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Abstract
State support for entrepreneurial activities represents a spark of hope, whether due to its
economic purpose or even as a possibility of social mobility for people who, in an increasingly
unstable scenario, risk themselves in entrepreneurial activity. This research aimed to verify the
implementation process of the first edition of the National Program to Support the Generation of
Innovative Enterprises (Centelha Program) in the state of Santa Catarina. With a call for proposals
launched in 2019, it presented the selected projects in 2020. Theoretical, quantitative and
retrospective case study. At the end of the research, it was possible to verify the entire process of
implementation of the program, until the final list of approved projects and for contracting. In a
scenario where public spending is increasingly questioned and reduced, verifying the results of the
implementation of this program also becomes important.
Revista de Empreendedorismo e Inovação Sustentáveis Volume 6 – Número 1 – jan-abr/2021 - ISSN: 2526-0502 140
Recebido em 15/03/2021. Aprovado em 27/04/2021.
Uma fagulha de esperança: o processo de implementação do Programa Nacional de Apoio à Geração de Empreendimentos Inovadores
(Programa Centelha) em Santa Catarina
Fábio de Oliveira Silva
INTRODUÇÃO
O Programa Nacional de Apoio à Geração de Empreendimentos Inovadores, mais
conhecido como Programa Centelha foi instituído por meio da portaria nº 4.082 (10/08/18) do
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) 1. Programa que visa o
estímulo, orientação e formação de empreendedores, além da criação de empresas inovadoras
com potencial de crescimento dentro do território nacional. Tem como objetivos:
I) disseminar a cultura do empreendedorismo inovador nas Instituições de Ciência,
Tecnologia e Inovação (ICTs) brasileiras, incentivando alunos e pesquisadores a
criarem empresas inovadoras e de alto crescimento; II) promover a formação e a
capacitação de empreendedores inovadores em todo o País; III) incentivar a
apropriação dos resultados da pesquisa produzida nas ICTs no desenvolvimento
de produtos, processos e serviços inovadores; IV) incentivar a criação de
empresas inovadoras em áreas e setores estratégicos para o desenvolvimento
sustentável do país (DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, 2018, p.54).
E, ainda:
V) ampliar a quantidade de empreendimentos inovadores nos ambientes
promotores da inovação, incluindo as incubadoras e aceleradoras de empresas,
parques e polos científicos e tecnológicos; VI) estimular o adensamento
tecnológico das cadeias produtivas da economia brasileira por meio da criação de
empresas fornecedoras de produtos, processos e serviços inovadores para
empresas já consolidadas no mercado nacional; e VII) melhorar a competitividade
da economia brasileira por meio da ampliação da quantidade de empresas
brasileiras atuando em segmentos de alto conteúdo científico e tecnológico no
mercado internacional (DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, 2018, p.54).
Análise inicial refere que, em sua primeira edição com início em 2019, “[...] o Centelha
atingiu a marca de 15,2 mil ideias inovadoras submetidas em 19 estados, envolvendo mais de 38
mil participantes em suas equipes” (FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E INOVAÇÃO DO
METODOLOGIA
No que se refere aos aspectos metodológicos, a pesquisa representou estudo de caso
teórico, quantitativo e retrospectivo. Estudo de caso, pois seu foco foi a implementação do
programa no estado de Santa Catarina, ainda que se vislumbrou também de forma geral a visão
do país. Teórico e quantitativo, pois foi mediante o acesso aos dados secundários de publicações
que se obtiveram as informações consideradas mais relevantes. Retrospectivo por tratar de algo
já ocorrido e dados consolidados.
Buscou-se de imediato a caracterização inicial do programa incluindo os estados
participantes. Passou-se então ao referencial teórico com definição de políticas públicas e
respectivo ciclo, com ênfase na fase de implementação além da abordagem de temas como
empreendedorismo e inovação. Após, promoveu-se a real caracterização do programa com
conceituações importantes, etapas/fases e números nacionais e, em especial de Santa Catarina,
no que se refere ao quantitativo de ideias submetidas, participantes nas equipes, projetos
aprovados nas fases e projetos a contratar (até a data de realização da pesquisa no Brasil havia
projetos contratados, mas em Santa Catarina, somente a contratar). Concluindo, foi possível
explicitar os resultados alcançados pelo programa no estado catarinense.
REFERENCIAL TEÓRICO
Definir política pública não constitui missão fácil. Pode-se partir do princípio de que
signifique algo como “[...] o campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o
governo em ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário, propor
mudanças no rumo ou curso dessas ações (variável dependente)” (SOUZA, 2006, p.26). Política
pública, dentro de uma visão estatista ou estadocêntrica, tem o Estado como principal
protagonista e representa uma “[...] diretriz elaborada para enfrentar um problema público”
(SECCHI, 2019, p.5). Conceito que não deixa de apresentar componente abstrato, “[...] que se
materializa com instrumentos concretos como, por exemplo, leis, programas, campanhas, obras,
prestação de serviço, subsídios, impostos e taxas, decisões judiciais, entre muitos outros”
(SECCHI, 2019, p.5).
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A política pública é uma ciência desmembrada das ciências políticas, recebendo “[...]
influência de uma série de disciplinas como a economia, a sociologia, a engenharia, a psicologia
social, a administração pública e o direito” (SECCHI, 2019, p.7). O processo de elaboração de
uma política pública (policy-making process) é igualmente “[...] conhecido como ciclo de políticas
públicas (policy cycle)” (SECCHI; COELHO; PIRES, 2019, p.55, grifo do autor). Representa um
“[...] esquema de visualização e interpretação que organiza a vida de uma política pública em
fases sequenciais e interdependentes” (SECCHI; COELHO; PIRES, 2019, p.55).
Nem sempre suas fases ocorrem de maneira linear ou cartesiana; a sequência estabelecida
pode se alterar assim como a própria definição do ciclo:
Apesar de várias versões já desenvolvidas para visualização do ciclo de políticas
públicas, restringimos o modelo às sete fases principais: 1) identificação do
problema, 2) formação da agenda, 3) formulação de alternativas, 4) tomada de
decisão, 5) implementação, 6) avaliação e 7) extinção (SECCHI; COELHO;
PIRES, 2019, p.55, grifo do autor).
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inovação, com o apoio técnico e financeiro do MCTIC e das agências federais de fomento: “O
apoio técnico do MCTIC se dará por meio do repasse de metodologias, orientações e suporte para
a implementação e gestão do programa em nível estadual ou distrital” (DIÁRIO OFICIAL DA
UNIÃO, 2018, p.54).
O apoio financeiro por sua vez se dará “[…] por meio do repasse de recursos de subvenção
econômica e da concessão de bolsas para o desenvolvimento dos projetos de Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação das empresas apoiadas pelo Programa” (DIÁRIO OFICIAL DA
UNIÃO, 2018, p.54). A adesão/participação no programa é voluntária e se dá por “[…] aprovação
de projeto em chamada pública lançada pela FINEP e, posteriormente, de ratificação de termo de
adesão assinado de forma conjunta pelo Governador do Estado e pelos dirigentes dos órgãos e
entidades estaduais participantes do programa” (DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, 2018, p.54).
Figura importante dentro deste programa é a do Comitê Consultivo que objetiva “[…] auxiliar
o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações na coordenação e no
aperfeiçoamento das estratégias de implementação, gestão, acompanhamento e avaliação do
programa” (DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, 2018, p.54). A saber, sua composição:
Representante titular e um suplente indicado pelo (a): I) Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC); II) Financiadora de Estudos e
Projetos (FINEP); III) Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq); IV) Conselho Nacional de Secretários Estaduais para
Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (CONSECTI); V) Conselho Nacional
das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP); VI) Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE); VII) Associação
Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores
(ANPROTEC) (DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, 2018, p.54).
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A Fase 1 caracteriza-se pela submissão do projeto. Projeto este que deve evidenciar qual
problema se deseja resolver, a solução proposta, os diferenciais em relação ao que já existe no
mercado e qual a equipe que desenvolverá o mesmo. As propostas ao programa podem ser
encaminhadas por pessoa física que, após a aprovação, deverá constituir microempresa ou de
pequeno porte, sediada em seu respectivo estado, para recebimento dos recursos na forma de
subvenção econômica.
No caso de pessoa física, deverá apresentar vínculo como proprietário ou sócio de
microempresa ou empresa de pequeno porte, também sediada no mesmo estado e com data de
constituição em até 12 meses anteriores à data de publicação do edital de seleção. Ou seja, deve
existir há, ao menos, 1 ano. Cada projeto é avaliado por dois especialistas recebendo capacitação
para alinhamento de critérios de avaliação. Especialistas estes com formação e experiência em
uma ou mais áreas temáticas do programa, homologadas pelo Comitê Gestor com critérios
estabelecidos em edital.
Sendo aprovado, passa-se para a segunda fase. A Fase 2 é a do projeto de
empreendimento que representa detalhamento maior do que o estabelecido na da primeira fase.
Nova avaliação por dois especialistas. Passa-se à terceira fase. A Fase 3 é a do projeto de
fomento. Ou seja, enfatizar como serão utilizados os recursos financeiros e, consequente, o
desenvolvimento do projeto. Ao final deste ciclo, têm-se a listagem dos projetos aprovados. É
necessário instituir uma empresa após estas fases, sendo fornecido tempo hábil para tal.
A próxima etapa é a da pré-incubação, onde as empresas estão constituídas, com dinheiro
em caixa e passam a receber as capacitações online sobre gestão, vendas, marketing,
desenvolvimento de produto e outros temas relevantes para a sua formação empreendedora.
Exemplificando: “transformando ideias em inovação”; “estruturando equipes inovadoras”;
“identificando oportunidades de negócios”; “desafios de desenvolvimento”; “estratégias de
comunicação”; entre outras.
Cada estado lança edital próprio especificando o número de projetos contemplados e
respectivo valor. A meta é que cada empreendedor receba valor próximo de R$ 50.000,00. Um
mesmo empreendedor pode cadastrar diversas propostas, mas somente a melhor avaliada
seguirá adiante no processo seletivo.
Para fins do programa é adotado o conceito de inovação da Lei Nacional de Inovação (Lei
Nº 13.243/2016), que a define como a introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente
produtivo e social que resulte em novos produtos, serviços ou processos ou que compreenda a
agregação de novas funcionalidades ou características a produto, serviço ou processo já existente
que possa resultar em melhorias e em efetivo ganho de qualidade ou desempenho.
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uma sequência natural e que foi impactada, como quase tudo, pelo aspecto da pandemia do
Coronavírus. Gradativamente os números tendem a melhorar. Foram considerados apenas os
estados em que todas as informações estavam disponíveis. De forma geral, tem-se:
Gráfico 1: Números do Programa Centelha – Ideias Submetidas
QUANTITATIVO DE IDEIAS SUBMETIDAS (2019)
Amapá 179
Piauí 276
Pernambuco 277
Mato Grosso 498
Minas Gerais 523
Rio Grande do Norte 536
Paraíba 539
Mato Grosso do Sul 564
Sergipe 579
Rio Grande do Sul 784
Ceará 856
Goiás 917
Bahia 932
Amazonas 964
Santa Catarina 1.219
Alagoas 1.234
Espírito Santo 3.553
0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 4.000
No que se refere ao número de ideias submetidas a média em relação aos 17 estados foi de
849. Estados como Amapá ficaram muito abaixo (179), enquanto estados ficaram muito acima,
como o Espírito Santo (3.553). Estes dois estados também foram os dois extremos no que se
refere ao número de participantes nas equipes: Amapá (464); Espírito Santo (7.087); média dos
estados (2.112).
Gráfico 2: Números do Programa Centelha – Participantes nas Equipes
QUANTITATIVO DE PARTICIPANTES NAS EQUIPES (2019)
Amapá 464
Pernambuco 765
Piauí 814
Mato Grosso 1.298
Mato Grosso do Sul 1.362
Rio Grande do Norte 1.444
Minas Gerais 1.476
Paraíba 1.479
Sergipe 1.682
Rio Grande do Sul 1.968
Goiás 2.185
Bahia 2.407
Amazonas 2.452
Ceará 2.480
Santa Catarina 3.069
Alagoas 3.479
Espírito Santo 7.087
0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000
Sobre o quantitativo das ideias aprovadas na Fase 1 os estados ficaram muito próximos,
com um pouco mais de 200 ideias. Outra vez Amapá (153) e Espírito Santo (500) foram os lados
opostos da média. Em torno de 100 projetos por estado foram aprovados na Fase 2, ficando
Amapá (69) e Espírito Santo (250) em destaque. Sobre o número de projetos aprovados da Fase
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3, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Amapá se posicionaram num dos extremos, cada um com
15. E, continuando na dianteira, o Espírito Santo apresentou 56. A média dos estados foi de 27.
Gráfico 3: Números do Programa Centelha – Ideias Aprovas na Fase 1
QUANTITATIVO DE IDEIAS APROVADAS NA FASE 1 (2019)
Amapá 153
Mato Grosso 200
Piauí 200
Paraíba 201
Pernambuco 201
Sergipe 201
Rio Grande do Norte 202
Goiás 202
Mato Grosso do Sul 204
Alagoas 204
Bahia 204
Minas Gerais 206
Amazonas 207
Ceará 207
Rio Grande do Sul 211
Santa Catarina 213
Espírito Santo 500
0 100 200 300 400 500 600
Amapá 69
Piauí 98
Mato Grosso do Sul 100
Mato Grosso 100
Amazonas 100
Santa Catarina 100
Rio Grande do Norte 100
Pernambuco 100
Paraíba 101
Alagoas 101
Sergipe 101
Goiás 102
Ceará 102
Bahia 103
Rio Grande do Sul 104
Minas Gerais 105
Espírito Santo 250
0 50 100 150 200 250 300
Minas Gerais 15
Rio Grande do Norte 15
Amapá 15
Sergipe 23
Mato Grosso 27
Bahia 27
Amazonas 28
Rio Grande do Sul 28
Santa Catarina 28
Pernambuco 28
Piauí 28
Goiás 28
Ceará 28
Alagoas 29
Mato Grosso do Sul 30
Paraíba 31
Espírito Santo 56
0 10 20 30 40 50 60
Finalmente, sobre o número de projetos contratados, percebeu-se que a maioria ainda está
em processo incipiente. 12 estados estão zerados (incluindo o Espírito Santo). 5 estados já
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possuem contratos: Alagoas (29); Rio Grande do Sul (28); Paraíba (25); Mato Grosso do Sul (24)
e Sergipe (21), perfazendo a média de 25. De onde depreendeu-se que, no nível nacional, há
ainda muito por fazer. As fases mais orientadas para a seleção foram cumpridas. Resta agora o
ciclo final de implementação; ou seja, a contratação e acompanhamento dos projetos
selecionados.
Gráfico 6: Números do Programa Centelha – Projetos Contratados
QUANTITATIVO DE PROJETOS CONTRATADOS (2019)
Mato Grosso 0
Minas Gerais 0
Amazonas 0
Santa Catarina 0
Rio Grande do Norte 0
Pernambuco 0
Bahia 0
Piauí 0
Amapá 0
Espírito Santo 0
Goiás 0
Ceará 0
Sergipe 21
Mato Grosso do Sul 24
Paraíba 25
Rio Grande do Sul 28
Alagoas 29
0 5 10 15 20 25 30 35
Também evidenciou as temáticas de apoio como por exemplo: Automação; Big Data;
Biotecnologia e Genética; Eletroeletrônica; Inteligência artificial; Internet das coisas (IoT);
Manufatura avançada e robótica; Mecânica e mecatrônica; Nanotecnologia; Química e novos
materiais; Realidade aumentada; Realidade virtual; Segurança, privacidade e dados; Tecnologia
social; e Tecnologia da informação (TI).
Salientou sua proximidade com o fomento de projetos inovadores alinhados aos Objetivos
de Desenvolvimento do Milênio que tenham suas soluções aplicadas aos setores de:
Administração pública; Aeroespacial, Agronegócio; Automotivo; Bens de capital; Borracha e
plástico; Cerâmica; Comércio e varejo; Construção civil; Construção naval; Economia criativa;
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Fase 2:
Projeto de Empreendimento – Nesta fase as principais dimensões a serem
apresentadas pelos proponentes são: (a) equipe, (b) produto, (c) tecnologia, (d)
mercado, (e) capital e (f) gestão. É quando os proponentes farão os
detalhamentos das propostas submetidas na fase anterior, agora com foco na
viabilidade e no desenvolvimento do empreendimento (FUNDAÇÃO DE AMPARO
À PESQUISA E INOVAÇÃO DO ESTADO DE SANTA CATARINA (FAPESC),
2020b).
Fase 3:
Projeto de Fomento – Nesta fase, os proponentes devem detalhar o cronograma
físico financeiro da proposta e aplicação dos recursos de subvenção a serem
recebidos (FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E INOVAÇÃO DO ESTADO
DE SANTA CATARINA (FAPESC), 2020b).
A avaliação das ideias/projetos representa fase decisiva desta política pública, tendo por
foco sua futura implementação. Cada uma das propostas foi avaliada por doi especialistas em
cada fase, com comprovada capacidade técnica e de mercado, denominados Avaliadores ad hoc
a serem selecionados pela FAPESC. Os avaliadores foram capacitados para o alinhamento de
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Fonte: Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC), 2020b
A pontuação na Fase 1 fora obtida “[...] pelo produto da nota do problema ou oportunidade
de mercado pelo potencial inovador, somado à nota da equipe empreendedora, conforme a
fórmula: NOTA FASE 1 = (M x I) + E” (FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E INOVAÇÃO DO
ESTADO DE SANTA CATARINA (FAPESC), 2020b). Em caso de empate:
[...] será considerada a maior pontuação obtida nos critérios de Potencial Inovador
(I), Equipe Empreendedora (E), Problema ou Oportunidade de Mercado (M), data
mais antiga de submissão, nesta ordem, como critérios de desempate; d) Nesta
Fase poderão ser selecionadas até 200 ideias em ordem decrescente de nota, e
passarão para a próxima Fase as que obtiverem as maiores notas, limitadas a
uma por proponente; e) Caso um mesmo proponente tenha mais de uma ideia
com nota suficiente para ser aprovada, será selecionada para a Fase 2 aquela que
obtiver a maior pontuação; f) Esta Fase é passível de interposição de recursos
administrativos conforme orientações estabelecidas no item 13. Recursos
Administrativos (FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E INOVAÇÃO DO
ESTADO DE SANTA CATARINA (FAPESC), 2020b).
Fonte: Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC), 2020b
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A pontuação da Fase 2 fora obtida pela multiplicação dos três critérios, em que os dois
primeiros forneceram o potencial do negócio e o fator de risco representa redutor que levou em
conta a probabilidade do negócio, mesmo tendo potencial, não resultar em sucesso: “Por isso, é um fator
redutor, em que a pontuação 1,0 significa máxima possibilidade de sucesso. O cálculo descrito
segue a fórmula: NOTA FASE 2 = P x M x R” (FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E
INOVAÇÃO DO ESTADO DE SANTA CATARINA (FAPESC), 2020b). Em caso de empate:
[...] será considerada a pontuação obtida nos critérios Risco (R), Potencial de
Inovação (P) e no Potencial de Mercado (M), data mais antiga de submissão,
nesta ordem, como critérios de desempate; d) A Fase 2 é classificatória e
passarão para a próxima fase até 100projetos, selecionados em ordem
decrescente de nota; e) Esta etapa é passível de interposição de recursos
administrativos, conforme orientações estabelecidas no item 13. Recursos
Administrativos (FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E INOVAÇÃO DO
ESTADO DE SANTA CATARINA (FAPESC), 2020b).
Fonte: Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC), 2020b
A pontuação na Fase 3 foi obtida pela média dos critérios: NOTA FASE 3 = (PP + PN + E +
O) / 4;10.4 Nota final do Projeto: “A nota final do projeto será calculada pela média da nota da
Fase 2 e da Fase 3, conforme a fórmula: NOTAL FINAL DOPROJETO = (NOTA FASE 2 + NOTA
FASE 3) /2” (FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E INOVAÇÃO DO ESTADO DE SANTA
CATARINA (FAPESC), 2020b).
Em caso de empate:
[...] será considerada a pontuação obtida na Fase 2 e a data mais antiga de
submissão, nesta ordem, como critérios de desempate; c) Serão aprovados até 50
(cinquenta) projetos, em ordem decrescente de Nota Final; d) Esta etapa é
passível de interposição de recursos administrativos, conforme orientações
estabelecidas no item 13. Recursos Administrativos (FUNDAÇÃO DE AMPARO À
PESQUISA E INOVAÇÃO DO ESTADO DE SANTA CATARINA (FAPESC),
2020b).
Sobre o repasse dos recursos ficou a cargo da FAPESC tal feito, “[...] após a assinatura do
TERMO DE OUTORGA de Subvenção Econômica entre as partes e a publicação do seu extrato
no Diário Oficial do Estado de Santa Catarina” (FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E
INOVAÇÃO DO ESTADO DE SANTA CATARINA (FAPESC), 2020b). Os recursos financeiros
aprovados para execução do projeto foram depositados em conta corrente específica, aberta “[...]
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em nome da empresa beneficiária, em até 03 (três) parcelas sendo a primeira liberada após a
assinatura e publicação do extrato do Termo de Outorga no Diário Oficial do Estado de Santa
Catarina” (FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E INOVAÇÃO DO ESTADO DE SANTA
CATARINA (FAPESC), 2020b).
E, “A liberação da 2ª parcela estará condicionada à comprovação de utilização de, no
mínimo, 80% do valor da 1ª parcela. A mesma lógica será aplicada para a 3ª em relação à
segunda” (FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E INOVAÇÃO DO ESTADO DE SANTA
CATARINA (FAPESC), 2020b). Santa Catarina, até o presente momento, obteve os seguintes
números:
Gráfico 7: Números de Santa Catarina no Programa Centelha - (GERAL) – 2019
NÚMEROS DE SANTA CATARINA NO PROGRAMA
CENTELHA (2019)
Projetos Contratados 0
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E, por que a necessidade deste destaque? Porque já foram realizadas duas convocações de
projetos suplentes. Em 14/08 foram quatro e em 08/10/2020 foram dois.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Programa Centelha é uma política pública federal que desce aos estados. Há um certo
sentido top-down, mas não todo, haja vista a possibilidade de autonomia dos estados em
estabelecerem suas prioridades, mesmo tendo por base um modelo central. A própria proposta de
implementação do programa cita por diversas vezes a expressão “descentralização”. Por isto o
interesse em estudar um caso de implementação, como o de Santa Catarina.
A entidade parceira para estabelecimento do processo foi a Fundação de Amparo à
Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC). A mesma lançou o edital de
seleção em 12/06/2019. Este edital sofreu um aditivo e cinco alterações de seu cronograma. Estas
alterações, por si, já demonstram percalços na fase de implementação, haja vista que se não
houvesse nenhum empecilho seria mantido o regramento inicial.
O aditivo ao edital foi realizado em 22/07/19, ajustando uma questão de redação:
Onde se lê: Após a publicação do resultado final, para contratação dos projetos
aprovados, a empresa beneficiária deverá inserir na Plataforma FAPESC a
seguinte documentação, nos prazos estabelecidos: ...l) Declaração do responsável
legal, afirmando que a empresa não possui proprietário ou sócio proprietário que
possua outra (s) empresa (s) de qualquer natureza. ”Altera-se para: (...) “l)
Declaração do responsável legal, afirmando que a empresa não possui
proprietário ou sócio proprietário que possua outra (s) empresa(s) com atividade
afim ao Projeto – grifo do autor do aditivo (PROGRAMA CENTELHA SC, 2020).
Por sua vez, as alterações no cronograma foram realizadas em: 22/07, 23/09 e 17/06/19,
sendo mais duas em 2020 em: 05/03 e 30/06. Em 22/07/2019 foi alterado o prazo final da “Fase 1.
Submissão das ideias inovadoras” que passou de 31/07/2019 às 18h para 29/08/2019 às 18h
(PROGRAMA CENTELHA SC, 2020), o que por conseguinte, alterou todas as demais fases. Em
23/09/2019 houve alteração da data final da “Seleção e avaliação das ideias inovadoras – Fase 1”
(PROGRAMA CENTELHA SC, 2020), que passou de 23/06/2019 para 08/10/19, alterando
novamente os processos sequenciais.
Já em 17/06/2019 foi alterada de 14/10 para 18/10/2019 a “Divulgação do Resultado
Preliminar das Ideias Inovadoras Selecionadas – Fase 1” (PROGRAMA CENTELHA SC, 2020),
mexendo com todo o certame igualmente. No dia 05/03/2020 ficou alterada a “Divulgação do
Resultado Preliminar dos Projetos de Fomento Selecionados – Fase 3” de 06/03 para 25/03/2020
e, em 30/06/2020 a “Contratação dos projetos de fomento (suplentes)” (PROGRAMA CENTELHA
SC, 2020) passou a vigorar em 10/08 e não mais em 30/08/2020.
Diante de uma primeira edição, da capilaridade e complexidade do programa, não se pode
falar em erros, mas sim em ajustes perfeitamente compreensíveis. Outro ponto de destaque é a
liberdade de definição do objetivo do programa em SC, que respeitando o parâmetro nacional,
evidenciou ajustes locais sendo mais direto, objetivo e específico:
Estimular o empreendedorismo inovador por meio de capacitações para o
desenvolvimento de produtos (bens e/ou serviços) ou de processos inovadores e,
apoiar por meio da concessão de recursos de subvenção econômica (recursos
não reembolsáveis) a geração de empresas de base tecnológicas a partir da
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(Programa Centelha) em Santa Catarina
Fábio de Oliveira Silva
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(Programa Centelha) em Santa Catarina
Fábio de Oliveira Silva
Vive-se num ambiente com ações regulatórias e órgãos de controle em diversas esferas e
espalhados pelos três poderes da república. Quando se planeja, estrutura e se vislumbra a fase
de implementação estes fatores e atores não podem e nem devem ser ignorados. Seguindo, o
edital adapta, detalha e esclarece aspectos das fases de implementação que não estavam
totalmente evidentes da proposta federal, logicamente adequando à realidade local. Percebe-se
isto melhor na descrição da Fases 2 com o grifo do diferencial:
Projeto de Empreendimento – Nesta fase as principais dimensões a serem
apresentadas pelos proponentes são: (a) equipe, (b) produto, (c) tecnologia, (d)
mercado, (e) capital e (f) gestão. É quando os proponentes farão os
detalhamentos das propostas submetidas na fase anterior, agora com foco
na viabilidade e no desenvolvimento do empreendimento (FUNDAÇÃO DE
AMPARO À PESQUISA E INOVAÇÃO DO ESTADO DE SANTA CATARINA
(FAPESC), 2020b).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pensar o passo a passo de uma política pública não é tarefa fácil. Mesmo que seja em outra
fase do Ciclo de Políticas Públicas, a da avaliação, em que se debruce efetivamente sobre o
cumprimento dos objetivos de dada política, é impossível não existir uma aproximação com a
mesma no que se refere ao processo de implementação. Afinal, nenhum técnico ou gestor
despende tanto tempo e energia laborando sobre a implementação para que os resultados sejam
pífios.
O programa deixa evidente, e em especial ao se evidenciar o caso de SC, que há toda uma
complexidade e necessidade de estabelecimento de especificidades, dentro do processo de
implementação de uma política pública. Maior ainda é a exigência quando há peculiaridades
locais e se confia a outro ente parte do processo.
O referido programa em SC tem números relevantes, afinal, foram 1.219 ideias submetidas
com 3.069 participantes nas equipes, sendo 213 ideias aprovadas na Fase 1, 100 na Fase 2 e 28
na Fase 3. Dos 28 projetos aprovados (número considerado ideal dentro da política federal),
observa-se: Inteligência Artificial (5); Internet das Coisas (4); Nanotecnologia (3); Química e Novos
Materiais (3); Biotecnologia e Genética (3); Tecnologia Social (2); Automação (1); Big Data (1);
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Eletroeletrônica (1); Manufatura Avançada e Robótica (1); Realidade Aumentada (1); Realidade
Virtual (1); Segurança, Privacidade e Dados (1); TI e Telecom (1).
Um caminho árduo foi percorrido por quem participou do processo e também por quem o
estabeleceu. Muito possivelmente com o advento do segundo edital do programa, parte do
sofrimento, angústia e equívocos vividos e encontrados na primeira edição, se transformarão em
aprendizado, aperfeiçoamento. Também se aprendem com os erros; aos menos deveria ser
assim. A realidade estabelecida pela pandemia, por certo, constituiu um desafio ainda maior para
pensar o processo de implementação desta política.
Uma limitação desta pesquisa pela própria natureza do programa em tela e por sua
cronologia e que, justamente por isto, não foi um de seus objetivos, foi a falta da possibilidade de
demonstração que se poderia ter dos projetos efetivamente contratados para que se finde o ciclo
e a política possa efetivamente vigorar, o que se desenhou e estabeleceu é promissor; tanto em
2019 quanto para 2020. O Estado deve fomentar o empreender, deixando claro que, mais do que
um sentido poético de “transformação de vidas” ou de “superação do homem”, representa uma
possibilidade de mobilidade social que, efetivamente não é fácil, mas é possível.
Possivelmente ao final da segunda edição do programa será bastante interessante o
comparativo com a primeira, em termos de elaboração do edital, processo de seleção, requisitos e
formas de avaliação. Potencialmente existe a tendência da identificação de melhorias o que
poderá ser tema de uma nova e instigante pesquisa.
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