimos duas técnicas de modulação multiportadora, conhecidas como Multiplexação
por Divisão na Frequência Ortogonal / Orthogonal Frequency Division Multiplexing (OFDM)
e Multiplexação por Divisão na Frequência Generalizada / Generalized Frequency Division
Multiplexing (GFDM).
As motivações para desenvolver o padrão de rede de Quinta Geração (5G) e os
meios para superar os principais problemas inerentes da tecnologia de Quarta Geração (4G) são
apresentados, assim como os objetivos deste trabalho.

1.1 Motivação

Nos últimos anos, com a expansão e popularização dos mercados de telefonia móvel
e das redes de banda larga, a demanda de tráfego de voz e dados oferecida aos usuários tem
crescido significativamente, o que afeta diretamente a qualidade dos serviços disponíveis [CISCO,
2017].
Esse aumento exponencial nas taxas de transmissão de dados da rede é proporcionado
pelo uso crescente e inevitável de dispositivos móveis, que é motivado pela utilização intensa de
redes sociais e dos recursos multimídia. Podem ser citados como exemplos os serviços de vídeo
de alta definição disponibilizados para entretenimento dos usuários [ZARRINKOUB, 2014] e a
adição cada vez maior de aparelhos eletrônicos com suporte a Internet das Coisas / Internet of
Things (IoT) [ASHTON, 2009]. Dentre os dispositivos IoT pode-se incluir eletrodomésticos,
tablets, smart TVs, redes de sensores e captação de dados para monitoramento das condições cli-
máticas, tanto para previsão de desastres ambientais quanto para desenvolvimento da agricultura.
Pode-se também mencionar a conexão de sistemas de transporte público para compartilhar dados
e melhorar a mobilidade urbana. Tais serviços e aplicações vão gerar um tráfego de dados que,
num futuro próximo, não será suportado pelos padrões atuais de redes de comunicações móveis
[MITRA; AGRAWAL, 2015], conhecidos hoje como 4G [SESIA et al., 2011]. Com a inclusão
desses aparelhos na rede, a expectativa é que bilhões de novos dispositivos móveis com padrões
15

de tráfego diferentes passem a fazer parte da nova geração de redes móveis (5G) [XIANG et al.,
2016; FA-LONG; ZHANG, 2016].
Dessa forma, para atender às exigências do mercado de telefonia móvel, suportar a
popularização da internet e preencher os requisitos técnicos que garantam o bom funcionamento
da rede de banda larga em ambientes críticos, os novos sistemas de comunicação 5G vêm
sendo desenvolvidos. Como exemplo de ambientes críticos pode-se mencionar regiões que
eventualmente recebem eventos com alta densidade demográfica, como shows artísticos ou
competições esportivas. Os sistemas 5G explorarão inúmeras técnicas de diversidade e as
combinarão com a codificação espaço-temporal, e técnicas de modulação mais robustas, para
conseguir combater os efeitos degradantes do canal, as diversas modalidades de interferência,
aumentar a capacidade do sistema, aumentar a cobertura da rede, oferecer largura de banda
flexível, melhorar o suporte à mobilidade, diminuir a latência da rede e aumentar a velocidade de
transferência dos dados do sistema [SHAFI et al., 2017; HAYKIN; MOHER, 2009].
Na Figura 1 podem ser vistos alguns dos principais cenários que poderão ser ex-
plorados com maior eficiência pelas redes 5G, tais como: Comunicação Bitpipe, internet táctil
(do inglês, tactile internet), IoT, Comunicação Tipo Máquina / Machine Type Communication
(MTC) e Rede de Área Regional sem Fio / Wireless Regional Area Network (WRAN).
O cenário IoT/MTC é uma categoria das redes 5G amplamente difundida por envolver
uma grande quantidade de dispositivos conectados à rede. Algumas de suas aplicações encontram-
se no campo da telemedicina, comunicação Máquina-a-Máquina / Machine-to-Machine (M2M),
sensores, troca de dados entre veículos, conectividade de redes sem fio em processos industriais,
dentre outros [MAVROMOUSTAKIS et al., 2016].
Na Figura 1 o cenário denotado por Tactile Internet é uma rede caracterizada pela
confiabilidade e segurança que associa baixa latência com disponibilidade. Esta tecnologia
promete um vasto campo de aplicação na área de serviços à sociedade, tais como: educação,
saúde, entretenimento, jogos e automação industrial [FETTWEIS et al., 2014].
A rede Bitpipe communication vista na Figura 1 caracteriza os cenários de alta vazão
de dados produzidos por grandes eventos esportivos ou artísticos, em que o compartilhamento
rápido de vários tipos de mídia, como fotos e vídeos de alta definição, é bastante frequente.
O cenário WRAN configura uma tecnologia de rede 5G desenvolvida para atender
regiões remotas, mais especificamente a zona rural. A tecnologia se caracteriza por utilizar
as faixas de frequências antes reservadas para TV analógica e disponibilizar recursos de rádio
16

Figura 1 – Cenários 5G diversificados.

Fonte: Gaspar et al. [2015b].

cognitivo [JAIN; KOSHTI, 2013].


Na perspectiva atual de evolução dos sistemas de comunicação sem fio, são necessá-
rias tecnologias de transmissão que suportem altos fluxos de dados, baixa latência, confiabilidade,
flexibilidade, dentre outros [GASPAR et al., 2015b; MATTHÉ et al., 2014b; ALVES et al., 2013].
Neste contexto, podem ser mencionados os sistemas de transmissão multiportadora baseados em
OFDM e GFDM.
O OFDM é uma técnica de modulação multiportadora caracterizada pela ortogonali-
dade entre todas as suas subportadoras [MARCHETTI et al., 2009]. Esta técnica é muito utilizada
por grande parte dos padrões de comunicação modernos, devido à sua enorme flexibilidade e
eficiência sobre canais seletivos em frequência [PRASAD, 2004]. O problema da Interferência
Intersimbólica / Inter Symbol Interference (ISI) é reduzido, pois o uso de um número grande
de subportadoras com pequena largura de banda resulta em canais de desvanecimento aproxi-
madamente plano. Além disso, a integração das estruturas multi-antenas Múltiplas-Entradas
Múltiplas-Saídas / Multiple-Input Multiple-Output (MIMO) com a técnica de modulação OFDM,
denominada MIMO-OFDM, dotou o sistema com altas taxas de dados [HASSAN, 2016; CHO
et al., 2010; FREITAS JR et al., 2005].
As características de desempenho da modulação OFDM permitiram que o sistema
fosse utilizado com êxito em padrões de comunicações, tais como as redes 4G e as redes IEEE
17

802.11, conhecidas como Rede Local Sem Fios/ Wireless Local Area Network (WLAN) ou
simplesmente WiFi [BELLALTA et al., 2016]. Contudo, a técnica OFDM inclui limitações,
dentre as quais, principalmente, alta Razão entre Potência de Pico e Média / Peak to Average
Power Ratio (PAPR) e elevada emissão fora da banda de frequência de interesse, que podem
comprometer sua aplicação nos padrões de comunicação sem fio de próxima geração (5G)
[HASSAN, 2016; FARHANG-BOROUJENY; MORADI, 2015; HAMITI; SALLAHU, 2015].
A fim de superar os problemas supracitados, estudos recentes têm apresentado
diversos candidatos potenciais [FARHANG-BOROUJENY; MORADI, 2016]. Dentre eles pode-
se citar as técnicas: Filtro Universal Multiportadora / Universal Filter Multicarrier (UFMC),
Banco de Filtros Multiportadora / Filter Bank Multicarrier (FBMC) e Multiplexação por Divisão
na Frequência Generalizada / Generalized Frequency Division Multiplexing (GFDM). Em
particular, pode-se ressaltar o esquema de modulação GFDM [ALVES et al., 2013; FETTWEIS
et al., 2009], por sua capacidade de reduzir a emissão Fora de Banda / Out-of-Band (OOB) e
controlar a PAPR [HAMITI; SALLAHU, 2015; FARHANG-BOROUJENY; MORADI, 2015],
superando os principais problemas inerentes ao OFDM e atendendo aos requisitos necessários à
implementação dos sistemas 5G.
Na técnica de modulação GFDM convencional [FETTWEIS et al., 2009], baseada
em Modulação de Amplitude em Quadratura / Quadrature Amplitude Modulation (QAM) e
denominada QAM-GFDM, cada símbolo complexo modula uma dada subportadora de um
dado subsímbolo GFDM. Ela sofreu adaptações a fim de melhorar seu desempenho e superar
algumas limitações, pois neste sistema a interferência intersimbólica (ISI) e a interferência
interportadora (ICI) estão presentes de forma mais intensa. Isto é resultado da característica
não-ortogonal deste processo de modulação [BANDARI et al., 2016]. Por estes motivos, foi
proposta uma versão modificada e melhorada da técnica anterior, baseada em QAM com Desvio
/ Offset QAM (OQAM) e denominada OQAM-GFDM [GASPAR et al., 2015a]. Ao invés de
símbolos complexos, o OQAM-GFDM modula portadoras com um símbolo real em cada bloco
de subportadora, sem prejudicar a forma do pulso não-retangular do GFDM [BANDARI et al.,
2016; GASPAR et al., 2015a].
Para acompanhar a modernização das redes sem fio, atender ao crescimento da
demanda de dados, proporcionar melhor eficiência espectral e consequentemente proporcionar
economia de energia aos sistemas 5G, torna-se crucial o uso de múltiplas antenas.
A tecnologia MIMO pode oferecer ao sistema ganho de diversidade, por meio da
18

utilização de Códigos de Bloco Espaço-Tempo / Space Time Block Codes (STBC), ou ganho
de multiplexação espacial, por meio de esquemas como o Vertical Bell Laboratories Layered
Space-Time (V-BLAST). Além disso, também é possível a combinação de outras técnicas, como
o VBLAST com esquemas de diversidade que utilizam STBC, denominadas Sistemas MIMO
com Transceptores Híbridos / Hybrid MIMO Transceiver Systems (HMTS) [FREITAS JR et al.,
2005; CALDAS et al., 2017].
Os esquemas de transmissão híbridos asseguram, simultaneamente, o ganho de
multiplexação e o ganho de diversidade, ao contrário do MIMO clássico, que não suporta os dois
ganhos ao mesmo tempo [FREITAS JR et al., 2005]. Como esta técnica é baseada no conceito
de camadas, uma codificada e a outra multiplexada, transmitindo dados de forma simultânea,
ambas interferem mutuamente, sendo necessária a aplicação de técnicas de cancelamento de
interferência para propiciar a correta detecção dos símbolos recebidos, como a diagonalização
em blocos [SPENCER et al., 2004; CHO et al., 2010], que será aplicada neste trabalho.

1.2 Objetivos

Diante de tantas características favoráveis ao avanço das tecnologias de rede sem fio
e de suas necessidades de aprimoramento para manutenção da qualidade do sinal, apresentadas
na seção 1.1, o estudo de técnicas MIMO e o projeto de novas formas de onda, como a técnica
de modulação GFDM, possuem, portanto, alta relevância para os sistemas 5G. Dentre os estudos
recentes que combinam múltiplas antenas e GFDM pode-se citar [ZHONG et al., 2018; AL-
JUBOORI et al., 2017; ÖZTÜRK et al., 2016; DANNEBERG et al., 2015; MATTHÉ et
al., 2014b; KASPARICK et al., 2013]. No entanto, tais estudos não consideram o uso de
técnicas híbridas. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo principal comparar o
desempenho, em termos da Taxa de Erro de Bit / Bit Error Rate (BER), dos esquemas STBC e
HMTS [FREITAS JR et al., 2005] aplicados a sistemas GFDM.

1.3 Metodologia e Contribuições

O foco principal deste trabalho resume-se em avaliar o desempenho de sistemas de


transmissão MIMO híbridos aplicados a sistemas GFDM. A análise é baseada em simulações
computacionais e considera como principal métrica de desempenho a BER. Para este fim, mapeou-
se um conjunto de símbolos numa constelação baseada em Chaveamento por Deslocamento
de Fase / Phase Shift Keying (PSK) ou QAM, conforme a taxa de transmissão desejada. Em
19

seguida, os símbolos mapeados são submetidos à modulação Frequecy-Shift OQAM-GFDM


(FS-OQAM-GFDM) e, por fim, os esquemas de diversidade pura ou um esquema de transmissão
HMTS são aplicados a cada sub-símbolo de cada subportadora do sistema GFDM [KASPARICK
et al., 2013] para serem transmitidos por meio de um canal sujeito a desvanecimento Rayleigh e
ruído Ruído Aditivo Gaussiano Branco / Additive White Gaussian Noise (AWGN). No lado do
receptor, conforme a técnica de transmissão utilizada, cancela-se a interferência com uma técnica
apropriada. Na sequência, recupera-se os símbolos por meio de um filtro casado ou utilizando-se
a técnica de Forçagem a Zero / Zero Forcing (ZF) para, finalmente, demodular os símbolos a
partir da constelação correspondente.
Com base nos resultados obtidos neste trabalho, publicou-se um artigo científico de
mesmo título no XXXVI Simpósio Brasileiro de Telecomunicações e Processamento de Sinais
(SBrT 2018).

1.4 Organização da Dissertação

No capítulo 2 é apresentado o conceito da técnica de diversidade e suas principais


características. Faz-se, ainda, uma breve descrição do código de Alamouti e dos códigos de
bloco espaço-tempo que utilizam mais de 2 antenas no sistema de transmissão/recepção. Por fim,
no mesmo capítulo, apresenta-se também os vários esquemas de diversidade e multiplexação
espacial, tais como: seleção de antenas, MIMO-STBC, HMTS, V-BLAST, transceptores MIMO
híbridos e um modelo de sistema baseado na técnica de Diagonalização em Blocos / Block
Diagonalization (BD), que é um método de cancelamento de interferência.
No capítulo 3 é feita a descrição da técnica de modulação GFDM convencional e
suas versões modificadas e desenvolvidas a fim de resolver as deficiências advindas da técnica
original.
No capítulo 4 são apresentados os resultados obtidos neste trabalho, onde são
analisadas as curvas em termos da BER em função da relação sinal ruído de diversos esquemas
de transmissão que empregam a abordagem da técnica de diversidade espacial, combinada com
vários tipos de mapeamento de símbolos e a modulação GFDM, obtidos por meio de simulações
computacionais.
No capítulo 5 são apresentadas as conclusões e disposições finais deste trabalho,
além de propostas para trabalhos futuros.
20

2 DIVERSIDADE E MULTIPLEXAÇÃO

Um sinal ao se propagar pelo canal de comunicação sem fio, naturalmente, sofre


distorção e atenuação provocadas pelo meio de transmissão altamente dispersivo. Além disso, a
arquitetura e a mobilidade urbanas criam cenários que se tornam obstáculos à propagação do
sinal e que contribuem de forma bastante significativa para o surgimento do fenômeno conhecido
como desvanecimento por multipercursos, como ilustrado na Figura 2.
O desvanecimento por multipercursos é o resultado da integração, construtiva ou
destrutiva, das várias cópias do sinal recebido com amplitudes e fases distintas devido aos efeitos
degradantes do canal [HAYKIN; MOHER, 2009]. O principal método utilizado para atenuar
os impactos provocados pelo desvanecimento por multipercursos é a técnica conhecida como
diversidade. A literatura cita a diversidade de frequência, tempo e espaço, mas neste trabalho
trata-se, apenas, da diversidade de espaço [HAYKIN; MOHER, 2009].
A diversidade é uma técnica que se caracteriza por utilizar a redundância introduzida
no sistema e se beneficia das várias réplicas do sinal recebido, transmitidas em canais descor-
relacionados [HAYKIN; MOHER, 2009]. Dessa forma, este método aumenta a probabilidade
de que algum dos sinais transmitidos cheguem ao destino com qualidade suficiente para ser
recuperado. Assim, a diversidade estabelece várias conexões sem fio que conduzem a uma
melhoria na confiabilidade do enlace, refletido, por exemplo, em menor BER [PAULRAJ et al.,

Figura 2 – Ambiente altamente dispersivo.

Fonte: Elaborada pelo autor.


21

2003].
A técnica de diversidade melhora o desempenho do sistema de comunicação propor-
cionando ganho de diversidade espacial. Alternativamente, em sistemas com múltiplas antenas,
é possível obter ganho de multiplexação espacial com a transmissão simultânea de múltiplos
fluxos de dados em sistemas MIMO, que são estruturas de transmissão dotadas de múltiplas
antenas no lado transmissor e múltiplas antenas no lado receptor [HASSAN, 2016].
Neste capítulo são apresentadas e discutidas as principais estruturas de transmissão
MIMO convencionais, as estruturas de transmissão MIMO híbridas, as estruturas de transmissão
V-BLAST, os sistemas de cancelamento de interferência que utilizam a abordagem da diagona-
lização em blocos, as quais representam as técnicas de diversidade e multiplexação utilizadas
neste trabalho. Além disso, apresenta-se o modelo de sistema utilizado para transmissão de
dados e baseado na diagonalização em blocos.

2.1 Seleção de Antenas

As técnicas de diversidade conseguem melhorar o desempenho do sistema de co-


municação sem que seja necessário aumentar os níveis de potência do módulo transmissor ou
estender a largura de banda. O método de seleção de antenas é a forma mais simples e de baixa
complexidade que a técnica de diversidade utiliza para proporcionar estas vantagens [CHO et
al., 2010]. Neste método, um circuito lógico do receptor escolhe dentre as várias amostras
de sinal recebidas dos múltiplos caminhos aquela que apresenta maior Relação Sinal-Ruído /
Signal-to-Noise Ratio (SNR) [HAYKIN; MOHER, 2009]. Um exemplo de aplicação para a
referida técnica de seleção será apresentado posteriormente, no contexto de sistemas híbridos.

2.2 Estruturas de Transmissão MIMO Convencionais

A perspectiva dos sistemas de comunicações móveis na atualidade é de constante


renovação tecnológica para suportar as altas taxas exigidas pelo crescente número de usuários de
dispositivos móveis e pelo diversificado mercado de serviços de dados, voz e vídeo oferecidos
pelas redes de banda larga. Nesse contexto, foram desenvolvidas as estruturas de transmissão
MIMO, mostradas na Figura 3. Elas estão representadas por diversas configurações, desde
sistemas de comunicações convencionais, que apresentam uma única antena no transmissor e
uma única antena no receptor, chamados de Única-Entrada Única-Saída / Single Input Single
Output (SISO), até os sistemas Múltiplas-Entradas Única-Saída / Multiple Input Single Output
22

Figura 3 – Transceptores MIMO.

Fonte: Elaborada pelo autor.

(MISO), que são equipados de múltiplas antenas no transmissor e apenas uma antena no receptor.
Quando o sistema é configurado de forma inversa, isto é, apenas uma antena no transmissor e
múltiplas antenas no receptor, ele é denominado Única-Entrada Múltiplas-Saídas / Single Input
Multiple Output (SIMO). Finalmente, tem-se os sistemas com múltiplas antenas no transmissor e
Múltiplas antenas no receptor, conhecidos como Múltiplas-Entradas Múltiplas-Saídas / Multiple-
Input Multiple-Output (MIMO) [CLERCKX; OESTGES, 2013]. Esses transceptores são capazes
de proporcionar ao enlace de comunicação os ganhos de diversidade e multiplexação [HASSAN,
2016; FREITAS JR et al., 2005].
Portanto, a técnica de múltiplas antenas pode ser explorada utilizando abordagens
diferentes para proporcionar melhor cobertura da rede e maior capacidade ao sistema de comuni-
cação [ZARRINKOUB, 2014].
A multiplexação espacial se beneficia do desvanecimento causado pelos múltiplos
caminhos e possibilita eficiência espectral e de potência por meio da integração dos vários fluxos
de sinal transmitidos simultaneamente em canais descorrelacionados e, dessa forma, garante
um aumento linear da capacidade do canal por meio do aumento do número de antenas de
transmissão [HASSAN, 2016]. Neste sistema, as diferentes antenas do transmissor enviam, no
mesmo intervalo de tempo e na mesma subportadora, símbolos diferentes, o que garante o bom
aproveitamento da largura de banda e um ganho no desempenho do sistema [ZARRINKOUB,
2014]. Como exemplo de esquemas de multiplexação espacial, pode-se citar o V-BLAST
[HAYKIN; MOHER, 2009] e os transceptores híbridos [FREITAS JR et al., 2005].
Por outro lado, o propósito fundamental da técnica de diversidade espacial é aumentar
23

a confiabilidade do enlace reduzindo a distorção do sinal recebido, causada pelo desvanecimento


profundo do canal, a partir da combinação das múltiplas réplicas do sinal transmitidas por um
conjunto de antenas e disponíveis na entrada do receptor [HASSAN, 2016; FREITAS JR et al.,
2005]. Uma técnica utilizada e bastante eficaz para cumprir esta tarefa são os STBCs, para os
quais alguns exemplos são descritos nas subseções a seguir.

2.2.1 Código Alamouti G2

Os STBCs são esquemas de diversidade puros caracterizados pela ortogonalidade


entre os símbolos gerados e representados pelos esquemas de Alamouti [ALAMOUTI, 1998].
Neste trabalho denota-se pela sigla G2, como em [FREITAS JR et al., 2005], o cenário com duas
antenas que utiliza tanto diversidade de tempo quanto espacial para transmitir várias cópias dos
símbolos. A sua matriz de codificação é representada a seguir [FREITAS JR et al., 2005]

Ant. 1 Ant. 2
" #
s1 s2 Tempo 1
SG2 [t1 ,t2 ] = , (2.1)
−s∗2 s∗1 Tempo 2

sendo os índices t1 e t2 correspondentes aos períodos de símbolo. Esta arquitetura de transmissão


envia dois símbolos por período. No primeiro período de símbolo, s1 é transmitido pela antena
1 e s2 pela antena 2, enquanto no período de símbolo seguinte a antena 1 transmite −s∗2 e a
antena 2 transmite s∗1 . Assim, o G2 multiplexa Ns = 2 símbolos em T = 2 períodos de símbolos
subsequentes, que resulta num código de taxa unitária e uma eficiência espectral efetiva igual a
[FREITAS JR et al., 2005]

η = (R) · log2 (M ) ,

η = (Ns /T ) · log2 (M ) ,
(2.2)
η = (2/2) · log2 (M ) ,

η = 1 · log2 (M ) bits por uso do canal ,

em que R = Ns /T representa a quantidade de símbolos transmitidos por tempo de símbolo e M


representa a ordem da modulação.
A estrutura de transmissão para o código de Alamouti G2 está ilustrada na Figura 4.
No receptor, a recuperação dos símbolos se torna simples pelo fato de os STBCs apresentarem a
propriedade da ortogonalidade, que permite o uso de operações lineares para detecção dos sím-
bolos transmitidos. Dentre essas operações pode-se citar a distância Euclidiana ou o método da
24

Figura 4 – Esquema de transmissão Alamouti para codificação G2.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Estimação de Máxima Verossimilhança / Maximum Likelihood Estimation (MLE) [FREITAS JR


et al., 2005; HAYKIN; MOHER, 2009; PROAKIS et al., 2012].

2.2.2 Esquema STBC G3

A simplicidade de processamento computacional do código Alamouti e sua com-


provada eficiência motivou pesquisadores a desenvolver códigos de bloco espaço-tempo que
utilizam estruturas com mais de duas antenas de transmissão [HAYKIN; MOHER, 2009]. Um
exemplo é o código G3. No esquema G3 os símbolos transmitidos podem ser organizados de
acordo com a matriz espaço-temporal que segue
 
s s2 s3
 1 
−s2 s1 −s4 
 
 
−s3 s4 −s1 
 
 
−s4 −s3 s2 
 
SG3 =  ∗
. (2.3)
 s1 ∗
s2 ∗
s3 

 
 ∗ ∗ ∗
−s2 s1 −s4 

 
 ∗
−s3 s∗4 ∗ 
s1 
 
∗ ∗
−s4 −s3 s2 ∗

O código G3 trabalha com o mesmo número de antenas no bloco de transmissão e


recepção, que são iguais a 3, onde multiplexa Ns = 4 símbolos de informação (s1 , s2 , s3 e s4 )
durante T = 8 realizações subsequentes do canal [FREITAS JR et al., 2005]. De tal forma que a
eficiência espectral efetiva é igual a
25

η = (R) · log2 (M ) ,

η = (Ns /T ) · log2 (M ) , (2.4)

η = (1/2) · log2 (M ) bits por uso do canal .

2.2.3 Esquema STBC G4

Este esquema, apesar de oferecer taxa igual a 1/2, idêntica ao G3, trabalha com
quatro antenas no transmissor, ao invés de três, que é caraterística do código G3. A matriz
equivalente para este código está ilustrada abaixo:
 
s s2 s3 s4
 1 
−s2 s1 −s4
 
s3 
 
−s3 s4 −s1 −s2 
 
 
−s4 −s3
 
s2 s1 
SG4 =   ∗
. (2.5)
s∗2 s∗3 ∗ 
 s1 s4 
 
 ∗
−s2 s∗1 −s∗4 ∗ 
s3 
 
 ∗
−s3 s∗4 s∗1 ∗
−s2 

 
−s∗4 −s∗3 s∗2 ∗
s1

A eficiência espectral efetiva para o código G4 é calculada pela expressão logo a seguir [FREI-
TAS JR et al., 2005]

η = (1/2) · log2 (M ) bits por uso do canal. (2.6)

2.3 Sistemas de Transmissão MIMO Híbridos

As estruturas de multiplexação espacial que utilizam a abordagem de HMTS surgem


como resultado dos esforços dos pesquisadores no sentido de proporcionar aos sistemas modernos
de comunicação sem fio maiores taxas de transmissão por meio da maximização dos ganhos de
diversidade e multiplexação e com isso melhorar ainda mais a qualidade do enlace [FREITAS
JR et al., 2005]. Para atingir o desempenho desejado, a arquitetura dos blocos de transmissão se
caracteriza por combinar, no mínimo, duas camadas que transmitem os símbolos que adotam
abordagens de transmissão distintas.
Uma das camadas emprega o código espaço-temporal (STBC) de Alamouti para
transmissão utilizando um conjunto de antenas, em um esquema de diversidade puro, e a outra
26

Figura 5 – Estruturas de Transmissão HMTS.

(a) HMTS G2+1 com STBC G2 e duas cama- (b) HMTS G2+G2 com dois STBC G2 e duas
das de multiplexação. camadas de multiplexação.

(c) HMTS G3+1 com dois STBC G3 e uma (d) HMTS G2+1+1 com um STBC G2 e três
camada de multiplexação. camadas de multiplexação.

Fonte: Adaptado de FREITAS JR et al. [2005].

camada é um esquema de multiplexação espacial puro que transmite símbolos não-codificados


através de uma única antena [FREITAS JR et al., 2005]. Neste modelo de transceptor é indispen-
sável a utilização de alguma técnica de cancelamento de interferência no sistema de recepção,
pelo fato de as camadas enviarem um conjunto de símbolos de forma simultânea e cada antena
no lado receptor detectar os sinais de todas as camadas ao mesmo tempo. Portanto, as camadas
se veem como interferentes [FREITAS JR et al., 2005]. A Figura 5 ilustra algumas das possíveis
combinações para a arquitetura dos transceptores MIMO híbridos.
Nas subseções seguintes são apresentados exemplos de esquemas híbridos, para os
casos com três e quatro antenas.

2.3.1 Esquemas Híbridos G2+1 com 3 Antenas

A estrutura HMTS G2+1 é esquematizada com 3 antenas no sistema de transmissão e


3 antenas no sistema de recepção, porém é caracterizada por duas camadas: uma codificada pelo
STBC padrão, denotado como G2 em [FREITAS JR et al., 2005] e outra camada multiplexada, e
que transmite dados não-codificados. A matriz de transmissão espaço-temporal dos símbolos
27

para o esquema G2+1 está organizada como segue:

G2 +1
" #
s1 s2 s3
SG2+1 = . (2.7)
−s∗2 s∗1 s4

Neste esquema, é verificado a partir da equação (2.7) que Ns = 4 símbolos (s1 , s2 , s3


e s4 ) são multiplexados em T = 2 realizações de canal [FREITAS JR et al., 2005]. Isto resulta
numa eficiência espectral efetiva que é superior ao esquema G3, como está expresso na equação
a seguir

η = (4/2) · log2 (M ) ,
(2.8)
η = (2) · log2 (M ) bits por uso do canal.

2.3.2 Arquitetura HMTS para 4 Antenas de Transmissão

O esquema HMTS é bastante flexível em termos de arquitetura e pode ser ampliado de


forma que maiores quantidades de elementos de transmissão podem ser empregados [FREITAS
JR et al., 2005]. A seguir são mostradas três possibilidades de combinação para quatro antenas
no transmissor HMTS.
A) G2 + G2 : Neste esquema são combinadas duas camadas G2, com estrutura denotada por
G2+G2, sendo uma camada independente da outra, e cada camada utiliza o STBC de duas
antenas. A matriz de transmissão espaço-temporal dos símbolos para o esquema G2+G2 está
organizada como segue:

G2 G2
" #
s1 s2 s3 s4
SG2+G2 = . (2.9)
−s∗2 s∗1 −s∗3 s∗4

Como são multiplexados Ns = 4 símbolos de informação em T = 2 períodos de símbolos, a


eficiência espectral efetiva é dada por

η = (2) · log2 (M ) bits por uso do canal. (2.10)

B) G3 + 1 : Esquema híbrido que combina quatro antenas em sua arquitetura de transmissão,


multiplexadas em duas camadas, utilizando na primeira camada o código espaço-tempo para o
28

código G3, enquanto a segunda camada transmite os dados não-codificados. A matriz para este
esquema híbrido é mostrada a seguir:

G3 +1
 
s1 s2 s3 s5
 
−s2 s1 −s4 s6 
 
 
−s s4 −s1 s7 
 3 
 
−s −s3 s2 s8 
4
SG3+1 = 

.
 (2.11)
 s∗ s∗2 s∗3 s9 
 1 
 
−s∗ s∗1 −s∗4 s10 
 2 
 
−s∗ s∗4 s∗1 s11 
 3 
−s∗4 −s∗3 s∗2 s12

Notamos que são multiplexados Ns = 12 símbolos de informação em T = 8 períodos de símbolos.


Portanto, a eficiência espectral efetiva deste esquema é dada por

η = (1, 5) · log2 (M ) bits por uso do canal. (2.12)

C) G2 + 1 + 1: Um esquema de transmissão HMTS que também trabalha com quatro antenas


transmissoras, mas que multiplexa três camadas. A primeira camada utiliza o código G2,
transmitindo dois símbolos, e as outras duas camadas transmitem quatro símbolos de dados
não-codificados. O G2+1+1 é representado pela matriz de código espaço-tempo que segue
[FREITAS JR et al., 2005]:

G2 +1 +1
" #
s1 s2 s3 s4
SG2+1+1 = . (2.13)
−s∗2 s∗1 s5 s6

Neste esquema, notamos que são multiplexados um total de Ns = 6 símbolos de informação em


T = 2 períodos de símbolos, então a eficiência espectral efetiva deste esquema é dada por

η = (3) · log2 (M ) bits por uso do canal. (2.14)

2.4 Técnicas de Cancelamento de Interferência

Em sistemas de multiplexação espacial, nos quais ocorre a transmissão de múltiplos


símbolos ao mesmo tempo e na mesma frequência, é necessário cancelar a interferência utilizando
29

técnicas de processamento no transmissor e/ou receptor. A seguir, são apresentados brevemente


alguns aspectos relativos a arquiteturas Bell Laboratories Layered Space-Time (BLAST) e ao
método de diagonalização em blocos para cancelamento da interferência.

2.4.1 Arquiteturas BLAST

A tecnologia BLAST trata-se de uma modalidade de transceptores MIMO, que teve


sua primeira versão idealizada por [FOSCHINI, 1996] e denominada como D-BLAST (BLAST
diagonal). Ela tem o objetivo de proporcionar eficiência espectral aos sistemas de comunicações
sem fio. A estruturação do código em diagonais resultou em símbolos codificados que são
transmitidos por antenas distintas. Tal estruturação exige que cada camada diagonal tenha uma
codificação independente, que é sua principal desvantagem, porque isto traduziu-se em comple-
xidade de implementação computacional. A fim de superar este problema [WOLNIANSKY et
al., 1998] aperfeiçoou a arquitetura D-BLAST, e a nova estrutura com as devidas modificações
foi chamada de V-BLAST [HAYKIN; MOHER, 2009].
Na configuração V-BLAST diferentes antenas transmissoras multiplexam símbolos
independentes, como pode ser visto na Figura 6, que são transmitidos no mesmo período de
símbolo, de tal forma que cada símbolo corresponde a uma camada e, consequentemente, ao
mesmo número de antenas transmissoras e receptoras [FREITAS JR et al., 2005].
Na recepção, o sinal captado por cada umas das antenas é a contribuição de todas as
camadas do transmissor mais uma componente de ruído. Portanto, o sinal recebido numa dada
antena i é o sinal desejado mais os sinais das outras antenas caracterizados como interferência

Figura 6 – Estrutura de transmissão V-BLAST.

Fonte: Elaborada pelo autor.


30

e o ruído. Nesta situação, faz-se necessária a utilização de mecanismos que anulem os sinais
provenientes de outras fontes e permitam a detecção de cada símbolo transmitido.
Dessa forma, uma estrutura de multiplexação V-BLAST que emprega três antenas
transmissoras e três antenas receptoras numa dada realização de canal, T = 1, tem sua matriz de
transmissão espaço-temporal organizada como:
 T
s
 1
SVBLAST[T =1] = s2  . (2.15)
 
 
s3

O transmissor V-BLAST utiliza uma realização de canal para multiplexar Ns =


min(Nt , Nr ) símbolos de informação, que produz uma eficiência espectral dada pela expressão a
seguir

η = min(Nt , Nr ) · log2 (M ) bits por uso do canal , (2.16)

sendo Nt o número de antenas transmissoras e Nr o número de antenas receptoras. Desse modo,


o ganho de diversidade da estrutura V-BLAST pode ser atingido com o aumento do número de
antenas no receptor [HAYKIN; MOHER, 2009].

2.4.2 Diagonalização em Blocos

Nos sistemas de comunicações que utilizam as estruturas de múltiplas antenas, além


da vasta quantidade de cenários classificados como SIMO, MISO e MIMO, encontra-se, também,
a tecnologia de transmissão ponto-a-ponto, que é conhecida como Único Usuário Múltiplas-
Entradas Múltiplas-Saídas / Single User Multiple-Input Multiple-Output (SU-MIMO) e, por fim,
a comunicação Multi-Usuário Múltiplas-Entradas Múltiplas-Saídas / Multi-User Multiple-Input
Multiple-Output (MU-MIMO) [QUEK, 2013].
No sistema SU-MIMO cada usuário se comunica com uma única Estação Rádio
Base / Base Station (BS) e vice-versa. Neste caso, o método da inversão de canal é suficiente para
garantir a eliminação da interferência e permitir a comunicação entre os elementos do sistema
[QUEK, 2013; CHO et al., 2010].
Em cenários MU-MIMO, os quais envolvem múltiplos usuários, cada usuário pode
ser uma Estação Móvel / Mobile Station (MS) equipada com múltiplas antenas e, de forma
semelhante, a estação base possui igualmente várias antenas para trocar informações com
diversos terminais móveis. Em tais cenários a interferência inter-antena se torna mais severa,
31

de tal forma que técnicas adequadas são necessárias para a mitigação da interferência gerada
no sistema. Nesta situação, uma técnica conhecida como Diagonalização em Blocos / Block
Diagonalization (BD), que é considerada uma generalização do método da inversão de canal,
pode ser aplicada para suprimir completamente a interferência inter-camadas [CHO et al., 2010;
SPENCER et al., 2004].
De forma análoga, as estruturas de transmissão HMTS utilizam a técnica de diver-
sidade no módulo transmissor e receptor. Este esquema de transmissão utiliza como artifício
para aumentar a taxa de dados a transmissão multiplexada de, no mínimo, duas camadas, uma
com dados codificados e outra não. No receptor, o sinal recebido em cada antena, além de
estar degradado pelos efeitos inerentes do canal, apresenta também a componente interferente
da camada adicional. Portanto, é necessária a utilização de técnicas para anular os impactos
causados pela interferência inter-camadas e, neste caso, a mesma solução utilizada nos cenários
MU-MIMO, a diagonalização em blocos, pode ser considerada um método eficiente e de baixa
complexidade para realizar este propósito1 [CHO et al., 2010; SPENCER et al., 2004].
Dado um sistema de transmissão HMTS com Nt antenas transmissoras e Nr antenas
receptoras, o sinal recebido pode ser expresso na seguinte forma matricial

y = F(Hs + n) , (2.17)

em que H ∈ CNr ×Nt corresponde à matriz dos coeficientes do canal sem fio, n ∈ CNr ×1 cor-
responde ao ruído Gaussiano branco com média zero e variância σ 2 presente em cada antena
receptora, F ∈ CNr ×Nt é uma matriz de processamento de recepção e y ∈ CNr ×1 corresponde a
uma estimativa do vetor de símbolos transmitidos. A matriz F deve ser projetada de forma a
eliminar a interferência mútua causada pelas antenas transmissoras em cada antena de recepção.
Para o caso geral, considere a Decomposição em Valores Singulares / Singular Value
Decomposition (SVD) da matriz de canal como segue [CAVALCANTI et al., 2018; HAYKIN;
MOHER, 2009]:

H = UΣVH , (2.18)

com U ∈ CNr ×Nr e V ∈ CNt ×Nt sendo matrizes unitárias que possuem a propriedade UUH = INr
e VVH = INt , e Σ ∈ CNr ×Nt é uma matriz diagonal em que seus elementos contém os valores
singulares do canal [CAVALCANTI et al., 2018; HAYKIN; MOHER, 2009].
1 Técnicas não-lineares baseadas em cancelamento sucessivo de interferência possuem um melhor desempenho,
às custas de maior complexidade.
32

No contexto dos cenários de transmissão multicamadas, a interferência inter-antenas


é um efeito indesejado que naturalmente se faz presente em todas as antenas receptoras e que
impossibilita a recuperação dos dados no sistema. Porém, os transceptores tem à sua disposição
filtros de recepção capazes de mitigar completamente a interferência.
A técnica da diagonalização em blocos é um método prático que permite uma
recepção limpa (livre de interferência) e que pode ser modelada de acordo com cada cenário de
transmissão projetado [CHO et al., 2010].
Considere um sistema onde Nt = Nr = 3 no contexto do esquema G2+1. Neste caso,
para um dado instante de tempo, tem-se dois símbolos pertencentes à camada STBC (L1) e um
símbolo pertencente à camada de multiplexação (L2). A fim de aplicar a diagonalização em bloco
no receptor, pode-se subdividir em camadas as matrizes de canal, resultando em HL1 ∈ C3×2 e
HL2 ∈ C3×1 , bem como o processamento de recepção, resultando em FL1 ∈ C2×3 e FL2 ∈ C1×3 .
Considerando um dado instante de tempo na equação (2.7), o sinal recebido pode ser
expresso como:
 
FL1 h i
y = F(Hs + n) =   HL1 HL2 s + Fn (2.19)
FL2

com s correspondendo a uma coluna de SG2+1 , y o vetor recebido e n o vetor de ruído. Um canal
livre de interferência entre camadas é obtido quando

Fi H j = 0, ∀i 6= j. (2.20)

As matrizes de recepção podem ser obtidas a partir da SVD da matriz de canal de cada camada.
Seja H j = U j Σ j VHj , então Fi deve ser formada pelas linhas de UHj que correspondem ao espaço
nulo de H j . Como resultado obtém-se:
 
FL1 HL1 0
y=  s + Fn. (2.21)
0 FL2 HL2

A partir do qual pode ser realizado de forma independente o processamento adicional de recepção
adequado a cada camada. Para a camada L1 deve ser empregado o método G2 de diversidade,
após o recebimento dos símbolos nos dois instantes de tempo. No caso da camada L2, pode ser
aplicado um filtro casado a cada símbolo recebido. O método BD pode ser aplicado de forma
análoga aos demais cenários híbridos mencionados anteriormente.
33

2.5 Comentários Finais

Neste capítulo foram explorados os sistemas de diversidade. Neste contexto, foram


apresentadas a técnica de seleção de antenas, que é a mais simples forma de diversidade, bem
como as várias configurações para os transceptores MIMO, estruturas V-BLAST e sistemas
de diversidade com diagonalização em blocos. Também foram apresentados os transceptores
HMTS, que suportam de três a quatro antenas no lado transmissor e receptor, mas a abordagem
pode ser aplicada para sistemas de diversidade que comportam um número maior de antenas.
34

3 PRINCÍPIO DO GFDM

O GFDM é uma técnica de modulação multiportadora, não-ortogonal, desenvolvida


em 2009 por G. Fettweis [FETTWEIS et al., 2009] e que foi considerada como uma possível
forma de onda a ser empregada na camada física das redes 5G. Ela mantém a flexibilidade do
OFDM, mas possui menor PAPR e baixo nível de interferência fora da banda de frequência de
interesse.
A técnica de modulação GFDM consiste em organizar os dados em blocos de
N = MK elementos e modular cada símbolo individualmente por meio de um filtro circularmente
deslocado no domínio do tempo e da frequência, sendo o principal responsável por reduzir a
emissão OOB e aumentar a robustez do sinal contra deslocamento de frequência [MATTHÉ et al.,
2014b]. Apesar das vantagens da utilização, o filtro formador de pulso suprime a ortogonalidade
e incorpora ISI e ICI ao sistema, o que exige a aplicação de técnicas de cancelamento de
interferência no receptor para minimizar estes efeitos [MENDES et al., 2016]. Porém, no
transmissor é inserido um Prefixo Cíclico / Cyclic Prefix (CP) por bloco de N sub-símbolos,
o que permite ao receptor uma equalização menos complexa, torna o sistema mais imune
à interferência e mais eficiente em termos de frequência quando o OFDM é tomado como
referência, visto que, nesta técnica, é inserido um CP para cada símbolo. A estrutura de um
bloco GFDM é comparada com a estrutura de um bloco OFDM na Figura 7.
Neste capítulo é apresentado o processo para obtenção da forma de onda GFDM
convencional e suas versões modificadas, denotadas como Time-Shift OQAM-GFDM (TS-
OQAM-GFDM) e Frequecy-Shift OQAM-GFDM (FS-OQAM-GFDM) [GASPAR et al., 2015a].

3.1 Geração do Sinal GFDM

A matriz de símbolos do sinal GFDM, denotada por D em (3.1), está estruturada de


tal forma que a variável K representa o total de subportadoras e M o total de slots de tempo,
resultando em N = MK símbolos. A matriz D ilustra os símbolos organizados conforme foi
descrito.
35

Figura 7 – Estrutura do Bloco GFDM.

Fonte – Elaborada pelo autor

 
d1,1 d1,2 d1,3 · · · d1,M
 
···
 
 d2,1 d2,2 d2,3 d2,M 
 
D =  d3,1 d3,2 d3,3 ··· d3,M  . (3.1)
 
 .. .. .. .. 
 
..
 . . . . . 
 
dK,1 dK,2 dK,3 ··· dK,M

Cada elemento da matriz D corresponde a um símbolo que foi mapeado em um


diagrama de fase e quadratura utilizando a técnica M-QAM, sobreamostrado a uma taxa de valor
K e posteriormente filtrado pelo pulso g[n] circularmente deslocado no tempo e na frequência,
de forma que o sinal transmitido GFDM [GASPAR et al., 2015a] é dado pela expressão a seguir
K−1 M−1
x[n] = ∑ ∑ dk,m[n]gk,m[n] , (3.2)
k=0 m=0

com n indicando o índice temporal. O pulso gk,m [n] pode ser expresso como

k
gk,m [n] = g[(n − mK) mod(N)]e( j2π K n) , (3.3)

que designa o filtro de transmissão circularmente deslocado pelo m-ésimo sub-símbolo e modu-
lado pela k-ésima subportadora [GASPAR et al., 2015a]. O deslocamento do filtro no domínio
da frequência é realizado pelo termo exp( j2π(k/K)n) [FETTWEIS et al., 2009].
36

Figura 8 – Diagrama em Blocos do Transmissor GFDM.

Fonte: Matthé et al. [2014a].

A equação para o sinal transmitido GFDM pode ainda ser reescrita de forma conden-
sada e ser expressa por

x = Ad , (3.4)

sendo A uma matriz KM × KM formada pelos filtros de transmissão para todas as subportadoras,
sendo organizada como segue

A = [g0,0 . . . gK−1,0 g0,1 . . . gK−1,1 . . . gK−1,M−1 ] , (3.5)

com gk,m sendo um vetor coluna contendo as amostras de gk,m [n] e d contendo todos os símbolos
de dados dk,m estruturados em forma de vetor coluna de ordem KM × 1.
A Figura 8 representa o diagrama em blocos do transmissor e resume todo o processo
de obtenção do sinal GFDM. No receptor, o sinal GFDM pode ser recuperado utilizando-se de
um dos vários tipos de abordagens, tais como: receptor por filtro casado, receptor de Forçagem a
Zero / Zero Forcing (ZF) e receptor de Mínimo Erro Quadrático Médio / Minimum Mean Square
Error (MMSE) [MICHAILOW et al., 2012].

3.1.1 Time-Shift OQAM para GFDM

A modulação TS-OQAM-GFDM consiste em extrair a parte real e a parte imaginária


do símbolo complexo de dados e modulá-los independentemente, conforme visto na Figura 9.
Dessa forma obtém-se semi-símbolos adjacentes reais e imaginários que são deslocados entre
si de meio período de símbolo e defasados de π/2 radianos entre as subportadoras e os sub-
símbolos [GASPAR et al., 2015a; DIAS; LAMARE, 2017]. A aplicação da referida técnica
permite alcançar uma transmissão que não apresenta interferência inter-simbólica e gerar um
sinal que traduz-se matematicamente pela expressão
K−1 M−1 K−1 M−1
(i) (i) (q) (q)
x[n] = ∑ ∑ dk,m gk,m [n] + ∑ ∑ dk,mgk,m[n] , (3.6)
k=0 m=0 k=0 m=0
37

Figura 9 – Diagrama em Blocos do time-shift ou frequency-shift OQAM-GFDM.

Fonte: Adaptado de Gaspar et al. [2015a].

sendo as componentes do filtro de Nyquist dadas por

(i)
gk,m = j(k) gk,m [n], (3.7)
(q)
gk,m = j(k+1) gk,m+ 1 [n] (3.8)
2

e cada elemento dos símbolos de dados é denotado pela expressão

(i) (q)
dk,m = dk,m + jdk,m . (3.9)

A expressão que representa o sinal transmitido pode ser reescrita simplificadamente


em forma matricial e dispensar o rigor matemático considerado em (3.6), como pode ser mostrado
a seguir:

x = A(i) d(i) + A(q) d(q) , (3.10)

de tal forma que o primeiro/segundo termos em (3.10) são equivalentes ao primeiro/segundo


(i) (q)
termos em (3.6), as colunas das matrizes A(i) e A(q) correspondem às amostras gk,m e gk,m , e
(i) (q)
os vetores d(i) e d(q) contém os símbolos correspondentes dk,m e dk,m estruturados em forma de
vetor coluna.

3.1.2 Frequency-Shift OQAM para GFDM

Na modulação GFDM, apesar do desempenho semelhante em comparação ao OFDM,


a Interferência Interportadora / Inter Carrier Interference (ICI) e a ISI ainda persistem, mas de
forma menos intensa. Isto acontece devido ao caráter não-ortogonal do processo de modulação
GFDM causado pelo filtro formatador de pulso.
Nesta seção, apresenta-se o processo de transmissão FS-OQAM-GFDM, que é uma
técnica de modulação capaz de reduzir os efeitos indesejados que ainda prevalecem no GFDM
convencional [BANDARI et al., 2016]. Em [GASPAR et al., 2015a], a propriedade da dualidade
38

tempo-frequência da transformada de Fourier pode ser explorada a fim de permitir utilizar a


modulação OQAM convencional no domínio da frequência e aplicar a matriz de transformação
Transformada Discreta de Fourier / Discrete Fourier Transform (DFT) unitária WN , que pode
ser calculada pela expressão a seguir

1 il
[WN ]i,l = √ e− j(2π N ) (3.11)
N

Sejam A(i) e A(q) , respectivamente, as componentes em fase e em quadratura da matriz A. A


partir destas matrizes é possível gerar duas novas matrizes de pré-codificação, por meio da
operação matemática abaixo

Ã(i) = WH (i)
NA , (3.12)

Ã(q) = WH (q)
NA ,

que caracteriza a modulação FS-OQAM-GFDM [GASPAR et al., 2015a]. De forma análoga à


expressão em (3.10), é possível obter o sinal GFDM a ser transmitido no domínio da frequência
[GASPAR et al., 2015a] por meio da expressão dada abaixo

x = Ã(i) d(i) + Ã(q) d(q) , (3.13)

e no receptor a sequência recebida pode ser estimada no domínio do tempo [GASPAR et al.,
2015a] por meio da equação de demodulação

d̂ = ℜ{(Ã(i) )H y} + jℜ{(Ã(q) )H y}, (3.14)

com y representando o vetor de sinal recebido [GASPAR et al., 2015a]. O processo para obtenção
do símbolo estimado é ilustrado na Figura 9.
39

4 RESULTADOS

Neste Capítulo, são apresentados os resultados obtidos por meio de simulações,


discutindo-se o desempenho dos esquemas de comunicação propostos. São considerados esque-
mas de diversidade mais simples, como por exemplo a técnica de seleção de antenas, um sistema
de multiplexação puro MIMO 4x4, além dos códigos de bloco STBC e das estruturas de trans-
missão híbridas HMTS. Todas essas abordagens são aplicadas à modulação FS-OQAM-GFDM e
analisadas em termos da taxa de erro de bit (BER) em função da razão entre a energia de bit e a
densidade espectral de potência do ruído (Eb /N0 ), sem considerar o uso de codificação de canal.

4.1 Cenários Considerados

Considera-se um sistema de comunicação sem fio composto de Nt antenas trans-


missoras e Nr antenas receptoras, também conhecido como sistema de Múltiplas-Entradas
Múltiplas-Saídas / Multiple-Input Multiple-Output (MIMO). O canal está sujeito a desvaneci-
mento Rayleigh e é modelado por uma matriz H ∈ CNr ×Nt , assumindo-se no receptor a presença
de AWGN, com média nula e variância σ 2 . Tendo em vista a ortogonalidade garantida pela
modulação OQAM-GFDM [GASPAR et al., 2015a], assume-se neste trabalho que os esque-
mas de diversidade são aplicados a cada sub-símbolo de cada subportadora do sistema GFDM
[KASPARICK et al., 2013] conforme pode ser visto na Figura 10.
Os esquemas de transmissão considerados neste trabalho são: Única-Entrada Única-
Saída / Single Input Single Output (SISO), Múltiplas-Entradas Única-Saída / Multiple Input
Single Output (MISO), esquema de diversidade G2, esquema de diversidade G3 e o esquema
híbrido denotado por G2+1. Estes esquemas foram combinados com vários tipos de mapeamento
de símbolos, tais como: PSK Binário / Binary PSK (BPSK), PSK Quaternário / Quaternary
PSK (QPSK), 16-QAM e 256-QAM, a fim de alcançar diferentes níveis de eficiência espectral e
compatibilizar os diferentes esquemas de transmissão. Os principais parâmetros e considerações
de simulação estão expressos nas Tabelas 1 e 2.

4.1.1 Simulador

O simulador desenvolvido neste trabalho modela cada bloco do modelo de canal


na sequência representada pela Figura 10 com o objetivo de obter a taxa de erro de bit de cada
esquema de transmissão analisado. Basicamente cada etapa do processo foi simulada pelo autor
40

Figura 10 – Diagrama em Blocos do canal.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Tabela 1 – Parâmetros de simulação do GFDM e OFDM.


Parâmetro GFDM OFDM
Tipo/Ordem da modulação {16-QAM} {16-QAM}
Tamanho do bloco {64} {52}
Prefixo cíclico Não sim
No. de antenas de Tx. {3} {3}
No. de antenas de Rx. {3} {3}
Esquemas de transmissão {G2+1} {G2+1}
Fonte: Elaborada pelo autor.

Tabela 2 – Parâmetros de simulação do FS-OQAM-GFDM.


Parâmetro Valor
Modulação FS-OQAM-GFDM
Ordem da modulação {2, 4, 16 e 256}
No. de subportadoras 128
No. de sub-símbolos 8
Formato de pulso Meyer RRC
Fator de roll off 1
No. de antenas de Tx. {1, 2, 3}
No. de antenas de Rx. {1, 2, 3}
Esquemas de transmissão {SISO, G2, G3, G2+1, MIMO 4x4}
Fonte: Elaborada pelo autor.

utilizando os parâmetros das Tabelas 1 e 2, com exceção do caso OFDM-G2+1, em que o código
foi adaptado de [VISWANATHAN, 2013], e dos blocos identificados como modulador GFDM e
demodulador GFDM, os quais foram adaptados a partir de um código disponível em [GASPAR,
2015].
Na simulação, a entrada de símbolos é gerada de forma aleatória para em seguida ser
submetida a um processo de mapeamento de símbolos adequado. Na sequência, o conjunto de
símbolos é modulado utilizando a técnica de modulação GFDM descrita na Subseção 3.1.2 e
41

Figura 11 – Desempenho dos esquemas GFDM-G2+1 e OFDM-G2+1 considerando


16-QAM, 3 antenas de transmissão e 3 na recepção.
100

10−1
Taxa de erro de bit

10−2

10−3

OFDM G2+1
GFDM G2+1
10−4
0 5 10 15 20 25 30
Eb /N0 em dB

Fonte: Simulada pelo autor.

posteriormente a técnica de diversidade é empregada a cada sub-símbolo de cada subportadora


GFDM. Finalmente, os sub-símbolos são transmitidos por meio de um canal sujeito a ruído
Gaussiano branco e desvanecimento Rayleigh.
Na recuperação dos símbolos, inicialmente pode-se utilizar no receptor um filtro
casado, a técnica conhecida como ZF ou a técnica MMSE [MICHAILOW et al., 2012] para
anular parte dos efeitos degradantes do canal. Em seguida aplica-se a equação (3.14) ao sinal para
se reverter o processo de modulação GFDM e obter os símbolos estimados. Após este processo,
pode-se submetê-los a um método de detecção empregando-se a técnica de demodulação de fase
e quadratura apropriada. Finalmente, tendo-se completado todo o processamento de recepção
dos símbolos, pode-se calcular a taxa de erro de bit. Os resultados podem ser vistos na seção
seguinte.

4.1.2 Análise dos Resultados

Inicialmente, a Figura 11 mostra o desempenho da BER para os esquemas GFDM-


G2+1 e OFDM-G2+1, adotando os parâmetros da Tabela 1. Em [MATTHÉ et al., 2014b], mostra-
se que resultados para sistemas OFDM e GFDM que utilizam STBC têm aproximadamente o
mesmo desempenho. Na figura 11 é possível observar, também, que o desempenho dos esquemas
HMTS GFDM-G2+1 e OFDM-G2+1 é idêntico em termos da BER.
42

Figura 12 – Impacto do esquema de diversidade sobre o FS-OQAM-GFDM (16-QAM).


100

10−1
Taxa de erro de bit

8 dB
10−2
13 dB

10−3
GFDM 1x1
GFDM 2x1
GFDM 2x2
10−4
0 5 10 15 20 25 30
Eb /N0 em dB

Fonte: Simulada pelo autor.

Na Figura 12, compara-se o desempenho do transceptor SISO-GFDM com as confi-


gurações de diversidade STBC-GFDM 2x1 e 2x2. Em seguida, na Figura 13, aplica-se a estrutura
de transmissão híbrida HMTS G2+1 ao GFDM e analisa-se o desempenho deste transceptor de
forma geral e por camadas. Por fim, em figuras subsequentes comparamos o desempenho entre
os esquemas G3 e G2+1 em cenários com a mesma eficiência espectral.
A Figura 12 relaciona a BER do sistema GFDM com o esquema STBC-GFDM de
duas antenas na transmissão e uma antena na recepção, bem como com o STBC-GFDM de
duas antenas na transmissão e duas antenas na recepção. Resultados semelhantes podem ser
encontrados em [ISLAM; HABIB, 2018; ZHANG et al., 2016; MATTHÉ et al., 2014b]. Todos
os esquemas de transmissão adotam o mapeamento 16-QAM. Pela Figura 12 nota-se que, para
um nível baixo de SNR, o desempenho dos três esquemas de transmissão é muito próximo, mas
com uma pequena margem de ganho para os esquemas que utilizam a técnica de diversidade.
O esquema que utiliza o STBC-GFDM 2x1, para uma BER = 10−2 , atinge um ganho bastante
significativo, em torno de 8 dB em comparação com o SISO-GFDM. Usando a mesma referência
e analisando o esquema STBC-GFDM 2x2, nota-se uma eficiência ainda melhor, com um ganho
de aproximadamente 13 dB em relação ao SISO-GFDM. Nota-se, portanto, a partir destas curvas,
que nos sistemas STBC-GFDM o desempenho do sistema alcança resultados esperados ao se
aumentar o número de antenas.
43

Na Figura 13, mostra-se o desempenho da modulação OQAM-GFDM sobre as


estruturas de transmissão híbridas (HMTS). O esquema transceptor híbrido utilizado é caracte-
rizado por uma camada Alamouti 2x2 (L1) e uma camada multiplexada (L2) sem codificação.
São apresentadas as curvas com o desempenho individual de cada camada para demonstrar a
contribuição de cada uma delas na taxa de erro de bit, uma curva com o desempenho geral
resultante, bem como uma curva combinada de L1 mais L2 utilizando a técnica de seleção de
antenas. Na camada multiplexada (L2) do esquema híbrido os dados não são codificados e isso
contribui para a baixa eficiência na recuperação dos dados. O desempenho conjunto das duas
camadas do caso geral acaba sendo dominado pelo pior caso, ficando distante da camada L1 e
próximo à camada L2 de baixo desempenho. Porém, o desempenho do conjunto (camada L1
mais camada L2) atingiu melhores resultados na recuperação dos símbolos para SNRs mais altas,
a partir de 10 dB, através da utilização da técnica de seleção de antenas. A seleção neste caso
consiste em escolher em qual antena será transmitida em cada camada, com base em estimativas
do canal, de forma que a antena correspondente ao canal de melhor ganho seja alocada à camada
L2. Neste mesmo gráfico, pode-se conferir que a curva de um sistema OQAM-GFDM 2x1
que adota diversidade apenas na transmissão tem seu desempenho superado pela camada L1 de
um sistema que inclui diversidade de transmissão e recepção. Esquemas de cancelamento de
interferência mais complexos, como o Cancelamento Sucessivo de Interferência / Successive
Interference Cancelation (SIC) utilizado em [FREITAS JR et al., 2005], podem ser aplicados
para melhorar ainda mais o desempenho dos esquemas híbridos.
A Figura 14 compara o desempenho de dois esquemas que adotam abordagens de
transmissão diferentes, o caso híbrido com o código de bloco G3, mas que possuem a mesma
eficiência espectral de 2 bits por uso do canal. O esquema MIMO G3 com mapeamento 16-QAM
atinge um desempenho superior quando comparado ao caso híbrido G2+1 com PSK Binário
/ Binary PSK (BPSK). O alto desempenho do esquema de transmissão G3 se justifica pela
utilização do código STBC e a camada de dados não codificada do estrutura híbrida G2+1
contribui para seu baixo desempenho em termos de taxa de erro de bit. Pode-se confirmar isso
diretamente no gráfico observando o comportamento da curva da camada (L1) que emprega
STBC do esquema híbrido G2+1, a qual apresenta os melhores resultados para BER.
Na Figura 15 tem-se a comparação de esquemas de transmissão com taxa igual a 4
bits por uso do canal. A curva do esquema G3 deste gráfico utiliza o mapeamento 256-QAM,
que transmite mais bits por símbolo. Neste caso, na presença de ruído, este sistema fica mais
44

Figura 13 – Desempenho do GFDM com esquema híbrido G2+1 (16-QAM).


100

10−1
Taxa de erro de bit

10−2

G2+1 - L1
10−3 G2+1 - L2
G2+1 - Geral
G2+1 - Seleção
GFDM 2x1
10−4
0 5 10 15 20 25 30
Eb /N0 em dB

Fonte: Simulada pelo autor.

Figura 14 – Comparação do GFDM empregando esquemas híbridos de mesma taxa:


G2+1 (BPSK) e G3 (16-QAM).
100
G2+1 (BPSK)
G3 (16-QAM)
G2+1 (BPSK) - L1
10−1
Taxa de erro de bit

10−2

10−3

10−4
0 5 10 15 20 25 30
Eb /N0 em dB

Fonte: Simulada pelo autor.


45

Figura 15 – Comparação do GFDM empregando esquemas STBC/híbridos com taxa de 4 bits


por uso do canal: G2+1 (QPSK), G3 (256-QAM) e MIMO 4x4 (BPSK) usando ZF.
100

10−1
Taxa de erro de bit

10−2

10−3
GFDM-G3 (256-QAM)
GFDM-G2+1 (QPSK)
MIMO-GDFM 4x4 (BPSK) e ZF
10−4
0 5 10 15 20 25 30
Eb /N0 em dB

Fonte: Simulada pelo autor.

vulnerável quando comparado à curva que utiliza codificação G3, na Figura 14, ou a curvas
que utilizem modulações de ordens menos elevadas. Para elevar seu desempenho é necessário
aumentar a relação sinal/ruído (SNR) e, assim, minimizar os efeitos do ruído para mantermos
uma taxa de erro de bit aceitável. Na mesma Figura 15 são exibidas as curvas para o GFDM-
G2+1 (QPSK) e MIMO 4x4 (BPSK) com detecção por ZF, que praticamente têm suas curvas
sobrepostas. O GFDM-G2+1 (QPSK) tem seu desempenho comprometido pela camada não
codificada, assim como o sistema de multiplexação puro, MIMO 4x4, que também transmite
símbolos não-codificados. Pelo fato de não apresentarem codificação, os desempenhos destes
dois sistemas se distanciam bastante do esquema G3 para SNRs mais altas, acima dos 15 dB,
como pode ser visto na referida figura.
46

5 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

Neste trabalho, motivado pela necessidade crescente de novas estruturas de trans-


missão para os cenário 5G, apresentou-se uma análise do desempenho da modulação GFDM
em Sistemas MIMO com Transceptores Híbridos / Hybrid MIMO Transceiver Systems (HMTS).
Estudos anteriores [DANNEBERG et al., 2015; MATTHÉ et al., 2014b; ÖZTÜRK et al., 2016]
caracterizaram o desempenho da modulação GFDM em alguns cenários com diversidade espa-
cial, mas sem considerar o caso HMTS. Após a contextualização da modulação GFDM/OQAM,
das várias estruturas de transmissão com diversidade e dos esquemas de transmissão híbridos,
incluindo uma possível estratégia de cancelamento da interferência entre camadas baseada em
diagonalização em bloco, foram apresentados os resultados das simulações de cada um deles
em termos da taxa de erro de bit (BER) em função da relação sinal/ruído (SNR) para diferentes
cenários.
A partir da análise dos resultados das simulações foi possível quantificar os ganhos
alcançáveis com a aplicação de várias técnicas de diversidade espacial em cenários considerando
a modulação GFDM. O caso híbrido aplicado à modulação GFDM, que é a contribuição deste
trabalho, apresenta um desempenho bem divergente entre as camadas, sendo o desempenho geral
afetado principalmente pelo pior caso (a camada de multiplexação que não é codificada).
Na sequência, aplicou-se ao caso híbrido o método de seleção de antenas e, neste
caso, foi obtido um resultado melhor comparado ao conjunto G2+1 geral. Considerando os
cenários que adotam abordagens de transmissão diferentes e de mesma taxa, os esquemas
híbridos também produziram um desempenho inferior quando comparado aos sistemas que
utilizam códigos de bloco espaço-tempo.
Em trabalhos futuros podem ser considerados esquemas híbridos que adotem co-
dificação na camada multiplexada e com ordens elevadas de modulação, a fim de atingir uma
melhor taxa de erro de bit, bem como esquemas não-lineares de cancelamento de interferência
entre as camadas para aprimorar o desempenho do sistema [CHO et al., 2010].
47

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