REVISTA DO LABORATÓRIO DE ARQUEOLOGIA E PALEONTOLOGIA DA UEPB

ISSN 2179 - 8168

FONÓLITOS E PEDRAS QUE EMITEM SOM: PEDRAS DE SINO OU HARMÔNICAS?

Juvandi de Souza Santos

Lucas Ramon Porto de Assis

Recebido em 14 de dezembro de 2020 - Aceito em 21 de dezembro de 2020

Revista Tarairiú, Campina Grande - PB, Ano VIII– Vol.1 - Número 17 – 2020, p. 89-94.
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FONÓLITOS E PEDRAS QUE EMITEM SOM: PEDRAS DE SINO OU HARMÔNICAS?

Juvandi de Souza Santos

Historiador/Arqueólogo/Paleontólogo/Espeleólogo - LABAP-UEPB
[email protected]
Lucas Ramon Porto de Assis
Graduando em História – UEPB
[email protected]

RESUMO

O pequeno trabalho que se segue é a apresentação sintética de um fenômeno curioso: o fato de algumas rochas emitirem o som qual
o do badalar de sinos quando percutidas por objeto metálico. Comumente chamadas ‘pedras de sino’ ou cientificamente, fonólitos,
estas rochas manifestam-se em algumas regiões do Brasil e do mundo, e causam estranheza e fascinação por seu caráter inusitado,
havendo algumas hipóteses para explicar-lhes a capacidade de emissão de som, discutidas no decurso do artigo. Na Paraíba,
também há presença deste tipo de rochas, mas é ainda bastante limitado o conhecimento sobre estas, e o presente trabalho tem
o caráter de buscar realizar um estudo preliminar no estado: em primeiro lugar, um grande esforço em georreferenciá-las em todo
o território paraibano, em momento seguinte, estudar-lhes as características e, enfim, explorar o seu potencial turístico. Assim,
espera-se que as pedras de sino passem a ser uma manifestação da natureza cada vez mais conhecida, quiçá até ao compreender-
lhes as relações com os grupos humanos pré-históricos, pois que há muitas lendas de origem indígena a respeito destes fonólitos.

Palavras-chave: Fonólitos. Pedras de sino. Paraíba.

ABSTRACT

The work that follows is the synthetic presentation of a curious phenomenon: the fact that some rocks emit the sound of a
bell ringing when struck by a metallic object. Commonly called ‘bell stones’ or scientifically, phonolites, these rocks manifest
themselves in some regions of Brazil and the world, and cause strangeness and fascination due to their unusual characteristic,
with some hypotheses to explain their sound emission capacity, discussed in the course of the article. In Paraíba, this type of
rock has been identified, but knowledge about them is still very limited, and the present work has the character of seeking to
carry out a preliminary study in the state: first, a great effort in determining the geographic location of them throughout the
territory of Paraiba, in a subsequent moment, to study their characteristics and, finally, to explore their tourist potential. Thus, it is
expected that the bell stones will become an increasingly well-known manifestation of nature, perhaps even when understanding
their relations with prehistoric human groups, since there are many legends of indigenous origin regarding these phonolites.

Keywords: Phonolites. Bell stones. Paraíba.

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1.0 INTRODUÇÃO

Os fonólitos, ou fonolitos, estas são pedras que emitem um som característico quando são chocadas
entre si ou com outro objeto. O seu nome deriva especificadamente desta característica peculiar, pois que o
som que emite difere daquele normalmente esperado por rochas tendo uma característica metálica. Além disso,
fonólitos são rochas magmáticas extrusivas, e levam na sua composição outros minerais, como feldspatos,
provavelmente dalguma combinação específica destes minerais derivando a possibilidade de geração de
som metálico (FONÓLITOS, 2020). Parecido com o som emitido por um sino de bronze quando estes são
percutidos por outros objetos.

Há vários exemplos no Brasil de rocha composta por fonólitos, sendo que um deles é a Pedra Sonora,
na Serrinha do Alambari, Resende, Rio de Janeiro. Esta é um grande bloco de rocha, onde foi identificada a
emissão de som. A lenda é a seguinte:

[…] de origem indígena que conta que há muitos anos, naquele local, os índios
Coroados disputavam a posse das terras com os índios Puris. Certo dia, um chefe
índio, fazendo reconhecimento do local, recebeu uma flechada no pescoço.
Impossibilitado de gritar por socorro, sentindo que ia morrer, ajoelhou-se junto à
pedra, deixando seu machado cair sobre ela. A pancada emitiu um som que ecoou
pela encosta. Ao constatar o fenômeno, o índio bateu outras vezes com o machado.
Curiosos com o ruído que ouviram, seus companheiros não tardaram a chegar ao
local, a tempo de salvá-lo. (CORREIO DO ESTADO, 2020, p. 2).

Conforme ressaltado, não há explicações específicas para a ocorrência do fenômeno, no caso dos
fonólitos. Sabe-se que existe uma certa influência da porosidade de algumas destas rochas, que acaba por
gerar, também, um vazio interno no bloco rochoso, assim propiciando o som como de choque com bronze ou
cobre.
Sobre as pedras que emitem sons, há alguns monumentos no Brasil que já servem como exemplificação
para este fenômeno. Primeiramente, a Pedra do Sino, em Currais Novos, RN, localizada no Sítio Geológico
Pico do Tororó. A rocha produz som em algumas parcelas de sua superfície, especialmente ressaltado quando
a chocam com um martelo.
Além desta Pedra, há outra homônima, na Praia de Santa Rita, em Ubatuba, e ainda uma mais na Praia
do Sino, Ilhabela (PEDRA SONORA, 2020). Similarmente à anterior, este bloco rochoso também emite som
como de sino quando percutido, e, também, produziu-se lenda indígena a seu respeito. Além disso, a Pedra
de Ilhabela provavelmente interfere no posicionamento das agulhas de bússolas, devido ao magnetismo que
emite, sendo a razão de ser de alguns naufrágios na região, ou assim teoriza-se.
Mais especificadamente sobre a composição destas rochas, afirma-se:

Alguns geólogos explicam que estas raras pedras que emitem este tipo de som,
são feitas de uma substância vulcânica chamada diabásio, que consiste em ferro
e outros minerais pesados como todas as outras pedras. Entretanto, algo sobre a

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sua composição a torna diferente. Alguns cientistas acreditam que um movimento

intenso dentro das rochas é responsável pelo som. Através de relatos científicos
foi possível a identificação de minerais de óxido de ferro, como magnetita, na
composição dos afloramentos rochosos (pedras do sino), os quais interferiram
indiretamente nos naufrágios do passado (CURIOSIDADES DE UBATUBA, pp 1 e 2).

Assim, sinteticamente, há dois ou três fatores principais que geram as pedras de sino: primeiro,
composição rochosa porosa, com presença de diabásio e minerais ferrosos outros, e vazio interior. Seria esta
combinação de fatores a responsável pelo fenômeno, apesar de que há escassas informações a este respeito.
Um exemplo em nosso estado, a Paraíba, em que um bloco de gnaisse emite som específico de sino
após ser percutido, encontrava-se no riacho Bacamarte, no Ingá. Este bloco foi deslocado de seu local de
origem devido a intensas chuvas na região, cerca de dez anos atrás, que causaram o rolamento do bloco e a
mudança de sua posição. Após isso, ao ser percutido, o bloco em sua nova posição não mais emite o som que
lhe era característico, de um sino (Fig. 1).

Fig. 1 – Posição atual da pedra do sino da Itacoatiara do Ingá, Paraíba.

Crédito da imagem: Antônio Marcos Pereira dos Santos.

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2.0 PEDRAS DE SINO NA PARAÍBA

Uma quantidade bastante significativa de blocos rochosos que emitem som de sino quando percutidos,
já foi identificada na Paraíba, sendo que inúmeros outros ainda estão para descobrirem-se.
Não sabemos, e creio que jamais saberemos, se os povos pré-históricos tinham conhecimento desses
blocos rochosos. O que sabemos é que desde muito tempo em nossa região, caçadores e agricultores já
tinham conhecimento acerca destes locais.
Já identificamos esses blocos rochosos em três das quatro mesorregiões da Paraíba, a saber:
Borborema, Agreste e Sertão, sendo que, na Borborema e no Sertão, são estes o locais que mais evidências
de pedras de sino encontramos. A predominância maior tem sido nas microrregiões que compõem o Cariri
(Oriental e Ocidental) e o Seridó, especialmente a parte oriental (Fig. 2), isso graças às nossas investidas
nessas regiões da Paraíba.

Fig. 2 – Pedra de sino, denominada localmente de Pedra Harmônica (bloco da esquerda), existente no
Complexo Arqueológico das Sacas de Lã, Cabaceiras, Paraíba.

Crédito da imagem: Juvandi de Souza Santos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma das nossas metas em relação a esses monumentos naturais é o de encontrar e georreferenciar o
máximo possível, na Paraíba, de pedras que emitem som de sino, e quem sabe estudá-las mais profundamente
em conjunto com pesquisadores de Geografia e de Geologia. Outra meta nossa será a de criar um mapa
em que apareçam todas as localidades do estado que apresentem esses sítios geológicos e às vezes até
arqueológicos, naturais, criando, quem sabe, o roteiro das Pedras de Sino, roteiro este que poderá ser visitado
por turistas de qualquer parte do mundo, passando a valorizar tais locais pela raridade em encontrar pedras
que emitem som e, com isso, sensibilizar a população para preservar esses locais.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORREIO DO ESTADO. Obtido em: https://correiodoestado.com.br/cidades/formacao-geologica-rara-ficou-

famosa-por-ter-pedras-musicais-com-incriveis-sons-metalicos/209334. Acesso em: 22 Nov. 2020.

CURIOSIDADE DE UBATUBA. Obtido em: https://www.curiosidadesdeubatuba.com.br/pedra-do-sino/

Acesso em: 10 Nov. 2020.

FONÓLITOS. Obtido em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fon%C3%B3lito. Acesso em: 18 Nov. 2020.

PEDRA SONORA. Obtido em: http://viajandoporai.net/america-do-sul/brasil/sudeste/pedra-sonora-visite-

essa-linda-escultura-da-natureza-pertinho-de-penedo/. Acesso em: 19 Nov. 2020.

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