3 MODULO 1 - Aula 03
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MÓDULO I
Ao comentar sobre esses fins, BRUNO MIRAGEM pontua que a regulação do sistema
financeiro deverá observar os direitos de liberdade e igualdade dos indivíduos, de modo a
compreender que a intervenção do Estado no domínio econômico deve “aquela necessária à
preservação do interesse coletivo”, a fim de preservar a autonomia privada.1
Com toda certeza, esse equilíbrio entre a autonomia dos integrantes do sistema
financeiro e os direitos fundamentais é de suma importância para que se concretize um dos
objetivos fundamentais do País, qual seja, “construir uma sociedade livre, justa e solidária” (art.
3º, I, CR/88).
Não somente isso. O sistema financeiro nacional precisa ser compreendido a partir da
matriz exegética do art. 170 da Constituição.
1 MIRAGEM, Bruno. Direito bancário. Edição do Kindle, 3 ed. ver. atual. e ampl., 2019, posição 3524.
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O texto constitucional (art. 192, CR/88), desde a sua redação originária, já previu que
o instrumento normativo hábil para a sua regulamentação seria a lei complementar. A única
diferença é que após a Emenda Constitucional nº 40/03, a Constituição passou a permitir que
várias leis complementares tratassem do assunto, e não somente uma lei que abarcasse toda a
regulamentação.
No entanto, é sabido que a lei bancária atual é a Lei 4.595/64. Conquanto seja uma lei
ordinária, ela foi recepcionada pela Constituição de 1988 com o status de lei complementar.
A pergunta que fica, então, é se essa lei poderia receber reformas por meio de lei
ordinária ou se seria necessária a edição de lei complementar.
Com isso, somente essa reforma é que exigiria lei complementar. As demais reformas
pontuais do sistema já vigente poderiam ser por lei ordinária. E o professor ainda cita como
exemplo a Lei nº 9.069/95 que alterou a composição do Conselho Monetário Nacional.
Embora não diretamente sobre esse debate, o Supremo Tribunal Federal afirmou na
recente ADI nº 66963, que debatia a constitucionalidade da autonomia do Banco Central do Brasil
2 SALOMÃO NETO, Eduardo. Direito bancário. Trevisan Editora. Edição do Kindle, 3 ed., ver. e ampl., 2022, posição 2687/2688.
3 [...] A disciplina do Sistema Financeiro Nacional deve se dar mediante lei complementar (CF, art. 192), mas não se exige
iniciativa privativa do Presidente da República. Justamente ao contrário, o art. 48, XIII, da Constituição prevê, expressamente,
a competência do Congresso Nacional para dispor sobre matéria financeira, cambial e monetária, que compõem o cerne da
atuação do Banco Central. [...].9. Improcedência do pedido, com fixação da seguinte tese de julgamento: “É constitucional a
Lei Complementar nº 179/2021, que define os objetivos do Banco Central e dispõe sobre sua autonomia e sobre a nomeação
e a exoneração de seu presidente e de seus diretores”.
(ADI 6696, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Relator(a) p/ Acórdão: ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em
26/08/2021, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-244 DIVULG 10-12-2021 PUBLIC 13-12-2021)
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implementada pela Lei Complementar nº 179/2021, que a regulamentação do sistema financeiro
nacional deve ser feita por lei complementar.
O interessante desse julgado é que ele não tratou de uma reforma global do sistema
financeiro, mas sim de mudanças na normativa do Banco Central do Brasil, ou seja, apenas alterou
a Lei nº 4.595/64.
Dessa forma, tem-se que o STF acompanha esse raciocínio de que apenas lei
complementar pode tratar da temática regulatória do sistema financeiro nacional.
i – sistema bancário;
Essas áreas são divididas em três planos, quais sejam, normativo, de supervisão e de
operação, os quais podem ser representados graficamente pelos planos do fluxograma a seguir.
4 MIRAGEM, Bruno. Direito bancário. Edição do Kindle, 3 ed. ver. atual. e ampl., 2019, posição 3613.
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* São apenas reguladas e fiscalizadas, mas não compõem o SFN.5
O Banco Central do Brasil é uma autarquia federal de natureza especial, criada pela
Lei nº 4.595/64, que tem a função de supervisão, ou seja, fiscaliza o cumprimento das normas
editadas pelo órgão regulador (CMN). Além disso, há outras atribuições previstas no art. 11 da
retromencionada lei.
- caixas econômicas;
- cooperativas de crédito.
6Nota-se que é variada e divergente a classificação que se dá às espécies de instituições financeiras integrantes ao Sistema
Financeiro Nacional. Da mesma forma, tampouco a previsão legal expressa com segurança esse critério, indicando, vez ou
outra, certas espécies como instituições financeiras, deixando de fazê-lo em seguida. (MIRAGEM, Bruno. Direito bancário.
Edição do Kindle. Posições 3636/7)
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As instituições financeiras dependem de autorização prévia do Banco Central do Brasil
para funcionar. E no caso de instituições estrangeiras, de decreto do Poder Executivo.
Sem uma definição legal, coube à doutrina a fixação de seu conceito. Dentro os vários
possíveis, segue-se o conceito dado por ABRÃO7: banco é “a empresa que, com fundos próprios,
ou de terceiros, faz da negociação de crédito sua atividade principal”.
É uma atividade que pode ser exercida tanto por pessoas jurídicas de direito privado
quanto de direito público. E são constituídas sob a forma de sociedades anônimas (art. 25, L nº
4.595/64).
Por sua vez, SALOMÃO NETO9 indica que são quatro os tipos de bancos, quais sejam:
bancos comerciais, bancos de investimento, bancos de desenvolvimento e os bancos de câmbio.
Tendo em vista que essa última é que o Banco Central do Brasil mais se aproxima, o
melhor caminho é a sua adoção para fins de compatibilização da teoria com a prática.
7 ABRÃO, Nelson. Direito Bancário. São Paulo: Saraiva Educação, 17 ed, 2018, p. 34
8 Idem, p. 35.
9 SALOMÃO NETO, Eduardo. Direito bancário. Trevisan Editora. Edição do Kindle. Posição 2049.
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Em relação aos bancos de cambio, eles estão focados na compra e venda de moeda
estrangeria, transferência de recursos para o exterior entre outras atividades ligadas ao cenário
externo.
Os bancos mistos, conforme a Resolução CMN nº 2.099/94 (art. 7º), devem possuir, no
mínimo duas carteiras, sendo que uma delas deve ser necessariamente ou comercial ou de
investimento.
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Consulta o mapa mental sobre o assunto.
b) Sigilo bancário
O sigilo bancário tem matriz constitucional a partir do direito fundamental à intimidade
previsto no art. 5º, inciso X, da CR.
A principal norma sobre a temática é a Lei Complementar nº 105/2001, a qual fixa o dever
de sigilo para as instituições financeiras em suas operações ativas e passivas.
IX – cooperativas de crédito;
XIII – outras sociedades que, em razão da natureza de suas operações, assim venham a ser consideradas pelo
Conselho Monetário Nacional.
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O sigilo poderá ser levantado por meio de ordem judicial ou por requisição de Comissão
Parlamentar de Inquérito, sendo as hipóteses listadas no art. 3º, bem assim no art. 1º, §3º, da Lei do
sigilo bancário.
Ainda, enuncia o professor Salomão Neto15 que esse sigilo poderia ser mitigado com base
na Lei Geral de Proteção de Dados, quando se fizer necessário para o exercício do legítimo interesse,
quando for necessário para a proteção ao crédito.
O contrato de mandato comum é regido pelo Código Civil, o qual prevê haver
discricionariedade do destinatário da procuração exigir firma reconhecida no instrumento de
mandato, conforme se extrai do §2º16 do art. 654 do Código Civil.
14 SALOMÃO NETO, Eduardo. Direito bancário. Trevisan Editora. Edição do Kindle. Posições 18764/5.
15 Idem, posição 18809.
16 Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que
ABRÃO, Nelson. Direito Bancário. São Paulo: Saraiva Educação, 17 ed, 2018, p. 34
MIRAGEM, Bruno. Direito bancário. Edição do Kindle, 3 ed. ver. atual. e ampl., 2019;
SALOMÃO NETO, Eduardo. Direito bancário. Trevisan Editora. Edição do Kindle, 3 ed.,
ver. e ampl., 2022;
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/bancoscaixaseconomicas. Acesso em
22/01/2022.
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