Entrevista Na Pesquisa em Educação de Abordagem Qualitativa
Entrevista Na Pesquisa em Educação de Abordagem Qualitativa
Entrevista Na Pesquisa em Educação de Abordagem Qualitativa
ORIGINAL
Lorrane Stéfane Silva, Guilherme Saramago de Oliveira, Eliana Helena Corrêa Neves
Salge
Keywords Abstract: This paper has as its object of study the interview in the
Interview. qualitative research. His objective is to understand how the interview
Qualitative can be used as a data construction tool in qualitative research. This
research. article was built from the literature review. Through this it can be
Research in understood that the qualitative approach research allows the
Education. construction of meanings and senses through the subjectivity of those
involved in the research (researchers and participants) which is also
related to the socio-historical-cultural context in which it takes place
the educational phenomenon investigated. The interview is an
important tool to build data in qualitative research. Therefore, the
researcher must act ethically, guaranteeing a prior organization for the
interview. The investigator must also choose which type of interview
he/she will work with to build the data, as there are three main types of
interviews: structured, semi-structured and script-free. * Programa de Pós-
Graduação em Educação
Palabras clave Resumen: Este artículo tiene como objeto de estudio la entrevista en da Universidade Federal de
Entrevista. investigación cualitativa, cuyo objetivo es comprender cómo la Uberlândia
Investigación entrevista puede ser utilizada como instrumento de construcción de
cualitativa. datos en la investigación en educación con enfoque cualitativo. El Recebido em: 21-02-2021
Investigación mismo se construyó a partir de la revisión de la literatura. A través de Aprovado em: 04-07-2021
en Educación. esto, se puede entender que la investigación de enfoque cualitativo Publicado em: 27-12-2021
permite la construcción de significados y sentidos a través de la
subjetividad de los involucrados en la investigación (investigadores y
Introdução
Os dados construídos com base nas entrevistas dão ao/à pesquisador/a uma gama de
informações com riquezas de detalhes acerca do contexto investigado e possibilita-o/a a
interpretar os significados e os sentidos que os/as participantes deram para tal contexto. Essa
interpretação, todavia, só pode ser feita na abordagem qualitativa, e é sobre essa abordagem
que se trata a seção seguinte.
O fazer pesquisa envolve muitas escolhas por parte do/a pesquisador/a, como
demonstramos até aqui. Todavia, antes de qualquer escolha, o/a investigador/a deve delinear
os contornos de sua pesquisa: objeto de estudo, objetivos, problemática e lócus e sujeitos da
pesquisa. A partir daí o/a pesquisador/a traçará seu plano de estudo, que é o projeto de
pesquisa.
O projeto de pesquisa é um esboço que o/a investigador/a fará para seguir durante a
realização do estudo científico. O projeto de pesquisa é importante para planejar as ações que
serão realizadas no decorrer da investigação e é nesse projeto que o/a pesquisador definirá o
tipo e a abordagem de pesquisa, a metodologia, a base epistemológica e filosófica, a
fundamentação teórica, como se dará a construção e a análise de dados.
Além disso, o/a pesquisador/a terá que analisar se será preciso fazer recortes, que
podem ser temporais (Qual época a ser investigada? Passado ou presente?) ou espaciais (Qual
país a ser investigado? Qual região? Qual estado? Qual município?). Esses recortes servem
para tornar viável a execução do estudo científico, pois geralmente estão associados ao tempo
que o/a pesquisador/a tem para efetivá-lo e às condições objetivas e subjetivas para realizá-lo.
Trouxemos essas considerações acerca do projeto de pesquisa com o fim de ressaltar
que para obter bons resultados em seu estudo científico o/a pesquisador/a deve ter uma boa
organização, escolhas felizes e alinhadas aos objetivos e à problemática da pesquisa. E uma
feliz escolha para um/a pesquisador/a em educação é a abordagem qualitativa. Essa
abordagem permite-lhe interpretar os dados subjetivos e dar significados a um determinado
fenômeno educativo.
Na pesquisa de abordagem qualitativa as interações entre pesquisador/a e participantes
são inevitáveis visto que a subjetividade de ambas as partes está imbricada no contexto da
investigação. A subjetividade do/a pesquisador/a está interligada à maneira em que faz a
leitura, interpretação da realidade investigada (re)construindo e (re)significando de acordo
com sua curiosidade. A subjetividade dos participantes está associada à maneira que se
envolvem com a pesquisa, como recebem e se posicionam frente às proposições do/a
pesquisador/a e a em que medida estão envolvidos/as no contexto investigado. A respeito
disso, Rey (2005) considera:
A subjetividade está constituída tanto no sujeito individual, como nos
diferentes espaços sociais em que este vive, sendo ambos constituintes da
subjetividade. O caráter relacional e institucional da vida humana implica a
configuração subjetiva não apenas do sujeito e de seus diversos momentos
interativos, mas também dos espaços sociais em que essas relações são
produzidas. Os diferentes espaços de uma sociedade concreta estão
estreitamente relacionados entre si em suas implicações subjetivas (REY,
2005, p.24).
Vale ressaltar que, o mundo enfrenta o cenário pandêmico causado pela COVID-19.
Como o vírus se propaga facilmente e é altamente letal, a Organização Mundial da Saúde tem
orientado que a população mantenha o distanciamento social. Em alguns países do mundo
grande parte da população está imunizada e estes tem flexibilizado o distanciamento social.
Contudo, no Brasil, grande parte da população ainda não recebeu o imunizante contra a
COVID-19 e a recomendação das autoridades locais é que ainda se mantenha esse
distanciamento. Sendo assim, uma opção para os/as pesquisadores/as que realizam entrevistas
é utilizarem plataformas digitais de comunicação. Podemos citar como exemplo: Google
Meet, Microsoft Teams, Zoom, Skype.
Ainda para organizar a entrevista, o/a investigador/a deve providenciar um dispositivo
de gravação que pode ser um gravador digital ou um smartphone. Caso a entrevista seja
realizada por alguma das plataformas digitais que foi acima mencionada, o/a pesquisador/a
tem a opção de gravar também. Ressaltando que algumas dispõem desse recurso
gratuitamente e outras é preciso adquirir um plano pago para disponibilizarem o recurso de
gravação.
A gravação da entrevista deve ser feita com o consentimento do/a participante, ela
deve ser salva em um dispositivo de memória utilizado única e exclusivamente para esse fim e
deve ser mantida arquivada ou descartada segundo as recomendações do Comitê de Ética em
Pesquisa. Ela é importante para que o/a pesquisador/a possa retomar às respostas e transcrevê-
las para melhor analisar os dados.
A transcrição das entrevistas por sua vez é importante porque “Sem esse mecanismo,
não poderíamos realizar inferências sobre como as pessoas falam: suas pausas, inflexões,
ênfases, como assimilam sistemas de coerência e constroem suas identidades, como lidam
com relações de poder etc.” (BASTOS; SANTOS, 2013, p. 30).
Durante a entrevista o/a investigador/a deve desenvolver a capacidade de escuta atenta
e ser respeitoso/a para com o/a participante, conforme recomenda Lüdke e André (1986):
Ao lado do respeito pela cultura e pelos valores do entrevistado, o
entrevistador tem que desenvolver uma grande capacidade de ouvir
atentamente e de estimular o fluxo natural de informações por parte do
entrevistado. Essa estimulação não deve, entretanto, forçar o rumo das
respostas para determinada direção. Deve apenas garantir um clima de
confiança, para que o informante se sinta à vontade para se expressar
livremente (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 35).
Tipos de entrevistas
[...] as Entrevistas Livres são feitas através de um relato oral que coleta
informações em que o interlocutor desenvolve suas ideias quase sem
interferência do Entrevistador. Tem-se, nesse caso, uma narrativa que segue
uma sequência em função do que e como o sujeito recorda, da seleção que
ele faz de acontecimentos e pessoas a ele relacionadas e do que ele pretende
relatar (ROSA; ARNOLDI, 2008, p. 31).
Nessa direção, Lüdke e André (1986) salientam que quanto menos roteirizada for a
entrevista mais riquezas de detalhes e mais informações o/a pesquisador vai obter. Para
sintetizar as considerações que trouxemos acerca dos tipos de entrevistas, apresentamos
abaixo a Figura 1.
Considerações finais
Referências
DINIZ, D.; GUERRIERO, I. Ética na pesquisa social: Desafios ao modelo biomédico. In:
DINIZ, D. et al. (org.). Ética em pesquisa: Temas globais. Brasília, DF: Letras Livres/
Editora da UNB, 2008. p. 289-322.
FLICK, U. Uma Introdução à Pesquisa Qualitativa. Porto Alegre, RS: Bookman, 2004.
FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 1981.
OLIVEIRA, G. S.; CUNHA, A. M. O.; CORDEIRO, E. M.; SAAD, N. S. Grupo Focal: uma
técnica de coleta de dados numa investigação qualitativa?. In: Cadernos da Fucamp,
UNIFUCAMP, v.19, n.41, p.1-13, Monte Carmelo, MG, 2020.