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B151l Bahia. Governo do Estado.

Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento


Acervo Digital / Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento. Salvador:
Embasa – Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A., 2022. 411 p.

1. Trabalhos acadêmicos dos colaboradores da Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. I.


Título. II. Embasa.

CDD: 628

CDU: 616.5-002.4
Sumário
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 13
CAPÍTULO 1: Reagente de Fenton como Pré-Oxidante em Estações de
Tratamento de Água ................................................................................................. 14
 Objetivos Específicos ....................................................................................... 14
 Metodologia ..................................................................................................... 14
 Resultados ....................................................................................................... 17
 Conclusão ........................................................................................................ 21
CAPÍTULO 2: Ações Sociais como Motivador de Equipes – Integrar e Mobilizar
Buscando Resultados .............................................................................................. 22
 Resumo............................................................................................................ 22
 Introdução ........................................................................................................ 22
 O Contexto do Projeto ...................................................................................... 24
 Conceitos Trabalhados .................................................................................... 25
 Trabalho em Equipe: Dificuldades e Desafios: ................................................. 26
 Objetivos Específicos: ...................................................................................... 26
 Metodologia ..................................................................................................... 27
 Resultados e Discussão ................................................................................... 29
 Conclusão ........................................................................................................ 31
CAPÍTULO 3: Acompanhamento da Ampliação da Rede de Distribuição no
Município de Barreiras-Ba Utilizando a Intranet (GEOWEB) ................................. 32
 Resumo............................................................................................................ 32
 Introdução ........................................................................................................ 32
 Digitalização de Mapas .................................................................................... 33
 Plataforma CAD ............................................................................................... 34
 Área de Estudo ................................................................................................ 34
 Metodologia ..................................................................................................... 35
 Resultados e Discursões .................................................................................. 43
 Conclusão ........................................................................................................ 45
CAPÍTULO 4: Aplicação de Indicadores para Avaliação da Qualidade da Água
das Captações das ETAS do Parque da Bolandeira e sua Relação com os Índices
Pluviométricos .......................................................................................................... 46
 Resumo............................................................................................................ 46
 Objetivo ............................................................................................................ 46
 Metodologia ..................................................................................................... 47
 Resultados e Discussão ................................................................................... 49
 Conclusão ........................................................................................................ 52
CAPÍTULO 5: Aplicação do Tanino Catiônico como Coagulante Primário em ETA
de Tratamento Convencional ................................................................................... 53
 Resumo............................................................................................................ 53
 Introdução ........................................................................................................ 53
 Materiais e Métodos ......................................................................................... 55
 Resultados e Discussão ................................................................................... 56
 Conclusões ...................................................................................................... 62
 Recomendações .............................................................................................. 63
CAPÍTULO 6: Avaliação do Potencial de Aplicação dos Subprodutos Gerados
com o Tratamento de Esgotos domésticos na Região Semiárida ........................ 64
 Resumo............................................................................................................ 64
 Objetivo ............................................................................................................ 64
 Metodologia ..................................................................................................... 64
 Resultados e Discussão ................................................................................... 66
 Conclusão ........................................................................................................ 69
CAPÍTULO 7: Compilação de Dados CIAF por meio de Interface Gráfica XML –
Sistema SAPIENS 3.1 ............................................................................................... 70
 Resumo............................................................................................................ 70
 Introdução ........................................................................................................ 70
CAPÍTULO 8: Diagnóstico das Perdas do Sistema de Produção de Água Bruta
para as Estações de Tratamento de Água que Abastecem Salvador e Região
Metropolitana ............................................................................................................ 84
 Resumo............................................................................................................ 84
 Introdução ........................................................................................................ 84
 Sistema de Abastecimento da RMS ................................................................. 85
 Sistema das Adutoras que Aduzem Água Bruta para as Estações de
Tratamento de Água do Parque de Bolandeira........................................................ 85
 Sistema das Adutoras que Aduzem Água Bruta para a Estação de Tratamento
de Água Principal .................................................................................................... 87
 Sistema de Adução de Água Bruta para a Estação de Tratamento de Água
Suburbana .............................................................................................................. 91
 Discussão dos Resultados ............................................................................... 91
 Conclusão ........................................................................................................ 92
CAPÍTULO 9: Estratégia de Negociação para Reclamações de Consumo ........... 93
 Resumo............................................................................................................ 93
 Introdução ........................................................................................................ 94
 Texto ................................................................................................................ 95
 Alternativas Existentes ..................................................................................... 95
 Vantagens da Negociação pelo Volume Esgoto ............................................... 97
 Definindo Estratégia ......................................................................................... 98
 Resultados Obtidos .......................................................................................... 99
 Conclusão ...................................................................................................... 100
CAPÍTULO 10: Geração de Energia Elétrica em Adutora de Sistema de
Abastecimento de Água ......................................................................................... 101
 Resumo.......................................................................................................... 101
 Objetivo .......................................................................................................... 102
 Metodologia ................................................................................................... 102
 Resultados e Discussão ................................................................................. 104
 Conclusão ...................................................................................................... 105
CAPÍTULO 11: Implantação de Sistema de Automação no SIAA Ponto
Novo/Senhor do Bonfim com a Utilização de Equipe Própria ............................. 106
 Resumo.......................................................................................................... 106
 Objetivo .......................................................................................................... 106
 Metodologia ................................................................................................... 106
 Planejamento/Desenvolvimento/Implantação ................................................. 107
 Resultados e Discussão ................................................................................. 111
 Conclusão ...................................................................................................... 111
CAPÍTULO 12: Implementando uma Auditoria Baseada em Riscos: uma
Metodologia de Trabalho Inovadora ...................................................................... 112
 Resumo.......................................................................................................... 112
 Objetivo .......................................................................................................... 113
 Metodologia ................................................................................................... 113
 Resultados e Discussão ................................................................................. 114
 Conclusão ...................................................................................................... 115
CAPÍTULO 13: Inovação – o Uso de Tecnologia de Baixo Custo na Criação de um
Equipamento que Permite o Monitoramento de Pressão na Rede de Distribuição
na Busca da Satisfação dos Usuários em um Sistema de Abastecimento de Água
................................................................................................................................. 116
 Resumo.......................................................................................................... 116
 Objetivo .......................................................................................................... 117
 Metodologia ................................................................................................... 117
 Resultados e Discussão ................................................................................. 118
 1ª Fase Tecnologia GSM – SMS .................................................................... 119
 2ª Fase Tecnologia GSM – SMS .................................................................... 120
 Conclusão ...................................................................................................... 123
CAPÍTULO 14: Integração entre e Cadastro Técnico de Rede de Abastecimento
do QGIS e o EPANET .............................................................................................. 124
 Resumo.......................................................................................................... 124
 Introdução ...................................................................................................... 124
 Metodologia ................................................................................................... 125
 Telas da Integração........................................................................................ 125
 Inclusão de Cotas .......................................................................................... 127
 Resultados e Discussão ................................................................................. 128
 Conclusão ...................................................................................................... 129
CAPÍTULO 15: Medidas Implementadas para Evitar o Racionamento no
Abastecimento de Água de Salvador e Região Metropolitana Durante Crise
Hídrica ..................................................................................................................... 130
 Resumo.......................................................................................................... 130
 Introdução ...................................................................................................... 131
 Objetivo .......................................................................................................... 131
 Sistema de Abastecimento de Salvador ......................................................... 131
 Níveis dos Reservatórios ............................................................................... 132
 Soluções ........................................................................................................ 136
 Construção de Barramento ............................................................................ 136
 Dragagem do Rio Jacumirim e Jacuípe .......................................................... 138
 Aquisição De Flutuantes ................................................................................ 140
 Perfuração de Poços ...................................................................................... 141
 Instalação de Sifão ......................................................................................... 141
 Conclusão ...................................................................................................... 142
CAPÍTULO 16: Metodologia e Critérios Técnicos Empregados para o
Mapeamento e Seleção de Áreas Prioritárias para Recuperação Ambiental nas
Bacias Hidrográficas dos Rios Joanes e Jacuípe ................................................ 144
 Resumo.......................................................................................................... 144
 Introdução ...................................................................................................... 145
 Descrição Critérios Ambientais Adotados....................................................... 145
 Presença de Estrutura Organizacional ........................................................... 149
 Metodologia Adotada para Elaboração do Mapa ............................................ 149
 Resultados e Discussão ................................................................................. 151
 Conclusão ...................................................................................................... 151
CAPÍTULO 17: Monitoramento da Qualidade da Água na Barragem do Rio da
Dona – Valores de Fósforo após Desenvolvimento de Mata Ciliar ..................... 152
 Resumo.......................................................................................................... 152
 Objetivo .......................................................................................................... 152
 Metodologia ................................................................................................... 152
 Resultados e Discussão ................................................................................. 153
 Conclusão ...................................................................................................... 155
CAPÍTULO 18: Previsão de Consumo de Água Baseada em Redes Neurais
Artificiais Recorrentes NARX ................................................................................. 156
 Resumo.......................................................................................................... 156
 Introdução ...................................................................................................... 157
 Objetivo .......................................................................................................... 158
 Metodologia ................................................................................................... 159
 Resultados e Discussão ................................................................................. 164
 Conclusão ...................................................................................................... 168
CAPÍTULO 19: Projeto Ativar – Buscando Alternativas para Diminuir os Impactos
da Empresa no Uso de Novas Metodologias no Intuito de Redução das Ligações
Inativas .................................................................................................................... 169
 Resumo.......................................................................................................... 169
 Objetivo .......................................................................................................... 170
 Introdução ...................................................................................................... 170
 Ações Planejadas .......................................................................................... 170
 Resultados e Discussão ................................................................................. 171
 Conclusão ...................................................................................................... 177
CAPÍTULO 20: Proposição de Critérios Técnicos para o Estabelecimento de
Metas Progressivas de Melhoria da Qualidade da Água no Estado da Bahia .... 178
 Resumo.......................................................................................................... 178
 Introdução ...................................................................................................... 178
 Metodologia ................................................................................................... 180
 Resultados e Discussão ................................................................................. 180
 Conclusão ...................................................................................................... 188
 Agradecimentos ............................................................................................. 188
CAPÍTULO 21: Proposição do Novo Índice de Qualidade de Esgoto.................. 189
 Resumo.......................................................................................................... 189
 Objetivo .......................................................................................................... 189
 Metodologia ................................................................................................... 189
 Resultados e Discussão ................................................................................. 190
 Conclusão ...................................................................................................... 195
CAPÍTULO 22: RETROFIT: Menos é Mais ............................................................. 196
 Resumo.......................................................................................................... 196
 Objetivo .......................................................................................................... 197
 Metodologia ................................................................................................... 197
 Resultados e Discussão ................................................................................. 200
 Conclusão ...................................................................................................... 200
CAPÍTULO 23: Sistema Aquário, uma Solução Personalizada para Gestão de
Empreendimentos .................................................................................................. 201
 Resumo.......................................................................................................... 201
 Introdução ...................................................................................................... 201
 Desenvolvendo o Sistema Aquário................................................................. 204
 Conclusão ...................................................................................................... 217
CAPÍTULO 24: SISTRAT, Sistema da Embasa para Gestão Operacional de
Tratamento em ETA ................................................................................................ 218
 Resumo.......................................................................................................... 218
 Introdução ...................................................................................................... 218
 Objetivo .......................................................................................................... 219
 Metodologia ................................................................................................... 219
 Resultados ..................................................................................................... 223
 Conclusão ...................................................................................................... 224
CAPÍTULO 25: Treinamento Virtual para Acesso e Manuseio do Sistema Júpiter
................................................................................................................................. 225
 Resumo.......................................................................................................... 225
 Objetivo .......................................................................................................... 225
 Introdução ...................................................................................................... 225
 Metodologia ................................................................................................... 226
 Resultados e Discussão ................................................................................. 228
 Conclusão ...................................................................................................... 228
CAPÍTULO 26: Uso de Tecnologias Digitais em Sistema de Abastecimento de
Água: uma Solução para Redução de Custos e Aumento em Eficiência
Operacional ............................................................................................................. 229
 Resumo.......................................................................................................... 229
 Introdução ...................................................................................................... 230
 Metodologia ................................................................................................... 230
 Resultados e Discussão ................................................................................. 234
 Conclusão ...................................................................................................... 235
CAPÍTULO 27: Implementação da Ferramenta Balanço Hídrico – Aplicativos
APIENS 3.0 .............................................................................................................. 236
 Resumo.......................................................................................................... 236
 Introdução ...................................................................................................... 236
 Materiais e Métodos ....................................................................................... 237
 Conclusões .................................................................................................... 241
CAPÍTULO 28: Sistema de Gestão de Volumes por Meio de Business
Intelligence: Sistema em Extranet para Controle Operacional e Mapeamento de
Perdas de Águas nas Unidades Regionais de Abastecimento............................ 242
 Resumo.......................................................................................................... 242
 Introdução ...................................................................................................... 242
 Materiais e Métodos ....................................................................................... 243
 Compilação dos Dados .................................................................................. 245
 Síntese dos Dados Compilados ..................................................................... 248
 Resultados Obtidos ........................................................................................ 250
 Conclusão ...................................................................................................... 254
CAPÍTULO 29: Determinantes da Demanda Residencial por Água no Estado da
Bahia ........................................................................................................................ 255
 Introdução ...................................................................................................... 255
 Referencial Teórico ........................................................................................ 257
 Literatura Empírica ......................................................................................... 261
 Metodologia e Dados ..................................................................................... 262
 Estratégia Empírica de Estimação.................................................................. 268
 Resultados e Discussão ................................................................................. 269
 Considerações Finais ..................................................................................... 277
CAPÍTULO 30: Universalização dos Serviços Públicos de Abastecimento de
Água em Localidades Rurais: um Estudo a partir de Quatro Tipos de Prestadores
no Estado da Bahia................................................................................................. 279
 Introdução ...................................................................................................... 279
 Referencial Teórico ........................................................................................ 280
 Metodologia ................................................................................................... 289
 Resultados e Discussão ................................................................................. 290
 Conclusão ...................................................................................................... 295
CAPÍTULO 31: Uso de Tecnologias Digitais no Sistema Integrado de
Abastecimento de Água na Região de Itaberaba – Ba: Uma Solução para
Redução de Custos e Aumento da Eficiência Operacional ................................. 296
 Introdução ...................................................................................................... 296
 Referencial Teórico ........................................................................................ 298
 Metodologia ................................................................................................... 302
 Fontes ............................................................................................................ 304
 Apresentação, Análise e Interpretação dos Dados ......................................... 306
 Considerações Finais ..................................................................................... 308
CAPÍTULO 32: Análise de Falhas Qualitativas de Patologias Construtivas com o
Uso de Câmeras Termográficas ............................................................................ 310
 Introdução ...................................................................................................... 310
 Desenvolvimento ............................................................................................ 310
 Conclusão ...................................................................................................... 321
CAPÍTULO 33: Avaliação de Desempenho e Confiabilidade Operacional da
Estação de Tratamento de Esgotos do Instituto Couto Maia, Salvador, Bahia .. 322
 Introdução ...................................................................................................... 322
 Objetivos ........................................................................................................ 323
 Marco Teórico ................................................................................................ 323
 Metodologia ................................................................................................... 327
 Resultados e Discussão ................................................................................. 337
 Conclusões .................................................................................................... 345
CAPÍTULO 34: Previsão de Consumo de Água em Rede de Distribuição Urbana
Utilizando Redes Neurais: Aplicação no Sistema Integrado de Abastecimento de
Água de Salvador, Brasil ........................................................................................ 346
 Introdução ...................................................................................................... 346
 Motivação ....................................................................................................... 348
 Objetivos Gerais e Específicos ....................................................................... 350
 Definição de Previsão .................................................................................... 351
 Visão Geral .................................................................................................... 358
 Dados Utilizados ............................................................................................ 365
 Fluxo de Trabalho .......................................................................................... 368
 Modelos propostos ......................................................................................... 376
 Conclusões .................................................................................................... 385
 Recomendações para Trabalhos Futuros....................................................... 386
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 387
APRESENTAÇÃO

Depois do sucesso da primeira edição do livro digital, A UCE lança a


segunda edição, em 2022, com os trabalhos apresentados na Jornada Técnica
de 2016 e 2018, além de artigos, trabalhos de conclusão de curso e dissertação
produzidos pelos funcionários, totalizando 33 projetos acadêmicos.
Esses trabalhos acadêmicos constam no EmbasaDoc1. Esse acervo é o
resultado da seleção e reunião dos trabalhos já disponibilizados na intranet, com
objetivo de consolidar a gestão do conhecimento organizacional.

Esta publicação passeia por temas como segurança de barragens, novas


tecnologias habilitadoras e a garantia da eficiência no saneamento básico,
deplecionamento de reservatórios, controle de perdas reais de água,
gerenciamento de projetos de saneamento, automação no controle de
distribuição de água, efetivação de direitos e universalização do saneamento
básico, educação corporativa e gestão do conhecimento no setor de
saneamento, remoção de ferro dissolvido em água para consumo humano,
armazenamento de águas pluviais, gestão de pessoas no setor de saneamento,
sistema de escoamento e filtragem de águas, erodibilidade de solos no entorno
da captação de água, uso da água em comunidades de baixa renda, educação
ambiental e saneamento básico e autoprodução de energia elétrica.

Além de garantir para os funcionários, de forma organizada, o acesso ao


conhecimento produzido na organização, esta segunda obra digital é um
resultado inquestionável da criatividade, dedicação e talento de seus
funcionários com a otimização e desenvolvimento de processos na captação e
distribuição de água e coleta de esgoto no estado da Bahia.

1
Criado em 2019, o EmbasaDoc é um espaço virtual para armazenamento, gerenciamento, preservação e
disponibilização de documentos corporativos como políticas, resoluções de diretoria, manuais, normas e
demais produções documentais de interesse organizacional. O conteúdo do repositório foi estruturado por
macroprocessos e processos de acordo com a cadeia de valor da empresa.
CAPÍTULO 1: Reagente de Fenton como Pré-Oxidante em Estações de
Tratamento de Água

 Objetivos Específicos

 Otimizar em nível de bancada a concentração dos reagentes


peróxido de hidrogênio e sulfato férrico combinado para a
realização do processo Fenton;

 Avaliar a qualidade do pré-tratamento usando o reagente de


Fenton, por meio da análise dos parâmetros: cor, pH, turbidez, ferro
total, Fe2+ residual e DQO, antes e após o processo de pré-
oxidação e do tratamento de água convencional.

 Metodologia

Diversos trabalhos consultados na literatura apresentam a pré-oxidação


seguida da coagulação, utilizando como coagulante o Fe 3+ formado como
produto da reação de Fenton (ALBUQUERQUE et al.; DI BERNARDO et al.; DI
BERNARDO; JULIO, 2005, 2005, 2006). Neste trabalho, diferentemente
daqueles outros, utilizamos uma solução de sulfato férrico na pré-oxidação,
porém, enriquecida com Fe2+ para propiciar a formação do reagente de Fenton.
Além disso, complementarmente, a adição do coagulante sulfato férrico é feita
na coagulação, etapa do tratamento da água, para atingir uma qualidade de
potabilidade. A qualidade das águas que abastecem a estação de Tratamento
Vieira de Mello (ETA VM), ETA do estudo (localizada no bairro da Boca do Rio,
com capacidade para tratar 2,5 m3 s-1 de água, que entrou em operação em
março de 1964, atendendo parte da demanda de água da cidade de Salvador),
nunca é constante; por isso, e por ser o tratamento da água um processo
contínuo que deve atender a portaria MS 2914/2011, os ensaios foram realizados
conforme a logística da empresa.

O local de aplicação da metodologia proposta para a reação de Fenton foi


na pré-oxidação da água bruta a ser tratada. O ponto de aplicação será no ponto
de captação no rio Joanes Iadutora aço (JA). Assim, foram realizados ensaios
em nível de bancada, utilizando aparelho o Jar Test, que realiza o ensaio de
floculação, onde demonstra em escala de bancada todas as etapas realizadas
na ETA. Em função da qualidade da água bruta, a concentração dos produtos
químicos a ser aplicada no processo, foi estabelecida e avaliada. Após conclusão
dos experimentos, as análises eram procedidas (cor, pH, Turbidez, Ferro total,
Fe2+ residual, residual de peróxido de hidrogênio e DQO) e os resultados
comparados com os valores máximos permitidos, da portaria 2914/2011
Ministério da Saúde (BRASIL, 2011).

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2016.


Autora: Selma Souza Alves Santos.
Orientadora: Vânia Palmeiras Campos.
O tempo utilizado na pré-oxidação, foi de 1h e 45min, baseado no
diâmetro das adutoras, na distância do ponto de aplicação dos produtos
químicos (no ponto da barragem) para a obtenção do reagente de Fenton até o
ponto de captação (Joanes I), tempo de pré-oxidação. Os produtos químicos
utilizados, como fonte de Fe2+, para o reagente de Fenton usada em definitivo
na realização dos testes deste trabalho adquirido comercialmente, foi obtida a
partir da solução de sulfato férrico enriquecido com Fe2+. Por uma questão
prática chamaremos a solução de sulfato férrico com uma certa composição em
Fe2+ de sulfato Férrico combinado (SFC). O foco dos experimentos iniciais era a
otimização da concentração de Fe2+, para gerar a reação de Fenton. Para isso
foram feitas combinações aleatórias da composição de Ferro total e Fe2+ visando
avaliar o uso dos produtos químicos com diferentes concentrações de Fe2+.

1. SFC 1: [Fe] total =16,16%; [Fe2+] = 10,93%.


2. SFC 2: [Fe] total =13,10%; [Fe2+] = 4,98%.
3. SFC 3: [Fe] total =18,16%; [Fe2+] = 2,43%.
4. SFC 4: [Fe] total =12,91%; [Fe2+] = 4,48%
5. SFC 5: [Fe] total =13,38%; [Fe2+] = 5,24%

O peróxido de hidrogênio utilizado em todos os ensaios foi, H2O2 IX-501


a 50% (m/m) adquirido comercialmente. Para otimização da concentração dos
reagentes envolvidos na reação de Fenton, o peróxido de hidrogênio e o sulfato
férrico combinado, foram realizadas etapas nas quais avaliou-se os produtos
químicos utilizados, procedimento da pré-oxidação, ensaio de tratabilidade e
ensaio completo: pré-oxidação e tratabilidade aplicados.

Procedimento da pré-oxidação: A Figura 1 representa de forma


esquemática o procedimento utilizado nos testes de jarro, para obtenção da
melhor composição do reagente de Fenton a ser aplicada na etapa de pré-
oxidação da água bruta. Essa ordem fundamentou-se em alguns trabalhos
(COSTA et al.; AGUIAR et al.; MICHALSKA, et al., 2013, 2007, 2012),
enfatizando que o melhor desempenho do reagente de Fenton é em meio ácido.

Os produtos SFC adquiridos e utilizados nos ensaios se encontravam na


faixa de pH, de 0,48 - 1,01, e a água bruta do rio Joanes, na faixa de 5,75 - 7,13
(média de pH 6,91). Deste modo, esta forma de adição, primeiro o SFC e em
seguida o peróxido de hidrogênio, favoreceu o processo sem a necessidade de
introduzir outro produto, como por exemplo, ácido sulfúrico para atingir um pH
ácido mais favorável a reação. Segundo DI Bernardo et al., 2005, essa ordem,
também, conduziu a melhores resultados quando foi utilizado o sulfato ferroso
para produzir o reagente de Fenton na remoção de substâncias húmicas na
água.
Figura 1: Representação esquemática do procedimento experimental aplicado
no processo de pré-oxidação da água bruta.

Inicialmente, foram feitos experimentos com o peróxido de hidrogênio em


diferentes dosagens na faixa, 0,5-2,5 mg L-1 e fixando o SFC em 10 mg L-1.
Ficando para testar, posteriormente, a melhor concentração para esse reagente
(SFC).

Ensaios realizados: Com a finalidade de se determinar a concentração


ideal dos componentes, que viabilizam a formação do reagente de Fenton,
necessários para propiciar o processo de pré-oxidação da matéria orgânica da
água bruta foram testadas dosagens distintas de peróxido de hidrogênio,
variando entre 0,5-2,5 mg L-1, a partir de uma solução a 0,05% de H2O2,
mantendo-se a concentração de sulfato férrico combinado (SFC) constante em
10 mg L-1. Numa segunda etapa, variou-se a concentração de SFC, entre 2,0-12
mg L-1 mantendo constante a concentração de peróxido de hidrogênio (1 mg L-
1), baseado em Di Bernardo et al., (2005). Para tanto foi seguido o fluxograma

da Figura 1, para a pré-oxidação. Assim foram efetuados experimentos com a


finalidade de se determinar a melhor relação de peróxido de hidrogênio/SFC na
formação do reagente de Fenton, determinando qual a concentração entre as
diferentes especificações fornecidas, é a mais adequada.
 Resultados

Foram realizados ensaios com o SFC1, SFC2 e SFC3, a fim de se


determinar a composição ideal, entre SFC e peróxido de hidrogênio. A melhor
composição foi para SFC 2: [Fe] total=13,10%; [Fe2+]= 4,98%. Conforme mostra
a tabela1, às concentrações residuais de Fe2+ (jarros 4 e 5) apresentaram
concentrações baixas e menores que as demais composições. O desejável é
que sejam próximas de zero, pois a principal razão em se utilizar o reagente de
Fenton é oxidar a matéria orgânica e outros compostos presentes na água, como
Mn2+ e Fe2+, portanto estes sólidos dissolvidos contribuem para elevar a cor da
água bruta. Pode-se verificar que nos jarros 1, 2 e 3 os resultados foram
satisfatórios em relação ao peróxido de hidrogênio residual, além de redução
significativa do COT nos jarros de 1 a 5. A concentração de Fe2+, mais baixa
neste ensaio, praticamente não interferiu na eficiência do processo, além disso,
o pH se manteve na faixa ácida, mais favorável a cinética da reação de Fenton
e consequente remoção da matéria orgânica.

Tabela 1. Parâmetros físico-químicos da água bruta do Joanes Aço (JA)


e após tratamento de pré-oxidação com a aplicação do reagente de Fenton.
Condições: concentração de SFC fixa: [Fe] total=13,10%; [Fe 2+]= 4,98% e
concentração variável de H2O2.Tempo: 1h e 45 min.

Realizou-se a otimização da Concentração de SFC/H2O2 na Pré-


Oxidação, dobrando-se e triplicando-se as concentrações de SFC de 8, 7 e 6 mg
L-1 e as concentrações de H2O2 de 1 mg L-1, variou-se a concentração da solução
de sulfato férrico combinado de 24 a 12 mg L-1, enquanto que,
proporcionalmente, o peróxido de hidrogênio manteve-se em 3 e 2 mg L-1. Os
resultados encontrados ao final da etapa de pré-oxidação para cada
concentração aplicada encontram-se na Tabela 2. Avaliando os dados, pode-se
constatar que considerando o residual de peróxido de hidrogênio (H2O2), Fe2+ e
a redução da DQO em relação à água bruta, o jarro 6 foi o que apresentou melhor
resultado. Foi utilizado o produto SFC 4, apesar de não ser a composição exata
do SFC 2, pois como, o sulfato férrico combinado é fornecido considerando a
concentração do Fe2+ dentro da variação admitida nos valores pela empresa, de
±15 a 20%, devido ao processo de produção.

Tabela 2. Parâmetros físico-químicos da água bruta do Joanes Aço (JA)


e após tratamento de pré-oxidação com a aplicação do reagente de Fenton.
Otimização da Concentração de SFC/ H2O2 na Pré-Oxidação. [Fe]total=12,91%;
[Fe2+]= 4,48%, Tempo: 1h e 45 min.

*As análises de DQO foram realizadas em substituição ao COT devido a problemas com o
equipamento que o analisava.

Como durante os ensaios estava se obtendo valor de ferro fora da portaria


2914/MS, desta forma reduziu-se duas a três vezes a dosagem do coagulante,
como mostra a tabela 3.
Tabela 3. Parâmetros físico-químicos da água bruta do Joanes Aço (JA)
e após tratamento de pré-oxidação com a aplicação do reagente de Fenton mais
ensaio completo, visando redução do coagulante. Condição: 12,91% Fe total /
4,48% Fe2+; 12 mg L-1 SFC / 2 mg L-1 H2O2; coagulante: 65, 53 e 41 mg L-1
Fe2(SO4)3.
Pode-se observar ainda, pela Tabela 3, redução de 63% de DQO, no jarro
5, que com a redução da concentração do sulfato férrico todos os jarros tiveram
ótimos resultados de cor, turbidez e DQO comprovando que utilizando o
reagente de Fenton podemos reduzir também a quantidade de coagulante
utilizada no tratamento da água, onde o melhor jarro foi o que utilizou uma menor
quantidade de sulfato férrico, em relação ao ferro total. O único problema, que
ainda persiste, é a quantidade de ferro ao final do tratamento, em todos os jarros,
que se encontra acima do valor máximo permitido pela Portaria 2914/11 do
Ministério da Saúde (0,3 mg L-1). Contudo, fica claro que a redução, na faixa, de
24 a 36 mg L-1, na concentração de sulfato férrico (inicial de 77 mg L-1), após a
pré-oxidação com o reagente de Fenton, é a solução para a reduzir a
concentração de ferro total e consequentemente podendo reduzir o custo do
coagulante no tratamento, pois, o mesmo depende da quantidade de matéria
orgânica remanescente, ou seja da qualidade da água. E analisando os
resultados, observou-se que o peróxido de hidrogênio residual na maioria dos
testes apresentava-se com valor zero ou próximo a zero, o que nos faz pensar
que adicionando uma concentração maior do peróxido de hidrogênio, teremos
maior formação do reagente de Fenton, pois teremos mais peróxido de
hidrogênio, com a mesma concentração de SFC diminuindo assim a quantidade
de ferro residual e atendendo à estequiometria da reação. Como à concentração
do sulfato férrico combinado, com a proporção SFC/ Peróxido de hidrogênio
como 10 mg L-1/ 2 mg L-1, testada teve remoção de 47%, o próximo ensaio foi
realizado, com esta concentração, inclusive, avaliando a redução de custo no
tratamento de água, redução do residual de ferro na água tratada e
enquadramento nos padrões da Portaria MS 2914/2011(BRASIL, 2011).

Outra vantagem nesta redução da concentração do coagulante, foi a


diminuição no custo do tratamento da água. A Tabela 4 e o figura 2, mostra a
qualidade da água bruta resultante deste ensaio e os resultados obtidos após a
redução da doagem do coagulante sulfato férrico (de 85 para 55mg L-1), no
tratamento convencional completo para água da ETA Vieira de Mello.

Tabela 4. Parâmetros físico químicos da água bruta do Joanes Aço (JA),


Joanes Concreto (JC) e Ipitanga e após tratamento de pré-oxidação com a
aplicação do reagente de Fenton mais ensaio completo, visando redução do
coagulante. Condição: SFC [Fe]total=13,38%; [Fe2+]= 5,24%. Coagulante: 55 mg
L-1 Fe2(SO4).
Tabela 4 (continuação). Parâmetros físico-químicos da água bruta do
Joanes Aço (JA), Joanes Concreto (JC) e Ipitanga e após tratamento de pré-
oxidação com a aplicação do reagente de Fenton mais ensaio completo, visando
redução do coagulante. Condição: SFC [Fe]total=13,38%; [Fe2+]= 5,24%.
Coagulante: 55 mg L-1 Fe2(SO4).

Figura 2: Comparação de parâmetros de qualidade da água bruta das


diferentes adutoras: Joanes Aço, Joanes concreto e Ipitanga e após o tratamento
completo. (Dados das tabelas 5 e 6).
 Conclusão

O reagente de Fenton tem alta capacidade de degradação química das


mais diversas estruturas, às quais tenha sido aplicado. Assim especificamente
neste trabalho foi observado que:

 Levando-se em consideração os ensaios realizados neste trabalho,


foi possível validar a eficiência do reagente de Fenton, como
agente pré-oxidante, no tempo de 1h e 45 min, na remoção de
matéria orgânica, independente da qualidade da água bruta, pois a
remoção de DQO e COT atingiu valores de até 76%. Nestas
condições os resultados do residual de peróxido foi satisfatório,
alcançando valores nulos na água tratada, incluindo a etapa de
filtração.

 Foi constatado que um ponto crítico na aplicação do Reagente de


Fenton na pré- oxidação da água bruta e o controle da
concentração residual final de ferro total na água. Contudo,
utilizando reagente de Fenton na proporção dos reagentes de
Fenton foi: 10 mg L-1 SFC: 2 mg L-1 H2O2 resultou em 0,2 mg L-1 de
Fe total a qual passou a atender à Portaria de Potabilidade sem
comprometer o percentual de remoção de DQO, neste caso, de
76%.

 A aplicação do reagente de Fenton leva a uma redução no custo


acima de 33,14% do tratamento de água da ETA Vieira de Mello,
pois além de reduzir o consumo do coagulante sulfato férrico,
deixam de ser usado os produtos químicos permanganato de
potássio e cloro na pré-oxidação da água bruta, além de polímero
na etapa da floculação, sendo em casos necessários usados em
muito menor quantidade.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2016.


Autora: Selma Souza Alves Santos.
Orientadora: Vânia Palmeiras Campos.
CAPÍTULO 2: Ações Sociais como Motivador de Equipes – Integrar e
Mobilizar Buscando Resultados

 Resumo

A relevância das ações sociais como motivador de equipes se mostra por


meio de diversos eixos ou vertentes do trabalho realizado pelo Assistente Social
no âmbito de atividades articuladas com diversos setores e divisões dentro da
empresa. Aqui será apresentado ações socioeducativas da Unidade Regional de
Itamaraju, como diferenciador na busca de resultados dentro do Programa de
redução de Perdas: Com + Água. O olhar direcionado para a motivação de
equipes originou por meio da necessidade, primeira de instigar o corpo funcional
em suas ações cotidianas, buscando a integração da equipe, e, além disto, da
relevância de alertar a todos que “NÓS SOMOS A EMPRESA”, e com isto,
necessitamos unir forças no “TRABALHO EM EQUIPE” e na grande missão de
zelarmos pela Qualidade dos nossos Serviços e alcance de melhores
Resultados.

No Projeto Com + Água: Organização, Cultura, Educação e Comunicação


são eixos estruturantes do trabalho social que mobiliza internamente equipes
capacitando-as a disseminar informações educativas de forma lúdica e criativa,
por meio de verdadeiras “Ondas de Mobilização” como preconiza o Projeto:
Mobilizar e Sensibilizar Internamente para Mobilizar e Sensibilizar Externamente.

A maior ênfase do trabalho ora apresentado será para as ações contidas


dentro do Projeto Com + Água, que realiza com maior intensidade ações
motivacionais em busca do resultado comum: “Redução a Perdas de Água”.
Indubitavelmente, o processo de mobilização social é reconhecido como de
extrema relevância, visto que, a equipe motivada é sinônimo de empenho para
alcance dos objetivos almejados.

 Introdução

A temática central deste trabalho é o enfoque da motivação das equipes,


participação e integração para buscar resultados, tendo em vista objetivos
comuns. A discussão posta aqui, e a expressão dos resultados que são tratados,
tem como contexto as atividades desenvolvidas na EMBASA – Unidade Regional
de Itamaraju, como fruto das ações sociais, que se pautam numa metodologia
participativa e bastante reflexiva, considerando os sujeitos como seres ativos,
construtores de saberes e que com isso, são capazes de transformar realidades,
buscar resultados positivos, enfatizando a “Valorização Humana”, como
impulsionador para as ações em equipe.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2016.


Autora: Claudice Pires Ribeiro.
Daí a reflexão que permeia todas as ações realizadas com os
colaboradores: “Somos Grupo ou Equipe? ” Fazê-los refletir e elucidar a
importância de nos perceber enquanto equipe, foi a engrenagem primeira para
mover e sensibilizar cada um, trazendo comparativos simples, alertando que nos
grupos não há um esforço coordenado em busca do bem comum.

A necessidade de imprimir ao Com + Água ações efetivas de mobilização


interna que não fossem apenas atividades estanques e pontuais, mas, que
obedecesse a concepção a que o Projeto verdadeiramente se propõe,
expandindo assim, as “Ondas de Mobilização”, fez com que o profissional da
área social percebesse a necessidade de diagnosticar e apontar soluções para
envolver a todos os responsáveis pelas ações e cumprir o que se propõe : uma
gestão integrada e participativa com mobilização interna e externa, trabalhando
em prol da redução de Perdas de Água, atentando para as perdas físicas de
Água: Perdas Reais e as Perdas Comerciais: Perdas Aparentes. Assim, o apoio
da área social no processo de mobilização assume papel relevante, é preciso
“mover para alcançar”, entretanto, o esforço de um entendimento e de uma
leitura crítica e dialógica de mundo é extremamente necessária, e neste sentido
é que o nosso trabalho pode contribuir com resultados não meramente
quantitativos, mas, sobretudo imprimindo qualidade à medida que Valoriza
Pessoas.

Dentro da metodologia de trabalho são realizadas oficinas que


contemplam dinâmicas de grupo, vídeos educativos e motivacionais,
fomentando nos colaboradores a ideia de “equipe” para o fortalecimento das
suas ações rotineiras refletindo também em um melhor atendimento e trato com
a população usuária, visto que são temas dialogados e refletidos entre os
participantes.

“O diálogo é este encontro dos homens, mediatizados pelo mundo, para


pronunciá-lo, não se esgotando, portanto, na relação eu-tu” (Paulo Freire).
Dentro desta visão, o trabalho com equipes na Unidade Regional de Itamaraju,
vem ganhando força e agregando resultados no sentido de mobilizar equipes e
sensibilizar indivíduos para expandir o dialogo externamente, com a própria
comunidade, espaço que é de todos, fomentando nos colaboradores o
sentimento de pertencimento e de melhorar os serviços e resultados pensando
no bem comum. Portanto, esta relação dialógica vai além dos quatro cantos onde
acontecem as oficinas motivacionais, ela ecoa em verdadeiras ondas de
mobilização.

É notório o interesse dos funcionários em fazer parte da equipe social de


forma voluntária nas apresentações em escolas, comunidade e demais espaços.
Neste sentido, as ações sociais na nossa Unidade Regional vêm se
diferenciando, pois, hoje, já existem colaboradores que somam e externam
desenvoltura em apresentações nos trabalhos de Educação Ambiental, seja, por
meio de participação em peças teatrais, palestras, apresentação com fantoches,
enfim, são agregadores, mobilizadores e sujeitos conscientes. Para que o
trabalho social chegasse a este patamar, estratégias e todo um embasamento
teórico metodológico foi prontamente adotado e desenvolvido ao logo do tempo.
Os resultados do trabalho é reflexo do empenho e contribuição de todos, e
feedback de um processo de sensibilização interna.

Como já mencionado, vários instrumentais e processos metodológicos


são pensados e utilizados, de forma a imprimir uma dinamicidade de ações, e
um dos instrumentos pedagógicos bastante utilizados são as oficinas teatrais,
dentro de um processo de construção conjunta, utilizando–se princípios da
educomunicação: criação e produção de peças ou esquetes teatrais” que são
disseminadas internamente e na comunidade como produto e resultado do
processo construtivo. Assim, os esquetes teatrais desenvolvidas e produzidas
pelos sujeitos envolvidos, versam principalmente sobre temáticas das suas
ações cotidianas, reflexo do que encontram em sua atuação em campo: Gato
d’água; Vazamento e Desperdício de Água; Utilização de EPIS; Atendimento aos
Usuários; etc.; desta forma, é possível fazê-los refletir criticamente as situações
encontradas, repensar suas próprias práticas e analisar o contexto em que estão
inseridos.

É interessante ressaltar que para o desenvolvimento de um trabalho que


alcance resultados consistentes, existe uma articulação das diversas áreas e
divisões, permeando as ações de mobilização social dentro e fora do espaço
institucional da nossa empresa. Ou seja, soma-se conhecimentos, ações que
vão refletir e agregar resultados para todos os envolvidos, seja na área
comercial, operacional e demais setores, é isto o que diferencia um grupo de
uma verdadeira equipe, e como reflexo deste agir consciente, reconhecemo-nos
enquanto “EQUIPE”.

 O Contexto do Projeto

O Projeto Com + Água na Unidade Regional de Itamaraju (USU) acontece


desde 2009, e foi implantado tendo como base a experiência do Escritório Local
da Embasa em Ilhéus, que participou de Edital Público Ministério das Cidades,
e assim, a metodologia do Com + Água, foi difundida, para outras Unidades da
EMBASA, inclusive para Itamaraju, obedecendo aos parâmetros e metodologia
preconizados pelo Ministério.

Atualmente, a Unidade de Itamaraju – USU, expandiu o mencionado


Projeto de Redução de Perdas de Água para a cidade de Teixeira de Freitas,
tendo em vista os resultados alcançados em Itamaraju e a premente
necessidade da mobilização das equipes para realizar atividades direcionadas
para redução de perdas.
Atividades diversificadas de mobilização social são realizadas, tais como
oficinas, seminários, tanto para público interno como para público externo,
ressaltando seu caráter multiplicador, as oficinas e seminários foram construídos
de modo a facilitar o aprendizado, e ao mesmo tempo motivar futuros
aprofundamentos. A mobilização interna é promovida e estruturada por meio das
seguintes ações propostas na metodologia do projeto:

 Criação de grupos de trabalhos (GTS) que organizam e


desenvolvem o processo de mobilização;
 Comitê Gestor Inter setorial formado por representantes das áreas
estratégicas técnicas (operacional, comercial e social),
responsável pelo planejamento e coordenação de todas as ações
do projeto.
 Agente de combate a Perdas (ACP’S) – colaboradores dos
diversos setores que se constituem voluntariamente em
multiplicadores do Com +Água.

O Com + Água precisa contar com a estrutura descrita acima, reunindo o


seu comitê gestor mensalmente, com calendário de reuniões definido
previamente, logo no início de cada ano. As ações são avaliadas constantemente
pelo comitê, que tem como coordenador o Gerente do Escritório Local.

As atividades educativas que compõe o Com + Água, se pautam na noção


de que a educação ambiental precisa despertar em todos, a consciência de que
o ser humano é parte do meio ambiente e, portanto, responsável pelo mesmo.
Sabe-se que “ a educação ambiental se tornou lei em 27 de abril de 1999. A Lei
N° 9.795 – Lei da Educação Ambiental, em seu Art. 2° afirma: "A educação
ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional,
devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades
do processo educativo, em caráter formal e não-formal. ”

E o Projeto proposto pela EMBASA reforça tanto na escola como na


comunidade ações educativas que levem os indivíduos a multiplicarem
informações, conhecimento e práticas ambientalmente corretas em suas áreas
de convivência. Entretanto, reforça-se aqui a necessidade de um bom processo
de sensibilização e motivação com o corpo funcional, senão, o processo de
mobilização externa ficará comprometida. A necessidade é que se tenha ações
contínuas e construídas conjuntamente e não ações estaques e isoladas.
 Conceitos Trabalhados

De forma articulada com as diversas divisões, as oficinas e seminários,


trabalham internamente, tendo por base os seguintes conceitos:

 Mobilização Social – processo dinâmico e permanente de


envolvimento, comprometimento e mudança de valores e
comportamentos;
 Perdas Reais – perdas de água por vazamentos no sistema de
tubulações, extravasamento de rede, etc.
 Perdas Aparentes – perdas de água pelo não faturamento,
ligações clandestinas, fraude, falhas no cadastro.
Considerando que colaboradores tenham sido mobilizados e
sensibilizados, trabalhando internamente os conceitos acima descritos, é a vez
de se mobilizar externamente, levando em conta o entendimento de que a
redução de perdas de água depende de um processo de mudança cultural,
assim, trabalha-se externamente, mediante palestras, oficinas, com auxílio dos
colaboradores as seguintes temáticas:
× Tipos de sistemas existentes;
× Sistemas implantados no Município;
× Manancial utilizado no Município;
× Cuidados necessários ao funcionamento dos sistemas;
× Forma de operação;
× Perdas e desperdício;
× Uso responsável da água e preservação ambiental;
× Leitura dos hidrômetros; e, Tarifação

 Trabalho em Equipe: Dificuldades e Desafios:

 Rotatividade das Equipes – o trabalho com as equipes é algo


desafiador, tendo em vista que as atividades também contemplam
funcionários terceirizados, e a rotatividade é uma realidade
identificada, desta forma é que ações permanentes e contínuas de
mobilização interna assume relevância e tem que ser mantidas
com frequência.

 Inexistência de Equipe exclusiva para Ações Sociais ou para o


Projeto – é desafiador a disponibilidade de tempo de cada técnico
envolvido e de suas equipes isto em função das demandas das
próprias rotinas de trabalho. Assim, temos nosso calendário de
reuniões e atividades para que diante de um planejamento conjunto
de ações, possamos atender as demandas do projeto e disseminar
entre todos a relevância e valor da contribuição de todos para o
alcance de resultados comuns.

 Objetivos Específicos:

 Instigar a consciência da integração no ambiente de trabalho, e a


percepção da necessidade de bom relacionamento a nível interno
(no ambiente de trabalho) e externo (no trato com a população
usuária dos serviços EMBASA);
 Fomentar a participação/envolvimento dos colaboradores no
desenvolvimento de suas ações e trabalhos, conhecendo um o
trabalho do outro, valorizando o trabalho de cada colega;
 Conduzir o colaborador ou funcionário à percepção e análise
críticas acerca de suas ações no contexto do ambiente de trabalho
e no relacionamento com os demais;
 Identificar as fragilidades e as mudanças a serem construídas
conjuntamente, buscando aproximação entre gestores e
funcionários para que haja esta inter-relação e troca de saberes.

 Metodologia

“Mobilizar é, em uma leitura simplificada, movimentar pessoas em direção


a um objetivo comum. Comover, emocionar, sensibilizar um grupo de pessoas
para a importância de uma causa ou problema da sua realidade. Construir com
elas uma nova visão sobre esta realidade, objetivos compartilhados e ações para
alcançá-los. A mobilização social, portanto, é umas práxis educativa que conjuga
teoria e método, saberes e técnicas de ciência e da arte, para transformar
pessoas em sujeitos conscientes e ativos da transformação da sua realidade. ”
Segundo Toro (1994). Dentro desta premissa há o zelo em que as atividades
motivacionais possam ser desenvolvidas de forma crítica e construtiva.

Os encaminhamentos metodológicos seguem de acordo com a


construção de uma sequência de atividades que contribuem para a motivação e
integração de todos os colaboradores envolvidos. São utilizadas como
instrumentos: oficinas, palestras, vídeos motivacionais, momentos de integração
e lazer com os colaboradores, cada ação de acordo aos objetivos específicos a
que se propõe cada atividade.
“A atuação tem como escolha a utilização da metodologia participativa,
esta compreendida como aquela capaz de envolver os participantes na
construção da cidadania crítica e responsável... Não considera as pessoas como
objetos de investigação, mas as estimula a trabalharem juntas, como sujeitos
conscientes, criativos e comprometidos com a transformação da realidade”
(Medina; 55,1999).

Palestras Motivacionais: são instrumentos utilizados para despertar


senso crítico e fomentar a valorização das pessoas, com este instrumental, o
objetivo é alcançado de maneira assertiva, visto que os colaboradores passam
a entender que não é possível desenvolver a empresa e a se desenvolver
individualmente sem contar com a contribuição das pessoas ao redor. Durante
as palestras utilizam-se dinâmicas de grupo, vídeos educativos e motivacionais.
Oficinas Tempestade De Ideias: Algumas oficinas, principalmente as
direcionadas ao Projeto Com+ Água trabalham integração entre os envolvidos e
propiciam momentos de reflexão sobre as suas próprias práticas. Durante este
momento são pontuadas dificuldades encontradas em campo e que perpassam
por questionamentos que visam buscar soluções conjuntas retroalimentando o
fazer ou o próprio trabalho desenvolvido pelas equipes. São estimulados
trabalhos em grupo de acordo com os eixos do Projeto: “Perdas Reais”; Perdas
Aparentes e Mobilização, utilizando-se a técnica brainstorming ou tempestade
de ideias, onde são pontuados pelos colaboradores problemas encontrados em
suas rotinas de trabalho e sugestões para solução, ao final é discutido e
compartilhado com todos, gerando relatório para o Gestor responsável e a partir
daí outras oficinas intituladas de “Oficinas de Devolutiva “são realizadas para
discutir as sugestões que foram possíveis de serem realizadas ou atendidas ,
retroalimentando constantemente as ações.
Oficinas de Teatro “Integrando Arte Cultura Educação”: As oficinas se
desenvolvem por meio de metodologia lúdica e divertida, estimulando a
percepção, a criatividade e a sensibilidade, assim como a autoconfiança,
comunicação e socialização, procurando criar espaço para a interação e
produções coletivas dos envolvidos e despertar de talentos individuais. E para
tanto, contamos com professores de teatro que foram contratados com esta
finalidade. As oficinas se propõem não só formar atores, mas também para
auxiliar pessoas que tem dificuldades em se comunicar, de falar em público,
sentem- se inseguras em estar diante de uma plateia. Utilizando uma
metodologia que lança mão de jogos teatrais para a preparação do indivíduo
“ator” e técnicas de expressão corporal e vocal e assim desenvolver o potencial
dos participantes para se expressarem em público. As oficinas de teatro também
são elo entre público interno (colaboradores) e externo (escolas, comunidade),
reforçando as ondas de mobilização do Com+ Água, uma vez que os
funcionários além de integrarem o Projeto como mobilizadores, apresentam a
sua produção para o público externo.

Momentos de Integração e Lazer: Dentro de um contexto de busca de


resultados, onde o funcionário tem uma rotina mais rígida, o trabalho social lança
mão de eventos esportivos, encontros e demais atividades, proporcionando
momentos de lazer em que funcionários próprios e terceirizados são convidados
a participar de um momento mais humanizado, contribuindo para o engajamento,
estímulo à criatividade e descontração. É relevante pontuar que para execução
do Projeto Com + Água, o trabalho social se pauta na proposta preconizada pelo
Ministério das Cidades e que tem como eixos estruturais quatro áreas que
mantêm interdependência entre si: organização, educação, comunicação e
cultura. A partir do mapeamento de cada uma delas, apresentado no Diagnóstico
Situacional de Mobilização Social, cada comitê gestor desenvolve planos de
ação para os subprojetos: Instâncias Participativas, Comunicação Social e
Educação e Cultura. Todo projeto deve ter seu Plano de Mobilização Interna e
Externa elaborados. O plano é o guia das ações e importante ferramenta de
planejamento da área social para o envolvimento de todos no combate a perdas
de água.
Avaliação das Ações:
 Avaliação processual, com revisão dos Planos de Ação;
 Retroalimentação das ações mediante as oficinas e feedback;
 Documentário fotográfico;
 Depoimentos; peças construídas e vídeo documentário das ações
e Projeto.

A avaliação do Projeto acontece de forma processual durante toda a


execução por meio de reuniões com os envolvidos, observando os indicadores
de resultados; rodas de conversas onde acontecem depoimentos dos
participantes. Outra forma de mensuração é o documentário fotográfico
caracterizando todas as atividades e filmagem contendo o histórico do projeto,
depoimentos e relatoria. Também a avaliação das perdas de água, por meio de
reuniões em que os subprojetos expõem os resultados alcançados e
oportunidades de melhoria.

 Resultados e Discussão

 Integração de Equipes para busca de resultados comuns;

 Fortalecimento da Participação – as oficinas como via


participativa onde todos opinam, são ouvidos e valorizados, não
havendo a diferenciação hierárquica – onde a horizontalidade é a
palavra da vez na formação de redes.

 Retroalimentação do processo de trabalho – processo de


criação conjunta, sendo utilizada a “tempestade de ideias dentro
das oficinas, resultando em uma constante avaliação e feedback
de resultados.

 Processo criativo e Descoberta de Talentos de maneira


constante dentro do Projeto Com+ Água, fortalecendo também
a mobilização social – criação de músicas próprias do projeto,
peças de teatro com a temática ambiental;

 Criação dos grupos de WhatsApp (internamente) como


instrumento de socialização de conteúdo que dinamizam as
informações sobre vazamentos de água e extravasamento de rede
de esgoto. E isto tem sido agregador de resultados na área
operacional, tendo em vista a agilidade no processo para sanar
estas demandas de forma ágil.
 Visibilidade do Trabalho Social como diferenciador no alcance
dos resultados propostos pela empresa: Vídeo documentário do
Projeto Com+ Água com depoimento dos colaboradores com o
reconhecimento do Trabalho Social como motivador, integrador de
equipes e de resultados positivos.

 Formação de ACP’s (Agentes de Combate a Perdas) – ao todo


foram formados 125 agentes de combate a perda.

Dados Operacionais
Itamaraju:
 Perda mensal 1m: vem numa linha de decréscimo 32,4 para 27,8.
 Perda 12m: apesar de 2018 estar crescente, os valores são
menores que o ano anterior 2017.
Teixeira:
 Perda mensal 1m: até maio deste ano vem apresentando linha de
decréscimo.
 Perda 12m: linha de tendência está mais estável e com valores
menores que os anos anteriores.
 Conclusão

O trabalho realizado com as equipes permite a cada um de nós, analisar


criticamente um contexto que nos faz identificar as fragilidades e as mudanças
a serem construídas conjuntamente. E a certeza de que precisamos sempre nos
melhorar enquanto pessoa, buscando a motivação em cada momento da nossa
vida, condição melhor enquanto cidadãos críticos e pertencentes a um contexto
social que, por sua vez, necessita de nossas inferências e só é construído
quando nos colocamos como agentes integradores e multiplicadores de ações
bem-sucedidas no trato com nosso cliente ou usuário e nossa comunidade.

Dentro desta perspectiva e do olhar integrador e, sobretudo da


importância do Trabalho Social dentro de uma empresa como a EMBASA que
necessita constantemente ter o seu funcionário motivado em busca de
resultados e metas, o Social assume um papel muito relevante e precisa ter
maior visibilidade e reconhecimento como agregador de resultados.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autora: Claudice Pires Ribeiro.
CAPÍTULO 3: Acompanhamento da Ampliação da Rede de Distribuição no
Município de Barreiras-Ba Utilizando a Intranet (GEOWEB)

 Resumo

A dinâmica do espaço urbano aliado à expansão das redes de distribuição


estabelece a necessidade de atualizações cadastrais cada vez mais frequentes.
O presente trabalho aparece no intuito de sistematizar entre os diferentes setores
da Unidade Regional de Barreiras o acompanhamento de tal crescimento
exercido na cidade com a disponibilidade dessa informação de forma fácil,
simples e rápida na intranet. Foi preciso estabelecer um procedimento de
trabalho de forma que fosse executado os croquis em campo no momento de
assentamento da rede e que se chegasse ao núcleo de Geoprocessamento
cadastrando as expansões ocorridas em campo e disponibilizando na Intranet
(GEOWEB), trabalhos estes executados pelo setor FTIG. A elaboração e
disponibilidade dos croquis de rede na intranet fomentou primeiramente o maior
acesso e conhecimento da plataforma GEOWEB, onde se concentra o banco de
dados da rede de distribuição. Por conseguinte, constatou-se maior rapidez e
facilidade no acesso às informações, não havendo mais o contato com o setor
de cadastro, apenas acessando a GEOWEB para visualização dos materiais.
Com o final e desdobramento do presente trabalho fica evidente que são
imprescindíveis a Gestão e o uso de novas tecnologias para a manutenção do
cadastro técnico de água, pois a empresa precisa se adequar à taxa de
crescimento com que é dado o processo de expansão urbana e abastecimento
de água.
 Introdução

Desde os primórdios das civilizações, ao homem se faz necessário


conhecer, de forma estratégica, a localização das fontes de água e de alimentos,
os trajetos necessários para atingir estas fontes, os limites de seus territórios,
seus refúgios e os de seus inimigos.
Neste processo evolutivo da representação, surge o Geoprocessamento,
técnica empregada no tratamento de informações geográficas com a utilização
de operações matemáticas e computacionais (CÂMARA; DAVIS, 2001).
Consolidada e de aplicações nas mais diversas áreas do conhecimento
contemporâneo, experimenta crescimento exponencial, aperfeiçoando os
registros cartográficos aplicados às tomadas de decisão relativas à
administração dos Recursos Naturais e Energéticos, dos Planejamentos
Urbanos e Rurais, Abastecimento de água, tráfegos aéreos, terrestres e
marinhos, entre outros.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autora: Rafael Marques Magalhaes Nogueira Barbos
O crescente aumento populacional urbanos aliados às exigências de
melhores condições de saúde pública aumentam muito a demanda das
companhias nas áreas em expansão, fazendo-se necessário informações
cartográficas atualizadas e precisas destas áreas para seu efetivo atendimento.
As companhias de abastecimento público de água e esgoto, companhias
elétricas e empresas de engenharia em geral necessitam de um cadastro preciso
das localidades, principalmente das suas instalações ou redes de fornecimento
e coleta. As informações geográficas nesses casos se tornam indispensáveis.

Empresas públicas com domínio regional como a EMBASA (Empresa


Baiana de Águas e Saneamento), administram cidades com elevadas taxas de
crescimento como é o caso de Barreiras-Bahia, e as redes de distribuição
precisam acompanhar a dinâmica deste espaço. Para isso o cadastro necessita
de ferramentas e tecnologias que acompanhe também o serviço de extensões
das redes de distribuição. Mas não apenas acompanhar e cadastrar, e sim
disponibilizar de forma simples e rápida aos setores interessados as informações
pertinentes a cada um deles.

Esta pesquisa surge com uma proposta de otimização dos trabalhos de


cadastro técnico de água, estreitando contato entre equipe de campo, setor de
fiscalização de serviços e núcleo de Geoprocessamento (cadastro). Acredita-se
que essa é uma forma viável de acompanhar o ritmo da expansão da rede de
abastecimento, aproveitando o que cada setor é possível de fornecer sem adição
de custos, nem investimentos. Outra proposta com esta pesquisa é estreitar
contato do núcleo de Geoprocessamento com o FTIG, com a finalidade de tornar
simples e rápida as informações de cadastro de rede da cidade de Barreiras,
como também de outras cidades da UNB.

 Digitalização de Mapas

Sem sombra de dúvida uma das principais dificuldades que a Ciência da


Geoinformação possui é estudar e implementar as diversas formas de
representar computacionalmente o espaço geográfico. Tendo em mente que
entre o Mundo Real e a Implementação, há um intervalo de Representação e
Modelo Matemático, onde é preciso ter embasamento dos tipos de dados a
serem representados para que melhor seja a definição das entidades gráficas
(CÂMARA; MONTEIRO, 2001).

Para Silva (2003), o Dado Espacial é o elemento fundamental que será


gerido, manutenido e modificado pelas diversas ferramentas disponíveis no SIG.
Ele está dividido em Espacial, Temporal e Temático. Quando ele varia em função
da posição (declividade, limites, profundidade de solo) é dito espacial. Se variar
com relação ao tempo (densidade demográfica, ocupação do solo) é dito
temporal e havendo variações de características (tipo de solo, vegetação) é dito
temático. O dado vetorial que será a base de dados na pesquisa desenvolvida
especializa os objetos geográficos numa superfície contínua e atrelado a ela as
coordenadas geográficas, expondo informações de localização, comprimentos e
áreas. O dado vetorial são as diversas linhas representando alinhamento predial,
lotes, redes de abastecimento. O objeto geográfico é a rede propriamente dita,
em campo.

 Plataforma CAD

Os Sistemas CAD (Computer Aided Design) apresentam como


ferramentas muito importante para a criação e manipulação de informações
vetoriais no computador. Uma de suas ferramentas é a representação de objetos
gráficos e cartográficos a partir de materiais não digitais (COUTO, 2012).
Segundo Araújo (2003), suas principais atribuições é o grande número de
recursos para tratar arquivos vetoriais, a estrutura das ferramentas proporciona
alto grau de precisão na elaboração de projetos, objetos gráficos podem ser
criados e manipulados facilmente e alterações no projeto podem ser realizadas
com simples comandos.

 Área de Estudo

O município de Barreiras dista 904 km de Salvador com acesso pela


rodovia federal BR 242 (Fonte: Rodovias, Mapa da Bahia). A área urbana de
Barreiras está situada na mesorregião Extremo Oeste do estado da Bahia, com
as coordenadas geográficas: longitudes – 44º 59’ 24” W e latitudes – 12º 09’ 10”
S. A Figura 01 ilustra o município de Barreiras situando-o na mesorregião
Extremo Oeste Baiano, fazendo divisas com o estado do Tocantins e municípios
baianos. Barreiras é o décimo segundo município mais populoso da Bahia com
população de 153.831 habitantes. Sua área total é de 7.859,23 Km² e é cortada
pelo Rio Grande, principal afluente pelo lado esquerdo do Rio São Francisco,
além de ser atravessada por três rodovias federais, fazendo ligação da região
para o norte, nordeste, sudeste e centro-oeste do país (BARREIRAS, 2003).
Figura 01 – Localização de Barreiras – Ba.

 Metodologia

O presente trabalho está divido basicamente em três etapas como pode


ser visto na Figura 02. Primeiramente na fase de levantamento de campo é onde
acontece a elaboração do croqui da rede e suas amarrações.

A segunda etapa acontece no núcleo de Geoprocessamento


concentrando as principais atividades, dentre elas a atualização da extensão de
rede na base cartográfica de Barreiras, o desenho do croqui de campo na
plataforma CAD e o envio deste para o FTIG para que possa ser disponibilizado
na Intranet. E a terceira etapa é definida pelo setor FTIG, com o lançamento do
croqui no GEOWEB para que possa ser visualizado por todos os colaboradores.
Figura 02 – Metodologia aplicada neste trabalho.

Para os trabalhos de elaboração dos croquis, ficou definido entre a divisão


operacional e o escritório local de Barreiras, que todo serviço de extensão de
rede haveria um profissional responsável para elaborar os croquis, na maioria
das vezes o fiscal de obras.

É imprescindível a elaboração do croqui de rede ser feito realmente em


campo, pois é o momento e o local onde está sendo executado a extensão de
rede. É neste momento em que se tem a máxima possibilidade de exatidão da
peça, para que num momento futuro precise escavar, tenha êxito de imediato.
É preciso basicamente estar ciente até onde foi a rede e munido da trena
métrica, prancheta, papel e grafite para as medições, como se pode ver na
Figura 03.
Figura 03 – Amarração da ponta de rede e elaboração do Croqui de campo.

A maior parte desta pesquisa se concentra na segunda etapa e é


desenvolvida no núcleo de Geoprocessamento da UNB. Toda e qualquer
alteração na rede de distribuição, como instalação de uma nova peça, ou até
mesmo extensão de rede é passada na forma de croqui para o setor atualizar no
banco de redes da cidade.

O trabalho de extensão de rede segue o mesmo procedimento. Após a


conclusão de fiscalização do serviço, o croqui de extensão de rede é enviado ao
núcleo como pode ser visto na Figura 04.

Figura 04 – Croqui da extensão de rede feito em campo.


O primeiro serviço a ser elaborado é a atualização do banco de dados de
rede, ele se divide em vetorização que seria o traçado da rede estendida e os
dados tabulares compreendidos como tipo do material, diâmetro, profundidade,
extensão. A Figura 05 ilustra essa etapa de vetorização e alimentação do banco
de dados. No projeto ilustra os dados prediais de Logradouros, quadra,
matrículas de ligação e número de porta. Nessa primeira etapa utiliza-se o
programa gratuito e de livre acesso Quantum Gis.

Figura 05 – Lançamento da rede no Banco de Dados de Barreiras.

Após a atualização da rede de distribuição de água no banco de dados, é


preciso dispor da base cartográfica de Barreiras, como pode ser visto na Figura
06, para vetorizar o croqui de extensão de rede.
Figura 06 – Base cartográfica da cidade de Barreiras.

A base cartográfica, junto com o banco de dados predial vão fornecer os


dados necessários para a composição do croqui de campo, como a relação de
Logradouros, quadras, lotes, números de porta entre outras informações
prediais. Os croquis são elaborados na plataforma CAD, programas de rápida
vetorização onde se consegue boas precisões. A Figura 07 ilustra a vetorização
de um croqui de campo na plataforma CAD.

Figura 07 – Vetorização do croqui de rede.


O momento mais relevante desta pesquisa se encontra nesta etapa, pois
todo o trabalho de cadastro e atualização da rede de distribuição vinha sendo
desenvolvido pela Unidade Regional de Barreiras de forma contínua, porém foi
neste momento que a equipe do geoprocessamento percebeu a necessidade de
socializar, disponibilizar entre todos os setores que dependesse de informações
de abastecimento as informações pertinentes à rede de distribuição de Barreiras.

Com isso, todo o banco de dados de rede da UNB passou a ser lançado
no GEOWEB. Os croquis de diversas peças de rede, croquis de registros e
demais instalações passaram a serem inseridos na Intranet do
geoprocessamento. Como pode ser visto na Figura 08, Figura 09 e também por
todos os colaboradores com acesso ao GEOWEB.

Figura 08 – Amarração de peças hidráulicas disponível na Intranet.


Figura 09 – Croqui de rede disponível na Intranet.

Após o despertar para essa nova funcionalidade que a divisão FTIG


apresentou ao núcleo, começou a ser feito um trabalho de cópias de todos os
croquis em CAD e a conversão para PDF, pois esse é o formato dos arquivos a
serem inseridos no GEOWEB.

O próximo trabalho desenvolvido com o cadastro dos croquis de rede foi


qual metodologia utilizar para a nomeação dos arquivos. Uma vez que essa
forma de nomeação seria utilizada para se fazer o Link do arquivo no GEOWEB.

Dessa forma, ficou definido entre o Geoprocessamento e o FTIG que o


nome de cada croqui de rede seria o código da própria peça lançada na rede de
Barreiras utilizando o Quantum Gis. Ou seja, no momento de vetorização do
desenho do croqui, se faz uma consulta no Quantum Gis para saber qual o ID
(identificação única) gerado para a peça em questão e a salva com o ID.
Ao desenvolver este trabalho percebeu-se que não seria feito as
amarrações de todas as peças da rede de distribuição, mas seria possível
cadastrar e disponibilizar todas as redes que fossem estendidas a partir de certo
tempo. Com isso ao visitar no GEOWEB a página da rede de Barreiras, nota-se
que os pontos de expansão, principalmente os bairros em crescimento são onde
detém do maior número de croquis lançados, como pode ser visto na Figura 10.

Figura 10 – Vista de um Bairro em expansão, com croquis de rede disponível na Intranet.

Os pontos em azul na Figura 11 são peças da rede que já possui o croqui


associado à mesma e as peças em vermelho ainda não possui nenhum croqui
vinculado a ela. Ao clicar na peça automaticamente se abre uma nova janela no
navegador com o croqui da peça, como pode ser visto na Figura 12.

Figura 11 – Visualização de uma peça hidráulica (CAP), contendo o croqui de amarração.


Figura 12 – Croqui de rede vinculado à peça hidráulica (CAP) disponível na Intranet.

 Resultados e Discursões

Mesmo diante de alguns procedimentos não tão complexos de execução,


tampouco maiores dispêndios pois não foi preciso investimentos ou contratação
de mão-de-obra, os resultados a serem alcançados com este trabalho ainda
podem atingir outros setores da empresa. Primeiramente ficou constatado que
as equipes de campo, a Divisão Operacional de água, escritório local ou qualquer
colaborador não se dirigem mais com frequência ao setor de cadastro para o
fornecimento das informações de rede de distribuição, instalou-se uma cultura,
um hábito de consultar a plataforma GEOWEB para obter as informações
pertinentes a cada setor. Ou seja, o cadastro técnico da rede de distribuição de
água do município de Barreiras se encontra por completo no Servidor,
disponibilizado em tempo real via Intranet a qualquer ponto e a qualquer
colaborador. Foi constatado ainda que setores internos do escritório local como
o Atendimento ao cliente, que necessitam de informações de abastecimento de
pontos periféricos da cidade, como se há cobertura de uma determinada área
por rede ou não, dependiam do contato com equipes de campo para obter a
informação. Atualmente o Atendimento ao cliente, com auxílio do GEOWEB,
consulta no momento do pedido de ligação nova de água se é possível executar
com rapidez tal pedido ou se precisará de uma extensão de rede para aquele
local. A Figura 13 e Figura 14 ilustra com clareza tal situação, em que a
atendente clica na rede que passa na rua do cliente e verifica se o imóvel em
questão está contemplado com a rede de abastecimento.

Figura 13 – Visualização das peças que contém croquis de rede.

Figura 14 – Croqui de rede disponível na Intranet.


Além disso, é importante ressaltar que as informações comercias também
estão disponíveis no cadastro técnico de água, pois o Atendimento ou qualquer
outro setor tem a condição de saber qual a última ligação atendida por aquela
rede, pois a matrícula da ligação também consta no cadastro técnico, como se
pode ver na Figura 15.

Figura 15 – Vinculação dos dados operacionais e comerciais no croqui de rede.

 Conclusão

A partir das metodologias empregadas e dos resultados obtidos, ficou


possível determinar o acompanhamento sistemático da expansão de redes de
distribuição do município de Barreiras-BA e as coletas das informações
necessárias para a elaboração dos croquis de rede sem a adição de custos
extras às folhas de pagamentos, sem adição de horas extras aos funcionários.
Ficou constatado maior celeridade na disponibilidade das informações técnicas,
podendo ser adquiridas de qualquer ponto de dentro da empresa, diminuindo
com isto o prazo de atendimento e de execução dos serviços. Observou-se que
com a disseminação das informações na Intranet a busca por informações de
cada setor aumentou consideravelmente pois o banco de dados construído para
a rede de distribuição é dinâmico se adequando às necessidades locais de cada
unidade. Com isso, há informações pertinentes ao escritório local, às divisões
operacionais, esgoto e de manutenção. Compreendeu-se o potencial e a
diversidade que se pode atingir no banco de dados do GEOWEB, pois da forma
que é vinculado o croqui técnico de uma “ponta de rede”, é possível vincular a
numeração e quantidade de voltas de um registro de um determinado setor, para
atingir certo nível de m.c.a.. É possível vincular o cadastro eletromecânico de
uma Estação Elevatória, potência, altura manométrica das bombas instaladas.
Ou seja, é possível espacializar qualquer forma de informações vinculada a
algum objeto que esteja georreferenciado.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autora: Rafael Marques Magalhaes Nogueira Barbos.
CAPÍTULO 4: Aplicação de Indicadores para Avaliação da Qualidade da
Água das Captações das ETAS do Parque da Bolandeira e sua Relação com
os Índices Pluviométricos

 Resumo

O decaimento da qualidade da água das captações localizadas na bacia


hidrográfica do Joanes está diretamente relacionado ao uso e ocupação do solo,
as atividades econômicas desenvolvidas, ao processo de urbanização e a
geração de efluentes domésticos e industriais. Em função disso é importante a
realização de diagnósticos constantes sobre a qualidade da água como uma
ferramenta de gestão operacional. O presente estudo teve como objetivo
caracterizar a qualidade da água captada nas represas de Joanes I e Ipitanga I.
Esses mananciais abastecem as ETAs Teodoro Sampaio e Vieira de Melo,
ambas localizadas no Parque Bolandeira. As coletas foram realizadas
semestralmente, durante os anos de 2011 a agosto de 2018. Para avaliação da
qualidade da água foi utilizado o Índice de Qualidade da Água (IQA), proposto
pela Embasa, e o Índice de Estado Trófico (IET), proposto pela Cetesb. Os
resultados do IQA indicaram uma variação de qualidade entre as faixas “Bom” a
“Ruim” nos dois pontos de captação. Quanto aos resultados do IET foi observado
níveis de trofia que oscilou entre “Eutrófico” a “Hipereutrófico” no ponto de
captação do JOI – Represa e “Mesotrófico” a “Supereutrófico” no ponto IPI –
Represa. Utilizando os resultados da precipitação acumulada nos meses
correlatos a geração do IQA e IET, foi verificado a relação entre índices
pluviométricos com a melhoria ou decaimento da qualidade da água dos pontos
estudados. Observou-se que determinado volume de água pode proporcionar
tanto o decaimento como contribuir para a melhoria da qualidade da água e seu
estado trófico.

 Objetivo

Caracterizar a qualidade da água bruta dos pontos de captação das


represas de Joanes I e Ipitanga I, por meio da utilização do Índice de Estado
Trófico (Cetesb, 2005) e do Índice de Qualidade da Água (Embasa, 2006),
verificando se há correlação entre a qualidade da água e os índices
pluviométricos.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Thiago Hiroshi de Oliveira, Jorge Luís Rocha de Amorim e Ana Paula Medina
Seixas.
 Metodologia

Área de estudo
As captações do Sistema Bolandeira estão localizadas na bacia
hidrográfica do Joanes na Região de Planejamento e Gestão das Águas do
Recôncavo Norte. A bacia do Joanes tem, em seu curso d’água principal, dois
barramentos que dão origem a represa de Joanes II e I. No rio Ipitanga, principal
afluente do Joanes, também há dois barramentos que possibilitam a formação
das represas do Ipitanga II e I. Essas represas estão inseridas na Área de
Proteção Ambiental do Joanes/Ipitanga. Para esse estudo foram consideradas
as represas de Joanes I e Ipitanga I, que abastecem as ETAs de Vieira Melo e
Teodoro Sampaio, ambas localizadas no Parque da Bolandeira. Os pontos de
amostragens das captações foram selecionados em 2006, no âmbito do
Programa de Monitoramento Georreferenciado – PMG, e atendem a Portaria de
Consolidação n. 5 de 28 de setembro de 2017, anexo XX, e a Resolução
Conama n. 357 de 17 de março de 2005.
Coletas e análises
Para os procedimentos de coleta e armazenamento das amostras,
utilizou-se o Manual das Técnicas de Coleta da Embasa – MAN.CL.002. Revisão
04 de 04 de novembro de 2016. As análises foram realizadas no Laboratório
Central da Embasa, especificamente nas Salas de Ensaio de bacteriologia
(Escherichia coli), hidrobiologia (Clorofila-a), físico-química de água (Nitrato,
turbidez e pH) e na sala de monitoramento ambiental (OD, DBO, Fósforo Total e
Sólidos Totais). As determinações analíticas foram realizadas conforme os
procedimentos estabelecidos no Standard Methods. Realizou-se uma avaliação
simplificada dos dados disponíveis que possibilitam gerar o Índice de Qualidade
da Água – IQA, proposto pela Embasa (2006), e o Índice de Estado Trófico –
IET, proposto pela Cetesb (2005). A utilização de índices tem como vantagem
facilitar a interpretação dos dados pelo público leigo, pois representam uma
média das variáveis utilizadas em um único resultado, combinando unidades de
medidas diferenciadas.
Índice de Estado Trófico
O Índice do Estado Trófico é formado pelo Índice do Estado Trófico para
o fósforo – IET (PT) e o Índice do Estado Trófico para a clorofila a – IET (CL),
proposto pela Cetesb (2005) e estabelecido para ambientes lêntico as seguintes
equações:
IET (PT) = 10x (6 - ((1,77 – 0,42 x (In PT))/In 2)) Equação (1)
IET (CL) = 10x (6 - ((0,92 – 0,34 x (In CL))/In 2)) Equação (2)
Cálculo do IET
Equação (3)
IET = [IET (PT) + IET (CL)]/2
Onde:

 PT: concentração de Fósforo Total (em mg.L-1);


 CL: concentração de Clorofila-a (em mg.L-1);
 In: é o logaritmo natural
O resultado é indicado por classe de trofia de acordo as faixas de valores
apresentados no Quadro 1.

Quadro 1. Classificação do Índice de Estado Trófico de acordo com os valores adotados pela
Cetesb (2005).

Índice de Qualidade da Água


O IQA adotado pela Embasa considerou os parâmetros envolvidos nos
modelos utilizados pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos de Porto
Alegre – DMAE e pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de
São Paulo – Cetesb, com a finalidade de verificar qual deles melhor se ajustaria
a realidade da rotina de análises laboratoriais da Embasa. Para isso, foram
realizadas análises de vários aspectos, mas ao final, definiu-se que o IQA do
DMAE se mostrou mais adequado por utilizar parâmetros, exceto sólidos totais,
já monitorados pela Embasa. Simulações foram realizadas e verificou se que a
utilização de um ou outro modelo leva a valores de IQA muito próximos, que se
mantem na mesma faixa de qualidade da água. Por isso, o IQA utilizado pela
Embasa é uma adequação do índice utilizado pelo Departamento Municipal de
Água e Esgotos de Porto Alegre – DMAE. A adequação consistiu em uma
adaptação no cálculo do índice referente aos parâmetros OD, que é dependente
da temperatura. Para isso, considerou-se que as temperaturas na região
Nordeste não apresentam variações acentuadas e adotou se o valor médio de
27,5 oC, obtido no período de 2003 a 2005, em amostras de água das represas
do SIAA de Salvador. Por conseguinte, o IQA Embasa abrange os seguintes
parâmetros: Oxigênio Dissolvido (OD), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO),
Coliformes Termotolerantes, pH, Fósforo Total, Nitrato, Turbidez, sólidos totais.

O IQA é obtido pelo produto ponderado dos valores obtidos para os


referidos parâmetros (Equação 4):
Onde:

qi: qualidade do i-ésimo parâmetro, um número entre 0 e 100, obtido da


respectiva curva média de variação de qualidade, em função de sua
concentração ou medida;

Wi: peso correspondente ao i-ésimo parâmetro, um número entre 0 e 1,


atribuído em função da sua importância para a conformação global de qualidade,
sendo que (equação 5):

Onde:
n: número de parâmetros que entram no cálculo do IQA.

Obtido o resultado do cálculo, determina-se a qualidade das águas,


indicada por meio de valores que variam por meio de uma escala entre 0 e 100,
conforme faixas indicadas no Quadro 2.

Quadro 2. Classificação do Índice de Qualidade da Água de acordo com os valores adotados


pela Embasa.

Índices Pluviométricos
A pluviometria mensal foi obtida no banco de dados da Unidade Setorial
de Captação e Adução da Região Metropolitana de Salvador para o período
janeiro de 2011 a agosto de 2018.

 Resultados e Discussão

Os índices desempenham importante papel no processo de tradução dos


resultados por serem facilmente compreendidos. Entretanto, os resultados
podem sofrer alterações na qualidade da água e variam de acordo com o clima,
com as características físicas e biológicas dos ecossistemas correspondentes,
devido à contínua e constante interação entre a litosfera, a biosfera e a
atmosfera. Esses processos ocorrem naturalmente, a partir da precipitação
pluviométrica, que proporciona o escoamento superficial, responsável pelo
carreamento em direção aos cursos d’água, do material particulado gerado a
partir do impacto da gota de chuva no solo e dos íons oriundos da dissolução
das rochas, além de carbono orgânico e composto nitrogenado (SANTOS et al.,
2018).
Índice de Qualidade da Água
Os resultados obtidos nos cálculos do IQA dos pontos analisados,
indicaram que a qualidade da água variou entre as faixas de “Bom” a “Ruim”
tanto no ponto de captação da represa Joanes I (JOI Represa), quanto no da
represa Ipitanga I (IPI – Represa).

Comparando os resultados do IQA Embasa com a precipitação


acumulada no mês correspondente, observa-se que nem sempre o aumento dos
índices pluviométricos contribuiu para a melhoria da qualidade da água dos
pontos JOI-Represa e IPI Represa, Figuras 1e 2, respectivamente.

Figura 1. Resultados do Índice de Qualidade da Água (Embasa, 2006) do ponto de


amostragem JOI – Represa e a precipitação acumulada no mês correspondente.
Figura 2. Resultados do Índice de Qualidade da Água (Embasa, 2006) do ponto de
amostragem IPI – Represa e a precipitação acumulada no mês correspondente.

Índice de Estado Trófico


Os resultados obtidos nos cálculos do IET dos pontos analisados,
indicaram que o estado trófico dos pontos analisados variou entre as faixas de
“Eutrófico” a “Hipereutrófico” no ponto de captação do JOI – Represa e no IPI –
Represa de “Mesotrófico” a “Supereutrófico”. Comparando os resultados do IET
com a precipitação acumulada no mês correspondente, verifica-se que quando
há um aumento substancial dos índices pluviométricos, ocorre uma redução do
estado trófico dos pontos analisados, contudo se mantendo na categoria de
ambientes eutrofizados.

Figura 3. Resultados do Índice de Estado Trófico (Cetesb, 2005) do ponto de amostragem JOI
– Represa e a precipitação acumulada no mês correspondente.
Figura 4. Resultados do Índice de Estado Trófico (Cetesb, 2005) do ponto de amostragem IPI
– Represa e a precipitação acumulada no mês correspondente.

 Conclusão

O monitoramento da qualidade das águas captadas das represas Joanes


I e Ipitanga I sinalizou que os pontos de captação analisados apresentam uma
variação de qualidade entre as faixas “Bom” a “Ruim”. Quanto aos resultados do
IET foi observado níveis de trofia que oscilou entre “Eutrófico” a “Hipereutrófico”
no ponto de captação do JOI – Represa e “Mesotrófico” a “Supereutrófico” no
ponto IPI – Represa.

Quanto aos resultados da precipitação acumulada nos meses correlatos


a geração do IQA e IET, observou-se que determinado volume precipitado pode
proporcionar tanto o decaimento, como contribuir para a melhoria da qualidade
da água e seu estado trófico.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Thiago Hiroshi de Oliveira, Jorge Luís Rocha de Amorim e Ana Paula Medina
Seixas.
CAPÍTULO 5: Aplicação do Tanino Catiônico como Coagulante Primário em
ETA de Tratamento Convencional

 Resumo

O sulfato de alumínio líquido é o principal coagulante utilizado nas ETAs


da EMBASA. O produto apresenta desempenho satisfatório no tratamento, mas
são observadas algumas limitações principalmente ao tratamento de água bruta
que apresenta elevado teor matéria orgânica dissolvida, alta cor aparente, baixa
turbidez, presença de ferro e manganês. Estas características demandam
maiores dosagens do produto e maiores dosagens de oxidantes, acarretando em
maior custo e muitas vezes perda de qualidade devido à presença de residuais
acima dos limites estabelecidos pela legislação e redução na vazão de água
tratada devido ao aumento na frequência de descargas e lavagens de filtros. A
ETA do SIAA de Mulungu do Morro é uma estação do tipo convencional, cuja
água bruta apresenta estas características que tornam a aplicação do sulfato de
alumínio ineficiente no tratamento. Entre os dias 08/06/2018 e 31/07/2018,
perfazendo 54 dias, pesquisou-se a aplicação em planta do tanino catiônico
como coagulante primário em substituição total ao sulfato de alumínio. Foram
observados em relação aos valores dos últimos três meses anteriores à
pesquisa, redução no consumo (kg) em 42,6% e redução de 16,3% em relação
ao custo (R$) de produtos químicos. Durante o período, foram observadas
também melhorias significativas na qualidade da água tratada.

 Introdução

O sulfato de alumínio nas suas formas líquidas e sólidas é o coagulante


inorgânico mais utilizado no Brasil e na Embasa é o mais utilizado, sendo que a
forma líquida é menos geradora de resíduos e menos impactante ao meio
ambiente do que este produto na sua forma sólida. O produto é eficiente no
tratamento da água, mas apresenta como principais inconvenientes: atuação em
faixa limitada de pH, o consumo elevado em águas com alta alcalinidade, a
formação de alumínio residual na água tratada e a geração de efluentes com
quantidade expressiva de alumínio, situações que podem aumentar o custo do
tratamento e trazer prejuízos a saúde pública e ao meio ambiente.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Antônio de Freitas Coelho, Ana Paula Medina Seixas e Noelson Dória de Aquino.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu o limite máximo
para concentração de alumínio residual na água potável de 0,2 mg/l, repassada
no Brasil pelo Ministério da Saúde por meio da Portaria 2.914/2011(Portaria
Consolidação N° 5, Anexo XX), pois se acredita que esta substância acima deste
limite possa prejudicar a saúde humana devido à sua ação neurotóxica, sendo
um dos responsáveis por doenças como o mal de Alzheimer. Entretanto, o meio
científico ainda discute se realmente o alumínio residual na água tratada possa
ser prejudicial à saúde. De qualquer forma, o estabelecimento do limite de
alumínio em 0,2 mg/l deve ser atendido.

Os efluentes gerados no tratamento da água com o sulfato de alumínio


contêm principalmente quantidades elevadas de alumínio e ferro, sólidos totais
dissolvidos e DQO elevados, características que tornam estes efluentes nocivos
ao meio ambiente quando lançados no solo ou em um corpo hídrico qualquer.
De acordo com a legislação ambiental brasileira, estes efluentes devem ser
desidratados e os sólidos destinados em aterro sanitário, situação que provoca
aumento do custo do tratamento em uma ETA, que além do tratamento da água,
deverá possuir e operar uma estação de tratamento de efluentes.

O tanino é um polifenol extraído dos vegetais. Desde tempos remotos é


utilizado no processo de curtimento do couro, pois apresenta capacidade de
precipitar proteínas (SILVA, 1999). O tanino catiônico utilizado como coagulante
e no tratamento da água é extraído da casca da planta acácia negra e passado
pelo processo de conhecido como Reação de Mannich. (MANGRICH et al,
2014). Este produto consiste é um polímero orgânico de baixo peso molecular e
que atua como: coagulante; floculante; e auxiliar de coagulação no tratamento
de águas em geral.

O uso deste produto vem crescendo no país em substituição aos


coagulantes metálicos, tendo maior destaque ao tratamento de efluentes.
Entretanto, a empresa de saneamento COMUSA, Serviço Autônomo de Água e
Esgoto (SAAE) do município de Novo Hamburgo, RS, utiliza o tanfloc em
substituição total ao sulfato de alumínio em sua planta de tratamento de água
para abastecimento humano, cuja vazão é de 2.375 m 3/hora (VANACOR, 2005).
A partir de abril 2018, o manancial que abastece o SIAA de Mulungu do
Morro apresentou características físico-químicas (ferro e matéria orgânica
principalmente) que tornaram o tratamento difícil para o uso do coagulante
sulfato de alumínio, refletindo em perdas de qualidade da água produzida, na
queda dos indicadores e reclamações da população abastecida. Foram
registradas também perdas de volume produzido e aumento no consumo de
oxidante, no caso o cloro (dicloroisocianurato de sódio), aumentando assim o
custo do tratamento. A solução foi buscar um coagulante alternativo para
utilização na ETA.
 Materiais e Métodos

A estação utilizada neste trabalho foi a ETA de Várzea do Cerco,


localizada no município de Mulungu do Morro, operada pela Embasa, situada no
Centro-Norte baiano, região de clima semiárido. Esta estação é do tipo
convencional de vazão nominal de 75 L/s, mas atualmente opera com vazão de
55 L/s, para atender às demandas do Sistema Integrado de Abastecimento de
Água de Mulungu do Morro, cujas características hidráulicas estão mostradas na
Quadro 1. A água bruta apresenta características peculiares como cor elevada,
turbidez baixa, pH ácido, e alcalinidade baixa, conforme Quadro 2.

Quadro 1: Características hidráulicas da ETA de Várzea do Cerco.

Quadro 2: Características da água bruta na ETA de Várzea do Cerco, de acordo com valores
médios observados em 2018 (jan a jul).

A aplicação em planta foi realizada entre os dias 08/06/2018 e 31/07/2018,


perfazendo o total de 54, após a determinação da dosagem ideal em ensaios de
Jartest.

O monitoramento físico-químico da água foi realizado a cada duas. Os


parâmetros monitorados foram cor aparente, pH, turbidez, cloro residual,
conforme procedimento operacional da ETA. Foram monitoradas: a água bruta,
decantada, filtrada e clorada.

O tanino catiônico utilizado foi o Tanfloc SG, utilizado como coagulante


primário em substituição total ao sulfato de alumínio. O Tanfloc SG utilizado na
ETA foi o produto em pó, preparando-se a solução a 25% m/m para dosagem.
Figura 1: Preparação da solução de Tanfloc SG a partir do produto em pó.

 Resultados e Discussão

Antes da aplicação, eram dosados na calha Parshall dicloroisocianurato


de sódio como agente oxidante, barrilha como alcalinizante e sulfato de alumínio
líquido como coagulante. Todos esses produtos dosados na calha foram
substituídos pelo Tanfloc SG na dosagem de 9,0 mg/L em base sólida, obtida
após ensaios e observação em planta.

Além da redução na quantidade de produtos dosados, obteve-se também


redução na quantidade de bombas dosadoras utilizadas, reduzindo para
utilização de apenas um equipamento nesta etapa.

Durante o período da aplicação, a cor aparente da água bruta variou entre


45 e 266 uH, apresentando valor médio de 68,6 uH. A água tratada apresentou
variação de cor aparente de 0 a 18,8 uH, apresentando média de 5,5 uH. As
figuras abaixo mostram essas variações ao longo do período.

Antes da aplicação do produto na ETA, a água bruta apresentou


condições de difícil tratamento com o sulfato de alumínio líquido principalmente
pela grande quantidade de matéria orgânica e ferro na água bruta. Nesse
período, muito lodo flotava nos floculadores, trabalho o trabalho de limpeza da
equipe de operação. Abaixo seguem imagens das unidades de tratamento nesse
período.
Figura 2: Variação da cor aparente da água bruta ao longo do período de aplicação do Tanfloc
SG.

Figura 3: Variação da cor aparente da água tratada ao longo do período de aplicação do


Tanfloc SG.
Figura 4: Aspectos das unidades de tratamento observados antes da aplicação do Tanfloc SG
na ETA.

Durante a aplicação do tanino catiônico na ETA, o aspecto observado foi


diferente, apresentando menor flotação de lodo nos floculadores e melhor
decantação, conforme imagens abaixo. A reação deste coagulante com a
matéria orgânica e o ferro presentes na água origina flocos escuros e mais
densos, melhorando o tratamento na ETA.
Figura 5: Aspectos das unidades de tratamento observados após da aplicação do Tanfloc SG
na ETA.

Os resultados físico-químicos e operacionais obtidos com a utilização do


Tanfloc foram similares àqueles observados com a utilização do sulfato de
alumínio, propiciando o tratamento adequado da água de acordo com as
exigências da legislação do Ministério da Saúde e sem comprometer o
abastecimento do SIAA de Mulungu do Morro.
Durante a pesquisa houve redução expressiva na quantidade de produtos
químicos utilizados na estação. O consumo médio entre os meses de março a
maio foi de 4.295,3 kg, enquanto que o consumo médio entre os meses de junho
e julho foi de 2.456,5 kg, representando redução de 42,6%.
Figura 6: Consumo de produtos químicos na ETA de Várzea do Cerco observado em 2018.

A redução no consumo de cloro pode significar redução expressiva na


formação de trihalometanos na água tratada. Parâmetro que não foi mensurado
durante o período da aplicação do produto na ETA.

A não utilização de sulfato de alumínio pode significar na diminuição do


alumínio residual na água tratada, parâmetro que não foi mensurado neste teste,
sendo necessários testes futuros para avaliar o desempenho do Tanfloc nesse
parâmetro. De acordo com o fabricante, além de reduzir ou dispensar o consumo
de sulfato de alumínio, o Tanfloc teria ação quelante em metais, principalmente
o alumínio e ferro, reduzindo a concentração destes na água tratada.

Em relação ao custo total médio de tratamento, o valor entre os meses de


março a maio foi de R$ 236,85/1.000 m³. Este valor em relação à média entre os
meses de junho e julho foi de R$ 198,35/1.000 m³, representando redução de
16,3%.
Figura 7: Custo médio de tratamento considerando todos os produtos químicos utilizados em
2018.

Durante o período de aplicação na ETA, houve melhoria significativa na


qualidade de água tratada, conforme a figura abaixo, sendo possível a
recuperação do indicador de qualidade para dentro da meta corporativa (99%).
Este indicador ICP (Índice de Conformidade de água Produzida) relaciona
parâmetros físico-químicos da água tratada como cor aparente, turbidez e cloro
residual, assim como parâmetros bacteriológicos, como coliformes totais e a
bactéria Escherichia coli.

Figura 8: Desempenho do indicador de qualidade da água tratada ETA de Várzea do Cerco em


2018.
Os efluentes de água tratada apenas com o Tanfloc são muito menos
agressivos e podem ser utilizados como fertilizantes em culturas agrícolas,
situação que poderia transformar um problema sério de impactos ambientais em
geração de renda para agricultores interessados e contribuiria para a
preservação do meio ambiente (CRUZ, 2004; MANGRICH et al, 2014). Esse uso
do Tanfloc poderia ser melhor analisado, pois os custos de construção e
operação de unidades de tratamento de efluentes em ETA têm se mostrados
muito caros e a utilização apenas do Tanfloc como coagulante poderia dispensar
essas unidades de tratamento de efluentes e poderia compensar esses custos.

Outra questão a considerar é que o Tanfloc é oriundo de fontes


renováveis, no caso da casca de planta acácia negra cultivada em áreas de
reflorestamento e produzido de forma sustentável, processo que não ocorre na
produção dos coagulantes inorgânicos, que são dependentes da extração
mineral, sendo, portanto, oriundo de fontes não renováveis.

Devido a estas características no processo produtivo do Tanfloc, a


aquisição deste produto poderia ser convertida em créditos de carbono para
empresa que fizer uso deste, pois estaria contribuindo indiretamente para
redução de gases de efeito estufa, representando assim mais um ganho
ambiental do produto.

 Conclusões

A aplicação do Tanfloc SG na ETA de Várzea do Cerco durante o período


de 54 dias (entre os dias 08/08/2018 e 31/07/2018) propiciou redução
significativa no consumo de produtos químicos e melhoria na qualidade da água
tratada, sem causar interrupções no fornecimento de água para população
abastecida, refletindo no atendimento da meta e na ausência de reclamações
dos clientes sobre a água tratada.

Com a redução dos produtos barrilha, dicloro e sulfato de alumínio, foi


possível economizar 16,3% no custo mensal de produtos químicos em relação à
média dos últimos três meses (março, abril e maio de 2018) na ETA do SIAA de
Mulungu do Morro.
Neste trabalho, a aplicação do Tanfloc SG foi financeiramente mais
econômica e apresentando o menor consumo de produtos do que a aplicação
do sulfato de alumínio, mostrando que maior diversidade de produtos químicos
à disposição do tratamento da água pode trazer, além de economia, melhoria na
qualidade da água distribuída à população.

 Recomendações

O teste apresentado neste trabalho foi muito promissor. Recomendamos


a aquisição do Tanfloc SG para aplicação contínua na ETA do SIAA de Mulungu
do Morro e recomendamos novas pesquisas em outros Sistemas de
Abastecimento de Água.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Antônio de Freitas Coelho, Ana Paula Medina Seixas e Noelson Dória de Aquino.
CAPÍTULO 6: Avaliação do Potencial de Aplicação dos Subprodutos
Gerados com o Tratamento de Esgotos domésticos na Região Semiárida

 Resumo

Tendo como referência os conceitos associados ao ecossaneamento


avaliou-se a aplicação dos subprodutos do tratamento de efluentes domésticos
gerados por três hipotéticos arranjos tecnológicos de Estações de Tratamento
de Esgotos, todos eles utilizando reatores UASB na fase anaeróbia, porém com
distintas tecnologias para o pós-tratamento do efluente de reator anaeróbio filtro
biológico percolador (layout 1); lodos ativados (layout 2) e filtro anaeróbio (layout
3). Os diferentes layouts foram avaliados quanto à possibilidade de geração de
energia elétrica e térmica a partir do biogás, aplicação dos biossólidos na
agricultura, e uso do efluente tratado como via de utilização de fertilizante para
o cultivo de palma forrageira no semiárido brasileiro. Os dados sugerem que a
geração de energia térmica a partir do biogás mostra-se satisfatória para
realização da secagem térmica do lodo permitindo a sua aplicação como
biossólido na agricultura. A utilização do efluente tratado, além de contribuir com
o fornecimento de água, também contribui para o suprimento de macronutrientes
necessários para o cultivo da palma forrageira.

 Objetivo

O objetivo do presente artigo foi de avaliar a capacidade de três distintos


arranjos em contribuir em ações de convivência com a seca utilizando práticas
inspiradas nos conceitos associados ao Ecossaneamento.

 Metodologia

Em estudo realizado no estado da Bahia, por Marques (2017), em


municípios de pequeno porte, observou-se a predominância de reator UASB
como principal tecnologia de tratamento nos sistemas operados pela Empresa
Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA), visto que dentre as suas diversas
características, as elevadas temperaturas do semiárido brasileiro são favoráveis
ao processo de digestão anaeróbio. Sendo assim, os reatores UASB foram
escolhidos como sistema de tratamento primário de esgotos em todos os três
layouts de ETE.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Everaldo Evaristo dos Santos Neto.
No entanto, o efluente de reatores UASB ainda carece de pós tratamento
para conferir segurança e maior estabilidade da qualidade do efluente. Sendo
assim, foram inseridos como pós-tratamento a aplicação de FBP (layout 1), LA
(layout 2) e FAn (layout 3). O efluente após esses arranjos tecnológicos
geralmente apresenta baixa turbidez, e possuem baixa concentração de matéria
orgânica, inclusive dissolvida, quando comparados com o efluente bruto. De
acordo com Chernicharo (2007), são indicados para a disposição no solo, não
somente por infiltração, mas, também para a irrigação com fins de produção
agrícola, desde que sejam resguardadas as preocupações com microrganismos
patogênicos.
Caracterização do esgoto bruto e efluente tratado
De acordo com Von Sperling (2005), para regiões com pequenas
populações de até 5 mil habitantes, a contribuição per capita de esgotos varia
entre 90 e 140 L/hab.d. A Tabela 1 apresenta os valores adotados para a
determinação da vazão de esgoto bruto afluente à ETE. Para a determinação da
vazão afluente não foram consideradas taxas de infiltração e nem perdas por
evaporação no sistema.

Tabela 1: Caracterização da vazão afluente à ETE.

As concentrações médias do efluente foram extraídas de um estudo


realizado por Oliveira & Sperling (2005). A Tabela 2 apresenta as concentrações
do esgoto bruto afluente à ETE.

Tabela 2: Concentração do esgoto bruto da ETE.

O dimensionamento do reator UASB, Filtro Biológico Percolador (FBP) e


Filtro Anaeróbio (FAn) foi realizado de acordo com o modelo proposto por
Chernicharo (2007). O dimensionamento do Lodo Ativado foi realizado segundo
modelo proposto por Von Sperling et al. (2001). As eficiências de remoção
esperadas para os três layouts de tratamento de esgotos são apresentadas na
Tabela 3.
Tabela 3: Eficiências de remoção esperadas para os 3 layouts de tratamento.

Fonte: Chernicharo (2007), Oliveira & Sperling, (2005).

 Resultados e Discussão

Potencial energético do biogás para produção de energia térmica e


elétrica
Sabe-se que o aproveitamento energético do biogás ainda é muito
insipiente no Brasil, apesar do processo anaeróbio ter larga aplicação. A maioria
das estações de tratamento de esgoto não possui nenhum sistema de
gerenciamento de gases e efetuam o lançamento livremente na atmosfera,
desperdiçando assim o seu potencial energético. O aproveitamento energético
do biogás gerado em reatores anaeróbios, além de reduzir a emissão de gases
de efeito estufa, colabora para aumentar a eficiência energética global da
estação de tratamento.

A Tabela 4 apresenta a produção esperada de energia elétrica e térmica,


além da produção de lodo excedente para o tratamento dos esgotos domésticos
gerados por uma população de 5 mil habitantes, conforme dimensionamento
exposto na tabela 3.
Tabela 4: Estimativa da produção de biogás no reator UASB e o seu potencial energético, bem
como a produção de lodo para os dois layouts de estações de tratamento de esgoto.

*Por meio da utilização de microturbina.

Para reatores anaeróbios com baixa capacidade de produção e


recuperação de metano, a exemplo dos sistemas de menor porte, ou que
apresentem maiores teores de sulfato no afluente e elevadas perdas de metano
dissolvido no efluente, por não ser viável economicamente a utilização de
equipamentos para geração de eletricidade a partir do biogás, a principal
alternativa que se apresenta é a utilização da câmara de combustão direta com
recuperação de energia térmica para geração de calor a partir do biogás gerado
nos reatores UASB, ou também pode ser utilizado como alternativa de
recuperação de calor uma caldeira. O calor gerado nesses equipamentos pode
ser fornecido a um secador térmico com o objetivo de reduzir a umidade e
higienizar o lodo excedente dos reatores UASB (Lobato, 2011).

O lodo anaeróbio, embora produzido em menores quantidades e com


maior grau de estabilização quando comparado aos sistemas aeróbios de
tratamento, ainda necessita das etapas de desidratação e de higienização, em
caso de uso agrícola, devido à presença de patógenos. Neste contexto, a
secagem térmica do lodo promove a redução da umidade, bem como, a
inativação dos organismos patogênicos proporcionando a utilização do lodo seco
como fertilizante na agricultura e na recuperação de áreas degradadas.

O balanço térmico dos sistemas analisados, em termos de energia


calorífica teoricamente produzida (Ep) e a ganha pelo lodo (Eg), resultou para o
layout 1 igual a 563.687 e 108.201 kcal/dia, respectivamente. Assim,
comparando-se a Ep e Eg verifica-se um aproveitamento de 20% entre o
processo de queima do biogás e o de aquecimento do lodo tendo resultado,
portanto, em uma perda de 80% da energia térmica teoricamente produzida. Já
para o layout 2, a energia térmica produzida pelo lodo foi igual 603.859 kcal/dia
e a energia demanda pelo lodo é de 194.371 kcal/dia, ou seja, há um
aproveitamento de 32% da energia térmica produzida. Portanto, a energia
térmica do biogás produzido em 24 horas seria suficiente para aquecer o volume
teórico de lodo produzido em ambos os layouts neste mesmo período.

Utilização do lodo na agricultura


No nordeste brasileiro é interessante economicamente a aplicação dos
biossólidos com fertilizante para o cultivo da palma forrageira que tem se
destacado por sua função ambiental, pois é uma cultura permanente utilizada no
semiárido como alimentação de animais, por ser composta por 90% de água e
minerais como cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+), sódio (Na+) e potássio (K+) e em
vitaminas A B e C, além de que requer pouca água em seu cultivo e apresentar
produção de baixo custo. (SARAIVA,2017).

Estudo realizado por Saraiva (2017), com o objetivo de avaliar os efeitos


da adubação com biossólido em área degradada cultivada com palma forrageira
no semiárido brasileiro, revelou que o cultivo da palma foi favorável a adubação
orgânica, refletindo diretamente sobre a produção de massa verde, altura e
largura da planta, além de ter restaurado a fertilidade do solo degradado.
A produção de lodo excedente em reator UASB dimensionado para
realizar o tratamento de esgotos domésticos provenientes de uma população de
5 mil habitantes é igual a 72,0 KgSST/d. Portanto, após a secagem térmica do
lodo é gerado um volume mensal de biossólidos igual 4,92 m³ disponíveis para
aplicação na agricultura como fertilizante orgânico, contribuindo com o
suprimento de macronutrientes em solos pobres em matéria orgânica como a
maioria dos solos do semiárido.

Reuso do efluente tratado para a fertirrigação


A região semiárida do nordeste do Brasil é caracterizada por apresentar
um curto período chuvoso, temperatura elevada e alta taxa de evaporação.
Quanto à quantidade de água no solo disponível às plantas, nessa região
registra-se uma deficiência hídrica na grande maioria dos meses do ano. Diante
desse cenário, o reuso planejado de águas residuárias domésticas na agricultura
vem sendo apontado como uma medida para atenuar o problema da escassez
hídrica na região semiárida, sendo uma alternativa para os agricultores e
contribuindo com a convivência com a seca.

Pesquisa de campo realizada com o plantio de palma gigante,


desenvolvida nos municípios de Lajes e Angicos no Rio Grande do Norte
alcançou produções superiores a 600 t ha-1 ano-1 de matéria verde (LIMA, 2009).
Lemos (2016), relata que em plantios de palma realizados em altas densidades,
de 50 a 100 mil plantas por hectare com irrigação por gotejamento de pequena
intensidade (5 litros por m2, ou seja, 5 mm a cada 15 dias) e fertilização orgânica
e química, alcançaram não apenas 600 t ha-1 no primeiro ano de cultivo, mas
rendimentos de 800 t ha-1 e até superiores.

Considerando a taxa de irrigação citada por Lemos (2016), de 5 L.m -2 a


cada 15 dias, seriam necessários 121,67 L a cada ano para irrigar 1 m 2,
considerando que cada ano seriam necessários 24,33 ciclos de irrigação. Desta
forma, os 146.000 m³.ano-1 de efluente tratados pelo sistema fictício em análise
possuem o potencial de irrigar 119,997 ha de plantação de palma forrageira,
produzindo assim potencialmente alimentação para 3945,10 bovinos por ano.

Já LIMA et.al., (2015) relatam que o plantio de palma pode ser realizado
em taxa de aplicação que varia entre 50 e 75 m³ha-1.mês-1, a uma produtividade
de 600 ton.ha-1.ano-1. Com esta taxa de aplicação, potencialmente poderá ser
irrigado, com 146.000 m³.ano 1 de efluente tratado, entre 162,22 e 243,33 ha,
produzindo entre 9,73 x 104 e 14,60 x 104 ton.ano -1 de palma forrageira, o que
possibilita alimentar entre 5.333 e 8.000 bovinos ao ano. Lemos (2016), em seu
estudo buscou avaliar o uso de esgoto doméstico tratado na produção de palma
forrageira, comparando a produtividade de palma com distintas densidades de
plantio, frequência de irrigação e irrigação com esgoto tratado, água de poço
artesiano tubular, e sem irrigação, constatou que a melhor produtividade
encontrada, de 1.052,04 t há-1 ano-1 foi utilizando a fertirrigação, a cada 7 dias
com aplicação de 3,5 L.m-2, o que implica em um consumo anual de 182,5 L m-2
ano-1.
Com estas taxas, e considerando o volume gerado pelo sistema fictício,
objeto deste estudo de caso, seria possível, considerando sempre o consumo de
50 kg de palma por animal diariamente, alimentar 4.611,68 bovinos. É um valor
reduzido quando comparado aos outros valores relatados pela literatura, no
entanto, no mesmo estudo, Lemos (2016) avaliou, sob as mesmas condições, a
irrigação da palma com água oriunda de poço artesiano, e com aplicações de
555,43 L m-2 ano-1 e de 91,25 L m-2 ano-1 alcançando uma produtividade de
824,29 t há-1 ano-1 e 891,16 t há-1 ano-1 respectivamente. O que neste caso
mostra que a utilização do esgoto, sob as mesmas condições, é mais produtiva.

 Conclusão

A utilização do biogás para geração de energia elétrica apresentou-se


inviável, pois a quantidade de energia gerada seria inadequada à prática,
sobretudo considerando o balanço energético do sistema que adotou o lodo
ativado. Além disso, destaca-se que a utilização de biogás para geração de
energia elétrica requer uma delicadeza operacional que é distante da realidade
dos municípios localizados no Semiárido. A utilização do biogás para a secagem
e higienização do lodo apresentou resultados satisfatórios, sendo que ainda
restou um saldo de aproximadamente 80% que poderia ser utilizado para outros
fins. Sugere-se avaliar o uso deste excedente para alimentação de casas de
farinha, em substituição ao uso da lenha nos fornos.

Como o processo de secagem térmica promove apenas a redução da


umidade por meio da evaporação da água, portanto, apenas a água e os
patógenos são removidos, os sólidos totais são mantidos praticamente
inalterados, a matéria orgânica e os nutrientes presente no lodo são
preservados, sendo assim, os biossólidos apresentam elevado potencial para
aplicação na agricultura. Após a secagem térmica do lodo produzido no reator
UASB tem-se disponível um volume mensal de biossólidos igual 4,92 m³ para a
aplicação como fertilizante. A utilização do efluente tratado na cultura da palma
forrageira apresentou resultados consistentes e um elevado potencial de uso. A
possibilidade de alimentar bovinos por todo o ano, possibilita, além de
proporcionar o desenvolvimento social e econômico, reduzir os impactos
ambientais associados à pecuário pois reduz a necessidade de áreas de pastos.
Ressalta-se que, por possuir reduzido teor de nitrogênio, em relação aos outros
modais tecnológicos, a utilização do UASB+LA pode produzir os mesmos
resultados, porém com maior segurança para o solo.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Everaldo Evaristo dos Santos Neto.
CAPÍTULO 7: Compilação de Dados CIAF por meio de Interface Gráfica XML
– Sistema SAPIENS 3.1

 Resumo

Com o intuito de concentrar o alto número de rotinas existentes nos


processos geridos por um Escritório Local (EL), e considerando a ausência de
modelos corporativos com informações digitais destinados as atividades
executadas rotineiramente, relativas aos processos de Faturamento,
Arrecadação e Serviços, o sistema SAPIENS foi desenvolvido para possibilitar
aos Escritórios o acesso facilitado às informações disponíveis no banco de dados
CIAF, que expõe de forma alfanumérica os dados geocodificados dos clientes
da Embasa. O sistema SAPIENS oferece modelagem e apresentação dos dados
por meio de interface gráfica leve e objetiva, possibilitando o acesso com
celeridade as informações em situações diversas, principalmente na área
comercial, na qual estão concentrados grande parte dos procedimentos
disponíveis nesse sistema. Concebido originalmente na plataforma de banco de
dados “Microsoft Access”, utilizando Linguagem de Consulta Estruturada (SQL)
e Visual Basic para desenvolvimento da estrutura de relacionamentos e filtros, e
de XML para a interface gráfica, se encontra totalmente migrado para a
plataforma independente “Microsoft Runtime 2010”, cedida gratuitamente pela
Microsoft. Apresentando assim, uma ferramenta de processamento de dados,
destinada a compilar e apresentar as informações de maneira fácil e intuitiva,
atuando no relacionamento de informações para o acompanhamento dos itens
de controle comerciais e operacionais.

 Introdução

A sociedade em geral e o ambiente corporativo ao longo dos anos vem


passando por grandes transformações culturais e tecnológicas por esse motivo
cresceu consideravelmente a velocidade no encontro de informações. Com o
objetivo de aprimorar as boas práticas na execução da rotina nas atividades de
Faturamento, Arrecadação e Serviços, o sistema SAPIENS (Módulo Comercial)
fazendo uso da base de dados CIAF, possibilita a geração de arquivos digitais
automaticamente preenchidos, tais como comunicados de débito, formulário de
suspensão de fornecimento de serviço, notificações diversas, controle de
hidrômetros (por idade, uso e tramitação) e acompanhamento de inativas
gerando pesquisas e sínteses. O SAPIENS tem por objetivo condensar e facilitar
o manuseio das informações digitais diminuindo o tempo de resposta para
resolução de problemas comuns aos ELs.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Luís Eduardo Moreira Figueiredo
Módulos de Práticas
O sistema SAPIENS, que se encontra em sua versão 3.1, foi divido em
módulos, denominamos de “Práticas”. A esse sistema, foi incorporado os
módulos de Práticas Comerciais, Operacionais, Administrativas e de
Manutenção no menu de atividades. O sistema permite atualizações conforme
os usuários identifiquem necessidades e melhorias a serem implementadas,
visto que se trata de uma plataforma extremamente flexível e em
desenvolvimento lacunar.

Figura 1: Tela inicial com menu em formato de blocos ordenado por Práticas das rotinas de
trabalho de cada processo.

Práticas Comerciais
Apresentaremos aqui o modulo referente a “Práticas Comerciais”,
concentra os procedimentos executados cotidianamente pelos processos de
Faturamento e Cobrança, possibilitando ao gestor o manuseio dos dados digitais
fornecidos por meio de banco de dados das localidades, gerado conforme
modelo padrão e por meio de listagens autopreenchidas pelo sistema de
consultas, documentos como: comunicados, cortes de fornecimento,
notificações, pesquisas e análises de dados.
Figura 2: Tela inicial com menu superior horizontal com lista de opções como atalho – Práticas
Comerciais selecionada.

Filtros Comerciais
Com base em filtros de SQL, o SAPIENS trabalha conectado a base de
dados extraída do arquivo CSV das localidades georeferenciadas, fornecido pelo
FT via FTP (Filezila) semanalmente. Aplicando as boas práticas no
gerenciamento da rotina nas atividades de Faturamento, Arrecadação e
Serviços, o sistema SAPIENS oferece uma maior agilidade na disponibilização
das informações para resolução de rotinas comuns aos Escritórios.

Figura 3: Tela do menu compacto referente aos filtros das Práticas Comerciais.
A aplicabilidade deste sistema se mostrou relevante principalmente nas
ações de Cobrança, por meio da geração de comunicados de débito com filtros
setoriais e no Faturamento por meio da emissão de notificações de consumo
elevado, pesquisa de critérios para retarifação de faturas, inativas apresentando
consumo, notificação de infração e cálculo de multas, conforme descrito abaixo:

Comunicado de Débito
Utilizando banco de dados com as informações do CIAF é possível
realizar a filtragem por meio de pesquisa declarativa com padrão relacional,
criando relação entre a quantidade de meses em débito (contas em faturamento
e contas já faturadas) e os setores comerciais de interesse para a ação. Podendo
realizar está pesquisa tanto por matrícula individualizada ou por lote (Todo um
grupo conforme parâmetro definido).

Figura 4: Tela do menu para filtragem conforme situação do Débito e Setor.

As Notificações e Suspensões de Fornecimento de Água geradas seguem


o padrão oficial da Embasa, trazem os dados básicos do cadastro do cliente, o
histórico dos débitos e código de barras para aceleração de triagem.
Figura 5: Notificação baseada em pesquisa de filtros em formato A5 para impressão.

Figura 6: Aviso de Execução de Suspensão de Fornecimento de Água em formato A5 para


impressão.
Informativo de Consumo Elevado
Por meio do relacionamento entre os dados de consumo médio e o
consumo atual, são filtrados os clientes que apresentaram Consumo Superior
(SP) à média, conforme tabela de limite superior.

Figura 7: Informativo de consumo elevado em formato A5 para impressão.

Atualização de Tarifa e Categoria


A fim de suprir carências no cumprimento das demandas referentes a
atualização cadastral de tarifas e categorias dos clientes do Escritório Local, o
sistema SAPIENS possibilita a geração de formulário para pesquisa de revisão
tarifária em modelo simplificado, filtrado por meio de parâmetros de classe
tarifária e situação da ligação de água, carregando o arquivo por meio de
listagem autopreenchida pelo sistema de consultas relacional.
Figura 8: Pesquisa para Revisão de Tarifária: Dados do Imóvel.

Figura 9: Pesquisa para Revisão de Tarifária: Dados do Uso do Terreno e Comunicado da


Revisão.
Supressão de Inativa Apresentando Consumo
O sistema de linguagem de pesquisa relacional possibilita também, o
cruzamento dos dados da situação da ligação com a data do último corte e
dessas com o consumo de agua ocorrido no período após a suspensão do
fornecimento de água, enquanto a ligação ainda se encontre em situação
inativada.

Figura 10: Form. de Inativa Apresentando Consumo com dados de consumo autopreenchidos.

Figura 11: Form. de Inativa Apresentando Consumo com Comunicado de Supressão.


Notificação de Infração
Os dados do cliente a ser notificado são preenchidos automaticamente,
no formulário padrão de notificação, tornando o layout mais limpo e eliminando
possíveis erros de grafia.

Figura 12: Notificação de Infração com autopreenchimento em formato A5 para impressão.

Controle do Parque de Hidrômetros


Por meio da estratificação da situação dos hidrômetros da localidade da
base de dados, o SAPIENS possibilita a listagem em formulários de pesquisa de
hidrômetros com mais de 10 anos de uso, com leitura de consumo superior a
3.000m³, as ligações sem hidrômetro, apresentação da média de idade do
parque, formulário para controle de tramitação de hidrômetro e identificação de
hidrômetros com consumo inferior a 5m³ por economia.
Figura 13: Pesquisa de Hidrômetros por limite de tempo e uso.

Figura 14: Cadastro de tramitação de hidrômetro e acompanhamento do consumo.


Figura 15: Relatório do Cadastro de tramitação de hidrômetro e acompanhamento do consumo
em formato A4 para impressão.

Cálculo e Apresentação de Multas


Com o Sistema SAPIENS é possível também realizar o cálculo de multas
a serem aplicadas, mediante a informação da categoria da ligação e do número
de meses a ser aplicada a projeção do consumo, conforme tabela de faixas de
consumo da Embasa. Apresentando ainda simulação de parcelamento com
variação do valor de entrada e com parcelas divididas em até 18 meses.
Figura 16: Calculadora de Multas dividida em opções por categoria.

Figura 17: Calculadora de Multas com projeção do consumo e simulador de parcelamento.


Figura 18: Apresentação da cobrança das sanções e serviços em formato A4 para impressão.

Acompanhamento de Inativas
O sistema de acompanhamento de inativas compila os dados referentes
a ligações inativas existentes no banco de dados da localidade, gerar pesquisas
para serem realizadas em campo no formato padrão de PLI e apresenta um
modelo de síntese dos dados pesquisados e cadastrados devidamente no
próprio sistema, para análise de forma setorial e apoio na tomada de decisões.

Figura 19: Cadastro de Perfil de Ligações Inativas de Água.


Figura 20: Síntese do Cadastro de Perfil de Ligações Inativas de Água.

O cadastro do perfil de ligações inativas, lhe possibilita observar a


situação da matrícula cadastrada conforme pesquisa em campo, e o consumo
médio, atual e dos últimos 6 meses da matrícula vizinha informada.

Figura 21: Filtro por matrículas cadastradas no Perfil de Ligações Inativas de Água.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Luís Eduardo Moreira Figueiredo.
CAPÍTULO 8: Diagnóstico das Perdas do Sistema de Produção de Água
Bruta para as Estações de Tratamento de Água que Abastecem Salvador e
Região Metropolitana

 Resumo

O Sistema Integrado de Abastecimento da RMS pode ser subdividido nos


Sistemas de Pedra do Cavalo, Joanes, Ipitanga e a transposição de Santa
Helena Esses sistemas são bem distintos entre si com diferenças significativas
na idade dos equipamentos e adutoras, localização em áreas urbanas e rurais,
distâncias até as ETAs, etc. Todos estes fatores acarretam diversos tipos de
riscos de vazamentos e perdas de água, neste sentido foi elaborado este
trabalho, visando diagnosticar as perdas existentes, especificamente, nos
sistemas de produção de água bruta captada e aduzida para serem tratada nas
seguintes Estações de Tratamento ETA Principal, Vieira de Melo, Teodoro
Sampaio e Suburbana. Foram efetuadas inspeções no campo em todas as
adutoras e no Canal, onde foram mapeados os vazamentos encontrados bem
como, verificado a confiabilidade dos meios de controle de medição das vazões
captadas em cada barragem em entrevistas com funcionários, tanto das
unidades operacionais quanto pela unidade responsável por este controle de
volumes produzidos no âmbito da RMS. Foram identificados diversos tipos e
intensidades de vazamentos físicos, alguns com soluções práticas, outras
complexas e de perdas de água que não são medidas, mas alimentam o
abastecimento de outros municípios, além da falta de instrumentos de medição
ou aparelhos descalibrados ou quebrados.

 Introdução

O Sistema de abastecimento de Salvador e Região Metropolitana nos


últimos anos vêm sofrendo com as variações climáticas que implicam na
ocorrência de prolongados períodos de secas, quando os reservatórios das
barragens geralmente atingem seus volumes operacionais mínimos,
evidenciando ainda mais, a necessidade de um controle sobre as perdas de água
bruta captada nesses mananciais e aduzidas para as Estações de Tratamento
de Água. Este controle visa tanto garantir atender a demanda de água tratada,
quanto otimizar ao máximo a utilização dos volumes outorgados.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Jorge Luís Rocha de Amorim, Ronaldo Leite e Ernesto Marcos Pugliesi Antuna.
 Sistema de Abastecimento da RMS

O estudo se baseou nas vazões de água bruta captada nas barragens e


aduzida para as Estações de Tratamento do Sistema de Abastecimento de
Salvador e Região Metropolitana. Conforme pode-se observar no croquis
esquemático da Figura 1, o sistema é composto atualmente por seis barragens:
Pedra do Cavalo, Joanes I, Joanes II, Ipitanga I, Ipitanga II, cinco estações
elevatórias de água bruta: Pedra do Cavalo, Joanes II, Santa Helena, Ipitanga I,
Ipitanga II além do Booster do Joanes I, e finalmente, temos aproximadamente
143 km de adutoras e 13 km de canal para interligar todas estas estruturas e
alimentar de água bruta quatro Estações de Tratamento de Água: ETA Principal,
Vieira de Melo, Teodoro Sampaio e Suburbana.

Figura 1: Sistema abastecimento de água - Salvador e RMS.

 Sistema das Adutoras que Aduzem Água Bruta para as


Estações de Tratamento de Água do Parque de Bolandeira

Este sistema que representa cerca de 30% do volume de água que


abastece a Salvador e sua Região Metropolitana é composto por três adutoras:

 Uma adutora de concreto de 1.500mm de diâmetro, construída em


1961 e com extensão de 22,5 Km da Barragem do Joanes I até o
Parque de Bolandeira. Para a medição das vazões aduzidas nesta
adutora, que opera por gravidade, foi instalado um adaptador tap
no início da tubulação para medições instantâneas e um medidor
ultrassônico instalado no final da tubulação e antes da sua chegada
em uma caixa de reunião no Parque da Bolandeira de onde as
águas são dirigidas para as respectivas Estações de Tratamento
Vieira de Melo e Teodoro Sampaio. Dessa maneira, para inferir as
perdas desta adução foi necessário realizar simultaneamente as
leituras da vazão instantânea, com o auxílio do tubo Pitot, cujo valor
foi de 1.110 L/s e, a leitura da vazão por meio do medidor
ultrassônico que apresentava o valor de 1.067 L/s, sendo
observada uma diferença de aproximadamente 43 L/s ou 3,85%.

 Uma adutora de aço com diâmetro de 1.500mm assentada em


1978 praticamente paralela com a adutora de concreto, também da
barragem do Joanes I até o Parque de Bolandeira, salienta-se que
nesta adutora de aço foi construído um Booster para otimizar sua
adução. Para o controle da vazão aduzida foram instalados
medidores ultrassônicos na saída do Booster e no final da adutora
num ponto imediatamente antes do entroncamento com a mesma
caixa de reunião localizada dentro do Parque da Bolandeira. Foram
realizadas leituras simultâneas nos dois aparelhos implicando
numa diferença de 134 L/s ou 9,2%, com os valores de 1.453 L/s
na saída do Booster e 1.318 L/s em Bolandeira

 Uma adutora de 750mm de aço, construída em 1950 que sai da


barragem do Ipitanga I até a ETA Teodoro Sampaio, na Bolandeira.
Não apresenta instrumentação de medição de vazão na saída da
captação, foi apenas instalado um adaptador tap para medição de
vazão instantânea, no final desta adutora, entretanto, existe um
medidor ultrassônico em funcionamento na chegada da ETA
Teodoro Sampaio. Após a execução de leituras simultâneas
verificou-se os resultados de 436 e 412 L/s respectivamente sendo
que não foram observados vazamentos significativos na inspeção
desta adutora.

Na Tabela 1 observam-se os resultados compilados das perdas


verificadas com as leituras de vazões simultâneas, onde os porcentuais
encontrados nas aduções pelo Joanes I (concreto) e Ipitanga I estão dentro da
faixa de tolerância dos instrumentos de medição 4 a 5%), salientando que nas
inspeções efetuadas ao longo destas duas adutoras não foram encontrados
vazamentos significativos, apenas a instalação de um tubo para furto de água
conforme apresentado na Foto 01. Com relação adutora de aço, as inspeções
de campo revelaram vazamento principalmente, em trechos aéreos, conforme
constata-se na Foto 02.

Tabela 1: Vazões do Sistema Bolandeira.


Foto 1: Roubo de água adutora de concreto. Foto 2: vazamento na adutora de aço.

 Sistema das Adutoras que Aduzem Água Bruta para a


Estação de Tratamento de Água Principal

Para atender a ETA PRINCIPAL, que atualmente é responsável por mais


de 60% do abastecimento de Salvador e Região Metropolitana, existem três
adutoras, sendo uma originada da Captação da Barragem de Pedra do Cavalo
e outras duas da captação no reservatório da Barragem de Joanes II.

 Uma adutora de água bruta de Pedra do Cavalo, que é a maior da


Embasa em volume aduzido, possui 67 km de extensão, construída
em 1985 e com diâmetros que variam de 2.000 e 2.300mm.
Destaca-se que existem 13 km desta adutora em que as
tubulações foram substituídas por um Canal revestido com
colchões de gabião. Para o monitoramento das vazões aduzidas
foi instalado na saída da captação um macromedidor tipo Venturi,
cujo sinal é transmitido para um painel de comando da sala de
operação da Captação que monitora a vazão instantânea captada.
A água então é recalcada e transportada por gravidade até o Canal
a céu aberto onde, na sua entrada, há um medidor do tipo calha
Parshall por meio do qual é realizada a medição da vazão afluente
ao canal. Não há medição na saída do canal, a próxima medição
de vazão somente será efetuada em um medidor ultrassônico
instalado na chegada da ETA Principal. Para o controle da vazão
aduzida por esta adutora foram efetuadas leituras de vazões
simultâneas no Venturi, na calha Parshall e no ultrassônico
instalado na chegada da ETA Principal onde foi observada as
seguintes vazões 7.187,0 l/s, 7.086,2 l/s e 6.500 l/s
respectivamente. Para caracterizar bem todos os parâmetros desta
adução, haja vista a grande quantidade de derivações existentes
ao longo dos 67 Km de adutora/Canal compreendendo desde a
Captação Pedra do Cavalo até a ETA Principal, foram realizadas
inspeções em todo o trecho visando verificar as perdas físicas do
sistema, sendo encontrado muitos vazamentos.
 Uma adutora de aço de 1.900mm de diâmetro e 5,9 km de extensão
aproximadamente, partindo da Captação da Barragem do Joanes
II até a ETA Principal. Atualmente existe apenas um medidor
ultrassônico instalado na saída desta adutora que transmite o sinal
da vazão instantânea para um aparelho localizado na sala de
operação quando chega na ETA Principal entra numa caixa de
reunião onde as águas são misturadas com as aduzidas pela
adutora de Pedra do Cavalo e só depois é efetuada a medição da
vazão conjunta por meio de um medidor tipo creager. Na leitura
efetuada para compor este trabalho foi encontrado o valor de 1.121
l/s. Ao longo desta adutora não foram encontrados vazamentos
significativos.

 Uma adutora de aço, mais antiga, com 1.200mm e 5,5 km de


extensão sendo que está adutora não vai direto para a ETA
Principal ela se acopla diretamente na tubulação de 2.000mm da
adutora de Pedra do Cavalo e chega na ETA Principal com os
volumes misturados e medidos juntos. Para o controle de vazão foi
instalado um medidor ultrassônico na saída da captação, mas, que
se encontra totalmente danificado. Foi instalado, também um tap
para medições de vazões instantâneas no meio do percurso desta
adutora cuja leitura de vazão foi de 389,44 l/s. Ao longo desta
adutora também, não foram encontrados vazamentos
significativos.

Este sistema de adutoras de água bruta para a ETA Principal é o mais


complexo em termos de controle de vazões aduzidas devido basicamente aos
seguintes fatores:

1. A adutora de Pedra do Cavalo é intercalada por um Canal de 13


Km de extensão em cujo trecho final tem capacidade de armazenar
um volume de água de aproximadamente 130.000 m3. Existe um
medidor tipo Calha Parshall no início do Canal, mas, não existem
instrumentos para medir a vazão que sai do Canal em direção a
ETA Principal, portanto, não se pode elaborar com certeza qual o
volume de água que foi captado na barragem de Pedra do Cavalo
está sendo realmente, tratada na ETA Principal;

2. Da captação do Joanes II para a ETA Principal existem duas


adutoras sendo que uma delas a de 1.200mm, é acoplada
diretamente com a adutora de 2.000 de Pedra do Cavalo. A outra,
a de 1.900mm, chega na ETA numa caixa de reunião onde se
mistura com as águas da adutora de Pedra do Cavalo (2.000mm)
mais a do Joanes (1.200mm) e o único volume que é medido na
ETA Principal corresponde ao das três adutoras juntos;

3. Existe um registro de 300mm referente a descarga número 04 da


adutora de Pedra do Cavalo que permanece aberta jorrando uma
vazão permanentemente, visando alimentar a barragem do sistema
de abastecimento do Município de Cachoeira, sendo que no
caminho de quase 6 km que as águas percorrem até chegar na
barragem existem várias retiradas para irrigação, balneário,
captação de água etc.Ver Foto 03;

4. No Canal, principalmente à noite, são instaladas várias bombas


que captam água para as residências localizadas na região.

Na Tabela 3 foram compilados os resultados da leitura de vazões


efetuadas nessas adutoras, onde se observa que se pode fazer um controle das
perdas apenas no trecho da adutora de Pedra do Cavalo entre a Captação e o
inicio do Canal.

Na Tabela 02 foram lançados os resultados de medição expedita


realizada com cronômetro e proveta na maioria dos vazamentos físicos
encontrados sendo quase todos em forma de chafarizes, que foram originados
de acordos com comunidades e invasões existentes em alguns trechos da
adutora de Pedra do Cavalo, pois, vândalos danificavam as ventosas, válvulas e
registros de descargas para roubo de água, a equipe de manutenção consertava
e no outro dia a situação se repetia, por várias vezes os serviços eram realizados
com a presença da Policia Militar ou da vigilância da Embasa, mas, a situação
sempre se repetia por anos, até que começamos a enviar assistentes sociais
para dialogar e evitar que continuassem danificando o patrimônio da Embasa
além da ocorrência , algumas vezes de termos de parar todo o sistema de
abastecimento para sanar algum vazamento de maior dimensão. A solução não
é a ideal, mas, é a existente.

Foto 3: vazão de descarga para Cachoeira.


Tabela 2: Tabela das vazões.

*Descarga D4 - Abastece o município de Cachoeira


Antes do Canal: 204.645,37 m³/mês = 78,95 l/s
Após o Canal: 98.889,48 m³/mês = 38,15 l/s

Tabela 3: Vazões, Sistema Pedra do Cavalo.


 Sistema de Adução de Água Bruta para a Estação de
Tratamento de Água Suburbana

Apenas uma adutora de 500mm recalca água bruta do reservatório da


Barragem do Ipitanga II para a ETA Suburbana, cujo controle de vazão é
efetuado com um medidor ultrassônico instalado na saída da elevatória que se
encontra danificado e outro na entrada da Estação de Tratamento. Foram
efetuadas inspeções ao longo da adutora e não se verificou vazamentos
significativos.

Tabela 4: Vazões da ETA Suburbana.

 Discussão dos Resultados

A produção de água bruta para as Estações de Tratamento localizadas no


Parque de Bolandeira e para a ETA Suburbana precisam de melhorias,
basicamente de renovação/aquisição de instrumento de medição, porém estão
com perdas dentro da faixa de erro dos aparelhos e têm condições de serem
monitoradas, o valor maior observado na adutora de aço do Joanes I pode-se
creditar a ação de vândalos que, apesar da tarefa árdua da equipe de
manutenção de adutoras que frequentemente fazem inspeções e intervenções,
continuam danificando peças para causar vazamentos e usarem estas águas.
Em relação a ETA Principal a situação atual não permite um
monitoramento mais apurado e concreto sobre as vazões de água bruta que
estão realmente sendo tratadas ainda mais quando suas adutoras têm que
conviver com o surgimento de invasões e a consequente utilização indevida de
água bruta para diversos usos, Ver Foto 04.

Foto 2: Chafariz conectado a ventosa 31.


 Conclusão

O conjunto de medidas visando à redução de perdas no sistema de


abastecimento de água gera benefícios para a população e para a companhia
de saneamento; melhoria econômica, redução do custo de tarifas e aumento da
vida útil do sistema, prorrogando a necessidade de ampliação nas etapas de
adução, produção, reservação e distribuição de água.

Vale salientar ainda que a identificação e redução das perdas no sistema


promovem a manutenção dos recursos naturais e a redução do impacto
ambiental, uma vez que com a minimização do volume perdido, aumenta a
eficiência/eficácia do sistema, reduzindo a necessidade demandada nas
captações de água.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Jorge Luís Rocha de Amorim, Ronaldo Leite e Ernesto Marcos Pugliesi Antuna.
CAPÍTULO 9: Estratégia de Negociação para Reclamações de Consumo

 Resumo

A Supervisão de Atendimento a Clientes da UMF é responsável pela


análise de reclamações de consumo elevado feitas por meio de cartas entregues
pelos clientes nos pontos de atendimento. Destes clientes, excluem-se os de
responsabilidade pública e Grandes Consumidores, que possuem Supervisão
própria. Ao analisar os pleitos, identifica-se em alguns casos a viabilidade de se
abrir negociação para, dentro das possibilidades oferecidas pela empresa,
apresentar condições que permitam ao cliente quitar o débito e manter o seu
fornecimento regular. Esses casos, em sua grande maioria, são oriundos de
vazamentos nas instalações internas dos imóveis, de responsabilidade do
usuário, mas que de acordo com o Manual de Leitura, Faturamento, Análise de
Consumo e Entrega de Nota Fiscal/Fatura podem ser aplicadas concessões.
Dentre as possibilidades de negociação previstas em norma encontra-se
o refaturamento do volume esgoto para a média, aplicação do Limite Superior
em até 3 referências ou ambos os casos. Para as situações não atendidas pela
norma, foram instituídas as Câmaras Regional e Central de Negociação, ou
ainda podem ainda ser submetidas à avaliação da Direx, sendo que o critério
para enquadramento em cada instância é o valor do débito atualizado.
No trabalho desenvolvido pela Supervisão de Atendimento a Clientes,
priorizam-se nas negociações o uso do refaturamento do volume esgoto para a
média, uma vez que em comparação com o mais comumente utilizado Limite
Superior, na grande maioria das vezes ela preserva uma fatia maior do
Faturamento Original, além de não reduzir os Volumes Faturado e Micromedido
de água. Foram definidos internamente critérios de análise para que houvesse
uma maior probabilidade de aceitação das propostas ao mesmo tempo que não
resultasse num incremento de processos judiciais e Procon.
Esta ação beneficiou diretamente os indicadores corporativos de
Faturamento Total, Índice de Arrecadação, IPD (Índice de Perdas na Distribuição
e IRCP (Índice de Reclamações e Comunicação de Problemas).

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Rafael Spínola Máximo, Neivaldo Claudino de Carvalho e Paulo César Bacelar da
Anunciação.
 Introdução

A Supervisão de Atendimento a Clientes da UMF foi criada em janeiro de


2017, tendo como principal objetivo tratar as demandas geradas pelos clientes
internos e externos da UR de forma objetiva e respeitando os prazos
estabelecidos. Dentre suas atribuições destaca-se o tratamento de reclamações
de consumo elevado reabertas por clientes após não concordarem com o
parecer dado anteriormente pela Supervisão de Faturamento. Essa insatisfação
pode decorrer da exigência de uma maior explanação do parecer original ou
simplesmente por declarar não ter condições financeiras para arcar com o valor
da fatura. Entre julho de 2017 e agosto de 2018 foram geradas 1.464 SS de
análise de consumo pelos clientes da UMF, sendo que 398 foram direcionadas
à Supervisão de Clientes pelos motivos expostos. A análise dessas reclamações
requer grande cuidado, pois deve-se observar fatores como as circunstâncias
que levaram ao incremento de consumo, a capacidade de pagamento do cliente
e principalmente, o impacto financeiro a curto e a longo prazo para a Embasa
diante do parecer emitido.
Observa-se que cada vez mais clientes tem recorrido às instâncias
judiciais após um estouro de consumo com alegações de cobrança abusiva ou
pedidos de reparação devido a ações de suspensão de fornecimento ou
negativação de CPF/CNPJ. Apesar do esforço de conscientização e defesa do
setor jurídico da empresa, uma grande parcela desses processos ainda é perdida
pela Embasa, mesmo quando não há cobrança indevida, resultando em perdas
significativas de faturamento e custos elevados com indenizações. Os analistas
de consumo então, se veem muitas vezes em um dilema entre afirmar ao cliente
insatisfeito que as faturas reclamadas estão corretas ou partir para uma
negociação que mantenha o cliente adimplente e não aumente o passivo de
processos judiciais.
No seu Manual de Leitura, Faturamento, Análise de Consumo e Entrega
de Nota Fiscal/Fatura, a Embasa estabelece critérios de negociação que são
utilizados pelos analistas, como o Limite Superior, que estabelece qual o limite
de consumo esperado para cada cliente com base na sua média. Essa
modalidade de negociação por muito tempo tem sido adotada nas UR de
Salvador devido à sua maior probabilidade de aceitação por parte dos clientes,
visto que traz as contas oriundas de estouros de consumo para um valor mais
próximo do que estes estavam acostumados a pagar.

Ocorre que a simples aplicação do Limite Superior pode implicar em pelos


menos três problemas fundamentais:

 Perdas significativas de faturamento;


 Aumento do descrédito dos clientes na confiabilidade do aparelho
medidor (hidrômetro);
 Propagação da cultura de que a Embasa sempre tem que arcar
com a maior parte do prejuízo provocado por problemas de
instalações internas.

Diante das circunstâncias apresentadas, a Supervisão de Atendimento a


Clientes buscou viabilizar uma alternativa para tratamento das reclamações de
consumo elevado que não incidisse em aumento de processos judiciais nem
fomentasse os problemas gerados pelo uso indiscriminado do Limite Superior.

 Texto

Diante do cenário econômico desafiador que se observa, faz-se


necessário que as empresas busquem cada vez mais alternativas práticas para
redução de custos e geração de receita. A Embasa se inclui nesse contexto,
acompanhando a tendência do mercado, ciente dessa necessidade para manter
a sua saúde financeira e garantir os investimentos que dela se espera. Com isso,
é dever de todas as áreas da empresa buscar meios para contribuir com essa
adequação, ao mesmo tempo que mantem o foco na qualidade da prestação de
serviços. Na Gerência Setorial de Comercialização da UMF não é diferente. Os
cinco processos que dela fazem parte tem esses três pilares na sua atuação,
visando a excelência.
Especificamente na Supervisão de Atendimento a Clientes, identificou-se
como oportunidade de melhoria o tratamento das análises de consumo elevado
encaminhadas pelas Lojas e Pontos de Atendimento. Visando reduzir os
impactos no Faturamento e Arrecadação da empresa decorrentes do uso comum
do Limite Superior, os técnicos que atuam na supervisão buscaram em conjunto
encontrar uma alternativa que se enquadrasse na política descrita acima.

 Alternativas Existentes

Devido à alta incidência e custo de processos judiciais oriundos de


consumo elevado, e por reconhecer que problemas de vazamento interno nem
sempre são fáceis de identificar, muitas vezes gerando faturas com valores que
não podem ser suportados por boa parte da população, a Embasa, com anuência
da AGERSA, definiu critérios de negociação que podem ser adotados em alguns
casos em que os seus analistas de consumo e gestores julguem cabíveis.
A missão dos analistas de consumo, sem dúvida, é conscientizar os
clientes da Embasa que as elevações de consumo, em sua grande maioria,
ocorrem em decorrência de problemas internos que, conforme o Ente regulador,
não são de responsabilidade da Embasa. Muitas das reclamações de consumo
que são geradas são respondidas como improcedentes, justamente por não
haver base ou motivo para que seja aplicada alguma concessão. Em alguns
casos, porém, observa-se que uma abertura de negociação se faz necessária,
por motivos como impossibilidade de pagamento por parte do usuário,
recuperação de clientes devedores ou risco de maior perda financeira em caso
de processo judicial.
Durante muito tempo o Limite Superior tem sido a ferramenta de
negociação mais utilizada no âmbito da DM. Tida como melhor aceita como os
clientes, essa ferramenta possui também limitações em norma. De acordo com
o Manual de Leitura, Faturamento, Análise de Consumo e Entrega de Nota
Fiscal/Fatura, o Limite Superior só pode ser aplicado em até 03 referências em
sequência com consumo Superior ao Padrão, a cada 12 meses, desde que não
tenham se passado 03 meses e 10 dias da emissão da última fatura reclamada.
Além dessas limitações, também se destaca a significativa redução de
faturamento que ocorre em grande parte das vezes em que é feito o uso dessa
ferramenta.
Devido ao Limite Superior usar como base de cálculo a média do cliente,
os valores negociados são nivelados, não importando o volume que tenha sido
gasto originalmente. Por exemplo: Uma matrícula composta de um
estabelecimento comercial e que tenha um consumo mínimo como média (6m 3),
devido a um vazamento interno consumiu de forma consecutiva 43 m 3, 65 m3 e
114 m3. O titular dessa ligação teria que pagar respectivamente R$ 1.088,56, R$
1.798,47 e R$ 3.469,20, com base na estrutura de tarifa da empresa. Mas, caso
essas 3 faturas sejam negociadas pelo LS, todas elas cairiam para R$ 565,11,
ou seja, apenas 27% do que fora faturado originalmente.
O uso do Limite Superior como única ferramenta de negociação também
acaba por contribuir com a diminuição da importância de se evitar o desperdício
de água entre as pessoas e a redução da responsabilidade do cliente com os
problemas hidráulicos dos imóveis abastecidos pela Embasa. Além disso, muitos
clientes passam a considerar que qualquer valor que lhe é cobrado e que fuja do
que tem como média, não deve ser pago. Por fim, observamos a chamada
“vilanização” do hidrômetro. Apesar de estatisticamente o aparelho medidor em
raríssimas ocasiões apresentar prejuízo ao cliente, tem sido cada vez mais
questionado e apontado como causador de elevações de consumo.
Além do Limite Superior, para os casos que fogem aos critérios de análise
estabelecidos pelas normas da empresa, ou com valores que ultrapassem os
limites de competência setoriais, foram instituídas pela RD 200/2018 as Câmaras
Regional e Central de Negociação. Com elas, é possível formular propostas de
negociação com critérios diferenciados, porém bem definidos, que são julgadas
pelos seus membros antes de serem concretizadas. Nessas negociações é
possível obter condições que permitam uma menor perda para a empresa ou
que aumentem as possibilidades de quitação de débito com clientes que também
não aceitam a negociação pelo Limite Superior.
Como ponto negativo das Câmaras, porém, pode-se destacar a
burocracia que é necessária para formulação e aprovação das propostas, que
se torna vilã em situações em que é necessária uma negociação mais ágil diante
do sempre presente risco de um cliente a princípio disposto a manter-se
adimplente, ser convencido por pessoas do seu círculo social ou advogados mal-
intencionados a ingressar com processo judicial contra a Embasa. Analisando as
normas comerciais da empresa, encontrou-se uma terceira via de negociação
que se mostrou exequível. O item 7.4.3.1 do Manual de Leitura, Faturamento,
Análise de Consumo e Entrega de Nota Fiscal/Fatura a descreve da seguinte
forma:
“Ocorrendo aumento de consumo decorrente de problemas nas
instalações internas após o ponto de entrega, em imóveis conectados à rede
coletora de esgoto da Embasa, sendo constatado que o volume desperdiçado
não está sendo lançado na rede coletora, o serviço de esgotamento sanitário
deverá ser faturado com base no consumo médio da ligação. ”
A negociação do volume de esgoto foi identificada como uma solução
prática e com menos perdas financeiras para a empresa.

 Vantagens da Negociação pelo Volume Esgoto

Diante do estudo feito, podemos alistar as seguintes vantagens


identificadas no uso da negociação do volume esgoto:

 Menor impacto no Faturamento: Na grande maioria das


negociações realizadas, este modelo de negociação preserva uma
fatia maior do valor original das contas, causando menor perda do
indicador corporativo Faturamento Total, refletindo também na
Arrecadação Particular;

 Preservação dos Volumes Faturado e Micromedido de água:


Quando o consumo de uma fatura é retificado no SCI, não apenas
o valor da conta é alterado, mas também o seu volume. A
retificação de contas pelo Limite Superior provoca não só a
redução desses volumes, mas também a falsa impressão de que
todo aquele produto foi perdido, quando na realidade foi
corretamente contabilizado. Isso não ocorre na retificação do
volume esgoto, já que não há alteração no volume de água, ao
mesmo tempo em que há apuração mais correta do volume
faturado de esgoto;

 Maior flexibilidade: Ao contrário do Limite Superior, a negociação


do volume esgoto não tem limite de faturas ou prazo de reclamação
previstas em norma, dando mais oportunidades para que os
analistas consigam elaborar propostas que não precisem ser
levadas às Câmaras de Negociação;

 Menor burocracia: Enquanto que nas propostas via Câmaras


encontramos um maior repertório de opções de negócio, no modelo
descrito observa-se uma menor burocracia nos seus trâmites,
favorecendo negociações mais ágeis;

 Mantem abertas outras opções de negociação: A negociação de


volume esgoto pode ser encarada também como um primeiro
passo num processo de convencimento do cliente a quitar o débito.
Como muitas vezes apresenta um valor maior, caso o cliente não
aceite a proposta apresentada, há ainda a possibilidade de o
analista de consumo apresentar outras opções disponíveis para
chegar a um valor que possa ser arrecadado;

 Conscientização do consumo: Tendo que pagar uma fatia maior


daquilo que consumiu (em comparação com o Limite Superior) o
cliente se conscientiza da necessidade de evitar desperdício de
água e realizar constantes verificações nas instalações internas
dos imóveis, evitando novos problemas no futuro;

 Diminuição de chances de processos judiciais e Procon: A


negociação pelo volume esgoto oferece a oportunidade de se obter
um maior valor arrecadado para casos de estouro de consumo
tidos como “impagáveis”, ao mesmo tempo que alcança os casos
que tinham o Limite Superior negado pelos analistas consumo
devido à redução das faturas de estouro de consumo que ele
provocaria, a valores de média ou mínimo. Em resultado os clientes
recorriam à justiça.

Apesar das vantagens alistadas, a Supervisão de Atendimento a Clientes


ainda trabalha com o Limite Superior, pois entende que há casos em que não há
condições do usuário arcar com os valores propostos pelo volume esgoto, devido
a existência clientes de baixa renda ou estouros de consumo de enormes
proporções. Além disso, existem casos em que o Limite Superior tem o valor de
conta maior que o volume de esgoto pela média. Nesses casos, apresenta-se a
proposta de valor maior.

 Definindo Estratégia

Ciente de que por melhor que seja uma ferramenta, ela não produz o
melhor resultado se não for bem usada, e lembrando das ponderações feitas
acima, a Supervisão de Atendimento a Clientes definiu critérios de análise para
estabelecer em quais situações seria feita propostas pelo volume esgoto,
minimizando as chances de negativa de clientes e elevação de processos
judiciais. Essa metodologia de análise garantiu um êxito de 94% nas
negociações apresentadas, sem que nenhum novo processo fosse aberto.

Os critérios definidos foram:


 Existência da Ligação de Esgoto;
 Localização da matrícula;
 Porte do imóvel;
 Média de Consumo;
 Histórico de Consumo;
 Histórico de Pagamento;
 Confissão da existência de vazamento interno e apresentação de
evidencias (atenuantes).

Em casos em que o analista de consumo, junto com o supervisor,


identifique a possibilidade de abrir a negociação dentro desses termos, a
proposta é elaborada para o cliente. Caso não haja aceite do cliente, é observada
a viabilidade de se apresentar as demais opções de negociação previstas nas
normas, de forma gradativa, até o estabelecimento de acordo.
No período de duração do trabalho, foram feitas 189 propostas de
negociação pela Supervisão, sendo 65 nestas condições, representando 34% do
total.

 Resultados Obtidos

Após cerca de 13 meses de trabalho, podemos considerar que os


resultados obtidos foram expressivos. Levando em consideração que a
Supervisão de Atendimento a Clientes não trata de matrículas de Grandes
Consumidores (responsáveis pelos maiores faturamentos da UMF) e de
responsabilidade pública, que possuem supervisão própria, todas as ligações
que foram negociadas são de pequenos e médios consumidores.
A tabela abaixo (Tabela 1) mostra o resultado obtido em termos de
faturamento nas 65 matrículas que foram negociadas. Observa-se que a
negociação pelo volume esgoto preservou quase o dobro do faturamento quando
comparada com o Limite Superior. Soma-se isso ao fato de o valor já arrecadado,
somando pagamentos à vista, entradas de parcelamento e parcelas já pagas, já
supere os valores de Limite Superior, considerando ainda que todos esses
fossem pagos à vista. No comparativo por matrícula, totaliza-se um ganho de R$
1.543,80 cada, pela adoção dessa modalidade de negociação.

Tabela 1: Resultados financeiros obtidos.


Ainda no aspecto financeiro, ressalta-se que após 13 meses de trabalho,
93,44% das matrículas se mantiveram adimplentes após efetuarem a
negociação.
Isso significa que os usuários não aceitaram as propostas que lhes foram
feitas apenas para evitar o corte ou para pedir a reabertura, para logo em
sequência permanecerem inadimplentes. Além disso, das 47 matrículas que
realizaram parcelamento, 100% efetuou o pagamento das entradas de
parcelamento, ou seja, até mesmo as que não estavam com a ligação cortada.
Todos os resultados financeiros foram obtidos sem nenhum custo adicional ou
investimento feito pela Embasa. Considerando o comparativo do volume
micromedido, a Tabela 2 representa a diferença entre o consumo que seria
obtido em negociações pelo LS e o consumo original. Como já mencionado, nas
negociações pelo volume esgoto o consumo original se mantem; com isso,
evitou-se uma perda de 54% no volume em metros cúbicos (m 3) nas 65
matrículas, representando também um ganho comparativo de 147m3 por
matrícula.

Tabela 2: Resultados obtidos em volume micromedido.

Por fim, convém esclarecer que as únicas 4 matrículas que não aceitaram
a proposta de negociação pelo volume esgoto elaborada pela supervisão,
receberam uma nova proposta para retificação pelo Limite Superior e celebraram
acordo com a Embasa. Nenhuma delas possui processo judicial contra a
empresa, mostrando ainda mais a eficiência desse modelo de negociação.

 Conclusão

Partindo do objetivo de permitir o melhor ganho nas negociações


realizadas, utilizando critérios bem definidos, verificou-se no uso dessa
estratégia a obtenção de resultados expressivos, sem onerar custos para a
empresa. A aplicação das diretrizes determinadas pelos instrumentos
normativos da empresa possibilita uma maior segurança e responsabilidade ao
se efetuar negociações, sem que isso impacte no bom relacionamento com os
clientes. Utilizar estratégias com essa contribui para o alcance de indicadores
em tempos de limitação de recursos e ressalta o papel socioambiental da
empresa ao incentivar o consumo consciente.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Rafael Spinola Máximo, Neivaldo Claudino de Carvalho e Paulo César Bacelar da
Anunciação.
CAPÍTULO 10: Geração de Energia Elétrica em Adutora de Sistema de
Abastecimento de Água

 Resumo

A energia elétrica figura entre os principais insumos – o segundo mais


oneroso – para as empresas de saneamento, as quais estão entre os maiores
clientes das distribuidoras de eletricidade. Na atual conjuntura, a busca por
novas fontes de energia limpa e de menor custo é premissa básica para a
sustentabilidade das corporações e do próprio planeta. O funcionamento das
hidrelétricas fundamenta-se no aproveitamento do fluxo hídrico no interior de
dutos, nos quais são instaladas turbinas, responsáveis por fornecer energia
mecânica ao eixo de geradores de corrente elétrica. O presente trabalho
comprova a viabilidade técnica do aproveitamento de potencial existente nas
tubulações dos sistemas de abastecimento de água (SAAs) – as quais se
assemelham a dutos de hidrelétricas convencionais – para a geração de energia
elétrica. Foram desenhados e testados dispositivos para operar como
microturbinas, as quais serão instaladas no interior de adutoras por gravidade e
linhas tronco de redes distribuidoras, existentes ou a serem projetadas,
aproveitando esse potencial.
Foi avaliada a capacidade dos dispositivos criados e aferidos os
parâmetros técnicos envolvidos. Mensurou-se as perdas de carga hidráulica
introduzidas, de modo a não se reduzir a vazão, necessária ao abastecimento
de água das populações atendidas a jusante do ponto de inserção. A
microturbina foi desenvolvida em etapas, com desenhos e simulações realizados
por meio de computação gráfica. Na fase final foram impressos protótipos em
plástico, em escala reduzida, e realizados ensaios de campo. Dos resultados
obtidos, o pretendido giro do eixo dos protótipos foi o mais importante, por
comprovar ser verdadeira a hipótese proposta. Comprovou-se, também, a
viabilidade técnica e a real probabilidade do surgimento de modal alternativo
para geração de energia elétrica a partir das tubulações de água, em escala
técnica e econômica compatível com o atual momento. Os protótipos
confeccionados em plástico e em escala reduzida atingiram 330 rpm, mesmo
operando com baixas vazões e pressões.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Luís Carlos Mendes Santos.
 Objetivo

O trabalho objetivou aproveitar potencial existente nas adutoras por


gravidade, bem como em linhas tronco de sistemas distribuidores de água, para
inserção de microturbina, desenvolvida especificamente para essa finalidade. O
dispositivo converte energia hidrodinâmica em energia mecânica, por meio de
conjunto girante composto de eixo e rotor, cujas hélices foram desenhadas de
maneira a otimizar esse aproveitamento e conversão. Também poderá o
dispositivo ser utilizado, paralelamente, como dissipador de energia, substituindo
em muitos casos as tradicionais válvulas redutoras de pressão.

 Metodologia

Trata-se de dispositivo de funcionamento simples e direto, o qual


aproveita energia hidrodinâmica disponível e a converte em energia mecânica.
A operação se processa no interior do barrilete (carcaça) especialmente
desenhado para aproveitar o hidrodinâmico. A água, ao fluir no interior, provoca
empuxo nas hélices do rotor, fazendo girar o eixo central e provoca a conversão
da energia hidrodinâmica em mecânica. Esse eixo central é conectado, por meio
de redutor de velocidade apropriado, ao eixo do gerador/alternador de
eletricidade, transmitindo-lhe rotação e torque, girando-o e possibilitando a
devida conversão da energia mecânica em elétrica. A inserção do dispositivo
deverá ser realizada na adutora, preferencialmente por meio da criação de
desvio (by-pass), de modo a viabilizar eventuais ações de manutenção (se, e
quando necessárias). Isso garantirá a continuidade do abastecimento de água à
população, objetivo primordial do sistema de abastecimento de água.
As Figuras nos 01 e 02 apresentam imagens de simulações de fluxo
realizadas durante a fase de desenvolvimento do dispositivo. Nessa fase foram
realizados vários ajustes no formato e nas dimensões das hélices do rotor, bem
como no posicionamento das curvas de montante e de jusante, objetivando
melhor adaptação do perfil e aproveitamento da geometria do barrilete,
compatibilizando-os com o fluxo da água no interior e redirecionando-o.
Figura nº 01 – Simulação de fluxo – longitudinal.

Fonte: o próprio autor.

Figura nº 02 – Simulação de fluxo.

Fonte: o próprio autor.

As Figuras 03 e 04 ilustram o Modelo 3-A, já testado e pronto para


confecção em ligas metálicas e a ser inserido em adutora de sistema de
abastecimento de água na área da USA.

Figura nº 03 – Vista em perspectiva do Modelo 3-A.

Fonte: o próprio autor.


Figura nº 04 – Vista de topo do modelo 3-A.

Fonte: o próprio autor.

 Resultados e Discussão

Protótipos de dois modelos da microturbina foram submetidos a ensaios


de campo, com resultados positivos. Foram coletados dados de vazões e
respectivas rotações, indicando proporcionalidade direta, bem como a
viabilidade técnica do dispositivo.
Está sendo providenciada a confecção de protótipo metálico em escala
real, o qual será inserido numa adutora por gravidade de sistema da EMBASA e
acoplado a um gerador de tensão elétrica. Nessa etapa serão aferidas pressões,
torques, vazões e rotações em 10 pontos diferentes de trabalho, o que
possibilitará a elaboração das curvas do equipamento.
Os ensaios realizados com protótipos em escala reduzida registraram 263
rpm e 330 rpm, respectivamente, para o menor e o maior protótipo, sendo que
menor possui metade do diâmetro do maior e corresponde a 10% do diâmetro
adotado como referência, que foi uma adutora de DN 300 mm.

Tabela nº 1: Resultados de ensaio de campo.

Fonte: o próprio autor.


Figura nº 05 – Gráfico Vazão X Rotação.

Fonte: o próprio autor.

 Conclusão

Trata-se de dispositivo inovador e ainda inédito, mas com sua


operacionalidade comprovada por meio de simulações computacionais e
ensaios práticos realizados em campo.
A demanda por esse tipo de dispositivo, num mundo dependente cada
vez mais da energia elétrica, é ainda incomensurável. Sistemas de
abastecimento de água oferecem vasto campo de aplicação, desde que –
inicialmente – possuam adutoras que operem por gravidade, ou linhas tronco
sem grandes variações de velocidade no seu interior.
Uma vez adotada a microturbina nas tubulações, ajustes deverão ser
realizados e aperfeiçoamentos surgirão. Por outro lado, criar-se-á um novo
paradigma para novos projetos de sistemas de abastecimento de água, por meio
da sua inserção nas novas tubulações, inclusive cumprindo simultaneamente a
função de redutoras de pressão, onde houver demanda para tais dispositivos.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Luís Carlos Mendes Santos.
CAPÍTULO 11: Implantação de Sistema de Automação no SIAA Ponto
Novo/Senhor do Bonfim com a Utilização de Equipe Própria

 Resumo

O presente trabalho visa apresentar o estudo de caso da implantação do


sistema de automação do SIAA Ponto Novo/ Senhor do Bonfim, com a utilização
de equipe própria da Unidade Regional de Senhor do Bonfim. A implantação da
automação trouxe melhoria no controle operacional e redução de custo para a
Unidade.

 Objetivo

Estudo de caso sobre a implantação do sistema de automação do SIAA


Ponto Novo/ Senhor do Bonfim, com mão-de-obra própria, e os resultados para
a melhoria do controle operacional e redução de custo para a Unidade Regional
de Senhor do Bonfim.

 Metodologia

Apesar de utilizarmos equipamentos (Rádios, CLP’s, supervisório, etc.) de


diversos fabricantes, a idealização da topologia de comunicação, instalação dos
equipamentos e desenvolvimento de telas do supervisório foi feita com equipe
própria da manutenção – UNSM.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Mallan de Araújo Neris, Eric Bezerra de Souza, Jair José Apolinário e Adriano
Felix de Oliveira.
 Planejamento/Desenvolvimento/Implantação
 Resultados e Discussão

Com a implantação do sistema de automação foi possível reduzir custo


com mão-de-obra. Trouxe também mais conhecimento para a equipe manter o
sistema e desenvolver outros projetos futuros. Outro benefício foi o maior
controle operacional, tendo em vista que o operador da ETA tem a visualização
e controle da operação de todo o sistema.

 Conclusão

A implantação do sistema de Automação do SIAA Ponto Novo/ Senhor do


Bonfim com equipe própria trouxe bons resultados para a UNS, na medida em
que não houve necessidade de contratação de empresa externa, o que trouxe
economia para a Empresa, além de agregar conhecimento para a equipe de
manutenção. Outro benefício foi o melhor controle operacional do sistema,
evitando desperdício de energia e perda de água.
Desse modo, a equipe de automação da UNS está apta a realizar
qualquer atividade de melhoria, expansão e desenvolvimento do sistema, pois,
a tecnologia utilizada está amplamente controlada. Fato este que evita uma
possível dependência de alguma empresa contratadas para este fim.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Mallan de Araújo Neris, Eric Bezerra de Souza, Jair José Apolinário e Adriano
Felix de Oliveira.
CAPÍTULO 12: Implementando uma Auditoria Baseada em Riscos: uma
Metodologia de Trabalho Inovadora

 Resumo

O trabalho apresenta uma metodologia de trabalho inovadora


desenvolvida pela Gerência da Auditoria Interna de Processos – PADP, aplicada
desde 2017, que alinha a implementação da Auditoria de Riscos na Embasa à
disseminação das novas estruturas organizacionais e de governança da
empresa, e à promoção da transparência e tempestividade no tratamento dos
achados de auditoria, em Compliance, com a Legislação e Órgãos de Auditoria
Interna Nacional e Internacional. Dessa forma, essa nova metodologia
representa uma visão holística da organização, ou seja, ela é vista como um
todo, permitindo uma análise antecipatória/preventiva acerca dos possíveis
riscos que possam afetá-la. Para tanto, utilizou-se os princípios do COSO2, da
Lei 13.303/2016, da ABNT NBR ISO 31000:2009 e demais Normas pertinentes.
Essa auditoria inclui o mapeamento dos processos; identificação dos riscos;
levantamento dos controles ou, se for o caso, identificação dos GAP’s (falta de
controle), e mensuração dos riscos. Ao mesmo tempo são disseminadas as boas
práticas e promovido o encontro das áreas afins para tratamento dos GAP’s
dentro na Empresa.
Essa perspectiva resulta no alavancar da Auditoria Interna de um patamar
de auditoria “Pontual”, assentada na sindicância e desconformidades de um
setor específico, cujo objetivo se resumia a identificar o problema, sem estudar
e intervir nas possíveis causas e impactos em todo o processo produtivo da
empresa, para uma Auditoria com uma visão holística, representando um novo
enfoque, que visa contribuir com a eficiência e eficácia de uma gestão de riscos
integrada a outras atividades de gestão, relatando a avaliação da maturidade
dos riscos da organização à área de Governança, grande aliada dos gestores
em todo o processo organizacional e em plena harmonia com o desenvolvimento
das Auditorias Internas das Empresas de Saneamento de referência do Brasil.

2
Committee of Sponsoring Organizations (COSO) – Organização privada sem fins lucrativos, criada nos
EUA em 1985 com a finalidade de aperfeiçoar a geração dos relatórios financeiros através da ética,
efetividade dos controles internos e governança corporativa, prevenindo e evitando fraudes nas
demonstrações contábeis das empresas. Existem dois modelos: COSO I – Controle Interno e COSO II –
Gerenciamento de Riscos Corporativos.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Jeflanuzia Nascimento da Silva Leite, Olivane Silva do Nascimento, Meire Jane
Lima de Oliveira, Leorminio Moreira Bispo Filho e Lucas Santos.
 Objetivo

O objetivo deste trabalho é apresentar uma nova metodologia, que está


sendo aplicada pela Gerência de Auditoria de Processos (PADP), baseada em
riscos, sua execução, mesmo não tendo todos os processos e linhas de defesa
da Embasa plenamente estruturados e o resultado do que está sendo alcançado.
Trata-se de uma nova metodologia que apresenta vantagens corporativas em
relação à metodologia aplicada anteriormente pela auditoria.

 Metodologia

A metodologia desenvolvida pela PADP está baseada nos critérios de


controles internos do COSO, na ISSO 31000 – Gestão de Riscos Princípios e
Diretrizes, na Lei das Estatais e na cooperação técnica com a SABESP. Busca
aferir os controles e GAP’s disseminar as informações corporativas/ estratégicas
da empresa e agregar as demandas, boas práticas e validações dos executores
das atividades, nas diversas frentes de trabalho (do corpo diretivo ao “chão de
fábrica”).
Executada pelos auditores desde a construção do Plano Anual de
Auditoria – PAA, do planejamento da auditoria, dos contatos com as “unidades
amostra” e Unidades de Gestão, das visitas realizadas (reunião de abertura,
desdobramento das ações de auditoria no local e reunião de fechamento), até a
conclusão com emissão do relatório preliminar para considerações das áreas
auditadas e do Relatório final. No PAA são identificados os Macroprocessos e/ou
os processos que serão trabalhados no decorrer do ano, em Compliance com a
Arquitetura de Processos da empresa, e a expectativa de um cronograma a ser
cumprido.
No planejamento é realizado um trabalho interno de análise preliminar do
processo (riscos corporativos associados, manuais, fluxos, normas e legislações
internas e externas pertinentes ao assunto), bem como são definidos os locais
que deverão ser visitados (baseados em critérios como materialidade, criticidade
e relevância), estas escolhas servirão de parâmetro para todo o processo.
As unidades selecionadas para serem auditadas, doravante denominadas
de unidade amostra, são contatadas e, em acordo, é marcada a data da visitação
que se divide em 03 partes de suma importância. Primeira, reunião de abertura
é realizada uma apresentação personalizada (para a unidade amostra visitada),
em PowerPoint, a qual informa sobre: a equipe da Unidade de Auditoria, por
meio de (personograma), a arquitetura de processos da Empresa, o processo
que está sendo auditado, as unidades, áreas e setores envolvidos no processo,
o objetivo da visita, o tipo de suporte que a equipe necessitará e como ocorrerá
a auditoria.
Segunda, o desenvolvimento do trabalho dos auditores internos, durante
a visita in loco, os auditores tentam interferir o mínimo possível na rotina de
trabalho dos auditados, solicitando que seus gestores imediatos organizem a
agenda de trabalho de sua equipe de forma que possam atendar às demandas
da auditoria e executar suas atividades de forma regular, dentro do cronograma
acordado anteriormente.
Dependendo da etapa da auditoria de riscos em que se encontre o
processo auditado, seja ele o mapeamento do processo, a identificação do risco,
o levantamento dos controles ou a avaliação dos riscos, é aplicado na “unidade
amostra” o Roteiro de Análise Diagnóstica de Controles Internos – RADCI
(apresentado pela SABESP, em Cooperação técnica com a Embasa e adaptado
para a realidade da PADP).
Por fim, a reunião de fechamento, nela se fazem presentes todos os que
participaram do desenvolvimento dos trabalhos de auditoria na “unidade
amostra”. Por meio de apresentação, em PowerPoint, a auditoria emite seu
parecer quanto à forma como o processo auditado é desenvolvido na “unidade
amostra”, feedback positivo, negativo, as boas práticas observadas, as
demandas da área e o diagnóstico da unidade dentro do Processo Auditado.
Finalmente, o trabalho é compilado na forma de relatório preliminar (que
é enviado para as áreas auditadas) e, se for o caso, Notas técnicas (as unidades
de gestão3). Existe um prazo de 15 (quinze) dias para conhecimento e última
oportunidade de esclarecimentos quanto ao referido relatório. Após esse prazo
é emitido o Relatório final, que é enviado às partes interessadas dentre elas a
Governança, que será notificada sobre qual o nível de risco a empresa está
exposto, dentro do processo auditado, e quais as ações utilizadas para mitigação
do risco ou se é um GAP que ainda precisa ser tratado por meio de controles
internos eficientes e eficazes. Após a emissão do RAD final é realizado o
acompanhamento das recomendações associadas aos Achados de Auditoria.

 Resultados e Discussão

A partir da aplicação desta metodologia de trabalho espera-se que a


Gerência de Auditoria de Processos alcance:
1 – A promoção da transparência necessária quanto aos assuntos que
serão abordados;
2 – O esclarecimento das dúvidas sobre o trabalho a ser realizado;
3 – A geração de oportunidade ao empregado executor de conhecer sua
contribuição para o processo do qual faz parte;

3
Unidades pertencentes à segunda linha de defesa, cujos trabalhos contribuem para a realização das
auditorias e que pela competência da Auditoria Interna também são aferidas no que diz respeito aos riscos
e controles corporativos/estratégicos.
4 – A abertura de um portal de comunicação direta;
5 – A promoção da tranquilidade para os participantes que irão ser
auditados e desconhecem o procedimento de uma auditoria;
6 – A identificação e validação dos riscos e seus controles internos pelos
executores, por meio da aplicação do RADCI, que auxilia a PADP na
identificação, estratificação e mensuração dos mesmos mediante walkthoug;
7 – A geração de informações consistentes para revisão e ou modificação
dos manuais, fluxos e riscos corporativos;
8 – A solução imediata dos problemas detectados na unidade amostra
mediante a tempestividade do feedback;
9 – A oportunização aos gerentes tomarem ciência de como as atividades
da sua equipe estão sendo desenvolvidas de exporem suas carências e pontos
de vista (um portal de comunicação direta);
10 – A contribuição para a Tomada de Decisões, pela governança, acerca
dos riscos e suas mitigações; e
11 – Proporcionar oportunidade de melhoria para as outras unidades de
gestão, das quais foram analisados materiais que serviram de base para a
auditoria.

 Conclusão

Em linhas gerais, a expectativa da aplicação dessa metodologia de


trabalho inovadora é, além de atender às Normas, Requisitos Legais e
Regulamentares, promover: a disseminação das informações corporativas e
estratégicas, com fluidez, nos diversos níveis hierárquicos da empresa (da alta
direção até o “chão de fábrica”); e o feedback tempestivo, por parte da auditoria,
para várias vertentes da empresa e possibilitar à Auditoria, como 3ª linha de
defesa, emitir pareceres confiáveis e dar garantias de que os riscos e controles
internos foram identificados e estão sendo gerenciados adequadamente pela
Empresa.
Acredita-se assim estar contribuindo para uma Empresa mais
transparente e integrada a sua Visão: Ser reconhecida como empresa de
excelência na área de saneamento, harmonizando as necessidades e
expectativas das partes interessadas.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Jeflanuzia Nascimento da Silva Leite, Olivane Silva do Nascimento, Meire Jane
Lima de Oliveira, Leorminio Moreira Bispo Filho e Lucas Santos.
CAPÍTULO 13: Inovação – o Uso de Tecnologia de Baixo Custo na Criação
de um Equipamento que Permite o Monitoramento de Pressão na Rede de
Distribuição na Busca da Satisfação dos Usuários em um Sistema de
Abastecimento de Água

 Resumo

De acordo com Morais et al (2010), um sistema de abastecimento de água


é composto pelas seguintes estruturas (Captação, Estações Elevatórias,
Adução, Tratamento, Reservação e Distribuição), ambas as etapas são
passíveis de perdas. No entanto, é na Distribuição que ocorre os mais altos
índices de perdas, que podem ocorrer tanto por não ocorrer manutenção
adequada da infraestrutura ocasionando as Perdas Reais, bem como, as perdas
ocorridas por consumos não autorizados o que gera as Perdas Aparentes.
De acordo Nascimento & Heller (2005), no que se refere as perdas físicas
nos sistemas de abastecimento de água ocorrem com índices elevados pela falta
de regulação do serviço, onde a partir da existência da regulação poderia levar
os operadores de sistemas uma maior ênfase em seu controle. Os autores citam
também a importância de desenvolvimentos tecnológicos na redução de perdas
de faturamento e consumo consciente gerando racionalização da água por meio
da redução do consumo. Bem como, campo com potencial para contribuir para
a operação de sistemas de abastecimento no intuito de reduzir as perdas físicas
por meio do desenvolvimento de suporte a tomadas de decisão.
O Arduino é um exemplo de placa com chip programável que quando
conectados sensores de luminosidade, temperatura, som, umidade entre outros
tipos, e atuadores que em respostas aos estímulos lidos pelos sensores é
possível abrir uma porta quando alguém se aproximar, ligar e desligar um ar
condicionado quando em um ambiente atingir uma faixa de temperatura pré-
estabelecida, possibilitando um leque de interações. O mesmo constitui uma
plataforma que foi produzida com a finalidade de promover a interação entre o
ambiente e o computador utilizando dispositivos eletrônicos de forma simples e
baseada em softwares e hardwares livres. Inicialmente o Arduino foi
desenvolvido com o objetivo de interação em projetos escolares.
De acordo com Monk (2017), em 2005 o mesmo começou a ser
desenvolvido com fim comercial. Massimo Banz e David Cuartielles foram os
pioneiros e desde então, o Arduino tornou-se uma plataforma bem-sucedida.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Javan Oliveira de Almeida, Uilma Santos Pesqueira, Eric Bezerra de Souza,
Raimundo Nonato Azevedo Alves e Jair José A. Ferreira.
 Objetivo

A região semiárida, em especial os municípios com territórios


demograficamente inseridos numa região de períodos de seca prolongada,
possuem uma realidade peculiar no que se refere a relação disponibilidade x
demanda de água. Conforme cita Cavalcanti &Resende (2001), que a referida
região é diferente das demais regiões semiáridas do mundo. Partindo da
peculiaridade da região de Senhor do Bonfim que realiza a distribuição de água
por meio de sistema de manobra devido a demanda reprimida de água do
sistema distribuidor. O referido trabalho tem como objetivo apresentar um
modelo de tecnologia com baixo custo desenvolvida para acompanhar a pressão
na malha distributiva do Sistema de Senhor do Bonfim com alguns objetivos
específicos, a saber:
 Acompanhar o abastecimento de água por meio da coleta e análise
de pressão na rede de distribuição online com registros a cada
cinco (05) minutos;
 Atuar no combate às perdas físicas com o auxílio do
monitoramento de pressão;
 Acompanhar o volume ofertado com relação ao volume
micromedido;
 Monitorar a insatisfação dos usuários por meio das reclamações
por falta de água;
 Criar um banco de dados com informações operacionais contendo
o estudo da pressão por zona de abastecimento.

 Metodologia

Por meio plataforma do Arduino é possível verificar diversos tipos de


placas, muitas se diferenciam pelo modelo do micro controlador, quantidade de
pinos de entrada saída, capacidade de armazenamento, velocidade de
processamento entre outros. A placa utilizada para desenvolvimento deste
projeto foi a Mega 2560. Baseada no micro controlador ATmega2560, possui 54
pinos de entradas e saídas digitais onde 15 destes podem ser utilizados como
saídas PWM, 16 entradas analógicas, 4 portas de comunicação serial.
Para disponibilizar os dados em rede foi utilizado o Shield W5100. Um
Shield é uma placa que pode ser encaixado diretamente no Arduino com isso
pode-se agregar diversas funções ao Arduino, como comunicação bluetooth,
ethernet, wireless, GPS entre outras possibilidades de comunicação e controle.
A comunicação entre os pontos remotos e o servidor foi possível utilizando
a tecnologia wireless, visto que a interligação entre os pontos por cabo seria
inviável em virtude do custo de implementação devido as grandes distâncias. Os
rádios de 5.8 Ghz foram a solução pelo baixo custo por equipamento, grandes
distâncias de comunicação além do baixo consumo de energia do equipamento.
Mudanças foram feitas visando uma melhor correlação entre o custo
benefício na implantação em escala da coleta de pressão. Quanto a tecnologia
de comunicação foi feita a migração do SMS para TCP/IP. Esta mudança fez se
necessária em virtude do custo do SMS que era cobrado por cada envio do
mesmo. Em se tratando de monitoramento em tempo real do sistema, a
quantidade de SMS seria elevada tornando alto o custo final com envios das
mensagens. A mudança de tecnologia requer uma troca nos componentes de
hardware (componentes físicos). Foi feita a substituição do Shield GSM que faz
o envio do SMS, pelo Shield ethernet responsável por colocar a placa
controladora em rede TCP/IP. Nesta substituição o custo de troca não onera o
projeto pois os valores destes componentes são quase que da mesma
equivalência. Como a distância entre os pontos são grandes, a implantação da
infraestrutura de comunicação de rede por cabo ficaria inviável, para isto foi
implantada a comunicação wireless com rádios de 5.8Ghz, com esses rádios às
distâncias de comunicação podem chegar aos 10km de uma antena para outra.
Vale ressaltar que embora o custo de implantação para comunicação wireless
(TCP/IP) seja considerável em relação ao SMS, o custo mensal com os envios
das mensagens supera o gasto para implantação da infraestrutura wireless.
Quanto ao monitoramento em tempo real, a rede wireless atende
satisfatoriamente dispensando o custo mensal com os envios das mensagens.
Referente a alimentação elétrica destes pontos, foi feita a implantação de
sistema fotovoltaico com placas solares, esta alternativa em relação a utilização
de energia da concessionária requer um pouco mais de investimento inicial, com
isto não necessita o pagamento mensal de energia elétrica. Com as mudanças
é possível a comunicação entre os pontos com custo zero de mensalidade de
comunicação e energia.
As informações coletadas em campo são coletadas em tempo real a cada
segundo e os registros são salvos em banco de dados a cada 5 minutos.

 Resultados e Discussão

O referido trabalho obteve resultados satisfatórios em ambas as etapas.


O mesmo, conforme cita na metodologia, ocorreu na 1ª Fase onde utilizou-se a
tecnologia GSM para envio das mensagens por meio de SMS. No entanto a
mesma ao longo do desenvolvimento foi substituída para a 2ª Fase com a
tecnologia Ethernet com tráfego dos dados pela rede TCP/IP conforme será
descrito abaixo.
 1ª Fase Tecnologia GSM – SMS

O início da primeira fase ocorreu em novembro de 2016 com a instalação


de dois pontos em duas zonas de abastecimento onde o monitoramento de
pressão foi alcançado com êxito com registros de pressão a cada 30 minutos
conforme programação do aparelho desenvolvido para transmissão dos dados
por SMS (Figura 01).

Figura 01 – Esquemático Tecnologia GSM/SMS.

O monitoramento de pressão nos dois pontos instalados inicialmente foi


acompanhado em novembro de 2016 até novembro de 2017 nas zonas de
abastecimento do Alto da Rainha e Novo Horizonte (Figura 02). Posteriormente
houve a queima da placa do ponto do Novo Horizonte onde houve a continuidade
do monitoramento somente no Ponto do Alto da Rainha. Logo em seguida, o
ponto foi transferido para a Rua 02 de julho para início do monitoramento na
região do Centro da cidade de Senhor do Bonfim no intuito de otimizar o
abastecimento e diminuir o número de reclamações por falta de água.

Figura 02 – Monitoramento GSM/SMS em novembro de 2017.


 2ª Fase Tecnologia GSM – SMS

Por meio de melhoramento no equipamento no intuito de disseminar o uso


do mesmo tanto na Unidade Regional de Senhor do Bonfim, bem como, no
âmbito de todo escopo operacional da Embasa. Foi realizado a mudança para a
estrutura Ethernet – TCP/IP no intuito de tornar o uso com confiabilidade e com
baixo custo (Figura 03).
Esta etapa deu início em dezembro de 2017 com a criação de uma equipe
multidisciplinar envolvendo profissionais da parte operacional, bem como, da
automação/manutenção no intuito de gerar conhecimento entre o corpo técnico
da empresa, além, de otimizar e agilizar o desenvolvimento da tecnologia.
Sendo assim, por meio de reuniões envolvendo o corpo técnico
operacional do Escritório Local de Senhor do Bonfim e da Divisão de
Manutenção sob a orientação do Gerente da UNS, foram desenvolvidos pontos
fundamentais para o início do melhoramento do desenvolvimento tecnológico e
do início da instalação dos pontos para início do monitoramento nas zonas de
abastecimento do Sistema de Distribuição de Água de Senhor do Bonfim.
Por meio de orçamento liberado foram adquiridos materiais entre
componentes eletrônicos, elétricos e peças para a instalação de 07 (sete)
pontos.

Figura 04 – Esquemático Tecnologia Ethernet – TCP/IP.

Dentro desta etapa foram adquiridas muretas confeccionadas sob medida


para serem utilizadas no condicionamento dos componentes onde as mesmas
estão sendo instaladas em conjunto com a estrutura fotovoltaica. Já encontram
se instalados 03 pontos com a estrutura supracitada (Figura 05).
Figura 05 – Esquemático e Instalação dos Pontos.

Com o sistema em funcionamento com 3 pontos de monitoramento


instalados e funcionando plenamente, foi possível verificar e monitorar as
pressões em tempo real. Com isso foi exequível tomar ações em cima dos
resultados observados. Enquanto a pressão não alcançou um valor satisfatório
para abastecer, a manobra permaneceu no bairro, garantindo assim
abastecimento e satisfação do usuário. Com os dados salvos no banco de dados
é possível fazer análises das pressões em determinado período, podendo gerar
relatório, fazer análises da manobra entre outras possibilidades, dentre estas
possibilidades o monitoramento no intuito de reduzir as perdas físicas de água.
As figuras 06 e 07 podemos verificar a evolução das Pressões nos 03
pontos instalados no mesmo dia e horário. Os pontos foram instalados nas
seguintes ruas, a saber: Rua S, 0083, Cidade Nova II; Rua José Pacheco, Bom
Jardim e Rua Água Marinha, 0130, Monte Alegre I.
É importante verificar o registro da evolução das pressões o que torna
eficiente a operação do sistema de abastecimento de forma a buscar uma
operação satisfatória, bem como, dimensionar uma tomada de decisão. Na figura
08 é possível verificar o funcionamento dos 03 Pontos que já foram instalados
na tela da automação. O Sistema de Senhor do Bonfim possui a sua automação
em toda a Planta Operacional desde a Captação/ETA Ponto Novo, bem como
em todas as Estações Elevatórias de Água Tratada, até a chegada da água nos
Reservatórios de Distribuição de Água em Senhor do Bonfim. No Escritório Local
de Senhor do Bonfim possui um monitor de 50” (polegadas) onde a operação do
sistema é acompanhada e otimizada. O monitoramento de pressão teve a sua
tela agregada a automação citada no intuito de fechar o circuito da automação.
Para o Sistema de Distribuição de Água de Senhor do Bonfim a automação está
em funcionamento desde a Captação até às redes de distribuição (Figura 08).
Figura 06 – Evolução da Pressão nos 03 Pontos no Dia 14/08/18 (Banco de Dados).

Figura 07 – Evolução da Pressão nos 03 Pontos no Dia 14/08/18.


Figura 08 – Tela da Automação – Controle Operacional.

 Conclusão

Conforme exposto por meio dos resultados mensurados neste trabalho


podemos verificar a importância da inovação, em particular, no desenvolvimento
de um equipamento que permita o monitoramento de pressão na malha
distributiva por meio de aperfeiçoamento de uma tecnologia de baixo custo,
propiciando assim, o fortalecimento de uma empresa pública de saneamento e
a continuidade de sua eficiência no abastecimento e monitoramento da água
distribuída nas 366 localidades atendidas pela Embasa. É mister salientar, que
o planejamento e implementação do sistema de monitoramento agregou
conhecimento e experiência aos profissionais envolvidos, eficiência operacional
do sistema por meio do monitoramento com registros de pressão a cada 05
minutos nos pontos instalados nas três zonas de abastecimento: Bom Jardim,
Gamboa e Cidade Nova 02, fortalecimento da empresa no alcance da
universalização do saneamento e, principalmente, a satisfação dos usuários. A
partir do monitoramento de pressão eficaz é possível o alcance da redução dos
números de reclamações por falta de água, principalmente, em um sistema de
demanda reprimida. Pode-se verificar que a economia com custo dos materiais,
levando em conta os principais componentes (rádio, antena, CLP, sensor de
pressão), em relação a outros projetos de automação pode chegar a mais de
85%. Vale ressaltar que não foi gerado custos com a contratação de empresa
para elaborar e/ou executar projeto, visto que o mesmo foi desenvolvido e
executado por funcionários do quadro da empresa. Nestes pontos de
monitoramento podem ser agregados para melhoramento outras mais funções
de monitoramento e controle de baixo custo. Contribuindo para um melhor
controle da qualidade no abastecimento e garantindo a satisfação do usuário.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Javan Oliveira de Almeida, Uilma Santos Pesqueira, Eric Bezerra de Souza,
Raimundo Nonato Azevedo Alves e Jair José A. Ferreira.
CAPÍTULO 14: Integração entre e Cadastro Técnico de Rede de
Abastecimento do QGIS e o EPANET

 Resumo

O EPANET é um software livre destinado a simulação de sistemas de


distribuição de água. Ele permite a execução de simulações estáticas e por
tempo estendido do comportamento hidráulico em redes de distribuição
pressurizada. O software EPANET, além de livre, é pioneiro e utilizado
mundialmente desde a sua disponibilização pela Agência de Proteção Ambiental
dos Estados Unidos da América – EPA. Este software é utilizado pelas empresas
de saneamento há bastante tempo. Entretanto, um dos maiores desafios na
adoção deste software é a integração com os cadastros digitais de redes de
abastecimento de água. Neste contexto, o presente trabalho descreve a
integração, desenvolvida internamente na EMBASA, entre o software livre QGIS,
utilizado para cadastro técnico de rede de abastecimento, e o EPANET. Os
resultados serão apresentados no tópico específico, sendo possível destacar
benefícios importantes para a EMBASA.

 Introdução

A EMBASA é uma empresa que possui suas atividades fortemente


dependentes de cadastro técnico digital. A natureza do negócio da EMBASA
exige que a Empresa possua seu cadastro técnico digital atualizado, visando
uma melhor prestação dos seus serviços, bem como uma otimização da gestão
dos seus recursos e infraestrutura. Entenda por cadastro técnico digital, o
cadastro de redes de abastecimento de água, estações de tratamento de água,
redes de esgotamento sanitário, estações de tratamento de esgoto, dentre
outros ativos. O setor de Geoprocessamento da Embasa (FTIG), em 2011,
modernizou a forma de cadastro e atualização das redes de abastecimento de
água. Antes de 2011, este cadastro era realizado em arquivos sem rede
corporativa com o uso de AUTOCAD. A partir de 2011, o cadastro passou a ser
atualizado de forma on-line com um banco de dados geográfico em rede
corporativa por meio da ferramenta livre QGIS. Apesar desse avanço, ainda era
necessário muito tempo dedicado para transportar as informações do cadastro
de rede água para uma ferramenta de simulação. Neste contexto, o presente
trabalho visou a construção de uma integração entre o cadastro digital de rede
de abastecimento de água da EMBASA disponível no software livre QGIS e o
EPANET.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Jose Jorge Chaves, Helder Guimaraes Aragão e Murilo Ribeiro Campos.
 Metodologia

Inicialmente, foi necessária uma revisão bibliográfica sobre os temas de


cadastro digital de abastecimento de água e softwares de simulação hidráulica.
Após esta revisão, partiu-se para a etapa de pesquisa de softwares, que
possibilitassem uma integração entre o cadastro de rede de abastecimento da
EMBASA, atualmente disponível no QGIS, e o EPANET (REIS, 2015)
(ROSSMAN, 2018). Para tanto, foram realizadas diversas pesquisas, onde foram
encontradas várias plataformas que disponibilizam este tipo de integração. Cada
plataforma foi testada objetivando a escolha daquela que tivesse maior
aderência aos recursos tecnológicos utilizados pela EMBASA. Dentre as
tecnologias estudadas, a escolhida foi a QEPANET. O QEPANET é um plugin,
isto é, uma extensão utilizada no software livre QGIS, que se propõe a realizar a
integração com o EPANET. Após esta escolha, foram realizados alguns testes
com a base cartográfica de rede de abastecimento de água da Unidade Regional
de Feira de Santana e Região Metropolitana de Salvador. Os testes foram
realizados em alguns resultados estão descritos na próxima seção.

 Telas da Integração

A Figura 1 mostra a tela de uma determinada rede de abastecimento de


água da Embasa na ferramenta livre QGIS. Esta rede foi totalmente desenhada
de forma on-line e armazenada em um banco de dados geográfico, também livre,
denominado PostGIS. Nesta Figura, podemos ver funcionalidades de zoom e
consulta.

Figura 1: Tela do QGIS com redes de abastecimento de água.


Na tela da Figura 2, pode ser vista a funcionalidade de integração do QGIS
com o EPANET. Nesta Figura, podemos visualizar camadas ou layers
específicos do plugin QEPANET responsável por exportar os dados do QGIS
para o formato INP do EPANET. A Figura 2 mostra a rede de abastecimento de
água e seus respectivos nós gerados.

Figura 2: Visualização do cadastro de rede com o plugin QEPANET.

A Figura 3 mostra a visualização enriquecida com imagens ortofotos


disponibilizadas pela CONDER. Desta forma, pode-se ver facilmente a zona de
influência das redes de abastecimento de água e seus nós.

Figura 3: Visualização das redes de abastecimento de água e seus nós com ortofoto.
A Figura 4 mostra a tela do Epanet com a rede de abastecimento de água
que foi exportada do QGIS. Esta tela mostra a integração entre a ferramenta
QGIS e o EPANET. A rede de abastecimento de água vista na Figura 4 foi obtida
a partir do cadastro realizado no QGIS e exportado pelo plugin QEPANET.

Figura 4: Rede de abastecimento de água sendo visualizada no Epanet.

 Inclusão de Cotas

As imagens mostradas acima implicam na geração do arquivo em formato


INP, base para execução no software EPANET.O processo supracitado já foi
testado também para coleta de importantes dados de altimetria a partir de
imagens georeferenciadas com Modelos Digitais de Terreno (MDT). A Figura 5
mostra uso de imagem georeferenciada para Salvador para extração das
elevações. O QEPANET incorpora uma coluna de dados para correção
acrescentando a distância do real posicionamento devido à escavação ou
elevação da rede em relação ao terreno.
Figura 5: Exemplo de captura de elevação por meio de um MDT – atributos de cotas geradas.

 Resultados e Discussão

Os testes de integração entre o QGIS e o EPANET por meio do plugin


QEPANET foram realizados no cadastro digital de rede abastecimento de água
da Unidade Regional de Feira de Santana e Região Metropolitana de Salvador.
Para tanto, as redes de abastecimento de água foram abertas no software QGIS
com os seus respectivos atributos, a saber: diâmetro, extensão e tipo de material.
Após abrir no QGIS, o plugin QEPANET foi ativado e utilizado para realizar a
conversão para o formato EPANET. Alguns erros ocorreram neste processo,
mas todos estavam ligados a problemas no cadastro como, por exemplo, nós
duplicados ou redes de abastecimento com problema no desenho gráfico.
Após ajustes no cadastro digital de rede de abastecimento de água, o
plugin conseguiu exportar com sucesso para o formato do EPANET. Finalmente,
no EPANET, os dados do cadastro digital de rede foram carregados
preservando-se todos os atributos ratificando o êxito da integração. Vale
salientar que todas as tecnologias utilizadas são baseadas em software livre e,
portanto, a EMBASA não irá ter custo com licenciamento de software. Além
disso, vale destacar que a construção foi feita com a equipe interna sem
necessidade de consultorias.
 Conclusão

O presente trabalho objetivou integrar o cadastro digital de rede de água


da EMBASA com o software livre de simulação hidráulica EPANET. Isto consiste
em um desafio para as empresas de saneamento, pois a maioria ainda possui
cadastros digitais de rede de abastecimento em AUTOCAD de forma isolada e
sem banco de dados. Pode-se constatar que o objetivo foi alcançado uma vez
que foram realizados testes com sucesso, nos softwares descritos no trabalho,
utilizando as bases de redes de abastecimento de água da própria EMBASA.

É importante destacar que os testes foram realizados em mais de uma


regional e com os mesmos resultados, portanto, a plataforma aqui descrita pode
se tornar corporativa. Acrescenta-se aos bons resultados, que todos os
softwares são livres, isto é, sem custos com licenciamento, o que permitirá a
EMBASA utilizar em qualquer Unidade Regional. Para trabalho futuro fica a
disseminação e capacitação para os colaboradores da EMBASA das
ferramentas aqui estudadas.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Jose Jorge Chaves, Helder Guimaraes Aragão e Murilo Ribeiro Campos.
CAPÍTULO 15: Medidas Implementadas para Evitar o Racionamento no
Abastecimento de Água de Salvador e Região Metropolitana Durante Crise
Hídrica

 Resumo

Em meados de 2016 devido às mudanças climáticas, ocorreu um período


de vários meses sem chuvas significativas em todo o Estado da Bahia, e com
isso, os níveis dos reservatórios do Joanes I e II e o de Santa Helena não
recuperaram suas cotas ideais, comprometendo a segurança do abastecimento
pelo SIA de Salvador e Região Metropolitana. Este fato fez com que a Diretoria
da Embasa determinasse uma série de ações emergenciais visando aumentar
os volumes de água bruta captadas pelas barragens que compõem este Sistema
e eliminar o risco de racionamento para a população de quase 3 milhões de
pessoas. Foram então executados os seguintes serviços:

I. Perfuração de 14 poços profundos ao longo das margens do


reservatório da barragem do Joanes II;
II. Construção de um barramento no Rio Jacumirim para transposição
de água, por meio bombeamento de jusante para montante, para
garantir o nível mínimo para captação pela Elevatória de Santa
Helena;
III. Montagem de um Sifão com diâmetro de 1.200mm no vertedouro
da Barragem do Joanes II, para captar água abaixo da cota da
descarga de fundo e por meio do vertedouro regularizar os volumes
do reservatório da barragem do Joanes I.

Todas as etapas da execução destas ações, que foram realizadas contra


o tempo, pois, a cada dia os níveis de água eram cada vez menores nos
reservatórios, as dificuldades, a necessidade de obras complementares e os
resultados obtidos, são apresentados neste trabalho. Se não fossem tomadas
estas medidas emergenciais Salvador, pela primeira vez, enfrentaria um
racionamento no abastecimento de água para sua população e indústrias.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Ernesto Marcos Pugliesi Antuna, Jorge Luís Rocha de Amorim e Ronaldo da Silva
Leite.
 Introdução
Em Salvador, no ano de 2016, choveu menos do que o esperado, o que
fez com que os níveis dos principais reservatórios que abastecem Salvador e
região metropolitana, ficassem abaixo dos desejados. Para evitar que Salvador
passasse por um racionamento de água. A Embasa então programou uma série
de ações emergenciais, tais como, perfuração de poços, construção de
barramentos, aquisição de bombas e equipamentos com o objetivo de
regularizar os níveis dos principais reservatórios que abastecem Salvador e
região metropolitana.

 Objetivo
Apresentar os resultados das medidas emergenciais implementadas
durante os primeiros meses do ano de 2017 evitando o racionamento de água
em Salvador e sua RMS.

 Sistema de Abastecimento de Salvador


O Sistema que abastece Salvador é composto pelos reservatórios de
Pedra do Cavalo, Joanes I, Joanes II, Ipitanga I, Ipitanga II e Santa Helena,
esquematizados abaixo.

Figura 1: Esquema do abastecimento de Salvador.


A ETA Principal recebe água bruta dos reservatórios de Pedra do Cavalo
e do Joanes II. O reservatório de Santa Helena regulariza os níveis do Joanes II,
que por sua vez regulariza os níveis do Joanes I. As estações de tratamento de
Vieira de Melo e Teodoro Sampaio, que ficam na Bolandeira, recebem água
bruta dos Reservatórios do Joanes I e Ipitanga I e a ETA Suburbana recebe água
do Ipitanga II.

 Níveis dos Reservatórios

Os reservatórios têm seus níveis máximos e mínimos operacionais de


acordo com a tabela a seguir:

Tabela 1: Níveis reservatórios.

No ano de 2016 as chuvas esperadas para as regiões das bacias dos rios
Joanes, Jacuípe e Jacumirim, estavam escassas, o que implicou numa queda
dos níveis de todos os reservatórios, principalmente o de Santa Helena, que
decaiu até atingir os mínimos operacionais. Os gráficos abaixo mostram a
comparação dos níveis do ano de 2015 e 2017 destes principais reservatórios.

Gráfico 1: Níveis da Barragem de Santa Helena.


Nota-se que em comparação com o ano de 2015, em meados de abril a
outubro, no ano de 2016 as chuvas esperadas para esta época, chegaram mais
tarde, no mês de junho, entretanto não foi suficiente para elevar o nível do
reservatório para a cota 20,00 m, como esperado, o que implicou numa queda
ainda mais acentuada após o período de escassez, chegando ao final de
fevereiro de 2017, abaixo da cota 17,50 m, próximo ao mínimo operacional que
é de 17,00 m.

Gráfico 2: Níveis da Barragem do Joanes II.

O mesmo problema aconteceu no reservatório do Joanes II, a falta de


chuvas no período esperado, fez com que o reservatório não se recuperasse a
tempo para o período do verão, chegando a cotas próximas do mínimo de 24,90
m.

Gráfico 3: Níveis da Barragem do Joanes I.


O reservatório da Barragem do Joanes I é regularizado pelos volumes
vertidos da barragem do Joanes II e os níveis do Joanes II estavam caindo
rapidamente e sem a recuperação, podemos ver no gráfico acima que no ano de
2016 o Joanes I operou sem verter água o ano inteiro e próximo aos limites
operacionais de 14,50 m.

Gráfico 4: Níveis da Barragem de Pedra do Cavalo.

Como a ETA Principal recebe água dos reservatórios do Joanes II e de


Pedra do Cavalo, o qual notava-se que também tinha seus níveis abaixando,
houve a necessidade de tomar algumas medidas para minimizar este problema
e evitar um racionamento de água para a cidade de Salvador e Região
Metropolitana.

Foto 1: Situação da Captação de Santa Helena.


Foto 2: Situação do Rio Jacumirim.

Foto 3: Situação da Captação do Joanes II.


Foto 4: Situação da Barragem do Joanes II.

A situação em que se encontrava o reservatório do Joanes II era crítica,


onde podia ser visto diversos bancos de areia próximos à barragem. Como o
nível estava abaixo do vertedouro, as descargas de fundo foram abertas para
ajudar manter o nível do Joanes I (foto 4).

 Soluções

No início do ano de 2017, com os níveis de Santa Helena descendo a


cada dia, começaram os estudos e serviços para elevar o volume captado de
Santa Helena que por continuidade atenderia ao Joanes II que por sua vez
atenderia só Joanes I.
Foram efetuados contatos com outras empresas de Saneamento e
reuniões entre profissionais próprios e externos com vasta experiência em
saneamento. Posteriormente foram realizadas diversas inspeções nas
barragens do Joanes II, Joanes I e Santa Helena, de barco a motor ao longo dos
rios Jacuípe e Jacumirim, nas estações elevatórias do Joanes II e Jacumirim,
visando montar um cenário geral de todo o problema e as etapas para solucioná-
lo.

 Construção de Barramento

Os trabalhos se iniciaram no Rio Jacumirim/ Jacuípe, com a identificação


de um local para construção de barramento para a transposição de água de
jusante para montante do rio Jacuípe, posteriormente foram contratadas as
empresas fornecedoras dos sistemas de flutuantes para o bombeamento destas
águas juntamente com equipamentos elétricos como geradores e quadros
elétricos para alimentar os CMB instalados nos flutuantes.
Para viabilizar a movimentação de toda esta estrutura houve o aluguel de
equipamentos de terraplenagem para a recuperação das estradas de acesso ao
local para embarque e desembarque dos equipamentos além de contêineres.

Foto 5: Barramento feito no Rio Jacumirim.

Com a construção do barramento no meio do rio Jacuípe e o


bombeamento pelos flutuantes, conseguiu-se aumentar os níveis operacionais
pela Captação do Jacumirim e com isso transpondo mais água para o Joanes II.
Como se tratava de uma situação inédita todas as etapas de trabalho foram
efetuadas sob certa urgência e cercadas de cuidados, inclusive atendendo a
todas as demandas ambientais solicitadas.
Foto 6: Bombas e Flutuantes utilizados no barramento.

Cada flutuante é composto de 2 conjuntos motobombas em paralelo,


podendo gerar uma vazão de 139 l/s a 2.222 l/s, potência que varia de 2 a 500CV
e altura manométrica de 2 a 35mca.

 Dragagem do Rio Jacumirim e Jacuípe

O assoreamento do rio é um processo natural que acontece em todos os


rios e lagos, causado por diversos fatores, inclusive condições climáticas.
O rio Jacumirim, encontrava-se bastante assoreado, o que prejudicava
bastante a captação de água, com isso, foi contratada uma empresa para realizar
o levantamento batimétrico do rio, com o objetivo de conhecer os pontos críticos
e onde seria o melhor ponto para se instalar as bombas flutuantes.

Foto 7: Modelo digital da batimetria realizada no Jacumirim.


Ao mesmo tempo escavadeiras hidráulicas trabalharam intensamente ao
longo das margens dos rios Jacuípe e Jacumirim visando aumentar o fluxo de
água que a cada dia ficava menor.

Foto 8: Dragagem do Rio Jacumirim.

Foto 9: Aprofundamento do leito do rio com a escavadeira hidráulica.


 Aquisição De Flutuantes

Outra medida complementar foi à aquisição de mais dois sistemas de


flutuantes, para serem instalados na Barragem do Joanes II (a montante do
vertedouro) e na entrada da Estação Elevatória do Joanes II.

Foto 10: Flutuantes instalados da Barragem do Joanes II.

Os 3 flutuantes instalados na Barragem do Joanes II e os 2 outros na


Captação do Joanes II, tinham uma vazão menor dos que foram instalados no
Jacumirim, pois eram menores e só tinham espaço para um único conjunto motor
bomba.

Foto 11: Flutuantes instalados na Captação do Joanes II.


Cada flutuante instalado na Captação e Barragem do Joanes II é
composto de 1 conjunto motobomba, podendo gerar uma vazão de 5,5 l/s a
1.111 l/s, potência que varia de 2 a 500CV e altura manométrica de 2 a 37mca.

 Perfuração de Poços

Foram também iniciadas as locações/perfurações de 14 poços profundos


na bacia sedimentar de São Sebastião ao longo das margens do lago da
barragem do Joanes II.

Foto 12: Localização dos poços perfurados.

Vários problemas na desapropriação das áreas onde estavam locados a


maioria deles atrasou bastante o início das perfurações e acarretou atraso nas
compras dos equipamentos para montagem e operação destes poços.

 Instalação de Sifão

O sifão de 700 mm de diâmetro foi montado na Barragem do Joanes II,


sobre o vertedouro, como umas das medidas para manter o nível do Joanes I,
pois como pode ser visto na foto abaixo, a água não conseguia mais verter.
Foto 13: Sifão sendo instalados na Barragem do Joanes II.

 Conclusão

Com a realização destas medidas emergenciais foi possível superar a


crise hídrica no município de Salvador e Região Metropolitana, pois o
abastecimento manteve-se normal até o retorno das chuvas e os níveis dos
reservatórios voltarem às cotas normais de operação.
Com a conclusão do barramento e a instalação e operação do primeiro
flutuante com dois conjuntos motobombas o nível da captação de Sta. Helena
começou a se elevar ultrapassando o mínimo operacional e garantindo uma boa
vazão sendo transposta do reservatório da Srtª Helena para a Barragem do
Joanes II, que por sua vez defluía para a barragem do Joanes I, em meados de
maio de 2017 ocorreram chuvas intensas, que, elevaram o nível a montante do
barramento construído galgando-o e destruindo uma parte do maciço, quase
atingindo os geradores, contêineres com painéis das bombas e tanques de
combustíveis que estavam na margem do rio(foto 15).
Foto 14: Rompimento do barramento do Jacumirim após as fortes chuvas.

Como as chuvas abrangeram toda a bacia do recôncavo e os níveis de


todos os reservatórios voltaram a subir. A partir de meados de junho começou a
desmobilização dos equipamentos, bem como, da situação de emergência.
As equipes de operação e manutenção da Embasa acompanharam e
realizaram a instalação e construção das estruturas e equipamentos, além do
emprego de soluções técnicas adotadas na implantação destes dispositivos,
obtendo assim experiência e conhecimento para enfrentar situações
semelhantes.
Vale ressaltar que no início de 2018, o cenário estava se aproximando
para o mesmo do ano de 2017, onde as equipes foram mobilizadas, e deram
início a montagem dos equipamentos e estruturas, entretanto começou a chover
e os níveis subiram interrompendo a situação de emergência.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Ernesto Marcos Pugliesi Antuna, Jorge Luís Rocha de Amorim e Ronaldo da Silva
Leite.
CAPÍTULO 16: Metodologia e Critérios Técnicos Empregados para o
Mapeamento e Seleção de Áreas Prioritárias para Recuperação Ambiental
nas Bacias Hidrográficas dos Rios Joanes e Jacuípe

 Resumo

O presente trabalho apresenta uma metodologia multiescalar para


identificação e priorização das ações de recuperação de matas ciliares e
nascentes do Projeto de Recuperação Ambiental de APP’s nas Bacias
Hidrográficas dos rios Joanes e Jacuípe. Foram utilizados alguns critérios para
a seleção de áreas em uma grande região de abrangência das mencionadas
bacias. A priorização reduz substancialmente a procura por áreas
ambientalmente mais importantes para a produção de água (foco do projeto),
nas propriedades rurais familiares, que serão as unidades que efetivamente vão
receber as ações de recuperação ambiental do projeto.
Foram elencados critérios em três diferentes escalas espaciais: Na escala
total das bacias (macroescala), a partir de análise de um conjunto inicial de
variáveis de solo, relevo e clima, encontrou-se que a densidade de nascentes
está fortemente correlacionada a todas as principais variáveis importantes para
a produção de quantidade e qualidade da água; ainda na macroescala, foi
considerada a quantidade de floresta na paisagem, relacionada à qualidade
ambiental e densidade de propriedades rurais – esta variável relacionada ao
processo de urbanização; na paisagem local (mesoescala), foram elencadas
variáveis relacionadas à facilitação dos processos de recuperação da vegetação
no médio e longo prazo.
As variáveis selecionadas nesta escala foram: quantidade de floresta na
paisagem, distância entre fragmentos florestais e qualidade ambiental (cobertura
do solo, processos erosivos, grau de escoamento superficial e presença de
fauna). As variáveis e pesos na macroescala foram usadas para construir o mapa
de áreas prioritárias, onde a quantidade de nascentes teve maior peso, seguida
da cobertura de florestas na paisagem e negativamente pela densidade de
imóveis.
Como resultado, foi produzido um mapa de áreas prioritárias para a
restauração da vegetação nativa nas duas bacias, que está sendo utilizado para
a busca de áreas com elevado potencial para ações de recuperação na escala
local. Por fim, para a seleção das áreas das propriedades rurais (escala local),
os critérios envolvem a aceitação do projeto e o potencial organizacional local.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: André Carvalho Figueiredo, Ana Paula Leal Meira, Eduardo Mariano Neto,
Evanildo Pereira de Lima e Lafayette Dantas Luz.
 Introdução

Para produção do mapa de áreas prioritárias, inicialmente buscou-se


avaliar alguns critérios em uma escala mais ampla (macroescala) que estão
diretamente relacionados à produção e à manutenção da quantidade e qualidade
da água. Estes critérios foram utilizados para a seleção de regiões dentro da
área total de abrangência do projeto, que compreende as bacias dos rios Joanes
e Jacuípe. Dentro destas regiões selecionadas, a priorização incluiu uma análise
da paisagem (mesoescala), avaliando a qualidade e quantidade da vegetação
presente. Estes fatores estão relacionados à facilitação dos processos de
recuperação e estabilidade ecológica da floresta implantada no médio e longo
prazo.
E por fim, para a seleção das áreas naturais no interior das propriedades
rurais (escala local ou microescala), onde as ações de planejamento e
recuperação serão efetivamente executadas, os critérios irão envolver a
aceitação do projeto pelos proprietários rurais que possuam área inferior a quatro
módulos fiscais de modo ser enquadrados como agricultores familiares como
também o potencial organizacional local, além da qualidade da área a ser
restaurada.
Este potencial organizacional relacionado à presença de organizações
representativas do público beneficiário do projeto (Associações, Cooperativas,
Grupos de trabalho coletivo, grupo informal e etc.), onde nessas organizações
haja um breve entendimento e envolvimento com as questões de preservação e
educação ambiental, bem como práticas e experiências ambientais. Este
processo de priorização multiescalar permite uma grande economia de tempo e
recursos, pois utiliza, nas escalas mais amplas, ferramentas baseadas em
informações geográficas e imagens de satélite. Isto reduz substancialmente a
abrangência do território de procura pelas áreas naturais contidas no interior das
propriedades rurais familiares, que serão as unidades que efetivamente vão
receber as ações do projeto.

 Descrição Critérios Ambientais Adotados

Critérios na macroescala

Em macroescala entende-se a paisagem contida numa bacia hidrográfica,


no caso as Bacias hidrográficas dos rios Joanes e Jacuípe. O processo de
priorização na macroescala compreende as seguintes etapas:

I. Definição da área total a ser analisada;


II. Definição do tamanho de unidades menores de trabalho que serão
efetivamente classificadas;
III. Seleção das características a serem usadas na classificação e dos
níveis que estas variáveis podem assumir; e, por fim,
IV. Qual peso que cada variável terá no processo de avaliação da área
total.

Este processo faz com que cada unidade menor receba uma nota
baseada no nível de cada característica considerada e no peso da mesma, por
meio de um algoritmo simples. Um algoritmo não passa de passos sequenciais
e lógicos que são organizados de forma a realizar a conclusão de certo
problema. As unidades com as maiores notas são então selecionadas e
apresentadas em destaque no mapa.
Vale lembrar que estas unidades serão, depois, analisadas usando
variáveis de mesoescala, escala de uma microbacia e posteriormente de
microescala, ou seja, em escala local, ao nível do imóvel rural, para a definição
de onde serão executadas as ações. A região toda foi dividida em vários
hexágonos de 86,6 ha de área cada um. Este tamanho de unidade permitiu usar
os diferentes dados espaciais disponíveis, incluindo as variáveis físicas de solo,
pluviosidade, hidrologia, relevo, e densidade de imóveis. Dentre os critérios
selecionados pela equipe, envolvidos na produção de água, diversos deles são
autocorrelacionados (redundantes) no espaço com a própria densidade de
nascentes. Esta variável, então, sintetiza este conjunto de características com
pouca perda de informação. Como esta variável congrega informações de
hidrologia, relevo e precipitação e está diretamente relacionada à produção da
água, foco do projeto da Embasa com a Caixa, ela recebeu o maior peso do
processo de priorização, tendo essa metodologia melhor descrita nos itens que
seguem. Foram estabelecidas três categorias de densidades de nascentes/km²,
a saber:
Tabela 1: Categorias de densidade de nascentes / Km².

A existência de cobertura vegetal foi elencada como critério em


macroescala para a seleção de áreas. O percentual de cobertura florestal na
paisagem é uma variável que está fortemente relacionada à resiliência natural
da vegetação e com sua capacidade de autorregenerarão; desta forma, esta
variável vegetação também entrou no processo de classificação.
Como uma parte das bacias dos rios fica dentro de algumas áreas
urbanas consolidadas, que vai de encontro inclusive aos critérios do edital no
FNMA/FSA CAIXA que estabeleceu que as áreas naturais devem estar situadas
em áreas exclusivamente rurais, por isso foi decidido que um dos critérios seria
a existência de baixa densidade de imóveis, obtendo uma maior nota aquela
área com mais baixa densidade de imóveis e construções diversas. Desse modo,
futuramente, espera-se que de posse desse mapa “orientativo” e com o trabalho
de campo a ser realizado pela UFBA/EMBASA/INEMA e INCRA possivelmente
no 2º semestre de 2018, possamos então selecionar as 10 áreas com maiores
notas na classificação e que representam as áreas com maior importância para
a produção de água, assim como possuem o maior potencial para a regeneração
florestal.

Critérios de seleção de áreas em mesoescala

Em mesoescala entende-se a paisagem contida numa microbacia e no


entorno imediato de um imóvel rural. Foram definidas algumas variáveis relativas
à manutenção da conectividade estrutural da vegetação (possibilidade de
continuidade física ou proximidade com núcleos de florestas com boas
condições ecológicas). A conectividade de fragmentos florestais está
relacionada à dispersão de sementes e animais e, assim, ao fluxo gênico entre
espécies da flora e da fauna. Essa conexão de fragmentos também facilita o
processo de recuperação das áreas degradadas e aumenta as possibilidades
para produção de água. Foram definidas como classes para o potencial de
conectividade:
Tabela 02: Classes para potência de conectividade.

Além da conectividade, também foi considerado, na mesoescala o


tamanho do fragmento de floresta próximo às áreas, nos critérios de seleção.
Baseado na realidade dos fragmentos existentes na região do projeto:

Tabela 03: Tamanho do fragmento de floresta próximo às áreas.

A qualidade do fragmento tem a ver com seu histórico de uso e


perturbações. Um aspecto é o estádio de regeneração da vegetação. Para o
presente projeto está sendo considerada a classificação do Conama dos
estádios sucessionais (RESOLUÇÃO CONAMA nº 33, de 7/12/1994), outros são
relacionados à integridade e à existência de grupos ecológicos de plantas (seres
mais aparentes), como árvores de grande porte, pertencentes às espécies
climácicas e produtoras de frutos atratores da fauna, epífitas, ervas de subosque.
Essa qualidade da área está ainda associada às condições de resiliência
da mesma, o que significa que tem condições de voltar a contribuir em um prazo
mais curto, com funcionamento das comunidades bióticas e para manutenção
da qualidade hídrica do sistema (ciclo da água). Quanto maior a qualidade, maior
o potencial de regeneração da mesma e menos intervenções antrópicas serão
necessárias. As categorias aqui adotadas de qualidade da área são:

Tabela 04: Qualidade da área.

O tamanho da área a ser restaurada é a área contínua na propriedade ou


propriedades rurais, a ser restauradas no projeto; quanto maior for essa área
restaurada, maiores serão as chances de recuperação de comunidades
funcionais, conforme critério adotado:

Tabela 05: Tamanho da área a ser restaurada.

Critérios de seleção em microescala

Complementarmente aos critérios ambientais, em microescala espera-se


futuramente, após acúmulo de algum conhecimento local por comunidade, deve-
se adotar critérios organizacionais e as possibilidades de aceitação do projeto e
perenização das áreas recuperadas. Estas informações estão sendo obtidas no
momento por meio das visitas em campo e futuramente durante a elaboração
dos projetos técnicos por equipe da Universidade Federal da Bahia. Além destas
características, a qualidade das áreas a serem recuperadas, em relação ao
histórico de perturbações e o esforço ou custo necessário para recuperar
também serão utilizados como critérios para priorização. Por fim, o tamanho da
área que pode ser recuperada também será usado como critério para
priorização.
Nesse contexto de microescala, some-se o fato que essas questões
organizacionais são de mais difícil mensuração e espacialização em um mapa,
por tais motivos cremos que só iremos lançar mão desses critérios
organizacionais no futuro próximo, quando pudermos contar com apoio dos
representantes dos municípios na Unidade Gestora do Projeto, quem, talvez,
domina essas informações locais. Para essas variáveis, consideraremos
basicamente:

 Presença de Estrutura Organizacional

Estrutura organizacional está relacionada com a presença de


organizações representativas do público beneficiário do projeto (Associações,
Cooperativas, Grupos de Lideranças e etc.), onde nessas organizações haja um
breve entendimento com as questões de preservação e educação ambiental,
bem como práticas e experiências com preservação e educação ambiental. As
áreas serão classificadas como:
Baixo Potencial Organizacional: Ausência de Organizações (Associações,
Cooperativas, Grupo de Líderes e etc.) + Pouco ou Baixo Conhecimento em
relação à Preservação e Educação Ambiental + Ausência de experiências e
Práticas com preservação e educação ambiental.
Médio Potencial Organizacional: Presença de Organizações + Pouco ou
Baixo Conhecimento em relação à Preservação e Educação Ambiental +
Presença de tímidas experiências e práticas com preservação e educação
ambiental.
Alto Potencial Organizacional: Presença de Organizações + Alto
Conhecimento em relação à Preservação e Educação Ambiental + Desenvolve
no dia a dia experiências e práticas com preservação e educação ambiental.

 Metodologia Adotada para Elaboração do Mapa

A seleção dos critérios técnicos foi resultado de discussão entre a Embasa


e seus parceiros no projeto, UFBA/INENA e INCRA e a produção do mapa
propriamente dito ficou a cargo do setor de Geoprocessamento do INEMA.
A área de estudo foi compreendida entre as Bacias Joanes e Jacuípe,
norte do Estado da Bahia. Para definição das áreas com maior potencial para
restauração, tendo sido seguidas quatro etapas, a saber:
1ª – Divisão da área de estudo em paisagens de referência que
apresentavam formato hexagonal com tamanho de 86,6 hectares;
2ª – Obtenção das informações sobre a vegetação nativa, imóveis rurais,
nascentes e solo dentro de cada hexágono;
3ª – Ponderação da importância relativa destas informações para
composição do mapa final; e
4ª – Geração do layout para visualização.

Para cada hexágono, foram calculados o percentual de vegetação nativa,


a densidade de nascentes, a média da densidade dos imóveis e a média das
ponderações para as classes de solo.
O percentual de vegetação nativa foi calculado pela razão entre a área de
floresta e a área total do hexágono. A identificação das florestas na região foi
feita a partir do diagnóstico do uso e cobertura vegetal na área, mapeando-se as
classes por interpretação visual do insumo matricial satélite Sentinel-2A de
09/08/2016. A escala do produto vetorial foi 1:40.000 e a legenda aplicada para
o mapeamento contemplava floresta (Floresta Ombrófila Densa), áreas
urbanizadas, pasto e água.
A densidade de nascentes de cada hexágono foi calculada a partir de um
mapa das prováveis nascentes da região, produzido com base nos pontos de
início de drenagens sob o mapa da hidrografia da Superintendência de Estudos
Econômicos e Sociais da Bahia (SEI-BA), na escala de 1:100.00. A média da
densidade de imóveis foi obtida a partir dos dados do Censo IBGE 2010, por
setor censitário.
As classes de solo foram obtidas a partir do mapeamento de solos do
IBGE na escala de 1.1.000.000, que foram ponderadas por especialista
considerando o potencial para produção de água e percolação. Para ponderar a
importância relativa destes insumos, os valores dos atributos das variáveis foram
padronizados, mantendo uma escala de variação de 0 a 1, para evitar viés
proveniente da grandeza de valores existente em cada dado.
O peso relativo entre as variáveis foi atribuído por um especialista:
percentual de vegetação ficou com peso 3, densidade de nascentes ficou com
peso 5, densidade de imóveis ficou com peso negativo de 1 e tipo de solo com
peso 3. Quanto maior o valor, maior sua importância na composição do mapa
final. Valores positivos refletem aspectos promotores da restauração, ao passo
que valores negativos foram aplicados para a variável que era desfavorável à
restauração.
Após ponderação, foi gerado um mapa com indicação de um gradiente de
valores atribuído a cada hexágono, que representam a prioridade para
restauração, variando de 0 a 1.
 Resultados e Discussão

O resultado final foi apresentado em formato de cartograma, onde valores


maiores foram representados em cores mais quentes (tons de vermelho),
indicando as áreas com maior potencial para restauração florestal, e valores
menores foram representados em cores mais frias (tons de amarelo), e
representam áreas com menor propensão para restauração de florestas, dentro
dos critérios adotados pela equipe do projeto.

Figura 01: Mapa de Áreas Prioritárias para Recuperação Ambiental de APP’s nas Bacias
Hidrográficas dos rios Joanes e Jacuípe-BA.

 Conclusão

A confecção do cartograma para a priorização de áreas naturais, que


serão objeto de ações de recuperação ambiental de áreas naturais antropizadas,
resultará na otimização do uso de recursos financeiros; menor dispêndio de
tempo em atividades de campo e, talvez, o mais importante, a reorientação do
trabalho de recuperação para áreas naturais que tragam uma maior garantia de
retorno ambiental na melhoria da oferta e da qualidade da água dos reservatórios
usados no abastecimento da Região Metropolitana de Salvador.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: André Carvalho Figueiredo, Ana Paula Leal Meira, Eduardo Mariano Neto,
Evanildo Pereira de Lima e Lafayette Dantas Luz.
CAPÍTULO 17: Monitoramento da Qualidade da Água na Barragem do Rio
da Dona – Valores de Fósforo após Desenvolvimento de Mata Ciliar

 Resumo

O plantio de mata ciliar tem se mostrado um importante aliado na busca


pela melhoria da qualidade da água disponível para tratamento na Barragem do
Rio da Dona. Essa barragem, que abastece três municípios, apresentava níveis
de fósforo elevados para os padrões do CONAMA 357/2005, e possivelmente,
com o desenvolvimento da vegetação, esses níveis têm decaído a cada
amostragem.

 Objetivo

Relacionar o desenvolvimento da mata ciliar no entorno da Área de


Proteção Permanente – APP Barragem do Rio da Dona com a melhoria nos
níveis de Fósforo encontrados no monitoramento semestral.

 Metodologia

Entre os anos de 2011 e 2014, 96 hectares de mata ciliar nativa foram


plantados na barragem por meio de contrato firmado com empresa
especializada. Em 2015 e 2016 foi realizada a manutenção da área plantada.
Concomitantemente ao crescimento das mudas, foram realizadas duas
amostragens anuais, em meses chuvosos e secos, durante o período de 2012 –
2018. As coletas são realizadas em dois dias, com o auxílio de barco a motor,
percorrendo toda a extensão da Barragem do Rio da Dona. Em cada uma das
amostragens semestrais foram coletadas 21 amostras sendo três amostras
(superfície, meio e fundo) de dois pontos de cada rio que compõe a represa (Rio
da Dona, Rio Preto e Rio de Areia) e um ponto próximo à captação do sistema
de abastecimento de água de Santo Antônio de Jesus. As coletas foram
realizadas de forma estratificada com o auxílio de garrafa de Van Dorn e baldes.
As amostras foram analisadas quanto ao teor de fósforo no Laboratório da
Gerência de Controle de Qualidade de Água e efluentes – TDOQ, em Salvador.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Geisa Gomes Pereira Mota de Carvalho e Acácia Aragão Souza de Carvalho.
 Resultados e Discussão

Em 2009, foi aberta uma Não Conformidade no Sistema de Gestão


Integrada da Estação de Tratamento de Água de Santo Antônio de Jesus- SGI
referente aos níveis de fósforo encontrados acima do padrão determinado para
rios enquadrados na classe 2 pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente-
CONAMA 357/2005.
O fósforo é um dos macronutrientes essenciais à vida participando de
processos fundamentais do metabolismo dos seres vivos. Embora seja
usualmente pouco disponível no meio ambiente, (Von Sperling, 2008), muitas
atividades humanas conduzem ao aporte de fósforo nas águas naturais, assim,
pode ser considerado como um dos principais fatores responsáveis pela
eutrofização artificial dos ambientes aquáticos (ANA, 2013).
A represa do rio da Dona é conhecida pelo plantio, com uso de
fertilizantes, de mandioca, laranja e banana em seu entorno. Os níveis altos de
fósforo podem estar relacionados ao seu carreamento para o rio por meio das
chuvas constantes da região. O uso agrícola do solo em bacias hidrográficas
localizadas em regiões de encosta altera as condições ecológicas naturais, pois
drenagem pluvial de áreas agricultáveis (fertilizantes) pode contribuir para uma
elevação dos teores de fósforo no meio aquático (Von Sperling, 2008).
Nas coletas realizadas no Rio da Dona de dezembro 2012 a maio de 2016,
95% apresentavam fósforo acima do padrão. No rio Preto, no mesmo período,
87% amostras estavam fora da especificação. No rio de Areia, entre dezembro
de 2012 e maio de 2016, 70 % das amostras foram fora do padrão. No ponto de
captação, 91% das amostras coletadas nesse período apresentaram fósforo
acima do padrão estabelecido pelo CONAMA 357/2005.
As matas ciliares são conhecidas por seus benefícios à proteção dos
recursos hídricos. O plantio de árvores em nascentes e encostas dos rios ajuda
a evitar o assoreamento do leito do lago, contribuir para a recarga de base do
lençol freático, formar corredores ecológicos para a fauna, servindo de refúgio,
abrigo, fonte de alimentação e forma de locomoção segura entre os fragmentos
remanescentes da mata para diversos animais silvestres. Em março de 2011,
iniciou- se a 1ª etapa do plantio da mata ciliar no entorno da Área de Preservação
Permanente da bacia hidráulica da barragem do Rio da Dona.
Objetivou-se principalmente proteger a quantidade e qualidade de água
deste que é o único manancial disponível para atender demanda de Santo
Antônio de Jesus, Varzedo e Dom Macedo Costa. Nesta primeira fase, foi
executado o plantio de 61 espécies de árvores, 33.000 mudas, em uma área de
30 hectares. Em 2012, mais 30 hectares foram plantados e foi realizada a
manutenção das árvores plantadas anteriormente.
Em dezembro de 2013 iniciou-se a 3ª etapa do projeto pela manutenção
e replantio das mudas nos locais onde não ocorreu o crescimento das plantas.
Nesta última etapa finalizada em 2014, foram plantadas mudas em 36 hectares
totalizando 100% da APP do lago da Barragem do Rio da Dona. Nos anos de
2015 e 2016 foi realizada a manutenção da área plantada anteriormente. A partir
das coletas de novembro de 2016 é possível notar uma diminuição de pontos de
coleta com níveis de fósforo acima de 0,03 mg P/L, padrão recomendado pelo
CONAMA 357/2005 para água de ambientes lênticos.
Nas amostragens realizadas entre novembro de 2016 e maio de 2018, no
rio da Dona, apenas 16% estavam foram do padrão. No rio Preto e no rio de
Areia, 29 % e 33% apresentaram valores acima do limite respectivamente. E na
captação, 33% estavam fora do padrão. Com o desenvolvimento da mata ciliar,
essas árvores parecem já estar atuando como filtros, impedindo que o sedimento
e seus compostos sejam escoados para o interior dos rios de forma integral.
A melhora na qualidade da água pode ser observada pela diminuição do
número das amostras que apresentaram fósforo acima do padrão nos três rios e
captação (superfície, meio e fundo) que compõem a barragem nos últimos dois
anos (Figura 1).

Figura 1: Quantitativo de amostras fora do padrão por ano nos rios que compõem a Barragem
do Rio da Dona.
 Conclusão

A manutenção do monitoramento sistemático da água dos rios é uma


ferramenta fundamental para avaliação da qualidade dos rios e deve ser
mantida. Por meio do acompanhamento periódico da qualidade da água nos
diferentes pontos dos rios, é possível verificar um declínio dos níveis de fósforo
à medida que a vegetação tem crescido.

Em uma barragem que é cercada por fazendas com cultivos agrícolas,


como é o caso do entorno da barragem do Rio da Dona, o plantio de mata ciliar
tem se mostrado importante para a contenção do fósforo que escoava livremente
para os rios que formam a barragem.

Espera-se que o desenvolvimento, e a manutenção da mata ciliar,


continuem a favorecer a barragem do Rio da Dona, não apenas qualitativamente,
mas também melhorando a disponibilidade hídrica desta represa tão importante.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Geisa Gomes Pereira Mota de Carvalho e Acácia Aragão Souza de Carvalho.
CAPÍTULO 18: Previsão de Consumo de Água Baseada em Redes Neurais
Artificiais Recorrentes NARX

 Resumo

A água é essencial à vida, sendo um elemento necessário em quase todas


as atividades humanas, as quais podemos destacar o uso doméstico, uso
industrial, geração de energia elétrica, agricultura, entre outros. Sua disposição
em quantidade e qualidade representa um dos principais desafios em áreas
urbanas brasileiras, principalmente em grandes metrópoles como a Região
Metropolitana de Salvador.
A crescente demanda de água e o risco de desabastecimento estão
associados ao aumento da população urbana, e a previsão de demanda e
consumo estão se tornando um fator fundamental na manutenção desse recurso
na atualidade. O presente trabalho mostra a utilização de inteligência artificial na
previsão do consumo no Sistema de Abastecimento de Água da ETA Principal
que distribui água tratada para diversas localidades da Região Metropolitana de
Salvador (RMS).
Redes Neural Artificiais (RNA) Recorrentes do tipo NARX para séries
temporais foram utilizadas para prever o padrão de consumo em diversas
regiões ao decorrer do dia e da semana. Assim, é possível planejar a operação
dos sistemas de abastecimento e distribuição de água de forma a otimizar os
processos, os custos de produção e energia elétrica, a logística de produtos
químicos, entre outros. No presente estudo, foram utilizados os dados de vazões
de entrada dos reservatórios para o período de 2016 a 2018 disponibilizados
pela Plataforma de Informações das Plantas de Processo da EMBASA – PIPPE.
Esses conjuntos de dados foram utilizados para o treinamento, o teste e
a previsão da RNA, totalizando mais de 530 mil interações com o algoritmo de
treinamento backpropagation Levemberg Marquardt. A previsão horário do
consumo foi obtida com níveis de erros aceitáveis.
Por fim, conclui-se que o método proposto pode ser utilizado para previsão
de consumo obtendo uma ótima estimativa.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Carlos César Oliveira Araújo Filho.
 Introdução

A escassez de recursos hídricos para abastecimento de grandes centros


urbanos atinge várias regiões, e essa situação não é diferente da Região
Metropolitana de Salvador. A Bahia atravessou a maior estiagem dos últimos
100 anos nos períodos de 2016 e 2017, segundo dados do Governo do Estado.
Em janeiro de 2017, choveu apenas 15% da quantidade verificada no mesmo
mês, em 2016. Face a essa crise, a EMBASA e o Governo do Estado adotaram
diversas medidas emergenciais para melhor atender a população como
perfuração de poços, reforçando os locais de captação e ampliando a
capacidade de reservação (EMBASA, 2017). Estas decisões podem ser
otimizadas à medida que o consumo futuro possa ser estimado.
A previsão de consumo e demanda é um fator primordial para a superação
da crise hídrica, assim como quando se pretende criar ou expandir um sistema
de abastecimento. Esta previsão se dá por meio de métodos mais intuitivos e de
natureza prática, conhecidos como qualitativos, e outros mais objetivos com
base matemática, conhecidos como quantitativos. Não existe um método único
e ideal para a previsão, cada técnica tem particularidades, e neste trabalho
buscou-se utilizar métodos de inteligência artificial. Atualmente, a utilização de
inteligência artificial, com o auxílio da quantidade de informações que os
sistemas de automação geram, tornou os modelos de previsão confiáveis.
Nos últimos anos, as empresas responsáveis pelo saneamento
aumentaram exponencialmente os seus investimentos nos sistemas de
automação relacionados ao abastecimento de água. Diante disso, é possível
obter informações em tempo real de vazão, nível e pressão nas regiões onde há
o consumo. A EMBASA está em constante atualização com as novas tecnologias
no segmento de automação, incorporando a filosofia de Industria 4.0 nos seus
processos. A evolução nas tomadas de decisões na indústria, mostram que os
controles eram baseados em analises qualitativas dos operadores.
Com a evolução das redes, os dados são historiados e as decisões
passam a ser baseadas em analises que levam em consideração diversos
fatores correlatos. Dando um passo mais adiante, essas decisões passam a ser
tomadas em tempo real, com dados relacionados fora do processo, integrando
dados gerenciais, dados de produção e negócio. Assim, a ideia de Big Data
surge na análise de grande volume de dados e a integração completa dos
sistemas.
A etapa de automação, coleta de dados e acionamento de atuadores no
intuito de alterar o comportamento do sistema em estudo representa a parte
inicial deste processo. Posteriormente, existe a possibilidade em otimizar a
operação para desenvolvimento continuo dos serviços de tratamento, captação,
distribuição de água e redução de custos envolvendo gastos energéticos, perdas
físicas, utilização de produtos químicos e estimativa de pontos de controle ótimos
para os sistemas.
No caminho da Industria 4.0, a Embasa não está distante desta tendência
tecnológica, sendo possível implementar ainda técnicas como o Aprendizado de
Máquina (Machine Learning). Ao realizar a previsão de consumo a curto prazo,
é possível realizar o controle de produção automática e flexível baseando-se no
aprendizado do padrão de consumo que se adapta ao tempo e as anomalias.

 Objetivo

Este trabalho tem o objetivo de enunciar a problemática da previsão de


consumo urbano de água a curto prazo. Além disso, aplicar o método
relacionado a Redes Neurais Artificiais (RNAs) com a possibilidade de trazer
melhorias na operabilidade do sistema em estudo. Para a previsão das técnicas
de previsão, foram utilizados os dados coletados a partir do Sistema de
Tratamento da ETA Principal que atende a Região Metropolitana de Salvador e
fica localizado na região de Teixeira de Freitas-BA.
Tal instalação, alimenta boa parte de Salvador envolvendo o
encaminhamento de água para oito localizações majoritárias que possuem
automação e foram frutos deste estudo: Lauro de Freitas, Valéria, Águas Claras,
Cajazeiras, Pirajá, Ilha Amarela, São Caetano e Cabula. Outras regiões também
são atendidas pela ETA Principal, mas não fizeram parte deste estudo. O
sistema é automatizado e os dados foram disponibilizados pela PIPPE,
plataforma desenvolvida pela MPMM-Automação.
Os dados de vazão coletados são medidos em tempo real por meio de
sensores instalados na entrada dos reservatórios e endereçados para um
Controlador Lógico Programável (CLP), que tem a função de captar dados de
processo e fazer o controle dos atuadores (válvulas, inversores, solenoides e
bombas). Essas informações são transmitidas via rádio ou GPRS para um
Sistema Supervisório Central no Centro de Controle Mestre (CCM), que por sua
vez armazena o histórico do processo em um banco de dados temporal no
Microsoft SQL Server.
Sendo importante a identificação desse padrão de consumo, este trabalho
faz a previsão de consumo de água utilizando um tipo especifico de RNA, a rede
NARX (Rede Não Linear Autorregressiva com Entradas Exógenas), rede
recorrente com alto desempenho para séries temporais, e treinada neste
trabalho com o algoritmo de Levenberg-Marquardt no software MATLAB®
R2018a.
Figura 1. Visão geral do sistema de abastecimento de água da RMS na Plataforma de
Informações das Plantas de Processo da Embasa (PIPPE).

 Metodologia

Para realizar previsões com relação ao comportamento físico, econômico,


ou social normalmente não consiste em uma tarefa simples. Os fatores de
incerteza e imprevisibilidade são relevantes, além de ser essencial que a técnica
de previsão esteja coerente com os fenômenos relacionados ao sistema e que a
tomada de decisão realizada pelo controlador tenha domínio da técnica para
obter resultados satisfatórios.
Na elaboração desse trabalho foram coletados dados das séries históricas
das vazões de entrada dos reservatórios da RMS no período de 2016 a 2018,
sendo que os dados foram divididos em três partes para o treinamento, validação
e teste do modelo proposto, a fim de que os dados utilizados no treinamento e
validação não fossem os mesmos utilizados no teste. O conjunto de dados foi
utilizado então para alimentar as entradas de uma RNA do tipo NARX por meio
do software MATLAB R2018a. Os dados foram extraídos do banco de dados
temporal Microsoft SQL Server por meio de query em SQL (Structured Query
Language) para planilha do Microsoft Excel e posteriormente tratados para
importar para o MATLAB. Estes dados correspondem as vazões de entrada em
litros por segundo (l/s) das oito regiões citadas da RMS. Os valores de data e
hora foram tratados de modo que foram organizados em conjuntos de dados por
dia da semana e hora.
Assim, os modelos pretendiam prever o consumo do sistema se baseando
na influência da hora do dia e do dia da semana. Para obter a rede com maior
desempenho, foram feitos vários testes com parâmetros diferentes para testar a
performance da rede NARX. Os parâmetros utilizados nos testes foram:

 Quantidade de neurônios nas camadas escondidas;


 Pesos sinápticos introduzidos aleatoriamente;
 Reentradas com quantidade diversificada de atrasos;
 Função de ativação tangente hiperbólica na camada intermediária;
 Função linear na camada de saída.

Series Temporais
Uma serie temporal (ST) é um conjunto de observações ordenadas no
tempo (MORETIN; TOLOI, 1987). Os conhecimentos aplicados a series
temporais podem estar relacionados a modelagens de sistemas, análises, e
técnicas específicas aplicadas, como:

 Taxa de desemprego no país;


 Níveis de eletrocardiograma;
 Registros anuais de terremotos em continentes;
 Preços diários de ações.

Para Ehlers (2009), uma serie temporal é um conjunto de observações


{Y(t), t T}, Y, onde a variável de interesse T: conjunto de índices, sendo que a
serie pode ser discreta, contínua ou multivariada. A análise de uma serie
temporal possui, a princípio, três objetivos principais:

 Compreender o mecanismo gerador da série;


 Predizer o comportamento futuro da série, principal propósito deste
trabalho;
 Controlar as observações da série, aplicado em controle estatístico
de processos para medição de qualidade (EHLERS, 2009).

Redes Neurais Artificiais (RNA)


A área da ciência conhecida como Inteligência Artificial (IA) tem o
propósito de reproduzir por meios computacionais capacidades inteligentes que
os seres humanos possuem, como pensar, comunicar-se, resolver problemas,
armazenar informações e conhecimentos e aprender. Pode-se citar algumas
famosas técnicas relacionadas ao assunto como Lógica Nebulosa, Algoritmos
Genéticos e Redes Neurais Artificiais.
RNA’s são baseadas no funcionamento do cérebro humano, como ele se
interconecta e estabelece comandos a partir dos neurônios, sendo parte
elementares do cérebro. A ideia é reproduzir o processamento de informações
do cérebro com um modelo artificial de neurônios, que similar ao comportamento
biológico, se juntam por meio de conexões formando grandes redes neurais. O
neurônio é a unidade básica do cérebro humano. Ele recebe os estímulos
transmitidos de outros neurônios, formando uma rede que até hoje o ser humano
não conseguiu reproduzir. É possível observar a estrutura de um neurônio na
figura 2.

Figura 2 – Estrutura geral de um neurônio humano.


(Fonte: Adaptado de HAYKIN (2001)).

Os neurônios humanos se comunicação por meio de impulsos. Ele recebe


este impulso nos dendritos, processa a informação, produz uma substância
neurotransmissora que flui por meio do axônio para outros neurônios.
Analogamente, as Redes Neurais Artificias possuem neurônios artificiais para
processamento de informações. A figura 3 ilustra a estrutura básica de uma RNA
onde a entrada x1, x2, ..., xm é ponderada por pesos wk1, wk2, ..., wkm para gerar
saídas no processo. Neste caso, trata-se de uma rede alimentada à frente
(feedforward), onde o processamento da informação sempre é em um único
sentido. Em uma RNA os neurônios estão estruturados em camadas. Este modo
de organização dos neurônios determina o modo que o algoritmo de treinamento
será utilizado. A arquitetura de rede alimentada com uma única camada é
chamada de Perceptron e foi demostrada acima. Outras arquiteturas são as
redes alimentadas diretamente com múltiplas camadas (MLP) e as redes
recorrente.
Figura 3 – Modelo não linear de um neurônio (Fonte: Adaptado de HAYKIN (2001)).

O processo de aprendizagem é a propriedade mais importante das redes


neurais, trata-se da habilidade de adaptação para melhorar seu desempenho.
Isto é feito por meio de um processo interativo de ajustes aplicado aos pesos da
RNA, o treinamento. De modo geral, o aprendizado ocorre quando a RNA produz
uma solução genérica para determinado problema. Os algoritmos de
aprendizado definem as regras para a solução do problema e diferem na forma
com que os gradientes são utilizados na atualização dos pesos. O treinamento
utilizando estes algoritmos pode ser realizado de forma supervisionada, não
supervisionada ou por reforço.
Um dos principais algoritmos de aprendizado supervisionado utilizado em
RNA é o backpropagation. A ideia deste algoritmo é, com base no cálculo do erro
ocorrido na camada de saída, recalcula-se os valores dos pesos da última
camada de neurônio, e procede para as outras camadas, atualizando os pesos
das últimas camadas até atingir a primeira camada. Assim, realiza da
retropropagação do erro obtido pela rede neural, visto que a saída da rede já é
conhecida. Este estudo utilizou um algoritmo especifico de backpropagarion,
Levenberg-Marquardt implementado no ambiente do MATLAB.
Devido a sua estrutura, RNA’s são bastantes efetivas no desenvolvimento
de conhecimento a padrões a partir de dados não lineares ou com ruídos.

Rede NARX
A rede neural artificial NARX (Nonlinear Autogressive with Exogenous
Inputs) é uma rede utilizada em sistemas dinâmicos não lineares. Trata-se de
uma rede multicamadas tendo como entrada a própria saída realimentada com
atrasos temporais e uma entrada exógena. A recursividade da arquitetura desta
rede incorpora o efeito memória para o processo, sendo que as estimativas
passam a ser afetadas por seu próprio passado se manifestando por meio da
atualização de pesos.
Áreas com potencial de aplicação para essa rede tem sido desenvolvida
nos campos de caracterização de tráfego de redes de comunicação e em
previsão de séries temporais caóticas.
Na prática a rede NARX têm diversas vantagens. A sua aprendizagem
pelo gradiente descendente tende a tornar-se mais eficaz devido a sua memória
integrada na qual implementa um percurso menor para a propagação de
gradiente de informação quando uma rede aberta. Desta forma, auxilia em não
retroagir o sinal de erro gerado (Siegelmann, 1977). Além disso, a rede, grande
parte das vezes, quando aplicada corretamente, apresenta uma rápida
convergência e um desemprenho robusto.
A topologia é ilustrada na figura 4 e a equação que define o modelo NARX
é:

Figura 4 – Topologia de uma Rede NARX com atrasos de entrada e saída.


(Fonte: Adaptado de HAYKIN (2001)).

MSE
O Erro Quadrático Médio – MSE (Mean Squared Error) é definido como
sendo a média da diferença entre o valor do estimador e do parâmetro ao
quadrado. Foi utilizado esse parâmetro para a analisa dos modelos propostos
neste trabalho. A equação e comando no MATLAB para o MSE é definido abaixo:
 Resultados e Discussão

Utilizou-se dados correspondentes a 66407 amostras temporais para


definir os parâmetros dos modelos NARX. O toolbox ntstool do MATLAB utilizado
na simulação organizou os dados em 531256 passos para o treinamento,
validação e teste. A comparação dos erros dos diferentes modelos de previsão
implementados é apresentada em figuras e tabelas como se seguem.

Figura 5 – Representação esquemática da rede NARX na toolbox ntstool.

Tabela 1 – Comparação dos modelos propostos.

Assim, o modelo com o melhor desempenho na rede NARX foi utilizando


20 neurônios e 5 atrasos, que obteve o menor erro e um coeficiente de
determinação R² alto.
Figura 6 – Modelo de rede NARX em malha aberta com melhor desempenho .

A Rede NARX foi treinada em malha aberta utilizando os dados históricos


e foi possível obter um modelo que melhor descrevesse o processo. Contudo, é
necessário fechar a malha para torna o sistema realista, visto que os valores de
realimentação da saída não estão disponíveis em tempo real. Desta forma, a
realimentação da rede foi fechada e utilizado os valores estimados dado valores
iniciais.

Figura 7 – Rede NARX em malha fechada para testes.

Nas figuras 8 e 9 está ilustrado o desempenho da simulação do modelo


com 20 neurônios e 5 atrasos, a qual teve a melhor performance.

Figura 8 – Performance da simulação usando o toolbox nntraintool.


Figura 9 – Performance da regressão nas fases de treinamento, validação e teste.

Comparando os resultados, é possível observar nas figuras 10 e 11 os


gráficos das vazões no treinamento da rede NARX e os gráficos das estimações
do padrão de consumo, respectivamente.

Figura 10 – Saídas do sistema utilizando o modelo treinado da rede neural.


Figura 11 – Predição do consumo de água utilizando a rede neural em malha fechada.

A figura 12 ilustra a predição do consumo de água no R23 – Reservatório


de Caji. É possível observar que o modelo de rede neural obtido conseguiu
prever o comportamento por até 550 interações de tempo. Assim, sem nenhum
dado de medição da vazão de entrada do reservatório, o modelo proposto previu
como a mesma iria se comportar por quase 2 dias.

Figura 12 – Predição do consumo de água para Lauro de Feiras utilizando a rede neural em
malha fechada.
 Conclusão

Mediante o exposto, conclui-se que utilizando uma rede NARX com 20


neurônios na camada escondida e 5 atrasos, os resultados obtidos tiveram o
melhor desempenho. Nota-se que utilizando o modelo obtido em malha fechada,
o sistema tende a convergir com um erro controlado até aproximadamente 550
amostras, conforme figura 13. Usando a taxa de amostragem de 5 minutos, foi
possível prever o consumo de água no Sistema de Distribuição da ETA Principal
por um período de 45h.
Para previsões iguais ou maiores que 48h existe uma crescente diferença
no valor do erro quando aplicado na malha fechado. Sendo assim, o modelo
obtido consegue satisfatoriamente prever o consumo do sistema a depender da
hora e dia da semana no horizonte de até dois dias. Dados climáticos podem ser
acrescentados no treinamento afim de melhorar a estimativa da rede neural.
Em sistemas menores no interior do estado da Bahia, a previsão do
consumo e demanda pode se tornar um fator chave na melhoria dos serviços
oferecidos.
Os resultados indicaram que a rede neural aqui utilizada apresenta uma
ótima capacidade de capturar tendências e um bom desempenho para previsão
de séries temporais.
O algoritmo de treinamento empregado, Levenberg-Marquardt melhorou
os tempos computacionais de processamento quando comparado ao
treinamento Bayesiano.
Sugere-se também o estudo da eficiência de outras arquiteturas de redes
neurais recorrentes, bem como outros tipos de inteligência artificial, como Lógica
Nebulosa, Deep Learning, entre outras. A utilização de RNAs ainda enfrenta a
barreira no momento de determinar sua arquitetura ótima, visto que
predominantemente utiliza se a tentativa e erro. De maneira geral, os objetivos
foram atingidos, sendo possível observar a capacidade computacional das
RNAs, neste trabalho empregada na previsão de séries temporais, mas que pode
ser empregada nas mais variadas áreas do conhecimento, justificando os
estudos de redes neurais artificiais e sua empregabilidade para estudo de
sistemas inteligentes da atualidade.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Carlos César Oliveira Araújo Filho.
CAPÍTULO 19: Projeto Ativar – Buscando Alternativas para Diminuir os
Impactos da Empresa no Uso de Novas Metodologias no Intuito de
Redução das Ligações Inativas

 Resumo

Estudos diversos mostram o uso da água de forma consciente. De acordo


com Moraes (2013), programas de conservação/uso racional da água podem
fomentar ações para que este fim seja alcançado. O sistema Comercial de Sr.
do Bonfim é divido em 13 setores, onde foi formulado um cronograma de atuação
diante da evolução de números de ligações do SIAA de Sr. do Bonfim nas
inativas onde o porcentual é representativo, contribuindo para o número
crescente e considerável de inativas que impacta diretamente no saldo de contas
e faturamento. Como o sistema de abastecimento do município trabalha por meio
de manobras nas suas zonas de abastecimento, elaboramos estratégias nos
locais de atuação quando o abastecimento estivesse para o local, facilitando a
localização de ligações religadas indevidamente ou by-pass (gato) atuando e
notificando por meio de uma equipe executora de imediato.
No Escritório Local de Senhor do Bonfim os números de usuários inativos
vêm crescendo gradativamente impactando no saldo de contas inativo a receber
e ocasionando perda no faturamento, obedecendo à metodologia do PROJETO
ATIVAR e deu continuidade nesse trabalho com objetivo de identificar a situação
existente, e averiguar a existência de irregularidades (furto de água)
proporcionando perdas de água tratada. O objetivo é verificar em campo
situações desses imóveis como está a forma de abastecimento, levantando
perfis desses clientes inativos e aplicando uma política de recuperar esses
clientes diminuindo os índices de inativas, saldo de contas e diminuição de
irregularidades. O Projeto Ativar tendo em vista de reduzir percentual de ligações
inativas, recuperar saldos de contas e aumentar o faturamento.
Realizando visitas nos imóveis, copilando dados importantes, perfil de
clientes para formular estratégias para garantir ações reduzindo irregularidades
e contribuindo para recuperar clientes de inibir situações que estejam fora dos
padrões, e melhorando a satisfação do cliente e qualidade do serviço prestado.
As perdas aparentes impactam diretamente na sustentabilidade financeira das
empresas de saneamento. Segundo Tsutiya (2005), o combate às fraudes deve
ser uma atividade constante das companhias de Saneamento no intuito de coibir
os fraudadores uma vez que caso os mesmos percebam a fragilidade deste
combate sentirão encorajados na continuidade da prática.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Jefferson Paulo Silva de Azevedo e Pedro Simões Jambeiro.
 Objetivo

Dentre os desafios do Projeto Ativar destacamos as ações principais:

 Recuperar 800 ligações Inativas;


 Recuperar R$: 1.100.342,70 de saldo de contas inativas referente
ao ano de 2018 até dezembro;
 Redução de perdas e água não faturadas (ANC/ANF);
 Combater irregularidades;
 Reduzir ligações inativas de 13,75% existentes em maio de 2018,
para 12% até dezembro de 2018;
 Negociar débitos existentes por meio de parcelamentos ou
negociação pelo valor histórico.

 Introdução

O Projeto teve início junto com o “de olho nas perdas” em março de 2018
no Escritório Local de Senhor do Bonfim, tem como objetivo de investigar a
respeito de ligações inativas que não tiveram interesse de negociação de débitos
e a ativação da ligação. Aonde foi elaborado um cronograma por setor e
localidades sempre adequando com a manobra para o local de facilitar a
localização de irregularidades no momento da visita. Foi levantado o número de
ligações Existentes 35.898 e ligações inativas 4.935 que representa 17,96% das
inativas da Unidade Regional de senhor do Bonfim – UNS.
Devido ao escritório está em um nível de processo de arrecadação e
contribuindo para Unidade Regional o Processo de Cobrança não poderá sofrer
com a descontinuidade da régua da cobrança (notificações, cobranças 24 horas
e suspensão) com isso foi criada uma equipe de colaboradores internos para
atuar em campo (Figura 01).

 Ações Planejadas

 Diante das ações corretivas aplicadas nesses casos


acompanharem as matriculas para verificar o comportamento das
mesmas.
 Em caso de ligações não negociadas aplicarem cortes com cápsula
de chibágua ou supressão.
 Em caso de imóveis vizinhos estejam fornecendo água, verificar a
idade dos hidrômetros para os mesmos ser substituídos ou tarifar.
Emissão de carta de notificação para o cliente que está fornecendo
água para o vizinho.
Verificando o saldo de contas do escritório em 2018 valor de R$:
397.708,29 Inativos a perspectiva de recuperação 30% baixando o saldo de
contas e tendo em vista um ganho de receita no valor R$ 119.312,48
incrementando na arrecadação particular e diminuição substancial 878 inativas
representativo 2,43%, contribuindo de imediato para as metas do escritório.

Figura 01: Dimensionamento da Equipe.

 Resultados e Discussão

Ano 2017
No ano de 2017 foi feito levantamento no EL de Sr. do Bonfim todas
inativas do sistema na sede e localidades e foi colocado em prática o projeto
ativar, obtemos números significantes em campo para realizar tratamento de
imediato nas irregularidades encontradas, clientes abastecendo vizinhos e
recuperação de inativas por meio de negociações corpo a corpo com o cliente
levando várias formas de negociações dentro da renda do cliente pudesse pagar.
Notificamos por meio da carta de notificação ao cliente e ações por meio de
equipes de campo inibindo uso indevido, conforme resultados demonstrados na
Figura 02.
Em 2017 recuperamos um saldo de contas R$ 176.483,50 contribuindo
significativamente para o atingimento das metas de arrecadação, eficiência e
principalmente tivemos uma diminuição de 594 inativas onde o indicador estava
em situação crítica em Status vermelho e conseguimos no final do ano alcançar
status amarelo contribuindo para os demais indicadores como perdas que teve
uma diminuição que impactou positivamente, já que vivemos numa região aonde
a escassez de água e o abastecimento funciona de forma escassa devido a
demanda reprimida de água.
Diante do trabalho realizado no ano 2017 com o Projeto Ativar realizamos
1334 visitas em ligações inativas e recuperamos 130 inativas que representa
Valor recuperado de R$: 19.199,90 diretamente. Foram evidenciadas várias
ligações irregular contribuindo de imediato para as perdas do escritório foi
evidenciado 146 ligações inativos usando indevidamente, onde preparamos
equipes de prontidão para atuar de imediato inibindo o uso indevido e aplicando
multas cabíveis.
Outros benefícios que obtivemos foi uma economia tanto para o escritório
e a Unidade em um valor de R$10,897,77 (dez mil, oitocentos e noventa e sete
reais e setenta e sete centavos) no contrato de manutenção, há a vista que todos
os trabalhos de campo (revisão, instalação de cápsula, religações) foram
efetuados pela equipe Administração Direta de campo.

Figura 02: Ações 2017.


Ano 2018
Os entrevistadores visitaram 906 clientes inativos no mês de março até
julho de 2018, deste trabalho já foram concluídos 20,17% da consolidação de
informações onde obteve os seguintes resultados na Cidade de Senhor do
Bonfim (Sede).
Em 2018 seguimos o mesmo cronograma de atuação em campo e logo
no inicio tivemos uma boa perspectiva, pois já tínhamos os dados copilados do
ano anterior e realizamos 1.260 visitas de ligações inativas, com incremento de
equipes novas em realizar o trabalho de campo com mais êxito nos resultados.
Logo em vista tivemos algumas dificuldades de novas equipes e formação para
realizar o trabalho, mas obtemos resultados significativos que está contribuindo
com a diminuição das inativas e saldo de contas, inibindo o uso indevido após a
evidenciação estamos registrando BO na Policia Civil e multando clientes por
meio dados comprobatórios. Tivemos uma recuperação de 215 ligações inativas
contribuindo em diminuição 17,06% das inativas habitadas.
Hoje estamos com 5.202 ligações inativas cerca 14,43%, a projeção para
recuperação 2,43% cerca de 800 inativas para recuperar até o novembro/2018
e contribuindo para o saldo de contas. Desta forma, vimos que a tal eficiência
coletada 100% dos dados obtidos em campo serve para termos uma noção ideal
para tomada de decisão na execução do serviço e ampliando o Projeto Ativar e
corroborando os demais escritórios da Unidade diminuindo circunstancial para
atingimento das metas comercias e operacional moralizando a visão da empresa
na sociedade.

Figura 3: Projeto Ativar + Projeto de Olho na Perda.


Figura 4: Evidências em Campo.

Figura 5: Água irregular (By-pass).

Os entrevistadores visitaram 1.137 clientes inativos no mês de março até


julho de 2018, deste trabalho já foram concluídos 21,85% da consolidação de
informações onde obteve os seguintes resultados na Cidade de Senhor do
Bonfim (Sede).
Figura 6: Pesquisa de Ligações Inativas Executadas SEDE.

Figura 7: Débitos de Ligações Inativas Executadas.

Os entrevistadores visitaram 123 clientes inativos no mês de março até


julho 2018, deste trabalho já foram concluídos 2,42% da consolidação de
informações onde obteve os seguintes resultados nas Localidades de Senhor do
Bonfim.
Figura 8: Débitos de Ligações Inativas Executadas.

Figura 9: Débitos de Ligações Inativas Localidades.


 Conclusão

Conforme cita Tsutiya (2005), as fraudes podem ser coibidas por meio de
medidas contínuas. Conforme verificado por meio dos resultados obtidos é
possível verificar que a metodologia do Projeto Ativar traz resultados que
impactam positivamente nas metas da empresa.

Manter a equipe de forma inspecionar as ligações inativas seguindo a


régua da cobrança é ponto de sucesso para o alcance dos resultados.

O mesmo autor reforça ao citar [...] “o gerenciamento do controle de


perdas envolve o acompanhamento de diversas ações especializadas,
integradas e sequenciais, avaliando o andamento e medindo o resultado”
(TSUTIYA 2005). Desta forma este pode ser considerado o fator de sucesso do
referido projeto na busca da redução das perdas e aumento do faturamento no
combate às irregularidades.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Jefferson Paulo Silva de Azevedo e Pedro Simões Jambeiro.
CAPÍTULO 20: Proposição de Critérios Técnicos para o Estabelecimento
de Metas Progressivas de Melhoria da Qualidade da Água no Estado da
Bahia

 Resumo

Em face da ausência de enquadramento da maior parte dos corpos d’água


estaduais, o órgão gestor de recursos hídricos tem enfrentado dificuldades para
emissão da outorga de lançamento de efluentes, visto que considera a
concentração final permitida para o parâmetro DBO5,20 após a diluição de 5mg/L,
o que implica em tratamentos de esgotos com níveis elevados de eficiência de
remoção de carga orgânica em rios com baixo caudal ou regime intermitente.
Consequentemente, o padrão de lançamento restrito torna onerosa a
implantação de estações de tratamento e interfere substancialmente na
universalização do serviço de esgotamento sanitário e na regularização
ambiental de sistemas em operação.
A pesquisa objetivou a proposição de critérios técnicos para subsidiar a
implementação de metas progressivas de melhoria da qualidade da água para
fins de outorga no estado da Bahia, propiciando assim, maior efetividade ao
instrumento da outorga de lançamento de efluentes. A metodologia adotada
envolveu uma revisão de literatura, seguida da proposição de critérios e padrões
de lançamento, da análise da viabilidade da proposta por meio de uma simulação
com 50 estações de tratamento e de uma consulta a um painel de especialistas.
Os resultados evidenciaram que os padrões e critérios propostos são exequíveis
e demandam uma eficiência média de remoção de DBO da ordem de 90%,
percentual tangível para uma estação de tratamento.

 Introdução

Apesar do caráter essencial atribuído à água e de sua relevância ser


indiscutível, o somatório de múltiplos fatores, entre eles, o uso e ocupação do
solo, a degradação e a exploração excessiva dos corpos hídricos têm resultado
na redução da disponibilidade hídrica. Tal situação evidencia a necessidade de
uma racionalidade e controle maior da gestão dos recursos hídricos no sentido
de garantir o uso múltiplo das águas.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Anne Rosse e Silva e Gisele Oliveira Mota da Silva.
Nesse sentido, a outorga de direitos de uso dos recursos hídricos é o
instrumento da Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei Nº 9.433/97) que visa
assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo
exercício dos direitos de acesso à água. Entre os usos que estão sujeitos à
outorga está o lançamento de efluentes em corpo de água com finalidade de sua
diluição, transporte ou disposição final.
Na Bahia, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) é o
órgão gestor responsável pela emissão da outorga, contudo, tem enfrentado
dificuldades para emitir a outorga para lançamento de efluentes devido à
ausência de enquadramento da maior parte dos corpos d’água estaduais, o que
pressupõe que as águas doces serão consideradas classe 2 em atendimento ao
Art. 42 da Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) Nº
357/05. Nesses casos, o INEMA considera a concentração final permitida para
o parâmetro DBO5,20 após a diluição de 5mg/L, o que implica em tratamentos de
esgotos com níveis elevados de eficiência de remoção de carga orgânica,
quando o rio apresenta um baixo caudal ou regime intermitente.
Consequentemente, o padrão de lançamento restrito torna a implantação
de Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs) onerosa, o que interfere
substancialmente no processo de universalização do serviço de esgotamento
sanitário e na regularização ambiental de sistemas de tratamento de esgotos em
operação.
Tal situação não condiz com um dos princípios fundamentais da Lei
Nacional de Saneamento Básico (Lei nº 11.445/07), que é a utilização de
tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de pagamento dos
usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas. Ou ainda contraria o
seu Art. 44 que determina que o licenciamento ambiental de unidades de
tratamento de esgotos sanitários considerará etapas de eficiência, a fim de
alcançar de forma progressiva os padrões estabelecidos pela legislação
ambiental, em função da capacidade de pagamento dos usuários.
Diante do exposto e, considerando que a implantação de um sistema de
esgotamento sanitário representa a redução de cargas poluidoras que impactam
o meio ambiente e constitui uma medida de proteção da saúde pública, é
imprescindível o estabelecimento de metas progressivas de melhoria da
qualidade da água, visando compatibilizar a outorga de lançamento de efluentes
para fins de diluição com a viabilidade técnica e econômica da adequação
progressiva às condições de lançamento de efluentes pelos usuários do setor de
saneamento. Dessa forma, o objetivo da pesquisa foi propor critérios técnicos
para subsidiar a implementação de metas progressivas de melhoria da qualidade
da água para fins de outorga no estado da Bahia, propiciando assim maior
efetividade e controle ao instrumento da outorga de lançamento de efluentes em
rios não enquadrados.
 Metodologia

O desenho metodológico da pesquisa abrangeu uma revisão de literatura,


seguida da proposição de critérios e padrões de lançamento, da análise da
viabilidade da proposta por meio de uma simulação e de uma consulta a um
painel de especialistas com diferentes atores envolvidos com o objeto de estudo.
Foram analisadas as legislações instituídas pelos órgãos gestores de
recursos hídricos em âmbito nacional e estadual que tratam da definição de
condições e padrões de lançamento de efluentes e que instituíram metas
progressivas, intermediárias e final de melhoria da qualidade da água para fins
de efetivação do enquadramento dos corpos d’água.
Em seguida, foram propostos critérios técnicos para a implementação de
metas progressivas de melhoria da qualidade da água no estado da Bahia,
considerando um padrão inicial para o lançamento dos esgotos e o
estabelecimento de melhorias da qualidade ao longo do tempo.
Para verificar a aplicabilidade desses critérios foi efetuada uma simulação
com 50 ETEs em operação na Região de Planejamento e Gestão das Águas
(RPGA) Recôncavo Norte e Inhambupe, no estado da Bahia, região que
apresenta limitações para emissão de outorga de diluição de esgotos
considerando os atuais critérios dispostos na Instrução Normativa nº 03/07 da
SRH/BA. As ETEs analisadas são operadas pela Empresa Baiana de Águas e
Saneamento, um dos usuários de recursos hídricos representativos no Estado,
que disponibilizou os dados de monitoramento dos sistemas.
Após a simulação, foi elaborada uma minuta de Norma Técnica contendo
os critérios selecionados nos estudos. As proposições da Norma foram
submetidas à análise de um painel de especialistas por meio de um questionário
eletrônico encaminhado aos e-mails dos participantes. As questões eram
predominantemente abertas e abordavam a pertinência dos padrões e critérios
propostos.
Partindo do resultado obtido das respostas objetivas do questionário e dos
comentários feitos pelos especialistas, foi realizada a avaliação da pertinência e
exequibilidade de cada sugestão de melhoria dos critérios abordados e a Norma
foi revisada contemplando algumas sugestões.

 Resultados e Discussão

No sentido de assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais


exigentes a que forem destinadas e diminuir os custos de combate à poluição
das águas, a Política Nacional de Recursos Hídricos instituiu o enquadramento
dos corpos de água em classes de qualidade, segundo os usos preponderantes
da água.
A definição de enquadramento é apresentada pela Resolução CONAMA
Nº 357/05 e corresponde ao estabelecimento da meta ou objetivo de qualidade
da água (classe) a ser, obrigatoriamente, alcançado ou mantido em um
segmento de corpo de água, de acordo com os usos preponderantes
pretendidos, ao longo do tempo. O parágrafo 2º do Art. 38 dessa legislação
afirma que, nas bacias hidrográficas onde a condição de qualidade dos corpos
hídricos esteja em desacordo com os usos preponderantes pretendidos, deverão
ser estabelecidas metas obrigatórias, intermediárias e final, de melhoria da
qualidade da água para efetivação dos respectivos enquadramentos,
excetuados nos parâmetros que excedam aos limites devido às condições
naturais. Dispõe ainda, no parágrafo 3º, que as ações de gestão, tais como a
outorga, ou referentes à gestão ambiental, como o licenciamento, termos de
ajustamento de conduta e o controle da poluição, deverão basear-se nas metas
progressivas intermediárias e final aprovadas pelo órgão competente para a
respectiva bacia hidrográfica ou corpo hídrico específico.
As normas e procedimentos para o enquadramento dos corpos hídricos
são definidos pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) e
Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos. Segundo a Resolução CNRH N°
91/08, as propostas de metas relativas ao enquadramento deverão ser
elaboradas com vistas ao alcance ou manutenção das classes de qualidade de
água pretendidas em conformidade com os cenários de curto, médio e longo
prazo. Afirma ainda que, nos corpos de água superficiais ainda não
enquadrados, caberá à autoridade outorgante, em articulação com o órgão de
meio ambiente, definir, por meio de ato próprio, a classe correspondente a ser
adotada, de forma transitória, para aplicação dos instrumentos, em função dos
usos preponderantes mais restritivos existentes no respectivo corpo de água.
Já o Art. 7º da Resolução CNRH Nº 140/12, dispõe que em corpos d'água
ou em seus trechos, onde a relação entre a demanda e a disponibilidade hídrica,
em termos quantitativos ou qualitativos, indique criticidade pelos critérios de
outorga estabelecidos, a autoridade outorgante poderá estabelecer critérios
específicos, definindo limites progressivos para cada parâmetro adotado, em
articulação com o órgão ambiental competente, com vistas ao alcance das metas
progressivas, intermediárias e final do enquadramento estabelecido para o
respectivo corpo receptor.
Em relação a rios intermitentes e efêmeros, o Parágrafo 1º do Art. 8º da
Resolução CNRH Nº 141/12 dispõe que no processo de regularização de
lançamento de efluentes, a autoridade outorgante poderá estabelecer metas de
remoção de carga de parâmetros adotados, observadas as características
hídricas, sociais e econômicas da bacia hidrográfica. Similarmente e
considerando as condições do Art. 7º da CNRH 140/12, o Art. 12 da Resolução
do Conselho Estadual de Recursos Hídricos da Bahia, CONERH nº 96/2014,
reafirma que o INEMA poderá estabelecer critérios específicos, definindo limites
progressivos para cada parâmetro adotado, com vistas ao alcance das metas
progressivas, intermediárias e final do enquadramento estabelecido para o
respectivo corpo receptor. Em relação ao levantamento das legislações que
instituem metas, verificou-se que no estado do Espírito Santo, conforme Art. 2º
da Instrução Normativa Nº 011/2007, o padrão de qualidade para o parâmetro
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) a ser observado no cálculo da vazão
de diluição será a concentração de 5,0 mg/l em trechos de cursos de água que
apresentem DBO igual ou inferior a 5,0 mg/l e à concentração observada no rio,
em rios cuja DBO seja superior a 5,0 mg/l. Para efetivar o enquadramento dos
cursos de água na classe 2, a concentração de DBO outorgada deverá ser
reduzida em 10% da concentração inicial observada, a cada seis anos, até que
seja atingido o valor de 5mg/l.
No estado da Paraíba, segundo a Resolução CERH Nº 08/2010 as Metas
Progressivas para alcance da melhoria da qualidade da água terão prazo
máximo total não superior a 10 anos e serão estabelecidas em três etapas:

Etapa 1 – alcance de 50% da redução da DBO em 1/3 do prazo total


estabelecido;
Etapa 2 – alcance de 75% da redução da DBO em 2/3 do prazo total
estabelecido;
e Etapa 3 – alcance de 100% da redução da DBO no prazo máximo total.

A redução da DBO e/ou de outros parâmetros será calculada de forma a


compatibilizar, no ponto de lançamento, a mistura da água do rio e efluente ao
padrão de qualidade da classe do corpo receptor.
O estado do Paraná, por meio da Portaria SUDERHSA Nº 019/2007
instituiu que, para empreendimentos de saneamento básico, serão verificadas
as características do rio e admitida no cálculo da vazão de diluição a
concentração de DBO de no máximo 25mg/L. Nos casos em que a vazão
outorgável seja inferior a vazão necessária para a diluição será exigido que o
empreendedor apresente uma Proposta de Metas Progressivas, para
continuidade do processo administrativo de outorga.
A proposta de critérios e padrões de qualidade para o estabelecimento de
metas progressivas de melhoria da qualidade da água no estado da Bahia
buscou dirimir os entraves identificados no gerenciamento dos recursos hídricos
por meio da outorga de lançamentos de efluentes, especificamente para a
regularização de sistemas públicos de saneamento básico que operam sem a
devida outorga, dada a inviabilidade técnica e econômica do alcance de padrões
restritos.
A proposição consistiu na associação entre um padrão de qualidade
mínimo para o lançamento de efluentes e a definição de metas de redução da
Demanda Bioquímica de Oxigênio e Coliformes Termotolerantes ao longo do
tempo. Assim, o efluente de um Sistema de Esgotamento Sanitário que esteja
operando sem o devido controle deverá atender aos padrões do Quadro 1, para
que o responsável pelo sistema receba a outorga de lançamento vinculada à
realização de melhorias no sistema ao longo do tempo até que o mesmo alcance
o nível de tratamento compatível com a capacidade de diluição do corpo hídrico,
calculada em termos de vazão de diluição (equação 1).

Quadro 1: Padrão inicial de lançamento de efluentes para que SESs participem das metas
progressivas.

As metas progressivas de melhoria da qualidade da água serão


estabelecidas em curto, médio e longo prazo, com prazo máximo total não
superior a 12 anos, da seguinte forma: metas de curto, médio e longo prazo,
correspondendo respectivamente, ao alcance de 25%, 50% e 100% do valor de
redução de concentração de DBO necessário para que o limite máximo individual
da vazão reservada para a diluição de efluentes seja atendido no prazo de 4
anos.
O valor de redução da concentração de DBO do efluente será calculado
em função da vazão de diluição outorgável ao usuário, conforme Equação 1,
considerando a concentração permitida de DBO (Cperm) de no máximo 30mg/L
nos trechos de corpos hídricos superficiais para os quais não haja
enquadramento.

Onde:
Qef: vazão do efluente (m³/dia)
Cef: concentração do parâmetro avaliado no efluente (mg/L)
Cperm: concentração permitida do parâmetro avaliado (mg/L)
Cnat: concentração natural do parâmetro avaliado no manancial
(considerada 1mg/L para DBO e 200UFC/100mL para Coliformes
Termotolerantes).

O valor limite de DBO igual a 30mg/L foi adotado tendo como referência
os padrões propostos pela Environmental Protection Agency em 1996 (MIKI et
al., 2015) para efluentes de estações de tratamento em nível secundário e a
análise dos dados de monitoramento de estações de tratamento operadas pela
EMBASA. Para o parâmetro Coliformes Termotolerantes o valor de redução da
concentração será calculado em função da vazão de diluição outorgável,
considerando a concentração máxima permitida de 10³ UFC/100mL.
As metas progressivas deverão ser executadas em três etapas: Etapa 1:
emissão da outorga de lançamento de efluentes com base nos padrões iniciais
dispostos no Quadro 2, tendo como condicionante o monitoramento do efluente
e do corpo hídrico receptor e a apresentação do planejamento do atendimento
da meta de médio prazo; Etapa 2: renovação da outorga com base no
cumprimento da meta de curto prazo e demais condicionantes solicitados e na
apresentação do planejamento de atendimento da meta de longo prazo; Etapa
3: renovação da outorga com base no cumprimento da meta de médio prazo e
demais condicionantes.
O planejamento do atendimento das metas deverá abranger no mínimo:

a) alternativa(s) de melhoria da qualidade do efluente tratado que será(ão)


implementada(s);
b) avaliação de custos de investimentos, estimativas da eficiência da ETE,
concentração de DBO e demais parâmetros solicitados no efluente bruto e
tratado;
c) cronograma de execução;
d) viabilidade ambiental e econômica de implantação das melhorias do
SES.
Para efetivação do enquadramento dos cursos de água na classe 2, a
concentração permitida será reduzida em 5mg/L a cada período de 12 (doze)
anos até que seja atingido o valor de 5mg/L, em consonância com o Art. 42 da
Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005.

Definidos os critérios e padrões que nortearão a instituição de metas


progressivas de melhoria da qualidade da água, foi efetuada uma simulação da
regularização da outorga de lançamento de efluentes de 50 SESs com base nos
critérios que haviam sido propostos, no sentido de investigar a viabilidade da
metodologia proposta (Figura 1).

Figura 1: Atendimento dos SESs ao padrão inicial de lançamento de efluentes proposto.


N = 50. Fonte: EMBASA (2015).
Para cada ponto de lançamento das ETEs em análise foi calculada a
disponibilidade hídrica do corpo receptor, baseada na vazão de referência Q90
adotada pelo INEMA, e avaliada a capacidade de diluição dos esgotos. Além
disso, foi verificado os níveis de eficiência que cada ETE deveria alcançar para
atender as metas de 25, 50 e 100% de redução da DBO.
Observou-se que em relação ao parâmetro DBO, aproximadamente 75%
das ETEs analisadas atenderiam ao padrão inicial de lançamento e receberiam
a outorga condicionada ao cumprimento de melhorias no tratamento com vistas
ao alcance das metas progressivas. Em contrapartida, apenas 40% delas
atenderiam ao padrão proposto para Coliformes Termotolerantes. No entanto,
número considerável de sistemas não monitoram esse parâmetro,
demonstrando a necessidade do controle ambiental desses lançamentos por
parte do Órgão Gestor.
Em relação ao nível de eficiência que as ETEs deveriam alcançar para
cumprir as metas propostas, verificou se que em média para alcançar a meta de
curto prazo as ETEs teriam que obter um nível de eficiência de remoção de DBO
de 85,2%, para a meta de médio prazo 86,8% e para a meta de longo prazo
90,1%. Em apenas 3 ETEs a eficiência dos sistemas para alcance da meta de
longo prazo deveria ser superior a 95%, sendo que o maior de eficiência foi
equivaleu a 95,8%. Diante do exposto, ficou evidenciada a viabilidade técnica e
econômica da adequação progressiva das condições e padrões de lançamento
de efluentes pelos dos sistemas de tratamentos analisados.
Na sequência, a proposição de critérios e padrões para implementação
das metas progressivas foi encaminhada para apreciação de especialistas da
área de saneamento e recursos hídricos. A consulta ao painel de especialistas
contou com a contribuição de diferentes atores envolvidos com o objeto de
estudo (Figura 2). A maioria deles, cerca de 33%, são integrantes de órgãos
gestores de recursos hídricos na esfera nacional e estadual, entre eles, a
Agência Nacional de Águas – ANA, Agência Estadual de Recursos Hídricos do
Espírito Santo – AGERH, Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM e o
Instituto do Meio Ambiente e Recursos hídricos – INEMA. Aproximadamente
20% são de universidades entre elas Universidade Federal da Bahia,
Universidade Federal do Recôncavo Baiano e Universidade Estadual de Feira
de Santana, enquanto que 29% trabalham com projetos de sistemas de coleta e
tratamento de esgotos.
Especialistas de Companhias de Saneamento, entre as quais a
Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Empresa Baiana de
Saneamento (Embasa) e Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de
Janeiro (Cedae) também integraram a pesquisa.
Figura 2: Perfil dos participantes do painel de especialistas.
N = 21. Fonte: Dos autores (2018).

Quanto ao nível de instrução dos participantes, verificou-se que a maioria


deles possuía doutorado (33%) ou especialização (29%), cerca de 24%
possuíam graduação e 14% mestrado (Figura 3). Cerca de 33% são engenheiros
civis, 14% são engenheiros ambientais ou sanitaristas e ambientais e quase 20%
são ambas as profissões. Constatou-se ainda que grande parte dos
especialistas, 60% deles, tinham mais de 10 anos de atuação na área e outros
24% possuíam mais de 5 anos. Esperou-se com esse perfil um maior respaldo
nas reflexões e discussões feitas pelos especialistas.

Figura 3: Formação e nível de instrução dos participantes do painel de especialistas.


N = 21. Fonte: Dos autores (2018).
Em relação aos padrões iniciais para um SES participar das metas
(apresentados no Quadro 1) verificou se que 86% dos especialistas julgaram as
proposições pertinentes (Figura 4a). Um dos pontos de discussão foi a
concentração de Coliformes Termotolerantes que foi considerada elevada na
visão de alguns especialistas.
Após a análise das contribuições do painel e partindo do pressuposto de
que as metas progressivas objetivam estabelecer melhorias ao longo do tempo
e que exigir um padrão inicial de Coliformes Termotolerantes de 10³UFC/100mL
implica em não estabelecer uma meta de melhoria, a proposição foi reavaliada
e delineou-se as concentrações de 106 e 105UFC/100mL para os tratamentos
até o nível secundário e terciário, respectivamente.

Figura 4: Pertinência dos padrões e prazos estabelecidos segundo o painel de especialistas.


N = 21. Fonte: Dos autores (2018).

Os prazos estabelecidos para metas e os percentuais de redução também


foram considerados pertinentes pela maioria dos participantes do painel (Figura
4b). Para os casos de empreendimentos que não consigam cumprir a meta de
longo prazo e que comprovem a inviabilidade técnica de atingi-la foi previsto a
celebração de um Termo de Compromisso para desativação programada da
ETE. Quanto a esse aspecto, foi indicada a alteração do ponto de lançamento
para corpo hídrico com maior capacidade de diluição como uma alternativa para
integrar o Termo. Essa alternativa foi incorporada aos critérios propostos, bem
como a implantação de reuso dos esgotos.
Foi questionada também a opinião dos especialistas sobre os
procedimentos e padrões atualmente adotados para a emissão da outorga de
lançamento de efluentes no Estado da Bahia, cerca de 38,1% alegaram
insatisfação seja com os critérios e padrões adotados (23,8%), seja pela
tramitação e procedimentos de análise (14,3%).
Apenas um especialista afirmou que atualmente são adotados ótimos
critérios de outorga em relação aos demais órgãos gestores. Em torno de 28,6%
não responderam ao questionamento, enquanto que 28,6% afirmaram
desconhecer os procedimentos.
Quanto às alterações e padrões propostos para implementação e metas
progressivas de melhoria da qualidade da água numa escala de 0 a 10, onde 0
= ruim e 10 = ótima, a proposição apresentada por meio do questionário
eletrônico foi considerada 7,9. Entre os pontos destacados pelos mesmos
estavam a necessidade de adequação da norma atual ao real estágio da gestão
de recursos hídricos, a adoção de critérios e padrões mais aplicáveis e o fato de
que a exigência de sistemas de tratamento de efluentes com alta eficiência
inviabiliza a regularização ambiental dos sistemas e, consequentemente, o
processo de recuperação dos corpos de água superficiais.

 Conclusão

Com este estudo, foi possível concluir que o órgão gestor de recursos
hídricos pode atuar no sentido de normatizar critérios temporários para
regulamentar e gerenciar sistemas de esgotamento sanitário que operam sem
autorização e gerenciamento do órgão gestor, ou ainda, fora dos padrões para
os quais foram outorgados, no sentido de compatibilizar o uso da água com a
promoção social, o desenvolvimento regional e a sustentabilidade ambiental.
Foi evidenciada a necessidade de revisão e adequação da legislação
atualmente adotada no sentido de estabelecer os critérios e padrões mais
tangíveis, considerando a viabilidade técnica e econômica de adequação
progressiva das condições de lançamento de efluentes pelos usuários do setor
de saneamento. Entretanto, cabe destacar que para dirimir os entraves
existentes para o uso dos corpos hídricos com a finalidade de lançamento e
diluição de efluentes é impreterível a implementação dos Planos de Bacia e do
Enquadramento dos corpos d’água que determinem critérios específicos para
cada bacia hidrográfica compatíveis com os usos da água atuais e futuros.

 Agradecimentos

As autoras deste artigo agradecem ao Instituto de Meio Ambiente e


Recursos Hídricos e à Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A pelo apoio
à esta pesquisa.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Anne Rosse e Silva e Gisele Oliveira Mota da Silva.
CAPÍTULO 21: Proposição do Novo Índice de Qualidade de Esgoto

 Resumo

A eficiência do tratamento das Estações de Tratamento de Esgoto (ETE)


na Embasa é aferida por meio do Índice de Qualidade do Esgoto (IQE), que é
composto, unicamente, pela Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). Contudo,
apenas o parâmetro de remoção de DBO não é suficiente para atestar a
qualidade dos esgotos tratados e garantir o lançamento no corpo receptor em
conformidade com a resolução.

 Objetivo

Avaliar a forma de cálculo do IQE atual e apresentar uma nova proposta


de indicador para avaliação da qualidade do esgoto tratado pelos Sistemas de
Esgotamento Sanitário (SES) da Embasa.

 Metodologia

O caminho delineado nesse trabalho compreendeu:

 Análise crítica da composição atual do IQE e discussão de sua


relevância para a sinalização da eficiência do tratamento de esgoto
na Superintendência Sul;

 Pesquisa bibliográfica para verificação de como o IQE está sendo


praticado por outras companhias de saneamento do país;

 Análise crítica da relevância de outros parâmetros e proposição de


nova forma de quantificação.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autor: Itaiara Sá Marques.
 Resultados e Discussão

O grau de tratamento necessário será sempre em função do corpo


receptor e das características do uso da água, condicionada ao uso da água à
jusante do ponto de lançamento. A característica da vida de um rio é expressa
pela quantidade de oxigênio dissolvido no seu meio e por sua capacidade de
reduzir a poluição orgânica, por meio de processos naturais, físicos e
bioquímicos (autodepuração). Assim sendo, parâmetros que sinalizem a
capacidade de degradação da matéria orgânica são importantes de serem
analisados. Nesse aspecto, há que se considerar, então, o próprio Oxigênio
Dissolvido (OD), a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e a Demanda
Química de Oxigênio (DQO). Dentre os gases dissolvidos na água, o oxigênio é
um dos mais importantes na dinâmica e caracterização dos ecossistemas
aquáticos (ESTEVES, 1998). As perdas de oxigênio são decorrentes da
decomposição da matéria orgânica (oxidação), proveniente, por exemplo, de
lançamento de esgotos domésticos e de efluentes. O aumento da matéria
orgânica resulta na maior taxa de respiração de micro-organismos.
O OD em um corpo d’água é controlado por vários fatores, sendo um deles
a solubilidade do oxigênio. Vários fatores interferem nessa solubilidade, mas um
dos principais é a temperatura. Quanto mais elevada, menor será a solubilidade
do oxigênio e, consequentemente, a disponibilidade para o meio aquático,
podendo comprometer a produção primária do sistema. A DBO retrata a
quantidade de oxigênio requerida para estabilizar, por meio de processos
bioquímicos, a matéria orgânica carbonácea, tratando-se, portanto, de uma
indicação indireta do carbono orgânico biodegradável.
A DQO indica a quantidade de oxigênio que é consumida quimicamente,
por diversos compostos orgânicos, sem a intervenção de microrganismos;
fornecendo na forma de oxigênio consumido, a quantidade de matéria orgânica
oxidável presente na água residuária. A DQO é utilizada como uma medida do
equivalente em oxigênio da matéria orgânica, contida em uma amostra, sendo
esta, susceptível à oxidação, por um agente oxidante forte. Para amostras de
uma fonte específica bem conhecida, a DQO pode ser associada empiricamente,
à Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). O teste da DQO será útil para
monitoramento e controle, depois de estabelecida a correlação com a DBO.
No caso em que a DQO seja igual ou menor que o dobro da DBO, é
possível que grande parte da matéria orgânica seja biodegradável, podendo ser
adotados os tratamentos biológicos convencionais. Caso a DQO seja muito além
do dobro da DBO (triplo ou quádruplo), é possível que grande parte da matéria
orgânica não seja biodegradável. Assim, os processos físico químicos, por
precipitação química e coagulação-floculação, poderão ser os mais adequados.
O potencial hidrogeniônico (pH) indica a condição de acidez, alcalinidade
ou neutralidade da água. Influencia os ecossistemas aquáticos naturais devido
aos seus efeitos na fisiologia de diversas espécies. Para que se conserve a vida
aquática, o pH ideal deve variar entre 6 e 9 (ESTEVES, 1998). Os sólidos
sedimentáveis referem-se à porção dos sólidos em suspensão, cuja
sedimentação ocorre sob a ação da gravidade (PIVELI & KATO, 2005) e indicam
a capacidade de sedimentação da matéria sólida e são medidos em Cones
Imhoff. Este é um parâmetro de interesse, tanto para controle operacional na
ETE, como para avaliação da qualidade de um efluente sendo lançado no corpo
d’água ou rede pública (JORDÃO E PESSÔA, 2009).
Óleos e graxas são encontrados nos esgotos domésticos, oriundos da
preparação e consumo de alimentos. Normalmente são identificados pelo nome
genérico de gorduras. São indesejáveis nas unidades de transporte e de
tratamento dos esgotos, pois interferem e inibem a vida aquática; aderem às
paredes, reduzindo as seções úteis, além de formar “escuma”, uma camada de
matéria flutuante, que pode causar entupimento nos filtros (JORDÃO E
PESSÔA, 2009).
Normalmente, a temperatura dos esgotos é um pouco superior à das
águas de abastecimento, apresentando valores acima da temperatura do ar, na
faixa de 20 a 25°C (exceto no verão) (JORDÃO E PESSÔA, 2009).
Temperaturas elevadas aumentam a taxa das reações físicas, químicas e
biológicas, além de aumentar a velocidade de decomposição do esgoto (VON
SPERLING, 2005). Sabendo-se da relevância dos parâmetros descritos acima
para a qualidade do esgoto tratado, foi feita a pesquisa bibliográfica sobre o
cálculo do IQE em outras companhias de saneamento do Brasil, cujos resultados
são apresentados no Quadro 1.

Quadro 1 - Cálculo do IQE em algumas companhias de saneamento do Brasil.


A partir da análise dos resultados, observa-se que outros parâmetros são
adotados no cálculo, além da Demanda Bioquímica de Oxigênio, o que atesta a
relevância da adoção de outros parâmetros no cálculo do IQE dos Sistemas de
Esgotamento Sanitário da Embasa.
A Resolução CONAMA 430/2011, que dispõe sobre as condições e
padrões de lançamento de efluentes, exibe condições e padrões específicos, na
seção III, para o lançamento direto de efluentes oriundos de sistemas de
tratamento de esgotos sanitários. São eles:
a) pH entre 5 e 9;
b) temperatura: inferior a 40°C, sendo que a variação de temperatura do
corpo receptor não deverá exceder a 3°C no limite da zona de mistura;
c) materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora em cone Imhoff.
Para o lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja
praticamente nula, os materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente
ausentes;
d) Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO 5 dias, 20°C: máximo de 120
mg/L, sendo que este limite somente poderá ser ultrapassado no caso de
efluente de sistema de tratamento com eficiência de remoção mínima de 60% de
DBO, ou mediante estudo de autodepuração do corpo hídrico que comprove
atendimento às metas do enquadramento do corpo receptor;
e) substâncias solúveis em hexano (óleos e graxas) até 100 mg/L;
f) ausência de materiais flutuantes. Em conformidade com a Resolução
CONAMA 430/2011, a Embasa emitiu uma Nota Técnica sobre o atendimento
às condicionantes das Licenças relativas ao monitoramento (nº 12/2016), com a
recomendação do monitoramento mensal da ETE, avaliando os seguintes
parâmetros:
 Entrada da ETE: temperatura, pH, DBO e coliformes
termotolerantes;

 Saída da ETE: temperatura, vazão, pH, DBO, coliformes


termotolerantes, sólidos sedimentáveis, óleos e graxas.
Ressaltando que quando a eficiência da ETE ficar abaixo do
previsto em projeto ou do determinado pela literatura técnica para
aquele nível de tratamento, as áreas operacionais podem
demandar que as amostragens também sejam realizadas nos
pontos intermediários do sistema.

A metodologia atual de aferição do Índice de Qualidade do Esgoto (IQE),


com meta mínima de 98%, contempla somente o parâmetro Demanda
Bioquímica de Oxigênio (DBO). Este é correlacionado como padrão de eficiência
de cada tipo de tratamento. O cálculo é realizado da seguinte forma:
O limite máximo do IQE é 100% e o mínimo é 0%. Contudo, independente
do resultado acima, se a DBO do efluente final for inferior a 20 mg/L, atribui-se
um IQE de 100%. Quando o percentual de remoção do sistema é superior ao
padrão de eficiência mínima, atribui-se 100% ao IQE para que o índice não seja
superior ao limite. Para os sistemas que realizam mais de uma análise no mês,
é realizada a média dos valores de entrada e saída para se calcular a redução
de DBO. O IQE da Unidade Regional é a média do IQE de seus sistemas, e o da
superintendência é a média de todos os sistemas.
De acordo com a Resolução CONAMA 430/2011 e a Nota Técnica da
Embasa (nº 12/2016), foi feita uma proposta para o novo cálculo do IQE (Quadro
2), considerando a relevância de cada parâmetro e também a capacidade de
análise dos laboratórios regionais, com atribuição de um peso relativo para cada
um deles. O peso foi estipulado de acordo com a importância relativa do
parâmetro no cálculo do IQE.

Quadro 2 – Proposta IQE.

À luz do exposto, tem-se que:


IQE = (T × 0,05 + DBO × 0,40 + SS × 0,20 + pH × 0,10% + E × 0,20 + MF × 0,05) × 100

Quando algum dos parâmetros não é analisado a pontuação para o


mesmo é zero, considerando que esses são parâmetros mínimos e de grande
importância, devendo ser analisados ao menos uma vez ao mês. É uma forma
de demonstrar também as deficiências dos laboratórios, como falta de
equipamento ou qualquer outra dificuldade.
Com o intuito de comparar o resultado obtido com o atual IQE e o novo
IQE, foi elaborado o gráfico da Figura 1.

Figura 1: Gráficos comparativos entre o atual IQE e o novo IQE (2016 e 2017).

De acordo com o exposto, observa-se que, em geral, houve uma


diminuição do valor do IQE. Com a utilização do IQE baseado apenas na DBO,
os resultados obtidos aproximavam-se de 100%. Entretanto, com o novo IQE, há
uma redução desse valor, devido ao acréscimo de outros parâmetros,
possibilitando a obtenção de um resultado que realmente sinalize o
funcionamento do sistema.
Porém, vale ressaltar que como algumas unidades não realizam análise
de todos os parâmetros do novo IQE, o resultado final tende a ser menor devido
aos valores zerados para os mesmos. Assim, caracterizando-se de forma mais
real a qualidade do esgoto tratado e conhecendo a realidade dos laboratórios
regionais, é possível, se necessário, propor medidas corretivas para adequação
aos padrões vigentes.
 Conclusão

Considerando a Resolução CONAMA 430/2011, atesta-se a importância


de adoção de novos parâmetros no cálculo do Índice de Qualidade do Esgoto
Tratado (IQE) nos Sistemas de Esgotamento Sanitário da Embasa. Com o novo
IQE, será possível avaliar com mais precisão a qualidade do efluente,
possibilitando, se necessário, o planejamento de ações mitigadoras.
Como a proposta de alteração do indicador partiu da Superintendência
Sul, é necessário formar um grupo de trabalho com a Superintendência Norte e
a Superintendência Metropolitana, juntamente com outras diretorias, para
discutir melhor a questão e definir se os parâmetros e pesos propostos estão
adequados.
Vale ressaltar que com a mudança de metodologia, seria necessário rever
a meta proposta atualmente, com redução drástica do valor, com a sugestão da
meta ser progressiva ao longo dos anos, tanto para que todos os laboratórios se
adequem, quanto para que ações de melhorias das estações sejam
implementadas.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autor: Itaiara Sá Marques.
CAPÍTULO 22: RETROFIT: Menos é Mais

 Resumo

Toda empresa que deseje despontar no cenário Nacional, seja ela estatal,
de economia mista ou privada, e que sinta a necessidade em ser excelência em
seu ramo de negócio, tem de pensar em reduzir custos e aumentar a
produtividade (Menos é mais). Com essa visão a DI/IN vêm automatizando os
seus sistemas, pois, entendem ser a melhor opção para um maior controle
operacional e como forma de redução de diversas perdas, sejam elas
operacionais, de energia elétrica ou custo com manutenção eletromecânica.
Nesse sentido, é que a UNAM, por ocasião da automação do SIAA
Acajutiba/Aporá/Esplanada, aproveitou para fazer um RETROFIT nos painéis da
EEAT Aporá, reduzindo em 80 % a quantidade de componentes dentro do
Quadro de Comando, reduzindo assim a possibilidade de quebra e
consequentemente, elevando a confiabilidade e a disponibilidade operacional do
referido sistema.
As frequentes paradas dos sistemas por defeito em componentes
eletroeletrônicos em nossos painéis, além de provocar um custo elevado com:
deslocamento, material e mão-de-obra especializada, reduz a nossa produção,
e eleva o custo com energia elétrica, visto que, depois da parada é comum os
gestores de escritório solicitarem a “invasão de ponta” para recuperar mais
rápido o abastecimento. Assim, os técnicos da UNAM desenvolveram uma lógica
no CLP (Controlador Lógico Programável) e instalando inversores de frequência,
retiraram relés e programadores horários dos painéis, elementos esses de baixa
confiabilidade e de quebras constantes. Este trabalho avaliou a implantação
desse PLC em conjunto com o Inversor de frequência, onde antes existiam relés,
programadores horário, horímetros, voltímetros, amperímetros, TC´s dentre
outros componentes e uma chave compensadora, que por si só, leva a
necessidade de 5 componentes no mínimo para ser montada. Os resultados
demonstraram que após o RETROFIT, 4 meses de instalação, o painel não teve
nenhum chamado para manutenção, além do inversor reduzir as perdas com
energia elétrica, houve uma melhoria significativa na interligação desse painel
com uma melhor interface com o Painel da automação que estava sendo
instalado nesse momento. Dentre os ganhos com esse RETROFIT, estão:
elevada confiabilidade, elevada disponibilidade, redução de custo com
componentes eletroeletrônicos, deslocamentos e chamados de manutenção.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Francisco Emanuel de oliveira, Gersivaldo Lima Silva e Everton Gonçalves de
Araújo.
 Objetivo

Avaliar a eficiência do RETROFIT do painel de comando da EEAT Aporá,


a partir da redução de componentes eletroeletrônicos existentes nesse painel,
no SIAA Acajutiba/Aporá/Esplanada/BA.

 Metodologia

Figura 01: RETROFIT do painel 01 da EEAT Aporá – CMB Acajutiba.

Figura 02: RETROFIT do painel 02 da EEAT de Aporá – CMB Aporá.

A manutenção deve ser encarada como uma função estratégica na


obtenção dos resultados da organização e deve estar direcionada ao suporte do
gerenciamento e à solução de problemas apresentados na produção, lançando
a empresa em patamares competitivos de qualidade e produtividade (Kardec &
Nascif, 2001). Portanto, deve “ter em conta os objetivos da empresa” e ser gerida
de modo a proporcionar à organização um grau de funcionalidade com um custo
global otimizado (Souris, 1992). A política de manutenção deve ser definida pela
empresa segundo os seus objetivos organizacionais (Wireman, 1998),
apresentando-se como fator determinante do sucesso do planejamento da
produção e, portanto, da produtividade do processo (Wireman, 1998).Por isso, a
UNAM escolheu o SIAA Acajutiba/Aporá/Esplanada que é o sistema que mais
impacta nas perdas da Unidade Regional de Alagoinhas, devido ao seu volume
produzido diariamente de 8.190 m³ à cerca de 17.000 ligações ativas, o maior de
nossa Unidade Regional. Constituído por 3 Poços profundos, e uma Elevatória
de Água Tratada, esse sistema por sua representatividade em nossa Unidade
foi definido como crítico (A). Em sendo assim, as metas da UNAM de
Confiabilidade e Disponibilidade nesse sistema tem que estar acima de 85 %
representando um desafio para a nossa Divisão. Tendo sido inaugurado a 21
anos atrás, os painéis foram todos montados com chaves compensadoras, para
reduzir a corrente de partida, modelo atualmente obsoleto, que pode ser
substituído por Inversores de frequência e por Soft Starters.
Devido a sua perda ser impactante, IPD = 37, %, a DI/IN autorizou que
fosse licitada a automação desse sistema, como forma de evitar
extravasamentos e pressões excessivas, como forma de reduzir as perdas no
mesmo. Aproveitando essa oportunidade, para que pudéssemos incorporar
novas tecnologias e como forma de atingirmos as nossas metas de
Disponibilidade nos sistemas Críticos, iniciamos o RETROFIT em todos os
painéis desse sistema.
Segundo o site Wikipédia, RETROFIT é um termo utilizado principalmente
em Engenharia para designar o processo de modernização de algum
equipamento considerado ultrapassado ou fora de norma. Resolvemos iniciar
pela EEAT Aporá, pois, lá se encontravam 5 chaves compensadoras, que
acionam 05 (cinco) CMB’s para os municípios de Aporá (2), Acajutiba (2) e a
localidade de São José do Mocambo (1), do Município de Esplanada, como já
dito anteriormente, ultrapassadas. Também, já tínhamos os inversores em
nossas mãos apenas enviamos os mesmos para uma revisão para termos
certeza de que estavam em plenas condições operacionais. Nessa oportunidade
não excluímos dos painéis, apenas as chaves compensadoras, mas também
outros componentes e instrumentos, reduzindo assim, as possibilidades de falha
do mesmo. Segue abaixo a relação de componentes retirados, e quais as
soluções encontradas para substituí-los:

 09 TC’s – foram eliminados, já que dentro dos inversores já existem


esses componentes;

 12 Contatores auxiliares – foram eliminados, por 01 micro CLP


denominado, nesse caso de Click 02;

 08 Relés temporizados - foram eliminados, por 01 micro CLP


denominado, nesse caso de Click 02;
 05 Relés de sobrecarga – foram eliminados já que os Inversores
possuem essa proteção incorporada;
 05 Programadores horários – foram eliminados, por 01 micro CLP
denominado, nesse caso de Click 02;

 05 Horímetros – foram eliminados, por 01 micro CLP denominado,


nesse caso de Click 02; essa informação 03;

 03 Voltímetros – foram eliminados, já que os inversores fornecem


essa informação; juntamente com as 03 Chaves voltimétricas;
 03 Amperímetros – foram eliminados, já que os inversores
fornecem essa informação; juntamente com as 3 chaves
amperimétricas;

 15 Contatores de força – foram eliminados 12, já que optamos,


nesse momento por 1 Inversor para 2 conjuntos moto bomba, que
iremos separar no próximo ano;

 05 relés de falta de fase – foram eliminados já que os Inversores


possuem essa proteção incorporada;

 05 relés de nível – que foram substituídos por sensores de pressão


e que estão interligados diretamente ao PLC da Automação;

 05 Bancos de Capacitores – foram eliminados, pois, o inversor é


interpretado pelo medidor da Concessionária com o fator de
potência de 0.99, satisfazendo assim a condição para não haver
cobrança de reativos.

Outras alterações foram necessárias devido ao uso dos inversores, como


a substituição dos fusíveis retardados por fusíveis ultrarrápidos, para que a
proteção atue antes de haver alguma avaria aos inversores. Foram também
instalados Protetores contra surto, antes, inexistentes.

Figura 03: Protetores contra surto.


 Resultados e Discussão

Feitas as alterações, parametrizações e testes, o sistema está operando


há 4 meses sem intercorrências, e os resultados obtidos foram:

 Eliminação das paradas do sistema por defeito nos painéis;


 Sem paradas, a disponibilidade operacional se elevou e,
consequentemente, a confiabilidade do sistema também;
 Os extravasamentos foram extintos, pois, com o controle do
reservatório, os poços são desligados caso o nível se eleve;
 Sem extravasamentos, as perdas reduziram;
 Com o controle da pressão, os quebramentos reduziram;
 Com o controle da pressão, dos extravasamentos e quebramentos,
reduziram os custos com energia elétrica
 Dispensa dos operadores presenciais, uma vez que, os inversores
estão interligados aos sensores de pressão e estes controlam o
volume distribuído.

 Conclusão

O RETROFIT de painéis com a redução dos componentes demonstrou


ser eficiente pois, traz benefícios aos nossos sistemas, na medida em que os
resultados foram satisfatórios, elevando a confiabilidade e a disponibilidade de
todo o sistema.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Francisco Emanuel de oliveira, Gersivaldo Lima Silva e Everton Gonçalves de
Araújo.
CAPÍTULO 23: Sistema Aquário, uma Solução Personalizada para Gestão
de Empreendimentos

 Resumo

Com a implantação do Projeto Transforma na Embasa em 2016, foi criada


a Unidade de Gestão de Empreendimentos (EGE) na Diretoria de
Empreendimentos (DE), tendo como uma das atribuições estudar as dificuldades
para cumprimento dos prazos dos empreendimentos. Observando as principais
causas que impactavam no prazo do empreendimento, o ruído na comunicação
foi o fator de maior relevância considerado pela Unidade de Gestão, que passou
a buscar alternativas para minimizar os seus efeitos.
Colocando-se como ponto central nesta cadeia da comunicação, a EGE
sentiu necessidade de criar um fluxo, sistematizando as informações, e em
busca de alternativas, encontrou uma possibilidade no Sistema Aquário, que já
era um sistema amplamente utilizado pela Diretoria de Empreendimento e
conhecido das duas Diretorias de Operação.
Com a implantação do fluxo das informações sob o gerenciamento da
Unidade de Gestão, foi possível criar um banco de dados, de onde, toda a gestão
do empreendimento pode ser realizada, inclusive com desenvolvimento de
novos módulos de controle e geração de diversos relatórios, com a garantia das
informações sempre atualizadas.

 Introdução

Observando grandes empresas de saneamento, podemos perceber que


o gerenciamento de projetos é um ponto determinante para o sucesso ou para o
fracasso de um empreendimento. Existem particularidades em todas as áreas
do projeto e organizar todas essas relações em prol de um objetivo comum
costuma ser uma tarefa desafiadora. Mas esse cenário tem se transformado
graças às novas tecnologias da comunicação e da informação, que têm
proporcionado para as empresas a possibilidade de contar com ferramentas de
gestão informatizadas. Elas têm sido a solução encontrada por muitos que
precisam lidar com vários projetos paralelos, orientados para um objetivo final
em comum.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Rosiani Cordeiro Oliveira, Amanda Araújo Valle Matheus, Renato Simões Caffé,
Daniele Tosta Boaventura e Veruska Pessoa Souto Maior Prudente.
Na Embasa o Planejamento Estratégico 2016-2019 estabeleceu a
realização de projetos estratégicos, objetivando um salto de qualidade e
desempenho em diversas áreas da empresa. No total, foram definidos 13
projetos, divididos em três ondas de execução ao longo dos próximos quatro
anos. Em 2016, o foco recai na implantação da Gestão por Processos (Projeto
Transforma), cujo principal objetivo era promover o alinhamento dos processos
às diretrizes estratégicas da empresa, de modo a permitir uma visão sistêmica,
ponta a ponta, que possibilitasse maior agilidade e comportamento colaborativo
nas interfaces entre as unidades, tornando os processos da organização mais
eficientes e eficazes. Com o Projeto Transforma surge então o método de gestão
de empreendimentos composto por quatro pilares centrais: Governança,
Portfólio, Processos e Ferramentas.
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC),
Governança pode ser definida como “o sistema pelo qual as empresas e demais
organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os
relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de
fiscalização e controle e demais partes interessadas”. Por sua vez o PMI (2014)
apresenta o Escritório de Gestão de Projetos (EGP) como “uma estrutura
organizacional que padroniza os processos de governança relacionados a
projetos, e facilita o compartilhamento de recursos, metodologias, ferramentas e
técnicas”.
Portanto, para se obter melhores resultados no que diz respeito a custo,
prazo e escopo de um empreendimento é recomendado que o gerenciamento
da carteira de empreendimentos seja feito de forma coordenada por uma única
unidade que gerencie, canalize e distribua todas as informações referentes ao
empreendimento com objetivo do perfeito alcance dos objetivos estratégicos da
empresa. CARNEIRO (2010) inclusive aponta que “o mais importante benefício
do EGP é o elo entre a governança corporativa, com sua estratégia global e
metas, e o gerenciamento de projetos, com seus resultados e sucessos
individuais, por meio de um efetivo uso dos conceitos, das ferramentas, das
técnicas e das melhores práticas de gerenciamento de portfólios, programas e
projetos”.
Desta forma, por meio de um EGP poderemos obter resultados que não
seriam possíveis se os empreendimentos fossem gerenciados separadamente
ou de forma isolada nas diversas áreas da empresa. Para reger a execução dos
seus empreendimentos, em 2016, a Embasa criou a Unidade de Gestão de
Empreendimentos (EGE), que possui as características de um Escritório de
Projeto, conforme preconizado pelo Project Management Institute – PMI (2014).
A missão da EGE é garantir a conformidade na utilização da metodologia de
gestão, melhorando assim a comunicação entre as diversas áreas envolvidas
nos empreendimentos, criando uma visão sistêmica de todo o processo, com um
olhar sobre todas as etapas do ciclo de vida dos empreendimentos, assegurando
a ativa participação de todos os principais atores responsáveis pela execução
dos mesmos, propiciando assim uma consolidação de todas as principais
informações da carteira de empreendimentos, para poder subsidiar as partes
interessadas, em especial a alta direção, na tomada de decisão.
Criada a EGE, restava buscar uma ferramenta que auxiliasse na gestão
dos empreendimentos. O estudo de ferramentas que melhor atendam às
necessidades de gestão já foi amplamente abordado em pesquisas acadêmicas.
A evolução dessas ferramentas está correlacionada com a tecnologia utilizada,
por exemplo: desktop, shareware, intranet e internet. De acordo com CIRIACO
(2009), foram realizadas análises que demonstram que as ferramentas de
gestão dão dinamismo ao desenvolvimento do trabalho, tornando possível a
liderança de múltiplas tarefas e atividades que quando lançadas em um sistema
de forma correta, dificilmente passarão de forma despercebida. Portanto, nota-
se que ferramentas utilizadas como auxílio para a gestão tornam-se grandes
aliadas das empresas e instituições.
Com o intuito de obter a melhor ferramenta que atendesse amplamente a
Embasa com todas as suas características e regras, e que auxiliassem a gerir
informações qualitativas e financeiras de contratos de obras de saneamento, em
2009, foi criado um núcleo de TI para desenvolver este sistema personalizado.
Nasce então deste núcleo o Sistema Aquário, desenvolvido para gerir
exclusivamente o grande número de contratos e grandes somas investidas nos
empreendimentos.
Para o sucesso do sistema foi de extrema importância que a análise e
desenvolvimento fosse feita junto às partes interessadas para agilidade na
entrega do produto. Utilizando uma metodologia ágil (SCRUM) e uma ferramenta
de desenvolvimento visual que utiliza técnicas que proporcionam o aumento da
produtividade com qualidade e adiciona poderosos recursos ao produto final
(MAKER) foi possível apresentar, com muita rapidez, módulos de gestão dos
contratos de obras. Cada módulo de gestão foi homologado junto ao cliente que
integrado à equipe de TI, ajudou a testar todas as funcionalidades do sistema e
sugeriu mudanças e melhorias que auxiliassem no trabalho diário.
Ao longo dos anos, surgiram solicitações de diversos layouts de relatórios
que ajudassem a gerir as informações contratuais, possibilitando assim, uma
iniciativa preliminar de consolidação das informações dos empreendimentos,
reunindo dados e apresentando resultados que ainda não eram controlados pelo
sistema.
Por sua ampla utilização dentro da Diretoria de Empreendimentos, a EGE
adotou o Sistema Aquário como ferramenta de gestão de empreendimento,
visando diminuir o ruído na comunicação entre as partes envolvidas,
contribuindo assim, para a assertividade na implantação do empreendimento e
consequentemente na redução do seu prazo atual de execução.
A partir da utilização da ferramenta pela EGE, foi possível fazer críticas e
mudanças nos módulos existentes e desenvolver novos módulos de gestão do
empreendimento. Assim, foram criados os módulos de Plano de Ação, Gestão
de Riscos, Termo de Abertura, Plano de Gerenciamento, Indicadores,
Cronograma, entre outros.

 Desenvolvendo o Sistema Aquário

Em 2016, o indicador que mede a eficiência na implantação dos


empreendimentos, registrava 2,28, ou seja, para cada ano previsto para
execução do empreendimento, a Embasa estava levando 2,28 vezes mais.
Diante desse cenário de atrasos, foi necessário traçar um diagrama de causa e
efeito com objetivo de averiguar quais as causas raízes que impactavam na sua
execução. Com o apoio das áreas envolvidas no processo foi identificado
entraves nas etapas de projeto, orçamento, captação de recursos, regularização
ambiental, regularização fundiária, execução da obra e encerramento do
empreendimento.
Observou-se que o ponto principal na solução dos entraves estava na
comunicação entre os envolvidos, o grande número de empreendimentos não
permitia um atendimento priorizado, e cada área específica atendia as
demandas conforme suas necessidades, sem enxergar o ciclo de vida do
empreendimento e o impacto do atraso de suas atividades.
Gerenciar um grande volume de empreendimentos também impactou na
execução dos mesmos, além disso, estes, apresentam via de regra, elevado
grau de complexidade. Brito (2013) atribui as seguintes características aos
empreendimentos complexos: escopo não linear, variando no tempo conforme a
evolução do próprio empreendimento; número elevado de variáveis e interfaces;
as diversas partes interessadas no empreendimento podem ter diferentes
percepções sobre os resultados; e, por fim, falta de informações para efetuar
estimativas.
Outra característica que pode imprimir ainda mais complexidade aos
empreendimentos, diz respeito à forma de financiamento, que, no caso de
empresas do setor público de saneamento, preferencialmente utilizam recurso
não oneroso, advindo do Orçamento Geral da União (OGU). Este modelo
apresenta dificuldade durante a etapa de contratação, além de exigir atenção
dedicada do gestor deste contrato para garantir o ininterrupto fluxo de repasse
dos recursos, sendo este último ponto extremamente vital para o resultado final
e o bom andamento das intervenções do empreendimento.
Após mapeamento dos problemas, foram escolhidos alguns
empreendimentos da carteira da DE para teste da nova metodologia de Gestão
de Empreendimentos que estava sendo implantada pela EGE. Para esses
empreendimentos foram avaliadas suas respectivas situações, sendo feito o
registro no Sistema Aquário (figura 1). A escolha por esse sistema como
ferramenta de gestão foi uma estratégia da Unidade de Gestão por entender que
uma ferramenta já conhecida pelos usuários seria de fácil aceitação, e isso
ajudaria na mudança de cultura da empresa que até aquele momento não tinha
adotado a metodologia de Gerenciamento de Empreendimentos.

Figura 1: Tela Principal do Sistema Aquário.

A partir das informações existentes no módulo de acompanhamento de


contratos do sistema Aquário, os dados foram consolidados num novo módulo
para acompanhamento do empreendimento (figura 2). Nesse módulo é possível
ter o controle das informações de ponta a ponta do empreendimento, desde a
concepção do projeto até a emissão do Termo de Recebimento Definitivo (TRD).
Além da situação atual do empreendimento é possível ter o controle do prazo,
custos e gerenciamento dos contratos de financiamento, além dos vários
contratos de obra.
Figura 2: Módulo para Acompanhamento do Empreendimento.

A EGE está estruturada com um Gerente de Unidade, Guardiões de


Empreendimentos (gerentes de projetos) e uma Coordenação de Informação, de
forma que o primeiro assuma a gestão da área buscando garantir que se
cumpram todas as etapas da gestão de empreendimentos dentro do prazo, custo
e qualidade esperados pela empresa, garantindo assim a conformidade do
modelo adotado.
Os Guardiões são responsáveis por garantir o cumprimento dos marcos
de controle dos empreendimentos, coletando informações das diversas áreas
que atuam na sua execução, facilitando a comunicação entre elas, elaborando
relatórios de acompanhamento e convocando reuniões para apontar os
problemas e buscar soluções junto às áreas.
Os empreendimentos priorizados, tiveram todas as suas fases do
processo estudadas pelos Guardiões, o que possibilitou a consolidação e o
mapeamento dos seus principais entraves. Para gerenciar esses entraves foi
desenvolvido o módulo de acompanhamento do Plano de Ação (figura 3). Neste
módulo, as ações são registradas incluindo o responsável e o prazo para a sua
execução. A cadeia da comunicação acontece quando o sistema dispara
alarmes via e-mail (figura 4) para os interessados na ação, seja no momento da
sua criação ou quando a mesma estiver com seu prazo expirado sem tratamento.
A EGE é a unidade responsável por coordenar essas ações, estando atenta aos
impactos no empreendimento que por ventura venham a ocorrer caso uma ação
não seja atendida no seu prazo inicialmente previsto. Havendo a possibilidade
de aumento em prazo, a ação será discutida com a equipe que acompanha a
execução do empreendimento, denominada de Time do Empreendimento, com
o objetivo de traçar ações corretivas que tragam o prazo para o inicialmente
planejado.

Figura 3: Módulo de Acompanhamento do Plano de Ação.

Figura 4: Alarmes via e-mail.


Sempre que uma ação for atendida, o responsável registrará no sistema
o seu atendimento, dando feedback à EGE. Da mesma forma, caso não alcance
o atendimento, é necessária uma justificativa e uma solicitação de prorrogação
de prazo para que o sistema pare de enviar os alarmes diariamente. Essa
facilidade permite à Unidade de Gestão monitorar o atendimento às ações, bem
como conhecer os desdobramentos dos entraves e seus impactos no
empreendimento, gerando novas ações, caso necessário. O módulo de plano de
ação é considerado o coração da gestão do empreendimento, por ser a entrada
das informações no sistema.
A partir das informações inseridas no sistema é possível gerar os mais
diversos tipos de relatório de acompanhamento: Relatório do Empreendimento,
Ficha do Empreendimento, Questões Pendentes do Empreendimento ou por
Categoria, Riscos, Relatório Financeiro, Glosas, Indicadores de Prazo e Lições
Aprendidas. Além desses, com as informações obtidas, foi possível desenvolver
documentos previstos na metodologia de Gestão de Empreendimentos como o
Termo de Abertura e o Plano de Gerenciamento, ambos de grande importância
para definir acordos e premissas adotadas entre o Time, que nortearão toda a
execução do empreendimento.

Relatório de Empreendimento (figura 5) – Este relatório está disponível


para toda carteira de empreendimentos da DE. Ele reúne as informações dos
diversos contratos do empreendimento, que são registradas continuamente por
áreas distintas. Nele é possível consolidar, o valor total do empreendimento, com
seus itens específicos de investimento, prazo de obra, prazo pactuado com os
agentes financeiros, prazo total do empreendimento, avanços físico e financeiro,
valores faturados, valores recebidos, valores glosados, e ainda informações
sobre os contratos de obras. Seu objetivo é mostrar de forma numérica a
situação do empreendimento.
Figura 5: Relatório de Empreendimento.

Ficha do Empreendimento (figura 6) – Enquanto o Relatório do


Empreendimento traz uma visão resumida, a Ficha traz detalhes específicos
sobre cada etapa do empreendimento: Projeto, Orçamento, Licitação,
Regularização Ambiental, Regularização Fundiária, Execução da Obra e Gestão
do Contrato de Financiamento. Ainda é possível fazer gestão dos pleitos das
contratadas e emitir uma análise crítica sobre a situação atual do
empreendimento.
Este relatório é criado logo que um empreendimento é priorizado e
solicitado à EGE seu acompanhamento por um guardião. Sendo assim, apenas
estará disponível para a carteira de empreendimentos da EGE. Suas
informações são atualizadas rotineiramente, por meio das tratativas das
questões pendentes com as áreas.

Figura 6: Ficha de Empreendimento.

Questões Pendentes do Empreendimento – Com a Ficha de


Empreendimento atualizada, é possível enxergar os entraves de cada etapa do
empreendimento. Desta forma, as questões pendentes são selecionadas e
discutidas com os responsáveis de cada área. Pactuadas as ações, os
responsáveis e os prazos, as questões pendentes são registradas no módulo de
Acompanhamento do Plano de Ação (figura 3). O sistema envia e-mails aos
envolvidos, informando sobre as ações a serem tratadas. É possível enviar
alertas no momento da criação da ação, em dias específicos antes da sua
conclusão e inevitavelmente quando estiver em atraso. Neste caso, o
responsável receberá as mensagens até que registre uma resposta no sistema
sobre a situação da ação. Cabe ao Guardião, atualizar as informações,
concluindo a ação ou postergando seu prazo, analisando antes os impactos no
empreendimento. Essas tratativas servirão de insumo para alimentação da Ficha
de Empreendimento, que deve ser revisada simultaneamente com a atualização
das questões pendentes.

Questões Pendentes por Categoria (figura 7) – Foi desenvolvido um


relatório no sistema Aquário que permite relacionar as questões pendentes por
categoria, a saber: Pendências de projeto, orçamento, licitação, alvarás,
execução de obra, licenciamento ambiental, regularização fundiária, faixa de
servidão, etc. Este relatório permite uma visão do volume das ações por etapas
específicas, além de permitir uma pesquisa mais avançada para extração de
dados, de forma que se possa discutir estrategicamente soluções para as
questões levantadas.

Figura 7: Questões Pendentes por Categoria.

Relatório Financeiro – Este relatório é parte integrante do relatório de


Empreendimento (figura 5), já apresentado anteriormente. Por meio dele é
possível ter a visão financeira do empreendimento, comparativo das metas
contratadas com as pactuadas junto aos agentes financeiros, controle de prazos
contratuais, avanço físico e financeiro, indicadores, etc.
Controle de Glosas e Medições Avaliadas (figura 8) – Quando o
empreendimento é executado com recursos financiados, toda movimentação
financeira referente ao contrato de financiamento é registrada no Aquário. Com
os valores financeiros consolidados, é possível controlar as glosas e medições
não avaliadas por parte do agente financeiro, identificar os entraves e traçar
estratégias para resolver as questões pendentes, visando a liberação dos
recursos. O volume de recursos pendente de liberação é acompanhado
mensalmente pela EGE, e faz parte dos indicadores de desempenho da
Unidade.

Figura 8: Controle de Glosas e Medições Não Avaliadas.

Gerenciamento dos Riscos (figura 9) – Tendo a gestão dos entraves, é


fácil prever os riscos inerentes ao empreendimento. Para cada empreendimento
controlado é possível monitorar as ações que irão tratar esses riscos, diminuindo
seus impactos. A EGE tem a função de realizar workshops com as partes
interessadas para que sejam mapeados os possíveis riscos ao empreendimento.
Desta relação, os riscos devem ser analisados qualitativamente e
quantitativamente de forma a serem priorizados e monitorados. Para os riscos
considerados críticos, deverá ser traçado um plano de ação, a ser registrado no
Sistema Aquário para acompanhamento por meio de alertas automáticos. Para
os demais riscos mapeados, trimestralmente a EGE deverá reavaliá-los,
buscando identificar sua criticidade para monitoramento e controle.
Figura 9: Gerenciamento dos Riscos.

Indicadores de Prazo do Empreendimento (figura 10) – Este é um


indicador estratégico da Embasa, acompanhado pela EGE desde 2016. Ele é
obtido por meio da razão entre o prazo previsto atual e prazo inicialmente
previsto, seja do empreendimento, obra ou pré-obra. Atualmente é possível
acompanhar este indicador por meio do sistema, podendo ser alimentado
inclusive por outras diretorias.

Figura 10: Indicadores de Prazo do Empreendimento.


Lições Aprendidas (figura 11) – Ainda podemos citar o módulo de Lições
Aprendidas, onde são registrados todos os pontos positivos e negativos que
ocorreram durante a implantação do empreendimento, com o objetivo de
disseminar o conhecimento, evitando riscos desnecessários em
empreendimentos futuros.

Figura 11: Lições Aprendidas.

Termo de Abertura (figura 12) – Sempre que um empreendimento é


priorizado, o Guardião formaliza essa priorização na empresa por meio do Termo
de Abertura. Este documento traz definições sobre o projeto, com sua justificativa
e objetivo, além da formação do Time, lista das partes interessadas, requisitos
do cliente, escopo, premissas e restrições do projeto, além dos seus principais
marcos. Este termo é elaborado pelo Time do Empreendimento e submetido à
aprovação dos diretores de Operação e Empreendimentos por meio de workflow
criado no Aquário. Após sua aprovação, fica pactuado e registrado entre as duas
diretorias o produto que será entregue ao final do empreendimento.
Figura 12: Termo de Abertura.

Plano de Gerenciamento (figura 13) – Após aprovação do Termo de


Abertura, o Time do Empreendimento elabora o Plano de Gerenciamento,
detalhando o escopo e de que forma será gerenciado o empreendimento com
foco no tempo, risco, custo, comunicação, aquisições e integração.
Figura 13: Plano de Gerenciamento.

A consolidação do sistema Aquário como ferramenta de Gestão de


Empreendimentos deve naturalmente encontrar dificuldades, principalmente
quanto à necessidade de mudança da cultura e hábitos organizacionais. Por isso
que a tarefa não se resume em apenas difundir conhecimento, implantar
métodos, técnicas e ferramentas. A tarefa contempla também a necessidade de
mudar a cultura e os hábitos organizacionais da Embasa.

Para isso, o apoio da alta administração é fundamental e obviamente, no


mesmo grau de importância, as equipes executoras devem abraçar a causa,
tendo em vista que serão os maiores beneficiários com a redução de retrabalho,
aumento de chances de sucesso dos empreendimentos, alívio de sobrecargas,
antecipação de possíveis problemas, a aplicação de ações preventivas, e etc.
A utilização da ferramenta pela Diretoria de Empreendimentos tem
ajudado na disseminação do trabalho que tem sido realizado pela Unidade de
Gestão, contribuindo para o início da difusão desta nova cultura de planejamento
de empreendimentos dentro da empresa.
A médio/longo prazo o desafio é monitorar toda a carteira utilizando a
metodologia de gestão por meio do Sistema Aquário, contribuindo para reduzir
o tempo de execução dos empreendimentos, considerando como meta até 2023
o índice de 1,38 vezes o prazo inicial do empreendimento, diferente do índice de
2,23 atual. Sabemos que a utilização do Sistema Aquário como ferramenta de
gestão, não é o bastante para garantir o sucesso do empreendimento.
A maximização dos resultados dependerá do envolvimento da equipe com
o Sistema, além do planejamento sistemático, monitoramento e controle de cada
fase e etapa dos empreendimentos, bem como da sinergia e integração das
equipes executoras e partes interessadas. Com isto, espera-se maior
assertividade entre escopo, custo e prazo planejados e realizados.

 Conclusão

A utilização do Sistema Aquário, conforme proposto nesse trabalho,


representa grande potencial para melhoria da eficiência, uma vez que apresenta
uma visão integrada do empreendimento e das interfaces entre os diversos
processos. A experimentação desta ferramenta tem sido aplicada, inicialmente,
em parte da carteira de empreendimentos da Embasa e tem demonstrado
ganhos em função da criação da visão sistêmica, ponta a ponta, com domínio da
informação de todas as etapas do empreendimento, e da integração das várias
partes interessadas.
Pensando na mudança da cultura, a EGE aposta no aproveitamento do
Sistema Aquário como o sistema de gestão para a Embasa. Acreditando que a
comunicação entre as áreas é fator fundamental para o sucesso dos
empreendimentos. Utilizar uma ferramenta da casa, que promova uma gestão
integrada, que possua interface amigável e de fácil utilização, pode oferecer um
grande ganho para a gestão dos empreendimentos.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Rosiani Cordeiro Oliveira, Amanda Araújo Valle Matheus, Renato Simões Caffé,
Daniele Tosta Boaventura e Veruska Pessoa Souto Maior Prudente.
CAPÍTULO 24: SISTRAT, Sistema da Embasa para Gestão Operacional de
Tratamento em ETA

 Resumo

A operação de uma Estação de Tratamento de Água – ETA necessita e


produz dados em grande quantidade, tanto para operadores quanto para
gestores. São informações sobre consumo de produtos químicos, perdas,
condições de equipamentos, eficiência da estação e da qualidade da água nas
várias etapas do tratamento, entre outros.
As ETA processavam esses dados de forma independente e
individualizada, com grande volume de informação registrada de forma manual
e esta forma de gestão gerava dificuldade de processamento destas informações
em dados para tomada de decisão.
Ora, essas dificuldades se configuravam como demandas que apontavam
para a necessidade de um sistema eletrônico que padronizasse e unificasse os
dados operacionais de uma ETA e facilitasse o acesso aos mesmos. Foi criado,
então, por técnicos da Embasa, um sistema multiusuário, desenvolvido em
Access com programação em VBA usando um banco de dados SQL
armazenando essas informações num servidor seguro.
Esse sistema, o SISTRAT, foi instalado e opera hoje com sucesso em 4
ETA, cumprindo sua função original que era eliminar os problemas detectados
antes da sua criação, fornecendo e administrando dados confiáveis e uniformes
para gestores e operadores dessas ETA.

 Introdução

O SISTRAT é um sistema operacional de tratamento de água que foi


desenvolvido visando informatizar o grande volume de dados gerados no
processo de tratamento de água das estações Teodoro Sampaio, Vieira de Melo,
Principal e Suburbana. A necessidade de seu desenvolvimento surgiu a partir
das dificuldades de condensamento e análise dos dados gerados nas ETA,
necessidade de agilidade em responder as demandas de setores internos e
órgão externos, bem como a necessidade de transformar os dados em
conhecimentos para contribuir na tomada e decisão.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Cristiane Santana Cruz Braz, Roberto Tadeu Pereira Moraes, Robson Barros De
Araújo e Carlos César Oliveira Araújo Filho.
 Objetivo

Desenvolver sistema informatizado de dados de operação das ETA,


visando permitir a rápida identificação das condições que poderiam levar ao
surgimento de problemas, e assim agilizar a tomada de decisões para resolvê-
los e minimizar seus efeitos, reduzir/eliminar a quantidade de formulários
impressos, reduzir retrabalho no preenchimento das informações.
O SISTRAT facilita o acompanhamento on-line das variáveis de uma ETA,
tais como a qualidade da água e eficiência da estação e de sua equipe, calcular
o consumo de produtos químicos, as perdas de água (ainda em teste) e as
variações sazonais de demanda de água tratada, formando, assim, um banco de
dados históricos além de conhecimento atual e futuro para a Embasa.

 Metodologia

Após a detecção de demandas sobre a gerenciamento de dados de


operação de ETA, foi formado um grupo de trabalho, que inicialmente fez uma
lista das informações que alimentariam e que seriam processadas pelo sistema
que seria criado e das que seriam apresentadas na sua interface.

Atendendo a essa lista, o grupo de trabalho fez reuniões diárias para


determinar:

1. Forma de apresentação do sistema;


2. Escolha da linguagem adequada;
3. Design da interface;
4. Definição de limites de acesso;
5. Desenvolvimento das fórmulas dos cálculos de consumo dos
produtos químicos, das perdas e índices de qualidade;
6. Programação propriamente dita do sistema, incluindo o destino de
armazenagem dos dados coletados;
7. Uso experimental e avaliação dos primeiros protótipos; e
8. Instalação do sistema para uso na rotina de trabalho das ETA após
as correções devidas;
9. Permitir retirada de informações de qualidade da água de forma
automática para fornecimento de documentos padronizados de
órgãos de fiscalização (SISAGUA);
10. Promover avaliação da performance das equipes. Assim, as etapas
de planejamento, execução e verificação dos resultados foram
percorridas antes do uso profissional do sistema.

Assim, as etapas de planejamento, execução e verificação dos resultados


foram percorridas antes do uso profissional do sistema.
A partir das planilhas em Excel que eram utilizadas para alimentação dos
dados produzidos durante o turno (ver figura 1).

Figura 1: Modelo de planilha em Excel utilizada para controle de qualidade da água durante o
turno.

Desde abril de 2017, quando foi implantado, o SISTRAT tem fornecido


informações instantâneas, confiáveis e uniformes de 4 ETA a todos usuários
cadastrados dentro do ambiente de rede embasa, considerando seu limite de
competência.

Figura 2 (A e B): Tela inicial padrão e tela com histórico dos registros realizados.

A Figura 2 apresenta a página de entrada padrão para todas as ETA.


Nesta página são apresentadas todas as áreas que já foram informatizadas.
Após a seleção é apresentada a segunda tela apresentando todos os registros
já realizados por esta unidade.
O lançamento dos resultados das análises físico-químicas da água nas
várias etapas do tratamento possibilita a formação de uma série estatística que
leva ao cálculo de um índice de qualidade da água e de indicador de perda de
água instantâneo que avalia a eficiência da ETA durante o turno de cada turma.
O registro das dosagens dos produtos químicos, proporciona a avaliação
da sua eficiência e verificação do uso correto, comparado programado ao
consumo.
O registro dos níveis dos tanques de reservação dos diversos parques de
distribuição vinculados as estações, permite otimizar a distribuição de água
tratada e a evitar desabastecimento localizado ou o excesso de água tratada na
estação (ver figura 3).

Figura 3: Tela de preenchimento das informações de laboratório (dosagem, resultado das


análises realizada, lavagem de filtros, níveis dos reservatórios de distribuição, ocorrências
ocorridas).

Com relação as unidades operacionais, os registros da alternância de uso


de equipamentos, limpeza das unidades, manutenção, consumos de energia
elétrica, orienta a escolha das unidades, determina o regime de trabalho destas
unidades (ver figura 4 e 5).
Figura 4: Tela de preenchimento das informações relativos os conjuntos moto-bombas.

Figura 5: Tela de preenchimento das informações relativos aos filtros, decantadores, registros
dos totalizadores, dentre outros controles operacionais.
 Resultados

Com a implantação do SISTRAT foi possível eliminar a planilha eletrônica


diária, bem como a redução de grande volume de formulários que eram
preenchidos, eliminamos o retrabalho de preenchimento de formulários com
duplicação de informações, geração automática da planilha NAC/SISAGUA
(planilha padrão a ser encaminhada a DIVISA, avaliação em tempo real da
qualidade da água tratada a partir do índice de qualidade água (ICA) e das
perdas de água ( em teste) durante o processo de tratamento, bem como
promover uma avaliação temporal de desempenho das equipes, dentre outras
análises operacionais. O SISTRAT emite diariamente um e-mail para gerências
da divisão, unidade e superintendência os dados da qualidade da água das ETA.

Trimestralmente são realizados avaliação de desempenho das turmas


durante os turnos de atuação (ver figura 6).

Figura 6: Exemplificação de comparações de desempenho das equipes.


 Conclusão

Foi possível, a partir dos dados coletados pelo SISTRAT, estabelecer um


controle de qualidade de água em escala real por meio de índice de qualidade e
prever quantitativamente o consumo sazonal de água tratada, evitando
desabastecimento, além de orientar a escolha de equipamentos e o seu regime
de trabalho.
A instalação desse sistema eletrônico eliminou os vários formulários de
papel que antes eram usados para esse fim.
A unificação e seleção dos dados alimentados e produzidos está
permitindo a formação de um banco de dados cuja avaliação estatística está se
constituindo em bagagem válida para a formação de conhecimento público
baseado em experiência, que pode e deve ser disseminado por toda a Embasa.
Tendo como proposta a melhoria contínua, as próximas versões do
SISTRAT buscam permitir programar melhor a logística de compras e a
formação de estoques ótimos a partir do cálculo instantâneo e cumulativo de
produtos químicos, bem como por meio do controle de recebimento e estoque
das estações.
Assim, a partir do conhecimento da variação do volume de água
consumida será permitido prever o seu consumo sazonal e programar ações
para evitar desabastecimento.
Outra etapa que está em fase de desenvolvimento é proporcionar a
equipe que inicia o turno na estação uma sugestão de dosagem de sulfato a
partir do resultado encontrado na qualidade da água bruta.
O programa permite que ao informar os dados de cor e turbidez da água
bruta, seja buscado dentro do bando de dados a menor dosagem de sulfato que
foi aplicada na água na condição informada e que resultou na qualidade da água
tratada atendendo ao padrão de potabilidade.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Cristiane Santana Cruz Braz, Roberto Tadeu Pereira Moraes, Robson Barros De
Araújo e Carlos César Oliveira Araújo Filho.
CAPÍTULO 25: Treinamento Virtual para Acesso e Manuseio do Sistema
Júpiter

 Resumo

Com a implementação do sistema Júpiter para lançamento de dados das


análises físico-químicas e Bacteriológicas dos sistemas de abastecimento de
água de todos os sistemas da Unidade Regional de Itabuna, a fim de produzir o
Sisagua, surgiu a necessidade de treinamento de todos os gerentes e apoios
administrativos para alimentação dos dados de forma rápida e econômica,
pensando nisso a equipe da supervisão de tratamento e laboratório regional
montou um módulo de treinamento por meio de vídeos aulas ( a educação a
distância (EAD) é uma modalidade de ensino/aprendizagem “[...] onde as ações
do professor e do aluno estão separadas no espaço e/ou no tempo”
(SANTOS,1999, p. 2)), com os passo a passo, eliminando assim o custo com o
deslocamento e diária de colaboradores e efetuando uma rápida difusão do
conhecimento.

 Objetivo

O objetivo principal deste artigo é demonstrar que o uso das gravações


em vídeos aulas para colaboradores, que utilizarão do conhecimento no sistema
Júpiter, se mostrou uma estratégia facilitadora e de baixo custo. A inovação que
propusemos em nosso curso foi trazer as aulas sucintas e de fácil linguagem,
com demonstração práticas para o uso da ferramenta.

 Introdução

Em fevereiro deste ano, o sistema Júpiter foi colocado enquanto


ferramenta oficial de compilação de dados de análises físico-químicas e
bacteriológicas produzidos no laboratório regional e nos sistemas de
abastecimento de água para elaboração do relatório mensal Siságua. Esta
mudança levou à necessidade imediata de treinamento em larga escala para
todos os gerentes de EL’s e seus respectivos apoios administrativos. Para
solucionar a problemática do prazo curto para treinamento, foram desenvolvidas
vídeoaulas abordando o acesso e a forma de utilização do sistema, forma rápida,
econômica e eficiente de atingir o público alvo e permitir revisão do conteúdo a
qualquer tempo.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Daiane Barbosa da Silva e Lorena Lacerda Santos.
 Metodologia

Para preparo das videoaulas foram utilizadas as seguintes etapas a saber:

1. Compilação das informações do treinamento em slides


Após treinamento ministrado pelos setores FTI e TDOQ, os
conhecimentos foram divididos em tópicos e expostos em forma de slides,
utilizando imagens do programa para compor os mesmos.

2. Elaboração de roteiro para videoaulas


A equipe multidisciplinar, composta por representantes da supervisão de
tratamento e laboratório regional, elaborou os roteiros das vídeos-aulas
contendo início, desenvolvimento e conclusão dos itens abordados, ressaltando
as informações que seriam abordadas em cada cena, atentando para o tempo
de vídeo de no máximo 5 minutos e focando na linguagem objetiva, prática e
lúdica na transmissão do conteúdo.

3. Escolha do programa
Para a escolha do programa foi levado em consideração o fácil manuseio
e o livre acesso para teste. Foram realizadas pesquisas na internet e optou-se
por um programa já instalado no computador de uma das colaboradoras
envolvidas no projeto. O programa usado foi o Movavi Screen Capture Studio
para gravação e o Movi Movie Maker para edição.

4. Gravação, edição e revisão dos vídeos


As gravações foram realizadas no auditório da USI, usando-se fone e
microfone integrado e um notebook e o programa Movavi que dispõe de sistema
capaz de gravar imagens usando a câmera do notebook, bem como captura da
tela. Foram geradas 8 videoaulas divididas em sete tópicos, conforme descrito
na Tabela 1. Apesar do Movavi ter a opção para edição, utilizou-se para este fim
o software Movie Maker, por ser de uso familiar a uma das colaboras, otimizando
assim as edições e revisões.
Tabela 1: Tópicos abordados nas videoaulas.

5. Compartilhamento
As aulas foram compartilhadas via aplicativo Vídeo do Microsoft 365,
software padrão utilizado pela empresa e aplicativo de rede social.

Figura 1: Canal do laboratório com as videoaulas compartilhadas no Microsoft 365.

6. Confecção de informativos
Como complemento aos vídeos, foram confeccionados informativos em
arquivos PDF sobre o sistema e atualizações conforme ocorriam, utilizando print
da tela do sistema Júpiter para ilustrar as funcionalidades e descrevendo o passo
a passo. Estes informativos foram encaminhados ao público-alvo pelo e-mail
corporativo.
7. Esclarecimento de dúvidas
O esclarecimento de dúvidas dos usuários ficou disponível pelos canais
usuais: e-mail e telefone.

 Resultados e Discussão

As videoaulas, além de não gerar custos para sua elaboração, também


possibilitou economia com deslocamento e diárias dos colaboradores. O público
alvo na USI foi estimado em 60 funcionários, duas vezes mais da capacidade
física do auditório da unidade. Comparado ao treinamento presencial, observou-
se uma economia estimada em até R$ 20.000 (Vinte mil reais), considerando os
funcionários locais e também de outras unidades regionais, que utilizaram as
vídeoaulas.
Todo o público alvo foi atingido de forma rápida, o conhecimento pode ser
revisado conforme a necessidade e os colaboradores não tiveram que se
ausentar do posto de trabalho para incorporação do conhecimento. Houve
dificuldade de divulgação nos sistemas que não possuem informatização,
demandando a colaboração do funcionário para compartilhamento com o uso de
aplicativo de redes sociais.

 Conclusão

A aprendizagem virtual constitui uma nova ferramenta para


desenvolvimento dos trabalhos operacionais e administrativos, com baixo custo,
flexibilidade e ampla abrangência. Sua aplicação para propagação do
conhecimento no sistema Júpiter mostrou-se eficiente, bem como reduziu o
custo com treinamento para colaboradores na Unidade Regional de Itabuna.
Para maximização do alcance da metodologia dentro do ambiente
corporativo é necessário a ampliação da informatização das localidades
regionais.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Daiane Barbosa da Silva e Lorena Lacerda Santos.
CAPÍTULO 26: Uso de Tecnologias Digitais em Sistema de Abastecimento
de Água: uma Solução para Redução de Custos e Aumento em Eficiência
Operacional

 Resumo

Este trabalho tem por finalidade evidenciar a importância dos


investimentos em tecnologia, demonstrar os resultados obtidos na redução de
custos e o aumento da eficiência operacional no sistema de abastecimento de
água nas cidades de Ipirá e Itaberaba. A Unidade Regional de Itaberaba, é
responsável pelo abastecimento de água das cidades de Itaberaba, Ipirá, Ruy
Barbosa, Macajuba, Baixa grande atendendo mais de 207.000 pessoas segundo
dados do IBGE.
Com tudo, os elevados custos de operação das captações de água de
Itaberaba e Ipirá, a dificuldade no controle das variáveis de processo (vazão,
pressão, níveis dos reservatórios de distribuição, parâmetros elétricos) e coleta
de dados confiáveis para devida analise e adequada tomada de decisão, gerou
a necessidade da modernização da planta produtiva implantado um sistema de
automação que tem por finalidade proporcionar o acionamento dos conjuntos
moto-bomba, acompanhamento do nível dos reservatórios, vazão, pressão,
monitoramento dos parâmetros elétricos, aquisição e armazenamento de dados
do processo, todas essas informações são adquiridas a distância e em tempo
real 24 horas por dia, além das informações operacionais foi instalado sistema
eletrônico de segurança patrimonial com utilização de câmeras de vigilância de
última geração.
Assim, considerou-se de extrema relevância o estudo em relação a esse
tema, pois o mesmo é fator considerável na gestão de custos e retorno sobre os
investimentos efetuados em inovação, trazendo consigo motivações para novos
estudos, contribuindo com a construção do conhecimento acerca dos benefícios
da aplicação de tecnologias para redução de custos e aumento da eficiência
operacional.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Alessandro Carvalho Leite e Gilmar da Silva Sampaio.
 Introdução

Após a segunda guerra mundial, o Japão adotou uma abordagem


diferente a pratica pelos EUA, foram desenvolvidas várias técnicas e filosofias
voltadas para melhorias do processo produtivo com objetivo na redução de custo
e a alta qualidade dos produtos, e, um país que tinha sido destruído pela guerra
se tornou em 30 anos a segunda maior economia do mundo, forçando as
empresas que pretendiam permanecer no mercado a investir pesado em
tecnologia. Nos dias atuais observamos o crescimento econômico da China,
posicionando-se como segunda maior economia mundial. Analisando os três
países citados acima, o mais comum entre eles é adoção e desenvolvimento de
tecnologias para otimização do processo produtivo.
As tecnologias desenvolvidas para o setor industrial provocaram ao setor
a repensar a forma de produzir, forçando os administradores a adotarem um
novo perfil de gestão e ter um olhar mais crítico para os custos de produção,
principalmente com custo fixo de mão-de-obra e foco no ganho da eficiência
operacional. Um fator importante nesse processo tem sido o barateamento dos
equipamentos e dispositivos voltados para automação dos processos. Nos
últimos anos, um imenso número de novas tecnologias surgiu como alternativas
para proporcionar ganhos escalares da produtividade.
Mesmo com todos os efeitos da crise econômica, segundo estimativa da
empresa de pesquisa Gartner, os orçamentos voltados para investimentos em
tecnologias nas empresas em todo mundo serão acrescidos em 4,5% em 2018,
chegando a US$ 3,7 trilhões.
Neste contexto, observe-se a importância dos investimentos em inovação
e tecnologia por meio do estudo divulgado na 27° pesquisa anual de
Administração e Uso de TI nas empresas pela FGV. Essa pesquisa revelou que
para cada um 1% investido na área de tecnologia da informação em dois anos
obtém-se 7% de aumento na lucratividade da empresa a médio prazo.
Diante do exposto, observa-se que a as organizações estão cada vez
mais voltadas a promover inovações em seus processos para elevarem as suas
receitas e continuarem a serem viáveis e competitivas no mercado.

 Metodologia

Para o desenvolvimento do projeto foi desenvolvido um cronograma com


os passos que deveriam ser seguidos a fim de minimização de erros na
implantação do sistema, foram definidos da seguinte forma: Levantamento das
coordenadas geográficas; Definição do tipo de comunicação; Especificação dos
equipamentos; implantação do sistema supervisório.
1. Levantamento das Coordenadas Geográficas
Para definição qual tipo de comunicação que seria utilizada foi necessário
efetuar levantamento das coordenadas geográficas para análise do relevo do
terreno, pois a comunicação deveria atender desde da captação até os
reservatórios da distribuição.

Tabela 1 – levantamento topográfico.

2. Definição do Tipo de Comunicação


Com os dados coletados da elevação e relevo do terreno da região,
optamos pela escolha de antenas de 5GHz que permitiria uma alta taxa de
transmissão de dados em alta velocidade dentro da camada física TCP/IP.
Figura 1 – Fechamento de enlace de comunicação.

3. Especificação dos Equipamentos


Os equipamentos foram especificados de acordo com as características
de cada estação elevatória. Basicamente os dispositivos utilizados em cada
estação foram: CLP (Controlador Logico Programável com porta ethernet),
transmissores de pressão com escala de 0 a 60 e de 0 a 300mca, sensor de
nível hidrostático 0 a 10mca, antena de 5Ghz, multimedidor de energia com porta
ethernet, sistema fotovoltaico offgrid, sistema de segurança patrimonial com
câmeras de última geração.

4. Implantação do Sistema Supervisório


O sistema supervisório permite que sejam monitoradas e rastreadas
informações do processo e das instalações físicas. As informações são
coletadas por meio dos equipamentos de aquisição de dados e em seguida,
manipulados, analisados, armazenados e posteriormente apresentados aos
usuários. O sistema supervisório foi instalado nas ETA’s e no CCO do setor de
operação da UNE e são monitorados 24 horas por dia, onde pode ser emitido
relatórios para analises posteriores.
Figura 2 – CCO (Centro de Controle Operacional).

Figura 3 – Tela sistema supervisório.


Figura 4 – Interface de Acionamento e extração de relatórios.

Figura 5 – Sistema de segurança Patrimonial.

 Resultados e Discussão

Com a implantação do sistema de automação, a unidade regional de


Itaberaba conseguiu reduzir seus custos com mão de obra, aumentou a
eficiência operacional, reduziu as perdas por extravazamentos de reservatórios.
Hoje possuímos uma rede de automação interligada que juntas somam 207 km
de enlace comunicação.
O sistema possui monitoramento 24 horas dias, aumentando a
confiabilidade, a identificação de gargalos de processo e agilidade na
identificação de falhas operacionais. O retorno sobre o investimento calculado
na forma de payback simples demonstra a total viabilidade do projeto conforme
dados da tabela abaixo:

Tabela 2 – Cálculo do Payback do investimento na automação de Itaberaba e Ipirá.

 Conclusão

O projeto evidenciou a necessidade de modernização da planta produtiva


e a importância de acompanhar a evolução da tecnologia que tem por finalidade
aumentar a produtividade e reduzir custos com mão de obra.
Os avanços destas tecnologias proporcionam o surgimento de novas
profissões no mercado, exigindo mais qualificação da mão de obra e jornadas
de trabalho menos periculosas e insalubres.

Projeto apresentado na Jornada Técnica da Embasa em 2018.


Autores: Alessandro Carvalho Leite e Gilmar da Silva Sampaio.
CAPÍTULO 27: Implementação da Ferramenta Balanço Hídrico – Aplicativos
APIENS 3.0

 Resumo

Com o intuito de condensar o grande número de planilhas existentes nos


processos geridos pelo setor operacional de distribuição de água e até mesmo
a falta de modelos para atividades executadas rotineiramente na coleta de dados
e na tramitação das informações. Foi concebido com base na plataforma de
banco de dados Microsoft Access, utilizando da linguagem de SQL para
desenvolvimento da estrutura e de XML para a interface gráfica, um compilador
de dados para as perdas no sistema de abastecimento de água, utilizando a
metodologia da IWA para a criação do balanço hídrico, onde os dados anuais
consolidados servem de base para a composição dos indicadores de perdas no
sistema de abastecimento de água.

 Introdução

Com as crescentes exigências por parte da sociedade em relação a


escassez de recursos hídricos, faz-se necessário a adequação das metodologias
utilizadas pelas Empresas de concessão do uso da água, tendo em vista o
compromisso da agenda ambiental com a qual o Brasil está comprometido junto
à comunidade internacional. A metodologia do acompanhamento dos
indicadores operacionais por meio do Balanço Hídrico da International Water
Association (IWA) é a ferramenta padronizada para análise dos componentes de
consumo e perdas de água dentro de uma empresa de saneamento e permite
identificar a eficiência financeira e a performance técnica de forma padronizada.
Entretanto, para completar o balanço hídrico é necessária para coleta e
validação de vários tipos de informação, provenientes de vários departamentos
dentro da empresa.
Criação de ferramenta de processamento de dados, focada em compilar
e apresentar as informações de forma fácil e intuitiva. Atuando no
condensamento de informações para o acompanhamento dos indicadores
operacionais de abastecimento de água, gerando o relatório de Balanço Hídrico
Simplificado.

Projeto apresentado no Congresso da ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária


e Ambiental) em 2017. Autor: Luís Eduardo Moreira Figueiredo.
 Materiais e Métodos

Com esse foco e amparado pela coleção de guias práticos, série balanço
hídrico da Aesbe (2015), a coleta de dados para a composição do balanço hídrico
foi dividido em cinco etapas distintas por meio de cinco interfaces gráficas
diferenciadas:

Volume de Entrada no Sistema


Corresponde ao volume anual de água que ingressou efetivamente no
sistema distribuidor.

Figura 01: Volume de entrada do sistema.

Consumo de Água Autorizado


Volume anual de água entregue nos medidores instalados e nas ligações
sem hidrômetros e que deram origem ao faturamento.
Figura 02: Consumo de água autorizado.

Erro de Submedição
Corresponde a volumes anuais de água entregues aos usuários que
deixaram de ser registrados pelos hidrômetros, por ineficiência destes.

Figura 03: Erro de submedição.


Consumo de Água não Autorizado
Corresponde à soma dos volumes de Consumo Não Autorizado, como no
caso de fraudes, ligações clandestinas, usuário não cadastrado e religação
indevida com os volumes de Inexatidão de Hidrômetros e Erros no Manuseio de
Dados.

Figura 04: Perdas aparentes de água.

Em função da eficiência das políticas de Gestão Comerciais, estima-se


um volume perdido anual dado por um % do Volume de Entrada. Utilize-a apenas
no caso de não possuir estudos mais fundamentados para estimação dos
volumes anuais de consumo não autorizado.

Perda Real de Água


Corresponde a todo volume perdido por meio de todos os tipos de
vazamentos, estouros e transbordamentos.
Figura 05: Perdas reais de água.

Resultados das Etapas Anteriores: Síntese do Balanço Hídrico


Desta forma o Balanço Hídrico proposto é o balanço entre as correlações
dos dados anuais, comerciais e operacionais provenientes de uma mesma base
física e temporal, sendo apresentado em modelo padronizado pela IWA.

Figura 06: Balanço hídrico simplificado.


 Conclusões

Com base nos relatórios gerados, o SAPIENS possibilitou um


acompanhamento dos Indicadores de Desempenho Operacional, alinhando
nossos dados aos padrões utilizados internacionalmente. Além disso, otimizou o
tempo de processamento e acesso aos dados por parte da equipe fim.
Mesmo com o objetivo de tornar o aplicativo usável e acessível, percebe-
se uma resistência por parte da cultura de análise das equipes que atuam no
gerenciamento dos sistemas, a substituição dos padrões antigos se tornou um
empecilho não esperado, fazendo-se necessário a realização de treinamentos e
conscientização para a mudança da postura perante o cenário das perdas em
nossos sistemas de abastecimento.
O Sistema SAPIENS foi desenvolvido para possibilitar que os escritórios
locais da empresa de saneamento da Bahia a Embasa, tenham acesso às
informações digitais, oferecendo uma modelagem gráfica dos dados de forma
simples e direta, apresentando o diagnóstico das perdas no sistemas de
abastecimento de água. A plataforma em que foi desenvolvido é extremamente
flexivel, possibilitando que atualizações sejam incorporados conforme os
usuarios identifiquem necessidades e melhorias.

Projeto apresentado no Congresso da ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária


e Ambiental) em 2017. Autor: Luís Eduardo Moreira Figueiredo.
CAPÍTULO 28: Sistema de Gestão de Volumes por Meio de Business
Intelligence: Sistema em Extranet para Controle Operacional e
Mapeamento de Perdas de Águas nas Unidades Regionais de
Abastecimento

 Resumo

Fundamentado na metodologia de acompanhamento dos indicadores


operacionais por meio de modelos propostos pela International Water
Association (IWA) e pela série de livros do Programa Nacional de Combate as
Perdas de Água (PNCDA), o Sistema de Gestão de Volumes (SIGV) tem como
objetivo a apresentação dos dados processados por meio do sistema Business
Intelligence (BI), focando em compilar e apresentar, de forma fácil e intuitiva, as
informações de gestão de volumes de água produzida no Litoral Norte Agreste
Baiano no Estado da Bahia, por meio da ferramenta Microsoft Power BI.
Desta forma, com suporte na plataforma de compartilhamento corporativo
Microsoft SharePoint, e utilizando a ferramenta de desenvolvimento de relatórios
gráficos Power BI, foi possível a síntese e normalização de várias fontes de
dados diferentes em um único local, possibilitando as análise dos volumes de
água, índices de macro e micromedição, representatividade dos sistemas de
abastecimento, análise dos vazamentos de redes e ramais, além de balanço
hídrico simplificado dos indicadores operacionais em formato periódico.

 Introdução

Devido às crescentes exigências por parte da sociedade em razão da


escassez de recursos hídricos, faz-se necessária a adequação das metodologias
utilizadas pelas empresas prestadoras de serviço de fornecimento de água no
cenário nacional, em busca de maior eficiência operacional, tendo em vista o
compromisso da agenda ambiental com a qual o Brasil está comprometido junto
à comunidade internacional.
A metodologia de acompanhamento dos indicadores operacionais por
meio de modelos propostos pela International Water Association (IWA), como
vistos na série de livros de balanço hídrico da Aesbe (2015) e na série de Guias
práticos – Técnicas de operação em sistemas de abastecimento de água (2007),
publicados pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das
Cidades, por meio de seus programas PNCDA e PMSS, traz a base para a
construção de ferramentas informatizadas e compartilhadas com foco na análise
dos componentes de consumo e perdas de água dentro do sistema de
abastecimento, permitindo identificar a eficiência financeira e a performance
técnica de forma padronizada.

Projeto apresentado no Congresso da ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária


e Ambiental) em 2021. Autor: Luís Eduardo Moreira Figueiredo
Entretanto, para compor tais ferramentas é necessário a coleta e
validação de vários tipos de dados, provenientes de diversos departamentos
dentro da empresa.
A criação do sistema SIGV teve como objetivo a construção de uma
plataforma paras as ferramentas de processamento de dados, focada em
compilar e apresentar, de forma fácil e intuitiva, as informações de gestão de
volumes de água produzida no Litoral Norte Agreste Baiano no Estado da Bahia,
por meio do sistema de consumo de dados Business Intelligence (BI) e do
SharePoint como palco para os relatórios gerados. Deste modo se faz possível,
atuar na compilação de informações para o acompanhamento dos indicadores
operacionais de abastecimento de água, gerando os relatórios gráficos e
automatizando balanços hídricos, transformando os dados em informação, e
assim, acelerando o poder de tomada de decisão.
O desenvolvimento desse trabalho contou com o apoio e a participação
da Unidade Regional de Alagoinhas (UNA) da Empresa Baiana de Água e
Saneamento S.A. (EMBASA). A UNA é responsável pelo abastecimento de água
de 42 sistemas abrangendo as regiões do Litoral Norte – Agreste Baiano, Portal
do Sertão, Sisal e do Semiárido Nordeste do estado da Bahia.

 Materiais e Métodos

A necessidade de construção do SIGV surgiu em decorrência do grande


número de planilhas descentralizadas existente nos processos geridos pelo setor
operacional de distribuição de água, na empresa prestadora do serviço de
abastecimento de água do Estado da Bahia em suas Unidades Regionais, e a
ausência de modelos específicos para compartilhamento dos dados gerados
pelas atividades executadas rotineiramente, na coleta e na tramitação das
informações, referente aos indicadores e seus itens de composição.
Para modernizar esse processo de consumo de dados, o SIGV tem como
base a plataforma de compartilhamento corporativo Microsoft SharePoint,
utilizando do sistema de Business Intelligence Power BI, para desenvolvimento
da interface gráfica da inter-relação das diversas fontes de dados, por meio de
cálculos performáticos em formato periódico utilizando linguagem DAX.
Respaldada pela metodologia da IWA para a criação dos indicadores do
tipo balanço hídrico, a compilação de dados da evolução das perdas de água,
obtida por meio do sistema Compas BI, proporciona a consolidação dos
subsídios anuais que servem de base para a composição dos indicadores de
perdas no sistema de abastecimento de água.
Utilizando-se da plataforma de desenvolvimento Microsoft Power Query,
nativa do Power BI, foi possível a síntese e normalização de várias fontes de
dados diferentes (Figura 1), e posteriormente, relacionando os dados
operacionais coletados pela empresa fornecedora de água aos dados
geocodificados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, cedidos
por meio do portal Cidades@, obtivemos o mapeamento dos índices em todo
território de atuação da prestadora de serviço de abastecimento, conforme
Figura 2.

Figura 1 – Processo de Normalização dos dados por meio da ferramenta Power Query.

Figura 2 – Criação de relacionamento entre consultas por meio da ferramenta Power BI.

Conforme verificamos na representação acima, o modelo tornou possível


o relacionamento entre os dados, interligando as mais diversas informações do
setor de abastecimento, disponibilizando relatórios para consumo dentro da rede
corporativa via extranet, mediante login de acesso devidamente autorizado. Os
relatórios embarcados no SIGV ainda trabalham conectados ao Microsoft
Automate, disparando alertas sempre que alguma anormalidade pré-definida nos
indicadores for detectada no sistema.

 Compilação dos Dados

Por meio da plataforma de compartilhamento SharePoint, o SIGV traz o


balanço entre as correlações dos dados anuais, provenientes de várias bases
físicas temporais diferentes, que são possibilitadas pelos relacionamentos feitos
previamente no Power Query. Apresentando relatórios gráficos com dados
cruzados destas diversas bases anteriormente não comunicáveis, sendo
necessário a realização da compilação de dados por meio do Microsoft Excel
com aplicação manual de dados e fórmulas, que nem sempre se adaptavam a
todas as situações apresentadas pelas fontes de dados.

Com a utilização de modelagem amparada pela coleção de guias práticos


da AESB, seguindo metodologia IWA, o SIGV, apresenta análise de dados
composta por cinco interfaces gráficas diferenciadas, distribuídas em cinco telas,
a saber: Análise de Volumes, Índices de macro e micromedição,
Representatividade dos Sistemas de Abastecimento, Análise dos Vazamentos
de Redes e Ramais, e Balanço Hídrico Simplificado dos indicadores, conforme
exemplificado nas Figuras 3, 4 e 5, a seguir.
Figura 3 – Tela de Análise de Volumes apresentando opções de alternação entre as telas –
Relatório COMPAS.

Figura 4 – Tela principal apresentando os principais indicadores operacionais – Relatório


COMPAS.
Figura 5 – Tela de diagnóstico apresentando vazamentos de rede, ramal e hidrômetro –
Relatório Diagnóstico de Sistemas de Abastecimento.

O sistema proporciona a análise gráfica dos dados a fim de aprimorar,


otimizar e profissionalizar os atuais meios de análise, gerando ganho de
produtividade e aplicações em situações mais complexas com maestria.
A segurança dos dados é garantida via login de acesso, visto que o
sistema trabalha agregado na ferramenta corporativa Microsoft Sharepoint, com
criptografia do sistema Microsoft Azure, o mesmo utilizado para os dados
armazenados em nuvem corporativa. Por meio de extranet Sharepoint é possível
trazer de forma prática, os resumos dos acompanhamentos de volume
disponibilizado diariamente, assim como notificações de desempenho ou de
alerta, como demonstrado na Figura 6.
Figura 6 – Tela do Sharepoint com resumos embarcados e opções de detalhamento por meio
de outros BI, via menu lateral.

O sistema também conta com funções de estrutura interativa, todos os


gráficos e tabelas possuem função retrátil (Drop down), possibilitando a
visualização dos dados em nível mais interno com único click, onde os dados
dos sistemas locais de abastecimento de água, podem ser observados nos
subitens das Unidades Regionais as quais estão submetidos. Na imagem acima,
podemos observar o filtro realizado conforme a organização administrativa da
empresa: Diretoria de Operação do Interior (DI), seguida pela Superintendência
Norte (IN), Unidade Regional (UNA) até a sua subdivisão no Sistema Local de
Abastecimento/Município.

 Síntese dos Dados Compilados

Os filtros nativos da plataforma, por meio do sistema de hierarquia inserido


às bases de dados, conforme citado no parágrafo anterior, possibilita o alcance
a níveis mais internos, passando por Sistema de Abastecimento Local ou
Integrado até o plano de Município ou Localidade. Com as diversas
possibilidades de gráficos e tabelas oferecidas pelo SIGV, que podem ainda ser
modificadas conforme as necessidades apresentadas. Por meio dos filtros ainda
é possível a comparação de cenários e representatividades, observando os
indicadores chave de performance e seus itens de verificação de forma evolutiva
dentro do ano, conforme Figuras 7 e 8, abaixo.

Figura 7 – Tela apresentando a filtragem Drop down nativa do Power BI – Relatório COMPAS.

Figura 8 – Tela apresentando a filtragem de Sistemas e variação entre os anos 2020 e 2021 –
Relatório COMPAS.
 Resultados Obtidos

A síntese de dados obtidos por meio da compilação realizada pelo Power


BI e apresentada em diversos painéis em página online do SharePoint, permite
a análise de variação dos volumes produzidos entre os meses, bem como o
comparativo destes, a fim de determinar o desempenho do sistema,
apresentando de forma simples sua eficiência e o classificação de desempenho
entre os sistemas.
Na figura 9 abaixo é possível observar os sistemas que compõe a Unidade
Regional de Alagoinhas, apresentando seus respectivos volumes produzidos,
convertido em receita e a água não contabilizada nos sistemas, assim como a
eficiência dos indicadores operacionais. Por meio da estruturação do SIGV,
verificamos que o sistema de abastecimento de água do município de Pojuca/Ba,
selecionado exemplarmente, muito embora seja o 3º maior produtor de água da
Regional no ano de 2021, ocupa o 2º lugar em perdas de água (ANC), ficando
em 23º no quadro da gestão da Demanda vs. Oferta.

Figura 9 – Tela de ranking apresentando a representatividade dos Volumes, sua Demanda vs.
Oferta e a Eficiência dos Indicadores correlatos – Relatório Diagnóstico dos Sistemas de
Abastecimento.
No mesmo modelo, além da representatividade de cada sistema de
abastecimento em relação a seus volumes produzidos, também é possível a
implementação de análises horizontais (AH), resultados do mês atual em relação
ao mês anterior, e, ainda, de análises verticais (AV), com representatividade dos
resultados de cada sistema de abastecimento dentro da Unidade Regional, no
formato de variação mensal ou de maneira acumulada em 12 meses, como pode
ser visto nas Figuras 10 e 11, a seguir.

Figura 10 – Volumes produzidos e convertidos em receita, variação acumulada 12 meses e


mensal – Relatório Diagnóstico dos Sistemas de Abastecimento.
Figura 11 – Acompanhamento da distribuição diária do volume disponibilizado e seu indicativo
de tendência, e da análise horizontal AH e análise vertical AV – Relatório Diagnóstico dos
Sistemas.

Além das análises horizontais e verticais, e das variações mensais dos


volumes de entrada no sistema, destacamos outras duas possibilidades de
apreciações: a posição do acompanhamento pelos gestores locais, por meio da
coluna “Relógio”, onde será cronometrado os dias de preenchimentos realizados
no mês, e a projeção da tendência do volume disponibilizado para o
abastecimento de água, na coluna “Indicativo de Tendência", tarjado no gráfico
acima em amarelo, possibilitando de forma ágil à tomada de decisão para
regularização da Oferta vs. Demanda, no abastecimento de água da localidade.
Fazendo uso do mesmo relacionamento também é possível identificar a
ruas com maior número de vazamentos corrigidos, a fim de priorizar a análise do
motivo das reincidências no local, se porventura são causadas por altas
pressões na rede de distribuição ou se o material utilizado já se encontra
degradado ou obsoleto. Estes valores podem ser acompanhados de forma
mensal, acumulado no ano ou os últimos 12 meses, conforme filtro selecionado.
Vale ainda observar que, o tempo de atendimento para a correção dos
vazamentos, neste caso, é contabilizado desde o registro da existência do
vazamento, por meio das lojas de atendimento, call center, WhatsApp e
aplicativo mobile, até a conclusão do serviço pelas equipes operacionais, como
pode ser visto na Figura 12.
Figura 12 – Painel de acompanhamento de correções de vazamentos – Relatório Diagnóstico
dos Sistemas de Abastecimento.

Exemplificando, observamos, por meio do filtro de acompanhamento


acumulado no ano, que no município de Ribeira do Pombal, ocorreram 2.288
vazamentos, sendo 226 em redes, 997 em ramais e 1.063 em hidrômetros, tendo
a Av. E Zona Oeste, o maior número de vazamentos acumulados no ano de
2021, com 54 vazamentos, sendo 01 em rede, 22 em ramais e 31 em
hidrômetros.
Ainda é possível conferir o logradouro com o pior índice de atendimento,
a partir da média de tempo de atendimento para correção de vazamentos. Na
localidade em destaque, Ribeira do Pombal, com média de 6,67 horas, a Av.
Ismael Gonçalves de Souza apresenta o pior índice com média de 29,4 horas
para a conclusão do serviço de correção de vazamentos. Identificar tais
situações e o motivo pelo qual elas acontecem é fundamental para tomada de
decisões e para gestão do sistema de abastecimento de água, além de
assegurar a melhor prestação de serviço à comunidade.
 Conclusão

O Sistema de Gestão de Volumes – SIGV, fundamentado nos relatórios


gerados em BI e compartilhados em rede corporativa, possibilita o
acompanhamento dos Indicadores de Desempenho Operacional, alinhando o
dados da empresa aos padrões utilizados internacionalmente e supre a
necessidade de pesquisa em diversas fontes de planilhas descentralizadas
existente nos processos geridos pelo setor operacional de distribuição de água,
em situações a exemplo da elaboração de relatórios para Planos Municipais de
Saneamento Básico – PMSB, no que tange aos volumes anuais produzidos, sua
área de abrangência, assim como a população atendida e unidades
operacionais, otimizando o tempo de compilação e acesso a informação por
parte da equipe meio.
Os painéis apresentados aqui são apenas uma amostra dos recursos
disponíveis na plataforma, tendo sempre como objetivo tornar as aplicações o
mais amigável e de fácil utilização possível. O sistema também pode ser
acessado em formato Mobile, já que se encontra compartilhado em ferramenta
online e possui suporte da Microsoft para acesso via aplicativo SharePoint/Power
BI (rede corporativa) no celular ou tablet.
A plataforma SIGV foi desenvolvido para possibilitar que os gestores da
Unidade Regional de Alagoinhas (UNA) tenham acesso às informações digitais
de forma mais intuitiva, oferecendo uma modelagem gráfica dos dados de forma
simples e direta, apresentando o diagnóstico das perdas nos sistemas de
abastecimento de água, assim como indicadores operacionais diversos. A
plataforma utilizada é extremamente flexível e lacunar, permitindo que as
atualizações sejam incorporadas conforme os usuários identifiquem
necessidades e melhorias.

Projeto apresentado no Congresso da ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária


e Ambiental) em 2021. Autor: Luís Eduardo Moreira Figueiredo.
CAPÍTULO 29: Determinantes da Demanda Residencial por Água no Estado
da Bahia4

 Introdução

A prestação dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento


sanitário é essencial à promoção da saúde pública e da qualidade de vida de
uma população, por isso o estado tem um papel muito importante na gestão e
regulação desses serviços. Por se tratar de serviços de interesse local, compete
aos municípios prestá-los diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão.
Os serviços de abastecimento de água prestados no Brasil atendem5
164,7 milhões de habitantes (83,3% da população total), sendo 157,2 milhões de
habitantes da área urbana, o que corresponde a uma média nacional de 93,1%
da população urbana atendida. As regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste
apresentaram cobertura de mais de 96,0%. Em contraste, as regiões Nordeste
e Norte apresentaram índices de atendimento urbano de 89,6% e 69,2%,
respectivamente. Cabe destacar que apenas 2/3 dos estados do Nordeste estão
com o índice de atendimento urbano por rede de água acima de 90%, o que
indica que ainda há necessidade de investimentos em expansão dos serviços
para se chegar à universalização da cobertura.
Em 2015, o Brasil apresentou um volume de água consumido da ordem
de 9,7 bilhões m³, com uma média de 154,0 litros por habitante ao dia6
(l/hab/dia). Já o volume de água produzido foi de 15,4 bilhões m³
aproximadamente. No entanto, os sistemas de abastecimento de água
apresentaram perdas elevadas no processo de distribuição de água da ordem
de 36,7% em média7, destacando-se com percentuais elevados de perdas as
regiões Norte e Nordeste com 46,3% e 45,7%, nesta ordem.

4 Este artigo é parte da Dissertação de Mestrado apresentada em 2018 ao programa de Pós-graduação em


Economia, Faculdade de Economia, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção
do título de Mestre em Economia Aplicada. O tema da dissertação é “equilíbrio econômico-financeiro na
prestação de serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário no estado da Bahia”.
Autor: Clério Ferreira de Sousa. Orientador: Professor Dr. Gervásio Ferreira dos Santos.
5
“O atendimento com os serviços refere-se ao acesso por meio de rede geral de distribuição de água ou
rede coletora de esgotos (rede pública). Portanto, não são incluídas as formas de acesso ao
abastecimento de água e ao esgotamento sanitário que se utilizam de soluções individuais ou
alternativas, bem como não devem ser consideradas as ligações domiciliares de esgoto às redes de
drenagem de águas pluviais (BRASIL, 2017, p.24).
6
O consumo médio per capita de água (indicador IN022) é definido, no SNIS, como o volume de água
consumido (AG010), excluído o volume de água exportado (AG019), dividido pela média aritmética da
população atendida com abastecimento de água (AG001) de 2014 e 2015. Ou seja, é a média diária, por
indivíduo, dos volumes utilizados para satisfazer os consumos domésticos, comercial, público e industrial.
(BRASIL, 2017, p. 34).
7
O indicador Índice de Perdas na Distribuição “é calculado pela diferença entre o volume da água
produzido (AG006) e o volume da água consumido (AG010), dividido pelo volume de água produzido
(AG006) descontado o volume usado para atividades operacionais e especiais (AG024) e somado ao
volume tratado importado (AG018) ” (BRASIL, 2017, p. 49).
Em termos de perdas na distribuição cabe destacar que o Amapá tem o
maior indicador do país 74,8%, ao passo que Goiás tem o menor, 30,1%. A Bahia
aparece com indicador de 36,1%, levemente abaixo da média nacional e
apresenta o melhor desempenho entre os estados das regiões Norte e Nordeste.
O aumento da eficiência no controle das perdas implica níveis menores de
exploração dos mananciais de água, assim como possibilita a redução de custos,
pois uma vazão menor de água será desperdiçada, o que pode refletir
positivamente sobre o equilíbrio econômico-financeiro da prestadora dos
serviços.
Os prestadores dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento
sanitário são remunerados via tarifas reajustáveis. Em 2015, a tarifa média
praticada no Brasil igualou-se à despesa total média de R$ 2,96/m³. No nível
macro parece que o setor consegue cobrir as suas despesas ao igualar a tarifa
praticada às despesas totais com os serviços por metro cúbico de água mais
esgoto faturado. Em contraste, na região Nordeste, a tarifa praticada média
alcança 3,02/m³ frente a uma despesa total média de R$ 3,26 /m³. Ao relacionar
tarifa praticada média com despesa total média, sete estados da região Nordeste
apresentam tarifas médias menores que a despesa média. Na Bahia, por
exemplo, a tarifa média é de 3,39/m³ frente a uma despesa média de R$ 3,45/m³,
indicando dificuldades para manter o equilíbrio econômico-financeiro da
prestação dos serviços.
O estado da Bahia elegeu, por meio da Lei 11.172 de 1º de dezembro de
2008, como princípio o fortalecimento da Empresa Baiana de Água e
Saneamento (Embasa) com o objetivo de viabilizar o acesso da população
estadual aos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, em
regime de cooperação com os municípios, por meio de contratos de programas.
Para esse fortalecimento é necessária a sustentabilidade econômico-financeira
da companhia. A Embasa tem um papel fundamental na execução da Política de
Saneamento do estado da Bahia, qual seja: buscar a universalização dos
serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário para os baianos
com a qualidade adequada.
A Lei 11.172/2008 também criou a Comissão de Regulação dos Serviços
Públicos de Saneamento Básico do estado da Bahia (CORESAB), vinculada à
Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUR), com a finalidade de regular e
fiscalizar o setor de saneamento básico. Quatro anos depois, a CORESAB foi
substituída pela Agência Reguladora de Saneamento Básico do estado da Bahia
(AGERSA) que tem, dentre outros papéis, o de fazer com que a regulação
tarifária garanta que a cobrança de tarifas satisfaça a diversos objetivos, tais
como: o equilíbrio econômico-financeiro do regulado; não impedir o acesso da
população a esses serviços; atender às diretrizes de promoção de saúde pública;
ser progressivas em relação ao volume fornecido, bem como desestimulantes
de desperdícios. Vale ressaltar que a regulação busca zelar pelo equilíbrio
econômico-financeiro do regulado e modicidade da tarifa, mas sequer refere-se
à disposição que os consumidores têm a pagar pelos serviços de saneamento
básico.
A água tratada é um bem-dotado de valor econômico, assim como os
serviços de coleta e a disposição adequada do esgoto também o são. Desse
modo, faz-se necessária a determinação de tarifas que reflitam a escassez da
água, considerem a disposição a pagar dos consumidores e garantam a
manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do prestador dos serviços. Não
se estabeleceu, entretanto, uma metodologia regulatória clara e objetiva acerca
do processo de revisão tarifária no estado da Bahia. Essa regulação e
fiscalização está a cargo da AGERSA. A Embasa é uma sociedade de economia
mista, já a AGERSA é uma Autarquia em regime especial, ambas vinculadas à
Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento (SIHS). Essa agência impõe
uma série de restrições/normas microeconômicas visando o adequado
funcionamento do fornecimento de água tratada na Bahia.
A base de justificativa do presente artigo é que não existe uma
metodologia clara e objetiva acerca do processo de revisão tarifária, reconhecida
pela própria AGERSA. Além disso, o modelo de regulação tarifária é pelo custo
dos serviços e os aspectos da demanda por água não são levados em
consideração, como os impactos das variações tarifárias sobre o consumo de
água, receitas e equilíbrio econômico-financeiro do prestador dos serviços.
Neste sentido, o presente artigo tem como objetivo analisar os determinantes da
demanda residencial por água no estado da Bahia, na área de atuação da
Embasa, por meio da estimação da função de demanda, da elasticidade-preço
da demanda e da elasticidade-renda da demanda.

 Referencial Teórico

Esta seção traz o referencial teórico do presente trabalho. Serão


abordados temas microeconômicos como a demanda por um bem, elasticidade-
preço da demanda e elasticidade-renda da demanda.
A demanda por determinando bem “é determinada pelas várias
quantidades que os consumidores estão dispostos e aptos a adquirir, em função
de vários níveis possíveis de preços, em dado período de tempo” (ROSSETTI,
2002, p. 410). A lei geral da demanda dispõe que a quantidade demanda do bem
varia inversamente a seu preço, de maneira que, quanto maior o preço, menor
será a quantidade demandada. Nesse sentido, Rossetti continua que, embora o
comportamento do consumidor em relação aos preços não seja uniforme, a lei
dos grandes números garante, sob condições normais, que a relação entre essas
variáveis é inversa.
Além dos preços do próprio bem, outras variáveis como a renda e os
preços de outros bens correlatos podem afetar a quantidade demanda por
determinado bem. Em termos matemáticos, de acordo com Varian (2012, p.101),
a função demanda pode ser descrita da seguinte forma:

𝑥1 = 𝑥1 (𝑝1 , 𝑝2 , m) (1)

Na equação 1, 𝑥1 é a quantidade demandada pelo bem 1, 𝑝1 é o preço do


bem 1, 𝑝2 é o preço do bem 2, m é a renda disponível do consumidor. Está é a
função de demanda ótima, a que maximiza o nível de satisfação do consumidor
sujeito a uma restrição orçamentária.
Investigar como a demanda pelo bem responde a variações nos preços
dos bens e à renda do consumidor são os problemas da estática comparativa 8.
A partir da análise estática comparativa, pode-se investigar a sensibilidade
(elasticidade) que a quantidade demanda do bem (variável dependente) tem a
variações das variáveis independentes (preço do próprio bem, os preços dos
outros bens e renda disponível do consumidor)9. A elasticidade-preço da
demanda mede a variação percentual na quantidade demanda do bem 1
decorrente de uma variação percentual no preço do próprio bem (p 1), ceteris
paribus (tudo o mais constante).

(∆𝑥 |𝑥 ) 𝜕𝑥 𝑝
𝜀 = (∆𝑝1 |𝑝1 ) ou, tomando-se o limite quando ∆𝑝1 tende a zero, 𝜀 = (𝜕𝑝1 ) (𝑥1 )
1 1 1 1

Para a elasticidade-preço da demanda, Rossetti (2002), Pindyck e


Rubinfeld (2005) abordam cinco hipóteses de referência, quais sejam:
 Demanda elástica (∞ > 𝜀 > | 1 |): as quantidades demandadas são
relativamente sensíveis a alterações nos preços dos próprios bens,
de modo que um aumento de 1% nos preços reduzirá as
quantidades procuradas em mais de 1%, ceteris paribus;
 Demanda inelástica (ε < | 1 |): as quantidades demandadas são
relativamente insensíveis a alterações nos preços dos próprios

8
É necessário fazer a diferença entre quantidades procuradas e procura. De acordo com Rossetti (2000,
p. 417), “as quantidades procuradas definem um ponto da curva de procura, correlacionando sempre a
determinado preço [...] já a procura não se define por determinado ponto, mas pela sucessão de todos os
pontos coordenados, que correlacionam preços a quantidades procuradas. A procura é expressa, assim,
pela função como um todo”. Isso implica que a procura pode ser deslocada para direita ou esquerda
indicando aumento ou diminuição na procura e não da quantidade demandada, ou seja, enquanto as
variações no preço do próprio bem provocam movimentos ao longo da curva de demanda, as variações
nos outros determinantes da demanda provocam o deslocamento da função demanda.
9
A função de demanda depende de outros fatores além do preço do próprio bem, da renda e dos preços
dos outros bens (substitutos e complementares). Rossetti (2000) acrescenta também os fatores
expectativas quanto à normalidade do suprimento do bem (por exemplo, a demanda por um bem essencial
pode ser afetada se houver uma expectativa de crise de abastecimento), preferências e atitudes dos
consumidores (estão relacionadas com fatores ligados a crenças, valores e comportamento modais.
Atitudes podem ser influenciadas por campanhas publicitárias. Novas tendências podem levar a novas
preferências e atitudes à medida que o tempo passa), e o número de consumidores potenciais se altera.
bens, de modo que um aumento de 1% nos preços reduzirá as
quantidades procuradas em menos de 1%, ceteris paribus;
 Demanda isoelástica (ε= | 1 |): as quantidades demandadas são
rigorosamente proporcionais a alterações nos preços dos próprios
bens, de modo que um aumento de 1% nos preços dos próprios
bens reduzirá as quantidades procuradas em 1%, ceteris paribus;
 Demanda perfeitamente elástica (ε= ∞): a quantidade demandada
é definida por um único preço dos próprios bens, de modo que
qualquer aumento no preço reduzirá a zero a quantidade
demandada, ceteris paribus;
 Demanda anelástica ou completamente inelástica (ε= 0): a
quantidade demandada é fixa e não reagem a alterações de
preços, ceteris paribus.

Rossetti (2002), bem como Vasconcellos e Oliveira (2000) enumeram


quatro determinantes principais da elasticidade-preço da demanda, como se
segue:
 Essencialidade: refere-se ao grau de necessidade do produto. O
consumidor não tem muitas condições de diminuir a quantidade
consumida de um bem essencial mesmo que o seu preço se eleve
substancialmente. Quanto mais essencial for o bem, menor será a
elasticidade. Os bens de maior essencialidade tendem a ter
demanda inelástica;
 Substitutibilidade: quanto menos substitutos o produto tiver, menor
será a elasticidade. Não havendo substitutos, a demanda pelo bem
tende a ser inelástica.
 Periodicidade de aquisição/tempo: grandes intervalos de tempo de
aquisição de produtos permitem que os consumidores descubram
maneiras de economizar quando os preços destes se elevam;
 Importância (peso) do bem no orçamento: quando a participação
do gasto com o produto é de pouca importância no orçamento do
consumidor, a demanda tende a ser inelástica; quando a
importância é a alta, a demanda tende a ser elástica.

Pindyck e Rubinfeld (2005) resumem as relações entre elasticidade-preço


da demanda e o gasto do consumidor. Quando a demanda é inelástica, o gasto
do consumidor aumenta (diminui) com o aumento (redução) do preço. Quando a
demanda é elástica, o gasto do consumidor aumenta (diminui) com a redução
(aumento) do preço. Quando a demanda é isoelástica, o gasto do consumidor
não é afetado por modificações no preço. Nota-se que, quando a demanda é
inelástica, o gasto do consumidor se move na mesma direção que o preço, ao
passo que, na demanda elástica, a direção é inversa.
A relação descrita acima pode ser estendida para receita de vendas da
firma, uma vez que esta é igual ao gasto total do consumidor. Então, de acordo
com Vasconcellos e Oliveira (2000) e Pindyck e Rubinfeld (2005), para
demandas inelástica, elástica e isoelástica, um aumento no preço do bem fará,
ceteris paribus, nesta ordem, com que as receitas de vendas aumentem,
diminuam e fiquem constantes.
A elasticidade-renda da demanda mede a variação percentual na
quantidade demanda do bem 1 decorrente de uma variação percentual na renda
disponível do consumidor (m), ceteris paribus.

(∆𝑥 |𝑥 ) 𝜕𝑥 𝑚
𝜀𝑚 = (∆𝑚1 |𝑚1) ou, tomando-se o limite quando ∆𝑚 tende a zero, 𝜀𝑚 = ( 𝜕𝑚1 ) (𝑥 )
1

Para a elasticidade-renda da demanda podem ocorrer as seguintes


situações, de acordo com Vasconcellos e Oliveira (2000):
 𝜀𝑚 > 1: um aumento de 1% na renda disponível do consumidor
aumentará as quantidades procuradas em mais de 1%, ceteris
paribus. Nesse caso, o bem é dito superior;
 0 < 𝜀𝑚 < 1: um aumento de 1% na renda disponível, aumentará as
quantidades procuradas em menos de 1%, ceteris paribus. Nesse
caso, o bem é dito normal;
 𝜀𝑚 < 0: nesse caso, um aumento de 1% na renda disponível do
consumidor, diminuirá as quantidades procuradas na proporção
indicada pela elasticidade-renda. Por exemplo, se 𝜀𝑚 = −0,5,
então a redução na quantidade demanda seria de 0,5%. Assim, o
bem é dito inferior.

A elasticidade-preço cruzada da demanda mede a variação percentual na


quantidade demanda do bem 1 decorrente de uma variação percentual nos
preços do bem 2, ceteris paribus:

(∆𝑥 |𝑥 ) 𝜕𝑥 𝑝
𝜀1,2 = (∆𝑝1 |𝑝1 ) ou, tomando-se o limite quando ∆𝑝2 tende a zero, 𝜀1,2 = (𝜕𝑝1 ) (𝑥2 )
2 2 2 1

Para a elasticidade-preço cruzada da demanda podem ocorrer as


seguintes situações, de acordo com Vasconcellos e Oliveira (2000):

 𝜀1,2 > 1: um aumento de 1% no preço do bem 2 aumentará as


quantidades procuradas pelo bem 1 em mais de 1%, ceteris
paribus. Nesse caso, os dois bens são substitutos;
 𝜀1,2 < 0: um aumento no preço do bem 2 diminuirá as quantidades
procuradas pelo bem 1, ceteris paribus. Nesse caso, os dois bens
são complementares;
 𝜀1,2 = 0: um aumento no preço do bem 2, não provocará impactos
sobre as quantidades procuradas pelo bem 1, ceteris paribus.
Nesse caso, os dois bens são independentes.
Entender como a demanda dos consumidores responde a variações de
preço do próprio bem e à renda disponível é de fundamental importância no
processo de determinação dos preços e na tomada de decisões, inclusive nas
decisões de políticas públicas. A partir do conhecimento da elasticidades-preço,
pode-se ter uma ideia da direção dos gastos dos consumidores e das receitas
das firmas. Em termos de regulação, se o regulador tem conhecimento sobre a
elasticidade-preço da demanda, ao autorizar um aumento de tarifa ele saberá se
os gastos dos consumidores e a receita do prestador aumentarão ou diminuirão.
Saberá, portanto em que proporção a medida adotada afetará o nível de
satisfação do consumidor. Alterações de tarifas podem caminhar no sentido do
equilíbrio econômico-financeiro ou se distanciar deste.

 Literatura Empírica

Há diversos trabalhos a nível nacional e internacional que estimam a


elasticidade-preço da demanda residencial por água.
No Brasil cabe mencionar o trabalho de Andrade et alli (1995), que para
uma amostra10 de 27 municípios (abrangia 5417 residências) da área de atuação
da Empresa de Saneamento do Paraná (Sanepar), utilizando método de
estimação de McFadden. Os autores apontaram para uma demanda residencial
por água inelástica. Esses resultados são os esperados dado que a água potável
é essencial à vida, os consumidores acabam sendo insensíveis a alterações na
tarifa, o que é coerente com a teoria.
Mattos (1998) estimou uma elasticidade-preço da demanda inelástica de
-0,21 para a cidade de Piracicaba-SP, utilizando o método de variável
instrumental. Nessa Cidade, a demanda é inelástica, de modo que um aumento
da tarifa em 1% reduz o consumo em 0,21%, ceteris paribus.
Rosa et alli (2006) estimaram para o Ceará uma elasticidade-preço de -
0,318 e para capital (Fortaleza) -0,355 por meio do Método de Mínimos
Quadrados Ordinários (MQO). O Ceará e a sua capital apresentaram demandas
inelásticas, de modo que um aumento da tarifa em 1% reduz, respectivamente,
o consumo em 0,318% e 0,335%, tudo o mais mantido constante.
Em contraste, Melo e Jorge Neto (2010) trabalharam com a elasticidade-
preço da demanda unitária (-1,007753) que foi estimada por Melo e Jorge Neto
(2007) por meio do modelo de Burtless e Hausman. Um aumento da tarifa em
1% reduz o consumo em 1%, ceteris paribus, indicando que as variações na
tarifa não alteram os gastos dos consumidores e nem as receitas dos
prestadores dos serviços. É um resultado diferente do esperado dada a
essenciabilidade da água potável e a falta de substitutos próximos desse bem.

10
Amostragem realizada em 1986 pela Sanepar.
No ano de 2008, Cardoso et alli (2016) estimaram para Cuiabá-MT uma
elasticidade-preço unitária e, para, Recife-PE uma demanda elástica (-1,17),
utilizando o modelo Estrutural de Escolha Discreta Contínua, com a função de
verossimilhança.
Nieswiadomy (1992) analisou a demanda urbana residencial por água nos
Estados Unidos, utilizando um conjunto de dados nacionais sobre as cidades
americanas. O autor constatou que os consumidores reagem mais aos preços
médios do que aos preços marginais em todas as regiões desse país.
Considerando o preço médio da água, o referido autor verificou que a
elasticidade-preço da demanda é significativa em todas as regiões, sendo maior
na região Oeste (-0,45). Já a elasticidade-renda não foi significativa em nenhuma
região. No seu artigo, ele apresenta resultados de estudos anteriores realizados
nos Estados Unidos, cabendo ressaltar o trabalho de Foster e Beattie (1979) que
estimaram a elasticidade-preço da demanda se situando no intervalo de -0,27 a
-0,76.
Olmsteada, Hanemannb e Stavinsc (2007) analisaram também a
demanda urbana residencial por água dos Estados Unidos, porém, usando
dados à escala domiciliar para estimar elasticidades em estruturas tarifárias em
blocos crescentes e preços uniformes. Para toda a amostra, a elasticidade-preço
da demanda foi de -0,33 aproximadamente, utilizando o modelo de escolha
discreta contínua e uma função de demanda log-log; já a elasticidade-renda foi
da ordem de 0,13. Já para famílias que enfrentam apenas uma estrutura tarifária
de blocos crescentes, a elasticidade-preço foi de -0,59 e a elasticidade-renda de
0,18 aproximadamente. Os autores afirmaram que as análises realizadas
anteriormente ao estudo dos mesmos demonstravam que a demanda por água
é inelástica e que na análise de 124 estimativas realizadas entre 1963 e 1993, a
elasticidade-preço média é de –0,51, com 90% das estimativas situadas no
intervalo entre 0 e -0,75.

 Metodologia e Dados

Para a consecução dos objetivos foram feitos levantamentos


bibliográficos acerca da temática. Além disso, foram coletados dados no SNIS,
Embasa e SEI relacionados a fatores que afetam a demanda residencial por
água no Estado da Bahia. A seguir será apresentada a modelagem econométrica
da demanda residencial por água, bem como uma descrição do banco de dados
e as estratégias empíricas de estimação.
Modelagem Econométrica
Uma função de demanda por água residencial11 pode ser definida de
forma geral como:

𝐶𝑎 = 𝑓(𝑇𝑎, 𝑅) (2)

Nessa equação, 𝐶𝑎 representa o consumo per capita de água residencial,


𝑇𝑎 a tarifa de água por m³ e R a renda disponível dos consumidores.
Essa equação pode ser especificada ainda com um conjunto de variáveis
de controle. A função de demanda por água residencial na Bahia será
especificada da seguinte forma:

𝑐𝑟𝑎𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡 = 𝑓(𝑡𝑎𝑖𝑡 , 𝑃𝐼𝐵𝑝𝑖𝑡 , 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑡 , 𝑖𝑠𝑖𝑡 , 𝑡𝑢𝑟𝑏𝑖𝑡 , 𝐷𝑠𝑒𝑚𝑖𝑢𝑟𝑏𝑎𝑛𝑜𝑢𝑟𝑏𝑎𝑛𝑜𝑖𝑡 ) (3)

Nessa equação, o subscrito i é o município i e o subscrito t é o período de


tempo (ano). Quanto às variáveis:
 𝑐𝑟𝑎𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡 = consumo médio residencial de água efetivo por
economia no Município i, no período t, expresso em m³/mês/econ;
 𝑡𝑎𝑖𝑡 = Tarifa média de água praticada pela Embasa no período t,
expressa em R$/m³. A ta corresponde a receita operacional direta
de água dividida pelo volume de água faturado12 menos os volumes
de água bruta e tratada exportada;
 𝑃𝐼𝐵𝑝𝑖𝑡 = Produto Interno Bruto per capita utilizado como Proxy da
Renda, no Município i, no período t, expressa em R$;
 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑡 = residentes por economias ativas de água no Município i, no
período t, expresso em unidade13;
 𝑖𝑠𝑖𝑡 = duração de interrupções sistemáticas no sistema de
distribuição de água que provoca intermitências prolongadas14 no
Município i, no período t, expresso em horas/anos;
 𝑡𝑢𝑟𝑏𝑖𝑡 = quantidades de amostras para turbidez da água fora do
padrão no Município i, no período t, expresso em amostras/anos15;

11
“A demanda de água para uso humano surge tanto das atividades estritamente domésticas, quanto de
quaisquer outras atividades praticamente inseparáveis destas e que também exijam requisitos de qualidade
e quantidade, além de garantia de abastecimento” (FERNADEZ; GARRIDO, 2002, p.25).
12
“Volume anual de água debitado ao total de economias (medidas e não medidas), para fins de
faturamento”. (SNIS, 2015, p.11).
13
Corresponde à população atendida com abastecimento de água dividida pelo total de economias ativas.
14
“Supressão no fornecimento de água da rede de distribuição do município por problemas de produção,
de pressão na rede, de subdimensionamento das canalizações, de manobra do sistema, dentre outros, que
provoca racionamento ou rodízio, decorrente de interrupção sistemática, normalmente prolongada. Para
efeito do SNIS considera-se intermitência prolongada somente às interrupções que tenham acarretado 6
horas ou mais de interrupção no fornecimento de água”. (SNIS, 2015, p.66).
15
“Quantidade total anual de amostras coletadas na(s) saída(s) da(s) unidade(s) de tratamento e no sistema
de distribuição de água (reservatórios e redes), para aferição do teor de turbidez da água, cujo resultado
da análise ficou fora do padrão determinado pela Portaria 2.914/2011 do Ministério da Saúde. No caso de
 Dsemiurbanourbano: dummy, valendo 1 se o município for
classificado como semiurbano ou urbano, 0 se rural16;

Tendo o objetivo de estimar as devidas elasticidades, o modelo


econométrico da função (3) foi transformado na forma Log-Log, de modo que o
modelo é linear nos valores 𝛼1 , 𝛼2 , 𝛼3 , 𝛼4 , 𝛼5 , 𝛼6, e linear nos logaritmos dos
parâmetros 𝛿0 e das variáveis
𝑐𝑟𝑎𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡 , 𝑡𝑎𝑖𝑡 , 𝑃𝐼𝐵𝑝𝑖𝑡 , 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑡 , 𝑖𝑠𝑖𝑡 , 𝑡𝑢𝑟𝑏𝑖𝑡 , 𝐷𝑠𝑒𝑚𝑖𝑢𝑟𝑏𝑎𝑛𝑜𝑢𝑟𝑏𝑎𝑛𝑜𝑖𝑡 .

Especificação econométrica da demanda:

lncraefeit = lnδ0 + α1 lntait + α2 lnPIBpit + α3 lnvadeit + α4 lnresit + α5 lnisit +


α6 lnturbit +α7 Dsemiurbanourbanoit + μ1t (4)

Na equação (4), ln é o logaritmo natural das respectivas variáveis


explicativas e μ1t é o termo de erro.

Espera-se que os parâmetros assumam os seguintes sinais:

 𝛼1 < 0 – Julga-se que haja uma relação inversa entre a tarifa média
de água e o consumo médio residencial de água efetivo por
economia por mês;

 𝛼2 > 0 – Espera-se que, com o aumento da renda, o consumo


médio residencial de água efetivo por economia por mês aumente;

 𝛼3 > 0 – Espera-se, que com o aumento do volume de água


disponibilizado por economia por mês, o consumo médio
residencial de água efetivo por economia por mês aumente;

 𝛼4 > 0 – Pressupõe-se que, com o aumento de residentes por


economia, o consumo médio residencial de água efetivo por
economia por mês aumente;

 𝛼5 < 0 – Pressupõe-se que, com o aumento da duração de


interrupções sistemáticas no fornecimento de água, o consumo
médio residencial de água efetivo por economia por mês diminua;

município atendido por mais de um sistema, as informações dos diversos sistemas devem ser somadas”.
(SNIS, 2015, p. 41).
16
A classificação em município urbano, semiurbano e rural decorre da relação “volume de água
faturado/extensão de rede de água”. Se a relação for menor do que 10, o município é considerado rural; se
10 ≤ relação ≤ 30, semiurbano; se a relação > 30, urbano. Segundo o SNIS (2015, p. 10), extensão de rede
de água corresponde ao “comprimento total da malha de distribuição de água, incluindo adutoras,
subadutoras e redes distribuidoras e excluindo ramais prediais, operada pelo prestador de serviços, no
último dia do ano de referência”.
 𝛼6 < 0 – Pressupõe-se que com o aumento das quantidades de
amostras para turbidez da água fora do padrão, o consumo médio
residencial de água efetivo por economia por mês diminua;

 𝛼7 > 0 – Pressupõe-se que o fato de o município ser semiurbano


ou urbano, fará com que o consumo médio residencial de água
efetivo por economia por mês seja maior em relação ao município
rural.

Banco de Dados
Os dados sobre os serviços de abastecimento de água e de esgotamento
no estado da Bahia foram obtidos secundariamente, extraídos em sua maioria
dos Diagnósticos dos Serviços de Água e Esgoto que estão disponíveis no sítio
do Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento (SNIS).
Os SNIS é o mais importante banco de dados sobre saneamento do
Brasil. Os dados sobre PIB per capita dos municípios baianos foram coletados
no sítio da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).
Já os dados sobre consumo residencial de água efetivo médio mensal por
economia nos municípios foram fornecidos pela Embasa após carta de
solicitação de dados emitida à Diretoria Financeira e Comercial dessa
companhia de saneamento.
Os dados do SNIS são oficiais, pois são publicados e disponibilizados de
forma gratuita desde 1995 pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental
(SNSA) que está vinculada ao Ministério das Cidades. As informações são as
mais variadas, incluindo informações e indicadores operacionais de produção e
distribuição de água e tratamento de esgoto, bem como comerciais, financeiras,
administrativas e contábeis que permitiram a construção dos modelos do
presente artigo, haja vista que as informações e indicadores são padronizados
para o Brasil e as séries históricas podem ser baixadas diretamente no sítio do
SNIS.
Quanto à confiabilidade e qualidade dos dados, cabe assinalar que o
SNIS foi estabelecido pela Lei 11.445/2007 e que os dados têm como fonte as
companhias estaduais, autarquias ou empresas municipais, departamentos
municipais e empresas privadas do setor de saneamento, que diretamente
prestam anualmente as informações ao sistema de forma “voluntária” por meio
de formulário disponibilizado no sítio www.cidades.gov.br/snisweb. Isso ocorre
porque existe um custo por não prestar as informações que consiste na não
liberação de recursos financeiros no âmbito de programas do Ministério das
Cidades, como, por exemplo, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
que exige a prestação de informações regularmente ao sistema (SNIS, 2017).
Em conjunto com a análise de consistência dos dados realizadas pela equipe
técnica do SNIS, isso confere uma maior confiabilidade e qualidade aos dados.
A análise de consistência das informações do SNIS é feita em duas
etapas. A primeira ocorre durante o processo de preenchimento dos formulários
presentes no sitio do SNISweb. Essa análise tem como parâmetro as
informações fornecidas no próprio ano de referência assim como em anos
anteriores, adotando-se alguns parâmetros de análise do setor. Uma vez
enviadas as informações, a equipe técnica do SNIS realiza uma segunda análise
de consistência. [...] Antes de publicar o Diagnóstico, o SNIS envia uma versão
preliminar aos responsáveis pelas informações para que eles analisem todos os
dados, aí incluídos os indicadores calculados pelo Sistema.
Quanto à abrangência dos dados, segundo o SNIS (2017), a partir do ano
de referência 2009, a amostra passou a ter o caráter censitário, pois todos os
municípios foram convidados a prestar as informações, o que implicou
mudanças metodológicas motivadas, principalmente, pelo fato de não se ter em
parte dos municípios informações até aquele momento acerca do prestador dos
serviços. Já em 2015, as informações do SNIS referentes ao abastecimento de
água abrangeram 91,3% (5088 municípios) do total, correspondendo a 97,8%
(169,0 milhões de pessoas) em relação à população urbana; já em esgotamento,
alcançaram-se 68,2% (3798 municípios) dos municípios, equivalendo a 91,8%
(158,6 milhões de habitantes) da população urbana.
Do exposto, o Banco de Dados levantado é adequado para a estimação
dos parâmetros da demanda residencial por água e, de forma geral, para o
desenvolvimento do presente trabalho.

Descrição das variáveis


O Quadro 01 mostra a lista de variáveis utilizadas nos modelos
econométricos para a estimação da demanda residencial por água, com as suas
respectivas descrições, unidades de medidas, bem como as fontes dos dados.

Quadro 01 – Descrição das variáveis utilizadas para estimar os parâmetros da função


demanda residencial por água nos municípios da Bahia.
Variável Descrição Unidade Fonte
Consumo médio
residencial de água
𝑐𝑟𝑎𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡 m³/mês/ econ Embasa
efetivo por economia no
Município i, no período t.
Tarifa média de água no
𝑡𝑎𝑖𝑡 R$/m³ SNIS
Município i, no período t.
Produto Interno Bruto per
capita utilizado como
𝑃𝐼𝐵𝑝𝑖𝑡 R$ SEI
proxy da Renda, no
Município i, no período t.
Volume de água
𝑣𝑎𝑑𝑒𝑖𝑡 disponibilizado por m³/mês/eco SNIS
economias ativas de
água, no Município i, no
período t.
Residentes por
economias ativas de água
𝑟𝑒𝑠𝑖𝑡 Um SNIS
no Município i, no período
t, expresso em unidade.
Duração de interrupções
sistemáticas no sistema
de distribuição de água
𝑖𝑠𝑖𝑡 que provoca horas/anos SNIS
intermitências
prolongadas no Município
i, no período t.
Quantidades de amostras
para turbidez da água
fora do padrão utilizado
𝑡𝑢𝑟𝑏𝑖𝑡 amostras/anos SNIS
como Proxi da qualidade
da água no Município i,
no período t.
Dummy, valendo 1 se o
município for classificado
𝐷𝑠𝑒𝑚𝑖𝑢𝑟𝑏𝑎𝑛𝑜𝑢𝑟𝑏𝑎𝑛𝑜𝑖𝑡 SNIS
como semiurbano ou
urbano, 0 se rural.
Fonte: elaboração própria.

Os parâmetros das variáveis acima serão estimados utilizando dados em


painel de três anos (2012, 2013 e 2014), com uma amostra de 363 municípios
que se situam no estado da Bahia, na área de atuação da Embasa.
Quanto à variável de interesse, a tarifa média de água (ta) é a razão entre
a receita operacional direta de água e o volume de água faturado menos os
volumes exportados de água bruta e tratada. Em resumo, o volume de água
faturado corresponde à quantidade de água debitada ao total de economias
medidas e não medidas, que será objeto de faturamento, em 1000 m³/ano. O
volume de água bruta exportado corresponde à quantidade de água não tratada
nas estações de tratamento que é transferida para outros agentes distribuidores,
em 1000 m³/ano. O volume de água tratado exportado corresponde à quantidade
anual de água tratada nas estações de tratamento de água que é transferida
para outros agentes distribuidores, em 1000 m³/ano.
Como a estrutura tarifária da Embasa é em blocos crescentes (ver anexo
I), essa tarifa é endógena, ela afeta o consumo, mas também ela é afetada pelo
consumo, de modo que estimativas econométricas pelo método de mínimos
quadrados ordinários podem, por exemplo, gerar estimativas tendenciosas e
inconsistentes. Nessa estrutura tarifária existe uma faixa de consumo mínimo e
uma tarifa mínima, onde o consumidor irá pagar pelo consumo máximo dessa
faixa independentemente de ter consumido ou não, de modo que o consumidor
tem de tomar uma decisão inicial de participar ou não desse mercado. Em
seguida, os consumidores podem tomar decisões marginais de consumir nas
faixas superiores, e à medida que adentram nos blocos superiores a tarifa
marginal de água se eleva, o que demonstra a simultaneidade entre a variável
dependente e a variável de interesse e a necessidade de utilização de um
método de correção para resolver o problema da endogeneidade entre essas
variáveis.
Uma questão que aparece nos estudos sobre demanda por água refere-
se à reflexão sobre se os consumidores respondem à tarifa média de água ou à
tarifa marginal. Nieswiadomy (1992) testou, ao analisar a demanda por água nos
Estados Unidos, se os consumidores de água residencial respondem aos preços
médios ou aos preços marginais e constatou que os consumidores reagem mais
ao primeiro do que ao segundo em todas as regiões desse país.
Posto isso, o presente trabalho optou por utilizar como variável de
interesse a tarifa média de água e não a marginal, por entender que a
racionalidade do consumidor é limitada, que existem dificuldades em determinar
a taxa marginal a partir da leitura do volume consumido registrados nos
hidrômetros, não é fácil para o consumidor saber quando mudou de um bloco
para outro, e que implicam um custo para o consumidor fazer essa mensuração
todo mês. Desse modo, a tarifa média de água (ta) obtida pela razão entre a
receita operacional direta de água e o volume de água faturado menos os
volumes exportados de água bruta e tratada é a melhor estimativa para
representar a tarifa média dos serviços de abastecimento de água para cada
município.

 Estratégia Empírica de Estimação

Dados em Painel consistem em observações de dados em cross-section


sobre o mesmo conjunto de variáveis que permitem analisar ao longo do tempo
unidades como indivíduos, empresas ou municípios em aplicações
microeconômicas. No presente trabalho, dispomos de informações como o
consumo residencial de água, a tarifa média de água e o PIB per capita para três
anos (2012, 2013 e 2014) em painel para cada um dos 363 municípios da
amostra que permitem acompanhá-los ao longo desse período de tempo. As
estimativas serão feitas com o controle dos efeitos fixos e variáveis em dados
em painel, conforme anexo 2. Aliado a isso, será empregado o modelo de
variáveis instrumentais.
Para resolver o problema de endogeneidade será utilizado como
instrumento a variável energiaae. Essa variável corresponde ao valor das
despesas anuais com energia elétrica por m³ de água mais esgotamento
faturado que a Embasa tem em cada município por prestar os serviços de
abastecimento de água e de esgotamento sanitário. Optou-se por essa variável
em razão de a estrutura de capital da Embasa ser bastante rígida, de modo que
variações exógenas nas tarifas de energia e/ou nas bandeiras tarifárias
impactam a despesa com energia a qual está correlacionada com a tarifa média
de água. Em suma, as despesas com energia variam em função de fatores
exógenos à Embasa.

 Resultados e Discussão

Estatística Descritiva sobre a Demanda por Água


Conforme já mencionado, foram utilizados dados em painel de três anos
(2012, 2013 e 2014), com uma amostra de 363 municípios que se situam no
estado da Bahia, na área de atuação da Embasa. A Tabela 05 apresenta as
estatísticas descritivas sobre o consumo médio residencial de água efetivo
mensal por economia (craefe), tarifa média de água (ta), renda per capita,
volume de água disponibilizado mensal por economia (vade), residentes por
economia (res), interrupções sistemáticas no fornecimento de água (is) e
turbidez da água (turb).

Tabela 05 – Estatísticas descritivas dos dados em painel.

Std.
Variable Mean Min Max Observations
Dev.

craefe 7.57 1.10 2.33 11.55 1087

ta 3.31 1.54 0 21.09 1087

renda 11171.82 13499.4 3629.53 226804.2 1087

vade 12.37 3.65 1.14 31.76 1087

res 3.16 0.86 0 4.43 1087

is 30.16 133.63 0 924 1087

turb 18.07 56.10 0 705.00 1087

urbano 0.0092 0.0955 0 1 1087

semiurbano 0.6311 0.4827 0 1 1087

rural 0.3597 0.4801 0 1 1087


Fonte: elaboração própria.
Dos 363 municípios, 63,1% são considerados semiurbanos, 36,0% rurais
e apenas 0,9% urbanos17. O consumo médio efetivo de água por economia nos
municípios baianos é da ordem de 7,57 m³/mês com o desvio padrão total da
amostra de 1,10, apresentando o valor mínimo de 2,33 m³/mês e máximo de
11,55 m³/mês. Por outro lado, o volume médio disponibilizado por economia é
de 12,37 m³/mês, com o mínimo de 1,14 m³/mês e máximo de 31,76 m³/mês.
O número médio de residentes por economia nos municípios da Bahia é
de 3,16. A tarifa média de água praticada pela Embasa no período é de R$
3,31/m³. Já o PIB médio nos municípios baianos é da ordem de R$ 11.171,82.
Por último, cabe observar que a duração média de interrupções sistemáticas no
sistema de distribuição de água que provoca intermitências nos municípios é de
30,16 horas/ano. Quanto à turbidez da água (um dos indicadores da qualidade
da água), considerando toda amostra, a quantidade média total das amostras
para aferição da turbidez fora do padrão é de 18,07/ano.
O consumo médio de água por economia nos municípios da Bahia é
consideravelmente menor que o consumo mínimo da estrutura tarifária anterior
à que está vigente, o que pode também justificar a mudança de estrutura da
Embasa ocorrida em 2017, quando o consumo mínimo passou de 10
m³/economia para 6 m³/economia (primeira faixa) e se criou uma nova faixa de
consumo excedente (segunda faixa) que vai de 7 m³ a 10 m³/economia.
Considerando a nova estrutura tarifária, esse consumo médio de água estaria na
segunda faixa, o que melhoraria a receita desse prestador de serviços.

Resultados da Estimação da Demanda


Foram utilizados para a estimação dos parâmetros da demanda por água
residencial as modelos empilhadas (Pooled), efeitos fixos (EF), efeitos aleatórios
(EA) e estimação de variáveis instrumentais (VI). A variável de interesse é lnta
haja vista que um dos objetivos é estimar a elasticidade-preço da demanda,
capturando o efeito ceteris paribus. Foi necessário incluir outras variáveis de
controles correlacionadas com lnta para que o estimador dessa variável não
ficasse enviesado, quais sejam lnrenda, lnvade, lnres, lnis e lnturb. Além disso,
adicionaram-se variáveis dummys que classificam os municípios em
urbano/semiurbano e rural. O teste de Hausman apontou como adequado o
estimador de EF, mas dada a endogeneidade da variável de interesse, o
estimador de variáveis instrumentais se mostra o mais adequado. Desse modo,
as estimativas por MQO (Pooled), EA e EF foram preservadas na Tabela 01 por
questões de formalidade. A interpretação dos resultados basear-se-á nas
estimações por VI.
A Tabela 01 demonstra que no modelo empilhado, o estimador da variável
de interesse (lnta) apresenta o sinal positivo, contrariando a lei da demanda. Nos

17
A classificação em município urbano, semiurbano e rural decorre da relação “volume de água
faturado/extensão de rede”. Se a relação for menor do que 10, o município é considerado rural; se 10 ≤
relação ≤ 30, semiurbano; se a relação > 30, urbano.
modelos de EA e EF, o estimador do lnta apresenta o sinal negativo como é
esperado pela lei geral da demanda, no entanto não foi possível rejeitar H0 de
que lnta não afeta individualmente o logaritmo natural do consumo médio
residencial de água efetivo por economia no município (lncraefe). Já no modelo
de variáveis instrumentais (VI), todos os estimadores das variáveis explicativas
apresentaram os sinais esperados, 4 variáveis apresentaram estatísticas t
significativas ao nível de significância de 5% (lnta, lnrenda, lnvade e lnres):
Rejeitou-se a hipótese nula (H0) de que o lnta, lnrenda, lnvade e lnres não afetem
individualmente o lncraefe. Como colocado no parágrafo anterior, o modelo de
VI é o mais adequado para a análise da demanda.

Tabela 01 – Estimação da função demanda de água residencial para o estado da Bahia –


Variável dependente lncraefe.
(POOLED) (EA) (EF) (VI)
lncraefe
lncraefe lncraefe lncraefe
(IV)
lnta 0.0425* -0.00256 -0.0102 -0.665*
(2.42) (-0.22) (-0.87) (-2.38)

lnrenda 0.0528*** 0.0453*** -0.0465 0.113***


(5.59) (3.47) (-1.52) (3.96)

lnvade 0.104*** 0.0961*** 0.0832*** 0.249***


(5.50) (5.89) (4.50) (3.50)

lnres 0.0394** 0.0466*** 0.0528** 0.0502*


(3.14) (3.30) (2.81) (2.51)

lnis -0.00809** -0.00262 -0.00129 -0.00308


(-2.74) (-1.39) (-0.67) (-0.61)

lnturb -0.000504 -0.00169 0.00602


(-0.19) (-0.59) (1.04)

_cons 1.163*** 1.302*** 2.175*** 1.236***


(14.18) (10.89) (7.64) (9.39)
N 1087 1087 1087 1082
t statistics in parentheses
*p < 0.05, ** p < 0.01, *** p < 0.001

Fonte: elaboração própria.

Com base no modelo VI, segue-se com a análise. Em relação à magnitude


da sensibilidade do lncraefe às variações no lnta, ela é dada pela diferenciação
do lncraefe em relação ao lnta, ou seja, é dada pela elasticidade-preço da
demanda, quer seja:
𝜕𝑙𝑛𝑐𝑟𝑎𝑒𝑓𝑒
𝜀= ( ) = 𝛼1 = −0,67
𝜕𝑙𝑛𝑡𝑎
Espera-se que um aumento de 1% no lnta reduza o consumo médio
residencial de água efetivo mensal por economia em 0,67%, ceteris paribus. Isso
indica que a demanda residencial de água mensal por economia é ineslástica
em relação à tarifa média de água. Os consumidores municipais são, em média,
relativamente insensíveis a alterações na tarifa média da água, o que é
compatível com a teoria econômica quando se leva em consideração a
essencialidade da água potável e falta de substitutos próximos para a mesma.
Nesse contexto, os municípios não têm muitas condições de diminuir a
quantidade média consumida de água residencial por economia, mesmo que a
tarifa cobrada aumente substancialmente. Assim, o aumento da tarifa média de
água aumenta o gasto do consumidor e a receita da Embasa.
Esse resultado é compatível com alguns trabalhos importantes na
literatura empírica nacional, como exemplo, Andráde et alli (1995) estimou uma
demanda inelástica para municípios da área de atuação da Sanepar. Mas há
trabalhos na literatura brasileira que apontam para demandas isoelásticas, como
exemplo o trabalho de Melo e Jorge Neto (2010).
Esse resultado é compatível com a literatura empírica internacional.
Trabalhos realizados nos Estados Unidos apontam para uma demanda
inelástica, como exemplos o trabalho de Foster e Beattie (1979) citado por
Nieswiadomy (1992) que estimaram a elasticidade-preço da demanda se
situando no intervalo de -0,27 a -0,76. No trabalho deste autor, a elasticidade foi
de -0,45 para a região Oeste, o trabalho de Olmsteada, Hanemannb e Stavinsc
(2007), para famílias que enfrentam apenas uma estrutura tarifária de blocos
crescentes, a elasticidade-preço foi de -0,59. Esses autores afirmaram que as
análises realizadas anteriormente apontam que 90% das estimativas estão
situadas no intervalo entre 0 e -0,75.
Quantos aos efeitos da renda sobre a demanda, os resultados permitem
a rejeição da hipótese nula de que a renda não afeta o consumo médio
residencial de água. A elasticidade-renda da demanda é dada por:

𝜕𝑙𝑛𝑐𝑟𝑎𝑒𝑓𝑒
𝜀𝑝𝑖𝑏 = ( ) = 𝛼2 = 0,11
𝜕𝑙𝑛𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎

Espera-se que um aumento de 1% no lnrenda eleve o consumo médio


residencial de água efetivo mensal por economia em 0,11% apenas, ceteris
paribus. O consumo médio residencial de água por economia é muito insensível
a alterações no nível de atividade econômica. Esse resultado está compatível
com a literatura empírica. Olmsteada, Hanemannb e Stavinsc (2007) estimaram
uma elasticidade-renda de 0,13 para os Estados Unidos. No âmbito nacional,
Cardoso et alli (2016) estimaram uma elasticidade-renda para Recife-PE de 0,08
e para Cuiabá-MT de 0,17.
Quais são os impactos individuais das demais variáveis sobre o consumo
médio residencial de água efetivo? Para verificar isso basta fazer a diferenciação
do lncraefe em relação a cada uma das variáveis. Veja-se:

 Em relação ao lnvade a derivada parcial é 0,25 – espera-se que


um aumento de 1% no lnvade aumente o consumo médio
residencial de água efetivo mensal por economia em 0,25%, ceteris
paribus;
 Em relação ao lnres a derivada parcial é 0,05 – espera-se que um
aumento de 1% no lnres aumente o consumo médio residencial de
água efetivo mensal por economia em 0,05%, ceteris paribus;
 Não foi possível rejeitar a H0 de que as variáveis lnis e lnturb não
afetem o lncraefe.

A Tabela 02 demonstra outros resultados econométricos decorrentes da


introdução das dummys Dsemiurbanourbano, Dsemiuuta e Dsemiuurenda. Na
coluna VI2, não é possível rejeitar a hipótese nula (H0) de que não há diferenças
estatisticamente significativas no consumo médio residencial de água efetivo
mensal por economia em razão de o município ser ou não
urbanizado/semiurbanizado. Na coluna VI3, os municípios semiurbanizados e
urbanizados apresentam elasticidade-preço da demanda de – 0,607 (-
0,663+0,0564). Assim, o consumo médio residencial de água efetivo por
economia por mês em municípios semiurbanizados e urbanizados é mais
insensível a variações na tarifa média do que em municípios rurais. Pode-se
levantar uma hipótese a ser testada em outras pesquisas que é a de que a razão
dos municípios semiurbanizados e urbanizados sejam mais insensíveis às
variações nas tarifas do que os rurais, o que se deve ao peso do consumo
residencial ser menor nos primeiros do que nos segundos. Na coluna V4, a
elasticidade-renda da demanda em municípios semiurbanizados e urbanizados
não é estatisticamente diferente da dos municípios rurais.

Tabela 02 – Estimação mda função demanda de água residencial para o estado da Bahia –
Variável dependente lncraefe.

(VI1) (VI2) (VI3) (VI4)


lncraefe lncraefe lncraefe lncraefe
lnta -0.665* -0.673* -0.663* -0.672*
(-2.38) (-2.37) (-2.41) (-2.37)

lnrenda 0.113*** 0.118*** 0.0890*** 0.120***


(3.96) (3.95) (4.24) (3.93)

lnvade 0.249*** 0.250*** 0.244*** 0.250***


(3.50) (3.48) (3.57) (3.48)

lnres 0.0502* 0.0519* 0.0427* 0.0519*


(2.51) (2.56) (2.19) (2.56)

lnis -0.00308 -0.00345 -0.00138 -0.00345


(-0.61) (-0.68) (-0.26) (-0.68)

lnturb 0.00602 0.00611 0.00570 0.00610


(1.04) (1.05) (1.01) (1.05)

Dsemiurbanou
-0.0184
rbano
(-1.15)

Dsemiuuta 0.0564*
(2.24)

Dsemiuurenda -0.00201
(-1.12)

_cons 1.236*** 1.208*** 1.422*** 1.194***


(9.39) (9.00) (8.98) (8.71)
N 1082 1082 1082 1082
t statistics in parentheses
*p < 0.05, ** p < 0.01, *** p < 0.001
Fonte: elaboração própria.

Agora, colocam-se os resultados na forma de equação, considerando VI3:

𝑙𝑛𝑐𝑟𝑎𝑒𝑓𝑒 = 1,422 − 0,663𝑙𝑛𝑡𝑎 + 0,089𝑙𝑛𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎 + 0,244𝑙𝑛𝑣𝑎𝑑𝑒 + 0,043𝑙𝑛𝑟𝑒𝑠


+ 0,056𝐷𝑠𝑒𝑚𝑖𝑢𝑢𝑡𝑎

A Tabela 03 demonstra outros resultados econométricos decorrentes da


introdução das dummys Dsemiurbano, Dsemiurbanota e Dsemiurbrenda. Na
coluna VI2, não é possível rejeitar a hipótese nula (H0) de que não há diferenças
estatisticamente significativas no consumo médio residencial de água efetivo
mensal por economia em razão de o município ser ou não semiurbano. Na
coluna VI3, os municípios semiurbanos apresentam elasticidade-preço da
demanda de –0,624 (-0,679+0,0553). Assim, o consumo médio residencial de
água efetivo por economia por mês em municípios semiurbanos é mais
insensível às variações na tarifa média do que em municípios não semiurbanos.
Pode-se levantar uma hipótese a ser testada em outras pesquisas: a de que a
razão de os municípios semiurbanos serem mais insensíveis às variações de
tarifas do que os não semiurbanos se devem ao fato de o peso do consumo
residencial ser menor nos primeiros do que nos últimos. Na coluna V4, a
elasticidade-renda da demanda em municípios semiurbanos não é
estatisticamente diferente da observada nos municípios não semiurbanos.
Tabela 03 – Estimação da função demanda de água residencial para o estado da Bahia –
Variável dependente lncraefe.
(VI1) (VI2) (VI3) (VI4)
lncraefe lncraefe lncraefe lncraefe
lnta -0.665* -0.669* -0.679* -0.669*
(-2.38) (-2.38) (-2.38) (-2.38)

lnrenda 0.113*** 0.118*** 0.0904*** 0.120***


(3.96) (3.97) (4.19) (3.96)

lnvade 0.249*** 0.249*** 0.249*** 0.249***


(3.50) (3.49) (3.50) (3.49)

lnres 0.0502* 0.0520* 0.0433* 0.0520*


(2.51) (2.57) (2.18) (2.57)

lnis -0.00308 -0.00352 -0.00137 -0.00351


(-0.61) (-0.69) (-0.25) (-0.69)

lnturb 0.00602 0.00599 0.00617 0.00598


(1.04) (1.03) (1.06) (1.03)

Dsemiurbano -0.0206
(-1.28)
273
Dsemiurbanota 0.0553*
(2.17)

Dsemiurbrenda -0.00225
(-1.26)

_cons 1.236*** 1.204*** 1.419*** 1.188***


(9.39) (8.99) (8.82) (8.69)
N 1082 1082 1082 1082
t statistics in parentheses
*p < 0.05, ** p < 0.01, *** p < 0.001
Fonte: elaboração própria.

A seguir, colocam-se à continuação, os resultados na forma de equação,


considerando VI3:
𝑙𝑛𝑐𝑟𝑎𝑒𝑓𝑒 = 1,419 − 0,679𝑙𝑛𝑡𝑎 + 0,090𝑙𝑛𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎 + 0,249𝑙𝑛𝑣𝑎𝑑𝑒 + 0,043𝑙𝑛𝑟𝑒𝑠
+ 0,0553𝐷𝑠𝑒𝑚𝑖𝑢𝑟𝑏𝑎𝑛𝑜𝑡𝑎

A Tabela 04 demonstra outros resultados econométricos decorrentes da


introdução das dummys Durbano, Durbanota e Durbrenda. Na coluna VI2, não
é possível rejeitar a hipótese nula (H0) de que não há diferenças estatisticamente
significativas no consumo médio residencial de água efetivo mensal por
economia em razão de o município ser ou não urbano. Na coluna VI3, os
municípios urbanos apresentam elasticidade-preço da demanda de –0,612 (-
0,653+0,0412). Assim, o consumo médio residencial de água efetivo por
economia por mês em municípios urbanos é mais insensível às variações da
tarifa média do que em municípios não urbanos, mas estatisticamente a
diferença em relação aos municípios não urbanos não é significativa. Na coluna
V4, a elasticidade-renda da demanda em municípios urbanos não é
estatisticamente diferente da que se verifica nos municípios não urbanos.

Tabela 04 – Estimação da função demanda de água residencial para o estado da Bahia –


Variável dependente lncraefe.
(1) (2) (3) (4)

lncraefe lncraefe lncraefe lncraefe

lnta -0.665* -0.653* -0.653* -0.653*

(-2.38) (-2.37) (-2.38) (-2.37)

lnrenda 0.113*** 0.112*** 0.112*** 0.112***

(3.96) (3.99) (3.99) (3.99)

274
*** *** *** ***
lnvade 0.249 0.246 0.245 0.246

(3.50) (3.51) (3.51) (3.51)

lnres 0.0502* 0.0499* 0.0499* 0.0499*

(2.51) (2.52) (2.52) (2.52)

lnis -0.00308 -0.00313 -0.00312 -0.00313

(-0.61) (-0.62) (-0.62) (-0.62)

lnturb 0.00602 0.00568 0.00567 0.00567

(1.04) (1.00) (0.99) (0.99)

Durbano 0.0565

(0.76)
Durbanota 0.0412

(0.81)

Durbrenda 0.00622

(0.76)

_cons 1.236*** 1.234*** 1.235*** 1.234***

(9.39) (9.47) (9.48) (9.48)

N 1082 1082 1082 1082


t statistics in parentheses
*p < 0.05, ** p < 0.01, *** p < 0.001
Fonte: elaboração própria.

Colocam-se, à continuação, os resultados na forma de equação,


considerando VI3:

𝑙𝑛𝑐𝑟𝑎𝑒𝑓𝑒 = 1,235 − 0,653𝑙𝑛𝑡𝑎 + 0,112𝑙𝑛𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎 + 0,245𝑙𝑛𝑣𝑎𝑑𝑒 + 0,0499𝑙𝑛𝑟𝑒𝑠


+ 0,0412𝐷𝑢𝑟𝑏𝑎𝑛𝑜𝑡𝑎

A demanda efetiva por água residencial por economia é inelástica. O


consumo médio residencial de água efetivo por economia por mês em municípios
semiurbanizados e urbanizados é mais insensível a variações na tarifa média do
que em municípios rurais.
Em uma menor magnitude, a demanda é afetada pelo volume de água
disponibilizado por economia, renda e número de residentes por economia. A
elasticidade-renda da demanda em municípios semiurbanizados e urbanizados
não é estatisticamente diferente da que se pratica em municípios rurais.

 Considerações Finais

O presente artigo objetiva analisar os determinantes da demanda


residencial por água no estado da Bahia. A metodologia foi baseada na
estimação econométrica da função demanda residencial por água no estado, da
elasticidade-preço da demanda e da elasticidade-renda da demanda.
Da presente análise resultou evidenciado que as variáveis tarifa média de
água, a renda, o número de residentes por economia e o volume de água
disponibilizado afetam o consumo médio residencial de água efetivo por
economia a um nível de significância de 5%. Conclui-se que a demanda média
efetiva por água residencial por economia nos municípios é inelástica,
significando que há uma relativa insensibilidade a alterações na tarifa média de
água que pode ser medida pela elasticidade-preço da demanda que foi da ordem
de aproximadamente -0,67.
Considerando essa elasticidade, espera-se que um aumento de 1% na
lntma reduza o consumo médio residencial de água efetivo mensal por economia
no município em 0,67%, ceteris paribus, o que é compatível com a teoria
econômica quando se leva em consideração a essencialidade da água potável
e falta de substitutos próximos deste recurso. Nesse contexto, os municípios não
têm muitas condições de diminuir a quantidade média consumida de água
residencial por economia mesmo que a tarifa cobrada aumente
substancialmente. Assim, o aumento da tarifa média de água aumenta o gasto
do consumidor e a receita da Embasa.
Outra constatação é a de que os municípios semiurbanizados e
urbanizados apresentam elasticidade-preço da demanda de – 0,61, isto é, o
consumo médio residencial de água efetivo por economia por mês em municípios
semiurbanizados e urbanizados é menos sensível a variações na tarifa média do
que em municípios rurais. Além disso, o consumo residencial de água autônomo
por economia por mês em municípios semiurbanizados e urbanizados não é
estatisticamente diferente da dos municípios rurais.
Deduz-se que a demanda residencial por água é um elemento importante
na definição das tarifas e deve ser levada em consideração pelos órgãos
reguladores, haja vista os impactos que podem ser gerados no consumo de
água, no gasto do consumidor, nas receitas do produtor e, consequentemente,
no equilíbrio econômico-financeiro deste.
Em suma, as estratégias de tarifação podem ser utilizadas como
instrumento de gerenciamento da demanda por água. Podem levar ao consumo
de água mais eficiente, pois os consumidores respondem a variações na tarifa
média de água. A tarifa deve refletir a escassez de água. A AGERSA pode se
valer de aumentos de tarifa para reduzir a demanda durante períodos de
escassez considerável de água, bem como influenciar na receita total do
prestador dos serviços a fim de estabelecer o equilíbrio econômico-financeiro.

Este artigo é parte da Dissertação de Mestrado apresentada em 2018 ao programa de Pós-


graduação em Economia, Faculdade de Economia, Universidade Federal da Bahia, como
requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Economia Aplicada. O tema da
dissertação é “equilíbrio econômico-financeiro na prestação de serviços de abastecimento de
água e de esgotamento sanitário no estado da Bahia”. Autor: Clério Ferreira de Sousa.
Orientador: Professor Dr. Gervásio Ferreira dos Santos.
CAPÍTULO 30: Universalização dos Serviços Públicos de Abastecimento de
Água em Localidades Rurais: um Estudo a partir de Quatro Tipos de
Prestadores no Estado da Bahia

 Introdução

Nos últimos anos ocorreram mudanças significativas na área do


saneamento básico no Brasil. A crise financeira dos anos 80, dentre outros
fatores, implicou na falência do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA),
implementado pelo então Banco Nacional de Habitação (BNH), extinto 1986. Nos
anos 90, o direcionamento adotado pelo Governo Federal para a área do
saneamento básico baseou-se em políticas neoliberais, apontando a
privatização dos serviços públicos como um caminho a ser trilhado. Já no início
do século XXI, anos 2000, a área do saneamento básico passa por uma
reestruturação com ampliação de investimentos e definição de um marco legal
para a área.
Esse aporte legal referente ao saneamento básico tem como suporte a
Lei nº 11.445, de 05 janeiro de 2007, que estabelece as diretrizes nacionais e a
política federal de saneamento básico, regulamentada pelo Decreto nº 7.217, de
21 de junho de 2010. Com a sanção dessa Lei, chamada de Lei Nacional do
Saneamento Básico (LNSB), o País passa a contar com um importante
instrumento de política pública de saneamento básico. Esse diploma legal traz
como um dos princípios fundamentais a universalização do acesso aos serviços,
que em localidades rurais encontra limitações de ordem sociocultural,
econômico-financeira e política-institucionais, as quais se ampliam pela
dimensão continental do País e pelo elevado contingente de população rural.
O que se observa no texto da Lei, que institui as diretrizes nacionais para
o saneamento básico, são dispositivos ainda muito vagos sobre como deverão
ser tratadas as localidades rurais. Ampliando-se essa observação à Lei nº
11.172, de 01 de dezembro de 2008, que institui as diretrizes e princípios da
Política de Saneamento Básico para o Estado da Bahia, percebe-se também
pouco avanço nesse sentido.
Apesar de haver uma atuação do Governo do Estado da Bahia em
localidades rurais, sobretudo com a execução de obras, os mecanismos que
apontam de fato para a universalização do acesso ainda são modestos. Não são
evidentes os aspectos políticos, institucionais e referentes à gestão dos serviços
públicos de saneamento básico nessas localidades.

Dissertação submetida por Aldair Dias Sampaio ao Programa de Pós-graduação em Meio


Ambiente, Águas e Saneamento da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial
à obtenção do título de Mestre em Meio Ambiente, Águas e Saneamento. Orientador: Prof.
Luiz Roberto S. Moraes, PhD. Ano: 2013.
A garantia da universalização do acesso aos serviços públicos de
saneamento básico de qualidade em localidades rurais não depende apenas de
aporte de recursos para execução de obras, mas também da adoção de
mecanismos que garantam o adequado funcionamento das infraestruturas e
serviços instalados.
Os níveis de atendimento da população brasileira com serviços públicos
de saneamento básico revelam uma situação ainda preocupante. Segundo
dados do IBGE, em 2010, cerca de 82,9% dos domicílios brasileiros estavam
ligados à rede geral de água, percentual ainda distante do atendimento universal.
Essa realidade torna-se mais crítica quando a população observada é a rural.
Em 2010, o nível de atendimento da população urbana chegou a 91,9% dos
domicílios, enquanto que o da rural atingiu apenas 27,8% dos domicílios (IBGE,
2010).
Ainda há poucos dados consistentes referentes ao atendimento das
localidades rurais com serviços públicos de saneamento básico. O Nordeste é a
região que possui a maior população rural do País. E, dentre os estados dessa
região, a Bahia possui o maior contingente populacional, em valores absolutos,
vivendo em localidades rurais. Em 2010, eram 3.916.214 habitantes, 27,9% da
população total do Estado.
São várias as possibilidades de prestação dos serviços públicos de
saneamento básico, apesar de que ainda predomina no Brasil o modelo baseado
na prestação pelas companhias estaduais de água e esgoto (CEAE), modelo
estruturado na década de 70 no bojo do PLANASA.
Segundo Heller e Castro (2007), o domínio das técnicas e da tecnologia
tão somente não são suficientes para o atendimento satisfatório das
necessidades da sociedade no campo do saneamento básico. Para os autores,
a superação dessa deficiência depende da gestão plena dos serviços, bem como
de concepções institucionais eficazes e abordagens diferentes da convencional,
a fim de atender as situações específicas dos assentamentos humanos.
O presente artigo tem como objetivo apresentar algumas limitações, do
ponto de vista político e institucional, à universalização do acesso aos serviços
públicos de abastecimento de água em localidades rurais do Estado da Bahia, a
partir de quatro diferentes tipos de prestadores desse serviço.

 Referencial Teórico

Estado e políticas públicas


As políticas públicas têm relação direta com a concepção de Estado
vigente, bem como sua relação com a sociedade e economia. Segundo Souza
(2014), a política pública é produto das instituições que compõem o Estado.
Tocqueville citado por Domingues (2001) aponta a democratização como
a tendência do mundo moderno. O Brasil, devido a sua dependência de Portugal
e perfil latifundiário, vem estabelecer um Estado moderno de forma mais tardia
que os países europeus, e inicialmente sob formas autoritárias de governo. Por
outro lado, oferece um terreno fértil ao patrimonialismo.
No final da década de 1980, a partir da retomada da democracia,
esperava-se uma mudança no perfil autoritário, patrimonialista e centralizador do
Estado brasileiro, no entanto, não foi o que ocorreu. Apesar da volta dos partidos
políticos e do Congresso Nacional, o centro do processo decisório continuava no
Poder Executivo.
Alguns estudiosos do Estado brasileiro (PINHO, 1998; COSTA, 2009) tem
apontado que o alicerce de nossa atrasada modernização e inserção no mundo
globalizado deveu-se à formação histórica do Brasil, o que gerou condicionantes
e determinantes para o Estado e suas relações com a sociedade e a economia.
O patrimonialismo, o autoritarismo, o clientelismo, corporativismo e outros ismos,
ainda tão vivos na realidade brasileira, são exemplos de características que,
dentre outras, determinam e limitam a modernização e o desenvolvimento do
Estado no Brasil.
Para tratar de políticas públicas é relevante observar que não existe uma
única nem melhor definição, sendo, no entanto, importante diferenciá-la de
Estado e de governo. Hofling (2001) indica ser o Estado um conjunto de
instituições que permitem a ação do governo, que por sua vez, pode ser
considerado como um conjunto de programas que um grupo, ou alguns grupos
de pessoas que tomam decisões para o restante da sociedade, o que define,
inclusive, a orientação política do governo. E quando o Estado implementa os
planos e os programas de governo está se falando em políticas públicas.
De acordo com Behring (2002), o entendimento das políticas públicas
passa também, como já assinalado pelos autores referenciados anteriormente,
pelo estudo da relação entre Estado, sociedade e economia. Nessa perspectiva,
a instância do agenciamento das políticas públicas estaria para além das
instituições estatais, havendo uma relação entre o estatal, o público e o privado.
Segundo esse mesmo autor, a inter-relação entre os setores público e privado
faz com que as decisões políticas ocorram a partir de conflitos ou crises sociais,
políticos e econômicos.
Na abordagem de Fleury (1994), as políticas públicas e sociais possuem
múltiplos fatores determinantes devido ao fato de ora estarem submetidas ao
interesse de grupos capitalistas, consumo e lucratividade, ora ao da classe
trabalhadora, ou seja, de interesses coletivos.
A partir das ideias de Gramsci, Fleury (1994) faz uma discussão das
políticas sociais como estratégias de hegemonia da classe dominante, onde os
interesses econômicos das corporações conseguem estabelecer um projeto
social para toda a sociedade e, de certa forma, produzir o consenso e legitimar
o poder. Para a autora, o poder se reproduz pela difusão da cultura de uma
classe em outra como se fosse universal e pela utilização do conhecimento
técnico para excluir a classe ‘dominada’, e o “papel educador” do Estado
contribui para consolidar o consenso, ou formar opinião.
Os processos políticos não ficam determinados somente pelo
conhecimento dos conteúdos das políticas. O êxito das políticas públicas
depende da existência de instituições estáveis e consolidadas, conclusão trazida
por uma vertente da pesquisa que se dedica aos aspectos do “como” da política,
considerando fatores culturais, padrões de comportamento político, incluindo as
atitudes dos atores políticos, que também interferem na qualidade dos
programas e projetos políticos (FREY, 2000). Vale observar que, segundo esse
autor, há padrões de comportamentos que são peculiares de cada ator, de
associações, partidos ou atores corporativos, e outros que transcendem as
ações individuais, chamados de padrões de comportamento político como o
clientelismo, patrimonialismo, paternalismo e a corrupção.
Alt e Lowry (1994), citados por Batista e Simpson (2010), ressaltam que
ao se analisar os resultados de uma política pública é de fundamental
importância conhecer os fatores políticos-institucionais dos entes envolvidos. E
tais fatores, por sua vez, possuem alguns determinantes políticos como:
orientação ideológica do Poder Executivo; fragmentação do sistema partidário;
e afinidade política entre os representantes dos diversos níveis de governo.
Neste estudo, entendeu-se que a concepção de Estado que permite uma
melhor compreensão das políticas públicas de saneamento básico para
localidades rurais, apresenta o Estado como uma estrutura de classes e seus
conflitos onde a classe dominante usa o próprio poder coercitivo e aparato desse
Estado para impor determinada visão de mundo, chamada de consenso, e,
consequentemente, garantir seus interesses. O que pode ser observado em
relação à solução tecnológica para abastecimento de água utilizada pelos
prestadores de serviços é que há uma predominância de utilização de rede de
distribuição de água.
Os serviços públicos de saneamento básico são essenciais para a
qualidade de vida da população e têm demanda garantida ao longo do tempo, o
que o torna econômica e politicamente estratégico, podendo ser muito rentável
para um sistema capitalista. Devido a isso, surge uma disputa das grandes
empresas em busca da prestação de serviços públicos de saneamento básico
que sejam capazes de gerar lucros. É também devido a isso que os maiores
déficits em atendimento estão situados em núcleos de menor porte populacional
e em locais habitados por populações com baixa capacidade de pagamento. Um
problema que se estabelece a partir dessa lógica é: “quem” se interessaria em
prestar serviços nas pequenas localidades, afastadas das redes de infraestrutura
e com população com baixa capacidade de pagamento?
A privatização da prestação de serviços públicos de saneamento básico
e, especificamente, dos serviços públicos de abastecimento de água, tornou-se
uma fonte de lucro para o capital, que procura livrar-se de todos os obstáculos
existentes para os negócios considerados rentáveis (SWYNGEDOUW, 2004).
A ligação do Estado com as forças do mercado viabiliza esse processo. E
a partir de um discurso de que está ocorrendo escassez de água doce, tenta-se
legitimar a mercantilização, quando na verdade, a quantidade de água no planeta
é grande e aproximadamente constante, embora mal gerida. Com isso,
instituições financeiras multilaterais, como o Banco Mundial, celebram a criação
das condições da produção e fortalecimento de um discurso que visa privatizar
a água em escala global (SWYNGEDOUW, 2004). Essa posição tem pouca
sustentação empírica, visto que, conforme citado por Castro (2007), em países
desenvolvidos, a universalização do acesso aos serviços públicos de
saneamento básico somente foi possível graças à forte atuação do setor público.

Breve histórico das políticas de saneamento básico no Brasil e na


Bahia
Até a década de 60 o Estado Brasileiro não contava com uma política
pública e uma estrutura organizacional, na área de saneamento básico, capazes
de fazer frente às demandas da população. Somente a partir desse período é
que começa a se estruturar uma ação estatal nessa área. Até o final dos anos
60, havia diversos órgãos que realizavam ações dispersas, a saber: a Fundação
Serviço de Saúde Pública (FSESP), vinculada ao Ministério da Saúde, que
administrava as autarquias municipais de água e esgoto; a Superintendência
para o Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), o então Departamento
Nacional de Obras de Saneamento (DNOS), o Departamento Nacional de Obras
contra as Secas (DNOCS) e o então Departamento Nacional de Endemias
Rurais (DNERu). Além disso, no âmbito municipal, existiam os Serviços
Autônomos de Água e Esgoto (SAAE) e, no nível estadual, as Companhias
Estaduais de Água e Esgoto (REZENDE; HELLER, 2008).
Nas décadas de 60 e 70 os governadores eram nomeados pelo presidente
da República, e os prefeitos nomeados pelos governadores dos estados. Esse
cenário era favorável à transferência dos serviços públicos de água e esgoto dos
municípios às companhias estaduais, com o argumento do governo federal de
que essa transferência tinha o objetivo de uniformizar a política nacional de
saneamento e que a centralização diminuiria a influência dos interesses políticos
locais. Nesse contexto, a definição das políticas de saneamento básico ficou
centralizada nas esferas estadual e federal, que passaram a controlar inclusive
os recursos para a área, cuja alocação passou a ter como critério o retorno do
investimento realizado, ou seja, a melhoria da qualidade de vida a partir das
ações de saneamento básico ficou para segundo plano (REZENDE; HELLER,
2008).
Ainda na década de 60, com a ascensão dos militares ao comando da
Nação, foi priorizada a centralização do poder e das ações de saneamento
básico, e para sustentação de tal centralização foi instituído o Plano Nacional de
Saneamento (PLANASA), em 1971, e criada, em cada Estado federado, uma
Companhia Estadual de Água e Esgoto (CEAE), trazendo uma contribuição para
a área do saneamento básico, já que ampliou o acesso da população a esses
serviços, principalmente, do abastecimento de água, embora não universal, pois
os investimentos do PLANASA foram direcionados para as áreas urbanas
(PITERMAN, 2008).
Vale observar que o PLANASA priorizou apenas o abastecimento de água
e a coleta e tratamento de esgoto sanitário, com atenção quase que exclusiva
ao primeiro, em detrimento das outras componentes do saneamento básico,
além de atuar quase que exclusivamente em áreas urbanas.
Durante a década de 1980, o Brasil passou por um processo de
redemocratização. No entanto, a área do saneamento básico não acompanhou
esse processo, sobretudo, devido às imposições dos financiadores e das
agências formuladoras e executoras das políticas públicas de saneamento
básico, que inviabilizavam a participação e controle da sociedade, ao tempo em
que ocorria uma centralização na área, além de uma redução nos investimentos
federais para saneamento básico, habitação e infraestrutura urbana, política que
se manteve até o início do primeiro mandato do presidente Luís Inácio Lula da
Silva (MELO, 2002).
Ainda predomina no Brasil o modelo de gestão dos serviços públicos de
saneamento básico baseado na prestação dos serviços públicos de
abastecimento de água e de esgotamento sanitário, que são de titularidade
municipal, pelas companhias estaduais (CEAE). Em 2010, dos 5.565 municípios
brasileiros que detinham a titularidade dos serviços públicos de abastecimento
de água e de esgotamento sanitário, 3.605 (65%) tinham esses serviços
prestados por companhias estaduais (IBGE, 2011). No entanto, desde a década
de 90, e mais intensamente após a promulgação da Lei nº 11.445/2007, esse
modelo de prestação vem sendo colocado em discussão.
A partir de 2003, o governo brasileiro reestrutura e fortalece a área de
saneamento básico, determinando uma mudança significativa na política pública
dessa área, sobretudo do ponto de vista institucional e legal com a criação do
Ministério das Cidades e de sua Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental,
e a promulgação da Lei nº 11.445/2007, o marco legal do saneamento básico do
País, regulamentada por meio do Decreto nº 7.217/2010, que estabelecem o
saneamento básico como “o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações
operacionais de: abastecimento de água potável; esgotamento sanitário; limpeza
urbana e manejo de resíduos sólidos; drenagem e manejo das águas pluviais
urbanas” (BRASIL, 2007, p.02). Ainda no âmbito dessa reestruturação é
oportuno citar a retomada dos investimentos a partir de recursos não onerosos
aplicados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 1 e PAC 2) do
governo federal. Esses fatos apontam para uma retomada da atuação do Estado
nas políticas públicas de saneamento básico no Brasil, o que pode ser visto como
um fato positivo visto que a participação do Estado é fundamental para a
universalização do acesso aos serviços públicos de saneamento básico, como
ocorreu nos Estados Unidos e países da Europa onde esses serviços foram
universalizados devido à ação decisiva do Estado (CASTRO, 2013).
Em que pesem os avanços trazidos pela Lei nº 11.107/2005 (Lei dos
Consórcios Públicos) e Lei nº 11.445/2007, não há a certeza de mudança em
curto prazo no que diz respeito às questões institucionais e de gestão, visto a
condição ainda frágil que os municípios se encontram, com situação jurídica e
institucional indefinidas. A gestão associada, por exemplo, veio constituir um
importante alternativa no âmbito da gestão dos serviços públicos de saneamento
básico pelos municípios, já que proporciona escalas administrativas e
operacionais mais factíveis, pelo fato de permitir a atuação e atendimento
conjunto de dois ou mais entes federados associados de forma voluntária. Além
da gestão associada, há um leque de opções para a prestação dos serviços
públicos de saneamento básico pelos municípios diretamente ou por meio de
delegação, concessão ou autorização (REZENDE, 2014).

Universalização
Na área de saneamento básico no Brasil, a universalização não foi
historicamente a tônica ao longo das políticas públicas implementadas, tendo
sido consolidada como princípio fundamental somente a partir da Lei nº
11.445/2007 (art. 2º, inciso I) e ainda muito distante de ser plenamente
concretizado. Aparece no texto da Lei como “universalização do acesso”,
cabendo, portanto, uma análise do que significa acesso universal, embora nem
sempre haja consenso entre os autores que se ocupam em discuti-lo.
Universalização do acesso pode significar a possibilidade de que todos tenham
acesso aos serviços de que necessitam sem quaisquer empecilhos. Pode ser
entendido também como acesso igual para todos (população pauperizada,
população abastada, famílias, comércio, indústrias, etc.). No entanto, no diploma
legal supramencionado, a universalização é apresentada em seu art. 3º, Inciso
III, como uma “ampliação progressiva do acesso de todos os domicílios
ocupados ao saneamento básico” (BRASIL, 2007), definição que não garante o
acesso de todos aos serviços, visto que o simples fato de haver uma ampliação
progressiva do acesso, em qualquer velocidade de progressão, já estaria sendo
atendido tal princípio.
Ao tratar sobre universalização é importante ressaltar a relevância das
ações e serviços públicos de saneamento básico, destacando o seu caráter
social. Considerando que as pessoas são diferentes, a oferta universal não
significa proporcionar tratamento igual para todos, que resulta em manter a
desigualdade, tornando-se necessário, portanto, um tratamento desigual para os
desiguais a fim de promover a equidade. Sendo assim, o acesso a esses
serviços deve ser garantido a todos os cidadãos por meio de soluções
tecnológicas apropriadas à realidade socioeconômica, cultural e ambiental de
cada grupo social (BORJA, 2004).
Segundo Paim (2014), a universalidade, no sentido do acesso aos
serviços por todos os cidadãos, é similar à generalidade. Para esse autor, o
termo inclui também a ideia de equidade, uma vez que o Estado, em atendimento
ao princípio em questão, deve adotar tarifas sociais que possibilitem o acesso
ao bem a todos. A generalidade é a igualdade dentro do critério da
proporcionalidade e, dessa forma, iguais são tratados de forma igual e desiguais
de forma desigual, o que reforça a ideia de que o saneamento básico em
localidades rurais não pode ser entendido da mesma forma que em áreas
urbanas.
De fato, observando-se os índices de cobertura dos serviços públicos de
abastecimento de água no País desde 1991, verifica-se um avanço no
atendimento, no entanto, considerando a universalização em seu sentido mais
amplo, universalidade derivando da noção de igualdade, acesso igual para
todos, fica evidenciado o quão distante está o acesso universal, sobretudo,
quando esse olhar se volta para as áreas rurais (Figura 1).

Figura 1 – Evolução do atendimento à população com abastecimento de água por rede geral
por situação de domicílio no Brasil.

Fonte: IBGE (2011).

Apesar dos dados quantitativos não serem suficientes para avaliar a


universalização do acesso aos serviços públicos de saneamento básico, eles
podem oferecer ao menos um direcionamento para essa avaliação. Portanto, os
níveis de atendimento dos domicílios brasileiros com esses serviços revelam
uma situação ainda preocupante. Segundo dados do último Censo Demográfico
(IBGE, 2011), 91,9% do total de domicílios urbanos do País estavam ligados à
rede geral de água, percentual distante, em termos absolutos, do atendimento
universal, já que existiam ainda 3.983.329 domicílios, ou seja, quase quatro
milhões de domicílios excluídos do acesso a esse serviço essencial. Essa
realidade torna-se mais crítica quando a população observada é a rural, onde
apenas 27,8% dos domicílios estão ligados à rede geral de água, enquanto
37,5% têm acesso a poços e nascentes e 3,8% a cisternas.
Neste estudo considerou-se que a universalização do acesso ao serviço
público de abastecimento de água nas localidades rurais estará alcançada
quando as ações relacionadas a esse serviço implicarem equidade social no
acesso aos serviços, melhoria das condições de vida, ambientais e de saúde
pública, bem como ficarem garantidos o uso de soluções tecnológicas
apropriadas e compatíveis com as características socioeconômicas e culturais
peculiares dessas localidades, tudo isso com a devida segurança jurídica e
institucional, com política, planos e programas estabelecidos em lei e submetidos
a um controle social efetivo, já que não é possível falar em universalização do
acesso somente considerando os aspectos políticos e institucionais, apesar
deles terem sido o foco deste estudo.

Ruralidade
Neste estudo foi adotada como rural as localidades existentes no
município exceto a sede municipal, que é a definição adotada pelo IBGE (2011),
a fim de propiciar uma melhor análise dos dados apresentados por esse Instituto.
No entanto, em cada momento histórico, o rural apresenta conceituações
distintas, existindo vários tipos de realidades rurais, que dependem das
transformações e fatores globais e locais. Uma definição alternativa, e que se
sugere mais adequada, deve considerar a situação espacial da localidade, sua
população e densidade demográfica (como fora de regiões metropolitanas,
abaixo de 30.000 habitantes e densidade demográfica inferior a 50hab./km2).
Apesar de ter sido adotada essa definição, uma crítica deve ser tecida a
ela. Observa-se, que, a fim de aumentar a arrecadação municipal e motivado por
interesses particulares, o gestor municipal no Brasil acaba ampliando a área
urbana do município. Isso implica no fato de que as políticas públicas e os
incipientes programas de governo que atenderiam as localidades rurais não
contemplarão àquelas localidades outrora rurais. Além disso, pode ser
considerado um equívoco tratar municípios com até 30 mil habitantes como
urbanos, visto que, muitos deles, por possuírem características rurais, não
podem ser contemplados por políticas públicas e acessar recursos destinados
às cidades.

Tipos de prestação de serviços públicos de saneamento básico


De acordo com o texto da Constituição Federal de 1988, art. 30, inciso V,
compete ao município, considerado titular, “organizar e prestar, diretamente ou
mediante permissão ou concessão os serviços públicos de interesse local”. No
entanto, esse ente federado poderá prestar diretamente ou delegar a prestação
dos serviços. Portanto, a prestação dos serviços públicos de saneamento básico
pode ocorrer direta ou indiretamente, a depender do Poder Público municipal.
Cada instituição que recebe do titular a incumbência de prestar o serviço
público, chamada também de delegatária, possui determinadas características
que também influenciam diretamente na universalização do acesso e na
qualidade dos serviços prestados à população.
Atualmente no Brasil, em nível municipal, predominam as formas de
prestação para o serviço público de abastecimento de água por administração
direta, autarquias municipais, companhias estaduais e associações, formas que
serão brevemente descritas a seguir.
Na modalidade de prestação por administração direta, os serviços são
organizados e os sistemas e infraestruturas operados por meio de unidades
administrativas, como secretarias, departamentos ou repartições vinculadas à
estrutura organizacional das prefeituras municipais.
As autarquias municipais, comumente chamadas de Serviço Autônomo
de Água e Esgoto (SAAE), pertencem à administração indireta. São criadas por
lei específica, com personalidade jurídica de direito público, patrimônio próprio e
atribuições outorgadas na forma da lei. Possuem autonomia jurídica,
administrativa e financeira, com competência, transferida pela prefeitura, para
exercer atividades relacionadas à administração do serviço e à operação,
manutenção e expansão dos sistemas e infraestruturas.
As Companhias Estaduais de Água e Esgoto (CEAE) foram criadas na
década de 70, no contexto do PLANASA, para serem os principais prestadores
dos serviços públicos de água e esgoto mediante concessão dos municípios, de
modo que houvesse retorno dos investimentos do governo federal. São
empresas de economia mista com um sistema administrativo e financeiro
centralizador (OGERA; PHILIPPI JR., 2005), e segundo o princípio da
“autossustentação tarifária”, as tarifas deveriam ser suficientes para cobrir os
custos de operação, manutenção e amortização das dívidas/empréstimos.
Aliado a esse princípio aplica-se também o subsídio cruzado, de modo que os
serviços superavitários cubram os deficitários a fim de viabilizá-los (BETTINE,
2003; REZENDE; HELLER, 2008).
Na forma de prestação por associações comunitárias operam entidades
sem fins lucrativos, com a participação de associações comunitárias
(autogestão) responsáveis pela operação e manutenção dos sistemas de
saneamento básico. Uma característica marcante desse modelo é a participação
comunitária em todas as instâncias de decisão colegiada. No entanto, cabe
observar que esse tipo de prestador é predominante nas áreas rurais, onde a
população e a lucratividade são menores e os usuários possuem baixa
capacidade de pagamento. Já nas áreas urbanas, predominam os prestadores
que visam à lucratividade.
 Metodologia

Para o desenvolvimento deste estudo, que se enquadrou no campo da


pesquisa quali-quantitativa, fez-se uso de: a) observação participante por meio
de visitas às localidades rurais, a fim de conhecer, por procedimento
observacional, as soluções tecnológicas de sistemas de abastecimento de água
predominantes, bem como a visão dos usuários sobre os serviços prestados.
Técnica recomendada como complementar a aplicação de entrevistas (MINAYO,
2008); b) entrevista semiestruturada junto aos prestadores, gestores municipais
(titular do serviço), representantes do Governo do Estado da Bahia (órgãos
ligados ao saneamento rural), representantes de organizações da sociedade civil
e usuários dos serviços que, devido à sua atividade profissional, estão mais
ligados à área da pesquisa, a fim de subsidiar o entendimento sobre os principais
impedimentos à universalização do acesso ao serviço público de abastecimento
de água, cuja interpretação dos resultados foi feita por meio de análise de
conteúdo (MINAYO, 2008); e c) análise documental, que complementa e
reafirma as informações obtidas por meio das outras técnicas. Além disso, em
alguns casos esses documentos são as únicas fontes de registro de ações que
foram planejadas e/ou executadas por organizações. Os documentos podem
revelar ainda as concepções e visão de mundo de quem os concebeu (LAVILLE;
DIONNE, 1999).
Quanto às localidades estudadas, foi escolhida uma onde a própria
prefeitura municipal é a responsável direta pela prestação do serviço público de
abastecimento de água, outra em que a prestação é realizada por uma autarquia
municipal (SAAE), uma cuja prestação é realizada pela companhia estadual de
água e esgoto (Empresa Baiana de Águas e Saneamento S/A-Embasa) e outra
onde o serviço é prestado por associação comunitária (auto-gestão, Central de
Manutenção de Sistemas de Abastecimento de Água-Central).

Para escolha dos municípios e localidades foram utilizados como critérios:


i. Diversidade entre os tipos de prestadores do serviço público de
abastecimento de água nas localidades rurais, ou seja, foram
escolhidos quatro municípios com diferentes prestadores desse
serviço;
ii. Disposição dos atores envolvidos em participar do estudo;
iii. Localidades rurais com mais de 50 famílias;
iv. Região de clima Semiárido; e
v. Distância dos municípios à Salvador, capital do estado da Bahia,
local onde residem e trabalham os pesquisadores.

Assim, foram escolhidos os municípios/localidades (Figura 2) a serem


estudados: Seabra, que tem o serviço de abastecimento de água prestado pela
Central na localidade rural de Molha Gibão; Macaúbas, que tem o SAAE como
prestador de serviço na localidade rural de Catolés; Novo Horizonte, que tem o
serviço prestado diretamente pela Prefeitura Municipal na localidade rural de
Tatu; e Souto Soares, que tem a Embasa como prestadora do serviço na
localidade rural de Quixaba.

Figura 2 – Mapa do Estado da Bahia com indicação dos municípios estudados.

Fonte: Adaptado de GEOBAHIA – INEMA (2013).

 Resultados e Discussão

Caracterização dos municípios estudados


De acordo com dados do IBGE (2011), Seabra possuía, em 2010, uma
população de 41.798 habitantes, com 51,5% desse total vivendo em localidades
rurais. Possui 2.825,016km2 e dista 490km da capital baiana.
Tem economia baseada na prestação de serviços, e atende vários
municípios da região, sobretudo, com serviços públicos.
As localidades rurais são atendidas somente com serviços de água,
algumas pela Central de Associações, outras pela própria prefeitura e muitas
não são atendidas por órgão prestador.
Souto Soares possui uma economia baseada, fundamentalmente, na
agricultura familiar com a produção de feijão, mamona, cana, mandioca, milho,
rapadura e cachaça artesanal (SOUTO SOARES, 2012). Dista 500km da capital,
possui cerca de 1.100,3km² com uma população total de 15.899 habitantes
sendo que 62% moram em localidades rurais (IBGE, 2011).
Com relação ao abastecimento de água, a Embasa é a prestadora na
sede e em algumas localidades rurais como Segredo, Alagadiço e Quixaba, a
Central de Associações também atua em outras localidades e algumas não são
atendidas por serviços públicos de abastecimento de água.
Outro município estudado foi Macaúbas, que sua economia baseada na
agropecuária e extração de minérios (mármore azul, cristal de rocha e barita).
Desde 1977 que o serviço de abastecimento de água de Macaúbas é
prestado pelo SAAE. Atualmente, segundo dados da Prefeitura Municipal, o
SAAE atende cerca de 80% das localidades rurais do Município e a sede
municipal (MACAÚBAS, 2012).
Macaúbas possuía em 2010, segundo dados do IBGE (2011), 47.051
habitantes, dos quais 67,3% habitam localidades rurais. Localiza-se no chamado
“polígono da seca” e a uma distância rodoviária de 614km de Salvador.
Novo Horizonte, outro município estudado, tem o serviço público de
abastecimento de água prestado diretamente pela prefeitura municipal.
De acordo com o IBGE (2011), Novo Horizonte possuía em 2010 uma
população de 10.673 habitantes, dos quais 7.172 habitantes moram em
localidades rurais. Dista, por rodovias, 557km de Salvador.

Da estrutura do serviço público de abastecimento de água nos


municípios estudados
Do ponto de vista institucional, o arranjo estrutural dos serviços públicos
tem influência no acesso universal a esses serviços. O Quadro 1 apresenta a
instituição responsável pelo serviço público de abastecimento de água no
município e respectivo instrumento de delegação utilizado.

Quadro 1 – Instituição responsável pelo serviço público de abastecimento de água no


município e instrumento de delegação.

Tipo de Estrutura da prestação do serviço nas Instrumento de


Prestador localidades rurais do município delegação

Contrato de
CEAE Secretaria de Agricultura e Recursos Hídricos
Concessão
SAAE Secretaria de Obras Decreto Municipal
Secretaria
Secretaria de Administração e Serviços Urbanos Não se aplica
municipal
Central Secretaria de Agricultura e de Obras Não possui

Fonte: elaboração própria.

Não há que se falar aqui num arranjo institucional ideal que atenda a todas
as localidades, haja vista a heterogeneidade do rural. Cada tipo de prestação
estudada possui sua funcionalidade no âmbito de determinada realidade.
A falta ou deficiência de um arcabouço institucional consistente nos
municípios, como a existência de secretaria, departamento e/ou estrutura
administrativa que trate especificamente das questões de abastecimento de
água, contribui para a vulnerabilidade e descontinuidade do serviço.
Considerando essa realidade, não se pode conjecturar uma mudança a
curto prazo no que diz respeito às questões institucionais e de gestão, visto a
condição de fragilidade em que os municípios se colocam, com quadro jurídico
e institucional ainda vulneráveis.

Do desconhecimento do marco legal do saneamento básico e da


influência política
Os gestores municipais ou seus representantes, ao serem indagados
sobre o nível de conhecimento que detinham sobre a Lei nº 11.445/2007
(BRASIL, 2007), demonstraram pouco conhecimento, ou mesmo a
desconheciam totalmente.

Não, não conheço não, desconheço. Inclusive eu quero o nome dela


aí pra eu imprimir (Representante da prefeitura com prestação de
serviço na localidade pela Embasa, 2012).

Sei que existe a lei, mas em nosso município ainda não entrou em
prática...” (Representante da prefeitura com prestação de serviço na
localidade por administração direta, 2012).

Não, não conheço... (Representante da Prefeitura com prestação de


serviço na localidade pela Central, 2012).

Eu já... agora... o plano municipal de saneamento básico, né?


(Representante da Prefeitura com prestação de serviço na localidade
pelo SAAE, 2012).

Percebe-se que nem mesmo o marco legal da área do saneamento básico


está bem compreendido pelos atores principais desse processo, já que o
município é o titular dos serviços e o responsável por sua gestão.
Os dirigentes dos órgãos estaduais que participaram da pesquisa foram
unânimes em negar a interferência da política partidária na definição das ações
do Governo do Estado da Bahia em saneamento básico nas localidades rurais.
No entanto, a realidade observada e afirmada em depoimentos por alguns
representantes dos usuários e dos municípios estudados, confirma a influência
da política partidária na prestação dos serviços públicos de abastecimento de
água local.
Um gestor municipal entrevistado ao ser questionado sobre como o
período eleitoral influencia nos serviços públicos de abastecimento de água e de
esgotamento sanitário nas localidades rurais, relatou:
Aumenta a demanda porque como é em campanha você sabe que o
pessoal da zona rural sempre procura mais o candidato, então
aumenta a demanda... é mais carro pipa... é mais... sempre mais
atenção né, é um período mais crítico que a gente tem que tá sempre
dando mais atenção (Representante da prefeitura com prestação de
serviço na localidade rural pela Embasa, 2012).

A partir do depoimento percebe-se o traço clientelista e patrimonialista


presente nas ações do Poder Público para o abastecimento de água de
localidades rurais. O serviço é utilizado como uma doação do prefeito à
população, e algumas vezes como moeda de troca para obtenção de apoio
político. Segundo Frey (2000), não se trata de comportamentos individuais ou de
grupos da sociedade, trata-se do chamado padrão de comportamento político,
ou seja, sua extinção exige uma mudança social mais profunda. O fortalecimento
da gestão do serviço público de abastecimento de água poderia contribuir para
quebrar também essa relação clientelista entre o gestor municipal e os usuários
do serviço.De fato, para quantificar essa influência e interferência, seria
necessário o desenvolvimento de pesquisa com uma amostra maior de
municípios e localidades rurais. No entanto, neste estudo buscou-se saber se,
no âmbito da política pública de saneamento básico para localidades rurais,
existe essa influência e se a mesma é limitadora da universalização do acesso
ao serviço público de abastecimento de água nas localidades rurais.
Os entrevistados tendem a indicar apenas os fatores mais evidentes,
relacionados às riquezas naturais (escassez de água) e aos recursos
financeiros, certamente devido ao fato de que no ano de 2012, quando da
realização do estudo, o estado da Bahia enfrentou uma das mais severas
estiagens dos últimos 40 anos (Quadro 2). Os aspectos políticos e institucionais
não são lembrados num primeiro momento por não serem de fácil percepção,
apesar da existência de autores que defendem a tese de que esses aspectos
são definidores da universalização do acesso aos serviços públicos de
saneamento básico.

Quadro 2 – Principal dificuldade para atender a população rural com serviço público de
abastecimento de água, segundo o gestor municipal e o prestador do serviço.
Tipo de Principal dificuldade para atender a população rural
Prestador Gestor municipal Prestador do serviço
Inadimplência, distância, falta de
CEAE Distância e escassez de água
mão-de-obra local
Desapropriação das fontes de
SAAE água, falta de recurso e escassez Distância e falta de água
de água
Secretaria A questão do recurso. Todas as
Falta de recursos financeiros
municipal localidades são atendidas
Distância, falta de recursos para
Falta de planejamento e recursos
Central manutenção dos sistemas, exigências
financeiros e escassez de água
legais
Fonte: elaboração própria.
Considerando que o capitalismo é o sistema de produção vigente e que o
saneamento básico é tratado como mercadoria, percebe-se a relação existente
entre a concepção de Estado e as políticas de saneamento básico. Se esse
Estado capitalista tem de implementar políticas sociais, ele deve criar e manter
as condições para a lucratividade do capital. Por essa interpretação, observa-se
que o investimento em políticas sociais e de saneamento básico em particular,
será condicionado à lucratividade do capital, ou seja, não havendo lucro, os
investimentos serão modestos. Esse mesmo raciocínio justifica o fato de não
haver empresas interessadas em prestar serviços públicos de saneamento
básico em localidades rurais, onde, geralmente, a capacidade de pagamento da
população é menor. Essa observação reflete justamente as funções
contraditórias do Estado capitalista, citadas por Fleury (1994) a partir das ideias
de O’Connor (1977), que tem de, ao mesmo tempo, garantir a lucratividade do
capital e promover a harmonia social.
Com relação à política de saneamento básico do Estado da Bahia, foi
observado que não está assegurado na Lei no 11.172/2008 (BAHIA, 2008) o
atendimento às localidades rurais com esses serviços. O que existe em
execução são alguns programas de governo, sendo o de maior destaque o
Programa Água para Todos que, segundo o representante da Superintendência
de Saneamento da SEDUR:

É um Programa que não tem seus recursos plenamente assegurados,


trabalhamos em parceria com o governo federal, isso obriga que
direcionemos (os recursos) para áreas específicas, como por exemplo,
territórios que estão sendo beneficiados pelo programa federal Brasil
sem Miséria, e o Semiárido porque ainda é nossa área mais carente
(Representante da SAN/SEDUR, 2012).

Esses programas visam prioritariamente à execução de obras, havendo


uma lacuna legal quanto ao repasse dessas obras aos pleiteantes. A Companhia
de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos-Cerb, ao concluir as obras do
Programa Água para Todos, transfere os sistemas para as prefeituras
municipais, titular dos serviços públicos de saneamento básico, por meio de um
Termo de Transferência.
O que ainda não ocorre com os sistemas construídos pelo Programa
Produzir, executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional-
CAR, que ao concluir as obras transfere a operação diretamente aos pleiteantes,
na maioria, associações locais, conforme afirmado pelo representante daquela
Companhia em entrevista:
 Conclusão

Apesar da limitação dos dados coletados, o estudo sugere que o acesso


universal ao serviço público de abastecimento de água em localidades rurais
sofre influência direta de aspectos políticos e institucionais, sem negar a
influência de diversos outros fatores e condições, que também não estão sendo
atendidos. Logo, o princípio fundamental estabelecido na Lei no 11.445/2007 da
universalização do acesso ao serviço público de abastecimento de água está
distante de ser cumprido.
Não se pode, nem foi objeto desse estudo, eleger um tipo de prestador de
serviço público de abastecimento de água que fosse o mais indicado para atuar
em localidades rurais. Porém foi possível reafirmar que a heterogeneidade e
dinamismo das realidades rurais dificultam essa escolha e que cada tipo de
prestador tem sua aplicabilidade em cada contexto.
Pelo fato de o Brasil ainda guardar certo resquício clientelista e
patrimonialista, chamado de neopatrimonialismo por alguns autores, a área de
saneamento básico, sobretudo, o abastecimento de água nas localidades rurais,
sofre influência direta, quando o gestor público trata o serviço como sendo uma
doação sua à população. Ou seja, trata o bem público como se privado fosse, e
o cidadão como um cliente, que paga o serviço com apoio político. Isso
compromete a garantia do atendimento da população a serviços públicos de
qualidade.
Há diversos outros aspectos que influenciam a universalização do acesso
aos serviços públicos de saneamento básico e que não foram abordados com a
devida profundidade neste estudo. Assim, recomenda-se a realização de
estudos sobre a influência das instituições financeiras internacionais e nacionais
e de fatores socioculturais e legais na prestação de serviços públicos de
saneamento básico em localidades rurais.

Dissertação submetida por Aldair Dias Sampaio ao Programa de Pós-graduação em Meio


Ambiente, Águas e Saneamento da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial
à obtenção do título de Mestre em Meio Ambiente, Águas e Saneamento. Orientador: Prof.
Luiz Roberto S. Moraes, PhD. Ano: 2013.
CAPÍTULO 31: Uso de Tecnologias Digitais no Sistema Integrado de
Abastecimento de Água na Região de Itaberaba – Ba: Uma Solução para
Redução de Custos e Aumento da Eficiência Operacional

 Introdução

Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão adotou uma abordagem


diferente da praticada pelos EUA, foram desenvolvidas várias técnicas e
filosofias voltadas para melhorias do processo produtivo com objetivo na redução
de custo e a alta qualidade dos produtos, e, um país que tinha sido destruído
pela guerra se tornou em 30 anos a segunda maior economia do mundo,
forçando as empresas que pretendiam permanecer no mercado a investir valores
vultosos em tecnologia.
Nos dias atuais observa-se o crescimento econômico da China,
assumindo a posição de segunda maior economia mundial. Analisando os três
países acima citados, o mais comum entre eles é adoção e desenvolvimento de
tecnologias para otimização do processo produtivo.
A popularização da utilização da internet promoveu o desenvolvimento
tecnológico, encurtou as distâncias, permitindo uma maior intensificação das
comunicações, proporcionando assim a eclosão de novas técnicas atingindo
novas fronteiras colaborando com a troca de informações em diversas partes do
mundo.
As tecnologias desenvolvidas para o setor industrial provocaram o setor a
repensar a forma de produzir, forçando os administradores a adotarem um novo
perfil de gestão e ter um olhar mais crítico para os custos de produção,
principalmente com custo fixo de mão de obra e no ganho da eficiência
operacional.
Um fator importante nesse processo tem sido o barateamento dos
equipamentos e dispositivos voltados para automação dos processos. Nos
últimos anos, um imenso número de novas tecnologias surgiu como alternativas
para proporcionar ganhos escalares da produtividade.
Mesmo com todos os efeitos da crise econômica, segundo estudo
divulgado pela empresa de pesquisa Gartner, em 16 de janeiro deste ano, os
orçamentos voltados para investimentos em tecnologias nas empresas em todo
mundo serão acrescidos em 4,5% em 2018, chegando a US$ 3,7 trilhões.

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), na modalidade artigo técnico-científico,


apresentado por Alessandro Carvalho Leite ao Departamento de Educação (DEDC),
Campus XIII, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) como requisito para obtenção
do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos dos Santos.
Ano: 2018.
Neste contexto, observa-se a importância dos investimentos em inovação
e tecnologia por meio do estudo divulgado na 27ª Pesquisa Anual de
Administração e Uso de TI nas empresas, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV),
revelou que para cada um 1% de investido na área de tecnologia da informação
em dois anos obtém-se 7% de aumento na lucratividade da empresa a médio
prazo.Diante do exposto, observa-se que a as organizações estão cada vez mais
voltadas a promover inovações em seus processos para elevarem as suas
receitas e continuarem a serem competitivas no mercado.
Na região de Itaberaba, a empresa responsável pelo serviço de
abastecimento de água, além de atender a cidade de Itaberaba, é também
responsável pelo abastecimento das cidades de Baixa Grande, Ipirá, Macajuba
e Ruy Barbosa, atendendo uma população total de mais 207.000 pessoas.
Contudo, os elevados custos de operação das captações de água de
Itaberaba e Ipirá, a dificuldade no controle das variáveis de processo (vazão,
pressão, níveis dos reservatórios de distribuição, parâmetros elétricos) e coleta
de dados confiáveis para devida análise e adequada tomada de decisão,
geraram a necessidade da modernização da planta produtiva implantando um
sistema de automação que tem por finalidade proporcionar o acionamento dos
conjuntos moto-bomba, acompanhamento do nível dos reservatórios, vazão,
pressão, monitoramento dos parâmetros elétricos, aquisição e armazenamento
de dados do processo, todas essas informações são adquiridas a distância em
tempo real 24 horas por dia.
Assim, considerou-se de extrema relevância o estudo em relação a esse
tema, pois o mesmo é fator considerável na gestão custos e retorno sobre os
investimentos efetuados em inovação, trazendo consigo motivações para novos
estudos, contribuindo com a construção do conhecimento acerca dos benefícios
das análises de custos.
Ante o exposto, tem-se como enunciado da problemática, o que se segue:
De que modo os investimentos em tecnologia contribuíram para redução
de custo e aumento da eficiência operacional da EMBASA em Itaberaba?
Este trabalho tem por objetivo geral demonstrar os resultados dos
investimentos em tecnologias realizados no sistema de abastecimento de água
na região de Itaberaba. Enquanto objetivos específicos foram arrolados:
evidenciar a redução de custos e esclarecer sobre o aumento da eficiência
operacional da organização. Na dimensão cientifica, o estudo é de extrema
relevância, cumprindo notar a importância de como o profissional contábil deve
se manter atualizado e atento às mudanças tecnológicas, a fim de proporcionar
às organizações, novas formas de produzir com baixo custo e aumentar suas
receitas. A pesquisa sustenta-se no fato de proporcionar aos estudantes e
profissionais da área contábil a socialização de conhecimentos sobre o papel do
contador dentro das empresas no século XXI, que deixou de ser simplesmente
um escriturário para se tornar um verdadeiro gestor e corroborar para a
sociedade empresarial a relevância da análise dos seus custos operacionais,
demostrando que o adequado levantamento de informações e profissionais com
visão ampla é possível conseguir resultados expressivos e com retorno do
investimento em curto prazo. A principal motivação que levou o iniciante na
pesquisa decorreu do fato de já ter participado de projeto semelhante na
empresa em que trabalha, com objetivo de contenção de despesas. Na
oportunidade, foi possível aliar os conhecimentos trazidos em sua formação
técnica, na área de Automação Industrial, com os conhecimentos adquiridos no
componente curricular de “Contabilidade de Custos e Análise de Investimento”.
Deste modo, buscou-se demonstrar a redução de custos e melhoria da eficiência
operacional ante o baixo investimento, cujos resultados revelaram-se bastante
positivos.
Este trabalho compõe-se de cinco capítulos, a introdução que o inicia,
trazendo uma visão panorâmica do estudo realizado, problematizando o objeto
da pesquisa, fixando os objetivos, tanto geral quanto os específicos,
apresentando as justificativas nas suas dimensões científica, social e pessoal,
além de trazer a síntese capitular; a seção seguinte trata do referencial teórico;
o terceiro capítulo apresenta a metodologia com todo o seu percurso; o quarto
capítulo refere-se à “Apresentação, Análise e Interpretação dos Resultados” e,
finalmente, o quinto capítulo, foca a conclusão, na qual são retomados os
núcleos de cada capítulo, os pontos chaves da pesquisa, de modo a explicitar a
elucidação da problemática, o alcance dos objetivos do estudo e o
posicionamento do autor, acerca da temática aqui desvendada. 295

 Referencial Teórico

Esquema conceitual
A representação gráfica do marco teórico está contida na figura 1, abaixo:
Figura 1 – Esquema Conceitual.

Importância da
avaliação dos
custos nas
organizações

REDUÇÃO DE
Automação Aplicação de
para o sistema CUSTOS E tecnologias
de AUMENTO DA para redução de
abastecimento EFICIÊNCIA custo
OPERACIONAL

Consequências
da globalização

Fonte: Leite (2018).


Breve histórico sobre a empresa em estudo
Criada em 11 de maio de 1971 por meio da Lei Estadual 2.929, a Embasa
nasceu em meio às primeiras iniciativas em saneamento básico do país tendo
como principais atividades captação, adução, tratamento e distribuição de água
e coleta, tratamento e disposição final de esgoto sanitário.
A Embasa é uma empresa de economia mista de capital autorizado,
pessoa jurídica de direito privado, tem o Governo do Estado como acionista
majoritário e é vinculada à Secretaria Estadual de Infraestrutura Hídrica e
Saneamento (SIHS). A Embasa presta serviços de abastecimento de água e
esgotamento sanitário em 366 dos 417 municípios do Estado, o que representa
um índice de abrangência de 88%.
Sua administração segue o princípio da descentralização geográfica, por
meio de 13 Unidades Regionais (UR), no interior, e seis (06) na Região
Metropolitana de Salvador (RMS), além de 227 Escritórios Locais (EL),
responsáveis pela operação, manutenção, faturamento e cobrança dos serviços
de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Contemplando 12,7 milhões
de pessoas com abastecimento de água e 4,8 milhões com esgotamento
sanitário.

Histórico sobre a Unidade Regional da EMBASA em Itaberaba


Os primeiros registros referentes aos serviços de abastecimento de água
na cidade datam de 1958 e 1959. Nesse período, contando com investimentos
do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), iniciou-se o
processo de abastecimento com o bombeamento da água do rio Paraguaçu por
meio de geradores movidos a diesel. Em 1963, o município assume a operação
do sistema que funcionava com simples cloração e atendia apenas ao centro da
cidade.
Em 1968, a Companhia do Saneamento do Estado da Bahia (COSEB),
assume a responsabilidade do fornecimento de água no município e, em 1971,
já sob gestão da Embasa, foi criado o Escritório Regional de Itaberaba e
inaugurada a primeira Estação de Tratamento de Água (ETA). Ao longo dos
anos, o Escritório passou por modificações e ampliações até chegar à estrutura
atual denominada Unidade Regional de Itaberaba (UNE) com uma força de
trabalho de 360 funcionários, atende a 26 municípios com abastecimento de
água e, destes, 7 com esgotamento sanitário.

Importância da avaliação dos custos nas organizações


A Contabilidade de Custos é uma ferramenta importantíssima para
tomada de decisão, segundo Martins (2003, p. 14), “devido ao crescimento das
empresas, com o consequente aumento da distância entre administrador e ativos
e pessoas administradas, passou a Contabilidade de Custos a ser encarada
como uma eficiente forma de auxílio no desempenho dessa nova missão, a
gerencial. Ainda segundo Eliseu Martins (2003, p.15):

[...] essa nova visão por parte dos usuários de Custos não data de mais
que algumas décadas, e, por essa razão, ainda há muito a ser
desenvolvido. É também importante ser constatado que as regras e os
princípios geralmente aceitos na Contabilidade de Custos foram
criados e mantidos com a finalidade básica de avaliação de estoques
e não para fornecimento de dados à administração. Por essa razão,
são necessárias certas adaptações quando se deseja desenvolver
bem esse seu outro potencial; potencial esse que, na grande maioria
das empresas, é mais importante do que aquele motivo que fez
aparecer à própria Contabilidade de Custos.

Uma Contabilidade de Custos bem adaptada ao perfil da empresa tem


como tendência mudar o rumo da organização, pois com os métodos de análises
ajustados é possível ter a real dimensão das despesas e tornar possível uma
melhor compressão dos gastos.
De acordo com Guimarães Neto (2009, p. 7) “a análise de custos é uma
ferramenta estratégica no processo decisorial, sendo indispensável na execução
de diversas tarefas gerencias, tais como formação de preço, otimização da
produção [...]”. Ainda sobre a temática, Guimarães Neto (2009, p. 8) afirma que
“[...] a Contabilidade de Custos é a responsável por suprir a alta gestão da
organização de informações relativas aos custos imputados aos produtos e
serviços produzidos pela organização”.

Aplicação de tecnologias para redução de custo


Os recursos destinados para investimentos em tecnologia e inovação
passaram a ser quase uma obrigação para a sustentabilidade das organizações.
A teoria de produzir mais, gastando menos é mais do que nunca uma prática
adotada em todos seguimentos da cadeia produtiva.

Contexto histórico das Revoluções Industriais


Para entender a evolução da tecnologia e o que foi alcançado até aqui, é
necessário conhecer o que ocorreu em cada Revolução Industrial.
A Primeira Revolução Industrial iniciada no final do século XVIII, deu início
ao processo de avanço das tecnologias para o aumento da produção, utilizando
principalmente o carvão que tinha sido recém-descoberto pela ciência como
fonte de energia. Com a descoberta, surgiram as primeiras máquinas a vapor,
assim todo o cenário produtivo e de locomoção foi modificado.
A Segunda Revolução Industrial ocorreu na segunda metade do século
XIX, mais conhecida como a era da eletricidade. Nesse período passou-se a
produzir em escala, pois assim conseguia-se baixar os custos por unidade
produzida.
A Terceira Revolução Industrial ocorreu após a segunda Guerra Mundial.
Na época foi feita a combinação da área científica com a área de produção, os
processos passaram a ser automatizados e surgiram os primeiros robôs,
tornando os custos ainda mais reduzidos do que os proporcionados pela
Segunda Revolução. Nos dias atuais, a indústria 4.0 ou Quarta Revolução
Industrial, desenvolvida pelos alemães em 2011, utiliza automação, sistemas
cyber-físicos que fazem as leituras das variáveis de processos e atuam
proporcionalmente de acordo com a necessidade da planta produtiva, efetuam
armazenamento em cloud, e ainda a Internet of Things (IoT) que proporciona a
comunicação entre dispositivos, máquinas conversam com máquinas e tomam
decisões, ou seja, em alguns casos a intervenção humana deixou de ser
necessária.

Consequências da globalização
A globalização da economia tornou os mercados ainda mais competitivos
e impôs às empresas que pretendiam manter-se vivas no mercado a repensarem
suas atividades, forçando-as a adotarem novos métodos de produção, aumento
da eficiência e controle total da qualidade. Segundo Tigre (2006)18 “a inovação é
vista como arma competitiva que permite ao empreendedor produzir de forma
mais eficiente reduzindo a dependência excessiva sobre a mão de obra e
eliminando concorrentes”.
O acompanhamento permanente do que é praticado por empresas do
mesmo segmento mundo a fora, tornou-se indispensável a fim de comparação.
Segundo Vicente (2015 p. 2):

A globalização possibilitou o surgimento de termos como: tecnologia,


inovação, Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), que se tornaram cada
vez mais presente no ambiente mercadológico. Passaram a ser
considerados fatores de sobrevivência para as empresas e até mesmo
para o país, sendo que os resultados destes afetam o desempenho
econômico nacional.

Há muito tempo que as empresas adotam a implantação de tecnologia


para minimizarem seus custos, aumentar a produção, diminuir os desperdícios
e assim poderem gerir melhor os recursos financeiros e naturais. De acordo com
Silveira Bruno (2016, p. 39-40):

Esta mudança de ambiente da produção – afastando-a dos centros


econômicos intensivos em ciência e tecnologia – alterou a dinâmica
evolutiva dos sistemas produtivos, adequando o desenvolvimento
tecnológico, os métodos produtivos e a qualificação de trabalhadores
aos fatores de produção disponíveis, para enfatizar as vantagens
comparativas dos países produtores.

18
Texto não paginado pelo autor.
Uma das ferramentas que vem contribuindo em escala crescente para
reduzir os custos das organizações é o avanço das tecnologias. Ao longo dos
anos, a forma de produzir vem se modificando, segundo o diretor do Fórum
Econômico Mundial Klaus Schwab, “estamos a bordo de uma revolução
tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos,
trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, alcance e complexidade, a
transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha
experimentado antes”.

Automação para sistema de abastecimento de água


A utilização da automação em sistemas de abastecimentos de água é
essencial, pois diferentemente de outras indústrias que têm seu processo
produtivo em uma única planta, as companhias de saneamento têm suas
estruturas espalhadas por toda cidade sendo necessária à coleta de dados
desde a captação até a distribuição.

Segundo Tsutiya (2006, p. 578):

A automação em saneamento básico, assim como acontece em outros


setores é uma atividade que atua desde o mais simples processo, até
a interface com os sistemas de gestão corporativa, e também na
integração com diversos outros sistemas como: apoio a manutenção,
controle estatísticos de processo, gerenciamento da produção [...].

A aplicação de tecnologia em sistema de abastecimento de água


possibilita às empresas do setor a redução dos custos fixos com mão de obra,
aumento da produtividade e melhor alocação dos recursos financeiros. De
acordo com Milton Tsutiya (2006, p. 584):

A redução de custos, avaliada com a comparação benefício versus


custos, é apenas um dos benefícios da automação. Os demais
benefícios, tais como melhoria e estabilidade da qualidade da água,
aumento da produção, aumento da durabilidade dos equipamentos,
etc., devem ser também considerados, através da comparação da
situação anterior à automação e a situação após.

 Metodologia

Método
Segundo Freitas e Prodanov (2013, p.14), “a metodologia é a aplicação
de procedimentos e técnicas que devem ser observados para construção do
conhecimento, com o propósito de comprovar sua validade e utilidade nos
diversos âmbitos da sociedade”. Nesse contexto, percebe-se que para realizar
uma pesquisa científica é indispensável a adoção de um método como diretriz
para facilitar o andamento sistemático da investigação e que no final os objetivos
sejam alcançados mais facilmente.
Desta forma, o procedimento metodológico utilizado foi o método de
estudo de caso, que de acordo com Beuren (2004, p. 84) “a pesquisa do tipo
estudo de caso caracteriza-se principalmente pelo estudo concentrado de um
único caso. Este estudo é preferido pelos pesquisadores que desejam
aprofundar seus conhecimentos a respeito de determinado caso específico.
Assim, o método de estudo de caso foi aplicado a fim de guiar o
pesquisador no processo de desenvolvimento da pesquisa, permitindo ao
discente expor os fatos, objetivos pretendidos e resultado alcançado com
implantação do projeto descrito.

Tipologia quanto aos objetivos


A tipologia utilizada pelo pesquisador foi a exploratória, com contornos
descritivos, a partir dos ensinamentos de (GIL, 2002). As pesquisas descritivas
são, juntamente com as exploratórias, as que habitualmente realizam os
pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática. São também as mais
solicitadas por organizações como instituições educacionais, empresas
comerciais, partidos políticos etc.
Neste contexto, o estudo recaiu na perspectiva exploratório-descritiva,
pois o seu propósito é evidenciar a importância dos investimentos realizados no
sistema de abastecimento de água nos municípios de Itaberaba, no estado da
Bahia, descrevendo suas peculiaridades. E no que compete à tipologia
exploratória, a pesquisa foi realizada com o intuito de ampliar os estudos nessa
área, concebendo entendimento e proporcionando novas pesquisas.

Natureza da abordagem
A respeito da natureza da abordagem, a pesquisa se identifica como. Na
premissa da abordagem quantitativa, Lakatos e Marconi (2003, p. 187)
“consistem em investigações de pesquisa empírica cuja principal finalidade é o
delineamento ou análise das características de fatos ou fenômenos, a avaliação
de programas, ou o isolamento de variáveis principais ou chave”. Acerca da
abordagem qualitativa declara-se que “a pesquisa tem o ambiente como fonte
direta dos dados. O pesquisador mantém contato direto com o ambiente e o
objeto de estudo em questão, necessitando de um trabalho mais intensivo de
campo”. (FREITAS E PRODANOV, 2013, p. 70).
Nesse entendimento, a abordagem qualitativa e quantitativa da pesquisa
contribuiu no desenvolvimento do estudo. Desta forma, o discente pesquisador
realizou o levantamento de dados qualitativos e quantitativos, referentes aos
investimentos realizados em tecnologia no ano de 2017/2018 pela EMBASA que
é responsável pelo abastecimento de água na região de Itaberaba (BA), que
colaborem para o alcance do objetivo do estudo.
Natureza da exposição do objeto
A pesquisa em tela caracterizou-se como teórico- documental, que no
dizer de Gil (2002, p. 46), “Os documentos de segunda mão são os que, de
alguma forma, já foram analisados, tais como: relatórios de pesquisa, relatórios
de empresas, tabelas estatísticas, entre outros”. A pesquisa teve como
fundamentação a experiência adquirida em um projeto implantado. Ao empregar
a natureza da exposição do objeto como teórico-documental, permitiu-se ao
autor desenvolver o estudo fundamentando-se no referencial teórico e nos dados
disponibilizados pela empresa em foco.

 Fontes

Bibliográfica
No desenvolvimento da pesquisa foram aplicadas diversas fontes para
obtenção de dados e informações relativas ao propósito do estudo, uma delas é
a fonte bibliográfica. Para GIL (2002, p. 44) “a pesquisa bibliográfica é
desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de
livros e artigos científicos”. Nesse sentido, segundo Freitas e Prodanov (2013, p.
54), a pesquisa bibliográfica é elaborada “a partir de material já publicado,
constituído principalmente de: livros, revistas, publicações em periódicos e
artigos científicos, jornais, boletins, monografias [...]”.
Desta forma, os livros são primordiais como fontes bibliográficas e de
suma importância para a elaboração da investigação científica. Assim, para
concepção desta pesquisa, foram utilizados livros que versam sobre:
Contabilidade de Custos, análise de investimento e tecnologias.

Documental
Como fonte documental, Gil (2002, p. 45), cita que a “pesquisa
documental se vale de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico,
ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa”.
Assim, tem-se que a fonte documental analisada foi a planilha de custo com
pessoal antes e depois dos investimentos realizados em tecnologia.

Eletrônica
Nos dias atuais, a fonte de pesquisa eletrônica é a ferramenta mais
utilizada, por ser mais rápida na obtenção de respostas sobre determinado
assunto, contudo o pesquisador precisa ser bastante cuidadoso com as
informações obtidas em relação a sua procedência e sua veracidade, tais
informações são de fácil acesso na rede mundial de computadores, ou seja, a
internet. Segundo Gerhardt e Silveira (2009, p. 69):
Constituída por informações extraídas de endereços eletrônicos,
disponibilizados em home page e site, a partir de livros, folhetos,
manuais, guias, artigos de revistas, artigos de jornais, etc. Apesar de
sua importante contribuição para a investigação científica, nem toda
informação disponibilizada em meios eletrônicos deve ser considerada
como sendo de caráter científico. Há de se observar a procedência do
site ou da home page.

Desta maneira, para o desenvolvimento do estudo, as fontes eletrônicas


utilizadas foram: sites de revistas, jornais conceituados com circulação nacional
nas áreas de investimentos em tecnologia, pesquisa realizada pela Fundação
Getúlio Vargas etc.

Universo
Ao elaborar a metodologia de algo a ser pesquisado é fundamental
delimitar o universo do assunto a ser realizado. Para Lakatos e Marconi (1992,
p. 108), o universo é “o conjunto de seres animados ou inanimados que
apresentam pelo menos uma característica em comum [...]”. Empregando o
conceito supramencionado, sobre o assunto pesquisado, chegou-se à conclusão
de que o universo da investigação se refere à própria empresa, responsável pelo
abastecimento de água na região de Itaberaba, ou seja, a EMBASA, coincidindo,
portanto, com a amostra.
Assim, a partir da análise de documentos internos da empresa, o discente
adquiriu as informações necessárias para expandir suas análises e, de modo
consequente, alcançar os frutos acerca do estudo.

Tabulação e tratamento de dados


Com o intuito de efetuar a análise dos dados obtidos, partiu-se para a
obrigação destes, de forma sequencial, obedecendo a ordem dos fatos. Essa
organização pôde ser realizada por meio de planilhas eletrônicas, a fim de
facilitar a busca das informações, possibilitando assim uma melhor análise dos
referidos dados. Neste quesito, Gil (2002, p. 126), “[...] quando se tem amostra
bastante numerosa e grande quantidade de dados, a tabulação eletrônica torna-
se necessária para garantir sua efetiva análise num espaço de tempo razoável”.
Após a organização dos dados, passou-se à análise e interpretação, que
segundo Gil (2002, p. 126), “é a última fase de um levantamento. Logicamente,
só pode ser efetivada depois que se dispõe de todos os dados devidamente
coletados e analisados”. Diante desta afirmação, realizou-se o tratamento dos
dados, submetendo-os aos métodos e à abordagem quantitativa e qualitativa,
considerando-se, também, o referencial teórico do estudo, rumo à elucidação da
problemática e do alcance de seus objetivos.
 Apresentação, Análise e Interpretação dos Dados

Devido ao aumento da população e da complexidade no abastecimento


de água na região de Itaberaba, a EMBASA, no final de 2016, realizou
investimentos em tecnologia na ordem de R$ 282.500,00 (duzentos e oitenta e
dois mil e quinhentos reais), a fim de reduzir os custos fixos com mão de obra e
melhorar a eficiência operacional.
Até setembro de 2017 a operação das captações dos sistemas de
Itaberaba e Ipirá, era efetuada de forma manual pelos operadores que
trabalhavam em escala de turno e pelos agentes de campo, com isso se tinha
um custo considerado elevado, já que o serviço prestado era basicamente ligar
e desligar os conjuntos moto-bombas e registrar alguns dados referentes ao
processo.

Custos com os operadores

Tabela 1 – Custos com operadores.


Quantidade de Custo unitário
Custo total mensal Custo total anual
operadores mensal
9 R$ 3.981,40 35.832,60 429.991,20
Fonte: EMBASA (2018).

De acordo com os dados fornecidos pela empresa, os custos com a mão


de obra de 9 operadores custavam anualmente R$ 429.991,20 (quatrocentos e
vinte e nove mil, novecentos e noventa e um reais e vinte centavos).
Com os investimentos realizados em tecnologia esse custo deixou de
existir e a operação passou a ser executada por meio de equipamentos
eletrônicos instalados nas estações.

Retorno sobre o investimento


O gráfico 01, na página seguinte, demonstra o valor e o tempo de retorno
do investimento realizado em Itaberaba (BA):
Gráfico 01 – Payback Automação de Itaberaba (BA).

Fonte: Leite (2018). Investimento inicial Amortização do Investimento

O retorno sobre o investimento, calculado na forma de payback simples


demonstrou a total viabilidade do projeto, proporcionando a EMBASA alcançar
seu principal objetivo.
A diluição do investimento inicial de acordo com o tempo, demonstra a
amortização mensal no valor de R$ 19.907,00 referente ao custo que se teria
com a mão de obra dos operadores do sistema de Itaberaba, o retorno sobre o
investimento se deu no curto prazo e em pouco mais de 7 (sete) meses o valor
investido foi amortizado.
O gráfico 02, a seguir, de igual modo, apresenta o valor e o tempo de
retorno do investimento realizado no sistema de Ipirá (BA):

Gráfico 02 – Payback Automação de Ipirá (BA).

Fonte: Leite (2018). Investimento inicial Amortização do Investimento Amortizar

Em relação aos investimentos realizados em Ipirá, a implantação de


tecnologia ocorreu, após, realizados no sistema de Itaberaba, a amortização
mensal no valor de 15.925,60 iniciou-se em julho deste ano e o valor dos
investimentos será amortizado na sua totalidade em fevereiro de 2019.
Em relação à eficiência operacional, segundo a gerência do setor de
operação após o star-up do projeto houve uma melhora substancial, o tempo
para identificação de anomalias reduziu bastante, as perdas por
extravasamentos de reservatórios foram reduzidas praticamente a zero, com o
uso da automação muitas falhas podem ser identificadas a partir do Centro de
Controle Operacional (CCO) e as tomadas de decisão passaram a ser mais
assertivas.

Resultados quantitativos
Com o processo de implantação do projeto, foram automatizados: 02
captações, 03 Estações Elevatórias de Água Bruta (EEAB), 09 Estações
Elevatórias de Água Tratada (EEAT). Assim 31 conjuntos moto-bombas e 15
reservatórios de água, que passaram a ser acionados e monitorados
remotamente.

 Considerações Finais

Neste artigo denominado “USO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS NO


SISTEMA INTEGRADO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA NA REGIÃO DE
ITABERABA (BA): uma solução para redução de custos e aumento da
eficiência operacional”, a partir do referencial teórico e da análise e
interpretação dos resultados, observou-se a importância da Contabilidade de
Custos como ferramenta de análise e suporte a gestão, bem como a importância
dos investimentos em tecnologia e inovação para modernização da planta
produtiva e otimização dos recursos naturais e financeiros.
Evidenciou-se, também, que a análise de custo efetuada de forma
racional e a implantação de tecnologia, proporcionou a Unidade regional da
EMBASA em Itaberaba a obter um resultado financeiro expressivo, o custo com
mão-de-obra na operação das captações de água foram totalmente extintos,
deixando a empresa de desembolsar aproximadamente R$ 430.000,00 por ano.
Outro resultado financeiro significativo foi o retorno sobre o investimento que se
deu em apenas oito meses.
Averiguou-se, ainda, que o aumento da eficiência operacional é um fator
tão importante quanto o financeiro. A identificação de problemas na distribuição
de água teve seu tempo drasticamente reduzido.
Por meio do Centro de Controle Operacional (CCO), é possível
acompanhar o comportamento do sistema, emitir relatórios para comparações
de períodos anteriores e principalmente identificação de possíveis vazamentos
e reduziu praticamente a zero os índices de extravasamentos de reservatórios.
Portanto, a problemática foi elucidada, na medida em que os resultados
evidenciam que os investimentos em tecnologia proporcionaram à empresa em
estudo a reduzir seu custo operacional com mão de obra e aumentar a eficiência
no abastecimento na região.
De igual modo, alcançou-se o objetivo pretendido, uma vez que além da
redução de custos e o aumento da eficiência operacional, o retorno sobre o
investimento evidenciou a total viabilidade do projeto, trazendo uma nova visão
para os custos da empresa.
Assim sendo, este autor entende que as tecnologias devem ser cada vez
mais utilizadas como um instrumento de apoio à gestão, pois por meio delas é
possível promover a inovação, possibilitando às empresas a reduzirem seus
custos, otimizarem a produção e fomentarem novos empreendimentos.
Finalmente, recomenda-se que os estudos referentes ao assunto, sejam
ampliados no sentido sobre os impactos do avanço da tecnologia no mercado de
trabalho e as consequências para a sociedade em geral.

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), na modalidade artigo técnico-científico,


apresentado por Alessandro Carvalho Leite ao Departamento de Educação (DEDC),
Campus XIII, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) como requisito para obtenção
do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos dos Santos.
Ano: 2018.
CAPÍTULO 32: Análise de Falhas Qualitativas de Patologias Construtivas
com o Uso de Câmeras Termográficas

 Introdução

O presente trabalho apresenta a utilização de câmeras termográficas


como ferramenta alternativa na análise de falhas de obras civis. Este trabalho
exige técnicas apropriadas para explicar e fornecer as devidas soluções como
resposta a uma manifestação patológica, dentro de um processo contínuo de
investigação que vai desde a fase de elaboração do projeto, na escolha de
materiais, e efetivamente por meio da execução do empreendimento, que
envolve muitas vezes a falta de técnica e/ou condições adequadas para uma
perfeita execução que corresponda as exigências técnicas, legais e normativas
de uso e desempenho.
Uma análise começa por meio de um processo de investigação, que pode
acontecer de formas distintas, entre elas:
I. Iniciada por uma vistoria ao local do incidente para registro de
forma visual do ocorrido;
II. Estudo por meio de análise bibliográfica de manifestações
patológicas similares em banco de dados específico;
III. Entrevistas com pessoas que presenciam os fatos para tentar
buscar maiores detalhes dos acontecimentos;
IV. Análise de projetos que estejam disponíveis para verificação de
erros ou falhas;
V. A especificação dos materiais utilizados no processo construtivo;
VI. Utilização de ensaios destrutivos e/ou métodos não destrutivos
para poder obter uma análise físico química que venha a interferir
na trabalhabilidade dos elementos construtivos.

 Desenvolvimento

As técnicas utilizadas para elaborar um diagnóstico e um método de teste


para sistemas construtivos são divididas em métodos destrutivos,
semidestrutivos e não destrutivos. Os métodos de teste não destrutivos são
técnicos não invasivas usadas para determinar a integridade de um material ou
estrutura e para medir quantitativamente algumas características de um objeto.
Ao contrário dos métodos de teste destrutivos, as técnicas não destrutivas
podem fazer uma avaliação sem causar danos, estresse ou danos irrecuperáveis
aos objetos testados.

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), na modalidade artigo técnico-científico,


apresentado por Kleber Lima Aleluia ao Departamento de Educação (DEDC), Campus
XIII, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) como requisito para obtenção do título
de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos dos Santos. Ano:
2018.
Termografia Infravermelha

A imagem térmica infravermelha é uma tecnologia não destrutiva. Por


meio da radiação infravermelha, esse método pode identificar áreas ou pontos
onde a temperatura difere do padrão pré-estabelecido (BAUER; LEAL, 2013).
Portanto, o teste é baseado na aquisição de imagens térmicas por meio de uma
câmera de imagem térmica, também conhecida como termograma
(MENDONÇA; AMARAL; CATARINO, 2012). Para o autor, o uso deste
dispositivo deve estar atrelado ao monitoramento preciso das medidas térmicas.
A imagem térmica é gerada com o auxílio de um termovisor, que capta a
radiação infravermelha emitida pela superfície e a converte em um sinal elétrico,
responsável pela criação da imagem térmica (BARREIRA; FREITAS, 2007).
Essas imagens mostram a diferença de temperatura no local do estudo na forma
de gradientes de cor (escala multicolor) ou tons de cinza (escala monocromática)
(TARPANI et al., 2009). É importante notar que a câmera de imagem térmica só
consegue reconhecer a distribuição da temperatura da superfície quando a
temperatura do objeto é diferente ou o ambiente é diferente (TAVARES, et al.,
2006).
Essa distribuição de energia é medida por meio da emissividade dos
materiais. A emissividade (ε) de uma superfície é a razão entre a emissividade
da superfície e a emissividade do corpo negro, que pode absorver toda a energia
que incide sobre ele. Segundo Barreira (2004, p. 42), esse fator depende do
comprimento de onda, da direção de visualização em relação à superfície em
estudo e da temperatura da superfície, que serão discutidos a seguir. Para
materiais sólidos, a emissividade muda de forma relativamente lenta com o
comprimento de onda, mas em gás ou líquido, ela flutua acentuadamente. Para
sólidos não metálicos, a emissividade tende a aumentar com o aumento do
comprimento de onda (BARREIRA, 2004, p. 43).
A emissividade varia dependendo do ângulo de visão. Portanto, embora
o material não mude, a superfície não plana tem uma emissividade aparente,
que varia de ponto a ponto. Para não metais, quando o ângulo perpendicular à
superfície está entre 0 ° e 60 °, a variação da emissividade é praticamente nula
(BARREIRA, 2004, p. 44).
Existem vários materiais cuja emissividade é independente da direção da
radiação e do comprimento de onda. Nestes materiais, a emissividade constante
em uma determinada temperatura pode ser considerada. Essa emissividade é
chamada de emissividade total. A emissividade total de objetos não metálicos
costuma ser superior a 0,80 e diminui com o aumento da temperatura
(BARREIRA, 2004, p. 45).
Uma maneira de obter emissividade efetiva é medir a temperatura da
superfície usando, por exemplo, um termômetro infravermelho local ou termopar.
Aponte o dispositivo infravermelho para um ponto onde a temperatura seja
conhecida, e o valor da emissividade no dispositivo irá mudar até que a
temperatura obtida seja consistente com a temperatura previamente
determinada (BARREIRA, 2004, p. 47). Outro método para objetos com
temperatura abaixo de 260º C é colar fita isolante em uma parte da superfície do
objeto, a área ocupada pela fita deve preencher o campo de visão do dispositivo.
A temperatura da fita é igual à temperatura da superfície do objeto. Use uma
emissividade de 0,95 para medir a temperatura da fita. Em seguida, meça a
temperatura da área adjacente ao objeto e ajuste a emissividade até que a
mesma temperatura seja obtida. Essa é a emissividade do material (ROMIOTTO,
2011, p. 1; BARREIRA, 2004, p. 47).
Se o objeto puder ser pintado, uma tinta preta com emissividade
conhecida (0,93 a 0,98) deve ser usada. Após obter a temperatura superficial da
área pintada, ajuste a emissividade da área não pintada até que seja obtida a
mesma temperatura superficial da área pintada (BARREIRA, 2004, p. 47). O
método utilizado para obter a emissividade dependerá das condições específicas
de cada medição, portanto você deve analisar cada situação e escolher a melhor
opção.
A atmosfera entre o transmissor e o receptor pode causar interferência na
medição. Além disso, gradientes térmicos e turbulência irão alterar o índice de
refração do ar, resultando em qualidade de imagem reduzida. No entanto, a
atenuação atmosférica é uma das maiores causas de problemas, pois produz
erros sistemáticos, que são função da faixa espectral utilizada, distância de
observação e condições meteorológicas. Portanto, é necessário corrigir o valor
medido a uma distância superior a 10 metros (BARREIRA, 2004, p. 51).
Caso a velocidade do vento seja muito alta, este evento poderá afetar a
imagem térmica. O fluxo de ar que atinge a superfície externa da parede externa
reduz a resistência térmica da superfície. Este efeito é maior nas curvas, pois a
velocidade do vento nesta área é maior. A fonte externa de calor que pode afetar
a medição da imagem térmica é o sol. Quando o calor irradiado pelo sol atinge
a parede externa, ele altera o fluxo normal de calor de dentro para fora
(BARREIRA, 2004, p. 57). A distância entre o dispositivo e o objeto pode alterar
a leitura da temperatura da superfície. A distância reduzirá a resolução do
termograma e afetará a atenuação atmosférica.
Por fim, outro fator que afeta a medição é a temperatura ambiente. Se a
temperatura for muito alta ou muito baixa, o sistema de detecção de radiação
infravermelha se tornará instável (BARREIRA, 2004, p. 58)

Classificação da Termografia Infravermelha

A imagem térmica infravermelha é dividida em qualitativa, quantitativa,


ativa e passiva. Suas especificações dependem do tipo de análise a ser realizada
e do tipo de estímulo utilizado para o procedimento (PAVÓN, 2017).
A. Termografia Qualitativa e Quantitativa
Quanto aos métodos de análise, a imagem térmica pode ser dividida em
qualitativa e quantitativa. A imagem térmica qualitativa é fácil de entender e pode
ser usada quando um resultado mais superficial de um problema é necessário.
Essa análise possibilita avaliar as condições térmicas do objeto de pesquisa sem
muitos detalhes com o auxílio do termograma (BARREIRA, 2004). Embora a
termografia qualitativa considere apenas a diferença de temperatura superficial,
vale lembrar que esta análise verifica a presença de lesões em uma determinada
área (ALAM et al., 2016).
Para facilitar a análise qualitativa e evitar erros, Barreira (2004) sugeriu
que os termovisores deveriam obter imagens de referência de áreas não
afetadas para comparação futura com áreas problemáticas. O autor enfatiza que
este procedimento pode ser considerado desde que as condições de teste e
fachada sejam as mesmas. Quando você quiser classificar a importância das
anomalias, pode usar imagens térmicas quantitativas (BAUER et al., 2014). Esse
tipo de análise leva mais tempo porque requer mais detalhes e testes mais
rigorosos. Porém, em comparação com a imagem térmica qualitativa, esse
método tem se mostrado mais eficaz, pois pode compreender a temperatura
superficial (BARREIRA, 2004).

B. Termografia Passiva e Ativa


Na termografia passiva, não há estimulação artificial, portanto, deve haver
uma diferença natural de temperatura entre o objeto de pesquisa e o ambiente
em que está inserido. Nessa técnica, os resultados obtidos são qualitativos, pois
apresentam sinais de anormalidade (MENDONÇA; AMARAL; CATARINO,
2012). Na geração de imagens térmicas ativas, os estímulos externos são
essenciais, portanto, pode haver diferenças de temperatura relacionadas. Na
maioria dos casos, essa técnica é usada quando você deseja obter resultados
quantitativos, pois permite controlar fatores como tempo, intensidade e distância.
(Mendoncia; Amaral; Catalino, 2012). Nesse caso, os tipos de estimulação
térmica mais comumente usados são pulso, bloqueio, pulso de fase e
estimulação por imagem térmica de vibração (BAGAVATHIAPAN; et al., 2013).

Fatores Que Influenciam Na Medição Da Radiação Infravermelha

Os testes de imagem térmica parecem ser de fácil execução, mas se os


defeitos do objeto forem confundidos com irregularidades na temperatura da
nsuperfície, essa técnica pode levar a conclusões errôneas (BARREIRA, 2004).
Para o autor, os fatores externos que afetam a temperatura superficial resultante
são:
I. As condições térmicas do objeto e do ambiente externo antes e
durante o teste;
II. A presença de fontes externas: sombras, reflexos de superfície de
diferentes acabamentos;
III. Condições de medição: emissividade usada, temperatura,
distância entre a câmera e o objeto, configurações do
equipamento.

A medição de imagem térmica será afetada pelo equipamento e fatores


relacionados ao alvo. A resolução geométrica IFOV (Instantaneous Field of View)
e a câmera, assim como o foco e o ângulo de visão são variáveis relacionadas
ao equipamento de teste. Em relação aos alvos, os principais fatores dos testes
de interferência são emissividade e refletividade (PAVÓN, 2017).
As variáveis relacionadas ao dispositivo são estabelecidas pelo
fabricante. Câmeras de imagem térmica com maior resolução e menor índice de
IFOV podem obter resultados mais precisos e imagens térmicas mais claras,
facilitando a detecção de anomalias (PAVÓN, 2017). Emissividade pode ser
definida como a habilidade de um objeto em emitir radiação eletromagnética,
neste caso à energia infravermelha, que está relacionada a corpos negros
(BAUER, LEAL, 2013). Fatores como tipo de material, textura da superfície e
ângulo de medição afetam diretamente a emissividade e, portanto, o valor real
da temperatura obtido durante o teste (PAVÓN, 2017).
Outro fator que interfere nos resultados dos testes de imagens térmicas é
a reflexão. Segundo Pavón (2017, p. 18), “reflexão é a interferência causada na
superfície ou superfície alvo, proveniente de objetos ou elementos localizados
no campo da imagem térmica”. O autor também destacou que essa situação é
muito comum, principalmente quando as medidas de imagens térmicas são
feitas em condições de sol forte.

Vantagens e Limitações da Termografia

Para Mendonça, Amaral e Catarino (2012), a imagem térmica


infravermelha apresenta várias vantagens, entre elas, pode-se citar que se trata
de um ensaio não destrutivo, não requer contato direto com o objeto de pesquisa,
apresenta as vantagens de pequena análise e grande área, alta eficiência de
trabalho em equipamentos, detecção de lesões invisíveis, e não vai causar
interferência aos residentes. Segundo Mendonça (2005), o uso de imagens
térmicas traz alguns benefícios, como não emissão de radiação, redução do
tempo de trabalho e grande cobertura de área para testes.
Barreira (2004) destacou que além de ser uma técnica rápida e eficaz,
também pode diagnosticar patologias em larga escala. O autor enfatiza a
segurança proporcionada por este método, pois não requer andaimes,
plataformas de trabalho ou qualquer outro equipamento de medição. Mais
importante ainda, para Barreira (2004), a imagem térmica infravermelha é muito
importante porque pode verificar a construção do sistema em um estágio
preliminar para obter dados iniciais sobre a patologia. Apesar das inúmeras
vantagens, a imagem térmica infravermelha ainda apresenta limitações, pois não
consegue determinar a espessura e a profundidade da lesão (MENDONÇA;
AMARAL; CATARINO, 2012). Para Pavón (2017), um dos principais fatores
limitantes desse método é o estudo dos reflexos superficiais.

Utilização de Termografia em Sistemas Construtivos

Dentre as diversas aplicações das câmeras de imagem térmica em


edificações, pode-se citar a detecção de problemas patológicos invisíveis e a
descoberta de causas patológicas visíveis (MENDONÇA; AMARAL; CATARINO,
2012). O autor também enfatiza que a tecnologia pode ser usada para:

I. Detecção de vazamentos de água;


II. Detectar trincas estruturais;
III. Detectar vazios dentro do concreto;
IV. Posicionamento de rede interna;
V. Análise térmica de edifícios.

A imagem térmica infravermelha pode identificar lesões e mapear a área


afetada, contribuindo para a manutenção e reparo do sistema predial. Além
disso, essa técnica auxilia no estudo do desempenho térmico de toda a
edificação (BARREIRA, 2004). O autor também enfatiza que este método pode
ser aplicado a:

I. Detectar áreas com mau isolamento em paredes externas;


II. Detecção de problemas na área de cobertura;
III. Detecção de defeitos em revestimentos de paredes externas.

Análise de Patologias com a Termografia Infravermelha

A. Fachadas de Edifícios
Em sua pesquisa, Santos (2014) usou imagens térmicas infravermelhas
para analisar qualitativamente nove fachadas de edifícios com diferentes
revestimentos. O autor fez medições em diferentes condições climáticas do dia
correspondentes a manhã, meio-dia, tarde, pôr do sol e noite. Num dos edifícios
com argamassa e tinta branca na parede exterior, podem ser identificadas
fissuras.
Figura 01 – Identificação de fissuras na fachada norte do Edifício D:
a) Fotografia digital; b) Mapa de temperatura de céu nublado e chuvoso (10:15 AM); c)
Mapa de temperatura de céu parcialmente nublado (14:00).
Fonte: SANTOS, 2014.

Pavanelo (2017) utilizou câmeras de imagem térmica para analisar


passivamente quatro fachadas revestidas de argamassa da Universidade
Federal do Pampa no campus da cidade de Alegrete. O autor inspecionou e
testou as manifestações patológicas de cada edifício, possibilitando identificar
fenômenos patológicos como fissuras e umidade. 312

Figura 02 – Fachada 1 – Imagem térmica de manifestações patológicas:


a) Mapeamento de fissuras e manchas úmidas; b) Manchas de água.
Fonte: PAVANELO, 2017.

B. Em Placas Cerâmicas
A figura a seguir mostra a análise térmica do protótipo da fachada coberta
com placas de cerâmica vermelha e amarela durante a fase de aquecimento.
A partir dessas imagens, pode-se observar que a câmera termográfica HT7 não
consegue visualizar as fissuras geradas na amostra de argamassa. Vale
ressaltar também que, durante todo o período de teste, o dispositivo de imagem
térmica se mostrou ineficaz na identificação de trincas. Isso se deve ao fato da
espessura do revestimento cerâmico utilizado ou do tamanho escolhido para as
fissuras.

Figura 03 – Termograma de aquecimento do protótipo de fachada com placas de cerâmica


vermelha a) 40 minutos; b) 80 minutos; c) 120 minutos.
Fonte: LOURENÇO; MATIAS; FARIA, 2017.

314

Figura 04 – Mapa térmico de aquecimento do protótipo de parede externa com uma placa de
cerâmica amarela: a) 40 minutos; b) 80 minutos; c) 120 minutos.
Fonte: LOURENÇO; MATIAS; FARIA, 2017.

Em relação ao desempenho do ensaio na fase de resfriamento, notou-se


que não foi possível identificar as fissuras na amostra de argamassa.
Nesta fase, o dispositivo de imagem térmica em questão mostrou-se
ineficaz na identificação de fissuras e durante a fase de aquecimento.
Figura 05 – Diagrama da temperatura de resfriamento do protótipo de fachada com placas de
cerâmica vermelha: a) 40 minutos; b) 80 minutos; c) 120 minutos.
Fonte: LOURENÇO; MATIAS; FARIA, 2017.

Figura 06 – Gráfico de temperatura de resfriamento do protótipo de fachada com placas de


cerâmica amarela: a) 40 minutos; b) 80 minutos; c) 120 minutos.
Fonte: LOURENÇO; MATIAS; FARIA, 2017.

Por meio do mapa de temperatura indicado, pode-se detectar a umidade


causada pela elevação capilar de água no protótipo da parede externa. Durante
os estágios de aquecimento e resfriamento, a patologia pode ser observada tanto
na placa de cerâmica vermelha quanto na placa de cerâmica amarela. Além
disso, nas duas etapas, pela diferença entre tons quentes e frios, pode-se
observar que no protótipo de fachada com placas de cerâmica amarela, a
visualização da umidade é mais expressiva e a absorção de calor é menor.

C. Avaliação de Isolamento Térmico


A termografia infravermelha também pode detectar facilmente a falta, o
dano ou o mau desempenho do isolamento térmico se for garantida a condição
mínima de pelo menos 10 ° C de diferença de temperatura estável entre o espaço
aquecido ou condicionado e o ar externo. A inspeção é normalmente feita de
dentro e de fora, mas os melhores resultados parecem ser obtidos de dentro, por
causa de menos influências, mas uma melhor compreensão geral do edifício
pode ser revelada a partir de vistas mais amplas das elevações externas.
Cada tipo de isolamento possui um padrão térmico característico e é
suscetível a retração e rachaduras quando mal instalado. Uma investigação
cuidadosa feita com este método pode evitar um custo eventualmente enorme
de mau desempenho do isolamento, além do consumo excessivo de energia,
congelamentos dispendiosos de tubos de água montados em cantos ou sistemas
de extinção de incêndios, problemas de saúde associados a bolor em locais frios,
danos a telhados e interiores causados por barragens de gelo, condensação e
intrusão de água.
Em termos de boas práticas, os dados devem ser coletados durante o dia
ou no início da noite, porque os efeitos da carga de calor solar podem facilmente
durar 6 a 8 h no interior e no exterior muito mais tempo. Isso geralmente resulta
na direção do fluxo de calor sendo revertida com resultados ruins como imagens
confusas e diagnósticos incorretos. Condições de ventos podem eliminar
rapidamente a diferença térmica em uma superfície, bem como melhorar outras,
portanto, no caso de problemas de construção relacionados ao vento, é
aconselhável conduzir a inspeção em condições de carga de vento.

D. Identificação de Fontes de Vazamento de Ar


Problemas de vazamento de ar podem levar ao consumo significativo de
energia para manter os parâmetros de conforto em edifícios. As deficiências
comuns consistem em falha de vedação da janela contra intempéries ou
anomalias mais complexas da via aérea por meio de um encanamento em uma
parede interna ou no forro do teto.
Visualizar o caminho do vazamento pode ser extremamente difícil sem
imagens térmicas. As inspeções de vazamento de ar são mais bem conduzidas
quando o fluxo de ar é direcionado e controlado pela criação de uma pressão
negativa interna usando ventiladores de exaustão, sistemas especializados de
porta de ventilação ou, em edifícios maiores, manipulando as configurações do
sistema HVAC. As imagens confirmam que, durante a estação de aquecimento,
os locais resultantes da infiltração de ar tendem a parecer mais frios. Este tipo
de identificação pode ser feito durante todas as estações se a diferença de
temperatura interna / externa for superior a alguns graus.
Um método complementar e mais preciso usa ventiladores de porta para
quantificar as taxas de vazamento de ar, considerando que esta técnica é a mais
relevante na previsão do desempenho de edifícios e monitoramento de obras de
vedação de ar.
E. Vazamento de Água
Vazamentos de água, seja em uma seção de parede ou embaixo de uma
laje, também podem ser localizados usando a termografia infravermelha se uma
diferença de temperatura for induzida geralmente pela simples passagem de
água. Conforme IJSER (2017) o teste envolveu a avaliação da variação da
temperatura superficial usando uma câmera infravermelha térmica e fonte de
calor como o sol para simular a fonte de vazamentos no cubo de concreto. A
amostra foi fundida em 15x15x15 cm3 inserindo dois tubos de ferro fundido
diagonalmente entre si. O teste foi realizado em condições ambientais
aproximadamente constantes (temperatura ambiente = 30ºC). O cubo de
concreto foi colocado em ambiente aberto por quase duas horas para que o cubo
fosse aquecido uniformemente. Os termogramas são retirados a cerca de 30cm
do cubo, de forma que a fonte de vazamentos possa ser detectada
preciosamente na amostra do cubo. Como pode ser visto na Figura 08, a fonte
de vazamento pode ser facilmente detectada. A parte em azul escuro mostra o
acúmulo de água no bloco de concreto. Para efeito de experimento, a água foi
despejada na tubulação que fica no bloco de concreto e mantida por algum
tempo.

317

Figura 07 – Antes de derramar água. Fonte: IJSER, 2017.

Figura 08 – Depois de derramar água. Fonte: IJSER, 2017.


A Figura 07 é o termograma antes de despejar a água. Depois disso, a
água começou a vazar do bloco de concreto. Na Figura 08, como podemos ver
na foto normal, era difícil prever a localização exata do vazamento, mas no
termograma, o violeta escuro mostra o maior acúmulo de água que é, em última
análise, a fonte do vazamento.

 Conclusão

Em função da rapidez e versatilidade na aquisição das imagens, a


inspeção termográfica é uma técnica de inspeção de grande potencialidade,
desde que corretamente efetuada e adequadamente analisada; vários
fenômenos de degradação podem ser monitorados e quantificados, inclusive o
mapeamento de anomalias pode ser muito utilizado com o emprego da
termografia.
Portanto, pode-se dizer que a imagem térmica infravermelha pode ser
qualitativamente aplicada como uma tecnologia de inspeção eficiente, pois pode
ajudar a identificar rapidamente os defeitos mais comuns em sistemas
construtivos. É importante ressaltar que na identificação de patologias em
cerâmica e na detecção de umidade, o aumento da temperatura da parede
externa terá um impacto negativo na identificação patológica. Portanto, para um
bom diagnóstico desses tipos de manifestações patológicas, mais pesquisas são
necessárias.

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), na modalidade artigo técnico-científico,


apresentado por Kleber Lima Aleluia ao Departamento de Educação (DEDC), Campus
XIII, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) como requisito para obtenção do título
de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos dos Santos. Ano:
2018.
CAPÍTULO 33: Avaliação de Desempenho e Confiabilidade Operacional da
Estação de Tratamento de Esgotos do Instituto Couto Maia, Salvador, Bahia

 Introdução

O dimensionamento adequado das unidades que compõem uma ETE


está necessariamente atrelado a uma adoção precisa de alguns parâmetros de
projeto, dentre os quais destaca-se o da vazão afluente, que por ter em seu
cálculo o número de habitantes da região a ser atendida, é um parâmetro que
reflete a quantidade de economias que consomem água e contribuem para a
geração de esgotos sanitários e, consequentemente, determina a concentração
de determinados poluentes.
Entretanto, o gerenciamento de uma ETE não se conclui após a
construção e início de sua operação. A análise de desempenho de uma ETE
também é muito importante para as tomadas de decisões relativas à
operacionalidade dos processos. Cada arranjo tecnológico possui
particularidades operacionais, e entender de que forma os processos estão
efetivamente impactando na qualidade do efluente tratado é de grande
importância no intuito de programar ações de monitoramento, manutenções
preditivas, preventivas e corretivas.
Porém, há uma questão que afeta a correta tomada de decisão tanto na
etapa de elaboração do projeto, quanto durante a operação da ETE: a
variabilidade da carga afluente. As contribuições de poluentes nos esgotos
sanitários não são uniformes ao longo do tempo, nem na quantidade, tampouco
na qualidade. Essa questão é de difícil avaliação, pois, durante a fase de projeto,
frequentemente, não se dispõe de informações detalhadas sobre a composição
dos esgotos sanitários de uma localidade e levam-se em conta valores médios
de cargas de poluentes para definir concentrações de projeto e de operação.
Dessa maneira, o estudo da confiabilidade operacional apresenta-se
como uma ferramenta de análise que considera essa variabilidade, ao fazer uso
em seus cálculos do desvio padrão e do coeficiente de variação. Assim, a análise
deixa de ser meramente binária (o efluente alcançou ou não alcançou o padrão
desejado?) E passa a alcançar outras variáveis (quão acima ou quão abaixo do
valor limite o efluente está? Por quanto tempo ele fica tanto acima ou tanto
abaixo do valor limite?). O cálculo de confiabilidade apresenta resultados
objetivos e que contribuem muito para a melhor avaliação do desempenho
operacional em uma ETE.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado por Ênedy Fernandes de Carvalho ao


Departamento de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica da Universidade Federal da
Bahia como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro Sanitarista e
Ambiental. Orientador: Prof. Dr. Luciano Matos Queiroz. Ano: 2021.
 Objetivos

Objetivo geral
Avaliar a confiabilidade operacional dos processos da ETE Couto Maia a
partir da análise de alguns parâmetros físico-químicos e biológicos.

Objetivos Específicos
 Tratar estatisticamente e analisar os parâmetros físico-químicos e
biológicos.
 Calcular as concentrações de projeto dos parâmetros analisados
na ETE Couto Maia.
 Calcular os coeficientes de variação de vazão da ETE Couto Maia.

 Marco Teórico

Situação do esgotamento sanitário no Brasil e no estado da Bahia

A Lei Federal 14.026/2020, que atualiza o marco legal do saneamento,


estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e indica que o
abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos são princípios fundamentais dos serviços públicos de
saneamento básico. Este hoje é compreendido a partir desses quatro principais
componentes (BRASIL, 2020).
A percepção do saneamento como política pública se concretiza na
década de 1970, com a criação do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA).
Ainda assim, há diversos percalços quanto ao avanço no saneamento trazido
pelo PLANASA. Costa (1991) relembrou que na época de sua implementação a
tomada de decisões era excessivamente centralizada pelo governo federal, além
da rigidez para se ter acesso aos recursos, pois, como DANTAS et al. 2012
observaram, só seriam contemplados os municípios que concedessem os
serviços de saneamento para as companhias estaduais.
Além disso, segundo Costa (1991), houve uma má distribuição desses
recursos. Primeiramente, entre os componentes do saneamento, pois enquanto
que para a expansão da rede de abastecimento foram direcionados mais de 60%
dos recursos, para o esgotamento sanitário destinou-se somente 25%, menos
da metade. Adicionalmente, segundo o mesmo autor, houve também uma má
distribuição entre as regiões brasileiras, como é mostrado na Figura 1. Vê-se a
forma desigual de destinação dos recursos. A região sudeste é a única que
recebe uma quantidade de recursos proporcionalmente maior do que o
equivalente de sua população na época.
Figura 1 – Comparação entre a distribuição de investimentos do PLANASA em
relação à população de cada região do Brasil entre 1968 e 1984.

Fonte: Adaptado de Costa (1991).

Essa disparidade permanece até os dias atuais. Isso pode ser verificado
ao analisar o Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto de 2019, que aponta
um índice de 49,1% de tratamento de esgotos a nível nacional. Mas, em se
tratando unicamente da região nordeste, esse valor cai para 33,7%. A situação
se mostra ainda mais desigual quando se considera os esgotos coletados.
Enquanto o índice nacional está em 54,1%, a região nordeste possui somente
28,3% dos esgotos coletados, representando quase metade da média nacional,
conforme descrito pela Secretaria Nacional de Saneamento (SNS) (2019a).
Nota-se, ainda de acordo com a SNS (2019a), que os indicadores
referentes à coleta e tratamento de esgoto ainda se encontram muito aquém do
desejável em nível nacional: apenas metade da população brasileira possui
coleta e tratamento dos efluentes gerados.
O estado da Bahia apresenta um índice de atendimento de rede de esgoto
de 40,1%, estando, assim, acima da média regional (SNS, 2019b). Conforme
descrito pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUR) (2004), esse
indicador tem grande influência do programa Bahia Azul, que durante a década
de 1990 e parte da década de 2000 realizou uma captação de 600 milhões de
dólares para aplicação no saneamento do estado da Bahia. No que tange ao
esgotamento sanitário, no ano de 2000 houve um aumento de 72% em relação
ao ano de 1991 no atendimento de coleta de esgotos (SEDUR) (2004).
Em se tratando especificamente do município de Salvador, o índice de
atendimento de rede de esgoto apresenta um grande contraste em relação ao
estado da Bahia: 79% da população é atendida (SNS, 2019c). Esse dado
representa quase o dobro da média de atendimento do estado.
Assim, é possível observar que, embora nesse período tenha havido uma
considerável expansão nos serviços de esgotamento no estado da Bahia, ainda
há muito a se realizar, devido ao fato de que menos da metade da população
baiana têm acesso à coleta de esgotos, principalmente no que diz respeito às
cidades do interior do estado.

Legislação aplicada ao tratamento de esgotos

Os anos de de 1970 caracterizam-se pelo grande investimento feito no


setor de saneamento, a despeito dos problemas apresentados. Entretanto, é na
década seguinte, segundo Von Sperling (1998), que se consolida de maneira
mais efetiva uma política ambiental com a criação do Sistema Nacional do Meio
Ambiente (SISNAMA) e do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
A Resolução 20/1986 do CONAMA é a primeira a tratar especificamente
do padrão de lançamento de efluentes, e durante mais de dez anos foi o
instrumento legal de maior importância nesse âmbito (VON SPERLING, 1998).
Contudo, o parâmetro Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), por exemplo,
que é de grande importância no monitoramento do tratamento de efluentes,
ainda não estava presente como uma preocupação para o lançamento de
efluentes. O parâmetro DBO estava contido somente em certas legislações
estaduais. Von Sperling (1998) notou que na época a preocupação era maior no
que dizia respeito à balneabilidade e ao enquadramento dos corpos hídricos.
Três outras Resoluções foram editadas posteriormente pelo CONAMA: as
Resoluções 274/2000 e 357/2005, que seguiam com foco no enquadramento de
corpos hídricos, e somente na Resolução 430/2011 que os padrões de
lançamento se estabelecem como um instrumento legal de abrangência
nacional, mas com os órgãos estaduais tendo autonomia para definir padrões de
lançamento mais restritivos (VON SPERLING, 1998).
A referida Resolução 430/2011 atualiza importantes conceitos que ainda
não estavam presentes na legislação anterior, como Concentração de Efeito Não
Observado (CENO), Concentração do Efluente no Corpo Receptor (CECR) e
Fator de Toxicidade (FT). A referida Resolução também preconiza em um
capítulo específico o lançamento de efluentes que não passaram por sistemas
de tratamento e outro capítulo para efluentes de sistemas de tratamento. Dois
parâmetros que ainda não eram contemplados em resoluções anteriores
aparecem: a DBO e os sólidos em suspensão totais. Dessa maneira, constata-
se que houve um avanço significativo na legislação para padrões de lançamento
de efluentes (BRASIL, 2011).
Tratamento de esgotos – Associação de rotas anaeróbias e aeróbias

Dentre as alternativas de sistemas de tratamento de esgotos sanitários,


existe a necessidade de optar por rotas aeróbias e/ou anaeróbias para
tratamento do efluente, bem como do lodo produzido no processo.
Nas alternativas anaeróbias, os sistemas mais utilizados no Brasil são:
tanque Imhoff, tanque séptico, filtro anaeróbio, lagoa de estabilização anaeróbia
e reator UASB. Tais sistemas têm como principais vantagens a facilidade de
operação e baixo custo (Jordão & Pessôa, 2005). No entanto, os parâmetros
analisados nos efluentes desses sistemas dificilmente se enquadram no que a
legislação preconiza, como ressalta Pontes (2003).
Em se tratando das alternativas aeróbias, Jordão & Pessôa (2005)
destacam os sistemas de lodo ativado e lagoas aeradas. Esses autores afirmam
que, embora esses sistemas apresentem maior eficiência na remoção de matéria
orgânica, tais arranjos possuem custos elevados de operação, além de grande
produção de lodo.
Segundo Von Sperling et al. (2001), a associação entre as rotas
anaeróbias e aeróbias é concebida, portanto, no intuito de combinar as
vantagens e mitigar as desvantagens de ambas as vias. A associação gera um
menor custo de energia e operação mais simples. O lodo que é gerado na rota
aeróbia pode ser direcionado ao reator anaeróbio (destaca-se o reator UASB),
que têm a capacidade de fazer a digestão do lodo.
Von Sperling et al. (2001) em sua pesquisa observaram uma eficiência de
remoção de Demanda Química de Oxigênio (DQO) entre 85% e 93% para um
sistema com associação dessas rotas. Isso mostra que tal associação apresenta
bons resultados no tratamento. Há, por desvantagem, a necessidade de se ter
um reator de maior volume na fase anaeróbia do processo, o que acarreta em
maior custo (Pontes, 2003).
Conforme Souza et al (2019) ressaltaram, para uma boa operação do
sistema é de grande importância o monitoramento de diversos parâmetros. O pH
de esgotos sanitários é próximo do neutro, é preciso monitorar o mesmo para
que se mantenha dessa forma, pois no tratamento ocorrem processos
bioquímicos que podem provocar a redução do pH, prejudicando a microbiota do
sistema (SOUZA et al., 2019). O nitrogênio também é um parâmetro que merece
atenção, pois as formas que ele assume no efluente podem facilitar a ocorrência
de eutrofização, provocar toxicidade a peixes e em concentrações maiores pode
causar até metahemoglobina em indivíduos que venham a ingerir a água com
poluição causada pelo nitrogênio (SOUZA et al., 2019).
Análise de confiabilidade de processos

A confiabilidade dos processos de uma ETE é conceituada pela


capacidade que esse sistema tem de manter os parâmetros físico-químicos e
biológicos de seu efluente dentro do que é preconizado pela legislação vigente
num período específico de tempo (Oliveira & Von Sperling, 2007).
A confiabilidade difere da eficiência no ponto em que, enquanto a
eficiência analisa unicamente a concentração de determinado parâmetro no
efluente, a confiabilidade estabelece uma relação entre a concentração removida
e a variação dessa concentração ao longo do tempo, além de comparar essa
relação com o limite preconizado pela legislação (Souza et al., 2019).
Aliado a isso, de acordo com Souza et al. (2019), o cálculo de
confiabilidade permite não só monitorar de maneira mais completa e objetiva a
performance de um sistema, como também auxilia nos cálculos de projeto para
uma ETE, utilizando uma concentração de projeto suficiente para se obter uma
determinada confiabilidade desejada.
Portanto, uma ETE não deve ser somente eficiente, ela também deve ser
confiável. Souza et al. (2019) destacam que, embora seja muito relevante, a
confiabilidade ainda não é um conceito presente na legislação brasileira. Embora
apresente algumas limitações, como a necessidade de os dados analisados
aderirem à curva lognormal, o estudo da confiabilidade apresenta-se como uma
boa alternativa para a análise de qualidade de tratamento em um sistema (Souza
et al., 2019).

 Metodologia

Descrição do objeto de estudo

A ETE Couto Maia fica localizada na cidade de Salvador, Bahia, no bairro


Cajazeiras II, nas coordenadas geográficas: 12° 53 '12.7 ``S; 38° 25' 07.3"W. Ela
recebe exclusivamente os efluentes gerados nas instalações do ICM, hospital
que é referência nacional no tratamento de doenças infectocontagiosas e
parasitárias. O ICM possui 574 colaboradores e capacidade para atender 400
pacientes externos, além de contar com 120 leitos para pacientes internos (Metro
Engenharia, 2018).
A ETE Couto Maia é composta por tratamento preliminar por meio de
gradeamento e caixa retentora de areia; tratamento secundário composto de
associação entre reator UASB e sistema de lodo ativado e tratamento terciário
por meio de cloração. A descrição está baseada no projeto construtivo elaborado
pela empresa Ideal San® no ano de 2018. A Figura 2 mostra uma imagem aérea
da localização da ETE Couto Maia.
Figura 2 – Imagem aérea da ETE Couto Maia.

325
Fonte: Adaptado de Airbus Maxar Technologies (2021).

O tratamento preliminar para a remoção de resíduos sólidos –


indevidamente descartados na rede de coleta – e areia ocorre por meio de
gradeamento por barras fixas médias, com 25mm de espaçamento livre entre
barras, 300mm de largura e inclinação de 60o, com limpeza manual e duas
caixas retentoras de areia atuando em paralelo. Cada caixa tem uma largura,
comprimento e profundidade útil de 0,30 m, 1,20 m e 0,30 m, respectivamente,
e um volume de 0,108 m³.
Após a caixa de areia há uma calha medidora de vazão do tipo Parshall
com 76 mm de largura da garganta. A Figura 3 mostra imagens do tratamento
preliminar.
Figura 3 – Imagens das unidades do Tratamento Preliminar da ETE Couto Maia.

Fonte: Autoria Própria (2021).

326
O tratamento secundário inicia-se com um reator UASB, com volume útil
de 43,6 m3 e com uma válvula de descarte de fundo. Na Tabela 1 encontram-se
os demais dados construtivos do reator. Na Figura 4 mostram-se imagens do
reator UASB.
Figura 4 – Imagens do Reator UASB implantado na ETE Couto Maia.

Fonte: Autoria Própria (2021).


Tabela 1 – Dados Construtivos do Reator UASB implantado na ETE Couto Maia.

Fonte: Adaptado de Ideal San® (2018).

Posteriormente, o efluente segue para os reatores anóxico e aeróbio,


dispostos em série e com um volume total de 86,2 m³. A aeração no reator
aeróbio é realizada por meio de dois compressores operando de maneira
escalonada, que insuflam ar no licor misto por meio de 40 difusores a uma vazão
de 0,076 m3/min.
Há também quatro bombas de recirculação, duas operam em paralelo e
direcionam o lodo sedimentado do reator aeróbio para o reator anaeróbio; as
outras duas direcionam o lodo sedimentado do decantador secundário para um
canal de distribuição, do qual é possível direcionar o lodo para três reatores
distintos: o reator UASB, o reator anóxico ou o reator anaeróbio. Há uma válvula
de descarte de fundo em cada reator. Na Tabela 2 encontram-se os demais
dados construtivos de ambos reatores.

Tabela 2 – Dados Construtivos do Reator anóxico + aeróbio implantados na ETE Couto Maia.

Fonte: Adaptado de Ideal San® (2018).

O decantador secundário possui um volume útil de 15,4 m³ e uma seção


piramidal com inclinação de 70o. Na Tabela 3 encontram-se os demais dados
construtivos do decantador.
Na Figura 5 mostram-se imagens do sistema de lodo ativado, composto
pelo reator anóxico, reator aeróbio e o decantador secundário.
Tabela 3 – Dados Construtivos do Decantador Secundário implantado na ETE Couto Maia

Fonte: Adaptado de Ideal San® (2018).

Figura 5 – Sistema de Lodo Ativado da ETE Couto Maia.

328

Fonte: Autoria Própria (2021).

O tratamento terciário, mostrado na Figura 6, é composto por um tanque


de contato para aplicação de cloro com volume útil de 4 m3, distribuído entre 4
câmaras anóxicas com dimensões de 1,00 x 1,00 x 1,00 m.
As câmaras operam em série e recebem solução de hipoclorito de sódio
oriunda de dois tanques com volume de 500 litros cada, ligados em série e que
direcionam a solução até o tanque por duas bombas dosadoras, que operam de
maneira escalonada. Na Tabela 4 encontram-se os demais dados construtivos
do tanque de contato.
Figura 6 – Tratamento Terciário da ETE Couto Maia.

Fonte: Autoria Própria (2021). 330

Tabela 4 – Dados Construtivos do Tanque de Contato de cloro da ETE Couto Maia.

Fonte: Adaptado de Ideal San® (2018).

O fluxo completo do efluente presente na ETE Couto Maia segue a ordem


das etapas apresentadas anteriormente: Inicialmente, no tratamento preliminar,
seguido do reator UASB. Posteriormente, o efluente dos reatores UASB é
encaminhado para os reatores anaeróbio e aeróbio, decantador secundário e
tanque de contato.
Contudo, é possível realizar manobras operacionais para direcionar o
efluente – após o tratamento preliminar – para o reator anóxico e/ou para o reator
anaeróbio. Outra possibilidade é a de direcionar o efluente do reator UASB para
o reator aeróbio ou para o tanque de contato. Na Figura 7 vê-se um fluxograma
dos processos de tratamento instalados na ETE Couto Maia.
Figura 7 – Fluxograma de Processos da ETE Couto Maia.

331

Fonte: Autoria Própria (2021).

Todas as unidades são prismáticas e construídas em concreto armado.


No período do estudo, o reator UASB e o reator anóxico estavam desativados.

Descrição dos dados utilizados

Para esse estudo, a Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A.


(EMBASA) disponibilizou dados sobre aspectos quantitativos e qualitativos dos
esgotos afluentes e efluentes à ETE Couto Maia. Os dados de características
físico-químicas e microbiológicas dos esgotos sanitários compreendem
resultados de análises de alíquotas simples do período compreendido entre o
mês de abril do ano de 2019 e julho do ano de 2021 para a concentração dos
seguintes parâmetros: coliformes termotolerantes, DBO, DQO, fósforo total,
nitrogênio total, sólidos em suspensão totais, sólidos sedimentáveis, pH e cloro
livre. Os dados quantitativos correspondem à vazão afluente à ETE obtidos por
meio da leitura visual de medidor de vazão ultrassônico pelos operadores da
ETE Couto Maia, no período de junho de 2019 a julho de 2020 (exceto os meses
de setembro e dezembro de 2019 e de fevereiro a maio de 2020, que não
estavam disponíveis).
Cálculo de confiabilidade operacional

Com os dados de análise do efluente tratado realizou-se o cálculo de


confiabilidade operacional da ETE. Os cálculos foram realizados seguindo a
metodologia descrita por Souza et al. (2019).
Primeiramente realizou-se uma verificação da normalidade dos dados por
meio de verificação da aderência dos dados de cada um dos parâmetros à curva
lognormal com auxílio do software Microsoft Excel®, aplicando o teste
Kolmogorov-Smirnov, avaliando se os dados analisados possuem aderência a
uma distribuição lognormal (hipótese nula) ou não (hipótese alternativa).
Para aceitação da hipótese nula faz-se necessário que o valor de p seja
maior ou igual a 0,05 (p ≥0,05). Sendo menor que 0,05 (p < 0,05) a hipótese nula
é rejeitada. Somente para os parâmetros cujos dados aderiram à distribuição
normal, seguiu-se com o cálculo dos valores de parâmetros da estatística
descritiva: Média (eq. 1), Desvio Padrão (eq. 2) e Coeficiente de Variação (eq.
3).

Com o coeficiente de variação obtido foi possível calcular a variável


normal padronizada Z (1-α) (eq. 4), e, a partir do uso da fórmula DIST.NORMP
com o auxílio do software Microsoft Excel® para aplicação no valor calculado de
Z (1-α), obteve-se uma porcentagem de confiabilidade do sistema.

Onde:
XS = Padrão de lançamento a ser atingido.

Cálculo de concentração de projeto

Adicionalmente, realizou-se o cálculo da concentração de projeto a partir


da metodologia descrita por Souza et al. (2019).
Definiu-se uma confiabilidade (Cf = 1 − α) para uma respectiva variável Z
da curva normal padronizada (Tabela 5) e, também, do Coeficiente de Variação
de acordo com os valores da Tabela 6. A confiabilidade adotada foi de 95%,
tendo assim a variável Z igual a 1,645. O valor do CV adotado para a avaliação
de todos os parâmetros foi igual a 0,49, conforme calculado por Oliveira (2006).

Tabela 5 – Valores da variável Z para curva normal padronizada.

Fonte: Adaptado de Souza et al. (2019).

Tabela 6 – Valores de CV obtidos para DBO, DQO e SS em efluentes de sistemas de


tratamento de esgoto.

Fonte: Adaptado de Souza et al. (2019).

A partir desses valores, calculou-se o Coeficiente de Confiabilidade (CDC)


de acordo com a eq. (5). Conhecido o valor de CV e de Z (1-α) têm-se, para todos
os (1−α) parâmetros, o CDC = 0,52. Como pode ser visto a seguir:
Com o CDC é possível chegar ao valor da concentração de projeto do
parâmetro (mx) em estudo usando a eq. (6).

Cálculo das Eficiências de Remoção

Outro dado relevante diz respeito ao cálculo das eficiências de remoção


para alguns parâmetros monitorados. O cálculo das eficiências de remoção foi
efetuado por meio da eq. (7).

Coeficientes de variação de vazão

Para verificação do perfil de vazão afluente à ETE Couto Maia,


calcularam-se, a partir dos dados obtidos de vazão, os coeficientes de variação
de vazão com base nas eq. (8), eq. (9) e eq. (10).

Os coeficientes obtidos foram comparados com os valores recomendados


pela NBR-9649/1986 (ABNT, 1986), que trata de projetos de redes coletoras de
esgoto sanitário, e os intervalos e valores presentes na literatura, bem como o
valor de vazão média calculado com os valores de projeto presentes no memorial
descritivo elaborado pela Ideal San® (2018).
 Resultados e Discussão

Teste de normalidade

Após o teste de normalidade para todos os parâmetros de saída (efluente


final), somente DBO, DQO, Nitrogênio Total e Sólidos em Suspensão foram os
que se adequaram a uma distribuição normal, de acordo com o teste
Kolmogorov-Smirnov, conforme podem ser vistos os respectivos p-valores na
Tabela 7. Os demais parâmetros, a saber: coliformes termotolerantes, fósforo
total, sólidos sedimentáveis, cloro livre e pH não aderiram a uma distribuição
lognormal.

Tabela 7 – Resultado do Teste de Normalidade.

Fonte: Autoria própria (2021).

O teste de aderência à curva lognormal é essencial para o cálculo de


confiabilidade, e é possível notar que mais da metade dos parâmetros analisados
(5 de 9) não passaram no teste de normalidade. Uma vez que, de acordo com
Souza et al. (2019), diversos estudos indicam que a curva lognormal é a
distribuição que melhor descreve os dados de parâmetros de efluentes,
constata-se que o número reduzido de parâmetros com aderência à curva
lognormal pode decorrer da pequena quantidade de dados disponíveis e também
da frequência de análise.

Matéria Orgânica (DBO e DQO)

Confiabilidade operacional e eficiência de remoção

A Resolução 430/2011 do CONAMA estabelece como padrão de


lançamento para DBO, a concentração de 120 mg O 2/L (Brasil, 2011). O valor
médio das concentrações de DBO obtida foi de 42 mgO 2/L. Na Tabela 8
encontra-se o valor de confiabilidade encontrado para DBO.
Tabela 8 – Confiabilidade operacional para DBO.

Fonte: Autoria própria (2021).

Esse resultado significa que durante 97% do tempo de operação, espera-


se que a concentração de DBO no efluente final esteja abaixo do valor
preconizado pela legislação vigente, ou seja, 120 mg O2/L (Brasil, 2011).
Como é possível observar na Figura 8, somente houve uma ocorrência
de concentração superior ao limite de 120 mg O 2/L no período avaliado. Mas,
ainda nesse caso, a legislação prevê que, para concentrações maiores que 120
mg O2/L, caso o sistema de tratamento possua uma eficiência de remoção
mínima igual a 60%, o efluente é considerado adequado para lançamento.
No mês em questão (julho de 2021), a remoção foi de 76%, como pode
ser observado na Figura 9. Aliado a isso, constata-se que em todos os meses de
análise, a eficiência de remoção de DBO permaneceu acima de 60%, como pode
ser visto também na Figura 9.

Figura 8 – Valores obtidos para DBO.


336

Fonte: Autoria própria (2021).


Figura 9 – Eficiência de remoção de DBO e DQO.

Fonte: Autoria própria (2021).

Dessa forma, constata-se que a ETE Couto Maia é confiável na eficiência


de remoção de matéria orgânica medida em DBO. Tal fato demonstra a
vantajosa associação entre rotas anaeróbias e aeróbias na remoção de matéria
orgânica. Constata-se, também, que a DQO possui relação com a DBO, fato que
pode ser observado na Figura 9, que mostra que os valores de remoção para
ambos os parâmetros foram próximos nos meses analisados.

Concentração de projeto

Para o cálculo de concentração de projeto, é muito importante adotar um


adequado valor do coeficiente de variação, uma vez que essa variável,
juntamente com o valor adotado do nível de confiança, definirá o valor da média
da concentração do parâmetro analisado de modo a garantir o atendimento à
legislação vigente. O valor obtido se encontra na Tabela 9.

Tabela 9 – Concentração de projeto para DBO.

Fonte: Autoria própria (2021).

Esse resultado significa que para que o efluente final esteja adequado aos
padrões preconizados na legislação para o parâmetro analisado, com 95% de
confiança, a concentração média de projeto para DBO deve ser igual a 62 mg
O2/L. O valor médio na ETE Couto Maia para DBO no efluente final é de
aproximadamente 42 mg O2/L. Portanto, pode-se afirmar que o sistema é
confiável na remoção de matéria orgânica medida como DBO em mais de 95%
do tempo de operação.
Ressalta-se que não foi calculada a confiabilidade operacional nem a
concentração de projeto para DQO pelo fato de que a legislação não estabelece
um limite de concentração para o referido parâmetro. O referido parâmetro foi
utilizado para comparação com a DBO em termos de eficiência de remoção.

Nitrogênio Total

Confiabilidade operacional e concentração de projeto

Para o parâmetro nitrogênio total, a resolução 430/2011 do CONAMA


estabelece um valor máximo de concentração igual a 20 mg N/L como padrão
de lançamento (Brasil, 2011). Na Tabela 10 constam os valores de média,
confiabilidade operacional e concentração de projeto para esse parâmetro.

Tabela 10 – Dados de média, confiabilidade operacional e concentração de projeto para


Nitrogênio Total.

Fonte: Autoria própria (2021).

A reduzida confiabilidade obtida para a remoção de nitrogênio total pode


ser confirmada ao notar que o valor da média da concentração é o dobro do
limite máximo preconizado na legislação e quase cinco vezes maior que a
concentração que seria necessária para garantir que os valores do parâmetro
estivessem adequados à legislação em 95% do tempo de operação.
Aliado a isso, observa-se que em nenhum dos meses analisados, o
parâmetro se encontrou abaixo do valor máximo permitido, como pode ser visto
na Figura 10, reforçando que o sistema não pode ser considerado confiável para
remoção de nitrogênio total.
Figura 10 – Valores obtidos para Nitrogênio Total.

Fonte: Autoria própria (2021).

Tal situação pode ser explicada pelo fato do reator anóxico estar
temporariamente desativado. O reator anóxico, como parte integrante do sistema
de lodo ativado, atua no processo de nitrificação-desnitrificação, e é nessa etapa
em que ocorre – em maior medida - a remoção do nitrogênio. Dito isso, sugere-
se a reativação do reator em questão para que haja maior eficiência nesse
sentido.
Ressalta-se que não se realizou cálculo de eficiência de remoção pelo
fato de que a legislação não estabelece porcentagem de remoção mínima para
nitrogênio total.

Sólidos em Suspensão Totais

Confiabilidade operacional e concentração de projeto

Para o parâmetro sólidos em suspensão totais, a legislação não fixa um


valor limite para enquadramento do efluente tratado. Exige-se uma remoção
mínima de 20% da carga afluente.
Para esse parâmetro, obteve-se uma confiabilidade semelhante à de
DBO, como mostra-se na Tabela 11.
Tabela 11 – Dados de média, confiabilidade operacional e concentração de projeto para
Sólidos em Suspensão Totais.

Fonte: Autoria própria (2021).

A alta confiabilidade para sólidos em suspensão totais pode ser


confirmada ao notar que o valor da concentração de projeto é maior do que o
valor da média da concentração do parâmetro. Isso garante que o sistema possui
capacidade de remoção maior do que o mínimo necessário, de acordo com o
limite preconizado na legislação. Aliado a isso, há apenas uma ocorrência em
que os parâmetros sólidos em suspensão totais possui uma eficiência de
remoção inferior ao limite mínimo preconizado na legislação, como vê-se na
Figura 11.

Figura 11 – Eficiências de remoção para Sólidos em Suspensão Totais.

Fonte: Autoria própria (2021).

Uma vez que diversos estudos constatam que a distribuição lognormal é


a que melhor descreve os dados de parâmetros de efluente, a pequena
quantidade de parâmetros aderidos à curva lognormal indica uma pequena
quantidade de dados disponíveis, demonstrando a necessidade de mais dados
para estudo. Pois quanto menor uma amostra de determinada população, maior
a probabilidade dessa amostra não descrever precisamente a população total.
Dessa maneira, sugere-se uma maior frequência nas análises dos parâmetros.
Com mais dados será possível futuramente realizar estudos de maior precisão.
Entretanto, os resultados obtidos para o cálculo de confiabilidade
operacional entregam uma boa base para indicação de situações no sistema que
necessitam de resolução. Observou-se que a confiabilidade apresenta de
maneira mais tangível a qualidade de um resultado, algo que não seria possível
olhando unicamente o valor de um parâmetro e o limite preconizado pela
legislação. Isso se torna ainda mais concreto com o cálculo de concentração de
projeto. Nele é possível chegar a um valor de concentração ideal para que o
sistema opere de maneira desejável, ficando estabelecida uma meta de remoção
que leva em conta a variabilidade do sistema.

Vazões

A ETE Couto Maia foi projetada para receber uma vazão média de 3,56
m3/h, ou 0,99 L/s (Ideal San®, 2018).
A partir do tratamento estatístico dos dados de vazão obtidos, calculou-se
o valor da vazão média diária igual a 3, 17±0, 18 m 3/h, que corresponde a 11%
de diferença entre a vazão calculada em projeto e a vazão medida. Na Figura 12
é possível observar as vazões médias diárias em cada mês do período de
análise. Foi possível também calcular os coeficientes de variação de vazão K1,
K2, e K3, que são mostrados na Tabela 12.

Figura 12 – Vazões Médias Diárias.

Fonte: Autoria própria (2021).


Tabela 12 – Coeficientes de variação de vazão.

Fonte: Autoria própria (2021).

Na Tabela 13 constata-se que os coeficientes encontrados na Tabela 12


se encontram dentro de alguns dos intervalos registrados em literatura, em que
os respectivos autores calcularam tais coeficientes a partir da medição direta em
sistemas em operação. Tal fato mostra que os valores calculados se encontram
próximos a valores medidos. Essa análise do perfil de vazão, tanto em relação à
aproximação da vazão média com a vazão de projeto quanto da aderência dos
coeficientes de variação de vazão a alguns dos intervalos registrados em
literatura, é importante para que se possa compará-la com o perfil médio que se
espera em uma ETE. Como mencionado anteriormente, a vazão é fundamental
na análise de desempenho de uma ETE.

Tabela 13 – Coeficientes de variação de vazão obtidas por medições ou recomendadas para


projeto.

342

Fonte: Adaptado de Sobrinho & Tsutiya (2000).


 Conclusões

O trabalho de avaliação de desempenho e confiabilidade dos processos


da ETE Couto Maia permitiu concluir que:

 Os parâmetros coliformes termotolerantes, fósforo total, sólidos


sedimentáveis, cloro livre e pH não aderiram a uma distribuição
lognormal, não sendo possível a avaliação quanto às suas
respectivas confiabilidades e concentrações de projeto.

 A ETE é confiável na remoção de matéria orgânica medida em


DBO. Calculou-se um CDC de 0,97 para o parâmetro DBO, o que
indica que a concentração de DBO está abaixo do valor limite
preconizado pela legislação durante 97% do tempo.

 A ETE é confiável para a remoção de sólidos em suspensão totais.


Calculou-se um CDC de 0,99 para o parâmetro em questão,
indicando que em 99% do tempo a ETE Couto Maia produz um
efluente com a concentração dos sólidos em suspensão totais
abaixo do valor limite preconizado pela legislação.

 A ETE não é confiável para remover nitrogênio total. O CDC


calculado foi de 0,01. Isso significa que a concentração de
nitrogênio total estará abaixo do limite preconizado pela legislação
somente em 1% do tempo. Ou seja: o efluente da ETE Couto Maia
quase nunca apresenta a concentração de nitrogênio total
necessária para atender a legislação.

 O perfil de vazão da ETE Couto Maia é semelhante ao esperado


para uma estação de tratamento de efluentes. A vazão afluente à
ETE apresenta valor similar ao de projeto, com um desvio de 11%.
Os coeficientes de variação de vazão calculados estão dentro dos
intervalos de valores observados na literatura.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado por Ênedy Fernandes de Carvalho ao


Departamento de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica da Universidade Federal da
Bahia como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro Sanitarista e
Ambiental. Orientador: Prof. Dr. Luciano Matos Queiroz. Ano: 2021.
CAPÍTULO 34: Previsão de Consumo de Água em Rede de Distribuição
Urbana Utilizando Redes Neurais: Aplicação no Sistema Integrado de
Abastecimento de Água de Salvador, Brasil

 Introdução

A água, produto essencial à vida, é também um elemento necessário em


quase todas as atividades humanas, destacando-se entre elas o uso doméstico,
industrial, geração de energia elétrica, agricultura, entre outros (SETTI et al.,
2001). Devido a ampla utilização de água e por se tratar de um recurso limitado,
a escassez de água vem se tornando um grave problema para a humanidade a
décadas. Muitos esforços em todas as direções possíveis estão sendo feitos
para compensar este problema crescente (GONZáLEZ-ZEAS et al., 2019).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é recomendado
o uso de 75 litros de água por dia para proteção contra doenças domésticas e
50 litros por dia para o uso básico de uma família. Apesar disso, segundo WHO
(2008), estima-se que aproximadamente 884 milhões de pessoas por todo o
mundo não tem acesso a água própria para o consumo. Ainda segundo WHO
(2019), 1,870 milhão pessoas morrem todo ano em decorrência da utilização de
água imprópria para o consumo. Por outro lado, as utilizações de reservas de
água potável crescem consideravelmente ao longo dos anos. Assim, assegurar
água limpa e fresca é um dos principais problemas ambientais da atualidade,
bem como a sua utilização de forma eficiente, otimizando os processos que mais
consumem este recurso.
No caso específico do uso doméstico o consumo oscila entre 8% a 11%
do uso total, segundo dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento
Básico (ANA, 2019). No Brasil, boa parte do consumo de água é realizada pelo
setor agrícola, o que corresponde a quase 70% de toda a água de fato
consumida no país, conforme Figura 1. Para o abastecimento urbano, são
retirados aproximadamente 500 m3/s de água e são consumidos ao final 100
m3/s. Existe um retorno muito grande da água tratada para o meio ambiente
devido ao uso de atividades domésticas e principalmente devido as perdas
físicas no decorrer do processo deste setor.
Aparentemente essa faixa de valor pode não ser expressiva, mas quando
olhamos uma planta industrial de topologia quase serial e distribuída que
historicamente acumula altos níveis de perdas físicas de água em toda sua
cadeia produtiva, a gestão desse uso se torna fator fundamental para a solução
do problema.

Monografia apresentada por Carlos Cesar Oliveira Araujo Filho ao Instituto de Ciências
Matemáticas e de Computação – ICMC USP, como parte dos requisitos para conclusão do
curso de MBA em Ciência de Dados do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à
Indústria. Área de Concentração: Ciência de Dados. Orientador: Prof. Dr. Cláudio Fabiano
Motta Toledo. Ano: 2022.
Figura 1 – Demandas de uso da água no Brasil em 2017, por finalidade de uso.

Fonte: ANA (2019).

O Brasil é um país privilegiado quanto à disponibilidade hídrica total, no


entanto a ocorrência da água é desigual em seu território e ao longo do ano, bem
como a demanda por sua utilização e a infraestrutura adequada para o seu
aproveitamento e, principalmente, a conservação. A cultura da abundância
hídrica tem sido gradativamente substituída pela ideia da água como bem finito
e dotado de valor econômico (ANA, 2019). Por outro lado, a crescente demanda
de água e o risco de desabastecimento estão associados ao aumento da
população urbana. Consequentemente, a previsão de demanda e consumo está
se tornando um fator fundamental na manutenção deste recurso cada vez mais
raro. Portanto, a distribuição controlada, em quantidade e qualidade, representa
um dos principais desafios das áreas urbanas brasileiras, principalmente em
grandes metrópoles como a Região Metropolitana de Salvador (RMS).
Segundo a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia
(SEI), a Região Metropolitana de Salvador cresceu 0,77%, partindo de 3,99
milhões de habitantes em 2016 para aproximadamente 4,02 milhões em 2017.
Este crescimento foi impulsionado principalmente pelo aumento das populações
das cidades ao redor de Salvador, como Camaçari (cresceu 1,65%), Lauro de
Freitas (cresceu 1,54%) e Dias D’Ávila (cresceu 1,58%). Este crescimento se
apresentou muito acima do crescimento médio do Estado que foi de 0,44% (SEI,
2019). Salvador é a terceira no ranking de municípios com maiores vazões
retiradas para consumo doméstico no Brasil, de acordo com a Tabela 1.
Atualmente, segundo dados da Embasa, Empresa Baiana de Águas e
Saneamento, a RMS já se aproxima de uma vazão retirada de 10 m3/s, o que
corresponde um aumento de aproximadamente 20% em menos de 5 anos. Este
alto crescimento do consumo está associado ao crescimento das cidades que
compõem a região metropolitana.

Tabela 1 – Maiores Vazões Retiradas (m3/s) por Município (2017) - Humano Urbano.

Fonte: SNIRH (2017).

Assim, é necessário garantir a máxima eficiência possível na utilização


deste recurso, seja por causa dos problemas de desabastecimento enfrentados
por países subdesenvolvidos, seja para lidar com a preservação e manutenção
da humanidade no planeta. Deste modo, a operacionalização dos sistemas de
abastecimento e distribuição de água é um dos componentes principais nesta
luta. A operação dos sistemas de abastecimento sempre foi desafiadora,
principalmente em centros urbanos como Salvador, onde ajustes frequentes
precisam ser realizados em resposta a variação da demanda.
Esta é influenciada por fatores como o tamanho da cidade, características
da população, natureza, tamanho dos estabelecimentos comerciais e industriais,
custos do abastecimento e topologia hidráulicos do sistema (SANTOS, 2011).
Deste modo, formas de prever o comportamento do consumo de água podem
auxiliar as empresas a otimizar os custos operacionais, reduzir perdas de água,
aumentar a eficiência energética e melhorar o serviço prestado para a
comunidade.

 Motivação

A Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (Embasa) é uma


empresa brasileira concessionária de serviços de saneamento básico de quase
todo o estado da Bahia, sociedade de economia mista de capital autorizado e
pertencente ao Governo do Estado da Bahia, seu acionista majoritário, detendo
99,69% do capital total da companhia (WIKIPÉDIA, 2021b). Prestando serviços
de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, a empresa é responsável
por todo o processo envolvido, desde a captação, tratamento e distribuição de
água, até a coleta e destinação dos esgotos domésticos.
A empresa fornece seus serviços a 367 do total de 417 municípios do
Estado da Bahia, conforme observado na Figura 2. Ela atende prioritariamente
a área urbana nestes municípios, bem como uma parcela considerável da
população rural localizada nas proximidades e dispersas ao longo de sistemas
integrados. Com seu mapa estratégico atualizado para o ciclo de 2021-2025, a
Embasa tem como missão prestar serviços de abastecimento de água e
esgotamento sanitário, com excelência e sustentabilidade, contribuindo para a
universalização e melhorando a qualidade de vida (EMBASA, 2021).

Figura 2 – Localidades atendidas com abastecimento de água no Estado da Bahia.

Fonte: Elaborada pelo autor.

A luz do Novo Marco Legal do Saneamento Básico, sancionada por meio


da Lei n∘ 14.026/2020 (BRASIL, 2020), grandes desafios precisarão ser
enfrentados para a adequação das empresas para a universalização da água. A
Embasa não será diferente e medidas já estão sendo tomadas para adequação
da empresa, para garantir a sustentabilidade econômico-financeira. O marco
impõe uma meta de 99% de cobertura para abastecimento de água e 90% de
cobertura e tratamento de esgoto até 2033, a qual só será atingindo com
investimentos nas áreas de otimização e automação de processos, eficiência
energética e controle de perdas.
A idealização deste trabalho surgiu com o proposito de atender as
necessidades da Gerência de Suporte Operacional da Embasa na Diretoria
Metropolitana, MSSO, em realizar a gestão ativa do processo de distribuição de
água tratada para a RMS. Este setor é responsável pela macrodistribuição dos
principais sistemas que compõem a região. Por meio de decisões gerenciais
diárias, o setor busca otimizar o processo de modo a fornecer água a todos em
regime 24/7, evitando o desabastecimento da população.
Assim, a previsão de consumo de água pretende fornecer suporte a
tomada de decisões mais eficientes, o que requer um sistema de informações e
diagnósticos para orienta-las. Questões como a característica do consumo nas
zonas de abastecimento, a influência temporal e cíclica no perfil de consumo e
os impactos das condições meteorológicas são necessárias para entender o
comportamento complexo de um sistema de distribuição urbana. Neste sentido,
a Equipe de Automação Industrial da Gerência de Engenharia de Manutenção
Eletromecânica (MPMM-A) busca dos subsídios por meio da disponibilização
das informações de processos automatizados da empresa.
A Plataforma de Informações de Processos da Embasa (PIPPE) é uma
ferramenta desenvolvida internamente na empresa e amplamente utilizada pelas
unidades operacionais, fornecendo históricos, gráficos de tendências,
indicadores e dados em tempo real de todo o processo, desde a captação,
tratamento e distribuição de água, até a destinação dos esgotos domésticos.
Este trabalho pretende utilizar os dados captados pelos sistemas de
automação, controle e telemetria da empresa por meio da PIPPE, e disponibilizar
ferramentas de visualização, dentro da PIPPE, dos modelos desenvolvidos e
implementados para a previsão de consumo de água na RMS. Para ajudar no
processo de gestão desses recursos, este trabalho mostra a utilização de
inteligência artificial na previsão do consumo no Sistema Integrado de
Abastecimento de Água (SIAA) da ETA Principal que distribui cerca de 70% da
água tratada para a RMS. Os conceitos de machine learning e deep leaning
associados a séries temporais foram utilizadas para prever o padrão de consumo
horário por meio dos níveis dos reservatórios em diversas regiões. Assim, é
possível planejar a operação e distribuição dos sistemas de abastecimento de
água de forma a otimizar os processos compatibilizando produção e consumo e
como consequência otimizar os custos de produção, energia elétrica, logística,
entre outras ações.

 Objetivos Gerais e Específicos

O agravamento da crise de mananciais disponíveis em tempos secos cria


a necessidade de haver controles mais rigorosos na distribuição da água para
os mais variados segmentos da economia, aproveitando melhor o recurso que já
se tem. Este trabalho tem o objetivo de enunciar a problemática da previsão de
consumo urbano de água a curto prazo, utilizando métodos relacionados às
Redes Neurais Artificiais (RNA) com a possibilidade de trazer melhorias na
operação do sistema de distribuição de água da RMS. No mesmo sentido, visa
realizar a previsão dos níveis dos reservatórios das principais regiões que são
atendidas pela ETA Principal em tempo real, assim, prevendo o comportamento
do consumo de água. Para alcançar este objetivo geral, algumas etapas
necessitam ser definidas e alcançadas, quais sejam:

 Mapear e identificar quais métodos de previsão estão sendo


utilizados para previsão de consumo de água;

 Efetuar o tratamento do conjunto de dados captados;

 Aplicar os métodos definidos no conjunto de dados reais extraídos


dos sistemas de automação da empresa em diferentes horizontes
de previsão;

 Comparar a performance dos modelos obtidos por meio de


parâmetros estatísticos que demostrem sua viabilidade em
diferentes horizontes de previsão;

 Propor o desenvolvimento de um dashboard dentro da plataforma


de automação da empresa com a aplicação do modelo de melhor
desempenho;

 Criar rotina de aprendizado online para o modelo final.

 Definição de Previsão

A previsão pode ser definida como a estimação de uma determinada


variável em um tempo futuro utilizando dados do passado, e pode ser necessária
em muitas situações. Segundo Hyndman e Athanasopoulos (2021), as previsões
podem ser exigidas com vários anos de estimativas, ou somente alguns minutos.
Quaisquer que sejam as necessidades ou horizontes de tempo, a previsão é uma
ajuda importante para um planejamento eficaz e eficiente. As estimativas futuras
podem auxiliar no planejamento de investimentos financeiros, na logísticas de
produtos de uma empresa, ou mesmo no gerenciamento de pacotes de um
roteador.
Existem diversos métodos de previsão de variáveis qualitativas e
quantitativas (HYNDMAN; ATHANASOPOULOS, 2021). A escolha do método
passa por uma análise da própria variável a ser estimada, dos dados históricos
disponíveis, horizonte de previsão, fatores que contribuem para oscilações e
como o futuro se assemelha ao passado (SANTOS, 2011). As etapas para
construção de um modelo de previsão, segundo Montgomery, Jennings e
Kulahei (2015), pelas seguintes fases:
 Definição do problema;
 Coleta de dados;
 Análise de dados;
 Seleção e treinamento de modelos;
 Validação de modelo;
 Obtenção das previsões;
 Monitoramento da performance do modelo de previsão.

Previsão de consumo de água

A disponibilidade de água em sistemas de abastecimento urbano é uma


grande preocupação das empresas prestadoras desse serviço, principalmente
pelo crescente impacto das secas, mudanças climáticas e crescimento
populacional. Gerenciar o uso doméstico de água pode levar a uma redução na
necessidade de investimentos em infraestrutura, ajudar a garantir o
abastecimento de água no futuro, bem como economizar o uso de energia
doméstica e as emissões de efeito estufa (BELLO-DAMBATTA, 2014).
Garantir o equilíbrio entre oferta e demanda de água é um tema crescente,
especialmente sob a ameaça do clima, da população e de outras mudanças
futuras incertas (XENOCHRISTOU, 2019). Entender o comportamento do
consumo de água, com fatores demográficos, climáticos e socioeconômicos
trazidos para a equação, é essencial para satisfazer esse equilíbrio.
Assim, existem diversos fatores que influenciam o consumo de água.
Segundo Tsutiya (2006), podemos destacar os principais:

 Hábitos e padrões de vida;


 Tipo de consumo (residencial, comercial, industrial e público);
 Condições climáticas;
 Tarifa de cobrança;
 Pressão na rede de distribuição;
 Perdas no sistema.

Este trabalho busca entender como algumas variáveis citadas influenciam


o comportamento de consumo em grandes centros urbanos. O conhecimento
dessas correlações é fundamental para o dimensionamento de modelos
complexos em diferentes horizontes de predição que serão detalhados ao longo
do trabalho.

Modelos de previsão de consumo

Uma serie temporal é um conjunto de observações ordenadas no tempo.


Com o avanço do poder de processamento e armazenamento dos
computadores, estas observações ganharam escalabilidade. Na indústria, os
instrumentos e sensores estão cada vez mais conectados e geram um volume
muita grande de informações. Assim, modelos para análise de séries temporais
foram evoluindo ao longo do tempo.
Métodos clássicos como regressão linear, ARIMA e ETS são usados
tradicionalmente em séries temporais. Todavia, sistemas de abastecimento de
água são altamente não lineares e correlacionados entre se, o que dificulta a
utilização dos métodos clássicos (BRAUN et al., 2014). Modelos baseados em
Machine Learning se tornaram popular em predição de consumo. Esses tipos de
abordagens apresentam desempenho superior aos métodos clássicos.
Mouatadid e Adamowski (2016) avaliam a utilização de diversos métodos
de aprendizado de máquina para previsão de demanda de água no Sistema de
Abastecimento de Montreal no Canadá. Foram utilizados dados meteorológicos
e de consumo disponíveis entre 1999 e 2010 com o objetivo de realizar previsões
com horizonte de predição de 1 e 3 dias. Os modelos propostos utilizavam RNA,
SVM, MLR e ELM e foram comparados utilizando RMSE, MSE e R. Os
resultados mostraram que o modelo ELM apresentou o melhor desempenho
dentre os modelos estudados para previsão de 1 e 3 dias.
Zhu et al. (2020) propuseram o estudo da previsão de níveis de lagos.
Foram estudados os níveis de 69 lagos temperados na Polônia, realizando a
comparação de dois modelos de redes neurais, DNN e LSTM, no horizonte de
um mês. O estudo traz uma abordagem interessante no desenvolvimento de um
único modelo multivariável para previsão. Os resultados apontaram que os
modelos obtiveram um desempenho global satisfatório para a previsão dos 69
lagos, com apenas diferenças marginais. Os resultados também indicam que o
modelo LSTM não mostrou superioridade significativa sobre o modelo DNN
tradicional, sendo que o modelo DNN apresentou melhores métricas de
desempenho em 33 dos 69 lagos.
Menapace, Zanfei e Righetti (2021) propuseram a análise de otimização
de modelos em redes neurais para um sistema de abastecimento de água em
Trentino na Itália. O trabalho consiste em utilizar o método grid search na
otimização dos hiperparâmetros, como conjuntos de dados, horizonte de
predição e variáveis de entrada. As redes utilizadas no estudo foram a DNN,
LSTM, SRNN e GRU em um intervalo de predição de 1 hora a 1 semana. De
forma a resumir as análises realizadas com os resultados, os autores apontam
que a otimização das camadas e nós da RNA é afetada pela variabilidade nos
resultados devido ao caráter estocástico da RNA que usa aleatoriedade de várias
maneiras, como inicialização de peso, embaralhamento de amostra e validação
cruzada k-fold. Ainda, apontam que quanto maior o horizonte de predição, mais
complexo o modelo se torna com o crescimento das camadas e nós. Por fim,
observou-se que as redes LTSM e GRU apresentaram os melhores
desempenhos com a otimização dos hiperparâmetros.
Seo et al. (2015) utilizaram dados de níveis de reservatórios de entrada
para avaliar a previsão dos mesmos no contexto operacional. O estudo teve
como objetivo desenvolver e aplicar dois métodos híbridos de redes neurais, a
WANN e a WANFIS por meio da decomposição wavelet. A decomposição é
empregada para decompor uma série temporal de entrada em componentes de
aproximação e detalhes. Estas séries temporais decompostas foram utilizadas
como parâmetros de entrada dos métodos propostos. O estudo foi realizado na
barragem de Andong na Coreia do Sul e concluíram que a utilização de
decomposição de séries temporais junto com redes neurais melhora os
indicadores de performance. Em novo estudo, Seo, Kwon e Choi (2018) propôs
uma abordagem de decomposição VMD com a utilização de ELM. O modelo
desenvolvido foi comparado com os métodos ELM, MLP e VMD-MLP Os
resultados apresentados mostraram melhor desempenho para o modelo VMD-
ELM na previsão em horizonte de 1, 3 e 5 dias.
Guo et al. (2018) propuseram o uso de um modelo GRU para uma
previsão de demanda de água de 24 horas em intervalos de 15 minutos. O
estudo analisou os dados coletados em Changzhou na China em distritos de
abastecimento. Os dados foram coletados com frequência de 15 minutos, porém
só eram transmitidos a cada 24 horas, aumentando o erro das predições. Para
mitigar este problema, o modelo incorporou um modelo de predição de 15
minutos para corrigir o modelo de 24 horas. Assim, Guo et al. (2018) concluíram
que a utilização de um modelo de correção melhorou o desempenho, sendo que
o GRU foi o melhor em comparação com SARIMA e CNN.
Chang et al. (2014) avaliaram as enchentes urbanas por meio dos níveis
dos reservatórios de enchente, que consiste em uma estação de bombeamento
e acompanhamento da elevação dos níveis devido as fortes chuvas. Este tema,
apesar de não ser considerado sistema de abastecimento, possui similaridades
na dinâmica do processo e a resolução do problema pode ser aplicável em
sistemas urbanos de distribuição de água. O estudo analisa os dados
hidrológicos na cidade de Taipei em Taiwan. Foi apresentado, para esse tipo de
problemática, a necessidade de obtenção de modelos de previsão em tempo
real. Para isso, foi proposto a criação de 3 modelos utilizando RNA, sendo elas,
BPNN, Elman-NN e NARX. Os resultados demostraram que o modelo proposto
com a rede NARX apresentou os melhores coeficientes de desempenho para
horizontes de previsão entre 10 a 60 minutos.
Wang et al. (2019) desenvolvem um estudo de previsão de níveis de água
durante tufões em desastres ambientais. O estudo propôs a criação de um
modelo utilizando uma rede neural convolucional casual dilatada, DCCNN para
produzir previsões de níveis de água com horizonte de predição de 1 a 6 horas.
Foi realizado a análise de 16 eventos de tufões que ocorreram entre 2012 e 2017
em Taiwan. O estudo compara o modelo DCCNN com MLP e SVM, demostrando
que o modelo proposto possui desempenho superior e robustez para ser utilizado
em um sistema de alarme de desastre.
Dados faltantes

Em sistemas industriais automatizados, é comum a ocorrência de


problemas em instrumentos que realizam o monitoramento de varáveis,
responsáveis por gerar as séries temporais. Estas falhas podem ser ocasionadas
devido a defeitos nos equipamentos, falhas elétricas e de comunicação, entre
outras. Devido a essas intercorrências e ao tempo de reparo pelas equipes de
manutenção, a ausência de dados com certos intervalos é rotineira.
Em pesquisas científicas, a presença de dados faltantes é um problema
comum que afeta os resultados de modelos de predição (CHOI, 2018). Segundo
Gill et al. (2007), algoritmos de aprendizagem são afetados por dados faltantes
mais do que modelos baseados em físico-química porque eles dependem
fortemente de dados para aprender as relações de comportamento que estão
sendo modelados. Apesar de não está relacionado com o tema de
abastecimento, a tese de (CHOI, 2018) faz uma análise muito bem detalhado
sobre a falta de dados em demanda de energia. Ele propôs um modelo
modificado DRNN para tratar de predição de séries temporais com dados
faltantes.
Apesar de ser comum a presença de dados faltantes em plantas de
saneamento, existem poucos estudos nesta área. Wibowo, Arbain e Abidin
(2018) avaliou os dados de nível de água no Rio Dungun na Malásia. O estudo
realizou inferência de dados faltantes por meio de regressão linear e média, e
aplicou em modelos de previsão. Os resultados observaram que o modelo
utilizando Algoritmo Genético teve melhor desempenho que os métodos
ARIMA/SARIMA, BPNN e NARX. Já Shrestha, Manandhar e Shrestha (2020)
desenvolveu um modelo MLP para previsão de demanda de água no Nepal. Ele
lida com os dados faltantes por meio da imputação por interpolação linear.
A abordagem de Quevedo et al. (2010) propuseram a reconstrução de
dados faltantes em um intervalo de 10 minutos. Foi realizada um estudo no
sistema de abastecimento de Barcelona com a utilização do algoritmo LAMDA
para reconstruir um dado em uma frequência de 10 minutos. O estudo
desenvolveu uma ferramente em tempo real para prever a demanda de água e
reconstruir os dados faltantes.
Vanberlo, Ross e Hsia (2021) realizaram um estudo sobre o consumo de
água na cidade de London no Canadá. O trabalho comparou diversos modelos
de predição, incluindo regressão linear, método Prophet e redes neurais. Os
resultados obtidos demonstraram que o método Prophet apresentou o melhor
desempenho e foi capaz de lidar com dados faltantes. Essa abordagem não
realizou a imputação de dados, fez o estudo considerando a falta destes em
determinados períodos. Na mesma linha, Sapitang et al. (2020) propôs o
desenvolvimento de modelos que lidam com dados faltantes, não realizando a
imputação dos mesmos. Neste estudo foi utilizado BDTR, DFR, BLR e NNR, e
concluiu com os resultados que o modelo BDTR apresentou melhor
desempenho. Em Gill et al. (2007), o estudo analisou o desempenho de dois
modelos, RNA e SVM para previsão de curto prazo em diferentes níveis de
dados faltantes. Estes níveis variaram entre 0 a 50% e mostraram que, com o
aumento de dados faltantes, o modelo RNA diminui a precisão.

Dados meteorológicos

Um dos principais fatores que influenciam o consumo de água são as


condições climáticas. É notório que em dias mais quentes a população tem uma
demanda maior de água em comparação com dias frios e chuvosos. Existem
diversos trabalhos que analisam a influência de variáveis meteorológicas no
consumo de água (JENTGEN et al., 2007; HERRERA et al., 2010; SANTOS,
2011; SANTOS; FILHO, 2014; MOUATADID; ADAMOWSKI, 2016; BRENTAN et
al., 2017; XENOCHRISTOU, 2019). As variáveis mais comumente utilizadas são
temperatura e precipitação, porém é possível encontrar trabalhos que lidam com
irradiação, velocidade dos ventos e horas de brilho do sol.
A tese de Santos (2011) e artigo publicado (SANTOS; FILHO, 2014)
apresentam uma análise dos dados de consumo da Região Metropolitana de
São Paulo no Brasil. Os dados são utilizados para predição de demanda
utilizando modelo RNA com horizonte de predição variando de 1 a 36 horas.
Foram consideradas as variáveis de temperatura, umidade, chuva, pressão,
direção e velocidade dos ventos. O estudo também considerou as falhas de
instrumentos, removendo variáveis que possuíam um nível elevado de dados
faltantes, não ouve imputação de dados. Os resultados mostraram melhor
desempenho para o horizonte de observação de 12 horas com predição de 3
passos a frente.
Os capítulos 2 e 3 da tese de Xenochristou (2019) apresenta um estudo
detalhado das correlações das variáveis meteorológicas com o consumo de
água. O estudo analisou os dados de precipitações, umidade, temperatura do ar,
temperatura do solo, radiação e tempo de brilho solar. Foram desenvolvidos
diversos modelos de previsão utilizando RF, Gradient Boosting, RNA e outros.
Herrera et al. (2010) avaliam os dados de séries temporais de consumo
de água em área urbana. Os dados foram obtidos em uma frequência horária e
possuíram alta não linearidade. O trabalho desenvolveu diversos modelos de
rede neural, floresta aleatória, regressão vetorial de suporte, entre outros. Os
dados foram obtidos por meio de um sistema de abastecimento de água em uma
cidade no sudeste da Espanha, aproximadamente 5000 consumidores são
atendidos com uma demanda média de 19 m3/h. O objetivo foi realizar a previsão
com um horizonte de predição de 2 semanas e concluiu que o modelo SVM
obteve o melhor desempenho dentre os modelos estudados.
Brentan et al. (2017) estudaram o impacto de planejamento e operação
de um sistema de abastecimento de água em Franca no Brasil. O trabalho aplica
um modelo SVM, como um dos métodos para previsão de curto prazo com
melhor desempenho. O modelo proposto é no formato hibrido com a utilização
de série de Fourier para melhorar o desempenho. Os resultados apresentados
demostraram que o modelo realizou previsões satisfatórias para curto prazo
horário, porém não foi capaz de captar as oscilações extremas de máxima e
mínima. Ainda, o modelo proposto foi desenvolvido para realizar previsões em
tempo real.
O custo de energia elétrica é um dos grandes problemas em empresas de
abastecimento de água, sendo segundo na lista das maiores despesas, ficando
atrás somente do recurso humano. Prestar serviço suficiente e de qualidade com
as restrições hidráulicas impostas pelo setor é uma tarefa difícil (SANTOS,
2011). Neste sentido, JENTGEN et al. (2007) identificam os melhores métodos
de previsão de consumo de água que podem ser usados para otimizar
cronogramas de bombeamento para minimizar os custos de energia em sistema
de abastecimento de água. Os dados analisados são extraídos de diferentes
empresas de saneamento nos Estados Unidos. São comparados métodos
heurísticos, de regressão e redes neurais para a previsão com um horizonte de
24 horas com dados meteorológicos. Os resultados obtidos demostram que o
desempenho é similar entre os métodos, embora a rede neural mostrou ser mais
eficiente para previsão horária e a regressão linear foi melhor para previsões
diárias.

Conclusão

O trabalho propõe-se a lidar com previsão de consumo de água por meio


de diferentes métodos de predição, avaliando a relação de consumo as variáveis
antrópicas e meteorológicas e a presença de dados faltantes. Diferente dos
trabalhos relacionados acima, este estudo pretende utilizar as variáveis de
entrada dos reservatórios que compõem o sistema de abastecimento de água.
Por se tratar de um sistema integrado, as vazões e níveis de um reservatório
influenciam o comportamento de outro, além de inserir não linearidades nas
válvulas de controle ao longo da adutora integrada.
A Tabela 2 apresenta de forma resumida os trabalhos mais recentes e
importantes na área de previsão de consumo de água.
Tabela 2 – Resultado do estudo de revisão sistemática.

Tabela 2 – Resultado do estudo de revisão sistemática (Continuação). 355

Fonte: Dados da pesquisa.

 Visão Geral

A Região Metropolitana de Salvador é abastecida por meio de um Sistema


Integrado constituído por quatro estações de tratamento de água da EMBASA:
ETA Principal, ETA Suburbana, ETA Vieira de Mello e ETA Teodoro Sampaio. O
consumo doméstico médio está em torno de 10 m3/s, terceiro maior do país. O
sistema de distribuição é constituído por 16 reservatório que servem como
pulmão para o fornecimento ininterrupto de água para a população. A ETA Vieira
de Mello entrou em operação em 1963 e a ETA Teodoro Sampaio em 1972 e
estão localizadas no Parque da Bolandeira, na cidade de Salvador. Entre os anos
de 1976 e 1986, ambas passaram por reformas e ampliações da capacidade
nominal. Atualmente, cada uma pode tratar até 2,5 m3/s, no entanto, devido à
deterioração da qualidade da água nos mananciais que as abastecem (rios
Joanes e Ipitanga, a partir de captação nas barragens Joanes I e Ipitanga I),
operam com vazão reduzida na maior parte do ano. A ETA Principal, construída
em 1991, está localizada no Km 35 da BR-324, próximo à localidade conhecida
por Menino Jesus, zona rural do município de Candeias – BA. A água bruta é
oriunda dos seguintes mananciais: rio Paraguaçu, rio Joanes e rio Jacuípe, por
meio dos sistemas adutores de Pedra do Cavalo, Joanes II e Santa Helena,
respectivamente, sendo que o sistema adutor de Santa Helena, com captação
no rio Jacumirim, atualmente, só é utilizado em caso de nível crítico da barragem
Joanes II. A ETA Suburbana tem sua operação restrita a momentos específicos
para auxiliar no controle de demanda. A ETA Principal é a maior estação de
tratamento de água do Norte e Nordeste e trata diariamente 7 m3/s de água,
distribuindo para 9 reservatórios e será o objeto de estudo deste trabalho. O
sistema da ETA Principal é responsável por 70% do abastecimento de todo
Sistema Integrado de Abastecimento de Água da Região Metropolitana de
Salvador.
Na Figura 3 é possível observar uma visão macro do fluxograma do
processo do SIAA Salvador. Os 9 reservatórios que são abastecidos pelas
adutoras da ETA Principal são R7, R10, R14, R17, R18, R20, R21, R23 e R25.
Todo o processo é realizado por meio de gravidade devido ao bombamento
realizada na estação e ao reservatório de regulação de pressão, o Stand Pipe.

Figura 3 – Fluxograma de processo da SIAA Salvador.

Fonte: Elaborada pelo autor.


O setor de Macrodistribuiçao (MSSO) possui a missão de ordenar o
fornecimento de água entre os reservatórios de regulação que compõem o
sistema. Por meio da vasta experiência na dinâmica do abastecimento, os
colaboradores deste setor realizam manobras nas linhas de distribuição de modo
a otimizar a oferta limitada de água produzida pelas estações de tratamento.
Este trabalho tem como objetivo auxiliar os colaboradores da MSSO na
tomada de decisões em tempo real das manobras que precisam ser realizadas
ao longo do dia. Assim, a previsão de curto prazo dos níveis dos reservatórios
irá fornecer uma estimativa de consumo para que as manobras realizadas sejam
mais precisar e a água esteja sempre disponível à população.
As variáveis analisadas na ETA Principal foram: 110FI04 – ETA Principal:
Vazão de Saída Linha Velha (l/s), 110FI05 – ETA Principal: Vazão de Saída
Recôncavo (l/s), 110FI09 – ETA Principal: Vazão de Saída Linha Nova (l/s),
110LI01 – ETA Principal: Nível do Reservatório de Contato (l/s) e 110LI02 – ETA
Principal: Nível do Stand Pipe (l/s). As adutoras do Sistema – ETA Principal estão
representados na Figura 4.

Figura 4 – Adutoras da ETA Principal.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Nas próximas seções, apresentamos uma breve descrição dos


reservatórios e seu comportamento, considerando as variações de nível, para
permitir um maior entendimento do problema abordado.

R7 – Cabula

O reservatório R7 – Cabula pertence a Unidade Regional do Cabula


(UML) e é constituído por um sistema de 4 câmaras apoiadas de 12 metros de
altura e capacidade de armazenamento de 36.000 m3. Possui ainda uma estação
elevatória com quatro conjuntos motobomba (CMB) que recalcam a água para
um reservatório elevado de 500 m3 para abastecer as zonas altas da região. O
reservatório possui a maior capacidade do SIAA e abastece outros subsistemas.
O R7 é abastecido pela ETA Principal e pela mistura das ETA Vieira de Mello e
ETA Teodoro Sampaio por meio da estação elevatória Alta Carga no Parque da
Bolandeira.
As variáveis analisadas no R7 foram: 810FI03 – R7 Cabula: Vazão de
Entrada da Alta Carga (l/s), 810FI04 – R7 Cabula: Vazão de Entrada da ETA
Principal (l/s), 810FI08 – R7 Cabula: Vazão de Saída para São Gonçalo (l/s),
810FI09 – R7 Cabula: Vazão de Saída para UMF (l/s), 810FI10 – R7 Cabula:
Vazão de Saída para Pernanbués (l/s), 810FI51 – R7 Cabula: Vazão de Saída
para A. Liberdade (l/s) e 810LI01 – R7 Cabula: Nível dos Reservatórios Apoiados
(m). Na Figura 5 é possível observar o comportamento típico deste reservatório
em um período semanal.

Figura 5 – Amostra do nível do reservatório do R7.

Fonte: Elaborada pelo autor.

R10 – Ilha Amarela

O reservatório R10 – Ilha Amarela pertence a Unidade Regional de Pirajá


e é constituído por uma câmara apoiada de 8 metros e capacidade de
armazenamento de 8.700 m3. Possui três CMB’s e uma câmara elevada de 700
m3. As variáveis analisadas no R10 foram: 660FI01 - R10 Ilha Amarela: Vazão
de Entrada (l/s), 660FI02 – R10 Ilha Amarela: Vazão de Saída para Zona Alta
(l/s), 660FI07 – R10 Ilha Amarela: Vazão de Saída para Zona Baixa (l/s) e
660LI01 – R10 Ilha Amarela: Nível do Reservatório Apoiado (m). Na Figura 6 é
possível observar o comportamento típico deste reservatório em um período
semanal.
Figura 6 – Amostra do nível do reservatório do R10.

Fonte: Elaborada pelo autor.


R14 – Águas Claras

O reservatório R14 – Águas Claras pertence a Unidade Regional de Pirajá


e é constituído por duas câmaras apoiadas de 8 metros e capacidade de
armazenamento de 17.400 m3. Possui dois CMB’s e uma câmara elevada de 500
m3. As variáveis analisadas no R14 foram: 620FI01 – R17 Pirajá: Vazão de
Entrada (l/s), 620FI02 – R17 Pirajá: Vazão de Saída para Zona Alta (l/s), 620FI04
– R17 Pirajá: Vazão de Saída para Zona Baixa (l/s) e 620LI01 – R17 Pirajá: Nível
do Reservatório Apoiado (m). Na Figura 7 é possível observar o comportamento
típico deste reservatório em um período semanal.

Figura 7 – Amostra do nível do reservatório do R14.

Fonte: Elaborada pelo autor.

R17 – Pirajá

O reservatório R17 – Pirajá pertence a Unidade Regional de Pirajá e é


constituído por uma câmara apoiada de 7 metros e capacidade de
armazenamento de 7.616 m3. Possui três CMB’s e uma câmara elevada de 600
m3. As variáveis analisadas no R17 foram: 610FI01 – R17 Pirajá: Vazão de Saída
para Zona Alta (l/s), 610FI03 – R17 Pirajá: Vazão de Entrada (l/s), 610FI04 –
R17 Pirajá: Vazão de Saída para Zona Baixa (l/s) e 610LI01 – R17 Pirajá: Nível
do Reservatório Apoiado (m). Na Figura 8 é possível observar o comportamento
típico deste reservatório em um período semanal.

Figura 8 – Amostra do nível do reservatório do R17.

Fonte: Elaborada pelo autor.


R18 – Valéria

O reservatório R18 – Valéria pertence a Unidade Regional de Pirajá e é


constituído por uma câmara apoiada de 8 metros e capacidade de
armazenamento de 8.700 m3. Esta estação também é abastecida pela ETA
Suburbana quando a mesma entra em operação.
As variáveis analisadas no R18 foram: 630FI01 – R18 Valéria: Vazão de
Saída para Zonas (l/s), 630FI02 – R18 Valéria: Vazão de Saída para
Periperi/Coutos (l/s), 630FI03 - R18 Valéria: Vazão de Entrada (l/s) e 630LI01 –
R18 Valéria: Nível do Reservatório Apoiado (m). Na Figura 9 é possível observar
o comportamento típico deste reservatório em um período semanal.

Figura 9 – Amostra do nível do reservatório do R18.

Fonte: Elaborada pelo autor.

360

R20 – Cajazeiras

O reservatório R20 – Cajazeiras pertence a Unidade Regional de


Bolandeira e é constituído por uma câmara apoiadas de 8 metros e capacidade
de armazenamento de 8.700 m3.
As variáveis analisadas no R20 foram: 550FI01 – R20 Cajazeiras: Vazão
de Entrada (l/s) e 550LI01 – R20 Cajazeiras: Nível do Reservatório Apoiado (m).
Na Figura 10 é possível observar o comportamento típico deste reservatório em
um período semanal.

Figura 10 – Amostra do nível do reservatório do R20.

Fonte: Elaborada pelo autor.


R21 – Simões Filho

O reservatório R21 – Simões Filho pertence a Unidade Regional de Pirajá


e é constituído por uma câmara apoiada de 8 metros e capacidade de
armazenamento de 8.700 m3.
As variáveis analisadas no R21 foram: 670FI01 – R21 Simões Filho:
Vazão de Entrada (l/s), 670FI02 – R21 Simões Filho: Vazão de Saída para Zona
Baixa (l/s) e 670LI01 – R21 Simões Filho: Nível do Reservatório Apoiado (m). Na
Figura 11 é possível observar o comportamento típico deste reservatório em um
período semanal.

Figura 11 – Amostra do nível do reservatório do R21.

Fonte: Elaborada pelo autor.

361
R23A – Caji

O reservatório R23A – Caji pertence a Unidade Regional de Bolandeira e


é constituído por uma câmara apoiada de 8 metros e capacidade de
armazenamento de 8.700 m3. As variáveis analisadas no R23A foram: 570FI01
– R23A Caji: Vazão de Entrada (l/s), 570FI05 – R23A Caji: Vazão da Linha LN
DN 500 (l/s), 570FI06 – R23A Caji: Vazão da Linha Sub 1 DN 700 (l/s) e 570LI01
– R23A Caji: Nível do Reservatório Apoiado (m). Na Figura 12 é possível
observar o comportamento típico deste reservatório em um período semanal.

Figura 12 – Amostra do nível do reservatório do R23A.

Fonte: Elaborada pelo autor.


R25 – São Caetano

O reservatório R25 – São Caetano/Goméia pertence a Unidade Regional


de Cabula e é constituído por uma câmara apoiadas de 8 metros e capacidade
de armazenamento de 8.700 m3. Possui quatro CMB’s e uma câmara elevada
de 1.000 m3. Atualmente a câmara apoiada está interditada, sendo assim, o
abastecimento acontece por meio de by pass realizado no reservatório para a
elevatória. As variáveis analisadas no R25 foram: 830FI01 – R25 São Caetano:
Vazão de Entrada (l/s) e 830LI02 – R25 São Caetano: Nível do Reservatório
Elevado (m). Na Figura 13 é possível observar o comportamento típico deste
reservatório em um período semanal.

Figura 13 – Amostra do nível do reservatório do R25.

Fonte: Elaborada pelo autor.

 Dados Utilizados

O presente projeto utiliza informações históricas, obtidas por meio do


PIPPE (Plataforma de Informações de Processos das Plantas da Embasa),
sistema PIMS (Plant Information Management System) da empresa. Todo o
sistema é monitorado por meio de sensores industriais interligados a
Controladores Lógicos Programáveis (CLP’s). Este por sua vez realiza a
transmissão dos dados por meio de comunicação wireless (Rádio VHF, Rádio
SHF e GPRS).
Para este projeto, foram extraídos dados brutos de 38 variáveis do SIAA
Salvador originalmente armazenados com uma frequência de 5 minutos. Foi
selecionado o período de janeiro de 2019 a maio de 2021 para realização do
estudo. As variáveis são os níveis dos reservatórios que são abastecidos pela
adutora da ETA Principal, suas vazões de entrada e saídas. Foram utilizados
também as vazões de água produzida, de forma a realizar um balanço mássico
de água produzida e água consumida, conforme descrito na seção anterior.
Para os dados faltantes na base de dados, o sistema PIPPE realiza de
forma automática a interpolação linear quando o dado oriundo do sensor
industrial é recebido com qualidade ruim (falta de comunicação, baixo isolamento
elétrico, falha no sensor, entre outros motivos). Assim, todos os dados faltantes
foram eliminados, conforme pode ser observado na matriz da Figura 14.

Figura 14 – Matriz de dados faltantes do conjunto de dados.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Por fim, o conjunto de dados foi tratado de modo a eliminar outliers de


processo. Devido a todas as variáveis serem oriundas de sensores industriais,
seus limites mínimos e máximos são conhecidos, o range de medição. Assim, foi
realizado um tratamento para eliminar os dados fora destes ranges.
Os dados passaram por um filtro passa-baixa para eliminar os ruídos de
medição devido a alta frequência na aquisição dos dados. A Figura 15 mostra a
correlação de Spearman entre as variáveis selecionadas para entrada nos
modelos e as variáveis targets para previsão após o conjunto de dados passar
pelo pré-processamento. A correlação de Spearman avalia a intensidade da
relação monótona entre duas variáveis, seja linear ou não.

Figura 15 – Matriz de correlação de Spearman entre as variáveis e os targets do SIAA


Salvador.

Fonte: Elaborada pelo autor.


Demais variáveis

Foram selecionadas variáveis derivadas da hora da coleta do dado,


denominadas variáveis temporais. Nove séries temporais foram inseridas no
conjunto de dados: Ano, Mês, Estação do Ano, Semana do Ano, Dia, Dia da
Semana, Dia do Ano, Hora e Minuto. Estas variáveis irão estabelecer a relação
temporal e recorrente dos dados para os modelos propostos.
Os dados meteorológicos foram obtidos por meio de uma parceria com o
INEMA, Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia. O
órgão centraliza os dados de estações meteorológicas e, em parceria com a
CODESAL (Defesa Civil do Município de Salvador), possui estações
pluviométricas espalhadas por diversas regiões da RMS. Foram utilizadas as
seguintes variáveis: Temperatura, Umidade, Pressão, Velocidade do Vento,
Direção do Vento, Rajada de Vento, Radiação e Precipitações. As precipitações
foram coletadas de unidades da CODESAL em 12 diferentes regiões que são
responsáveis por monitorar desastres naturais. Na Figura 16 é possível
visualizar a correlação entre os dados meteorológicos e as varáveis de processo
da empresa. Nota-se que algumas variáveis possuem forte impacto no consumo
de água, como temperatura, radiação e ventos.

Figura 16 – Matriz de correlação de Spearman entre as variáveis meteorológicas.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Os dados meteorológicos possuíam uma frequência de amostragem


horária, assim, foi necessário realizar o processo de upsampling para padronizar
com as variáveis de processo.
A Figura 17 mostra a estrutura completa dos dados utilizados no
desenvolvimento dos modelos propostos.

Figura 17 – Estrutura completa do conjunto de dados do projeto após o pré-processamento.

365

Fonte: Elaborada pelo autor.

 Fluxo de Trabalho

O percurso metodológico contempla a aquisição dos dados por meio do


sistema PIPPE para extração das séries temporais. É realizado um tratamento
dos dados de modo a filtrar, remover falhas e tratar os dados faltantes no
conjunto. Após o conjunto de dados processados, é realizado a montagem dos
batchs de treinamento com janela deslizantes. A utilização de janela deslizante
é essencial quando se trata de uma base de dados muito grande em que o
hardware projetado não é capaz de processar todas as informações em
memória, assim utiliza-se do recurso de uma janela deslizante para otimizar a
memória alocada do hardware.
Em seguida, os modelos propostos são construídos em framework em
Python específico para inteligência artificial profunda e seus desempenhos
avaliados. Por fim, o melhor modelo é otimizado, avaliado e posto em produção.
As etapas do desenvolvimento são ilustradas a seguir:

 Coleta e tratamento dos dados;


 Criação do conjunto de dados por janela deslizante;
 Construção e treinamento dos modelos propostos;
 Otimização de batch size;
 Otimização de hiperparâmetros por meio do método Random
Search;
 Avaliação de desempenho;
 Implementação do modelo em produção.

Na seção seguinte, alguns conceitos são brevemente demostrados para


o entendimento dos modelos de redes neurais utilizados e implementados, assim
como os critérios de avaliação utilizados.

Redes Neurais Artifciais

A área da ciência conhecida como Inteligência Artificial (IA) tem o


propósito de reproduzir por meios computacionais capacidades inteligentes que
os seres humanos possuem, como pensar, comunicar-se, resolver problemas,
armazenar informações e conhecimentos e aprender. Pode-se citar algumas
famosas técnicas relacionadas ao assunto como Regressão Logística, SVM,
Algoritmos Genéticos e Redes Neurais Artificiais.
RNA’s são baseadas no funcionamento do cérebro humano, como ele se
interconecta e estabelece comandos a partir dos neurônios, sendo parte
elementares do cérebro. A ideia é reproduzir o processamento de informações
do cérebro com um modelo artificial de neurônios, que similar ao comportamento
biológico, se conectam formando grandes redes neurais.
Os neurônios humanos se comunicam por meio de impulsos. Ele recebe
este impulso nos dendritos, processa a informação, produz uma substância
neurotransmissora que flui por meio do axônio para outros neurônios.
Analogamente, as Redes Neurais Artificias possuem neurônios artificiais para
processamento de informações. A Figura 18 ilustra a estrutura básica de uma
RNA onde a entrada x1; x2; :::; xm é ponderada por pesos wk1; wk2; :::; wkm para
gerar saídas no processo. Neste caso, trata-se de uma rede alimentada à frente
(FFNN), onde o processamento da informação sempre é em um único sentido.
Figura 18 – Modelo não linear de um neurônio.

Fonte: Haykin (2001).

Em uma RNA os neurônios estão estruturados em camadas. Este modo


de organização dos neurônios determina o modo que o algoritmo de treinamento
será utilizado. A arquitetura de rede alimentada com uma única camada é
chamada de Perceptron e foi demostrada acima. Atualmente existem diversos
tipos de arquiteturas e alguns delas serão detalhas a seguir.

Deep Neural Network

O deep learning surgiu como uma subcategoria de inteligência artificial,


dentro do machine learning e ganhou popularidade com o passar do tempo
devido ao aumento exponencial na geração e armazenamento de dados, o Big
Data. Comumente, quando se trata de deep learning, utiliza-se redes neurais
profundas, ou seja, rede em que a quantidade de camadas ocultas de neurônio
é muito grande. Consequentemente, a quantidade de parâmetros a serem
otimizados cresce no mesmo ritmo da necessidade de uma quantidade grande
de dados.
A DNN é a arquitetura básica da deep learning e são, tipicamente, redes
FFNN. Estas redes possuem camadas ocultas totalmente conectadas de modo
que os dados entram e saem da rede em somente um sentido.
Para o desenvolvimento deste trabalho, foi proposto uma rede com 2
camadas com 256 neurônicos em cada uma, conforme pode ser observado na
Figura 19.
Figura 19 – Resumo do modelo DNN treinada com o conjunto de dados.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Ao lidar com redes profundas e quantidade massiva de dados, o


treinamento de redes neurais pode facilmente levar ao overfitting do modelo.
Para lidar com essa questão, é utilizado camada Dropout. Dropout são utilizadas
para evitar que determinadas partes da rede neural tenha muito peso sobre o
resultado final. Esta camada realiza o desligamento aleatório de neurônios
durante o treinamento, assim, o processo de treinamento resulta em modelos
mais generalizados. O desligamento é configurado por meio de um
367
hiperparâmetro que indica a probabilidade do neurônio não ser utilizado,
recebendo peso zero.
Além da camada Dropout, foi utilizado a técnica de regularização L2 como
hiperparâmetro do modelo para adicionar mais um nível de generalização dos
modelos, evitando assim, o overfitting.

Convolutional Neural Network

A CNN foi introduzida na forma estrutural que é utilizada atualmente pelo


Lecun et al. (1998) e é tipicamente utilizado em tarefas de classificação de
imagens, pois requer um nível baixo de pré-processamento e consegue extrair
atributos de dados não estruturados. A arquitetura de um CNN foi inspirada na
organização do Córtex Visual do cérebro humana, responsável pelo
processamento das informações que chega pela retina.
Os neurônios individuais respondem a estímulos apenas em uma região
restrita do campo visual conhecida como campo receptivo. Uma coleção de tais
campos se sobrepõe para cobrir toda a área visual (WIKIPÉDIA, 2021a).
Figura 20 – Arquitetura típica de uma rede CNN.

Fonte: Wikipédia (2021a).

Para o desenvolvimento deste trabalho, foi proposto uma rede com 1


camada convolucional com 256 filtros, conforme pode ser observado na Figura
21.
Figura 21 – Resumo do modelo CNN treinada com o conjunto de dados.

Fonte: Elaborada pelo autor

Long Short-Term Memory

As séries temporais são um conjunto de observações ordenadas no


tempo. Existe uma dependência sequencial entre as observações quando
estamos lidando com dados de consumo de água. As redes apresentadas até o
momento, lidam com dados que não necessariamente precisam ser sequenciais,
assumindo que todas as entradas e saídas são independentes entre si. Com o
intuito de lidar com dados sequencias, foi introduzido as redes neurais
recorrentes.
As redes neurais recorrentes (RNN) são estruturas que performam a
mesma tarefa para todos os elementos da sequência de dados, o qual a saída é
dependente da saída anterior. Assim, a principal RNN conhecida foi introduzida
inicialmente por Hochreiter e Schmidhuber (1997), a LSTM.
A rede LSTM possui arquitetura capaz de armazenar e recuperar
informações na forma de memória. Essa memória pode ser classificada na rede
como parte de armazenamento de memória de curto prazo e outra parte de
memória de longo prazo. A LSTM tem a capacidade de esquecer determinadas
informações durante o processo de treinamento por meio de um portão que
descarta essa memória. Estes portões presentes na rede LSTM controla o fluxo
de informação e soluciona o problema das redes recorrente de dissipação do
gradiente.
Figura 22 – Arquitetura típica de uma rede LSTM.

Fonte: Wikipédia (2021d).

Para o desenvolvimento deste trabalho, foi proposto uma rede com 1


camada LSTM com 100 unidades, conforme pode ser observado na Figura 23.

Figura 23 – Resumo do modelo LSTM treinada com o conjunto de dados.

369

Fonte: Elaborada pelo autor.

Gated Recurrent Unit

A rede GRU foi introduzida inicialmente por Cho et al. (2014). Esta
arquitetura é muito similar a rede LSTM, porém ela não possui o portão de
esquecimento. A GRU não descarta informações ao longo do treinamento,
somente atualiza por meio do portão de atualização.
Outra diferença entre a rede GRU e a LSTM, é que a GRU possui em sua
arquitetura somente um mecanismo de memoria, capaz de manter as
dependências de longo e curto prazo ao mesmo tempo.
Figura 24 – Arquitetura típica de uma rede GRU.

Fonte: Wikipédia (2021c).

Para o desenvolvimento deste trabalho, foi proposto uma rede com 1


camada GRU com 100 unidades, conforme pode ser observado na Figura 25.

ConvLSTM

Para o desenvolvimento deste trabalho, foi proposto uma rede que


utilizasse camadas de uma rede convolucional e camadas de uma rede
recorrente, o que denominamos de rede ConvLSTM. Esta rede possui bom
desempenho no processo de aprendizado, de modo a otimizar o tempo de
treinamento em hardwares com limitação de processamento paralelo/matricial.
Na Figura 26 é apresentado o modelo construído para avaliação.

Figura 26 – Resumo do modelo ConvLSTM treinada com o conjunto de dados.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Framework TensorFlow e Keras

O TensorFlow19 é uma plataforma completa de código aberto para


machine learning e possui integração com diversas plataformas de

19
https://www.tensorflow.org/
desenvolvimento e pesquisa. Foi desenvolvida pelo Google e atualmente é
referencia na utilização de deep leaning.
A API de desenvolvimento utilizada no aprendizado profundo no
TensorFlow é denominado Keras. É uma ferramento de alto nível, modularizada
e fácil de utilizar. Com poucas linhas de código, é possível construir modelos
profundo complexos em Python.

Critérios de avaliação

Como critério de avaliação dos modelos, foram selecionados três métricas


para comparação de desempenho.

 Mean Absolute Error


O erro absoluto médio, da sigla em inglês MAE, mede a magnitude média
do erro no conjunto de teste, sem considerar sua direção. Sua formula é descrita
a seguir:

O MAE foi utilizada como função de perda durante o processo de


treinamento de todos os modelos. Essa métrica foi escolhida pelo bom
desempenho em prever muitos dados, onde a tendência e sazonalidade da
predição é mais importante do que os valores absolutos.

 Mean Squared Error


O erro quadrático médio, da sigla em inglês MSE, mede a média do
quadrado do erro no conjunto de teste. Seus cálculos são estritamente positivos,
visto que a diferença do erro é elevada ao quadrado. Sua formula é descrita a
seguir:

 Root Mean Squared Error


A raiz do erro quadrático médio, da sigla em inglês RMSE, como o nome
sugere, é a raiz quadrática do MSE. Esta métrica difere da MSE no sentido de
interpretabilidade da métrica, visto que o valor apresenta a mesma escala dos
dados. Sua formula é descrita a seguir:
SQL Server Machine Learning Services

Os serviços de Machine Learning são um recurso no SQL Server que


possibilita executar scripts do Python e do R usando dados relacionais,
desenvolvido pela Microsoft. Este recurso possibilita uma integração com o
ambiente de ciência de dados do Python com o banco de dados de produção da
empresa. A utilização dessa ferramenta possibilita o desenvolvimento de
dashboard em tempo real para que o projeto desenvolvido seja colocado em
produção e disponibilizado para os tomadores de decisões.
A utilização deste serviço diminui a latência nas predições em ambiente
de produção, pois os cálculos são realizados diretamente no servidor de Banco
de Dados. Com a integração com o TensorFlow/Keras, o modelo otimizado e
treinado é carregado no serviço do SQL Server e os cálculos são realizadas com
a extração direta. Por fim, o serviço irá possibilitar o agendamento de
retreinamento com novos dados para atualização do modelo em períodos
regulares, visto a dinâmica de consumo de água.

 Modelos propostos

Os algoritmos selecionados para a tarefa de predição de consumo de


água por meio dos níveis dos reservatórios do SIAA Salvador seguiram os
modelos descritos na Seção 4.2.
O conjunto de treinamento foi preparado de forma a utilizar a utilizar uma
janela histórica para predição de 7 dias e horizonte de predição de 24 horas.
Assim, como os dados utilizados possuíam uma frequência de 5 minutos, os
parâmetros do dataset foram:

 Variáveis de entrada: 66;


 Variáveis de saída: 9;
 Passos de janela histórica: 2016;
 Passos de predição: 288;
 Tamanho do lote: 128;
 Quantidade de observações: 245.088;
 Janela de observações: 01/01/2019 a 01/05/2021.

Ao total, o conjunto de teste possibilitou a execução de 1332 experimentos


por época no treinamento dos modelos. O conjunto de dados foi dividido na
seguinte forma: 70% para treinamento, 20% para validação e 10% para teste de
desempenho. Por fim, os dados foram normalizados utilizando a técnica Min-
Max. Para todos os testes realizados, o erro absoluto médio foi a métrica utilizada
na função de perda e utilizada na avaliação de desempenho dos resultados
preditos. Na Figura 27 é apresentado o histórico do MAE do processo de
treinamento dos modelos e na Figura 28 apresenta a métrica RMSE.

Figura 27 – Resumo do erro absoluto médio no treinamento dos modelos.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 28 – Resumo da raiz do erro quadrático médio no treinamento dos modelos.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Apos a realização do treinamento dos modelos propostos, foi realizado a


avaliação dos modelos utilizando a base de teste. A Tabela 3 resumo as métricas
avaliadas. O modelo que obteve o melhor desempenho em todas as métricas foi
o GRU. Vale ressaltar que o modelo CNN obteve o melhor desempenho no
período de validação, porém no período de teste, não obteve melhor resultado,
demostrando overfitting.

Tabela 3 – Resultado das métricas na avaliação com o conjunto de validação e de teste.

Fonte: Elaborada pelo autor.


Figura 29 – Avaliação dos modelos com o conjunto de validação e de teste.

Fonte: Elaborada pelo autor.

A avaliação dos modelos com o conjunto de validação e de teste é


apresentado na Figura 29. Na série de imagens a seguir são ilustradas as
previsões realizadas com todos os modelos para todos os reservatórios. A Figura
30 apresenta a saída do modelo para a predição do Reservatório R7 – Cabula.
Nota-se a similaridade entro os modelos propostos. A A Figura 31 demostra os
resultados para o Reservatório R10 – Ilha amarela, onde os modelos tiveram
mais dificuldade em realizar as predições com erro aceitável.

Figura 30 – Predições realizadas no conjunto de teste para o R7 – Cabula.

375

Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 31 – Predições realizadas no conjunto de teste para o R10 - Ilha Amarela.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Na Figura 32 é possível visualizar os resultados obtidos para a predição


do Reservatório R14 – Águas Claras. Assim como o R10, alguns modelos no
R14 apresentaram erros grandes já na partida. O melhor modelo como já foi
apresentado, foi o GRU.

Figura 32 – Predições realizadas no conjunto de teste para o R14 – Águas Claras.

Fonte: Elaborada pelo autor.

A Figura 33 e Figura 34 apresentam os resultados obtidos para os


Reservatórios R17 – Pirajá e R18 – Valéria, respectivamente.

Figura 33 – Predições realizadas no conjunto de teste para o R17 – Pirajá.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 34 – Predições realizadas no conjunto de teste para o R18 – Valéria.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Devido a natureza do consumo de água no Reservatório R20 - Cajazeiras


e ao seu padrão diário, as predições realizadas pelo modelo neste reservatório
obtiveram baixo erro quando comparado com o comportamento real. Na Figura
35 é possível observar os resultados obtidos.
Figura 35 – Predições realizadas no conjunto de teste para o R20 – Cajazeiras.

Fonte: Elaborada pelo autor.

A Figura 36 representa os resultados obtidos para o Reservatório R21 –


Simões Filho.

Figura 36 – Predições realizadas no conjunto de teste para o R21 – Simões Filho.

377
Fonte: Elaborada pelo autor.

Assim como o Reservatório R20, as predições obtidas para o R23A – Caji


apresentaram baixo erro de predição. Ambos os reservatórios não possuem
válvulas de controle na entrada do reservatório, assim, seu comportamento é
totalmente influenciado pelo consumo da população. A Figura 37 apresenta os
resultados encontrados.

Figura 37 – Predições realizadas no conjunto de teste para o R23A – Caji.

Fonte: Elaborada pelo autor.


Por fim, na Figura 38 é apresentado os resultados para o Reservatório
R25 – São Caetano.

Figura 38 – Predições realizadas no conjunto de teste para o R25 – São Caetano.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Otimização de batch size

Após a avaliação das métricas de desempenho no conjunto de teste, a


rede GRU foi selecionada com o melhor modelo. Para otimizar esta rede, foi
realizado teste de avaliação para o tamanho do lote de treinamento e sua
influência nas predições do modelo. Foram selecionados os tamanhos de lotes:
16, 32, 64, 128 e 256. O modelo que obter melhor desempenho segundo as
métricas de avaliação foi com a utilização de lotes de 64, conforme pode ser
observado na Tabela 4.

Tabela 4 – Avaliação do tamanho do lote (batch size) no processo de treinamento.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Otimização de Hiperparâmetros

O modelo GRU foi selecionado e utilizado o método Random Search para


otimização dos hiperparâmetros do modelo. Foram selecionados três
hiperparâmetros:
 Quantidade de unidades: Min=50, Máx=500, Passo=50;
 Probabilidade de ativação do Dropout: Min=0, Máx=0,5,
Passo=0,1;
 Taxa de aprendizado do otimizador Adam: 1e-2;1e-3;1e-4.

O algoritmo de Random Search obteve um tempo de execução de 26,5


horas no hardware utilizado20. Os melhores parâmetros foram:

 Quantidade de unidades: 125;


 Probabilidade de ativação do Dropout: 0;
 Taxa de aprendizado do otimizador Adam: 1e-4.

O modelo otimizado com os hiperparâmetros obteve uma melhora de


10,27% em relação ao modelo inicial. O MAE reduziu de 0,0808 para 0,0725. Na
Figura 39 é possível visualizar a comparação entre o modelo selecionado e o
modelo final otimizado.

Figura 39 – Amostra do conjunto de teste com o modelo GRU otimizado.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Ambiente de produção

A fim de colocar o modelo de predição na prática, criou-se também um


processo de ETL em Python dentro do SQL Server Machine Learning Service,
que acessa diretamente o banco de dados da empresa, seleciona as variáveis
do modelo em históricos dos últimos 7 dias, passa pelos critérios de outliers,
realiza filtragem dos dados e, por fim, inicia o modelo de predição para os nove
níveis de saída.
Os resultados são então automaticamente exportados para um dashboard
na PIPPE, que possibilita o acompanhamento destes resultados para que

20
CPU: Ryzen 5 3600X – RAM: Corsair Dominator 2x8GB DDR4 3600Mhz – GPU: GeForce GTX 1050Ti
4GB – SSD: XPG S41 TUF 512GB.
possam ser tomadas as ações pela Gerência de Suporte Operacional. Uma
representação do dashboard em tempo real pode ser visualizado na Figura 40.

Figura 40 – Dashboard em tempo real desenvolvido na PIPPE.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Neste dashboard, o usuário pode visualizar o comportamento real das


ultimas 24 horas e as predições realizadas com três modelos diferentes: predição
de 24 horas, predição de 12 horas e predição de 6 horas. Este trabalho detalhou
o desenvolvimento do modelo de predição para 24 horas, assim, os modelos de
predição para 12 e 6 horas serão objetos de trabalhos futuros.
Para os modelos de predição de 6 e 12 horas, foram utilizados a mesma
arquitetura do modelo proposto de 24 horas, com mesmas variáveis de entrada,
saída, arquitetura otimizada. Assim, um único processo de ETL foi utilizado para
realizar as três predições.
Como a implementação da solução em ambiente real, as predições
realizadas em tempo real foram armazenadas para comparação do
comportamento do erro. A Figura 41 mostra o comportamento do nível do
reservatório R20 – Cajazeiras e as predições realizadas ao longo do dia. O
gráfico ilustra 4 predições realizadas em instantes de tempo distintos, por
exemplo, a primeira predição ocorre no instante 29/12/2021 às 18:00:00. Nota-
se que as predições realizadas conseguiram captar o comportamento do nível,
de forma que o objetivo de auxiliar na tomada de decisões foi almejado.
Figura 41 – Predições realizadas em ambiente de produção para o Reservatório R20 –
Cajazeiras.

Fonte: Elaborada pelo autor.

É possível visualizar na Figura 42, o comportamento das predições em


tempo real para o Reservatório R23A – Caji, onde novamente 4 predições são
apresentadas. Essas predições também conseguem prever de forma satisfatória
o comportamento do reservatório.

Figura 42 – Predições realizadas em ambiente de produção para o Reservatório R23A – Caji.

380

Fonte: Elaborada pelo autor

Apesar dos bons resultados de modo geral, o modelo proposto encontrou


maior dificuldade para prever de forma satisfatório o comportamento do
Reservatório R7 - Cabula. É possível observar na Figura 43 que as predições
realizadas ao longo de um dia não demostraram o real comportamento do nível
deste reservatório. Todavia, o modelo conseguiu captar uma leve tendência do
comportamento que ainda pode servir de base para os tomadores de decisão.
Figura 43 – Predições realizadas em ambiente de produção para o Reservatório R7 – Cabula.

Fonte: Elaborada pelo autor.

 Conclusões

A gestão dos recursos hídricos em um sistema integrado de


abastecimento urbanos se mostra uma tarefa bastante desafiadora. Com os
recursos limitados durante todo o dia, as decisões de distribuição necessitam de
informações em tempo real para otimizar os níveis dos reservatórios de modo
que não falte água à população.
O presente trabalho, portanto, teve a finalidade de fornecer predições dos
níveis dos reservatórios que integram o Sistema da ETA Principal para que a
Gerência de Suporte Operacional pudesse se antecipar nas manobras na rede
de distribuição. Neste aspecto, observa-se que foram cumpridos todos os
objetivos propostos.
Com base nos resultados apresentados no Capítulo 5, verificou-se que os
modelos de redes neurais recorrentes apresentaram melhores resultados para a
predição dos níveis em um sistema multivariável de entradas e saídas. O método
GRU apresentou o menor valor para o MAE durante o processo de
treinamento/validação e teste, 0,073 e 0,0808 respectivamente. A Tabela 3
mostra os resultados das métricas analisadas com os modelos desenvolvidos.
O método GRU foi selecionado para realização de otimização de
hiperparâmetros, reduzindo o erro de predição no modelo final. O modelo final
para predições de um horizonte de 24 horas foi derivado em mais dois modelos
para predições de 6 e 12 horas. A analise detalhada dos outros modelos fica
como sugestão de trabalhos futuros. O modelo otimizado reduziu o MAE de
0,0808 para 0,0725.
Por fim, o modelo otimizado para predição de um horizonte de predição
foi posto em produção e disponibilizado via um dashboard para auxiliar nas
tomadas de decisões.

 Recomendações para Trabalhos Futuros

Este trabalho, abre portas para diversas linhas de pesquisas e


aprofundamento na analise de sistemas temporais multivariáveis. O tema
abordado aqui possui poucos estudos publicados, assim, a partir dos resultados
obtidos neste trabalho apresentam-se algumas vertentes para desenvolvimentos
futuros:

 Novas arquiteturas de redes neurais com camadas mais profundas;

 Utilização de mais variáveis de processo, como posições de


atuadores elétricos, pressões de barrilete, indicações de
manutenções/paradas;

 Extração de características para utilização no modelo, como


médias móveis;

 Criação de modelos por unidade regional;

 Criação de modelos com horizontes de predições menores.

Monografia apresentada por Carlos Cesar Oliveira Araujo Filho ao Instituto de Ciências
Matemáticas e de Computação – ICMC USP, como parte dos requisitos para conclusão do
curso de MBA em Ciência de Dados do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à
Indústria. Área de Concentração: Ciência de Dados. Orientador: Prof. Dr. Cláudio Fabiano
Motta Toledo. Ano: 2022.
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dos rejeitos, a Lei nº 13.089, de 12 de janeiro de 2015 (Estatuto da Metrópole),
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FICHA TÉCNICA
Silvia Pacheco
Supervisão

Yuri Ávila
Coordenação e Revisão

Joas Cauan
Compilação e Edição

Mauro Lira
Artes da capa, contracapa e cabeçalho

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