Módulo 666
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-3. Impostos
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o 3.4.12. Impostos não estaduais
o 3.4.13. Impostos principais
o 3.4.14. Impostos acessórios
o 3.4.15. Impostos proporcionais
o 3.4.16. Impostos progressivos
o 3.4.17. Impostos regressivos
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1.Atividade financeira do Estado
Direito Fiscal – É constituído pelo conjunto de normas jurídicas reguladoras dos impostos.
O Direito Fiscal é, portanto, um sub-ramo do Direito Tributário.
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1.1. Receitas Públicas
Despesas públicas
Gastos que o Estado necessita de realizar para suportar os encargos decorrentes da
administração do território (vencimentos dos funcionários, compra de equipamentos, entre
outros) e as necessidades coletivas (segurança, justiça, educação, etc.).
Receitas públicas
Recursos que o Estado obtém, durante um período financeiro, para fazer face às despesas
públicas.
O Orçamento de Estado, caracteriza-se por ser um instrumento de gestão que contempla uma
previsão discriminada das receitas e das despesas do Estado, incluindo as dos fundos
autónomos e o orçamento da segurança social, e é da iniciativa do Governo. A proposta de lei
do OE, deve ser apresentada à AR até dia 10 de Outubro (ano anterior).
1.1.1.Receitas coativas
São fixadas pelo Estado por via legislativa de forma autoritária.
P.Ex: IRS, IVA. Propinas dos alunos, etc.
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P.Ex. Venda de madeira das explorações florestais do Estado, rendas de prédios, receitas de
parques públicos, etc.
Estas chamam-se patrimoniais porque derivam do património do Estado.
Propostas de trabalho 1
1.1.3.Receitas creditícias
São aquelas que resultam do recurso ao crédito pelo Estado.
A dívida pública do estado em 2021 foi de 127,5% do PIB. A dívida tem vindo a diminuir. Em
2020 era de 133,7%.
Esta redução deveu-se a uma forte recuperação da economia portuguesa, à melhoria das
contas públicas e à otimização da tesouraria global do Estado.
Este resultado é uma excelente notícia para Portugal. A retoma da trajetória de redução da
divida pública é fundamental para a credibilidade internacional da república e para a confiança
na economia portuguesa.
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Circuito do Imposto
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Proposta de trabalho 2:
2. Direito Fiscal
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2.1.2.1.2. Princípio da segurança jurídica
Consiste a publicidade nos atos de poder público, assim como a clareza e a determinabilidade
das Fontes de Direito.
Artigo 12.º
Aplicação da lei tributária no tempo
1 – As normas tributárias aplicam-se aos factos posteriores à sua entrada em vigor, não podendo ser
criados quaisquer tributos retroativos.
2 – Se o facto tributário for de formação sucessiva, a lei nova só se aplica ao período decorrido a
partir da sua entrada em vigor.
3 – As normas sobre procedimento e processo são de aplicação imediata, sem prejuízo das garantias,
direitos e interesses legítimos anteriormente constituídos dos contribuintes.
4 – Não são abrangidas pelo disposto no número anterior as normas que, embora integradas no
processo de determinação da matéria tributável, tenham por função o desenvolvimento das normas
de incidência tributária.
Fonte: www.pwc.pt
Em Direito Fiscal:
- As normas que regulam elementos essenciais (incidências, isenções, taxas, etc.) não devem
ser aplicadas retroativamente.
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- As que regulam elementos não essenciais podem ser aplicadas retroativamente.
Tipos de igualdade:
Igualdade horizontal (art.13.º CRP): igual imposto para os que dispõe de igual capacidade
contributiva;
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Proposta de trabalho 3
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qualificação ou punição de qualquer infração fiscal – têm de ser aprovadas pela AR –
(Resolução da AR (art.165.º/ 1, c), d) i) CRP). As convenções que versem sobre outras
matérias – podem ser aprovadas pelo Governo – Decretos – art.197.º/1 C.
processo de contraordenação;
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2.1.2.2.4. Decretos-Lei do Governo
Os Decretos legislativos regionais (das assembleias reginais dos Açores e Madeira), versam
sobre matérias de interesse específico para as regiões (112.º/4 CRP), contudo não podem
contrariar as Leis ou Decreto-Lei.
As resoluções são uma forma frequente de aprovar atos da Assembleia da República. Em matéria
fiscal é através da Resolução que são aprovados os tratados internacionais (que versam matérias
fiscais e outras matérias).
2.1.2.2.6. Regulamentos
Destinam-se a assegurar a boa execução das leis (art.199.º/ c) CRP e 112.º/ 6, e 7 CRP). São
regulamentos do Governo – decretos regulamentares, portarias, despachos normativos.
Os Regulamentos das Regiões Autónomas e Regulamentos das Autarquias, não podem
contrariar as Leis (Lei ou DL), nem disciplinar os elementos essenciais dos impostos - a
incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes - nem versar sobre a
liquidação ou a cobrança dos impostos (artigo 8º, n° 2, al. a) LGT).
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2.1.2.2.7. A Doutrina
2.1.2.2.8. A Jurisprudência
As decisões dos tribunais aplicam o direito a um caso concreto: e só valem para o caso em que
foram proferidas e não para outro caso, mesmo que esteja tudo análogo ao primeiro. São
formas de revelação das normas, através da interpretação que delas fazem os Tribunais. Não
são vinculativas e nessa medida não são fonte direta de direito fiscal, mas influenciam
decisões futuras. Existem decisões judiciais que têm força obrigatória geral. É o que
acontece com o Tribunal Constitucional (declarações de inconstitucionalidade e ilegalidade) e
o STA que pode pronunciar acórdãos de uniformização da jurisprudência, julgando a oposição
de acórdãos (artigo. 280.°, n° 2, e 284° do CPPT), ou até mesmo a oposição de sentenças dos
tribunais tributários de 1ª instância (artigo 280°, n° 5, do CPPT). As decisões dos tribunais
administrativos e fiscais não constituem fonte de direito a não ser quando declarem a
ilegalidade das normas.
Proposta de trabalho 4
3. Impostos
Conceito: É uma prestação coativa, pecuniária, unilateral, estabelecida por lei, exigida às
pessoas singulares e coletivas a título definitivo, e sem contrapartida, com vista à cobertura
de despesas públicas e sem natureza sancionatória.
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3.1.1.1. Prestação coativa
A obrigação tem de ser paga em dinheiro, característica esta que permite distinguir o
imposto de outras prestações coativas. .É o caso, por exemplo, da prestação de serviço
militar, ou das requisições administrativas, que não vêm pois classificadas como
impostos.
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É o caso dos impostos extrafiscais de que se costuma dar o exemplo dos direitos
alfandegários protetores. A sua finalidade é a proteção da indústria de um país. Outro
exemplo será o dos impostos com finalidades ambientais, cujo objetivo é obter a
redução de certas produções a que se atribuem danos ambientais que se pretendem
controlar.
Se o problema fosse o de cobrir as despesas públicas, sem mais considerações, não seriam
necessários impostos. Dispondo o Estado de soberania sobre os cidadãos, um meio fácil
de “financiamento” seria atribuir poder ao “soberano” de requisitar dos cidadãos o que
precisasse.
O meio de financiamento requisição seria intolerável pelo que toca à forma como os
encargos se distribuem pelos membros de uma coletividade política.
O mesmo se diria de um outro meio de financiamento, bem fácil e expedito – a emissão
de notas. Esse financiamento geraria inflação e esta opera uma redistribuição dos
rendimentos a dano dos titulares de rendimentos fixos ou pouco variáveis e a benefício
dos titulares de rendimentos variáveis ou especulativos.
Os impostos não têm carácter sancionatório, não constituem uma contrapartida pela prática
de um facto ilícito: pena (crime/multa), coima (contraordenação) ou ilícito cível.
Os impostos são então o meio escolhido para financiar as despesas públicas porque,
com eles se consegue uma distribuição dos encargos com os bens públicos que surge
como mais justa do que a resultante dos meios alternativos. São o meio por que se
consegue a produção de bens públicos sem inflação.
Taxa – É devida pela utilização de serviços ou bens públicos. Constitui uma prestação
bilateral, tendo em conta que é uma contrapartida em função da utilização de algo, ao
contrário do imposto que é unilateral.
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Exemplo: propinas, taxas moderadoras pagas nos hospitais, portagens, etc.
Multa e coima – Constituem penas pecuniárias por ilícitos criminais e de mera ordenação
social, respetivamente. As penas são aplicadas em ilícitos de natureza criminal e as
coimas em contraordenações. Distinguem-se da taxa e do imposto pelo seu carácter
sancionatório. As multas também são unilaterais, ao contrário das taxas.
Exemplos: Nas transgressões ao Código da Estrada são aplicadas coimas. Mas, quem
conduzir com uma taxa de álcool no sangue igual ou superior a 1,2g/l, será punido com
pena de prisão até um ano ou com pena de multa até 120 dias, visto constituir um ilícito
criminal.
Proposta de trabalho 5
As fases do imposto são os momentos que se sucedem desde o facto gerador do imposto até à
sua entrada nos cofres do Estado: incidência, lançamento, liquidação e cobrança.
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Incidência
A incidência corresponde à primeira fase do imposto, aquela em que a lei, geral e abstrata,
fixa os atos ou situações sujeitas a imposto e as pessoas sobre as quais recai a obrigação da
respetiva prestação. É a fase em que se define a matéria coletável do imposto e se
identificam os sujeitos passivos da relação jurídico-fiscal a que este dá lugar.
A lei que cria o imposto define a sua incidência.
• Incidência pessoal – quem paga imposto, isto é, as pessoas sobre quem vai recair a
obrigação;
• Incidência real – o que paga o imposto, isto é, aquilo sobre o que o imposto vai recair.
Lançamento
A fase do lançamento é o conjunto de operações de natureza administrativa destinadas a
identificar o contribuinte e a determinar a matéria coletável.
Determinação do contribuinte:
- declaração do próprio (mais comum);
- declaração de terceiro (organismo onde trabalha);
- Administração Fiscal.
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Liquidação
Passando para a liquidação, esta é a determinação do imposto a pagar através de uma
operação aritmética. É a fase em que se aplica uma taxa à matéria coletável, obtendo-se a
coleta.
Exemplo: 500 (matéria coletável) x 10% (taxa) = 50 (coleta)
Cobrança
Por último, a cobrança é o momento em que o imposto dá entrada nos cofres do Estado, sendo
a operação através da qual o Estado arrecada o imposto. Vista na ótica do sujeito passivo, é a
fase do pagamento. O pagamento poderá ser voluntário (quando o contribuinte procede
espontaneamente ao pagamento do montante devido, dentro dos prazos previstos nas leis
fiscais ou fora deles, estando o devedor sujeito ao pagamento de juros de mora ao Estado) ou
coercivo (se for necessário utilizar os meios coercivos de que o Estado dispõe como, por
exemplo, a execução fiscal – como meio procedimental e processual tributário de cobrança
coerciva de receitas do Estado).
Proposta de trabalho 6
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Os Impostos Diretos são aqueles impostos que incidem diretamente sobre o
rendimento e o património. Tributam manifestações diretas ou imediatas de riqueza que
se expressam através do rendimento, capital ou património.
Segundo a periodicidade.
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Respeitam a factos isolados ou ocasionais, sem natureza repetitiva, há uma obrigação isolada
de imposto. P.Ex: IMT, IVA, IS, IEC, direitos alfandegários sobre os bens importados.
São aqueles em que a matéria coletável é determinada objetivamente; não têm em conta a
situação socioeconómicas do contribuinte, ou seja, não têm em conta as condições pessoais,
económicas e familiares dos contribuintes.: tributam-se os bens económicos em termos
objetivos – os impostos indiretos são sempre reais, IVA, IEC, ISV, IMT.
Segundo o objeto.
Aplicam-se a uma determinada categoria de situações com a mesma natureza, com vista a
atingir um determinado valor ou situação no seu todo: IVA, IRS, IRC. IVA – incide sobre
generalidade bens e serviços.
Tratam fiscalmente certas categorias de bens de modo diferente do geral, que são objeto de
uma disciplina jurídica especial. Por ex., IEC em relação ao IVA: tributa-se de forma
diferente o consumo dos bens sujeitos a IEC dos bens tributados em sede de IVA: IT
(Imposto sobre o tabaco), IABA (Imposto sobre bebidas alcoólicas), ISV, IUC, entre outros.
O montante do imposto a pagar corresponde a uma importância fixa, igual para todos os
contribuintes: prestação é igual para todos, por exemplo a contribuição audiovisual.
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3.4.10. Impostos de quota variável
1. são proporcionais quando têm por base uma única taxa, ou seja, uma taxa única e
constante, seja qual for o valor da matéria coletável (ex. IMI);
2. são progressivas quando a taxa se eleva, mais do que proporcionalmente, à medida que
aumenta a matéria coletável, podendo esta progressividade ser efetuada por escalões
(como sucede, por exemplo, com o IRS – art. 68º CIRS);
3. são degressivas quando a taxa diminui à medida que a matéria coletável também diminui,
prevendo-se taxas mais baixas para matérias coletáveis de valor inferior;
4. são regressivas quando a taxa aplicável diminui à medida que a matéria coletável
aumenta (tal é proibido no nosso ordenamento jurídico em virtude da sua
inconstitucionalidade).
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Os impostos acessórios pressupõem a prévia existência de um imposto principal, a que acresce
e depende. Dependem na sua existência ou nos seus elementos da prévia existência de outros.
P.Ex. A derrama.
Um exemplo deste tipo de imposto é o IRC: tem uma taxa fixa única e constante, pelo que o
montante do imposto a pagar depende do resultado da matéria coletável.
São impostos que apresentam um leque com taxas crescentes, sendo o melhor exemplo disso
o IRS.
O sistema de progressividade por escalões (que é o que está em vigor no sistema fiscal
português) é aquele em que se vai taxar através de vários escalões a matéria e rendimento
coletável. A aplicação da taxa máxima é realizada não ao total da matéria coletável, mas sim
ao montante que exceder o limite do escalão anterior. Ou seja, os rendimentos são
tributados por intervalos.
Por exemplo, nos escalões de IRS que serão aplicados este ano, num rendimento anual de
20.000 euros, o montante até 7.112 euros, paga uma taxa normal de 14,5% - que é a taxa
correspondente ao escalão mais baixo. Já os rendimentos superiores a 7.112 euros e até
10.732 euros pagam 23%, enquanto o montante superior a 10.732 e até aos 20.000 euros
paga 28,5%.
Os escalões de IRS são assim um bom exemplo sobre onde se aplica um imposto progressivo.
Em Portugal, há sete escalões sendo que o último é aplicado a rendimentos acima dos 80.882
euros, cuja taxa é de 48%.
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3.4.17. Impostos regressivos
Proposta de trabalho 7
Finalidades fiscais
Finalidades extrafiscais
São objetivos sociais e económico ; metas secundárias ou acessórias dos impostos.
Objetivos sociais:
Os impostos visam a distribuição igualitária da riqueza e dos rendimentos (artigo 103.º/1
CRP). Diminuem o leque salarial (diferença entre o salário mínimo e o salário máximo),
operando uma redistribuição da riqueza e a consequente diminuição das desigualdades (artigo
81.º/b) CRP);
Objetivos económicos:
Através da política fiscal pode-se combater a inflação, tendo em conta que os impostos
reduzem o rendimento disponível, fazendo diminuir o consumo; aplicando-se altas cargas
fiscais a produtos como tabaco, bebidas, etc., obtém-se a seletividade do consumo;
direitos aduaneiros elevados protegem indústrias nacionais; através do desagravamento
fiscal pode-se incentivar o aumento de investimento dos produtores nacionais. (ponto 1 e 2
do artigo 5 da LGT).
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