193 1057 1 PB
193 1057 1 PB
193 1057 1 PB
Gabriela Cezimbra
Faculdade de Tecnologia – São Paulo/SP, Brasil
[email protected]
Enio F. Rodrigues
Faculdade de Tecnologia – São Paulo/SP, Brasil
[email protected]
Egidio R. Tsuji
Universidade Federal da Grande Dourados, Brasil
[email protected]
Luis C. Magarian
Faculdade de Tecnologia – Guarulhos/SP, Brasil
[email protected]
Alexandre Formigoni
Faculdade de Tecnologia – Guarulhos/SP, Brasil
[email protected]
RESUMO
O arranjo físico das operações industriais tem uma grande influência sobre o desempenho dos
processos. A localização dos recursos de transformação pode comprometer a produtividade,
fazendo com que os recursos transformados tenham que realizar percursos que aumentem os custos
de processamento e possam comprometer o prazo de atendimento dos pedidos. O estudo
apresentado visa demonstrar que uma boa análise das atividades denominadas como meios
permitem ganhos no tocante às distâncias percorridas e presença de estoques em processo (WIP) de
um sistema produtivo relativo a uma lavanderia industrial. As principais alterações propostas no
estudo de caso dizem respeito à realocação de recursos produtivos, o que permitiu reavaliar aos
trajetos seguidos pelos produtos durante seu processamento e liberar locais de grande circulação,
traduzindo-se para a empresa como redução de tempo, custos e melhoria do nível de serviço.
________________________________________________
Data do recebimento do artigo: 22/05/2012
Data do aceite de publicação: 02/07/2012
O papel do arranjo físico e da gestão de informações como ferramenta para melhoria da competitividade e
desempenho dos processos de uma lavanderia industrial
INTRODUÇÃO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Sistemas produtivos
Segundo o biólogo Bertalanffy (1986), o conceito multidisciplinar de “sistema” faz
referência de como um conjunto de elementos que de modo dinâmico estão relacionados entre si,
desenvolvendo uma atividade para atingir um objetivo, operando sobre entradas e fornecendo saídas
processadas.
A existência de um sistema produtivo está referida a ampla necessidade de uma empresa que
possui um conjunto de etapas que se interagem em seu processo, a partir de um objetivo comum,
atuando no sentido de produzir um resultado eficaz e que seja o esperado para o seu cliente
(MOREIRA, 1996). Dessa maneira, a análise de um sistema de produção pode ser apontada por
Riggs (1970) como a relação vivente entre todos os elementos que cooperam entre si durante todo o
processamento do produto, desde a entrada de matéria-prima na empresa até a egressão do item
acabado.
Tratando-se de segmento têxtil e confecção, ferramentas específicas são exigidas desde a
etapa de criação que é originada na agropecuária ou em indústria química, passando por todo o
método de transformação até chegar ao consumidor. Paralelo a isso, outros procedimentos são
efetuados para aperfeiçoar os custos, garantir a segurança no trabalho, identificar problemas e
corrigi-los, fazendo assim com que a empresa e seus produtos se tornem mais competitivos no
mercado (MDIC, 2012).
Sistemas de Qualidade
As características que um produto tem e que atendem as necessidades de seus clientes
promovendo sua satisfação e consistindo na ausência de deficiências, é definido por Juran (1992)
como qualidade. Análogo a isso, Deming (1990) delibera qualidade como sendo um grau previsível
de uniformidade e confiabilidade a baixo custo, estando adequada ao mercado.
Embora seja um conceito subjetivo, variando de cada indivíduo, a qualidade é considerada
por muitos como sendo uma característica de um produto ou serviço que satisfaça as necessidades e
expectativas de seus consumidores. Em um mercado com constantes mudanças e mais competitivo,
as empresas são instigadas a se renovarem e aperfeiçoarem seu sistema de produção de forma que
satisfaça seu comprador. Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (2012), a
implantação de um sistema de qualidade em uma empresa é um dos principais meios pelo qual ela
atribui se está atuando conforme as requisições do mercado empreendedor. A certificação deste,
com normas internacionais, cominam saldos positivos e uma ascendente responsabilidade.
Conforme a Brasil Sistemas de Gestão Ltda [BSGL] (2012), com o escopo de manter e
aquilatar a qualidade dos projetos e serviços, as empresas buscam desenvolver um Sistema de
Gestão de qualidade baseando-se em normas estabelecidas no mercado. De forma equivalente, o
Instituto Português Da Qualidade [IPQ] (2012), afirma que a certificação do Sistema de Gestão de
Qualidade abona uma série de benefícios para a organização, como visibilidade frente ao mercado e
a garantia que esta tem em relação às características de seu produto.
Ainda que existam diversas certificações de qualidade, a ISO 9001 é amplamente a melhor
estabelecida. Segundo Basílio (2009), a grande importância dessa certificação se dá pelo seu
diferencial, que arreda boas oportunidades para a empresa que a possui, uma vez que ao adquirir os
produtos dessas organizações, o consumidor tem a certeza que existe um sistema confiável durante
todo o processo de fabricação até o estágio final para garantir os resultados almejados.
Lins (1993) também explica sobre a criação de técnicas de ferramentas de qualidade que
foram designadas a fim de auxiliar os profissionais a compreenderem e abordarem de forma
sistemática os problemas de diversas situações durante o processo de produção e conseqüentemente
fornecerem respostas para que o mesmo seja solucionado. Ishikawa (1993) evidencia sete
ferramentas que são essenciais para que aperfeiçoe os processos de melhoria da qualidade e busque
a excelência de qualidade. Estas ferramentas básicas de qualidade utilizadas que são compostas por
Folha de Verificação, Diagrama de Pareto, Estratificação, Diagrama de Causa-Efeito, Histograma,
Diagrama de Dispersão e Carta de Controle, estão expostas e resumidas a seguir conforme Barbosa
(1993).
a) Folha de Verificação: trata-se de uma planilha na qual facilita a coleta de dados a serem
avaliados;
b) Diagrama de Pareto: constitui-se de um diagrama de barras que disponibiliza as
ocorrências de forma ordenada do maior para o menor de modo que se possam determinar as
prioridades da empresa;
c) Estratificação: é denomina como sendo as diversas maneiras em que se agrupam os
dados para possibilitar diferentes observações;
d) Diagrama de Causa-Efeito: é uma representação visual que divulga as causas do
problema em questão;
e) Histograma: corresponde a um diagrama de barras que demonstra a distribuição de
freqüência de uma população;
f) Diagrama de Dispersão: obedece a um gráfico que possibilita uma melhor interpretação
no processo como um todo, indagando uma possível conexão entra as variáveis de entrada e
saída para descobrir quais condições são favoráveis para se operar;
Revista Metropolitana de Sustentabilidade - RMS, São Paulo, v. 2, n. 2, p. 48-63, maio/ago. 2012.
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Liliam Amaral, Gabriela Cezimbra, Ênio F. Rodrigues, Lucas R. Deliberador,
Egídio R. Tsuji, Luís C. Magarian & Alexandre Formigoni
Arranjo físico
O arranjo físico dos recursos utilizados no sistema de produção de uma instalação pode
afetar de maneira significativa a produtividade de uma organização empresarial. De acordo com
Slack, Chambers e Johnston (2009, p.200) “O arranjo físico de uma operação produtiva preocupa-se
com o posicionamento físico dos recursos de transformação”. Desta forma, o planejamento do
Layout de uma instalação é uma atividade complexa que envolve diversos fatores que devem ser
considerados durante o processo decisório, tais como a localização física dos equipamentos e a
movimentação dos recursos no sistema produtivo.
Segundo Ritzman e Krajewsky (2007, p. 196) “O planejamento do arranjo físico envolve
decisões sobre a disposição dos centros de atividade econômica em uma unidade”. Os recursos
devem ser dispostos de maneira adequada de acordo com o tipo de processo que será realizado, com
o intuito de proporcionar um fluxo eficaz das pessoas, informações e materiais durante a operação
produtiva.
Conforme Krajewsky, Ritzman e Malhorta (2010. p. 259) “Os layouts afetam não apenas o
fluxo de trabalho entre os processos em uma instalação, mas também os processos em outros
lugares de uma cadeia de valor”.
De acordo com Ritzman e Krajewsky (2007, p. 197) “O arranjo físico possui muitas
implicações práticas e estratégicas”. Alterar um arranjo físico pode afetar uma organização e o
modo como ela atinge suas prioridades competitivas ao facilitar fluxo de materiais e informações.
Aumentar a utilização eficiente da mão de obra e equipamentos, aumentar a conveniência do cliente
e as vendas em uma loja varejista, reduzir os riscos para os trabalhadores, aumentar a moral dos
funcionários e melhorar a comunicação.
METODOLOGIA
O estudo foi realizado em uma lavanderia industrial, onde foram analisados os fluxos do
produto, seus impactos e aspectos relacionados à segurança no trabalho. A análise foi realizada
visando comparar dois momentos do sistema produtivo, um anterior a mudança no arranjo físico e
outra, posteriormente, já observando os impactos no processo. Foram aplicadas ao processo de
análise, técnicas de qualidade e mapeamento de processos.
ESTUDO DE CASO
Para iniciar o estudo, decidiu-se utilizar o diagrama e de causa-efeito (Ishikawa) com a intenção de
discutir o processo da empresa e visualizar o grau de conhecimento dos envolvidos, também em
relação ao processo. No diagrama utilizou-se um ‘efeito’ amplo para alavancar diversas causas que
podem ser ligadas a problemas da empresa.
Entrada
Conferência
Identificação
do processo
Sim Não
Jeans
Lavanderia Tinturaria
Jato/Lixado Revisão
Pack Expedição
Lavanderia Saída
Pincel/USED
Lavanderia
Passadoria
O estoque de peças cruas está localizado no meio da maioria dos setores, esse
posicionamento contribui para o acúmulo de alguns fluxos em determinadas regiões da planta,
dificultando a movimentação dos materiais entre os setores. Além do estoque de matéria-prima estar
localizado no meio da planta existe uma desorganização no controle e manutenção do estoque,
muitas vezes alguns lotes de peças não possuem identificação (Figura 4) de qual o tratamento
desejado pelo cliente. Desta maneira ocorre um atraso no início do processo ou algumas peças
sofrem um processo diferente daquele desejado pelo cliente. Detectou-se por meio de entrevistas
que os proprietários acreditam melhorias são necessárias, contudo, os mesmos definiram como
estratégia da empresa um crescimento a baixo custo e como resultado existem projetos de melhoria
de processo que foram iniciados, porém estão parados.
Os funcionários do chão de fábrica identificaram, durante as visitas, que o principal
problema que eles vivenciam é a falta de comunicação e informação, dois fatores que estão
contribuindo para a desorganização da empresa e perda de qualidade no processo. A empresa tem
como prioridade à qualidade e o cliente, sendo muito flexível a mudanças, para atender a esses
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A organização precisa se preocupar com a segurança de seus recursos humanos para manter
a integridade física de cada individuo, contudo, está não foi à única reclamação percebida, alguns
funcionários citaram durante entrevistas que muitas vezes alguns têm idéias para melhorar os
processos, porém não são escutados de maneira correta e a melhoria não acontece, deixando os
funcionários desanimados.
A Figura 7 demonstra de forma clara a melhoria no fluxo entre as atividades, com esse o
layout arranjado desta maneira não existe o cruzamento intenso de fluxos no corredor de acesso a
lavanderia. Duas mudanças importantes aconteceram dentro do layout, à primeira foi o
reposicionamento do estoque de peças cruas de jeans para um local próximo ao início, evitando a
movimentação do estoque perto de todas as outras operações. A segunda mudança foi dividir o setor
de lavanderia, pois as peças precisavam voltar muitas vezes para este setor resultando em um
acumulo de fluxos nos corredores, esta alteração também proporcionou redução na distância
percorrida e no tempo de movimentação. A passadoria foi fechada em uma sala com a implantação
de uma sala de refrigeração, essa alteração foi necessária para manter a segurança do ambiente de
trabalho dos operários de todos os setores, o calor gerado por este setor era transmitido para todos
os outros.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
ABSTRACT
The physical arrangement of industrial operations has a great influence on the process performance.
The location of processing resources can compromise productivity, making the resources that have
transformed take paths that increase processing costs and may jeopardize the term of order
fulfillment. The present study aims to demonstrate that a good analysis of the activities referred to
as media, allows gains regarding the distances and the presence of in-process inventories (WIP) of a
production system on an industrial laundry. The main changes proposed in the study concern the
reallocation of productive resources, which allowed reevaluate the paths followed by products
during processing and release sites of general circulation, translating to the company as a reduction
of time, cost and improvement of service.
RESUMEN
La disposición física de las operaciones industriales tiene una gran influencia en el rendimiento del
proceso. La ubicación de los recursos de procesamiento puede afectar a la productividad, por lo que
los recursos que han transformado a tomar caminos que aumentan los costos de procesamiento y
puede poner en peligro la vigencia del cumplimiento de la orden. El presente estudio tiene como
objetivo demostrar que un buen análisis de las actividades refiere como medios permiten a las
ganancias con respecto a las distancias y la presencia de los inventarios en proceso (WIP) de un
sistema de producción en una lavandería industrial. Los principales cambios propuestos en el
estudio de caso se refieren a la reasignación de los recursos productivos, lo que permitió reevaluar
las trayectorias seguidas por los productos durante los sitios de procesamiento y liberación de
circulación general, traduciendo a la empresa como una reducción de tiempo, costes y mejorar nivel
de servicio.