A Vida Vale A Pena Sser Vivida

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Conteúdo

Conteúdo ..................................... eu

. .......................................
Livros do Bispo Sheen. . . iii Prefácio . . . . ....... . . . v. Introdução
...... ix

. . . . . ..... . . . . . . ....... . . . . ......

Parte I: Deus e o Homem 1 A

Filosofia da Vida ....................... 1


2 Consciência ...................................... 7 3 Bem e Mal . . . . . 13 4 A Invasão
. . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . .
Divina 21 5 Alinhar os Requerentes . . . .
.... . . . . . . ....... . . . . .....
. . . . . . ....... . . . . .....
6 Verdade Revelada 7 . . . . . . . . . . . . . . ....... . . . . 29 . . . . .
... . . . . . . .....
Milagres 8 Revelação . . . . . . ....... . . . . 35 . . . . .
do Novo Testamento . . . . . . ....... . . . . 41 . . . . . 49

Parte II: Cristo e Sua Igreja 9 Divindade de

Cristo . ..... . . . . . . ....... . . . . .....


10 Humanidade de Cristo . . . . . . . . . . . ....... . . . . 61 . . . . .
11 A Santíssima Trindade . . . . . . . . . . . ....... . . . . 67 . . . . .
12 A Mãe de Jesus . . . . . . . . . . ....... . . . . 73 . . . . .
13 Cristo no Credo: Nascimento 14 . . . . . . ....... . . . . 81 . . . . .
Sofrimentos, Morte e Ressurreição . . . . . . . . . . 89 . . . . .
15 Ascensão 16 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 . . . . .
Espírito Santo . . . . . . ..... . . . . . . ....... . . . . 105 . . . . .
17 Igreja: Corpo de Cristo . . . . . . . . ....... . . . . . . . . . 113 121
18 Pedro: Vigário de Cristo . . . . . . . . . . ....... . . . . .....
19 Autoridade e Infalibilidade . . . . . . . ....... . . . . 129 . . . . .
20 Comunismo e Igreja . . . . ....... . . . . 137 . . . . . 143

eu
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Parte III: Pecado

21 Pecado Original e Anjos . . . . . . . . ....... . . . . .....


22 O Pecado Original e a . . . . . . ....... . . . . 151 . . . . .
. . . . .. . .. . . . . .
Humanidade 23 Efeitos do Pecado Original . . . . . . 157 . . . . .
24 Graça Santificante . . ..... . . . . . . ....... . . . . 163 . . . . . 169

Parte IV: Sacramentos


25 Graça e os Sacramentos . . . . . . . ....... . . . . .....
26 Batismo . . . . . . . . . ..... . . . . . . ....... . . . . 177 . . . . .
27 Confirmação . . . . . ..... . . . . . . ....... . . . . 185 . . . . .
28 Santa Eucaristia 29 . . . . . . . . . . . . . . . ....... . . . . 191 . . . . .
O Sacrifício Eucarístico . . . . . . . ....... . . . . 197 . . . . .
30 A Missa 31 .. . . . . . . ..... . . . . . . ....... . . . . 203 . . . . .
Pecado . ..... . . . . . . ..... . . . . . . ....... . . . . 209 . . . . .
32 Pecado e Penitência . . . . . . . . . . . . . . ....... . . . . ..... 215 221
33 Penitência 34
... . . . . . . ..... . . . . . . ....... . . . . .....
Sacramento dos Enfermos . . . . . . . . . . ....... . . . . 229 . . . . .
35 Ordens Sagradas . . . . . . . . . . . . . . . . ....... . . . . 237 . . . . .
36 O Sacramento do Matrimônio . . . . . ....... . . . . 243 . . . . . 251

Parte V: Mundo, Alma e Coisas


37 Sexo é um mistério . . ..... . . . . . . ....... . . . . .....
38 Prevenção do . . ..... . . . . . . ....... . . . . 259 . . . . .
Nascimento 39 As Quatro Tensões do . . . . . . . . . . . . . . . . . 265 . . . . .
. ..... . . . . . . .......
Amor 40 Problemas no Casamento . . . . 271 . . . . .
... . . . . . . .......
41 Mandamentos: I-III 42 Mandamentos: . . . . 277 . . . . .
IV-X . . . . . . . . ....... . . . . 283 . . . . .
43 A Lei do Amor: Compromisso Total . . . . . . . . . 289 . . . . .
44 Morte e Julgamento . . . . . . . . . . ....... . . . . 295 . . . . .
45 Purgatório . . . . . . . ..... . . . . . . ....... . . . . 301 . . . . .
46 O Céu Não Está Tão Longe . . . . . . ....... . . . . 307 . . . . .
47 O Inferno Existe 48 O . ..... . . . . . . ....... . . . . 313 . . . . .
Princípio Feminino na Religião . . . . . . . . . . 321 . . . . .
49 A Oração É Um Diálogo . . . . . . . . . . ....... . . . . 327 . . . . .
50 Mundo, Alma e Coisas . . . . . . . . ....... . . . . 335 . . . . . 343

Último desejo e testamento . . . . . . . . . ....... . . . . .....


Abreviaturas dos Livros Citações . . . . . . ....... . . . . 349 . . . . .
Bíblicas. . . ..... . . . . . . ....... . . . . 351 . . . . .
Índice . . . . . . . . . . . ..... . . . . . . ....... . . . . 353 . . . . . 359

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Livros do Arcebispo Sheen


1920 Filosofia e Religião, 1948
Deus e Inteligência, 1925 Paz de Alma, 1949
Religião sem Deus, 1928 1950
A vida de todos os vivos, 1929 Levante seu coração, 1950
1930 Três para se casar, 1951 O
O Divino Romance, 1930 primeiro amor do mundo, 1952
Antigos Erros Novos Rótulos, 1931 Vale a pena viver, vol. I, 1953 A vida
Humores e verdades, 1932 vale a pena ser vivida, vol. II, 1954
Via Sacra, 1932 Vida de Cristo, 1954 Caminho para a
Hino dos Conquistados, 1933 Felicidade, 1954 A Vida Vale a Pena
Sete últimas palavras, 1933 Viver, vol. III, 1955 Deus ama você,
O Eterno Galileu, 1934 1955 Pensando na vida, 1955
O Corpo Místico de Cristo, 1935 Pensamentos para a vida diária, 1955
Calvário e a Missa, 1936 A vida vale a pena ser vivida, vol. IV,
O Universo Moral, 1936 1956 A vida vale a pena ser vivida, vol.
A cruz e as bem-aventuranças, 1937 V, 1957
Liberdade, Igualdade e Fraternidade, 1938 1960
A Cruz e a Crise, 1938 Vá para o Céu, 1960
O arco-íris da tristeza, 1938 Isto é Roma, 1960 Esta
Vitória sobre o vício, 1939 é a Terra Santa, 1961 Estes São
1940 os Sacramentos, 1962 O Sacerdote
As Sete Virtudes, 1940 Não é Dele, 1963 Missões e a Crise
De onde vêm as guerras, 1940 Mundial, 1964 O Poder do Amor, 1965
Uma declaração de dependência, 1941 Esta é a Missa, Rev. Ed, 1965 Walk With
Por Deus e Pátria, 1941 God, 1965 Christmas Inspirations, 1966
Deus e Guerra e Paz, 1942 Footprints in a Darkened Forest, 1966
Filosofias na Guerra, 1943 Easter Inspirations, 1967 Guide to
A Armadura de Deus, 1943 Contentment, 1967
O Veredicto Divino, 1943
Amem-se uns aos outros, 1944
Sete Pilares da Paz, 1944 1970
Sete Palavras à Cruz, 1944 Aqueles Sacerdotes Misteriosos,
Sete Palavras de Jesus e Maria, 1945 1974 Vida de Cristo, Rev. Ed, 1977
Personagens da Paixão, 1946 A Vida Vale a Pena Viver, Primeira e
Filosofia da Ciência, 1946 Segunda Séries Resumidas, 1978
Prefácio à Religião, 1946 A Vida de Todos os Viventes, Rev. Ed, 1979
Jesus, Filho de Maria, 1947 1980
Comunismo e a Consciência do Ocidente, Tesouro em argila: a autobiografia de
1948 Fulton J. Sheen, 1980

iii
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Bernard's
Archives
Institute
cortesia
Bishop
Sheen
Foto
St.
do

O Arcebispo Sheen foi Diretor Nacional da Sociedade para a Propagação da Fé de 1950


a 1966. Ele é retratado aqui em seu escritório em Nova York.

Cortesia
Faith,
Keep
Inc.
foto
the
da

O trabalho original foi produzido em discos em 1965.

4
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Prefácio

Esta .éJ.a Sheen.


história Descobri
de uma amizade nascida
o arcebispo através
Sheen dos escritos
no verão de Fulton
de . Depois de
se formar na Academia Militar dos Estados Unidos em West Point,
o coronel reformado do Exército Richard F. Aschettino fez amizade
comigo. Ele completou um mestrado em filosofia e escreveu sua tese
sobre Sheen. “Asch” me apresentou a escrita de Sheen e fui
imediatamente arrebatado por seu dom de comunicação e li trinta de
seus livros doze meses depois de minha apresentação a ele. enquanto
procurava por outros livros de Sheen, eu consegui durante a busca
, uma
O título original deste
cópia
conjunto
das gravações
de recordes
queera
ele“Life
havia
is Worth
ditado em .
Living”. Embora as gravações tivessem o mesmo título e formatopopular do
programa de televisão, esse compêndio oral não tinha relação alguma
e foi produzido oito anos depois de o programa ter saído do ar, na
conclusão do Vaticano II. O formato do programa de televisão
apresentava uma nova mensagem para o público em geral a cada
semana, não necessariamente religiosa e nem sempre relacionada ao
programa anterior, mas sempre com a esperança de aproximar uma
alma de Deus. Este trabalho avança o do programa de televisão.
Sheen se baseia em cada lição e atrai a alma individual para um
relacionamento pessoal com Cristo.

As gravações foram feitas na privacidade da residência de Sheen em


Nova York. Sem o uso de anotações, o trabalho fluiu de seu coração, valendo-
se de quarenta e cinco anos de experiência como sacerdote. Cada tópico
durou cerca de vinte e cinco minutos. Para ilustrar seus pontos, ele usou
muitas histórias de sua própria vida, além de fazer referência a mais de
quatrocentos e cinquenta passagens das escrituras e muitos poetas e autores famosos.
Sócrates disse: “O melhor sabor para beber é a sede”. O grande apelo de
Sheen se devia ao fato de ele se relacionar com pessoas de todas as religiões

em
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

fundos. Estima-se que ele tenha recebido milhões de cartas pessoais como
resultado de seus ministérios de rádio e televisão, com apenas um terço
vindo de católicos. Este trabalho foi uma tentativa de saciar a imensa sede
espiritual das pessoas ao redor do mundo. A demanda internacional pela
mensagem de Sheen foi além de sua capacidade de atender a cada
solicitação individual. Ele criou esta enciclopédia de vinil para atender às
necessidades de centenas de milhares que escreveram para orientação
pessoal. Enquanto Cristo operava o milagre da multiplicação para alimentar
os cinco mil, Sheen, usando tecnologia moderna, criou uma obra de
multiplicação que alimentou e continua a alimentar dezenas de milhares. Ele
era um grande professor e padre, e o mundo era sua paróquia.

Sheen foi Diretor Nacional de Propagação da Fé de . O conjunto de


discos foi produzido e distribuído
como parte de pela Propagation
um conjunto of the
de vinte Faith álbuns.
e cinco Recordings
Não
se sabe quantos conjuntos foram fabricados, mas a distribuição comercial
excedeu as cópias desde sua morte. Não consegui localizar as gravações
originais durante duas visitas ao St. Bernard's Institute no verão
eles ainda não de . Talvez
tenham sido
descobertos entre os mais de cinco mil itens dos Arquivos Fulton J. Sheen
em Rochester, Nova York.

Criado como luterano, não pretendia me tornar católico quando comecei


a ler os escritos de Sheen, apenas para expandir meu conhecimento. Escutei
atentamente as vinte e uma horas de informação e ao final decidi me
converter. O trabalho forneceu uma base sólida para iniciar meus estudos.
Três anos depois de minha conversão, recebi a inspiração de colocar os
registros em forma de livro.
Encontrei muitas oportunidades de compartilhar partes dele com outras
pessoas, pois as palavras de Sheen oferecem soluções práticas para
problemas modernos. É uma enciclopédia para navegar pelos desafios da
vida. Dividi o livro em cinco partes: (1) Deus e o Homem, (2) Cristo e Sua
Igreja, (3) Pecado, (4) Sacramentos e (5) Mundo, Alma e Coisas.
Não consigo explicar por que comecei a transcrever este belo trabalho
no outono de . Era como mese o próprio Sheen
discretamente falasse
a passar umacomigo, encorajando-
hora com ele todas as
noites.
Nos cinco meses seguintes, antes de me deitar todas as noites, transcrevi
esta obra palavra por palavra. Quando terminei, havia mais palavras. A
edição reduziu o texto para cerca de

nós
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Prefácio

palavras. O que foi editado são as falhas que ocorrem durante uma gravação
improvisada: erros de pronúncia, redundâncias e erros. As ilustrações
datadas foram removidas para permitir um discurso moderno.

Espero que gostem deste livro que é uma viagem e reflexão através da
vida espiritual. Se você já está familiarizado com as obras de Fulton J.
Sheen, sua única decepção será que ele não publicou as gravações na
forma escrita originalmente ou que o processo demorou tanto para trazê-las
para você. Para aqueles que o conheceram pela primeira vez através deste
livro, rezo para que a edição não tenha diminuído o significado que ele
pretendia. O propósito do livro é triplo: (1) continuar o trabalho de Sheen de
espalhar a Luz no mundo, (2) renovar o compromisso de liderança espiritual
em famílias, igrejas e comunidades e (3) criar um registro histórico de uma
obra que Sheen levou meses para produzir. É um chamado para servir a
Cristo mais de perto no mundo e responder com fé. Aqueles que ouviram
esse chamado gentil entenderão. Por fim, esta obra oferece soluções práticas
para problemas mundanos, independentemente da afiliação religiosa.

As tentativas de publicar o volume no final dos anos não tiveram


sucesso. Em recebi ordens do
, guardar Exércitoonde
o projeto, parapermaneceu
me transferirpor
para a Europa
onze e
anos. No
outono de redescobri a obra e assumi o compromisso pessoal de publicá-la.
Sheen colocou duas pessoas em meu , esforço.
caminho para ajudar a completar o

Enquanto consultor de negócios do Wyoming Seminary em Kingston,


Pensilvânia, conheci Esther B. Davidowitz na primavera de Meu .
escritório era no centro de artes cênicas onde Essy estava tendo aulas de
harpa. Eu estava lutando há meses editando o trabalho quando Essy bateu
na minha porta um dia em maio. Ela havia sido acidentalmente trancada fora
de sua sala de prática e me procurou para obter acesso. Enquanto
conversávamos, mencionei que estava trabalhando em um livro do bispo
Sheen. Ela se iluminou de entusiasmo e relembrou muitas horas felizes em
que ela e sua família assistiram à série “Life is Worth Living” na televisão. Ela
pediu para ver este tesouro católico de palavras e eu compartilhei com ela.
Ela explicou que foi editora e editou vários livros. Uma parceria foi
imediatamente formada!

vii
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Um dia fui falar com a enfermeira da escola, Maureen Umphred.


No decorrer de nossa conversa, ela indicou que seu marido trabalhava
para uma importante gráfica internacional. Peguei seu nome e número e
liguei para marcar uma visita às instalações. Por meio desse incidente
casual, encontrei uma impressora para o livro. Coincidência é a maneira
de Deus permanecer anônimo.
Muitas pessoas ajudaram no desenvolvimento de Your Life is Worth
Living. Agradeço ao reverendo monsenhor Thomas Gervasio, que me
instruiu na fé católica e me incentivou a usar as gravações do arcebispo
Sheen. Agradecimentos aos muitos sacerdotes que ajudaram a fornecer
as traduções para o latim, francês e grego, especialmente o Reverendo
Monsenhor James Mulligan, STL Um agradecimento especial a Esther
B. Davidowitz, que forneceu a difícil tarefa de editar as transcrições
originais. Tivemos a sorte de contar com a inspirada assistência editorial
do professor Alfred S. Groh como gramático. Siena Finley, RSM,
Professor Kenneth D. Hines, Edwina Ustynoski, Paul Buckalew, Elizabeth
Reinartz e Laurie Siebert compartilharam sua sabedoria católica.
Agradecimentos à Irmã Pat Schoelles, SSJ, Irmã Connie Derby, RSM,
Bob Vogt e Patrick Mulich do St. Bernard's Institute em Rochester, Nova
York, que disponibilizaram os Arquivos do Bispo Sheen durante o verão
de . Acima de tudo, agradeço à minha esposa e família, quepaciência
tiveram e
fé infinitas ao longo deste projeto. Deus te ama!

Jon Hallingstad
Germansville, Pensilvânia
10 de junho de 2001

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Introdução

As mulheres são acusadas


. os homens departe!
fazem a sua fazer toda a conversa. Isso é para provar que
Lembro-me de voltar da Europa um ano e o mordomo apareceu no convés do
navio e disse: “Você é o bispo Sheen, que deu o sermão missionário na Catedral
de St. Patrick há dois anos?”

Eu disse sim."
Ele disse: “Foi um sermão maravilhoso. eu aproveitei cada minuto
daquela hora e meia.”
Eu disse: “Meu bom homem, nunca falei uma hora e meia na minha vida!”

“Bem,” ele disse, “me pareceu muito tempo.”


Agora, isso vai durar mais de uma hora e meia.
Tivemos alternativas para fazer este trabalho. Uma alternativa era escrever
tudo o que eu ia dizer e depois ler para você. A outra alternativa era estudar,
meditar e depois falar com toda a plenitude do meu coração, sem anotações. Esse
é o caminho que escolhi. O segundo método tem muitas imperfeições. Haverá
falhas, erros, vou perder uma palavra aqui e ali e tenho certeza absoluta que
chegará um momento em sua vida que você gostaria que eu tivesse lido! Você
estará um pouco na posição em que Deus deve ter estado quando criou Adão. Ele
olhou para Adam e disse: “Eu poderia fazer melhor do que isso!” E então Ele fez
Eva.

Fulton J. Sheen
Nova York, Nova York,
dezembro de 1965

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

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PARTE I
- Deus e Homem -

“O que você tem que não foi dado a você?


E se foi dado, como você pode se gabar como se fosse seu?

(1 Cor. 5:7)

“Se é uma coisa terrível cair nas mãos do Deus vivo, coisa
mais terrível ainda é cair delas.”

— Fulton J. Sheen
Foto
cortesia
do
St.
Bernard's
Institute
Bishop
Sheen
Archives
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Capítulo um

A filosofia de vida
ser para você. Existem duas maneiras de acordar de manhã
Paz ing. . Uma é dizer: “Bom dia, Deus”, e a outra é
diga: "Bom Deus, bom dia!" Vamos começar com o segundo.
As pessoas que acordam dessa forma têm uma ansiedade em relação à
vida. A vida parece um tanto absurda para eles e uma literatura considerável
está sendo produzida hoje sobre o absurdo da vida. Uma das melhores
expressões desse absurdo é um romance com duas fábricas de cada lado de um rio.
Uma fábrica pegava grandes pedras, esmagava-as e moía-as em pó e
despachava o pó para o outro lado do rio, onde outra fábrica as
transformava em grandes pedregulhos. Em seguida, os pedregulhos
foram enviados de volta para a primeira fábrica e assim a rotina continuou.
Esta é uma expressão literária da maneira como as pessoas encaram a vida hoje.
Pode-se encontrar esse absurdo expresso nos escritos de um
existencialista que imaginou três pessoas no inferno. Cada um queria
falar de si, das suas dores e das suas dores. Os outros só estavam
interessados em suas próprias dores e sofrimentos. Finalmente,
quando a cortina cai, a última linha da peça é: “Meu vizinho é o inferno!”
que é a maneira como algumas pessoas vivem. Junto com esse senso
de absurdo, há também um desvio. Muitas mentes são como o rio Old Man; eles

1
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

apenas continue flutuando, sem objetivo, apenas uma espécie de flecha sem
alvo, peregrinos sem santuário, viagens no mar sem qualquer tipo de porto. Qual
é a conclusão comum das pessoas que acordam e dizem: “Bom Deus, bom
dia”? Para eles, a vida não tem sentido; é sem propósito, objetivo ou destino.

Lembro-me de quando fui para a Europa estudar pela primeira vez como
um jovem padre. Eu fazia cursos de verão na Sorbonne, em Paris, principalmente
para aprender francês. Eu morava em uma pensão que pertencia a Madame
Citroën. Eu estava lá cerca de uma semana quando ela veio até mim e disse
algo, mas era tudo francês para mim. Você fica com tanta raiva em Paris porque
os cachorros e os cavalos entendem francês, e você não! Havia três professores
de escola americana morando na pensão e eu pedi a eles que atuassem como
intérpretes.
Esta é a história que saiu.
Madame Citroën disse que depois de seu casamento, seu marido a
deixou e uma filha que nasceu deles se tornou um desastre moral nas
ruas de Paris. Então ela tirou do bolso um pequeno frasco de veneno.
Ela disse: “Eu não acredito em Deus e se houver um, eu o amaldiçoo.
Resolvi, já que a vida não tem sentido e é absurda, tomar este veneno esta
noite. Você pode fazer alguma coisa por mim?”
Por meio do intérprete, eu disse: “Posso, se você for levar essas coisas!”

Pedi a ela que adiasse o suicídio por nove dias. Acho que é o único caso
registrado de uma mulher adiando o suicídio por nove dias. Eu nunca orei antes
como orei por aquela mulher. No nono dia, o bom Deus deu-lhe grande graça.
Alguns anos depois, a caminho de Lourdes, parei na cidade de Dax, onde
desfrutei da hospitalidade de Monsieur, Madame e Mademoiselle Citroën.

Eu disse ao pároco da aldeia: “Os Citroën são bons católicos?”


“Oh,” ele disse, “é maravilhoso quando as pessoas mantêm a fé durante
toda a vida.”
Obviamente, ele não conhecia a história. Então é possível encontrar
uma maneira de sair desse absurdo.
Vamos a uma pergunta que interessa a todos os psiquiatras e a todos nós:
“Qual é a diferença entre uma pessoa normal e uma anormal?” Uma pessoa
normal sempre trabalha em direção a um objetivo ou propósito; o anormal busca
mecanismos de fuga, desculpas e racionalizações para evitar descobrir o sentido
e o propósito da vida. O

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Parte I: A Filosofia de Vida

pessoa normal estabelece para si uma meta. Um jovem pode querer


ser médico ou advogado, mas além disso há algo mais.
Suponha que você pergunte: “O que você quer fazer depois de se tornar um
médico?”
“Bem, eu quero me casar e criar filhos.”
"E então?"
“Seja feliz e ganhe dinheiro.”
"E então?"
“Dê dinheiro aos meus filhos.”
"E então?"
Vem um último: “E então?” A pessoa normal sabe o que é esse
“e então”. A pessoa anormal está trancada dentro do barril de seu
próprio ego. Ele é como um ovo que nunca foi chocado. Ele se recusa
a submeter-se à incubação divina para chegar a uma vida diferente
da que tem.
Quais são alguns dos mecanismos de fuga da pessoa anormal?
Se ele quer ir de Nova York a Washington, não está preocupado
com Washington; ele está preocupado em dar desculpas para não ir
a Washington. Um mecanismo de fuga comum para a pessoa anormal
é o amor pela velocidade. Acredito que um amor excessivo pela
velocidade, ou devo dizer, um amor excessivo pela velocidade, se
deve à falta de um objetivo ou propósito na vida. Portanto, eles não
sabem para onde estão indo, mas certamente estão a caminho! Pode
até haver um desejo inconsciente ou semiconsciente de acabar com
a vida porque é sem propósito. Outra fuga pode ser o sexo, bem como
lançar-se nos negócios de uma forma anormal, a fim de ter a
intensidade de uma experiência para expiar uma falta de objetivo ou propósito.
Um psiquiatra muito famoso, Dr. Carl Jung, disse que depois de
vinte e cinco anos de experiências lidando com pacientes mentais, pelo
menos um terço de seus pacientes não tinha neurose clínica observável.
Todos eles estavam sofrendo de uma falta de significado e propósito da
vida, e não até que descobrissem que algum dia seriam felizes. A grande
maioria das pessoas hoje sofre do que se poderia chamar de neurose
existencial, a ansiedade e o problema de viver. Eles perguntam: “O que
é isso tudo?” "Para onde eu vou daqui?" “Como faço para encontrá-lo?”
Você pode estar pensando, agora vou dizer para você se ajoelhar
e orar a Deus. Não, eu não sou. Posso dizer isso um pouco mais
tarde porque as pessoas que têm neurose existencial estão muito longe

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

disso por enquanto. Estou oferecendo duas soluções: a primeira, sair


e ajudar o próximo. Quem sofre de ansiedade da vida vive só para si.
Sua mente e coração foram represados. Toda a escória do rio da vida
torna o coração e a mente uma espécie de lixo, e a saída mais fácil é
amar as pessoas que você vê. Se não amamos aqueles que vemos,
como podemos amar a Deus, a quem não vemos? Visite os doentes.
Seja gentil com os pobres.
Ajude a cura dos leprosos. Encontre seu vizinho, e um vizinho é
alguém necessitado. Depois de fazer isso, você começa a sair da
casca. Você descobre que seu próximo não é o inferno, como diz
Sartre, seu próximo é parte de você e é uma criatura de Deus.
Um pai trouxe seu filho para mim, um jovem delinquente vaidoso,
que havia desistido de sua fé e era amargo consigo mesmo e com
todos que encontrava. Após nossa visita, o menino fugiu de casa por
um ano. O menino voltou tão mal e o pai o trouxe até mim perguntando:
“O que devo fazer com ele?” Aconselhei-o a mandar o filho para uma
escola fora dos Estados Unidos. Cerca de um ano depois, o menino
voltou para me ver, perguntando: “Você estaria disposto a me dar
apoio moral para um empreendimento que empreendi no México?
Tem um grupo de meninos no colégio onde estou, que construíram
uma escolinha. Percorremos toda a vizinhança e trouxemos crianças
para ensinar-lhes o catecismo. Também trouxemos um médico dos
Estados Unidos, uma vez por ano durante um mês, para cuidar dos
doentes do bairro”.
E eu perguntei: “Como você se interessou por isso?”
Ele respondeu: “Os meninos foram para lá durante o verão e eu
me juntei a eles”.
Recuperou a fé, a moral e tudo mais no próximo. São os pobres,
indigentes, necessitados, doentes, semelhantes a Deus, que nos dão
grande força.
Há alguns anos, um indiano foi para o Tibete. Ele foi evangelizar
naquele país não cristão com um guia tibetano. Durante a viagem,
eles sentiram muito frio atravessando os sopés dos Himalaias e
sentaram-se exaustos e quase congelados.
Este índio, cujo nome era Singh, disse: “Acho que ouvi um homem
gemendo lá no abismo!”
O tibetano disse: "Você está quase morto, não pode ajudá-lo!"

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Parte I: A Filosofia de Vida

Singh disse: “Sim, eu o ajudarei”.


Ele desceu e arrastou o homem para fora do abismo e carregou-o
para a aldeia próxima e voltou completamente revigorado daquele ato de
caridade. Quando ele voltou, encontrou seu amigo, que se recusou a
ajudar o vizinho, congelado até a morte. Portanto, a primeira maneira de
escapar da ansiedade da vida é encontrar o próximo.
A segunda maneira é deixar-se aberto a experiências e encontros
com o divino que virá de fora para você.
Eu digo, deixe-se aberto. Seu olho não tem luz. Seu ouvido não tem som
ou harmonia. A comida do seu estômago vem de fora.
Sua mente foi ensinada. Um rádio capta ondas invisíveis do lado de fora.
Permita-se receber certos impulsos que vêm de fora e que irão aperfeiçoá-
lo. Não importa o quão longe você esteja do que estou falando, eles ainda
virão.
Lembro-me de convidar para me ver uma mulher que acabara de
perder sua filha de dezoito anos.1 Ela era muito rebelde e não tinha fé
alguma.
Ela disse: “Quero falar sobre Deus”.
Eu disse: “Tudo bem, falarei sobre Ele por cinco minutos, e então
você falará sobre ou contra Ele por quarenta e cinco, e então teremos
uma discussão”.
Eu estava falando há cerca de dois minutos quando ela me
interrompeu. Ela enfiou o dedo debaixo do meu nariz e disse: “Escute, se
Deus é bom, por que Ele levou minha filha?”
Eu disse: “Para que você possa estar aqui, aprendendo algo sobre o
propósito e o significado da vida”.
E foi isso que ela aprendeu.
Estou sugerindo que você não apenas raciocine sobre o significado
e o propósito da vida; você agirá de acordo com o significado e o propósito
da vida, quebrando a casca do egoísmo e do egoísmo e limpando as
janelas de sua vida moral para permitir a entrada da luz do sol. Você não
estaria buscando a Deus se ainda não o tivesse, de alguma forma,
encontrado. . Você é um rei no exílio com um reino. Nós lhe contaremos
mais adiante.

1 A conversão de Clare Booth Luce

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Capítulo dois

Consciência

Um homem
. noitedo teatrodeveio
depois umme ver ele
show, e contou
estavaesta história. Um
conversando com uma série de teatrais
pessoas nos bastidores que perguntavam: “Você é católico?”
Ele disse: “Eu costumava ser, mas fiz leituras consideráveis em religião
comparada, psicologia, psiquiatria e metafísica, e tive que desistir. Ninguém poderia
responder às minhas perguntas.”
Alguém sugeriu: “Por que você não vai ao Bispo Sheen, tem
ele responder às suas perguntas?
Ele disse: “Então, aqui estou e tenho uma série de perguntas que gostaria de
fazer a você”.
Eu disse: “Antes de fazer uma única pergunta, volte para o seu hotel e livre-se
daquela corista com quem você está morando. Então volte e faça as perguntas.”

Ele levantou as mãos, riu e disse: “Oh, certamente! Eu sou


tentando te enganar assim como eu me enganei.
Eu o vi pouco tempo depois e perguntei: “Você ainda está fora da pista, não
está?”
Ele disse: “Sim, mas não joguei fora o mapa”.

7
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Aqui estava um exemplo perfeito de alguém encobrindo a consciência.


A consciência carrega conosco uma espécie de réplica insuportável. Somos
muito diferentes das outras criaturas por mais que insistamos em semelhanças.
O que nos torna diferentes é que podemos refletir sobre nós mesmos.
Nenhuma pedra pode transformar uma parte de si mesma em outra parte.
Nenhuma página de um livro pode ser tão completamente absorvida em outra
página do livro que compreenda aquela página. Mas nós, humanos, temos o
poder de olhar para nós mesmos em uma espécie de imagem. Podemos
estar satisfeitos com nós mesmos; podemos ficar com raiva de nós mesmos.
É possível que tenhamos todos os tipos de tensões que não acontecem com os animais.
Você nunca verá um galo ou um porco com complexo de Édipo. Nenhum
animal jamais tem um complexo. Os cientistas induziram úlceras em alguns
animais, mas os humanos as introduziram. O animal entregue a si mesmo
nunca sente essa tensão. Sentimos uma tensão entre o que somos e o que
deveríamos ser, entre o ideal e o fato. Somos como um alpinista; vemos o
pico no topo para o qual estamos subindo e, abaixo, vemos o abismo no qual
podemos cair a qualquer momento.

Por que a consciência nos incomoda dessa maneira particular quando


não incomoda o resto das criaturas? Pense em quantas maneiras anormais
existem de evitar nossas consciências. Comprimidos para dormir e alcoolismo
são apenas algumas maneiras de evitar essa réplica insuportável. Você já
notou como algumas pessoas se tornam pessimistas? Eles estão sempre
esperando chuva no dia do piquenique. Tudo vai acabar sendo uma
catástrofe. Por que eles têm essa atitude? Em seus próprios corações e
almas, eles sabem como estão vivendo e violando sua consciência merece
um julgamento desfavorável. Assim, eles trazem de volta o julgamento sobre
si mesmos e estão sempre esperando a cadeira elétrica. Seus julgamentos
são influenciados por atitudes pessimistas.
Outra manifestação psicológica da evitação da consciência é a
hipercrítica. O vizinho está sempre errado! Você já reparou nas cartas que
são enviadas aos jornais? Eles começam criticando o vizinho.

“O problema com meu marido é…”


“Eu não suporto minha esposa porque…”
“Meu filho é teimoso...”
O vizinho pobre nunca pode fazer nada de bom nos assuntos comuns da
vida.

8
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Parte I: Consciência

Por que essa atitude hipercrítica? Abraham Lincoln uma vez deu a resposta
certa para isso. Ele estava internado em um hospital em Alexandria durante a
Guerra Civil, numa época em que os presidentes não eram muito conhecidos.
Seu secretário de imprensa não havia divulgado suas fotos! Quando Lincoln
entrou no hospital, um jovem correu para ele e o jogou esparramado no chão.

Ele gritou para Lincoln: "Saia do caminho, seu grande, comprido, magro,
esguio, rígido!"
O presidente olhou para ele e disse: “Jovem, o que é
incomodando você por dentro?”
E assim, com a hipercrítica, estamos conscientes de um verdadeiro senso
de justiça, mas constantemente temos que corrigir todos os outros. Por exemplo,
não podemos entrar em uma sala onde há uma série de fotos, e uma delas está
duas polegadas errada, sem endireitar essa foto.
Queremos tudo em ordem. Queremos tudo em ordem, menos nós mesmos.

Há fugas mais sérias dessa réplica insuportável.


A natureza humana sempre agiu da mesma maneira. Voltemos a Shakespeare.
Em sua grande tragédia, Macbeth, Shakespeare, muito antes de termos
qualquer uma das profundas descobertas da psiquiatria, descreveu um caso
perfeito de psicose e um caso perfeito de neurose. Foi Macbeth que teve a
psicose; Lady Macbeth, sua esposa, tinha a neurose. Você se lembra da
história? Para obter o trono, eles mandaram assassinar Banquo, o rei. A
consciência incomodou tanto Macbeth que ele desenvolveu uma psicose e
começou a ver o fantasma de Banquo.
Imaginou tê-lo visto sentado a uma mesa. A adaga que matou o rei estava
constantemente diante dele: “O que é esta adaga diante dos meus olhos?”1 A
imaginação era a projeção de sua culpa interior. Observe a grande sabedoria
de Shakespeare ao apontar que sempre que há uma revolução contra a
consciência, segue-se o ceticismo, a dúvida, o ateísmo e a completa negação
da filosofia de vida. Macbeth chegou a um estágio em que para ele a vida era
apenas uma vela e não tinha sentido:

Amanhã, e amanhã, e amanhã Rasteja neste


ritmo mesquinho de dia para dia, Até a última
sílaba do tempo registrado, E todos os nossos
ontens iluminaram tolos O caminho para a morte
empoeirada. Apague, apague, breve vela!2

9
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

O ceticismo, o agnosticismo e o ateísmo não têm fundamentos


racionais. Seus fundamentos estão na ordem moral com uma revolta contra
a consciência.
Olhe para Lady Macbeth; sua culpa se manifestou em uma neurose.
A criada disse de Lady Macbeth que ela lavava as mãos a cada quinze
minutos.3 Havia um sentimento de culpa nela e, em vez de lavar a alma,
como deveria ter feito, ela o projetava nas mãos. Ela disse: “Nem todos os
perfumes da Arábia adoçarão esta mãozinha.”4 Eu estava instruindo uma
jovem e ela havia passado quinze horas gravando fitas e discos. Após a
primeira instrução sobre confissão, ela disse à minha secretária:
“Terminei. Sem mais aulas. Não quero ouvir mais nada sobre a Igreja
Católica”.

Minha secretária ligou e eu disse para ela terminar as outras três sobre
o assunto da confissão e então eu iria vê-la. No final dos três ela estava
em verdadeira crise, gritando e berrando: “Deixe-me sair daqui! Nunca
mais quero ouvir nada sobre a Igreja!”

Levou cerca de cinco minutos para acalmá-la.


Eu disse: “Escute, não há absolutamente nenhuma proporção entre o
que você ouviu e a maneira como você está agindo, então deve haver
alguma outra coisa. Você sabe o que eu acho que está errado? Acho que
você fez um aborto.
Ela disse sim!"
Ela estava tão feliz que estava fora. Sua má consciência surgiu como
um ataque à confissão; as verdades da fé não eram o problema.
Freqüentemente, descobrimos que um ataque à religião satisfaz uma
consciência inquieta no momento.
A consciência é algo como os Estados Unidos, que é dividido em três
escritórios: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. O Legislativo: O
Congresso faz as leis. O Executivo: o Presidente testemunha a conformidade
da lei em ação. O Judiciário: o Supremo Tribunal julga essa conformidade.
Tudo isso está dentro de nós.
Em primeiro lugar, temos um Congresso. Há uma lei interna que diz:
“Farás, não farás”. A consciência nos faz sentir bem depois, e o errado nos
faz sentir mal. De onde vem essa lei?
De mim mesmo? Não. Se eu conseguisse, poderia desfazê-lo. Isso vem
da sociedade? Não, porque às vezes a consciência me elogia

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Parte I: Consciência

quando a sociedade me condena; e às vezes a consciência me condena


quando a sociedade me elogia. De onde vem o lado executivo da consciência
que julga se eu obedeci ou não à lei? Diz: “Eu estava lá; Eu vi você!" Outros
dirão: “Não dê atenção a isso!” Sabe-se muito bem que se deve! Sabe-se
também os motivos que inspiraram o ato.

Por fim, a consciência nos julga e elogia certas ações.


Sentimos um pouco a mesma felicidade e alegria que sentiríamos ao sermos
elogiados por um pai ou uma mãe. Sentimos a mesma tristeza e infelicidade
de quando somos condenados por um pai ou uma mãe. Deve haver alguém
por trás da consciência, o Tu divino, que é o padrão de nossa vida. A maioria
dos problemas mentais que sofremos hoje é devido a uma revolta mental
contra esta lei que está escrita em nossos próprios corações.
Quando as pessoas voltam à consciência, a paz e a felicidade voltam.
A vida é muito diferente. O que buscamos é a paz da alma.
A consciência nos diz quando erramos, então sentimos como se
tivéssemos quebrado um osso por dentro. Um osso quebrado dói porque o
osso não está onde deveria estar; nossa consciência nos incomoda porque
a consciência não está onde deveria estar. Graças ao poder da auto-reflexão,
podemos nos ver, principalmente à noite. Como disse o poeta: “Todo ateu
tem medo do escuro”. E é uma voz gentil, dizendo: “Você está infeliz, este
não é o caminho.” Sua liberdade nunca é destruída. Você sente a doce
convocação e pergunta: “Por que não é mais forte?” É forte o suficiente se
quisermos ouvir.
Deus respeita a liberdade que nos deu. Você pode ter visto uma pintura
de Holman Hunt de nosso abençoado Senhor batendo em uma porta coberta
de hera com uma lanterna na mão. Holman Hunt foi criticado por essa
pintura. Os críticos disseram que não havia trinco do lado de fora da porta, o
que é certo. Foi consciência; a porta é aberta por dentro!

1 Macbeth, II, i.
2 Ibidem, V, v.
3 Ibidem, V, i.

4 Ibid.

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Capítulo três

O bem e o mal

Ninguém nasce ateu ou


. possibilidade de cético,
semprealguém quea duvida
descobrir da Essas
verdade. pos- atitudes são feitas
menos pela maneira como se pensa do que pela maneira como se vive. Se não
vivemos como pensamos, logo começamos a pensar como vivemos. Adequamos
nossa filosofia às nossas ações e isso é ruim.
Deixe-me contar a história de um ateu em Londres, Inglaterra. Eu costumava
fazer um trabalho considerável na Paróquia de São Patrício, na Praça do Soho.
Certa manhã de domingo, entrei na frente da igreja para ler a missa e encontrei
uma jovem de pé em frente ao parapeito da comunhão, arengando à congregação.
Ela estava dizendo: “Deus não existe!
Há muito mal no mundo! A razão não pode transcender o sentido!
É impossível concluir a Sua existência!” “Toda noite,” ela disse, “eu saio para
o Hyde Park. Eu falo contra Deus. Eu circulo pela Inglaterra, Escócia e País
de Gales com panfletos denunciando a crença na existência de Deus.”

Quando cheguei ao corrimão da comunhão, eu disse a ela: “Mocinha, estou


muito feliz em ouvir você dizer que acredita na existência de Deus.”
Ela disse: “Seu idiota, eu não!”

13
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Eu disse: “Eu entendi que você disse exatamente o contrário. Suponha


que eu saísse todas as noites para Hyde Park e falasse contra fantasmas de
vinte pés e dez centauros. Suponha que eu circule pela Inglaterra, Escócia e
País de Gales, denunciando a crença nesses fantasmas e nesses centauros.
O que aconteceria comigo?”
Ela disse: “Você seria louco! Eles iriam prendê-lo!
Eu disse: “Você não coloca Deus na mesma categoria dessas fantasias
da imaginação? Por que eu seria louco atacando eles e você não é louco
atacando Deus?”
Ela disse: “Eu não sei. Por que?"
Eu disse: “Porque quando ataco esses fantasmas da imaginação, estou
atacando algo irreal, mas quando você ataca Deus, está atacando algo tão
real quanto o golpe de uma espada. Você acha que teríamos algo como
proibição no mundo, a menos que houvesse algo para proibir? Poderia haver
leis anti-cigarro a menos que houvesse cigarros? Como pode haver ateísmo
a menos que haja algo para comer?”

Ela disse: “Eu te odeio!”


Eu disse: “Agora você deu a resposta.”
O ateísmo não é uma doutrina, é um grito de ira.
Existem dois tipos de ateus. Existem pessoas simples que leram um
pouco de ciência e admitem, provavelmente, que Deus não existe; mas o
outro tipo de ateu é militante, como o comunista.
Eles realmente não negam a existência de Deus, eles desafiam Deus.
É a realidade de Deus que os salva da insanidade. É a realidade de Deus
que lhes dá um objeto real contra o qual podem descarregar seu ódio.

Depois de discutir as atitudes que qualquer alma pode tomar


diante das provas, investigaremos o conhecimento de Deus. Como
Deus sabe? Deus sabe olhando para si mesmo como um arquiteto.
Nós sabemos olhando para as coisas. Antes de construir um edifício,
um arquiteto pode dizer o tamanho, a localização, a altura e o número
de elevadores, porque ele é o projetista do edifício.
Deus é a causa da própria existência do universo. Um arquiteto olha
para sua própria mente para entender a natureza daquilo que projetou. Um
poeta conhece seus versos em sua própria mente, então Deus conhece
todas as coisas olhando para Si mesmo. Ele não precisa esperar que você
vire uma esquina antes de saber que você está fazendo isso. Ele

14
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Parte I: Bem e Mal

não vê garotinhos colocando os dedos no pote de biscoitos e conclui que


estão roubando. Tudo está nu e aberto aos olhos de Deus. Não há futuro em
Deus. Não há passado em Deus. Existe apenas o presente.

Suponha que você caminhasse por um cemitério no qual visse uma


sucessão de lápides pertencentes à mesma família. A primeira lápide estava
inscrita: Ezekiel Hingenbotham, morreu. Então você caminhou um pouco mais e
viu outra lápide onde se lia: Hiram Hingenbotham, morreu Mais alguns
passos: Nahum Hingen botham, morreu .Hingenbotham,
; ainda mais adiante:
falecido.Reginald
Essas lápides
indicariam uma sucessão de Suponha
tempo. eventos que
queaconteceram no oespaço
você sobrevoe e noem um
cemitério
avião; então você veria tudo de uma vez. É assim que a história deve
parecer para quem está fora do tempo.

Imagine que você está olhando para um rolo de filme que tem a história
completa, ou drama, não escrito em cada centímetro dele. Suponha que o
rolo de filme esteja consciente. Se fosse, saberia toda a história. Mas, se
você e eu quiséssemos saber toda a história, teríamos que esperar até que
esse filme fosse desenrolado na tela. Só saberíamos sucessivamente o que
o carretel sabe de uma só vez. Assim é com o conhecimento de Deus.

Deus conhece todas as coisas porque Ele é o Criador; assim, cada coisa
no mundo foi feita de acordo com um padrão existente na Mente Divina. Olhe
ao redor e veja uma ponte, estátua, pintura e um prédio. Antes de qualquer
uma dessas coisas começar, elas existiam na mente daquele que as projetou
ou planejou. Da mesma forma, não há árvore, flor, pássaro ou inseto no
mundo que não corresponda a uma ideia existente na Mente Divina. O
padrão foi embrulhado em matéria. O que nosso conhecimento e ciência
fazem é desvendar e desembrulhar essa matéria para redescobrir as ideias
de Deus. Porque Deus colocou Suas ideias ou padrões nas coisas, temos
certeza da racionalidade e propósito do cosmos, o que torna a ciência
possível. Se não houvesse mentes humanas ou angélicas no universo, as
coisas ainda seriam verdadeiras porque correspondiam à ideia existente na
mente de Deus.

Não podemos abordar um assunto como o conhecimento de Deus sem


enfrentar certas dificuldades. Uma das mais óbvias é: “Se Deus conhece
todas as coisas, Ele sabe o que vai acontecer com cada um de nós.

15
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

única alma no mundo. Ele sabe se vou ser salvo ou se vou me perder. Portanto, estou
predeterminado.” Esse argumento foi utilizado há alguns séculos e fazia parte da
filosofia dos povos orientais.

Para entender o conhecimento de Deus, você deve fazer uma distinção entre
presciência e predeterminação. Os dois não são idênticos. Deus sabe tudo de
antemão, mas Ele não nos predetermina independentemente de nossa vontade e
méritos. Suponha que você conhecesse muito bem o mercado de ações. Tendo um
conhecimento superior das condições de negócios, você disse que uma ação estaria
vendendo dez pontos a mais do que agora em seis meses. Suponha que seis meses
depois ele realmente vendeu dez pontos a mais. Você teria predeterminado e feito
com que fosse dez pontos mais alto? Houve outras influências, não houve, além de
seu conhecimento superior?

Para torná-lo ainda mais concreto: nos primeiros dias coloniais deste país, um
fazendeiro partiu para a cidade para fazer algumas compras. Ele caminhou um pouco,
voltou e disse à esposa que havia esquecido a arma. Sua esposa era uma determinista
perfeitamente boa e argumentou desta forma: “Ou você está predestinado a ser
baleado pelos índios ou não está predestinado a ser baleado pelos índios. Se você
está predestinado a ser fuzilado pelos índios, a arma não lhe servirá de nada. Se você
não está predestinado a ser fuzilado pelos índios, não precisará de sua arma”.

O marido disse: “Suponha que eu esteja predestinado a ser baleado pelo


índios com a condição de que eu não tenha minha arma.”
Da mesma forma, Deus sabe todas as coisas, mas ainda nos deixa com liberdade.
Como Deus pode te influenciar e ainda te deixar livre?
Considere vários tipos de influências. Primeiro, gire uma chave em uma porta.
Existe o impacto de algo material sobre algo material e o resultado é a abertura de
uma porta. Há outro tipo de influência. Na primavera você planta uma semente no
jardim. O sol, a umidade, a atmosfera e as substâncias químicas da terra começam a
exercer influência sobre essa semente. Certamente não é o mesmo tipo de ação que
transforma o pedaço de aço em uma fechadura. Existem tremendas capacidades de
crescimento nessa semente e o que mais desperta a semente para o crescimento é
algo invisível, ou seja, o sol.

Agora vá um estágio mais alto. Considere o caso de um pai conversando com


um filho, tentando influenciá-lo a se tornar médico. O que realmente influencia o filho
é alguma verdade invisível, bem como o profundo amor de

16
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Parte I: Bem e Mal

o pai pelo filho, e do filho pelo pai. O que o amor realmente faz é provocar
no filho um ato livre. O filho não é obrigado a fazer exatamente o que o pai
quer. Ele é livre para fazer o contrário.
Mas a verdade e o amor o comoveram tanto que ele considera o que faz
como a própria perfeição de sua personalidade. Mais tarde, ele pode dizer:
“Devo tudo o que tenho àquela conversa que tive com meu pai. Eu realmente
comecei a descobrir meu verdadeiro eu.” De uma maneira misteriosa como
esta, Deus trabalha em sua alma. Ele não funciona como uma chave na fechadura.
Ele trabalha menos visivelmente do que um pai faz em um filho, mas há as
mesmas palavras misteriosas: você e eu. Deus é a própria personificação do
amor. O amor o inspira a ser o que você nasceu para ser, uma pessoa livre
no sentido mais elevado da palavra. Quanto mais você é guiado pelo amor
de Deus, mais você se torna você mesmo e tudo isso sem nunca perder a
liberdade.
Isso ainda deixa outro grande problema, a saber, o problema do mal.
Você pode perguntar: “Se Deus é poder e amor, por que Ele cria esse tipo de
mundo e por que Ele permite o mal?” Não vamos dar uma explicação
completa do mal. Daremos apenas algumas indicações de por que isso é
possível.
Vamos começar com uma pergunta: “Por que Deus fez esse tipo de
mundo?” Você deve perceber que este não é o único tipo de mundo que Deus
poderia ter feito. Ele poderia ter feito dez mil outros tipos de mundos nos
quais não haveria dor, luta ou sacrifício. Mas este é o melhor tipo de mundo
possível que Deus poderia ter feito para o propósito que Ele tinha em mente.
Observe a distinção que estamos fazendo. Por exemplo, um garotinho diz a
seu pai, que é um arquiteto distinto: “Quero que você construa para mim uma
casa de pássaros para os pardais”. O arquiteto projeta uma casa de
passarinho. Não é a melhor casa que ele poderia fazer, mas a melhor casa
que o arquiteto poderia projetar para esse fim, ou seja, construir uma casa
para pardais.
Qual foi o propósito de Deus ao criar este mundo? Deus pretendia
construir um universo moral. Ele desejou desde a eternidade construir um
palco no qual emergissem pessoas com caráter. Ele pode ter feito um mundo
sem moralidade, virtude ou caráter. Ele poderia ter feito um mundo no qual
cada um de nós teria feito brotar bondade com a mesma necessidade que o
sol nasce no leste e se põe no oeste. Mas Ele escolheu não criar um mundo
em que seríamos bons porque o fogo é quente e o gelo é frio. Ele quis fazer
uma moral

17
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

universo que, pelo uso correto do dom da liberdade, possam emergir pessoas
com caráter.
Que importa Deus às coisas empilhadas no espaço infinito, ainda que
sejam diamantes? Se todas as órbitas do céu fossem tantas joias brilhantes
como o sol, o que seu equilíbrio externo, mas imperturbável, significaria para
Ele em comparação com um único personagem que poderia se apossar das
manchas emaranhadas de uma vida aparentemente destruída e arruinada e
tecer deles as belas fitas tentam de sacralidade e santidade? A escolha
diante de Deus ao criar o mundo, portanto, estava entre criar um universo
puramente mecânico, pessoas que eram autômatos e máquinas, ou criar um
universo espiritual no qual haveria uma escolha entre o bem e o mal.

Certo, Deus escolheu fazer um universo moral no qual haveria caráter.


Qual era a condição de tal universo?
Ele tinha que nos libertar. Ele teve que nos dotar com o poder de dizer “sim”
e “não” e ser capitães de nosso próprio destino e destino.
Moralidade implica responsabilidade e dever, mas estes só podem existir
sob a condição de liberdade. As pedras não têm moral porque não são livres.
Não condenamos o gelo porque é derretido pelo calor. Louvor e censura só
podem ser dados àqueles que são senhores de sua própria vontade. É só
porque você tem a possibilidade de dizer não que há tanto encanto em seu
caráter quando você diz sim. Tire a qualidade da liberdade de qualquer um e
não será mais possível para ele ser virtuoso do que para a folha de grama
que ele pisa sob seus pés. Tire a liberdade da vida e não haveria mais razão
para honrar a fortaleza dos mártires do que para honrar as chamas que
acendem seus faggots. É algum impedimento de Deus que Ele escolheu não
reinar sobre um império de produtos químicos? Se Deus escolheu
deliberadamente um tipo de império não para ser governado pela força, mas
pela liberdade, e se descobrimos que Seus súditos são capazes de agir
contra Sua vontade como estrelas e átomos não podem, isso não prova que
Ele possivelmente deu a esses humanos seres a chance de quebrar a
lealdade para que haja significado e propósito nessa lealdade quando
escolhida livremente?

Aqui temos uma sugestão quanto à possibilidade do mal. Está ligada à


liberdade do homem. O homem, que é livre para amar, é livre para odiar.
Aquele que é livre para obedecer é livre para se rebelar. A virtude nesta
ordem concreta só é possível naquelas esferas onde é possível ser vicioso.

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Parte I: Bem e Mal

Um homem só pode ser santo em uma igreja na qual é possível ser um


demônio.
Você diz: “Se eu fosse Deus, destruiria o mal!” Se você fizesse isso,
destruiria a liberdade humana! Deus não destruirá a liberdade.
Se não queremos ditadores nesta terra, certamente não queremos
ditadores no Reino dos Céus. Os que culparam a Deus por permitir ao
homem a liberdade de continuar estorvando e frustrando Sua obra, são
como os que veem manchas e erros no caderno do aluno. Eles
condenariam o professor por não ter roubado o livro e feito a cópia ele
mesmo. Assim como o objetivo do professor é uma educação sólida e
não a produção de cadernos bem escritos e bem escritos, o objetivo de
Deus é o desenvolvimento de almas e não a produção de entidades
biológicas. Você pergunta: “Se Deus sabia que eu iria pecar, por que Ele
me fez?” Deus não fez nenhum de nós como pecador, nós fazemos a
nós mesmos! Nesse sentido, somos criadores. A maior dádiva de Deus
ao homem, além da graça, é a dádiva da liberdade humana e o poder de
amá-lo em troca.

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Capítulo quatro

A Invasão Divina

falar sobre a consciência e sobre a falta de sentido da vida, .


Nós dizendo que devemos abrir nosso coração e mente para experiências
salvadoras que vêm de fora e que mudam completamente nosso caráter.
Acredito que a melhor maneira de começar é contar uma história sobre uma
invasão divina.
Uma mulher me escreveu sobre seu irmão, dizendo que ele estava
morrendo em um hospital e estava afastado dos sacramentos por cerca de
trinta anos. Ela disse que ele não levava apenas uma vida ruim, mas era um homem mau.
Existe uma diferença entre ser mau e ser mau. Um homem mau rouba; um
homem mau mata. Um homem mau pode não fazer nenhuma dessas coisas,
mas procura destruir a bondade nos outros. Bem, ele era um homem mau.
Ele fez muito para corromper a juventude e circulou todo tipo de panfletos
malignos entre os jovens para destruir tanto a fé quanto a moral. A irmã
desse homem escreveu: “Cerca de vinte padres o visitaram e ele os expulsou
do quarto do hospital. Por favor, vá embora. Último recurso Sheen, eu sou!

Eu o visitei esta noite em particular e fiquei cerca de cinco segundos


porque sabia que não me sairia melhor do que qualquer outra pessoa, mas
em vez de fazer apenas uma visita, fiz quarenta. Por quarenta noites seguidas eu

21
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

foi ver este homem. Na segunda noite eu fiquei cerca de dez a quinze
segundos, e subi cinco a dez segundos todas as noites e no final do mês eu
estava gastando dez ou quinze minutos com ele, mas nunca abordei o
assunto de sua alma, até a quadragésima noite. Na quadragésima noite,
trouxe comigo o Santíssimo Sacramento e os Santos Óleos e disse-lhe:
“William, você vai morrer esta noite”.

Ele disse: “Eu sei disso”.


Ele estava morrendo de câncer, mas o câncer da face, um dos mais
visões repugnantes que você já viu.
Eu disse: “Tenho certeza que você vai querer fazer as pazes com Deus esta
noite”.
Ele disse: “Eu não! Sair!"
Eu disse: “Não estou sozinho”.
Ele perguntou: “Quem está com você?”
Eu disse: “Eu trouxe o bom Deus comigo. Você quer que Ele saia também?”

Ele não disse nada. Então me ajoelhei ao lado de sua cama por cerca de
quinze minutos, porque tinha comigo o Santíssimo Sacramento. Prometi ao bom
Deus que, se este homem mostrasse algum sinal de arrependimento antes de
morrer, eu construiria uma capela na parte sul dos Estados Unidos para os pobres,
uma capela que custou $ 3.500. Não muito de uma capela? Não, mas muito dinheiro
para mim.
Após a oração, repeti novamente: “William, tenho certeza de que você quer
faça as pazes com Deus antes de morrer”.
Ele disse: “Eu não! Sair!"
E começou a gritar pela enfermeira. Para detê-lo, corri para a porta como se
fosse sair. Então voltei rapidamente e coloquei minha cabeça ao lado de seu rosto
no travesseiro e disse: “Só uma coisa William, prometa-me antes de morrer esta
noite, você dirá: 'Meu Jesus, misericórdia.'”

Ele disse: “Eu não vou! Sair!"


Eu tive que sair. Eu disse à enfermeira que se ele me quisesse durante a noite
eu voltaria. Por volta das quatro horas da manhã, a enfermeira ligou e disse: “Ele
acabou de morrer”.
E eu disse: “Como ele morreu?”
“Bem”, ela disse, “cerca de um minuto depois que você saiu, ele começou a dizer:
'Meu Jesus, misericórdia', e ele não parou de dizê-lo até morrer.”

22
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Parte I: A Invasão Divina

Você vê que não havia nada em mim que o influenciasse. Aqui estava
uma invasão divina sobre alguém que já teve a fé e a perdeu. Não faz
diferença se alguém tem fé ou não. Há essa intrusão constante do lado de
fora. Chega a todos tão sutilmente que muitos o rejeitam. Chegou a Santo
Agostinho na voz de uma criança quando levava uma vida selvagem e
furiosa. Então Agostinho escreveu aquelas famosas linhas: “Nossos corações
foram feitos para ti, ó Senhor, e eles estão inquietos até que descansem em
ti.”1 Houve aquele famoso playboy do Saara, Charles Foucauld, que no meio
de sua vida selvagem dormiu sob as estrelas no Saara e suportou o que
Thompson chamou de inquisição desavergonhada de cada estrela.

Ele encontrou a graça e entrou em sua vida como sacerdote entre os


muçulmanos no Saara e ali morreu mártir. Isso foi praticamente em nossos
tempos.
Eu poderia continuar mencionando muitos desses casos de invasão
divina. Suponha que passemos das histórias para a forma que essa invasão
divina assume. É uma graça, mas até agora não sabemos exatamente o
significado da palavra graça. Posso antecipar um pouco e dizer que existem
dois tipos de graça: a graça branca, que nos torna agradáveis a Deus, e a
graça negra, na qual sentimos Sua ausência. A maioria das pessoas no
mundo hoje sente Sua ausência, até mesmo os ateus. Você vê que não é o
homem que está em busca de Deus; é Deus que está em busca do homem!
Ele nos deixa inquietos. A primeira pergunta que temos da Escritura é:
Homem, onde estás? 2
Nenhum poeta jamais expressou essa invasão divina melhor do que
Francis Thompson em seu magnífico poema, “The Hound of Heaven”.
Thompson foi um estudante de medicina ao mesmo tempo. Praticamente a
única coisa que aprendeu foi como se drogar. Ele se tornou um vagabundo,
dormiu em Covent Garden, Londres, sob os caminhões de vegetais e pensou
em suicídio. Os Meynells fizeram amizade com ele, e um poema foi
encontrado em seu bolso, que vendeu cinquenta mil cópias poucos anos
após sua morte. Dentro de trinta anos, foi estudado na Universidade de
Tóquio em japonês. Este poema se adapta ao clima moderno, já que os
homens estão começando a sentir essa agitação do dedo de Deus. Ele narra
as várias fugas que usou. Deus é o Cão do Céu, e primeiro é o subconsciente,
ou mente inconsciente. Ele sente que se afundasse no subconsciente, estaria
menos consciente desse Cão de Caça que o estava perseguindo. Ele disse,
ele fugiu de Deus:

23
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Fugi dele, noites e dias; Eu fugi Dele, pelos arcos dos anos;
Fugi Dele, pelos caminhos labirínticos De minha própria mente;
e na névoa de lágrimas eu me escondi Dele, e sob o riso
constante.

Esperanças vislumbradas,
acelerei; E disparados,
precipitados, Descem as trevas titânicas de medos
esmagados, Daqueles Pés fortes que seguiram, seguiram atrás Mas
com perseguição sem pressa, E passo imperturbável, Velocidade
deliberada, instante majestoso, Eles batem - e uma Voz bate Mais
instantânea que os Pés—

“Todas as coisas te traem, que me trai.”

Ele experimenta a natureza e tem uma forma muito rara e única de expressar os
segredos da ciência. Ele disse: “Eu desenhei o raio dos segredos da Natureza”.
Você quase pode imaginar alguém puxando um ferrolho gigante na porta e todos os
segredos da ciência e da natureza sendo revelados:

Eu, em sua delicada comunhão, era um deles...


Desenhei o raio dos segredos da Natureza.

Eu conhecia todas as rápidas implicações


Na obstinada face dos céus; Eu sabia
como as nuvens se levantam Espumadas

pelos murmúrios selvagens do mar; Tudo o


que nasce ou morre

Ele tenta outra fuga do Cão de Caça, e isso é amor ilegítimo. E aqui está escondida
a história de alguém que ele chama de “um botão que caiu da coroa da primavera”. Ele
usa o exemplo de uma janela com coração em uma janela no norte da Inglaterra, onde
havia uma garota que ele conhecia. Ele diz: “Por muitos caixilhos de coração, cortinas
vermelhas, gradeadas por instituições de caridade entrelaçadas”.

Ele continua falando sobre como buscou o amor com todos esses pequenos crescimentos
de afeto que nunca satisfaziam completamente. Então ele acrescenta seu medo: “Pois,
embora eu conhecesse Seu amor que o seguia, ainda assim fiquei com medo de que,
tendo-O, eu não tivesse nada além”. Quantos

24
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Parte I: A Invasão Divina

acha que Deus é uma espécie de concorrente? Então, “Se eu O tenho, devo
rejeitar todo o resto”. Ele continua dizendo: “Mas, se uma pequena janela se
abrisse, a rajada de Sua abordagem iria colidir com ela: O medo não quer fugir,
como o Amor quer perseguir”. Em outras palavras, eu não sabia fugir tão rápido
quanto o amor sabia me pegar. Ele está com medo no final. Quem é aquele que
o persegue? Talvez Ele vá trazer algum desapego, e Thompson pergunta: “Ah!
Teu amor é realmente uma erva daninha, ainda que uma erva daninha amarantina,
que não suporta flores, exceto as suas próprias?

Recorrendo a outro exemplo, pergunta: “Ah! Você deve carbonizar a madeira


antes de poder cortar com ela? Em outras palavras, você deve colocar a madeira
no fogo e queimá-la, purgá-la ou sacrificá-la antes que ela se transforme em
carvão e você possa traçar com ela. Outra pergunta: “Seus campos de colheita
devem ser estrumados com morte podre?” Há sacrifício em todos os lugares?
Finalmente, antes de lhe dar sua resposta, a não ser que seja apenas a exploração
poética de Thompson, vamos descobrir sobre a invasão divina em nosso próprio
coração.
Suponha que você pudesse pegar seu próprio coração e colocá-lo em sua
mão como uma espécie de cadinho para destilar seus desejos, anseios e
aspirações mais íntimos. O que você acharia deles? O que você mais quer?
Primeiro buscamos a vida. De que servem a honra, a ambição e o poder sem
a vida? À noite, estendemos a mão instintivamente no escuro, prontos para
perder aquele membro, em vez de perder o que mais valorizamos, nossa vida.
À medida que continuamos, descobrimos que há algo mais que queremos na
vida, e isso é verdade. Uma das primeiras perguntas que fazemos ao vir ao mundo
é: “Por quê?” Rasgamos nossos brinquedos para descobrir o que faz as rodas
girarem. Mais tarde, desmontamos as próprias rodas do universo para descobrir o
que as faz girar. Estamos empenhados em conhecer as causas, e é por isso que
odiamos ter segredos escondidos de nós.
Fomos feitos para saber.
Ainda há algo mais que queremos além da vida e da verdade, queremos o
amor. Toda criança se aperta instintivamente contra o seio da mãe em sinal de
afeto. Ele vai até a mãe para amarrar as feridas e, mais tarde, procura um jovem
companheiro a quem possa abrir seu coração com palavras, alguém que esteja à
altura da bela definição de amigo, alguém em cuja presença você pode manter o
silêncio.
A busca pelo amor continua do berço ao túmulo; ainda assim, embora
desejemos essas coisas, as encontramos aqui? encontramos

25
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

vida aqui em sua plenitude? Certamente não. Cada tique-taque do relógio nos
aproxima do túmulo. Nossos corações são apenas tambores abafados batendo
em uma marcha fúnebre. “De hora em hora amadurecemos e amadurecemos, e
de hora em hora apodrecemos e apodrecemos.”3 A vida não está aqui, nem a
verdade, em toda a sua plenitude. Quanto mais estudamos, menos sabemos,
porque vemos novas avenidas de conhecimento pelas quais podemos viajar por toda a vida.
Eu gostaria de saber agora apenas um décimo de milionésimo do que pensei
saber na noite em que me formei no ensino médio!
A verdade e o amor não estão aqui. Quando o amor permanece bom e
nobre, chegará o dia em que o último abraço será passado de amigo para amigo
e o último bolo será desfeito no grande banquete da vida. Estamos destinados a
viver uma vida absurda? Teríamos olhos a menos que houvesse algo para ver?
Nós nos perguntamos, qual é a fonte de luz em uma sala? Certamente não sob
um microscópio onde a luz se mistura com a sombra, ou debaixo de cadeiras
onde a luz se mistura com a escuridão.
Se quisermos encontrar a fonte da vida, da verdade e do amor que é pura luz
neste mundo, devemos partir para uma vida que não se misture com sua sombra,
a morte; para uma verdade que não se mistura com sua sombra, erro; para um
amor que não se mistura com sua sombra, ódio ou saciedade. Devemos sair para
a vida pura, verdade pura, amor puro e essa é a definição de Deus! É isso que
queremos e para o que fomos feitos.
Depois de todas essas evasões da invasão divina da alma,
Thompson conclui seu poema com Deus dizendo:

Coisa estranha, lamentável e fútil,


Por que alguém deveria te separar do amor?
Não ver ninguém além de mim faz muito de nada (Ele disse):
“E o amor humano precisa de mérito humano: Como você
mereceu— De toda a argila coagulada do homem, o coágulo
mais sujo?
Ai, tu não sabes Quão pouco
digno de qualquer amor tu és!
Quem você encontrará para amar você ignóbil,
Salve-me, salve apenas a mim?
Tudo o que eu tirei de ti, eu apenas tomei, não
para o teu mal, mas apenas para que pudesses
buscá-lo em meus braços.
Tudo o que o erro do teu filho

26
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Parte I: A Invasão Divina

Fantasias perdidas, guardei para ti em casa:


Levanta-te, aperta Minha mão e vem!”

1 Confissões, Livro 1, Capítulo 1


2 Gn 3:9 3 Shakespeare, Como
Gostais, II, vii.

27
Foto
cortesia
do
St.
Bernard's
Institute
Bishop
Sheen
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Capítulo Cinco

Alinhar os Requerentes

Ao longo da históriaem
. apareceram houve muitose que
seu palco se declararam mensageiros de Deus.
Cada um deles tinha o direito de ser ouvido.
Não há razão para escolhermos Cristo mais do que qualquer outro, mas
temos o direito de sugerir certos testes ou padrões pelos quais cada um
desses pretendentes pode ser julgado. Simplesmente não podemos
permitir que alguém apareça no palco da história e diga: “Aqui estou.
Acredite em mim” ou “Este é um livro de Deus que um anjo me deu. Eu
quero que você leia.
Quando iniciamos uma discussão sobre religião revelada, nunca
devemos abdicar da razão humana nem perder de vista o fato de que
estamos na história. Portanto, um dos argumentos que usaremos é o que
pode ser chamado de argumento da profecia ou predição: algum dos
reclamantes já foi pré-anunciado ou predito? Certamente, o mínimo que
Deus poderia fazer se enviasse um mensageiro a esta terra seria dizer:
“Eu o anuncio com antecedência. Vou avisar que ele está vindo”. Nossos
amigos telefonam antes de virem nos visitar; as nomeações são feitas
nos negócios; certamente Deus deveria nos deixar saber que Seu Filho
divino está vindo a esta terra.

29
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Pode-se argumentar que existem muitas outras grandes religiões


mundiais e devemos investigá-las, como o budismo e o confucionismo.
Existem muitos mitos na história e muitos grandes homens como Buda,
Confúcio e Sócrates. Cada um deles é como um pássaro que prepara o
ninho antes de botar os ovos. Um pássaro é governado apenas pelo instinto,
então a providência preparou para a vinda de uma revelação perfeita. A
verdade divina pode ser encarada como um círculo.
Não há religião no mundo sem algum segmento do círculo da verdade. Pode
ser apenas dois por cento, mas faz parte do círculo.
Alguns têm mais do que outros deste círculo completo da verdade.
Reconhecemos o que há de bom em cada religião. Alguns deles anseiam
por um redentor.
Pode-se argumentar que existem semelhanças em todas as religiões;
portanto, eles são muito parecidos. É verdade que existem verdades naturais
que são as mesmas. Isso ocorre porque todo ser humano no mundo tem
razão; assim, ele está fadado a chegar a certas conclusões na ordem ética
que guiará tanto a si mesmo quanto à sociedade. Não nos surpreende que
muitos princípios éticos sejam os mesmos. Argumentar que todas as religiões
têm semelhanças e, portanto, têm a mesma causa, ou seja, os sonhos da
humanidade, é totalmente falso. Quando você entra em uma galeria de fotos,
percebe que cada uma das pinturas tem certas cores básicas. Por terem as
mesmas cores, você não conclui que foram pintados pelo mesmo artista.
Embora existam semelhanças nas religiões, não devemos argumentar que
Deus criou todas elas.
Deus escolheu fazer uma revelação histórica. Existem verdades acima
da razão humana chamadas verdades reveladas. Cristo veio pré-anunciado
como o fundador do cristianismo. O fundador de nenhuma outra religião é
absolutamente essencial para aquela religião da mesma forma que Cristo é
essencial para o Cristianismo. É verdade que o fundador era necessário para
a fundação, mas o crente em uma determinada religião não entra no mesmo
tipo de encontro que um cristão faz com Cristo. A relação pessoal com Ele é
decisiva.
Cristo ocupa um lugar diferente no cristianismo do que Buda
no budismo, de Confúcio no confucionismo, de Maomé no
islamismo e até mesmo de Moisés no judaísmo. O budismo não
exige que você acredite em Buda, mas que se torne um
iluminado e siga seus ensinamentos sobre a supressão dos
desejos. O confucionismo não exige uma relação íntima com

30
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Parte I: Alinhar os Requerentes

Confúcio. O que importa são os preceitos éticos, e quem segue esses


preceitos presume-se que entra em paz com seus ancestrais. Moisés
não ordenou que as pessoas acreditassem nele, mas que colocassem
sua confiança no Senhor, Deus. Ele não estava apontando para si
mesmo. O Islã exige fé em Deus e nos outros quatro inquilinos, mas
não necessariamente em Maomé. Mas quando você vem a Cristo,
aqui o cristianismo exige um vínculo íntimo pessoal. Temos que ser
um com Ele. Não podemos de forma alguma pretender ser cristãos a
menos que reflitamos a pessoa, mente, vontade, coração e
humanidade de Cristo.
O argumento da profecia é realmente muito simples. Basta perguntar
a si mesmo se algum fundador de uma religião mundial, ou qualquer
inovador de uma religião moderna, já foi pré-anunciado. Sua própria mãe
não poderia ter anunciado cinco anos antes de seu nascimento exato.
Ninguém sabia que Buda, Confúcio ou Maomé estavam chegando. Mas, ao
longo dos séculos, houve uma vaga expectativa de que Cristo viria.
O argumento da profecia envolve história e uma pessoa.
O cristianismo é uma religião histórica. Observe que no Credo, sempre que
falamos de nosso bendito Senhor, sempre dizemos: “Ele padeceu sob
Pôncio Pilatos”. Ele está fixado em um ponto muito definido na história do mundo.
Nenhum outro fundador de uma religião mundial esteve tão ligado à história.
Não estamos preocupados apenas com o fato de Ele ter nascido e padecido
sob Pôncio Pilatos, mas com todo o pano de fundo da história.

No Antigo Testamento, descobrimos que Deus parece estar fazendo


uma aliança, um tratado, com um pequeno grupo dentro da humanidade.
Vemos isso logo no início, quando Deus faz um pacto com Adão envolvendo
toda a humanidade. Adão era o cabeça. O que quer que ele tenha feito, nós
fizemos. Mais tarde, Deus faz um testamento e uma aliança com Noé,
fornecendo promessas e acordos de ambos os lados. Se uma parte
permanecesse moral, do lado humano, Deus, do lado divino, os abençoaria.

Desde o momento da aliança inicial e sua quebra, Deus disse que a


semente de uma mulher viria para desfazer a obra do mal. Esta tradição é
apanhada entre os judeus e particularmente entre os profetas. Após o
tratado com Noé, Deus faz um novo tratado com Abraão, a quem chama da
terra de Ur. Ele promete a Abraão:

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

E o Senhor disse a Abrão: Sai da tua terra, e da tua


parentela, e da casa de teu pai, e vem para a terra que eu
te mostrarei. E farei de ti uma grande nação, e te
abençoarei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás
abençoado. Abençoarei os que te abençoarem, e
amaldiçoarei os que te amaldiçoarem, e em ti serão
benditas todas as famílias da terra.1

Abraão foi informado de que o povo de Deus que viria dele


seria tão numeroso quanto as areias do mar. Mais tarde, essas
pessoas são levadas à escravidão no Egito. Uma nova aliança é
feita com Moisés; eles a quebram e ela é renovada novamente.
Novos profetas vêm dizendo que neste povo de Deus um dia virá
um Salvador e um Redentor.
Não estamos falando apenas de um povo que continua uma
tradição e espera um Salvador. Estamos falando de muitos detalhes
dados a respeito dessa pessoa em particular. Muitas profecias
foram feitas a respeito de nosso abençoado Senhor; por exemplo,
Ele seria um membro da tribo de Judá e nasceria de uma virgem.
Uma das surpreendentes profecias de Miquéias foi que Ele nasceria
na cidade de Belém. Se você estivesse prevendo o nascimento de
alguém que seria um grande político mundial, certamente escolheria
uma cidade grande. Mas eis que o profeta Miquéias, sob inspiração
divina, escolhe a pequena vila de Belém chamada a menor das
cidades. Ele diz que daquela cidade sairá Aquele que será o
governante de Israel.2 Muitos séculos antes de Sua vinda, foi
predito que Ele seria manso e humilde de coração, o Servo
sofredor, tanto Deus quanto homem. Em algum momento, pegue o
Antigo Testamento, abra no capítulo cinquenta e três e leia a
profecia de Isaías sobre a morte e os sofrimentos de Cristo. Ele
seria reputado com os ímpios em Sua morte porque foi crucificado
entre dois ladrões e seria colocado na sepultura de um estranho.
Quase parece que a profecia de Isaías foi escrita ao pé da cruz.

Muitas profecias afirmavam que Ele viria da linhagem real de


Davi. Por cerca de mil anos, teve que haver um descendente
masculino em cada descendente de Davi para que a profecia se
cumprisse. Agora isso é muito difícil. Um grande personagem como Abraham

32
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Parte I: Alinhar os Requerentes

Lincoln teve quatro filhos. Mesmo no curto período da história desde sua
morte, não há um único descendente masculino dele vivo hoje. Nenhuma
outra profecia jamais foi feita sobre os fundadores das religiões mundiais,
apenas sobre Cristo.
Um estudioso judeu, que se tornou cristão e conhecia muito bem o
Antigo Testamento e todas as tradições dos judeus, disse que na época de
Cristo os rabinos haviam reunido quatrocentas e cinqüenta e seis profecias
sobre o Messias, que viria nascer de Israel e entrar em uma nova aliança
com a humanidade. Quatrocentos e cinquenta e seis profecias! Se todas
essas profecias se cumpriram em Cristo, qual seria a chance de todas elas
coincidirem no momento determinado, não apenas no lugar, mas também no
tempo, como foi predito pelo profeta Daniel? Se você pegar um lápis e
escrever em uma folha de papel “1” e depois traçar uma linha abaixo dela,
então abaixo da linha escreva “84” e depois de “84”, se tiver tempo, escreva
cento e vinte e seis. zeros. Essa é a chance de todas as profecias de Cristo
serem cumpridas. Você vê que chega aos trilhões.

Muitas profecias de outras religiões predisseram a vinda de Cristo.


Confúcio disse que esperava algum grande sábio do oriente. Buda disse que
ele não era o homem sábio, outra pessoa estava por vir. O grande Platão
disse que viria um homem justo que nos diria como devemos nos comportar
diante de Deus e dos homens. Os dramaturgos gregos sempre sentiram que
algum Deus estava por vir. Como Ésquilo declarou em sua obra Prometeu:
“Não espere por nenhum fim além desta maldição até que algum Deus
apareça para aceitar sobre Sua cabeça as dores de nossos próprios pecados”.
Em outras palavras, Ele levaria nossos pecados.
Sócrates esperava alguém a quem chamava de homem justo. Lembra da
“Quarta Écloga” de Virgílio? Às vezes, é chamado de écloga messiânica
porque ele disse a uma virgem: "Sorria para o teu menino com quem a Idade
do Ferro passará e a Idade de Ouro quando toda a terra nascerá".

Quando Cristo apareceu, Ele disse: Eu sou Aquele que os Profetas


predisseram.3 Essa é uma das razões pelas quais Herodes não ficou surpreso
quando o Messias nasceu. Os rabinos disseram a ele; eles conheciam as
profecias. Ele sabia que Cristo seria um Rei, o novo Rei da humanidade;
portanto, ele queria matá-Lo. Quando nosso abençoado Senhor atingiu a
idade de cerca de trinta anos, Ele entrou em Sua sinagoga em Nazaré. O
funcionário entregou-lhe um pergaminho do profeta Isaías

33
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

e começou a ler uma passagem de Isaías sobre como seria o Messias:


sua gentileza, como ele curaria as feridas, como perdoaria, como
libertaria os cativos. O público ouviu com muita atenção. Ele disse:
Neste dia, a escritura sagrada é cumprida em seus ouvidos.4 Ninguém
mais pode reivindicar esse histórico. Nós estudamos Cristo e nenhum
outro. De agora em diante, meu coração e minha alma estarão
absortos naquele que foi pré-anunciado.

1 Gn 12:1-3
2 Mi 5:1-2
3 Lc 22:37
4 Ibidem, 4:21

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Capítulo Seis

verdade revelada

O nosso é umcolocou
. Deus universo
emlivre de criação
nossas mãos odepoder
caráter
de enos
alma. todosantos
tornar poderoso
ou demônios.
Depende de nós. Existem algumas leis que não podemos desobedecer, por
exemplo, a lei da gravidade e certas leis biológicas como a circulação do sangue.
Mas em um universo moral somos livres para obedecer às leis de Deus ou
desobedecê-las, assim como somos perfeitamente livres para obedecer às leis
de saúde ou desobedecê-las.
O que torna uma coisa boa? Uma coisa é boa quando atinge o propósito
para o qual foi feita. Eu tenho um cronômetro. Como vou saber se é bom? Ao
perguntar: “Qual é o propósito de um relógio?”
“O propósito de um relógio é marcar o tempo.”
“Isso marca o tempo?”
"Sim."
“Então é um bom relógio.”
Vamos aplicar isso ao nosso fim último.
“Por que fomos feitos? Qual é o propósito de viver?”
“O propósito da vida é ser extremamente feliz.”
“Como nos tornamos extremamente felizes?”

35
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

“Ao alcançar a vida, a verdade e o amor que é Deus. Qualquer coisa que eu faço
que me ajuda a atingir esse objetivo ou propósito é bom.”
Suponha que eu olhasse para as notas musicais de um órgão. Qual nota
está certa e qual nota está errada? Não se pode dizer que qualquer nota em
particular está certa ou errada. O que o torna certo ou errado é sua
correspondência com um padrão. Assim que tenho uma peça musical diante
de mim, sei o que devo fazer, que nota devo ou não tocar.
Temos um padrão moral dentro de nossa consciência. O que é bom e ruim
está relacionado a um padrão que não é de nossa própria autoria. Não
desenhamos nossos próprios mapas e decidimos a distância de Chicago a
Nova York. Não acertamos nossos próprios relógios arbitrariamente; nós os
definimos por um padrão fora de nós. Não decidimos que uma jarda seria vinte
e quatro polegadas em vez de trinta e seis. O bem nos ajuda a alcançar
propósitos, metas e destinos de acordo com a razão correta.

O que torna uma coisa ruim? Eu tenho um lápis.


“É um bom lápis?”
“Sim, escreve, por isso foi feito.”
“É um bom abridor de latas?”
“Certamente não é.”
Suponha que eu o use como abridor de latas. O que acontece? Em
primeiro lugar, não abro a lata. Não alcanço o propósito para o qual uso o lápis
e, em segundo lugar, destruo o lápis. Se decido fazer certas coisas que não
devo fazer, não atinjo o objetivo que espero atingir. Tornar-me alcoólatra não
me deixa feliz e, além disso, destruo a mim mesmo, assim como destruo o
lápis ao usá-lo para abrir uma lata.

Quando desobedeço a Deus, não fico feliz por dentro e certamente destruo
qualquer paz de alma que deveria ter. O mal, você vê, não é positivo. O mal é
um excesso ou um defeito do que é bom. Comida e bebida são boas. Muito
pouco ou muito são ruins. Dormir é bom. Quando o sono interfere no dever,
não é bom. O mal é como a escuridão; é a ausência de luz sem substância
própria. Toda maldade é bondade estragada. Uma maçã podre é uma maçã
boa que apodreceu. O mal é um parasita do bem porque não tem capital próprio

ter.

Este universo é um véu de criação de alma utilizando nossa razão e


vontade. Fomos feitos para ser bons e alcançar a verdade, mas quão fracos

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Parte I: Verdade Revelada

nós somos! Olhe para as limitações de nossa razão e depois veja as


limitações de nossa vontade. Mesmo aqueles que tinham muito boas razões
admitiram no final que haviam captado apenas um pouco do que era
verdade. Isaac Newton, o grande cientista, disse que se sentia como se
estivesse à beira-mar da verdade infinita e as vastas águas do conhecimento
se estendessem infinitamente diante dele. Sócrates, um dos mais sábios
dos gregos, disse: “Só sei uma coisa: não sei nada”.
Tomás de Aquino, que teve a maior mente que já existiu, disse que no final
de sua vida tudo o que havia escrito lhe parecia palha em comparação com
uma visão turva que teve do céu.
Além desses homens instruídos, olhe para a razão fraca das pessoas
hoje, sua confusão mental, sua incapacidade de reconhecer qualquer coisa
como verdade ou bondade. Eles lerão um livro na segunda-feira e dirão:
“Oh, eu sou um materialista”. Então eles vão ler outro livro na terça-feira e
são comunistas. Eles leram outro livro no final da semana e rejeitaram
ambos os sistemas. Eles estão traçando trilhos um dia, rasgando-os no dia
seguinte. Eles nunca estão trabalhando em direção a um objetivo. Não é
de admirar que haja tantos psicóticos e neuróticos em nosso mundo; eles
estão apenas refazendo muitos erros antigos e dando a eles novos rótulos.

Nossa razão e vontade são fracas. Mesmo quando sabemos o que é


certo, como às vezes é difícil fazê-lo. Somos assediados por tentações.
Muitas vezes nos sentimos como Goethe, que disse ser um homem, mas
sentiu que havia maldade e bondade suficientes nele para torná-lo um
malandro e um cavalheiro. Santo Agostinho disse: “O que quer que eu seja,
não sou o que deveria ser”.
Olhando para trás, temos que admitir que nossa razão é fraca, nossa
vontade é fraca, nossa mente é sombria e nossa vontade é manca. Nós
precisamos de ajuda! Precisamos de mais verdade para nossa mente;
precisamos de mais amor e bondade para nossa vontade. Onde vamos
conseguir? Deus poderia nos dar? Ah, certamente. Deus poderia, não
porque somos dignos, mas seria de acordo com Sua bondade nos dizer
algo e nos dar mais poder. Somos ensináveis; nós temos mentes. Deus
certamente poderia nos dar novas verdades. Nossa natureza está
constantemente recebendo forças invisíveis. Não teríamos flores e árvores
se não houvesse o sol comunicando a luz que não vemos. Deus pode
enviar uma força visível ou invisível para nos iluminar. Ele poderia fortalecer
nossa vontade, da qual precisamos. Não podemos nos erguer pelos lóbulos de nossas o

37
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

ções são muito fracas. Olhe para as resoluções que fazemos no Ano Novo
e nas férias. Precisamos de energia de fora! Uma lâmpada elétrica requer
uma fonte de energia externa. Temos estômago, mas precisamos de
comida de fora. Temos ouvidos, mas precisamos do som de fora.

Deus pode realmente iluminar nossa razão, mas como saberíamos


disso? Certamente há muitos que afirmam ser mensageiros de Deus.
A razão tem que estabelecer certos padrões mesmo antes de haver
qualquer revelação. Não podemos permitir que algum homem suba no
palco da história e diga: “Ouça-me, eu sou de Deus” ou “tive uma revelação”.
Certa vez, recebi um telegrama de alguém com o pedido, New York
Harbor de
the Holy Spirit”. Tenho ,certeza para receber
que a iluminação
o autor, quem quer de
que“Report to Port
fosse, acreditou
ter uma revelação. No entanto, não podemos aceitar a revelação de qualquer
indivíduo que afirme apenas ter um. Não podemos aceitar alguém que diz:
“Tenho um livro que um anjo escreveu para mim”. Se alguém vem de Deus
com uma revelação para nossa razão e força para nossa vontade, a razão vai
impor certos testes. Eles podem ser verificados pela razão e pela história.
Primeiro, quem vier deverá ser pré-anunciado.

Em segundo lugar, ele deve fazer milagres mostrando que é um mensageiro.


Terceiro, nada que ele ensine ou revele deve ser contrário à razão humana,
embora possa estar acima dela. Esses padrões são uma barra de medição.
Quem vier deve ser pré-anunciado. As noivas anunciam seu
casamento antecipadamente e os fabricantes de automóveis nos avisam
quando um novo modelo aparecerá. Se Deus vai enviar alguém a esta
terra certamente o mínimo que Ele pode fazer é nos avisar. Este requisito
acabará com a ideia de qualquer indivíduo aparecer repentinamente no
palco da história e dizer: “Eu sou Deus” ou “Tenho uma mensagem de
Deus”. Aquele que vem deve poder fazer prodígios, sinais, para autenticar
a sua mensagem. Não fazer coisas que excitem nossa admiração e nos
façam dizer: “Oh!” Em vez disso, milagres que provariam que Deus estava
com ele. Quem vem a esta terra nunca deve contradizer a razão humana
em seus ensinamentos. Podemos ter mistérios revelados a nós que estão
acima de nossa razão, mas eles nunca podem ser contrários. Saberíamos
que uma pessoa que ensina imoralidade não pode vir de Deus ou que a
alma não é imortal porque declarações desse tipo são contrárias à razão.

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Parte I: Verdade Revelada

Temos três varas de medição ou testes, desenhados pela razão,


aplicáveis à história. Alinhe todos os reclamantes que vêm de Deus de
acordo com suas palavras. Digamos a eles: “Nós vamos julgá-los. Buda,
Confúcio, Lao-Tze, Maomé, Marx, brâmanes, feiticeiros, filósofos hindus,
professores universitários, Eddy, Heidegger, qualquer um que você quiser
e o fundador do último culto em Nova York ou Los Angeles! Fique aí,
queremos lhe fazer perguntas.

“Vamos usar apenas um teste nesta lição: 'Você já


pré-anunciado, algum de vocês?' Responder!"
“Buda, alguém já soube que você viria a esta terra?”

“Confúcio, o local do seu nascimento foi profetizado?”


“Sócrates, alguém previu que você morreria de suco de cicuta?”
“Mohammed, já houve uma tradição antiga de que você nasceria entre
um certo povo? Já houve uma descrição de como você morreria?

— Alguma de suas mães sabia que você estava vindo?


“Há algum de vocês que possa apontar para um registro histórico no
qual foi predito onde você viveria, onde e como morreria, qual seria seu
caráter, a maneira de ensinar, o tipo de inimigos que você enfrentaria?
provocaria e evocaria pela dignidade do ensino?”

Até este momento, você vê, não consideramos Cristo como diferente
de qualquer outro mensageiro de Deus. Agora, um passo para fora das
fileiras.
"Qual o seu nome?"
“Meu nome é Jesus Cristo.”
“Você já foi pré-anunciado? Existem registros históricos muito
antes de sua vinda descrevendo os detalhes de sua existência?
Existem documentos atestando o trabalho que você faria e o
propósito de sua vinda?”
Ele é o único que pode responder: “Sim”. Dizemos aos outros: “Afaste-
se, você pode ser interessante, mas não satisfez meu primeiro teste. Você
não foi pré-anunciado e isso é o mínimo que Deus poderia fazer. Você tem
apenas sua própria palavra. Mas estamos interessados na pessoa de
Cristo. Ele diz que foi pré-anunciado.

39
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cortesia
do
St.
Bernard's
Institute
Bishop
Sheen
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Capítulo Sete

milagres

disse que havia três motivos de credibilidade, três razões .


Nós por que alguém pode acreditar em alguém, ou na pessoa de Cristo.
Primeiro, que ele seja pré-anunciado, o que já discutimos; e segundo,
se Ele veio de Deus, deveria haver certos sinais, maravilhas ou milagres
para atestar Sua veracidade. Agora, uma palavra sobre milagres.
Lembremos que os milagres não são uma violação das leis da natureza.
Deus e o universo não estão em lados opostos. Tomemos este exemplo.
Quase todas as grandes estações ferroviárias, onde há cruzamentos de
trilhos e linhas que correm lado a lado, se encontrando e se cruzando, têm
uma torre de controle em seu centro. A partir desse pequeno edifício todas as
linhas são direcionadas e os sinais enviados de várias maneiras. Um puxão
de uma grande alavanca e um poderoso trem passa em seu caminho
designado. O funcionamento de outra alavanca envia um trem de carga para
um desvio até que o trem expresso passe. Todo o tráfego ferroviário seria
desorganizado se as importantes obras não fossem realizadas naquela torre
de controle; na verdade, haveria desordem e colisões.
Esta é uma fraca ilustração das leis da natureza, pois todo o
universo funciona em linhas fixas. Não podemos ver os sinais de Deus
ou entender como Ele transmite Seu poder às forças da natureza.

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Não O vemos operar Suas alavancas. Sabemos apenas que Suas leis O
obedecem com exatidão e presteza desconhecidas em qualquer sistema
ferroviário do mundo. Quando há um milagre que parece estar em
desacordo com a lei universal da gravitação, existe apenas um poder
superior introduzido. A lei da gravidade pode ser superada pelo braço
direito de uma criança. A bola, de acordo com as leis naturais, deve cair
no chão. Quando saltado, ele salta até o teto. A mão de uma criança
pode interromper a operação da lei da gravidade ao pegar a bola. Quando
Deus estende a força de seu braço, pode suspender a ação de algumas
leis que fez para manifestar sua bondade e sua justiça. Ele é o Senhor
da criação, testemunhando a verdade do mensageiro e da mensagem.

Nosso Senhor realizou muitos milagres e aqui estão algumas das


características deles. Ele os operou como sinais para convencer os
homens do fato de que Aquele que veio para operar esses milagres era
Aquele que havia sido prometido. Ele nunca fez um milagre para
surpreender uma multidão. Ele nunca fez um milagre para satisfazer Sua
fome ou sede. Ele nunca fez um milagre para ganhar a vida. Ele nunca
recebeu dinheiro pelas coisas que realizou. Ele se recusou a converter as
pedras do deserto em pão para satisfazer sua própria fome ou fazer jorrar
água de uma rocha para saciar sua sede; em vez disso, Ele pediu a uma
mulher que baixasse seu balde para Lhe dar de beber.
Nosso Senhor explicou por que Ele operou milagres. Ele disse: Se eu
ajo como o Filho de Meu Pai, então deixe que Minhas ações o convençam
onde não posso, para que você reconheça e aprenda a acreditar que o
Pai está em Mim e Eu Nele.1 E em outra ocasião Ele disse : O as ações
que Meu Pai Me permitiu realizar, aquelas mesmas ações que eu realizo,
dão-Me testemunho de que é o Pai que Me enviou.2 Se fosse a vontade
de Deus dar uma revelação, os milagres seriam adequados para certificar
e garantir a mensagem como verdadeira. Se um milagre ocorre em
conexão com uma palavra ou ato de uma pessoa que professa entregar
uma revelação de Deus, a coincidência proclama a aprovação divina
tanto do professor quanto da mensagem. Os milagres foram selos que
Deus colocou sobre Sua revelação de Cristo como Seu Filho divino. Se
Jesus mostra que é por Seu próprio poder que Ele faz um milagre, Ele
prova ser o Senhor do universo e ser Deus.
Outra característica dos milagres registrados de nosso abençoado
Senhor é que não há nada irracional em nenhum deles. Eles eram

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Parte I: Milagres

sujeito aos testes de todos. A grande maioria dos milagres nunca ocorreu
nos lugares secretos da vida das pessoas, mas no que se poderia chamar
de mundo físico, onde poderiam ser verificados cientificamente. Nosso
Senhor nunca realizou um milagre a menos que houvesse testemunhas
presentes. Quando Ele curou o leproso, uma grande multidão O seguiu.3
Na cura do servo do centurião, Ele nem foi onde o servo estava morrendo.4
Quando Ele ressuscitou a sogra de Pedro de seu leito de enfermidade, o
Apóstolos e outros estavam presentes.5 Nosso Senhor nunca subiu a uma
montanha para realizar algum milagre sozinho, sem a presença de ninguém,
e depois saiu dizendo que Ele o havia feito. Suas obras foram realizadas
diante dos olhos de multidões de pessoas, e é por isso que nenhum dos
milagres de nosso abençoado Senhor jamais foi realmente negado, nem
mesmo Sua ressurreição. Os apóstolos foram proibidos de ensiná-lo, mas
os milagres nunca foram negados.

Seus milagres são inseparáveis de Sua pessoa. Eles diferiam dos


profetas e outros, pois eram uma resposta a uma oração concedida por um
poder superior. Sua fluiu da vida majestosa residente Nele.
Em seu evangelho, São João os chama de sinais ou obras, significando
que eram o tipo de coisa que se poderia esperar Dele, sendo o que Ele
era. Eram evidências de Sua revelação divina; eles foram ainda mais
porque testemunharam Sua ação redentora como o Salvador do mundo.
Ao curar os paralíticos, coxos e cegos, Cristo revestiu Seu poder de forma
visível para curar doenças espirituais. As doenças físicas eram símbolos
daquilo que era espiritual. Muitas vezes passou do fato físico de um milagre
ao seu significado simbólico e espiritual; por exemplo, a cegueira era um
símbolo de cegueira à luz da fé. Ao expulsar demônios daqueles que
estavam possuídos, Ele apontou Sua vitória sobre os poderes do mal, por
meio da qual os homens seriam libertos da escravidão do mal e restaurados
à liberdade moral.
Se você expulsar os milagres da vida de Cristo, você destrói a
identidade de Cristo e os evangelhos. Mesmo uma atitude neutra em
relação ao elemento milagroso nos evangelhos é impossível. A reivindicação
de operar milagres não é o elemento menos importante dos ensinamentos
de nosso Senhor, nem os milagres que foram operados por Ele são
meramente um ornamento para Sua vida. O milagroso está entrelaçado com toda a Sua
A integridade moral do caráter de nosso Senhor depende da realidade de
Seus milagres. Se Ele fosse um enganador, Ele não era o que Ele

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Alegou ser. Não podemos separar duas coisas que Deus uniu; ou seja, a beleza do
caráter de Cristo e a realidade dos milagres que Ele realizou.

Quantos milagres Ele realizou? O número específico de milagres mencionados


nos Evangelhos é trinta e cinco. Três desses milagres falam sobre ressuscitar os
mortos: uma criança, um jovem e um adulto; nove relacionam-se com a natureza e
vinte e três com a cura. Além desses, há milagres relacionados à vida do próprio
Cristo, como o nascimento virginal, a ressurreição e a ascensão. Embora haja
apenas trinta e cinco milagres específicos mencionados, não se deve pensar que
esses são os únicos milagres que nosso abençoado Senhor já realizou. Ouça a
maneira como São João conclui seu evangelho: Há muito mais além do que Jesus
fez. Se tudo isso fosse escrito, não creio que o próprio mundo conteria os livros que
teriam de ser escritos.6 Deve ter havido milagres incalculáveis. Quando a multidão
testemunhou um milagre, eles disseram: Pode-se esperar que o Cristo faça mais
milagres em Sua vinda do que este homem fez?7 Foi anunciado previamente que o
Messias faria milagres. Visto que Ele realizou milagres em abundância, Ele deve ser
o Cristo.

Vamos levar o milagre mais importante em particular para estudar; ou seja, a


Ressurreição. Existem cinco relatos distintos da Ressurreição no Novo Testamento
e todos eles são independentes: quatro são dos evangelhos, um de São Paulo. São
Paulo havia conversado com Pedro e Tiago cerca de três anos após sua conversão
e mantinha um relacionamento pessoal com os apóstolos. Esses cinco registros
distintos fornecem pelo menos onze relatos da Ressurreição de nosso abençoado
Senhor e de Suas várias aparições, de uma a quinhentas pessoas. O fato é que
nosso abençoado Senhor morreu na cruz, foi enterrado em cem libras de especiarias
como era o costume, e um relógio, ou guarda, foi colocado. Na história do mundo,
apenas uma tumba teve uma pedra rolada diante dela e um soldado posto de
guarda para impedir que um morto se levantasse; e aquele era o túmulo de Cristo
na noite da Sexta-Feira Santa.

Que espetáculo poderia ser mais ridículo do que soldados armados mantendo
os olhos em um cadáver, mas sentinelas foram colocadas para o caso de os mortos
andarem, os silenciosos falarem e o coração trespassado acelerar para o palpitar da
vida. Eles sabiam que Ele estava morto. Eles disseram que Ele nunca mais
ressuscitaria, mas eles observaram. Eles lembraram que Ele chamou Seu corpo de Templo

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Parte I: Milagres

e três dias depois de destruí-la, Ele a reconstruiria.8 Eles lembraram que


Ele havia se comparado a Jonas, e disseram que, assim como Jonas
esteve no ventre da baleia por três dias9, Ele estaria no ventre da terra por
três dias e depois ressuscite.10 Depois de três dias, Abraão recebeu de
volta seu filho Isaque, que foi oferecido em sacrifício. Eles estavam
familiarizados com essa ideia. Por três dias o Egito esteve em trevas que
não eram da natureza.11 No terceiro dia Deus desceu sobre o Monte
Sinai12 e, mais uma vez, houve preocupação com o terceiro dia. No início
da manhã de sábado, o Sumo Sacerdote e os fariseus quebraram o
sábado e se apresentaram a Pilatos dizendo:

Senhor, lembramos que este enganador, enquanto ainda vivia,


disse: 'Devo ressuscitar depois de três dias.' Dê ordens então
para que Seu túmulo seja guardado com segurança até o
terceiro dia, ou talvez Seus discípulos venham e o roubem. Se
eles dissessem ao povo 'Ele ressuscitou dos mortos', este último
engano seria mais perigoso do que o antigo.13

O pedido de guarda até o terceiro dia referia-se mais às palavras de


Cristo sobre Sua Ressurreição do que ao medo de os Apóstolos roubarem
um cadáver e sustentá-lo simulando uma ressurreição. Pilatos não estava
disposto a ver esse grupo; eles eram a razão pela qual ele condenou o
sangue inocente. Ele fez sua própria investigação oficial; Cristo estava
morto. Ele não se submeteria ao absurdo de usar os exércitos de César
para guardar um judeu morto. Pilatos disse-lhes: Vocês têm guardas, fora
com vocês! Proteja-o da melhor maneira possível.14 A vigília era para
prevenir a violência; o selo era para evitar fraudes.

Deve haver um selo e os inimigos o selariam. Deve haver um relógio e os


inimigos devem mantê-lo. Os próprios inimigos devem assinar os
certificados da morte e ressurreição. Os gentios foram convencidos pela
natureza de que Cristo estava morto, e os judeus foram satisfeitos pela lei
de que Ele estava morto. Então, como diz o evangelho de Mateus, E eles
foram e guardaram o túmulo, selando a pedra e colocando uma guarda
sobre ela.15 Um rei jazia com Sua guarda ao seu redor, e o fato mais
surpreendente espetáculo de vigilância sobre os mortos era que os inimigos
de Cristo esperavam a Ressurreição, mas Seus amigos não. Os céticos
eram os crentes; foram os incrédulos que foram crédulos. Dele

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

os seguidores precisavam e exigiam provas antes de serem convencidos.

Suponha que não aceitamos as testemunhas da Ressurreição e


outras provas de milagres que atestam a confiabilidade de Cristo. Como
podemos explicar o túmulo vazio? Como explicar o fato de que os
Apóstolos foram pregando a Ressurreição, que ninguém negou? As duas
explicações populares dadas por aqueles que negam a Ressurreição
são as seguintes. Primeiro, a teoria da mentira.
Essa teoria diz que os apóstolos mentiram sobre a ressurreição, assim
como todas as outras testemunhas que afirmaram ter visto o Cristo
ressuscitado. Esta teoria é manifestamente falsa. Pois que chance havia
de persuadir o mundo de que Ele ressuscitou dos mortos se não o
tivesse feito? Não havia nada menos que a convicção da Ressurreição
do Senhor que poderia ter induzido os homens a arriscar suas vidas
nela. Além disso, sua conduta provou que eles acreditavam de forma
esmagadora. Eles pregaram a Crucificação no mesmo lugar onde Ele foi
crucificado e no mesmo lugar onde eles tiveram que sofrer por pregar.
As pessoas não sofrem pelo que acreditam ser falso.
A Ressurreição não foi uma mentira.
Mas há outra teoria para explicar a Ressurreição na linguagem
psicológica popular. Essa teoria afirma que os apóstolos estavam muito
ansiosos para ver o Salvador ressuscitado. Eles O ouviram dizer que
ressuscitaria dos mortos, e todas essas palavras sobre a Ressurreição
se infiltraram em seu subconsciente. As ideias repousavam ali como uma
espécie de desejo. A terrível derrota e a crucificação aconteceram na
Sexta-Feira Santa. Eles sabiam que sua causa estava perdida. Tendo
sido derrotados em suas esperanças messiânicas ao ver seu Salvador
morto e crucificado, eles agora começaram a imaginar Sua Ressurreição.
Eles acreditaram que O tinham visto. Eles estavam convencidos de que
Ele disse que ressuscitaria.
Esta teoria é falsa por muitas razões. Os Apóstolos sabiam a
diferença entre um transe e uma realidade. Há muitas passagens nas
Escrituras sobre essa diferença. As aparições não ocorreram quando os
discípulos estavam em oração, adoração ou quando poderiam estar
sujeitos a fantasias religiosas. As aparições do Ressuscitado aconteciam
nas ocupações ordinárias do dia-a-dia, quando caminhavam, jantando
sentados ou pescando.
Eles ocorreram nas circunstâncias mais triviais, bem diferentes

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Parte I: Milagres

do que os entusiastas teriam imaginado ou onde as visões provavelmente


ocorreriam; ou seja, durante o sono.
A coisa mais surpreendente sobre a Ressurreição é que ninguém acreditava
que Ele ressuscitaria dos mortos. Nenhum de Seus seguidores acreditou. Por isso
as mulheres traziam especiarias na manhã do Domingo de Páscoa, para ungir e
embalsamar um cadáver, não para saudar um Ressuscitado.
Além disso, as aparições de Cristo não aconteceram enquanto as pessoas as
procuravam. Ninguém O esperava, mesmo esperando uma Ressurreição. Quando
Maria Madalena encontrou o túmulo vazio, nunca lhe ocorreu que Ele havia
ressuscitado. Ela disse que algum corpo O havia levado de um cemitério para outro.
Quando a notícia do túmulo vazio foi trazida pela primeira vez a Pedro e João, a
explicação deles foi: “Oh, é a história de uma mulher! Você sabe como as mulheres
são, sempre imaginando coisas. Houve um apóstolo que permaneceu em dúvida
por uma semana inteira e esse foi Tomé.

Outro argumento contra a teoria psicológica é que as visões não ocorrem a


diferentes pessoas simultaneamente. As ilusões particulares de uma pessoa, assim
como seus sonhos, são dela mesma. Não sonhamos o mesmo sonho exatamente
ao mesmo tempo. Houve alguma evidência de que, quando Cristo apareceu aos
quinhentos, algum deles duvidou da realidade disso?

No que diz respeito a esta teoria subjetiva, uma visão nunca poderia rolar a
pedra da porta do túmulo. Havia a guarda judaica e os soldados também. As
pessoas não poderiam ter visitado honestamente a tumba e encontrá-la vazia. Se
o corpo estivesse lá o tempo todo, eles nunca teriam tido esse tipo de visão. Se a
Ressurreição fosse apenas uma ilusão, o toque do corpo de Cristo, a colocação do
dedo na mão e a mão no lado como Tomé fez, certamente teria curado qualquer
ilusão. Quando nosso Senhor apareceu, Ele comeu; eles viram a comida
desaparecer. Ele pegou o pão; viram o pão partir-se. Em outra ocasião, Ele lhes
deu pão e peixe e eles saciaram sua fome. Isso certamente não acontece quando
há apenas um sonho ou uma ilusão.

O fato é que nenhum dos apóstolos esperava uma ressurreição. Eles tiveram
que ser convencidos da maneira mais difícil, como Thomas teve que ser convencido.
Acredite em mim, os céticos de hoje não podem ser comparados aos céticos
daquela época; ou seja, os apóstolos. Eles eram os que duvidavam. Quando eles
estavam convencidos, eles provaram que acreditavam nisso, tendo seus

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

gargantas cortadas por essa causa. Nosso abençoado Senhor foi diante do mundo com

milagres como um sinal de Sua divindade. Quando Ele ressuscitou dos mortos, Ele
pediu aos homens que estivessem preparados para morrer pelo que havia de baixo
neles para que pudessem ressuscitar.

1 Jo 10:38 6 Jo 21:25 7 11 Ex 10:22 12


2 Ibid., 5:36 3 Ibid., 7:31 8
Ibid., 2:19 Ibid., 19:11
Mt 8:1-4 Jon 2:1 10 Mt 13 Mt 27:62-64 Ibid.,
12:40
4 Ibidem, 8:8 9 14 27:65 Ibid., 27:66
5 Ibidem, 8:14 15

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Capítulo Oito

Revelação do Novo Testamento

estudaram as profecias do Antigo Testamento que mostram


Nós Jesus . Somente Cristo foi pré-anunciado. Agora devemos
estudar os documentos do Novo Testamento a respeito de Sua vida do
ponto de vista histórico.
Ainda não sabemos se as Escrituras são inspiradas. Pode-se
perguntar: “Se havia tantas profecias no Antigo Testamento, por que
os judeus não as aceitaram? Por que eles não reconheceram Cristo
como o Filho de Deus e o Messias?” Uma razão é que eles não
fizeram nenhuma objeção ao cumprimento de profecias individuais
em nosso Senhor. A concepção geral que os rabinos formaram do
Messias diferia totalmente daquela em que Ele se revelou. Lembre-
se de que os babilônios, caldeus, gregos e romanos haviam
submetido os judeus durante séculos a todas as formas de escravidão
política. Não era natural para eles começar a perder os aspectos
espirituais das promessas e começar a esperar um Salvador que os
salvaria da escravidão política em vez da escravidão espiritual do
pecado? Foi o que aconteceu em muitos casos. Os romanos estavam andando p
Juízes romanos estavam em seus tribunais. Eles pensaram que o
“Salvador” significava um libertador político. Por que devemos culpá-los? Lembrar

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

temos exatamente as mesmas profecias hoje no Antigo Testamento e elas


são tão válidas para nós quanto eram para os judeus. Por que não acreditam
mais neles hoje do que realmente acreditam?
Assim como há evolução no universo material, há um desdobramento
gradual do plano divino no universo espiritual. No cosmos, o homem tem
uma posição única. Toda evolução tende para ele! Tudo abaixo dele ministra
a seus propósitos. Produtos químicos, plantas e animais nunca teriam surgido
se não houvesse uma criatura superior à qual eles estavam destinados a
servir; ou seja, cara. A evolução tem Deus como sua causa, o homem como
seu objetivo. Assim como o universo material é um vestíbulo para o homem,
toda a história humana, judaica e gentia, é um vestíbulo para Cristo. Assim
como o universo seria um caos sem nossa organização, a história não teria
sentido se não fosse uma estrada que fornecesse o caminho para as pessoas
realizarem suas capacidades de amor e verdade em Cristo. Esta centralidade
de Cristo na história é revelada no Novo Testamento. Mas aqui devemos
deixar certas idéias bem claras.

Embora seja muito cedo para falar da Igreja, devemos nos antecipar
um pouco e dizer que a Igreja não saiu da Bíblia. A Igreja não começou
como uma religião de um livro. Foi pregado pela primeira vez como uma voz
viva, vinda não de uma caneta, mas dos lábios do Mestre. A doutrina da
Igreja no princípio não era uma coleção de escritos. Foi chamada a Palavra
de Deus, a palavra da salvação, e os primeiros Apóstolos e ministros da
Igreja foram chamados de Ministros da Palavra.

Nosso Senhor não escreveu, nem os Evangelhos foram escritos


imediatamente após Sua morte. Quando a Igreja emergiu de Seu berço e
levou Seu zelo através da Ásia Menor, Grécia, até a Roma de César, então
o Novo Testamento foi escrito. A única vez que nosso abençoado Senhor
escreveu foi na areia, quando uma mulher foi pega em adultério.1 Nosso
Senhor também não disse a Seus apóstolos que escrevessem. Nosso Senhor
não escreveu porque não era um autor, mas uma autoridade. Quando um
homem deixa uma obra literária para trás, há uma tendência a esquecê-lo e
a concentrar-se em seus escritos. Sócrates nunca escreveu. Ele era
conhecido por meio de seus discípulos; portanto, sua personalidade
permanece viva. Platão, por outro lado, escreveu e é conhecido principalmente
por seus escritos, apenas secundariamente em sua pessoa.
Não que haja qualquer comparação entre Sócrates e Cristo, mas

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Parte I: Revelação do Novo Testamento

o fato é que Cristo não quis dar margem à tentação de olhar para as
palavras escritas sobre Ele. Ele queria que tomássemos posse de Sua
Pessoa! Ele estabeleceria Sua doutrina nos membros de Sua nova
aliança, ou Novo Testamento. A primeira tarefa dos Apóstolos após a
morte do Divino Mestre, em obediência ao Seu mandamento, foi pregar.

Nosso Senhor teve muitas testemunhas de primeira mão de Sua


Ressurreição ao Seu redor. Os Apóstolos começaram a pregar o
Evangelho oralmente. Os primeiros convertidos foram reunidos em
torno dos apóstolos para receber as revelações de seus lábios. Homens
que viram, ouviram e tocaram a Cristo os ensinaram. Eles aprenderam
sobre Cristo e Seu evangelho por aqueles que viveram intimamente
com Ele por três anos, como está escrito em Atos, Comeram e também
beberam com Ele.2 Cerca de trinta anos após Sua morte, os
primeiros Evangelhos Canônicos foram escritos, e até agora ao
substituir o ensino oral, o texto escrito foi uma ajuda, não um obstáculo,
para os líderes da Igreja. A Igreja existia antes dos evangelhos. Foi a
Igreja que compôs os evangelhos. Foi na Igreja que o Novo Testamento
foi escrito. Durante os primeiros trinta anos, a Igreja conheceu a
mensagem de Cristo principalmente através da pregação dos Apóstolos
e outros. Este é o significado da palavra “evangelho” ou evangelho.
Significa boas novas, não um bom livro, mas boas novas de salvação
trazidas por servos da Palavra.
Deve-se ter em mente que o ensinamento de nosso Cristo não foi
escrito até que as primeiras testemunhas começaram a desaparecer.
Na verdade, foi a aceitação repentina e imprevista do cristianismo pelos
pagãos que deu origem aos escritos cristãos.
Muitos dos escritos foram escritos para responder a necessidades muito
específicas do momento. Por exemplo, Paulo teve que manter uma
tremenda correspondência com as missões que ele havia começado.
Ele não tinha intenção de produzir literatura no sentido grego da palavra.
Além disso, o rápido crescimento da Igreja trouxe novos problemas.
Naquele ano, tornou-se imperativo que o método oral de ensino dos
apóstolos fosse comunicado por escrito, para que o conteúdo do ensino
oral fosse preservado. São Lucas nos conta no início de seu evangelho
de várias tentativas feitas nesse sentido, e sua declaração foi verificada
a partir de fragmentos descobertos recentemente de evangelhos até
então desconhecidos, embora não inspirados.3

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Os documentos do Novo Testamento revelam que a Bíblia tem


dois atos, assim como muitos dramas no teatro. Esses atos estão
vitalmente relacionados um ao outro. O segundo ato é um avanço
sobre o primeiro e leva a trama à sua plena realização. Ambos os atos
são convênios, acordos ou testamentos. Esses convênios foram feitos
no antigo e no novo tempo. Uma das principais alianças do Antigo
Testamento foi dada no Monte Sinai, e a Nova está muito relacionada ao Calvário.
Sob o Antigo Testamento ou aliança, Deus tratou apenas com uma
nação e indiretamente com outras. Sob o Novo Testamento, Deus
está lidando com todas as nações. Sob o Antigo Testamento ou antiga
aliança, a justificação era pela lei. No Novo Testamento, a justificação
é pela graça. A ênfase no Antigo Testamento estava em fazer certas
coisas que Deus ordenou; e a ênfase no Novo Testamento está em
ser algo. O Antigo Testamento criou expectativas; o Novo, realizações.
O Velho desperta um desejo no coração; o Novo, sat isfaction. No
Antigo, o homem busca a Deus; no Novo, Deus procura o homem. No
Antigo, o homem é condenado como pecador; no Novo, ele é liberto
do pecado. Se tivéssemos apenas o Antigo Testamento, teríamos uma
fechadura sem chave, uma história sem enredo, uma promessa sem
cumprimento, uma semente sem fruto. Se tivéssemos o Novo
Testamento sem o Antigo, seria um fim sem começo, um cumprimento
sem promessa, uma superestrutura sem fundamento. Como já foi dito há muito tem
O Novo está no Velho, oculto, O
Velho está no Novo, revelado; O
Novo está no Velho, contido, O
Velho está no Novo, explicado.

Já dissemos que o Antigo Testamento tinha uma coleção de livros.


O número é quarenta e cinco. As igrejas protestantes dão o número
como trinta e oito. Assim, há sete livros no Antigo Testamento da Bíblia
católica que não são encontrados nas Bíblias protestantes. O que são
esses livros, você pode descobrir lendo mais sobre o assunto.
O Novo Testamento é composto de vinte e sete livros, quatro dos
quais são narrativas históricas da vida de nosso Senhor chamados de
Evangelhos. Há um relato dos primeiros anos da Igreja; isso é
conhecido como os Atos dos Apóstolos. Existem quatorze epístolas de
São Paulo. Além disso, há outras sete epístolas: duas de São Pedro,
uma de Tiago, uma de Judas e três de João. No final há

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Parte I: Revelação do Novo Testamento

o livro chamado Apocalipse, escrito por São João, que também é o autor do
quarto Evangelho.
Agora chegamos a cada um dos quatro documentos conhecidos como
Evangelhos. Pode-se perguntar por que existem quatro. Por que deveria
haver diferentes relatos de nosso abençoado Senhor? A resposta é porque
eles são dirigidos a diferentes públicos, algo que você deve sempre ter em
mente ao ler cada um dos quatro Evangelhos.
A conversão de São Paulo é contada três vezes nos Atos dos Apóstolos.
Havia uma intenção diferente cada vez que era contada. A primeira vez
explicou como se tornou Apóstolo; a segunda, foi a defesa de Paulo perante
os judeus no templo, e a terceira foi a defesa de Paulo perante os romanos;
ou seja, Agripa e Festo. Assim é com a vida de nosso Senhor. Cada um dos
evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João escreveram para um público
diferente. Cada um queria trazer uma fase diferente da vida de nosso Senhor.
A luz é a mesma por natureza e é regida por leis fixas. Observe como a
reflexão é infinitamente variada, tornando-se púrpura, azul, dourada, de
acordo com a natureza sobre a qual ela incide. A luz toca em tons diferentes,
assim como cada um dos quatro evangelhos é dirigido a um público diferente
para trazer à tona uma fase da múltipla variedade da pessoa de Cristo.
Mateus escreveu principalmente para os judeus; Marcos, para os romanos;
Lucas, para os gregos, e João, para o mundo cristão.

Começamos com Mateus, que escreveu seu evangelho para os judeus


para mostrar que Jesus de Nazaré é o Messias prometido. Seu público era
um grupo fechado cujo olhar não ia além dos horizontes da Judéia.
Era totalmente de caráter palestino. Estamos mergulhados em todo lugar em
Mateus no Antigo Testamento. É óbvio que a melhor maneira de convencer
os judeus de que nosso Senhor era o Messias prometido do Antigo
Testamento é citar o Antigo Testamento e mostrar que nosso abençoado
Senhor é pré-anunciado. Portanto, Mateus dirige seu evangelho aos judeus
e é muito cuidadoso em unir o Antigo e o Novo Testamento, muitas vezes
citando Cristo para dizer: Não vim para destruir a lei, mas para cumpri -la.4

Há mil e sessenta e oito versículos no evangelho de Mateus e cerca de


três quintos deles relatam as palavras de nosso Senhor. O ponto a ser
enfatizado é: ele estava se dirigindo aos judeus: Você deve acreditar que
Cristo é o Filho de Deus porque Ele foi prefigurado em nossas Escrituras.5
Em Mateus há cento e vinte e nove Antigos

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

referências do testamento; cinquenta e três deles são citações ou texto;


e setenta e seis são alusões. Essas referências são tiradas de vinte e
cinco livros do Antigo Testamento e das principais partes da Lei dos
Profetas e Salmos.
Temos mostrado que Cristo é o Messias esperado e dito que
Mateus usou isso como seu argumento. Dez vezes Mateus usa a
expressão antes ou depois de um texto do Antigo Testamento: “Para
que se cumprisse”. Por exemplo: “Para que se cumprisse o que foi dito
pelo profeta Miquéias” ou “O que foi dito pelo profeta Isaías”. Ele
também usa a expressão “do qual foi falado” por Jeremias, Davi e assim
por diante. Ele usa essa expressão quatorze vezes. A lei do Antigo
Testamento exigia um sacerdote, um profeta e um rei; e, portanto, na
primeira parte do evangelho de Mateus, encontramos Cristo apresentado
como Rei, depois O encontramos apresentado como Mestre e,
finalmente, como Sacerdote.
Mateus era cobrador de impostos. Ele era um judeu desonesto e
desleal porque se vendeu aos romanos. Ele era conhecido como
publicano, alguém que havia negociado com os romanos, os captores
e senhores do país, para a cobrança de impostos. Ele pode prometer,
em nosso dinheiro, digamos $ 200.000 para uma determinada área em
Cafarnaum. Então ele arrecadaria $ 400.000 e embolsaria $ 200.000.
Por isso, ele era muito desprezado por seu próprio povo. O Senhor
disse-lhe: Vem e segue-me.6 Mateus deixa tudo, inclusive a mesa de
contagem e o dinheiro, mas leva consigo a caneta para escrever um
evangelho e se torna o mais patriota de todos os evangelistas.
Ninguém ama Israel mais do que Mateus. Ele ama o Antigo
Testamento simplesmente porque descobriu seu cumprimento. Sua
vocação de cobrador de impostos se reflete no que escreve. Mateus
usa três palavras para dinheiro que não ocorrem em nenhum outro
lugar: tributo,7 peça de dinheiro8 e talento.9 Em seguida, ele usa
palavras como ouro10 e prata11 , que não ocorrem nos outros
Evangelhos. Duas parábolas do talento são registradas apenas por
Mateus. Ele é o único evangelista que conseguiu tanto dinheiro. Um
talento valia cerca de trezentas vezes mais que um dólar e cerca de
oito mil vezes mais que um centavo, do qual Marcos fala. Mateus, o
cobrador de impostos, também usa a palavra “cambistas”12, que não
ocorre em nenhum outro lugar, exceto como uma dívida, e à qual um
publicano, como Mateus, naturalmente faria referência. Tal, em resumo, é o evangel

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Parte I: Revelação do Novo Testamento

Marcos escreveu para leitores gentios e romanos em particular. O destino


gentio do evangelho é bastante evidente pelo fato de haver poucas citações do
Antigo Testamento. Além disso, há várias palavras latinas encontradas em Marcos
que não são encontradas nos outros evangelhos porque ele se dirige à mente
romana. Ele omite certas parábolas que tinham significado judaico: como os
trabalhadores na vinha,13 a parábola dos dois filhos,14 e o casamento do filho do
rei.15 As escrituras e profecias do Antigo Testamento, que significavam tanto para
os judeus, não significa muito para o romano.

Outro fato sobre Marcos é que ele era um seguidor de Pedro.


Eles são frequentemente mencionados juntos nas escrituras. Na tradição, Pedro
chama Marcos de seu filho espiritual e dá a entender que Marcos esteve uma vez
em Roma com ele. O evangelho de Marcos indica que ele era muito próximo de Pedro.
Há muito sobre a Galiléia, e particularmente Cafarnaum, que era o local de
residência de Pedro. O evangelho aponta para uma testemunha ocular como seu
autor, que obviamente era Pedro. Somos informados sobre a casa de Pedro e sua
sogra.16 Marcos diz que foi Pedro quem chamou a atenção de nosso Senhor para
a árvore seca.17 Também vale a pena notar que detalhes favoráveis a Pedro são
omitidos no evangelho, enquanto outros, não todos favoráveis a Pedro, são
registrados. A mão que transcreveu a história foi a de Marcos, mas a voz que fala
é inquestionavelmente a de Pedro, que estava lá.

O que Marcos traz à tona com toques rápidos e vívidos é a ação pessoal e a
obra do Filho de Deus como Senhor do mundo e Conquistador dos corações dos
homens. Isso era algo que a mente romana podia entender e, assim, ele representou
Cristo estabelecendo um domínio crescente sobre o mal e sobre a natureza,
vencendo os poderes que se opunham a Ele até que, finalmente, Ele ressuscitou
dos mortos.
Lucas escreveu seu evangelho algum tempo antes do ano, e o de Marcos, é
claro, foi escrito antes dessa época. Lucas nasceu em Antioquia e por educação e
nascimento pertencia ao mundo grego. Seu evangelho é dirigido principalmente
aos gregos e é composto em ambiente grego sem excluir a hipótese de ter sido
concluído em Roma. Talvez Lucas tivesse ao seu lado o evangelista Marcos ou
certamente seu evangelho, quando estava escrevendo.

Luke era um médico, o que é evidente pelos termos médicos que ele usa.
Paulo fala de Lucas como o “médico amado”. A narrativa de Lucas mostra uma
preferência por histórias de cura. Sua linguagem é coberta

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

por termos técnicos médicos, ocorrem vestígios de diagnóstico, também


fraseologia médica. Você pode provar que Luke era um médico
examinando certas palavras que ele usa. Marcos e Mateus têm ocasião
de usar a palavra grega para agulha como agulha de costura. Quando
Lucas usa a palavra agulha, ele não usa a palavra grega para agulha de
costura, mas para agulha cirúrgica, palavra usada por um médico grego
que viveu depois dele apenas setenta ou oitenta anos. Lucas registra
que nosso Senhor enviou Seus missionários para pregar e curar. Ele
também preserva a palavra de nosso Senhor: Médico, cura-te a ti
mesmo.18 Mais importante, Lucas narra o nascimento virginal.19 João
escreveu no final do primeiro século e para o mundo cristão. A essa
altura, havia uma geração que tinha visto Deus em carne. As palavras
ardentes do Mestre haviam circulado de casa em casa e de cidade em
cidade. Os homens estavam comendo o Pão da Vida. As epístolas de
Paulo circularam e se espalharam como fogo na pradaria sobre o Império
Romano. Mateus havia escrito para os judeus; Marcos, especialmente
para os romanos; e Lucas, para os gregos. Esses eram três povos
representativos do mundo, mas João desejava registrar aqueles aspectos
espirituais do ministério de nosso Senhor que não haviam sido registrados
pelos outros três e para os quais judeus, romanos e gregos não estavam
preparados.
João dirige seu evangelho aos cristãos. O quarto evangelho, antes
de ser escrito e publicado, foi falado a um círculo imediato de discípulos
por seu autor. Ele presume que seus leitores já sabiam sobre a vida de
Cristo. São João se propõe a aperfeiçoar esse conhecimento e fazer com
que seus leitores penetrem na intimidade do Mestre e compreendam
Seus pensamentos mais profundos. São João também diz no final de
seu evangelho que o mundo não seria grande o suficiente para conter os
livros se ele tivesse escrito todos os milagres que nosso Senhor
realizou.20 A Igreja foi finalmente estabelecida em todo o Império
Romano quando João escreveu . Depois de ter visto a perseguição
sob Nero, depois de ter sofrido seu próprio banimento sob Domiciano e
depois de ter ouvido falar das provações de Paulo, chegou a hora de
escrever seu evangelho. O evangelho de João ecoaria uma harpa cujas
cordas perturbadas foram golpeadas por mãos manchadas de sangue e
levadas pelo poderoso vento de inspiração do Espírito no maior evangelho
já escrito.

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Parte I: Revelação do Novo Testamento

1. Jo 8:6 7 Ibid., 17:25 13 Ibid., 20:1-16 19 Ibidem, 2:1-20


2 At 2:42 3 8 Ibid., 17:27 9 14 Ibid., 21:28-32 20 Jo 21:25
Ibid., 25:15
Lc 1:1-4 4 10 Ibid., 23:16 15 Ibid., 22:1-14
Ibid., 26:15
Mt 5:17 Ibid., Ibid., 21:12 16 Ibid., 8:14 17 Mc
5 2:1-6 Ibid., 11 11:21 18 Lc 4:23
6 9:9 12

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

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PARTE II
– Cristo e Sua Igreja –

“Vejo que nossa gravidade é muito


terrena. Estamos carregados de dias sem oração.
Oh! Confiar nosso peso no Espírito Sem Peso, E sair
como astronautas na prateleira da Graça, E não cair,
Enquanto Cristo segura nossa mão.”

— Fulton J. Sheen
Foto
cortesia
do
St.
Bernard's
Institute
Bishop
Sheen
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Capítulo Nove

divindade de cristo

bendito Senhor chamou a Si mesmo Filho de Deus e Filho do homem. Ele


Nosso. era Deus e homem. Este é realmente um grande mistério e é
chamado o mistério da Encarnação. Encarnação significa encarnado, na
carne. Deus assumiu uma natureza humana; Ele era encarnado. St.
John tem uma descrição muito bonita; ele diz: O Verbo se fez carne.1 O
Verbo significa Deus, ou a segunda Pessoa da bendita Trindade.
Este é um mistério difícil e vamos explicá-lo com uma série de exemplos.
Quando dizemos que Deus se tornou homem, não queremos dizer que o
céu estava vazio como uma sala de seis por dez metros. Quando Deus veio
a este mundo, Ele não deixou o céu vazio, e quando Ele veio a este mundo,
Ele não foi reduzido a proporções humanas. Cristo era a vida de Deus
habitando em carne humana. São Tomás de Aquino tem uma descrição
muito bonita disso em um de seus hinos. Ele disse: “A Palavra celestial
procedendo, mas não deixando o lado do Pai”.

Vamos começar respondendo à pergunta: “Por que Deus se tornou


homem?” Limitamo-nos à ordem histórica em que vivemos. A resposta é:
Ele se fez homem para nos redimir do pecado; portanto, temos que descrever
por que foi necessário que Deus se tornasse homem

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

para expiar completamente nossos pecados. Sempre que pecamos contraímos


uma dívida infinita, mas não podemos pagar uma dívida infinita porque somos
finitos e limitados. Vamos expor a razão na forma de um princípio e depois
daremos exemplos. A honra está naquele que honra. Suponha que um cidadão
dos Estados Unidos, o prefeito de uma cidade, o governador de um estado e o
presidente dos Estados Unidos façam uma visita ao Santo Padre. Quem presta
mais honra ao Santo Padre, o cidadão ou o Presidente? Não é o Presidente? A
honra está naquele que honra.
O outro lado da proposição é este: a culpa ou o pecado é sempre medido por
aquele contra o qual se pecou. Se um cidadão e um prefeito cometem um crime,
qual é o maior pecado? Culpa ou pecado é sempre medido pela pessoa contra a
qual se pecou. Se o pecado ou a culpa fosse contra o presidente dos Estados
Unidos, obviamente, o prefeito seria culpado do pecado maior, não é? Apliquemos
isso à humanidade.
Nós pecamos.
Contra quem pecamos?
Contra Deus.
O pecado é medido por aquele contra quem pecou.
Pecamos contra Deus, Ele é
infinito; portanto, nossa culpa e pecado são infinitos.
Tomemos a outra proposição: a honra está naquele que honra. Vamos tentar
pagar a dívida. O homem é finito e limitado; assim, ele não pode pagar uma dívida
infinita em estrita justiça. Isso não deveria nos surpreender. É muito fácil para
todos nós contrair dívidas maiores do que podemos pagar.

Imagine, temos uma dívida infinita com Deus, que não podemos pagar. Deus
poderia nos perdoar? Ele poderia dizer: “Oh, esqueça! Não é nada." Ele pode
dizer: “Esqueça”, mas não pode dizer que não é nada.
Suponha que Ele nos perdoe. Ele seria misericordioso, mas não satisfaria a justiça.
Se devemos vinte dólares a alguém, a dívida pode ser perdoada, mas a justiça
não é satisfeita a menos que paguemos completamente a dívida. Lembro-me de
quando era menino e costumava quebrar a janela do vizinho do lado. O vizinho do
lado às vezes dizia: “Esqueça”, mas de uma forma ou de outra eu nunca quis
apenas ser dispensado. Eu ia ao meu cofrinho e sacava minhas economias para
pagar a janela quebrada. O homem não quer ser dispensado por Deus; ele tem
um senso de sua própria dignidade. Ele quer pagar de alguma forma a dívida que
tem com Deus.

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Parte II: Divindade de Cristo

Ainda não respondemos como deve ser pago. Se a justiça e a misericórdia devem
ser satisfeitas, então Deus teve que se tornar homem. A menos que Ele se tornasse
homem, Ele não poderia ser nosso representante. Ele não poderia nos defender, e o
homem não pagaria a dívida. Suponha que eu fosse preso por excesso de velocidade.
Você poderia entrar no tribunal no momento em que eu estava sendo julgado e dizer:
“Juiz, deixe-o ir. Eu o assumirei. O Juiz diria a você: “Fique fora disso! Você não está
envolvido; ele é." Na medida em que o homem está envolvido, de alguma forma, Deus
tem que compartilhar nossa natureza.
Além disso, o pecado exige algum tipo de sofrimento e expiação. Se Ele alguma vez se
tornasse homem, Ele poderia sofrer como homem e sofrer em nosso
nome.
Ele não apenas teria que ser homem, mas também teria que ser Deus. Ele teria que
ser homem para agir em nosso nome; Ele teria que ser Deus para que a dívida infinita
pudesse ser paga por alguém que fosse infinito. Cada ação de Deus teria um valor infinito.

A indignação contra Deus poderia ser expiada, e Ele teria que ser Deus para ser sem
pecado. Se Ele estivesse cheio de pecado, precisaria de redenção. Nenhum homem pode
expiar seus próprios pecados. Se tanto a justiça quanto a misericórdia devem ser
satisfeitas, Deus teria que se tornar homem para pagar a dívida infinita. Podemos explicar
isso nos termos da velha canção de ninar:

Humpty Dumpty sentou-se na parede,


Humpty Dumpty teve uma grande queda,
E todos os cavalos do rei
E todos os homens do rei,
Não foi possível juntar Humpty Dumpty novamente

Essa rima expressa muito bem a condição do homem como resultado do pecado.
Desde a queda do homem, ele é como um ovo quebrado e não consegue se recompor.
Existe algum tipo de desordem dentro dele e o mero arranjo de riqueza na ordem social
fora dele não vai mudar o próprio homem. Ele precisa de Deus para colocá-lo juntos
novamente.

Tomemos o exemplo de um relógio cuja mola principal quebrou. Temos as obras,


mas de alguma forma elas simplesmente não vão. Quais são as duas condições que
devem ser satisfeitas para fazer o relógio funcionar? Primeiro, a mola principal deve ser
alimentada de fora. Dois, a mola principal deve ser colocada dentro do relógio. O homem
não pode se redimir mais do que o relógio pode se consertar. Se o homem alguma vez
for redimido, o

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

a redenção deve vir de fora e deve ser feita de dentro. Nunca poderemos
restaurar nossa visão se formos cegos. Se quebramos a comunhão com Deus
pelo pecado, não podemos restaurá-la. Você já pegou uma pétala de rosa em
seus dedos e pressionou e apertou a pétala de rosa? Você notou se poderia
restaurar sua tonalidade? Voce não podia. Levante uma gota de orvalho de uma
folha; você nunca pode substituí-lo. O mal está um pouco arraigado demais para
ser corrigido por um pouco de bondade, razão e tolerância. Você também pode
dizer a um homem que está sofrendo de tuberculose que tudo o que ele precisa
fazer é jogar seis partidas de tênis.
O relógio cuja mola principal está quebrada não pode consertar a si mesmo. A
salvação tem que vir de fora. Nossa vontade humana é muito fraca para vencer
seu próprio mal. Assim como os doentes precisam de remédios fora de si mesmos,
precisamos de um professor para nossas mentes, precisamos de um médico para
nossos corpos e precisamos de um redentor para nossas almas, um redentor fora
da humanidade com toda a sua fraqueza, pecado e rebelião. .
Vamos pegar o outro lado. Dissemos que se a mola principal estiver quebrada,
uma nova mola principal deve ser fornecida por fora e por dentro do relógio. A
salvação deve vir de fora da humanidade, mas deve ser feita, de alguma forma,
dentro da humanidade. Deus teve que se tornar homem para ser redimido por
dentro. Se Deus não se tornasse homem, Ele não teria relação conosco. O homem
não quer apenas ter seus pecados perdoados; ele quer expiar por eles. Então
Deus se tornou homem. Você junta essas duas condições e tem a razão pela qual
o redentor deve ser Deus e homem: Deus, de fora; homem estar dentro da
humanidade. Essa é a Encarnação, Deus tornando-se homem na pessoa de Cristo
para que Ele pudesse nos salvar de nossos pecados.

Aqui chegamos a algo um pouco mais difícil e vamos usar uma palavra que
você pode não ouvir com frequência. Quando estamos estudando para o
sacerdócio, devemos passar cerca de seis meses estudando o significado dessas
palavras: união hipostática. Uma união hipostática significa que há duas naturezas
e uma pessoa em Cristo. Isso é algo que você deve sempre lembrar. Incorpore-o
em sua memória, em sua mente. Cristo tem duas naturezas: uma humana; um
divino. Ambos estão unidos na pessoa de Deus. Deus era, portanto, uma pessoa
humana?
Não, Ele era uma pessoa divina. Ele tinha uma natureza humana? Sim. Ele tinha
uma natureza divina? Sim. Eles estavam unidos na divina Pessoa de Deus.
Obviamente, não estou usando a palavra natureza e pessoa no mesmo sentido,
estou?

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Parte II: Divindade de Cristo

Talvez possamos deixar isso claro se você pegar um lápis na mão. O lápis tem
uma natureza. Uma natureza é uma coisa, algo que opera. Por exemplo, uma vaca
tem uma natureza; um porco tem uma natureza; um tapete tem uma natureza; um
pombo tem uma natureza; seu dedo tem uma natureza. Uma vaca é uma pessoa?
Se sua vaca entrar no meu pasto e comer toda a minha grama, não posso processar
a vaca. Eu posso processar você. Deve haver alguma diferença entre uma natureza
e uma pessoa. Uma pessoa é uma fonte de responsabilidade. Um cachorro não é
responsável por suas ações, mas o homem é.
Usando o lápis em sua mão, você percebe que há diante de você duas
naturezas: uma, a natureza do lápis; o outro, a natureza da sua mão? Sua mão é
uma pessoa? Não, porque você pode perder a mão e ainda ser você mesmo.
Temos agora na mão, combinadas com o lápis, duas naturezas. Como eles estão
unidos? Em seu um por filho. É possível ter a união de duas naturezas em uma só
pessoa. Você tem um corpo, você tem uma alma. Eles são de natureza muito
diferente; um é material e o outro é espiritual, mas você é apenas uma pessoa.
Essa é uma analogia muito incompleta e imperfeita do que acontece.

O lápis por si só não pode escrever. Coloque-o sobre uma cadeira ou mesa.
Esse lápis não pode escrever. Quando você leva sua mão até aquele lápis, você
tem uma união de duas naturezas em uma pessoa. Agora o lápis pode escrever.
Ele poderia fazer algo que não podia fazer antes.
Quando ele escreve, você diz: “O lápis escreve” ou “Eu escrevo”?
Você não diz: “Meus olhos veem você”.
Você diz: “Eu vejo você”.
Você não diz: “Meus ouvidos ouvem você”.
Você diz: “Eu ouço você”.
Você não diz: “Meu estômago digere”.
Você diz: “Eu digiro comida”.
Observe que estamos sempre atribuindo as ações de uma natureza a uma
pessoa. Se você assina um cheque, há uma responsabilidade envolvida e nem a
mão nem o lápis são a fonte dessa responsabilidade.
Apliquemos a analogia. Coloque o lápis novamente sobre a mesa.
O lápis é como o homem; ele não pode pagar a dívida que tem com Deus. Pegue o
lápis. Aqui você tem uma união da natureza da mão, que está unida à sua pessoa,
e a natureza de um lápis. A mão, com sua personalidade descendo até o lápis,
representa a pessoa de Deus e a natureza divina descendo para a natureza humana.
Quando Deus desce e toma sobre Si um ser humano

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

natureza, une-a com Sua natureza divina e Pessoa divina, você


tem a união de duas naturezas; a saber, a natureza de Deus e a
natureza do homem na unidade da pessoa de Deus. Assim como
aquele lápis poderia fazer algo que por si só não poderia fazer, a
natureza humana, unida à pessoa de Deus, pode começar a fazer
algo que por si só não poderia fazer antes. O lápis é o instrumento
da minha personalidade. Quando Deus, com Sua natureza divina,
desceu a este mundo e assumiu uma natureza humana desde o
seio de Sua bendita Mãe, Ele tomou sobre Si um instrumento. Uma
vez que Deus assumiu nossa natureza humana, Ele pode agir em
nosso nome. Cada uma das ações dessa natureza humana teria
um valor infinito. Nem um suspiro, uma palavra, uma lágrima, um
passo daquela natureza humana era inseparável da pessoa de
Deus. Um sopro de Deus teria sido suficiente para redimir o mundo.
Por que? Porque era o sopro de Deus e tinha um valor infinito.
Por que Deus sofreu tanto quando assumiu nossa natureza
humana? Há mais grãos de areia neste mundo do que o necessário
e, portanto, o amor não conhece limites. A única maneira de provar
o amor perfeito é pela entrega de tudo o que se tem. Deus tomou
sobre Si nossa natureza humana e disse que nos amou até o fim,
até a morte. Agora você vê a beleza e a majestade de Cristo.
Ele se tornou homem em Belém e tomou sobre Si a forma de um
bebê. Ele nasceu sem mãe no céu e sem pai na terra. Aquele que
fez o mundo nasceu nele. O criador do sol, nascido sob o sol;
modelador da terra, nascido na terra; inefavelmente sábio, nascido
uma criança pequena; enchendo o mundo, deitado em uma
manjedoura; governando as estrelas, amamentado por Sua mãe.
A alegria do céu chora, Deus se torna homem. Divindade,
encarnada; Eternidade, tempo; Senhor, açoitado; Poder, amarrado
com cordas; Rei, coroado de espinhos. Se você fosse a única
pessoa no mundo que já viveu e pecou, Ele teria descido à terra,
morrido e sofrido apenas por você. Isso é o quanto Ele te ama.

1 João 1:14

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Capítulo Dez

humanidade de cristo

enfatizaram a divindade de Cristo, mas isso acontece com


Nós frequência . esquecemos a humanidade de Cristo. Há dois
versículos na Escritura, um de Isaías e outro da epístola aos Hebreus,
que parecem contraditórios. Isaías diz que nosso abençoado Senhor
foi contado com os transgressores,1 ou pecadores, mas a epístola
aos Hebreus diz que Ele foi separado dos pecadores,2 um com eles
e ao mesmo tempo não com eles. Ele tomou sobre Si todas as
penalidades do pecado. Ele foi separado simplesmente porque era
Deus e porque, em Sua natureza humana, Ele era como nós em
tudo, exceto no pecado.
Agora vamos penetrar profundamente no significado desta natureza
humana que Cristo assumiu. Lembre-se de que não tinha personalidade
humana. Em certo sentido, a natureza humana de nosso abençoado
Senhor era ilimitada. Era quase como se tivéssemos um playground
sem cercas ou muros; então todas as crianças poderiam entrar neste
campo de jogos. A natureza humana de Cristo, porque não foi limitada,
não foi limitada ou confinada por uma personalidade humana. A
natureza humana de Cristo representou, em grande medida, a natureza
humana de cada pessoa que já viveu.

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Quando lemos Sua genealogia no evangelho de Mateus e na genealogia de


Lucas, encontramos santos, mas também encontramos pecadores. Encontramos
mulheres gentias como Rute; encontramos um pecador público como Raabe, e estes
eram típicos da humanidade que Cristo assumiu quando se encarnou. Cada ser
humano que nasceria até o fim dos tempos foi incorporado a esta humanidade.
Portanto, não há budista, confucionista, comunista, pecador ou santo que não esteja
nesta natureza humana de Cristo.

Estamos nisso. Nosso vizinho do lado está nele. Todo perseguidor da Igreja também
é.
Quando estamos confusos sobre como outras pessoas são salvas, precisamos
apenas perceber que implicitamente toda a salvação, todos os homens, estão em Cristo.
Eles podem não reconhecer sua incorporação a Cristo, mas em certo sentido cada
pessoa no mundo é implicitamente um cristão em sua natureza humana.

Apenas volte e pense em todas as repercussões do pecado de Adão.


Não há árabe, americano, europeu ou asiático no mundo que não sinta dentro de si
algo dos complexos, contradições, guerras civis ou rebeliões dentro de sua natureza
humana que herdou de Adão. Todos nós lutamos contra a tentação, e por quê?

Simplesmente porque nossa natureza humana foi desordenada no começo.


Deixe-me dizer-lhe, há uma monotonia terrível sobre a natureza humana.
Você não deve pensar que é o único no mundo que tem uma alma torturada.

Se o pecado de Adão teve tantas repercussões em todo ser humano que já viveu,
devemos negar que a encarnação de nosso bendito Senhor teve maior repercussão?
Pode o pecado de um homem ter maiores efeitos e desordem na natureza humana do
que a Encarnação do Filho de Deus na ordenação de toda a humanidade? Assim, digo
que todos no mundo são implicitamente cristãos. Eles podem não se tornar
explicitamente cristãos, mas isso não é culpa de Cristo. Ele tomou sobre Si a
humanidade deles.

Suponha que houvesse uma grande praga que afetasse uma vasta área do
mundo, e então algum médico em seu laboratório encontrasse um remédio e o tornasse
disponível para todos. Nem todos procurariam o remédio. Eles podem dizer: “Como sei
que ele tem o remédio? Eu vou me curar.” Todos eles podem ser potencialmente
salvos? Certamente não é culpa do cientista se eles não são curados. A culpa é do
povo

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Parte II: Humanidade de Cristo

eles mesmos. A pessoa de Cristo trouxe a salvação a todos os homens e cabe a


nós encontrar a salvação Nele.
Nosso abençoado Senhor estava esperançoso sobre a humanidade. Ele
sempre viu os homens da maneira que originalmente os projetou. Ele viu através
da superfície, sujeira e sujeira para o homem real por baixo. Ele nunca identificou
uma pessoa com pecado. Ele via o pecado como algo estranho e estrangeiro
que não pertencia ao homem. O pecado havia dominado o homem, mas ele
poderia se libertar dele para ser seu verdadeiro eu. Assim como toda mãe vê sua
própria imagem e semelhança no rosto de seu filho, Deus sempre viu a imagem
e semelhança divinas abaixo de nós.
Ele olhou para nós da mesma forma que uma noiva olha para um noivo
no dia do casamento, e como um noivo olha para uma noiva. Eles estão no
seu melhor. Mais tarde na vida, eles podem se afastar desse ideal ou
esquecer o ideal. Um dia, uma mulher veio até mim e me disse que nunca
mais poderia amar seu marido. Eu disse a ela para tentar pensar no quanto
ela o amava no dia do casamento, quando eles ficaram lado a lado no
altar. O que a mulher tinha que fazer era ver a pessoa real a quem ela
entregou sua vida sob a imagem distorcida. Isso é precisamente o que
nosso Senhor faz ao vir à terra.
Mesmo quando os homens se enfureceram e se revoltaram sob Sua cruz,
Ele os viu como filhos infelizes e sem lar do Pai celestial; por eles Ele
sofreu e morreu. Esta é a visão que nosso Senhor tem da humanidade.
Queremos trazer isso para casa de uma forma um pouco mais
íntima, e aqui vamos usar um termo chamado transferência e tentar
deixar claro o que a humanidade de nosso bendito Senhor fez em
relação aos nossos pecados e sofrimentos. Existem três tipos de
transferências na vida de Cristo: há transferência física ; há
transferência psíquica ; e há transferência moral . Se nosso
abençoado Senhor não viesse a esta terra para passar por todo tipo
de agonia, tortura e dor que nós mesmos sofremos, então poderíamos
dizer: “Deus sabe o que é sofrer?” “Ele alguma vez ficou sem
comida?” “Ele já foi traído?” “Ele já foi cego?” Deixe-me dizer-lhe, a
melhor maneira de descrever a humanidade de nosso abençoado
Senhor é que Ele é um Deus que tomou Seu próprio remédio. Ele
tornou o homem livre. O homem abusou da liberdade e trouxe sobre si todos os m
Deus desceu e tomou sobre Si uma natureza humana para que
pudesse sentir todo tipo de tortura da alma humana e toda dor
retorcida do corpo humano. Isso é o que quero dizer com transferência.

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Em primeiro lugar, a transferência física. Lemos sobre isso no


Evangelho; ou seja, nosso abençoado Senhor tomou sobre Si nossas
enfermidades e enfermidades.3 Sempre fiquei muito perturbado com esta
passagem em particular porque parece não haver registro de que nosso
Senhor alguma vez tenha estado doente. Ele deve ter tido uma natureza
humana perfeita. Ele foi concebido pelo divino Espírito de Amor e também
nasceu de uma mulher que foi concebida imaculadamente. Seu organismo
físico deve ter sido um espécime perfeito do homem. Suponho que toda
mulher deseja ser mãe de um grande filho, e um dia, quando nosso Senhor
estava pregando, uma mulher gritou no meio da multidão: Bem-aventurado
o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram . ter sido a mãe
daquele Homem.
Quando encontramos os soldados e os inimigos coroando-O de
espinhos, espancando-O, açoitando-O, esbofeteando-O, cuspindo em Seu
rosto, ridicularizando-O, o que tudo isso significava senão uma tentativa
de rebaixar a amável natureza humana de Cristo ao nível deles? Eles não
podiam suportar a majestade de Seu ser; assim como roubariam a
reputação de um homem, também o roubariam da nobreza de seu caráter.
Nosso Senhor deve ter tido uma natureza humana perfeita. O que
significa a Sagrada Escritura, Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades
e enfermidades? Acho que por cerca de dois anos refleti sobre essa
passagem em minha mente, e a resposta veio ao ler o trabalho de um
famoso psiquiatra suíço. Ele conta a história de dois médicos, ambos com
mãos curativas. Um dos médicos afirmou que sempre que curava alguém,
algo da doença da outra pessoa passava para ele. O outro médico afirmou
que muitas vezes curava pacientes de angina e teve que desistir de curar
porque sofria muitos ataques de angina. Esta é a chave?

Vamos entrar em algumas das curas de nosso Senhor. Muitas vezes


lemos no Evangelho que Ele suspirou quando curou o surdo, o mudo e o
cego. Lemos que Ele gemeu quando ressuscitou Lázaro dentre os mortos.
5 Eu creio que naquele momento, nosso abençoado Senhor tomou sobre
Si os males e as doenças dos outros. Quando curou o cego,6 creio que
sentiu dentro de si não apenas a cegueira de um homem, mas a cegueira
de todos os homens que já viveram. Não há um cego no mundo, na
profunda caverna dos sentidos onde não há luz, que poderia dizer: “Cristo
sabia o que era ser cego?” Sim ele fez. Os mudos e os mongolóides, Ele
sentiu sua

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Parte II: Humanidade de Cristo

mudez? Sim, Ele sentiu não apenas por uma pessoa muda a quem curou,
mas por cada pessoa muda. Quando Ele ressuscitou os mortos e os trouxe
de volta à novidade de vida, acho que Ele sentiu a agonia da morte. Ele
ficou com medo no Jardim do Getsêmani.7
São Paulo nos diz que Ele morreu por todos os homens.8 Ele sabe o
que é a morte, sabe o que é o medo da morte. Este é o Cristo que vem a
nós. Dizemos que Ele é o único que entende nossa doença, e por quê?
Simplesmente porque Ele tem aquela doença dentro de Si. Ele a suportou
por nós e conosco, para que tivéssemos força e paciência como Ele teve.
Não houve apenas transferência física; Ele também sofreu transferência
psíquica. Por transferência psíquica quero dizer que Ele tomou sobre Si
toda a solidão das pessoas; seus males mentais; os trágicos efeitos de suas
psicoses e neuroses. Ele sentiu toda a escuridão do ateu. Ele sabia o que
era ser cético e duvidoso. Ele sabia o que se passava no coração de
qualquer homem que levanta o punho cerrado, de todos aqueles que
odeiam tanto que suas bocas são crateras de ódio e vulcões de blasfêmia.
Afinal, se nosso bendito Senhor fosse redimir os ateus e comunistas, Ele
tinha que saber como era ser um ateu e como era ser um comunista. Ele
teve que sentir o abandono de Deus como o Seu próprio. Na cruz, a
escuridão penetrou em Sua alma. Ele confessou a Seu Pai e em Sua
natureza humana, Seu completo abandono proferindo: Meu Deus, Meu
Deus, por que me abandonaste? 9 Aqui Ele atravessou os vales mais
escuros e desertos de mistério com todos os irmãos humanos. Quase
podemos dizer que este é um momento em que Deus era quase um ateu!
Foi um momento em que Ele quase foi para o inferno, mas com esta
diferença; dentro deste terrível tormento de solidão, Ele clamou a Deus.
Quando alguém diz que foi abandonado por Deus, ou nega a Deus, deve
perceber que tem um irmão que suportou a amargura da separação até o
último extremo do Gólgota. Se Ele mostrou o caminho, podemos encontrar
a saída também. Esta foi a solidão de Cristo no Jardim e a solidão na cruz.

O silêncio de nosso Senhor absorveu todo o mal como uma esponja e


o mal perdeu toda a sua força. Quando um ateu reclama da feiura e
maldade do mundo, ele não sabe no fundo do seu coração que não é assim
que este mundo deveria ser? Ele está afirmando a própria existência de
Deus pela intensidade de sua reclamação. Sem Deus não haveria ninguém
a quem reclamar, e em sua reclamação ele tem Cristo a quem ele pode ir.

71
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Finalmente, houve a transferência moral do pecado. A Sagrada


Escritura diz que nosso bendito Senhor foi feito pecado.10 Ele levou sobre
Si todos os pecados do mundo como se fossem Seus. Cada blasfêmia foi
colocada em Seus lábios como se Ele mesmo tivesse falado a blasfêmia.
Cada roubo estava em Suas mãos como se Ele mesmo tivesse cometido o
roubo. Sua carne pendurada Nele era um sinal de toda a rebelião de toda
a carne do mundo. Ele sabia o que é pecado.
Talvez eu possa deixar isso mais claro. Alguns anos atrás, uma garota
me escreveu de uma grande cidade deste país. Aos dezoito anos, ela foi
para sua primeira dança. Ela foi em companhia de seu primo. A casa dela
ficava a certa distância do portão. A prima a deixou no portão e, naquela
distância entre o portão e a varanda da frente, um estranho a atacou. No
devido tempo, ela se viu grávida. Os únicos que acreditariam nela eram
sua mãe e o pastor.
As vizinhas disseram: “Oh, não é terrível que a pobre mulher tenha uma
filha má.” Algumas meninas do coral não permitiam que ela cantasse
porque ela era má. Ela me contou todas as torturas que suportou.

Ela perguntou: “Qual é a resposta?”


Eu escrevi de volta para ela:

Minha querida menina, todo esse sofrimento veio sobre você


simplesmente porque você carregou o pecado de um homem.
Presumo que se você já tivesse levado os pecados de dez
homens, provavelmente teria sofrido dez vezes mais. Se você
alguma vez tomasse sobre si os pecados de cem homens, seus
sofrimentos teriam sido cem vezes piores. Se você já tomou
sobre si os pecados do mundo, pode ter suado sangue. O teu
pecado e o meu estava no suor sangrento no Calvário,11 nesta
natureza humana, a alma do pó que chamamos de Sagrado Coração.

1 Is 53:12 4 Lc 11:27 7 Mt 26:36-46 10 Is 53:12


2 Hb 7:26 5 8 Rm 5:15 11 Lc 22:44
João 11:38
3 Mt 8:17 6 Mc 8:22-26 9 Mt 27:46

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Capítulo Onze

A Santíssima Trindade

Agora. chegamos a um
Enquanto me ponto empara
preparava queanos propomos
Trindade, a discutir
duas possíveisa Trindade.
objeções
que você poderia ter tido em relação ao pecado original vieram à mente,
e podemos tratá-las brevemente. Uma objeção pode ser esta: “Por que
devo sofrer por causa de Adão? Eu não tinha nada a ver com ele. Eu não
estava envolvido com o pecado dele”. A resposta é: sim, você estava
envolvido. Eu também. Estávamos todos envolvidos simplesmente porque
Adão era o cabeça da raça humana. Um rio poluído na nascente afeta
toda a corrente. Os pais estão infectados; a infecção passa para seus
filhos. Quando o presidente declara guerra, estamos em guerra sem
nenhuma declaração individual de nossa parte, porque o presidente é o
chefe de nosso país. Adão era o cabeça da raça humana. O que ele fez,
nós fizemos. Assim como o mal de um homem pode afetar uma nação
inteira, o bem e a honra de um pai podem afetar a família. A desobediência
de um homem, Adão, afetou a todos nós. Deus, em Sua Misericórdia,
reparou esse mal por meio da obediência do novo Adão, que é nosso bendito Senhor.
A segunda objeção levantada contra o pecado original é: “Por que eu
deveria perder as bênçãos que Adão teve por causa de seus pecados?
Existe uma injustiça da parte de Deus para me privar dos muitos favores que ele teve

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

simplesmente porque ele pecou?” Deve-se lembrar que não há injustiça porque injustiça
é privar alguém de algo que é seu.
Quando Adão pecou, ele perdeu apenas dons que Deus lhe deu, não coisas às quais
ele tinha direito por causa de sua natureza. No dia de Natal, você pode dar presentes a
todos os seus amigos. Se você não lhes desse nada, não os estaria privando do que
lhes era devido.
Além disso, embora tenhamos perdido presentes, nós os recuperamos. Voltamos a ter
comunhão com Deus por meio da graça. Os outros dons que Adão perdeu, não os
recuperamos até a ressurreição geral e recuperamos mais do que perdemos! Como diz
o padre quando põe água no vinho no ofertório da missa, mirabiliter condidisti et
mirabilius reformasti.
“O que Tu fizeste tão maravilhosamente, Tu o fizeste tão maravilhosamente
completamente reformado.”
Deixando essas objeções para trás, chegamos à Trindade.
Você sabe se abençoar Em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo, Amém. Quando você diz: “Em nome do Pai”,
você coloca a mão na testa. Quando você diz “do Filho”, você
coloca sua mão abaixo do peito. E quando você diz: “do Espírito
Santo”, você coloca sua mão, primeiro, no ombro esquerdo,
depois no direito. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo, Amém. Observe que, ao fazer isso, você também faz o
sinal da cruz, o sinal da nossa redenção. Você foi batizado em
nome da Trindade e nosso bendito Senhor falou muitas vezes
sobre isso quando disse: Ide e ensinai todas as nações,
batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.1
Nosso bendito Senhor não disse em nomes de. Ele disse em
nome de porque só existe uma natureza, a natureza de Deus. A
Trindade significa que há três pessoas em Deus e apenas uma natureza.
Sem entrar em explicações muito profundas sobre a natureza e a pessoa, a
natureza responde à pergunta “o quê” e a pessoa responde à pergunta “quem”. Repito,
há três pessoas em Deus e uma só natureza. Uma pessoa na Trindade não significa o
mesmo que uma pessoa neste mundo. Assim, uma pessoa na Trindade não é alguém
com mãos, pés e barba. Uma pessoa na Trindade significa uma relação, ou um
relacionamento. Por exemplo, existe uma estrada que liga Chicago a Nova York. Há
uma estrada que liga Nova York a Chicago. É a mesma estrada, mas é uma estrada
diferente sob um relacionamento diferente. Você vê como de uma coisa você obtém o
múltiplo?

74
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Parte II: A Santíssima Trindade

Lembra da sua química? O símbolo químico da água é H20. Essa é a sua


natureza. Tem apenas uma natureza. Mas é possível ter vários relacionamentos
dentro dessa natureza? Certamente, o H2O pode ser líquido; pode ser gelo e
pode ser vapor. O líquido é de natureza diferente do H20? Não. O gelo? Não.
O vapor? Não.
De alguma forma, os três estão em um, assim como no sol há substância, luz e
calor, mas apenas um sol.
Lembro-me de ter passado uma hora descrevendo a Trindade com
analogias para alguém que estava recebendo instruções, e insisti que era um
mistério. Quando terminei, a boa senhora disse: “No começo você disse que
isso era um mistério. Não é mais um mistério para mim. Você deixou isso
perfeitamente claro!
“Bem,” eu disse, “Senhora, se eu deixei perfeitamente claro para você, eu fiz
não explica direito. Deve ser um mistério.
Existem várias formas de abordar este assunto. Vou começar com a
complexidade da vida; então, aos poucos vou levando a vida até a Trindade
por analogia. Vai parecer que estou a um milhão de milhas de distância, mas
tenha paciência comigo. Espero que a explicação não seja como a de um
advogado confuso que, argumentando perante um juiz, entrou em uma longa
história de casos, decisões legais e precedentes. Ele teve uma vaga suspeita
de que não estava perfeitamente claro e disse ao juiz: "Meritíssimo, você me
entende?"
O juiz disse: “Sim, eu sei, mas se eu soubesse o caminho de volta, eu o
deixaria agora!”
Então eu imploro, tenha paciência comigo.
A vida está misteriosamente ligada a todos os nossos prazeres e destinos,
tanto emocionantes quanto tristes. Às vezes parece o maior de todos os dons e
outras vezes o mais pesado. A vida, que conheço melhor e que conheço menos,
o que é? A primeira resposta óbvia nos é dada pelas coisas comuns ao nosso
redor. Sempre associamos a vida a algum tipo de movimento ou atividade. Se
vemos um animal deitado imóvel em um campo, levanta-se a suspeita de que
possivelmente o animal está morto porque parece não haver movimento.

Quando uma criança está cheia de exuberância e alegria, dizemos que ela está cheia de vida.
Observe que associamos a vida ao movimento. Quando você chega a uma
definição mais científica, descobre que o movimento ou a atividade tem que ser
o que se chama imanente; tem que estar dentro da coisa.

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Existe outro tipo de movimento, que se chama transitivo: por exemplo, a luz
que parece vir do fósforo. O calor que vem de um radiador não tem poder de gerar
calor dentro de si; apenas passa do lado de fora. O carvão tem atividade puramente
transitiva; assim como o rádio. Uma pedra rolando por uma colina tem atividade
transitiva.
A vida, por outro lado, tem esse tipo diferente de atividade que se chama imanente;
de dentro.
Vamos tentar encontrar uma lei sobre a vida. Observe com cuidado: quanto
maior a atividade imanente, mais elevada a vida. Em outras palavras, quanto mais
a atividade está dentro do ser vivo, mais alto ele é. Toda a criação, como você
sabe, é uma pirâmide. Na base da pirâmide está a ordem química material; então,
há plantas, animais, homens, anjos e Deus.

Nós vamos aplicar esta lei. É tão universal que pode ser verificado em cada
uma das ordens. Uma pedra, como sabemos, não tem atividade imanente, embora
quando Michelangelo terminou a estátua de Moisés, ele a golpeou com seu cinzel
e disse: “Fale!” Parecia tão vivo que deveria falar, mas não tinha nenhuma atividade
interna. Mas há atividade interna em uma planta. Ele sempre tem a boca no seio
da Mãe Natureza e leva todos os elementos vitais de que necessita. Quando
chegamos a um animal, ele tem uma vida mais elevada do que a planta. A planta
tem o poder da vegetação; tem o poder de gerar, de gerar sementes. Mas o animal
tem dois poderes imanentes e a planta não. Uma é a capacidade de se mover e a
outra é a capacidade de ver, saborear, tocar e cheirar, o que é chamado de
atividade sensorial. Uma fábrica não pode decidir durante o inverno se mudar de
Nova York para a Flórida ou Califórnia.

Um animal pode se mover da luz para a sombra. Graças ao seu conhecimento


sensorial, ele recebe o mundo exterior dentro de si. Os animais possuem um
mundo interior; um cachorro pode reconhecer a voz de seu dono.
Quando você chega ao homem, existe uma atividade mais elevada? Sim,
pensando e querendo. O homem possui toda a atividade imanente das plantas e
dos animais, mas algo mais que as plantas e os animais não possuem:
conhecimento e amor. Em primeiro lugar, ele tem pensamentos como fé, justiça,
esperança, relacionamento e fortaleza. De onde vêm esses pensamentos? Eles
não estão no mundo exterior. Você nunca viu a fé sair para passear. Você nunca
viu coragem comendo uma sobremesa. Você nunca viu um relacionamento subindo
uma colina. De onde você tirou essas ideias? Sua mente os gerou. Sua mente é
fecunda. Não pense que o único tipo

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Parte II: A Santíssima Trindade

de geração no mundo é a geração que o animal e o ser humano tem para gerar
sua espécie. Existe a casta geração da mente, a habilidade de gerar ideias ou
palavras.
Quando a mente gera uma ideia, o que ela gera não cai dela como uma
maçã cai de uma árvore, como um animal cai de sua espécie ao nascer. O
fruto da nossa mente fica dentro da mente. Tudo o que temos a fazer é olhar
para a mente e lá está ela. É distinto da mente, mas nunca é separado. Quando
quero encontrar um pensamento, simplesmente volto à minha mente. Não
procuro na estante.
Temos vontade e podemos escolher. Podemos amar, e temos o poder,
graças à nossa vontade, de amar o que pensamos. Podemos amar a verdade
em nossa própria mente. Nem sempre precisamos amar as coisas fora de nós.
O incrível da nossa vontade é que nossos amores, assim como nossos
pensamentos, podem estar imanentes dentro de nós.
Vamos a Deus. Deus é a Vida perfeita; portanto, Ele terá atividade
imanente perfeita. Digo atividade imanente perfeita. Uma vez que Ele é um
espírito, teremos que entender essa atividade imanente perfeita por analogia
com a nossa; ou seja, depois do intelecto e da nossa vontade.
Olhamos para dentro de nós mesmos para encontrar alguma semelhança
tênue com esta Vida divina. O que fazemos em nossa mente é pensar e amar.
Deus pensa um pensamento ou uma palavra distinta Dele, mas não está
separado Dele, assim como meu pensamento não está separado de minha
mente embora distinto de minha mente. Eu tenho muitos pensamentos; você
também, mas Deus tem apenas um pensamento. Nesse único pensamento
está contido todo o conhecimento possível. Deus não precisa de nenhuma
palavra senão daquela, que é a imagem e o esplendor de Sua substância.
Lembre-se das palavras do evangelho de João: O Verbo se fez carne e
habitou entre nós.2 Quem é o Verbo que se fez carne? O Filho de Deus, a
segunda pessoa da Trindade, o pensamento de Deus. Por que O chamamos
de Filho de Deus? Isso não é difícil de responder. Não dissemos que você gera
o pensamento em sua mente ou a palavra em sua mente? Não dissemos que
há uma geração superior à geração carnal? Deus gera uma Palavra eterna.

Agora aplicando-o à ordem humana. Como chamamos o princípio da


geração? O pai, não é? Qual é o termo de geração na ordem terrena? Um filho.
Em vez de chamar Deus, que pensa, de Pensador, e em vez de chamar o
pensamento ou a palavra de Deus apenas de pensamento, por que não chamar
Deus, que pensa, de Pai?

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

E por que não chamar Deus, ou a Pessoa que é Pensamento, de Filho?


Então a Palavra que se tornou carne é chamada de Filho. O salmista disse:
Tu és Meu Filho, hoje Te gerei.3 O Filho de Deus que se tornou o Filho do
homem é Jesus Cristo, nosso Senhor.
Façamos outra analogia. Temos a Terceira Pessoa da Santíssima
Trindade. Dissemos que não apenas pensamos, mas também amamos. O
amor é um relacionamento; é um movimento em direção ao que é amado
para uni-lo a si mesmo. Eu te amo simplesmente porque estou comunicando
a verdade a você. O amor não é algo em mim; o amor não é algo em você.
O amor é um vínculo misterioso que une nós dois. Embora o amor seja
distinto do pensamento, procede do pensamento e também do pensador.
Deus ama Sua perfeição; todo ser ama sua perfeição.
A perfeição do olho é a cor; adora cor. A perfeição do ouvido é a harmonia;
ama a harmonia. A perfeição do estômago é comida; adora comida. A
perfeição de Deus Pai é Deus Filho. A perfeição de Deus, o Pensador, é a
Palavra de Deus. E o Pai ama o Filho. O amor não é algo apenas no Pai.

O amor não é algo apenas no Filho.


O amor é um vínculo misterioso que une os dois, e aqui não estamos
lidando com o pessoal e o biológico, mas com algo infinito. O amor não
pode se expressar por cânticos, palavras ou abraços. Não pode expressar-
se como algo que temos nesta terra.
Ela só pode se expressar por aquilo que significa a própria plenitude de
toda doação; ou seja, um suspiro, algo que é profundo demais para
palavras. Todo amor profundo é sem palavras, e o amor que une Pai e
Filho é chamado de Respiração Sagrada, Espírito Santo e Amor Santo.
Assim como a cor, o perfume e a beleza da rosa não fazem três rosas, mas
uma; assim como eu sou; penso e amo; no entanto, tenho apenas uma
natureza. De uma maneira muito mais misteriosa, existem três pessoas em
Deus e apenas um Deus.
Um tremendo amor envolvente está em Deus. Deus é Vida, Verdade e
Amor. Agora sabemos que a Vida é o Pai; a Verdade é o Filho; e o Amor é
o Espírito Santo. E com John Donne dizemos:

Bater meu coração, Deus de três pessoas; pois,


você ainda bate, respira, brilha e procura consertar; Que
eu possa me erguer e ficar de pé, derrubar-me e dobrar
Tua força, para quebrar, explodir, queimar e me fazer novo.

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Parte II: A Santíssima Trindade

Eu, como uma cidade usurpada, para outro


devido, Trabalho para admiti-lo, mas Oh, sem
fim, Raciocine seu vice-rei em mim, eu deveria defender,
Mas é cativo e se mostra fraco ou falso.
No entanto, eu te amo profundamente e seria amado,
faine, Mas estou noivo de seu inimigo: Divorcie-me,
desamarre ou desfaça esse nó novamente, Leve-me para
você, aprisione-me, pois eu A menos que você me
encante, nunca serei livre , Nem nunca castigue, exceto
se você me arrebatar.4

1 Mt 28:19
2 João 1:14
3 Sl 2:7
4 Poemas Divinos, Santo Soneto XIV

79
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cortesia
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St.
Bernard's
Institute
Bishop
Sheen
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Capítulo Doze

A Mãe de Jesus
este ponto nos mistérios divinos da doutrina cristã, nós
No vir . a algumas palavras muito importantes do Credo; ou seja,
nosso bendito Senhor “nasceu da Virgem Maria”.1 Tentaremos dar
alguma evidência disso e mostrar como isso foi necessário no atual
plano do mundo para a redenção.
Para entender as provas, devemos perceber que os Evangelhos não
foram os primeiros, eles foram a tradição. Todos os membros da Igreja
primitiva, depois de Pentecostes e até os Evangelhos serem escritos, já
sabiam sobre o milagre dos pães e dos peixes,2 sobre a ressurreição3 e
sobre o nascimento virginal.4 É algo como o conhecimento que temos de
que o mundo A Primeira Guerra começou em 1914. O fato de lermos no livro
não cria crença em nós. Será? Apenas confirma o que já sabemos. Assim, o
Evangelho estabeleceu de forma mais sistemática o que já se acreditava.

Suponha que você viveu durante os primeiros vinte e cinco anos


da Igreja após o Pentecostes. Como você teria respondido à pergunta:
“Como posso saber no que devo acreditar?” Você não poderia dizer:
“Vou procurar na Bíblia”. Não havia Bíblia do Novo Testamento então.
Você teria que acreditar no que a Igreja estava ensinando naqueles dias.

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Nunca nosso Senhor disse às testemunhas de Sua vida que


escrevessem. Ele escreveu apenas uma vez em Sua vida e isso foi na
areia.5 Mas Ele disse a Seus Apóstolos que pregassem em Seu nome
e fossem testemunhas Dele até os confins da terra.6 Portanto, aqueles
que tiram o texto do Evangelho provar um ponto muitas vezes o isola
da atmosfera histórica em que surgiu e do boca a boca que transmitiu a
verdade de Cristo.
Quando os Evangelhos foram escritos, eles registraram uma tradição
que já existia. Eles não o criaram. Depois de algum tempo, os homens
decidiram colocar a tradição por escrito, o que explica o início do
evangelho de São Lucas. Ele começa, Para que conheças a veracidade
destas palavras nas quais foste instruído.7 Ele assume que as pessoas
já foram instruídas. Os Evangelhos não deram início à Igreja; a Igreja
começou os Evangelhos. A Igreja não saiu dos Evangelhos; foram os
Evangelhos que saíram da Igreja.
A Igreja precedeu o Novo Testamento, não o Novo Testamento a Igreja.
Os homens não acreditaram na Ressurreição porque o Evangelho disse
que houve uma Ressurreição. Os escritores dos Evangelhos registraram
a história da Crucificação e da Ressurreição porque acreditaram nela.

Da mesma forma, a Igreja não passou a acreditar no nascimento


virginal porque os Evangelhos nos dizem que houve um nascimento
virginal; foi porque a Palavra Viva de Deus, em Seu Corpo místico, a
Igreja, já acreditou nisso e os escritores sagrados o registraram nos Evangelhos.
Se os Apóstolos, que viveram com nosso Senhor, que O ouviram falar
nas colinas abertas e no templo, se os Apóstolos não ensinassem o
nascimento virginal, ninguém mais o teria ensinado; ninguém mais o
teria escrito. Era uma ideia muito incomum para os homens inventarem.
Teria sido normalmente muito difícil de aceitar se não tivesse vindo do
próprio Cristo.
O único homem que poderia estar inclinado a duvidar do nascimento
virginal por motivos naturais era o homem que o escreveu em seu
evangelho, a saber, São Lucas. Digo por motivos naturais porque Lucas
era um médico, mas é o médico quem registra o nascimento virginal e
nos conta mais sobre isso.8 Os hereges negaram muitos dos
ensinamentos de nosso Senhor porque houve protestos contra Cristo e
Sua Igreja. Desde o ínicio. Esses hereges negaram algumas de Suas
doutrinas, mas havia um ensinamento que nenhum dos primeiros hereges negava: n

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Parte II: A Mãe de Jesus

Senhor nasceu de uma virgem. Alguém poderia pensar que seria a


primeira doutrina a ser atacada, mas o nascimento virginal foi aceito
tanto pelos hereges quanto pelos crentes. Teria sido bastante tolo tentar
convencer alguém do nascimento virginal se ele já não acreditasse na
divindade de Cristo. E é por isso que, provavelmente, Maria não falou
dela mesma até depois da Ressurreição.
Agora chegamos a uma objeção frequentemente ouvida: “O
Evangelho diz que nosso abençoado Senhor tinha irmãos? Se Ele teve
irmãos, então Maria teve outros filhos e nem sempre foi virgem”. vamos tentar dar
algumas respostas.

Subo ao púlpito com frequência e começo meu sermão dizendo:


“Meus queridos irmãos e irmãs”. Isso significa que todos na congregação
tiveram exatamente a mesma mãe ou é apenas uma forma de falar? O
amplo uso das palavras “irmãos e irmãs” na linguagem moderna foi
usado pelos autores da Sagrada Escritura. Nas Escrituras, a palavra
irmão significa parente, às vezes amigo; por exemplo, Abraão chama Ló
de seu irmão. Como lemos no livro de Gênesis, Ore, não tenhamos
contendas entre nós dois; entre os meus rebanhos e os teus, porque
somos irmãos.9 Ló não era irmão de Abraão; ele era sobrinho, mas é
assim que as Escrituras falam de amigos e parentes.

Existem vários que são mencionados como irmãos de Cristo, como


Tiago, mas são indicados como filhos de outra Maria em outras partes
das Escrituras. Eles significam Maria, a irmã da mãe de nosso Senhor e
a esposa de Cléofas.10 Tiago é descrito como o irmão de nosso Senhor
por São Paulo, que disse: Mas eu não vi nenhum dos outros apóstolos,
exceto Tiago, o irmão do Senhor.11 Mas esse Tiago é regularmente
mencionado na enumeração dos apóstolos como o filho de outro pai, a
saber, Alfeu.12 Você encontrará isso registrado em Mateus, Marcos e Lucas.
Além disso, os chamados irmãos de nosso Senhor não são mencionados
nas Escrituras como filhos e filhas de José e Maria.
Em nenhum lugar nas Escrituras é dito que José gerou irmãos e irmãs
de Jesus, como em nenhum lugar diz que Maria teve outros filhos além
de seu Filho divino.
Agora chegamos a algumas provas bastante incomuns do nascimento
virginal da Sagrada Escritura, independentemente das referências óbvias
que existem em São Lucas. Duas dessas provas vamos extrair do
evangelho de São João e dos escritos de São Paulo.

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

São João assume o nascimento virginal; ao longo de seu evangelho, há a


suposição de um nascimento duplo. Nascemos de nossos pais e depois nascemos
de Deus pelas águas do Espírito Santo no batismo. Lembre-se, nosso Senhor quis
dizer isso quando disse a Nicodemos que ele deveria nascer de novo; o primeiro
nascimento ele tomou de sua mãe na carne, e o segundo é o nascimento da água e
do espírito.13 O que nos torna cristãos não é nascer de nossos pais, mas nascer de
Deus por meio do batismo.

Observe quando São João fala de nosso nascimento de Deus, ele praticamente
assume o nascimento virginal. Ele disse no início de seu evangelho que nosso
Senhor nos deu o poder de nos tornarmos filhos de Deus.14 Então, ele nos diz que
isso acontece por meio de um nascimento, mas ele imediatamente diz que não é um
nascimento humano. Em seguida, ele passa a enumerar as razões pelas quais não
é um nascimento humano. Ele disse: Não é de sangue, sexo, nem da vontade
humana, mas unicamente pelo poder de Deus.15
Esta declaração de João assumiu um entendimento cristão e comum do
nascimento virginal. O que é sangue, o que é sexo, o que é a vontade humana,
senão um nascimento humano. Todos esses elementos são eliminados na história
do nascimento de nosso Senhor. A bendita Mãe diz que é virgem, que não conhece
homem, e o anjo diz que o poder de Deus a cobrirá com sua sombra.16 Você obtém
os mesmos elementos que vê no evangelho de São João no evangelho de São
Lucas. Como poderia qualquer cristão naqueles dias ter entendido o tipo espiritual
de nascimento, a menos que entendesse o nascimento virginal? No final do primeiro
século, ninguém leu o início do evangelho de São João e ficou surpreso com o fato
de São João ter falado de uma nova geração sem sexo. Eles não ficaram surpresos
porque nessa época todo o mundo cristão sabia que foi assim que o cristianismo
surgiu.

O nascimento virginal é ideia de Deus, não do homem. Ninguém jamais teria


pensado nisso se não tivesse acontecido.
Agora chegamos a outra prova das epístolas de São Paulo. São Paulo
também assume o nascimento virginal. Como você sabe, as epístolas foram
originalmente escritas em grego. Quando São Paulo fala do nascimento de nosso
Senhor, ele usa uma expressão muito peculiar em grego. A mensagem de São
Paulo aos Gálatas foi: Então Deus enviou Seu Filho em uma missão para nós.
Ele nasceu.17 Observe que, “Ele nasceu de uma mulher,” nasceu como sujeito
da lei para nos tornar filhos por adoção. Sempre que São Paulo descreve o
nascimento de nosso Senhor, ele nunca usa a palavra comum para descrever o nascimento. em

84
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Parte II: A Mãe de Jesus

palavras, ele nunca usa a palavra para descrever um nascimento humano que é o
resultado da conjunção de um homem e uma mulher, a palavra que é sempre usada
em todas as outras passagens do Novo Testamento.
A palavra comum em grego é alguma forma da palavra grega gennao,
um nascimento como você e eu. Mas São Paulo, em quatro instâncias, fala
dos primórdios temporais de nosso Senhor. Lembre-se que a pessoa de
nosso Senhor era eterna; foi apenas Sua natureza humana que teve um
começo. Agora, nos quatro casos em que São Paulo aborda os primórdios
temporais de nosso Senhor, como homem, nesses quatro casos, São Paulo
usa uma palavra grega totalmente diferente porque não era o tipo comum de
nascimento. Ele usa alguma forma da palavra ginomai. Nunca ele emprega
aquela outra palavra que significa um nascimento comum comum, como
todos os mortais têm para descrever o nascimento de nosso Senhor. Ele usa
uma palavra que significa vir a existir, ou tornar-se.

Um exemplo muito interessante disso é uma passagem em Gálatas.18


Nessa epístola, São Paulo usa três vezes uma palavra que significa “nascer”
da maneira comum. Ele a usa para descrever o nascimento de Ismael e o
nascimento de Jacó, mas quando chega ao nascimento de nosso Senhor, ele
se recusa a usar essa palavra. Ele usa outra palavra, uma forma do verbo
ginomai porque o nascimento de nosso Senhor foi um nascimento virginal.
No Novo Testamento, o nascimento de uma criança é registrado trinta e
três vezes e em cada instância o Novo Testamento usa a palavra gennao, o
nascimento comum como o seu e o meu, mas essa palavra nunca é usada
uma vez em relação ao nascimento de nosso Senhor. Nosso Senhor, como
pessoa, teve um nascimento eterno. Visto que Ele assumiu a natureza
humana, Ele teve um nascimento temporal - um começo, sim, mas o começo
veio de uma virgem.
Veja, a razão da diferença é esta, nosso Senhor nasceu na família
humana, na raça humana, Ele não nasceu dela. Deus formou Adão, o primeiro
homem, sem a semente de um homem, então por que deveríamos nos
esquivar do pensamento de que o novo Adão também seria formado sem a
semente de um homem? Como Adão foi feito da terra na qual Deus soprou
uma alma vivente, assim o Espírito Santo formou o corpo de Cristo na carne
de Maria. Tão firmemente enraizado estava o nascimento virginal na tradição
cristã que nenhum dos primeiros apologistas jamais teve que defender o
nascimento virginal. Até mesmo os hereges acreditaram porque ela estava
exatamente no mesmo patamar de um fato histórico.

85
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Aqui está outro ponto interessante. Há duas histórias de nascimento no Evangelho:


o nascimento de nosso Senhor19 e o nascimento de João Batista,20 mas observe a
ênfase diferente. A história do evangelho de João Batista centra-se no pai, Zacarias. A
história do evangelho do nascimento de Jesus centra-se na mãe. Por que centra-se na
mãe?
Novamente, por causa do nascimento virginal. Você pode perguntar: “Bem, por que
existe um nascimento virginal? Nosso abençoado Senhor poderia ter vindo a esta terra
de qualquer outra maneira?” Ah, certamente! Nosso Senhor realmente não precisava ter
nascido, mas dada a atual ordem das coisas, por que existe um nascimento virginal?

Aqui chegamos a algo que é um pouco difícil de entender e esperamos poder


esclarecer. A razão pela qual acreditamos em um nascimento virginal, e a razão na
presente ordem que nosso Senhor escolheu dessa maneira, foi que Ele queria alguém
muito bom para trazê-lo a este mundo. Nenhum grande líder triunfante faz sua entrada
na cidade por estradas cobertas de poeira quando ele poderia entrar na avenida repleta
de flores. Se a Pureza Infinita tivesse escolhido qualquer outra porta de entrada na

humanidade que não fosse a pureza humana, teria criado uma tremenda dificuldade para
nós; ou seja, como Ele poderia ser sem pecado se Ele nasceu de uma humanidade
carregada de pecado? Se um pincel embebido em preto fica preto e se um pano assume
a cor da tinta, Ele, aos olhos do mundo, não teria participado da culpa da qual toda a
humanidade compartilhou? Se Ele viesse a esta terra através do campo de trigo da
fraqueza moral, Ele certamente teria um pouco de palha pendurada nas vestes de Sua
natureza humana. Em outras palavras, nosso problema é este: como Deus pode se
tornar homem e ainda assim ser um homem sem pecado?

Em primeiro lugar, Ele tinha que ser homem. Ele tinha que ser como nós para que
Ele pudesse estar envolvido em nossa humanidade. Ele tomou sobre Si os nossos
pecados. Mas, ao mesmo tempo, embora nosso bendito Senhor tivesse de ser um
homem perfeito, Ele não poderia ser um homem pecador. Ele tinha que ser um homem sem pecado.
Ele tinha que estar fora dessa terrível corrente de pecado que se transmite e contagia
toda a humanidade. Você vê o problema? Ele tinha que ser um homem; Ele tinha que
ser diferente de todos os outros homens no sentido de que Ele tinha que ser nosso
Redentor e sem pecado como o novo Adão.

O problema é muito parecido com o de um navio. Imagine um navio navegando


em um mar muito sujo e fétido. Deseja passar para outro mar ou lago imediatamente
próximo onde as águas são cristalinas e puras. Evidentemente tem que haver algum
intervalo entre as águas sujas

86
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Parte II: A Mãe de Jesus

e as águas claras; caso contrário, eles se fundiriam. Então, o que aconteceu?


Muitas vezes, um bloqueio é construído. Um navio navega ao longo dessas
águas sujas, então entra na eclusa onde as águas sujas são completamente
separadas dele, e então o navio é finalmente elevado para as águas claras.
Nosso bendito Senhor tinha que estar relacionado com a humanidade
pecaminosa que existia antes, relacionado na medida em que Ele seria um
homem. Ele tinha que ser sem pecado para que Ele próprio não precisasse de
redenção, mas fosse nosso Redentor.
Nosso bendito Senhor foi levantado daquela corrente pecaminosa da
humanidade e se tornou o novo cabeça da raça humana por meio do nascimento
virginal. Pense na bela aplicação que tem para todos nós. A Santíssima Mãe é
a inspiração de todos. Uma mãe é a protetora da virgem e a virgem é a
inspiração da maternidade.
Sem as mães não haveria virgens na próxima geração, e sem as virgens as
mães esqueceriam o sublime ideal que vive além da terra. Quantas vezes
quando você visita alguém, você ouve dizer: “Oh, a criança se parece
exatamente com o pai”. Se tivéssemos olhado para nosso bendito Senhor,
teríamos dito: “Ele se parece exatamente com Sua mãe”. Ele obteve algo do
lado de Seu Pai, a saber, a divindade.
Mas Ele também obteve algo do lado de Sua mãe, ou seja, uma humanidade
sem pecado. É por isso que amamos Maria. Ave Maria cheia de graça!

1 Lc 1:34 7 Lc 1:1-4 8 19 Lucas


13 Jo 3:1-21
Ibid., 1:26-38 14 Ibid., 1:12 2:1-10 20 Ibid.,
2 Mt 15:32-39 9 Gn 13:8 Ibid., 1:13 1:56-58
3 Mc 16:9-20 15
16 Lc
4 Mt 1:18-25 10 João 19:25 1:26-38 17 Ga
5 João 8:8 11 Gl 1:19 4:4-5 Ibid.,
6 Atos 13:47 12 Mt 10:3 18
4:23-29

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Capítulo Treze

Cristo no Credo: Nascimento

Deve -se notar


. passa sobreque nosso
a vida Credo
pública dequase
nosso resume
Senhor:uma vida. Com
Ele nasceu; Eleque rapidez
sofreu;
Ele foi enterrado; Ele se levantou; agora Ele está sentado à direita do Pai
na glória. Isso está destinado a ser o resumo de toda vida humana. Observe
como a vida de nosso Senhor é dividida: trinta anos de obediência, três
anos de ensino e três horas de redenção.
Começamos com Seu nascimento. César Augusto, o mestre contador
do mundo, estava sentado à sua escrivaninha no Tibre, em Roma, e diante
dele havia um mapa. Foi rotulado como Orbis Terarum Imperium Romanum.
Porque ele era o dono do mundo, ele ia fazer um censo. Todas as nações
civilizadas do mundo estavam sujeitas à capital, Roma. O latim era a língua
oficial e César era o governante. A ordem foi enviada a todos os postos
avançados e governadores de que todo romano deveria ser registrado em
sua própria cidade . de suas origens familiares.

José, carpinteiro, descendente muito obscuro do grande rei Davi, foi


obrigado a registrar-se em Belém que era a cidade de

89
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Davi. De acordo com o edito, Maria e José partiram da aldeia de Nazaré


para a aldeia de Belém, que fica a cerca de cinco milhas do outro lado de
Jerusalém. Eles fizeram a viagem de Nazaré. Quinhentos anos antes,
havia sido profetizado pelo grande profeta Miqueias que nosso abençoado
Senhor nasceria na cidade de Belém.2 Ele morre na grande cidade de
Jerusalém. A ignomínia de Sua crucificação pode ser conhecida por todos,
mas a glória de Seu nascimento está escondida na menor das cidades.

Maria estava grávida e esperando o nascimento. José estava cheio


de expectativa ao entrar na cidade de sua própria família. Ele procurou um
lugar onde Ele, a quem pertenciam o céu e a terra, pudesse nascer. Será
que o Criador não encontraria espaço em Sua própria criação? Certamente,
pensou Joseph, haveria lugar na estalagem da aldeia. Havia espaço para
os ricos. Havia espaço para aqueles que estavam vestidos com roupas
leves. Havia espaço para todos que tivessem uma gorjeta para dar ao
estalajadeiro, mas quando os pergaminhos da história forem completados
até as últimas palavras do tempo, as linhas mais tristes de todas serão:

“Não havia lugar na hospedaria.”3 Mas


havia lugar no estábulo.
A estalagem é o ponto de encontro da opinião pública, o ponto focal
dos humores do mundo, o ponto de encontro do mundano, o ponto de
encontro do popular e do bem-sucedido, mas não há espaço no lugar onde
o mundo se reúne. O estábulo é um lugar para párias, ignorados e
esquecidos. O mundo poderia esperar que o Filho de Deus nascesse em
uma hospedaria. Um estábulo certamente seria o último lugar do mundo
onde alguém O procuraria. A lição é: a divindade está onde você menos
espera encontrá-la.
O Filho de Deus feito homem foi convidado a entrar em Seu próprio
mundo por uma porta dos fundos. Exilado da terra, Ele nasceu debaixo da
terra, pois o estábulo era uma caverna. Ele foi o primeiro homem das
cavernas da história registrada. Ali Ele abalou a terra até seus alicerces.
Porque Ele nasceu em uma caverna, todos os que desejam vê-Lo devem
se curvar, e a inclinação é a marca da humildade. Os orgulhosos se
recusaram a se curvar; portanto, eles perderam a divindade. Aqueles que
estavam dispostos a dobrar seus egos e entrar naquela caverna
descobriram que não estavam em uma caverna, mas em um universo
onde um Bebê estava sentado no colo de Sua mãe, o Bebê que fez o mundo. Pastores

90
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Parte II: Cristo no Credo: Nascimento

visitem-no: pastores, que sabiam que nada sabiam; homens sábios, que
sabiam que não sabiam tudo.
Tempo passou; após a fuga para o Egito, Sua mãe e seu pai adotivo
trouxeram nosso abençoado Senhor a Nazaré, que seria Sua cidade natal e
onde Ele passaria Seu tempo até iniciar Sua vida pública.4 Parecia uma longa
preparação . Alguém se pergunta por que demorou tanto, praticamente trinta
anos para três anos de ministério.
Só podemos adivinhar, e este é o nosso palpite.
A razão pode ser que Ele esperou até que a natureza humana que
havia assumido tivesse crescido até a perfeição total; assim, Ele poderia
oferecer um sacrifício perfeito a Seu Pai celestial. O fazendeiro não
espera até que o trigo esteja maduro antes de cortá-lo e submetê-lo ao
moinho? Ele esperaria até que Sua natureza humana alcançasse as
proporções mais perfeitas, o auge da beleza antes de entregá-la ao
martelo dos crucificadores e à foice daqueles que cortariam o Pão Vivo
do céu.
Os judeus nunca ofereceram o cordeiro recém-nascido em sacrifício,
nem a primeira rosada é cortada para homenagear um amigo. Cada
coisa tem sua hora de perfeição. Ele era o Cordeiro marcando a hora
para Seu próprio sacrifício; Ele era a Rosa escolhendo o momento de
cortar. Ele esperou com paciência, humildade e obediência, enquanto
crescia em idade, graça e sabedoria diante de Deus e dos homens.
Então Ele diria: “Esta é a minha hora”. Assim, o trigo mais seleto e o
vinho mais vermelho se tornariam os elementos mais valiosos do
sacrifício. Talvez seja por isso que Ele esperou.
Já dissemos algo sobre Sua tentação, ou seja, a reversão da tentação de
Adão e Eva. Satanás solicitou que nosso bendito Senhor renunciasse à cruz,
desse pão às pessoas, fizesse algum tipo de prodígio, fizesse qualquer coisa,
exceto tratar com a culpa humana e Satanás.5 Depois da tentação, quando
nosso Senhor começou Sua vida pública, Ele foi além da Jordão, onde João
Batista estava pregando. Era a época da Páscoa, a festa que leva o nome da
época em que os judeus eram escravos no Egito. Para libertar os judeus,
Deus puniu os egípcios. Eles iriam perder o primogênito. Para que o anjo
destruidor não tocasse no primogênito dos judeus, eles foram convidados a
sacrificar um cordeiro e aspergir o sangue do cordeiro sobre as ombreiras das
portas, não na terra onde poderia ser pisoteado. O Anjo destruidor, vendo o
sangue como uma promessa e

91
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

sinal de redenção da escravidão, passaria por aquela casa. O sacrifício do cordeiro


pascal ficou conhecido como “Páscoa”.
Os judeus continuam a oferecer o sacrifício do cordeiro pascal na época da
Páscoa. Ao longo dos séculos, centenas de milhares de cordeiros foram sacrificados.
Lembre-se de que, mesmo antes de Moisés, foi pedido a Abraão que sacrificasse seu
filho Isaque.7 Ele carregou seu filho Isaque com lenha e disse-lhe que carregasse a
lenha, que era preparatória e necessária para o sacrifício. Este era o símbolo de Deus,
o Pai, oferecendo Seu Filho. Como Isaque era o único filho de Abraão, nosso Senhor
era o Filho do Pai celestial. Quando Abraão e Isaque chegaram ao topo da montanha,
Isaque perguntou: Onde está o cordeiro?

O que vamos sacrificar? 8 Deus providenciou um substituto para Isaque que tipificava
o fato de que nosso abençoado Senhor iria, de alguma forma, substituir a Si mesmo
por nossos pecados. Mas o ponto é que Isaque perguntou: Onde está o cordeiro?
Abraão disse: Meu filho, Deus providenciará para que haja um cordeiro para ser
sacrificado.9 Agnum providebit: Deus fornecerá um cordeiro.
Com esta memória do sacrifício de Abraão e Isaque, e a memória da Páscoa e
de todos os cordeiros que foram sacrificados, os judeus subiam agora para Jerusalém.
Cada família deveria ter seu próprio Cordeiro Pascal. Imagine as margens do Jordão
quase brancas com a lã dos cordeiros que estavam sendo trazidos à cidade para o
sacrifício. Os judeus entenderam o significado. Foi uma lembrança e uma memória de
como eles foram resgatados da escravidão política. Os profetas lhes disseram que
seria um símbolo de serem resgatados da escravidão espiritual. O profeta Isaías lhes
havia dito quando o verdadeiro Cordeiro de Deus viesse, que Ele seria um homem.
Isaías havia escrito: E Deus colocou sobre Seus ombros a nossa culpa, a culpa de
todos nós.10 Uma vítima? Sim, Ele mesmo se curva ao golpe. Nenhuma palavra vem
Dele.

Enquanto João Batista estava pregando, ele vê todos esses cordeiros diante
dele, mas também vê nosso abençoado Senhor na multidão. João Batista deixou sua
voz soar e, apontando para nosso bendito Senhor, disse: Eis o Cordeiro de Deus que
tira os pecados do mundo! 11 Ao longo dos séculos, essas palavras da pergunta de
Isaque foram repetidas: “onde está o cordeiro, onde está o cordeiro, onde está o
cordeiro?”
João Batista deu a resposta: “Eis o Cordeiro de Deus”. O cordeiro era o sacrifício e
Cristo seria o sacrifício. João Batista o chamou de Cordeiro de Deus. Ele não era o
Cordeiro do povo,

92
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Parte II: Cristo no Credo: Nascimento

nem o Cordeiro dos judeus, nem o Cordeiro de qualquer dono humano,


mas o Cordeiro de Deus. Quando chegasse a hora de aquele Cordeiro
ser sacrificado, Ele não seria uma vítima daqueles que eram mais fortes
do que Ele, mas estaria cumprindo Seu próprio dever voluntário de amor
pelos pecadores. Não foi o homem quem ofereceu esse sacrifício, embora
tenha sido o homem quem matou a vítima. Seria o próprio Deus. Logo no
início da vida pública de nosso Senhor, temos uma predição do sacrifício.
A cruz não é uma reflexão tardia na vida de nosso Senhor.
João Evangelista, no Apocalipse, fala do Cordeiro imolado em
sacrifício, desde que o mundo foi feito ou mesmo antes que o mundo
fosse feito.12 Isso significa que o Cordeiro foi imolado por decreto divino
desde toda a eternidade, embora o cumprimento temporal desse sacrifício
seria apenas na colina do Calvário. Se tivéssemos tempo para entrar em
cada detalhe da vida de nosso abençoado Senhor, veríamos como a Cruz
era dominante em tudo o que Ele disse e fez. No entanto, a cruz não é
definitiva. Nosso Senhor nunca falou da Cruz sem falar também da
Ressurreição.
Em uma longa conversa que nosso abençoado Senhor teve uma
noite com Nicodemos, quando disse que não sabia tanto sobre as leis
mosaicas quanto pensava, Ele disse a Nicodemos que não era apenas o
Filho do homem, mas o Filho de Deus. Ele disse: O que vocês farão se
virem o Filho do homem subir para o lugar onde estava antes?13 Ele
desceu do céu para este mundo. Nosso bendito Senhor usou uma figura
que era muito conhecida de Nicodemos e dos judeus. O que nosso Senhor
disse naquela noite a Nicodemos foi que este Filho do homem deve ser
levantado no deserto para que aqueles que crêem nele não pereçam, mas
tenham a vida eterna como a serpente foi levantada por Moisés.14 O que
nosso Senhor quis dizer, “A serpente levantada por Moisés?”
Se você voltar ao livro de Números, verá o povo se rebelando contra
Deus no deserto. Eles foram punidos com a praga de serpentes ardentes
e muitos deles perderam a vida.15 Deus disse a Moisés para fazer uma
serpente de bronze de bronze e colocá-la na forquilha de uma árvore.16
Então Deus disse a Moisés todos os que tinham olhou para a serpente
de bronze na virilha daquela árvore seria curado da picada da serpente
venenosa.
Certamente não havia nada em uma serpente de bronze que pudesse
curar qualquer um daqueles que sofriam com a picada de uma serpente.
Nenhuma relação intrínseca entre os dois, e todos que olhavam

93
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

sobre ela foi curado e aqueles que se recusaram a olhar para aquela
serpente de bronze não foram curados. Depois que centenas de anos se
passaram, nosso abençoado Senhor vem a esta terra, volta a esse símbolo
e dá a ele um significado real. Nosso Senhor agora disse que Ele é a serpente de bronze.
Assim como Moisés levantou aquela serpente de bronze no madeiro, assim
Ele, nosso bendito Senhor, será levantado no madeiro da Cruz, e todos os
que olharem para Ele serão salvos. A conexão é essa. Aquela serpente de
bronze no deserto parecia exatamente com a serpente de fogo que havia
picado os judeus, mas não tinha veneno dentro dela. Parecia venenoso, mas
não era venenoso. Nosso abençoado Senhor agora deu a entender que Ele
também seria levantado em uma árvore. Ele pareceria como se fosse um
pecador. Ele pareceria estar cheio do veneno da culpa. Os juízes não O
condenariam? Se Ele fosse condenado, não pareceria que Ele próprio fosse
um pecador? No entanto, Ele estaria sem pecado, e todos os que olhassem
para Ele seriam curados como o símbolo ao qual nosso Senhor agora apelou.

Mais uma vez nosso Senhor estava dizendo que Ele não era apenas um
professor, mas um redentor. Ele estava vindo para redimir o homem na
semelhança da carne humana. Os professores mudam os homens com suas
vidas; nosso abençoado Senhor mudaria os homens por Sua morte. E o
veneno do ódio, sensualidade e inveja que está no coração dos homens não
poderia ser curado simplesmente por exortações selvagens de reforma social.
O salário do pecado é a morte; portanto, seria pela morte que o pecado seria
expiado. Como nos sacrifícios antigos, o fogo queimava simbolicamente o
pecado imputado junto com a vítima, assim na Cruz o pecado do mundo seria
removido no sofrimento de Cristo, Ele estaria em pé como um Sacerdote e
prostrado como uma Vítima. Se há algo que todo bom professor deseja, é
uma vida longa que tornará seu ensinamento conhecido. A morte é sempre
uma grande tragédia para um professor. Quando Sócrates recebeu o suco
de cicuta, sua mensagem foi cortada de uma vez por todas. A morte para
Buda foi uma pedra de tropeço que se interpôs no caminho de todos os
ensinamentos dos místicos orientais. Nosso bendito Senhor estava sempre
proclamando Sua morte pela qual Ele toma sobre Si os pecados do mundo e
aparece como se fosse um pecador.
Nosso abençoado Senhor fala com Nicodemos e se proclama a Luz do
mundo. A parte mais surpreendente disso tudo foi que Ele disse que ninguém
entenderia Seus ensinamentos até depois de Sua morte e ressurreição.
Nenhum outro professor no mundo jamais disse que seria

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Parte II: Cristo no Credo: Nascimento

tomar uma morte violenta para esclarecer seu ensinamento. Aqui estava
um professor que tornava Seu ensino secundário. Ele atrairia os homens
a Si mesmo, não por Sua doutrina, não pelo que Ele disse, mas por Sua
crucificação. Nosso bendito Senhor disse: Quando tiveres levantado o
Filho do homem, reconhecerás que é a Mim que procuras . personalidade
que compreenderiam o significado de Sua vinda.

Só então eles saberiam que, depois de O matarem, Ele falou a verdade.

Em vez de ser o último de uma série de fracassos, sua morte seria


um glorioso sucesso e o clímax de Sua missão na Terra. A grande
diferença nas estátuas e imagens de Buda e Cristo é que Buda está
sempre sentado, olhos fechados, mãos cruzadas sobre seu corpo gordo
e esguio, olhando atentamente para dentro. Cristo não está sentado
nesta terra, Ele está exaltado, Ele está entronizado. Sua pessoa e Sua
morte são o coração e a alma de Seus ensinamentos. A Cruz é o próprio
centro de Sua vida. O que resta? Apenas para falar sobre Sua Cruz, Sua
morte e Seu sepultamento.

1 Lc 2:1-5 2 6 Êx 12:27 11 João 1:29 16 Ibid., 21-8 17


Jo 8:28
Mi 5:2 3 Lc 7 Gn 22:2 See More 12 Ap 13:8
2:7 4 Mt 8 Ibid., 22:7 9 13 Jo 3:13
Ibid., 22:8 10 Is 14 Ibid., 3:14 15
2:13-15 Ibid., 53:6
5 Nb 21:6
4:1-11

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Capítulo Quatorze

Sofrimentos, Morte e Ressurreição

Nesta lição continuamos


. de nosso Senhor, SuaoCruz
Credo que Ressurreição.
e Sua une o nascimento
Consideramos
particularmente Seus sofrimentos e Ressurreição, e começamos com a agonia
de nosso Senhor. Aqui estamos lidando com um grande mistério. Nosso
abençoado Senhor sofreu mentalmente e fisicamente.
Tocamos em Seus sofrimentos mentais no Jardim de Gethsemane. A
hora foi imediatamente após a Última Ceia. Há apenas um momento
registrado na vida de nosso abençoado Senhor em que Ele cantou,1 e foi
depois da Última Ceia, quando Ele saiu para a morte.
Ele disse a Seus apóstolos que todos eles seriam abalados durante esta hora.
Lembre-se, nosso Senhor sempre falou de Sua crucificação e Seus
sofrimentos em termos de hora, Sua glória em termos de dia. O mal tem sua
hora, Deus tem o seu dia.
Ao entrar no jardim onde costumava ir rezar, disse aos seus apóstolos
que eles ficariam escandalizados com Ele naquela noite porque o Pastor seria
ferido.2 Eles ficaram escandalizados por um curto período de tempo após a
agonia, eles fugiram. Mas Ele lhes disse quando entrou: Eu irei adiante de
vocês para a Galiléia quando eu ressuscitar dos mortos.3

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Tal promessa nunca foi feita antes, de que um homem morto teria um
encontro marcado com Seus amigos depois de três dias em uma tumba.
Embora as ovelhas abandonassem o pastor, o pastor não abandonaria
as ovelhas. Assim como Adão perdeu a herança da união com Deus em um
jardim, agora nosso abençoado Senhor inaugura nossa restauração em um
jardim. O Éden e o Getsêmani são dois jardins em torno dos quais gira o
destino da humanidade. No Éden, Adão pecou; no Getsêmani, Cristo levou
sobre Si o pecado da humanidade. No Éden, Adão se escondeu de Deus; no
Getsêmani, Cristo intercedeu junto a Seu Pai. No Éden, Deus procurou Adão
em seu pecado de rebelião; no Getsêmani, o novo Adão, Cristo, procurou o
Pai em submissão e resignação. No Éden, uma espada foi desembainhada
para impedir a entrada no Jardim do Éden para imortalizar o mal. No
Getsêmani, nosso Senhor disse a Pedro para embainhar a espada que
carregava.
Há dois elementos ligados nesta agonia: suportar o pecado e obedecer
sem pecado. Ele vai para longe de Seus apóstolos, tão longe quanto as
Escrituras dizem que um homem poderia atirar uma pedra.4 Que maneira
curiosa de medir a distância. E nosso Senhor prostrou-se com o rosto em
terra, dizendo: Meu Pai, se possível, deixa passar este cálice. Somente como
é a Tua vontade, não como é a Minha.5 Observe como as duas naturezas
de nosso Senhor estão envolvidas aqui. Ele e o Pai eram um, então Ele não
orou: “Pai nosso, se possível, deixa passar este cálice”, mas “Meu Pai”.
A consciência do amor de Seu Pai era ininterrupta. Por outro lado, lembre-se
de que Ele é homem e também Deus. Sua natureza humana recuou da morte
como uma penalidade pelo pecado. Era muito natural que a natureza humana
se esquivasse do castigo que o pecado merece. A oração para que o cálice
da paixão passe era humana. Em outras palavras, o “não” era humano; o
“sim” à Vontade divina foi a superação da relutância humana em sofrer pela
redenção.
Nosso bendito Senhor leva sobre Si os pecados do mundo como se Ele
mesmo fosse culpado. Isso é muito difícil de entendermos porque sempre
pensamos no sofrimento físico como um mal maior que o moral. Além disso,
ficamos tão acostumados ao pecado que não percebemos seu horror. O
inocente entende o pecado muito melhor do que o pecador.
A única coisa da qual o homem nunca aprende nada por experiência é o
pecado. Um pecador é infectado pelo pecado; torna-se tão parte dele que
ele pode até se considerar virtuoso, como os febris às vezes se consideram
bem. São apenas os virtuosos que permanecem

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Parte II: Sofrimentos, Morte e Ressurreição

fora da corrente do pecado, quem pode olhar para o mal como um médico
olha para a doença e compreender todo o horror do mal.
É-nos impossível perceber como Deus sentiu a oposição da vontade
humana à Vontade divina. Eu me pergunto que exemplo poderíamos encontrar
para ilustrar isso. Talvez o mais próximo seja quando um pai sente o estranho
poder de uma vontade obstinada de um de seus filhos. Essa criança pode
resistir e rejeitar a persuasão, o amor, a esperança e o medo da punição. Que
grande poder reside em um corpo tão leve e uma mente tão infantil. Esta é
uma imagem pálida dos homens quando eles pecaram deliberadamente. O
que é o pecado para a alma senão um princípio separado de sabedoria
operando seus próprios fins como se Deus não existisse? O Anticristo nada
mais é do que o pleno crescimento desimpedido da vontade própria. Foi isso
que nosso Senhor teve que enfrentar no Jardim, a oposição de todas as
vontades humanas à Vontade divina.
Em obediência à Vontade do Pai, nosso Senhor toma sobre Si as
iniquidades do mundo inteiro para se tornar um portador do pecado. Nunca
houve um pecado cometido no mundo pelo qual Ele não sofreu. O pecado de
Adão ocorreu quando, como cabeça de toda a humanidade, ele perdeu para
todos os homens a herança da graça de Deus. Caim estava lá, roxo no lençol
do sangue de seu irmão. As abominações de Sodoma e Gomorra estavam lá.
O esquecimento de Seu povo escolhido, que caiu diante de falsos deuses,
estava lá. A grosseria dos pagãos, que se revoltaram contra a lei natural,
esses pagãos também estavam lá. Todos os pecados estavam lá: pecados
cometidos no país que faziam corar toda a natureza; pecados dos jovens por
quem o terno coração de Cristo foi ferido; pecados dos velhos que deveriam
ter passado da idade de pecar; pecados cometidos na escuridão onde se
pensava que os olhos de Deus não podiam penetrar; pecados cometidos na
luz que fizeram estremecer até os ímpios. As blasfêmias pareciam estar em
Seus lábios como se Ele as tivesse falado.

Do norte e do sul, do leste e do oeste, o imundo miasma do pecado do


mundo cai sobre Ele como uma inundação. Como Sansão, Ele estende a
mão e puxa toda a culpa do mundo sobre Si como se fosse culpado, pagando
a dívida em nosso nome para que possamos mais uma vez ter acesso ao
Pai. Ele estava se preparando mentalmente para o grande sacrifício,
colocando sobre Sua alma sem pecado os pecados de um mundo culpado.
Eu digo que todo pecado estava lá; seu pecado estava lá e o meu também.
É de se admirar que o sangue começou a jorrar de

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Seu corpo, gotas de sangue, que caíram no chão como contas formando
um rosário de redenção?6 O pecado está no sangue, e para a remissão
dos pecados, o sangue deveria ser derramado. Ele era inocente, mas
orou e sofreu em nosso nome.
Então veio Judas. Nosso Senhor teve que entender até mesmo os
falsos irmãos. Judas lançou seus braços ao redor do pescoço de nosso
abençoado Senhor e beijou seus lábios.7 Nosso Senhor é feito um bufão
durante a noite quando é julgado por dois juízes religiosos: Anás e
Caifás. julgado por quatro juízes. Dois deles eram juízes religiosos; eles
pertenciam aos judeus; dois eram juízes civis, Pilatos e Herodes.9 Pilatos
era romano e gentio e Herodes, edomita. Os juízes não chegaram a um
acordo sobre por que Ele deveria ser condenado. Diferentes acusações
foram feitas em diferentes tribunais. No tribunal religioso, nosso
abençoado Senhor foi condenado por blasfemar contra mim. No tribunal
civil, nosso abençoado Senhor foi condenado por traição.
Diante dos juízes religiosos, Ele foi considerado muito religioso, muito
divino, muito não mundano. Diante dos juízes civis, Ele foi considerado
muito político, muito humano, muito mundano. Eles não podem concordar
sobre por que Ele deveria ser condenado; eles podem apenas concordar
que Ele deveria ser. Ele deve ser condenado por acusações contraditórias;
um, porque Ele é muito divino e o outro porque Ele é muito humano; o
castigo adequado era o sinal da contradição, que é a cruz.
Vejamos uma breve cena de cada uma dessas provações. No
julgamento perante os juízes religiosos, Caifás não conseguiu encontrar
nenhuma razão para condenar nosso Senhor. Ele apresentou falsas
testemunhas, mas as testemunhas não concordaram entre si. Caifás
finalmente recorreu a um juramento. Ele colocou nosso bendito Senhor
sob ela e com toda a severidade que pôde reunir, e irritado com todas
as contradições das testemunhas que ouvira, disse ao nosso bendito
Senhor: Eu Te conjuro pelo Deus Vivo para nos dizer se Tu és o Cristo,
o Filho de Deus.10 Agora, quando Caifás fez a pergunta, se Ele era o
Cristo, o Filho de Deus, lembre-se que sua mente não era como a nossa.
Quando você e eu ouvimos a palavra Cristo, voltamos à Sua vida terrena.
Caifás não. Caifás estava repassando todas as profecias. Ele estava
voltando ao livro de Gênesis. Ele sabia como o Messias havia sido
predito. Então a pergunta era, Ele era o Messias? Ele era o Filho de
Deus? Ele estava revestido de poder divino? Ele era a Palavra feita
carne? Era verdade que Deus, que muitas vezes e em

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Parte II: Sofrimentos, Morte e Ressurreição

diversas maneiras, nos falou pelos profetas, nestes últimos dias falou por
ele, o Filho? Ele perguntou: “És Tu o Filho de Deus?” Nosso Senhor
respondeu: Eu sou.11 Com consciência sublime e dignidade majestosa, Ele
anunciou que era o Messias e o Filho do Deus Vivo. Quando Ele disse: “Eu
sou”, tenho certeza de que Caifás se lembrou de quando Deus falou a Moisés
no Monte Sinai, essas foram as palavras que Deus usou de Si mesmo, Eu
sou Quem sou.12 Nosso Senhor agora fala a Caifás novamente e diz: Além
disso , eu te digo isso; vocês verão o Filho do homem novamente quando
Ele estiver sentado à direita do poder de Deus e vier sobre as nuvens do
céu.13 Observe que nosso abençoado Senhor afirmou Sua divindade, depois
Sua humanidade, e ambos sob o pronome pessoal “eu”. Ele está dizendo a
Caifás que um dia ele será julgado.

Caifás considera nosso abençoado Senhor culpado. Ele rasga suas


vestes como sinal do fato de ter ouvido blasfêmias porque Cristo estava se
fazendo Deus. Mas Caifás, o Sinédrio e o povo não puderam matar nosso
abençoado Senhor. O poder pertencia aos romanos, então eles levaram
nosso abençoado Senhor, o prisioneiro, para Pilatos. Ele passa por várias
provações antes de Pilatos enviá-lo a Herodes.14 É interessante notar a
acusação apresentada a Pilatos contra nosso abençoado Senhor. No
julgamento de qualquer ser humano comum há uma continuidade de
acusações. Nosso abençoado Senhor foi considerado culpado de blasfêmia.
Quando o prisioneiro é levado a um tribunal superior, você pensaria que ele
ainda seria condenado por blasfêmia, mas não é. Por que não?
Porque se Caifás e seus amigos dissessem a Pilatos que nosso abençoado
Senhor havia se feito Deus, Pilatos riria deles. Pilatos era pagão, ele dizia:
“Eu tenho meus deuses, você tem os seus! Eu borrifo incenso antes do meu
todas as manhãs. Eles tinham que encontrar alguma outra carga.
A acusação que eles trariam contra nosso abençoado Senhor seria traição.
Ele seria muito político, muito humano, muito mundano!
Deve ser lembrado que Caifás e o Sinédrio odiavam os romanos. Os
romanos haviam conquistado seu país. Juízes romanos estavam sentados
em julgamento, moedas romanas estavam em seus bolsos e as insígnias de
César estavam por toda a cidade de Jerusalém e por toda a Terra Santa.
Eles odiavam o invasor; eles odiavam Roma. Quando eles trouxeram nosso
abençoado Senhor perante Pilatos e ele perguntou que acusações eles
traziam contra o homem, eles disseram que o haviam considerado culpado
de perverter a nação, recusando-se a pagar tributo a César. Imagine, recuse-

101
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

para dar tributo a César, César a quem eles odiavam! Pilatos sabia que eles
não amavam César, mas para obter sua libertação, depois de muitos
incidentes no julgamento, eles finalmente disseram a ele: “Não és amigo de
César se o libertares. O homem que finge ser rei é rival de César.”15 Pilatos
temia ser denunciado a Roma. O que Tibério faria com ele? Ele iria destituí-
lo? Embora Pilatos tenha tentado salvar nosso Senhor - ele havia chamado
nosso Senhor de inocente sete vezes - agora ele açoita nosso bendito Senhor,
traz-O diante do povo e diz: "Eis o vosso Rei!" Contra a balaustrada de
mármore veio uma onda de vozes dizendo: “Não temos rei senão César!”
Então Pilatos entregou Jesus nas mãos deles para ser crucificado.

Nosso Senhor agora é conduzido ao Calvário. Uma vez naquelas alturas,


Ele oferece Suas mãos aos Seus verdugos, mãos das quais fluem as graças
do mundo. A primeira batida surda do martelo é ouvida em silêncio. Maria e
João tapam os ouvidos; o som é insuportável.
O eco soou como outro golpe. Então a cruz é levantada lentamente do chão.
Então, com um baque que pareceu abalar até o próprio inferno, ele afundou
no poço preparado para ele. Nosso Senhor subiu ao púlpito pela última vez.

Ele falou sete vezes. A primeira palavra de nosso bendito Senhor foi para
todos os que O crucificaram e para todos os que O trouxeram à morte: Pai,
perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem.16 Não é a sabedoria que salva; é
ignorância. Então, depois de três horas pendurado na cruz, nosso abençoado
Senhor agora se prepara para entregar Sua vida. Lembre-se de que Ele
sempre disse: Ninguém tira a minha vida de mim. Eu a dou por Mim mesmo.17
Deve-se notar que quando nosso abençoado Senhor veio à sétima palavra,
as Escrituras dizem que Ele falou essas palavras em alta voz para mostrar
que Ele era o Mestre de Sua própria vida. Assim como os planetas, após um
longo período de tempo, completam suas órbitas e depois voltam ao seu
ponto de partida como para saudar Aquele que os enviou em seu caminho,
Aquele que era o Filho Pródigo, que deixou a Casa do Pai, desperdiçou Sua
vida e Seu sangue por nossa causa, estava se preparando para voltar para
casa. Ele deixa cair de Seus lábios a oração perfeita, Pai, em Tuas mãos
entrego Meu Espírito.18 Houve uma ruptura de um coração através de um
arrebatamento de amor, Ele inclinou a cabeça e morreu.
Nicodemos e José de Arimatéia vêm para tirá-lo da cruz. Eles O
embalsamaram em cem libras de especiarias e a Escritura diz: “No mesmo
lugar onde Ele foi crucificado,

102
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Parte II: Sofrimentos, Morte e Ressurreição

havia um jardim.”19 A palavra “jardim” sugeria o Éden e a queda do homem,


também é sugerida por meio de suas flores na primavera e na ressurreição
dos mortos. Naquele jardim havia um túmulo no qual, na linguagem das
Escrituras, nenhum homem jamais havia sido sepultado.
Nascido de um ventre virgem, Ele foi sepultado em um túmulo virgem.
Richard Crashaw disse: “E um José desposou os dois.”20
Nada parece mais repulsivo do que ter uma crucificação em um jardim
e, ainda assim, haveria uma compensação para o jardim ter sua ressurreição.
Ele nasceu na caverna de um estranho e, portanto, foi enterrado no túmulo
de um estranho porque o nascimento humano e a morte humana são
igualmente estranhos para Ele. Morrendo pelos outros Ele é colocado na
sepultura de outro. Seu túmulo foi emprestado, emprestado porque Ele o
devolveria na Páscoa, assim como devolveu a besta que montou no Domingo
de Ramos, quando disse: O Senhor precisa dela.21 Quando Ele ressuscitou
dos mortos, Ele fez muitas aparições e uma das aparições da
Ressurreição foi uma semana depois. Todos os outros apóstolos tinham
visto nosso abençoado Senhor. Eles se convenceram, mas só depois de
muita evidência e muita dúvida.
Nosso bendito Senhor entrou no Cenáculo e disse: Paz seja convosco.22
Tomé, um dos apóstolos, recusou-se a acreditar. Ele disse: Não acreditarei
até que veja a marca dos pregos em Suas mãos. Até que eu coloque meu
dedo na marca dos pregos e coloque minhas mãos em Seu lado, você nunca
me fará acreditar! 23 Nosso bendito Senhor aparece e fala a Tomé: Deixa-
me ficar com o teu dedo. Veja, aqui estão minhas mãos. Deixe-me ter sua
mão. Coloque-o do meu lado! Cesse de duvidar e creia!24 Ajoelhando-se,
ele disse ao Salvador Ressuscitado: “Tu és meu Senhor e meu Deus!”

Há alguns que nunca acreditarão, mesmo quando virem.


Thomas pensou que estava fazendo a coisa certa ao exigir a evidência
completa da prova sensata, mas o que seria das gerações futuras se a
mesma evidência fosse exigida por eles?
Suponha que você não acreditaria na Ressurreição até que pudesse colocar
o dedo em Sua mão e a mão em Seu lado. Os futuros crentes, nosso Senhor
deu a entender, devem aceitar o fato da Ressurreição daqueles que estiveram
com Ele. Nosso Senhor assim retratou a fé dos crentes após a era apostólica,
quando não haveria ninguém que a tivesse visto, mas sua fé teria um
fundamento porque os apóstolos haviam visto o Cristo ressuscitado.

103
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Como sabemos que houve uma Ressurreição? Simplesmente


porque a Igreja estava lá, a Igreja estava lá nos Apóstolos; eles
viram a Ressurreição. Thomas estava lá, o duvidoso. Tomé acreditou!
E ele acreditou no nome de todos os que não podiam ver com
sensatez, mas que podiam aceitar o testemunho daqueles a quem
Cristo enviou para pregar o evangelho da Ressurreição a todas as
nações. A história não acabou. Na próxima lição, abordaremos Sua
Ascensão à direita do Pai.

1 Mt 26:30 2 9 Lc 23:1-25 10 17 João 10:18 22 Lc 24:36


Ibid., 26:31 Mt 26:63 Ibid., 18 Lc 23:46 23 Jo 20:25
Ibid., 20:27
3 Ibid., 26:32 4 11 19 João 19:41 24
26:64 12 Ex
Lc 22:41 5 Mc 3:14 13 Mt 26:64 20 Passos do
14:36 6 Lc 22:44 Ibid., 27:11-26 15 Têmpora,
7 Mt 26:49-50 14 Divino
Jo 19:12 16 Lc
23:34 Epigramas.
8 Ibidem, 26:57-68 21 Mt 21:3

104
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Capítulo Quinze

Ascensão

Nesta lição, consideramos


. referem-se à Ascensão deonosso
Credo, particularmente
abençoado Senhor eaquelas palavras
ao fato de que Ele que
é
sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso.
Após a Ressurreição, nosso abençoado Senhor permaneceu quarenta
dias na terra. Durante esse tempo Ele instruiu os Apóstolos sobre o Reino de
Deus e estabeleceu a estrutura para Seu Corpo Místico, a Igreja. Moisés
jejuou quarenta dias antes de dar a Lei, Elias jejuou quarenta dias antes da
restauração da Lei, e agora por quarenta dias o Salvador Ressuscitado
colocou os pilares da Igreja e a nova Lei do Evangelho. Os “quarenta”
estavam prestes a terminar e os apóstolos foram convidados a despertar no
quinquagésimo dia, que era o dia do jubileu.

Quando chegou a quinta-feira para a Ascensão de nosso divino Salvador,


Ele conduziu Seus Apóstolos ao Monte das Oliveiras. Não da Galiléia, mas
de Jerusalém, onde havia sofrido, Ele deixaria a terra para Seu Pai celestial.
O sacrifício estava agora completo. Ele reúne Seus Apóstolos ao Seu redor
enquanto Se prepara para ascender ao Trono Celestial; Ele levanta Suas
mãos em bênção sobre eles e as Mãos são puxadas do céu para a terra para
dar-lhes bênçãos.

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

a marca das unhas. As mãos perfuradas distribuem melhor as bênçãos.


Se você quiser um bom conselho, procure alguém que já sofreu.
As Escrituras, falando agora da Ressurreição, dizem que
mesmo quando Ele os abençoou, Ele se separou deles e foi
levado para o céu e está sentado agora à direita de Deus.1 Há
várias palavras aqui que precisam de explicações, como o fato de
nosso bendito Senhor “subiu”, Ele está “assentado” e está “à
direita do Pai”. Não devemos pensar na Ascensão como uma
locomoção. Não devemos pensar em nosso abençoado Senhor
indo além da estrela mais distante, ou pensando que Ele está a
tantos milhões de anos-luz de distância, nem devemos pensar
que Ele vai de um ponto a outro, e certamente não devemos
imaginá-Lo na Ascensão como uma forma de viagem espacial.
Nosso abençoado Senhor uma vez teve uma descendência; ele
desceu do céu. Isso não significava uma descida física; foi antes
um afastamento do véu em que a divindade foi revelada à
humanidade. Portanto, a Ascensão não é como um foguete. Nosso
abençoado Senhor não está mais perto do céu quando Ele passa
pela estrela Arcturus. Pelo contrário, a subida e a descida
mencionadas no Credo e na doutrina cristã referem-se à
humilhação e à exaltação. Quando nosso bendito Senhor veio a
esta terra, Ele se humilhou. Quando Ele ascendeu ao céu, Ele foi
exaltado, que é a maneira como as Escrituras sempre falam Dele.
Ele ascendeu ao céu porque se humilhou e foi feito obediente até a morte de c
O que significa a palavra sentado: Ele está sentado à direita de Deus,
o Pai Todo-Poderoso?2 A palavra sentado aqui significa repouso após o
conflito. A cruz é deixada para trás com toda a sua poeira, sede, luta e
dor. Estar sentado não significa que nosso Senhor é passivo. Você se
lembra que no livro de Gênesis, foi dito que Deus descansou após a
criação.3 Isso significava que Ele estava cansado? Certamente isso não
significava que Seu braço criativo estava cansado. Nosso abençoado
Senhor procura se recuperar porque Sua obra está concluída. Na cruz,
nosso bendito Senhor disse: Está consumado.4 Todos os tipos, figuras e
símbolos do Antigo Testamento estavam agora completos. Cada palavra
da Escritura havia sido cumprida. Não há outro mediador. A Cruz é a
expiação perpétua e a satisfação pelos pecados dos homens. Nosso
Senhor, orando a Seu Pai celestial, disse: Terminei a obra que me deste
para fazer.5 Esse é o significado de nosso Senhor estar sentado.

106
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Parte II: Ascensão

O que significa: “Ele está à direita do Pai.” Bem, a mão direita implica
poder e significa que Ele tem o poder de Deus e tem poder em todo o
universo. A mão direita não significa proximidade física; significa uma partilha
de glória. Nosso Senhor está agindo como um mediador entre Deus e o
homem; esse é o Seu poder.
A Ascensão de nosso abençoado Senhor também é descrita nas
Sagradas Escrituras como um Sumo Sacerdote entrando no santuário além
do véu.6 “Além do véu” é uma expressão bastante incomum. O que isso
significa? Refere-se a algo no Antigo Testamento. No Templo de Jerusalém,
e no Tabernáculo no deserto antes, estava pendurado diante do Santo dos
Santos, um véu muito pesado, lindo e misterioso. Foi pendurado e suspenso
de acordo com o padrão dado no Monte. Era altamente bordado em púrpura,
azul, escarlate e linho finamente torcido. Em seguida, os querubins de ouro
foram tecidos nele, conforme descrito no livro de Êxodo.7

Atrás do véu estavam guardados os lindos símbolos da história judaica


e da fé judaica. Atrás dela estava o Santo dos Santos. O sacerdote tinha
permissão para entrar no Santo dos Santos uma vez por ano e somente
depois de se purificar com sangue e aspergir o véu com sangue. Quando
isso aconteceu, o povo teve, por um breve momento, alguma comunicação,
graças ao seu sacerdote, com este Santo dos Santos, mas durante o resto
do ano ficou escondido. Detrás daquele véu, ouvia-se o som dos sinos e o
farfalhar das belas vestes do padre e o movimento dos pés. Havia um vago
indício de um mistério. O que os judeus devem ter dito a si mesmos enquanto
olhavam para o véu? Eles sabiam que não podiam entrar. Eles devem ter
dito: “Separados, separados, cortados estamos de Deus”. Esse sentimento
deve ter continuado no coração de todo verdadeiro homem do Antigo
Testamento.

Este véu no Novo Testamento é chamado de carne de nosso Senhor.


Quando nosso abençoado Senhor morreu na cruz, o véu do Templo foi
rasgado em pedaços.8 Ele foi rasgado de alto a baixo, como se indicasse
que não foi feito de forma alguma pela mão do homem. Em outras palavras,
esta barreira entre o céu e a terra, entre Deus e o homem, foi agora destruída.
Graças à morte de Cristo houve acesso ao céu, acesso ao Pai celestial.
Pode ter havido algum simbolismo no fato de o centurião ter perfurado o lado
de nosso bendito Senhor.9 A Sagrada Escritura chama Sua carne de “Véu”,
e quando Seu lado

107
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

foi perfurado, foi revelado o Santo dos Santos, que era o coração do Deus Vivo.
De qualquer forma, o pecado da humanidade antes da redenção nunca poderia
entrar por trás do véu. Agora Cristo tomou sobre Si nossa natureza humana; Ele
suportou; Ele viveu isso; Ele morreu nele; e Ele a retomou depois que a
estabeleceu. Ele derrubou a parede intermediária de separação entre Deus e o
homem; assim, Ele fez as pazes. Eu olho para baixo, para minha natureza
carregada de pecado, e me desespero. Eu olho para a natureza de Cristo; agora
ressuscitou e ascendeu, e estou cheio de alegria. Eu olho para minha própria
natureza e vejo meu desamparo. Eu olho para a natureza de Cristo, vejo minha
esperança. Eu olho para baixo para minha natureza; Eu vejo meu pecado. Eu olho
para Ele e vejo Sua Santidade, e é aquela Santidade da natureza humana de
Cristo que se elevou ao céu.
O que isso significa para nós? Isso significa muitas coisas, mas vamos apenas
mencionar duas. Significa que uma natureza humana como a nossa está no céu.
Pense nisso, na maravilha do que nosso corpo será se vivermos nele a própria
vida de Cristo. Em segundo lugar, significa que temos um Sumo Sacerdote no céu
que pode se compadecer de nossas fraquezas porque uma vez Ele carregou
nossa sorte humana.
Dizemos que existe uma natureza humana no céu. Quando Deus veio a esta
terra, Ele tomou sobre Si uma natureza humana. A natureza humana foi lançada
no fogo do Calvário em reparação pelos pecados do homem.
Ressuscitado, agora sobe para que haja continuidade entre a Encarnação e a
Ascensão. Na Encarnação, nosso Senhor tomou um corpo, mas não apenas um
corpo para sofrer; caso contrário, Ele o teria levado por um tempo.
Se Ele assumiu essa natureza humana para sofrer por nossa causa, por que Ele
não se despojou dessa natureza humana? Afinal, Suas vestes estavam sujas e
manchadas; eles haviam suportado o calor e os fardos do dia. Por que não jogá-
los fora? Bem, porque a natureza humana não foi tomada apenas para expiar
nossos pecados. O fim e o propósito da vinda de Deus a esta terra foi nos levar à
união perfeita com o Pai. Como Ele pôde fazer isso? Ao mostrar que a nossa
carne não é barreira à intimidade divina, ao levá-la ao próprio céu, ao mostrar aos
que passam por provações, sofrimentos, desencontros, sejam eles quais forem
nesta vida, que terão o seu corpo glorificado. Ao participar da Cruz de Cristo,
participamos de Sua glória. A meta de toda a humanidade é de alguma forma
alcançada na Ascensão.

A beleza plena de nosso Senhor está voltando novamente para o Pai.


Ele trouxe de volta com Ele algo que Ele não tinha quando Ele

108
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Parte II: Ascensão

veio a esta terra. Ele trouxe Sua divindade, sim; Ele levou Sua divindade
de volta com Ele. Ele também pegou outra coisa de volta. Ele retomou a
natureza humana. A verdade mais abençoada e maravilhosa é ensinada
nesse fato. Lembre-se de que nosso Senhor reiterou isso quando estava
conversando com Caifás, e disse-lhe que um dia veria o Filho do Homem
sentado à direita do poder.10 A natureza humana, tão humilhada, não era
mais uma natureza humana humilhada. , tornou-se glorificado. Sua
Ascensão é a verdadeira realização daquele anel da humanidade, completo
em todas as suas partes, corpo e alma, até o próprio trono de Deus. O
propósito da Encarnação é ser nossa maravilha, ser nosso modelo. Em
certo sentido, porque Ele é o novo Adão no céu, você e eu estamos lá.
Estamos lá potencialmente enquanto permanecermos em estado de graça
nesta terra.
Mas essa não é a única razão pela qual Ele levou uma natureza
humana com Ele. Ele também assumiu a natureza humana para poder
simpatizar com nossas próprias fraquezas. A epístola aos Hebreus tem um
belo texto sobre este ponto; lê-se: Não é como se nosso Sumo Sacerdote
fosse incapaz de sentir por nós em nossas humilhações. Ele passou por
todas as provações, moldado como nós, apenas sem pecado.11 Nosso
bendito Senhor no céu é nosso Sumo Sacerdote. Ele é o nosso mediador.
Ele é aquele que pode nos entender. Ele não está separado de nós porque
tinha nossa natureza humana. Sua natureza humana, quando esteve nesta
terra, era tão sensível que se emocionou com a beleza de um lírio, comoveu-
se com a queda de um pardal ferido. Foi profundamente tocado por qualquer
coisa que pudesse tocar um coração humano, seja alto ou baixo, bom ou mau, amigo ou
inimigo.
Nenhum homem pode estar além do alcance dessa simpatia abrangente
porque nenhum homem pode estar além do abraço desse amor. Ele pode
simpatizar com os pobres porque Ele era pobre, com os cansados e
sobrecarregados porque Ele tem estado cansado e desgastado, com os
solitários, deturpados e perseguidos, simplesmente porque Ele esteve
nessa posição. Porque Ele foi provado, provado tanto na mente quanto no
coração, provado pelo medo, pela triste surpresa, pela perplexidade mental,
com um duro conflito com o mal e grande depressão espiritual, Ele é capaz
de sentir ao máximo as mais agudas tristezas de nossos lote terreno.
E a beleza de tudo isso é que este provado não tem pecado. E foi isso que
O capacitou a beber em simpatia, e nada além de simpatia e toda tristeza,
simplesmente porque Ele não tinha pecado. Por isso,

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

temos uma natureza humana no céu que conhece todas as nossas fraquezas e
todas as nossas provações. Que bela esperança é esta para todos nós, um Sumo
Sacerdote que pode compreender nossas enfermidades.
Agora que Ele assumiu esta natureza humana e está na glória à direita do Pai,
o que Ele faz lá? Ele não tem trabalho?
Certamente! Ele é um mediador; quase poderíamos dizer que Ele está
constantemente mostrando Suas cicatrizes a Seu Pai celestial e dizendo: “Vejam,
fui ferido na casa daqueles que Me amam. Eu amo homens. Sofri por eles! Perdoe-
os, Pai celestial.” Ele é o nosso sacrifício; Ele está sempre presente diante do Pai.
Como dizem as escrituras, sempre intercedendo por nós.12 Você vê que muitas
vezes temos uma compreensão errada da vida de nosso abençoado Senhor.
Pensamos nele como vivendo nesta terra pregando as bem-aventuranças e
sofrendo. Nosso bendito Senhor não desceu apenas para isso. Ele está vivo,
intercedendo por nós, o representante de todos os que o invocam. Ele terminou a
obra de justiça na terra porque pagou a dívida do pecado, mas a obra de misericórdia
no céu está inacabada. Isso continua e continua porque precisamos de Sua
intercessão.

Gostaria de continuar falando do mistério da Ascensão, mas devemos tratar


de outro ponto do Credo. Nosso Senhor disse que viria para julgar o mundo.13
Nenhum outro professor jamais disse isso. Ele disse que voltaria como o Juiz
sentado no Trono da Glória, acompanhado de anjos para julgar todos os homens
de acordo com suas obras. A imaginação retrocedeu ao pensar em qualquer ser
humano capaz de penetrar nas profundezas das consciências, para algemar os
motivos ocultos e julgá-los por toda a eternidade.

Este julgamento final não está oculto aos olhos de Deus nem
do homem. Como disse nosso Senhor:

E então o sinal do Filho do Homem será visto no céu.


Então é que todas as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do
Homem vindo sobre as nuvens do céu com grande poder e glória e
enviará os seus anjos com um forte toque de trombeta para reunir os
seus eleitos de os quatro ventos, de um extremo ao outro do céu.14

Quando Ele vier, não será apenas para julgar uma mera área circunscrita da
terra na qual Ele trabalhou e Se revelou.
Será para Se revelar e julgar todas as nações e todos os impérios.

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Parte II: Ascensão

Ele se recusa a nos dizer quando. Ele apenas diz que será repentino, como
um relâmpago.15 O Salvador é o Juiz. Que bela maneira de julgar. Você
pode imaginar qualquer juiz terreno dizendo a um criminoso diante
dele: “Você é culpado. Vou levar todos os seus pecados e crimes sobre
mim. Eu vou sofrer por você.” Nosso abençoado Senhor levou sobre Si
todos os nossos pecados enquanto estávamos diante do tribunal da justiça
divina, e Aquele que sofreu por nós virá para nos julgar. Que julgamento
será quando virmos Aquele que tanto nos amou, e como diz o evangelho
de Mateus:

E quando o Filho do homem vier em sua majestade, e todos os


anjos com ele, então se assentará no trono de sua majestade.
E todas as nações serão reunidas diante dele: e ele separará uns
dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos: E porá
as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à sua esquerda.

Então dirá o rei aos que estiverem à sua direita: Vinde,


benditos de meu Pai, possuii o reino que vos está preparado
desde a fundação do mundo. Pois eu estava com fome e você me
deu de comer: eu estava com sede e você me deu de beber: eu
era um estranho, e você me acolheu: Nu, e você me cobriu:
doente, e você me visitou: eu estava na prisão, e você veio a mim.
Então o justo lhe responderá, dizendo: Senhor, quando te
vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de
beber? Ou quando te vimos estrangeiro e te acolhemos? Ou nu
e te coberto? Ou quando te vimos doente ou na prisão e fomos ver-te?
E, respondendo o rei, lhes dirá: Em verdade vos digo, sempre
que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o
fizestes. Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda:
Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para
o diabo e seus anjos.
Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não
me destes de beber. era estrangeiro e não me hospedastes: nu
e não me cobristes: doente e na prisão e não me visitastes.

Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando


te vimos com fome ou com sede ou estrangeiro ou nu ou enfermo
ou na prisão e não te servimos?

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Então ele lhes responderá, dizendo: Amém! Eu vos digo que,


enquanto não o fizestes a um destes pequeninos, nem a mim o
fizestes.
E estes irão para o castigo eterno; mas os justos,
para a vida eterna.16

Tal é o evangelho de Mateus e a história da volta de nosso Senhor. O


ponto é que nosso abençoado Senhor tomou sobre Si um padrão da natureza
humana. A natureza humana era algo como um dado que um governo faz
quando deseja cunhar moedas. Quando o dado é moldado, milhões de
moedas podem ser moldadas como ele. Cristo, nosso homem modelo,
nasceu; Ele sofreu, venceu as tentações, ressuscitou dos mortos e foi
glorificado à direita do Pai. Nós somos as moedas. Porque Ele nasceu,
devemos nascer, não fisicamente, mas espiritualmente. Porque Ele negou a
si mesmo e sofreu, devemos negar a nós mesmos. A Cruz torna-se a
condição do túmulo vazio, e uma vez que nossa vida é modelada em Sua
Crucificação, então nossa vida será modelada em Sua gloriosa Ressurreição
e Sua gloriosa Ascensão. Somos Suas moedas? Ele pedirá moedas e dirá:
“De quem é a inscrição que está nela, é de César?” Pertencemos ao mundo
ou pertencemos a Deus? Que assim seja.

1 Lc 24:50-53 5 Ibid., 19:28 6 9 Jo 19:34 13 Mt 24:30


2Co 3:1 Heb 6:19 7 Ex 10 Mt 26:64 14 Ibid.
3 Gn 2:2 37:7-8 8 Mc 15:38 11 Hb 4:15 15 Ibid., 24:27
4 João 19:30 12 Ibidem, 7:25 16 Ibid., 25:
31-46

112
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Capítulo dezesseis

Espírito Santo

Nesta lição,
. creia chegamos
no Espírito a um detalhe
Santo.”1 do Credoantes,
Como dissemos que afirma: “Eu
Espírito Santo e
Espírito Santo podem ser usados de forma intercambiável. Pode ser
bom introduzir este assunto em particular refletindo sobre algumas
perguntas que você provavelmente já fez a si mesmo muitas vezes.
“Teria sido melhor para você ter vivido nos dias de nosso abençoado
Senhor?”
“Você perdeu muito por não ser um contemporâneo da vida encarnada
de Deus que andou nesta terra?”
“Perdemos alguma coisa?”
“O século XX está em desvantagem por estar tão distante Dele?”

Em resposta a essas perguntas, deve-se admitir que haveria


algumas vantagens em viver na época de nosso abençoado Senhor.
Poderíamos ter ouvido Sua voz e ficado tremendamente impressionados
com o tom de sua autoridade. Os pais poderiam ter trazido seus filhos a
Ele para serem abençoados. Os pecadores teriam ficado encantados
com a majestade de Seu porte. Todos nós teríamos ficado comovidos
com a eloqüência de Suas palavras, assim como a polícia quando

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

partiu para prender nosso abençoado Senhor. Eles foram presos por Sua
eloqüência. Quando voltaram às autoridades do templo, disseram à polícia:
Por que você não o prendeu? E eles disseram: Nenhum homem jamais falou
como aquele Homem falou.2 Essas teriam sido algumas vantagens, mas
devemos lembrar as palavras de nosso abençoado Senhor, que disse
que era melhor para Ele ir. Isto é o que Ele disse na noite da Última Ceia. Foi
apenas algumas horas antes de Sua agonia no Jardim e apenas na noite
antes de Sua morte na Cruz; Ele disse aos Seus Apóstolos:

Agora volto para Aquele que Me enviou. Posso dizer sinceramente,


é melhor para você que eu vá embora. Aquele que deve fazer
amizade com você não virá até você a menos que eu vá, mas se
eu for até lá, eu O enviarei a você.3

Nosso Senhor estava dizendo que era conveniente que Ele fosse, pois
se Ele não fosse, o Espírito Santo não viria a nós. Se nosso Senhor tivesse
permanecido na terra, não poderíamos ter chegado mais perto do que tê-lo
visto com nossos olhos e ouvi-lo com nossos ouvidos, ou possivelmente, até
mesmo um abraço. Teria sido um amor exterior sensato. Mas se Ele partisse,
então Ele poderia nos enviar Seu Espírito; então Ele não seria um exemplo a
ser copiado; então Ele seria uma verdadeira vida a ser vivida.
Certamente, perdemos Sua presença corporal, mas a presença espiritual
tomou seu lugar. Cristo não está mais localizado, externo, mas Ele está
habitando, vivificando, não em um lugar, mas em Sua Igreja e nas almas que
pertencem a Ela.
Estamos em desvantagem? Não, estamos em grande vantagem. Não
pense que se você tivesse vivido no tempo de nosso abençoado Senhor, teria
sido mais fácil acreditar em Sua divindade do que acreditar na divindade de
Sua Igreja agora. Aqueles que sentiram falta Dele, sentem falta da Igreja
agora. Olhe para os Apóstolos; eles não entenderam o significado de Sua
morte até que o Espírito Santo veio sobre eles no Pentecostes. É vaidade
para nós dizer que teríamos entendido nosso Senhor melhor do que os
Apóstolos.
Agora isso nos leva a algumas lições do Espírito Santo e vamos enumerar
cerca de quatro delas. O Espírito Santo, antes de tudo, revela o Filho, isto é,
o Filho de Deus, Cristo. O Espírito Santo revela o Filho como o Filho revela o
Pai. Quando nosso bendito Senhor estava nesta terra, Ele revelou o Pai
celestial. Isto

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Parte II: Espírito Santo

foi somente graças a Ele que soubemos quanto amor o Pai tinha por nós. O Pai
amou tanto o mundo que enviou Seu Filho unigênito a este mundo. Na noite da
Última Ceia, Filipe disse-lhe: Mostra-nos o Pai,4 e nosso Senhor disse-lhe: Filipe,
estive contigo todo este tempo e ainda não compreendes que o Pai e eu somos
um.5 Foi o amor do Pai que enviou o Filho para que nosso bendito Senhor fosse
uma espécie de prisma. Quando o sol brilha através de um prisma, ele se divide
nos sete raios do espectro. Graças ao nosso bendito Senhor, compreendemos o
pleno amor e bondade do Pai celestial.

Assim como o Filho revelou o Pai, nosso Senhor disse que enviaria o Espírito
Santo para revelar o Filho. Estas são as palavras de nosso Senhor, E Ele me trará
honra porque é de Mim que Ele derivará o que Ele esclarece, porque tudo o que
pertence ao Pai pertence a Mim.6 Nestas palavras, nosso abençoado Senhor está
dizendo uma vez Ele sobe ao Pai, então todas as bênçãos espirituais conquistadas
por Ele no Calvário seriam transmitidas a nós pelo Espírito Santo. Pois nosso
abençoado Senhor disse durante Sua vida terrena que não entenderíamos Sua vida.

Não receberíamos todos os méritos de Sua vida até que o Espírito viesse a esta
terra, e o grande papel do Espírito Santo é permanecer nos bastidores para tornar
Cristo mais real. Portanto, os apóstolos não entenderam a crucificação até depois
de Pentecostes.
São Paulo chega a dizer que ninguém pode chamar Jesus de “Senhor”, exceto
pelo Espírito. Sim, você pode pronunciar a palavra “Jesus”, mas não sabe que
Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, o Salvador do mundo, o Senhor do universo,
exceto pelo Espírito Santo. Se você acredita na divindade de Cristo a esta altura, é
por meio do Espírito Santo que você acredita, não por meio de minhas palavras.
Estou dando a você apenas alguns motivos de credibilidade, mas a plena certeza
disso vem do Espírito. Como o telescópio não se revela, mas as estrelas além, o
Espírito Santo não se revela, mas Cristo. Pense em como somos capazes, nesta
nossa época, de nos comunicar com partes distantes da Terra graças a ondas
elétricas ou luminosas. Por que nosso Senhor, que habita no céu, não pode estar a
uma distância sussurrante de nós por meio de Seu Espírito Santo?

Nosso abençoado Senhor disse a Seus apóstolos: É apenas por um curto


período de tempo que estou com vocês, meus filhos. Não os deixarei órfãos.7 Então
Ele prometeu que Seu Espírito habitaria com eles para sempre como outro consolador.

115
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Ele era seu conforto na terra e agora Seu Espírito seria seu conforto, seu
Paráclito, seu advogado. Ouça as palavras de nosso Senhor, pedirei ao Pai
e Ele lhe dará outro consolador, aquele que habitará com você para sempre.
É o Espírito que dá a Verdade para quem o mundo não pode receber, porque
não pode vê-lo, não pode reconhecê-lo.8 Nosso Senhor está aqui dizendo
que o mundo não pode entender o Espírito Santo porque o mundo funciona
apenas pela evidência dos olhos e ouvidos. Não pode ver o Espírito Santo.

Nessas palavras, nosso Senhor manifesta que Ele nos falou de fora,
mas o Espírito Santo nos falaria de dentro. Isso significa que o Espírito Santo
deve ser um substituto para Cristo? Não! O Espírito Santo tornará Cristo
mais real do que nunca. Ouçam as palavras de nosso Senhor, e naquele dia
vocês saberão que estou no Pai, e vocês em mim, e eu em vocês.9 Como
Ele estaria em nós? Revelando Sua excelência oculta em nossos corações.
São Paulo disse: Se conhecemos a Cristo segundo a carne, não o
conhecemos mais.10 Agora, nós o conhecemos de outra maneira, nós o
conhecemos por meio do Espírito Santo; portanto, o Espírito Santo, como
disse nosso Senhor, dará testemunho Dele, não de Si mesmo. Quase se tem
a impressão de que as diferentes pessoas da Trindade estavam escondidas.
É quase como se o Pai se escondesse por causa do Filho, que o revelou, e
quase parece que o Filho agora estava se escondendo por causa do Espírito
Santo. O Espírito Santo também parece se esconder, pois não se manifesta.

A palavra esconder não é uma palavra apropriada para usar. Podemos


esclarecer nossa ideia citando as palavras de nosso abençoado Senhor: Ele
não proferirá uma mensagem própria; Ele proferirá a mensagem que Lhe foi
dada e esclarecerá a vocês o que está por vir.11 O Espírito Santo testemunha
não de Si mesmo, mas do Filho. Aqueles que têm o Espírito entendem Cristo.
Muitas vezes ouvimos as pessoas dizerem: “Oh, Jesus foi um grande
professor. Realmente Ele, Lincoln e Platão fizeram muito pelo mundo. Se
quiséssemos resolver nossos problemas econômicos e sociais, bastaria ler
as bem-aventuranças de Jesus”. Algumas pessoas não entendem que Jesus
é o Cristo, o Filho de Deus e o Redentor do mundo. Para eles, Jesus é
apenas outro homem. Por que eles não O conhecem? Porque eles não têm
o Espírito. Por que eles não têm o Espírito? Porque eles não obedeceram à
lei de Deus. Nosso Senhor disse: Se me amais, guardai os meus
mandamentos.12 Então o Espírito Santo se manifestará a nós.

116
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Parte II: Espírito Santo

O propósito do Espírito Santo então é como um artista. Ele desenha


uma imagem de nosso Senhor na tela. Ele o torna real para nós, para que
possamos entendê-lo. Assim como o artista fica fora da tela, o Espírito Santo
fica fora do Cristo, a quem Ele revela. Ser cheio do Espírito é ser cheio de
Cristo. Quando nos revestimos da mente de Cristo, nos revestimos da
vontade de Cristo. Não há nada no Evangelho que nos dê uma resposta
para muitos dos problemas da vida e das dificuldades do dia. Se fôssemos
simplesmente imitar a vida de nosso bendito Senhor conforme encontrada
no Evangelho, todos teríamos que ser carpinteiros. Como sabemos o que
fazer? O espírito de Cristo homem manifesta o que devemos fazer em cada
circunstância: a palavra certa a dizer, a ação certa a fazer, o tipo de caridade
a realizar.
O espírito de Cristo em nossa alma manifesta Cristo para nós. São
Paulo usa o exemplo da mente humana para esclarecer o Espírito Santo.
São Paulo pergunta: Como conhecemos os pensamentos de outra pessoa?
13 É porque temos uma alma e um espírito, assim como ele. Engenheiros
entendem engenheiros de estande; corretores entendem corretores; e alunos
da mesma faculdade se entendem. Todos eles têm o mesmo espírito. Eles
têm o espírito natural e sobrenatural de Cristo. Como entendemos Cristo?
Devemos ter o espírito de Cristo. Aqueles que compartilham Seu espírito se
entendem. O espírito natural, o espírito puramente humano, o espírito ainda
não santo, não pode compreender o significado profundo de Cristo. É quase
como esperar que um canário em uma gaiola aprenda Shakespeare. Ele não
pode fazer isso. Você teria que colocar seu próprio cérebro dentro do cérebro
do canário. Como disse São Paulo: O homem natural não aceita as coisas
do espírito de Deus, porque lhe são loucura. Ele também não pode conhecê-
los porque eles são discernidos espiritualmente.14
Ensinar as pessoas sobre Cristo e os mistérios de nossa santa fé é
quase como tentar ensinar a cor a um cego, a menos que essas pessoas
estejam prontas para receber o espírito do próprio Cristo. Os convertidos
que recebem instruções passam a saber que Jesus é nosso Senhor. Onde
eles aprendem isso? Do Espírito. A primeira lição que demos neste curso
dissemos que alguém se interessa pela Igreja simplesmente porque recebeu
uma graça que iluminou a mente e fortaleceu a vontade. O Espírito Santo
atrai a alma, atrai-a para uma comunhão mais íntima, para uma união mais
íntima, torna-se nosso santificador, assim como o Pai é nosso Criador e o
Filho é nosso Redentor. Este é um dos frutos do Espírito em nossa vida
diária.

117
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Chegamos a outro ponto, a saber, o Espírito Santo em relação ao nosso entendimento


do pecado. Na noite da Última Ceia, nosso bendito Senhor disse que o Espírito Santo nos
convenceria do pecado. O Espírito virá e caberá a Ele provar que o mundo está errado sobre
o pecado. Eles não encontraram fé em Mim.15 Quando chegamos a uma compreensão real
do pecado? Nosso Senhor diz aqui, através do Espírito Santo.

Ninguém realmente compreende o mal do pecado se pensa que é apenas a quebra de


uma lei. Quando temos o Espírito de Cristo, entendemos que o pecado está prejudicando
alguém que amamos. A Crucificação é a manifestação do pecado, a incredulidade em sua
essência, a recusa absoluta de ter o amor e as bênçãos de Deus. O Espírito Santo nos revela
que o pecado é a recusa em aceitar aquela libertação comprada por Cristo. Nada além do
Espírito pode nos convencer do pecado. Quantas vezes nossa consciência pode ser sufocada
por repetidas ações más e racionalizar nossas más ações.

A opinião pública às vezes até aprova o pecado. O Espírito Santo está em nós e nos revela
que toda incredulidade é pecado amarrado com a Crucifixão, com a Cruz. Então começamos
a entender que a cruz é uma espécie de autobiografia. Podemos ver nossas próprias vidas lá:
nosso orgulho na coroa de espinhos, nossa avareza em pregar as mãos, nossa fuga da graça
nos pés presos, nossos amores rebeldes no lado perfurado e nosso desrespeito ao corpo e à
carne. pendurados nele como trapos roxos. O sangue é a tinta e Sua pele é o pergaminho e
nossos pecados constituem a escrita. Todo pecador que tem o espírito de Cristo sempre
pensa no pecado em relação à crucificação.

Então nosso abençoado Senhor se torna nossa esperança.


Não há nada como a consciência esclarecida quando não estamos sob a lei. Aqueles
que realmente amavam a Cristo estavam além disso. O Espírito Santo nos dá um senso de
santidade e santidade é a separação do mundo. São Paulo diz que sua consciência foi
iluminada pelo Espírito Santo. Sempre que fazemos algo errado, não é a lei; não são os
Mandamentos; é o Espírito que nos diz que estamos rompendo um relacionamento com amor.
São Paulo nos diz que quando pecamos, crucificamos Cristo novamente em nossos
corações.16 A vida de um verdadeiro cristão não está tão preocupada em evitar o pecado;
antes, é uma tentativa de reproduzir em nós mesmos a vida de Cristo. Como nosso Senhor

disse de Seu Pai celestial, Todas as coisas que são agradáveis a Ele, isso eu faço.17 Dizemos
à Trindade: “Todas as coisas que são agradáveis a Deus, isso nós fazemos”. Nossa atitude
em relação ao pecado é feita pela inspiração do Espírito Santo.

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Parte II: Espírito Santo

Propus mencionar muitos outros efeitos do Espírito Santo em nossas


vidas. Falaremos sobre o Espírito Santo em relação ao corpo porque quase
ninguém pensa nisso. São Paulo pergunta: Não sabeis vós que o vosso
corpo é o templo de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?18 Como é
que o nosso corpo se torna o templo de Deus? É santificado pela habitação
do Pai, do Filho e do Espírito Santo em nossa alma. Lembra quando nosso
abençoado Senhor entrou no templo em Jerusalém e expulsou os
compradores e vendedores? Os fariseus Lhe pediram um sinal se Ele tinha
tal autoridade, e nosso bendito Senhor disse: Destruí este Templo e em três
dias o reconstruirei.19 Ele não estava se referindo ao templo terreno e
material em construção sob Herodes. Ele estava se referindo ao templo de
Seu corpo. O que é um templo? Um templo é um lugar onde Deus habita, e
desde que Ele era o Filho de Deus na carne, Seu corpo era o Templo
supremo.
Nossos corpos, quando estamos em estado de graça e possuímos a
vida de Cristo em nossa alma, também se tornam templos. Assim, o Espírito
Santo dá dignidade à medicina. Um homem verdadeiramente espiritual não
pode tratar uma pessoa doente como uma cobaia. Nosso Senhor tem uma
dupla glória: uma, com o Pai, pois Ele é glorificado à direita e é glorificado em nós.
Ele disse: O Espírito Santo Me glorificará.20 O Espírito Santo O glorifica em
nós, tornando-nos testemunhas de Cristo, declarando-O em nossa mente e
em nossas ações.
Que o resultado prático desta lição seja orar ao Espírito Santo para que
você conheça a Cristo na plenitude de Seu evangelho e no amor do Pai,
para que você entenda que Ele é a fonte de poder, o Espírito Santo. Nosso
Senhor disse: Eu lhes enviarei poder do alto.21 Todos os dias de minha vida
sacerdotal, rezo pelo poder do Espírito Santo. O poder que não é humano,
nem físico, nem intelectual; ao contrário, um poder que vem exclusivamente
de viver a vida de Cristo, o poder de influenciar as pessoas, o poder de
impressioná-lo com a divindade do Espírito Santo.

Se eu lhe dei uma compreensão mais profunda e mais próxima do belo


amor da Trindade, confio que você, em gratidão, algum dia fará uma
pequena oração ao Espírito Santo por mim para que eu possa ter mais
mente, coração e corpo manifesta o Espírito de Cristo.

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

1 Credo dos Apóstolos. 8 Ibid., 14:16-17 9 15 Jo 15:25-27


2 Jo 7:45-46 Ibid., 16:7 Ibid., 17:21 10 2 Co
Ibid., 14:8 Ibid., 14:9 5:16 16 Hb 6:6
3 Ibid., 16:13-15 Ibid., 17 João 8:29
4 14:18 11 Jo 16:13 18 1 Co 6:19
5 12 Ibid., 14:15 13 19 Jo 2:19
6 1 Co 2:11 14 Ibid., 20 Ibid., 16:14 21
7 2:14 Lc 24:49

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Capítulo Dezessete

Igreja: Corpo de Cristo

Depois dede
. ção revisar a vidacomo
Si mesmo de nosso abençoado
o Filho de Deus,Senhor e Sua com
Seu vínculo revelação
o Pai e com
o Espírito Santo, chegamos ao assunto da Igreja. O que você pensa quando
ouve pela primeira vez a palavra Igreja, uma instituição, uma organização,
uma espécie de corpo administrativo? É a maneira como muitas vezes
apresentamos a Igreja. Falaremos da Igreja como povo de Deus e como
Corpo Místico de Cristo.
Olhamos para a Bíblia como um registro histórico e descobrimos que é
Deus sempre em busca do homem; não é o homem em busca de Deus. O
homem busca a Deus, mas não com a mesma intensidade com que Deus
busca o homem. Pense em quanto o pensamento e o amor do homem estão
na mente e no coração de Deus. Qual é o primeiro pensamento reflexo que
encontramos na Sagrada Escritura de Deus, não a primeira descrição Dele
criando o mundo, mas o primeiro pensamento que Ele tem sobre Si mesmo e
dentro de Si mesmo? Você quase adivinharia que Seu primeiro pensamento
seria sobre Sua vida, Sua verdade e Seu amor; no entanto, esse não é o
primeiro pensamento nas Escrituras. Abra o Gênesis e você descobrirá que o
primeiro pensamento de Deus sobre Si mesmo é: Façamos o homem.1 Pense
nisso como se Deus não pudesse existir sem o homem. Deus não precisa do homem para co

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Ele mesmo, para suprir uma necessidade, mas Ele precisa do homem como uma
espécie de dom, Ele deve ter alguém a quem Ele possa mostrar Seu amor.

Portanto, o primeiro monólogo que tocamos na Sagrada Escritura é o monólogo


de Deus pensando no homem. Quais são os primeiros diálogos nas Escrituras? A
primeira pergunta nas Escrituras é Deus dizendo ao homem: Adão, onde estás? Cara,
por que você está se escondendo? Por que você foge de Mim?2 E o próximo diálogo é
sobre o próximo. Deus diz a Caim: Onde está teu irmão, Abel?3 Deus está imerso no
pensamento do homem. Aqui encontramos as duas primeiras leis de Deus, amor a
Deus e amor ao próximo, nas duas perguntas: “Homem, onde estás?” e "Onde está teu
irmão?"

No início, descobrimos que a humanidade recebe um chamado de Deus para uma


comunhão íntima com Ele. Deus não deixará o homem ir. Como Ele lida com a
humanidade quando a humanidade começa a se multiplicar? Desta forma, dentre todos
os povos do mundo, Ele escolheu um povo que seria chamado de “Seu povo”. Este
grupo ou esta pessoa especial deveria ser o meio de trazer a salvação para todos no
mundo.
Quem era o Seu povo? Seu povo era o povo de Israel, e Ele os chamou, primeiro, por
meio de Abraão. Ele os governou por meio de Moisés; Ele os governou por meio de
juízes e reis; Ele ameaçou; Ele implorou; Ele persuadiu; Ele avisou; Ele amou através
dos profetas. Vez após vez, no Antigo Testamento, descobrimos que Deus, que ama a
humanidade, lida com ela por meio desse grupo específico. Deus diz no livro de Êxodo:
Vocês serão Minha possessão peculiar acima de todos os povos, pois toda a terra é
Minha, e vocês serão para Mim um reino sacerdotal, uma nação santa.4 Deus fala e
diz: Vocês serão Meu povo e eu serei o seu Deus.5 E ao longo dos séculos esses fatos
se destacam.

Deus tem um nome especial para Seu povo; Ele os chama de qahal em hebraico.
Frequentemente usaremos essa palavra; significa os eleitos de Deus, Seus escolhidos,
Israel. A palavra é usada cerca de duzentas vezes no Antigo Testamento. Mais tarde,
quando o Antigo Testamento hebraico foi traduzido para o grego, essa palavra qahal foi
traduzida para ecclesia.
Ecclesia em grego significa igreja. Nós obtemos a palavra eclesiástica disso. Assim,
sempre que ouvimos a palavra qahal, ou povo de Deus, podemos pensar nela em grego
como ecclesia, ou em português como igreja. Esse é o primeiro ponto. Em segundo
lugar, Deus sempre lidou com Seu povo por meio de um homem a quem designou como
cabeça e representante: Abraão em uma época, Isaque em outra, Jacó, Moisés, Reis e
Profetas.

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Parte II: Igreja: Corpo de Cristo

E terceiro, porque Israel era Seu povo, Ele fez um tratado com eles, um
pacto, uma aliança, um acordo que envolvia obrigações mútuas. A palavra
hebraica para aliança é berith; muitas vezes você já ouviu a palavra. Aparece
duzentas e setenta e cinco vezes nas Escrituras, e berith significa que eles
deviam algo a Deus, e Deus, por sua vez, os abençoaria. Como Ele disse:
Eles seriam abençoados acima de todas as nações da Terra.6 Israel deveria
ser Sua testemunha, pois a salvação de toda a humanidade seria efetuada
por meio deles. Finalmente, você ouviu isso quando falamos sobre todas as
profecias a respeito de nosso abençoado Senhor, que o cumprimento viria
no dia em que o próprio Cristo apareceria. Esta seria a perfeição de todos os
profetas. É por isso que o povo de Deus foi escolhido para ser a semente da
qual a redenção viria ao mundo. Finalmente, um dia, quando chegou a
plenitude dos tempos, Cristo apareceu e cumpriu-se a profecia de Ezequiel,
que disse: Eu mesmo buscarei as minhas ovelhas e as visitarei.7 Deus
aparece na forma da natureza humana, toma sobre Si a forma de homem.
Um dia uma linda mulher, uma virgem, trouxe uma criança para um velho, foi
no templo de Jerusalém.8 O nome do velho era Simeão. Ele costumava
fazer uma oração que muitos judeus faziam naqueles dias porque sabiam
que o tempo da vinda do Messias estava próximo. Mencionamos que
Herodes, que não era judeu, mas edomita, não ficou surpreso quando os
magos chegaram. Ele disse que traria presentes, mas o presente que
prometeu trazer era a espada.

Há algumas flores que abrem apenas à noite; Simeon, o velho, era uma
dessas flores. Imagine o êxtase desse velho quando abraçou essa criança e
suas primeiras palavras foram: Agora estou pronto para morrer. Este é o fim.
Isso é tudo pelo que eu vivi.9 Ele fala com a mãe e observe como ele fala de
Israel e dos gentios.
Lembre-se de que dissemos que o povo de Deus deveria ser uma luz para
todas as nações do mundo. Simeon olha para trás e para frente; ele olha
para trás, para o povo de Deus, do qual era sacerdote, e diz: Esta é a glória
de Teu povo, Israel, este Bebê.10 Então ele olha para frente: Esta é a Luz
que dará revelação aos gentios.11 Em em outras palavras, ele viu neste
Bebê, o criador de uma nova aliança, o fundador de uma nova qahal, mas
também viu Nele um sinal a ser contradito pelo próprio povo a quem Ele veio
trazer a salvação. O Cristo que nasceu não foi alguém que veio de surpresa;
ele é parente

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

a todo o povo de Deus através dos séculos. Se você pegar os Evangelhos e ler
as duas genealogias de nosso abençoado Senhor, descobrirá que em um
exemplo a genealogia de nosso abençoado Senhor remonta a Abraão,12 e
outra genealogia remonta a Adão.13 O que isso significa? Significa que este
novo chefe da qahal, este esperado das nações e Deus feito homem, está
relacionado com o povo de Deus que deve ser o instrumento da salvação do
mundo.
Quando você ouve falar de nosso abençoado Senhor fundando uma Igreja,
um qahal ou um povo de Deus, você não deve pensar que isso é uma inovação.
Tudo o que nosso Senhor está dizendo está relacionado a este povo de Deus
no Antigo Testamento. Vê como Ele sustenta o relacionamento? Primeiro, Ele
escolhe os doze apóstolos. É provável que eles estivessem relacionados com
as doze tribos de alguma forma. Ele escolheu um apóstolo como Seu
representante. Descobriremos seu nome mais tarde. Olhando para trás, para a
Antiga Lei, Ele disse: Não vim para destruí-la, mas para cumpri-la.14 Ele reúne
esse novo povo ao seu redor para renovar e reavivar Israel, para fazer um novo
Israel. Se o antigo Israel O rejeitasse, Ele eventualmente não rejeitaria Israel. O
profeta Oséias, no Antigo Testamento, e Paulo, no Novo Testamento, dizem:
Nós, o novo povo de Deus, somos apenas um ramo enxertado na árvore; nós
não somos a raiz, Israel é a raiz.15 São Paulo prediz um dia em que a raiz será
glorificada e ultrapassará os gentios em glória quando Israel retornar.16 Quando
nosso Senhor vem para usar a palavra qahal, Ele a chama , “Meu qahal. Eu
fundarei a Minha Igreja, Meu povo.” O vínculo que Cristo estabelece com
esta nova qahal não é um vínculo de lei; é um laço de amor. O melhor momento
para estabelecer esse vínculo era um banquete, onde Seus Doze se sentavam
ao Seu redor apaixonados. Assim como Moisés freqüentemente aspergia
sangue sobre o povo como sinal de aliança, Ele disse que faria uma nova
aliança, um novo pacto, um novo testamento.

E não haverá aspersão do sangue de bodes, novilhos e ovelhas, mas Ele dará
Seu próprio sangue e dirá: Este é o sangue da nova aliança, o novo testamento,
o novo pacto. Este é o vínculo que unirá todo o Meu povo.17

Você vê que a Igreja não é uma instituição? Talvez você tenha dito: “Não
quero uma instituição entre mim e Deus”. Afinal, você tem o direito de se
comunicar com Deus, mas a Igreja não é uma instituição entre você e Deus.
Israel não estava entre o mundo e Deus. Pense na Igreja de certa forma

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Parte II: Igreja: Corpo de Cristo

moda do corpo. Você já disse: “Eu não quero seus lábios, olhos e mãos e
assim por diante, ficando entre mim e você.” Afinal, como posso comunicar
qualquer coisa a você, exceto por algo visível, tangível e carnal? Qualquer
coisa visível que você vê sobre mim ou verá sobre mim nada mais é do que
um sinal de uma alma invisível; o carnal é símbolo do espiritual. Quando
nosso bendito Senhor viesse a esta terra e tomasse sobre Si um corpo
humano, você não diria: “Não quero que este corpo de Cristo se interponha
entre mim e meu amor por Cristo”. A única forma da Encarnação é comunicar
o divino através do humano.

Esta natureza humana de nosso bendito Senhor, este Seu corpo, foi o
instrumento de Sua divindade. Quando nosso abençoado Senhor veio como
Sacerdote, Profeta e Rei, tudo o que Ele fez foi feito por meio do poder e
meios de Sua natureza humana. Se você ouvisse nosso abençoado Senhor
falar nas praias da Galiléia, você não diria: “Oh, é apenas uma língua humana
que está falando”. Quando Ele dissesse a você: Eu sou a Verdade,18 você
diria: “Como sei que Deus está falando comigo?” É por isso que Ele se tornou
homem. Se Ele dissesse a você: “Eu perdôo seus pecados”, você diria: “Tudo
o que vejo é uma mão levantada e o movimento dos lábios?” Não, Seu corpo
foi o meio pelo qual Ele se tornou aplicável a nós.
Portanto, a melhor maneira de entender que a Igreja não é apenas uma
instituição é entendê-la um pouco à maneira do corpo de Cristo, e é assim
que São Paulo entendia a Igreja e como a temos na Sagrada Escritura.
Nosso abençoado Senhor, através dos evangelhos, está dizendo que vai
estabelecer um novo corpo, um novo qahal, um novo povo de Deus. Afinal,
quando as pessoas estão unidas por um determinado propósito, elas são um
corpo. Nosso Senhor não usou a palavra corpo precisamente porque Seu
próprio corpo físico estava diante de todos.
Ele usou a palavra reino como os judeus podiam entender, mas quando São
Paulo estava falando aos pagãos, ele teve que usar uma palavra que fosse
mais compreensível para eles, ou seja, o corpo. Mas nosso Senhor
comunicou exatamente a mesma ideia. Ele disse que as novas pessoas com
quem Ele se comunicaria e se uniria a Ele estariam relacionadas a Ele como
ramos e videiras, Vocês são os ramos, eu sou a Videira.19 Ele disse que
daria a verdade a eles, Minha verdade eu dou a vocês, Meu poder eu te
dou.20 Então Ele comunicou o poder de perdoar pecados.
Nosso bendito Senhor disse que desenvolveria e formaria um novo
corpo que seria muito pequeno a princípio, como um grão de mostarda, e depois

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

crescer e se espalhar por todo o mundo. Mas qual era o núcleo desse corpo?
Bem, nós já sugerimos isso. O núcleo nós, a matéria-prima deste novo corpo,
foram os Apóstolos. Meu próprio corpo humano é feito de milhões e milhões
de células. No entanto, é um porque é vivificado por uma alma, governado
por uma mente invisível, presidido por uma cabeça visível. Todos os que
mais tarde forem incorporados ao novo Corpo de Cristo serão vivificados por
uma só alma, o Espírito Santo, governados por uma mente invisível, Cristo
no céu, e presididos por uma cabeça visível, aquela que Cristo escolheu
desde o início. para portar as chaves de Seu Reino.

Portanto, este corpo de Cristo deveria ser o prolongamento de Sua


Encarnação. Nosso Senhor deveria crescer e se expandir como uma célula.
Às vezes pensamos que uma Igreja é formada por todos nós nos unindo,
assim como formamos um clube de tênis. Não foi assim que o corpo de Cristo
foi formado! O poder de Deus estava no meio de Seu povo. Mesmo o seu
corpo humano quando começou a existir não era formado dessa maneira
particular. Foi formado por células de vida, e essas células se expandiram
para fora. Assim, o corpo de Cristo não cresce como uma casa cresce pela
adição de tijolo a tijolo e porta a porta e parede a parede. Cresce como uma
célula. Primeiro, existe esta Vida divina que veio a esta terra; ou seja, Deus
no homem. Começa com a humanidade de Cristo, este Seu corpo. Agora Ele
diz que vai formar este novo corpo. Não será um corpo moral ou um corpo
político, então Ele tem que dar um novo nome a ele, e o nome dado a ele
através dos séculos é “Místico”, para indicar que a unidade que o une não
vem dos homens; vem de Seu espírito, Dele mesmo. É por isso que tinha
que haver um Pentecostes, para colocar uma alma neste corpo, como
veremos um pouco mais adiante.
Esses doze apóstolos que nosso Senhor reuniu para Si eram muito
parecidos com os produtos químicos em um laboratório. Eles eram muito
individualistas; eram como o hidrogênio, os fosfatos e o enxofre em um
laboratório. Na verdade, temos em laboratório cem por cento de todas as
substâncias químicas que entram na constituição de um bebê. Por que não
podemos fazer um bebê? Porque nos falta o poder vivificante e unificador
que é a alma. Os Apóstolos, desconectados e desarticulados, não poderiam
formar este Corpo de Cristo. Eles poderiam ser formados apenas por Cristo
enviando Seu Espírito a eles através do corpo físico de nosso Senhor.
Foi Deus quem falou; era Deus quem governava; foi Deus quem santificou.
Através deste novo corpo de Cristo, Sua Igreja, Seu novo

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Parte II: Igreja: Corpo de Cristo

qahal, Seu novo povo de Deus, o novo Israel, Ele ensinará; Ele governará;
Ele vai santificar. Esta é a Igreja. Você vê que é muito longe de uma
instituição.
Em algum momento, pegue os Atos dos Apóstolos e leia a história da
conversão de São Paulo.21 São Paulo era um membro do antigo qahal, o
antigo Israel. Ele não aceitou a revelação da nova qahal e começou a
perseguir a Igreja. O tempo está bem dentro de dez anos após a ascensão
de nosso abençoado Senhor ao céu. Isso é muito importante lembrar. A
Igreja estava começando a se espalhar por todo o Império Romano, e Paulo
decidiu ir para a Síria e perseguir a Igreja em Damasco. A essa altura, os
primeiros membros da Igreja ficaram muito perturbados com esse erudito
Saulo, pois esse era seu nome judaico. Tenho certeza de que muitos
membros da Igreja devem ter orado ao bom Deus para enviar uma trombose
coronária a Paul! Eles devem ter dito: “Querido Senhor, envie-nos alguém
para responder a Saul!” Ele ouviu suas orações. Ele enviou Paulo, esse era
o seu nome romano.

No caminho para Damasco, uma luz brilhou sobre ele, e ele foi jogado
de sua besta e ouviu uma voz dizendo: Saulo, Saulo, por que me persegues?
22 A mim? Por que nosso Senhor disse isso? Ele estava no céu, como
alguém poderia persegui-lo? Não é de admirar que São Paulo tenha
perguntado: Quem és tu? E nosso Senhor respondeu: Eu sou Jesus, a quem
tu persegues.23 Saulo deve ter pensado: “Afinal, estou apenas perseguindo
os membros da Igreja em Damasco. Como posso estar perseguindo você?”
Como? Se alguém pisa em seu pé, seus lábios reclamam? Alguém golpeia
seu corpo; sua cabeça protesta? Cristo, o Filho do Deus vivo, é a cabeça do
Corpo Místico, a Igreja. Quando alguém atinge o Corpo, eles o atingem! E é
por isso que nosso Senhor protestou. O que é então a Igreja? É o povo de
Deus prolongado através dos séculos em nós, seus pobres membros. A
Igreja é o mistério de Deus no mundo para a salvação do mundo.

1 Gn 1:26 7 Ezequiel 34:11 13 19


Jo 1:1-18 14 Ibid., 15:5
2 8 Lc 2:25-35 Mt 5:17 15 Rm 20 Ibid., 14:27
Ibid., 3:9 21 Atos
3 11:17 Ibid., 15:12 9:1-22
Ibid., 4:9 9 Ibid., 2:29-32
4 Ex 19:5-6 10 Ibid., 2:34 Ibid., 16 22
2:32 12 Mt 17 Mt 26:26 Ibid., 9:4
5 11 23
Ibid., 6-7 1:1-16 Ibid., 9:5
6 Dt 7:14 18
Jo 14:6

127
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cortesia
do
St.
Bernard's
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Bishop
Sheen
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Capítulo Dezoito

Pedro: Vigário de Cristo

Até agora enfatizamos


. Corpo de Cristo. Éavisível
ideia na
de medida
que a Igreja
em queé tem
a Igreja Mística
membros que
caminham sobre a terra; é invisível na medida em que Cristo é a Cabeça
invisível, e a vida dela é o Espírito Santo. Também dissemos que esta Igreja
é uma sociedade, uma assembléia, um qahal, relacionada de alguma forma
com a assembléia e qahal do Antigo Testamento, e através desta Igreja
Deus está difundindo os méritos do Calvário.
Queremos mostrar que Pedro detém o primado não apenas da honra,
mas também da jurisdição sobre a Igreja. Pedro é o vigário de Cristo, o
primeiro Pontífice, o primeiro Papa. É muito estranho para aqueles que
acreditam que está nas Escrituras que a Igreja é o Corpo místico de Cristo,
que também não admite cabeça. Afinal, como saberemos que o Corpo existe
nesta terra? É muito fácil saber que Cristo estava andando nesta terra
simplesmente porque os homens O viram. Depois de Sua Ascensão, como
os homens conheceriam Seu Corpo Místico e onde se encontraria Sua Vida?
Nosso abençoado Senhor não deixou essas perguntas sem resposta até que
deu um sinal de que conheceríamos Seu corpo. O sinal era o sinal de todas
as coisas vivas. Como qualquer vida se manifesta? A unidade da vida se
manifesta através da cabeça, que é a fonte da

129
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

movimentos do corpo? A cabeça é um símbolo da unidade da vida.


Pernas e braços podem ser amputados sem destruir a unidade da vida, mas cortar
a cabeça e é o fim da vida.
Na ordem social, todo clube, grupo, sociedade ou nação tem um chefe, um
presidente ou um rei? Mesmo na ordem psicológica é natural que haja uma
consciência de chefia. No lactente há uma grande complexidade e entrecruzamento
de atividades: vegetativas, emocionais, mecânicas, vitais e outras. À medida que
a criança se desenvolve, gradualmente chega a um ponto em que todas as
atividades orgânicas se desenvolvem no pronome pessoal “eu”. Chega a uma
consciência de unidade e um centro de referência, ou seja, a primazia da
personalidade.
Se nosso abençoado Senhor estabelecesse uma vida aqui na terra e depois
não nomeasse uma cabeça, eventualmente, na ordem psicológica, teríamos que
nos tornar conscientes de uma cabeça. Mas naquela cidade meio pagã de Cesaréia
de Filipe,1 nosso abençoado Senhor nomeou uma cabeça e considerou três
formas possíveis de governo da igreja. Como seria governado Seu Corpo Místico?
Pode haver três formas: democrática, aristocrática ou teocrática. O democrático
seria aquele em que o voto da maioria decide, em que todos têm uma opinião
totalmente diferente sobre o que é ser a verdade e ser a lei. O aristocrático é um
apelo não tanto para a maioria ou para as massas, mas um apelo para uma
aristocracia, uma casa do parlamento, um senado, um congresso ou uma casa
dos Lordes. O teocrático é aquele em que Deus escolhe um homem, como
escolheu Abraão, Isaque, Jacó e Moisés; e Ele guia, protege e dirige este homem.

Nosso abençoado Senhor não estabeleceu Sua Igreja sem considerar todas
essas possíveis formas de governo. Pois Ele começou com o democrático e Sua
pergunta foi: Quem dizem os homens que é o Filho do homem?2 Observe
“homens”. Em outras palavras: “Se você fez uma enquete, se você votou, qual é
a opinião geral a meu respeito?” Que resposta nosso Senhor obteve? A resposta
foi: Alguns dizem que você é João Batista, outros Elias, outros Jeremias e outros
um dos profetas.3 Nenhuma unidade, nenhuma certeza. Deixe o governo da Igreja
para a interpretação individual e você terá pontos de vista contrários e contraditórios.

A Verdade Eterna, que disse que nem um pingo de Seus ensinamentos deveria
ser mudado, nunca poderia aceitar um governo no qual os homens não pudessem
concordar e, portanto, Ele não tinha nada para isso, exceto o desdém fulminante
do silêncio.

130
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Parte II: Pedro: Vigário de Cristo

Em seguida, Ele apela ao aristocrático, Quem você diz que eu sou: você,
Meus doze Apóstolos; você, Minha aristocracia; você, Meu grupo escolhido; Quem
sou eu? 4 Não houve resposta. Em primeiro lugar, não havia nenhum chefe
nomeado como seu porta-voz; além disso, alguns deles tinham dúvidas. Thomas
certamente tinha dúvidas; Judas não estava muito certo de Sua sagacidade
financeira; Filipe estava preocupado com as relações com o Pai celestial. Nosso
abençoado Senhor não poderia edificar Sua Igreja apenas sobre uma aristocracia.
Nesse ponto, havia um homem sem o consentimento dos outros que se adiantou
e falou em nome de todos e deu uma resposta correta. Sua resposta foi: Tu és o
Cristo, o Filho do Deus vivo.5 Aqui está um homem com iluminação divina que
fala em nome de todos, que faz a confissão da divindade de Cristo, que afirma a
fé Nele, que é ser escolhido como cabeça de Seu Corpo Místico. Esta é a forma
teocrática de governo da Igreja.

Antes de entrarmos no texto, que objeções poderia haver?


Uma objeção levantada contra esse texto em particular é que nosso abençoado
Senhor não edificou Sua Igreja sobre Pedro; Ele o construiu sobre a confissão de
fé de Pedro em Sua divindade. Isso não é verdade porque nosso abençoado
Senhor estava se dirigindo a Pedro na segunda pessoa do singular, como
veremos. Nosso Senhor disse a Pedro: Bem-aventurado és tu;6 Eu te darei;7
Tudo o que ligares.8 Aqui não há confissão de fé.
Nosso bendito Senhor está falando na segunda pessoa do singular a um homem
cujo nome Ele mudou de Simão para Rocha.
Voltando agora ao nosso texto. Vamos passar por algumas das palavras.
Nosso bendito Senhor disse a Simão Pedro: Bendito és tu.9 Já ouvimos essas
palavras antes. Eles já foram falados por um arcanjo na Anunciação a Maria.
Quando o arcanjo se aproximou de Maria para perguntar-lhe se ela daria a Deus
uma natureza humana com a qual Ele pudesse redimir o mundo, o anjo a saudou:
Bendita és tu.10 Por que bendita? Porque ela deveria receber o privilégio divino
da maternidade de Cristo. Comparado à Anunciação, nosso abençoado Senhor
diz a Simão Pedro: “Bendito és tu”. Assim como Maria foi abençoada porque seria
a mãe de Cristo, a Cabeça do Corpo Místico, também Pedro é abençoado porque
será o Vigário de Cristo e uma cabeça visível do Corpo Místico.

Em seguida, nosso abençoado Senhor disse: Simão Bar-Jonas, bendito és


tu, Simão, filho de João.11 Nosso Senhor ainda o chamava pelo seu nome pessoal,

131
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

seu nome de família. Nosso Senhor já havia dado a ele outro nome, o nome
de Cephas em aramaico, que significa “pedra”, o nome de Pedro em inglês.
Então nosso abençoado Senhor continuou. A propósito da confissão da
divindade, nosso abençoado Senhor disse a Pedro, carne e sangue não te
revelaram.12 Em outras palavras, você não sabe que eu sou Cristo, o Filho
de Deus, por instintos naturais ou por razão. Assim como você não sabe
apenas pela razão que Cristo é o Filho de Deus. Sua razão lhe dá motivos
de credibilidade, mas tinha que haver uma iluminação de cima. Houve uma
iluminação muito especial de Pedro porque ele reconheceu que Cristo não
era apenas o Messias, mas também o Filho do Pai Eterno.

Lembre-se de que todos os apóstolos estavam lá em Cesaréia de Filipe,


mas nosso abençoado Senhor falou apenas com um. Nosso Senhor falou
com Pedro; observe que isso será pessoal: Tu és a rocha.13 Observe o
paralelo entre a confissão de Pedro e a transferência de poder de nosso
abençoado Senhor. Pedro disse: “Tu és o Cristo”; nosso Senhor responde:
“Tu és a rocha”. Pedro confessou a grandeza de Cristo; Cristo confessa a
grandeza de Pedro. Lembre-se, agora, que o nome de Peter é Rock.
Era um novo nome; era adequado para seu escritório. Esta palavra “rocha”
não aparece aqui pela primeira vez nas Escrituras. Ao longo do Antigo
Testamento, Deus é chamado de Rocha. Como veremos mais adiante, Deus
também é chamado de Porta-chaves; Deus também é chamado de Pastor.
Nosso bendito Senhor é o Filho de Deus, a Rocha dos séculos, mas Ele faz
de Pedro uma rocha. Examine o Antigo Testamento e você encontrará
exemplos de como Deus é chamado de Rocha. Lembre-se que no livro de
Êxodo14 e no livro de Números,15 havia uma rocha que jorrou água, e São
Paulo mais tarde diz: E a rocha que os seguia era Cristo.16 Em outras
palavras, aquela rocha que Moisés feriu era uma prefiguração de Cristo, que
é a Rocha Eterna.
Existem quarenta referências no Antigo Testamento onde Deus é
chamado de Rocha. No livro de Daniel, o Messias é chamado de a Rocha
que esmagou a estátua com os pés de barro até virar pó.17 Nosso próprio
Senhor abençoado disse que aqueles que obedecessem a Seus mandamentos
seriam comparados a uma casa construída sobre uma rocha.18 A implicação
era o Filho de Deus, no Antigo Testamento, no livro de Isaías, é chamado a
Rocha de Israel. Este Cristo, como o Filho de Deus, sustentou a antiga qahal,
assim Pedro deve sustentar a nova qahal, a nova ecclesia, ou a nova Igreja,
como uma rocha. Em outras palavras, houve uma comunicação do

132
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Parte II: Pedro: Vigário de Cristo

poder divino de ser uma rocha de Deus para Pedro. Ele é a Rocha, mas
Ele é a Rocha invisível; e Pedro deve ser feito a Rocha visível do Corpo
Místico.
Se uma referência técnica puder ser permitida, no grego de Mateus,
onde temos as palavras: Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha
Igreja,19 a palavra para Pedro é Petros e a palavra para pedra é petra. Na
literatura clássica, por exemplo, em Homero, você encontra a palavra
petros significando uma espécie de pequena rocha, parte de uma grande e
tremenda rocha como Gibraltar. Nosso abençoado Senhor está realmente
dizendo a Pedro: “Tu és o verdadeiro petros de Mim, o divino Petra”. Ambos
são pessoas; Cristo, a Rocha, era uma pessoa, e Pedro, a Rocha, é uma
pessoa. Como o corpo visível, a Igreja tinha Pedro como sua pedra
fundamental visível. Como uma realidade espiritual invisível, o Corpo
Místico tem Cristo no céu como sua Rocha espiritual eterna.
Nosso abençoado Senhor disse: “Eu edificarei Minha Igreja, Minha
ecclesia, Meu qahal”. Nosso Senhor não disse: “Eu edificarei Minhas
Igrejas”. A Igreja é o Seu corpo. Cristo não pode ter muitos corpos ou seria
uma monstruosidade física. Todo o fundamento orgânico do Corpo Místico
é fundado em um único homem que deve ter assistência divina. Observe
que nosso Senhor disse: “Eu edificarei a Minha Igreja”. Esta mesma
palavra “construir” é usada no livro de Gênesis. Na tradução latina das
Escrituras, na Vulgata, é exatamente a mesma palavra usada para
descrever como Eva foi formada a partir de Adão e como Cristo edificou
Sua Igreja. Adão era como uma coisa inacabada até que Eva foi formada.
A Escritura diz que Cristo deveria ter Sua plenitude em Sua Noiva, a Igreja.
Como Eva foi construída a partir de Adão, a Igreja foi construída a partir de Cristo.
Nosso bendito Senhor disse: As portas do Inferno não prevalecerão
contra ela,20 contra a Igreja. Aqui nosso Senhor não está se referindo a
portões literais, mas sim a um mundo invisível. A palavra prevalecer, pois
o mal não prevalecerá, significa dominar. Nosso abençoado Senhor
assegura a Pedro que Sua Igreja será indestrutível, indefectível, porque os
portões simbolizam o poder. Era um lugar onde conselheiros, homens de
poder e governo se reuniam. O livro de Gênesis diz que Ló estava sentado
no portão de Sodoma;21 o livro de Rute diz que Boaz cuidava dos assuntos
legais no portão de Belém.22 O inferno tem seus portões, sua sede, seu
conselho, seu tesouro de poder . Isso sempre será contrário à Igreja, mas
nosso abençoado Senhor diz que as portas do inferno não prevalecerão.
Em outras palavras, a Igreja será indefectível através dos tempos. observe isso

133
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

o privilégio não é dado à pessoa de Simão, mas é dado a Pedro.


Nosso abençoado Senhor disse que estará com Sua Igreja até a consumação do
mundo.23
Então nosso Senhor acrescentou: Eu te darei as chaves do Reino dos céus.24
Imagine, ele não é apenas a pedra fundamental, mas uma vez que esteja dentro
desta Igreja, ele terá as chaves. Nosso bendito Senhor disse: Eu sou a Porta.25 No
livro do Apocalipse, o Cristo glorificado é descrito como tendo as chaves, e o livro do
Apocalipse afirma: Portanto, ninguém pode fechar o que Ele abre e ninguém pode
abrir o que Ele fecha.26 Assim como a Rocha Eterna fez uma rocha visível, assim
como um Bom Pastor fará de Pedro o Pastor, assim o Porta-chaves, o Porta-chaves
Eterno, lhe dá as chaves. Em outras palavras, ele é verdadeiramente o Vigário de
Cristo, eu te dou as chaves do Reino dos céus e então tudo o que ligares na terra,
será ligado no céu.

Tudo o que desligares na terra, será desligado no céu.27 Isso significa que tudo o
que Pedro ordena ou proíbe, ele faz em nome de Cristo.
Que poder tremendo! A terra e o céu se tornam uma única força.
Pois os céus quase parecem ser um eco da terra, como se Deus estivesse
emprestando seus ouvidos para ouvir o que seu vigário, Pedro, estava dizendo.
Seu poder é legislativo porque ele pode ligar e desligar. É um poder de disciplina
que o protegerá do erro. Não há limite para isso, pois nosso abençoado Senhor
disse que tudo o que ele liga, Cristo liga.
Aqui, nosso abençoado Senhor prometeu conferir esse poder a Pedro, mas
houve outras instâncias nas Escrituras em que Ele associou Pedro a Si mesmo. Um
momento particularmente interessante é a noite da Última Ceia. Todos os apóstolos
foram reunidos com nosso abençoado Senhor e nosso Senhor falou a Pedro e disse:
Eis que Satanás reivindicou poder sobre todos vós para que vos peneire como
trigo.28 Observe o plural aqui; nosso Senhor está dizendo: “poder sobre todos
vocês”.
As palavras de nosso Senhor continuam: Mas eu orei por ti para que a tua fé não
falhe. Quando depois de um tempo você voltar para Mim, é para você ser o sustento
de seus irmãos.29 Observe que nosso abençoado Senhor diz que Satanás quer
todos eles. Por quem nosso Senhor ora? Aqui Ele não está orando pelos Doze; Ele
está orando apenas por Peter. Ele se dirige a ele na segunda pessoa do singular e
Ele faz isso porque se a pedra fundamental desmorona, o resto do edifício falha.
Nosso abençoado Senhor também está dizendo a Pedro que ele vai falhar, como
ele irá algumas horas depois, quando ele disser às servas, eu não conheço o homem!
30 Mas nosso Senhor diz

134
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Parte II: Pedro: Vigário de Cristo

Ele voltará no Pentecostes e então será o suporte dos Doze. Isolados e


separados de Pedro como Vigário de Cristo, os Apóstolos são fracos. Não
devemos presumir que esse poder foi dado apenas a Pedro porque ele não
era chamado de Simão na época. Simon morre, mas Peter vive. Pio, Leão,
Bento e outros morrem, mas Pedro continua até a consumação do mundo.

Outro exemplo de como nosso Senhor associou Pedro a Si mesmo foi


no pagamento do imposto do templo. É a única vez nas Escrituras em que
Deus associa o ser humano consigo mesmo sob o pronome pessoal “nós”.
Pense em como você ficou orgulhoso quando criança, talvez seu pai tenha
colocado os braços em volta de você e dito: “Faremos isso”. Na época do
pagamento do imposto do templo, nosso abençoado Senhor disse a Pedro
para pagá-lo, e Ele disse para pagar por Mim e por ti.31 Então Ele acrescenta,
Para que não sejamos escandalizados. Aqui Ele está se tornando um com
Pedro; ele está associado ao Mestre de uma forma que ninguém mais pode
estar associado; “nós”, Cristo e Pedro. É por isso que todas as encíclicas
papais começam com a palavra “nós”.
Esta unidade particular que existia entre Patros e Petra, a Rocha invisível
e a Rocha visível, é agora realizada após a Ressurreição. Nosso Senhor
está pescando três vezes. Ele diz a Pedro quando chega à praia: Amas -me?
apascenta as minhas ovelhas.33 Aqui o poder é conferido pelo Bom Pastor
a Pedro, o pastor. O rebanho é um porque o Pastor é um e um homem está
à frente do rebanho. Em outras palavras, a Igreja deve ser composta de
bispos, sacerdotes e pessoas, como na terra nosso abençoado Senhor
associou a Si mesmo apóstolos, discípulos e pessoas; e Pedro será o
cabeça. As palavras que nosso abençoado Senhor usou em grego foram
boskine poinine; em outras palavras, “você tem essa ordem, você tem uma
jurisdição, você tem a autoridade. Para alimentar Meus cordeiros, para
alimentar Minhas ovelhas, estou transferindo Meu poder de Pastor para
você”. Então nosso Senhor disse a Pedro como ele morreria, que ele seria
crucificado. E Pedro foi para Roma onde foi crucificado. Ele disse que não
era digno de ser crucificado da maneira que nosso bendito Senhor foi, então
pediu para ser crucificado de cabeça para baixo.

A Rocha Eterna havia lhe dito que ele seria a Rocha. Onde a pedra
fundamental deve ser colocada, senão perto do solo? O

135
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

A rocha lançada tornou-se a pedra fundamental da Igreja e desde


então a Igreja tem um Pastor, uma Rocha, um Porta-chaves, um
Pontífice, um construtor de pontes entre a terra e o céu, um Vigário
de Cristo, um Papa, um Santo Padre. Uma cabeça para o único
Corpo, para sabermos onde está a Igreja. Como diziam no primeiro
século, Ubi Petrus ibi ecclesia; onde quer que Pedro esteja, aí está a Igreja.

1 Mt 16:13-18 2 11 Mt 16:17 12 21 Gn 19:1 22 31 Ibid., 17:27


32 Jo 21:15
Ibid., 16:13 Ibid. Rt 4:1 23 Mt Ibid., 21:16
3 Ibid., 16:14 13 28:20 Ibid., 33
Ibid., 16:18 14
4 Ibid., 16:15 Ex 17:6 15 Nb 24
16:19 Jo 10:9
5 Ibid., 16:16 20:8 16 1 Co 10:4 25
26 Ap 3:7 27
6 Ibid., 16:17 17 Dn 2:45 18 Mt Mt 16:19 28 Lc
7 Ibid., 16:19 7:24 22:31 Ibid., 22:32
8 Ibid. 30 Mt 26: 72
9 Ibidem, 19 29
Ibid., 16:18 20
16:17 10 Lc 1:42 Ibid.

136
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Capítulo Dezenove

Autoridade e infalibilidade

Quando eu eraemenino,
. Mer costumava irnotamos
eu frequentemente a uma fazenda
como asdurante o verão.
galinhas costumavam
bicar umas às outras. Naquela época eu não sabia o significado disso. Então,
apareceu um artigo na Scientific America, intitulado “The Peck Order”.
Alguns cientistas, muito mais curiosos do que eu, marcaram cada galinha no
curral de forma um pouco diferente para que pudessem localizá-las e perceberam
que havia uma espécie de hierarquia, uma autoridade, um “quatrocentos” entre
as galinhas. Quando faziam fila para comer, a galinha vinte e cinco, que vivia do
lado errado dos trilhos, era sempre a última a ser alimentada ou então ficava no
fundo do curral. Então as galinhas começavam a tentar entrar nos “quatrocentos”.

A galinha vinte e dois bicava vinte e um e se vinte e um fugisse então vinte e


dois virava vinte e um. Isso agora é conhecido na ordem científica como a ordem
de pica das galinhas.
Sabemos que ela existe entre os seres humanos. Nós bisbilhotamos uns
aos outros no mundo dos negócios para tentar progredir, atropelamos uns aos
outros. Os macacos fazem a mesma coisa. Os treinadores de macacos sempre
observarão um grupo de macacos para descobrir qual deles é o líder, então eles
treinam o líder e todos os outros o seguem. Eu digo isso dirigindo para

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

a autoridade está tanto no reino animal quanto na ordem humana.


Quando o bom Senhor veio a esta terra, Ele eliminou a hierarquia e introduziu um
princípio inteiramente novo: o primeiro deve ser o último e o mais importante deve
ser o servo de todos.1
Notamos isso em duas instâncias na vida de nosso abençoado Senhor.
Uma delas foi a noite da Última Ceia. Aqui os doze apóstolos estavam reunidos ao
redor de nosso abençoado Senhor, e Ele tirou Seu manto, cobriu-se com uma toalha
e começou a lavar os pés dos Apóstolos.2 Quando Ele terminou, Ele disse: Você
me chama de Senhor e Mestre, e você faz bem, eu sou seu Senhor e Mestre; mas
se eu vos lavo os pés, vós lavais os pés uns dos outros.3 E disse entre os gentios:
Aquele que era o maior tem domínio sobre os outros.4 Ele disse aos seus apóstolos
que fossem os menores. Aqui estava a introdução de algo novo na ordem da
autoridade; ou seja, a autoridade é para o serviço, particularmente para aqueles que
são inferiores e inferiores.

Então Ele introduziu outra ideia após Sua Ressurreição. A cena foi às margens
do Mar da Galiléia, no domingo após a Ressurreição. Havia sete homens em um
barco pescando, e nosso abençoado Senhor apareceu na praia.5 João foi o primeiro
a reconhecer nosso abençoado Senhor e disse: “É o Senhor!” O impetuoso Pedro
mergulhou no mar, nadou cem metros até a praia e, se você ler as Escrituras
cuidadosamente, descobrirá que, alguns versículos depois, Pedro estava de volta
ao barco. Eu me pergunto por que ele fez isso. Ele ajudou os outros a arrastar o
peixe. Acho que o motivo foi que, quando ele chegou à praia, viu nosso abençoado
Senhor parado perto de uma fogueira, lembrando-o de outro incêndio cerca de dez
dias antes, o incêndio no pátio de Caifás.6 Pedro lembrou que havia negado tanto
nosso Senhor ele se afastou Dele.

Quando ele voltou, nosso Senhor deu autoridade a Pedro sobre a Igreja. Nosso
Senhor chamou a Si mesmo de Bom Pastor. Agora Ele fez de Pedro um pastor.
Assim como nosso Senhor nas Escrituras foi chamado de a Rocha no Antigo
Testamento muitas vezes7, Ele fez de Pedro a pequena Rocha de Sua Igreja. Mas
qual foi a condição sob a qual Ele conferiu autoridade a Pedro? O que Ele disse
antes de dar autoridade? Apascenta Meus cordeiros, apascenta Minhas ovelhas.8
Três vezes Ele disse: “Você me ama?” Você me ama? Você me ama? Você me ama
mais do que estes?9 Somente depois que Pedro disse: Sim, Senhor, eu te amo;10
aliás, a palavra grega que São Pedro usou foi uma palavra muito fraca: “Eu

138
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Parte II: Autoridade e Infalibilidade

te amo” de uma forma meio humana, natural. Pedro não iria afirmar um amor
maior do que ele realmente poderia demonstrar. Mas o ponto é que a
autoridade não é apenas para servir, a autoridade deve ser exercida porque
se ama. Este foi o novo princípio de autoridade introduzido no mundo: serviço
e amor.
Como nosso abençoado Senhor exerceu Sua autoridade e como Ele se
propôs a continuar essa autoridade através dos séculos? Ele exerceu Sua
autoridade por meio de Sua natureza humana. Porque você acredita na
divindade de Cristo, se você O ouvisse falar, você ouviria os lábios humanos
se movendo, mas você diria: “É o Filho de Deus quem fala”. Assim nosso
abençoado Senhor ensinou, Ele governou, Ele santificou através desta
natureza humana, através deste Seu corpo. Era o instrumento de Sua
autoridade, assim como, por exemplo, escrevo com um lápis. Ele exerceu
Seus poderes divinos e comunicou Sua Verdade através desta natureza
humana que Ele tomou de Maria.
Um degrau mais alto. Ele agora se propõe a comunicar este poder, esta
verdade, esta autoridade, e Ele a comunica aos Seus Apóstolos, e os
Apóstolos se tornaram Seu novo Corpo, não um corpo físico. Algumas vezes
o chamamos de Corpo Místico. Ele deseja comunicar Sua verdade, Sua
autoridade, Seu poder aos Seus Apóstolos que Ele escolheu com Pedro
como cabeça. Nosso abençoado Senhor disse: Eu sou a Verdade;11 todos
os outros professores disseram: “Aqui está a verdade neste código, nesta doutrina”.
Nosso Senhor disse: Eu sou a Verdade. Agora, para este corpo de apóstolos,
para Sua Igreja, Ele disse: Minha verdade eu dou a você. Quem vos ouve, a
mim ouve. Quem vos despreza, a mim despreza.12 Não havia dúvida de que
Ele estava comunicando Sua verdade e Seu poder. Ele disse: Todo o poder
me foi dado no céu e na terra.13 Ele os envia para ensinar todas as nações,
para perdoar pecados e ordenar aos outros que façam todas as coisas que
Ele ordenou. Assim como uma vez Ele estava comunicando Seu poder por
meio de Sua própria natureza humana pessoal, agora Ele o está fazendo por
meio de Sua natureza humana corporativa, que é a Igreja.
Como era a Igreja no início? Era composta pelos doze apóstolos com
Pedro como cabeça. Nosso Senhor não escolheu Pedro e depois os outros
onze. Ele escolheu os doze e então colocou Pedro no topo. Afinal, todo
mundo tem que ter uma cabeça.
Ele fez dele a Rocha da Igreja, de modo que os Apóstolos são o que se
poderia chamar de um colégio de Apóstolos, e Pedro, que era o cabeça, foi
o primeiro Vigário de Cristo, o primeiro Papa. Nosso Senhor disse esta verdade

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

e o poder que Ele comunicou a eles deveria continuar até a consumação


do mundo. Os Bispos da Igreja são os continuadores dos Apóstolos. Os
Pontífices, os Vigários de Cristo, os Papas são os sucessores de Pedro,
então hoje a Igreja é governada pelo colégio dos Apóstolos, o colégio dos
Bispos, no que se chama colegialidade dos Bispos, tendo Pedro como
cabeça. Eles não podem prescindir de Pedro como cabeça, assim como
os apóstolos não poderiam prescindir de Pedro como cabeça.

O que são bispos? Felizmente, você não me conhece bem e não


julga os bispos da Igreja por mim. Mas eu vou te dizer o que é um bispo.
Uma de suas funções é ser algo como aquela curiosa lista de nomes que
aparecem na genealogia da natureza humana no evangelho de Mateus.14
Por exemplo, Aminadab gerou Naasson, Naasson gerou Salomão e assim
por diante. Lembre-se de todos os gerados no Evangelho? O que era
essa longa lista de juízes, reis e profetas? Os homens do Antigo
Testamento eram uma espécie de prova de que nosso bendito Senhor
era aquele que era esperado ao longo dos séculos.
Esses homens mencionados não são importantes. Eles não eram todos
bons homens; alguns deles eram muito imperfeitos, mas simplesmente
pertenciam a uma árvore genealógica. Se você já tivesse desafiado nosso
Senhor e dito: “Sabemos que Aquele que há de vir pertence à tribo de
Judá e também é descendente de Abraão”, nosso abençoado Senhor
teria apontado para Sua árvore genealógica e Ele diria: “ Aí está você. Aí
está a prova. Eu posso te mostrar minha linha. Esse era o propósito
desses homens bastante insignificantes.
Quem são os bispos e que funções desempenham? Eles são
testemunhas neste século da verdade que ensinam, que remonta ao
nosso próprio Senhor abençoado. Suponha que você me pergunte: “Onde
você conseguiu sua autoridade para ser um bispo?” Fui consagrado em
Roma pelo Cardeal Piazza, e sei quem consagrou o Cardeal Piazza, e
sei que aquele que consagrou o Cardeal Piazza foi por sua vez consagrado
pelo Papa Pio X, e então do Papa Pio X é fácil ir até o fim de volta a
Pedro. Os bispos neste dia e idade cumprem um pouco do que a mesma
função que esta longa linhagem genealógica fez em provar que nosso
abençoado Senhor pertencia à linhagem real de Davi.
Suponha que um cabo de microfone seja colocado a quinze centímetros de uma tomada.
Você acha que ouviria o que estou dizendo? Suponha que colocamos o
fio a 1.500 polegadas do plugue, ou uma polegada - não

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Parte II: Autoridade e Infalibilidade

atual! Por que? Muito longe da fonte. Se você quer saber de onde vêm a
verdade e a autoridade da Igreja, deve ser capaz de seguir a linha dos bispos.
Siga-os de volta ao dínamo, à sede do poder, à sede da verdade. Siga-os de
volta ao próprio Cristo.

Os bispos são chamados a serem pastores. Nós, bispos, devemos ser


servos. Vocês, leigos, não são nossos servos. A polícia não é nossa serva. Nós
somos deles! Não somos apenas administradores. Somos rebanhos de ovelhas.
Podemos nos tornar administradores em um país rico e rico, mas não é isso
que o Senhor quer que sejamos. Devemos ser pastores.
Além disso, não somos apenas chefes de diocese, somos primeiro consagrados
para o mundo, depois para a diocese. Então estamos relacionados uns aos
outros, mas assim como os braços, pernas, veias e vasos de seu corpo seriam
inúteis a menos que você tivesse uma cabeça, não temos autoridade exceto
em virtude de nossa comunhão com a cabeça, que é o Vigário. de Cristo,
sucessor de Pedro. Sem isso, nossa autoridade é vã.
Vocês ouviram muito sobre a infalibilidade do sucessor de Pedro, do Papa.
Honestamente, se há algo que as pessoas não entendem é essa noção de
infalibilidade. O que significa infalibilidade? A infalibilidade não é um dom
pessoal. Se alguma vez você visitar o Santo Padre e disser ao Santo Padre:
“Estou muito interessado no mercado de ações. Você poderia me dizer se devo
investir na General Motors?” Suponha que ele dissesse: “Sim, acho que a
General Motors é um bom investimento”. Ouça, essa afirmação não é mais
infalível do que a que estou fazendo para você. Ele é infalível somente quando
atua como Cabeça da Igreja, e mencionarei algumas outras condições um
pouco mais adiante.

Além disso, a infalibilidade não é um dom positivo; é um presente negativo.


Infalibilidade é tirada de duas palavras latinas, “in” e “fallor”, para não ser
confundido. Nosso bendito Senhor disse a Pedro que as portas do inferno, ou
seja, os julgamentos do erro e do pecado, não tocariam nele ou em Sua
Igreja.15 Não é um dom positivo. Ele não pode fazer uma declaração infalível
sobre literatura ou ciência. Muitas pessoas pensam que a infalibilidade é como
uma torneira. O Santo Padre vai até esta grande torneira da infalibilidade, abre-
a e as verdades simplesmente se derramam. Não, isso não é infalibilidade.
A infalibilidade é um dique que impede que o rio da Verdade transborde e
destrua o campo. A diferença entre um rio e um pântano é que o pântano não
tem margens ou limites e o rio

141
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

tem. Para ser infalível, o Santo Padre deve preencher três condições: deve falar como
Cabeça da Igreja, composta por todos os bispos da Igreja; ele deve falar sobre o
assunto da fé e da moral; e deve dirigir-se a toda a Igreja e não a algum membro dela
ou a algum país. Muitos pontífices passam pela vida sem tomar uma única decisão
infalível, nenhuma.

Agora, esta é a autoridade da Igreja e muitas pessoas se perguntam: “Por que


obedecemos à Igreja?” Afinal, é difícil obedecer a alguns seres humanos; mas são
apenas as luvas; dentro está a mão de Cristo. Nós os obedecemos porque eles são os
representantes de Cristo.
Obedecer a Cristo nos dá uma tremenda quantidade de consolo - ter verdades divinas
nas coisas que dizem respeito à alma. Para o mundo, a autoridade é “eles”, algo
anônimo. Todo mundo segue os estilos. Ou eles dizem: “Todo mundo está fazendo
isso”. Oh não! Certo é certo se ninguém estiver certo, e errado é errado se todos
estiverem errados.
Acredite em mim, neste mundo infestado de erros, realmente precisamos de uma
Igreja e uma autoridade que esteja certa quando o mundo está errado!

1 Mc 9:35 2 9 13 Mt 28:18 14
5 Jo 21:1-14 Ibid., 21:15-17
6 Ibid., 10 Ibid., 1:1-16 15
Jo 13:4-5 18:15-18 7 2 Ibid., 21:15 Ibid., Ibid., 16:18
3 Sam 22:2 11
Ibid., 13:13-14 14:6 12 Lc 10:16
4 Mt 20:25 8
Jo 21:16

142
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Capítulo Vinte

Comunismo e a Igreja

Na verdade, existe algoQual


. é o comunismo. no mundo chamado
é a essência autoritarismo; Eu diria
do autoritarismo?
que é tríplice: sujeita a mente ao dogma; faz do medo a base da
obediência e destrói a liberdade de pensamento. A Igreja não tem
nenhuma dessas qualidades. Não poderia tê-los porque nosso bendito
Senhor vivia em meio ao autoritarismo. As pessoas entre as quais Ele
viveu estavam sob o poder dos romanos; além disso, todos os fariseus
eram autoritários. Quando nosso abençoado Senhor fundou Sua Igreja,
naturalmente Ele fez dela um baluarte contra todas as formas de
autoritarismo. Observe como Ele contrasta Sua Igreja e como ela seria
sob o comunismo. Ele disse:

Jesus, porém, chamou-os e disse: Vós sabeis que os


príncipes dos gentios os dominam; e que aqueles que são
os maiores exercem poder sobre eles. Não será assim entre
vós; mas qualquer que entre vós for maior, seja vosso
ministro. E aquele que for o primeiro entre vós será vosso servo.1
Como nosso Senhor salvou a nós e Sua Igreja do autoritarismo?
Vamos contrastar aqui as três características de com-

143
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

o comunismo com três características da Igreja. Primeiro, nosso abençoado


Senhor estabeleceu uma Igreja onde não obedecemos a um sistema, mas a
uma pessoa; em segundo lugar, na Igreja a base da nossa obediência não é
o medo, mas o amor; e finalmente, na Igreja, a liberdade de pensamento é
salva pela reverência à verdade.
Vamos pegar um por um. Em primeiro lugar, dogma. No comunismo, e
em qualquer outra forma de autoritarismo, é preciso submeter-se a um
sistema, uma rede muito complicada de pressupostos, códigos, diretivas e
ordens muitas vezes abstratas como o materialismo dialético do comunismo,
a teoria da conflito de classes e a teoria do valor-trabalho. Os católicos não
subscrevem um sistema de dogmas.
Começamos com uma pessoa, a pessoa de nosso Senhor continuada em
Seu Corpo Místico, a Igreja. O que é fé? A fé é o encontro de duas
personalidades: você e nosso Senhor. Não há adesão a um dogma abstrato,
mas comunhão com uma pessoa que não pode enganar nem ser enganada.
O autoritário começa com uma linha partidária; começamos com nosso
Senhor, o Filho do Deus vivo, que disse: Eu sou a Verdade.2 Em outras
palavras, a verdade é identificada com Sua personalidade.
Lembra quando você era criança, o que você considerava sua casa,
apenas uma soma de comandos dados por sua mãe ou seu pai? Foi mais
do que isso, não foi? É o amor de suas personalidades. A nossa fé é, pois,
antes de mais nada, em Cristo, que vive no seu corpo místico, a Igreja; é
apenas secundariamente na crença explícita. Se nosso abençoado Senhor
não os revelasse, não acreditaríamos neles. Se O perdêssemos, perderíamos
nossa crença. Ele vem primeiro. Todo o resto é secundário. Não há doutrina,
nem moral, nem dogma, nem liturgia, nem crença à parte Dele. Ele é o objeto
da fé, não um dogma.

Existe uma espécie de dogma de que quando um jovem ama uma


jovem, ele deve dar-lhe um anel e ficar noivo. O que é primordial para esse
costume é o amor à sua pessoa, assim conosco. Para um católico não há
nada crível na Igreja além de Cristo que vive nela. Se não acreditássemos
que nosso Senhor era Deus, se disséssemos que Ele era apenas um homem
bom, nunca acreditaríamos na Eucaristia ou na Trindade. Se acreditássemos
que nosso Senhor era simplesmente um ser humano que pereceu no pó, não
acreditaríamos no perdão dos pecados. Mas sabemos que nosso abençoado
Senhor uma vez ensinou, governou e santificou através de um corpo físico
que Ele tomou de Sua Mãe.

144
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Parte II: Comunismo e a Igreja

e agora sabemos que Ele continua ensinando, governando e santificando no


Corpo Místico que Ele tirou do ventre da humanidade. Seu primeiro corpo foi
coberto pelo Espírito Santo. Seu Corpo Místico foi coberto pelo Espírito Santo
no Pentecostes; portanto, aceitamos cada palavra Dele, não apenas o que
Seus secretários escreveram.
O que recebemos é a Palavra Viva, viva através dos séculos.
Você já ouviu dizer: “Não quero nenhuma igreja entre mim e Cristo!” Não
há igreja entre nós e Cristo. A Igreja é Cristo! Ora, a Igreja não se interpõe
entre Ele e nós, assim como meu corpo não se interpõe entre mim e minha
mente invisível. A Igreja é o que Santo Agostinho chamava de totus Christus,
o Cristo todo; portanto, Sua Verdade vivendo através dos tempos. Agradeça
a Deus por sua fé, sua fé na pessoa de Cristo. É o eterno contemporâneo!

Outra cobrança é feita; ou seja, se você pertence à Igreja, está sujeito


ao medo. É verdade em todo sistema de autoritarismo que o medo é a base
da obediência. Como começamos com a pessoa de Cristo, a base de nossa
obediência não é o medo; é amor.
Você não pode amar o materialismo dialético, mas pode amar uma pessoa.
Entre nosso Senhor e nós existe um vínculo de amor e esses dois são
inseparáveis. Nosso Senhor não comunicou a Pedro o poder de governar e
governar Sua Igreja até que São Pedro disse a nosso Senhor três vezes que
o amava.3 O poder de comandar na Igreja vem somente da obediência a
Cristo. A submissão que os católicos fazem à Igreja é algo como a submissão
que fazemos a um de nossos amigos mais devotos. É como a obediência de
um filho a um pai amoroso. Não sentimos nenhuma distância entre nosso
Senhor e nós. Como um aluno se torna cada vez mais apegado ao seu
professor quanto mais ele absorve as verdades do professor, nós nos
tornamos cada vez mais unidos a Cristo quanto mais O amamos e quanto
mais absorvemos de Sua verdade. Quanto mais conhecemos nosso Senhor,
mais obedecemos à verdade manifestada por meio de Sua Igreja, menos
tememos. As escrituras dizem: O perfeito amor lança fora o medo.4 Quanto
mais Sua verdade é nossa, mais O amamos.

Quando nos afastamos da fé, Deus nos livre, não é como nos
afastarmos do amor de um livro, ou de uma canção, ou de uma bugiganga.
É cair de uma amizade. É cair de amor. Eu realmente não consigo imaginar
nada mais frio e mais escravizado, mais paralisante para a razão humana.

145
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

filho, mais destrutivo da liberdade do que milhões de pessoas estão se prostrando, a


saber, a terrível autoridade anônima de “eles”.

“Eles dizem que estão vestindo verde este ano.”


“Dizem que os católicos adoram Maria.”
“Eles dizem que Freud é a coisa certa.”
Quem são eles?" Incontáveis escravos e marionetes estão se curvando diariamente
diante do mito tirânico invisível de “eles”. Não é à toa que surgiram ditaduras para
personalizar essa terrível escravidão. Esses milhões não aceitarão a autoridade de
Cristo que ressuscitou dos mortos, que continua a viver na Igreja. Nós sabemos a quem
obedecemos! Eles não sabem a quem estão obedecendo. Eles não podem apontar para
a pessoa ou para o objeto por trás do terrível “eles” anônimo. Mas graças a Deus
sabemos. Nós obedecemos ao nosso Senhor e à Igreja.

Recebi milhares de cartas de pessoas que se afastaram da Igreja ou que estão


fora dela porque contraíram um segundo ou terceiro casamento inválido. Todos
expressam uma grande infelicidade por dentro, um tédio, um desgosto e uma ansiedade.
Não porque infringiram uma lei, mas porque romperam um vínculo de amizade com o
Sagrado Coração. A solidão deles diz que quando não há pessoa para amar, não há
certeza; só há sujeição. Quando há um amor de Cristo então o amor começa a acreditar
em tudo. Ninguém jamais poderá superar o amor que Cristo demonstrou ao nos redimir
e fundar o Seu Corpo Místico, a Igreja. Não pode haver maior certeza no mundo. O seu
amor pode salvar-nos do autoritarismo, com o seu medo, e tornar-nos criaturas
verdadeiramente amorosas, unidas nas gavinhas do afeto Àquele que nos amou até à
morte.

Às vezes se diz que a Igreja destrói a liberdade de pensamento e quase aniquila a


razão. Na verdade, o contrário é verdadeiro. O autoritarismo destrói a verdadeira
liberdade de pensamento. Você deve sempre fazer uma distinção entre liberdade de
pensamento e liberdade de pensamento.
O diabo praticamente convenceu o mundo de que, se você aceitar a verdade de Deus,
não será livre; na verdade, se você aceitar qualquer verdade, estará destruindo sua
razão. Ele convenceu muitas almas no mundo de que qualquer limitação imposta à
razão é a destruição da
razão.

No Jardim ele sugeriu aos nossos primeiros pais que se eles não conhecessem o
mal, Deus de alguma forma estava destruindo sua liberdade. Então

146
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Parte II: Comunismo e a Igreja

ele perguntou: Por que Deus ordenou a você? Para Ele, você realmente não é
livre até que conheça o mal.5 Em tantas palavras, o diabo estava dizendo a
nossos primeiros pais que o propósito de Deus é impedir a livre investigação;
Ele quer manter a raça humana na ignorância.
"Não seja enganado. Deus é um velho idiota.”
“Ele é um reacionário!”
“Ele não quer que você conheça o mal.”
“Seja liberal!”
Essas são as palavras de Satanás. Deus é apresentado como o inimigo da
verdade da mesma forma que um pai, que se recusa a deixar um filho de cinco
anos ter uma espingarda, é considerado pelo filho como negando a liberdade.
Para o diabo, manter a lealdade à esposa, ao país ou à verdade é sinal de
escravidão e falta de liberdade.
É verdade que quanto mais você concorda com a verdade divina, menos
livre você se torna? Antes de ir para a escola, eu era livre para acreditar que
Shakespeare nasceu em 1224. Finalmente me disseram que Shakespeare não
nasceu em 1224, mas sim em 1564. Recebi uma data exata. Descobri que a
educação estava realmente restringindo minha liberdade de cair no erro. Antes
de ir para a escola, eu também achava que H2O era realmente as iniciais de
um espião. Então caí nas mãos de um professor reacionário. Ele parou todo o
meu liberalismo. Você sabe o que ele me disse que H2O significava? Ele disse
que era o símbolo da água! Quanto mais eu estudava, menos livre me tornava
para conhecer o erro.
Liberdade é uma palavra muito abusada. Queremos nos livrar de alguma
coisa apenas por causa de alguma coisa. Quero me libertar do comunismo
para aperfeiçoar minha alma. Quero ficar livre da fome para desenvolver o
corpo que Deus me deu. Quero ser livre do medo para ser livre para o amor.
Você percebe que a liberdade de algo é sempre uma liberdade para algo. De
que adianta estar livre de qualquer coisa, a menos que conheçamos o propósito
da liberdade? Liberdade não é libertação da verdade; é a aceitação de uma
verdade. Quando você está realmente mais livre? Quando você sabe a verdade
sobre qualquer coisa. Você é livre para desenhar um triângulo desde que lhe
dê três lados.
Você é livre para desenhar uma girafa se a desenhar com um pescoço longo.
Você é livre para dirigir seu automóvel no trânsito, desde que obedeça às leis
de trânsito. Você é livre na lei; você é livre na verdade.
Você é livre para pilotar um avião se respeitar a lei da gravidade e as verdades
da aviação. Isso é o que nosso abençoado Senhor quis dizer quando

147
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Ele disse: A verdade vos libertará.6 A verdade da Igreja é uma verdade


que nos veio de Cristo. Quando começamos a nos afastar dela, nos
perdemos. Há um mapa para a verdade de Cristo na Igreja. Podemos
sair da estrada por pecado ou erro, mas enquanto tivermos o mapa,
podemos voltar à estrada. Algumas pessoas saem da estrada e rasgam
o mapa. Essa é uma tragédia maior.
A Igreja sempre nos ensina os dois lados de uma questão. Ensinei
filosofia em uma universidade por vinte e cinco anos e observei que todos
os que lecionam na universidade sempre conhecem os dois lados de
uma questão. Todos na universidade católica onde lecionei conheciam
as opiniões do mundo moderno sobre qualquer assunto. Na filosofia,
conhecemos Marx, Sartre, Heidegger, Jaspers, Freud e outros. Mas você
acha que os professores das universidades seculares sabiam alguma
coisa sobre o pensamento cristão? Eles conhecem apenas um lado da
questão, não os dois. Veja a encíclica papal sobre o comunismo.
Um comunista me disse uma vez que a melhor explicação do
comunismo que ele já leu foi na encíclica do Santo Padre sobre o
comunismo; ele deu os dois lados da questão. Veja a grande obra de
filosofia e teologia chamada Summa Theologica de São Tomás.
Cada pergunta que sua grande mente ensina começa com uma dúvida e
uma dificuldade; então ele responde. Conhecemos os dois lados da
questão. Quem está fora da Igreja conhece apenas um lado e muitas
vezes é o lado errado. Nossa liberdade não é uma independência da
verdade, mas sim uma dependência do amor. Essa é a alegria de ser católico.
Talvez eu possa deixar claro com esta analogia. Em uma ilha no mar
havia crianças. Ao redor da ilha havia grandes muralhas. Dentro daquelas
paredes da ilha as crianças cantavam, dançavam e brincavam. Um dia
alguns homens vieram para a ilha, eram reformadores. Eles disseram às
crianças: “Quem ergueu essas paredes? Alguém está restringindo sua
liberdade. Derrube-os!” As crianças os derrubaram. Se você voltar,
encontrará todas as crianças amontoadas no centro da ilha, com medo
de brincar, com medo de dançar, com medo de cair no mar. Essa é a
Igreja. A parede é a verdade e como disse Cristo na Igreja: Se o Filho do
homem vos libertar, de fato sois livres.7

1 Mt 20:25-27 2 3 Ibidem, 21:15 5 Gn 3:5 7 Ibidem, 8:36

Jo 14:6 4 1 Jo 4:18
6 João 8:32

148
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PARTE III
- Pecado -

“Meu trabalho, por favor, Senhor, não está terminado.


Ainda há muito a ser feito, enquanto há luz.
Para fechar o fosso entre as
gerações, A cada dia direi:
'Eu irei ao altar de Deus, ao Deus
que renova minha juventude'

— Fulton J. Sheen
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Capítulo Vinte e Um

Pecado Original e Anjos

Nossa. coisas
razão évisíveis
capaz deno conhecer a Deus. Ao
mundo, passamos olhar parao fora
a conhecer Deussobre o
invisível,
Seu poder e Sua sabedoria. Algo de Seu poder é mostrado nas
montanhas e vemos Sua beleza no pôr do sol, Sua pureza em um floco
de neve. Embora a razão seja capaz de saber algo sobre Deus e Sua
natureza, ela não pode saber tudo.
Nós olhamos para uma pintura. Podemos adivinhar talvez a época
ou o século em que foi pintado, o estilo do artista. Podemos adivinhar
alguma coisa de sua técnica e poder com o pincel e as tintas, mas
podemos olhar mais intimamente de agora até o rastro da desgraça e
nunca saber os pensamentos do artista. Nós olhamos para a criação e
podemos raciocinar para alguma compreensão de Deus, mas não
podemos conhecer Seus pensamentos. Deus teria que revelá-los para nós.
Como saberíamos que Ele se revelou a nós? Há centenas de pessoas
na história que subiram ao palco e disseram: “Eu sou de Deus, ouça
minha mensagem. Deus me enviou”. Temos que usar nossa razão para
estabelecer certos padrões pelos quais julgamos entre os reclamantes.
Previamente ao julgamento de qualquer reclamante estabelecemos três
provas. Primeiro, quem vem de Deus deve ser pre-

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

anunciado. Em segundo lugar, Deus deveria dar a ele certos poderes para
fazer coisas que só Deus poderia fazer. Em terceiro lugar, a doutrina deste
requerente nunca deve ser contrária à razão. O reclamante pode dizer algo
que está acima da razão, mas nunca pode dizer nada contrário a isso. Sua
doutrina deve estar de acordo com a reta razão e as aspirações do coração
humano.
Esses foram os testes, agora vamos aplicá-los. Podemos alinhar cada
reclamante na história do mundo do primeiro ao último e entre eles colocar a
pessoa de Cristo. Perguntamos: “Algum de vocês foi pré-anunciado?” Apenas
um pode responder à pergunta e ele é o Cristo. Mostramos que Cristo realizou
milagres e particularmente ressuscitou dos mortos como prova de Sua
divindade. Nada do que Ele ensinou foi contrário à razão humana, mas satisfez
profundamente os anseios do coração. Então começamos a estudar Cristo,
Seu testemunho sobre Si mesmo, como o Filho de Deus e o Filho do homem.
Então mostramos como Ele era Deus e homem. Ele tinha uma natureza divina
e uma natureza humana e ambas estavam unidas na unidade da Pessoa divina.
Sendo homem, Ele era semelhante a nós em todas as coisas, exceto nossa
culpa e nosso pecado.
Sendo Deus, a reparação e o pagamento da dívida infinita que contraímos
poderia ser pago porque Ele era infinito.
Em seguida, passamos a mostrar que nosso Senhor não era apenas um
Mestre, mas um Salvador do pecado. Existem dois tipos gerais de pecado.
Existe um pecado pessoal que cometemos por um ato de nossa própria
vontade pelo qual somos responsáveis, como roubar, mentir e dar falso
testemunho contra o próximo. Depois, há outro tipo de pecado que não é nada
pessoal. Nossa vontade nunca está explicitamente envolvida. Este pecado está
ligado à nossa natureza porque somos humanos. Esse pecado é chamado de pecado origina
Existe uma lei que corre por todo o universo; como dizem as Sagradas
Escrituras: Ninguém será coroado a menos que tenha lutado.1 Recebemos
certos dons e bênçãos se passarmos em certos testes. Aconteceu durante
nossos dias de escola e acontece no namoro. Um homem deve merecer a
mulher que ama. Somos livres e a liberdade é a base de todo amor. O uso
correto de nossa liberdade adquire certos privilégios que de outra forma não
seriam nossos. Um pai pretende enviar seu filho para a faculdade. Há uma
condição envolvida; ou seja, o menino tem que estudar.
Suponha que ele não estude; ele passa o tempo brincando; assim, por um
abuso de liberdade, ele perde o privilégio de uma educação superior. Não
houve mudança na mente do pai. Nunca se poderia dizer ao

152
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Parte III: Pecado Original e Anjos

pai: “Você é cruel porque não manda seu filho para a faculdade”.
O pai está muito disposto a mandar o filho para a faculdade, mas o menino
não consegue entrar na faculdade; ele não passa no teste. Deus quer coroar
certos dons que temos. Ele quer coroar o uso correto de nossa liberdade.
Ele quer nos dar algo como nosso que não é realmente nosso, e tudo o que
temos que fazer para possuir um grande dom e privilégio de Deus é passar
por um teste. É uma prova fácil, uma prova de amar Aquele que é a nossa
perfeição. O teste é o reconhecimento de nossa dependência de Deus, que
é a condição de nossa relativa independência.
Esta lei que permeia o universo foi aplicada pela primeira vez aos anjos.
Os anjos são mencionados com muita clareza nas Sagradas Escrituras e os
pagãos acreditavam em anjos. A razão sugeriu a eles que, assim como
existe matéria no universo, o universo material é coroado pelo homem. Ele é
uma mistura de matéria e espírito. Deveria haver acima do homem certos
espíritos e estes eram chamados de anjos. Ninguém diria que não deve
haver intermediário entre uma ostra e um homem. Entre o desenvolvimento
da ostra na natureza e o desenvolvimento do homem, deve haver alguns
outros tipos de vida. É igualmente razoável supor que entre o Deus infinito,
que é espírito puro, e nós, deva haver espíritos intermediários que não são
infinitos, mas certamente são muito mais perfeitos do que nós.

Deus criou uma miríade de anjos que são apenas mentes puras e
espíritos incorpóreos. Eles não têm corpos e asas, apesar de todas as
imagens que você já viu de anjos. Eles têm intelectos brilhantes, muito
maiores do que qualquer intelecto humano. Todo anjo foi criado. Eles são
dependentes de Deus e dotados de liberdade. Por serem livres, também têm
a possibilidade de negar a dependência de Deus.
Talvez este seja o tipo de teste que Deus lhes deu. Ele pediu que eles O
amassem. O amor consistiria em reconhecer a dependência e assim se
aperfeiçoar. Eventualmente, Ele os confirmaria na glória. Talvez este teste
possa ser explicado a você pelo teste da aranha. Um dia, uma aranha desceu
do telhado de um celeiro em uma teia tenra, leve e esbelta. A aranha estava
ansiosa para aproveitar todas as moscas, mosquitos e vermes do curral.
Quando a aranha desceu ao curral, ela estendeu uma grande teia. Nessa
teia veio um grande banquete de moscas e tudo o que pode ser servido no
banquete de uma aranha. Quando a aranha estava cheia desses presentes
e bênçãos, ela olhou para o telhado do celeiro.

153
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

e viu o fio fino descendo e disse: "Eu me pergunto o que isso está fazendo
lá em cima?" Ele cortou, perdeu sua teia e banquete. Ele perdeu tudo.

A dependência às vezes é uma grande independência, como está na


Constituição dos Estados Unidos. Por que somos independentes? A
Declaração de Independência declara que Deus nos dotou com certos dons
inalienáveis. Nenhum estado, nenhum governo, nenhum ditador jamais nos
deu nossos direitos básicos. Eles vieram de Deus. Se o estado nos desse
esses direitos, o estado poderia tirá-los. É reconhecendo nossa dependência
de Deus que somos independentes.
Os dons recebidos pelos anjos deveriam ser confirmados e tornados
permanentes apenas com a condição de que passassem no teste do amor.
O pecado deles foi um abuso da liberdade. Foi um pecado de orgulho. Eles
queriam ser livres e comparados a Deus. Eles não podiam pecar por sexo
porque não tinham corpos. Eles não podiam pecar por avareza porque não
tinham bolsos, nem mesmo nas asas. Eles pecaram apenas por uma
exaltação indevida de seu intelecto, em outras palavras: “Eu vou ser
independente de Deus, eu mesmo vou ser um deus”. A verdade é que eles
queriam ser como os incriados, embora fossem os criados.
O líder de todos eles, Lúcifer, lutou com seu grito de guerra, Non servian;
"Eu não vou servir." Eles eram culpados porque não amavam, então
perderam todas as bênçãos que receberam e um terço deles caiu e se tornou
o que é conhecido como anjos caídos, os demônios. O profeta Isaías falou
dos anjos da seguinte forma: O que caiu do céu tu Lúcifer que uma vez
anunciou o amanhecer. Eu escalarei os céus, tal era o teu pensamento,
colocarei meu trono mais alto do que as estrelas de Deus, o rival, o mais
alto.2 Na linguagem de Isaías, os anjos pecaram e seus pecados não podem
ser perdoados. Nossos pecados podem.
Por que o pecado de um anjo não pode ser perdoado? Quando um anjo
decide qualquer coisa, ele vê todas as consequências de seus atos com
perfeita clareza. O princípio da contradição é que uma coisa não pode ser e
ser uma ao mesmo tempo e sob as mesmas circunstâncias formais.
Você nunca pode voltar atrás no princípio da contradição. Um anjo vê as
consequências de todas as suas resoluções e escolhas, assim como você
vê esse princípio. Você nunca pode retirar o princípio da contradição; faz
parte da sua vida mental. Quando um anjo escolheu rebelar-se contra Deus,
fazer-se Deus, negar o amor, tornou o perdão impossível para sempre. Com
você e comigo é um pouco diferente. Nós nem sempre

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Parte III: Pecado Original e Anjos

ver os efeitos de nossas decisões. Nossa mente está obscurecida, nosso


intelecto está enfraquecido e nossa vontade é pobre em suas resoluções, Deus
permite o perdão. Nosso Senhor disse a Pedro em resposta à sua pergunta:
Quantas vezes devo perdoar?3 Nosso Senhor disse: Setenta vezes sete.4 Isso
não significava quatrocentos e noventa, significava que nenhum limite deveria
ser colocado sobre o perdão. Na queda dos anjos podemos ver o pecado em sua nudez.
Existe pecado puro. É uma tentativa de desfazer o ato criativo, uma afirmação
da autoexistência. Há mal no universo por um abuso de liberdade.

O mundo estava desconjuntado antes da chegada do homem.


Em algum lugar no universo de Deus há uma fissura; algo deu
errado porque alguém não usou a liberdade corretamente. Alguém
usou a liberdade como o direito de fazer o que quisesse, em vez do
direito de fazer o que deveria. Olhe para trás sobre a evolução do
universo. Veja todos os animais pré-históricos que surgiram e faleceram.
Em todo o desenrolar do cosmos existem becos sem saída. Você
não perguntaria: “Por que o pecado dos anjos deveria afetar o
universo?” Uma razão pode ser que a criação inferior foi colocada
sob a supervisão de alguns anjos. Quando se rebelaram contra
Deus os efeitos foram registrados no universo material. A natureza se deslocou.
Olhe para uma máquina complicada e perturbe uma das rodas grandes,
quebre uma engrenagem e você perturbará todas as rodas pequenas.
Jogue uma pedra em um lago, isso afetará até a margem mais distante.
A queda dos anjos pode explicar o caos que estava na terra, conforme descrito
no livro de Gênesis. Há todas as indicações de que algo deu errado antes que
o homem fosse criado. Possivelmente essa má influência afetará o homem.

Existe o mal em algum lugar no universo de Deus. Talvez esses espíritos


tenham perdido as grandes bênçãos que Deus lhes deu, pois não foram fiéis
ao teste do amor. Talvez esses espíritos malignos tenham inveja de Deus nos
dar bênçãos. Eles podem tentar nos destruir e tirar nossos privilégios. Deus
certamente nos porá à prova no Jardim do Paraíso.

1 2 Tm 2:5
2 Is 14:13
3 Mt 18:21
4 Ibidem, 18:22

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Capítulo Vinte e Dois

Pecado Original e Humanidade

privilégios nos são dados se cumprirmos o amor e o


Certo
direito . uso da liberdade. Quem dá liberdade a outro corre
um risco, como um pai que dá liberdade a um filho ou filha.
Quando Deus libertou os anjos, Ele assumiu um risco. Alguns
deles usaram sua liberdade para se declarar como Deus. Eles
decretaram sua independência e perderam o direito de se
perpetuar na glória e na felicidade. Há mal no mundo que atingirá o homem.
Deus assume outro risco: Ele faz o homem. Ele o torna livre e em
um universo moral. Só podemos ser virtuosos em um universo no
qual é possível ser vicioso. Nós nos tornamos livres. Pelo uso correto
da liberdade, aperfeiçoamos nossa personalidade. Se abusarmos de
nossa liberdade, nos tornaremos menos livres. Aquele que é viciado
em vícios torna-se escravo dos vícios. Quem se torna comunista fica
mais sujeito à ditadura. Pelo uso correto da liberdade, finalmente
chegamos à gloriosa liberdade de sermos filhos de Deus.
O propósito da educação é treinar no uso correto da
liberdade. Os pais incentivam os filhos a escolher o bem em vez do mal.
Isso é o que Deus fez no princípio. Deus deu ao homem certas
bênçãos e privilégios que seriam dele com a condição de que ele

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

usou sua liberdade de uma forma que aperfeiçoaria sua personalidade. Você
nunca está feliz fazendo coisas que não quer fazer. A liberdade implica uma
escolha.
Nossos primeiros pais foram colocados no Jardim do Paraíso, um Éden
de prazer e alegria. Adão comeu uma fruta, a representação simbólica do
mal.1 Deus deu certos dons a nossos primeiros pais. O homem teve que
decidir se queria esses presentes para si mesmo, para toda a posteridade.
Um foi chamado de sobrenatural. Na verdade, foi uma comunhão muito
íntima com Deus, uma felicidade interior indescritível. Havia outros dons que
tecnicamente são chamados de preternaturais, fora da ordem da natureza.
Um dos dons afetou a mente que deveria estar livre de erros de raciocínio.
Outro presente era que o corpo nunca se rebelaria contra a alma. Nunca
haveria tentações carnais. A concupiscência, os vícios e o sexo nunca
obscureceriam completamente nossa razão. Outro dom era a imortalidade
do corpo; o corpo nunca morreria. A alma era naturalmente imortal.

Deus disse que nossos primeiros pais possuiriam esses dons se


passassem no teste do amor. Como você prova que ama alguém? A única
maneira de realmente provarmos o amor é por escolha. Todo ato de amor
não é apenas uma afirmação; todo ato de amor é também uma negação. No
namoro, uma jovem pode dizer a um rapaz, que está pedindo sua mão e seu
coração: “Como sei que você me ama?” Pode haver milhares de mulheres
jovens elegíveis na cidade. O jovem, se fosse bastante hábil em filosofia,
poderia dizer: “Ao escolher você, eu nego todos os outros”.

No Jardim havia uma escolha expressa em termos de árvores: a Árvore


da vida e a Árvore do conhecimento do bem e do mal. Havia outras árvores
no Jardim que davam muito prazer, mas essas eram as importantes porque
envolviam alternativas. Deus queria que o homem comesse da Árvore da
vida, para se manter em constante união com Sua vida divina. A outra árvore
da qual Deus não queria que o homem comesse era a Árvore do
conhecimento do bem e do mal. A escolha foi entre uma fruta e um jardim,
uma parte e um todo, algo realmente envolvido em toda tentação mundana.

Não havia nada irracional sobre este julgamento. A vida é repleta de


exemplos abundantes de recebimento de recompensas na condição de amor.
Imagine um homem rico indo embora no verão e dizendo ao motorista e à
esposa do motorista que eles podem morar em sua casa. Eles podem

158
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Parte III: O Pecado Original e a Humanidade

coma sua comida, beba seu vinho, use seus carros, ande a cavalo, mas apenas com
uma condição: eles não devem comer a fruta artificial na mesa da sala de jantar. Ele já
sabe que a fruta artificial faz mal à digestão.
Eles deveriam confiar nele à luz de tudo o que ele estava fazendo por eles. Se a esposa
convencesse o marido a comer a maçã artificial, ela não seria uma dama. Se ele
comesse a fruta artificial, não seria um cavalheiro.
Fazendo a única coisa proibida, eles perderiam todas as coisas boas fornecidas e, além
disso, teriam indigestão! Eles também perderiam a oportunidade de transmitir as
bênçãos desse homem rico a seus filhos. Fazer pouco caso do fruto na história da queda
é perder de vista que foi um teste de amor. Comer a fruta era sinal de desprezo; era o
símbolo da rebelião. Deus estava impondo um único limite à soberania do homem,
lembrando-o de que, se ele fizesse a única coisa proibida, colocaria em perigo todas as
coisas boas fornecidas.

Como Pandora, o homem abriu a caixa proibida e perdeu todas as


tesouros.

Quem tentou nossos primeiros pais? Era o anjo caído; era Satanás. Quando ele
tentou nossos primeiros pais, começou com um “por quê”.
Ele disse: Por que Deus ordenou que você não comesse de todas as árvores do paraíso?
2 Na verdade, existem três etapas nessa tentação diabólica e, para um estudo psicológico
sólido da natureza da tentação, não há nada que supere a história do livro de
Gênesis. Primeiro, ele despertou uma dúvida.

“Por que Deus ordenou a você?”


“As restrições de Deus são injustas.”
"Seja livre!"
“Você não consegue ver que este mandamento é uma restrição à liberdade de seus
direitos constitucionais de incendiar sua consciência?”
Ele começou a perturbar a mente. Olhe para trás em qualquer tentação que você
já teve. Não começou com um porquê? Uma voz interior parece estar falando conosco.

“Por que você não usa seus instintos sexuais? Deus não os deu a você?”

“Por que não ganhar todo o dinheiro que puder? Não é por isso que você está aqui
neste mundo?”

“Por que a Igreja diz que você não deve se casar de novo enquanto o
primeiro cônjuge está vivo?”

159
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

"Por que?"
"Seja livre!"
“Livre-se das algemas!”
Isso é o que está acontecendo todos os dias no mundo, e foi o que aconteceu no
começo.
O segundo passo de Satanás foi remover todo o medo das consequências do
pecado. Ele ridicularizou a punição e disse: Você não morrerá.3 Deus advertiu que se
eles comessem do fruto da Árvore do conhecimento do bem e do mal, eles morreriam.
Satanás sempre contradiz Deus. Ele minimiza o pecado.
“Você acredita que o que Deus uniu, nenhum homem separe?”

"Vá em frente e faça isso. Ninguém vai saber!"


“Tome esse décimo coquetel, você nunca será um alcoólatra; vai apenas
fazer você se sentir bem.”
“Continue cometendo excessos da carne; você nunca será um escravo!”

“Você acredita no inferno? Não seja bobo! O inferno é uma punição pelo pecado.”
É assim que o diabo fala. No livro do Apocalipse ele nos diz: “Ah, não é nada”, no
começo, e depois, depois, ele diz: “É tudo!”

Um terceiro estágio da tentação de Satanás é uma falsa promessa. Ele disse a


nossos primeiros pais: Vocês serão comparados a Deus conhecendo o bem e o mal.4
Isso é realmente o que Satanás estava dizendo.
“Deus sabe a diferença entre o bem e o mal.”
“A razão pela qual Ele não quer que você coma da Árvore do conhecimento do bem
e do mal é porque você saberá a diferença.”

“Uma vez que você saiba a diferença entre o bem e o mal, você será como Deus.”

“Veja, essa é a razão pela qual Ele o proibiu.”


“Ele não quer que você seja como Ele.”
“Ele está com ciúmes!”

A falácia era que Deus não conhece o bem e o mal como nós. Deus conhece o
bem e o mal de uma forma muito abstrata. Quando você e eu conhecemos o mal, não o
conhecemos de forma abstrata. Entra em nosso sangue, torna-se parte de nós. O ato se
torna um hábito.
Satanás nos insulta.
“Você não viveu!”

160
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Parte III: O Pecado Original e a Humanidade

“Inocente, não é?”


"Você nunca esteve bêbado?"
“Você tem que saber a diferença entre o bem e o mal!”
Nossos primeiros pais caíram nessa sugestão. O resultado foi que seus
olhos foram abertos; eles se esconderam de Deus. No pecado, a pessoa
sempre se esconde de Deus. Eles se viram nus. Por que eles percebem que
estão nus agora e não nus antes? 5 Porque a glória interior da graça que eles
tinham em suas almas inundou seu corpo com uma espécie de luz. Eles
estavam cheios de brilho, talvez algo como nosso abençoado Senhor no
Monte da Transfiguração. Eles perderam sua semelhança interior com Deus e
perceberam que estavam nus. A terra se rebelou, os cardos cresceram e as
feras se tornaram selvagens. O homem tinha que ganhar seu pão com o suor
de seu rosto. A natureza tornou-se difícil de controlar. Foi dito à mulher que
ela daria à luz seus filhos na tristeza.
Observe que a punição do homem estava relacionada à natureza e a punição
de Eva estava relacionada à vida. Todos os presentes foram perdidos.
Há algo antinatural nessa história da queda do homem? Quantas vezes
temos insistido em nossa própria liberdade de uma forma que nos machuca.
Interpretamos a liberdade como o direito de se rebelar. Cópias, fingimos ser
originais; raios, queríamos ser o sol; páginas impressas, insistíamos que
éramos os autores! Todas essas coisas que fizemos porque herdamos esse
abuso da liberdade dos primeiros pais. Nossos pais nos disseram para não
brincar com fósforos; desobedecemos; nós nos queimávamos e quando
mamãe chamava, nós nos escondíamos. Não tínhamos medo da mãe antes
de queimarmos os dedos. Adão e Eva não tinham medo de Deus antes de
desobedecer. Depois do pecado, Deus parecia ser um Deus irado. Ele não
estava com raiva. A raiva está em nossos próprios eus desordenados.
Sabemos muito bem que não somos como Deus nos criou com nosso
intelecto obscurecido e nossa vontade fraca. O que quer que tenha acontecido
conosco tem todas as características de um abuso de liberdade. Nós nos
rebelamos em Adão, que era o cabeça da raça humana, e os efeitos de seu
pecado foram passados para todos nós, exceto Maria. Isso é o que queremos
dizer ao dizer que Maria foi concebida imaculadamente. Ela foi preservada
livre dos vestígios do pecado original em virtude dos méritos antecipados da
morte de nosso Senhor na cruz.
Um pouco depois da queda, Deus prometeu que renovaria o homem. Ele
disse que a semente de uma mulher venceria a semente de Satanás.6 A
semente da mulher seria Cristo. No plano divino, o próprio

161
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

elementos usados para nossa destruição são usados para nossa


redenção. Na queda houve um homem desobediente, Adão; uma mulher
orgulhosa, Eva; e uma árvore. Deus pegaria os próprios elementos da
derrota e os usaria como os elementos da vitória. Para o Adão
desobediente, existe o novo Adão obediente, Cristo; para a orgulhosa
mulher, Eva, existe a humilde nova Eva, Maria; e para a árvore, há a
cruz. Eles serão a nossa esperança.

1 Gn 3:6 3 Ibid., 3:4 4 5 Ibidem, 3:7


2 Ibid., 3:5 6 Ibidem, 3:15
Ibid., 3:1

162
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Capítulo Vinte e Três

Efeitos do Pecado Original

Há um. pano
com ade fundocomo
forma sobre o pecado
isso original
nos afeta. Todoemundo
estamos preocupados
está interessado em psicologia.
Tentamos entender a nós mesmos. Sondamos e analisamos nossas ansiedades e
nossos conflitos. Alguns de nós se perguntam por que estamos exaustos e outros por
que estamos exaustos.
Existem muitas explicações para esses conflitos dentro de nós, mas somente o
pecado original nos dá a compreensão básica da natureza humana.
Ninguém pode entender a psicologia a menos que compreenda a natureza humana e
o pecado original. De alguma forma, o abuso à nossa mente foi devido à liberdade
humana. Sentimo-nos como um rádio sintonizado em duas estações. Não obtemos
nada além de estática. Estamos sintonizados com o céu; estamos sintonizados com o
inferno. Ovídio, o poeta latino, descreveu-o muito bem; ele disse: “Eu vejo e aprovo as
melhores coisas da vida; as piores coisas da vida eu sigo.”1 São Paulo também
descreveu nossa psicologia interior quando escreveu: O bem que quero fazer, esse
não faço. E o mal que não quero, esse faço.2 Parecemos duplos, puxados em duas
direções diferentes, como se fôssemos uma parelha de cavalos e um cavalo estivesse
indo para a direita e o outro para a esquerda. Nossa alma é como um campo de
batalha no qual

163
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

uma guerra civil está sendo travada. Sentimo-nos divididos quase em muitos mundos.
Alguns de nós podem até se sentir como o jovem de quem nosso Senhor expulsou o
diabo. Nosso Senhor disse ao diabo: Qual é o seu nome?3 O diabo respondeu: “Meu
nome é legião, porque somos muitos”. Observe o conflito entre “meu” e “nós”. Ele era
um; ele era múltiplo.
Mesmo o melhor de nós se sente como se fosse um alpinista; podemos ver o cume e
o pico para o qual estamos lutando acima de nós, e então olhamos para trás e vemos
o abismo no qual podemos cair. Acima está o que devemos ser e abaixo está o que
podemos nos tornar. Como disse um poeta:

Dentro do meu templo terreno há uma multidão, Há


um de nós que é humilde, outro que é orgulhoso.
Há um que está com o coração partido por seus pecados,
E aquele que não se arrepende senta e sorri.
Há quem ame o próximo como a si mesmo, E quem não
se importa com nada além de fama e riqueza.
De muitas lágrimas corroídas eu deveria estar livre, Se
uma vez eu pudesse determinar qual sou eu.

Existem explicações dadas para esse conflito dentro de nós. Elas são verdadeiras
até certo ponto, mas são apenas parciais. Um é psicológico; um é biológico; e o outro
é econômico.
A explicação parcial é a psicológica, que tenta descobrir o que nos aconteceu
pessoalmente no passado. Alguns dirão que a razão pela qual temos essa psicose
em particular é porque ficamos com medo quando fomos trancados em um armário
por mau comportamento, ou então nossos pais nos repreenderam quando tentamos
manifestar nosso interesse em um possível prazer sexual. Portanto, tudo o que há de
errado conosco tem um passado pessoal; portanto, para ser curado de nossa
dificuldade, deve haver uma análise de nossa mente subconsciente. Se pudermos
trazer para fora do subconsciente a fonte desse conflito pessoal, seremos curados.

Essa explicação tem algum mérito, mas é apenas uma explicação parcial de
como somos. É errado presumir que, se quisermos encontrar a fonte da dificuldade
de qualquer pessoa em particular, precisamos examinar o passado dessa pessoa.
Não! Todo mundo tem um conflito! Não é apenas nossa personalidade e nossa
formação psicológica; algo aconteceu à nossa natureza. Não pense que você tem
uma tentação porque há algo errado com você. Não acredito em você

164
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Parte III: Efeitos do Pecado Original

tem o monopólio da tentação! Todos são tentados. Se quisermos encontrar


a explicação final, devemos ir além da pessoa; temos que voltar à natureza
humana. Algo aconteceu conosco e afetou cada ser humano no mundo.

Outra explicação parcial é a biológica. Houve uma queda em algum


ponto do processo evolutivo e todos nós temos os traços de nossa origem
animal. Esta dificilmente é a explicação porque os animais, deixados a si
mesmos, nunca têm ansiedades. Eles podem ter medos naturais, mas não
têm ansiedades subjetivas no sentido mais estrito. Os pássaros não
desenvolvem uma psicose sobre se farão uma viagem de inverno para a
Califórnia ou para a Flórida. Um animal nunca se torna menos do que é, mas
um homem pode, porque é um composto de espírito e matéria. O que há de
errado com o homem deve ser buscado dentro do próprio homem. Visto que
o homem é tanto espírito quanto matéria, ele pode descer ao nível dos
animais, embora nunca tão completamente a ponto de destruir a imagem de
Deus em sua alma. É essa possibilidade que faz a peculiar tragédia do
homem. O homem jamais ficaria frustrado ou com complexo de ansiedade se
fosse um animal feito apenas para este mundo. O desejo de felicidade
perfeita, que ele não alcança, cria uma sede de conflitos. O animal em nós
não é a causa; é algo mais profundo.
Uma terceira explicação parcial falsa é a econômica. Aqui assume-se
que o homem tem conflitos por causa do comunismo, do capitalismo ou da
pobreza. No entanto, o mundo nunca teve tanta riqueza e tanta infelicidade.
Nunca antes teve tanto aprendizado e tão pouco conhecimento da verdade.
Nunca antes teve tanto poder e esteve tão empenhado na destruição da vida
humana. O desenvolvimento econômico não é a causa total do desarranjo
do homem. Nem todos os ricos são virtuosos; todos os pobres não são
pecadores. Se a pobreza fosse a causa de como somos, então os ricos
deveriam ser modelos de virtude. Na verdade, os superprivilegiados e ricos
têm mais conflitos mentais do que os pobres.
Muitas vezes, quanto mais a pessoa está desapegada do nosso mundo, mais
saudável ela é por dentro. O mundo fraudou o tesouro da moralidade criando
uma espécie de pobreza da qual sofremos. De uma forma ou de outra,
perdemos capital espiritual.
Olhando para trás nas explicações, temos que concluir que Deus
certamente não nos criou caídos. Há uma voz dentro de nossa consciência
moral nos dizendo que nossos atos imorais e imorais são anormais.
Deus nos fez de uma maneira, e nós nos fizemos, em virtude de nossa

165
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

liberdade, de outra forma. Ele escreveu o drama, nós mudamos o enredo! Não
somos apenas animais que falharam em evoluir para humanos; somos humanos
que se rebelaram contra o divino. Se somos enigmas para nós mesmos, não
devemos culpar Deus nem a evolução. Devemos colocar a culpa em nós
mesmos. Não somos criminosos depravados, apenas fracos.
Não somos apenas uma massa de corrupção, pois carregamos dentro de nós a
imagem de Deus. Somos muito parecidos com um homem que caiu em um
poço; não deveríamos estar lá; ainda não podemos sair. Nós estamos doentes;
precisamos de cura; precisamos de libertação; precisamos de libertação.
Sabemos que não podemos dar libertação e liberdade a nós mesmos.
Deus estabeleceu uma lei. Haverá um universo moral livre.
Podemos abusar de nossa liberdade, mas não devemos culpar a Deus. Quando
você compra um automóvel, você sempre garante um conjunto de instruções. O
fabricante informa a pressão dos pneus, o tipo de óleo que você coloca no cárter
e o tipo de gasolina que você coloca no tanque. Ele não tem nada contra você
porque ele lhe dá essas instruções. Deus não tem nada contra nós quando Ele
nos dá Mandamentos. O fabricante do automóvel realmente quer ser útil quando
nos dá instruções. Ele quer que você obtenha o máximo de utilidade de seu
carro e Deus está ansioso para que obtenhamos o máximo de felicidade da vida.
Então Ele disse: “Eu vou te dizer o que você deve fazer.” Nós somos livres;
podemos fazer o que quisermos.

Devemos colocar gasolina no tanque do nosso carro, mas podemos colocar


perfume lá. Podemos colocar o cheiro número cinco, e não há dúvida de que
será melhor para nossas narinas encher o tanque com perfume do que com
gasolina, mas o carro simplesmente não funcionará com o cheiro número cinco.
Da mesma forma, fomos feitos para funcionar com o combustível do amor e dos
mandamentos de Deus, e simplesmente não vamos funcionar com mais nada.
Nós apenas atolamos.
Aqui está outro exemplo que explica o pecado original e os conflitos dentro
de nós. Suponha que houvesse uma orquestra diante de nós com um maestro
distinto. Uma sinfonia foi composta. Tudo o que o músico precisava fazer era
seguir as marcas. Cada membro da orquestra era livre para seguir o maestro e
produzir harmonia. Suponha que um dos músicos tocou deliberadamente uma
nota falsa e, em seguida, cutucou o violinista próximo a ele e disse-lhe para
tocar outra nota falsa.
Há discórdia. Tendo ouvido aquela discórdia, o diretor pode fazer uma de duas
coisas. Ele pode bater com o bastão e dizer “repita” ou

166
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Parte III: Efeitos do Pecado Original

ele pode ignorá-lo. Não faz diferença o que ele faz porque essa nota já está
indo para o espaço, viajando a uma velocidade de cerca de mil e cem pés
por segundo, e assim por diante afetando até mesmo a radiação
infinitesimalmente pequena do universo. Assim como a pedra jogada na
lagoa causa uma ondulação, essa discórdia afeta até a estrela mais distante.
Enquanto o tempo durar, em algum lugar do universo de Deus, haverá uma
desarmonia introduzida pelo livre arbítrio do homem.
Essa discórdia pode ser interrompida? Não pelo próprio homem, pois
o homem não pode alcançá-lo. O tempo é irreversível e o homem está
localizado no espaço. Existe alguma maneira de parar a discórdia? Se o
Eterno saísse de Sua eternidade para o tempo, Ele poderia se apossar da
nota falsa. Mas ainda haveria discórdia no universo? Poderia haver harmonia
se Deus escrevesse uma nova sinfonia e fizesse daquela nota falsa a
primeira nota da nova harmonia. Então haveria harmonia novamente.
Há muito tempo, Deus escreveu uma sinfonia e pediu a um homem e
uma mulher que a tocassem. Havia um conjunto completo de instruções
delineando o que evitar. Eles poderiam obedecer ao divino Diretor e produzir
harmonia ou poderiam desobedecê-Lo. O diabo sugeriu, porque o divino
Diretor havia marcado o roteiro e dito a eles o que jogar e o que não jogar,
Ele estava destruindo sua liberdade. Eles acreditaram nele e introduziram
uma nota falsa no universo. Através da raça humana, esta discórdia afetou
cada ser humano no universo com esta desarmonia.

As repercussões foram evidentes no universo material: os cardos


cresceram; as feras tornaram-se selvagens; o homem tinha que ganhar seu
pão com o suor de seu rosto; as mulheres deram à luz seus filhos com
tristeza. Um riacho poluído em sua nascente passa sua poluição ao longo de
sua extensão, de modo que o pensamento original foi transmitido a todos na
humanidade. A discórdia não poderia ser interrompida pelo próprio homem
porque ele não poderia reparar uma ofensa contra o Infinito com seu próprio
eu finito. A dívida só poderia ser paga pelo divino Mestre, que é o Músico
saindo de Sua eternidade para o tempo. Haveria um mundo de diferença
entre interromper uma nota discordante e um homem livre e rebelde.
É aí que a analogia falha. Deus se recusa a ser um ditador totalitário e
se recusa a abolir o mal destruindo a liberdade humana. Deus poderia
apoderar-se da nota, mas não apoderaria de um homem.
Em vez de recrutar o homem, Deus quis consultar a humanidade novamente
para saber se ela queria ou não ser membro do divino.

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

orquestra mais uma vez. E assim, do grande trono branco de Luz, vem um
anjo, e ele vem para uma mulher, cujo nome é Maria. E o anjo pergunta a
Maria: “Em nome de Deus, você dará a Deus um homem; você dará a
Deus esta nova nota da humanidade com a qual Ele pode escrever uma
nova sinfonia? Este novo homem deve ser um homem, caso contrário
Deus não estaria agindo em nome da humanidade; mas Ele também deve
estar fora da corrente de infecção à qual todos os homens estão sujeitos.
Nascido de uma mulher, Ele seria um homem, e sendo nascido de uma
virgem, Ele seria um homem sem pecado.
A virgem foi questionada se ela consentiria em ser mãe. Sua resposta
foi: Faça-se em mim segundo a tua palavra.4 Nove meses depois, o
Eterno estabeleceu sua cabeça-de-praia em Belém. Aquele que era eterno
apareceu no tempo, e Seu nome era Jesus Cristo, Deus e homem. Ele
era Deus; assim, tudo o que Ele fez tem um valor infinito.
Embora esta natureza humana seja Dele, ela não tem pecado. Ele se faz
responsável por todos os pecados do mundo. Como um irmão rico assume
as dívidas de seu irmão falido, nosso Senhor assume todas as discórdias
em harmonia: pecados, culpas e blasfêmias, como se Ele próprio fosse
culpado. Ele toma a natureza humana, mergulha-a no Calvário para que
nossos pecados sejam queimados. Visto que o pecado está no sangue,
Ele derrama Seu sangue na redenção, pois sem derramamento de sangue
não há remissão de pecado. Então, no Domingo de Páscoa, Ele ressuscita
com Sua natureza humana glorificada e sem pecado.
Esta se torna a primeira nota na nova criação, o começo da nova
sinfonia que será tocada repetidas vezes pelo divino Maestro. Como
outras notas são adicionadas? Somos as outras notas se, como Maria,
consentirmos livremente em ser acrescentados a esta primeira nota.
Somos acrescentados pelo sacramento do batismo, pelo qual cada
pessoa morre para o velho Adão e é incorporada ao novo Adão, Cristo.
Essas notas somadas à primeira nota constituem o novo corpo de Cristo,
ou o que se conhece como Seu Corpo Místico, a Igreja. Isso é o que
significa ser um cristão.

1 Metamorfoses VII, 20
2 Rm 7:19
3 Mc 5:9
4 Lc 1:38

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Capítulo Vinte e Quatro

Graça Santificante

Era uma vez


. sob dois girinos
a água. se divertindo
Um girino disse ao outro: “Acho que vou levantar a
cabeça e ver se há alguma coisa neste mundo além de água”. O outro
girino disse: “Não seja estúpido! Existe apenas o que conhecemos,
apenas água. Muitas vezes nos perguntamos: “Existe algum poder
acima da sabedoria do intelecto humano e acima do poder da vontade
humana?”
Há algo mais no mundo além da água ou de nossa fraca natureza
humana, e isso é graça. Grace não é nome de menina.
A graça é essa sabedoria superior que pode vir até nós. Significa grátis.
Por ser gratuito, não podemos merecê-lo em sentido estrito. A graça
aparece repetidamente no Novo Testamento. No grego, seu nome é
charis e aparece cerca de cento e cinquenta vezes. Se existe outra vida
acima da puramente natural, ou humana, então é possível para todo
cristão levar uma vida dupla: uma vida natural ou humana, e uma vida
divina ou espiritual. No livro do Apocalipse, lemos: Vocês se dizem
vivos e, no entanto, estão mortos,1 significando que estão biologicamente
vivos, mas espiritualmente mortos. Estamos constantemente esbarrando
em cadáveres ambulantes na rua. Seus corpos estão vivos, mas suas almas

169
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

está morto. Assim como a vida do corpo é a alma, a vida da alma é a graça, ou
a participação na vida divina.
Antes de entendermos o que é esta vida divina e de onde ela vem,
imaginemos uma casa de três andares. Tem uma adega, um primeiro andar e
um segundo andar. O porão é uma espécie de lugar escuro onde há muito lixo.
O primeiro andar é bastante confortável e o segundo andar é magnífico. Agora,
essas três histórias correspondem aos três tipos de vida que as pessoas podem
levar. O porão corresponde à vida dos sentidos e emoções: comida, bebida,
prazeres carnais e assim por diante. Não estou dizendo que essas coisas são
erradas, apenas uma forma de cultura. O grande professor de Harvard, Sorokin,
chama isso de cultura sensorial. O primeiro andar é o andar da razão, ciência,
arte, humanismo e cultura. Há outra história, o andar da graça, onde existe um
intelecto superior, uma vontade mais forte, novos poderes, novos amores.

Algumas pessoas que moram no porão dizem: “Bem, estou satisfeito aqui”.
Eles são uma espécie de desistentes espirituais que se recusam a subir ao
primeiro andar e desfrutar daquelas atividades culturais que dão tanta alegria
ao homem. Há quem viva no primeiro andar do humanismo, da razão, da
ciência e da arte. Eles também podem se opor a subir para um nível superior.
“Para subir até aquele último andar eu tenho que andar, não é?”
“Tenho que fazer um pouco de esforço e me recuso a fazer isso.”
“Você me diz que há muita alegria, paz e felicidade no terceiro andar. Como
eu sei? Eu nunca estive lá em cima!
“Não vou colocar meu coração em perigo caminhando.”
Essa é a atitude não só de quem vive neste reino dos sentidos, mas
também de quem vive no reino da razão. A tragédia da vida não é tanto o que
as pessoas sofrem; é o que eles sentem falta. Essa é a grande tristeza.

O catecismo define a graça como um dom sobrenatural de Deus concedido


a nós por Jesus Cristo para nos salvar. Tiraremos uma palavra, sobrenatural.
Sobrenatural significa o terceiro andar em relação ao segundo e ao primeiro,
mas precisa de mais explicações.
Suponha que flores em um altar de repente começassem a andar em seus
caules e saíssem de nossa pequena capela e viessem aqui para meu escritório
e parassem diante de mim. Suponha que cada uma de suas pequenas pétalas
se curvasse e me saudasse. O poder do movimento pertence a uma flor?
Certamente não. Este presente excede a natureza, poder,

170
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Parte III: Graça Santificante

e necessidades de uma flor. Em outras palavras, seria um dom sobrenatural.


Suponha que um cachorro venha e me escute por um momento e de repente
diga: “Diga, você perdeu um bom ponto aí. Você deveria ter citado a Pars
Secunda de St. Thomas neste ponto. E acho que se você tivesse trazido esta
citação de Shakespeare, isso o teria ajudado muito. É da natureza do cão falar e
raciocinar? Isso excede a natureza, o poder e as necessidades de um cachorro
e seria um ato sobrenatural para um cachorro.

Vamos ao homem. Cada pessoa é uma criatura de Deus. Suponha que eu


de repente me tornei um filho de Deus, de modo que não apenas a vida de meus
pais, mas a vida de Deus entrasse em mim; então minha razão tinha outra luz do
que apenas a luz da razão, e minha vontade tinha outros poderes do que apenas
minha pobre e fraca vontade humana. Se eu me tornasse uma nova criatura de
modo que o corpo e o sangue de Cristo de alguma forma estivessem em mim,
isso seria, no sentido estrito, um dom sobrenatural. Eu certamente não mereço isso.
Além disso, quando esse dom chega, sempre muda nossa direção porque, por
nossa natureza, somos fracos. Tendemos ao pecado, à dúvida e ao egoísmo. Se
quisermos mudar nossa direção, um novo poder é necessário.
Os seres humanos naturais continuam em certas direções como Paulo teria
continuado sua perseguição; os pecadores continuariam em seus pecados; os
agnósticos continuariam em sua dúvida, a menos que algum poder superior
interviesse, e esse é o poder da graça.
Tomemos um exemplo da mudança de direção. O ex-editor do The
Comunist Daily Worker de Londres e sua esposa estavam ouvindo um programa
de rádio de um comissário da Rússia. De repente, a esposa se levantou e
desligou o rádio.
Ela disse ao marido, agora lembre-se de que ambos eram comunistas:
“Não acredito que ele queira a paz. Acho que ele quer guerra! Ele está falando
de paz, mas ele quer dizer guerra.”
Ele disse: “Não fale assim; você não está falando como um comunista.

Ela disse: “Não me importa como estou falando”.


Ele disse: “Se você continuar a falar dessa maneira, vou denunciá-lo ao
partido!”
Ela disse: “Denunciem-me!”
“Ora”, disse ele, “você está começando a falar como se fosse se tornar um
católico!”
Ela disse: “Eu sou!”

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Ele disse: “Agite! Eu também sou!"


Ali estavam marido e mulher vivendo juntos, compartilhando ideias comunistas, e
de repente ambos mudaram, sem se conhecerem. O que aconteceu? Um poder fora
deles, esse poder da graça.
Não existe isso de simplesmente tornar-se melhor na ordem natural e, de repente,
no sentido estrito, merecer a graça. Natureza e graça são bastante distintas. É realmente
a diferença entre fazer e gerar. Quando você faz qualquer coisa, você faz algo diferente
de você. Quando você faz uma mesa, a mesa não compartilha de sua natureza.

Quando os pais geram um filho, eles geram algo como eles mesmos.
Quando Deus nos criou, Deus era nosso Criador, mas quando Ele nos gera como filhos,
então Ele não é apenas nosso Criador, Ele é nosso Pai. Quando a graça entra em nós,
como disse nosso abençoado Senhor, a seiva passa pela videira para os ramos, e a
mesma seiva da videira passa pelos ramos. Começamos a compartilhar a natureza de
nosso abençoado Senhor, então Ele derrama Sua natureza sobre nós. São João disse:
De Sua plenitude todos nós recebemos.2 Quando respondemos à graça, então nos
tornamos algo como um lápis na mão. Um lápis na mão, desde que seja dirigido pela
mão, fará qualquer coisa que a mão quiser. Somos instrumentos de Deus e obedecemos
à Sua vontade assim como o lápis obedece à vontade da mão. Quando há obediência
total, há santidade. Isso é que é um santo. Um santo é aquele que está tão disponível
para Deus quanto um lápis está para minha mão.

O que a graça faz à nossa natureza humana? A graça faz do corpo um templo de
Deus; essa é uma das razões para a pureza. Um templo é um lugar onde Deus habita.
Lembra quando nosso abençoado Senhor entrou no Templo de Jerusalém? Quando os
fariseus pediram um sinal, nosso abençoado Senhor disse: Destruí este templo e em
três dias o reconstruirei.3 Ele não estava falando do templo terreno. Ele estava falando
do Templo de Seu corpo porque Deus habitava na natureza humana de Cristo. Pela
participação Ele habita em nós. O corpo é sagrado e temos reverência por ele. Os
principais efeitos da graça estão no intelecto e na vontade.

O intelecto é a nossa faculdade pela qual conhecemos; a vontade é a faculdade


pela qual escolhemos. O objeto do intelecto ou da razão é a verdade; o objeto da
vontade é a bondade ou o amor. Quando a graça entra no intelecto, ela vem como uma
espécie de luz. É bastante difícil descrever o que ele faz com a mente humana. Foto luz
do sol brilhando

172
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Parte III: Graça Santificante

através de um vitral. Observe como é difundido e destaca todas as cores. É isso que
a graça faz com o intelecto, dá uma nova visão. A fé se torna para a razão algo como
o telescópio é para o olho: ela não destrói o olho, ela o aperfeiçoa. Quando a fé entra
em nós, temos uma nova certeza muito além da razão. Tudo o que você obtém nestas
instruções são motivos de credibilidade. A certeza tem que vir da fé, que tem que vir
de Deus. Nosso bendito Senhor disse a Pedro: Não foi a carne e o sangue que to
revelou, mas meu Pai que está nos céus.4 A certeza da fé é tão grande que nada
pode destruí-la. A certeza é maior que as razões da fé porque a luz vem de Deus.

Temos muitas certezas mais fortes do que as razões que podemos dar.
Se fôssemos desafiados a provar que éramos filhos legítimos, isso poderia ser
bastante difícil. Não temos os documentos. Mas nada poderia abalar nossa certeza.
Um homem instruído poderia apresentar muitas razões contra a existência de Deus e
a divindade de Cristo a um de nossos filhos, mas nunca poderia destruir a fé dessa
criança. A fé não só dá certeza, mas também nos dá um novo olhar, um novo olhar
sobre o nascimento, o sofrimento, a morte, a alegria, os prazeres, a literatura e a arte.
Aqueles que têm o que São Paulo chama de mente carnal não podem entender as
coisas da fé; é como tentar fazer um cego entender as cores. Muitas vezes, aqueles
que não têm o dom da fé se perguntam por que temos tanta certeza.

“Por que temos essa visão do sofrimento?”


“Por que não estamos deprimidos?”
“Por que não pensamos em suicídio?”
É simplesmente porque vemos as coisas muito melhor. Nós temos uma luz que
eles não têm. Talvez já tenhamos dito que temos os mesmos olhos de noite e de dia,
mas não vemos à noite.
Por que? Porque nos falta a luz do sol. Deixe duas pessoas olharem para o mesmo
problema. Eles veem isso de forma muito diferente. É porque um só tem sua razão e
seus sentidos, e o outro tem fé.
Há também a vontade humana. Quando a graça entra na vontade, ela nos dá um
novo poder, uma nova força que nunca tivemos antes. Dá-nos uma nova capacidade
de resistir às tentações. Muitas vezes neste mundo, assim que alguém se torna
escravo do pecado, falamos dele como tendo uma compulsão. Dizemos: “Oh, ele é
um bebedor compulsivo. Ele é um comedor compulsivo.” Isso é verdade. A palavra
que nosso bendito Senhor usou para explicar

173
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

pulsão era a escravidão. Isso não significa que essas pessoas destruíram
completamente sua liberdade. Sempre sobra um pouco de liberdade no
alcoólatra, no pervertido e em qualquer um que se entrega à escravidão do
pecado. Esses pecados que começaram com nossos atos livres podem ter
enfraquecido, mas não destruído, nossa vontade. É possível que a graça
estabeleça uma cabeça de ponte. A graça tem seu dia D e Deus pode entrar
em qualquer uma dessas pessoas. Quando estamos tentando curar os vícios
das pessoas, nunca podemos expulsar um vício; podemos apenas excluí-lo.
Como você o expulsa? Você o exclui colocando algo novo. A graça de Deus
entra quando começamos a amá-lo; então, esses vícios começam a ser
expulsos. Quando um novo amor chega, somos mudados.
Lembro-me de uma vez lidar com uma mulher alcoólatra e disse a ela: “Você
ama o álcool mais do que qualquer outra coisa no mundo. Como você ama
o álcool mais do que qualquer outra coisa no mundo, não posso curá-lo até
que comece a amar mais alguma outra coisa. Então oramos pedindo graça
e a graça veio e ela foi curada.
Isso é o que a graça faz com a pobre e fraca vontade humana. Então
também dá poder para que influenciemos os outros. Se há alguma influência
nestas minhas palavras, não é por causa de qualquer conhecimento ou poder
que possuo. Se tive alguma influência sobre você é porque o Espírito e a
graça de Deus estão trabalhando em você. Minhas palavras não são nada.
É claro que não comecei essas instruções sem uma oração para que o
Espírito e a graça de Deus me dessem forças, mas se a qualquer momento
você mudar, não diga: “Oh, bispo Sheen, somos muito gratos a você. ” O
bispo Sheen não fez nada. Sou apenas o pobre instrumento do bom Deus.

Se você mudou, há uma diferença agora entre sua natureza e graça.


Antes que a graça chegue, você age à sua maneira; depois de receber a
graça, você age à maneira Dele. Essa é a diferença. Sua consciência se
torna acelerada, e o que antes era muito precioso para você, agora parece
nada, e o que antes parecia escória, agora é precioso. Isso é graça. A graça
é o poder sobrenatural que ilumina sua mente para ver as coisas acima da
razão; é aquele poder sobrenatural que fortalece sua vontade de fazer coisas
que antes você não podia fazer. Ele transforma você de criatura em filho de
Deus e, acima de tudo, permite que você chame Deus de Pai.

. 1 Ap 3:1 2 João 1:16 3 Mc 14:58 4 Mt 16:17

174
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PARTE IV
– Sacramentos –

“Vejo que erramos ao dizer:


'O Verbo se fez carne e habitou entre nós
fiéis, os respeitáveis, a maioria e os bons'. E vejo
que hoje erramos ao mudar a toada: 'O Verbo se fez
carne e habitou entre os rebeldes, as minorias e os
manifestantes'. Estaremos certos
novamente quando acreditarmos que Deus é o Pai
de toda a humanidade, E mostrarmos a Cristo a
todos que eles O verão em sua cor, E eles O mostrarão a
nós, que O veremos em nossa cor.”

— Fulton J. Sheen

175
Foto
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do
St.
Bernard's
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Sheen
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Capítulo Vinte e Cinco

Graça e os Sacramentos

divide o mundo em dois tipos de humanidade: o outrora . nascido,


Graçae o nascido duas vezes. Os nascidos uma vez nascem apenas de seus
pais; os nascidos duas vezes são nascidos de seus pais e de Deus.
Um grupo é o que pode ser chamado de natural. O outro, além de ter natureza,
participa misteriosamente da vida divina de Deus.
Deixe-me contar-lhe dois incidentes sobre a graça. Fui pregar um sermão
em uma igreja parisiense. Fiquei num hotelzinho perto da Opéra Comique e
numa pequena sala lateral estava um inglês tocando piano. Escutei por algum
tempo, respondi com elogios e convidei-o para jantar comigo.

Durante o jantar, ele disse: “Tenho um problema que gostaria de


apresentar a você. Nunca conheci um bom homem ou uma boa mulher.”
Agradeci o elogio. Ele me disse que há um ano viu uma mulher tentando
quebrar um torrão de açúcar em uma xícara de café. Ele foi até ela e quebrou
o caroço. Ela contou a ele como seu marido era cruel e ele disse: “Venha
morar comigo.”
“Estou cansado dela agora; Eu me canso de todos eles depois de cerca de um ano.
Embrulhei as roupas dela hoje de manhã, deixei na portaria e disse para ela ir
embora, mas ela me deixou este bilhete dizendo que se eu sair

177
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

não continuar morando com ela, ela se suicidará jogando-se no Sena. Meu
problema é, posso permitir que ela continue morando comigo para evitar que ela
cometa suicídio?”
Eu disse: “Não, você nunca pode fazer o mal para que o bem possa vir disso,
e o que é mais importante, ela não cometerá suicídio.
Ficou tarde.
Ele disse: “Onde você está indo?”
Eu disse: “Vou para Montmartre”.
Ele disse: "Eu estava apenas começando a pensar que você era bom, agora
você está indo para o inferno de Paris."
Eu disse: “Há algo mais na colina de Montmartre além de cavernas e antros,
há a bela Basílica do Sagrado Coração.
Centenas de homens rezam todas as noites em perpétua adoração a Nosso
Senhor e ao Santíssimo Sacramento. Venha comigo."
Subimos juntos.
Ele perguntou: “Quanto tempo você vai ficar?”
Eu disse: “Pretendo ficar a noite toda, mas vou embora quando você quiser
ir”.
Ele ficou a noite toda. Suponho que havia cerca de oitocentas a mil pessoas
passando a noite ali em oração. Saímos na manhã seguinte, depois de eu ter lido
a missa.
Ele disse: “Esta é a primeira vez na minha vida que entrei em contato com a
bondade”.
Ele me pediu para ficar em Paris por alguns dias e ensiná-lo. Marquei um
encontro com ele naquela noite. Na hora marcada, ele entrou no pátio com outra
mulher, não a mulher envolvida na história.

Ele disse: “Nós três vamos jantar fora”.


Eu disse: “Não, esta noite eu quero ver você.”
Então eu o chamei de lado. Eu disse: “Você recebeu uma grande graça
ontem; você teve o primeiro contato vago com bondade, amor e santidade. Esta
noite você tem que fazer uma escolha: ou você sai com essa mulher, ou você sai
comigo. Qual será?
Ele caminhou para cima e para baixo no pátio por alguns minutos e
então voltou para mim.
Ele disse: “Bem, pai, acho que vou sair com ela.”
Esse é o fim da história. Os impulsos de graça que ele recebeu poderiam tê-
lo tornado um santo, mas era como a história de

178
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Parte IV: Graça e os Sacramentos

nosso Senhor olhando para Jerusalém, eu quero, tu não.1


Tomemos outro incidente. Eu costumava fazer trabalho paroquial na Igreja
de St. Patrick, Soho Square, Londres, Inglaterra. Abri a porta da Igreja em uma
manhã fria da Epifania no mês de janeiro, e uma figura flácida entrou. Era uma
jovem de cerca de 23 anos de idade.

Eu disse: “Como você veio parar aqui?”


Ela disse: “Eu não sabia onde estava, pai. Oh, padre, eu costumava ser
católico, mas não mais.”
Eu disse: “Mas por que você está aqui, você parece estar um pouco
embriagado? Do que você está fugindo?”
Ela disse: “De homens, cada um dos quais pensa que eu o amo”.
Eu perguntei o nome dela e quando ela me disse eu apontei para um outdoor
do outro lado da rua.
Eu disse: “Essa foto é sua naquele outdoor?”
Ela disse: “Sim, sou a protagonista dessa comédia musical”.
A mulher estava com muito frio. Fiz uma xícara de café para ela e pedi
que voltasse antes da matinê.
Ela implorou: “Farei isso com uma condição: que você não me peça para
me confessar”.
Eu disse: “Muito bem, prometo que você não terá que se confessar”.
Ela voltou antes da matinê.
Eu disse: “Temos um lindo Rembrandt e um Van Dyke nesta igreja, você
gostaria de vê-los?”
Enquanto caminhávamos pelo corredor do meio, dei-lhe um leve “empurrão”
para dentro do confessionário. Eu não pedi para ela ir, mas ela se confessou.
A atriz tornou-se freira em um convento de adoração perpétua na Inglaterra.

Aqui estão duas histórias de respostas à graça. Em ambos os


casos, a vontade humana era livre. Em um havia uma correspondência,
no outro, uma rejeição. Recebemos milhões dessas graças chamadas
graças reais. Todos os recebem. Você não precisa ser cristão. Todo
muçulmano, budista e comunista no mundo recebe graça real. Aqui
estamos falando do que se chama graça habitual, uma graça mais
permanente que cria uma semelhança que permanece em nós. Como
esta graça é comunicada a nós? Talvez você tenha visto placas nas
estradas, muitas vezes pintadas em rochas, onde se lê “Jesus Salva”.
Sim, de fato Ele o faz, mas a questão muito prática é: como?

179
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Temos um intervalo de vinte séculos entre a vida de nosso Senhor e nossos


dias. Sim, Ele é Deus, mas como Ele infunde Sua vida e poder divinos em
nossas almas? Ele o faz pelos chamados sacramentos. Definimos a palavra
sacramento de uma forma muito ampla. Em grego significa mistério. Um
sacramento é qualquer coisa material ou visível usada como sinal ou canal de
comunicação espiritual. Deus fez este mundo com senso de humor. Dizemos
que uma pessoa tem senso de humor se ela pode ver através das coisas, e
sempre deveríamos vê-lo através das coisas como fazem os poetas. Olhávamos
para uma montanha e pensávamos no poder de Deus; no pôr do sol e pense na
beleza de Deus; em um floco de neve e habitar na pureza de Deus. Observe
que não estaríamos levando este mundo tão a sério quanto os materialistas,
para quem uma montanha é apenas uma montanha, um pôr do sol é apenas um
pôr do sol e um floco de neve é apenas um floco de neve. As pessoas sérias
deste mundo escrevem apenas em prosa, mas aquelas que têm esse olhar
penetrante de perceber o Eterno através do tempo, o divino através do humano,
têm o que chamamos de visão sacramental do universo.

Existem certos sinais e eventos em nossa vida diária que são uma espécie
de sacramento natural. Tome por exemplo uma palavra. Uma palavra tem algo
de audível e, ao mesmo tempo, algo de invisível. Se eu contar uma piada
divertida, você pode rir, mas se eu contar para um cavalo, um cavalo nem
mesmo daria uma risada de cavalo. Por que? Você entende o significado porque
tem uma alma para raciocinar e um intelecto. Um cavalo carece do poder
perceptivo espiritual e não entende o significado.
Um aperto de mão é algo visível, material e carnal. Também há algo espiritual
nisso; ou seja, a comunicação de saudação, boas-vindas e a comunicação de
cordialidade pessoal. Um beijo é uma espécie de sacramento; é algo visível e
ao mesmo tempo algo invisível; ou seja, a comunicação do amor.

Já reparou o quanto nossa arquitetura moderna é desprovida de toda


decoração? Que contraste com as catedrais onde havia todas as coisas
materiais, até mesmo vacas e anjos, às vezes diabinhos, espiando pelos cantos.
A arquitetura antiga sempre usou coisas materiais como sinais de algo espiritual
e hoje nossa arquitetura é plana, nada além de aço e vidro, quase como uma
caixa de biscoitos.
Por que? Nossos arquitetos não têm nenhuma mensagem espiritual para
transmitir. O material é apenas o material, nada mais; portanto, nenhuma
decoração, significado, significado ou alma. Será que decoração e decoração em arquitetura

180
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Parte IV: Graça e os Sacramentos

não saíram do mundo ao mesmo tempo que a polidez.


Certamente não somos tão educados neste século como éramos em outro século.
Possivelmente, a razão é porque não acreditamos mais que as pessoas tenham
alma; eles são apenas outros animais e devem ser tratados como meios para
nossos fins. Quando você acredita que além de um corpo existe uma alma, então
você começa a ter grande respeito e reverência por uma pessoa.
Como podemos entrar em contato com a vida de Cristo e Sua graça? O próprio
Cristo era o grande Sacramento porque era o Verbo feito carne, era o Deus-homem.
Teríamos visto um homem, mas saberíamos que Ele era o Filho de Deus. Cristo é
o sacramento supremo da história. Sua natureza humana era o sinal de Sua
divindade.
Vimos Deus através de Seu corpo; vemos a eternidade através de Seu tempo; e o
Deus vivo na forma de um homem que era semelhante a nós em todas as coisas,
exceto no pecado. Nosso abençoado Senhor levou Sua natureza humana para o céu.
Uma vez que Ele é glorificado lá, como dissemos ao falar da Ascensão, Ele é nosso
Mediador, nosso Intercessor, que pode ter compaixão de nós e de nós porque Ele
passou por nossas tentações, sofrimentos e provações. Ele é tanto Deus quanto
homem e vai derramar sobre nós do céu Sua verdade, Seu poder, Sua graça, Sua
vida. Como Ele fará isso? Ele não fará isso por meio do que poderíamos chamar
de Sua corporeidade, porque isso já é glorificado no céu. Ele o fará através das
coisas e também através da natureza humana. Ele usará certas coisas neste mundo
como extensões de Seu corpo glorificado. Essas coisas podem ser água, pão e
óleo como canais para a comunicação de Sua vida divina.

Por que Ele instituiu esses sacramentos? Sua vida é tão rica que deve ter
várias manifestações na vida, como a vida de um sol. O sol é tão brilhante que, se
quisermos entender sua beleza interior, temos que atirar a luz do sol através de um
prisma. Quando o fazemos, ele se divide nos sete raios do espectro. Nosso
abençoado Senhor lança Sua vida divina através do prisma da Igreja e ela se
divide, não nos sete raios do espectro, mas nos sete sacramentos da Igreja.

Outra razão pela qual Ele usou os sacramentos é para espiritualizar nosso
mundo material. Deus não apenas redime o homem, Ele redime as coisas. Nós nos
apoderamos de coisas materiais como água, óleo e pão e os fazemos servir a
Deus. Muitas vezes eles não foram usados para propósitos divinos.
Temos corpo e alma. Obtemos todo o nosso pensamento espiritual através dos
sentidos. Por que Deus não usou coisas que apelam aos nossos sentidos,

181
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

alguns sinais materiais que seriam revelações desta graça que Ele está
derramando em nossas almas? Por exemplo, seria maravilhoso se Ele
usasse a água para indicar o grande pecado que herdamos de Adão sendo
purificado. O pão seria um sinal muito bom de nutrição. O óleo nos fortalece
na ordem natural. Pode ser um sinal muito bom para fortalecer nossas almas.
Agora a divindade usa a humanidade e as coisas materiais para que haja
algo trans-histórico, transcósmico, para que a vida divina de Cristo se
derrame em nossas almas. Cristo no céu nos contata neste dia e idade
através de sete sacramentos.
Existem sete condições para levar uma vida física e deveria haver sete
condições para levar uma vida espiritual. Cinco dessas condições são
individuais e duas referem-se à sociedade. Para viver uma vida física e
natural, devo nascer; Devo crescer até a maturidade; devo me nutrir; Devo
curar minhas feridas e devo expulsar vestígios de doença. Então, como
membro da sociedade, deve haver uma propagação da espécie humana e
deve haver governo.
Além desta vida humana está a vida divina, e há sete condições para
levar uma vida divina. Se devo viver a vida de Cristo, devo nascer nela, esse
é o sacramento do Batismo. Devo crescer até a maturidade e aceitar as
responsabilidades da vida; esse é o sacramento da Confirmação. Devo me
nutrir, sustentar esta vida divina; esse é o sacramento da Santa Eucaristia.
Devo curar as feridas da minha alma causadas pelo pecado; esse é o
sacramento da Penitência, ou Confissão. Devo expulsar todos os vestígios
da doença do pecado encontrados em meus sentidos; esse é o sacramento
da Cura dos Enfermos. Como membro da sociedade, deve haver a
propagação do Reino de Deus, o crescimento do Corpo Místico de Cristo;
esse é o sacramento do Matrimônio. Finalmente, deve haver governo divino;
deve haver Ordens Sagradas do sacramento do episcopado e do sacerdócio.

A recepção da graça nestes sacramentos é muito eficaz na nossa alma


porque é Cristo quem confere a graça. A vida divina de Cristo é derramada
em nossa alma pelo simples fato de recebermos o sacramento. Não devemos
colocar um obstáculo no caminho de receber o sacramento. É Cristo quem
batiza. É Cristo quem perdoa os pecados.
Existem ministros, bispos e padres, mas nós emprestamos a Cristo nossos
olhos, mãos e lábios. É Ele quem dá a graça. Mesmo que você receba os
sacramentos de um padre indigno, ainda assim seria

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Parte IV: Graça e os Sacramentos

um sacramento porque a santificação não depende do sacerdote.


A luz do sol entra por uma janela suja, mas a luz do sol não é
poluída. Um mensageiro pode estar muito esfarrapado, mas ainda
pode levar a mensagem de um rei.
Então você vê a Igreja, o Corpo Místico de Cristo, cuida de
você desde o berço até o túmulo. Encontra-se com você em todos
os eventos e circunstâncias da vida, e sua santificação não depende
de nossa pregação; depende do próprio Cristo. Este é o doce
mistério da vida, os sacramentos.

1 Mt 23:37

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Capítulo Vinte e Seis

Batismo

O Batismo éo
. Corpo desacramento que nos
Cristo, a Igreja, incorpora aà porta
e é chamada Mística
da Igreja. Há apenas um
leve paralelo a ser traçado entre a Igreja e uma nação. A maioria de nós não
esperou até os vinte e um anos para estudar a Constituição, a história dos
Estados Unidos e decidir se tornar cidadãos americanos. Nascemos do ventre
da América. Em sentido estrito, a própria Igreja é, em primeiro lugar, o Corpo
Místico de Cristo. O batismo nos incorpora a ele; nascemos do seio da Igreja.

Conforme explicamos, não nos tornamos membros da Igreja como um


tijolo é acrescentado a um tijolo em uma casa. Tornamo-nos incorporados à
Igreja à medida que as células se expandem a partir das células centrais. Mas
você pode perguntar: “Que diferença faz derramar um pouco de água?” A água
sozinha provavelmente faz pouca diferença. Pegue a água em uma máquina a vapor.
Quando você o combina com a mente e o espírito de um engenheiro, ele pode
conduzir uma máquina a vapor de um extremo ao outro do país.
Quando a água está unida ao espírito de Deus, ela é capaz de nos tornar algo
que não somos, participantes de Sua natureza divina.

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Lembre-se da bela descrição do batismo dada no evangelho de São João:

E havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, príncipe


dos judeus. Este homem veio a Jesus de noite e disse-lhe: Rabi,
sabemos que vieste um mestre da parte de Deus; pois ninguém pode
fazer estes sinais que tu fazes, a menos que Deus esteja com ele.
Jesus respondeu e disse-lhe: Amém, amém, eu te digo, aquele que
não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
Nicodemos disse-lhe: Como pode um homem nascer, sendo velho?
Ele pode entrar uma segunda vez no ventre de sua mãe e nascer de
novo? Jesus respondeu: Amém, amém, eu te digo, a menos que um
homem nasça de novo da água e do Espírito Santo, ele não pode
entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que
é nascido do Espírito é espírito. Não se surpreenda que eu tenha dito
a você: Você deve nascer de novo. O Espírito respira onde quer e tu
ouves a sua voz, mas não sabes de onde ele vem e para onde vai.
Assim é todo aquele que é nascido do Espírito. 1

Nosso Senhor está falando de um segundo nascimento completado por


duas agências: a água e o Espírito Santo. A água por si só não pode exercer
nenhuma influência espiritual, mas é um sinal material daquilo que se comunica
invisível e espiritualmente na alma, graças às palavras do batismo: “Eu te batizo
em nome do Pai e do Filho e do o espírito Santo."

A água é um bom sinal para o sacramento do Batismo. Significa uma


lavagem e o batismo nos lava de nossos pecados; além disso, a água é
transparente à luz. Significa como a luz pode ser comunicada, a luz da fé na
alma. Os gregos costumavam dizer que toda a vida veio da água. Sua biologia
pode estar errada, mas teologicamente eles eram sólidos, pois toda a vida
divina realmente começa com a água.
Observe que nosso abençoado Senhor disse a Nicodemos que a menos que
ele nascesse de novo pelo batismo no Espírito Santo, ele não poderia entrar no
Reino dos céus. Não devemos nos surpreender com isso. Afinal, não podemos
viver uma vida humana a menos que nasçamos da carne, e não podemos viver
uma vida divina a menos que nasçamos de Deus.
Somos, como disseram alguns filósofos, Capax Dei: somos capazes de
Deus. A natureza está cheia de exemplos dessas capacidades; todas as
sementes são desta natureza. Eles estão mortos até que circunstâncias favoráveis de

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Parte IV: Batismo

solo avivá-los na vida. O ovo de um pássaro tem em si a capacidade de se


tornar um pássaro, como o pai, mas permanece uma coisa morta se o pai o
abandona. Há muitos insetos de verão que nascem duas vezes; primeiro de
seus pais insetos, depois do sol. Se a geada vier no lugar do sol, eles
morrem. A lagarta já tem vida própria, mas encerrada em sua natureza é um
réptil com capacidade de se tornar algo superior e diferente. Pode se tornar
uma mariposa ou uma borboleta. Mas na maioria a capacidade nunca é
desenvolvida. Eles morrem antes de amadurecer. As circunstâncias não
favorecem seu desenvolvimento.

Essas analogias mostram como é comum que as capacidades da vida


permaneçam adormecidas e como é para uma criatura em um estágio de
existência ter a capacidade de passar para um estágio superior. Uma
capacidade pode ser desenvolvida apenas por alguma agência fora dela e
adaptada a ela. Nesta condição, o homem nasce de seus pais humanos. Ele
nasce com a capacidade para uma vida superior. Existe nele uma capacidade
de se tornar algo diferente e superior. Essa capacidade permanece
adormecida e morta até que o Espírito Santo venha e a vivifique. A influência
tem que vir de fora; deve haver o toque eficiente do Espírito Santo, a
transmissão de Sua vida. A capacidade de ser filho de Deus é do homem,
mas o desenvolvimento disso cabe a Deus. Temos que ser vivificados de
fora. Não podemos dar à luz física a nós mesmos e não podemos dar à luz
divina a nós mesmos.
Quando este sacramento é recebido, quais são alguns dos efeitos?
Um dos principais efeitos é que perdoa o pecado original, o pecado da
natureza que herdamos de Adão. Se somos adultos que nunca foram
batizados antes, o batismo perdoa não apenas o pecado original, mas todos
os nossos pecados pessoais. Imagine um grande pecador sendo batizado
em seu leito de morte. Suponha que ele morra imediatamente após o batismo.
Ele não tem pecados para ir perante o tribunal de Deus, e a razão é que ele
acabou de nascer. Não devemos presumir que Deus nos dará essa graça em
nosso leito de morte. O batismo é algo que nos faz passar de uma terra para
outra.
É como a passagem dos judeus pelo Mar Morto da escravidão do Egito
para a terra da liberdade.2 O batismo é uma passagem porque somos
transmutados do reino da terra para o reino dos céus. Não pertencemos mais
à raça de Adão; pertencemos à raça do novo Adão. Passamos de um mestre
para outro. No

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

cerimônia do batismo é perguntado ao que foi batizado: “Você renuncia a


Satanás?” Você está disposto a passar da soberania de Satanás para a
soberania de Cristo? Morremos no batismo para nossa velha natureza. Na
Igreja primitiva, o batismo era freqüentemente dado por imersão.
São Paulo nos diz que quando somos batizados somos sepultados com
Cristo;3 é como nosso velho Adão sendo crucificado. Quando somos
batizados, o que corresponde à Ressurreição, recebemos a novidade de
vida de Cristo. Não há no mundo realmente uma multiplicidade de raças e
nações. Existem duas humanidades: uma é a humanidade de Adão e a outra
é a humanidade de Cristo. Uma é a humanidade não regenerada e a outra é
a humanidade renascida e espiritualizada daqueles que estão incorporados
ao Corpo Místico de Cristo.
Não existe tal coisa como ser batizado em uma determinada seita. Por
exemplo, ninguém é batizado como “Holy Roller”. Ninguém é batizado no
“Evangelho Quadrado”. Ninguém é batizado na “Igreja Triangular”. Como diz
São Paulo: Pois todos vocês que foram batizados em Cristo, vocês se
revestiram de Cristo.4 Somos batizados no Corpo de Cristo, que é a Igreja.
Só existe um corpo. É por isso que não é necessário para nós, se estivermos
absolutamente certos do batismo de alguém fora da Igreja, rebatizar essa
pessoa. Não faz diferença quem batizou. É importante apenas que aquele
que batizou fora da Igreja tenha a intenção de fazer o que a Igreja pretende
fazer.
Hoje não podemos ter certeza de que há muitos que acreditam na divindade
de Cristo, pecado original, e quando batizam têm a intenção de fazer o que
a Igreja pretende. Somos todos batizados na única Igreja, no único Corpo de
Cristo, quer saibamos disso ou não.
Há muitos que não têm a oportunidade de serem batizados.
Deve-se notar que existem três tipos de batismo. Além do batismo de água,
há também o batismo de desejo e de sangue.
O batismo de desejo ocorre quando uma pessoa que nunca recebeu o
batismo, que ama a Deus e deseja ardentemente unir-se a Ele, tem tristeza
pelos pecados e está decidida a ser batizada. De fato, deve haver muitos
pagãos e budistas, confucionistas e todos os povos que tiveram o desejo, de
acordo com a luz que receberam, de se unir a Deus e seguiram Seus
mandamentos e aceitariam de bom grado qualquer coisa que Deus lhes
revelasse. Eles têm o batismo de desejo e são incorporados de alguma forma
ao Corpo Místico de Cristo.

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Parte IV: Batismo

Além disso, há o batismo de sangue. Suponha que você esteja recebendo


instruções em uma terra onde há perseguição. Os soldados de um ditador
vieram até você e perguntaram se você pretendia filiar-se à Igreja. Você
respondeu afirmativamente. Eles então o sentenciariam à morte. Em vez de
negar a fé que você tinha e a esperança de ser batizado, você se submete à
morte. Isso é conhecido como batismo de sangue, porque aqui há o testemunho
supremo de Cristo pelo sangue, pois há um amor supremo de Cristo. Uma vez
eu estava instruindo uma pessoa, chegamos ao assunto do batismo.

Ela disse: “Nunca fui batizada. Suponha que eu morresse esta noite, o que
aconteceria comigo?”
“Bem, você certamente deseja, não é, receber o batismo?”
Ela respondeu muito ardentemente: “Mal posso esperar!”
Ela morreu naquela noite. Ela teve o batismo de desejo.
Outra dificuldade, e as crianças que, sem culpa própria, morrem sem
batismo. Eles são punidos e enviados para o inferno?
Não. Crianças não batizadas não são enviadas para o inferno nem são punidas.
Sua capacidade para a ordem sobrenatural nunca foi realizada, mas eles têm
toda a felicidade natural que lhes é possível, e esse estado chamamos de limbo.

Outro efeito do batismo é a infusão de certas virtudes na alma. Essas


virtudes são sete: fé, esperança, caridade, prudência, justiça, temperança e
fortaleza. Os três primeiros: fé, esperança e caridade nos relacionam diretamente
com Deus para que acreditemos nele, esperemos nele e o amemos. As outras
virtudes dizem respeito aos meios pelos quais chegamos a Deus. Somos
prudentes quanto ao uso deste mundo para alcançar o reino de Deus, e assim
por diante para as outras virtudes. Essas virtudes são infundidas na alma. A
melhor maneira de entender uma virtude é na forma de um hábito. Existem dois
tipos de hábitos: adquiridos e infundidos. Um hábito adquirido é jogar tênis ou
tocar violino. Um hábito infundido é nadar, para um pato. Essas virtudes são
infundidas na alma. É como se acordássemos uma manhã e descobríssemos
que podemos tocar instrumentos musicais que antes nunca tocávamos.
Teríamos então uma virtude infusa na ordem natural que não era a nossa.
Quando somos batizados, a virtude da fé é infundida. Quando as crianças vêm
até nós em nossas escolas paroquiais, por mais pequenas que sejam, elas são
imediatamente receptivas a todos os ensinamentos sobre Deus, nosso
abençoado Senhor e a Igreja. Eles já têm o

189
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

fé. Não temos que provar a existência de Deus para eles. Nós apenas temos que
dar razões, desenvolvimentos e explicações da fé já neles.

Uma breve palavra sobre fé, esperança e caridade. A fé não é um desejo de


acreditar ou uma vontade de acreditar em algo contrário à razão. Fé não é viver
como se algo fosse verdade. A fé é a aceitação de uma verdade na autoridade
de Deus revelada conforme manifestada na Igreja e nas Escrituras. Somente
Deus causa fé no crente. A fé não é a aceitação de ideias abstratas. Costuma-se
dizer: “Oh, pela fé você tem que aceitar uma série de dogmas”. Não! Fé é
participação na vida de Deus. Na fé duas pessoas se encontram: Deus e nós
mesmos. A nossa afirmação de fé não vem porque vemos claramente uma
verdade, vem da visão daquele que revela a verdade. Sabemos que Ele não
pode enganar nem ser enganado. A fé não é contrária à razão. A fé aperfeiçoa a
razão. A fé está para a razão assim como um telescópio está para os olhos.

Um telescópio nos permite ver novos mundos e estrelas a olho nu. A fé nos
permite ver verdades que não poderíamos ver apenas por nossa razão.

A razão humana é mais forte com a fé do que sem ela, assim como nossos
sentidos são mais fortes com a razão do que sem a razão. A razão deve ser
aperfeiçoada pela fé. Uma pessoa que perde a fé descobrirá que sua razão
também não se exercita. É muito interessante ler os escritos daqueles que um
dia tiveram fé e a perderam. Sua mente está vagando e confusa. À noite, temos
os mesmos olhos que temos durante o dia, mas não podemos ver à noite. A
razão é que nos falta a luz adicional do sol.

Deixe duas pessoas olharem para um Host. Um vê o pão e o outro, com os


olhos da fé, vê o nosso bendito Senhor. Um tem uma luz que o outro não tem.
Agradecemos a Deus por nos revelar este belo sacramento do batismo, que nos
dá esta luz e nos torna Seus filhos. As cerimônias do sacramento são lindas.
Assistir em algum momento em um batismo e um Sacerdote explicará todas as
cerimônias conforme elas acontecem. Eles são lindos, como vestir o manto
branco.
Dante falava disso dizendo que o purgatório era um lugar onde vamos lavar
nossas vestes batismais. Quisera Deus que pudéssemos sempre manter limpo
esse manto de inocência que recebemos no batismo diante de Deus e do homem.

. 1 Jo 3:1-8 2 Êx 14:5-31 3 Rm 6:4 4Gl 3:27

190
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Capítulo Vinte e Sete

Confirmação

O maior reservatório
. leigos cristãos. Éinexplorado de através
principalmente poder espiritual
dos leigoséque
encontrado no
a Igreja entra
no mundo. Leigos e leigas são o ponto de encontro do cristão e do não
cristão. Eles são o elo entre o sagrado e o profano, o religioso e o secular.
Os leigos cumprem sua vocação cristã no mundo. Quando eles vêm à igreja,
recebem vida, verdade e graça, mas os recebem para servir no mundo. No
mundo, esta sua verdade, graça e vida cristã encontra-se com outros que
podem carecer dela ou de sua riqueza. A vocação cristã é o exercício das
manifestações ordinárias da vida para que a glória de Deus se manifeste.

Existem dois perigos. Uma é que os leigos cristãos podem formar


uma espécie de gueto, considerando suas atividades religiosas
confinadas apenas dentro da Igreja, na observância dos Mandamentos.
Também pode haver cristãos amontoados em uma espécie de iglu,
divorciando completamente fé e ação. O outro extremo seria tornar-se
tão mundano que não pode fazer nada com isso.
O resultado da separação entre religião e mundo é que a cultura
se emancipou de Cristo e se tornou demoníaca. Se o

191
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

os leigos, para serem eficazes, devem estar conscientes de que são membros
do povo de Deus; eles pertencem a uma comunidade de adoração.
Eles devem ser alfabetizados teologicamente. Como disse São Pedro, eles
deveriam ser capazes de dar uma razão para a fé neles. Eles devem se
comunicar com o mundo como cristãos. Eles estão envolvidos com o mundo.
Como John Donne tão lindamente colocou:

Nenhum homem é uma ilha isolada; todo homem é um pedaço do


continente, uma parte do todo; se um torrão é levado pelo mar, a
Europa fica menor, como se fosse um promontório, como se fosse
o solar de teus amigos ou a tua própria casa; a morte de qualquer
homem me diminui, porque estou envolvido na humanidade; e,
portanto, nunca mande saber por quem os sinos dobram; ele dobra
por ti.1

Ninguém pode esperar cumprir sua vocação cristã ou alcançar qualquer


tipo de integridade pessoal no mundo moderno se não se sentir em casa com
computadores, favelas, racismo, assuntos mundiais, com tudo.
São os leigos que estão naquele ponto onde o Evangelho cruza o mundo. Como
a Cruz estava na interseção das culturas e civilizações de Atenas, Jerusalém e
Roma, os leigos cruzam todas as fronteiras e fazem isso em nome de Cristo.
Ao vermos os leigos entrarem na igreja aos domingos, perguntamos a eles: eles
realmente se amam? Eles são um elemento unificado na comunidade? Eles
estão se reunindo apenas para cumprir uma obrigação, tentando evitar um
pecado mortal em vez de fortalecer uma vida que deveriam espalhar? Eles
estão buscando a santificação egoísta, esquecendo-se de que nosso bendito
Senhor disse: Por amor deles eu me santifico.2 Eles serão muito parecidos com
todos ao seu redor, exceto pelo hábito semanal de vir à igreja? Quando outros
olharem para este grupo de fiéis, eles dirão: “Eu deveria ser como eles; Eu
deveria ter o amor, a verdade e a paz interior deles.” Muitas vezes é exatamente
o oposto.

Os leigos terão que entender que nosso bendito Senhor não foi crucificado
em uma catedral entre duas velas, mas no mundo, em uma estrada, em um
lixão da cidade, na encruzilhada onde havia três línguas escritas na cruz. Sim,
eram hebraicos, latinos e gregos, mas poderiam muito bem ser ingleses, bantos
ou africanos. Não faria diferença. Ele se colocou bem no centro do mundo, no
meio da sujeira,

192
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Parte IV: Confirmação

ladrões, soldados e jogadores. Ele estava lá para estender o perdão a eles.


Esta é a vocação dos leigos: sair pelo mundo e dar a conhecer Cristo.

Onde os leigos encontrarão seu poder, sabedoria e coragem como


testemunhas de Cristo? Se fossem deixados por conta própria, seriam tão
fracos quanto os apóstolos; nove deles fora do jardim e três no jardim
dormindo. Acima da vida natural existe uma vida divina. Deve haver um
sacramento, algum sinal visível pelo qual eles contatem o poder de Cristo,
algum canal que se derrame do Calvário em suas próprias almas e os torne
fortes.
Volte para a ordem natural e você se lembrará que para viver uma
pessoa deve nascer; ele deve crescer até a maturidade e assumir as
responsabilidades da sociedade em que vive. Acima da vida natural existe
uma vida divina. Devemos nascer para essa vida divina, sobrenatural, e
esse é o sacramento do Batismo. O sacramento que nos introduz na vida
sobrenatural superior é o sacramento da Confirmação.
Nascemos espiritualmente em um sacramento, nos tornamos cidadãos do
Reino de Deus e somos convocados para o Exército espiritual de Deus no
sacerdócio leigo dos crentes. A confirmação, como qualquer outro
sacramento, segue o modelo da vida de nosso abençoado Senhor.
Nosso Senhor tinha uma dupla unção sacerdotal correspondente a
dois aspectos de Sua vida. A primeira foi a Encarnação que O tornou capaz
de ser Vítima dos nossos pecados. Ele tomou sobre Si uma natureza
humana com a qual Ele poderia sofrer e nos redimir de nossos pecados.
Como Deus, Ele não podia sofrer; como homem, Ele poderia. Este primeiro
aspecto da vida de nosso bendito Senhor culminou em Sua Paixão, Morte
e Ressurreição. A segunda unção foi a vinda do Espírito Santo no rio Jordão
que o ordenou para a missão de pregar o apostolado. O ponto culminante
para a Igreja foi o Pentecostes. A descida do Espírito Santo sobre nosso
Senhor no Jordão teve um duplo efeito. Isso O preparou para o combate. O
Evangelho afirma que Jesus voltou do Jordão cheio do Espírito Santo e
pelo Espírito foi conduzido ao deserto onde permaneceu quarenta dias
tentado pelo diabo . conflito com Satanás, que lhe ofereceu três caminhos
fáceis da cruz.

O Espírito Santo o preparou para o combate e para a pregação do


Reino de Deus. Quando nosso bendito Senhor apareceu em Nazaré, Ele
disse:

193
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

O Espírito do Senhor está sobre mim. Ele me ungiu, enviou-me


para pregar o evangelho aos pobres, restaurar os quebrantados de
coração, libertar os prisioneiros e dar visão aos cegos, libertar os
oprimidos, proclamar um ano em que os homens encontrarão
aceitação no Senhor.4

Depois que nosso abençoado Senhor recebeu o Espírito e cumpriu essas


duas missões, Ele instituiu o sacramento da Confirmação por cujo poder,
energia e força o Reino de Deus passa para nossas almas. O ministro ordinário
deste sacramento é o Bispo. Em casos de extrema necessidade, como
doença, um pároco pode administrar o sacramento. O crismado ajoelha-se
diante do Bispo, que estende as mãos e reza:

Deus eterno e todo-poderoso, que te dignaste gerar uma nova


vida neste teu servo pela água e pelo Espírito Santo, e lhe
concedeste a remissão de seus pecados, envia do céu sobre ele
o Teu Espírito Santo, com Seus sete dons: O espírito de sabedoria
e entendimento. Amém.
O espírito de conselho e fortaleza. Amém. O espírito de
conhecimento e piedade. Amém. Encha-o com o espírito de temor
do Senhor e sele-o com o sinal da cruz de Cristo, cheio de
misericórdia para a vida eterna. Pelo mesmo Jesus Cristo, Teu
Filho, Nosso Senhor, Que vive e reina contigo na unidade do
Espírito Santo, Deus eternamente. Amém.

Em seguida, o Bispo molha o polegar no santo crisma e unge o


testa daquele a ser confirmado. Ele dá o nome, dizendo:
[Nome] Eu te confirmo com o crisma da salvação. Em nome do
Pai [fazendo o sinal da cruz] e do Filho [fazendo o sinal da cruz] e
do Espírito Santo [fazendo o sinal da cruz].

Então ele dá ao confirmado um leve golpe na bochecha, dizendo: “A paz


esteja com você.” A razão para uma leve pancada na bochecha é para lembrar
ao crismado que ele deve estar preparado para sofrer todas as coisas por
causa de Cristo. Este sacramento só pode ser recebido uma vez, porque deixa
uma marca indelével na alma,

194
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Parte IV: Confirmação

assim como os sacramentos do Batismo e da Ordem. Há muitos que


negligenciam sua inspiração.
Recordemos uma história interessante do Antigo Testamento.
Lembra-se do antigo profeta Eliseu, que foi visitar uma mulher viúva
cujos filhos estavam prestes a ser vendidos como escravos porque ela
não tinha dinheiro? 5 Ele perguntou: O que você tem em sua casa? Ela
disse: Só um pouco de óleo. Ele disse a ela para sair e pegar vasilhas
vazias emprestadas dos vizinhos. Quando elas estavam reunidas, ele
disse a ela para começar a derramar o pouco óleo que ela tinha nas
vasilhas vazias. Ela começou a derramar, mas o óleo não parou! E
encheu uma vasilha, depois outra, e outra até que disse a seu filho: Dá-
me ainda outra vasilha. O filho disse: Não há mais. E o óleo parou.
O óleo na Sagrada Escritura muitas vezes corresponde ao Espírito
Santo, e a lição é que o espírito que recebemos depende do nosso vazio.
O aumento de poder a partir do momento em que recebemos o
sacramento depende de nossa capacidade de responder a Cristo. Não
há limite para o amor de Deus; não há limite para Seu poder de abençoar.
Ele dá em uma medida transbordante, muito além de nossas expectativas,
muito além de nossos merecimentos. Podemos restringir as bênçãos
para nós mesmos por não estarmos em condições de recebê-las. Vemos
constantemente na história da Igreja que muitas bênçãos estão por vir,
desde que nos desegoistizemos. O poder dos leigos para dar testemunho
de Cristo, para serem seus soldados no mundo, depende de sua
humildade, de seu vazio.
Há outra lição. Um professor de escola dominical se aproximou de
uma sala vazia e disse: “Onde é a aula?” O padre disse a ela: “Você vai
ter que sair e reunir uma classe”. Com um pouco de esforço nas ruas, ela
teve aula. Existem vasos vazios ao nosso redor que podem ser
preenchidos com o amor de Cristo. Existem vasilhas vazias em sua casa
ou entre seus vizinhos? Se você é advogado, conhece vasos vazios em
sua profissão? E como médico e enfermeiro, há muitos cujas vidas são
sem rumo e desamparadas?
Um advogado morreu em Berlim como incrédulo. Ele tinha um
parceiro católico. Quando seu amigo ficou doente, o advogado católico o
visitou e disse: “Você está prestes a morrer; você deve fazer as pazes
com Deus”. E o companheiro moribundo disse a ele: “Se Cristo em sua
Igreja significou tão pouco para você durante sua vida que você nunca
falou comigo, como pode significar alguma coisa para mim na minha morte?” Um sério

195
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

a realização do sacramento da Confirmação fará com que se procure salvar as


almas. Se salvarmos uma alma, temos uma chance muito boa de salvar a nossa.
A Confirmação é o grande sacramento social. Ela nos liga ao mundo, ao nosso
próximo e à humanidade. Ela nos obriga não apenas a amar a Deus, mas
também a amar até mesmo aquelas pessoas que aparentemente não são amáveis.
O que significa identificação? Posso lhe dizer o que isso significa contando
como falhei. Visitei uma colônia de leprosos na África, onde havia cerca de
quinhentos leprosos. Trouxe comigo quinhentos pequenos crucifixos de prata.
O primeiro leproso que veio ao meu encontro tinha o braço esquerdo amputado
na altura do cotovelo. Ele segurou o toco do braço para cima e em volta do
ombro havia um rosário. Ele estendeu a mão direita. Eu nunca vi uma massa
tão podre e suja de corrupção como vi na mão daquele leproso. Estendi o
crucifixo de prata e o deixei cair. Quase foi engolido naquele vulcão de lepra.
Tomei este símbolo do amor de Cristo pelo homem, este símbolo da identificação
de Deus com a humanidade sofredora, e recusei-me a identificar-me com alguém
que talvez carregasse em seu corpo menos putrefação do que eu em minha
própria alma. Eu fui o quingentésimo primeiro leproso e o pior de todos porque
me recusei a me identificar com esse meu irmão.

O pensamento veio a mim da coisa terrível que eu estava fazendo. Apertei


minha mão na dele, mão com mão, e por todos os leprosos do acampamento.
Por causa do sacramento da Confirmação, devo amar todos os homens. Como
Sacerdote, devo identificar-me com eles.
A identificação pode ser transferida para sua própria vida se você mantiver o
símbolo do fogo diante de você. O fogo tem duas grandes qualidades: luz e calor.
A luz é o símbolo da verdade; o calor é o símbolo do amor. Muitas vezes
separamos luz e calor. Temos a verdade, mas temos pouco zelo e amor. Os
inimigos não têm verdade, mas têm zelo e amor por sua causa. A confirmação
nos convidaria a manter nossa verdade e o amor à verdade juntos. Isso é o que
nosso Senhor quis dizer quando disse: Eu vim lançar fogo sobre a terra, e o que
eu quero senão que seja aceso.6

1 Devoções, XVII 4 Ibid., 4:18-19 5


2 Jo 17:19 2 Reis 4:1-7 6
3 Lc 4:1-2 Lucas 12:49

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Capítulo Vinte e Oito

Santa Eucaristia

O mundo inteiro
. foram tem
feitos fome
para Ti,de Deus. eSanto
Senhor, estãoAgostinho
inquietos disse:
até que“Nossos corações
descansem em
Ti.”1 Quando nosso abençoado Senhor viu uma multidão faminta, Ele disse:
Sinto muito pela multidão. Eles não têm nada para comer.2 O que Ele lhes
deu naquela ocasião é o tema desta lição, o sacramento da Eucaristia.

Para levar uma vida física, devemos nascer para ela. Para levar uma vida
sobrenatural, precisamos do sacramento do Batismo. Uma vez que nascemos,
devemos crescer fisicamente. Espiritualmente, devemos atingir a maturidade
e aceitar responsabilidades. Para isso, precisamos do sacramento da
Confirmação. Agora chegamos ao novo elemento da vida. Se a vida é para
viver, ela deve se nutrir. Se a vida divina é para viver, ela precisa de seu
alimento, para isso precisamos da Eucaristia.
A Eucaristia é o maior de todos os sacramentos porque contém de modo
substancial a pessoa de Cristo, o Autor da vida.
É o único sacramento para o qual todos os outros sacramentos olham.

Imagine seis setas em um círculo, todas apontando para um centro. O centro


é a Eucaristia; as seis flechas são os outros sacramentos. A Eucaristia é o sol
em torno do qual os outros sacramentos giram como planetas. Todos

197
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

outros sacramentos participam de seu poder e se aperfeiçoam na celebração


da Eucaristia. É um sacramento sublime que a razão humana jamais poderia
adivinhar. O amor divino é muito mais profundo do que sabemos.
O objetivo desta enciclopédia não é dizer no que você deve acreditar,
mas explicar a fé para você. Começamos descrevendo e explicando a
Eucaristia através da analogia da biologia. Todas as leis naturais são reflexos
das leis espirituais; não é o contrário.
O espiritual é a voz e o natural é o eco. Pegue a lei da gravitação. É uma lei
física que descreve a maneira como todos os objetos materiais tendem para
a Terra como seu centro. Além disso, existe uma lei espiritual da gravitação
pela qual todas as coisas são atraídas para Deus.
A gravitação material é realmente um reflexo da espiritual.
Chegamos a outra lei na ordem da biologia. É a lei da comunhão. Para
viver devemos comer. Toda a vida vive através da comunhão com alguma
outra forma de vida. Não há nada nesta terra que não obedeça a essa lei de
uma forma ou de outra. A vida vegetal não comunga com outro tipo de vida.
É dependente de algo mais para sua existência. A vida vegetal desce à terra
em busca de água, fosfatos e carbonatos, e extrai muita vida do sol. Se esses
produtos químicos e o sol fossem apagados, privando a vida vegetal de
comunhão, ela pereceria.

A vida vegetal é uma comunhão com a vida inferior, mas quando


chegamos à vida animal a lei se torna mais clara. Há uma necessidade ainda
maior de nutrição. Ele precisa de nutrição da ordem mineral como a luz do
sol e o ar, mas a nutrição do animal vem da vida vegetal.
Desde o momento em que o animal nasce, há uma busca por alimento. Seu
instinto fundamental é buscar comida. O animal vagando no campo, o peixe
nadando no oceano, a águia no ar, todos estão em busca do pão de cada
dia. Sem nunca saber, eles reconhecem a lei de que a vida é impossível sem
alimento, a vida só cresce pela vida e a alegria de viver vem da comunhão
com outro tipo de vida.

Quando você chega ao homem, a mesma lei se aplica. Ele tem um corpo
igual ao dos animais que clama por alimentos mais delicados. Nosso corpo
não se contenta, como a planta, em tirar comida da terra crua, crua e sem
tempero. Busca o refinamento de uma criatura superior, reconhecendo a lei
universal da vida: todo ser vivo requer nutrição. A vida vive pela vida e a
alegria de viver é potencializada pela comunidade

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Parte IV: Santa Eucaristia

união com outra forma de vida. Aqui chegamos a uma diferença: o homem
tem uma alma tanto quanto um corpo. Visto que sua alma é espiritual, ela
requer alimento espiritual? Não há nada na terra que possa satisfazer
completamente a fome da alma do homem porque é uma fome sobrenatural.
Tudo neste universo exige nutrição adequada à sua natureza. Um canário
não usa o mesmo tipo de alimento que uma jibóia porque sua natureza é
diferente. A alma do homem é espiritual e exige alimento espiritual.
Qual será essa comida?
Nosso abençoado Senhor viu milhares passando em uma caravana de
Páscoa, apressando-se para Jerusalém. Eles estavam subindo a colina em
pequenos grupos. Alguns deles estavam muito cansados de longas
caminhadas, especialmente mães arrastando seus filhos e os velhos que
ansiavam por refresco. O coração de nosso abençoado Senhor se
compadeceu deles. Ele propôs alimentá-los. André, o apóstolo, apontou para
um menino que tinha cinco pães de cevada e dois peixes. Estes, nosso abençoado Senho
Observe a maneira como o Evangelho descreve o que nosso Senhor fez e o
paralelo entre esta descrição e a Última Ceia. Estamos citando o evangelho
de Marcos, E Ele pegou os cinco pães e dois peixes e olhou para o céu e
abençoou e partiu os pães e deu a Seus discípulos.3 Com esses cinco pães
de cevada e dois peixes, nosso abençoado Senhor alimentou a multidão de
milhares criando um milagre de multiplicação. Um grão de trigo se multiplica
na terra. Os pães e os peixes, por um processo divinamente apressado, são
multiplicados até que o Evangelho diz: “todos se fartaram”. Você acha que
se nosso abençoado Senhor desse dinheiro em vez de pão, o Evangelho
teria dito que todos estavam satisfeitos?

O efeito desse milagre foi estupendo porque eles viram o pão e os


peixes crescerem. O povo viu a possibilidade de fazer de nosso Senhor um
rei que traria prosperidade e fartura.
O que as pessoas querem, mesmo de Deus que caminha nesta terra, é
prosperidade econômica. Foi quase como a tentação de Satanás na
montanha. Lembre-se, Satanás pediu ao nosso abençoado Senhor que
transformasse as pedras em pão, para se tornar um provedor econômico.4
O povo queria que nosso Senhor fosse um rei econômico e político que
enchesse suas goelas e estômagos. Se Ele fizesse isso, Ele teria poder de
acordo com eles. Nosso Senhor, sabendo que eles desejavam torná-lo rei,
fugiu para as montanhas sozinho. Eles não puderam fazê-lo rei, Ele nasceu
um rei!

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Essa fuga da realeza política pode ter desiludido Judas.


Você sabia que o primeiro registro que temos da queda de Judas ocorre
quando nosso bendito Senhor anuncia e promete a Eucaristia?
A queda de Judas ocorre quando nosso bendito Senhor dá a Eucaristia na
Última Ceia. Foi a Eucaristia que desiludiu Judas. Então Judas sabia que
nosso Senhor não seria um rei econômico.
Na manhã seguinte, Cristo foi encontrado em Cafarnaum. As pessoas
estavam curiosas sobre como Ele chegou lá. Quando Lhe perguntaram, Sua
resposta foi repreendê-los porque estavam identificando a religião com os
refeitórios populares. Ele disse, citando o evangelho de João: Acredite em
mim, se você está procurando por mim agora, não é por causa dos milagres
que você viu, é porque você é alimentado com pães e está farto.5 Por essas
palavras, nosso Senhor indicou eles não haviam tomado o milagre como um
sinal de Sua divindade. Eles estavam procurando por Ele em vez de a Ele.
Nosso Senhor continua a repreendê-los, e estas foram Suas palavras: Você
não deve trabalhar para ganhar comida que perece no uso. Trabalhe para
ganhar comida que proporcione continuamente a vida eterna, comida que o Filho do homem
Deus, o Pai, O autorizou.6 Nosso
Senhor estava colocando em contraste o pão que perece e o pão que
permanece para a vida eterna. Ele os advertiu contra segui-lo como um burro
segue um mestre segurando uma cenoura. Para elevar suas mentes carnais
ao alimento eterno, Ele sugeriu que buscassem o alimento que o Pai celestial
havia autorizado. Isso se refere ao pão oriental que muitas vezes era selado
com a marca oficial do nome do padeiro.
A palavra talmúdica para padeiro está relacionada com selo. Assim como as
hóstias usadas na Missa têm um selo sobre elas, como um cordeiro ou uma
cruz, nosso Senhor estava insinuando que o pão que Ele lhes daria foi selado
por Seu Pai.
Eles não ficaram satisfeitos e queriam mais provas de que o Pai o havia
autorizado. Ele lhes deu pão, mas isso não foi estupendo.
Eles argumentaram: Moisés não lhes dera pão do céu no deserto? 7 O
argumento deles era: “Que prova existe de que você é maior do que Moisés?”
Eles minimizaram Seu milagre comparando-O a Moisés e comparando o pão
ao maná dado no deserto. Nosso Senhor alimentou a multidão apenas uma
vez e Moisés alimentou a multidão por quarenta anos no deserto, então eles
desprezaram o presente. Nosso Senhor aceitou o desafio. Ele disse que o
maná que receberam de Moisés não era pão celestial, nem tinha vindo do céu.

200
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Parte IV: Santa Eucaristia

Além disso, alimentou apenas uma nação por um breve espaço de tempo, e
não foi Moisés quem deu o maná; era Seu Pai. Finalmente, o pão que Ele
daria nutriria para a vida eterna. Então Ele lhes disse que o verdadeiro Pão
descia do céu, e eles disseram: “Dá-nos este pão!”8 E Ele respondeu: Sou
eu que sou o Pão da Vida.9 Ele faz aparecer a sombra da Cruz. O pão deve
ser partido. Aquele que veio de Deus deve morrer na cruz por causa dos
pecados do mundo. Estas são as Suas palavras, E agora, o que é este
pão que devo dar? É a minha carne dada para a vida do mundo.10 Então os
judeus começaram a discutir entre si: Como pode este homem dar-nos a sua
carne para comer?11 Ao que Jesus lhes disse: Crede-me quando vos digo
isto; vocês não podem ter vida em si mesmos, a menos que comam a carne
do Filho do homem e bebam o Seu sangue.12 Observe que Ele está
retratando a Si mesmo como alguém que se entrega na morte. A carne e o
sangue que Ele lhes dará não são apenas a carne e o sangue que eles veem;
será a carne e o sangue que subirá ao céu à direita do Pai. Ele disse que o
daria pelo mundo.

Eles começam a entender que esses cordeiros que viram subir a


Jerusalém para perder o sangue eram apenas um símbolo do Cordeiro
Pascal, o Cordeiro de Deus. Então Ele disse que eles deveriam viver por Ele
como Ele viveu pelo Pai. Suas palavras foram: Assim como eu vivo pelo Pai,
o Pai vivente que me enviou, assim aquele que come viverá por sua vez por
minha causa.13 Nosso bendito Senhor está dizendo que a vida passa de Pai
para Filho e passará quando Ele passa para a Sua glória de Si mesmo para nós.
Eles sabiam que era estranho. Todos sabiam o que Ele queria dizer, que
Ele era o Pão da Vida e que teríamos que nos nutrir e nos vender da Sua
vida. Eles entenderam a razão pela qual Judas quebrou. Alguns dos
discípulos se retiraram e não andavam mais com Ele, dizendo : Difícil é esta
palavra, e quem pode suportá- la ? , a quem iremos? Só tu tens as palavras
da vida eterna.16 Nosso Senhor nunca teria permitido que Seus discípulos
partissem se eles O interpretassem mal. O que Ele prometeu naquele dia Ele
cumpre na noite da Última Ceia. Por enquanto, basta recordar esta noite em
particular. Ele reuniu todos os Seus apóstolos ao Seu redor.

No dia seguinte Ele morrerá. Ele institui um memorial de Sua morte,

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

ressurreição e ascensão. Aquele que disse ser o Pão da Vida agora, nas
palavras do Evangelho, tomou o pão, abençoou e partiu e deu a eles
dizendo: Isto é o Meu corpo dado por vós.17 Observe que Ele disse sobre o
pão: Isto é Meu corpo. Ele não disse: “Isto representa o Meu corpo”, mas
Este é o Meu corpo. Ele também disse dado por você, dado na cruz.
Tomando o cálice de vinho em Suas mãos, Ele disse: Bebam todos disto
porque este é o Meu sangue do Novo Testamento derramado por muitos
para remissão dos pecados.18 Sobre o cálice de vinho Ele disse: Este é o
Meu sangue, não "isto representa", mas é.
Como o Antigo Testamento foi ratificado com sangue, agora Ele ratifica
o Novo Testamento com Seu sangue. Nosso Senhor quis dizer o que disse?
Nós acreditamos nisso. O que torna nossa fé única é isso; não escolhemos
entre as palavras de nosso abençoado Senhor. Quando Ele disse: Cujos
pecados perdoareis, eles serão perdoados;19 nós cremos nisso. Por isso
existe o sacramento da penitência. Quando Ele chamou Pedro de “A Rocha”,
nós acreditamos nisso. Quando Ele disse: Este é o meu corpo, este é o meu
sangue, nós acreditamos.
A lei da comunhão continua através do universo. Se as plantas
pudessem falar, diriam aos animais: “A menos que me comam, não terão
vida em vocês”. Se os animais pudessem falar com o homem, eles diriam:
“A menos que você me coma, você não terá vida em você”.
Cristo fala conosco e diz: “A menos que você me coma, você não terá vida
em você”. A lei da transformação prevalece. Substâncias químicas são
transformadas em plantas, plantas em animais, animais em homens e
homens em Cristo. Ele deu Sua vida para sustentar a nossa vida, e a maior
alegria do mundo é a comunhão com a própria vida de Deus.

1 6 Ibidem, 6:27 13
Confissões, Ibid., 6:57
Livro 1, 7 Ex 16:1-5 14
Ibid., 6:60
8 15
Capítulo 1 Jo 6:34 Ibid., 6:67
2 Mt 15:32 9 Ibid., 6:35 16
Ibid., 6:68
3 Mc 6:41 10 Ibid., 6:51 17 Lc 22:19 18
4 Mt 4:3 5 11 Mt 26:28 19
Ibid., 6:52 12
Ibid., 6:53
João 6:26 João 20:23

202
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Capítulo Vinte e Nove

O Sacrifício Eucarístico

Um grande patriota
. vida para daramericano disse
por seu país. Eleuma
quisvez que
dizer lamentava
que seu amorter apenas
era maior um
que seu sacrifício; sua vida poderia ser dada apenas uma vez no tempo e
não poderia ser repetida. É muito diferente com a vida de nosso Senhor.
Embora a vida tenha sido dada uma vez, ela é dada eternamente e repetida
no sacrifício da Missa. Vamos descrever a Missa em termos de três de
suas partes principais: o Ofertório, a Consagração e a Comunhão.

Primeiro, o Ofertório. Isso acontece quando o sacerdote oferece pão e


vinho a Deus. Nosso bendito Senhor, se podemos desenhar uma imagem,
está olhando do céu dizendo: “Não posso morrer novamente da natureza
humana que recebi de Maria. Essa natureza humana é agora glorificada à
direita do Pai, o penhor e a promessa do que sua natureza humana deve
ser. Mas eu posso morrer em você e você pode morrer em mim.
Você vai se oferecer a mim? Não posso acrescentar nada ao sacrifício do
Meu amor, exceto por e através de você”. Agora começamos a nos oferecer
a Ele sob as espécies do pão e do vinho.
Deixe-me dizer-lhe como isso foi feito na Igreja primitiva. Se você
tivesse vindo à missa, você teria trazido pão e

203
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

vinho. Você também pode ter trazido linho, frutas, trigo, óleo, lã e outras
coisas necessárias para a comunidade religiosa, para a Igreja. O padre
teria pegado todos esses presentes, empilhado ao lado da grade da
comunhão para distribuir aos pobres depois da missa. Mas o pão e o
vinho que trouxessem, ele os usaria para o ofertório da missa. já não
trazemos pão ou vinho, nem trazemos essas outras coisas porque hoje
vivemos em um mundo moderno onde o dinheiro é o meio de troca. Em
vez de trazer pão e vinho, trazemos o que equivale a comprar pão e
vinho. O importante é que, quando nos oferecemos a Deus, o façamos
sob as aparências do pão e do vinho.

Por que nosso abençoado Senhor usou pão e vinho como símbolos
de nosso ofertório? Primeiro, para significar nossa unidade uns com os
outros e Nele, no Corpo Místico de Cristo. Assim como uma unidade de
grãos de trigo faz o pão, e assim como o vinho é feito de muitas uvas,
nós, que somos muitos, somos um em Cristo. Outra razão é que talvez
não haja duas substâncias na natureza tradicionalmente nutrindo tanto
o homem quanto o pão e o vinho. O pão é a medula da terra; vinho, é o
próprio sangue. Ao trazer o pão e o vinho, trazemos as substâncias que
mais nos alimentaram, nos deram a vida. Estamos equivalentemente
oferecendo nossas vidas no altar. O trigo e as uvas sofrem muito para
se tornarem pão e vinho. O trigo tem que passar por um inverno, e então
tem que ser submetido a um moinho e ao fogo antes que o trigo possa
se tornar pão. As uvas têm que passar pelo Getsêmani de um lagar
antes de se tornarem vinho.

Nós, que nos oferecemos a Cristo, estamos destinados ao sacrifício.


Tomemos da natureza aquelas substâncias que nos deram a vida, mas
indicam em seu ser a necessidade de sacrifício e sofrimento para nos
unirmos ao próprio Cristo. No momento do ofertório da missa, não somos
espectadores passivos como no teatro.
Seremos atores em um grande drama. Estamos de pé sobre a patena
que o padre está oferecendo. Estamos no cálice, participantes; somos
coofertas de Cristo, por meio dele ao Pai celestial.
Se entendermos o Ofertório, perceberemos que oferecemos a nós
mesmos. O que acontece conosco? A resposta é dada na Consagração.
O sacerdote é apenas o instrumento do próprio Cristo no altar.
Cristo é o sacerdote; Cristo é a vítima. Quando o padre pronunciar

204
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Parte IV: O Sacrifício Eucarístico

as palavras da Consagração, ele está apenas dando ao nosso abençoado


Senhor sua voz e suas mãos. No momento da Consagração, o sacerdote diz
sobre o pão: “Isto é o meu corpo” e sobre o cálice de vinho: “Este é o meu
sangue”. Então ocorre o mistério da transubstanciação. Trans significa
transversalmente, substanciação refere-se à substância. Este mistério
significa que toda a substância do pão se torna toda a substância do corpo
de Cristo. Toda a substância do vinho se torna toda a substância do sangue
de Cristo.
Observe que usamos a palavra substância. Assim como um sujeito tem
um predicado, assim como sua personalidade usa roupas que são
puramente acidentais à sua personalidade porque você pode trocar de roupa,
o pão e o vinho têm o que chamamos de aparências ou predicados. Após o
momento da consagração, o pão tem o mesmo aspecto de antes; o vinho
parece o mesmo. As aparências sensíveis não mudam, mas a substância do
pão e do vinho se transforma no corpo e no sangue de Cristo. Como sabemos
que eles mudam? Porque nosso Senhor assim o disse. Existe alguma razão
melhor no mundo? Nosso bendito Senhor disse: Este é o meu corpo; este é
o meu sangue.1 Nós acreditamos.
Nós nos oferecemos a Cristo, e a Consagração é uma representação
repetida da morte de Cristo. Como é representada a morte de Cristo na
Consagração? Observe que o sacerdote não consagra o pão e o vinho juntos.
Ele não diz: “Este é o corpo e o sangue de Cristo”. Observe que a consagração
separada é uma espécie de clivagem, um dilacerar, uma espécie de espada
mística que divide o sangue do corpo de Cristo e é assim que Ele morreu no
Calvário. Portanto, a Missa é chamada de sacrifício incruento do Calvário,
enquanto o próprio Calvário era uma separação real do sangue do corpo.

Mas esta não é toda a história da Consagração. Lembre-se de que nos


oferecemos sob o pão e o vinho. Veja o que aconteceu com o pão e o vinho?
É o corpo e o sangue de Cristo. Cristo não está sozinho na Missa; estamos
com Ele. O quê aconteceu conosco?
Nós morremos com Cristo. As palavras da Consagração têm um significado
secundário. O significado primário que demos é muito claro: “Este é o corpo
e o sangue de Cristo”. Misticamente dividido pela consagração separada do
pão e do vinho, nosso Senhor renova o sacrifício do Calvário. A Videira se
sacrificou; na Cruz a videira e os ramos, que somos nós, agora se sacrificam
na Missa. O significado secundário das palavras da consagração é sobre

205
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

os ramos unidos à videira. Dizemos ao nosso Senhor: “Este é o meu corpo; este
é o meu sangue. Tudo o que sou, meu corpo, meu sangue, meu intelecto, minha
vontade; todos os meus desejos, intenções e motivações, tudo o que sou
substancialmente agora são seus. Eu morro contigo. Transubstancia-os para que
eu não seja mais meu, mas teu. Todas as espécies da minha vida, os meros
acidentes, o que faço na vida, meus deveres peculiares, que permaneçam; são
apenas as aparências. O que eu sou em meus relacionamentos essenciais contigo,
torna divino. Eu morro Contigo, Cristo, no Calvário!” Essa é a Consagração.

Agora chegamos à Comunhão. Lembre-se que no Ofertório éramos como


cordeiros sendo conduzidos a Jerusalém, e na Consagração somos os cordeiros
que são oferecidos em sacrifício. Na Comunhão descobrimos que não perdemos
absolutamente nada. Nós não morremos; recuperamos a vida. Morremos até a
parte inferior de nós mesmos na Consagração da Missa, e voltamos nossas almas
enobrecidos e enriquecidos. Começamos a ser livres e exaltados. Descobrimos
que nossa morte não foi mais permanente na Consagração do que a morte de
Cristo no Calvário.
Na Santa Ceia, entregamos nossa humanidade; recebemos de volta Sua
divindade. Desistimos do tempo; Ele nos dá a Sua eternidade. Desistimos do
nosso pecado; nós morremos para isso; Ele nos dá Sua graça. Entregamos nossa
vontade própria e recebemos a vontade divina. Desistimos de amores mesquinhos;
Ele nos dá a chama do próprio amor chamada Comunhão.
A Sagrada Comunhão nos incorpora à vida de Cristo, à morte de Cristo e aos
membros do Corpo Místico, suas alegrias e tristezas. Na Comunhão temos
unidade com a vida de Cristo, o Cristo nascido em Belém, que viveu na Galileia,
que falou, que sofreu, que morreu, que ressuscitou dos mortos, que está à direita
do Pai e que infunde a sua vida em Seu Corpo Místico. Recebemos a vida divina
na Comunhão. Nosso bendito Senhor disse: Quem de Mim se alimenta, esse
viverá por Mim.2 Na verdade, Ele nos recebe e nos tornamos incorporados a Ele.
Há uma espécie de transfusão. Assim como na ordem física há transfusão de
sangue ou vida, também aqui há uma tremenda transfusão de vida divina em
nossas almas na Comunhão. Na Comunhão, sempre temos um profundo senso
de indignidade. A oração da comunhão é: Domine, non sum dignus: Senhor, não
sou digno.

No amor humano, o amado está sempre no pedestal; o amante sempre de


joelhos. No amor divino, protestamos nossa indignidade quando vamos para a
grade da Comunhão para receber a Vida Divina porque

206
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Parte IV: O Sacrifício Eucarístico

morreu para a nossa vida inferior na consagração. O Amante Divino nos


convida para Seu banquete. Ele nos segura em Seu abraço. Se nossa fé
fosse forte, rastejaríamos de joelhos até a grade da Comunhão. Nosso
Senhor disse: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue vive
continuamente em mim e eu vivo nele.3 A comunhão não é apenas
incorporação à vida de Cristo, é também incorporação à morte de Cristo.
Aqui está algo em que raramente pensamos. São Paulo escreveu aos
coríntios: É a morte do Senhor que vocês estão anunciando sempre que
comem deste pão e bebem deste cálice.4 Por que há uma morte envolvida?
Simplesmente porque ainda não passamos para a glória. Temos nosso velho
Adão conosco, todos os nossos pecados, concupiscência, orgulho, cobiça e
avareza; e temos que morrer para tudo isso, como sugeriu a Consagração.
Quando um agricultor planta milho, ele está muito interessado na vida, mas
está arrancando ervas daninhas. A condição de ter a vida do milho é trazer a
morte ao joio.
A condição de ter a vida de Cristo é trazer a morte ao velho Adão. Para
proteger esta vida divina, temos que trazer algum tipo de penitência e
abnegação para o que é inferior. Se nosso Senhor morreu por nós, então
devemos morrer para nós mesmos. Depois da Ressurreição, foram as
relíquias de Sua Paixão e Morte que Ele mostrou ao homem.
Maria Madalena queria alcançar a glória da Ressurreição e nosso
Senhor disse: Não me toque.5 Mas Ele disse a Tomé: Toque em minhas
mãos. Põe o teu dedo na minha mão. Põe a tua mão no meu lado.6 Em
outras palavras: “Tomé, podes comungar com a minha morte para ver que
sou a vida ressurreta”. Acredito que a Igreja ordena o jejum antes da
Comunhão para ter certeza de que seremos incorporados de alguma forma
à morte de Cristo antes de recebermos Sua vida.
A comunhão não é apenas incorporação à vida de Cristo e incorporação
à sua morte, mas também é comunhão com todos os outros membros do
Corpo Místico de Cristo. Isso é o que esquecemos. Quando recebemos a
Comunhão, estamos nos unindo a todos os outros membros da Igreja em
todo o mundo. Seu corpo é feito de milhões e milhões de células. Essas
células são nutridas pelo plasma sanguíneo, ou linfa. Ele percorre todos os
portões e becos do seu corpo para nutrir e reparar. Ele bate à porta de cada
cela individual. O que o plasma sanguíneo faz ao seu corpo humano é um
eco fraco do que nosso Senhor faz por Seu Corpo Místico. O Corpo Místico
é feito de pessoas, não de células. Em vez de

207
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

da nutrição humana existe a vida divina da Eucaristia, como a linfa divina ou


todas as células ou pessoas do Corpo Místico de Cristo. São Paulo diz: O
único pão nos torna um só corpo. Embora sejamos muitos, o mesmo pão é
compartilhado por todos.7 A Eucaristia torna a Igreja una.

A Comunhão é a instituição mais democrática de toda a história. Estamos


em comunhão não apenas com todos os membros da Igreja, mas também com
as alegrias da Igreja onde quer que estejam em qualquer parte do mundo e
com as tristezas da Igreja. Cada comunhão nos tornará cada vez mais
conscientes de ajudar a Sociedade de Propagação da Fé para que o Corpo de
Cristo cresça e possamos estar mais conscientes de nossa comunhão com o
outro neste corpo de Cristo. Na Missa, Nosso Senhor está no altar.

Pense no que nossas igrejas seriam se não tivéssemos uma lâmpada


vermelha do tabernáculo nos dizendo que nosso abençoado Senhor estava lá
em Sua presença eucarística. Eles seriam apenas casas de reunião ou salões
de oração. Quase nos sentíamos ao lado de um túmulo vazio na manhã de
Páscoa e um anjo dizia: “Ele não está aqui”. Graças à presença real de Nosso
Senhor em nossas Igrejas, a Eucaristia é a janela entre o céu e a terra. Graças
à presença real, olhamos para o céu, e o céu olha para nós.

Podemos rezar melhor ali diante de Nosso Senhor que está verdadeiramente
presente no Santíssimo Sacramento; embora o modo de presença seja
diferente, é o Cristo, nosso Salvador, nosso Redentor e nosso amor.

1 Mt 26:26 3 Ibidem, 6:56 5 Jo 20:17 6 7 1 Co 10:17


2 João 6:58 4 1 Co 11:26 Ibid., 20:27

208
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Capítulo Trinta

a missa

A Eucaristia
. de umpode ser considerada
sacramento ou de umtanto do ponto
sacrifício. Paradeentender
vista essa distinção,
voltamos à analogia da natureza. Todos os dias de sua vida você participa
de certos alimentos, produtos de trigo, legumes, peixe e carne. Todos eles
entram no sustento de sua vida. Antes que possam alimentá-lo, eles devem
ser submetidos a algum tipo de sacrifício.
Antes que possam ser o sacramento de sua vida física, eles devem morrer
ou ser sacrificados. Os vegetais devem ser arrancados desde a raiz,
submetidos ao fogo e à purificação das águas. Os animais devem ser
submetidos à faca. A morte, em outras palavras, intervém antes que você
possa viver. Até a natureza sugere que, antes de receber um sacramento,
você deve fazer um sacrifício. Antes que você possa ter comunhão, você
deve ter o sacrifício ou a consagração.
Correr pela natureza é a lei de que vivemos pelo que matamos.
Essas criaturas se submetem ao nosso viver; eles são transformados em
nossa vida superior. Esta lei parece ser aplicada até mesmo no Calvário.
Olhando para a Cruz, percebemos que vivemos daquilo que matamos.
Quem de nós pode alegar inocência da Crucificação? Nosso orgulho está
na coroa de espinhos, nossa avareza nas mãos presas, nossa carnalidade em

209
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

carne rasgada. Embora sejamos responsáveis por Sua morte por meio de nossos
pecados, Ele nos dá Sua vida. Nós vivemos pelo que matamos.
Dissemos que nosso abençoado Senhor veio a esta terra para nos redimir.
Sempre houve expectativa na história desse grande sacrifício. O homem, consciente
de sua própria indignidade, tomou trigo, uvas, novilhos, pombas e ovelhas e fez
essas coisas representarem a si mesmo. Então ele os destruiu para que houvesse
alguma prova diante de Deus de que ele não era digno de existir em Sua presença.
Você vê que foi um sacrifício vicário que representou o homem. Na religião judaica,
os tipos de sacrifício foram ordenados pelo próprio Deus. Um deles foi o Cordeiro
Pascal. Em todos os sacrifícios, pagãos e judeus, o sacerdote que oferecia era
sempre distinto da vítima que era oferecida. Se chamarmos o sacerdote de
ofertante, ele é distinto da fruta ou do animal que foi oferecido. Você poderia
apontar para o padre de um lado, a vítima do outro até que nosso Senhor
aparecesse. Nosso bendito Senhor foi sacerdote e vítima. Ele diferiu de todos os
outros sacrifícios do mundo desde que Ele Se ofereceu; Ele deu Sua própria vida.
Ele era o ofertante e o oferecido. Este ainda era um sacrifício vicário. Ele tomou
nosso lugar como se os pecados fossem dele. O que é a Missa? É a comemoração
da morte e aplicação desse sacrifício da cruz para nós.

Esta é uma ideia nova para muitos; portanto, teremos que usar a analogia do
Memorial Day. Todos os povos guardaram uma memória dos soldados que
morreram em batalha para evocar a piedade e o amor ao país.
Nos Estados Unidos, decoramos os túmulos dos soldados no Memorial Day,
lembrando o sacrifício que eles fizeram para que pudéssemos viver e ser
preservados em liberdade.
Nosso abençoado Senhor morreu como o grande Capitão de nossa salvação.
Ele não veio para viver; Ele veio para morrer. O propósito de Sua vinda, para se
oferecer em nosso lugar, foi desfazer nossa culpa infinita. Sua morte foi mais
importante do que os trinta e três anos de Sua vida física porque foi Sua morte que
comprou nossa salvação. O sacrifício sangrento na Cruz começou quando Ele
instituiu a Última Ceia.
Antes de instituir este memorial, as Escrituras declaram:

Jesus já sabia que havia chegado a hora de Sua passagem deste


mundo para o Pai. Ele ainda amava aqueles que eram Seus, a quem
Ele estava deixando neste mundo. E Ele lhes daria a mais absoluta
prova de Seu amor.1

210
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Parte IV: A Missa

Ele se propõe a dar a prova máxima, a Última Ceia espera por Sua Cruz.
Ele não vai deixar a memória de Sua morte para a lembrança casual dos
homens porque Ele sabe que os homens têm memória curta! Ele mesmo vai
instituir o memorial preciso. Nesta noite antes de morrer, na Última Ceia, Ele
institui, não um Dia Memorial, mas um ato memorial.

Aqui devemos recordar as palavras de nosso Senhor na Última Ceia,


Então Ele tomou o pão, abençoou e partiu e deu a eles dizendo: Isto é o Meu
corpo dado por vocês. 2 Continuando a escritura, Então tomou um

cálice e deu graças e deu-lho dizendo: Bebei, todos disto, porque isto é o
meu sangue do novo testamento, derramado por muitos para remissão dos
pecados.
Quando a substância do pão tornou-se a substância do corpo de Cristo,
a substância do vinho tornou-se a substância do Seu sangue. Ele diz à Sua
Igreja, e estou citando as Escrituras: O que acabei de fazer, façam vocês ,
por sua vez, em comemoração a Mim. faça isso.

Na noite da Última Ceia, quando nosso Senhor instituiu esta


comemoração de Sua morte, Ele esperava o calvário no dia seguinte. A Cruz
não seria um sacrifício distinto; não seria uma oblação totalmente diferente,
mas uma nova presença do mesmo sacrifício. Esta Última Ceia foi a
apresentação incruenta de Seu sacrifício, e o dia seguinte, quando nosso
bendito Senhor foi para a Cruz, seria sangrento. O que temos que enfatizar
aqui é que nosso Senhor disse: “Faça isso. Repita. Prolongá-lo. Estenda-o
através do espaço e do tempo para que todos possam compartilhar do Meu
sacrifício.” Quando fazemos isso, temos a Missa.
Aqui invocamos outra analogia e todas as analogias são incompletas,
mas aqui usamos a analogia de um drama. Suponha que algum grande
dramaturgo escreveu um drama magnífico. Pode ser a história de como toda
uma comunidade de leprosos foi curada dessa doença, como eles foram
restaurados à paz e à unidade entre si e como todos começaram a viver na
caridade.
Suponha que esse drama tenha sido bem escrito, apresentado e representado.
Seria uma pena se apenas as pessoas de uma cidade e em um teatro em
um momento o vissem. Que tragédia se aquele drama não tivesse outra
lembrança além do que quatro críticos dramáticos escreveram sobre ele,
contando sobre os personagens, citando uma linha aqui e ali.

211
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Você acha que nosso Senhor passou por essa tragédia do Calvário apenas
uma vez e não pretendia deixar outra lembrança além do que quatro escritores,
Mateus, Marcos, Lucas e João, poderiam dizer sobre isso? Claro que não! Assim
como os produtores de teatro organizavam companhias de teatro desse drama,
nosso abençoado Senhor organizou companhias de estrada. O grande trágico,
Cristo, ofereceu Sua vida pelos pecados do mundo de acordo com o roteiro escrito
por Seu Pai celestial. Imediatamente depois, de acordo com Suas instruções, a
tragédia do Calvário se repete em todo o mundo graças às companhias de estrada
que tocam todos os dias para casas lotadas. Esta reencenação do sacrifício de
Cristo na Cruz aplicada aos nossos dias e às nossas vidas é a Missa. Na Missa, o
Corpo Místico de Cristo oferece por Ele, e com Ele, o sacrifício do Calvário. Assim
como nosso bendito Senhor na Última Ceia ansiava pela Cruz, assim na Missa
nós olhamos para a Cruz e a Última Ceia.

O que levanta duas questões. Como o sacrifício da Cruz difere do sacrifício


da Missa? O sacrifício da Cruz e o sacrifício da Missa são o mesmo? Tomemos
as semelhanças, depois as diferenças. Há o mesmo sacerdote em ambos, Cristo,
e a mesma vítima em ambos, Cristo. Tanto na Cruz quanto na Missa, nosso
Senhor é tanto o ofertante quanto o oferecido. É por isso que as Escrituras

diz:

Tendo, pois, um grande sumo sacerdote que penetrou nos céus,


Jesus, Filho de Deus, retenhamos firmemente a nossa confissão.
Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se
das nossas fraquezas, mas alguém que em tudo foi tentado como nós,
sem pecado. Vamos, portanto, com confiança ao trono da graça: para
que possamos obter misericórdia e achar graça em ajuda oportuna.4

Observe o exercício contínuo de Seu sacerdócio. Na Missa Ele oferece Seu


sacrifício a Seu Pai. Ele está intercedendo como Sumo Sacerdote em nosso
nome. Imagine nosso abençoado Senhor no céu segurando Suas cicatrizes
dizendo a Seu Pai celestial: “Veja o que sofri pelos homens”.
Como perguntamos: “Se os sacrifícios do Antigo Testamento trouxeram
purificação, não deve o sangue de Cristo, que se ofereceu a Si mesmo pelo
Espírito Santo, purificar nossas consciências para servir ao Deus Vivo?” Nosso
Senhor é o Sacerdote e a Vítima. Entre nossos pecados e Sua glória, Ele interpõe
Seu sacrifício eterno.

212
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Parte IV: A Missa

Você pergunta: “Qual é o papel do sacerdote terreno quando ele está no


altar?”
Quando ofereço a Santa Missa, sou apenas o instrumento de Cristo. Ele
oferece a missa. Ele é o oferecido. Cada sacerdote é a imagem sacramental
de Cristo, em cuja pessoa e com cujo poder profere as palavras da
consagração. Nunca é demais repetir: Cristo é o Sacerdote; Cristo é a vítima.
Quando somos ordenados, recebemos o poder de agir pelo poder de Cristo
e em Seu nome. Emprestamos a nosso Senhor nossa língua, damos a Ele o
uso de nossas mãos, mas o sacrifício é Dele. Ele é o Sacerdote; Ele é a
Vítima.
Quais são as diferenças? O sacrifício da Cruz foi um sacrifício muito
sangrento e o sacrifício da Missa é incruento. No Calvário, aqueles que
estavam perto viram rios vermelhos de redenção fluindo pelas mãos, pés e
lado, mas na Missa não há crucificação física. A Crucificação é representada
simbolicamente sob as espécies do pão e do vinho. Uma segunda diferença,
na cruz nosso Senhor estava sozinho; na Missa o Corpo Místico está com
Ele. Na cruz, nosso Senhor estava sozinho; Ele redimiu a todos nós. Por
meio desse ato sacrificial, Ele fez um grande depósito em um banco para os
espiritualmente pobres do mundo. Somente pela vinda do Espírito poderemos
sacar desse depósito.

Quando o Espírito Santo veio e a Igreja começou a celebrar a Missa,


nosso Senhor não está sozinho, nós estamos com Ele. Ele, a Cabeça, faz
uso de Seu Corpo. O Corpo Místico está unido a Cristo, a Cabeça, o
ofertante; o Corpo Místico está unido a Cristo, a Cabeça, como o oferecido.
Quando celebramos a Missa as orações são no plural. Por exemplo: “Nós,
teus servos, Senhor, e conosco todo o Teu povo santo, oferecemos a Tua
Soberana Majestade este sacrifício”. Na Missa, o Senhor não é mais o único
Sacerdote, não é mais a única Vítima. Ele associou a Ele nós, sacerdotes
terrenos, que somos os instrumentos de Seu poder. Ele também tem vítimas
associadas a Ele, a saber, os sacrifícios e as batalhas contra o velho Adão e
a crucificação de nossas concupiscências e concupiscências, na verdade,
todas as provações do Corpo Místico de Cristo.

A missa então não é uma lembrança. A Missa é uma visão; é uma ação
no tempo e na eternidade. No tempo, porque o vemos acontecer diante de
nossos olhos no altar. É também na eternidade quanto ao valor da redenção.
Todos os méritos da morte de nosso Senhor, Ressurreição,

213
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Ascensão e Glorificação são aplicadas a nós. Unimo-nos ao grande e


eterno ato de amor, a Missa.
Se, quando a Santíssima Mãe, São João e Maria Madalena
estivessem ao pé da Cruz, eles tivessem fechado os olhos e apenas
se concentrado no tremendo mistério do amor que se desenrola
diante de seus olhos, eles estariam assistindo ao Missa. Se na Missa
fecharmos os olhos e nos concentrarmos naquele mistério, estaremos
equivalentemente com Maria, Madalena e João ao pé da Cruz. A
Missa não é um novo sacrifício; é a representação no espaço e no
tempo da redenção. Por que devemos ser penalizados pelo eterno
por causa do acidente do tempo? Existem mulheres hoje que querem
ser Verônicas e oferecer véus ao Cristo sofredor?
Existem homens como Simeão que querem ajudá-lo a carregar a cruz?
5 Queremos levar nossos próprios sofrimentos para uni-los a Ele, para
que sejam considerados parte de nossa expiação pelos pecados?
Diz-se hoje que a ciência poderá algum dia voltar e captar todos
os sons já falados e produzidos no universo, porque eles existem em
algum lugar do espaço. Podemos recuperar a voz de Alexandre,
Gregório, Damasceno e até mesmo a voz de Cristo. Compare
voltando, encontrando e repetindo o próprio sacrifício da Cruz, de
tomar a Cruz do Calvário, transplantando-a para Nova York, Londres,
Tóquio e Berlim, e aplicando os benefícios da redenção em nossas
almas agora. Que mistério de amor! Esta é a missa.

1
Jo 13:1
2 Mt 26:26-28
3 Lc 22:19
4 Hb 4:14-16
5 Mt 27:32

214
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Capítulo Trinta e Um

Pecado

Os três sacramentos
. ção anteriores
e a Eucaristia. Todosdiscutidos foram a
eles se referem o uma
Batismo,
vida aacima
Confirmação
do
físico; ou seja, a participação na vida divina. Pelo Batismo nascemos para
a vida divina; na Confirmação crescemos e aceitamos todas as
responsabilidades da união com nosso Senhor, e na Eucaristia, nossa
união com Ele atinge seu ápice e êxtase.
O sacramento da Penitência, ou Confissão, refere-se aos pecados
cometidos após o batismo. É o grande sacramento da misericórdia de Deus.
Se podemos usar a palavra como uma indicação de quão realista Deus é,
uma vez que nascemos para a vida divina, devemos viver nela. Mas alguns
caem levemente ou seriamente. Deus, em sua misericórdia, instituiu este
sacramento pelo qual os pecados cometidos após o batismo podem ser perdoados.
Nenhum ser humano jamais poderia ter pensado neste sacramento, pois
é algo como a Ressurreição; ressuscitamos depois de mortos. É uma viagem
de volta a Deus. Ele nos permite eliminar as infecções antes que elas se
tornem doenças crônicas e epidemias. Não é um sacramento desagradável
e necessário para ser visto apenas como uma humilhação. A penitência é o
influxo da misericórdia de Deus, uma oportunidade para aumentar a graça
do Calvário. É um medicamento para

215
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

a alma, a cura de nossas feridas, um retorno ao lar, um desfazer do passado,


uma oportunidade de recomeçar a vida, uma espécie de batismo secundário.
Às vezes, a reconciliação é mais doce do que uma amizade ininterrupta. Se
nunca tivéssemos pecado, nunca poderíamos chamar Cristo de Salvador. A
confissão é o sacramento que nos restaura à comunhão da Igreja, à
comunidade de Deus, ao Seu qahal, ao Seu corpo místico. Antes de
podermos falar sobre a penitência, devemos introduzir a palavra “pecado”.
George Bernard Shaw disse uma vez que o homem moderno está muito
ocupado para pensar em seus pecados. Talvez Shaw devesse ter dito que o
homem moderno se mantém nervosamente ocupado para não pensar em
seus pecados. Todo pecador é um escapista, assim como Adão era quando
se escondeu de Deus.
Os pecados que vamos discutir não são o pecado original, mas os pecados
pessoais. Falamos do pecado original e dissemos que não era pessoal, é o
pecado da natureza humana porque somos descendentes de Adão. Estamos
envolvidos nisso como um cidadão de qualquer país cuja cabeça tenha declarado
guerra. Deu-nos até uma tendência para o pecado, mas a inclinação para o
pecado não é pecado. Tornou-se possível transformar o sexo em luxúria, a sede
em intemperança e alcoolismo, a fome em gula e a prudência em avareza. Por
meio do pecado, nos tornamos quase como aqueles que receberam a herança
de uma grande propriedade, mas também com a hipoteca. Nossa natureza é
estragada antes de recebê-la.
Agora chegamos aos pecados pelos quais somos pessoalmente
responsáveis, eles às vezes são chamados de pecados reais. Por que o pecado
é possível? Porque somos livres. Você pode dizer a um homem que ele deve
fazer algo, mas em sua vontade ele pode resistir. O pecado está no abuso da
liberdade. Tem algo a ver com uma escolha errada ou má. Nós nunca pecamos sem a vontade
Podemos tomar duas atitudes em relação à liberdade, ambas erradas.
Podemos exagerar a liberdade humana; podemos minimizá-lo.
Quando negamos que somos criaturas de Deus e sujeitos à Sua lei,
exageramos a liberdade. Essa foi a essência da tentação do Diabo para nossos
primeiros pais. Ele disse: Vocês serão comparados a deuses.1 Em outras
palavras: “Vocês não serão criaturas; vocês serão criadores.” Exageramos a
liberdade quando dizemos: “Eu me amo, minha própria vontade. Eu sou minha
própria lei. Eu determino o que é certo e errado. Tratarei meu próximo como um
inferior, como um brinquedo para meu prazer, como um meio para meu lucro.
Eu sou o fim da minha própria existência.” Esse é o abuso da liberdade que você
encontra naqueles que vivem sem Deus.

216
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Parte IV: Pecado

Por outro lado, o pecado é possível quando minimizamos a liberdade.


Isso acontece quando negamos que exista algo como culpa.
Minimizamos a liberdade quando dizemos que toda culpa é morbidez; é um complexo
psicológico, ou a culpa é apenas uma ressaca de tabus religiosos, familiares e morais.
Aqueles que minimizam a liberdade sempre esperam ser elogiados quando são bons,
mas quando fazem o mal dizem: “Oh, não, realmente não é minha culpa. Eu estava
sob uma compulsão”, negando assim a responsabilidade. Ninguém é mau; ninguém é
um delinquente juvenil; eles estão apenas doentes!

“Você engordou muito? Você não pode evitar; você é um comedor compulsivo!”
“Você bebe demais? Você não pode evitar; você é um bebedor compulsivo!”

"Você rouba? Você não pode evitar; você é um ladrão compulsivo!”


Você vê por trás dessa palavra e por trás de todas as outras fugas existe a
suposição “estou determinado”.
“Sou determinado pelo ambiente.”
“Sou determinada pelos meus avós.”
“Sou determinado por algo dentro ou fora de mim.”
Essa negação de culpa é séria. De fato, existem algumas manifestações de
culpa. Quando Lady Macbeth lavava as mãos a cada quinze minutos, temos uma
manifestação mórbida de culpa, mas a culpa real induziu essa morbidez; ou seja, o
assassinato do rei em que ela estava envolvida. No passado, era costume um homem
culpar algo fora de si mesmo: economia, política, mau ambiente, pobreza, sociedade,
leite de grau B, playgrounds insuficientes. Em todos os casos, a culpa foi transferida
do indivíduo para fora dele mesmo. Uma desculpa popular é dizer: “Não, o homem não
é culpado de forma alguma. A culpa não está nas estrelas, mas totalmente em nosso
inconsciente. Não podemos deixar de ser do jeito que somos.”

Alguns efeitos muito sérios seguem esta negação da culpa pessoal.


O objetivo disso, como você vê, é tornar todo mundo “legal”. Os piores pecadores são
boas pessoas, mas negando o pecado eles tornam a cura do pecado impossível. O
pecado é muito sério, mas é mais sério negar o pecado. Se os cegos negarem que
existe algo como a visão, como eles verão? Se o surdo nega que haja algo como ouvir,
que chance há de ser curado de sua surdez? Pelo simples fato de negarmos o pecado,
tornamos o perdão dos pecados impossível! Aqueles que muitas vezes negam o
pecado tornam-se escandalosos, fofoqueiros e hipercríticos.

217
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

ics porque eles têm que projetar sua culpa real para os outros. Isso lhes dá
uma grande ilusão de bondade. O aumento da descoberta de falhas está em
razão e proporção diretas com a negação do pecado. Em algumas pessoas
o pecado funciona como um câncer, minando e destruindo o caráter por
muito tempo sem quaisquer efeitos visíveis. Quando a doença se manifesta,
algumas almas desistem da esperança que não deveriam.
Aí vem o desespero, algo que exige o infinito.
Os animais nunca se desesperam simplesmente porque não conhecem o
infinito. Raramente um homem se revoltará abertamente contra o infinito. Se
ele se revoltou e pecou e mesmo assim não aceita o fato, tenta minimizar a
gravidade do pecado com desculpas, assim como fez Caim. O homem
moderno perdeu a compreensão do próprio nome do pecado. Ele coloca a
culpa em outra pessoa: na esposa, no trabalho, nos amigos e nas tensões.
Às vezes, ao ignorar a culpa real, ele pode se tornar psicótico ou neurótico.
É terrível quando o desespero toma conta das almas. Viajar a setenta milhas
por hora em um automóvel já é uma velocidade excessiva, mas se mais vinte
milhas por hora forem adicionadas, o perigo aumenta. Pecados não
arrependidos geram novos pecados e o total vertiginoso traz desespero!
Então a alma dirá: “Estou muito longe!” O bêbado fica com medo de um dia
sóbrio que o faça ver seu próprio estado. Quanto maior a depressão, mais o
pecador precisa escapar por meio de novos pecados, até que ele clama com
Macbeth em seu desespero: “Eu vivi um tempo abençoado, pois a partir deste
instante não há nada de sério na mortalidade; tudo não passa de brinquedos.
O renome e a graça estão mortos.”2 O desespero muitas vezes se transforma
em fanatismo contra a religião e a moralidade. Um homem que se afastou
da ordem espiritual irá odiá-la porque a religião é um lembrete de sua culpa.
Maridos que são infiéis às esposas batem nelas para se justificar.

Algumas almas chegam a um ponto em que, como Nietzsche, querem


aumentar o mal até que toda distinção entre certo e errado seja apagada.
Então eles podem pecar impunemente e dizer com Nietzsche: “Mal, seja meu
bem”. A conveniência agora pode substituir a moralidade, a crueldade se
torna justiça e a luxúria se torna amor. O pecado se multiplica em tal alma
até se tornar o estado permanente de Satanás. Como disse Sêneca: “Todo
culpado é seu próprio carrasco”. Shakespeare disse: “A consciência faz de
todos nós covardes”.3 O que devemos fazer diante desse pecado? Continuar
negando? Não é muito melhor tentar defini-lo e entendê-lo?

218
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Parte IV: Pecado

Indicamos que o pecado não é uma manifestação de instintos animais;


não é uma erupção do subconsciente. Não é algo que aconteceu porque
fomos amados muito pouco por uma avó ou amados demais por um avô. É
um ato de liberdade pelo qual desarticulamos toda a natureza harmoniosa.
Não é apenas interesse próprio, mas é a afirmação de si mesmo a todo custo.

Aqui estamos assumindo o conceito muito elementar de pecado, então


vamos começar com algumas analogias de ordem física e biológica. O
pecado é a desobediência às leis de Deus no universo físico.
Suponha que alguém construa um arranha-céu a partir do prumo. O prédio
não vai ficar de pé porque ele se recusou a respeitar a lei da gravidade. Num
sentido amplo da palavra, ele pecou contra a lei física. Em um nível superior,
o bom senso também é um reflexo da lei divina. Estou livre para enfiar meu
punho através de uma vidraça. Minha punição é uma mão cortada e
sangrando. Eu violei uma lei e vejo as consequências.
Vá para a ordem biológica. Por que alguma coisa morre? Morre porque
há um domínio da ordem inferior sobre a ordem superior. Quando as plantas
morrem? Quando a ordem química começa a dominar a vida vegetal. O fogo
mata uma planta. O fogo pertence à ordem inferior.
Como um animal pode morrer? Pode morrer pelo domínio da vida vegetal
sobre a vida animal, como por meio de plantas venenosas. A morte é o
domínio de uma ordem inferior sobre uma ordem superior. Quando a alma
morre? Sempre que há o domínio da ordem inferior sobre a ordem superior:
o ego sobre a comunidade, a carne sobre o espírito, o tempo sobre a
eternidade, o corpo sobre a alma. Depois, há a morte que chamamos de
pecado. As Escrituras igualam a morte na ordem biológica e o pecado na
ordem moral. O salário do pecado é a morte.4 O pecado é uma violação
deliberada da lei de Deus. Se você comprar uma cafeteira elétrica,
encontrará instruções na forma de um mandamento. As instruções podem
ser: “Não coloque o plugue na corrente elétrica quando sua panela estiver
vazia”. Suponha que você diga: “Por que alguém deveria me dizer o que
fazer? Ele está violando meus direitos constitucionais!” Você esquece que o
fabricante da cafeteira lhe deu instruções para o uso perfeito. Quando Deus
nos criou, Ele nos deu certas leis, não para destruir nossa liberdade, mas
para que pudéssemos nos aperfeiçoar. Quando violamos essas leis, ferimos
a nós mesmos. Rompemos um relacionamento. Na parábola do filho pródigo,
o pai disse do filho pródigo: Ele estava morto; agora ele está vivo!5

219
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

O que é pecado para o cristão? É o rompimento de um relacionamento pessoal.


Para os que estão em estado de graça, é uma espécie de crucificação; é ferir e ferir
aquele que amamos.
Por que lamentamos nossos pecados? Não porque quebramos um contrato; não
apenas porque quebramos uma lei, mas porque machucamos alguém que amamos.
Somente quando descobrimos Deus e, acima de tudo, Sua misericórdia em Cristo,
começamos a entender o pecado plenamente. É preciso amor para nos fazer
entender o pecado. Isso parece estranho, mas é verdade.
Independentemente de quão grande seja o pecado, sempre há misericórdia. Ser
pecador é a nossa angústia. Mas saber que somos pecadores é a nossa esperança,
e a esperança é o sacramento da Penitência.

1 Gn 3:5
2 Macbeth, II, iii.
3 Hamlet III, i.
4 Rm 6:23 5
Lucas 15:24

220
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Capítulo Trinta e Dois

Pecado e Penitência

disse do ponto de vista natural, o pecado era uma violação do . lei


Nós de Deus. Todo pecado tem um triplo efeito: separa a pessoa de si
mesma, do próximo e de Deus. De si mesmo porque faz da alma uma espécie
de campo de batalha. Depois de um pecado, a pessoa sempre se sente como
um zoológico cheio de animais selvagens. Então o pecado aliena um homem
de seu próximo. Um homem que não pode viver consigo mesmo não pode
viver com seu próximo. Caim, depois de seu pecado, perguntou: Sou eu o
guardião de meu irmão?1 Finalmente, isso nos afasta de Deus e nos dá uma
sensação de solidão. De alguma forma, represamos a mente que deveria ter
comunhão com Deus.
Existem pecados mortais e veniais. Aqui falamos de pecados
pessoais ou reais. A diferença entre os dois é muito fácil de entender.
Falamos de alguém que recebe uma ferida mortal na ordem física,
que o mata. Se ele não estiver gravemente ferido, isso equivaleria a
um pecado venial. No pecado mortal, para os que estão na ordem
sobrenatural, mata-se a graça e extingue-se a vida divina. Na ordem
sobrenatural, um pecado mortal não é apenas uma violação da lei
de Deus; é uma crucificação. Como lemos na epístola aos Hebreus,
eles crucificariam o Filho de Deus uma segunda vez?2 O pecado é uma

221
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

segunda morte porque é a morte da vida divina. Quando caímos em pecado


mortal, perdemos todos os méritos que ganhamos antes. Podemos recuperá-
los após uma confissão sacramental, assim como uma árvore pode reviver na
primavera após um inverno muito rigoroso.
Um pecado venial não mata a vida divina, mas a fere levemente, como as
tensões entre amigos que põem em perigo a amizade, mas nunca a rompem
completamente. Quando se ama alguém, nunca se faz distinção entre pecado
mortal e pecado venial. É muito errado dizer: “Oh, é um pecado mortal? Se
for, não o farei. Se for um pecado venial, eu o farei. Um marido não faz
nenhuma distinção, se ele ama sua esposa, entre esbofeteá-la no rosto, deixá-
la com o nariz sangrando, morder sua orelha ou cortar sua garganta. Todos
eles são inconcebíveis para ele porque ele a ama.

Três condições devem ser preenchidas para que haja pecado mortal:
deve haver assunto grave ou grave, reflexão séria e suficiente e pleno
consentimento da vontade. Se você roubasse uma maçã do pomar de um
vizinho e ele tivesse dezenas de árvores, isso não seria grave. Pode não ser
um pecado de comissão, mas pode ser um pecado de omissão como não ir à
missa no domingo. Sempre deve haver reflexão suficiente ou total atenção ao
que se está fazendo. Na Quaresma, se comer carne na sexta-feira pensando
que é quinta-feira, não há pecado mortal. Deve haver pleno consentimento da
vontade. Medo, paixão e força podem diminuir o consentimento, mas não o
destroem. Nem sempre é fácil saber se alguém cumpriu essas três condições
e a melhor maneira de fazê-lo é confessá-las como duvidosas e pedir o
julgamento do padre. No pecado mortal há um elemento duplo, um retorno às
criaturas e um afastamento de Deus.

Para remediar todos os pecados e expiar os cometidos desde o batismo,


nosso bendito Senhor instituiu o sacramento da Penitência.
A matéria que submetemos neste sacramento constitui nossos pecados, que
submetemos ao julgamento da Igreja. O outro lado do sacramento são as
palavras do padre quando ele nos absolve. Ele diz: Deinde, ego te absolvo a
peccatis tuis in nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti. Amém. “Eu te absolvo
dos teus pecados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém."

Nosso Senhor, e não a Igreja, instituiu o sacramento. Não existia no


Antigo Testamento, embora no Antigo Testamento houvesse um
reconhecimento dos pecados diante de Deus. Quando Adão comeu

222
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Parte IV: Pecado e Penitência

do fruto proibido, Deus disse a ele: Você comeu da Árvore do conhecimento


do bem e do mal?3 Deus sabia que ele havia comido. Por que Ele perguntou?
A fim de obter uma confissão. Deus disse a Caim: Onde está teu irmão?4 Ele
tentou obter uma confissão de Caim. Caim recusou-se a confessar-se porque
respondeu: Sou eu o guardador do meu irmão?5 Através do Antigo
Testamento, todo pecador tinha que trazer uma oferta pelo pecado que era
queimada em público como se para admitir publicamente sua culpa. João
Batista ouviu a confissão dos pecados.6 Todos estes eram tipos do sacramento
vindouro porque a doação só é possível através da Paixão, méritos e
morte de nosso bendito Senhor. Ele certamente tinha o poder de perdoar
pecados e Ele o fez. Lembra-se do homem que desceu do telhado, o homem
que estava paralítico? Nosso bendito Senhor disse a ele, Teus pecados te
são perdoados . Quem pode perdoar pecados senão somente Deus?8 Eles
estavam certos; só Deus pode perdoar pecados. Mas como Ele fez isso? Ele
o fez através de uma natureza humana.

Deus pode comunicar poder a outras naturezas humanas se Ele


comunicar o poder do perdão à Sua Igreja. Ele o conferiu a Pedro quando lhe
deu o poder das chaves e disse a Pedro: Tudo o que ligares na terra será
ligado no céu.
E tudo o que desligares na terra será desligado no céu.9 O poder foi dado
somente a Pedro e é ratificado no céu. Nosso bendito Senhor também deu a
Pedro e aos apóstolos uma extensão desse poder. Soprando sobre eles
como um símbolo do Espírito Santo, nosso Abençoado Senhor disse a Pedro
e aos Apóstolos após a Ressurreição, Recebam o Espírito Santo. Quando
você perdoa os pecados dos homens, eles são perdoados. Quando você os
mantém amarrados, eles estão amarrados.10 Nosso abençoado Senhor
estava dizendo que todo o poder dado a Ele Ele agora passa para eles.
As próprias palavras que Ele usou para Pedro e os Onze, ou para Sua Igreja,
implicavam ouvir confissões. Se eles não ouvissem confissões, como
saberiam quais pecados perdoar e quais pecados reter? Eles só podiam fazer
um julgamento sobre o material dado.

Por que nosso Senhor instituiu a confissão e a revelação dos pecados?


Por que não devemos enterrar a cabeça no lenço e pedir desculpas a Deus?
Não há teste de tristeza se você é o juiz. O que aconteceria com a justiça em
nosso país se todos os juízes e tribunais quando

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

eles tiveram assassinos, ladrões e viciados em drogas antes de distribuir lenços


de papel? Pecado é orgulho; contar é a humilhação e a reparação do pecado. Na
ordem natural, uma coisa prejudicial não dói mais se for fechada, como um
furúnculo ou um dente que dói? Lançamos furúnculos para liberar o pus. Então
nosso Senhor disse que lançaria almas para liberar o mal nelas. A alma quer se
livrar de tudo que é prejudicial. Um pecado declarado perde sua tenacidade,
revelando seu horror. Um pecado reprimido surge em complexos. Quando
mantemos o tampão em nossa alma e não permitimos que o que está em nós saia
normalmente, quando reprimimos a culpa, então ela começa a sair em mil
anormalidades.
caminhos.

Deus foi misericordioso ao instituir este sacramento. Mas você pode perguntar:
“Por que devo confessar meus pecados a um padre? Talvez ele não seja tão
santo quanto eu”. Isso pode ser verdade, já que ouvimos as confissões de muitos
santos. Embora você seja mais santo do que o padre, você não tem mais poderes
do que o padre. Você pode ser um cidadão muito melhor do que o prefeito, mas
ele tem poderes que você não tem. Nosso abençoado Senhor deu o poder à Sua
Igreja. Ele não deu para as pessoas. Assim, um padre é o ministro autorizado do
sacramento. Além disso, o padre não o absolve. Um homem não pode perdoar
pecados. O sacerdote no sacramento é apenas o instrumento de Cristo; ele dá e
empresta a voz de nosso Senhor. Cristo perdoa e as palavras de absolvição
significam: “Eu, Cristo, te absolvo de seus pecados”.

Então, por que ter vergonha de confessar os pecados ao padre? Ele está
vinculado ao que é chamado de sigillum, ou o selo da confissão. Ele é apenas o
instrumento de nosso Senhor; os pecados que ele ouve não são dele; eles não
fazem parte de seu conhecimento. Nesse caso, ele era o ouvido de Cristo. Ele
não pode divulgar nenhum pecado que você confesse, mesmo sob pena de morte.
Suponha que eu guardasse dinheiro em uma gaveta da minha mesa e todos os
dias alguém entrasse e roubasse algum dinheiro da gaveta. Então a pessoa veio
a mim para confissão. Eu poderia dizer a essa pessoa para devolver o dinheiro
porque sempre deve haver uma validação do que estava errado, mas como
aprendi algo no confessionário, nunca mais poderia trancar a gaveta da minha
escrivaninha. Nenhum de seus pecados jamais será contado, nem podemos falar
com você sobre eles fora da confissão. Se você vier e confessar que roubou
dinheiro, eu não poderia ir até você mais tarde e dizer: “Lembre-se de que você
me contou sobre o dinheiro que roubou de

224
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Parte IV: Pecado e Penitência

aquela fábrica de picles? Você já o devolveu? Essa informação não é minha, é de


Deus.
Outra razão para confessar pecados a um padre é esta; nenhum pecado é
individual. Cada pecado diminui o Corpo Místico de Cristo e fere a Igreja. É
apropriado que um representante do Corpo Místico de Cristo restaure você
novamente à sua unidade e comunhão. Na Igreja primitiva até as penitências eram
públicas para indicar de forma gravíssima a injúria feita ao qahal, ao Corpo Místico
de Cristo, à Igreja.

Vamos entrar na prática real da confissão. Antes de entrar na caixa, você


examina sua consciência. Você começa com uma oração ao Espírito Santo para
iluminar. Lembre-se que é somente diante de Deus, e em particular diante do
crucifixo, que descobrimos nossa verdadeira condição. Não nos julgamos por
nossos próprios padrões, nem pela opinião pública, mas pelos padrões do próprio
Deus. Você pode examinar sua consciência de acordo com os Mandamentos. Este
nem sempre é o melhor caminho porque reduz a nossa vida cristã a frios deveres e
tendemos a tornar-nos legalistas e calculistas. Poderíamos examinar nossa
consciência à luz da virtude e dos sete pecados capitais. De qualquer forma, temos
que examinar nossos pecados de acordo com seu número, tipo e circunstâncias.
Quando você confessa pecados, nunca envolve outra pessoa. Você não pode dizer:
“Eu estava com raiva, mas você deveria conhecer minha esposa!” Tal confissão
não seria sincera.

Esta é uma história e é apenas uma história. Um dia, um grupo de madeireiros


do Canadá se confessou. Eles não se confessavam há cerca de dez anos ou mais.
Todos eles se alinharam fora da área, um após o outro. O primeiro entrou. Como
não havia feito um exame de consciência, disse ao padre: “Padre, cometi todos os
pecados que um homem pode cometer”.

O padre perguntou: “Você já cometeu assassinato?”


“Não,” ele disse, “eu não fiz. Esse é um pecado que nunca cometi.
“Bem”, disse o padre, “você sai da caixa e examina seu
consciência novamente; o número, o tipo e as circunstâncias do pecado”.
Ao sair da caixa, ele viu a longa fila de lenhadores do lado de fora e disse a
eles: "Não adianta esta noite, rapazes, ele está apenas ouvindo casos de
assassinato!"
Agora vamos para a caixa e começamos a confissão. Imediatamente nos
ajoelhamos, abençoamos a nós mesmos e dizemos: “Abençoe-me, Pai, porque eu tenho

225
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

pecou”. Então declaramos quanto tempo se passou desde nossa última


confissão em um período de tempo definido, como semanas, meses ou anos.
Suponha que temos alguém que não se confessa há cinquenta anos. Suponha
que ele tenha oitenta anos. Que tipo de confissão ele pode fazer? Ele não
consegue se lembrar de todo o número de pecados e coisas do gênero. Sua
confissão pode ser algo assim:

Padre, já se passaram cinquenta anos desde a última vez que


me confessei. Durante vinte anos da minha vida, nunca fui à missa.
Nunca frequentei os sacramentos. Nunca cumpri meu dever de
Páscoa. Eu não jejuei. Muitas vezes ao dia, usei o nome de Deus
falsamente, usei-o falsamente. Também fiz juramentos falsos no
tribunal cerca de cinco vezes. Fui desobediente de forma gravíssima
às autoridades civis, duas vezes. Assisti a um aborto, duas vezes. Eu
matei, uma vez. Fui alcoólatra por dez anos. Tive pensamentos
imodestos, certamente todos os dias por cerca de trinta anos, ações
imodestas comigo mesmo muitas vezes por cerca de dez anos.

Enquanto vivia com minha primeira esposa, cometi adultério várias


vezes durante um período de três anos. Enquanto minha primeira
esposa estava viva, casei-me novamente, então vivi em adultério por
cerca de cinco anos. Agora ela está morta.
Durante esse tempo, nos negócios, cortei atalhos; Paguei menos
que meus funcionários; Eu pensava apenas em ganhar dinheiro.
Nunca dei para nenhuma instituição de caridade, exceto quando fui
forçado a isso por vergonha pública. Lamento particularmente, uma
vez, ter recusado enviar cem dólares ao Santo Padre para missões
do mundo quando eu tinha muito dinheiro.
Entreguei-me a um espírito excessivo de divertimentos e festas.
Não consigo me lembrar de uma vez na minha vida ter ajudado
alguém em perigo. Nunca desisti de minhas noites para ajudar a
Igreja. Negligenciei completamente minha esposa no que diz respeito
à estima e ao afeto. Nunca mandei meus filhos para uma escola
religiosa. Deixei-os fazer o que quisessem e fiquei com raiva deles
por sua impiedade e agora estou sofrendo.

226
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Parte IV: Pecado e Penitência

Por estes e todos os pecados da minha vida passada, aqueles


dos quais não me lembro, mas como Deus os vê, peço perdão a
Deus e a você, Pai.

Esta é a confissão de um homem afastado do sacramento cinquenta


anos.

1 Gn 4:9 4
Ibid., 4:9 5 7 Mc 2:5 10
João 20:23
2 Hb 9:25-28 Ibid. 8
Ibid., 2:7
3 Gn 3:11 See More 6 Mt 3:6 9 Mt 16:19

227
Foto
cortesia
do
St.
Bernard's
Institute
Bishop
Sheen
Archives
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Capítulo Trinta e Três

Penitência

o sacramento da Penitência, passamos em revista os atos


Continuando
essenciais . da Penitência: confissão ou confissão dos pecados, contrição
ou tristeza e satisfação pelos pecados. Tratamos parcialmente da
confissão, ou da revelação real dos pecados. Quais são as diferenças
entre confissão literária, psicanalítica e sacramental?
Tomemos a confissão literária como em Jean Jacques Rousseau.
Aqueles que escrevem confissões modernas não confessam pecados
pela mesma razão que fazemos no sacramento. Rousseau tinha grande
orgulho em se revelar. Esse sentimento está quase implícito nas
confissões modernas: “Viu que patife eu sou?” Não há apenas orgulho,
mas também a intenção de despertar emoções, sentimentos, impulsos,
concupiscência e paixões semelhantes nas mentes do leitor. Toda
revelação do vício contribui para o aumento do prazer. Quando Santo
Agostinho escreveu sua confissão, houve grande vergonha, não orgulho.
Ele não contou nenhum de seus pecados graves. Alguém quase pensaria,
lendo As Confissões de Santo Agostinho, que a pior coisa que ele já fez
foi roubar uma maçã que ele fez representar todos os seus pecados
graves. Então, ele disse que escreveu suas Confissões para que todos pudessem conh

229
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

de Deus. Se você quiser ler a melhor análise da alma já feita, leia As Confissões de
Santo Agostinho.
Chegamos agora à outra objeção. Qual é a diferença entre contar os próprios
pecados na confissão e contar os pecados a um psicanalista ou a um psiquiatra?
Existem muitas diferenças. Na psicanálise há uma confissão da atitude mental e,
particularmente, uma confissão da inconsciência. A confissão, ao contrário, não é uma
confissão de um estado de espírito, mas um estado de consciência; é uma confissão
de culpa. A confissão é a comunhão da consciência com Deus. A mera revelação do
subconsciente de alguém nunca é muito humilhante.

A maioria das pessoas, quando descreve seu estado de espírito para um psicanalista,
geralmente termina dizendo: "Doutor, você já ouviu um caso como esse antes?" Eles
têm muito orgulho disso.
Outra diferença entre os dois é que todo mundo quer fazer sua própria narrativa,
sabendo melhor do que ninguém sua culpa. “Deixe-me contar” é um direito primário do
coração humano. A confissão satisfaz isso. Toda mente decente se ressente de ser
sondada por mentes alienígenas. Cada um quer abrir os portais da consciência pessoal
sem que ninguém arrombe as portas pelo lado de fora. A própria singularidade da
personalidade nos dá o direito de expor nosso próprio caso com nossas próprias
palavras, e é isso que acontece na confissão. Nós somos nossas próprias testemunhas.

Somos nossos próprios advogados de acusação. Somos, até certo ponto, nossos
próprios juízes. Nenhuma alma gosta de ser estudada como um inseto!
Outra diferença diz respeito à pessoa a quem as declarações são feitas. A
confissão é sempre feita a um representante da ordem moral. O analista representa
não a ordem moral, mas a ordem emocional. Quando você vai a um representante da
ordem moral, você vai lá para ser melhorado, para ter seus pecados perdoados, não
para explicá-los. Na confissão, a relação entre o confessor e o penitente é totalmente
impessoal. A própria estrutura da confissão protege o penitente de revelar sua
identidade: há uma tela; há um véu; nada pode ser passado, e o padre não pode ver
através. O penitente pode ir impessoalmente a uma confissão válida e indiferentemente
a qualquer sacerdote. Não faz diferença para qual ele vai. A consciência culpada quer
confessar sua culpa, não a um teórico de um determinado sistema, mas a um mediador,
uma divindade. A Igreja pede que o sacerdote que absolve o penitente esteja em estado
de graça, ele próprio participante da vida divina.

230
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Parte IV: Penitência

A psicanálise nunca levanta a questão da aptidão moral do analista. Ele


pode estar batendo na esposa em casa. Mas a Igreja sempre levanta essa
questão seriamente. Nunca pioramos ao admitir a necessidade de absolvição.
Não ficamos piores ao admitir que estamos todos com o coração partido
quando vamos nos confessar. Enfrentamos nossa culpa e pecado porque
temos a grande vantagem de permitir que Deus entre em nossos corações
partidos.
Na confissão natural, o penitente nunca é citado e forçado a ir.
Ele não recebe convocação, mas vai por conta própria; ele não é acusado,
ele se acusa; não há testemunhas externas, ele testemunha contra si mesmo
como o culpado. Portanto, não há questão de justiça vingativa como há nos
tribunais civis. A razão pela qual alguém se confessa é para ser curado, para
ser reincorporado a Cristo e também para receber Sua misericórdia.

Quando nos confessamos, tendemos a esquecer os pecados. Se


inadvertidamente nos esquecemos de mencionar até mesmo um pecado
grave, não há necessidade de voltar à confissão. É perdoado na intenção de
confessar o pecado, mas devemos mencioná-lo explicitamente na próxima
confissão. Ninguém parece perceber a grande vantagem que há na confissão
no que diz respeito à construção do caráter. Confere graça, dá poder à vontade.
Um incrédulo escreveu certa vez: “O costume da confissão mensal é uma
proteção magnífica para a moral da juventude. A vergonha gerada por esta
humilde confissão talvez salve um número maior do que o mais santo dos
motivos naturais.
Agora, assumindo que a confissão é feita, chegamos ao segundo ato do
sacramento; ou seja, contrição ou tristeza. Contrição significa quebrar,
esmagar, do latim conterere. A contrição não é um remorso mundano,
relacionado apenas com o passado. Não está relacionado a um padrão, não
está relacionado a Deus, não está relacionado à vida divina de Cristo. A
contrição é um desejo de que o que foi feito seja desfeito e não faz nenhuma
referência ao próximo ou a si mesmo. A grande diferença entre os dois é
evidente no caso de Judas e Pedro. Ambos pecaram. Nosso bendito Senhor
disse que ambos pecariam. Ele chamou Pedro de demônio1 e as Escrituras
dizem que o próprio Judas foi possuído pelo demônio.2 Por que Pedro foi
perdoado e Judas não? Foi porque Judas se arrependeu de si mesmo.3
Essa é a expressão exata das Escrituras. Pedro arrependeu-se perante o
nosso Senhor. Judas teve remorso; Pedro teve tristeza ou contrição.
A contrição é uma sincera atitude interior ou disposição da alma.

231
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Alguns dizem: “Tudo o que um católico tem que fazer quando peca é se
confessar, admitir seus pecados e ele sai branco como a neve”. Oh, não, ele
não! A mera confissão de pecados sem pesar e um firme propósito de emenda
não faz uma confissão válida. A absolvição do sacerdote não é eficaz, a
menos que haja grave pesar.
Sob certas condições, a pessoa pode ter remissão de pecados sem contar os
pecados. Sob nenhuma condição a absolvição é eficaz sem
tristeza.

Aqui está uma história que indica e revela quão importante é a dor.
Segundo essa ficção, um homem, que era batedor de carteiras, foi se
confessar e durante a confissão, que aconteceu no quarto do próprio padre,
o homem roubou o relógio do padre. Então, no final da confissão, ele disse:
“Oh, padre, esqueci de lhe dizer, roubei um relógio”.
O padre disse: “Você deve restaurá-lo ao dono”.
O homem disse: “Pai, eu darei a você”.
“Não”, disse o padre, “não quero. Você deve entregá-lo ao proprietário.

“Bem”, disse o homem, “o dono não aceita de volta.”


“Nesse caso”, disse o padre, “você pode ficar com ele.”
Não houve tristeza e deve haver tristeza e penitência.
Lembre-se de quanto nosso abençoado Senhor enfatizou: O Reino de
Deus está próximo. Arrepender-se! Arrependa-se e creia no Evangelho.4
Nosso abençoado Senhor disse que a tristeza era tão importante que Ele
introduziu o Reino de Deus com ela e o arrependimento. Como Ele disse, O
Reino de Deus está próximo. Arrependa-se e creia no Evangelho. Este foi o
primeiro sermão de Pedro; foi também o primeiro sermão de João Batista, e
foi o último sermão que nosso abençoado Senhor pregou. A tristeza é
absolutamente essencial. Por que Deus não é indiferente ao pecado? Porque
Deus é santo. Ele faz uma distinção entre o pecador e o pecado. Ele quer
separar os dois: a doença e o paciente, o erro e o aluno. Portanto, devemos
lamentar. De passagem, posso dizer que um católico sofre mais quando peca
do que aquele que não tem fé por causa de seu amor maior. Ele compreende
melhor o amor de nosso Senhor e a redenção na Igreja.

Imagine dois homens se casando com duas velhas megeras. Um dos


homens nunca foi casado antes; o outro era casado com uma esposa linda,
gentil, adorável e dedicada que morreu. Qual dos dois homens você acha que
sofreu mais? Obviamente, aquele que conheceu melhor o amor.

232
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Parte IV: Penitência

Os católicos sofrem muito quando pecam e não por outro motivo senão porque
feriram alguém que amavam. Embora soframos mais, nunca caímos no desespero.
Essa é a diferença com o mundo. Nossa tristeza não é apenas uma dor dirigida a
nosso Senhor; é também uma aversão ao pecado com o propósito de não pecar
novamente.
A tristeza é de dois tipos: é imperfeita e é perfeita. A tristeza imperfeita é a tristeza
que sentimos porque tememos a perda do céu e tememos o inferno. A tristeza
perfeita é a tristeza que temos porque ofendemos a Deus. Quando você vai se
confessar, enquanto o padre está lhe dando a absolvição, você recita o Ato de
Contrição.
Observe que o Ato de Contrição combina os dois tipos de dores:

Ó meu Deus, lamento muito ter-vos ofendido e detesto todos os meus


pecados, porque temo a perda do céu e as penas do inferno; mas
principalmente porque ofendem a Ti, meu Deus, que és todo bom e
merecedor de todo o meu amor. Resolvo firmemente, com a ajuda da
vossa graça, confessar os meus pecados, fazer penitência e emendar a
minha vida.
Amém.

Talvez eu possa ilustrar esses dois tipos de sofrimento contando a vocês sobre
filhos gêmeos. Ambos desobedecem à mãe de maneira igual. Uma das crianças vai
até a mãe e diz: “Oh, mamãe, me desculpe. Agora não posso ir ao piquenique,
posso? Isso é contrição imperfeita. A outra abraça a mãe e começa a chorar e diz:
“Mamãe, me perdoe! Eu te amo!" Essa é a contrição perfeita.

A contrição imperfeita é suficiente para receber a absolvição na confissão


sacramental. Mas suponha que você esteja em estado de pecado e não possa se
confessar. Suponha que você esteja em um avião que está caindo, ou você é um
soldado indo para a batalha, ou você está em algum estado de pecado grave e não
há como ir imediatamente à confissão. O que você deveria fazer? Você faz um ato
de contrição perfeita. Uma contrição perfeita perdoará os pecados, desde que você
tenha a intenção de ir à confissão sacramental na primeira oportunidade. Junto com
esta tristeza está o propósito da emenda porque dizemos que prometemos emendar.
O propósito da emenda não é a certeza da emenda. Isso seria presunção. São Paulo
diz: Se alguém pensa que pode ficar de pé, cuide para que não caia.5 O que significa
uma firme resolução

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

não pecar é o desejo sincero com a ajuda da graça de Deus de fazer tudo ao
nosso alcance para não cair novamente.
Nós nos examinamos e pensamos em maneiras de evitar a queda.
Quando estamos em estado de pecado, quando somos absolvidos como resultado
da confissão sacramental, tomamos o firme propósito de não pecar novamente.
A maneira de compensar o pecado é acabar com muitas das ocasiões de
pecado e compensar o pecado o mais rápido possível. Se formos desagradáveis
e sarcásticos, devemos compensar isso. Muitas pessoas cortam os outros com
comentários desagradáveis e nunca pedem perdão.
Eles simplesmente esquecem e deixam passar. Esta disposição não indica um
firme propósito de alteração. Se você roubou alguma coisa, você tem que
devolver. Se você foi culpado de calúnia, corrija-o. Então, eu digo, você evita as
ocasiões de pecado por meio de certas leituras, companhia ou visitas; você os
evita para provar a sinceridade de sua tristeza.
A tristeza é Eros, o deus da carne em lágrimas. A tristeza é uma intenção de
abandonar o ego. É difícil e às vezes é como ser esfolado vivo.

Para concluir o assunto da dor, você pode me perguntar: “O que é mais


comum na confissão, a contrição perfeita ou imperfeita?” Na minha experiência,
eu diria contrição perfeita porque a maioria das pessoas se arrepende de seus
pecados porque teme a perda do céu e teme o inferno e feriu nosso Senhor.
Afinal, é a Cruz que revela a dimensão do pecado. Ninguém jamais vê
completamente o pecado em sua total nudez até que compreenda a redenção.
Tome os erros, a estupidez e os crimes de cada dia. As pessoas os resumem
dizendo: “Oh, que idiota eu fiz de mim mesmo!” Há um mundo de diferença entre
isso e: “Oh, que pecador eu sou!”

Quando nos confessamos, há sempre um crucifixo no confessionário. Ao


nos ajoelharmos ali, vemos a Bondade pregada na Cruz. Lembre-se de que nós,
padres, temos que ir toda semana. Nós também somos pecadores. Quando
vemos o crucifixo diante de nós, vemos nossa própria biografia.
Não há necessidade de ninguém escrever minha vida! Lá está pregado em uma
cruz! Posso ler meus pensamentos naquela coroa de espinhos; as unhas são
como alfinetes, o pergaminho e a pele. Lá estou eu como realmente sou. Longe
esteja, portanto, de qualquer um de nós dizer: “Oh, não somos tão maus quanto
aqueles que crucificaram nosso abençoado Senhor”. Não esqueçamos que eles
não crucificaram nosso Senhor, exceto fisicamente. O pecado O crucificou! Nisso
somos todos iguais, somos todos representantes. Quando vamos para conf-

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Parte IV: Penitência

Assim, juntamos todo o lixo de nossas vidas, o tipo de lixo que


jogamos no porão de nossas vidas, assim como jogamos lixo no
porão de nossa casa. E nós pegamos tudo e colocamos aos pés
de nosso Senhor.
Se você já caminhou no sábado à tarde ou à noite para uma
grande igreja da cidade com fileiras de confessionários de cada
lado, você viu pés saindo das pequenas cortinas dos confessionários;
pés grandes, pés pequenos, pés masculinos, pés femininos. Eles
pertencem a pessoas que finalmente negaram seus pecados,
negando-os. A única parte deles que é revelada ao mundo, que se
destaca sob a cortina são os pés, a parte mais baixa, o símbolo da
ausência de orgulho. Quando um católico se confessa, em vez de
dar o melhor de si, dá o pior. Todo penitente, que já fez uma
confissão, ao entrar na caixa, disse: “Posso enganar os outros,
mas que tolo sou para enganar a mim mesmo e que tolo pecador
sou para pensar que posso enganar a Deus”.

1 Mt 16:23
2 Lc 22:3
3 Mt 27:3
4 Ibidem,
3:2 5 1 Co 10:12

235
Foto
cortesia
do
St.
Bernard's
Institute
Bishop
Sheen
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Capítulo Trinta e Quatro

Sacramento dos Enfermos

Shakespeare fala dos “males


. males e enfermidades quedos quaisno
falamos a carne é herdeira”
sacramento .
da Extrema
Unção. O sacramento também é chamado de sacramento da Unção dos
Enfermos. A doença faz muitas coisas para nós fisicamente e
psicologicamente, afastando-nos de muitas ocasiões de pecado. A
vontade de pecar certamente é enfraquecida pela enfermidade física. A
doença também manifesta a singularidade de nossa personalidade.
Começamos a perceber que “eu sou eu”; o eu é confrontado com o eu, a
alma vê a si mesma. A doença quebra o feitiço que define o prazer como
tudo o que devemos fazer para continuar construindo celeiros maiores,
já que a vida não tem valor a menos que seja emocionante. Reajustamos
nosso senso de valores e começamos a compreender as palavras de
nosso Senhor: Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder
sua alma imortal?2 Então isso pode terminar em morte. Há um
mundo de diferença entre a maneira como o pagão encara a morte e a
maneira como o cristão a encara. O pagão teme a perda do corpo; o
cristão teme a perda da alma. Para o cristão, a vida física e o mundo não
são tudo. Este mundo é apenas um andaime para ele; é um andaime
pelo qual as almas sobem para o reino dos céus. Quando o

237
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

última alma terá subido, então será derrubada e queimada com fogo
ardente. Não porque o mundo é vil, mas porque seu trabalho está
feito.
Há outra diferença entre o pagão e o cristão no que diz respeito
à morte. Um cristão nunca sente que todo o seu ser está ameaçado
pela morte; um pagão faz. Um pagão está sempre avançando para
a morte como se estivesse caminhando para um abismo. O cristão
está andando para trás da morte. Ele começa com o fato: “algum dia
eu vou morrer; algum dia devo prestar contas do meu navio de
mordomo. Sabendo que vou morrer, agora preparo minha vida para
que ela entre no reino dos céus”. A pior coisa que pode acontecer a
um cristão não é a morte. A maior tragédia é não ter amado o suficiente.
Estudemos o pano de fundo de um sacramento instituído por
nosso Senhor, o sacramento da Unção dos Enfermos. Muitas das
profecias contadas sobre nosso abençoado Senhor revelaram e O
anunciaram como o curador dos enfermos. Em incontáveis lugares
no Novo Testamento lemos frases como estas, Jesus andou
ensinando e pregando o Reino de Deus e curando todo tipo de
doença e enfermidade.3 Então, novamente lemos em Lucas, quando
nosso abençoado Senhor estava em Genesaré, como As escrituras
declaram: E eles começaram a trazer os enfermos a Ele, camas e
tudo onde quer que ouvissem que Ele estava. E rogaram-Lhe que os
deixasse tocar até a bainha de Seu manto, e todos os que O tocavam
se recuperaram. curado.5 O Evangelho não nos conta todos os
milagres de cura, mas São João termina seu evangelho dizendo que
se ele tivesse escrito todos os milagres que nosso abençoado Senhor
realizou, o mundo não seria grande o suficiente para conter o seus
livros. A questão é que nosso bendito Senhor, como o Filho de Deus
feito homem, tinha o poder de curar os enfermos.
Após a Ressurreição, nosso abençoado Senhor comunicou poder
aos Seus Apóstolos e aqui estou citando o evangelho de Marcos,
Imponha as mãos sobre os enfermos e os cure. em todos os
lugares.7 Como nosso Senhor comunicou esse poder? Como Ele
disse aos Apóstolos para curar? Ele lhes disse para fazer isso
usando óleo porque o Evangelho nos diz, e eles ungiram com óleo
muitos enfermos e os curaram.8 Nosso abençoado Senhor instituiu
este sacramento da Cura dos Enfermos, ou o que é chamado de
Extrema Unção e passou para a Sua Igreja. Nós

238
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Parte IV: Sacramento dos Enfermos

descobrir que a Igreja primitiva estava usando o sacramento exatamente como o usamos agora.
São Tiago, um dos Apóstolos, escrevendo em sua epístola diz:

Está algum doente entre vós? Chame os sacerdotes da igreja e


orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. E a
oração da fé salvará o enfermo.
E o Senhor o ressuscitará; e se estiver em pecados, ser-lhe-ão
perdoados.9

Essa é a descrição mais antiga que temos do sacramento da Unção


dos Enfermos. Observe que nosso abençoado Senhor disse a Seus
apóstolos para usar óleo. Assim como nosso Senhor em outros sacramentos
usou pão e água, Ele usa óleo porque o óleo foi usado para fortalecer o
corpo. Os atletas frequentemente esfregavam seus corpos com óleo e nosso
Senhor o usava para o sacramento. De onde vem esse óleo? O Bispo na
Quinta-feira Santa o abençoa. Existem três tipos de óleos que são
abençoados nesse dia. O óleo para este sacramento particular é distribuído
a várias paróquias. E durante o ano os sacerdotes ungem os enfermos com
este óleo. Quando o Bispo abençoa e consagra esses óleos, ele diz esta
oração particular sobre o óleo:

Com esta unção celestial, que ninguém seja curado, mas que
encontre proteção por dentro e por fora, eliminando toda dor e
doença, eliminando todas as doenças da alma e do corpo.

Deveria haver um sacramento para os enfermos assim como para os


feridos? Há um mundo de diferença entre ser ferido e estar doente, entre
ser cortado por uma faca e ter varíola.
Nosso bendito Senhor instituiu um sacramento para nossas chagas
espirituais, a saber, o sacramento da Penitência. Ele tem um sacramento
para a doença do corpo, o corpo unido à alma. A beleza deste sacramento é
que, embora a graça seja comunicada à alma, ela influencia o corpo de uma
maneira muito especial. Este sacramento não age da mesma forma que a
divindade de nosso bendito Senhor influenciou a humanidade que Ele
recebeu de sua bendita Mãe. Não! Mas de alguma forma misteriosa os
resultados da Paixão do nosso Senhor são derramados através da alma no
corpo, já que você não consegue pensar em nenhuma parte do corpo que
não tenha sido um veículo de pecado.
Este sacramento particular quer eliminar todos os vestígios desse
pecado e, de alguma forma, restaurar a saúde do corpo, se ele

239
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

seja a vontade de Deus. Você não pode pensar em um único pecado que
não tenha vindo através do corpo, nenhum. Inveja? Isso certamente veio
através dos olhos. Por exemplo, você viu como os Jones estavam se saindo
muito melhor e teve que acompanhar os Jones. Orgulho? Seu ouvido pode
estar envolvido. Alguém disse que você era inteligente ou bonito. Embriaguez,
adultério, roubo e blasfêmia, todos de alguma forma envolvem o corpo que é
objeto deste sacramento, até mesmo seus pés.
Você entrou em uma ocasião de pecado. Até o nariz! Seu nariz pode ter
contribuído para a vaidade, você pode ter cheirado comida boa e comido
demais. Uma vaidade considerável pode estar envolvida no uso do perfume.

Quando um pecado entra na alma através do corpo, sempre deixa um


rastro, assim como certas doenças. Eles deixam pequenas lembranças para
trás, não o tipo de lembrança que gostaríamos de ter. Os vírus deixam
vestígios de si mesmos. É por isso que certas doenças não são contraídas
novamente. Algumas doenças deixam uma marca importante, às vezes uma
marca embaraçosa, como a varíola. O pecado entra na alma através do
corpo, e depois de algum tempo o corpo se torna como uma chaminé através
da qual o fogo e a fumaça são emitidos da lareira. A chaminé fica cheia de
fuligem. Os navios que atravessam o oceano atraem muitas cracas. Os
esgotos ficam entupidos. Você simplesmente não pode ter pecados
derramando pelos olhos, ouvidos, nariz e pés sem que esses sentidos fiquem
obstruídos, cheios de fuligem, sujos e cheios de cracas.
A Igreja purifica as avenidas do pecado: os olhos, ouvidos, nariz, mãos,
lábios e pés. A purificação ocorre pela unção com óleo e palavras do
sacerdote. Primeiro o sacerdote unge sua testa, dizendo:

Através desta santa unção que


o Senhor em seu amor e misericórdia os ajude com
a graça do Espírito Santo. Amém.

Então o sacerdote unge suas mãos, dizendo:

Que o Senhor que te liberta do pecado te


salve e te levante. Amém.

Quando o sacramento da Extrema Unção, ou Unção dos Enfermos, é


dado a um sacerdote, ele é sempre ungido nas costas das mãos. Os leigos
são sempre ungidos na palma das mãos. O

240
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Parte IV: Sacramento dos Enfermos

A razão pela qual o padre é ungido nas costas da mão é porque a palma
da mão foi ungida quando ele foi ordenado sacerdote.
A extrema-unção é dada apenas em doenças graves. Aquele que o
recebe deve estar em perigo de morte por doença. Não precisa haver a
certeza da morte. O sacramento da Unção dos Enfermos não pode ser
dado aos soldados que vão para a batalha. Eles estão em perigo de
morte, mas não de doença. Se estiverem feridos, podem ser ungidos. Este
sacramento não deve ser adiado até que o paciente esteja inconsciente e
não possa mais participar das orações. Deve ser dado enquanto ele pode
elevar sua alma ao poder curador de Cristo, que está refrigerando seus
sentidos, sua alma e seus pecados. O sacramento não significa que a
pessoa vai morrer. Há muitos que acreditam que quando um padre é
chamado para administrar este sacramento específico, o paciente não
tem mais esperança. O Concílio de Trento recusou-se a considerar a
Extrema Unção apenas como um sacramento para os moribundos.

Na administração deste sacramento não há menção de


morte. Não é necessariamente o sacramento dos moribundos; é o
sacramento dos enfermos. Aqui está uma oração que o padre recita
depois de ungir as mãos, pés e outros membros do corpo. Ouça esta
oração; observe cuidadosamente que a palavra “morte” não é usada.
Observe que o peso da oração é a restauração da pessoa enferma:

Curai, nós Vos rogamos, ó nosso Redentor, pela graça do


Espírito Santo, as enfermidades deste enfermo [ou mulher],
suas feridas e perdoai seus pecados. Livrai-o de todas as
misérias do corpo e da mente e restaurai-o misericordiosamente
à saúde perfeita, interna e externamente, para que, tendo se
recuperado por um ato de bondade, ele possa assumir seus
deveres anteriores. Tu, que com o Pai e o Espírito Santo, vives
e reinas Deus, mundo sem fim. Amém.

Embora o sacramento seja administrado em um momento crítico, ele


se preocupa mais com a doença do que com a morte. O sacramento
poderia ser chamado de sacramento da Unção dos Enfermos. A graça é
sempre recebida pela alma. Somos uma unidade, um composto de corpo
e alma, e aqui este sacramento tem uma repercussão muito especial
sobre o corpo. Para usar uma palavra moderna, poderíamos chamá-lo de
sacramento psicossomático, o sacramento do corpo e da alma. Visa a cura do corpo,

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

não clinicamente, porque a Igreja considera o corpo diferentemente da


medicina. Para a Igreja, o corpo não é apenas um organismo; é também o
templo de Deus, a residência da vida divina. É por isso que São Paulo diz
que o corpo é para o Senhor.
Portanto, este sacramento olha para o corpo. Procura dar-lhe alívio para
que não impeça o amor da alma por Deus. Falhamos se não vemos a beleza
deste sacramento. Eu me pergunto se realmente expressamos a fé que
deveríamos ter. São Tiago falou da grande fé exigida quando se recebe o
sacramento?10 O divino Médico vem até nós e devemos olhar menos para
a nossa doença do que para Ele. A doença não exclui a possibilidade da
morte, porque todos estamos sob pena de morte. Se estivermos em perigo
de morte, recebemos o sacramento dos moribundos que é o viático. O viático
é a Eucaristia oferecida aos moribundos. Viático significa “no caminho você
leva o Senhor com você”.

Se for da vontade de Deus que a morte não seja adiada, então vemos
no sacramento, porque nossos sentidos foram purificados, uma incorporação
à morte de Cristo. Fomos batizados em Sua morte. A Eucaristia recordou-
nos a Sua morte. Somos incorporados de maneira especial. Dizemos com
nosso Senhor na Cruz, está consumado.11 Nossa morte está unida à Sua e
nós também estamos unidos à Sua Ressurreição. Este sacramento prefigura
a unção da glória futura. Aplica a ressurreição do corpo em antecipação,
aplicando-a aos nossos pensamentos e desejos. Podemos ir diante de Deus
com todas as vias do nosso corpo limpas.

Este belo sacramento lança uma ponte entre a terra e o céu. O mais
triste de nossos sofrimentos se casa com a saudade de Deus. Se você
quiser testemunhar este sacramento, basta ir conosco, padres, ao quarto
dos doentes enquanto ministramos aos moribundos. Ore para que você
nunca morra sem este sacramento.

1 Hamlet, III, I. 4 Mc 6:56 5 7 Lc 9:6 10 Ibidem, 1:5-8


Ibid., 5:28 6 11 Jo 19:30
2 Mt 16:26 Ibid., 16:18 8 Mc 6:13
3 Ibidem, 4:23 9 Tg 5:14-15

242
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Capítulo Trinta e Cinco

ordens sagradas

Conto-lhes uma história sobre um bispo e um padre como uma


Poderia
introdução adequada a um sacramento relacionado com o governo
da Igreja, a saber, a Ordem Sagrada?
Um companheiro de prisão do bispo contou-me esta primeira história.
O bom bispo foi colocado em uma prisão comunista chinesa. Por meio
de perseguições e espancamentos, seu peso caiu para cerca de 40 quilos.
Coberto de vermes, feridas de prisão, usando um gorro preto e um
quimono preto, ele não conseguia andar sozinho. Ele sempre teve
que ser apoiado por dois outros prisioneiros chineses.
Providencialmente; no entanto, ele foi o único na prisão que já
recebeu pão e vinho. Os comunistas não sabiam por que o deram a
ele. Se soubessem que ele ia ler a missa com o pão e o vinho,
certamente nunca o teriam dado a ele. Esta pessoa na prisão com
ele me disse que nenhuma missa em uma catedral gótica, com toda
a pompa e esplendor da liturgia, jamais poderia igualar a beleza
daquela missa dita pelo bispo enquanto ele se encostava na parede
da prisão com a bandeja de lata diante dele, movendo os dedos,
dizendo sobre o pão: “Este é o meu corpo” e sobre o vinho: “Este é o
meu sangue”. Então, secretamente, distribuiu a Comunhão para aqueles que com

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Ele foi colocado na marcha da morte, onde mais tarde ele morreu. Um coronel
comunista, que comandava a marcha, colocou um saco em seu pescoço. Pesava
cerca de trinta quilos. Foi amarrado de forma que, à medida que ele marchasse,
a corda se apertasse gradualmente, o saco ficasse mais pesado e o bispo
acabasse sufocado até a morte. Quando a marcha começou, este companheiro
de prisão me disse que rompeu as fileiras e foi até o coronel comunista e gritou
com ele: “Não faça isso! Olhe para o homem! Era uma espécie de Ecce homo. O
coronel comunista olhou para ele como se pela primeira vez na vida realmente
visse o sofrimento, e disse a quem o interrompeu: “Volte para a fila, seu cachorro!”

A marcha da morte começou. Este amigo meu disse que tentou espiar através
das filas dos prisioneiros para ver se conseguia ver o bispo apoiado por dois
outros prisioneiros chineses. Depois de cerca de uma milha, ele o viu. O bispo
ainda estava de pé, mas o saco não estava em suas costas. O saco estava nas
costas do coronel comunista.

Eu perguntei: “O que aconteceu?”


Ele disse: “Acho que ele foi edificado pela paciência e resignação do bom
bispo. Como resultado, o coronel comunista foi preso e enviado para a prisão”.

Em uma segunda história, os comunistas disseram a um padre para se


despir. Ele se despiu a ponto de deixar apenas os sapatos e as meias. Eles
começaram a espancá-lo na cabeça e no corpo com varas.
Ele se inclinou e começou a tirar os sapatos e as meias.
Eles disseram: “Deixe-os! Por que você quer tirá-los?”
Ele disse: “Porque eu quero morrer como nosso Senhor”.
De onde vêm os bispos e padres? Eles vêm de um sacramento. Recorde-se
que existem dois sacramentos sociais: o Matrimônio e a Ordem. Na ordem natural,
o homem e a mulher propagam a espécie humana pelo sacramento do Matrimônio.

Deve haver governo. Na ordem divina, sobrenatural, no Corpo Místico de Cristo,


deve haver governo e o sacramento do governo do Corpo Místico é a Ordem.
Neste governo há graus, ordem, hierarquia. A divisão dessas ordens é
principalmente três: diaconato, sacerdócio e episcopado.

Na noite da Última Ceia, e durante toda a Sua vida pública, nosso bendito Senhor
escolheu instrumentos humanos para mediar entre Ele

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Parte IV: Ordens Sagradas

e o mundo. Como diz a Escritura: Eles devem ser os ministros e


dispensadores dos mistérios de Deus.1 Novamente, na epístola aos
Hebreus lemos: Pois todo sumo sacerdote tomado dentre os homens é
ordenado pelos homens nas coisas que pertencem a Deus , para que ele
possa oferecer dons e sacrifícios pelos pecados.2 Somos dispensadores
dos grandes mistérios de Deus. Por que Ele não escolheu anjos?
Porque faltaria a um anjo simpatia, compaixão e sofrimento junto com
Aquele que já sofreu. Não é este todo o princípio da Encarnação? Nosso
Senhor não desceu, tomou sobre Si nossa natureza humana, tornou-se
uma espécie de escravo? Como dizem as Escrituras: Para que Ele tenha
compaixão de nós, compartilhe nossas aflições, compartilhe nossas
feridas.3 Ninguém jamais poderia dizer que Deus não sabe o que é ser
humano. Mesmo a única coisa que falta em Sua natureza, a qualidade da
feminilidade, Ele compensou chamando Maria para sofrer aos pés de Sua
Cruz em Sua Paixão. Nosso Senhor foi capaz de nos escolher porque Ele
compartilhou algo em comum conosco.
Como disse o cardeal Newman, Deus nos escolheu, criaturas fracas,
“pelo bem daqueles com quem lidamos”. Ele enviou para o ministério da
reconciliação não anjos, mas homens. Ele enviou seus irmãos a você,
seres de sua própria carne e osso. São seus irmãos que Ele designou,
filhos de Adão, para pregar a vocês, o mesmo por natureza, diferindo
apenas na graça e no poder; homens expostos às mesmas tentações,
mesma guerra interna e externa e com os mesmos inimigos mortais: o
mundo, a carne e o Diabo. Eles têm o mesmo coração rebelde humano,
diferindo apenas quando o poder de Deus mudou e governou. Não somos
anjos do céu que falam com você, mas homens a quem a graça fez diferir
de você.
Que estranha anomalia. Tudo é perfeito, celestial e glorioso na
dispensação que Cristo nos concedeu, exceto as pessoas de Seus
sacerdotes. Ele habita em nosso altar, o Santíssimo, o Altíssimo. Os anjos
se prostram diante dEle. No entanto, os sacerdotes, consagrados à parte
com seu cinto de celibato e manípulo de tristeza, são filhos de Adão, filhos
de pecadores de natureza caída. Todo sacerdote é uma espécie de
mediador entre Deus e o homem, trazendo Deus ao homem e o homem a
Deus, continuando o sacerdócio de nosso abençoado Senhor. Nosso
Senhor não era sacerdote porque o Pai o gerou eternamente. Nosso
Senhor era sacerdote porque tinha uma natureza humana que podia
oferecer para nossa salvação. Somos algo como a escada de Jacó que alcança

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

até os céus e ao mesmo tempo é colocado na terra. Todo sacerdote é uma


espécie de outro Cristo que tem relações verticais com Cristo no céu e
relações horizontais com os homens na terra.
Os Bispos são os sucessores dos Apóstolos. Nas Sagradas Escrituras
encontramos nosso bendito Senhor dando-lhes muitos poderes. Nosso
Senhor disse como Ele que eles são as luzes do mundo; como Ele, são os
pastores do povo cristão; como Ele, são as portas pelas quais o rebanho
entrará na Cidade Santa. Um bispo é consagrado, não apenas principalmente
para uma diocese; ele é consagrado principalmente para o mundo porque
nosso Senhor disse a Seus apóstolos: Ide pelo mundo.4 Somente por razões
jurisdicionais um bispo tem uma diocese, mas sua responsabilidade principal
é o mundo.
As missões da Igreja não são enjeitados à porta de uma chancelaria.
Todos os povos do mundo pesam em seu coração.
O que você pensaria de uma pessoa tão preocupada com seu próprio
coração que amarrou um torniquete em seus braços e pernas? Se lhe
perguntassem o motivo, ele poderia dizer: “Acho que meu sangue está
saindo para as extremidades do meu corpo; é desperdiçar força. Já que
quero preservar minhas forças, vou guardar todo o sangue em meu coração.”
Depois de um tempo, o coração não funcionava. Se um bispo dos Estados
Unidos se isolasse das extremidades do Corpo Místico de Cristo, da África,
da Ásia e da América Latina, falando aqui de um bispo dos Estados Unidos,
sua própria diocese, seu próprio episcopado sofreria. Os lados direito e
esquerdo do coração não têm comunhão direta um com o outro; eles têm
comunhão apenas porque o sangue passa por um lado do coração, percorre
todo o corpo e depois sobe para o outro lado. Cada bispo, cada diocese em
cada paróquia, tem comunhão consigo mesmo e comunhão com todo o
Corpo Místico de Cristo.

De onde vem esse chamado ao sacerdócio e à Ordem?


As Sagradas Escrituras nos dizem que devemos ser chamados por Deus como Arão foi.
Ninguém assume este ofício para si mesmo. Deus nem sempre escolhe o
melhor. São Paulo diz: Nem muitos sábios, nem muitos nobres, 5 porque o
poder realmente não está em nós; o poder está em Cristo. Ele pode escolher,
e é por isso que Ele chama vasos fracos, frágeis de barro, para serem os
portadores de Seu tesouro.
Esta vocação que chega até nós é bastante silenciosa na maior parte.
Deus nunca desce, sacode nossa cama e nos diz: “Vamos,

246
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Parte IV: Ordens Sagradas

levantar! Eu quero que você seja um padre.” Em vez disso, é uma chamada
longa e persistente. Não consigo me lembrar de um momento em minha vida
em que não quis ser padre. A oração da minha Primeira Comunhão era que
eu fosse padre. Durante todo o tempo em que estudei, sempre me senti
indigno e me sinto ainda mais indigno agora. Afinal, quanto mais trazemos
uma pintura à luz do sol, mais as imperfeições são reveladas; quanto mais
nos olhamos à luz do grande Sumo Sacerdote a quem devemos representar,
mais sujos nos vemos. Os tesouros que Deus colocou em nossas mãos e o
pouco interesse que atraímos nos assustam.

Cada um de nós é algo como Simão Pedro. Lembre-se de que Simon


era o nome que ele herdou de sua família; Pedro foi o nome que nosso
abençoado Senhor lhe deu. Em cada um dos sacerdotes existe esta dupla
natureza; existe a natureza Simon que derivamos de nossos pais. Nosso
pobre e fraco corpo humano, mente e vontade, é isso que Deus usa. Depois,
há a natureza de Pedro: o chamado de Deus e a infusão de poderes divinos
para perdoar pecados, ser sacerdote, renovar o sacrifício do Calvário. O
tempo todo sentimos nossos grandes poderes, sentimos nossas grandes
fraquezas. Esperamos que as pessoas percebam que a natureza de Simon
em nós não deve cegá-los ao poder de Peter.
É interessante recordar como São Pedro, no final da vida, mudou e se
tornou mais humilde. Na primeira epístola escrita alguns anos antes de sua
morte, ele começou chamando a si mesmo de Pedro, apóstolo de Jesus
Cristo.6 A última epístola, escrita pouco antes de sua morte, começou com
Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo.7 No final de sua vida, ele
voltou à sua natureza frágil de Simão e, unido em ambos, seu sacerdócio e
seu episcopado, a união do humano e do divino, acabou chamando a si
mesmo de servo. Somos servos de Jesus Cristo.

Nosso serviço é árduo. Envolve trabalho nos campos durante o dia e


serviço à noite. Não existe isso de dizer no final do dia: “Bem, cumpri meu
dever por hoje”. Em vez disso, nosso Senhor disse que devemos nos chamar
de servos inúteis.8 Quanto menos auto-satisfação houver em nossa vida,
mais zelo haverá em Seu serviço. Se contarmos os convertidos que fizemos,
é muito provável que comecemos pensando que os fizemos em vez do
próprio Senhor. Não podemos dizer: “Eu construí três reitorias, agora o Bispo
deve me fazer Monsenhor”. Ele ainda tem que ter em mente que ele não é
lucrativo

247
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

servo. As regras sindicais não são suficientes para nós, pertencemos a um


sindicato diferente, onde o amor, não o nosso, é o padrão.
Quando pensamos em tudo o que nosso Senhor fez por nós, nunca
podemos fazer o suficiente. A palavra “suficiente” não existe no vocabulário
do amor. É como dizer a uma mãe que passou a noite toda ao lado da cama
de seu filho doente que ela já fez o suficiente. Sabemos que somos chamados
de embaixadores de Cristo, mas também somos vítimas de Cristo. Sabemos
muito bem que nosso bendito Senhor se recusou a distinguir entre trabalho
e trabalho extra, entre estar de serviço e ficar parado, entre caminhar uma
milha e outra milha, entre dar nosso casaco e dar nosso manto. Nenhum
erro de autocomplacência é divinamente permitido; sem autopiedade, sem
nos vangloriarmos de nosso talento administrativo; somos servos inúteis
quando fazemos o nosso melhor. Somente ao nosso querido Senhor
pertencem o mérito e a glória de nossos serviços. A nós pertence apenas a
gratidão e a humildade de sermos rebeldes perdoados. Para resumir, somos
os embaixadores de Cristo e os canais de Seu poder. Nosso principal e
grande ato é a Santa Missa.

Ao ler a missa, levamos nosso abençoado Senhor na cruz daquele local


para Paris, Cairo, Tóquio e a missão mais pobre do mundo. Nosso trabalho
é estender o perdão de Cristo para nossos pecados e dar Sua bênção com
nossas pobres mãos. Subimos ao altar com nossa casula. Agarrados a essa
casula estão milhões de almas no mundo que não conhecem o próprio
Cristo. Quando tomamos uma Hóstia em nossas mãos, temos que ver nossos
dedos saírem da escravidão na mina de sal da Sibéria. Temos que ver
nossos pés como pés sangrando de refugiados caminhando para o oeste em
direção ao arame farpado além do qual está a liberdade. Ao olhar para as
velas, pensamos no brilho dos altos-fornos atendidos por homens magros
que tiveram suas vidas devastadas por aqueles que negam a justiça
econômica.
Os nossos olhos contemplam a Hóstia molhada com as lágrimas da
viúva e o sofrimento da órfã. A estola sobre nossos ombros é como a estola
do sacerdote do Antigo Testamento que vemos carregando as pedras das
doze tribos. Nós os vemos como pedras vivas, o fardo de todas as Igrejas e
dos povos do mundo. Arrastamos a humanidade para o altar e unimos o céu
e a terra. Fundimos nossas mãos nas mãos de Cristo, pois Ele vive para
interceder por nós.

248
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Parte IV: Ordens Sagradas

Dizemos com Pedro, eu te seguirei onde quer que vás,9 e ainda assim
não o fazemos. Vemos prados ensolarados e ao lado desses prados estão
nossa desolação, cansaço e solidão. Sentimo-nos cansados; nossos pés
doem; nossos corpos se rebelam e nossos espíritos vacilam. Há momentos
em que queremos sentar e colher flores e admirar a vista. Somos tentados
a perder a paciência com o passo calmo, lento e nunca vacilante de nosso Senhor.
Quando tropeçamos, somos tentados a mentir onde caímos, reclamando
que não podemos continuar. Dizemos a nós mesmos que não fomos feitos
para ser santos, mas sabemos que somos. Ore por nós.

1 2 Co 3:6 4 Mc 16:15 7 Tt 1:1


2 Hb 5:1 5 1 Co 4:7–13 8 Lc 17:10
3 Ibidem, 4:15 6 Ibidem, 1:1 9 Mt 26:33

249
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Capítulo Trinta e Seis

O Sacramento do Matrimônio

O casamento é um sacramento
Os ' fariseus e um se
perguntaram-lhe vínculo inquebrantável
era certo atéhomem
que qualquer a morte.
repudiasse
sua esposa por qualquer motivo. Nosso bendito Senhor respondeu:

Não lestes que aquele que fez o homem desde o princípio, os fez
homem e mulher? E ele disse: Por isso deixará o homem pai e mãe e
se unirá à sua mulher, e serão os dois uma só carne. Portanto, já não
são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não
separe.1

Nosso abençoado Senhor estava falando de casamento desde o início.


E quando surgiu a questão do divórcio, Ele disse: Digo-vos que aquele que repudiar
sua mulher e casar com outra, comete adultério. E também comete adultério aquele
que se casa com ela depois de ela ter sido repudiada.2
Essas palavras soam como um grande julgamento sobre a civilização,
onde nos Estados Unidos há um divórcio para cada 2,3 casamentos e
novos casamentos após tais divórcios. Não se deve pensar que divórcios e
novos casamentos são errados apenas para os católicos. Eles são
especialmente errados para os católicos, mas são uma violação da lei natural de Deus po

251
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

todos, sejam eles tibetanos, muçulmanos, hotentotes ou cristãos.


O pecado original e o dilúvio não bloquearam a ordem divinamente
estabelecida do homem e da mulher. No momento, estamos interessados
na ordem natural humana. O casamento não foi instituído pelo homem,
mas por Deus. Ele fez disso uma união, não um contrato. No casamento,
duas pessoas se tornam uma. Eles se tornam espiritual, mental e fisicamente unidos.
Existem juízes que concederão divórcios, mas como Deus os vê? Após o
divórcio, eles não são dois indivíduos separados como eram antes do
casamento; são fragmentos de uma personalidade conjunta, como um
bebê cortado em dois.
O casamento entre um homem e uma mulher deve ser duradouro
pela natureza do amor. Existem apenas duas palavras no vocabulário do
amor: você e sempre. Você, porque o amor é único; sempre, porque o
amor é duradouro. Ninguém nunca disse: “Eu vou te amar por dois anos
e seis meses.” Todas as canções de amor têm o toque da eternidade.
Por que o ciúme está no coração humano? Para ser a salvaguarda da
monogamia e um casamento duradouro! Considere a natureza do amor
na ordem humana. Existem três termos: o amante, o amado e o próprio
amor. Suponha que o amor tivesse apenas dois termos: meu amor e teu
amor. Haveria separação, impenetrabilidade. Tem que haver um terceiro
elemento, assim como duas videiras, para serem uma, devem estar
unidas no solo. Dois corações estão unidos por causa do amor que está
fora deles. Então a impotência do “eu” para possuir completamente o “tu”
é superada pela percepção de que há algo além de transformar o “eu” e
o “tu” em “nosso” amor. As pessoas que estão apaixonadas sempre
falam do “nosso” amor. Eles dizem um ao outro: “Tu és mais do que tu
sozinho, e meu amor não se afunda mais em ti porque ele se estende
além de ti para tudo o que vale a pena amar. Quando nos abraçamos,
nos abraçamos mais do que uns aos outros. Ao nos abraçarmos, damos
testemunho daquilo pelo qual somos abraçados, ou seja, pelo amor de Deus”.
Como diz o livro de Gênesis, homem e mulher foram criados por
Ele.3 Observe que eles se complementam e nunca admitiram uma
separação. Deus faz o homem; Deus faz a mulher do homem. Deus está
presente na criação do mundo e o homem está presente, embora em
êxtase, na criação de uma mulher. Porque o homem vem diretamente
de Deus, ele tem mais iniciativa, poder e criatividade. A mulher vinda de
Deus através do êxtase do homem tem intuição, resposta, aceitação,
submissão e cooperação. O homem vive mais no exterior

252
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Parte IV: O Sacramento do Matrimônio

mundo porque ele foi feito do pó. Ele está perto da natureza. É missão do
homem governá-lo. A mulher vive mais na ordem interna porque foi criada a
partir de uma vida humana interior. O homem está mais interessado no
mundo exterior. O homem fala mais sobre negócios e a mulher fala mais
sobre pessoas. Eles se complementam de maneira divina. O livro de Gênesis
diz: Não é bom que o homem fique sem companhia. Darei a ele uma
companheira de sua própria espécie.4 A criação divina de dois sexos é
sugerida como essencial para a comunhão. Uma companheira não significa
inferioridade; as diferenças se complementam, como um arco e um violino.
O casamento não é apenas um contrato; é uma união feita por Deus que
dura até a morte.
Existe uma ordem natural e uma ordem sobrenatural. Vivemos na ordem
do humano e do divino. Além da vida física existe a vida sobrenatural que é
graça. Nossos intelectos são iluminados pela fé e nossas vontades são
fortalecidas pelo poder da natureza divina.
Nosso abençoado Senhor faz do casamento um sacramento. Para aqueles
que estão unidos em Sua Igreja, Ele dá graça, força e poder para viverem
sua existência mútua. Todo sacramento tem dois elementos. O visível é a
troca de consentimento significada pela união das mãos e testemunhada por
um sacerdote. A graça invisível é comunicada por seu estado de casado.
Esta graça simboliza outro casamento, o casamento de Cristo e sua Igreja,
que é o significado do casamento sacramental. Uma explicação considerável
está escrita em todas as epístolas de São Paulo. Por exemplo:

Pois ninguém jamais odiou a sua própria carne, antes a nutre e


cuida dela, como também Cristo faz com a igreja: Porque somos
membros dele, corpo, de sua carne e de seus ossos. Por isso
deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher.
E serão dois em uma só carne. Este é um grande sacramento:
mas eu falo em Cristo e na igreja. 5

Ele também disse: Maridos, amem suas esposas como Cristo ama a Igreja.6 Nós
chegar a uma razão profunda. São Paulo o descreve como um grande mistério.
O casamento dos batizados na Igreja significa outro casamento. Por
todo o Antigo e Novo Testamento, Deus expressou Seu relacionamento
conosco em termos de núpcias. No Antigo Testamento, Deus sempre falou
de Si mesmo como o Noivo, o marido de Israel, que era o qahal. Israel, ou o
povo escolhido, foi considerado

253
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

por Deus como a Noiva de Deus. Há muitas passagens no Antigo


Testamento mostrando como Deus não poderia encontrar outro símbolo
de Seu amor por Israel e pelo veículo de Sua revelação senão o
simbolismo do amor conjugal.
No devido tempo, Deus se torna homem. Nosso Senhor jamais
chamaria a Si mesmo de Noivo? Sim, Ele o fez de maneira muito natural.
Uma das ocasiões foi quando Lhe perguntaram por que Seus discípulos
não jejuavam como os discípulos de João Batista. A resposta de nosso
Senhor foi: Você pode esperar que os homens da companhia do Noivo
jejuem quando o Noivo ainda está com eles?7 O Noivo deve ser levado
embora. João Batista chamava a si mesmo de “amigo do Noivo”,8 uma
espécie de padrinho. Acho que há um belo mistério escondido nas
bodas de Caná. Nosso Senhor começou Sua vida pública ajudando na
festa de casamento, mostrando que Seu relacionamento com Sua Igreja
poderia ser exatamente como o relacionamento revelado no Antigo
Testamento. A antiga qahal de Israel tornou-se a nova Igreja, ou o novo
Israel. Através da redenção e do Pentecostes, tivemos a continuação
deste simbolismo. Eva foi a continuação do homem, osso de seu osso,
carne de sua carne. A continuação do novo Adão é Cristo.

Um casamento humano é como a união de nosso Senhor e a Igreja.


Quando o noivo e a noiva estão no altar, lemos a cerimônia de
casamento informando-os: “Você, o noivo, representa Cristo e você, a
noiva, representa a Igreja”. O casamento torna-se belo quando esta
graça misteriosa lhes é conferida. As Escrituras nos dizem que, assim
como Cristo é o cabeça da Igreja, o homem é o cabeça da mulher. Esse
homem é o cabeça da mulher exatamente da mesma maneira que
Cristo é o Cabeça da Igreja.9 O marido deve se sacrificar. para a
esposa. Ele era a cabeça morrendo, sacrificando-se e derramando Seu
sangue. A liderança é baseada no auto-esquecimento por causa do
amado. A esposa está relacionada com o marido da mesma forma que
a Igreja está relacionada com nosso abençoado Senhor através do
amor, serviço e devoção. O marido está acima da cabeça da mulher,
assim como Cristo está na cabeça da igreja. Isso se torna sacrifício,
não superioridade.
Há outra razão divina pela qual o casamento de pessoas batizadas
é inquebrantável. Eles simbolizam a união inquebrantável e eterna de
nosso Senhor e da Igreja. Quando o Filho de Deus veio para

254
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Parte IV: O Sacramento do Matrimônio

esta terra e tomou sobre Si uma natureza humana, que floresceu


em Seu Corpo Místico, a Igreja, Ele não a tomou por três anos, mas
por toda a eternidade! Um marido toma uma esposa como Cristo
tomou a Igreja até que a morte o separe. Para simbolizar a união
duradoura dos esponsais entre Cristo e Sua Igreja, eles devem amar
um ao outro até serem separados pela morte.
Oculto nesta adorável descrição do simbolismo do casamento
está o fato de que só pode haver uma Igreja. Lembre-se nas
escrituras, a Igreja é a Noiva de Cristo. Você acha que nosso Senhor
poderia ter muitas noivas? Isso seria adultério espiritual! Há um
cônjuge; há uma Igreja, e essa união continua para sempre. Assim,
o casamento de marido e mulher é inquebrantável na ordem sacramental.
Aqui está um pequeno problema teórico que ajuda a revelar esta
verdade. Suponha que João e Maria se casaram em uma missa
nupcial, foram à porta da igreja e se separaram. Eles nunca mais se
viram. Esse casamento pode ser dissolvido? Sim, sob certas
condições. Isso é chamado de casamento Ratum et non
consummatum, um casamento ratificado na Igreja, mas nunca
consumado pela união de dois em uma só carne. A união de marido
e mulher em um casamento apenas ratificado, mas não consumado,
é algo como a união da alma individual e Cristo pela graça. A alma
individual, muitas vezes, é separada de Cristo pelo pecado. Um
casamento ratificado e consumado tem o simbolismo da união de
Cristo e sua Esposa, a Igreja, e esses dois nunca podem ser
separados. O casamento deles é absolutamente inquebrável.
Como é lindo o casamento na Igreja. A fidelidade é um
compromisso eterno com o futuro. A alma sabe que não pode ser
salva se não for fiel ao cônjuge, mesmo em meio à provação. Se o
amor de Deus nunca é retirado de Sua Igreja, então o amor de
marido e mulher nunca é retirado um do outro. O amor deles é a
proclamação ao mundo de outro casamento, o casamento que nos
dá alegria e felicidade, a bela união de Cristo e Sua Noiva, a Igreja.

1 Mt 19:4-6 2 5 Ep 5:29-32 6 9 Ep 5:23


Ibid., 5:25 7 Mt
Ibid., 5:32 3 9:15
Gn 1:27 Ibid.,
4 2:18 8 João 3:29

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

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PARTE V
– Mundo, Alma e Coisas –

“Vejo que embora os que duvidam tenham sufocado a vida espiritual,


Como os filisteus sufocaram os poços de Abraão, Ainda assim,
se apenas cavarmos, como Isaque fez, Encontraremos
as águas subterrâneas da vida Ainda lá enterradas e não
destruídas.”

— Fulton J. Sheen
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Capítulo Trinta e Sete

Sexo é um mistério

As duas palavras
. são mais usadas
as palavras e abusadas
liberdade em nossoémundo
e sexo. A liberdade moderno usada
frequentemente
para significar a ausência de lei e o sexo é frequentemente usado para significar
a ausência de restrição. Começaremos com três expressões populares sobre o
assunto sexo e depois aplicaremos algumas reflexões sobre essas expressões.
A primeira expressão popular é: “Sexo não é algo para se envergonhar”.
Está certo se sexo significa que a raça humana se reproduz de uma forma
que dá prazer. É errado se significar licenciosidade carnal, a bagunça que o
instinto sexual nos colocou hoje com o uso descontrolado de literatura
pornográfica como se essas coisas não fossem motivo de vergonha.
Tomemos um segundo: “Devemos ser auto-expressivos”. É correto se
significa que devemos aperfeiçoar nossa personalidade. É errado se a auto-
expressão significa permitir ao instinto sexual toda satisfação em todos os
momentos e em todas as circunstâncias. Devemos analisar todo o significado
do termo auto-expressão. Você pode imaginar um soldado em batalha
desertando da linha e depois correndo de volta para a segurança, encontrando
um oficial superior, e o oficial superior dizendo a ele: “Estou tão feliz que você
tenha se expressado. Herdamos várias ideias vitorianas antigas sobre um
homem permanecer no campo de batalha. Certamente nós

259
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

devemos seguir a expressão “Seja você mesmo”, mas temos que nos lembrar
do que somos. Somos seres humanos.
Então, uma terceira expressão frequentemente usada hoje é: “Deus nunca
teria nos dado esse instinto particular, a menos que Ele pretendesse que o
usássemos!” Certamente temos o direito de usá-lo de acordo com nossa
natureza. Nossa natureza é racional; temos que viver de acordo com propósitos e objetivos.
Devemos usar nossos instintos de acordo com a ordem da razão e não de
acordo com o mero instinto. Temos um instinto de caça, mas devemos usá-lo
adequadamente. Assim como a sujeira é a matéria no lugar errado, a luxúria é
o instinto sexual no lugar errado.
Citamos o sociólogo Dr. Pitirim A. Sorokin, que escreve:

Essas famílias entre nós que frequentemente mudam de marido e


mulher, que falham em seus deveres para com seus filhos e adotam
o código moral da sarjeta estão nos empurrando para o caminho do
caos. A Grécia, nos séculos III e II antes de Cristo, trouxe o sexo à
tona. Sabemos porque também naquela época havia homens que
se orgulhavam de sua objetividade ao registrarem calmamente a
imagem angustiante de famílias inteiras se reunindo para se
entregarem a comportamentos promíscuos. O adultério e a
prostituição eram tão comuns que aqueles que se entregavam eram
considerados apenas como sujeitos interessantes.1

Agora observe como este sociólogo conclui:

Mas tal sociedade não foi capaz de reunir a espinha dorsal para
resistir em face da guerra ou suportar o programa de austeridade
que poderia ter salvado aquela economia exagerada.
Logo a glória que era a Grécia acabou e a poderosa Acrópole era
apenas uma encosta coberta de mármore em ruínas.

Seria bom para qualquer país que enfatiza demais a carne se lembrar
dessa lição de história.
Tomemos um ponto de vista totalmente diferente. Há uma certa simpatia a
ser estendida àqueles que protestam contra a maneira como a pureza e a
castidade foram enfatizadas. Muitas vezes é negativo.
Quase todas as palestras sobre castidade começam com “Não faça isso” ou
“Não faça aquilo”. Parece que era quase uma virtude negativa em vez de
positiva. Não, o cristianismo nos ordena: “Olhe para as coisas de uma maneira

260
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Parte V: Sexo é um mistério

caminho divino” e “O que aprendemos estudando o homem?” Vemos que


todo ser humano tem dois instintos fortes e fundamentais: um é a fome, o
outro é o sexo. Deus implantou ambos. Graças à fome preservamos a vida
individual. Graças ao sexo preservamos a vida social. Deus teve que associar
grandes prazeres a esses dois instintos para garantir a continuidade tanto da
vida pessoal quanto da vida humana.
corrida.

Naturalmente, haverá desvios, excessos com qualquer um desses


instintos. O homem pode comer demais; ele pode beber demais; e seu corpo
vai engordar. Ou pode haver excessos do instinto sexual, pode haver
desordenação. Assim como alguém pode produzir problemas de saúde por
abusar do instinto de fome, pode-se desenvolver uma mente carnalizada. Em
geral, não colocaríamos lixo no estômago, mas com muita frequência
colocaremos lixo na mente.
Agora olhando para isso positivamente; os jovens não devem pensar,
portanto, que esse desejo que eles têm é errado. É divino; é enviado do céu;
é bom! Nunca é desperdiçado, mesmo quando controlado, porque a energia
que poderia sair fisicamente é sublimada e pode sair de outra forma mental
e espiritualmente, como acontece com mais frequência.
Vamos tentar tratar este assunto de forma digna e positiva. Começamos
perguntando: o que é pureza ou castidade? A pureza é a reverência
prestada ao mistério do sexo. Se usássemos a palavra grega, usaríamos a
palavra “sacramento”. Você se lembra que na ordem sobrenatural todo
sacramento tem dois elementos: um material, um espiritual; um para ser
visto, ouvido ou tocado e o outro que é divino. Na ordem natural, o sexo é
um mistério porque tem essas duas características. Sexo é algo conhecido
por todos e escondido de todos. O elemento conhecido é que todos são
homens ou mulheres; o elemento invisível e misterioso do sexo é a sua
criatividade, uma partilha de alguma forma do poder criativo de Deus.

O amor de Deus fez Dele um Criador. Deus derramou amor no homem


e na mulher para torná-los co-criadores com Ele como um dom gratuito.
Temos certos movimentos em nosso corpo que não estão sujeitos à
liberdade. A respiração, a digestão e a circulação são, em grande parte,
inconscientes e involuntárias; eles seguem independentemente de nossa
vontade. Mas criar um poema, um estatuto ou uma criança é um ato livre.
Deus deu a missão divina, Aumentar e multiplicar.2 Somos enviados a este
mundo para passar uma tocha, a tocha da vida, e Deus colocou isso em nossas mãos para

261
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

queime controlado até o propósito e destino fixados por Ele. A pureza é a


reverência prestada ao mistério do sexo e o mistério do sexo é a criatividade.

Toda criatividade é cercada de reverência e dada ao homem e à mulher.


Tem havido uma associação da religião com a unidade do homem e da
mulher, não só no cristianismo, mas também entre todos os povos pagãos.
Eles acreditavam que esse grande poder de criatividade deveria ser cercado
de alguma forma por sanção religiosa. Se entendermos o mistério
corretamente, nós, mortais, fornecemos ato, pão, água e palavras, assim
como o homem e a mulher fornecem a carne e Deus fornece o mistério.
Há uma sensação de mistério, reverência e reverência que faz com que
rapazes e moças se esquivem de uma entrega muito precoce do segredo.
Uma das razões pelas quais o homem é naturalmente cavalheiresco com
uma mulher não é porque ele acredita que ela é fisicamente mais fraca, mas
por causa da admiração que sente na presença do mistério. A mulher é
terna, sensível, até tímida porque tem um grande mistério dentro de si.
Por que o sexo não pode ser usado fora do casamento? Porque certos
poderes devem ser usados apenas em certos relacionamentos. O que é
lícito em um relacionamento não é lícito em outro. Um homem pode matar
outro soldado em uma guerra justa, mas não em sua qualidade privada de
cidadão. Um policial pode prender alguém como um guardião da lei
devidamente nomeado e fortalecido por um mandado. A criatividade do
homem e da mulher é lícita sob um relacionamento sancionado por Deus chamado casam
A pureza nunca separará os dois. As coisas que Deus uniu não serão
separadas.
Pureza não é apenas integridade física. Em uma mulher, é a firme
resolução de nunca usar o poder até que Deus lhe envie um marido; em um
homem, é um desejo constante de esperar na vontade de Deus que ele
tenha uma esposa para usar nos propósitos de Deus. A pureza começa na
vontade e daí flui para fora, limpando a imaginação e, finalmente, o corpo.
A vida é impura apenas quando a vontade é impura. Você vê que a pureza
é o sacristão e guardião do amor. Não queremos ver uma bandeira americana
sob os pés de alguém porque há um mistério nessa bandeira; simboliza
outra coisa. Os puros ficam chocados com o impuro porque é a prostituição
do sagrado e torna o reverente irreverente. A essência de toda obscenidade
é transformar o mistério interior em uma piada. Há uma presença oculta de
Deus em cada pessoa e uma presença divina oculta no Pão do altar. Cada
per-

262
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Parte V: Sexo é um mistério

filho torna-se uma espécie de hóstia consagrada. Não como o Pão do altar,
mas porque a castidade, ou pureza, é um afeto consagrado. Observe que
estamos tornando isso positivo, não negativo. Um jovem acompanha uma
jovem e se dedica aos ideais dela e ao casamento.
O amor inspira caridade, castidade e pureza.
Queremos descrever o perigo de isolar o sexo do amor e seu propósito
e criatividade. Suponha que o diretor de uma orquestra fique muito
consciente de suas mãos, concentrando-se em como vai segurar a batuta.
Você acha que isso terá um efeito sobre a música? Suponha que ele se
concentre na música, na orquestra e na produção da harmonia. Tudo se
encaixa no lugar. Ele está inconsciente da mão.

Quando o sexo se torna parte do amor e do propósito da vida, é uma


dedicação e se encaixa no todo. Sexo não é algo isolado da vida. O
autocontrole é a subordinação de uma parte a um todo para servir a um
entusiasmo maior. A pureza bem compreendida combina com o amor e o
instinto sexual. A Comunhão frequente é o melhor guardião da castidade
porque o sexo é colocado no contexto do amor.
Já dissemos que a castidade é o vestíbulo, o sacristão do amor.
Quando nos apaixonamos por nosso Senhor, quando sentimos esse
tremendo êxtase da Santa Ceia e da unidade com nosso Salvador, então
cada parte de nós, nosso instinto de fome e instinto sexual se torna parte
desse amor. O amor desperta a castidade; não é o contrário. Desde o
momento em que somos crianças, chegando à idade da razão até a velhice,
é o amor de Deus que torna compreensíveis todos os outros tipos de amor,
até mesmo o amor de marido e mulher. Aquele que ama a honestidade
nunca precisa ser instruído a não roubar. Aquele que ama o próximo nunca
precisa ouvir para não cortar sua garganta.
Qualquer um de nós que ama a Deus, as pessoas humanas e o mistério
da criatividade nunca precisa ouvir que não faça algo. Estamos apaixonados
pelo mistério. Sexo é a reverência prestada ao mistério da criatividade.

1 Pitirim A. Sorokin, Social and Cultural Dynamics.


2 Gn 1:28 See More

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Capítulo Trinta e Oito

Prevenção de Nascimento

O assunto é controle
. aqueles que o de natalidade,
praticam mas as palavras
não acreditam são um equívoco
em nascimento porque
ou controle.
Nunca mais usaremos essas palavras. Propomo-nos a responder a objeções
sobre o assunto e propósito do casamento.
Casais casados costumam dizer: “Não podemos sustentar mais filhos”.
Aqueles que fazem essa afirmação provavelmente nunca pensam no terrível
princípio que estão anunciando; ou seja, a primazia do econômico sobre o
humano. Coloque isso em prática em outras esferas da vida. Suponha que um
marido diga que não pode mais sustentar sua esposa.
Ele deveria ter o direito de atirar nela?
O que se esquece aqui ao dar primazia ao econômico é que recebemos
bênçãos ao nos colocarmos na área do amor de Deus. Uma criança
abandonada na rua não recebe comida, roupas e abrigo como uma criança
em uma família porque ela está fora do ambiente de amor. Na medida em que
nos colocamos fora do ambiente e da área do amor de Deus, excluímos a
assistência divina que de outra forma viria até nós. Aqueles que dão primazia
ao econômico não estão realmente interessados em poupar ou ganhar; eles
estão interessados em gastar o que dita a frustração da vida. Paixões ociosas
e um desejo de

265
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

mais crédito, roupas e egoísmo ditam sua filosofia. Eles acreditam que são
livres para manipular a vida à parte das leis de Deus porque as leis do
casamento frutífero obrigam apenas os católicos.
Eles dizem que os católicos se opõem a qualquer frustração da vida
humana no casamento, mas deve ser lembrado que aqueles que não são
católicos não são mais livres para violar as leis naturais de Deus do que
qualquer outra pessoa. Acontece que a Igreja Católica está defendendo uma lei natural.
Há quem acredite que a oposição à frustração do amor, o princípio de que o
casamento está destinado a ser frutífero, é pura e exclusivamente uma
doutrina católica. Suponha que a grande maioria das pessoas andasse por
aí com os olhos vendados e os ouvidos tapados. Em breve teríamos uma
encíclica papal em oposição, e a Igreja diria: “Não é correto vendar os olhos
ou tapar os ouvidos. A razão diz que os olhos foram feitos para ver e os
ouvidos para ouvir. Você deve permitir que esses órgãos cumpram a função
para a qual Deus os criou”.

Muitos diriam: “Oh, a Igreja Católica se opõe ao controle dos olhos”.

“A Igreja Católica se opõe ao controle do ouvido.”


Deus criou homem e mulher, marido e mulher de uma certa maneira e
seus órgãos devem ter permissão para funcionar. O que vamos fazer deste
mundo: um universo no qual pegamos violinos e arcos nunca produzindo
música; um universo em que escultores pegam cinzéis e nunca tocam o
mármore para criar uma estátua? Teremos árvores floridas, mas nunca
frutos? A vida e o amor devem ser reduzidos a uma espécie de conteúdo
epidérmico sem nenhum fruto ou propósito?

Devemos sempre assumir uma posição positiva e enunciar dois


ensinamentos sublimes: o amor no casamento cria o tipo mais profundo de
unidade, e a profunda unidade de amor por sua própria natureza tende a
uma encarnação. Este ponto particular prova que não deve haver união de
sexos fora do casamento. Você já notou que as escrituras não falam de
casamento em termos de sexo, mas sempre em termos de conhecimento?
O livro de Gênesis disse: E agora Adão teve conhecimento de sua esposa,
Eva, e ela concebeu.1 “Tive conhecimento dela.” Quando o anjo Gabriel
anunciou à bendita Mãe que ela havia sido escolhida para ser a mãe de
nosso bendito Senhor, ela perguntou: Como pode ser isso, se não tenho
conhecimento de homem ?

266
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Parte V: Prevenção do Nascimento

da concepção, mas de algum mistério mais profundo. São Paulo disse:


Maridos possuam suas esposas em conhecimento.3 Por que o casamento
é chamado de conhecimento? Porque uma das formas mais próximas de
unidade na ordem natural é aquela que vem do conhecimento. Você olha
para uma flor ou uma árvore e sabe dessas coisas. O tipo mais próximo
de unidade na ordem natural é entre o conhecedor e a coisa que é conhecida.
Você não pode pensar em nada mais próximo do que a união de sua
mente e o que você sabe.
A Sagrada Escritura compara o casamento ao conhecimento, porque
o casamento produz unidade e exige fidelidade. Quando um homem
conhece uma mulher, uma unidade é criada entre os dois como a união
da mente e aquilo que é conhecido. Eles são dois em uma só carne; a
partir daí nada acontece à mulher que não aconteça ao homem. Ele a fez
uma mulher; ela fez dele um homem. Assim como você está sempre em
dívida com sua Alma Mater que lhe deu conhecimento sobre Shakespeare,
sempre se está em dívida com aquele que criou a unidade.
As mudanças psíquicas resultantes também são grandes fisicamente. A
mulher nunca mais pode voltar à virgindade; o homem nunca mais pode
voltar à ignorância. De sua unidade vem a fidelidade, desde que tenham
um corpo. Eles nunca podem se colocar de volta no estado que tinham
antes. Portanto, não é apenas uma experiência; eles têm um vínculo que
continua a existir para sempre. Nos casais esta união é muito profunda.
Todo amor tende para uma encarnação.
Falamos do amor entre marido e mulher criando um profundo vínculo
de unidade através do qual o amor se difunde naturalmente.
Tudo o que é bom se difunde. O sol se difunde em luz e calor. Uma flor se
difunde em perfume. Os animais se difundem na geração de sua espécie.
O homem é bom; sua mente é boa e sua mente se difunde em
pensamentos. Deus se desfaz, não apenas na criação, mas também
desde toda a eternidade. Deus tem um Filho Eterno.
A fonte de toda geração está em Deus. A procriação é uma imitação de
Deus, que desde toda a eternidade tem um Filho Eterno a quem Ele pode
dizer, na eternidade da eternidade: Tu és Meu Filho, hoje eu Te gerei, hoje
sem começo nem fim.4 O poder de a geração eterna na divindade é
comunicada à mente do homem e comunicada ao corpo de marido e
mulher. Como o próprio Deus disse: Devo eu, que dei à luz a outros filhos,
ser eu mesmo estéril?5 O poder de geração é uma dádiva do alto.

267
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

A força motriz de gerar filhos está na Trindade e na Encarnação, porque todo


amor termina em uma encarnação, mesmo a de Deus. Deus amou tanto o
homem que se tornou carne na natureza humana. O que é nosso bendito
Senhor senão o amor de Deus encarnado, o amor de Deus caminhando
nesta terra na forma e hábito do homem. Você vê como o amor é lindo? Se
alguém pudesse dar uma definição de amor à luz da Trindade e da
Encarnação, poderia ser que o amor é uma doação mútua que termina na
auto-recuperação. Doação recíproca porque ninguém é bom se não doar. O
amor é uma doação mútua que termina na auto-recuperação. Na Trindade
há a doação do Pai ao Filho e do Filho ao Espírito Santo. Há auto-recuperação,
pois o Espírito Santo é o vínculo na unidade do amor. Há uma doação mútua
entre marido e mulher que termina na auto-recuperação, que é o filho.

A emoção de um fazendeiro ao ver um grão de trigo que plantou ganhar


vida, a alegria de ver um broto de gerânio florescendo no peitoril da janela
de um cortiço, o êxtase de um santo ao ver um pecador respondendo à
oração e começando a viver em Cristo. são as testemunhas da Terra para a
felicidade inerente que chega a qualquer um que vê a vida brotando e
brotando. O amor não significa apenas a alegria de possuir; significa a
vontade de ver nascer uma nova vida, de ver alguém criado à sua imagem e
semelhança. O filho torna-se o vínculo de união entre marido e mulher
revelando a paternidade no marido e a maternidade na esposa. Um novo
relacionamento é criado. O amor se torna uma espécie de ascensão do plano
dos sentidos e volta novamente para Deus. Os filhos são quase como contas
em um rosário unindo o amor de marido e mulher. O amor sempre exige algo
não revelado; floresce apenas no mistério. Nunca se quer ver o infinito
negado, o impulso da vida ainda ou uma paixão saciada. A pessoa quer ver
um desdobramento, enriquecimento e encarnação do amor.

O mistério da maternidade e da paternidade se revela quando os filhos


precisam ser treinados. Novas áreas de exploração são abertas. À medida
que cada criança nasce, eles unem marido e mulher como um reflexo do
amor unido do Espírito Santo na Trindade. Cada filho tem uma alma a salvar,
despertando doce responsabilidade no pai e na mãe. Como Kahlil Gibran
escreveu, quando falou de crianças:

E uma mulher que segurava um bebê contra o peito disse: Fale-


nos das crianças. E ele disse: Seus filhos não são

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Parte V: Prevenção do Nascimento

seus filhos. Eles são os filhos e filhas da saudade da Vida


por si mesma. Eles vêm através de você, mas não de você,
e embora estejam com você, eles não pertencem a você.
Você pode dar a eles seu amor, mas não seus pensamentos,
pois eles têm seus próprios pensamentos. Você pode abrigar
seus corpos, mas não suas almas, pois suas almas habitam
na casa de amanhã, que você não pode visitar, nem mesmo
em seus sonhos. Você pode se esforçar para ser como eles,
mas não procure fazê-los gostar de você. Pois a vida não
anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vocês são os arcos dos quais seus filhos são lançados como
flechas vivas. O arqueiro vê o alvo no caminho do infinito, e
Ele o curva com sua força para que Suas flechas possam ir rápidas e longe.
Deixe sua curvatura na mão do Arqueiro ser para alegria;
pois assim como Ele ama a flecha que voa, também ama o
arco que é estável.6

Na história da vida, Deus estabelece o alvo; você é o arco e seus


filhos são as flechas. Você tem a missão messiânica de representar a
conquista do amor sobre o ego. As crianças simbolizam a derrota do
seu egoísmo; representam a vitória da caridade. Cada criança gera o
sacrifício como dom de Deus, torna-se penhor da própria salvação.
Quão feliz você ficará no dia do julgamento, quando Deus lhe disser:
“Seu amor deu frutos”. Se Deus não o abençoou com filhos, você
sempre pode se alegrar por ter enviado seu amor de volta a Deus.

1 Gn 4:1
2 Lc 1:34
3 1 P 3:7
4 Heb 1:5
5 Is 66:9
6 Kahlil Gibran, O Profeta, “Sobre as Crianças.”

269
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cortesia
do
St.
Bernard's
Institute
Bishop
Sheen
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Capítulo Trinta e Nove

As quatro tensões do amor

Não há nada
das mais
.grandes
amor. bonito
Para queneste
diferenças mundo
o amor
espirituaisdo
perdure, que duas pessoas
e psicológicas
precisamos entre
reconhecer
o homem
algumas
ea
mulher. Compreenda que algumas das tensões, esperadas na vida de casado
e que podem ser facilmente resolvidas, fazem parte de nossa natureza humana
decaída.

Existem diferenças espirituais entre um homem e uma mulher.


O homem geralmente se casa para ter uma mulher; uma mulher geralmente
se casa para ter um filho. Outra diferença é esta: o homem busca o prazer no
casamento; a mulher busca a fruição e o propósito desse prazer. O homem dá
razões para amar uma mulher. Ele dirá: “Eu te amo porque você é linda, boa e
virtuosa”. Uma mulher nunca dá razões; ela se entrega. A rendição é a sua
própria razão de amor.
Outra diferença: um homem é mais rápido para amar do que uma mulher
porque pode amar um aspecto, uma parte ou uma experiência com uma
mulher. Mas uma mulher é mais lenta para amar. Ela não amará até que possa
se entregar total e completamente. Ela tem que esperar mais para descobrir
todas as inspirações que existem para seu grande ato de auto-oblação. O
homem tem medo de morrer antes de viver; uma mulher geralmente tem medo de

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

morrendo antes de ter gerado a vida. Essas diferenças podem ser usadas para
ajudar a conciliar quaisquer dificuldades. As tensões são esperadas em todo
casamento, não por causa de um defeito nas pessoas, mas porque essas
tensões são apenas parte de nossa natureza humana decaída.
A primeira tensão é esta: entre querer e não querer amor.
Você realmente nunca se conhece até se casar. O namoro é uma espécie de
baile de máscaras e, no casamento, tiramos as máscaras e nos vemos como
realmente somos. Como disse o poeta:

'Sim', respondi ontem à noite; 'Não',


esta manhã, senhor, eu digo: Cores
vistas à luz de velas Não parecerão
as mesmas durante o dia.

Pode haver uma mudança. O coração humano pode chegar a um ponto


em que tem muito amor e não deseja mais ser amado. Lembra do poema de
Francis Thompson? Ele contou como pegou uma criança para segurar e como
a criança resistiu, chorou e chutou para descer. Ele se perguntou se algumas
almas são assim diante de Deus; eles não estão prontos para serem amados
por Ele. Na ordem humana, existe um conflito entre querer e não querer amor.
Qual é a misteriosa química dentro do coração humano que o faz oscilar entre
querer e não querer amor? Dividido entre saudade e saciedade, ânsia e
repulsa, desejo e satisfação, o coração humano pergunta: “Por que eu deveria
ser assim?” Quando chega a saciedade, o “tu” desaparece no sentido de que
não é mais desejado. Quando a saudade reaparece, o “tu” se torna uma
necessidade. Ame demais, há descontentamento; ame muito pouco, há um
vazio.

Há uma razão pela qual você se sente assim. Você foi feito para o grande
Sagrado Coração de Amor e ninguém além de Deus pode satisfazê-lo.
Seu coração está certo em querer o infinito, mas seu coração está errado em
tentar fazer de seu companheiro finito o substituto do infinito.
A solução dessa tensão está em ver que as decepções são apenas lembretes
de que o amor é o amor de Deus em peregrinação. Tanto o ser amado demais
quanto o ser amado de menos podem andar juntos quando vistos à luz de
Deus. Quando este desejo de amor infinito é encarado como um desejo de
Deus, então a finitude do nosso amor terreno nos lembra as palavras de Santo
Agostinho: “Nossos corações foram feitos para ti, ó Senhor, e eles estão
inquietos até que descansem. em Ti.”2 Apenas mantenha

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Parte V: As Quatro Tensões do Amor

em mente que em todo casamento um homem e uma mulher prometem um


ao outro algo que só Deus pode dar.
Há outra tensão que você sentirá e isso é muito básico para a natureza
humana: a tensão entre querer ser um com outra pessoa e ao mesmo tempo
sentir-se tão sozinho, quase sozinho junto.
Haverá momentos em que você se perderá no outro e, depois, uma sensação
terrível de ser jogado para trás em sua própria personalidade solitária. Por
que é isso? A razão é porque não há nada material, carnal ou carnal no
mundo que possa unir.
Você apenas tenta fazer dois blocos de mármore um. Por que você não
pode uni-los? Porque eles são materiais! A carne sozinha não pode unir.
Somente a alma, o espírito, pode se unir. Se aprendemos juntos o “Pai
Nosso”, meu conhecimento do “Pai Nosso” não o impede de aprendê-lo. Se
orarmos juntos, seremos muito mais um do que poderíamos ser de qualquer
forma material. É o espírito que une. A carne é o meio para a unidade; você
vê que não é um obstáculo para a unidade. Sua carne é um meio para a
unidade porque está ligada à alma. Na medida em que o amor perde sua
alma, ele perde sua unidade e senso de unidade.
Quando o espírito se vai, resta apenas tédio e fadiga.
A paixão por um crescendo de intimidade até que a unidade seja
alcançada não pode ser completamente satisfeita na ordem física porque
após o ato da unidade permanece o status de duas personalidades distintas,
cada uma com seu próprio mistério individual. Você vê o paradoxo? As
almas dos amantes aspiram à unidade, mas apenas o corpo, embora seja o
símbolo momentâneo dessa unidade, é exclusivo da unidade. A carne é
impermeável a esse tipo de unidade que sozinha pode satisfazer o espírito.
Não há casamento no mundo livre dessa tensão, e a tensão aumenta à
medida que o corpo passa pelos movimentos do amor sem a alma. Você
descobrirá que a tensão do corpo diminui à medida que a alma ama.
Há uma fuga dessa tensão. Não devemos ser cínicos sobre isso. O
maior alívio para essa tensão é a geração de filhos. Sente-se uma aparente
desproporção entre a paixão pela unidade e o fracasso em torná-la
permanente, o que é compensado pela criança que se torna o novo vínculo
de unidade fora do pai e da mãe. Marido e mulher nunca sentirão o vazio
um do outro quando suas relações forem preenchidas com um novo corpo e
alma tão diretamente infundidos por Deus, o Criador. Deus fez as pessoas
certas e as pessoas ficam infelizes se tentarem frustrar essas leis. Crianças
são

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

a resposta ao paradoxo da solidão juntos. Eles são o elo que une os amantes,
corpo e alma.
A próxima é uma tensão entre o êxtase interminável do amor, com o
qual se sonha, e a maneira como o amor realmente se concretiza no
casamento. Há alguns que se tornaram cínicos, o que não se deve. Se
alguém começa com a suposição de que a outra pessoa é Deus, então está
condenado a beber a amarga escória do desapontamento. Não devemos
atribuir muito à outra parte. Se o fizermos, nos sentiremos decepcionados
porque o outro parceiro não deu tudo o que prometeu dar. Às vezes, o outro
se sente traído, enganado, desapontado e enganado. Em outras palavras:
“Eu entro neste casamento para ser suprema e infinitamente feliz, e você
não está me fazendo feliz!” A razão pela qual esse tipo de descontentamento
toma conta da alma é porque a pessoa esperava algo do casamento que não
existe.
Aqui está a resposta: lembre-se, nenhum ser humano no mundo é amor.
Só Deus é amor. Nós, criaturas, somos apenas amáveis e apenas em um
grau limitado. Quando a criatura começa a ocupar o lugar do Criador e passa
a representar o amor, então o casamento se transforma em ódio.
Casa-se esperando que um deus, ou uma mulher seja uma espécie de anjo.
Ela acaba por ser um anjo caído e o homem por ter pés de barro. Quando o
êxtase acaba e a banda não toca mais, o champanhe da vida perde o brilho.
Há alguns que chamarão o outro parceiro de trapaceiro e ladrão. Então eles
vão a um tribunal de divórcio e dizem: “Queremos o divórcio porque somos
incompatíveis”. Já houve no mundo um casamento perfeitamente compatível?
Não há duas pessoas no mundo que sejam absolutamente compatíveis.

Então eles começam a procurar um novo parceiro e cometem o mesmo


erro, esperando que outro parceiro dê aquilo que só Deus pode dar. Eles
entram em um novo casamento. Eles não encontram a felicidade. Por que
não? A razão do fracasso do casamento foi porque eles se recusaram a ver
o amor conjugal como um portal para o divino. É inútil pensar que outro amor
pode suprir o que faltou ao primeiro amor. As vacas podem pastar em outros
pastos, mas não há substituto para uma pessoa a quem se entregou todo o
seu ser por toda a vida. Lembre-se então que você não deve esperar muito.
O que você quer está no céu, não aqui na terra. Seu parceiro é uma fração;
Somente Deus é o todo. Não espere que o outro parceiro lhe dê uma
felicidade infinita. Existe um céu, mas não é na terra.

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Parte V: As Quatro Tensões do Amor

Segue-se a tensão entre sexo e amor. Quando falamos dessa tensão, não se
deve presumir que os dois sejam opostos; eles não são. Quando falamos deles aqui
separadamente, é porque nos referimos àqueles que separam o sexo do amor. Na
vida conjugal, os dois devem ser unidos. O sexo é a expressão mais elevada do
amor entre marido e mulher. Quando os dois não são bem compreendidos, ou
quando se divorciam, então encontramos essas diferenças: o sexo busca a parte, o
amor a totalidade. O sexo é biológico e tem suas zonas de satisfação bem definidas;
o amor inclui tudo isso, mas se dirige à totalidade da pessoa amada, a pessoa feita
de corpo e alma, criada à imagem e semelhança de Deus. O amor vê o relógio e
seu propósito; o sexo se concentra na mola mestra e esquece que foi feito para
marcar o tempo. Um órgão não inclui a personalidade, mas a personalidade inclui o
órgão, que é outra maneira de dizer que o amor inclui o sexo, mas o sexo não inclui
necessariamente o amor. O amor se concentra no objeto; sexo sobre o assunto; ou
seja, sobre si mesmo. O amor é dirigido a outra pessoa em prol da perfeição do
outro; o sexo é direcionado para si mesmo em prol da auto-satisfação. O sexo
lisonjeia o objeto, não porque seja louvável em si mesmo, mas como uma solicitação.
Sabe fazer amigos e influenciar pessoas. O ego no sexo alega que ama a outra
pessoa, mas ama a projeção do ego e do eu na outra pessoa.

O sexo é movido pelo desejo de preencher um momento entre o ter e o não


ter. É uma experiência como olhar o pôr do sol ou girar os polegares para passar o
tempo. Ele descansa depois de uma experiência, saciado por um momento, e então
espera o reaparecimento da nova paixão para ser satisfeito, às vezes em um objeto
totalmente diferente.
O amor desaprova essa noção, vendo apenas a morte dos objetos amados por
causa da auto-satisfação. O sexo daria vôo aos pássaros, mas nenhum ninho. Daria
emoções aos corações, mas não lares. Isso lançaria o mundo inteiro na experiência
dos viajantes no mar, mas sem portos. Em vez de purificar um infinito fixo; ou seja,
Deus, substitui o falso infinito, nunca encontrando satisfação. Uma das razões pelas
quais tantos sofrem de psicoses e neuroses é porque estão em uma busca infrutífera
e constante do infinito no finito, de Deus na carnalidade.

Como o amor verdadeiro é diferente. O verdadeiro amor admite a necessidade,


a sede, a paixão e o desejo, mas também admite uma adesão real a um valor que

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

transcende todo o espaço e tempo. No amor, a pobreza se integra à


riqueza. No amor verdadeiro, a necessidade torna-se a satisfação e o
anseio torna-se uma alegria. Sexo é sem aquela alegria de oferta. O
lobo nada oferece quando mata o cordeiro porque falta a alegria da
oblação. O sexo recebe para não dar, mas o amor é o único contato
com o outro em prol da perfeição.
Você sentirá uma tensão entre o romance e o casamento, entre a
perseguição e a captura. Existe alguma maneira de sempre ter a
emoção do romance e a emoção da captura? Sim, existe, mas não
neste mundo. A única resposta real para esse paradoxo da caça e da
captura pode ser encontrada na eternidade. Quando o seu amor o levar
de volta a Deus, você capturará algo infinitamente extático e levará uma
eternidade de perseguição para descobrir seu significado. Entenda isso
e, como marido e mulher, você saberá que todo o amor que você tem é
apenas uma faísca para levá-lo à chama que é Deus. Seu casamento
se tornará como um diapasão para a música dos anjos, como um rio
que corre para o mar, onde o romance e o casamento se fundem em
um só. Uma vez que Deus é amor eterno sem limites, será necessária
essa busca eterna para sondar suas profundezas. Então, haverá uma
receptividade ilimitada e uma dádiva ilimitada no Céu. Você se casa por
amor, e o amor te leva a Deus.

1 Elizabeth Barrett Browning, O “sim” da senhora .


2 Confissões, Livro 1, Capítulo 1.

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Capítulo Quarenta

problemas de casamento

Costuma -se presumir


' o bendito quepreviu
Senhor não a vidaisso
deveria ser disse:
quando sem provações e dificuldades.
Neste mundo vocês terãoNosso
tribulações.1
Mesmo quando alguém entra na esfera do amor, como o casamento, há desafios. Isso é o que

pode ser chamado de “Kit O que fazer” para problemas no casamento. Vamos considerar dois:
quando o casamento entorpece e quando o outro parceiro se torna impossível.

Primeiro, quando o casamento entorpece. Tudo na vida entorpece depois de um tempo.


O amor não continua a ser um êxtase duradouro. Como a carne é o meio do amor conjugal, ela
sofre a penalidade da carne e se acostuma com a afeição. Conforme a vida continua, um
estímulo maior é necessário para produzir uma reação igual à sensação. O olho se acostuma
com a beleza, os dedos se acostumam com o toque de um amigo. A intimidade, que era tão
desejável, às vezes se torna um fardo. Existe um sentimento como "Quero ficar sozinho" ou
"Acho que vou voltar para a casa da mamãe".

Esses sentimentos despojam os olhos dos óculos cor-de-rosa. As contas


começam a chegar na cozinha e o amor corre o risco de ir embora. O hábito
do amor torna-se enfadonho e não uma aventura. É concebível que haja até
um anseio por um novo parceiro. Então as crianças vêm com acidentes e
doenças multiplicados que tendem a trazer

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

a visão das nuvens para viagens realistas ao berçário.


Mais cedo ou mais tarde, a vida emocional pergunta: “O amor é uma armadilha, uma
ilusão, uma falsa promessa? Achei que isso seria uma felicidade completa; no
entanto, estabeleceu-se em uma rotina.
A essa altura, quem pensa que o amor é uma evolução animal e não um dom
de Deus acredita, erroneamente, que outro parceiro pode suprir o que falta. Essa
falácia esquece que o vazio não vem do outro parceiro, mas da própria natureza da
vida. Aqui está a razão desse sentimento. O coração foi feito para o infinito, que só o
infinito pode satisfazer. O primeiro êxtase de amor dado a um casal era para lembrá-
los de que o amor era um presente que vinha do céu. Somente trabalhando em
direção ao céu eles realmente descobririam que ele é infinito.

Lembra quando nosso Senhor deu o pão em Cafarnaum?2 Mais tarde, Ele falou aos
que receberam o pão sobre a Eucaristia, o Pão da vida eterna, Seu próprio Ser. Ele
estava usando o pão como isca para fazê-los se interessar pelo pão da vida, a
Eucaristia. Da mesma forma, o amor humano que Deus nos dá é uma isca, um apelo
divino para que possamos buscar a chama, que é Deus.

Quando a vida de casado se torna monótona, não se atingiu o fundo da vida; a


pessoa atingiu o fundo do ego. Há um mundo de diferença entre os dois. Ninguém
atingiu o fundo de sua alma, apenas o fundo de seu instinto; não o fundo de sua
mente, mas o fundo de sua vida emocional. Essas provações são contatos com a
realidade que Deus envia a cada vida. Se a vida continuasse como um sonho sem
nenhum choque de desilusão, quem alcançaria a felicidade perfeita? Quem iria
querer Deus? A maioria dos homens descansaria na mediocridade sem esse impulso
para o amor perfeito. As bolotas não se contentam em ser mudas; as crianças têm
que crescer, e nosso amor tem que crescer. Deus retém algo, ou seja, Ele mesmo
na eternidade. Se Ele não o fizesse, nunca avançaríamos! De vez em quando nos
deparamos com uma parede de tijolos. Em uma crise, começamos a nos sentir nulos
com uma sensação avassaladora de nada e solidão. Vemos que a vida é apenas
uma ponte para a eternidade. A crise do nada é causada pelo encontro de um ideal
fantasioso, a realidade do amor como o ego o sente e do amor como ele realmente é.

Essa sensação de nada não é peculiar ao próprio casamento. Acontece na vida


espiritual. Sacerdotes, irmãos, freiras e contemplativos, todos chegam a esta crise.
As orações tornam-se secas e formais; há dan-

278
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Parte V: Problemas no Casamento

ger para que nos acostumemos a tocar o Pão da Vida. A mesma emoção ao
ler a missa não acontece quando alguém é ordenado há quarenta anos como
havia na primeira missa. Pode não haver o mesmo êxtase em visitar os
enfermos quando alguém é ordenado há cinquenta anos, como havia na
primeira visita de um doente. A freira que está ensinando crianças por trinta
anos tem que se esforçar com oração extra para perceber que todos aqueles
jovens foram colocados diante dela como encargos de Deus Todo-Poderoso.
Torna-se difícil para todos nós meditar. As ações de graças tendem a ser
mais curtas depois da missa. Também temos nossos problemas. É um
problema de amor. Como posso amar melhor? Como posso orar melhor?
Como posso estabelecer maior união com Deus? A resposta é por sacrifícios.

Visto que estamos preocupados com o desenvolvimento da vida amorosa


no casamento, voltamos novamente ao casamento. Dizemos que, assim
como na vida espiritual existe a noite escura da alma, no casamento existe a
noite escura do corpo. Assim como a noite escura da alma na vida espiritual
precisa de purificação considerável por meio da abnegação para alcançar
percepções mais profundas de amor, o mesmo acontece com o casamento.
Sempre que há descontentamento, Deus está agitando as águas da alma.
Ele está nos lembrando que o amor perfeito pelo qual ansiamos não está
aqui; estamos no caminho para isso. Assim como, por exemplo, uma mãe
águia lança seus filhotes para fora do ninho para que aprendam a voar,
Deus, nesses momentos de provação, dá asas aos nossos pés de barro. A
secura, seja na vida espiritual ou na vida conjugal, pode ser para salvação
ou condenação dependendo de como é usada.
Existem dois tipos de secura, a que apodrece, que é a secura do amor
sem Deus, e a que amadurece quando se passa pelo fogo e pelo calor do
sacrifício.
Nos momentos de tédio, nessa crise do nada, a ideia de eternidade tem
que ser reintroduzida. Nos dias de romance, a ênfase eterna estava na
durabilidade do ego no amor. Na crise do nada e da monotonia, o elemento
eterno é Deus, não o ego. O amor agora diz: “Eu sempre amarei você, pois
você é adorável por toda a eternidade, pelo amor de Deus”. O amor, que
começou com prazer e auto-satisfação, transforma-se em amor por Deus. A
outra pessoa torna-se menos a condição necessária da paixão e mais o
parceiro da alma. Nosso abençoado Senhor disse que a menos que a
semente caia no chão e morra, ela não brotará na vida.3 Nada renasce para
uma vida mais elevada.

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

sem uma morte para um inferior. O coração tem seus ciclos, assim como os
planetas, e o movimento do coração é uma espiral ascendente e não um círculo
girando. A crise do nada precisa de sua purificação e de sua cruz. A cruz não é um
obstáculo no caminho da felicidade; é uma escada pela qual se sobe até o próprio
céu do amor. Não há necessidade de correr para alguém para analisar seu estado
mental simplesmente porque você acha a vida monótona. Intensifique seu amor a
Deus e comece a olhar para o outro parceiro como uma dádiva de Deus e então o
amor não será monótono. Então veremos cada criatura humana banhada na beleza
do amor de Deus.

O outro problema do casamento e da provação é quando o casamento se


torna uma cruz e é impossível. O casamento é para o bem ou para o mal e às
vezes acaba piorando. Suponha que o marido ou a esposa se torne um inválido
crônico ou desenvolva características antissociais, torne-se um bêbado, cruel, infiel,
um tirano ou mandão. O que devemos fazer? Devemos sempre considerar o outro
como um dom de Deus. Às vezes, os dons de Deus são doces e às vezes são
amargos. Se formos egoístas, temos que nos livrar do outro parceiro. Por que?
Porque o outro parceiro é um fardo! Se somos cristãos, assumimos o fardo como
algo vindo da mão do próprio Deus. Como disse São Paulo, carregue o fardo das
falhas uns dos outros; então você estará cumprindo a lei de Cristo.4 Se você objetar
e disser: “Deus nunca pretendeu que alguém vivesse sob tais dificuldades”. A
resposta é categoricamente: “Ah, sim, Ele tem!”

Nosso bendito Senhor disse: Se alguém quiser seguir meu caminho, renuncie a si
mesmo, tome sua cruz e siga-me. O homem que tentar salvar sua vida a perderá.
É o homem que perde a vida por minha causa que irá protegê-la. 5 Todos nós
gostaríamos de ter cruzes feitas sob medida. Estamos muito dispostos a assumir a
mortificação e a abnegação que escolhemos, mas quando Deus escolhe, então
dizemos: “Oh, não, não posso levar essa cruz!” O que a doença é para um indivíduo,
um casamento infeliz pode ser para um casal; uma prova estabelecida por Deus
para aperfeiçoá-los espiritualmente. Sem certos dons amargos de Deus, muitas de
nossas capacidades espirituais seriam subdesenvolvidas.

Tal casamento pode ser um martírio, mas ele não está roubando a honra de
sua própria vida ou roubando a paz de sua alma. A aceitação de tais provações de
casamento não é uma sentença de morte como alguns acreditam.
O soldado não é condenado à morte porque fez um juramento de

280
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Parte V: Problemas no Casamento

seu país, mas ele admite que está pronto para enfrentar a morte em vez de
perder a honra. Um casamento infeliz não é uma condenação à infelicidade; é
uma nobre tragédia na qual alguém carrega as fundas e flechas de uma fortuna
ultrajante em vez de negar um voto feito ao Deus Vivo.
Se é nobre ser ferido pelo país que amamos, então não é mais nobre ser ferido
por Deus? Então aqui está este versículo da escritura que poucas pessoas
pensam e que é tão importante. É em St.
A epístola de Paulo aos Coríntios, O marido incrédulo é santificado pela esposa
crente e a esposa incrédula é santificada pelo marido crente.6 Em outras palavras,
os méritos, as orações, os sofrimentos, a paciência, a mansidão de um passa
para o o outro.
Se o outro parceiro, que é alcoólatra, estivesse doente, você cuidaria dele?
Suponha que ele tivesse tuberculose ou um ataque cardíaco, você o deixaria? Se
ele tiver um ataque cardíaco moral, ele deve ser abandonado? Por ataque
cardíaco moral, quero dizer culpado de qualquer um dos pecados que tornam o
casamento tão difícil. Se existe algo como a transfusão de sangue de um membro
saudável da sociedade para um membro fraco da sociedade, por que não pode
haver a transferência de santificação?
Uma esposa pode redimir seu marido e um marido pode redimir a esposa.
Existe uma comunicação espiritual que não tem muita satisfação romântica nela,
mas os retornos são eternos. Muitos marido e mulher após infidelidades e
excessos se encontrarão salvos no dia do julgamento, pois o parceiro fiel nunca
deixou de derramar orações por sua salvação.

Deixe-me contar esta história para indicar como os méritos de um passarão


para os méritos de outro. Na virada deste século, uma garota católica comum e
um médico incrédulo se casaram em Paris. Seu nome era LeSueur. Ele prometeu
respeitar a fé de seu casamento, mas imediatamente após o casamento tentou
quebrá-la. Além de exercer a medicina, tornou-se editor de um jornal anticlerical
e ateu em Paris. Sua esposa reagiu e decidiu que estudaria sua fé. Ela construiu
uma biblioteca de apologética e ele construiu uma biblioteca ateísta na mesma
casa. Em maio de 1905, quando estava morrendo, ela disse ao marido: “Felix,
quando eu morrer, você se tornará católico e padre dominicano”.

Ele disse: “Elizabeth, você conhece meus sentimentos. Jurei ódio à Igreja e
jurei ódio a Deus e viverei nesse ódio e morrerei nele!”

281
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Ela repetiu suas palavras e faleceu. Tateando em meio aos papéis dela, ele
descobriu seu testamento que declarava em 1905 que ela pedia a Deus Todo-
Poderoso que lhe enviasse sofrimentos suficientes para comprar sua alma.
Então, ela acrescentou: “No dia em que eu morrer, terei pago o preço.
Você terá sido comprado e pago. Maior amor do que este nenhuma mulher tem
para dar a vida por seu marido”.
Ele descartou isso como as fantasias de uma mulher piedosa, embora
amasse sua esposa. Para esquecer sua dor, ele fez uma viagem ao sul da França.
Ele parou em frente a uma igreja, que sua esposa havia visitado durante a lua de
mel. Ela parecia estar falando com ele, dizendo: “Vá para Lourdes”. Ele foi para
Lourdes, mas foi para lá como um descrente absoluto. Ele havia escrito um livro
contra Lourdes, provando que os milagres eram uma fraude e uma superstição.

Diante da gruta de Nossa Senhora, ele recebeu o dom da fé, tão completo, tão
total, que nunca teve que passar pelo processo de justaposição e dizer: “Bem,
agora que creio, como vou responder a essa dificuldade? ou como responderei a
essa dificuldade?” Ele viu tudo em que havia acreditado em seu total erro e
estupidez. A conversão do Dr. LeSueur foi tão emocionante quanto a notícia do
bombardeio de Rheims.

Então o tempo passou. Em 1924 fiz meu retiro em um mosteiro dominicano


belga. Quatro vezes ao dia e quarenta e cinco minutos por dia, fiz meu retiro sob
a direção espiritual do padre LeSueur, dominicano, católico e sacerdote, que me
contou esta história. Eu lhe digo que não é sempre que você pode fazer um retiro
sob a orientação de um padre, que de vez em quando diz: “Como minha querida
esposa Elizabeth disse”. Mas a moral da história é que o amor não está completa
e totalmente aqui. Está em Deus, e ao amar a Deus salvamos o outro parceiro,
seja uma má esposa ou um mau marido. Pois uma vez casados são dois em uma
só carne.

3 Ibidem, 5 Mt 16:24-25
1 Jo 16:33
2 Ibid., 6:1-15 12:24 4 Rm 15:1-5 6 1 Co 7:14

282
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Capítulo Quarenta e Um

Mandamentos: I-III

Você já foi culpado


fora de excessoAlguma
de estação? de velocidade? Você
vez isso lhejácausou
atirou no grande
jogo
remorso? É
'
óbvio que infringir a lei é o mesmo que ferir alguém que amamos.
O padrão e a norma de nossa moralidade não é apenas uma lei, mas uma pessoa, não
algo proibido, mas caridade e amor. Algumas pessoas sentirão maior tristeza pelo pecado
do que outras. Tudo depende do quanto amamos.

Suponha que você não saiba cantar e seja colocado em um coral onde
todos podem e os outros cantores fiquem descontentes com sua
performance. Você atingiu uma nota falsa. O diretor do coral olhava para
você com uma cara muito azeda. Todos os outros cantores se virariam para
você e lhe dariam um olhar de reprovação. Por que eles agem assim com
você? É porque eles sentem discórdia mais do que você. Você não é musical
o suficiente para apreciá-lo, mas eles são. Existem algumas pessoas que
não apreciam o amor e a misericórdia de Deus e não estão inclinadas a
sentir remorso como aqueles que têm apenas um vago conceito de divindade.
Não quero dizer que eles não tenham culpa, assim como existe uma realidade
para você acertar uma nota errada. Digo apenas onde há amor a Cristo, há
uma recusa em fazer qualquer coisa que possa feri-lo, e sec-

283
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

somente, quando O ferimos, sentimos uma contrição e tristeza maiores. Há uma


diferença entre a lei e o amor, entre o pecado na ordem natural e o pecado na
ordem sobrenatural.
Quando somos governados apenas pela lei, quando não estamos em estado
de graça e quando fazemos o mal, temos um sentimento de culpa.
Quando estamos em estado de graça e pecamos seriamente, temos uma sensação
de poluição, vergonha e impureza. A diferença entre os dois é muito parecida com
o remorso de Caim ou Judas comparado ao remorso do filho pródigo, que disse ter
pecado contra o pai. Na ordem natural, tendemos a ter medo de punições
temporais, enquanto na ordem sobrenatural da graça, somos governados por um
senso da santidade de Deus. Na ordem natural, nossa tristeza geralmente se
estende apenas a alguns pecados, particularmente os mais vergonhosos, nem
sempre a pecados como avareza ou egoísmo. Quando o Espírito de Cristo nos
penetra, lamentamos nossos maus motivos, nossos maus pensamentos, qualquer
coisa que inspire más ações.

Na ordem natural, o pesar por uma falta ou pecado é muitas vezes temporário,
como foi no caso do juiz que ouviu Paulo. Lembre-se, a Sagrada Escritura diz algo
muito impressionante: O cachorro volta ao seu vômito.1 Às vezes, os pecadores
voltam ao seu pecado porque não foram penetrados com um senso aguçado da
realidade de seu pecado. Se vivemos na ordem sobrenatural, há uma convicção
duradoura do pecado.
Tornamo-nos muito parecidos com Pedro. Dizia-se que ele se arrependia tanto de
seu pecado que tinha rugas em suas bochechas pelas lágrimas que derramou por
negar nosso abençoado Senhor.
Nosso objetivo é imitar a vida do próprio Cristo. Isso não significa que devamos
nascer em um estábulo ou visitar o Egito, ou disputar nossos mestres aos doze
anos, ou transformar água em vinho. Significa que cada um de nós deve fazer o
que Cristo teria feito em nosso lugar. Não devemos copiar a Cristo como um
estudante copiará um grande mestre em uma galeria de arte, mas devemos ter o
espírito de Cristo em nós.
Voltamos à lei que deve reger toda a nossa vida moral.
Repetimos, porque é tão importante, nosso abençoado Senhor disse: Amarás o
Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua mente.
Este é o maior dos Mandamentos. E o segundo é semelhante a este: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo.2 Observe que todos os Dez Mandamentos foram
resumidos em amor. Você nunca pode ter amor, exceto por e através de uma
pessoa que está oposta a você.

284
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Parte V: Mandamentos: I–III

Agora, quem é a pessoa à sua frente? Deus e próximo. É por isso que
quando estamos apaixonados por alguém falamos do “nosso” amor.
Há um vínculo unindo nós dois, então a base da vida moral é uma trindade
terrena. Assim como existe a Trindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo
no céu, também na terra existe uma trindade de relações morais: eu, tu e
Deus. Assim como existe um diálogo entre eu, você e Deus, também existe
o eterno diálogo de amor: Pai, Filho e Espírito Santo.

Nosso abençoado Senhor falou da Trindade celestial como modelo desta


trindade terrena de amor na noite da Última Ceia. Estas foram Suas palavras
— Ele estava falando sobre como Ele revelou o amor do Pai para nós — e
Ele disse a Seu Pai celestial que O amor que Tu me concedeste pode habitar
neles e eu também posso habitar neles.3 Você observa a norma do nosso
amor ao próximo não é apenas o amor que temos por nós mesmos, mas o
amor que Cristo tem por nós formando o fundamento do amor.

Os dois mandamentos, amar a Deus e amar o próximo, resumem os


Dez Mandamentos que se referem ao amor a Deus e ao próximo. Os três
primeiros mandamentos estão relacionados a Deus; os últimos seis
mandamentos estão relacionados ao próximo. Entre os três primeiros e os
últimos seis vem o quarto, honra teu pai e tua mãe.4 Deus colocou isso entre
os dois porque os pais no lar tomam o lugar de Deus e a obediência aos pais
é uma forma muito elevada de justiça relacionados com o próximo e com
Deus. Quando desobedecemos a Deus, estamos ofendendo um dos três
primeiros mandamentos sobre adorar a Deus, santificar Seu nome e o sábado.

Não estamos preocupados em falar sobre pecados ou vícios que você


deve evitar. O que nos interessa é aumentar em vocês o amor de Deus e
construir uma imitação positiva e moral de Cristo. Mencionaremos os pecados
de passagem, mas você os encontrará em qualquer livro de orações onde
haja um exame de consciência.
Esta não é uma enumeração completa dos pecados contra esses três
primeiros mandamentos,5 mas apenas alguns deles. Qualquer um violaria o
mandamento geral do amor a Deus, ou os três primeiros, se recusasse
reconhecer Deus como Criador, Redentor e Santificador.
Se houve ódio a Deus, falta de adoração, falta de missa aos domingos e dias
santos de guarda, ou rebelião contra Deus pelas provações e cruzes que Ele
permitiu; estes também violariam

285
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

os três primeiros mandamentos. Se houvesse coisas como idolatria,


superstição, blasfêmia, maldição, sacrilégio, perda da fé, presunção,
desespero, desonra do domingo e coisas semelhantes; não devemos apenas
evitar esses pecados, devemos realmente saber: Por que devemos adorar a
Deus? Por que devemos honrá-lo? Por que Seu nome é santo? Se
compreendermos o Primeiro Mandamento, amar a Deus com todo o nosso
entendimento e toda a nossa alma, talvez não caiamos em nenhum destes pecados.
Como você pensa em Deus? Você pensa nele como alguém em um
trono que fica com raiva se você não vai à missa no domingo ou se blasfema?
Você acha que Ele fica infeliz quando você não presta atenção? Ou você
acha que Ele é um avô benevolente que é indiferente ao que você faz, que
gosta de ver você ir a lugares, fazer coisas e se divertir, independentemente
de como você faz isso? Não, Deus não é como nenhuma das imagens. Ele
perde alguma coisa quando não O adoramos? Claro que não; nós fazemos!

O que é adoração? Adoração é uma contração de “valorização”. É uma


manifestação do valor que temos em outra pessoa.
A adoração é um sinal de valor. Você aplaude um ator no palco. Você pode
aplaudir um atleta. Ao fazer isso, você está valorizando o valor dele. O que
significa adorar a Deus? Significa reconhecer de alguma forma Seu poder,
Sua Bondade e Sua Verdade. Se você não adora a Deus, o que você adora?
Nove em cada dez vezes será você mesmo. Se não há Deus, então você é
um deus. Se você é um deus, eu sou ateu porque não posso acreditar nesse
tipo de deus.
A razão básica pela qual há tão pouca adoração a Deus hoje é porque o
homem nega ser dependente.
Por que você deve adorar a Deus? Você tem o dever de adorar a Deus,
porque ficará infeliz se não o fizer. Suponha que você seja um pai. Seu
garotinho traz para você uma pequena faca de dez centavos que comprou
no Natal. Você valoriza a faquinha mais do que uma caixa de charutos muito
bons do seu agente de seguros? Se você é mãe de uma garotinha, já
recebeu dela um punhado de dentes-de-leão amarelos e ficou mais satisfeita
do que com um buquê de rosas de um convidado?
Essas trivialidades o tornam mais rico? Você precisa deles? Você precisa da
faca? Você precisa dos dentes-de-leão? Você seria imperfeito sem eles?
Não. Por que você os ama? Porque seus filhos estão adorando você! Porque
eles estão reconhecendo seu amor e bondade e, ao fazer isso, estão se
aperfeiçoando. Eles

286
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Parte V: Mandamentos: I–III

estão se desenvolvendo ao longo das linhas de amor em vez de ódio,


gratidão em vez de ingratidão e serviço em vez de deslealdade. Eles estão
se tornando crianças mais perfeitas e felizes.
Assim como você não precisa daquela faquinha ou daqueles dentes-de-
leão, Deus também não precisa da sua adoração. A doação deles é um sinal
do seu valor aos olhos de seus filhos e a oração, adoração e adoração são
um sinal do valor de Deus aos nossos olhos. Se você não precisa da
adoração de seus filhos, por que você acha que Deus precisa da sua? A
adoração deles é para a perfeição deles, não a sua, e sua adoração a Deus
é para a sua perfeição. A adoração é sua oportunidade de expressar
devoção, dependência e amor para se tornar feliz.
Um amante dá presentes à sua amada porque aos seus olhos ela
possui todos os presentes. Quanto mais ele ama, mais pobres ele pensa
que são seus dons. Se ele desse tudo, ainda não seria suficiente. Uma das
razões pelas quais retiramos as etiquetas de preço de nossos presentes é
porque não queremos estabelecer uma proporção entre nosso presente e
nosso amor. Quando um homem dá presentes a uma jovem, seus presentes
não a tornam mais preciosa, mas o tornam menos inadequado. Ao dar, ele
não é mais nada. O presente é a perfeição dele, não dela.
A adoração é a nossa perfeição, não a de Deus. Recusar-se a adorar é
negar uma dependência que nos torna independentes. Adoração é para nós
o que florescer é para uma rosa. Recusar a adoração seria como uma rosa
se separando do sol e da terra, ou um estudante que nega a história pode
lhe ensinar qualquer coisa. Reter a admiração de quem a merece é sinal de
uma mente vaidosa e ciumenta. No fundo de seu coração, um homem que
se recusa a adorar a Deus sabe que não é um criador; ele até sabe que não
poderia ser ímpio se Deus não existisse.
Deus fez você para ser feliz; Ele fez você para a sua felicidade, não a dele.
Deus ainda estaria perfeitamente feliz se você nunca tivesse existido. Deus
não precisa de amor por amor a Ele, pois não há nada em você que o torne
amável para Deus. A maioria de nós tem muita sorte se receber algum afeto
de seres humanos. Deus colocou um pouco do Seu amor em nós; assim,
podemos achar todos os outros amáveis. Ao compartilhar um pouco do
nosso amor com eles, eles se tornam amáveis.
Amamos os outros por necessidade. Vivemos na pobreza; alguém tem
que suprir a nossa falta. Deus não nos ama porque precisa de nós.
Ele nos ama porque colocou um pouco de Seu amor em nós e nos tornou
valiosos. Quando Deus nos pede para amá-lo com todo o nosso coração,

287
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

toda a mente, e toda a nossa alma, é porque Ele quer que sejamos
felizes.

1 Pr 26:11
2 Mt 22:37-39
3
Jo 17:26
4 Dt 5:16
5 Ibid., 5:1-15

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Capítulo Quarenta e Dois

Mandamentos: IV-X

Os três primeiros
. os últimos mandamentos falam
seis de nossos de nossos
deveres deveres
para com para comNo
o próximo.1 Deus e
meio
está o Quarto Mandamento: Honra teu pai e tua mãe, porque é um
vínculo entre Deus e o próximo. A justiça que devemos aos nossos pais
está próxima da justiça que devemos a Deus e relacionada com a justiça
que devemos ao nosso próximo. Depois de Deus, foram os nossos pais
que nos deram a vida e este Quarto Mandamento é o Mandamento que
prevê o futuro da nossa civilização.
Napoleão foi perguntado quando começa a educação de uma
criança. Ele respondeu: “Vinte anos antes do nascimento da
criança – na educação da mãe”. Isso é verdade porque os pais
ocupam o lugar de Deus no lar. Uma criança é muito barro nas
mãos do pai que decidirá seu futuro. Quando Deus deu um filho
aos pais, Ele fez uma coroa para aquele filho no céu e ai dos pais
que não cumprem o alto destino e vocação daquele filho. Um dos
perigos mais graves que as crianças enfrentam pode ser o exemplo
de seus pais. A delinquência começa em casa. A delinquência dos
pais torna-se delinquência juvenil, e a lei divina a respeito das duas
foi claramente expressa na Sagrada Escritura. Na epístola aos Colossenses

289
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

lemos sobre o relacionamento que os filhos devem ter com os pais e, mais
tarde, sobre o relacionamento que os pais têm com os filhos.2 Os filhos devem
ser obedientes aos pais de todas as maneiras; é um sinal gracioso de
servir ao Senhor e obedecer ao próprio Deus. Os pais não devem despertar
ressentimentos em seus filhos ou eles quebrarão seus espíritos. Deve haver
gentileza que caracteriza a misericórdia de Deus para conosco.

Que bela lição de obediência é dada no divino Menino de Nazaré. Não há


evidências de que Ele tenha dado a Maria e a José apenas o direito nominal de
comandar. A Escritura diz: Ele viveu ali em sujeição a eles.3 Imagine, Deus
sujeito ao homem! Deus, diante de quem tremem os anjos, principados e
potestades, está sujeito a Maria e a José, por amor de Maria. Aqui estão dois
grandes milagres de humildade e exaltação: o Deus-homem obedecendo a uma
mulher e uma mulher comandando o Deus-homem. O próprio fato de que Ele
se tornou sujeito a ela a dotou de poder e obediência que duraram trinta anos.

Por esse longo período de obediência voluntária, Ele revelou o Quarto


Mandamento como a base da vida familiar. De que outra forma o pecado
primordial da desobediência contra Deus poderia ser desfeito, exceto pela
obediência na carne do Deus, que uma vez foi desafiado? Foi Lúcifer quem
disse: “Não vou obedecer!”4 O Éden captou aquele eco e sua inflexão viajou
através dos tempos, abrindo caminho até os cantos e fendas de cada família.

À medida que os pais entregam sua autoridade legítima e responsabilidade


primária aos filhos, o estado começa a assumir o controle. Quando os pais
deixam de criar seus filhos no amor e no temor de Deus, e os filhos se tornam
delinquentes juvenis, então o estado assume o controle do lar e dos filhos. A
obediência no lar é o fundamento da obediência na comunidade; a consciência
se submete a um administrador da autoridade de Deus. O mundo perdeu o
respeito pela autoridade; visto que se perdeu primeiro no lar, e à medida que o
lar perde sua autoridade, então o estado começa a se tornar tirânico.

Um vínculo é estabelecido entre a casa e o estado. A democracia colocou o


homem em um pedestal; o feminismo colocou a mulher em um pedestal, mas
nem a democracia nem o feminismo podem viver uma geração a menos que
uma criança seja colocada primeiro em um pedestal e esse é o significado de Nazaré.
Nosso Senhor advertiu sobre cuidar da criança. Ele disse: E se alguém fere a
consciência de um destes pequeninos que crêem em Mim, aposte-

290
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Parte V: Mandamentos: IV–X

ter sido afogado nas profundezas do mar com uma pedra de moinho
pendurada no pescoço.5 Não se deve pensar que a obediência no lar não
inclua todos os outros tipos de obediência. Este mandamento abrange o
que é conhecido como a virtude da pietas, ou piedade, e envolve a família, o
vizinho e o estado. Toda autoridade vem de Deus; portanto, este mandamento
nos obriga a obedecer à autoridade civil. Lembre-se de quando Pilatos se
gabou de ter poder para condenar nosso abençoado Senhor, nosso
abençoado Senhor disse que não teria o poder a menos que viesse a ele do
alto.6 As Escrituras nos dizem que toda alma deve ser submissa a seus
superiores legítimos.7 A autoridade vem de Deus somente e todas as
autoridades que dominam são da ordenança de Deus. É muito bonito
perceber St.
Paulo e São Pedro pediram obediência aos governantes civis, embora o líder
civil fosse Nero, que os mataria. Você descobrirá que aqueles que amam a
Deus são sempre os grandes patriotas. Sempre que um declínio do
patriotismo começa em um país, sempre há um declínio da crença em Deus.

Nos outros mandamentos, do quinto ao décimo, nosso abençoado


Senhor disse que devemos amar nosso próximo como a nós mesmos. Como
nos amamos? Nós nos amamos muito. Mas também há algumas coisas de
que não gostamos em nós mesmos. Nós nos odiamos quando somos
grosseiros, barulhentos e insultamos os outros, ou fazemos exigências
excessivas ao próximo, ou quando contamos mentiras que ferem nossos
amigos. Você vê que podemos nos amar e nos odiar.
Amamos o que há de bom em nós mesmos e odiamos o que há de mau.
Amamos o que há de bom em nosso próximo e odiamos o que há de
pecaminoso nele. Amamos o pecador e odiamos o pecado. Amamos o
próximo como um eu espiritual, mas não o amamos necessariamente como um eu carnal.
Nosso abençoado Senhor uniu amor a Si mesmo, amor ao próximo e amor
a nós mesmos. Pode haver dois grandes erros: um é amar a Deus sem amar
o próximo, e o outro seria amar o próximo sem amar a Deus. Frequentemente
somos convidados a participar de causas de fraternidade; fala-se muito da
irmandade do homem.
Tudo isso é muito bom e verdadeiro, mas como podemos ser irmãos se não
tivermos um Pai comum? Deixar a Paternidade de Deus fora da irmandade
dos homens é fazer de todos nós uma raça de filhos ilegítimos.
O amor ao próximo não deve ser padronizado apenas em nosso amor a
nós mesmos, mas sim na maneira como nosso Senhor nos amou.

291
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Ele diz: Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos
amei.8 Mas quem é o meu próximo? Aquele que mora ao lado? Nunca podemos
dizer com antecedência quem é nosso próximo. O vizinho pode ser um amigo,
assim como nosso bendito Senhor foi amigo de Lázaro, e o vizinho pode ser um
inimigo, como foi o caso do homem que foi ferido na estrada de Jerusalém para
Jericó.9 O vizinho é aquele que que precisa de sua estima. Os santos têm mais
em nossa estima do que os pecadores, mas nesta terra a caridade deve ser
guiada pela grandeza da miséria espiritual ou corporal. Se dois estão na miséria
e igualmente necessitados, então podemos dar ao mais próximo de nós por
sangue ou por amizade.

Dissemos que o vizinho também pode ser o inimigo e nosso abençoado


Senhor disse: Mas eu lhes digo, amem seus inimigos. Faça o bem a quem te
odeia. Orem por aqueles que os perseguem e insultam.10 O amor aos inimigos
é, na verdade, a pedra de toque para provar se nosso amor é verdadeiramente divino.
Nosso abençoado Senhor disse que antes de levarmos uma oferta a Ele no
altar, devemos ir e nos reconciliar com nosso irmão se houver algum conflito
entre nós.11 Estamos relacionados com nosso próximo por mente, corpo e
coisas. Podemos estar ligados ao nosso próximo em pensamentos, desejos,
resoluções, na maneira como falamos e na maneira como os ouvimos. Podemos
nos relacionar com nosso próximo no corpo e no trabalho. Pode haver prazer
através da comunicação. Podemos estar ligados ao nosso vizinho por meio de
dinheiro, terra e propriedade, toda a ordem econômica. Esses três - mente,
corpo e coisas - são as fontes dos três principais tipos de pecado: orgulho, que
se refere à mente; luxúria ou impureza, que se refere ao corpo; e, finalmente,
avareza, que se refere às coisas.

Assumamos nossa relação com o próximo nas tentações da mente. As


tentações estão inteiramente na mente. Há três elementos em uma tentação:
sugestão, deleite e consentimento. Você não pode pecar em sua mente até que
haja consentimento, que vem da vontade.
A sugestão pode vir do olho, ouvido, memória, imaginação ou sugestão, como
Eva foi tentada pela palavra de Satanás. Pode haver prazer e isso pode até ser
físico. Podemos sentir a repercussão do pensamento em nosso corpo; não faz
diferença quanto tempo o sentimento pode durar; não há pecado até que haja
consentimento. Não devemos pensar que somos maus porque somos tentados
- isso é apenas humano; é o consentimento que está errado.

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Parte V: Mandamentos: IV–X

A nossa relação com o próximo obriga-nos a falar a verdade.


Nenhuma outra virtude moral pode crescer sem a verdade. No sacramento
da Confirmação recebemos o espírito da Verdade e a pertença ao Corpo
Místico torna-se mais íntima; como São Paulo nos diz, quando estamos
unidos pela verdade. A razão pela qual somos solicitados a ser verdadeiros
é porque toda a Encarnação é a Verdade. Lembre-se de que a palavra
interior ou o pensamento de Deus tornou-se carne, tornou-se exteriorizado.
Como o Filho é a imagem do Pai, o que digo externamente deve ser a
imagem do que está em minha mente internamente. O Verbo se fez carne e
habitou entre nós.12 Todos os pecados contra a verdade são proibidos, como
mentir, vangloriar-se, difamar o caráter, ferir o bom nome de outrem,
julgamento imprudente, acusar falsamente os outros, negar nossa fé mesmo
sob perseguição, hipocrisia, além de resolver fazer algo mau mesmo quando
somos incapazes de realizá-lo. Pode-se cometer assassinato em pensamento,
embora o pensamento nunca se transforme em ação. Os Mandamentos
dizem: Não cobiçarás a mulher do teu próximo. Não cobiçarás os bens do
teu próximo.13 Nosso bendito Senhor disse: Qualquer homem que olhar por
uma mulher e cobiçá-la já cometeu adultério com ela em seu próprio
coração.14 Vejam, nosso abençoado Senhor não espera até que um
pensamento se transforme em ato. . Ele não está interessado apenas em
higiene; Ele mantém limpas todas as motivações de ação. Se todos os
pequenos rios que correm para o oceano forem mantidos limpos, o próprio
oceano será mantido limpo.
Nosso corpo merece respeito porque na ordem natural está vinculado à
alma para constituir uma pessoa e na ordem sobrenatural torna-se um templo
de Deus onde estamos em estado de graça. A Sagrada Escritura nos diz:
Rogo-vos pelas misericórdias de Deus que ofereçais vossos corpos em
sacrifício vivo, consagrado a Deus e digno de sua aceitação . muitas vezes
nu por dentro. Quanto mais a alma está revestida de virtude, menos
necessidade há de exibição externa.

Temos que cuidar do nosso corpo não apenas por razões biológicas, mas
para melhor manter nossa vida espiritual e moral. Isso não significa que a
doença seja incompatível com a santidade. Às vezes, a doença diminui a
tentação, une-nos à Paixão de Nosso Senhor e assegura-nos a promessa da
glória se sofrermos em Seu nome. Temos que lembrar que todo pecado na
mente também pode ser um ataque contra

293
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

o corpo. Assim, não haverá como tirar a própria vida porque isso pertence
a Deus. Para uma mulher, não haverá aborto. Não haverá como tirar a vida
de pessoas incuráveis. Não haverá maus pensamentos ou desejos contra
o próximo e nem pecados solitários, embriaguez e todos os outros pecados
contra o corpo, que você encontrará mencionados em um livro de orações.
Não haverá pecados contra o nosso próprio corpo ou contra o corpo do
próximo como homicídio, aborto, adultério e impedimento do fruto do amor.

Estamos relacionados com o nosso próximo por coisas. A propriedade


privada é a garantia externa da liberdade humana e o direito à propriedade
é pessoal, mas o uso da propriedade é social. Somos obrigados ao próximo
em caridade para dar esmola. Os supérfluos dos ricos são as necessidades
dos pobres. Nosso bendito Senhor disse, eu estava doente e você me
visitou, eu estava com sede e você me deu de beber.16 Haverá, no que diz
respeito às coisas, grande caridade, particularmente para as missões da
Igreja em terras pagãs. O Santo Padre disse: “Esta é a caridade que supera
todas as outras caridades, como o céu, a terra e o tempo eterno”.
Todos os pecados em relação às coisas serão evitados. Não haverá
roubo sem restituição do que foi roubado. Se não conhecermos a pessoa
de quem algo foi roubado, daremos uma quantia semelhante para caridade.
Devemos reparar danos injustos, dar trabalho completo por um dia de
pagamento. Haverá pagamento pelos empregadores de um salário digno e
sem trapaça ou atalhos. A Sagrada Escritura diz:

Não terás na tua bolsa vários pesos, um maior e outro menor;


nem haverá em tua casa um alqueire maior e outro menor. Terás
um peso justo e verdadeiro, e o teu alqueire será igual e
verdadeiro.17

Assim, os Mandamentos.

1 Dt 5:1-21 7 Ep 6:5 13 Êx 20:17


2Co 3:20-21 8 Jo 14 Mt 5:28
15:12 9
3 Lc 2:51 Lc 10:30 10 15 Rm 12:1
4 Is 14:12-14 Mt 5:44 Ibid., 16 Mt 25:35-36
5 Mt 18:6 11 5:24 12 Jo 17 Dt 25:13-14
6 1:14
Jo 19:10-11

294
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Capítulo Quarenta e Três

A Lei do Amor: Compromisso Total

Tudo. lei
o que discutimos
e amor. pode ser
Na maneira resumido
cristã, na diferença
não somos entrepela lei de forma
governados
alguma, deveríamos estar além dela. Buscamos não apenas guardar os
mandamentos, mas buscamos nos relacionar com nosso abençoado Senhor.
É difícil? É possível?
Lembre-se, um dia um jovem veio ao nosso abençoado Senhor e
perguntou o que ele deveria fazer para ser salvo, e nosso abençoado Senhor
disse que ele deveria guardar os Mandamentos. Nosso Senhor mencionou
cerca de cinco ou seis mandamentos, como não roubar, não cometer
adultério e coisas do gênero. O jovem disse: Tenho guardado tudo isso
desde a minha juventude. Nosso abençoado Senhor então acrescentou: Se
você quer ser perfeito, vá vender tudo o que você tem. Dá-o aos pobres e
depois vem e segue -Me.1 O jovem saiu triste porque tinha muitos bens. Isso
incomodou os apóstolos. Todos devem vender tudo para seguir nosso
Senhor? Eles disseram: Quem então pode ser salvo?2 Nosso Senhor
respondeu que não é possível apenas com os homens, por nosso próprio
poder humano, mas é possível com Deus. Todas as coisas são possíveis para Deus; nós t
O cristianismo é difícil do ponto de vista mundano, mas dá paz interior e
alegria àqueles que obedecem à lei do amor de nosso abençoado Senhor.
Quando entendemos a importância total da lei, ouvimos nossa

295
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

O Senhor diz: “Dê-me tudo, todos vocês. Dê-Me todo o seu ser.” Isso é
uma perda? Não, porque Ele disse: “Eu lhe darei um novo eu. Eu me darei
a você, minha própria vontade se tornará sua.
Estamos tentando permanecer o que somos e ao mesmo tempo manter
uma quantidade razoável de paz. Queremos ser “bons”. Queremos que
nosso coração e nossa mente sigam um caminho; talvez seja atrás de
dinheiro, prazer ou prestígio social e, ao mesmo tempo, queremos nos
comportar honestamente, castamente e guardar os Mandamentos.
Nosso abençoado Senhor disse: Um cardo não pode produzir um figo, e
um campo que não contém nada além de sementes de grama não pode produzir
trigo.3 Se eu quiser produzir trigo, a mudança tem que ir bem abaixo da
superfície. Eu tenho que ser arado e ser replantado. Nosso Senhor disse: Se
quereis ser perfeitos, venham e sigam-Me,4 e novamente: Sede vós perfeitos
como vosso Pai celestial é perfeito.5 Ele quis dizer que temos de passar pelo
tratamento completo. É difícil, mas ansiar por isso é um pouco mais difícil.
Quando você chega ao fundo do poço, do que temos medo? Temos medo de
apontar o dedo para Deus porque tememos que Ele pegue nossa mão. Temos
pequenos jardins secretos em nosso coração que cuidamos. O fruto não é Dele;
é nosso. Nós o isolamos dele, às vezes um pecado mesquinho, um vício ou egoísmo, seja lá o
Não temos a plena alegria de ser um cristão. É muito difícil para um ovo se
transformar em um pássaro, mas seria muito mais difícil para ele aprender a
voar permanecendo um ovo. Somos como ovos agora, e não podemos continuar
sendo apenas bons ovos. Ovo bom é ovo que choca.
Nosso abençoado Senhor insiste em uma espécie de morte; temos que
renovar em nossas vidas exatamente o que aconteceu na Dele. Ele é o padrão.
Ele repetidamente disse a Nicodemos e a nós que, se quisermos viver
novamente, temos que perecer em nossa antiga existência . questões?

Essa pessoa deve ler o texto onde disse que não subtrairia um jota da
severidade da lei de Deus.7 Ele não veio para abolir a lei, mas para
aperfeiçoá-la.8 A graça não é barata. Custou a vida de nosso Senhor. Você
consegue pensar em algo mais caro do que o que um homem deve pagar
na cruz? Se queremos paz, temos que pagar o preço. Sem essa morte
para a vida inferior, não há paz; só há medo e vivemos uma espécie de
meia existência.
Nosso abençoado Senhor disse: Aquele que quiser fazer a
vontade do Pai no céu saberá se o ensino é de Deus.9 Ele quer dizer um dos

296
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Parte V: A Lei do Amor: Compromisso Total

as razões pelas quais existem agnósticos e céticos é porque eles não


estão guardando a lei de Deus. Se conhecermos Sua vontade,
entenderemos Sua doutrina. Podemos ter muita insistência no
conhecimento da doutrina cristã e pouca insistência em fazê-la. Nosso
bendito Senhor disse: Se fizerdes a Minha vontade, conhecereis a
Minha doutrina.10 Somente aquele que faz a vontade com sinceridade
e aposta sua vida nela chegará a compreender Cristo e tudo o que Sua
redenção significa. Nosso Senhor é conhecido apenas por aqueles que
se aventuram, não pelos covardes.
A princípio, nosso abençoado Senhor é um perturbador. Ele parece irritá-
lo e levá-lo a uma espécie de crucificação. Você é um mundano fácil de lidar
e se estabeleceu confortavelmente em sua visão de mundo, mas se você for
sincero com Cristo, terá que desistir desse conforto porque é uma falsa paz.
O primeiro advento de Cristo em nossas vidas é de alguém que nos perturba,
mas uma vez que nos entregamos a Ele, Ele se torna nosso defensor. Antes
de termos Cristo, nosso coração nos acusa, ficamos infelizes com meias
medidas. Depois que nos entregamos a Ele e à Sua lei de amor, nosso
coração fica em paz. Sua atitude muda completamente quando mudamos a
nossa.
Esta é outra maneira de colocar a diferença entre mandamentos e
amor: “Os mandamentos apenas me restringem”. Nós os vemos como
barreiras e obstáculos no caminho da vida. Aqueles que vivem de acordo
com os Mandamentos perguntam: “Até onde posso ir?”
“Qual é o limite?”
“Quão perto posso chegar do abismo sem cair nele?”
“É um pecado mortal?”

Este não é o caminho do amor; não é o caminho da paz. É o velho Adão


dentro de mim que fala dessa maneira sobre comandos. Quando
simplesmente obedeço aos comandos, nunca estou lá como uma pessoa
inteira. Esse é o estado psicológico de todo aquele que obedece a um
comando, nunca de todo o coração. Quando amo, sou uma pessoa completa,
pois o amor é um movimento de todo o meu ser; portanto, nunca pode ser comandado.
Até este ponto, dissemos que a doutrina cristã da moralidade é um
compromisso total com Cristo. Colocamos em Sua mente, pensamos em
Seus pensamentos, amamos o que Ele ama e nos perguntamos sempre que
fazemos algo: “Isto será agradável para Ele?” Há um outro lado do amor de
Deus, é o amor ao próximo. As duas leis andam juntas.
O amor ao próximo é ser portador de pecado.

297
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Há alguns anos, lembro-me de ter conhecido uma mulher que estava angustiada
porque seu filho havia sido preso. Acho que foi sua quarta prisão por crime, roubo e
assassinato. Ela estava amargamente envergonhada e com o coração partido. Eu me
perguntei, por que ela tem toda essa vergonha? E então as palavras do profeta Isaías
vieram a mim, referindo-se a nosso Senhor, e eu poderia dizer dela: Ela havia nascido
com sua dor, carregado com suas dores, e o castigo de sua paz estava sobre ela.11
Seria apenas por suas pisaduras para que ele fosse curado. Esta boa mãe teve muito
poucos pecados em sua vida, certamente nenhum grave; no entanto, o amor a tornou
extremamente pecaminosa por causa dele. Imediatamente o mistério se esclareceu, o
amor que uma mulher pode sentir por seu filho a torna uma com ele. Seu pecado,
desgraça e vergonha são dela, o que é a coisa mais próxima que podemos chegar
nesta terra do amor de Deus.

Temos que ver que todos os nossos pecados, desgraças e vergonha se tornaram
Dele, os quais Ele carregou em Seu próprio corpo sobre a Árvore.
É isso que custa o perdão e por que a graça e o perdão não são fáceis. Não
devemos pensar que somos piedosos quando começamos a viver nossa vida individual
e santa, separados de nosso próximo, do mundo e da humanidade sofredora. Esse foi
o problema com Simão, o fariseu.
A mulher pecadora entrou em casa e derramou unguento em Seus pés. Simon ficou
escandalizado. Ele não queria contato com um pecador; ele estava preocupado em
manter a lei para si mesmo e talvez suas próprias falhas em paz interior. Nosso
abençoado Senhor disse a Simão: “Você vê esta mulher? Você a entende? Seus
pecados fazem parte dos pecados do mundo”. Ele estava levando os pecados dela e
derramar o ungüento era uma preparação para Sua crucificação e sepultamento.12
Ela foi muito perdoada e o perdão custa muito caro.

Perdão é amor em ação e amor significa suportar o pecado. O perdão só pode


ser obtido levando o pecado, o que significa uma cruz para Deus e para nós! Nosso
bendito Senhor disse: Se alguém quiser ser meu discípulo, tome sua cruz e siga-
Me.13 O significado da cruz é o amor levando o pecado do amado por causa da
unidade com Ele.
Só podemos conhecer o portador do pecado, Cristo, quando carregamos os pecados
dos outros. Somos redimidos para ser redentores e não somos salvos até que Deus
nos torne salvadores. Um cristão deve ir com Nosso Senhor ao Horto do Getsêmani e
de lá deve passar ao Calvário, completando em seu corpo o que falta aos sofrimentos
de Cristo por amor de seu corpo, que é a Igreja.

298
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Parte V: A Lei do Amor: Compromisso Total

Não podemos, como Pilatos , lavar as mãos e dizer: “Sou inocente do


sangue e dos sofrimentos do mundo”. derramado em seus corações. Eles
podem perdoar porque foram perdoados. Aqueles que foram amados podem
se tornar amantes. A menos que a Igreja de Cristo esteja unida pelo amor
com toda a humanidade, então o pecado do mundo é o pecado da Igreja; a
desgraça do mundo é a desgraça da Igreja; a vergonha do mundo, a vergonha
da Igreja; a pobreza do mundo, a pobreza da Igreja; então não é nenhuma
Igreja. A Igreja não é e nunca poderá ser um fim em si mesma. É um meio de
salvação para o mundo, não apenas nossa própria santificação. Não podemos
nos salvar sozinhos. Oramos no contexto de “Pai Nosso”, não “Meu Pai”;
“Nosso pão de cada dia”, não “Meu pão de cada dia”.

A Igreja é o agente de salvação para a humanidade. Não é um refúgio


de paz; é um Exército se preparando para a guerra. Buscamos segurança,
mas apenas em sacrifício; esta é a marca da Igreja e a marca da cruz. Se o
pecado de nossas favelas modernas e a degradação que elas causam; se o
pecado de nossas casas superlotadas e a feiúra e o vício que elas trazem;
se o pecado do desemprego com a condenação do corpo e da alma; se o
pecado dos impiedosos e imprudentes se destaca contra a pobreza esquálida
e degradante da África, Ásia e América Latina; se o pecado de trapaça
comercial e desonestidade e a fraude em massa dos pobres; se o pecado da
prostituição e o assassinato de mulheres e crianças por doença; e se o
pecado de guerra que os outros criaram; se tudo não for colocado sobre a
Igreja como um fardo e sobre nós como membros da Igreja e se não sentirmos
dor, não somos membros dignos da Igreja. Perdemos nossa vocação.

A moral cristã não é apenas guardar os mandamentos; é amor, compromisso


total e tomar sobre nós os pecados dos outros.
Esta é a nova lei: Amar a Deus; Ame seu vizinho.

1 Mt 19:21 2 6 Jo 3:1-21 11 Is 53:4-5


Ibid., 19:25 7 Mt 5:18 8 12 Lc 7:36-50
3 Ibid., 7:15-20 Ibid., 5:17
Jo 7:17 13 Mc 8:34
4 Ibid., 19:21 9
Ibid., 8:31 14 Mt 27:24
5 Ibid., 5:48 10

299
Foto
cortesia
do
St.
Bernard's
Institute
Bishop
Sheen
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Capítulo Quarenta e Quatro

Morte e Julgamento

Eventualmente, tivemos
' Se há algo que chegar ao
que caracteriza assunto
a vida, é ada morte e do dos
intolerância julgamento.
limites. Todos
nós queremos o infinito. É por isso que nos decepcionamos com frequência.
Percebemos a tremenda desproporção que existe entre um ideal que
concebemos e a própria realidade. Mas ainda continuamos procurando
porque temos uma capacidade infinita para mais. Você não pode se imaginar
possuindo alguma coisa boa e não querer mais. A natureza estabelece
limites para o “mais” de nossos corpos. Há um limite para os prazeres
corporais; eles podem até chegar a um ponto em que se tornam dolorosos e
nos cansamos deles. Não há limites para os desejos da alma que nunca
podem atingir o ponto de saciedade.
Não há limite para a verdade que você pode conhecer, a vida que você pode viver, o
amor que você pode desfrutar e a beleza que você pode experimentar.
Se isso fosse tudo, seríamos enganados. Ficaríamos frustrados como
uma mulher louca por moda colocada em uma sala com mil chapéus, mas
nenhum espelho. Como você tem um corpo e uma alma, você pode fazer
um ou outro mestre. Você pode fazer o corpo servir à alma, que é o caminho
cristão, ou pode fazer a alma servir ao corpo, que é o caminho miserável. É
esta escolha que torna a vida tão

301
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

muito sério. Não haveria graça em jogar, a menos que houvesse uma chance
de perder. Não haveria entusiasmo na batalha, se coroas de mérito pairassem
sobre aqueles que não lutaram. Não haveria interesse em dramas, se os
personagens fossem marionetes. Não haveria sentido na vida, a menos que
houvesse grandes e eternos destinos em jogo nos quais dizemos “sim” ou
“não” para nossa salvação eterna. Nosso bendito Senhor colocou desta
forma: E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma.
Antes, temei aquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no Inferno.1
Em outra ocasião, nosso Senhor disse: Que adianta ao homem ganhar o
mundo inteiro e sofrer a perda de sua própria alma?
Que troca um homem dará por sua alma?2
Chegará um momento em que esta provação terminará. Sei que é muito
difícil convencer as mentes modernas, pois elas não gostam de ouvir que a
vida vai acabar. A morte é muitas vezes disfarçada hoje por agentes funerários.
Eles quase fariam você acreditar que havia felicidade em cada caixa! Eles
não desejam enfrentar o fato do fim do homem. E você notou que as mentes
modernas se sentem estranhas diante da morte? Eles não sabem como
estender simpatia porque se concentram nas circunstâncias que precedem
a morte, e não nas questões eternas envolvidas na morte, a saber, céu ou
inferno.
Há quem pense que a morte é da ordem biológica e que o homem morre
assim como morrem os porcos e os galos e exatamente pelo mesmo motivo.
mas isso não é verdade. O homem tem uma alma que é espiritual e imortal.
A morte de um homem não é o mesmo que a morte de um besouro. Uma
vida animal é como um círculo, desdobrando-se por dentro e voltando-se
para si mesmo. A vida do homem é como uma trajetória que se estende
além do tempo para outra pessoa. A verdadeira razão da morte não está na
ordem natural, mas na ordem histórica. No início da história humana o
homem pecou e a pena do pecado é a morte. A Escritura diz: Foi por um
homem que a culpa veio ao mundo e, visto que a morte veio devido à culpa,
a morte foi transmitida a toda a humanidade por um homem.3 Portanto, por
causa do pecado original, nós morremos. Se não houvesse pecado, não
haveria morte. A Assunção da nossa Mãe Santíssima segue-se à sua
Imaculada Conceição. O corpo da bendita Mãe não se tornou sujeito à
corrupção, porque foi preservado livre do pecado. A doação da Eucaristia
implicava a ressurreição do corpo, pois estávamos unidos ao Seu corpo e
sangue. Cristo disse: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue goza
da vida eterna e eu o ressuscitarei

302
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Parte V: Morte e Julgamento

no último dia.4 A Ressurreição de nosso Senhor é a garantia de nossa própria


ressurreição.
São Paulo nos diz que temos que morrer diariamente. Uma morte feliz é
uma obra-prima, e nenhuma obra-prima jamais foi aperfeiçoada em um dia.
Demorou sete anos para fazer o modelo de cera para a célebre estátua de Joana d'Arc.
Um dia, o modelo foi finalmente concluído e o bronze derramado. A estátua
permanece hoje como uma perfeição arrebatadora da arte do escultor. Da
mesma forma, nossa morte no final da existência natural deve aparecer como
uma perfeição arrebatadora depois de anos de trabalho dado ao seu molde e
morrendo diariamente pela mortificação. A principal razão pela qual tememos a
morte é porque não estamos preparados para ela. A morte é uma coisa bela
para aquele que morre antes de morrer, morrendo diariamente para as tentações
do mundo, da carne e do Diabo. Há uma inscrição muito interessante sobre o
túmulo de Duns Scotus em Colônia que diz: “Ante sepulturam bis morimur”, uma
dupla morte precedeu seu enterro.
Não há um viajante em cem que entenda o mistério do amor por trás dessa
citação.
Uma vez que a morte chega, não há remédio para uma vida má;
somente antes que venha, morrendo para nós mesmos. Seguimos a lei da
emulação, que é a lei do universo. Não há outra maneira de entrar em uma
vida superior, exceto morrendo para a inferior. Não há possibilidade de um
homem desfrutar de uma existência nobre em Cristo, a menos que seja
arrancado do velho Adão. Quando alguém leva uma vida mortificada em
Cristo, a morte não vem como um ladrão na noite, pegando de surpresa.
Morremos diariamente; assim, ensaiamos, aos homens está ordenado
morrerem uma vez e depois disso o julgamento.5 Essas são as palavras
da Sagrada Escritura. Quando parentes e amigos se reúnem em torno de
uma pessoa morta, eles costumam perguntar: “Quanto ele deixou?” Mas os
anjos perguntarão: “Quanto ele levou com ele?” A única coisa que podemos
levar conosco na morte é o que podemos levar conosco em um naufrágio;
ou seja, nossos méritos.
Então vem o julgamento e o julgamento é duplo. Seremos julgados no
momento da morte no juízo particular, e seremos julgados no último dia no juízo
geral. Você é uma pessoa e é individualmente responsável por seus atos. Suas
obras seguem você. O segundo julgamento será porque você desenvolveu sua
salvação no contexto da ordem social e do Corpo Místico de Cristo; portanto,
você deve ser julgado com todos os homens.

303
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

No julgamento geral, tomamos nossos corpos sobre nós mesmos


como na ressurreição. Na morte, quando a alma é separada do corpo,
ela ainda retém sua aptidão para o corpo. A alma deixou uma marca,
como se você tivesse deixado sua mão em cera quente. Pode-se quase
dizer que, na morte, a alma deseja ter o corpo consigo. Quando a alma
deixa o corpo na morte, ela não deixa o corpo para sempre. A alma não
se torna um anjo; permanece uma alma humana. A alma contém todas
as suas experiências, acontecimentos, pensamentos e ações. Na
ressurreição dos mortos, a alma terá um corpo correspondente à condição
espiritual da alma.
Será glorioso, se a alma for salva; e miserável, se a alma está perdida.
Nossa salvação não é apenas a salvação da alma, mas de toda a nossa
personalidade. Nossos corpos compartilharam da condição de nossa
alma e compartilharão de sua glória ou vergonha. Se você derramar água
em um copo azul, ele parecerá azul. Da mesma forma, no dia da
ressurreição, nossos corpos brilharão de acordo com as virtudes ou
vícios que estão em nossas almas.
Como será o julgamento particular? Será uma avaliação de nós mesmos
exatamente como realmente somos. À medida que vivemos, quase parece
haver várias pessoas em nós. Há as pessoas que os outros pensam que
somos, depois há a pessoa que pensamos que somos e depois há a pessoa
que realmente somos. Durante esta vida é muito fácil para nós acreditarmos
em nossos avisos de imprensa e publicidade, julgarmos a nós mesmos pela
opinião pública e não pela verdade eterna. Podemos e nos consideramos
bons, porque encontramos vizinhos que são tão perversos. Às vezes julgamos
nossas virtudes pelos vícios dos quais nos abstemos. Se ganhamos nosso
dinheiro sob um sistema capitalista, pensamos que as organizações
trabalhistas são perversas; se ganhamos nosso dinheiro organizando
sindicatos, pensamos que o capitalismo é perverso. Se viemos da cidade,
menosprezamos as pessoas do campo. Achamos que porque uma pessoa
fala com sotaque ela não é importante; que se ele é preto, pardo ou amarelo,
tem menos valor. Nosso entusiasmo pelo homem comum pode ser porque
odiamos o rico, não porque amamos o homem comum. Nem sempre estamos
vendo as coisas direito, estamos usando óculos escuros. São Paulo deu a
entender isso quando disse: Vemos agora através de um espelho de maneira
escura, mas depois veremos face a face. Agora conheço em parte, mas então
conhecerei como sou conhecido.6 Somos o que somos, não por nossas
emoções, sentimentos, gostos ou aversões, mas por nossas escolhas ou decisões.

304
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Parte V: Morte e Julgamento

Estamos todos na estrada da vida neste mundo, mas viajamos em


veículos diferentes. Alguns estão em caminhões, jipes e ambulâncias. Outros
estão em vagões de doze cilindros e outros em velhos destroços quebrados,
mas cada um de nós está dirigindo. O julgamento é algo como ser parado
por um policial. Quando somos parados por Deus, Ele não nos diz, como o
policial não diz: “Que tipo de carro você está dirigindo?” Deus não faz
acepção de pessoas. Ele pergunta: “Você dirigiu bem? Você obedeceu às
leis?
Na morte, deixamos para trás nossos veículos, nossas emoções,
preconceitos, sentimentos, nosso estado de vida, nossas oportunidades, os
acidentes de talento, dever, inteligência e posição. Não fará diferença para
Deus se formos aleijados, ignorantes ou odiados pelo mundo; nosso
julgamento será baseado não em nossa posição social, mas no modo como
vivemos, nas escolhas que fizemos, nas coisas que amamos. Não pense
que, ao comparecer perante o tribunal de Deus, você argumentará um caso.
Você não alegará circunstâncias atenuantes, não pedirá um novo julgamento
ou um novo júri; você será seu próprio juiz! Você será seu próprio júri. Como
dizem as escrituras, Seremos condenados por nossas próprias bocas.7 Deus
meramente selará nosso julgamento.
O que é então o julgamento do ponto de vista de Deus e do nosso ponto
de vista? Do ponto de vista de Deus, julgamento é reconhecimento.
Duas almas aparecem diante da vista de Deus naquela fração de segundo
após a morte, uma está em estado de graça, a outra não. Lembre-se que a
graça é uma participação da natureza divina. Assim como por natureza você
se parece com seus pais, também pela graça participamos da natureza de
Deus. Nosso abençoado Senhor olha para a alma e o estado de graça. Ele
vê a semelhança de Sua natureza. Uma mãe conhece seu filho porque a
criança compartilha sua natureza, então Deus conhece Seus próprios filhos
pela semelhança da natureza quando nascemos Dele. Ao ver em nossa alma
Sua divina semelhança, Ele nos diz: Vinde, benditos de Meu Pai. Eu ensinei
você a rezar 'Pai Nosso'. Eu sou o Filho natural, você o filho adotivo, entre
no Reino que preparei para você desde toda a eternidade.8
Olhemos para a outra alma que não possui os traços familiares da
Trindade. Uma mãe sabe que o filho do vizinho não é dela porque não há
partilha em sua natureza. Nosso Senhor, vendo na alma pecadora nenhuma
semelhança com a Sua, só pode dizer aquelas palavras terríveis que
significam não reconhecimento, eu não te conheço!9 É uma coisa terrível
não ser conhecido por Deus.

305
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Do ponto de vista humano, há o reconhecimento da inaptidão ou aptidão.


Suponha que um dia um visitante muito distinto seja anunciado à sua porta.
Você está com roupas de trabalho e suas mãos e rosto estão sujos. Você
não está em condições de se apresentar diante de uma pessoa tão
importante. Você se recusa a vê-lo até que possa melhorar sua aparência.

Uma alma manchada pelo pecado age da mesma forma quando vai
perante o tribunal de Deus. Ele vê Sua majestade, pureza e brilho.
Mas a alma conhece sua própria pecaminosidade e indignidade. Não suplica,
argumenta ou pleiteia um caso. A alma vê do fundo e diz: “Ó Senhor, não
sou digna”. Uma alma manchada de pecados veniais diz: “Dê-me tempo para
me limpar”, e vai ao purgatório para lavar suas vestes batismais. Mas a alma
irremediavelmente manchada, morta para a vida divina, lança-se no inferno
com a mesma naturalidade com que cai no chão uma pedra solta de minha
mão. A alma cheia de amor divino e sem nenhuma punição temporal por
causa de seus pecados é como um pássaro solto de sua gaiola; ele voa para
o céu.
Três destinos possíveis esperam por você na morte e no julgamento: o
inferno, que é dor sem amor; purgatório, dor com amor; e o céu, amor sem
dor.

1 Mt 10:28 5 Hb 9:27 9 Lc 13:25


2 Ibidem, 16:26 6 1 Co 13:12
3 Rm 5:12 7 Mt 12:37
4 8 Ibidem, 25:34
João 6:54

306
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Capítulo Quarenta e Cinco

Purgatório

Certa vez, visiteidoum


. através homem em
alcoolismo, um hospital
infidelidade que levava
e outros umagrosseiros.
pecados vida miserável
Ele
havia deixado sua esposa muito infeliz, seus filhos envergonhados de sua
conduta e toda a família empobrecida. Em seu leito de morte, nós o reconciliamos
com Deus.
Ele me disse: “Não estarei aqui por muito mais tempo. Não tenho dúvidas
de que Deus perdoou meus pecados, mas estou pronto para o bombardeio que
sei que receberei e mereço”.
Observe a distinção que ele fez entre paz e dor. Ele estava em paz porque
seus pecados foram perdoados; ainda assim, ele sabia que não havia expiado
totalmente todos os seus pecados. Ele distinguiu entre o perdão e a reparação
dos pecados, assim como o ladrão fez à direita de nosso Senhor. Nosso Senhor
assegurou-lhe o Paraíso; e, no entanto, ele continuou a sofrer. Enquanto estava
pendurado ali, o ladrão disse: “ Sofremos a devida recompensa por nossos atos.1
Uma coisa é ser perdoado, outra coisa é expiar esse pecado. Se você já visitou
uma grande mina de diamantes como Kimberley e viu os diamantes brutos,
ficaria desapontado porque eles parecem tão opacos e cheios de falhas. Cada
um deles teria que ser cortado e depois polido.

307
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

O purgatório é um meio de alcançar a excelência alcançando uma


perfeição que de outra forma nunca seria conhecida. É algo como uma
câmara escura para um filme fotográfico onde o filme é feito e tratado com
ácidos ardentes para que sua cor e beleza ocultas possam ser reveladas.
Purgatório é assim. O julgamento de Deus é final, mas há uma chance
misericordiosa de ser purificado do pecado por aqueles que morrem em
estado de graça, mas ainda não expiaram todo o castigo devido aos pecados.
Por exemplo, fomos perdoados por ter roubado, mas não devolvemos os
bens roubados. A maioria de nós não está pronta para ir perante o tribunal
de Deus. Veja quantos deveres não cumpridos existem em nossas vidas,
pontas soltas e responsabilidades confusas.
Há curvas erradas refeitas e tomadas novamente de ânimo leve,
oportunidades perdidas, intenções boas e não totalmente postas em prática.

A maioria de nossas boas intenções, na verdade, estava apenas na fina


superfície superior de nossa alma. Eles nem sempre afundaram nas
profundezas do nosso ser. Portanto, Deus não sentenciará tais almas à
perda eterna. Uma provisão foi feita para compensar nossas falhas se
morrermos em estado de graça após a morte. Lemos no livro dos Macabeus
que é um pensamento piedoso e santo orar pelos mortos para que sejam
libertos de seus pecados.2 Nosso abençoado Senhor falou sobre o perdão
no mundo vindouro. Lembram-se da parábola da prisão dos devedores, da
qual não havia libertação até que a dívida fosse paga?3 Isso implicava a
libertação de dívidas em outra vida. São Paulo diz que o homem impôs
materiais pobres sobre os fundamentos que foram lançados por Cristo e
todos esses materiais devem ser provados pelo fogo.4
O Purgatório é o lugar onde o amor de Deus tempera a justiça de Deus
e onde o amor do homem tempera a injustiça do homem.
A necessidade do purgatório é fundamentada na absoluta pureza de Deus.
No Apocalipse lemos sobre a grande beleza de Sua cidade de ouro puro com
suas paredes de jaspe e luz imaculada que não é do sol ou da lua, mas a luz
do Cordeiro imolado desde o princípio do mundo. Também aprendemos
sobre a condição para entrar pelos portões da Jerusalém celestial. O Livro
Sagrado diz: Não entrará nele nada impuro ou que pratique abominação ou
mentira, mas aqueles que estão escritos no Livro da vida do Cordeiro.5 A
justiça exige que nada seja impuro, apenas os puros de coração , estará
diante da face do Deus puro.

308
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Parte V: Purgatório

Suponha que não houvesse purgatório. A justiça de Deus seria terrível


demais para palavras! Quem de nós ousaria afirmar no momento da morte
que somos puros o suficiente para estar diante do imaculado Cordeiro de
Deus? Você acha que poderia dizer isso? Eu sei que não posso. Há alguns,
como os mártires, que aspergiram as areias do Coliseu com o seu sangue
em testemunho da sua fé: os missionários, como Paulo, que se entregam
pela difusão do Evangelho e os santos de clausura, que na calma calma de
um calvário voluntário tornam-se mártires sem reconhecimento. Almas assim
são exceções gloriosas.
Quantos milhões morrem com suas almas manchadas por pecados veniais
que conheceram o mal e por sua forte determinação arrastaram consigo a
fraqueza de seu passado como um peso de chumbo. No dia em que fomos
batizados, a Igreja colocou sobre nós uma veste branca dizendo:

Receba esta veste branca que você pode levar sem mancha
perante o tribunal de nosso Senhor Jesus Cristo, para que você
possa ter a vida eterna.

Você manteve sua roupa intacta pelo pecado? Tem algum de nós?
Mantivemos a vestimenta tão limpa que poderíamos dizer que merecemos
entrar no Exército de vestes brancas do Rei dos Reis? Quantas almas que
partem desta vida têm a coragem de dizer que partiram sem qualquer apego
indevido às criaturas, ou nunca foram culpadas de um talento desperdiçado,
de uma estupidez leve, de um ato impiedoso, de um descuido com a
inspiração sagrada ou mesmo de uma palavra ociosa. pelo qual cada um de
nós deve prestar contas? Quantas almas estão reunidas no leito de morte
como flores do final da estação absolvidas dos pecados, mas não da dívida
do pecado? Pegue qualquer um de nossos heróis nacionais cujos nomes
veneramos e cujas ações imitamos. Algum inglês ou americano que
conhecesse algo sobre a pureza de Deus, tanto quanto ele ama e respeita
um Nelson ou um Washington, acreditaria que qualquer um deles na morte
estava livre o suficiente de pequenas falhas para entrar imediatamente na
presença de Deus? O próprio nacionalismo de Nelson e Washington, que fez
de ambos heróis na guerra, pode torná-los suspeitos de serem inadequados
após a morte para o verdadeiro internacionalismo do céu, onde não há inglês
nem americano, judeu nem grego, bárbaro nem livre, mas onde todos somos
um em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Todas as almas que morrem com algum amor de Deus que as possui
são belas almas. Mas se não há purgatório por causa de ligeira imperfeição

309
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

ções, devem ser rejeitadas sem piedade pela Justiça divina. Retire o purgatório e
Deus não poderá perdoar facilmente, pois um ato de contrição no final expiará trinta
anos de pecado? A infinita justiça de Deus certamente rejeitaria aqueles do céu que
resolveram pagar suas dívidas, mas não pagaram. Eu digo que o purgatório é onde
o amor de Deus tempera a justiça de Deus. Deus perdoa porque dá tempo de
retocar essas almas com a sua Cruz, de as recortar com o cinzel da purificação;
assim, eles podem se encaixar no grande edifício espiritual da Jerusalém celestial,
onde Ele os mergulha em lugares de purificação para que possam lavar suas vestes
batismais manchadas para entrar na pureza imaculada do céu. Neste lugar Ele pode
ressuscitá-los como a fênix de outrora, das cinzas de seu próprio sofrimento, como
águias feridas curadas pelo toque mágico das chamas purificadoras de Deus.

Eles podem subir ao céu para a cidade dos puros, onde Cristo é Rei e Maria é
Rainha. Por mais trivial que seja a falta, Deus não perdoa sem lágrimas e não há
lágrimas no céu.
O purgatório é um lugar onde o amor de Deus tempera a justiça de Deus e o
amor do homem pode temperar a injustiça do homem. Acredito que a maioria dos
homens e mulheres não tem consciência da injustiça, ingratidão e ingratidão de
suas vidas até verem a mão fria da morte colocada sobre alguém que amam. É
então, e só então, que eles percebem com pesar a assombrosa pobreza de seu
amor. Uma das razões pelas quais as lágrimas mais amargas são derramadas
sobre os túmulos é por causa das palavras que não foram ditas e das ações que
não foram feitas.
“A criança nunca soube o quanto eu a amava.”
“Ele nunca soube o quanto significava para mim.”
“Eu nunca soube o quão querido ele era até que ele se foi.”
Tais palavras são as flechas envenenadas que a morte cruel atira em nossos
corações da porta de cada sepultura. Então percebemos como teríamos agido de
maneira diferente se o que partiu pudesse
retornar.
Lágrimas são derramadas em vão diante de olhos que não podem ver. Carícias
são oferecidas sem resposta a braços que não podem abraçar e suspiros não
movem um coração cujo ouvido é surdo. Então veio a angústia por não oferecer
flores antes da morte, e por não espalhar incenso enquanto o amado ainda estava
vivo, e por não falar palavras gentis agora deve morrer no próprio ar que eles
cortam. Oh, a tristeza ao pensar que não podemos expiar o afeto limitado que lhes
demos, pelo

310
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Parte V: Purgatório

respostas leves voltamos às suas súplicas, e pela falta de reverência


mostramos a alguém que era talvez a coisa mais querida de Deus
alguma vez nos deu.

O purgatório é o lugar onde o amor de Deus tempera a justiça de Deus


e o amor do homem tempera a injustiça do homem. Ele permite que
corações deixados para trás quebrem as barreiras do tempo e da morte
para converter palavras não ditas em orações, incenso não queimado em
sacrifício, flores não oferecidas em esmolas e atos de bondade desfeitos
em ajuda para a vida eterna. Retire o purgatório e a dor por nossa
indelicadeza seria amarga e nossa dor por nosso esquecimento seria
penetrante. Sem o purgatório nossas cabeças inclinadas e momentos de
silêncio seriam vazios. Com o purgatório, a cabeça curvada dá lugar a um
joelho dobrado, o momento de silêncio se transforma em um momento de
oração e uma coroa de flores desaparecendo na oferta permanente de
sacrifício na Missa daquele grande Herói, Cristo.
O purgatório nos permite expiar nossa ingratidão porque nossas
orações, mortificações e sacrifícios permitem levar alegria e consolo aos
que amamos. O amor é mais forte que a morte; portanto, deve haver amor
por aqueles que vieram antes de nós. A morte cortará a gratidão?
Certamente não! A Igreja assegura-nos que não podendo dar-lhes mais
neste mundo, podemos ainda procurá-los nas mãos da justiça divina e dar-
lhes a certeza do nosso amor e o preço de compra da nossa redenção.
Assim como o homem que morre endividado tem as maldições de seus
credores seguindo-o até o túmulo, ele pode ter seu bom nome restaurado
pelo trabalho de seu filho que paga o último centavo. A alma de um amigo
que morreu devido a uma dívida de penitência para com Deus pode ser
perdoada por nós, que ficamos para trás, entrelaçando a moeda das ações
diárias na moeda espiritual que compra a redenção rezando por essas
pobres almas em purgatório.

Eles sofrem? Sim. Eles não podem mais ganhar mérito e são como um
automóvel que ficou sem gasolina, então devem passar passivamente por
algum tipo de purificação. No purgatório amamos e somos felizes porque o
sofrimento nos aproxima do amor divino. Os fogos do purgatório queimam
a escória; portanto, quando uma alma está completamente purificada, não
resta mais nada para ser consumida, e ela vai para diante do trono de Deus.
Não há sensação de dor quando o amor perfeito é alcançado.

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

O sofrimento das almas do purgatório é algo difícil de imaginar; é uma


espécie de duelo. Por um lado, é um sofrimento porque estamos separados
de Deus e, por outro lado, é um sofrimento porque estamos ansiosos para
estar com ele. Talvez ninguém tenha colocado isso melhor do que o cardeal
Newman em The Dream of Gerontius.
Ele escreveu:

Quando então - se for esse o teu destino - tu vires o teu


Juiz, A visão Dele acenderá no teu coração Todos os
pensamentos ternos, graciosos e reverentes.
Você ficará doente de amor e ansiará por Ele, E sentirá
como se pudesse ter pena Dele, Que alguém tão doce
deveria ter se colocado em desvantagem, a ponto de ser
usado Tão vilmente por um ser tão vil como você.

Há uma súplica em Seus olhos pensativos


Vai te perfurar profundamente e te perturbar.
E tu te odiarás e te odiarás; pois, embora agora sem
pecado, você sentirá que pecou como nunca sentiu; e
desejará fugir e esconder-te de Sua vista: E ainda terá um
desejo de habitar Dentro da beleza de Seu semblante.

E essas duas dores, tão opostas e tão agudas – O


anseio por Ele, quando você não O vê; A vergonha de si
mesmo ao pensar em vê-Lo, - Será o seu verdadeiro e
mais agudo purgatório.6

1 Lc 23:41
2 2M 12:45
3 Mt 18:23-35
4 1 Co 3:13
5 Ap 21:27
6 Cardeal John Henry Newman, “O Sonho de Gerontius e Outros Poemas”, versos
718-727.

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Capítulo Quarenta e Seis

O Céu Não Está Tão Longe

acredito que existe uma canção popular intitulada “I’m In Heaven When . Perto de você." Para
EU
Eu sou
entender o céu, embora seja na eternidade, devemos começar falando sobre o tempo. O
céu está fora do tempo, mas temos que usar o tempo para chegar lá. Quase parece um paradoxo.
Nenhum de nós realmente desejaria uma espécie de existência sem fim nesta terra. Se fosse possível
vivermos quatrocentos anos com algum novo tipo de vitaminas, você acha que todos nós as
engoliríamos? Certamente chegaria um momento em nossa existência em que desejaríamos morrer.
Você já esteve em algum lugar nesta terra em que tem certeza absoluta de que seria aquele em que
gostaria de passar todos os dias de sua vida? Não é muito provável. A mera extensão de tempo para
a maioria de nós provavelmente seria uma maldição em vez de uma bênção.

Você já notou que seus momentos mais felizes chegaram quando a eternidade quase parecia
entrar em sua alma? Todas as grandes inspirações são atemporais e isso nos dá alguma sugestão
do céu. Certa vez perguntaram a Mozart quando ele recebeu as inspirações para sua grande música.
Ele disse que os viu todos de uma vez. Houve um grande calor, calor e luz, depois a sucessão de
notas. Ao escrever um discurso, quando preparo uma palestra, transmito ou começo a escrever um

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

livro, chega um momento em que o fim é visto no começo. Não se pode


escrever rápido o suficiente. A eternidade está na mente e o tempo está no
fim da caneta. As palavras não saem rápido o suficiente. Certa vez
perguntaram a Lacordaire, o grande pregador francês, se ele havia
completado seus famosos sermões para serem proferidos na Catedral de
Notre Dame. Ele respondeu: “Sim, eu os terminei. Tudo o que tenho a fazer
agora é escrevê-los.
Todo mundo experimenta algumas vagas insinuações de imortalidade,
como as que Wordsworth escreveu, sobre o que acontecerá após a morte.
Há tantos homens que tentam se imunizar desses pensamentos de
eternidade. Eles vestem uma espécie de capa de chuva à prova de Deus
para que as gotas de Sua graça não cheguem até eles. Eles excluem a
eternidade. Eu me pergunto se alguém já descreveu isso melhor do que T.
S. Eliot em “Os homens que se afastaram de Deus”. É um poema sobre
aqueles que se ocupam com tudo no tempo e nunca dão um minuto ao
estranho que bate à porta da sua alma quase todos os dias, o estranho que
os incomoda durante o sono, pois à noite há sonhos de imortalidade. TS Eliot
escreveu:

Ó cansaço dos homens que se afastam de Deus,


Para a grandeza de sua mente e a glória de sua ação, Para artes
e invenções e empreendimentos ousados, Para esquemas de
grandeza humana completamente desacreditados, Ligando a
terra e a água a seu serviço, Explorando o mares e desenvolvendo
as montanhas, Dividindo as estrelas em comuns e preferenciais,
Engajado em inventar a geladeira perfeita, Engajado em elaborar
uma moralidade racional, Engajado em imprimir tantos livros
quanto possível, Trama de felicidade e arremessando garrafas
vazias, Afastando-se de sua vaga ao entusiasmo febril Por nação
ou raça ou o que você chama de humanidade; Embora você
esqueça o caminho para o Templo, Há alguém que se lembra do
caminho para a sua porta: Da vida você pode escapar, mas da
Morte você não deve.

Você não deve negar este Estranho. 1

Esse estranho é quem traz a eternidade para sua alma.


Embora vivamos no tempo, é a única coisa que faz a felicidade

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Parte V: O Céu Não Está Tão Longe

impossível. Simplesmente porque você vive no tempo, não pode combinar seus
prazeres, alegrias e felicidade. Você não pode fazer um clube de areia cheio de
prazeres. Pelo simples fato de estar no tempo, você não pode marchar com Napoleão
e marchar com César. Você não pode se sentar para tomar chá com Horace, Dante
e Alexander Pope. Como você está no tempo, não pode desfrutar dos esportes de
inverno e da praia ao mesmo tempo. O tempo exige que você aproveite todos os
seus prazeres sucessivamente. O tempo não apenas os dá a você, mas também os
leva embora.
A menos que você examine suas próprias intuições e experiências psicológicas,
descobrirá que seus momentos mais felizes são aqueles em que você não está
absolutamente consciente do tempo. Quando você está na escola, ou talvez em seu
escritório, você olha para o relógio. Você não está gostando da escola ou do seu
trabalho. Talvez você esteja assistindo a um show ou conversando com amigos,
possivelmente você pode estar lendo e diz: “O tempo realmente passou!” Quanto
menos consciente você estiver da passagem do tempo, mais você se diverte. Há uma
sugestão do que o céu deve ser. Deve ser fora do tempo onde você pode possuir
todas as alegrias em um e no mesmo momento completo.

Você tem que usar o tempo para chegar ao céu. Muitas vezes pensamos no céu
como sendo “lá fora”, e desenhamos todo tipo de imagens irreais sobre ele. Porque
pensamos no céu, e até no inferno, como algo que nos acontece no fim dos tempos,
continuamos a adiá-lo. Na verdade, o céu não é lá fora. O céu é aqui.

O inferno não é lá embaixo. O inferno pode estar dentro de uma alma. Não existe
isso de morrer e ir para o céu ou morrer e ir para o inferno; você já está no céu, você
já está no inferno. Conheci pessoas que estavam no inferno e tenho certeza que
você também. Lembro-me de atender um homem em um hospital e pedi-lhe que
fizesse as pazes com Deus.
Ele disse: “Acho que você vai me dizer que vou para o inferno”.
“Não”, eu disse, “não estou”.
"Bem", disse ele, "eu quero ir para o inferno!"
Eu disse: “Eu nunca conheci um homem que quisesse ir para o inferno, então eu
acho que vou apenas sentar aqui e ver você partir.
Não pretendia deixar o tempo passar sem fazer alguma coisa, mas tinha certeza
absoluta de que se ele tivesse alguns minutos para si poderia mudar de ponto de
vista; então, sentei-me sozinho com ele por vinte minutos. Eu podia vê-lo passando
por uma espécie de luta de alma.
Ele me disse: “Você realmente acredita que existe um inferno?”

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Eu disse: “Você se sente infeliz por dentro? Você está com medo? Há pavor e
ansiedade? Todas as coisas más da sua vida estão surgindo diante de você como
um espectro e um fantasma?”
Não demorou muito até que ele fizesse as pazes com Deus.
Eu vi pessoas com o céu nelas. Se você quiser ver o céu em uma criança, olhe
para aquela criança no dia da Primeira Comunhão. Se você quer ver o quanto o
amor está relacionado com o céu, basta olhar para os noivos no altar no dia da missa
nupcial. O céu está lá porque o amor está lá. Eu vi o céu em uma religiosa missionária
que se entregava entre os leprosos. Às vezes você vê um jovem virtuoso e vê o
paraíso ali. A beleza de tal pessoa não é externa; é uma espécie de beleza
aprisionada por dentro, como se estivesse quebrando as barreiras da carne para
encontrar alguma expressão externa.

O céu está aqui, assim como o inferno pode estar na alma de alguns. O céu
está muito próximo de nós, pois o céu está relacionado a uma boa vida, assim como
uma bolota está relacionada a um carvalho. Uma bolota está fadada a se tornar um
carvalho. Aquele que não tem o céu em seu coração agora nunca irá para o céu, e
aquele que tem o inferno em seu coração quando morrer irá para o inferno. O céu
está relacionado com uma vida boa e virtuosa da mesma forma que o conhecimento
está relacionado com o estudo; um necessariamente segue o outro.
O inferno está relacionado com uma vida má da mesma forma que a
corrupção está relacionada com a morte; um necessariamente segue o
outro. O céu não está apenas muito longe; começa aqui, mas não termina
aqui. Nós apenas temos vislumbres fracos disso de vez em quando. Se
adiarmos o pensamento do céu até o momento de nossa morte, seremos
muito parecidos com os israelitas durante suas peregrinações no deserto.
Os pobres judeus estavam certa vez a cerca de onze dias da Terra
Prometida. Levou apenas três semanas para eles fazerem a jornada do
Egito à Terra Prometida, mas por causa de sua desobediência, fracassos,
apostasias e rebeliões contra Moisés, eles levaram cerca de quarenta
anos para entrar na Terra Prometida, que representa uma peregrinação.
em muitas de nossas vidas. Progredimos e depois retrocedemos. Graças
aos céus temos um Senhor misericordioso que nos perdoa setenta vezes sete!
O tempo é necessário para ganhar o céu, mas o lapso de tempo em si não nos
leva ao céu. O que nos leva ao céu é como vivemos, como morremos. Não devemos
pensar que apenas um ato particular é o único determinante. Somos determinados
pelos hábitos de nossa vida.

316
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Parte V: O Céu Não Está Tão Longe

Por exemplo, um grande pianista pode sentar-se ao piano e tocar uma nota
errada, mas você dirá: “Bem, ele geralmente é um pianista muito bom”. Se
eu me sentasse ao piano para tocar, poderia acertar uma nota certa, mas
você diria: “Ele não sabe tocar!” Lembro-me de uma vez ter ouvido um
comediante sentar-se ao piano e conversar com um artista famoso. Ele
disse, marcando uma nota: "Se você sabe tanto sobre música, diga-me o
que estou tocando!" Eu não teria os hábitos, a virtude e a bondade da arte
em minha alma.
Em seguida, chegamos ao que nosso Senhor disse sobre o céu em um
momento de Sua vida, na noite da Última Ceia. Nosso abençoado Senhor
reuniu todos os Seus apóstolos, homens pobres, fracos e frágeis e lavou
seus pés. Ele estava enfrentando a morte, a agonia no Jardim, aquele terrível
beijo traidor de Judas e até mesmo a negação do próprio Pedro. Alguém
poderia pensar que todos os Seus pensamentos estariam Nele mesmo,
certamente quando temos provações pensamos em nós mesmos. Não, Ele
pensou sobre eles. Ele viu a tristeza em seus rostos e disse: Não se
preocupem, não fiquem tristes. Eu vou preparar um lugar para você. Na
Casa de Meu Pai há muitas moradas.2 Como Ele sabia sobre a Casa do
Pai? Ele veio de lá; aquele era o Seu Lar. Ele foi o tipo de Filho pródigo que
deixou as riquezas e a felicidade da Casa do Pai para vir a esta Terra e
esbanjar o sustento de Sua vida em nossa salvação.
Preparando-se para voltar para Casa, Ele lhes fala sobre a Casa do Pai
e Ele disse: Vou preparar um lugar para vocês.3 Deus nunca faz nada por
nós sem preparação. Ele fez um jardim para Adão, como só Deus sabe fazer
um jardim bonito. Quando os judeus chegaram à Terra Prometida, Ele
preparou a terra para eles. Ele disse que lhes daria casas cheias de coisas
boas, casas que eles nunca construíram; Ele disse que lhes daria vinhas e
azeite, que nunca plantaram.4 Ele vai preparar um lugar para nós porque, na
verdade, não fomos feitos para o céu; fomos feitos para a Terra. O homem
estragou a Terra pelo pecado, então Deus desceu do céu para nos ajudar a
refazer esta terra. Depois de nos redimir, Ele disse que agora nos daria o
céu, então temos toda esta terra e o céu também! Não diga que trabalhamos
para ir para o céu porque somos mercenários. Um homem ama uma mulher
e pede sua mão porque é mercenário? amo poesia; não há dinheiro nisso.
Eu amo tênis; Eu jogo tênis duas vezes por semana. Participo porque sou
mercenário? Eu faço isso simplesmente porque amo esses passatempos.

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Algo que devemos lembrar sobre o céu é que ele é social; é um


companheirismo. Em alguns lugares, o céu é chamado de País para indicar
sua vastidão e de Cidade para sugerir o número de seus habitantes. O Céu
é chamado de Reino para sugerir ordem e harmonia, um Paraíso cheio de
delícias, e a Casa do Pai para indicar a eternidade e a permanência do amor
e da paz. Para sermos perfeitamente felizes depois do fim do mundo, teremos
que ter nosso corpo conosco. Nosso corpo fez muito pela salvação de nossa
alma. Lá nos encontraremos na comunhão dos santos, todos aqueles que
foram nossos amigos e companheiros na terra. É difícil perder amigos; depois
de um tempo, dois corações crescem juntos. A morte não é apenas a
separação de dois corações; é a dilaceração de um coração.

Cícero escreveu um livro em seus últimos dias intitulado Um ensaio


sobre a velhice. Foi uma história comovente da perda de sua filha, Tullia. Ele
disse que depois de sua morte, a caminho dos campos Elísios, se encontrasse
alguém que lhe perguntasse: “Você quer voltar para a terra?” ele dizia: “Não,
eu não quero voltar. Quero seguir em frente e conversar com Platão e
Sócrates.” Temos muitos com quem gostaríamos de conversar. Gostaria de
ver Platão, Aristóteles, Moisés, Tomás de Aquino e o ladrão à direita. Eu
gostaria de vê-lo também, porque você passou muito do seu tempo comigo.
Peço que volte e pense em algum grande momento da vida em que você
realmente gostou da emoção de viver. Então volte e pense em uma ocasião
em que alguém lhe disse uma verdade ou você estudou e entendeu um
grande mistério. Em seguida, vá para outro momento de sua vida em que
teve o grande êxtase espiritual do amor e desejou que ele continuasse
indefinidamente.
Suponha que você pudesse pegar este momento da vida, elevá-lo a um
ponto focal onde se tornou o Pai, pegar esta verdade, elevá-lo ao infinito até
que se tornasse o momento do êxtase da Verdade, ou seja, o Filho, e tomar
esse momento de amor e internalizá-lo para que se tornasse o Espírito Santo.
Isso seria uma vaga sugestão do céu.
O céu é a vida perfeita, a verdade perfeita e o amor perfeito. Não tenho
medo de ir para o inferno; Só tenho medo de perder o amor divino, que é
Cristo. A razão pela qual quero ir para o céu é porque quero estar com amor.
Haverá muitas surpresas lá. Pessoas que nunca esperávamos ver e várias
pessoas ausentes que pensávamos que estariam lá. Por fim, haverá uma
grande surpresa, a maior de todas: você e eu estaremos lá. Vejo você no Céu!

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Parte V: O Céu Não Está Tão Longe

1 Refrões de “The Rock”, III. 2


Jo 14:1-3 Ibid., 14:3 Jos 24:13
3
4

319
Foto
cortesia
do
St.
Bernard's
Institute
Bishop
Sheen
Archives
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Capítulo Quarenta e Sete

O Inferno Existe

hoje acreditam no diabo ou no inferno. Por que eles não . acreditar


Alguns
no diabo quando tanto é diabólico? Os comunistas tentaram sem sucesso
nos convencer de que Deus não existe, mas nos convenceram de que existe
um demônio. Não podemos explicar todo o mal no mundo hoje. Assim como
eles negam o diabo, eles negam o inferno. Negam a justiça de Deus porque
negam a existência da culpa e do pecado. A razão básica pela qual tantos
modernos não acreditam no inferno é que eles não acreditam na liberdade e
na responsabilidade. A existência do inferno é um dos argumentos mais
fortes do mundo para a realidade da liberdade. Deus nos permite livre
escolha, e Ele permite que tenhamos nossa escolha por toda a eternidade.
Descrer do inferno é afirmar que as consequências dos atos bons e maus
não são indiferentes. Faz uma diferença maior se sua alma bebe virtude ou
vício. É tão difícil criar uma nação livre sem juízes e prisões quanto criar um
mundo livre sem julgamento e inferno. Nenhuma constituição estadual poderia
existir por seis meses com base no cristianismo liberal, que nega o que Cristo
quis dizer quando disse: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno,
preparado para o diabo e seus anjos.1

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Você já notou que os santos temem o inferno, mas nunca o negam, e os


grandes pecadores negam o inferno, mas não o temem - por enquanto.
O diabo nunca é tão forte como quando consegue que um homem negue
que existe um diabo. O homem moderno que não está vivendo de acordo
com sua consciência quer uma religião sem cruz, um Cristo sem calvário,
um Reino sem justiça, e em sua igreja um decano brando que nunca
mencione o inferno para ouvidos educados.
Por que elogiamos os homens por decidirem se vão investir nesta
fazenda ou naquela indústria, enquanto nos recusamos a dar-lhes crédito
para decidir se irão para o céu ou para o inferno por toda a eternidade?
Suponha que não houvesse um Juiz ou Livro-razão celestial que registrasse
nossos atos e pecados. Suponha que não tivéssemos consciência para
divulgar o certo e o errado e nenhuma memória para registrar nossos crimes
e pecados. Suponha que não houvesse sentença formal de um juiz. Ficaria
algo dentro de nós apontando para um destino de acordo com a forma como
vivemos; Quero dizer nossas paixões, medos, melancolias e medos?
Aqui está um mundo secreto que queima por dentro saindo de maneiras
curiosas. Por que há tanto sofrimento mental se já não existe um inferno
dentro das pessoas? As sementes que estão enterradas buscam a luz;
árvores em uma floresta densa montam para absorver a luz; conchas no mar
rastejam até a costa; um pedaço de vidro em um corpo sai; um assassino
retorna à cena de seu crime. Atos profanos são despejados sobre um
psicanalista e junto com eles todos os problemas, preocupações e feridas
que os incomodam por dentro. Se o estômago não pode manter comida
venenosa nele, a mente venenosa não vomitará a sujeira que já está nela?
Mesmo que eles neguem a Deus e ao julgamento, eles estão atestando isso
pelos efeitos de suas próprias vidas. Sua consciência pesada não pode
escapar de colher um julgamento pelos excessos e torturar-se com o inferno
pessoal. Aqueles que negaram o fruto do amor veem os filhos nas vidraças,
olhando para dentro, negados ventres e seios.
E depois há todas as distrações, preocupações e medos.
Aqueles que estão conscientes de seu próprio pecado, como disse um poeta:
“Até um ateu tem medo do escuro”. Todos os que estão neste mundo em
estado de graça têm dentro de si a semente da glória. Os que estão em
estado de pecado mortal, ainda que neguem a Deus, têm dentro de si a
semente do inferno. O inferno começa aqui; o mesmo acontece com o céu e
nenhum dos dois termina aqui. A literatura moderna descreve como o inferno
se moveu por dentro enquanto as pessoas o negavam por fora. Nosso bendito Senhor

322
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Parte V: O Inferno Existe

falou quinze vezes do inferno. Onze vezes Ele mencionou o fogo eterno.
Trinta vezes no Novo Testamento o fogo eterno é mencionado. Nosso
abençoado Senhor disse: Não temais os que matam o corpo e não podem
matar a alma, mas temei aquele que pode levar o corpo e a alma para o
inferno.2 Nosso abençoado Senhor descreveu o inferno como o lugar
onde o verme não morre e o fogo não se extingue.3 Geralmente, um verme
se alimenta de um corpo em decomposição e depois morre. Nesta terra o
fogo consome e morre, mas nosso Senhor está falando aqui do verme que
nunca morre e do fogo que nunca se apaga. Esse verme que nunca morre
é a memória do passado que sempre atormenta a consciência do impenitente.
Nosso Senhor implicou dois tipos de destruição: a corrupção interna, o
verme; e a força consumidora externa, que é o fogo. Pode ser que o fogo
seja aceso nesta vida ao rejeitar o amor de Deus. O poeta Yeats escreveu:
“Seja qual for a chama da noite, o próprio coração resinoso do homem
alimentou.”4 Cada um de nós está preso em nossa própria singularidade.
Shelley, que conhecia bem esse inferno interior, descreveu: “E a
consciência, aquela serpente imortal, chama sua ninhada venenosa para
sua tarefa noturna”.5 O verme que não morre.
Por que Deus não deveria nos avisar? De que adiantaria outro aviso?
Foi isso que o homem rico perguntou. Lembra da parábola do rico e do
pobre mendigo, Lázaro? 6 Ele pediu a alguém que voltasse e contasse a
seus irmãos o quanto ele estava sofrendo no inferno. Suponha que Deus
tivesse concedido o pedido e enviado Lázaro de volta para seus cinco
irmãos e eles o reconheceram. Você acha que eles mudariam? Eles
provavelmente exigiriam provas de que ele realmente viveu, morreu e
visitou a região da alma que partiu. O ponto é o julgamento e o inferno são
coisas de fé, não de vista. Se o Cristo Ressuscitado não é uma prova para
os sentidos, então qualquer um que ressuscitou dos mortos não pode ser
um aviso convincente para nós. Se a ressurreição de Cristo não convenceria
aqueles que foram testemunhas, então a ressurreição de um homem morto
que veio do inferno também não. Se um mensageiro voltasse do homem
rico, os irmãos provavelmente teriam tentado matá-lo, assim como os
fariseus tentaram matar o Lázaro, nosso abençoado Senhor ressuscitou
dos mortos.
Por que as almas vão para o inferno? Simplesmente porque se
recusam a amar; essa é a única razão. Um jovem ama uma jovem; ele lhe
dá presentes, é fiel, generoso e gentil; ela é desleal, aceita presentes, é
traidora. E depois de ter sido enganado mil vezes ele ainda continua

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

ue amá-la. Eventualmente, chegará um momento em que ele dirá: “Tudo bem,


estou farto agora! O amor acabou.” Deus, o Cão do Céu, persegue-nos durante
toda a vida, convidando-nos para o Seu Reino, mandando-nos sentar no
banquete da Eucaristia, fortificando-nos com a Sua graça e os Seus
sacramentos. Rejeitamos, traímos, somos desleais, nos recusamos a amar e,
eventualmente, quando a morte chega, nossa vida é selada e esse tipo de
amor não retorna. O amor é eterno e o inferno também. Qual é a única coisa
que o amor não pode perdoar? É ódio! Qual é a única coisa que a vida nunca
pode perdoar? É a morte. Por que? Porque a morte significaria sua destruição.
Qual é a única coisa que a verdade nunca pode perdoar? Erro.
E a recusa de amar é eterna.
A punição é dupla; há um duplo caráter para o pecado.
Sempre que cometemos um pecado grave, há um afastamento de Deus; há
uma virada para a criatura. O alcoolismo é um afastamento de Deus - repúdio
da razão que Ele nos deu, e há um retorno às criaturas; ou seja, ao álcool.
Há uma dupla punição correspondente ao afastamento de Deus, que é a
mais terrível de todas as dores, porque é a perda do próprio Deus.

Depois, há a dor dos sentidos; somos punidos pelas próprias criaturas das
quais abusamos. A alma nesta vida se recusa a amar a Deus e não responde
mais ao Seu amor, assim como um ímã não pode ter qualquer influência
sobre a madeira. Nunca pensou em Deus; na verdade, rejeitou todas as
Suas misericórdias. Quando chega a morte, a alma não pode viver sem
Deus. Mas Deus não está lá. É como se alguém estivesse jogando o blefe
do cego, tirasse o lenço e descobrisse que ficou cego! O universo sem Deus
persiste e a alma sabe que não pode ser feliz sem a vida, a verdade e o
amor que rejeitou eternamente e que é o inferno.

Tome a dor do bom senso. Um alcoólatra abusa do álcool; depois vem a


escravidão, os excessos e a ressaca que são castigos do álcool. Existem
diferentes tipos de punição no inferno. Quanto mais ferozes os prazeres
exercem sobre uma alma nesta vida, mais ferozmente os fogos do tormento
queimam na eternidade.
Aqui estão três breves maneiras de descrever o inferno a partir de nossas
experiências humanas. Primeiro, o inferno é o ódio das coisas que você ama.
Um marinheiro perdido em uma jangada no mar ama a água. Ele sabe que
não deve beber a água do mar, mas bebe. Da mesma forma, a alma foi feita
para viver do amor de Deus, mas se uma alma perverte esse amor com o pecado,

324
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Parte V: O Inferno Existe

então, como o marinheiro odeia a própria água que bebe, a alma odeia o amor
pervertido que procura. Assim como o marinheiro enlouquece porque não pode
ficar sem água, a alma no inferno quer amor; no entanto, esse amor foi recusado.
Os ímpios não querem o inferno porque gostam de seus tormentos; eles querem o
inferno porque não querem Deus! O inferno é o eterno suicídio por odiar o amor.

Um segundo fato é este: o inferno é a mente eternamente louca consigo


mesma por ferir o amor. Quantas vezes durante a vida você disse: “Eu me odeio por
fazer isso!” Você se odiava mais quando machucava alguém que amava. As almas
no inferno se odeiam mais por ferir o amor perfeito. Assim como você machuca
alguém que você ama, eles nunca podem se perdoar. O inferno deles é a falta de
perdão eterna e auto-imposta.
Não é que Deus não os perdoe, mas eles não se perdoam.

Finalmente, o inferno é a submissão ao amor sob a justiça. Somos livres neste


mundo. Não podemos ser forçados a amar a Deus mais do que podemos ser
forçados a amar música clássica ou antiguidades. Muitas vezes as almas perdem o amor.
Muitas esposas estão ligadas a um bêbado ou a um marido inútil até que a morte
os separe. Eles não se amam livremente e ser forçado a amar alguém é um inferno!
Mas eles são forçados em virtude da justiça de seu contrato a amar um ao outro
até que a morte os separe.
As almas perdidas poderiam ter amado a Deus livremente, mas escolheram se
rebelar contra esse amor e caíram sob a Justiça divina. A justiça obriga as almas
do inferno a amarem a Deus, a se submeterem à Sua ordem divina. Mas ser forçado
a amar é a negação do amor, isso é o inferno!
Não pense que se uma alma fosse para o céu ela seria feliz.
Suponha que você odiasse matemática e tivesse que passar toda a sua vida com
matemáticos, e toda vez que você pegasse um jornal ou falasse com um amigo,
eles estavam falando sobre logaritmos e álgebra. Isso seria um inferno para você.
Suponha que você odiasse a Vida, Verdade e Amor perfeitos, que é Deus e Sua
revelação em Cristo, nosso Senhor, e fosse forçado a viver com Vida, Verdade e
Amor perfeitos.
Isso seria um inferno para você, um inferno maior do que o que você teve.
Não pense que Deus está zangado porque Ele nos sentencia ao inferno.
Lembre-se disso, o sol que brilha na cera, amolece; o sol que brilha na lama, a
endurece. Não há diferença no sol, mas apenas naquilo sobre o qual ele brilha. O
amor de Deus brilhando em uma alma que O ama, se volta para o céu, e o amor de
Deus brilhando

325
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

em uma alma que O odeia, se volta para o inferno. O inferno é um lugar


onde não há amor. Algo poderia ser pior?

1 Mt 25:41
2 Ibid., 10:28
3 Mc 9:48 4
Duas canções de uma peça, II, st.
5 2 Rainha Mab: Um Poema Filosófico, III.

6 Lc 16:27-28

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Capítulo Quarenta e Oito

O Princípio Feminino na Religião

Você .jágião?
pensou que deveria
Suponha que nãohaver um princípio
houvesse feminino
nada sobre na religião?
feminilidade na
religião. Que protesto legítimo ouviríamos. Todas as religiões têm um
princípio feminino. Tenho uma estátua em minha mesa que me foi dada por
um ex-missionário na China. É uma estátua de Kwan Yen que, segundo a
lenda chinesa, foi uma jovem princesa que viveu cerca de quinhentos anos
antes de Cristo. Ela queria dedicar sua virgindade a Deus e seu pai a matou.
Segundo a lenda, um tigre a arrastou para o inferno. Ela começou a implorar
misericórdia para todos os presos e assim interrompeu o inferno. Ela
introduziu a caridade e o diabo a mandou sair do inferno. Ela se tornou Kwan
Yen, a deusa da misericórdia para os chineses.
Provavelmente um anseio oriental por alguma grande mulher na religião.
Maomé tinha uma filha cujo nome era Fátima. Ela morreu muito
jovem e Mohammed a lamentou profundamente. Ele escreveu: “De
todas as mulheres no céu, ela é a mais abençoada depois de Maria”.
Você sabia que o Alcorão dos muçulmanos tem mais de quarenta
versos sobre nossa bendita Mãe? Eles acreditam na Imaculada
Conceição e no Nascimento Virginal. Há povos africanos que têm a
tradição de que, quando um filho assume o trono, o primeiro

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

cerimônias de ração consistem em sentar no colo de sua mãe. Em outras


palavras, ele deriva alguma autoridade do princípio maternal.
O grande poeta latino Virgílio, em sua Quarta Écloga, que tem sido
chamada de poema messiânico, tem estes versos:

Agora a última era cantada pela Sibila de


Cumae Veio e se foi, e o majestoso rolo De
circular séculos começa de novo: A justiça
retorna, retorna o antigo reinado de Saturno,
Com uma nova raça de homens enviados do céu.
Somente tu, ao nascer o menino em quem O
ferro cessará, a raça dourada surgirá, Torna-te
amigo dele, casta Lucina; 'tis teu próprio Apolo
reina. E em teu consulado, Esta era gloriosa, ó
Pollio, começará, E os meses entrarão em sua
poderosa marcha.

Então Homero, o grande poeta grego que viveu mil anos antes de Cristo,
escreveu na história a história de um homem derrotado e de uma mulher
triste. Enquanto seu marido Ulisses estava viajando, ela teve muitos
pretendentes. Ela disse a cada um deles: “Assim que eu terminar de tecer
esta roupa, considerarei seu pedido”. Todas as noites ela sempre desfazia
os pontos colocados durante o dia até o marido voltar. Ninguém entendeu
por que esse grande poeta deveria fazer a história entender um homem
derrotado e uma mulher triste até que um homem derrotado e uma mulher
triste vieram.
O verdadeiro princípio feminino na religião é que todo amor começa com
um sonho. Acho que todas as pessoas têm amor na mente e no coração,
uma composição de memórias, pensamentos, sonhos, ideais e experiências.
Então um dia alguém aparece. Chama-se amor à primeira vista, mas é amor
à segunda vista. Todo grande amor é um sonho realizado. Você já viu um
sonho andando? Bem, eu fiz. O amor é muito parecido com a música.
Ouvimos música pela primeira vez e gostamos porque já temos essa música
dentro de nossos corações!
Quando Deus se fez homem, ou quando quis desde a criação do mundo,
sonhou com uma Mãe que decidiria a hora do Seu nascimento, as
circunstâncias e todos os detalhes. Ele pensou nela muito antes de ela
nascer; o primeiro amor do mundo. Suponha que você poderia ter feito sua
própria mãe. Você teria

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Parte V: O Princípio Feminino na Religião

fez dela a mulher mais linda e gentil do mundo? Deus poderia fazer Sua
própria Mãe mais ou menos da mesma maneira que os artistas podem criar.
Suponho que uma das mais famosas de todas as pinturas da mãe seja a de
[James Abbott McNeill] Whistler. Quando alguém o elogiou sobre seu retrato,
ele disse: “Bem, você sabe como é; tenta-se fazer a própria múmia tão bem
quanto se pode.” Deus Todo-Poderoso existiu antes de Sua própria Mãe e a
fez tão bonita quanto Ele pôde.
É por isso que ela foi concebida imaculadamente.
O que significa concepção imaculada? Significa que ela foi concebida
sem a mancha do pecado original. Uma coisa que não consigo entender é
por que as pessoas hoje não acreditam na Imaculada Conceição, porque a
maioria das pessoas hoje acredita que não tem pecado; portanto, todos eles
são concebidos imaculadamente! A Imaculada Conceição não significa que
nossa bendita Senhora não precisava ser redimida como você e eu;
significava que desde o momento de sua concepção ela estava imune à
mancha do pecado. Mas isso não era adequado? Se você tem um visitante
distinto anunciado em sua casa, você varre o hall de entrada? Bem, se Deus
vai entrar neste mundo, você acha que Ele deveria entrar em portais bastante
limpos? Veja todo o trabalho que Deus passou para fazer um paraíso para a
humanidade celebrar as primeiras núpcias do homem e da mulher.

Aqui está um novo paraíso, não o paraíso da criação, mas o paraíso da


Encarnação. Ele deveria tornar este jardim muito mais bonito? Deveria ser
um jardim no qual não cresceria uma única erva daninha do pecado, em
cujos portais o nome do mal nunca poderia ser escrito? Este paraíso da
Encarnação deveria ser ajardinado pelo novo Adão, nossa bendita Senhora,
o princípio feminino na religião.
Quando chegou a hora, Deus enviou um anjo do grande trono branco de
luz. O anjo desceu sobre as planícies de Esdraelon e veio até uma humilde
virgem ajoelhada em oração e disse: Salve, cheia de graça,1 que significa
que o Senhor te ama, e perguntou àquela mulher escolhida se ela daria a
Deus uma natureza humana. Ela disse: Faça-se em mim segundo a tua
vontade.2 Em latim é fiat: faça-se.
Existem três grandes fiats no mundo: Fiat lux, que haja luz da criação; Fiat
voluntas tua, sofrendo na cruz; Fiat mihi secun dum verbum tuum, faça-se
em mim segundo a tua palavra. A Anunciação foi quando Maria em nome de
todos nós disse: “Eu permito que você venha a este mundo. Eu serei seu
Éden. eu vou te dar

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

uma natureza humana”. Então Deus tomou uma nova natureza sobre Si
neste jardim enclausurado. E desta mulher, nasceu Cristo.
Nem preciso dizer que não existe adoração a Maria.
Não fizemos Maria importante; foi nosso Senhor quem a tornou importante.
Observe como Ele mudou o papel dela em relação a nós.
Aqui vamos para as bodas de Caná. Isso foi no início da vida pública. Nas
bodas de Caná, nosso abençoado Senhor veio do Jordão e trouxe todos os
Seus discípulos com Ele. É por isso que acho que o vinho acabou; havia
tantos penetras de portão!
Você simplesmente não pode imaginar uma cerimônia de casamento em
uma região vinícola sem fornecer vinho suficiente. Mas o vinho acabou.
Quem é o primeiro a notar isso? A bendita Mãe. Ela conhece nossas
necessidades muitas vezes antes de nós. Ela disse simplesmente, Eles não
têm vinho.3 Ele deu uma resposta estranha, Ele disse, Mulher, o que é isso
para Mim?4 ou no grego original, “O que é meu é teu”—Minha hora ainda
não chegou.5 Analisemos isto: ainda não chegou a minha hora. Sempre
que nosso bendito Senhor usou a palavra “hora” foi sempre em relação à
Sua Paixão e Sua morte. Quando eles tentaram apedrejá-lo em duas ou três
ocasiões, o Evangelho disse, Sua hora ainda não havia chegado.6 Quando
Judas desceu no Jardim para traí-lo, nosso Senhor disse: Esta é a sua
hora ; . A noite da Última Ceia, Padre, é chegada a hora.8

Nosso Senhor está dizendo à Sua Mãe: “A hora da minha paixão e morte
ainda não chegou”.
"O que você quer que eu faça?"
“Você quer que eu faça o meu primeiro milagre?”
“Você quer que eu prove que sou o Messias esperado, o Filho do Deus
vivo?”
“Você percebe que se eu fizer este milagre e me anunciar como o
Cristo e Filho de Deus, serei condenado à cruz?”
“Você quer ser uma mãe que mandou seu filho para o campo de batalha?”

“Minha querida Mãe, se você quer que eu comece minha vida pública
agora e introduza minha morte, paixão e redenção dos homens, então sua
relação comigo mudará.”
“Até aqui você foi conhecida como a Mãe de Jesus, mas no momento em
que eu começar minha obra redentora, você não será apenas minha mãe,
você será a mãe de todos os que eu resgato”.

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Parte V: O Princípio Feminino na Religião

“Então serás a Mãe de toda a humanidade, a Mãe universal


Mãe do mundo.”
Três anos se passaram, chegamos à cruz. Um dia, no meio daqueles três
anos, a bendita Mãe estava esperando no meio da multidão, preocupada com
Suas longas orações noturnas e pregações durante todo o dia.
Alguém disse: Sua mãe espera.9
Nosso abençoado Senhor disse: Quem é minha
mãe?10 Então Ele disse: A relação não é de sangue. Na nova ordem, o
relacionamento é do espírito. Aquele que faz a vontade de Meu Pai no céu é
Minha Mãe, Meu Pai, Meu irmão, Minha irmã.11
Nosso Senhor olha da cruz para as duas criaturas mais preciosas que
Ele tem nesta terra: João e Sua Mãe. Ele fala com Sua Mãe, mas não a chama
de Mãe. Isso é redenção, chegou a hora. Ele diz, Mulher, mulher,12 e tanto
quanto uma cabeça coroada pode gesticular, indicando João, Ele acrescenta,
Este é seu filho.13 Ele não chamou João de “João” porque se Ele o chamasse
de João, ele teria sido apenas o filho de Zebedeu, mas deixando-o sem nome,
em seu anonimato, João representou toda a humanidade. Nossa bendita Mãe
se faz mãe de toda a humanidade e não em virtude de uma metáfora, mas em
virtude das verdadeiras dores de parto. Ela teria outros filhos? Sim, mas não
segundo a carne. John foi o primeiro dessa longa linha na qual somos
adicionados, milhões e milhões de filhos e filhas. Disse a João: Esta é a tua
Mãe.14 É por isso que amamos a Nossa Senhora. Nosso abençoado Senhor
a fez nossa Mãe, o princípio feminino na religião.

Não há como fazer sua honra de forma a nos fazer esquecer nosso
Senhor. Suponha que eu visitei sua casa e me recusei a falar com sua mãe.
O que você pensaria? Você não iria me entreter por muito tempo. Você acha
que nosso abençoado Senhor vai pensar bem de nós se não prestarmos
atenção a ela? Às vezes pedimos a ela que interceda por nós. Quando
queremos um favor, vamos à mãe daquele de quem queremos o favor. Ela
tem alguns poderes especiais de intercessão. Nós rezamos o Rosário. Sim,
uma repetição do Pai Nosso e da Ave Maria, o que significa que quando
amamos alguém, continuamos dizendo repetidamente “eu te amo”. Por que
repetimos as palavras “eu te amo”? É um novo momento no tempo, uma nova
localização no espaço, então, no Rosário continuamos rezando o Pai Nosso e
a Ave Maria como forma de dizer a ela “eu te amo, eu te amo, eu te amo!” Sua
intercessão é tremenda.

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Um dia parece que nosso abençoado Senhor estava andando pelas cortes do
céu e viu algumas almas que aparentemente entraram no céu com muita facilidade.

Ele foi até Pedro e disse: “Pedro, eu te dei as chaves do reino dos céus. Como
essas almas conseguiram entrar no Meu Reino?”

Pedro disse: “Não me culpe, Senhor, toda vez que eu fecho uma porta, sua
mãe abre uma janela!”
Talvez alguns de nós entrem por uma janela aberta. George Bernard Shaw
disse pouco antes de morrer: “Acho que talvez a mãe dele me deixe entrar”. Somos
Seus filhos e, como filhos dela, nunca crescemos e dizemos na adorável linguagem
de Mary Dixon Thayer:

Amável Senhora vestida de azul,


ensina-me a rezar!
Deus era apenas o seu garotinho,
diga-me o que dizer!
Você O levantou, às vezes, gentilmente
em seu joelho?
Você cantou para Ele do jeito que
mamãe canta para mim?
Você segurou a mão dele à noite?
Você já tentou contar
histórias do mundo?
Ó! E Ele chorou?
Você realmente acha que Ele se
importa se eu contar a Ele
coisas_ Pequenas coisas que
acontecem? E as asas dos anjos
fazem barulho? E Ele pode me ouvir
se eu falar baixo?
Ele me entende agora?
Diga-me para você sabe!
Amável Senhora vestida de azul,
ensina-me a rezar!
Deus era apenas o seu Garotinho
E, você sabe o caminho. 15

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Parte V: O Princípio Feminino na Religião

1 Lc 1:28
2 Ibid.,
1:38 Jo
3
2:3 Ibid.,
4
2:4 5 Ibid.

6
Ibidem, 8:20
7 Lc 22:53 8
Jo 17:1
9 Mt 12:47
10
Ibid., 12:48
11
Ibid., 12:50
12 Jo 19:26
Ibid., 19:27
13
14 Ibid.

15
Mary Dixon Thayer, “To Our Lady,” de “The Child on His Knees.”

333
Foto
cortesia
do
St.
Bernard's
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Bishop
Sheen
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Capítulo Quarenta e Nove

A oração é um diálogo

olhe para a oração da mesma forma que um aviador pode


Muitos' olhar para um pára-quedas. Ele espera nunca ter que usá-lo,
mas pode ser útil caso ele precise resgatar. A oração, como nosso
abençoado Senhor descreveu e ensinou, era algo bem diferente.
Vejamos como a oração foi usada em Sua própria vida.
Existem quatro grandes títulos sob os quais nosso abençoado
Senhor falou sobre oração. Suas orações foram feitas nos grandes
eventos de Sua vida: Ele orou em Seu batismo;1 antes de escolher
os doze Apóstolos;2 antes de Pedro fazer a confissão de Sua
divindade;3 na Transfiguração;4 no Getsêmani;5 e Ele orou no
Cruz.6 Além desses grandes eventos de Sua vida, Ele orou no
curso de Seu ministério: antes do grande conflito com as autoridades
do Templo; antes de dar aos Apóstolos a Oração do Senhor;7 e
quando os gregos vieram a Ele; e depois de alimentar cinco mil.8
Ele também orou por Seus milagres: quando curou as multidões;9
quando alimentou cinco mil;10 quando curou o surdo-mudo;11 e
quando ressuscitou Lázaro dentre os mortos.12 E depois houve
orações que Ele fez pelos outros: Ele orou pelos onze;13 Ele orou por toda a Ig

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

orou por aqueles que O pregaram na Cruz;15 e de maneira muito especial,


Ele orou por Pedro.16
O que é oração? A melhor definição de oração é que é uma elevação da
mente e do coração a Deus. A oração é um diálogo. O homem rompe o
silêncio de duas maneiras: um diálogo com o próximo e um diálogo com
Deus. Meu diálogo com os outros é a prova de que somos ambas as pessoas.
O mesmo está implícito no diálogo com Deus. Esses diálogos se cumprem
nos dois mandamentos: amar a Deus e amar o próximo.
Vire as páginas da Sagrada Escritura, o que você encontra? Você encontrará
um registro de pessoas com quem Deus falou e também um registro de
pessoas que O ouviram. A Escritura se cumpre em diálogos concretos e
vivos.
Nem sempre queremos esse diálogo com Deus. Às vezes a procuramos,
outras vezes fugimos dela. Adão teve medo quando Deus o chamou no
Jardim. Caim ficou com medo quando Deus falou com ele.
Moisés teve medo diante da sarça ardente. Quando você e eu temos um
diálogo com Deus, em que consiste? Uma coisa que o compõe é a
consciência de nosso próprio pecado, e a outra é a voz de Deus nos
exortando a confessá-lo, a buscar Sua misericórdia. Uma voz esmaga, a
outra entrega a vida. Um dos mais belos exemplos de diálogo nas escrituras
é aquele entre São Paulo e nosso Senhor, o Cristo Ressuscitado, no caminho
para Damasco . , e a resposta de Deus sempre foi: Minha graça te basta.18

A oração é uma elevação do coração e da mente a Deus; observe que


não dissemos nada sobre as emoções. A oração não tem muito a ver com
sensações, emoções ou sentimentos. Não é uma sensação no estômago
assim como não é uma dor no estômago; não é um sentimento caprichoso,
algo que nos faz ronronar por dentro. Não tem nada a ver com a parte animal
de nós. Não está nas glândulas. A oração está no intelecto, na vontade e no
coração, abraçando o amor pela verdade com resolução e determinação de
crescer no amor por meio de um ato de vontade.

Não rezamos porque temos vontade. Às vezes, nossas orações são


melhores quando não temos vontade de orar. São Francisco de Sales disse:
“Um grama de desolação vale mais do que um quilo de consolação”. Muitas
vezes, na oração, não temos um profundo senso da presença de Deus.
Somos muito parecidos com crianças carregadas nos braços de uma mãe.

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Parte V: A oração é um diálogo

Se somos carregados nos braços de nosso Senhor, raramente vemos Seu


rosto, mas sabemos que Ele está lá. A oração é uma interação entre o espírito
criado e o espírito incriado, que é Deus. É uma comunhão, uma conversa,
uma adoração, uma penitência, uma felicidade, um trabalho, um descanso,
um pedido, uma submissão.
A oração tem muitas formas, algumas pertencentes aos iniciantes e
outras aos grandes santos. A oração vocal é dita com nossos lábios; então
há a meditação que é uma espécie de devaneio; e a contemplação mais
elevada dos santos, que é de fato uma união com Deus. Na oração vocal,
vamos a pé a Deus; na meditação vamos a Deus a cavalo e na contemplação
vamos a Deus em um jato.
Pode-se perguntar: “Por que devemos orar?” Por que respirar? Temos
que respirar ar fresco e nos livrar do ar ruim; temos que assumir um novo
poder e nos livrar de nossas velhas fraquezas. Rezamos porque somos
orquestras e sempre precisamos afinar. Assim como uma bateria às vezes
acaba e precisa ser recarregada, também temos que ser renovados em vigor
espiritual. Nosso abençoado Senhor disse: Sem Mim nada podeis fazer.19
Podemos comer, beber e pecar, mas não podemos fazer nada por nosso
mérito sobrenatural e o céu sem Ele. Acontece que vivemos em um universo
condicional; quando cumprimos certas condições, certos efeitos são
produzidos.
Há milhões de favores pendurados do céu em cordões de seda, e a
oração é a espada que os corta. Nossa verdadeira força vem de fora, não de
dentro. A luz não está no olho; está no sol. O som não está no ouvido; está
em algo fora de nós. O sol usa o olho; a música usa o ouvido, e Deus nos
usa na oração. Quando oramos, entramos em um novo ambiente de amor. É
algo como a diferença entre uma criança em uma boa família e uma criança
abandonada que não tem garantia de segurança, comida, roupas e abrigo.
Essa criança não está em um ambiente de amor como a criança em uma
família. Quando rezamos, nos colocamos sob o amor de Deus; portanto,
recebemos bênçãos que de outra forma não seriam nossas. Isso é algo a ter
em mente na vida familiar. Aqueles que estão criando filhos e nunca se
colocam sob os cuidados de Deus confiando nEle providencialmente não
estão recebendo as bênçãos daqueles que sabem que Deus provê quando
Ele dá um filho.
A seguir, sugestões sobre a oração. Na oração, não seja o único a falar.
Se você fosse ao consultório de um médico, não tagarelaria sobre os
sintomas e sairia correndo. Como você aprendeu a falar

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

a língua inglesa? Você aprendeu a falar ouvindo. Como um cientista


aprende as leis da natureza, impondo leis sobre a natureza? Não, ele se
senta diante da natureza e diz: “Agora você revela seus segredos para
mim”. Não devemos estar constantemente latindo em oração. A Sagrada
Escritura diz: Fala, Senhor, o teu servo ouve.20 Costumamos dizer:
“Ouve, Senhor, o teu servo fala!” A oração não é uma via de mão única; é
uma avenida. Na oração devemos falar e ouvir. Deus fala conosco mais
na meditação do que na oração vocal.
A petição é uma forma muito válida de oração, mas não faça de todas
as suas orações petições. Não deixe sua atitude diante de Deus ser: “Dê-
me! Me dê isso! Me dê isso!" O que um jovem pensaria de uma garota
que constantemente dizia: “Me dê este casaco de vison. Dê-me este anel.
Mande-me estas flores!” Não é verdade que, quando você ama, fica
constrangido quando alguém pergunta: “O que você quer?” Em certo
sentido, quanto mais você ama, menos deseja. Isso não significa dizer
que não podemos orar por certos favores de Deus. A petição é uma parte
essencial da oração, mas não é a oração perfeita. Pense em outras
formas além de perguntar.
Quando você orar, não pense que Deus reluta em lhe dar favores.
Você não deve pensar que Deus age com você como algumas pessoas
agem com um mendigo. Eles veem um mendigo do outro lado da rua e às
vezes dobram uma esquina para se livrar dele. Deus é um Pai amoroso.
Assim que começamos a orar, Ele não faz ouvidos moucos para nós.
Nosso relacionamento com Deus é como o relacionamento de um filho
com seu pai. Nosso abençoado Senhor nos disse para rezar o Pai Nosso
que contém sete petições.21
Há orações litúrgicas e orações de indulgência. Devem ser sempre
favorecidos. Em suas devoções particulares, você deve tentar lembrar
que suas orações devem sair de seu próprio coração. Não deixe que
todas as suas orações sejam como cartas circulares. Quando você recebe
uma carta circular, às vezes você a coloca em uma cesta de lixo? Ore de
seu próprio coração. Seu coração tem problemas como ninguém no
mundo. Tem certas preocupações, esperanças, agonias, medos e
fraquezas que constituem o conteúdo de sua oração. Sua oração sairá
deles; você será uma pessoa que está orando. Nosso bendito Senhor
disse que chamava Suas ovelhas pelo nome; em outras palavras, somos
individuais diante Dele. Nosso abençoado Senhor voltou-se para o ladrão
e dirigiu-se a ele na segunda pessoa do singular, “tu”, hoje estarás comigo.

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Parte V: A oração é um diálogo

no Paraíso.22 Deixe sua oração ser pessoal e, mesmo quando você diz certas
indulgências e orações litúrgicas, esteja atento a Deus. Se você não está atento a
Ele como pessoa, como pode esperar que Ele o ouça? Ore de seu próprio coração.

De vez em quando, corte a madeira morta da oração. Durante um longo período


de tempo, você cairá em certos hábitos e rotinas, tornando-se tão acostumado a
eles que lhes faltará fervor. Não tenha medo de dizer: “Tudo bem, vou sair desta
selva. Vou começar tudo de novo!” Deus não ficará zangado com você. Tal atitude
pode refrescar suas orações e torná-lo muito mais pessoal.

Sempre deixe que o motivo de sua oração seja o amor. Santo Agostinho disse
uma vez: “Dê-me um homem que amou e eu direi a ele o que é Deus”. O que quer
que os amantes digam um ao outro, você diz a Deus. Não pense em seu
relacionamento com Ele como um servo de um Mestre, mas como um amante do
Amado.
Mantenha todas as suas orações frescas, orando de coração com a inspiração
do amor. Então eles serão algo como Ausonius, um poeta do século IV, que
escreveu: “Mulher, vamos viver como vivemos e nunca perder os pequenos nomes
que foram a graça da primeira noite”.
O casamento exige muito esforço. Sacrifícios devem ser aspergidos em um
casamento para manter o frescor do amor. De vez em quando, quando o amor se
torna rotina, nós o renovamos com um sacrifício. Ninguém jamais se eleva a um
nível superior de amor sem a morte de um inferior.
Não deixe que todas as suas orações sejam como projetos que você traz a
Deus e depois pede a Ele para carimbar. Lembre-se de que Deus tem inteligência e
um plano para sua própria vida que é muito melhor do que o que você tem. Um
bebezinho chora por caramelo, mas a mãe não quer dar caramelo ao bebê. Um
menino de seis anos quer uma espingarda, mas o pai dirá: “Não”. Há algumas
coisas que não são boas para nós, então a resposta de Deus à oração às vezes é:
“Não”. Certa vez, uma garotinha rezou por mil bonecas de Natal e seu pai incrédulo
disse: “Deus não respondeu às suas orações, respondeu?” A garotinha disse: “Sim.
Deus disse: 'Não.'” Quando você orar em petição, diga algo como isto:

Querido Senhor, há algo que eu quero, eu preciso muito. Espero que


eu queira isso para a Tua glória e seja o melhor para a minha salvação.
Você sabe o que eu desejo. Talvez não seja bom para mim ou para você

339
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

teria me dado muito antes disso. Apenas no caso de você estar


esperando que eu pergunte novamente, bem, eu estou. Você sabe
melhor o que fazer. Obrigado.

Para concluir, sugerimos duas formas especiais de oração: o Rosário e a


meditação silenciosa. O Rosário é quase como palavras com música. Combina
o físico movendo as contas entre os dedos; o mental em meditação nos mistérios
gozosos, dolorosos e gloriosos de nosso Senhor e de sua bendita Mãe; e algo
vocal, dizendo nossas orações com nossos lábios.

Uma vez uma jovem me disse: “Eu acho um Rosário monótono


e acho que Deus não gosta que façamos orações monótonas”.
Eu perguntei quem era o homem com ela.
Ela disse: “Ele é meu noivo”.
Eu perguntei: “Você o ama?”
Ela respondeu: “Sim”.
“Como ele sabe?”
Ela disse: "Eu disse a ele 'eu te amo'".
“Quando você contou a ele?”
"Noite passada."
"Você já disse a ele antes?"
Ela disse: "Sim, eu disse a ele na noite anterior."
“Você não acha que ele se cansa disso? Não é um pouco monótono?”
Dizer que amamos nunca é monótono porque o repetimos em um novo
momento e em um novo lugar; assim, é com o nosso Rosário.

Finalmente, silêncio. Reserve pelo menos meia hora por dia para viver
acima de si mesmo e viver dentro de si mesmo. Tenha uma solidão interior,
cumpra as palavras de João Batista, Ele deve crescer, eu devo diminuir.23 Na
linguagem de São Paulo, você dirá que sua vida está escondida com Cristo em
Deus. Através da oração e da contemplação, você pode dizer o que S.
Bernard disse ao Papa Eugenius, Tuus esto ubique: pertence sempre a ti mesmo
e então pertencerás a Deus.

340
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Parte V: A oração é um diálogo

1 Lc 3:21 2 8 Mt 14:19 15 Lc 23:34 16 22 Lc 23:43 23


Ibid., 6:12-13 Ibid., 22:32 17
Ibid., 9:18-21 9 Lc 5:15-16 At 9:1-9 18 2 João 3:30
3 Ibid., 9:28 Ibid., 10 Mt 14:23 Co 12:9
4 22:41-44 Ibid., 11 Mc 7:34
5 23:34 Ibid., 11:1 12 19
Jo 11:41-42 João 15:5
6 13 Ibid., 17:9 14 20 1 S 3:9
7 Ibid., 17:20
21 Mt 6:9–15

341
Foto
cortesia
do
St.
Bernard's
Institute
Bishop
Sheen
Archives
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Capítulo Cinquenta

Mundo, alma e coisas

chegamos ao fim de nossa enciclopédia católica. eu sou . com


Nós certeza você notou quantas imperfeições houve no decorrer
desses tópicos. Não estou satisfeito com este trabalho, mas gostaria
que você o considerasse apenas como uma espécie de pedaço de
carbono. Talvez, se a luz e o fogo de sua própria caridade brilharem
através do carbono, ele poderá se transformar em um diamante. Em
conclusão, tudo pobre é meu; tudo de bom é do Senhor.
Se você seguiu o significado, talvez eu o tenha guiado passo
a passo, como nosso abençoado Senhor conduziu a mulher no
poço. Você deve se lembrar que quando Ele a encontrou ao
meio-dia, ela deu vários passos para conhecê-Lo. Inicialmente,
ela foi bastante descortês e disse-lhe: Como é que tu, um judeu,
falas comigo, um samaritano?1 Os judeus e os samaritanos não
falaram. Isso era tudo que nosso Senhor era para ela a princípio,
apenas um membro de outra nacionalidade com quem os
samaritanos não tinham relações. Então, enquanto ela falava
um pouco mais com Ele, ela percebeu que Ele era um cavalheiro,
pois ela O chamava de “Senhor” . particularmente, para dizer a
ela que ela teve cinco maridos e o homem com quem

343
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

ela estava vivendo não era seu marido. Então ela disse que Ele era um
Profeta.3 Isso foi mais um passo para conhecê-Lo. Então ela foi um pouco
mais longe e disse: Eu sei que o Messias está chegando.4 Pense em como
deve ter sido surpreendente para ela quando Ele disse: Sou eu, o Cristo, o
Messias, que falo com você.5 Ela ficou tão emocionada que deixou seu pote
de água no poço e correu de volta para a aldeia.
Pouco tempo depois ela volta com uma série de aldeões e aí vem o
sobrenome, Ele é chamado de Salvador do Mundo.
Posso tê-lo levado a alguma compreensão de nosso abençoado Senhor.
Primeiro, Ele era judeu; depois o grande Cavalheiro; e então o Profeta; então
Cristo, o Messias; e finalmente, Salvador do Mundo. Isso é realmente o que
Ele é, o Salvador do Mundo. Nós nunca O conhecemos até que conheçamos
essa verdade. Ele é o Salvador porque morreu na cruz por nós. Posso pedir-
lhe que olhe para o mundo e depois para sua própria alma. É o nosso mundo,
somos responsáveis por ele e no último dia seremos julgados no contexto
desse mundo. Nosso abençoado Senhor disse, eu estava com fome e você
me deu para comer, eu estava com sede e você me deu para beber, eu
estava nu e você me vestiu . para comer, com sede e dar-lhe para beber, e
nus te vestimos? Ele dirá: Quando o fizeste ao menor destes meus irmãos,
a mim o fizeste.7

Em outras palavras, existe o Christus incognitus, o Cristo desconhecido


no mundo, nos pobres e nas favelas. Não podemos conhecer a Cristo
separados deles. Sei que muitos estão prevendo desastres para o mundo,
particularmente nesta nossa era atômica. Mesmo no final do século passado,
havia quem visse vagamente esse desastre. Um dia, dois grandes cientistas
franceses Claude Bernard e Emil Batrue fizeram uma visita a um editor
francês cujo nome era Jean Quer. Eles disseram a Jean Quer: “Acabamos
de começar a listar o alfabeto da destruição e no próximo século teremos
completado o alfabeto”. Jean Quer disse: “E quando esse dia chegar, acho
que Deus descerá do céu como um vigia noturno batendo suas chaves, e
Ele dirá: 'Senhores, é hora de fechar', e teremos que começar tudo de novo !”

Essa é a visão pessimista do mundo. Há quem pense no comunismo e


seus perigos, que são muito reais, mas nunca devemos ficar sem esperança.
Você se lembra do grande escritor russo do século XIX, que era uma espécie
de profeta? Ele viu com-

344
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Parte V: Mundo, Alma e Coisas

o comunismo chegando à Rússia muito antes de ser pensado ou existido.


Mas ele também viu o comunismo acabar na Rússia. Ele previu o dia em que os
demônios entrariam na Rússia e a possuiriam, de corpo e alma. Ele pediu o
Evangelho e pegou aquela passagem em particular onde nosso abençoado
Senhor expulsou o demônio de um jovem para os porcos, e eles se afogaram no
mar.8 Dostoiévski disse: “Essa é a minha Rússia, minha amada Rússia. Um dia
ela estará cheia de demônios, mas os demônios serão expulsos e empurrados de
volta para o mar. Lá eles serão afogados, e a Rússia se sentará aos pés de Cristo
e aprenderá Seu Evangelho”.

Sim, há esperança mesmo em meio a todas as nossas provações, desastres


e trevas, pois nunca estamos sem Deus. Se voltarmos para Ele, tudo pode ser
mudado. Você se lembra do poeta inglês Swinburne, que escreveu: “Glória ao
homem nas alturas, pois o homem é o mestre de tudo.”?9 O ensaísta inglês Alfred
Noyes, antes de sua conversão, visitou Swinburne em sua casa paterna em
Bonchurch, Inglaterra . Swinburne o levou à biblioteca onde escreveu sua poesia
ateísta. Eles começaram a falar sobre o cristianismo e Noyes disse que
literalmente cuspiu suas palavras.

Os anos se passaram. Swinburne foi ao encontro do Deus a quem ele negou


e foi seu juiz. Mais tarde, Noyes foi recebido na Igreja.
Noyes voltou novamente para Bonchurch, subiu a mesma longa fileira de lilases
e, diante dele, viu crianças vestidas de branco. Eles deixaram cair flores enquanto
caminhavam. Ele os seguiu até a casa, que agora era o Convento do Sagrado
Coração. No dia da Festa de Corpus Christi, a Festa do Corpo de Cristo, Noyes
entra na Capela que era a antiga biblioteca. No momento da Bênção, quando
Noyes ergueu os olhos para contemplar Nosso Senhor e o Santíssimo Sacramento,
seus olhos também pousaram sobre a grande janela que vira em sua primeira
visita. Imediatamente acima do ostensório naquela janela estavam as iniciais do
paternal Swinburne, “IHS”, que é a abreviatura grega para o nome de Jesus.
Todas as coisas podem ser mudadas pelo poder de Deus de maneira tão doce e
gentil.

No que diz respeito à sua alma, posso discutir algumas intimidades de amor?
Existem três graus de intimidade. A primeira é a fala. Nunca saberíamos que
alguém nos amava, a menos que nos dissessem. Uma palavra é a soma de um
caractere; tudo o que uma pessoa é e se tornará. Precisamos apenas ouvir uma
pessoa falar e saber se ela é gentil, cruel ou

345
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

homem educado. A primeira intimidade de todo amor é que devemos ser


informados, devemos ouvi-lo. Deus falou sobre essa revelação. Abra suas
escrituras, você ouve a Palavra de Deus. Não basta ouvir a voz do amado;
queremos ver o amado. Queremos ver palavras pronunciadas em lábios
humanos; queremos ver a seriedade de um rosto e o brilho de um olho. Se
Deus realmente nos ama, Ele não deve apenas ser ouvido, Ele deve ser
visto. Um dia, um anjo saiu do grande trono branco de luz para uma humilde
Virgem ajoelhada em oração e disse: Salve, cheia de graça.10 Não foram
palavras; eles eram a Palavra, e a Palavra se tornou Carne e habitou entre
nós. Deus foi visto na forma de Homem. Você O verá no Santíssimo
Sacramento com os olhos da fé. Você O vê em Sua Igreja, a continuação de
Sua Encarnação. Você O vê nos pobres.

Posso dizer que este discurso sobre a visão de Deus é como a relação
entre o rádio e a televisão. O Antigo Testamento é rádio; ouvimos a voz de
Deus, mas não O vemos, e o Novo Testamento é a televisão onde não
apenas ouvimos, mas vemos Deus. Existe outra intimidade de amor mais
sagrada e profunda? Há um tão delicado que o maior insulto que alguém
pode nos fazer, que não nos conhece, é fazer uso da intimidade do toque.
Se nosso bendito Senhor deve esgotar todas as intimidades do amor, Ele
deve tocar e ser tocado. Ele foi tocado por Tomé,11 pela mulher com o fluxo
de sangue,12 e Ele tocou o leproso e o enfermo. para os íntimos, o êxtase
da Sagrada Comunhão. Assim como no casamento o ápice do amor é a
unidade de dois em uma só carne, também na Eucaristia o ápice do amor é
a unidade de dois em um só espírito. É minha fervorosa oração a Deus que
esta terceira e mais bela de todas as intimidades chegue a cada um de vocês.

Cada ação em seu trabalho diário, seja varrer a rua ou dar aulas, pode
ser transformada em oração. Cada ação é uma espécie de cheque em
branco que só tem valor se o nome de nosso Senhor estiver assinado nele.
É por isso que São Paulo disse: Quer comais, quer bebais, ou façais outra
coisa qualquer, fazei-o em nome de Cristo.14 As pequenas ações da vossa
vida diária, como mãe, pai, trabalhador, professor, enfermeira ou secretário
pode ser divinizado e sacramentalizado desde que você traga a intenção
divina, uma oração de ação para eles. Na sarjeta de uma rua da cidade havia
uma gota d'água, suja, suja e estagnada. Lá em cima no

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Parte V: Mundo, Alma e Coisas

céus, um suave raio de sol o viu, saltou do céu azul até a gota, beijou-o,
emocionou-o completamente com novas e estranhas vidas e esperanças,
ergueu-o mais alto além das nuvens e um dia o deixou como um floco de neve
imaculada no topo de uma montanha.
Sua rotina monótona de trabalho diário pode ser transmutada e mudada
apenas com a condição de que você faça tudo em nome de Cristo. Não é
importante o que você faz neste mundo, mas como você faz. Shakespeare
disse: “Todo o mundo é um palco. Por que deveria ele, que faz o papel de rei,
se gloriar em sua coroa de ouropel e espada de lata, pensar que é melhor do
que aquele que faz o papel de camponês?
Quando a cortina cai, eles são apenas atores!” Quando a cortina de nossa vida
baixar, não nos perguntarão que papel desempenhamos; só seremos
questionados sobre o quão bem desempenhamos o papel que nos foi designado.

Não será difícil salvar sua alma; no entanto, ser católico nunca o impedirá
de pecar, mas tirará toda a graça, porque uma vez que você amou, você sabe
o que é o amor. O pecado nas escrituras é sempre chamado de adultério
porque é um falso amor. Sei que você encontrará pessoas que pegam atalhos,
jogam livremente, trapaceiam, cometem adultério, evitam pagar seus impostos
e arruínam a reputação de seus vizinhos. Eles não parecem ter nenhum peso
na consciência, mas não têm paz. Se quisermos amar, temos que ter a cruz de
Cristo. Não podemos escapar dela, embora tentemos.

Devo me despedir de você agora. Gostei de estar com você e espero que
tenha aproveitado. Talvez nossos corações tenham crescido um pouco juntos,
eles crescem em longas conversas. Posso lembrá-lo de que seu coração e o
meu não são perfeitos em forma e contorno como um cartão de dia dos namorados.
Há um pequeno pedaço faltando em cada coração humano que pode simbolizar
um pedaço arrancado do Coração universal da humanidade na Cruz. Acho que
o verdadeiro significado é que, quando Deus criou seu coração, Ele o achou
tão bom, tão amável, Ele guardou uma pequena amostra no céu e enviou o
resto a este mundo onde você tentaria ser feliz, mas não poderia ser
perfeitamente feliz. porque você não tinha um coração inteiro para amar. Ele
sempre o lembrou de ser verdadeiramente pacífico, feliz e sincero, você deve
voltar a Deus para recuperar o pedaço que Ele tem guardado para você desde
toda a eternidade.
Seu coração estará lá no céu e, se Deus quiser, o meu também. Eu os verei no
Coração de Deus. Tchau agora, e Deus te ama!

347
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

7
1 Jo 4:9 Ibid., 25:40 Homem.
2 Ibid., 8 Ibid., 8:32 10 Lc 1:28
4:11 Ibid., Algernon
3 9 11
4:19 Ibid., Charles Jo 20:27-29
4 12 Mt 9:20
4:25 Ibid.,
5 13 Mc 1:41
4:26 6 Mt Swinburn,
25:35 hino de 14 Colossenses 3:17

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A Última Vontade e Testamento de Fulton J. Sheen

Em nome de Deus Amém

Eu, FULTON J. SHEEN, um Sacerdote devidamente ordenado e um Arcebispo consagrado


da Santa Igreja Católica, humildemente recomendo minha alma a Deus, o Pai, que me criou;
a Deus, o Filho que me redimiu e a Deus, o Espírito Santo, que me santificou, pedindo
humildemente perdão por todas as minhas ofensas e implorando perdão àqueles a quem
ofendi, estando de mente e memória sã e conhecendo bem a incerteza deste vida, por meio
deste faço, publico e declaro o seguinte como meu último testamento e testamento,
revogando todos e quaisquer testamentos feitos por mim a qualquer momento até agora.

PRIMEIRO: Ordeno que as despesas de minha última doença e minhas despesas


de funeral sejam pagas assim que possível após minha morte.

SEGUNDO: É minha vontade e ordeno que meu executor doravante nomeado


providencie para que minha missa fúnebre seja celebrada na Catedral de St. .

TERCEIRO: Dou a quantia de Dois Mil ($ 2.000,00) Dólares ao Bispo Edward T.


O'Meara; a quantia de Mil ($ 1.000,00) dólares ao Padre Vincent Nugent e a soma de Mil ($
1.000,00) dólares ao Padre Michael Hogan da Diocese de Rochester, pedindo a cada um
deles que lesse uma missa rezada por minha intenção.

QUARTO: Eu dou e lego meu Cálice de Pedra de Jasper Russo por


Keibel para a Catedral de St. Patrick, Fifth Avenue e 50th Street, New York City.

QUINTO: Dou a posse de minha biblioteca, manuscritos, arquivos, cinescópios e


fitas de vídeo ao Archbishop Fulton J. Sheen Archives of St. Bernard's Seminary, Rochester,
Nova York. Todos os direitos de publicação dessas propriedades eu dou e lego à Sociedade
para a Propagação da Fé, Escritório Nacional, localizado na 366 Fifth Avenue, Nova York,
Nova York, para fins gerais.

SEXTO: Dou todos os meus bens pessoais, incluindo meus anéis, báculos, cruzes,
cálices e paramentos religiosos ao meu Executor, para serem distribuídos de acordo com
uma carta de direção que lhe entreguei.

SÉTIMO: Dou à Sociedade para a Propagação da Fé,


National Office, localizado na 366 Fifth Avenue, New York, New York, todo o resto,

349
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resíduo e restante de minha propriedade, tanto real quanto pessoal, de qualquer tipo,
natureza e descrição e onde quer que o mesmo esteja situado, juntamente com todos os
direitos, títulos e interesses sobre quaisquer direitos autorais que eu possa possuir no
momento da minha morte, em quaisquer livros publicados, gravações, cinescópios e fitas de
vídeo, juntamente com o direito de republicá-los a qualquer momento e de solicitar e ceder
quaisquer direitos autorais de acordo com este legado e também os royalties decorrentes
deles, juntamente com qualquer interesse que eu possa ter em qualquer fundo, propriedade
ou poder de nomeação.

OITAVO: Eu nomeio, constituo e nomeio o Bispo Edward T. O'Meara como


Executor desta minha Última Vontade e Testamento. Se o Bispo Edward. T.
O'Meara deve, por qualquer motivo, deixar de se qualificar ou deixar de atuar como Executor
desta minha Última Vontade e Testamento, eu nomeio, constitui e nomeio Sua Eminência,
Terence Cardeal Cooke, Arcebispo de Nova York, o Executor desta minha Última Vontade e
Testamento. Eu ordeno que nenhum vínculo ou garantia seja exigido de qualquer Executor
em qualquer jurisdição.

NONA: Sem limitação dos poderes que são agora ou podem ser conferidos por lei
a executores e curadores, autorizo e autorizo totalmente meu executor e todos os seus
sucessores com relação a toda e qualquer propriedade, real ou pessoal, que possa a
qualquer momento constituem parte do meu patrimônio, a seu exclusivo critério e sem
solicitar a qualquer tribunal permissão ou instruções a respeito, como segue:

Delegar quaisquer deveres ou poderes, discricionários ou não, a um Co-Executor


por tal período e nos termos e condições que possam ser designados em um
instrumento escrito e reconhecidos e entregues a tal Co-Executor.

Praticar todos esses atos e exercer todos os direitos e privilégios, embora não
especificamente mencionados abaixo, com relação a qualquer propriedade
como se fosse o proprietário absoluto da mesma e fazer, executar e entregar
todos e quaisquer instrumentos ou acordos que obriguem meu patrimônio ou
qualquer fideicomisso criado abaixo.

DÉCIMA: Eu ordeno que todos os bens, transferências, sucessões, heranças,


legados e impostos similares sobre ou com relação a qualquer propriedade que devam ser
incluídos em meu patrimônio bruto sob a disposição de qualquer lei tributária e sejam ou não
aprovados sob este instrumento ou sobre ou com em relação a qualquer pessoa com relação
a qualquer propriedade, deve ser pago de minha propriedade geral como uma despesa na
liquidação de minha propriedade e que não haverá rateio de tais impostos.

EM TESTEMUNHO DO QUE, assinei meu nome e afixei meu selo neste dia 4 de
DEZEMBRO de 1979.

350
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Abreviaturas dos livros

E Atos Lk Lucas
Nós amamos Lm Lamentações
Não Baruque Nv Levítico
1 Ch 1 Crônicas 1 M 1 Macabeus
2 Ch 2 Crônicas 2 M 2 Macabeus
1 Co 1 Corinthians Meu Miquéias
2 Co 2 Corinthians Marca Mk
col colossenses Ml Malaquias
Sr Daniel mt Mateus
Dt Deuteronômio Por Naum
EP Efésios Nb Números
Leste Ester Não Neemias
Ex Êxodo Ob Obadias
Esquerda Ezequiel 1P 1 Pedro
Ezr Esdras 2P 2 Pedro
Aqui Gálatas pH filipenses
Gn Gênesis Phm Filemom
Hab Habacuque Pr Provérbios
tem hebraico PS salmos
Hg Ageu Qo Eclesiastes
Para Oséias Rm romanos
É Isaías Rt Rute
jb Trabalho
rv revelação
Senhor Judite 1S 1 Samuel
jg Juízes 2S 2 Samuel
jl joel Sg Canção das Canções

Jm James E Eclesiástico
JN John Tb Tobit
1 João 1 João 1 Th 1 Tessalonicenses
2 Jo 2 João 2 Ts 2 Tessalonicenses
3 Jo 3 João 1 Tm 1 Timóteo
jon Jonas 2 Tm 2 Timóteo See More
Se Joshua Tt Tito
jr Jeremias Ws Sabedoria
Judas Judas Zc Zacarias
1 K 1 Reis zp Sofonias
2 K 2 Reis

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

352
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Citações Bíblicas

ANTIGO TESTAMENTO 20:17 . . . . . . . . . . 293


37:7-8. . . . . . . . . . 107
Gênesis ..... 1:26 . . . . . . . . . . . 121 Números .... 20:8 . . . . . . . . . . . 132
1:27 . . . . . . . . . . . 252 21:6 . . . . . . . . . . . . 93
1:28 . . . . . . . . . . . 261 21:8 . . . . . . . . . . . . 93
2:2 . . . . . . . . . . . . 106 . . . . . . . 285
Deuteronômio 5:1-15. . .
2:18 . . . . . . . . . . . 253 5:1-21. . . . . . . . . . 289
3:1 . . . . . . . . . . . . 159 5:16 . . . . . . . . . . . 285
3:4. . . . . . . . . . . . 160 7:14 . . . . . . . . . . . 123
3:5 . . . . . 147, 160, 216 . 25:13-14 . . . . . . . . 294
3:6 . . . . . . . . . . . 158 . . . . . . . . . 317
Josué ...... 24:13 .
3:7 . . . . . . . . . . . . 161 Rute . . . . .4:1
..... . . . . . . . . . 133
3:9 . . . . . . . . . 23, 122 . 1Samuel . . . . 3:9 . . . . . . . . . . . . 338
3:11 . . . . . . . . . . 223 2Samuel . . . . 22:2 . . . . . . . . . . . 138
3:15 . . . . . . . . . . . 161 . . . . . . . . . 195
2 Reis ..... 4:1-7 .
4:1 . . . . . . . . . . . . 266 2 Macabeus . 12:45 . . . . . . . . . . 308
4:9 . . . . . 122, 221, 223 . . Salmos . . . . . . 2:7 . . . . . . . . . . . . . 78
12:1-3. . . . . . . . . 32 Provérbios .... 26:11 . . . . . . . . . . 284
13:8 . . . . . . . . . . . . 83 Isaías ...... 14:12-14 . . . . . . . . 290
19:1 . . . . . . . . . . . 133 14:13 . . . . . . . . . . 154
22:2 . . . . . . . . . . . . 92 53:4-5. . . . . . . . . . 298
22:7 . . . . . . . . . . . . 92 53:6 . . . . . . . . . . . . 92
22:8 . . . . . . . . . . . . 92 53:12 . . . . . . . . 67, 72 .
Êxodo ..... 3:14 . . . . . . . . . . 101 66:9 . . . . . . . . . . 267
6:7 . . . . . . . . . . . . 122 Ezequiel ..... 34:11 . . . . . . . . . . 123
10:22 . . . . . . . . . . . 45 Daniel ...... 2:45 . . . . . . . . . . . 132
12:27 . . . . . . . . . . . 92 . . . . . 2:1 . . . . . . . . . . . . . 45
Jonas .
14:5-31 . . . . . . . . . 187 Miquéias ...... 5:1-2 . . . . . . . . 32, 90
16:1-5. . . . . . . . . . 200
NOVO TESTAMENTO
17:6 . . . . . . . . . . . 132
19:11 . . . . . . . . . . . 45 Mateus .... 1:1-16. . . . . . .124, 140 . . 81
19:5-6. . . . . . . . . . 122 1:18-25 . . ... ...

353
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

2:1-6 . . . ... ... . . 53 16:24-25 . . . . . . . . 280


2:13-15 . . ... ... . . 91 16:26 .......237, 302
3:2. . . . . ... ... . 232 17:25 . . .. .54
... ...
3:6 . . . . . ... ... . 223 17:27 . . . . . . . 54, 135 .
4:1-11. . . ... ... . . 91 18:6 . . . . . . . . . . 291
4:3. . . . . ... ... . 199 18:21 . . . . . . . . . . 155
4:23 . . . . ... ... . 238 18:22 . . . . . . . . . . 155
5:17 . . . . . 53, 124, 18:23-35 . . . . . . . . 308
5:18 . . . . . . . . . . 296 . 296 19:4-6. . . . . . . . . . 251
5:24 . . . . . . . . . . . 292 19:21 .......295, 296
5:28 . . . . . . . . . . . 293 19:25 . . .295
. ... ...
5:32 . . . . . . . . . . . 251 20:1-16 . . . . . . . . . . 55
5:44 . . . . . . . . . . . 292 20:25 . . . . . . . . . . 138
5:48 . . . . . . . . . . . 296 20:25-27 . . . . . . . . 143
6:9-15. . . . . . . . . . 338 21:3 . . . . . . . . . . . 103
7:15-20 . . . . . . . . . 296 21:12 . . . . . . . . . . . 54
7:24 . . . . . . . . . . . 132 21:28-32 . . . . . . . . . 55
8:1-4 . . . . . . . . . . . 43 22:1-14 . . . . . . . . . . 55
8:8 . . . . . . . . . . . . . 43 22:37-39 . . . . . . . . 284
8:14 . . . . . . . . . 43, 23:37 . . . . . . . . . . 179
8:17 . . . . . . . . . . 55 . . 70 24:27 . . . . . . . . . . 111
8:32 . . . . . . . . . . . 345 24:30 . . . . . . . . . . 110
9:9 . . . . . . . . . . . . . 54 25:31-46 . . . . . . . . 112
9:15 . . . . . . . . . . . 254 25:34 . . . . . . . . . . 305
9:20 . . . . . . . . . . . 346 25:35 . . . . . . . . . . 344
10:3 . . . . . . . . . . . . 83 25:35-36 . . . . . . . . 294
10:28 .......302, 323 25:40 . . . . . . . . . . 344
12:37 . . .305
. ... ... 25:41 . . . . . . . . . . 321
12:40 . . . . . . . . . . . 45 26:15 . . . . . . . . . . . 54
12:47 . . . . . . . . . . 331 26:26 .......124, 205
12:48 . . . . . . . . . . 331 26:26-28 . 211... ... .
12:50 . . . . . . . . . . 331 26:28 . . . . . . . . . . 202
14:19 . . . . . . . . . . 335 26:30 . . . . . . . . . . . 97
14:23 . . . . . . . . . . 335 26:31 . . . . . . . . . . . 97
15:32 . . . . . . . . . . 197 26:32 . . . . . . . . . . . 97
15:32-39 . . . . . . . . . 81 26:33 . . . . . . . . . . 249
16:13 . . . . . . . . . . 130 26:36 . . . . . . . . . . . 71
16:14 . . . . . . . . . . 130 26:49-50 . . . . . . . . 100
16:15 . . . . . . . . . . 131 26:57-68 . . . . . . . . 100
16:16 . . . . . . . . . . 131 26:63 . . . . . . . . . . 100
16:17 .......131, 173 26:64 .......101, 109
16:18 . . 141
. 132,
. . 133,
131, 134, 26:72 . . .134
. ... ...
16:19 . 223 . 251 27:11-26 . . . . . . . . 101
16:23 . . . . . . . . . 27:3. . . . . . . . . . . 231

354
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Citações Bíblicas

27:24 . . . . . . . . . . 299 2:51 . . . . . . . . . . . 290


27:32 . . . . . . . . . . 214 3:21 . . . . . . . . . . . 335
27:46 . . . . . . . . . . . 71 4:1-2 . . . . . . . . . . 193
27:62-64 . . . . . . . . . 45 4:18-19 . . . . . . . . . 194
27:65 . . . . . . . . . . . 45 4:21 . . . . . . . . . . . . 34
27:66 . . . . . . . . . . . 45 4:23 . . . . . . . . . . . . 56
28:18 . . . . . . . . . . 139 5:15-16 . . . . . . . . . 335
28:19 . . . . . . . . . . . 74 6:12-13 . . . . . . . . . 335
28:20 . . . . . . . . . . 134 7:36-50 . . . . . . . . . 298
Marcos ....... 1:41 . . . . . . . . . . . 346 9:6 . . . . . . . . . . . . 238
2:5 . . . . . . . . . . . . 223 9:18-21 . . . . . . . . . 335
2:7 . . . . . . . . . . . . 223 9:28 . . . . . . . . . . . 335
5:9 . . . . . . . . . . . . 164 10:16 . . . . . . . . . . 139
5:28 . . . . . . . . . . . 238 10:30 . . . . . . . . . . 292
6:13 . . . . . . . . . . . 238 11:1 . . . . . . . . . . . 335
6:41 . . . . . . . . . . . 199 11:27 . . . . . . . . . . . 70
6:56 . . . . . . . . . . . 238 12:49 . . . . . . . . . . 196
7:34 . . . . . . . . . . . 335 13:25 . . . . . . . . . . 305
8:22 . . . . . . . . . . . . 70 15:24 . . . . . . . . . . 219
8:34 . . . . . . . . . . . 298 16:27-28 . . . . . . . . 323
9:35 . . . . . . . . . . . 138 17:10 . . . . . . . . . . 247
9:48 . . . . . . . . . . . 323 22:3 . . . . . . . . . . . 231
11:21 . . . . . . . . . . . 55 22:19 .......202, 211 22:31 . .
14:36 . . . . . . . . . . . 98 134 .. ... ...
14:58 . . . . . . . . . . 172 22:32 .......134, 336 22:37 . . .
15:38 . . . . . . . . . . 107 33 .. ... ...
16:15 . . . . . . . . . . 246 22:41 . . . . . . . . . . . 98
16:18 . . . . . . . . . . 238 22:41-44 . . . . . . . . 335
16:9-20 . . . . . . . . . . 81 22:44 . . . . . . . 72, 100 .
Lucas . . . . . . . 1:1-4 . . . . . . . . 51, 82 . . 22:53 . . . . . . . . . 330
1:26 . . . . . . . . . . 84 23:1-25 . . . . . . . . . 100
1:26-38 . . . . . . . . . . 82 23:34 . . . 102, 335, 336 .
1:28 ........329, 346 1:34 . . . 23:41 . . . . . . . . . 307
81, 266 1:38 . . ........168,
. . . 1:42 329
... 23:43 . . . . . . . . . . 339
131 23:46 . . . . . . . . . . 102
.. ... ... 24:36 . . . . . . . . . . 103
1:56-58 . . . . . . . . . . 86 24:49 . . . . . . . . . . 119
2:1-5 . . . . . . . . . . . 89 24:50-53 . . . . . . . . 106
2:1-10. . . . . . . . . . . 86 John . . . . . . . 1:1-18. . . . . . . . . . 124
2:1-20. . . . . . . . . . . 56 1:12 . . . . . . . . . . . . 84
2:7 . . . . . . . . . . . . . 90 1:13 . . . . . . . . . . . . 84
2:25-35 . . . . . . . . . 123 1:14 . . . . . .61, 77, 293 .
2:32 . . . . . . . . . . . 123 1:16 . . . . . . . . . . 172
2:34 . . . . . . . . . . . 123 1:29 . . . . . . . . . . . . 92

355
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

2:3 . . . . . ... . . . . 330 11:41-42 . ... ... . 335


2:4 . . . . . ... . . . . 330 12:24 . . . ... ... . 279
2:19 . . . . ... . 45, 13:1 . . . . ... ... . 210
3:1-8 . . . ... . . . 119 . 186 13:4-5. . . ... ... . 138
3:1-21. . . . .84, 93, 13:13-14 . ... ... . 138
3:13 . . . . . . . . . . 296 . . 93 14:1-3. . . ... ... . 317
3:29 . . . . . . . . . . . 254 14:3 . . . . ... ... . 317
3:30 . . . . . . . . . . . 340 14:6 .... 125, 139, 144
4:9 . . . . . . . . . . . . 343 14:8 . . . .115
. ... ...
4:11 . . . . . . . . . . . 343 14:9 . . . . . . . . . . . 115
4:19 . . . . . . . . . . . 344 14:15 . . . . . . . . . . 116
4:25 . . . . . . . . . . . 344 14:16-17 . . . . . . . . 116
4:26 . . . . . . . . . . . 344 14:18 . . . . . . . . . . 115
5:36 . . . . . . . . . . . . 42 14:27 . . . . . . . . . . 125
6:1-15. . . . . . . . . . 278 15:5 ........125, 337
6:26 . . . . . . . . . . . 200 15:12 . . .292
. ... ...
6:27 . . . . . . . . . . . 200 15:25-27 . . . . . . . . 118
6:34 . . . . . . . . . . . 201 16:7 . . . . . . . . . . . 114
6:35 . . . . . . . . . . . 201 16:13 . . . . . . . . . . 116
6:51 . . . . . . . . . . . 201 16:13-15 . . . . . . . . 115
6:52 . . . . . . . . . . . 201 16:14 . . . . . . . . . . 119
6:53 . . . . . . . . . . . 201 16:33 . . . . . . . . . . 277
6:54 . . . . . . . . . . . 303 17:1 . . . . . . . . . . . 330
6:56 . . . . . . . . . . . 207 17:9 . . . . . . . . . . . 335
6:57 . . . . . . . . . . . 201 17:19 . . . . . . . . . . 192
6:58 . . . . . . . . . . . 206 17:20 . . . . . . . . . . 335
6:60 . . . . . . . . . . . 201 17:21 . . . . . . . . . . 116
6:67 . . . . . . . . . . . 201 17:26 . . . . . . . . . . 285
6:68 . . . . . . . . . . . 201 18:15-18 . . . . . . . . 138
7:17 . . . . . . . . . . . 296 19:10-11 . . . . . . . . 291
7:31 . . . . . . . . . . . . 44 19:12 . . . . . . . . . . 102
7:45-46 . . . . . . . . . 114 19:25 . . . . . . . . . . . 83
8:6 . . . . . . . . . . . . . 50 19:26 . . . . . . . . . . 331
8:8 . . . . . . . . . . . . . 82 19:27 . . . . . . . . . . 331
8:20 . . . . . . . . . . . 330 19:28 . . . . . . . . . . 106
8:28 . . . . . . . . . . . . 95 19:30 .......106, 242
8:29 . . . . . . . . . . . 118 19:34 . . .107
. ... ...
8:31 . . . . . . . . . . . 297 19:41 . . . . . . . . . . 103
8:32 . . . . . . . . . . . 148 20:17 . . . . . . . . . . 207
8:36 . . . . . . . . . . . 148 20:23 .......202, 223
10:9 . . . . . . . . . . . 134 20:25 . . .103
. ... ...
10:18 . . . . . . . . . . 102 20:27 .......103, 207
10:38 . . . . . . . . . . . 42 20:27-29 . .. 346
.. ...
11:38 . . . . . . . . . . . 70 21:1-14 . . . . . . . . . 138

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Citações Bíblicas

21:15 . . . 135, 138, 145 12:9 . . . . . . . . . . . 336


21:16 .......135, 138 21:25 . . . Gálatas .... 1:19 . . . . . . . . . . . . 83
.. ...
44, 56 . . 51 3:27 . . . . . . . . . . . 188
Atos ....... 2:42 . . .. ... ... 4:4-5 . . . . . . . . . . . 84
9:1-9 . . . . . . . . . . 336 4:23-29 . . . . . . . . . . 85
9:1-22. . . . . . . . . . 127 Efésios . . . 5:23 . . . . . . . . . . . 254
9:4 . . . . . . . . . . . . 127 5:25 . . . . . . . . . . . 253
9:5 . . . . . . . . . . . . 127 5:29-32 . . . . . . . . . 253
13:47 . . . . . . . . . . . 82 6:5 . . . . . . . . . . . . 291
Romanos .... 5:12 . . . . . . . . . . . 302 Colossenses . . . 3:1 . . . . . . . . . . . . 106
5:15 . . . . . . . . . . . . 71 3:17 . . . . . . . . . . . 346
6:4 . . . . . . . . . . . . 188 3:20-21 . . . . . . . . . 290
6:23 . . . . . . . . . . . 219 2 Timóteo . . . 2:5 . . . . . . . . . . . . 152
7:19 . . . . . . . . . . . 163 Tito . . . . . . . 1:1 . . . . . . . . . . . . 247
11:17 . . . . . . . . . . 124 Hebreus . . . . 1:5 . . . . . . . . . . . . 267
12:1 . . . . . . . . . . . 293 4:14-16 . . . . . . . . . 212
15:1-5. . . . . . . . . . 280 4:15 ........109, 245 5:1 . . . .
15:12 . . . . . . . . . . 124 245 .. ... ...
1 Coríntios 1:1 . . . . . . . . . . . . 247 6:6 . . . . . . . . . . . . 118
2:11 . . . . . . . . . . . 117 6:19 . . . . . . . . . . . 107
2:14 . . . . . . . . . . . 117 7:25 . . . . . . . . . . . 110
3:13 . . . . . . . . . . . 308 7:26 . . . . . . . . . . . . 67
4:7-13. . . . . . . . . . 246 9:25-28 . . . . . . . . . 221
6:19 . . . . . . . . . . . 119 9:27 . . . . . . . . . . . 303
7:14 . . . . . . . . . . . 281 Tiago ...... 1:5-8 . 5:14 . . . . . . . . . . . 242
10:4 . . . . . . . . . . . 132 . . . . . . . . . 239
10:12 . . . . . . . . . . 233 1 Pedro . . . . . 3:7 . . . . . . . . . . . . 267
10:17 . . . . . . . . . . 208 1 João . . . . . . 4:18 . . . . . . . . . . . 145
11:26 . . . . . . . . . . 207 Revelação . . 3:1 . . . . . . . . . . . . 169
13:12 . . . . . . . . . . 304 3:7 . . . . . . . . . . . . 134
2 Coríntios 3:6 . . . . . . . . . . . . 245 13:8 . . . . . . . . . . . . 93
5:16 . . . . . . . . . . . 116 21:27 . . . . . . . . . . 308

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

358
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Índice
A altar 69, 170, 204, 208, 213, 245, 248, 254,
262, 263, 292, 316 ambição 25
Arão 246
Abel 122
América 185, 246, 299
anormal 3, 8, 165, 224
Americano 185, 203, 262
pessoa anormal 2, 3 aborto professores de escolas americanas 2
10, 226, 294 Aminadab 140
Abraão 31, 32, 45, 83, 92, 122, 124, 130,
analogia 65, 75, 77, 78, 148, 198, 209, 210,
140, 257
211
Abraham Lincoln 9, 32-33 André 199
absolvição 224, 231, 232, 233
anjo 29, 38, 91, 131, 153, 154, 159, 168,
absolve 222, 224 absurdo 1, 2 208, 245, 266, 274, 304, 329, 346
abuso 152, 154, 155, 157, 161,
216 abismo 4, 5, 8, 238, 297 acidentes Raiva 161
206, 277, 305 bolota 316 raiva 2, 8, 161, 225, 226, 286, 325,
339
animal 8, 75, 76, 77, 138, 165, 198, 210,
hábito adquirido 189 219, 278, 302, 336 animais 8, 50, 76,
Acrópole 260 155, 166, 181, 198,
Ato de Contrição 233 202, 209, 218, 267
pecados reais 216, 221 Anás 100
Adão IX, 31, 68, 73, 74, 85, 86, 91, 98, 99, Anunciação 131, 329
109, 122, 124, 133, 158, 161, 162, 168, Unção dos Enfermos 237, 238, 239, 240,
182, 187, 188, 207, 213, 216, 222 , 245, 241
254, 266, 297, 303, 317, 329, 336 Antioquia 55
admiração 287 adoção 84 adoração 178, ansiedade 1, 3, 5, 146, 316
287, 330, 337 adultério 50, 226, 240, 251,
Apocalipse 53, 93, 134, 160, 169, 308
255, 293, 294, 295, 347 apologistas 85
Apóstolos 43, 45, 46, 47, 50, 51, 52, 53, 82,
83, 97, 98, 103, 104, 105, 114, 115, 124,
126, 127, 131, 132, 134, 135, 138 , 139,
Ésquilo 33 140, 193, 201, 211, 223, 238, 239, 246,
África 196, 246, 299 295, 317, 335
Africano 192, 327 idade apostólica 103
agnosticismo 10 árabe 68

agnósticos 171, 297 Aramaico 132

agonia 69, 71, 97, 98, 114, 233, 317 arquiteto 14, 17
Agrippa 53 arquitetura 180
alcoólatra 36, 160, 174, 226, 281, 324 Arcturus 106
alcoolismo 8, 216, 307, 324 argumentar 30, 305,
Alexandre 214, 315 306 argumentos 29,
Alfredo Noyes 345 321 aristocrático 130, 131
Alfeu 83 Aristóteles 318

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Exército 193, 299, 309 bestas 161, 165, 167, 221


preso 63, 114, 244 arte Bem-aventuranças
170, 173, 284, 303 artista 110, 116 belas 18, 25, 61, 87, 107, 109,
30, 117, 151, 317 110, 111, 119, 123, 178, 179, 186, 190,
Ascensão 44, 104, 105, 106, 107, 108, 109, 232, 240, 242, 254, 255, 268, 271, 290,
110, 112, 127, 129, 181, 202, 214, 268 291 , 303, 309, 317, 329, 336, 346

Ásia 246, 299 beleza 66, 78, 108, 109, 151, 180, 181, 239,
Ásia Menor 50 242, 243, 277, 280, 301, 308, 312, 316
gerar 77, 172, 194, 218 gerar filhos 268
aspirações 25, 37, 152
mendigo 323, 338
suposição 84, 302
ateísmo 9, 10, 14 ateu
11, 13, 14, 71, 286, 322
Atenas 192 Bélgica 282
amada 55, 206, 252, 254, 287, 298, 310,
era atômica 344
expiação 106 339, 345, 346
Bento 135
atitude 8, 9, 118, 170, 230, 231, 297, 338,
bênção 105, 345 berith
339 autoritarismo 143, 144, 145, 146
123
autoridade 50, 113, 119, 135, 137, 138,
Berlim 195, 214
139, 140, 141, 142, 146, 190 , 290, 291,
328 autobiografia 118 automóvel 38, Belém 32, 66, 89, 90, 133, 168,
206
147, 166, 218, 311 avareza 118, 154,
207, 209, 216, 284, trair 24, 324, 330 trair
69, 274 trair 317

292 Bíblia 50, 52, 81, 121


biografia 234 biológica
19, 35, 78, 164, 165, 219, 275, 293, 302
B pássaro 15, 17, 30, 165, 187, 296,
querida 66, 90, 123, 252, 268 306 casa de passarinho 17 nascimento
Babilônios 49 31, 32, 39 , 55, 56, 81, 82, 83, 84, 85, 86,
retrocessos 316 89, 90, 97, 103, 173, 186, 187, 265, 327,
ruins 4, 10, 13, 21, 36, 72, 109, 159, 164, 328
217, 234, 261, 282, 284, 291, 292, 321,
337 maldades 36 banquete 124, 153, Prevenção de Nascimento
154, 207 , 324 265 bispo 140, 194, 239, 243, 244, 246,
247
Bantu 192 Bispo Sheen IX, 7, 174
batismo 84, 168, 182, 185, 186, 187, 188, Arquivos do Bispo Sheen iv, xii, 6, 12,
189, 190, 193, 195, 197, 215, 216, 20, 28, 40, 60, 80, 96, 150, 156, 176, 184,
222, 335 batismo de sangue 189 228, 236, 250, 258, 264, 270, 320, 334,
vestes batismais 190, 306, 310 bárbaro 342 culpa 18, 49, 166, 217, 218, 283, 332

309 batalha 154, 210, 233, 241, 259, 302 blasfêmia 71, 72, 100, 101, 240, 286

360
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Índice

bendita Mãe 66, 84, 87, 214, 239, 266, noivo 69, 253, 254
302, 327, 330, 331, 340 benção irmandade 291 irmãos 71,
105, 248, 313 bençãos 31, 73, 106, 83, 278, 291, 323
115, 118, 152, 153, 154, 155, 157, 159, Buda 30, 31, 33, 39, 95
195, 265, 337 Budismo 30
Budista 68, 179
cego 43, 64, 69, 70, 155, 194, 217, 247 fardo 241, 248, 277, 280, 299
cego 70, 117, 173, 324 sangue 35, 56, 84, enterrado 44, 89, 103, 188, 322
91, 99, 100, 102, 107, 118, 124, 132, 160, sarça ardente 336 negócios 3, 16,
168, 171, 173, 188, 189, 201, 202, 29, 137, 226, 253
204, 205, 206, 207, 211, 212, 243,
246, 254, 281, 292, 299, 302, 309, 331,
346 C
Boaz 133
César 45, 50, 89, 101, 102, 112, 315
corpo 65, 69, 82, 85, 95, 99, 100, 105,
César Augusto 89
108, 109, 118, 119, 121, 125, 126,
Cesaréia de Filipe 130, 132
127, 129, 130, 131, 133, 136, 139,
141, 144, 147 , 158, 161, 168, 170, Caifás 100, 101, 109, 138
171, 172, 181, 182, 183, 185, 188, Caim 99, 122, 218, 221, 223, 284, 336
196, 198, 199, 202, 204, 205, 206, Cairo 248
207, 211, 212, 213, 216, 219, 225 Califórnia 76, 165
Calvário 52, 72, 93, 102, 108, 115, 129,
168, 193, 205, 206, 209, 211, 212,
213, 214, 215, 247, 298, 309, 322
Caná 254, 330
Canadá 225
,237,239,240,241,242,243,244,246,247,253,255,261,262,267,273,274,275,279,292,293,294 bondage 32,
83, 93, 100, 106, 107, 122, 132, 133, câncer 22, 218
134, 145, 155, 159, 160, 169, 252, 253, velas 192, 248
266, 282, 285, 294, 308, 313, 318 capacidade 187, 189, 195, 262, 301
Cafarnaum 54, 55, 200, 278
tédio 146, 273 chato
capitalismo 165, 304 caravana
277 nascido 2, 13, 199 carbono 343
24, 31, 32, 33, 39, 55, 66,
68, 70, 77, 81, 83, 84, 85, 86, 89, 90,
Cardeal Newman 245, 312
91, 103, 108, 112, 123, 147, 177, 182,
Cardeal Piazza 140
185, 186, 187, 193, 197, 199, 206,
carnal 77, 125, 158, 170, 173, 200, 259,
215, 268, 284, 289, 298, 305, 328, 330
273, 291 carpinteiro 89 carpinteiros 117
nascido de novo 84, 186
catástrofe 8 catecismo 4, 170 catedral 192,
Brahmans 39 243
ramos 125, 172, 205, 206
Pão 91, 161, 167, 181, 182, 190, 198, 199,
200, 201, 202, 203, 204, 205, 207,
208, 211, 213, 239, 243, 262, 263, 278, Catedral de Notre Dame 314
299 catedrais 180
Pão da Vida 56, 201, 202, 278, 279
noiva 69, 133, 254, 255, 316

361
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Católica 7, 10, 52, 144, 148, 171, 179, 195, Cristianismo 30, 31, 51, 84, 260, 262,
232, 235, 266, 281, 282, 343, 347 295, 321, 345
Cristãos 56, 191, 192
Católicos 2, 144, 145, 146, 233, 251, Natal 74, 286, 339
266 Igreja 10, 13, 19, 50, 51, 52, 56, 68,
homem das cavernas 90
81, 82, 104, 105, 114, 117, 121, 122,
celebração 198 124, 125, 126, 127, 129, 130, 131, 132,
celibato 245 133, 134, 135, 136, 138, 139, 140, 141,
cemitério 15 142, 143, 144, 145, 146, 148, 159, 168,
censo 89 177, 179, 181, 183, 185, 188, 189, 190,
191, 192, 193, 195, 203, 204, 207, 208,
centurião 43, 107
211, 216, 222, 223, 224, 225, 226, 230,
Cefas 132
231, 232, 235, 238, 239, 240, 242, 243,
certeza 130, 146, 173, 233, 241
246, 253, 254, 266, 281, 282, 294, 298,
Caldeus 49
299, 309, 311, 322, 335, 345, 346
cálice 98, 202, 204, 205
personagem 17, 18, 21, 32, 35, 39, 44, 53,
70, 218, 231, 293, 324, 345 charis 169 Cícero 318
caridade 5, 117, 189, 190, 211 , 263, 269,
circulação 35, 261
283, 292, 294, 327, 343 cidadão 62, 193, 216, 224, 262
cidade 2, 32, 56, 62, 72, 86, 89, 90, 92,
Charles Foucauld 23
101, 130, 158, 211, 235, 246, 304,
casto 77, 328 castidade 308, 310 , 318, 346
260, 261, 263 enganado cidade de David 89-90
274, 301 química 75, autoridade civil 291
272 querubins 107 reclamantes 29, 39, 151
criança 23, 25, 26, 44, Claude Bernard 344
69, 72, 75, 85, 87, 90, 99, 123, 130, 135, Cleophas 83
144, 171, 172, 173, 174, 187, 248, 261, relógio 26, 63, 64, 275, 315
265, 268, 269, 271, 272, 273, 289, 290 moedas 112
filhos 3, 4, 33, 67, 69, 73, 83, 99, Coliseu 309
faculdade 4, 117, 139, 140, 152, 153
113, 115, 148, 157, 159, 161, 167,
Colônia 303
172, 173, 189, 190, 199, 226, 233,
Colossenses
260, 263, 265, 267, 268, 269, 273,
289 combate
277, 278, 279, 286, 287, 289, 290, 291
193 conforto 116,
Chinês 243, 244, 327 297 consolador 115, 116
escolha 18, 158, 178, 216, 301, 321 Mandamentos 116, 118, 132, 166, 188,
escolhas 154, 304, 305 coro 72, 283 191, 225, 283, 284, 285, 289, 291,
293, 294, 295, 296, 297, 299, 336

Christian 30, 31, 33, 51, 53, 56, 68, 81, 84,
comunicação 107, 124, 132, 180, 181,
85, 106, 118, 148, 168, 169, 179, 191,
281, 292
192, 220, 225, 237, 238, 246, 252, 280 ,
295, 296, 297, 298, 299, 301

362
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Índice

comunhão 13, 64, 74, 122, 141, 144, 158, corrupção 166, 196, 302, 316, 323
198, 202, 203, 204, 206, 207, 208, 209, cosmos 15, 50, 155
221, 230, 243, 246, 247, 263, 316, 318, Concílio de Trento 241
337, 346 comunismo 143, 144, 147, casal 278, 280 coragem
148, 165, 344, 345 comunista 14, 37, 68, 193, 309 namoro 152,
71, 148, 157, 171, 172, 179, 243, 244
158, 272 aliança 31, 32,
comunidade 192, 204, 211, 216, 219
33, 51, 52, 123, 124 cobiça 207
competidor 25 compulsão 173 , 217
computadores 192 concepção 49, 266,
covardes 218, 297
329 concerto 315 Crashaw 103
criação 42, 76, 90, 106, 151, 155, 252,
253, 267, 328, 329
Criador 15, 90, 117, 172, 261, 273,
274, 285 criaturas 4, 8, 146, 216,
Concupiscência 158, 207, 213, 229 222, 245, 274, 309, 324, 331 credibilidade
condena 11 confissão 10, 131, 132, 41, 115, 132, 173 credores 311
179, 182, 212, 215, 216, 222, 223, 224,
225, 226, 227, 229, 230, 231, 232, 2433,
2433 , 335
Credo 31, 81, 89, 97, 105, 106, 110,
113
Confirmação 182, 191, 193, 194, 196, 197,
crime 62, 298, 322
215, 293 conflito 106, 109, 144, 165,
aleijado 305 crise 10,
166, 193, 292, 335
278, 279, 280
Cruz 32, 44, 69, 71, 74, 91, 93, 94, 95, 97,
confucionismo 30
100, 102, 106, 107, 108, 112, 114, 118,
Confúcio 30, 31, 33, 39
161, 162, 192, 193, 194, 200, 201 , 202,
confuso 190
205, 209, 210, 211, 212, 213, 214, 234,
congregação 13, 83 242, 245, 248, 280, 296, 298, 299, 310,
Consciência 7, 8, 9, 10, 11, 21, 36, 118, 322, 329, 330, 331, 335, 336, 344, 347
159, 174, 218, 225, 230, 285, 290, 322, coroa 24, 118, 153, 209, 234, 289, 347
323 consagrar 205 crucificado 32, 46, 102, 135, 188, 192,

Consagração 203, 204, 205, 206, 207, 234


209, 213 consentimento 131, 222, 253, crucifixo 196, 225, 234
292 Crucificação 46, 82, 90, 95, 97, 103,
Constituição 154, 185, 321 112, 115, 118, 209, 213, 220, 221,
consumo 64 desacato 159 297, 298 cura 43, 68, 93, 174, 217,
contradição 100, 154 contrição 238, 241 curado 47, 68, 70, 174, 211,
229, 231, 233, 234, 284, 310 217 maldição 2, 32, 33, 313 cortando
convento 179, 345 conversos 51, 117, 247 cantos 294 cínico 273, 274

Corinthians 207, 281


corporal 114, 292
cadáver 44, 45

363
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

D desejo 3, 46, 188, 189, 234, 262, 265,


272, 275, 312 desejos 30, 188, 206,
Damascenos 214
242, 292, 294, 301, 304 desespero
Damasco 127, 336 108, 218, 233, 286 destino 2, 18,
perigo 218, 241, 242, 263, 277, 278, 75 , 262, 289, 322 destruindo Anjo 91
296
destruição 146, 162, 165, 323, 324,
Daniel 33, 132
Dante 190, 315
escuridão 26, 36, 45, 71, 99, 345 344
filha 2, 5, 72, 157, 318, 327 desenvolvimento 19, 153, 165, 187,
David 32, 54, 89 279 demônio 19, 111, 146, 147, 160,
mortos 4, 44, 45, 46, 47, 48, 55, 70, 71, 164, 167, 193, 216, 231, 245, 303,
75, 97, 98, 103, 112, 146, 152, 169, 321, 322, 327, 345 demônios 35, 43,
170, 186, 187, 206, 215, 218, 219, 154, 180 , 345 materialismo dialético
226, 281, 303, 304, 306, 308, 323, 144, 145 diálogo 122, 285, 335, 336
335
mina de diamantes 307 ditador 154, 167,
Mar Morto 187
189 ditadura 157 die 22, 39, 48, 112,
surdo 70, 217, 310, 335, 338
123, 135, 158, 160, 187, 188, 189, 195 ,
morte 5, 9, 23, 25, 26, 32, 33, 45, 50,
201, 203, 206, 207, 209, 210, 219, 238,
51, 66, 71, 94, 95, 97, 98, 101, 102,
241, 242, 244, 279, 281, 282, 302, 303,
103, 106, 107, 114, 146, 161, 173,
308, 309, 310, 313, 316 dificuldades
189, 192, 193, 195, 201, 205, 206,
15, 117, 272, 277 , 280 dignidade 39,
207, 209, 210, 211, 213, 219, 222,
62, 101, 119 diocese 141, 246
223, 224, 237, 238, 241, 242, 244,
desapontado 274, 301, 307 decepção
247, 251, 253, 255, 280, 281, 291,
274 desastre 344 incrédulo 321, 329
296, 301, 302, 303, 304, 305, 306,
308, 309, 310, 311, 314, 316, 317, discípulos 45, 46, 50, 56, 135, 199, 201,
318, 324, 325, 330, 339, 350 leito de 254, 330 doença 99, 182 , 211, 218, 232,
morte 187, 307, 309 dívida 54, 62, 63, 238, 242, 299 desarmonia 167 desilusão
65, 99, 110, 167, 308, 309, 311 dívidas 278 desleal 54, 323, 324 desobediência
62, 168, 308, 310 enganado 144, 73, 219, 290, 316 desobediente 162, 226
190, 274, 323 enganador 45

Declaração de Independência 154


ações 118, 304, 307, 309, 310, 322
derrota 46, 162, 269 corrupção 284
ilusão 278 democrática 130, 208
demoníaca 191 negação 217, 218,
317 dependência 148, 153, 154, 287
depressão 109, 218 deserto 93, 94,
107, 200, 316

364
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Índice

divino 3, 5, 11, 21, 23, 25, 26, 29, 30, morrendo diariamente 303
31, 32, 42, 43, 50, 51, 64, 66, 69, 70, 77,
81, 83, 93, 98, 99, 100, 105, 108, 111,
125, 126, 131, 133, 139, 142, 147, 151,
E
158, 161, 166, 167, 168, 169, 170, 177, Águia 279
180, 181, 182, 185, 186, 187, 193, 197, Terra 16, 19, 29, 32, 33, 38, 39, 45, 66, 69,
198, 206, 208, 215, 219, 221, 222, 230, 78, 82, 85, 86, 87, 90, 91, 94, 95, 105,
231, 242, 244, 247, 253, 254, 261, 262, 106, 107, 108, 109 , 110, 113, 114, 115,
274, 278, 289, 290, 292, 305, 306, 310, 116, 122, 123, 125, 126, 129, 130, 134,
311, 318, 325, 346 135, 136, 138, 139, 155, 161, 187, 196,
198, 199, 204, 208, 210 , 223, 242, 246,
Mente Divina 15 248, 255, 268, 274, 285, 287, 292, 294,
natureza divina 64, 65, 66, 152 298, 313, 314, 317, 318, 323, 331 leste
divindade 48, 61, 66, 67, 83, 87, 90, 101, 17, 33, 99
106, 109, 114, 115, 119, 125, 131, 139,
152, 173, 181 , 182, 188, 200, 206, 230, Páscoa 47, 103, 168, 208, 226
239, 335 ecclesia 122, 132, 133, 136
Divórcio 79, 251, 252, 274 econômica 116, 164, 165, 200, 248, 265,
doutor 3, 4, 16, 55, 68, 70, 82, 99, 195, 281, 292
337 doutrina 14, 50, 51, 81, 83, 95, 106, prosperidade econômica 199
139, 144, 152 , 266, 297 dogma 143, 144 êxtase 123, 215, 252, 263, 268, 274, 277,
278, 279, 318, 346
redemoinho 39
Domiciano 56
Éden 98, 103, 158, 290, 329
porta 11, 16, 22, 24, 47, 62, 68, 90, 91, 126, Edomita 100, 123
134, 179, 185, 207, 255, 292, 306, 310, educação 19, 55, 147, 152, 157, 289 ovo
314, 332
3, 63, 187, 296 ovos 30, 296 ego 3, 219,
Dostoiévski 345
222, 234, 269, 275, 278,
dúvida 9, 82, 139, 148, 159, 166, 171,
307
279
Dr. Carl Jung 3
Egito 32, 45, 91, 187, 284, 316
Dr. Pitirim A. Sorokin 260
Elias 105, 130
drama 15, 166, 204, 211, 212
Isabel 276, 281, 282
sonho tornado realidade 328
Campos Elísios 318
sonhos 30, 47, 269, 314, 328
abrangem 26, 109, 114, 207, 252, 310
bebida 42, 51, 109, 111, 159, 170, 201 , Emil Batrue 344
202, 207, 211, 217, 261, 274, 294, 324,
emoções 170, 229, 275, 304, 305, 336
337, 344, 346 bêbado 218, 280, 325
império 18, 89 vazio 195, 272, 273, 278
Embriaguez 240, 294 duelo 312 embota
emulação 303 enciclopédia 198, 343 inimigo
277
79, 109, 147, 292 energia 194, 261

Duns Scotus 303


poeira 72, 86, 106, 132, 144, 253
Inglaterra 13, 14, 24, 179, 345
morrendo 21, 22, 43, 103, 195, 241, 242,
254, 271, 272, 281, 303, 315 Inglês 122, 132, 192, 309, 338, 345
Inglês 177, 309

365
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

inveja 94, 240 F


epístolas 52, 56, 84, 253
Eros 234 fé 2, 4, 5, 10, 21, 23, 31, 43, 76, 103, 107, 117,
131, 134, 142, 144, 145, 173, 186, 189,
erro 26, 134, 141, 142, 147, 148, 158, 232,
190, 192, 198, 202, 207 , 208, 232, 239,
282, 324 fuga 2, 3, 5, 24, 218, 273, 322,
242, 243, 253, 281, 282, 286, 293, 309,
347 mecanismo de fuga 3 323, 346 queda do homem 63, 103 anjo
caído 159, 274 família 15, 73, 85, 89, 90, 92,
Esdraelon 329
132, 140, 217, 247, 265, 290, 291, 305, 307,
estima 226, 292
337
eternos 77, 85, 130, 132, 133, 134, 135, 145,
167, 168, 180, 200, 201, 212, 214, 254,
255, 267, 276, 279, 281, 285, 294 , 302,
famosos 3, 23, 70, 314, 317, 329
304, 308, 311, 323, 324, 325 eternidade
fazendeiro 16, 91, 207, 268 rápido
17, 66, 93, 110, 167, 181, 206, 213, 219,
212, 226, 254, 314 jejum 207, 254
252, 255, 267, 276, 278, 279, 305, 313, 314 ,
destino 18, 98 pai 4, 11, 16, 17, 32,
318, 321, 322, 324, 347
42, 62 , 66, 69,

71, 73, 74, 77, 78, 83, 86, 87, 89, 92, 98,
Eucaristia 144, 182, 197, 198, 200, 208, 209,
99, 102, 104, 105, 106, 107, 108, 110, 111,
215, 242, 278, 302, 324, 346
112, 114, 115, 116, 117, 118, 119, 121,
Eugênio 340
131, 132, 135, 136, 141, 142, 144, 145,
Europeu 68
147, 148, 152, 153, 173, 174, 178, 179,
evangelista 51 186, 194, 200, 201, 203, 204, 206, 210,
evangelista 54, 55, 93 212, 219, 222, 225, 226, 227, 232, 241,
evidências 47, 81, 103, 116, 290 245, 251, 253, 268, 273, 282, 284, 285,
Mal 13, 17, 18, 19, 21, 31, 36, 37, 43, 55, 64, 286, 289, 291, 293, 294, 296, 299, 305,
71, 73, 97, 98, 99, 109, 118, 133, 146, 317, 318, 327, 330, 331, 338, 339, 346
155, 157, 158, 160, 161 , 163, 167, 178, paternidade 268, 291
216, 217, 218, 223, 224, 284, 293, 294,
303, 309, 316, 321, 329, 330 evolução 50,
155, 166, 278 exaltação 106, 154, 290 Fátima 327
excessos 1600 , 261, 281, 322, 324 desculpas falha 68, 189, 217, 218, 284, 310 favor
2, 3, 218 existência 13, 14, 39, 71, 85, 155, 187, 331 medo 24, 25, 45, 71, 99, 109,
173, 187, 190, 198, 216, 296, 303, 313, 321 143, 144, 145, 146, 147, 160, 161, 194, 222,
233 , 234, 284, 290, 296, 302, 303, 322,
323 fecundo 76 pés 18, 24, 61, 74, 107,
118, 132, 138, 167, 213, 235, 240, 241,
248, 249, 262 , 274, 279, 298, 317, 345
existencialista 1 princípio feminino 327, 328, 329, 331
Êxodo 107, 122 feminilidade 245 feminismo 290
expiação 63, 214
circunstâncias atenuantes 305
Extrema Unção 237, 238, 240, 241
Ezequiel 15, 123
Festo 53
engajado 340

366
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Índice

fiat 329 frustração 265, 266


Fidelidade 255, 267 futuro 15, 103, 242, 255, 289
dedo 5, 23, 47, 65, 103, 207, 296, 343 finito
62, 167, 272, 275 fogo 17, 25, 56, 94, 111,
G
138, 159, 196, 204, 209, 219 , 238, 240, 279,
308, 321, 323, 343 pesca 46, 135, 138 Gabriel 266
quinhentos 44, 47, 90, 196, 327 carne 56, Gálatas 84, 85
61, 72, 77, 78, 84, 85, 94, 100, 107, 108, 116, Galiléia 55, 97, 105, 125, 138, 206
118, 119, 132, 160, 173, 181, 186, 201, 207, jogadores 193 lixo 4, 192, 261 jardim 16,
210, 219, 234, 237, 245, 251, 253, 254, 255, 23, 71, 97, 98, 99, 103, 114, 146, 158,
260, 262, 267, 273, 277, 282, 290, 293, 193, 317 , 329, 330, 336 Jardim do Éden 98
302, 303, 316, 331, 346 Jardim do Getsêmani 71, 97, 298 Jardim
do Paraíso 155, 158 portão 72, 133, 314, 330
genealogia 68, 124, 140 julgamento geral. Ver
juiz particular
Flórida 76, 165
Alimentos 5, 36, 38, 47, 65, 69, 78, 159, 170,
198, 199, 200, 209, 265, 322, 337 para
melhor ou pior 280 proibido 43, 159, 160, 223, mento
293 presciência 16 predito 29, 32, 33, 39, 100 General Motors 141
perdoa 34, 62, 102, 110, 125, 139, 155, 202, Genesis 83, 100, 106, 121, 133, 155, 159,
223, 224, 233, 241, 247, 299, 324, 325 perdoa 252, 253, 266 gennao 85 Gennesaret
144, 155, 217, 223, 248, 298, 307, 308 fortaleza 238 Gentile 50, 55, 68, 100 Gentiles 45,
18, 76, 189, 194 quarenta dias 105, 193 123, 124, 138, 143 cavalheiro 37, 159, 343,
344 George Bernard Shaw 216, 332
Gethsemane 98, 204, 335. Ver também
Garden of Gethsemane ghetto 191 ghost 9,
316 ghosts 14 Gibraltar 133 gift 18, 19, 122,
123, 141, 153, 158, 170, 173, 200, 261,
Quarta Ecloga 33, 328 267, 269, 276, 278, 280, 282, 287, 292,
França 282
346 presentes 85 garota 7, 24, 72, 169,
Francis Thompson 23, 272
281, 286, 338, 339 glorificada 108, 109,
liberdade 11, 16, 17, 18, 19, 69, 143,
112, 119, 124, 134, 168, 181, 203
144, 146, 148, 152, 153, 154, 155, 157,
158, 161, 163, 166, 167, 174, 187, 210,
216, 217, 219, 248, 259, 261, 294, 321

Freud 146, 148


amigo 5, 25, 26, 83, 91, 102, 109, 195, 244,
254, 277, 292, 311, 325 amigos 29, 45,
74, 83, 98, 101, 145,
192, 218, 222, 275, 291, 303, 315, 318

amizade 145, 146, 216, 222, 292 fruta


52, 77, 158, 159, 160, 210, 223, 266, 269,
294, 296, 322

367
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

glória 89, 90, 97, 107, 108, 110, 119, Grécia 50, 260
123, 124, 153, 157, 161, 191, 201, Grego 33, 51, 55, 56, 84, 85, 122, 133,
207, 212, 242, 248, 260, 293, 304, 135, 138, 169, 180, 192, 261, 309,
314, 322, 339, 345 , 347 gula 216 328, 330, 345
deusa da misericórdia 327 divindade 267 Gregos 37, 49, 53, 55, 56, 186, 335
Gregory 214
luto 233, 282, 284, 298, 311
Goethe 37 gruta 282 garantia 42, 294, 337
ouro 53, 308 guarda 44, 45, 47 culpa 9, 10,
idade de ouro 33 62, 86, 91, 92, 94, 99, 152, 168,
Gólgota 71 210, 217 , 218, 223, 224, 230, 231, 284,
Bom 1, 2, 5, 8, 10, 13, 16, 17, 18, 22, 302, 321 canhão 16
25, 30, 35, 36, 37, 51, 73, 75, 86, 94,
106, 109, 127, 134, 135, 138, 140, 141,
144, 157, 158, 159, 160, 161, 163, 171,
174, 177, 178, 182, 186, 196, 217, 218,
223, 233, 240, 243, 244, 261, 267, 268, H
271, 281, 286, 291, 292, 293, 296, 298, hábito 160, 189, 192, 268, 277
301, 304, 308, 311, 316, 317, 321, 323, hábitos 189, 316, 339 mão 10,
329, 339, 343, 347
11, 25, 27, 42, 47, 50, 51, 55, 65, 72, 74,
89, 98, 101, 103, 104 , 105, 106, 107,
Sexta-feira Santa 44, 109, 110, 111, 112, 119, 125, 142,
46 evangelho 43, 44, 45, 51, 53, 54, 56, 158, 172, 196, 201, 203, 206, 207,
68, 70, 77, 81, 82, 83, 84, 86, 104, 105, 210, 217, 219, 232, 241, 248, 263,
111, 112, 117, 119, 140, 186, 188, 193, 269 , 280, 296, 304, 306, 307, 310,
194, 199, 200, 202, 232, 238, 309, 330, 312, 317, 332 ressaca 217, 324
345 evangelhos 43, 44, 50, 51, 53, 54,
felicidade 11, 157, 158, 165, 166, 170,
55, 81, 82, 124, 125 governados 53, 122, 189, 255, 268, 274, 278, 280, 287, 302 ,
126, 130, 139, 140, 144, 284, 295 314, 317, 337
governo 112, 130, 131, 133, 154, 182, 243,
244 graça 2, 19, 23, 52, 74, 87, 91, 99,
feliz 3, 10, 13, 35, 36, 158, 269, 274, 287,
109, 117, 118, 119, 161, 169, 170, 171, 288, 303, 311, 318, 324, 325, 347
172, 173, 174, 177, 178, 179, 181, 182,
187, 191, 206, 212, 215, 218, 220, 221, harmonia 5, 78, 166, 167, 168, 263, 318
230, 231, 233, 239, 240, 241, 245, 253, ódio 14, 18, 25, 26, 71, 94, 218, 274, 287,
254, 255, 284, 293, 295, 296, 298, 305, 291, 292, 304, 312, 324, 325 ódio 281,
308, 314, 322, 329, 336, 339, 346 avô
285, 324 cura 4, 43, 44, 55, 70, 166, 182,
219, 286 avó 219 uvas 204, 210 grátis
216, 238, 241
169 gravitação 35, 42, 147, 198, 219

Cura de Enfermos 182, 238

368
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Índice

coração ix, 4, 21, 25, 31, 32, 34, 44, 52, Ordens Sagradas 182, 195, 243, 244, 246
71, 72, 78, 95, 99, 102, 107, 108, 109, Espírito Santo 38, 74, 78, 84, 85, 113,
119, 121, 146, 152, 158, 170, 178 , 114, 115, 116, 117, 118, 119, 121,
199, 230, 245, 246, 252, 272, 278, 126, 129, 145, 186, 187, 193, 194,
280, 281, 284, 287, 293, 296, 297, 195, 212, 213, 223, 225, 240, 241,
308, 310, 312, 316, 318, 323, 328, 268, 285, 318
336, 338, 339, 345 , 347 céu 18, 19, Quinta-feira Santa
23, 37, 61, 66, 69, 90, 239 casa 4, 27, 55, 56, 69, 102, 144, 192,
91, 93, 101, 105, 106, 107, 108, 109, 195, 231, 277, 285, 289, 290, 291, 317,
110, 115, 126, 127, 133, 134, 136, 139, 329, 331, 345
154, 163, 173, 181, 182, 186, 187, 194, Homer 133, 328
199, 200, 201, 203, 208, 212, 223, 233,
honestidade 263
234, 237, 238, 242, 245, 246, 248, 261,
lua de mel 282
274, 276, 278, 280, 285, 289, 294, 296,
honra 18, 25, 62, 73, 75, 115, 129, 280, 281,
302, 306, 309, 310, 313, 315, 316, 317,
285, 286, 289, 331 esperança 36, 75, 76,
318, 322, 324, 325, 327, 328, 331, 332,
337, 344, 347 86, 99, 108, 110, 118 , 162, 189, 190, 218,
220, 241, 247, 339, 344, 345, 347

Hebraico 122, 123, 192


Horácio 315
Hebreus 67, 109, 221, 245
Oséias 124
Heidegger 39, 148
hospital 9, 21, 307, 315
inferno 1, 4, 71, 102, 133, 141, 160, 163,
Host 190, 248, 263
178, 189, 233, 234, 302, 306, 315,
318, 321, 322, 323, 324, 325, 326, 327 casas 208, 212, 299, 317
humanos 15, 18, 19, 26, 30, 31, 38, 50,
suco de cicuta 39, 94 61, 64, 66, 67, 68, 69, 71, 77, 84, 85, 86,
89, 91, 93, 94, 98, 99, 100, 101, 103,
hemorragia 238
108, 109, 110, 117, 119, 125, 126, 135,
Hereges 82, 83, 85
137, 138, 139, 142, 144, 152, 153, 163,
herança 98, 99
165, 167, 168, 169, 171, 172, 174, 179,
Herodes 33, 100, 101, 119, 123
180, 181, 182, 186, 187, 203, 206, 207,
Himalaia 4 215, 216, 223, 230, 244, 247, 252, 253,
históricos 30, 31, 39, 49, 52, 61, 82, 85, 254, 260, 261, 263, 265, 266, 272, 273,
121, 182, 302 históricos 15, 29, 30, 31, 274, 278, 280, 287, 292, 294, 295, 302,
33, 38, 39, 44, 304, 306, 314, 324, 346, 347
50, 75, 90, 107, 151, 152, 181, 185,
195, 208, 210, 260, 287, 302, 328 Natureza humana 9, 61, 64, 65, 66, 67, 68,
santidade 18, 108, 118, 178, 284, 293 69, 70, 71, 72, 85, 86, 91, 98, 108, 109,
Holman Hunt 11 Livro Sagrado. Ver Bíblia 110, 112, 123, 125, 131, 139, 140, 152,
Cidade Santa 246 dias santos de guarda 163, 165, 168, 169, 172, 181, 193, 203,
285 Santo Padre 62, 136, 141, 142, 148, 216, 223, 245, 255, 268, 271, 272, 329
226, 294 Espírito Santo 113, 186, 222
Terra Santa 101 Santo dos Santos 107, raça humana 73, 85, 87, 147, 161, 167,
108 259, 261 razão humana 29, 30, 38,
145, 152, 190, 198

369
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

humanidade 31, 62, 64, 67, 68, 69, 86, imperfeições ix, 247, 309, 343
87, 98, 99, 101, 106, 108, 109, 122, impossíveis 13, 43, 99, 154, 198, 217,
126, 145, 167, 168, 177, 182, 188, 196, 277, 280, 315 impotência 252 impuro
206, 239, 248, 298, 314, 329, 331, 347 262 impureza 292
humilde 32, 162, 164, 231, 247, 329,

346
Encarnação 61, 64, 68, 108, 109, 125, 126,
humilhação 106, 215, 224 193, 245, 266, 267, 268, 293, 329, 346
humildade 90, 195, 248, 290 incenso 101, 310, 311 incurável 294
fome 42, 47, 147, 199, 216, 261, 263 fome independência 148, 153, 154, 157
111, 197, 344 obstáculos. Veja os obstáculos
marido 2, 8, 16, 69, 159, 172, 177,
Indiano 4
222, 253, 254, 255, 262, 263, 265,
orações de indulgência
266, 267, 268, 273, 275, 276, 280,
338 indulgências 339
281, 282, 325, 328, 344
Infalibilidade 137, 141
Hyde Park 13, 14
infidelidade 307 infinito
hipercrítico 9
37, 62, 63, 66, 78, 86, 152, 153, 167, 168,
hipercrítico 8, 9 210, 218, 268, 269, 272, 274, 275, 278,
hipercrítico 217 301, 310
hipocrisia 293 união dívida infinita 62, 63, 152
hipostática 64 influência 16, 119, 155, 174, 186, 187, 275,
324 hábito infundido 189 ingratidão
EU 287, 310, 311 injustiça 73, 74, 308, 310,
311 inocência 209
IHS 345
ideal 8, 69, 87, 278, 301
ideais 263, 328 palavra
inocente 45, 98, 102, 161, 299
ociosa 309 idolatria 286
insanidade 14 inspiração 32, 56,
iglu 191 ignorância 102,
87, 118, 195, 309,
147, 266, 267 ignorante 339
305 doente 195 doenças 69, 70, inspirado 11, 49, 51
71, 237 ilusão 47, 218 imagem instinto 30, 198, 259, 260, 261, 263,
8, 69, 77, 165, 166, 203, 213, 278
268, 275, 293 Imaginação 9, 14, instintos 132, 159, 219, 260, 261
110, 262, 292 Imaculada instituição 121, 124, 125, 127, 208
Conceição 302, 327, 329 imanente 75, insulto 292, 346 integridade 43, 192
76, 77 imoral 165 imoralidade 38
intelecto 77, 153, 154, 155, 161, 169,
imortal 38, 158, 237 , 302 imortalidade 170, 172, 173, 180, 206 , 336 inteligência
158, 314 305, 339 intemperança 216 intercessão
110, 248, 331 intimidade 56, 108, 273,
277, 345, 346 intolerância 301

370
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Índice

inválido 146, 280 alegria 11, 75, 108, 148, 158, 170, 173,
invisível 16, 37, 125, 126, 129, 133, 135, 198, 202, 255, 268, 276, 295, 296, 311
145, 146, 151, 180, 253, 261 involuntário
261 alegrias 206, 208, 315
Isaque 45, 92, 122, 130 Judá 32, 140
37. Isaac Newton Judaísmo 30
Isaías 32, 33, 34, 54, 67, 92, 132, 154, Judas 100, 131, 200, 201, 231, 284, 317,
298 330
Ismael 85 Judas 52
Islã 31 Judéia 53
Israel 32, 33, 54, 122, 123, 124, 127, 132, julgamento 8, 101, 110, 111, 151, 187, 222,
253 223, 251, 269, 281, 293, 301, 303, 304,
israelitas 316 305, 306, 308, 309, 321, 322, 323 justiça
9, 42 , 62, 63, 76, 110, 111, 189, 218,
223, 231, 248, 285, 289, 308, 309, 310, 311,
J 321, 322, 325, 328 justificação 52
Jacó 85, 122, 130, 245 delinquência juvenil 289 delinquência

Tiago 44, 52, 83, 239, 242, 329 juvenil 217


Jaspers 148
ciúme 252
Jean-Jacques Rousseau 229
João Quer 344 See More k
Jeremias 54, 130
Kahlil Gibran 268 Key
Jerusalém 90, 92, 101, 105, 107, 119, 123,
172, 179, 192, 199, 201, 206, 292, 308, Bearer 132, 134, 136 Kimberley.
310 Veja a bondade da mina de
diamantes 64, 241, 311 rei 5, 9, 33,
Jesus 22, 39, 42, 44, 49, 53, 78, 81, 83, 86,
102, 115, 116, 117, 127, 143, 168, 170, 45, 54, 55, 63, 66, 89,
179, 186, 193, 194, 201, 210, 212 , 238, 102, 111, 125, 130, 183, 199, 200, 217,
247, 309, 327, 330, 345 309, 310, 347 reino 5, 19, 105, 111, 122,
125,
Ou 45, 50, 54, 55, 123, 309, 343, 344 126, 134, 138, 182, 186, 187, 189, 193,
194, 232, 237, 238, 305, 318, 322, 324,
Judeus 31, 33, 45, 49, 50, 53, 56, 91, 92, 93,
94, 100, 107, 123, 125, 186, 187, 201, 316, 332 beijo 100, 180, 317 conhecimento
317, 343 14, 15, 16, 26, 37, 56, 76,

Joana d'Arc 303


77, 81, 158, 160, 165, 174, 194, 223, 224,
João 43, 44, 47, 52, 56, 61, 77, 78, 83, 84, 93,
102, 131, 138, 172, 186, 200, 212, 214, 266, 267, 273, 297, 316
238, 255, 331 Alcorão 327
327 ienes
João Batista 86, 91, 92, 130, 223, 232, 254,
340
Jonas 45, 131 eu
Jordânia 91, 92, 193, 330
Trabalho 79, 144, 247, 248, 303, 304, 311
José 83, 89, 90, 102, 103, 290 jornada
sindicatos 304
90, 215, 316
Lacordaire 314

371
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Senhora 9, 10, 13, 75, 159, 179, 217, 276, Londres 13, 23, 171, 179, 214
282, 329, 331, 332, 340 leigos 141, 191, solidão 71, 146, 221, 249, 278
192, 193, 195, 240 cordeiro 91, 92, 93, 200, Lote 83, 133
201, 210 , 276, 308, 309 Lourdes 2, 282
adorável 274, 279, 287, 347
Lao-Tze 39 amante 206, 207, 252, 287, 339
Última Ceia 97, 114, 115, 118, 134, Lúcifer 154, 290
138, 199, 200, 201, 210, 211, 212, 244, Lucas 53, 55, 56, 68, 82, 83, 212, 238
317, 330
luxúria 216, 218, 260, 292 luxúria 213 luxo
Latim 55, 89, 133, 141, 163, 192, 231, 293
246, 299, 328, 329
lei 10, 11, 35, 42, 43, 45, 52, 53, 54, 55,
76, 84, 99, 105, 116, 118, 124, 130,
146, 147, 152, 153, 166, 198, 202, 209, M
216, 219, 220, 221, 251, 259, 262, 266,
Macbeth 9, 10, 11, 217, 218, 220
280, 283, 284, 289, 295, 297, 298, 299,
Macabeus 308
303 advogado 3, 75, 195
majestade 66, 70, 111, 113, 213, 306
humanidade 30, 33, 123, 157, 192, 196,
Leigos 191
299, 302 maná 200, 201 mapa 7, 89,
Leigos 191
148 mapas 36
Lázaro 70, 292, 323, 335
legião 164 legítimo 173, 290

Marcos 53, 54, 55, 56, 83, 199, 212, 238


Leão 135
casamento 2, 55, 69, 146, 251, 252, 253,
colônia de leprosos
254, 255, 262, 263, 265, 266, 267, 271,
196 leprosos 4, 196, 272, 273 , 274, 276, 277, 278, 279, 280,
316 lepra 196, 211 281, 330, 339, 346 martírio 280 mártires
LeSueur 281, 282
18, 309
liberal 147, 321
liberalismo 147
Marx 39, 148
libertação 147, 166
Maria 83, 85, 87, 90, 102, 131, 139,
Luz 5, 26, 36, 37, 38, 43, 53, 70, 75, 76, 146, 161, 162, 168, 203, 245, 255, 290,
94, 99, 106, 115, 123, 127, 159, 161, 310, 327, 329, 330, 331
168, 171, 172, 173, 186, 188, 190 , 196,
Mary Dixon Thayer 332
200, 225, 247, 267, 268, 272, 308, 311,
Maria Madalena 47, 207, 214
313, 322, 329, 337, 343, 346 limbo 189
Missa 13, 74, 178, 200, 203, 204, 205, 206,
limite 61, 134, 155, 159, 195, 297, 301
208, 209, 210, 211, 212, 213, 214, 222,
limitação 146 limitações 37 limites 66, 141,
226, 243, 248, 255, 279, 286, 311, 316
301 letrado 192 orações litúrgicas 338, 339
liturgia 144, 243
Mestre 50, 51, 56, 76, 89, 102, 135,
138, 167, 187, 200, 284, 301, 339, 345
materialista 37 princípio maternal 328

Matrimônio 182, 244

372
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Índice

Mateus 45, 53, 54, 56, 68, 83, 111, 112, missões 51, 194, 226, 246, 294
133, 140, 212 maturidade 182, 193, 197 Literatura moderna 322
mediador 106, 107, 109, 110, 181, 230, Mohammed 30, 31, 39, 327
dinheiro 3, 42, 54, 159, 195, 199, 204, 224,
245 226, 292, 296, 304, 317 monogamia 252
medicina 23, 64, 69, 119, 215, 242, 281 monotonia 68
mediocridade 278 meditar ix, 279 meditação
337, 338, 340 membros 51, 127, 129, 185, 192, Montmartre 178
206, lua 308
moral 2, 4, 5, 10, 17, 18, 31, 35, 36, 43, 69, 72,
207, 241, 253, 299 86, 98, 126, 144, 157, 165, 166, 217, 219,
Memorial Day 210, 211 230, 231, 260, 281 , 282, 284, 285, 293
memória 45, 64, 92, 210, 211, 212, 292, 322, moral 17, 18, 165, 218, 283, 297, 299, 314
323 mercenário 317 misericordioso 62, 224, moral 4, 18, 21, 142, 231 pecado mortal 192,
308, 316 misericórdia 22, 63, 73, 110, 194, 212, 221, 222, 297, 322 agentes funerários 302
215, 220, 229, 231, 240, 283, 290, 327, 336

mortificação 280, 303


mérito 164, 169, 248, 302, 311, 337 mortificação 303
mensageiro 29, 38, 39, 42, 183, 323 leis mosaicas 93
mensageiros 29, 38 Messias 33, 34, 44, Moisés 31, 32, 76, 92, 93, 94, 101, 105, 122,
49, 53, 54, 100, 101, 123, 132, 330 , 344 124, 130, 132, 200, 201, 316, 318, 336
poema messiânico. Veja a quarta mãe 11, 25, 31, 43, 55, 66, 69, 70 , 72, 76,
ecloga metafísica 7 Meynells 23 Miquéias 81, 83, 84, 86, 87, 90, 123, 131, 144, 161, 168,
32, 54, 90 Michelangelo 76 militante 14 186, 233, 248, 251, 253, 268, 273, 277,
mente 4, 5, 14, 15, 17, 21, 23, 24, 31, 37, 51, 279, 285, 286, 289 , 298, 302, 305, 327,
53, 55, 64, 73, 76, 77, 99, 100, 109, 117, 119, 328, 329, 330, 331, 332, 336, 339, 346
maternidade 87, 131, 268 motivos 11, 41,
121, 126, 143, 145, 148, 152, 155, 158, 159,
110, 115, 132, 173, 231, 284
163, 164, 172, 174, 185, 190, 221, 230, 241,
247, 261, 267, 272, 278, 280, 284, 286, 287,
288, 292, 293, 296, 297, 314, 322, 325, 328,
336, 337 ministro 111, 143, 194, 224, 242
Ministros da Palavra 50 milagre 42, 43, 44, Monte da Transfiguração 161
81, 199, 200, 330 milagres 38, 41, 42, 43, Monte das Oliveiras 105

44, 46, 48, 56, 152, 200, 238, 282, 290, 335 Monte Sinai 52, 101
miserável 301, 304, 307 missionário 316, Mozart 313
327 assassinato 217, 225, 293, 294, 298, 299
assassinos 224
música 36, 263, 266, 313, 317, 325, 328, 337,
340
Muçulmano 179, 252
muçulmanos 327

373
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

mistério 61, 71, 75, 97, 107, 110, 127, Nietzsche 218
180, 183, 205, 214, 253, 254, 259, Noé 31
261, 262, 263, 267, 268, 273, 298, nobre 26, 246, 281
303, 318 corpo místico 82, 105, 121, não cristão 4, 191
127, 129, 130, 131, 133, 139, 144, 145, normal 2, 3 norte 99
146, 168, 182, 183, 185, 188, 204, nutrição 182, 197, 198,
206, 207, 213, 216, 225, 244, 246,
199, 208
255, 293, 303
Números 93, 132
freira 179, 279, 316
núpcias 253, 329
N enfermeira 22, 195,
Naasson 140 346 berçário 63, 278
nu 15, 111, 161, 293, 344
Napoleão 289, 315 O
nação 32, 52, 73, 101, 122, 130, 185,
obediência 51, 73, 98, 99, 143, 144,
201, 314, 321 heróis nacionais 309
nações 52, 74, 89, 104, 110, 111, 123, 145, 172, 285, 290, 291
obediente 106, 162, 290
124, 139, 188 leis naturais 42 , 198, 266
natureza 14, 24, 37, 41, 44, 45, 53, 55, obedecer 18, 35, 42, 142, 144, 145,
146, 147, 167, 172, 198, 290, 291,
63, 64, 65, 66, 67, 68, 70, 74, 75, 76, 78,
295, 297, 305 obedecer 89, 142, 146,
85, 91, 98, 99 , 108, 109, 110, 112, 125,
290 oblação 211, 271 , 276 obstáculos
139, 151, 152, 153, 155, 158, 159, 161,
297 ocasiões de pecado 234, 237 oceano
163, 164, 168, 170, 172, 174, 177, 181,
198, 240, 293
185, 186, 187, 188 , 199, 203, 204, 209,
216, 219, 245, 247, 252, 253, 260, 266,
273, 278, 301, 305, 330, 338
Complexo de Édipo 8
Ofertório 74, 203, 204, 206
escritório 132, 246, 315, 337
Nazaré 33, 53, 89, 90, 91, 193, 290 óleo 166, 181, 182, 195, 204, 238, 239,
agulha 56 vizinho 1, 4, 5, 8, 62, 68, 72, 240, 317
122, Antigo Testamento 31, 32, 33, 49, 50,
152, 164, 196, 216, 221, 222, 231, 52, 53, 54, 55, 106, 107, 122, 124,
263, 284, 285, 289, 291, 292, 293, 129, 132, 138, 140, 195, 202, 212,
294, 297, 298, 299, 305, 336, 347 222, 223, 248, 253, 254, 346 opinião
vizinhos 195, 304 90, 118, 130, 225, 304 oportunidades 305,
Nelson 309 308 oportunidade 159, 188, 215, 216, 233,
Nero 56, 291
neurose 3, 9, 10 287
neurótica 218 orquestra 166, 168, 263
Novo Testamento 44, 49, 50, 51, 52, 53, ordenado 193, 210, 213, 241, 245, 279
81, 82, 85, 107, 124, 169, 202, 211, organismo 70, 242 organização 50, 121
238, 323, 346
Nova York 3, 36, 38, 39, 74, 76, 214
Nicodemos 84, 93, 94, 102, 186, 296

374
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Índice

Pecado Original 73, 151, 152, 157, 161, patriotismo


163, 166, 187, 188, 216, 252, 302, 329 54 patriotismo
291 Paulo 51, 53, 55, 56, 124, 127, 171, 284,
Pai Nosso 98, 172, 273, 299, 305, 331, 309. Ver também São Paulo
338 soberania 188 Paz 1, 11, 22, 31, 36, 103, 108, 170, 171,
192, 194, 195, 211, 280, 295, 296, 297,
Ovídio 163 298, 299, 307, 315, 316, 318, 347

Peck Order 137


P
caneta 50, 54, 314
pagão 130, 210, 237, 238, 262, 294 Penitência 182, 202, 207, 215, 216, 220, 221,
pagãos 51, 99, 125, 153, 188 pain 17, 69, 222, 229, 232, 233, 239, 311, 337
106, 224, 239, 299, 306, 307, 311, 324,
336 Palestino 53 Domingo de Ramos penitente 230, 231, 235
103 Papal encíclica 148, 266 Encíclicas Pentecostes 81, 114, 115, 126, 135, 145,
papais 135 parábola 55, 219, 308 parábola 193, 254 Vida perfeita 77, 318, 325 amor
do homem rico 323 parábolas 54, 55 perfeito 66, 145, 278, 279, 311, 318, 325
Paráclito 116 paraíso 159, 307, 318, 329, verdade perfeita 318 perfeição 17, 78, 91,
339. Ver também Jardim do Éden. Veja 123, 153, 275, 276, 287, 303, 308
também Jardim do Paraíso

perecer 93, 198, 296


perseguir 127, 292
perseguição 56, 171, 189, 293
paradoxo 273, 274, 276, 313 pecado pessoal 152 personalidade
perdão 154, 155, 193, 227, 234, 310 pai 50, 65, 66, 67, 95, 130, 144, 157, 158, 164,
99, 157, 187, 289 Pais 73, 84, 113, 146, 205, 230, 237, 252, 259, 273, 275, 304
157, 158, 159, 160, 161, 164, 171 , 172, 177, pervertido 174 pessimista 8, 344
187, 216, 247, 285, 289, 290, 305 Paris 2,
178, 248, 281 escolas paroquiais 189 Pars
Secunda 171 sentença particular. Veja o Pedro 43, 44, 47, 55, 98, 129, 131, 132, 133,
parceiro de julgamento 195, 274, 277, 278, 134, 135, 136, 138, 139, 140, 141, 145,
279, 280, 281, 282 Cordeiro Pascal 92, 201, 155, 173, 201, 202, 223, 231, 232, 247 ,
249, 284, 317, 332, 335, 336 petição 338
210 passagem 34, 70, 85, 187, 210, 345
petra 133, 135
Páscoa 91, 92, 199 passado 15, 41, 164, 216,
217, 227, 231, 309, 323 Pastor 194 paten
204 patriota 203
Petros 133
fantasmas 14
Fariseus 45, 119, 143, 172, 186, 223, 251,
323
Filipe 115, 131
filosofia 1, 9, 13, 16, 148, 158, 266 fênix 310

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

físico 43, 69, 70, 71, 98, 106, 107, 119, poder 8, 11, 17, 18, 19, 25, 35, 37, 38,
125, 126, 133, 139, 144, 182, 187, 41, 42, 43, 66, 76, 77, 84, 99, 100,
197, 198, 206, 209, 210, 213, 215, 101, 107, 109, 110, 119, 125, 126 ,
219, 221, 237 , 253, 262, 273, 292, 132, 133, 134, 135, 139, 141, 143,
340 médico 55, 64, 82, 242 piano 145, 151, 165, 169, 170, 171, 172,
177, 317 pietas 291 piedade 194, 210, 173, 174, 180, 181, 191, 193, 194,
291 195, 198, 199, 211 , 213, 224, 231,
234, 238, 241, 245, 246, 247, 248,
252, 253, 261, 262, 267, 268, 286,
290, 291, 295, 337, 345 elogios 11,
Pilatos 45, 100, 101, 102, 291, 299
18, 322 rezar 3, 83, 97, 98, 119, 134,
peregrinação 272, 316
178, 208, 239, 242, 249, 273, 279, 292,
Pio 135, 140
299, 305, 308, 332, 336, 337, 338,
praga 93
339 oração 22, 43, 46 , 98, 102, 119,
Platão 33, 50, 116, 318
123, 174, 178, 206, 208, 225, 239, 241,
pleiteia 305, 306 prazer 247, 268, 279, 285, 287, 294, 311,
158, 164, 216, 229, 237, 259, 329, 335, 336, 337, 338, 339, 340 ,
271, 279, 292, 296 346
prazeres 75, 170, 173, 261, 301, 315,
324
rezas 194
poeta 11, 14, 23, 163, 164, 272, 322, pré-anunciadas 29, 30, 31, 34, 38, 39,
323, 328, 345 veneno 2, 94, 322 41, 44, 49, 53, 151, 152 pregações
venenoso 93, 94, 219 policial 113, 51, 56, 82, 104, 177, 194, 245
114, 141 policial 262, 305 educado predeterminação 16
181, 322 polidez 181 político 49 , 92, Presidente 9, 10, 62, 73, 130
100, 101, 126, 199, 200 Pontífice 129, orgulho 118, 154, 209, 224, 229, 235,
136, 142 Pôncio Pilatos 31. Ver 240, 292 padre 2, 23, 45, 54, 74,
também Pilatos 94, 107, 108, 109, 110, 123, 125 , 182,
190, 195, 196, 203, 204, 205, 210,
212, 213, 222, 224, 225, 230, 232,
233, 240, 241, 243, 244, 245, 246,
pobre 4, 8, 22, 72, 109, 127, 155, 165, 247, 253, 281 , 282 sacerdócio 64,
171, 174, 194, 204, 213, 247, 248, 182, 193, 212, 244, 245, 246, 247
294, 295, 299, 308, 311, 316, 317, princesa 327 prisão 111, 243, 244, 298,
323, 343, 344 , 346 308 prisioneiro 101, 243, 244 prisões
Papa 129, 136, 139, 140, 141, 315, 340 321 devoções privadas 338 privilégios
populares 46, 90, 217, 259, 313 literatura 152, 155, 157
pornográfica 259 portais 230, 329 posses
295 pobreza 165, 217, 276, 287, 299, 310

Procriação 267

Filho pródigo 102, 219, 284, 317


profano 191 lucro 216, 237, 302
proibição 14

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Índice

Prometeu 33 R
promessa 22, 52, 54, 91, 98, 160, 179,
203, 233, 273, 278, 293 Rabinos 33, 49
Terra Prometida 316, 317 raça 73, 187, 291, 314, 328. Veja
também racismo de raça humana
propriedade 292, 294
192 Raabe 68 leitura 7, 15, 52, 53, 70,
profecia 29, 31, 32, 33, 55, 123
229, 234, 248, 279, 315 realidade 14,
profeta 32, 33, 54, 90, 92, 124, 125,
154, 195, 298, 344 profetas 31, 32, 43, 44, 46, 47, 133, 278, 283, 284, 301,
321 motivo 5, 13, 18, 29, 30, 36, 37, 38,
33, 43, 54, 92, 101, 122, 123, 130, 140
prosperidade 199 prostituição 260, 39, 45, 49, 62, 64, 79, 85, 86, 91, 100, 109,
132, 138, 146, 151, 152, 153, 155, 158,
262, 299
160, 164, 170, 171, 172, 173, 174, 180,
181, 187, 190, 192, 194, 201, 204, 205,
Protestante 52
225, 229, 231, 233, 241, 246, 253, 254,
orgulho 90, 135, 162, 164, 230 260, 263, 266, 271, 272, 273, 274, 278,
prudência 189, 216 286, 293, 302, 303, 318, 321, 323, 324
Salmos 54
psiquiatra 3, 70, 230
psiquiatria 7, 9
transferência psíquica 69, 71
psicanalista 230, 322 rebelde 18, 154, 158, 161, 249, 325
psicologia 7, 163 psicose 9, rebelião 64, 72, 98, 159, 285
164, 165 psicossomático 241 rebeliões 68, 316 rebeldes 248
psicótico 218 público 68, 89, renascido 188, 279 reconhecimento
90, 91, 93, 118, 223, 225, 305, 306, 309 reconciliação 216,
226, 244, 254, 304, 330 publicano 54 245 redentor 30, 32, 64, 86 , 87,
publicidade 304 púlpito 83, 102 punição 94, 116,
98, 99, 100, 112, 160, 161,
117, 208, 241, 285
redenção 63, 74, 81, 87, 92, 98, 100, 108,
123, 162, 168, 213, 214, 232, 234,
219, 306, 308, 324 254, 297, 311, 330, 331 reflexão 11,
purgatório 190, 306, 307, 308, 309, 310, 198, 219, 222, 268 refresco 199
311, 312 purificação 209, 212, 240, relacionamento 30, 36, 44, 69, 74, 76, 78,
279, 280, 310, 311 93, 118, 119, 124, 161, 170, 219, 220,
230, 253, 254, 262, 268, 290, 292,
Pureza 86, 151, 172, 180, 260, 261, 262, 293, 330 , 331, 338, 339, 346 religião
263, 306, 308, 309, 310 propósito na 7, 10, 29, 30, 31, 50, 191, 200, 210,
vida 3 pirâmide 76 218, 262, 322, 327, 328, 329, 331

religiosos 46, 100, 191, 204, 217, 226,


Q 262
Rembrandt 179
Qahal 122, 123, 124, 125, 127, 129,
132, 133, 216, 225, 253 remorso 231, 283, 284
Rainha 310, 326 renovar 161, 247, 296

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

reparação 108, 152, 224 S


arrependimento 22, 232
Sábado 45, 285
reputação 70, 347
Sacramentos 21, 177, 180, 181, 182, 195,
semelhança 77, 305 renúncia
197, 198, 215, 226, 239, 244, 324 sagrado
98, 244 resoluções 38, 154,
34, 70, 72, 83, 107, 121, 122, 125, 152, 153,
155, 292 responsabilidade 18,
172, 191 , 195, 246, 262, 267, 284, 289,
65, 217, 246, 268, 290, 321 restituição 293, 294, 303, 336, 338, 346
294

Sagrado Coração 72, 146, 178, 272, 345


contenção 259
sacralidade 18 sacrifício 17, 25, 45, 91,
Ressurreição 43, 44, 45, 46, 47, 51, 74, 81,
92, 93, 99, 105, 110, 203, 204, 205, 206, 209,
82, 83, 93, 94, 97, 103, 104, 105, 106,
210, 211, 212, 213, 214, 247, 254, 269,
112, 135, 138, 188, 193, 201, 207, 213 ,
279, 293, 299, 311, 339 santo 19, 68,
215, 223, 238, 242, 302, 303, 304, 323
172, 178, 268
revelação 30, 38, 42, 43, 49, 121, 123,

Santo Agostinho 23, 37, 145


127, 254, 325, 346
santos 35, 68, 224, 249, 292, 309, 318,
Reims 282
322, 337 salvação 50, 51, 64, 68, 69,
rico 90, 141, 159, 165, 168, 181, 294, 304,
122, 123, 124, 127, 194, 210, 245, 269,
323 mão direita 89, 101, 104, 105, 106,
279, 281, 299, 302, 303, 304, 317, 318,
107, 109, 110, 111, 112, 119, 196, 201, 203, 339
206, 307 direitos 154, 159, 219 rios 213,
293 estrada 74, 148, 212, 260, 279, 292,
samaritano 343
336 roubo 240, 298 rocha 42, 44, 131, 132, Sansão 99
133, 134, 135, 136, 138, 139, 155, 201, 202,
santidade 172
296, 319
Sinédrio 101
sarcástico 234
Sartre 4, 148
Satanás 91, 134, 147, 159, 160, 161, 188,
193, 199, 218, 292
ladino 37, 229
saciedade 26, 272,
Império Romano 56, 127
301 satisfação 52, 106, 229, 247, 259, 272,
romance 276, 279
275, 279, 281
Romanos 49, 53, 54, 56, 101, 143
Saulo 127
Roma 50, 55, 89, 101, 102, 135, 140,
Salvador 32, 43, 46, 49, 103, 105, 111,
192
115, 152, 208, 216, 263, 296, 344
rosário 100, 196, 268, 331, 340
cicatrizes 110, 212 escola 2, 4, 26, 147,
rosa 55, 64, 78, 89, 91, 103, 112, 146,
152, 195, 226, 315 ciência 14 , 15, 24, 141,
152, 206, 277, 287
170, 214
rotina 1, 278, 339, 347
Scientific America 137
Rússia 171, 345
cientista 37, 68, 338
russo 344
açoitado 66 secretário 9,
Rute 68, 133
10, 346 segurança 299,
337

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Índice

semente 16, 31, 52, 85, 123, 125, 161, 279, 22, 45, 48, 65, 74, 92, 100, 110, 119, 123,
296, 322 124, 125, 129, 159, 172, 180, 181, 182,
seu 178º 186, 193, 194, 200, 286, 287, 290
autopiedade silêncio 25, 71, 102, 130, 311, 336
248 autonegação 207, 279, prata 54, 196
280 auto-recuperação 268
egoísta 192, 280 egoísmo Simeão 123, 214
5, 171, 266, 269, 284, 296 Simão 131, 134, 135, 247, 298
Sêneca 218 Pecados 19, 49, 52, 61, 62, 63, 64, 67, 68,
sentido 1, 9, 10, 13, 17, 19, 51, 62, 64, 67, 69, 72, 73, 86, 94, 98, 99, 100, 108, 109,
68, 76, 86, 109, 118, 165, 169, 171, 172, 110, 118, 141, 148, 152, 154, 155, 160,
180, 185, 206, 219, 221, 237 , 262, 263, 161, 163, 168, 171, 173, 174, 181, 182,
268, 272, 273, 278, 284, 311, 324, 336, 187, 206, 212, 215, 216, 217, 218, 219,
338 sensualidade 94 separação 71, 118, 220, 221, 222, 224, 225, 231, 233, 234,
237, 239, 240, 255, 283, 284, 290, 292,
191, 205, 252, 318 sepulcro 310 serpentes 93
293, 296, 297, 299, 302, 306, 307, 308,
309, 317, 321, 322, 324, 329, 337, 347

Servo 32, 43, 138, 143, 194, 247, 248, 338,


pecador 86, 87, 98, 235, 291, 298, 305
339 Servos 51, 134, 141, 213, 247, 248
sem pecado 63, 86, 87, 98, 99, 109, 168,
Serviço 138, 139, 191, 247, 254, 287,
312 pecador 52, 68, 94, 98, 118, 187, 216,
218, 220, 223 , 232, 234, 268, 291, 298
314
sete 52, 102, 115, 138, 155, 181, 182, 189, irmãs 83
225, 303, 316, 338 sexo 3, 84, 154, 158,
cético 13, 71
159, 216, 259, 260, 261, 262, 263, 266, 275 ,
ceticismo 9, 10
276 prazer sexual 164
escravo 157, 160, 173, 245
escravidão 43, 49, 92, 146, 147, 174, 187,
Shakespeare 9, 27, 117, 147, 171, 218,
195, 248, 324
237, 267, 347 vergonha 211, 226, 229,
Sono 36, 47, 314
231, 284, 298, 299, 304, 312 ovelhas 111,
favelas 192, 299, 344
123, 124, 135, 138, 210,
social 63, 94, 116, 130, 196, 244, 261, 263,
338 294, 296, 303, 318 sociedade 10, 11,
30, 129, 130, 182, 193 , 217, 260, 281
Shelley 323
Pastor 97, 98, 111, 132, 134, 135, 136,
Sociedade de Propagação do
138 pastores 83, 90, 91, 141, 246
Fé 208
naufrágio 303
Sócrates 30, 33, 37, 39, 50, 94, 318
Sodoma 99, 133
Sibéria 248
Sodoma e Gomorra 99 solo
doente 4, 43, 64, 70, 111, 119, 166, 217,
186, 252 soldado 44, 233,
223, 237, 238, 239, 241, 242, 248, 279,
259, 262, 280 soldados 44, 47,
281, 294, 301, 312, 346 suspiro 66, 78
70, 89, 189, 193, 195, 210, 241 solidão 340

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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

filho 4, 8, 16, 17, 29, 42, 45, 49, 53, 55, espiritualmente 112, 117, 169, 186, 193, 197,
61, 68, 70, 74, 77, 78, 83, 84, 90, 92, 93, 213, 252, 261, 280
95, 100, 101, 109, 110, 111, 114, 115, 116, cônjuge 159, 218, 255
117, 119, 121, 127, 130, 131, 132, 139, Santo Agostinho 197, 229, 230, 272, 339
144, 145, 147, 148, 152, 153, 157, 181, São Bernardo 340 São Francisco de Sales
186, 194, 195, 200, 201, 212, 221, 222, 336 São João 43, 44, 53, 56, 61, 83, 84,
238, 254, 267, 268, 285, 293, 298, 305,
172, 186, 214, 238 São Lucas 51, 82, 83, 84
311, 318, 327, 330, 331
São Paulo 44, 52, 53, 71, 83, 84, 85, 115,
116, 117, 118, 119, 124, 125, 127, 132, 163,
Sorbonne 2
173, 188, 207, 208, 233, 242, 246, 253, 267,
tristeza 109, 161, 167, 188, 223, 229, 231,
280, 281, 291, 293, 303, 304, 308, 336,
232, 233, 234, 245, 283, 284, 310, 311
340, 346.

Alma 10, 11, 14, 16, 17, 22, 26, 34, 35,
36, 38, 65, 68, 69, 71, 72, 85, 95, 99, 109, Veja também Paulo
117, 119, 125, 126, 142, 147, 158, 163,
São Pedro 52, 138, 145, 192, 247, 291.
165, 170, 180, 181, 182, 186, 189, 194, Veja também
196, 199, 216, 218, 219, 221, 224, 230,
Peter estábulo 90,
231, 237, 238, 239, 240, 241, 242, 255,
269, 284 estrelas 18, 23, 66, 115, 154, 190,
268, 273, 274, 275, 278, 279, 280, 282,
217, 314 estatuto 261
286, 288, 291, 293, 299, 301, 302, 304,
305, 306, 308, 311, 313, 314, 315, 317, roubar 45, 217, 229, 263
318, 321, 323, 324, 325, 326, 343, 344, roubar 15, 45, 152, 294, 295
345, 347 sul 99 fala 24, 31, 44, 50, 76, 82, estômago 5, 38, 65, 78, 261, 322, 336
83, 116, 125, 139, 142, 171, 173, 202, 221, pedra 8, 45, 47, 76, 98, 134, 136, 167, 306 ,
224, 237, 242, 245, 252, 253, 266, 268, 275, 330 andares 2, 7, 9, 13, 15, 21, 24, 47,
285, 289, 292, 293, 332, 337, 338, 343, 344, 52, 55, 70, 82, 84, 86, 104, 112, 127, 159,
345 especiarias 44, 47, 102 Spirit 56, 70, 161, 170, 178, 195, 205, 211 , 225, 232,
74, 77, 84, 102, 113, 114, 115, 116, 117, 243, 244, 269, 281, 282, 318, 328
118, 119, 126, 145, 153, 165, 174, 185,
186, 187, 193, 194, 195, 213, 219, 223,
226, 241, 268, 273, 284, 285, 293, 331, 337, estranho 32, 72, 103, 111, 314 luta
346. Ver também Espírito Santo espiritual 18, 17, 68, 106, 315 aluno 19, 23, 232,
43, 49, 50, 55, 56, 65, 84, 92, 109, 114, 284, 287 subconsciente 23, 46,
115, 119, 125, 133, 165, 169, 170, 180, 164, 219 submissão 98, 145, 252,
181, 186 , 191, 193, 198, 199, 218, 239, 325, 337 sucesso 90 sofrer 4 , 11, 46,
255, 261, 271, 278, 279, 280, 281, 282, 63, 66, 69, 73, 99, 108, 111, 165, 170,
291, 292, 293, 302, 304, 310, 311, 318, 337
193, 194, 204, 233, 245, 246, 275, 293, 302,
307, 311 sofreu 31, 56, 66 , 70, 71, 72,
89, 97, 100, 105, 106, 110, 111, 112, 206,
212, 232, 245 sofrendo 3, 25, 32, 63, 64, 72,
93, 94, 98, 110 , 173, 196, 204, 211, 214,
226, 238, 242, 244, 245, 248, 298, 310,
311, 312, 323, 329

lei espiritual 198

380
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Índice

suicídio 2, 23, 173, 178, 325 Templo 44, 53, 82, 107, 114, 119, 123, 135,
Summa Theologica 148 sol 164, 172, 242, 293, 314, 335 tentação
16, 17, 18, 37, 66, 75, 115, 161, 51, 68, 91, 158, 159, 160, 164, 165, 199,
173, 181, 187, 190, 197, 198, 267, 287, 216, 292 , 293 tentações 37, 112, 158,
308, 325, 337 173, 181, 245, 292, 303 tênis 64, 126, 189,
Domingo 13, 47, 138, 168, 195, 222, 286 317 tensão 8, 272, 273, 274, 275, 276
superioridade 254 sobrenatural 117, 158, 170, tensões 8, 218, 222, 271, 272 ingratidão 310
171, 174, 189, 193, 197, 221, 244, 253, 261, Thayer, Mary Dixon 332 As Confissões de
284, 293, 337 superstição 286 ceia 46 Santo Agostinho 229,
Veja também A Última Ceia rendição 66,
102, 206, 262, 271, 290 suspeita 75 sustento
209, 317 Swinburne 345 espada 14, 98, 123,
205, 337, 347 símbolo 43, 75, 92, 94, 130, 230
147, 159, 196, 201, 223, 235, 254, 273 A Quarta Écloga. Veja a Quarta Écloga
teatro 7, 52, 204, 211, 212 teocrático
130, 131 ladrões 32, 192, 224 Thomas
47, 103, 104, 131, 148, 171, 207, 346
Tomás de Aquino 37, 61, 318
Thompson 23, 25 , 26 espinhos 66, 70,
simpatia 109, 245, 260, 302 118, 209, 234 trono 9, 105, 109, 110,
sintomas 337 sinagoga 33 154, 168, 212, 286, 311, 327, 329, 346
Tiber 89 Tiberius 102 Tibet 4 Tibetan 4,
Síria 127 252 time 7, 8 , 9, 15, 23, 33, 35, 47, 50, 52,

T
TS Eliot 314
Tabernáculo 107
lâmpada do tabernáculo
208 talento 54, 248, 305,
309 Talmúdico 200 coletor 53, 55, 56, 66, 67, 68, 72, 84, 86, 90, 91,
de impostos 54 impostos 93, 97, 102, 105, 108, 113, 114, 115, 122,
54, 347 ensino 4, 43, 74, 123, 127, 132, 135, 137, 152, 154, 167,
82, 117, 127, 139, 140, 168, 169, 174, 178, 180, 181, 186, 201,
145, 178, 287, 332 203, 206, 210, 211, 213, 214, 218, 219,
221, 224, 226, 241, 244, 246, 247, 263,
professor 19, 42, 54, 64, 94, 95, 110, 116,
273, 275, 276, 277, 282, 286, 294, 296,
139, 145, 147, 152, 186, 195, 346
302, 306, 310, 311, 313, 314, 315, 316,
Professores 94, 148, 284
318, 325, 328, 329, 331, 332, 339, 340,
ensinando 38, 39, 51, 81, 82, 89, 94, 95, 344 juntos 33, 44, 55, 63, 64, 97, 98, 111,
130, 238, 279, 296, 346 tear 25, 66, 148,
124, 126, 134, 146, 148, 160, 172, 178,
164 telecast 313 telescópio 115, 173, 190
191, 192, 196, 205, 245, 248, 251, 260, 262,
temperança 189
268, 272, 273, 274, 291, 293, 297, 318,
347

381
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Fulton J. Sheen: Sua vida vale a pena ser vivida

Tóquio 23, 214, 248 EM


túmulo 44, 45, 46, 47, 98, 103, 112, 208,
303 Ulisses 328
tormento 71, 324 réplica insuportável 8, 9
incredulidade 118
tortura 69, 72
totalitário 167 inconsciente 3, 23, 217, 241, 261, 263,
310
toque 76, 91, 97, 104, 109, 122, 141, 187,
207, 238, 266, 277, 310, 346 tradição fome sobrenatural 199
31, 32, 39, 55, 81, 82 , 85, 327 tragédia 9, desemprego 299 infiel
218, 280 infelicidade 11,
94, 148, 165, 170, 211, 212, 238, 281 traidor
323 146, 165, 281 união 64, 65, 98,
108, 117, 158, 215, 247, 248, 252, 253,
transferência 69, 71, 72 254, 255, 266, 2867, 2867 , 279, 337
transformação 202
Estados Unidos 4, 10, 22, 62, 154, 185,
transfusão 206, 281
210, 246 unidade 66, 126, 129, 130,
transitivo 76
135, 152, 194, 204, 206, 211, 225, 262, 266,
transmutado 187, 347
267, 268, 273, 346 lei universal 42, 198
transubstanciação 205
universo 14, 15, 17, 18, 25, 35, 36, 41,
traição 100, 101
42, 50, 90, 107, 115, 152, 153, 155, 157,
tesouro 25, 246
166, 167, 180, 199, 202 , 214, 219, 266,
árvore 55, 77, 93, 94, 124, 140, 158, 159, 303, 324, 337
160, 162, 222, 223, 267, 298 árvores
37, 158, 222, 266, 322, 345 julgamento 63 ,
100, 101, 102, 109, 158, 255, Universidade 23, 39, 148
279, 280, 302, 305
dano injusto 294 imoral
julgamentos 56, 100, 101, 108, 110, 181, 165 indignidade 206, 210,
213, 277, 278, 280, 285, 317, 345 tributo
306
54, 91, 101
Cenáculo 103
Trindade 61, 73, 74, 75, 77, 78, 116, 118, ur 31
119, 144, 268, 285, 305
problema 8, 298, 312, 329
verdade 13, 16, 17, 25, 26, 30, 35, 36, 37, EM

42, 50, 77, 78, 82, 95, 109, 116, 121, 125, dia dos namorados 347
130, 139 , 140, 141, 144, 145, 146, 147,
Van Dyke 179
148, 154, 165, 172, 181, 190, 191, 192,
vanity 114, 240
196, 255, 286, 293, 301, 304, 318, 324,
veículos 305 véu
325, 336, 344 tuberculose 281
36, 106, 107, 108, 230 venial
Tullia 318 sin 221, 222
Verônica 214
doze apóstolos 124, 126, 131, 138, 139,
embarcação
335
195 embarcações 141, 195, 246
doze tribos 124, 248
viajar 242
nascido duas vezes 177,
Vigário 129, 131, 134, 135, 136, 139, 141
187 tirano 280
Vice 174, 229, 296, 299, 321 Vice 157, 158,
174, 285, 304

382
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Índice

cruel 18, 157 vinho 74, 91, 159, 202, 203, 204, 205,
vítima 92, 93, 94, 193, 204, 210, 212, 211, 213, 243, 284, 330 sabedoria 9,
213 91, 99, 102, 151, 169, 193,
vitória 43, 162, 269 194
aldeia estalagem 90 homens sábios 90, 91,
vinha 125, 172, 205, 206 123 testemunha 42, 46, 116, 123, 152,
vinha 55 vinhas 317 189, 195, 230, 242, 323 mulher 2, 5,
10, 21, 31, 42, 47, 50, 69, 70, 72, 84, 85,
Virgílio 33, 328 123, 144, 152, 158, 161, 162, 167, 168,
174, 177, 178, 179, 195, 238, 241, 244,
virgem 32, 33, 56, 81, 82, 83, 84, 85, 86,
87, 103, 123, 168, 327, 329, 346 252, 253, 254, 261, 262, 263, 267, 268,
271, 273, 274, 282, 287, 290, 293, 294,
Nascimento Virginal 44, 81, 327
298, 301, 317, 323, 327, 328, 329, 330,
Virgem Maria 81
331, 343, 346 feminilidade 327 ventre
virgindade 267, 327 66, 70, 103, 145, 185, 186
virtude 17, 18, 141, 161, 165, 189, 225,
260, 291, 293, 317, 321, 325, 331
virtuosa 18, 98, 157, 165, 271, 316
Palavra feita Carne 100, 181
visão 37, 47, 64, 69, 173, 190, 213,
Palavra de Deus 50, 77, 78, 82, 346
217, 277, 346 vocação 54, 191,
Wordsworth 314
192, 193, 246, 289,
299 obra ix, 13, 17, 19, 31, 33, 38, 39, 41, 42,
43, 44, 50, 55, 63, 70, 91, 106, 110,
voz 11, 23, 24, 50, 55, 76, 92, 102, 113,
148, 179, 200, 218, 238 . , 158, 191,
127, 159, 165, 186, 198, 205, 214,
231,
224, 336, 346
Vulgata 133

EM

Guerra 9, 73, 81, 164, 171, 216, 260, 262,


295
299, 309
adoração 46, 285, 286, 287
Washington 3, 309
feridos 109, 110, 221, 239, 241, 281,
água 42, 74, 75, 132, 147, 169, 181,
310
182, 185, 186, 188, 194, 198, 239,
262, 284, 304, 314, 324, 325, 344, escritos 1, 50, 83, 190
346 riqueza 63 , 165 casamento 38, errados 8, 10, 11, 36, 110, 118, 137,
142, 148, 155, 164, 165, 170, 186,
330 trigo 86, 91, 134, 199, 204, 209,
216, 218, 222, 224, 251, 259, 260,
210, 268, 296
261, 272, 283, 292, 308, 317, 322

329 esposa de COM

Whistler 8, 9, 16, 83, 147, 158, 159, zelo 50, 196, 247
171, 172, 222, 225, 226, 231, 232, Zebedeu 331
251, 253, 254, 255, 262, 263, 265,
266, 267, 268 , 273, 275, 276, 280,
281, 282, 293, 307, 325, 339

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REVELAÇÃO
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“A sagacidade e a sabedoria do arcebispo Fulton J. Sheen são atemporais. Esta


transcrição das gravações inéditas de Sua Excelência é um serviço inestimável para
todos nós. Leia suas palavras para saber que vale a pena viver sua vida!”
— Edward Cardinal Egan, STL, Arcebispo de Nova York

“No início deste novo milênio, os pensamentos deste grande mestre podem inspirar
uma nova geração a compreender verdadeiramente que, quando enraizada na fé e
amada por Deus, a vida vale a pena ser vivida.”
— Anthony Cardinal Bevilacqua, JD, Arcebispo da Filadélfia

“Eu considero Fulton Sheen o mais brilhante, o mais brilhante e o mais belo cristão
de mente e coração que conheci no século 20.
Ninguém me inspirou mais do que Fulton Sheen a usar a televisão para alcançar
o mundo incrédulo para Cristo.”
— Dr. Robert H. Schuller, Ministério da Catedral de Cristal

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