Enem Seriado - Senso Comum - Senso Crítico - 15-03-21
Enem Seriado - Senso Comum - Senso Crítico - 15-03-21
Enem Seriado - Senso Comum - Senso Crítico - 15-03-21
Resumo
Senso comum é um tipo de conhecimento que se estrutura a partir de opiniões e sabedorias populares,
conhecimentos passados de geração em geração, e estão presentes no corpo social, como parte do cotidiano
da sociedade. Diferente do senso crítico, que busca estimular a dúvida e questionar o que está posto como
verdade.
Buscamos compreender a sociedade a partir das nossas experiências, que aos poucos vão moldando nossos
gostos e opiniões. Desta forma, na medida em que geramos conhecimentos pessoais a respeito do mundo e
de determinados eventos, na troca, adquirimos conhecimentos de senso comum. Eles são muito importantes
para o nosso processo de integração social, pois fazem com que os indivíduos se compreendam como parte
de um todo. Compartilhar códigos e valores semelhantes com outras pessoas, faz com que nos
reconheçamos como parte de um grupo. Essas várias opiniões que surgem deste processo, mesmo quando
divergentes, criam “verdades” que aos poucos vão se relacionando com outros saberes, fazendo parte do
inconsciente coletivo. Por fim, quando se tornam aceitas por vários desses grupos, essas concepções são
naturalizadas, ganhando seu estatuto de “verdade absoluta”.
Desta forma o senso comum consegue se manter como um vasto conjunto de crenças, tidas como verdades
dentro de um grupo (ou vários) que entende o mundo através desse conjunto. Ou seja, para esse grupo, todos
os seres humanos pensam o mesmo (ou deveriam pensar).
• Falta de criticidade: Uma outra característica do senso comum é sua acriticidade. Nós vamos
aderindo a ideias, adicionando ou retirando informações que aos poucos vão formando concepções
que se fundem a nossos conhecimentos anteriores. Muitos de nossos conhecimentos intuitivos e
lógicos são comuns a outras pessoas justamente por fazerem parte deste processo. Essa massa de
ideias reproduz generalizações pouco interessadas em explicar a origem dos argumentos.
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Filosofia
Exercícios de fixação
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Filosofia
Exercícios de vestibulares
1. Assinale o trecho que não apresenta clichês (chavões, senso comum, frases prontas e expressões):
a) Nos dias de hoje o ser humano não tem piedade da natureza, está desmatando nossas reservas
naturais sem pensar no amanhã. É preciso que a população se conscientize para dar um basta
nesse processo que já vem acontecendo há muitos anos, pois sem natureza não haverá futuro
para nossos filhos e netos. (Tema da redação: “Desenvolvimento e preservação ambiental”, Enem
2001).
b) Hoje em dia, todos somos reféns da insegurança e do medo, pois a violência tem atingido
proporções assustadoras. Nossos governantes precisam se mobilizar para proteger o cidadão,
mas os políticos são todos corruptos, não se importam com o bem-estar do povo. As autoridades
precisam investir na segurança pública, pois só assim essa chaga da sociedade chamada
“violência”, será combatida. (Tema da redação: “A violência na sociedade brasileira: como mudar
as regras desse jogo?”, Enem 2003).
c) Fica clara, portanto, a necessidade de uma ampliação da legislação atual a fim de limitar, como já
acontece em países como Canadá e Noruega, a propaganda para esse público, visando à proibição
de técnicas abusivas e inadequadas. Além disso, é preciso focar na conscientização dessa faixa
etária em escolas, com professores que abordem esse assunto de forma compreensível e
responsável. Só assim construiremos um sistema que, ao mesmo tempo, consiga vender seus
produtos sem obter vantagem abusiva da ingenuidade infantil. (Tema da redação: "Publicidade
infantil em questão no Brasil”, Enem 2014).
d) No mundo em que vivemos a falta de gentileza entre as pessoas está cada vez maior. Nos dias de
hoje, as pessoas estão cada vez menos humanas e mais solitárias e a falta de amor entre os seres
humanos é enorme. As pessoas precisam se conscientizar de que vivemos em sociedade,
precisamos uns dos outros, senão ficaremos isolados no universo. É preciso pensar positivo e
acreditar que um dia nos tornaremos pessoas melhores, afinal de contas, a esperança é sempre a
última que morre.
e) n.d.a
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Filosofia
2. Sob a ótica do senso comum, conhecimento tem a ver com familiaridade. O conhecido, diz a linguagem
comum, é o familiar. Se você está acostumado com alguma coisa, se você lida e se relaciona
habitualmente com ela, então você pode dizer que a conhece. O desconhecido, por oposição, é o
estranho. O grau de conhecimento, nessa perspectiva, é função do grau de familiaridade: quanto mais
familiar, mais conhecido. Daí a fórmula: “eu sei = estou familiarizado com isso como algo certo”. Mas
se o objeto revela alguma anormalidade, se ele ganha um aspecto distinto ou se comporta de modo
diferente daquele a que estou habituado, perco a segurança que tinha e percebo que não o conhecia
tão bem quanto imaginava. Urge domá-lo, reapaziguar a imaginação. Ao reajustar minha expectativa e
ao familiarizar-me com o novo aspecto ou o novo comportamento, recupero a sensação de conhecê-
lo. Sob a ótica da abordagem científica, contudo, a familiaridade é não só falha como critério de
conhecimento como ela é inimiga do esforço de conhecer. A sensação subjetiva de conhecimento
associada à familiaridade é ilusória e inibidora da curiosidade interrogante de onde brota o saber. O
familiar não tem o dom de se tornar conhecido só porque estamos habituados a ele. Aquilo a que
estamos acostumados, ao contrário, revela-se com frequência o mais difícil de conhecer
verdadeiramente.
(Eduardo Giannetti, Autoengano, p. 72.)
Segundo Giannetti, o senso comum
a) deve ser levado em conta em situações familiares.
b) é o inverso daquilo que é familiar e não-científico.
c) define que algo é certo, em termos de ciência.
d) é prejudicial à ótica da abordagem científica.
e) tem a função de domar e inverter a realidade.
3. O texto a seguir apresenta distinção entre senso comum e ciência, essenciais para o pensar. Leia o
texto. O conhecimento proporcionado pelo senso comum é particular. Ou seja, restringe-se a uma
pequena amostra da realidade, com base na qual são feitas generalizações muitas vezes apressadas
e imprecisas. Os dados observados costumam ser selecionados de maneira pouco rigorosa. Em outras
palavras, o que vale para um ou para um grupo de objetos observados é atribuído a todos os objetos.
Já as leis científicas são gerais no sentido de que não valem apenas para os casos observados, e sim
para todos os que a eles se assemelham. Afirmações como “o peso de qualquer objeto depende da luz
que ele reflete” ou ainda “a água é uma substância composta por hidrogênio e oxigênio” são válidas
para todos os corpos, todos os objetos coloridos ou qualquer porção de água, e não apenas para
aqueles que foram objeto da experiência. Em outras palavras, as explicações da ciência são
sistemáticas e controláveis pela experiência, o que permite chegar a conclusões gerais.
ARANHA, Maria L. de Arruda. et. al. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2013.
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Filosofia
4. A atitude filosófica inicia-se dirigindo indagações ao mundo que nos rodeia e às relações que
mantemos com ele. Pouco a pouco, porém, descobre que essas questões se referem, afinal, à nossa
capacidade de conhecer, à nossa capacidade de pensar
(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia, 1996, p. 14).
5. Não se ensina filosofia; ensina-se a filosofar. (Kant, I. Manual dos cursos de lógica geral) Esta célebre
frase de Kant expressa de modo sucinto e claro que a filosofia:
a) é imanente, ao passo que o filosofar é transcendente.
b) aprende-se apenas através da atitude crítica do indivíduo.
c) tem utilidade exclusivamente especulativa, mas não pedagógica.
d) deixa de ser ensinada quando todos se atrevem a filosofar.
e) deve substituir a memorização pela elucubração.
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Filosofia
Gabarito
Exercícios de fixação
1. B
O senso comum possui capacidade imensa de difusão e assimilação na sociedade, além da falta de
senso crítico, sendo estas, suas principais características.
2. A
Diferentemente do senso comum, o senso crítico busca estimular a reflexão por meio de uma
compreensão mais racional dos saberes que estão sendo veiculados.
3. C
A partir da assimilação de saberes populares compartilhados num determinado grupo, onde
determinadas crenças, hábitos, opiniões e valores passam vistos de maneira comum, sem grandes
questionamentos.
4. B
Diferente do senso crítico, que busca assimilar e sistematizar o conhecimento, o senso comum assimila
mas não sistematiza de forma crítica, apenas reproduz sem buscar verificação.
5. A
A partir de nossos saberes primeiros (senso comum) podemos buscar maneiras de exercer o senso
crítico diante de opiniões, gostos, crenças e verdades que se pretendem únicas e verdadeiras e nem
sempre são. O estranhamento do que é comum, neste sentido, funciona como um exercício prático em
direção ao senso crítico.
Exercícios de vestibulares
1. C
O autor do texto, apresenta uma proposta de intervenção eficiente e coerente para o problema proposto
no tema, sem recorrer ao uso de clichês, ou muletas linguísticas que comprometem o desenvolvimento
de ideias e apontam para a falta de conhecimento ou poder de reflexão sobre determinado assunto.
2. D
O que é familiar pode passar uma falsa impressão de conhecimento e inibir o movimento de dúvida ou
curiosidade. A familiaridade neste sentido “é prejudicial à ótica da abordagem científica”, na qual é
essencial o uso de uma “curiosidade interrogante”.
3. B
Senso comum não pode ser considerado essencialmente como falso, pois é a sua falta de
sistematização, organização e método que comprometem sua veracidade. Sua formação é
desorganizada, como um emaranhado de vários saberes de várias pessoas, onde desconhecemos a
origem e o desenvolvimento de tais saberes.
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Filosofia
4. E
A filosofia é uma disciplina consciente e crítica que não nega a importância dos valores que se originam
do senso comum, afinal, esse também é base para o raciocínio filosófico. Processos lógicos apontam
para a coerência interna de um discurso, fazendo com que a filosofia tenha como critério de verdade
elementos lógicos em seu discurso.
5. B
A filosofia se caracteriza por uma visão crítica da realidade, como um exercício de estranhamento e
questionamento, onde as perguntas acabam tendo mais importância que as respostas, já que cada
resposta representa a ampliação do horizonte do conhecimento. Isso faz surgir um leque de novas
perguntas possíveis. Por isso, antes de ensinar o conteúdo do que já foi produzido pelo pensamento
filosófico, é importante ensinar a filosofar em si. O exercício da postura crítica coloca o senso comum
em xeque, apontando em direção a um modo de pensar mais objetivamente questionador.