Jessé
Jessé
Jessé
2015
JESSÉ SANTOS LIMA JÚNIOR
JANAÚBA
MINAS GERAIS - BRASIL
2015
Lima Júnior, Jessé Santos
L732i Intensidades de cortes para o capim-buffel em condições
semiáridas [manuscrito] / Jessé Santos Lima Júnior. – 2015.
54 p.
(Orientador)
JANAÚBA
MINAS GERAIS - BRASIL
2015
DEDICO
“Mas aqueles que esperam no Senhor renovam as suas forças, voam alto
como águias, correm e não ficam exaustos, andam e não se cansam.”
(Isaías 40:31)
AGRADECIMENTOS
Muito obrigado!
SUMÁRIO
Pag.
RESUMO...................................................................................................... i
ABSTRACT ................................................................................................. ii
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 1
2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................... 3
2.1 Caracterização do capim-buffel ...................................................................... 3
2.2 Cultivares e suas características ...................................................................... 5
2.3 Formas de utilização do capim-buffel............................................................. 7
2.4 Manejo para o capim-buffel nas condições semiáridas .................................. 9
2.5 Densidade volumétrica de forragem (DVF) ................................................. 11
2.6 Densidade populacional de perfilhos (DPP) ................................................. 12
2.7 Relação lâmina foliar /colmo (RLC)............................................................. 14
2.8 Eficiência de uso da Chuva (EUC) ............................................................... 15
2.9 Composição bromatológica do capim-buffel ............................................... 17
3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................... 20
3.1 Local, características climáticas e do solo da área experimental. ................. 20
3.2 Delineamento experimental e tratamentos. ................................................... 22
3.3 Condução do experimento. ........................................................................... 22
3.4 Procedimentos experimentais. ...................................................................... 24
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 28
4.1 Produtividade de matéria seca total e dos componentes morfológicos ......... 28
4.2 Relação lâmina: colmo e material verde: material morto ............................ 32
4.3 Densidade populacional das diferentes categorias de perfilhos ................... 34
4.4 Taxa de crescimento da forragem e eficiência de uso da chuva ................... 35
4.5 Densidade volumétrica de forragem total e dos componentes morfológicos 37
4.6 - Composição bromatológica da forragem total............................................ 39
5 CONCLUSÕES ....................................................................................... 42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 43
i
RESUMO
1
Comitê Orientador: Prof. D.Sc Virgílio Mesquita Gomes - UNIMONTES (Orientador),
Prof. D.Sc Dorismar David Alves - UNIMONTES, Prof. D.Sc Hélida Christhine de
Freitas Monteiro - UNIMONTES, Prof. D.Sc Camila Maida de Albuquerque Maranhão –
UNIMONTES, Prof. D.Sc Thiago Gomes dos Santos Braz – UFMG.
i
ABSTRACT
LIMA JÚNIOR, Jessé Santos. Cutting intensities for buffel grass in semi-arid
conditions. 2015. 54p. Dissertation (Masters in Animal Science) – Universidade
Estadual de Montes Claros, Janaúba, MG.2
ii
1 INTRODUÇÃO
1
semiáridas, no intuito de melhorar a produtividade e persistência destas
pastagens, onde podemos destacar os trabalhos com o capim-andropógon,
capim-urocloa e principalmente o capim-buffel.
O capim-buffel, apesar de ser uma gramínea exótica, originaria da África,
adapta-se muito bem às condições semiáridas, devido principalmente a sua
tolerância à seca. É uma planta versátil do ponto de vista de manejo, podendo ser
fenado, ensilado ou utilizado como pasto diferido para o período seco. Mas é
como pasto, principalmente no início do período chuvoso que o capim-buffel se
sobressaia em relação às outras forrageiras de uso regional. Sua rápida rebrotação
permite ao pecuarista local utilizá-lo como uma primeira opção de forragem, até
que as outras espécies estejam em condições de serem pastejadas.
Apesar do reconhecido potencial do capim-buffel para climas semiáridos,
ainda pouco se sabe sobre o manejo do pastejo dessa espécie. Assim, plantas de
capim-buffel muitas vezes são submetidas a condições severas de pastejo, o que
leva à necessidade de estudos sobre a intensidade de pastejo tolerada por essa
planta, bem como sua resposta morfofisiológica e qualitativa a diferentes
estratégias de manejo.
Desta forma, objetiva-se com este trabalho avaliar a produção de
forragem total e dos componentes morfológicos, características estruturais, taxa
de crescimento, eficiência do uso da chuva e a composição bromatológica do
capim-buffel, manejado sob intensidades de corte.
2
2 REFERENCIAL TEÓRICO
3
variedade ou cultivar. Suas raízes são bem desenvolvidas e profundas, podendo
atingir 1,5 metros de profundidade, seus rizomas são mediamente desenvolvidos,
o que permite o adiamento da desidratação e a manutenção do turgor devido a sua
capacidade em explorar água do solo (RODRIGUES et al. 1993).
Os colmos são finos, com base avolumada, onde ocorre acúmulo de
carboidratos, conferindo grande capacidade de rebrotação após o período da seca.
Estas características associadas com a presença de gemas subterrâneas dão origem
aos perfilhos, que possibilitam uma boa resistência à seca, ao fogo e ao pastejo
intensivo (PUPO, 1979).
Possui folhas planas e lineares, glabras ou ligeiramente pubescentes na
base e as inflorescências têm formato de rabo de raposa. As sementes estão
fechadas em finas cerdas, e cada grupo de cerdas pode conter mais de uma
semente (OLIVEIRA, 2005). Possui boa precocidade para produção de sementes,
que podem entrar em dormência no período da seca (MOREIRA, 2013). Algumas
pesquisas têm mostrado que as sementes germinam melhor em ambientes com
temperaturas mais amenas.
Apesar de ser considerada uma espécie apomítica, foram detectadas
algumas plantas capazes de serem cruzadas, e a manipulação dessas plantas
possibilitou origem a alguns híbridos, que foram produzidos no intuito de agregar
algumas características de interesse econômico.
O capim-buffel comparado com outras gramíneas, comumente cultivadas
no nordeste apresenta bom desempenho em relação a massa seca de forragem,
devido a sua adaptabilidade ao ambiente semiárido (EDVAN et al. 2010)
De acordo com a variedade ou região, a produtividade capim-buffel pode
variar entre 8 a 12 toneladas de MS/ha/ano, os teores de proteína bruta (PB) são
superiores a 10% da MS e os valores de digestibilidade in vitro da MS próximos a
60%, ou seja, valores considerados bons para regiões semiáridas. (VOLTOLINI
et al. 2010).
4
No Brasil, Moreira (2007) estudando a pastagem de capim-buffel diferida
no inicio da estação chuvosa em dezembro, para ser utilizada em setembro do ano
seguinte, no Sertão Pernambucano, obtiveram uma produção de massa de
forragem de 3.356 kg/ha de MS em dezembro, e de 6.492 kg/ha de MS para o
mês de setembro.
O potencial produtivo do capim-buffel foi estudado por Taylor & Rowley
(1976) em Northland, Austrália, durante duas estações de inverno, 1972-73 e
1973-74, com e sem irrigação. Nesse caso a produção de matéria seca encontrada
sem irrigação foi de 9.000 e 11.000 kg ha-1, e com irrigação, de 12.100 e 11.500
kg ha-1, nas duas estações, respectivamente.
5
No Brasil, a maior parte das pastagens de capim-buffel é constituída por
um número pequeno de cultivares, sendo o Biloela e Gayndah as mais utilizadas.
No entanto, existem diversos outros cultivares que ainda não foram
suficientemente avaliadas, necessitando de estudos de caracterização com o
propósito de introdução de materiais com maiores potenciais produtivos
(MOREIRA, 2013). Segundo Oliveira et al. (1999), a caracterização e avaliação
aprofundada de germoplasmas introduzidos de diversas procedências, aumentam
as chances de sucesso na busca de cultivares, écotipos ou espécies com potenciais
forrageiros.
Oliveira et al. (1998) realizaram estudos com os cultivares de
capim-buffel: Biloela, Molopo, Numbank e CPATSA 7754 em pastejo com
bovinos, visando avaliar a produção de forragem na floração, ganho de peso e
capacidade de suporte. Observaram produção de matéria seca na floração de
2.331, 2.733, 3.358 e 3.889 kg/ha de MS, para o ganho de peso dos animais 309,
298, 246 e 226 kg/ha e para a capacidade de suporte do pasto de 1,5, 1,6, 1,5 e 1,4
cabeça/ha/ano, respectivamente.
Em Campina Grande na Paraíba, utilizando o capim-buffel cv. Molopo,
onde os tratamentos consistiram em digesta animal, esterco bovino, adubo na
formulação 40:10:40 e sem adubo, foram realizados três cortes durante o período
chuvoso, utilizando uma altura de resíduo de 20 cm. Observou-se efeito para
digesta ruminal e esterco bovino com produção de 1,8 t/ha de MS, já para os
cortes, a produção foi de 1,8 t/ha de MS para o corte 2 e 3. Nos três cortes com
intervalo entre eles de 45 dias obtiveram valores médios de 7,2 t/ha de matéria
verde e valores médios de 1,0 para relação lâmina/colmo. A produção acumulada
no período experimental que correspondeu ao período chuvoso da região foi de
aproximadamente de 5 t/ha de matéria seca (EDVAN et al. 2010).
6
Deve-se ressaltar que o capim-buffel ainda é pouco cultivado nas
propriedades da região do semiárido, principalmente porque ainda existem muitas
dúvidas em relação ao manejo do pastejo para essa espécie forrageira.
7
forragem acumulada em períodos de crescimento acelerado, onde a taxa de
lotação não foi ajustada adequadamente.
Com relação ao processo de fenação, é importante considerar o momento
ideal para o corte da planta, tendo em vista a dificuldade de se associar o conteúdo
ideal de matéria seca (MS) com a composição química que assegure um elevado
valor nutritivo, sendo com isto importante quantificar essas perdas, com o
objetivo de identificar o melhor momento de colheita para fenação (PINHO,
2013).
Pinho (2013), avaliando quatro alturas de corte (30, 40, 50 e 60 cm) para
produção de feno, obteve os maiores valores de produção de matéria seca de
7.206,00 kg/ha e produção de matéria verde de 35.832,00kg/ha quando colhido a
60 cm de altura. Referente à relação lâmina/colmo o corte de 30 cm foi superior
aos demais, com o valor de 0,87.
Outra forma de utilização do capim-buffel seria através de seu
diferimento, visto que as condições climáticas do Norte de Minas, com chuvas
concentradas em apenas quatro meses do ano, alta insolação e baixa umidade
relativa do ar, são fatores que favorecem esta prática (QUEIROZ, 2001). Segundo
Queiroz et al. (2008) os pecuaristas nesta região de Minas fazem o uso do pastejo
diferido no intuito de permitir que as gramíneas forrageiras produzam sementes,
visando à formação de um banco de sementes no solo, para que em anos de seca
mais intensas, mantenham a persistência destas pastagens.
A prática de diferimento leva a planta a avançar em seu estádio
fenológico, influenciando de forma positiva no acúmulo de massa seca e de
maneira negativa na composição química e digestibilidade (REIS et al. 1997).
Em estudos de Souza & Espíndola (1999), em Pentecoste – CE, com
ovinos, avaliando a massa de forragem existente no pasto de capim-buffel durante
o período seco, encontraram uma produção de forragem inicial de 6.862kg /ha de
8
MS no início da estação seca, chegando a atingir 2.185 kg/ha de MS no final da
estação.
Santos et al. (2005) ao avaliar o diferimento de pastos de capim-buffel no
sertão de Pernambuco para bovinos, encontraram teores de proteína bruta (PB) de
5,63% no início do experimento, chegando a 4,48% no último mês de avaliação,
já para a digestibilidade in vitro da matéria seca valores entre 45,75 a 49,15%.
Desta forma valores de PB abaixo de 7,0% na forragem, devem ser corrigidos,
com a utilização de suplementação, como forma de complementar as exigências
nutricionais dos animais. Segundo Santos et al. (2006) os níveis de nutrientes e de
digestibilidade normalmente encontrados indicam que o pasto de capim-buffel é
de qualidade baixa ou regular.
9
O manejo do pasto deve adequar intensidade e frequência de desfolhação.
Sendo intensidade de pastejo o percentual de forragem removida pelo animal
durante o pastejo, e a frequência referente ao número de desfolhações que
ocorrem no perfilho em determinado período (FONSECA et al. 2008).
A intensidade e a frequência de corte, são variáveis importantes a serem
estudadas visando o manejo da pastagem, porque interferem na quantidade de
carboidratos de reservas e no tecido foliar remanescente da planta responsável por
realizar a fotossíntese, já que essas características determinam a recuperação e
desenvolvimento subsequente da planta e sua persistência (EDVAN et al. 2010).
Segundo Casal et al. (1987), a intensidade e frequência de corte,
influenciam também no perfilhamento das plantas, pois a medida que o pasto
cresce ou o período de rebrotação avança, ocorre uma diminuição progressiva da
taxa de aparecimento de folhas, causando a redução do surgimento de novos
perfilhos, já que, em potencial, existe uma relação direta entre o aparecimento de
folhas e perfilhos na planta (GOMIDE e GOMIDE, 2000).
Plantas submetidas a desfolhações mais frequentes e intensas, possuem
uma maior porção de seu sistema radicular concentrado próximo da superfície do
solo comparadas àquelas submetidas a desfolhações menos frequentes e menos
intensas ou sob condições de crescimento livre. Os mecanismos de tolerância ao
pastejo englobam adaptações fisiológicas de curto prazo e às restrições do
suprimento de carboidratos para o crescimento da planta. Estas são resultantes da
remoção dos tecidos fotossintetizantes e da necessidade de rápida recuperação da
área de folhas durante o período de rebrotação, ou seja, do aumento no
perfilhamento e taxas dos processos fisiológicos (SBRISSIA et al. 2007).
Sales et al. (2010) avaliando intensidades de cortes, observaram que não
houve efeito significativo para produção de MS, obtendo 4.733 kg/ha de MS para
a intensidade de 10 cm e 4.542 kg/ha de MS para a intensidade de 20 cm.
Referente ao número de perfilhos/m2 observaram-se efeito na altura de corte, com
10
valores médios de 178 perfilhos/m2 para a intensidade de 10 cm e 133
perfilhos/m2 para a intensidade de 20 cm.
Em trabalho de Silva et al. (2011), avaliaram diferentes intensidades e
frequência de corte, a intensidade de 40 cm, na frequência 60 cm proporcionou
quantidade de lâmina foliar total de 1,45 t/ha de MS, teor de proteína bruta de
13,25% para o capim-buffel.
Devido às características ecofisiológicas do capim-buffel, práticas de
manejo baseadas em conceitos de características morfogênicas, estruturais e
acúmulo de forragem no pasto, são importantes para estabelecer manejo adequado
para essa gramínea nas regiões semiáridas, assegurando uma produção animal
eficiente e sustentável em áreas de pastagem (EDVAN et al. 2011). No caso
específico do capim-buffel são poucas as informações na literatura sobre a
dinâmica de crescimento dessa gramínea após o corte e/ ou pastejo.
11
decrescente ao longo do perfil vertical ascendente do dossel, sendo que as folhas
ocupam posições superiores, as hastes ocupam posições mais intermediárias e
inferiores, já o material morto encontra-se mais próximo do solo (MOLAN,
2004).
Existe ainda o deslocamento ascendente de todos os componentes
morfológicos ao longo do perfil do dossel assim como aumentos na densidade
volumétrica total em estações do ano com maior número de fatores restritivos ao
crescimento (BUENO, 2003).
A área foliar é mais concentrada na porção mediana do dossel, sendo os
menores valores verificados nos estratos superior e basal, lembrando uma
distribuição na forma de triângulo. A base do triângulo corresponderia aos baixos
valores de área foliar verificados nas menores e maiores alturas do dossel
forrageiro e sua altura a porção central do perfil vertical do dossel (LANTINGA et
al. 1999).
De acordo com Bauer et al., (2011) são reportados na literatura valores
médios de densidade volumétrica de 98,7 kg/cm.ha de MS para Brachiaria
decumbens, 403 kg/cm.ha de MS para Cynodon spp, 290 kg/cm.ha de MS para
Coast cross e 81 kg/cm.ha de MS para o capim-tanzânia.
Segundo Difante (2005), a densidade volumétrica da forragem do
capim-tanzânia, manejado com resíduo de 50 cm foi de 177,4 kg/cm.ha de MS.
Bueno (2003), ao trabalhar com o capim-mombaça, obteve uma
densidade volumétrica de 85 kg/cm.ha de MS durante o verão e de 87,5kg/cm.ha
de MS no outono/inverno trabalhando com uma altura de resíduo de 50 cm.
12
mecanismo de compensação, onde pastos mantido mais baixos possuem maior
densidade populacional de perfilhos de menor tamanho e vice-versa. Em
condições tropicais o conhecimento desse mecanismo pode ajudar a compreender
os limites de plasticidade das comunidades de perfilhos e determinar alternativas
de manejo do pastejo que não comprometam a persistência do pasto e favoreçam a
otimização dos processos de produção e utilização da forragem produzida
(SBRISSIA et al. 2008).
A persistência do pasto depende da capacidade da planta em emitir novos
perfilhos para substituir aqueles que morreram, assegurando a longevidade e
produtividade da pastagem (MATTHEW et al. 2000). Assim, mudanças na
densidade populacional de perfilhos ocorrem quando o surgimento de perfilhos é
distinto da mortalidade dos perfilhos (BRISKE, 1991). Adicionalmente, em
pastos estabelecidos, cada perfilho necessita formar apenas um outro, durante seu
tempo de vida, para manter a população constante (PARSONS & CHAPMAN,
2000).
Os perfilhos são formados a partir das gemas axilares dos entrenós mais
baixos da haste principal ou de outro perfilho. Sendo que uma planta é constituída
de um conjunto de perfilhos provenientes de uma haste primária, cuja morfologia
e disposição determinam a sua arquitetura (NABINGER, 1997).
Uma única planta pode apresentar várias gerações de perfilhos, pois cada
gema axilar pode, potencialmente, formar um perfilho. Assim, o potencial de
perfilhamento de um genótipo depende da sua capacidade de emissão de folhas ,e
isso constitui aspecto importante para o entendimento da dinâmica do
perfilhamento, sendo que a relação entre o aparecimento de perfilhos e o de folhas
é denominada ocupação de sítios (MOREIRA, 2007).
O perfilhamento é uma das principais características das gramíneas
forrageiras, que garante a sua persistência após o corte e pastejo (MOREIRA,
2013). Não dependendo apenas das condições intrínsecas (da própria planta), mas
13
também das condições extrínsecas como nutrição mineral, manejo de cortes ou
pastejo e fatores de ambiente, como luz, temperatura, fotoperíodo e
disponibilidade hídrica (PORTO, 2009).
Segundo Zarrough & Nelson (1980), a produção de massa seca de uma
gramínea forrageira está diretamente relacionada ao tamanho dos perfilhos,
embora, o número e o peso de perfilhos variem inversamente.
Porto (2009) nas condições do Norte de Minas Gerais, trabalhando com
Cenchrus ciliares cv. Grass, PI 295658 e Áridus e quatro doses de adubo (0, 75,
150 e 225 kg/ ha de N), observou que não houve efeito para doses de adubo. A
densidade volumétrica total do Cenchrus ciliares cv. Grass foi de superior as
demais cultivares, com o valor de 874,08 perfilhos/m2 no verão e 1034,58
perfilhos/m2 no outono.
Após avaliações no efeito do manejo da cobertura morta do solo sob a
aplicação de doses crescentes de nitrogênio em Brachiaria brizantha cv. MG4,
Otoni (2013), observaram que o ponto mínimo da adubação foi de 39,90 kg/ha de
N e a densidade populacional de perfilhos de 535,08 perfilhos/m2.
14
em que os meristemas apicais se apresentam mais próximos ao solo e, portanto,
menos vulneráveis à destruição (PINTO et al. 1994).
A diminuição da RLC compromete o pastejo, em função da queda no
consumo voluntário devido à baixa digestibilidade da matéria seca a ser
consumida, como consequência maior tempo de permanência do alimento no
rúmen, promovendo limitações de ordem física na ingestão (JUNG & ALLEM,
1995).
De acordo com Gomes (2003), durante a estação de crescimento ocorre
acúmulo de material morto, associada à senescência natural da planta forrageira.
Da mesma forma, é observado um acréscimo na proporção de colmo em relação à
quantidade de folha na pastagem, implicando em valor nutritivo inferior, uma vez
que a folha verde compõe a fração mais nutritiva comparados ao colmo e material
morto.
Em Campina Grande na Paraíba, Santos et al. (2011) avaliando duas
alturas de corte (60 e 80 cm) com duas alturas de resíduo (20 e 40 cm) para o
capim- buffel cv. Molopo, observaram um a maior RLC com valor de 1,67,
quando utilizaram a combinação 40 cm x 60 cm.
Edvan et al. 2010, avaliando adubações com digesta ruminal, esterco
bovino, adubo 40:10:40 e sem adubo, com altura de resíduo de 20 cm, sendo
realizado três cortes no período chuvoso, observaram que não houve efeito para
adubação. A maior RLC, foi no corte 3, com valor de 1,33.
15
metabólicos são influenciados pela sua presença (FANCELLI & DOURADO
NETO, 2000).
A escassez de água, em quantidade e qualidade, é um problema crescente
no mundo. Previsões de alterações climáticas, como aumento da temperatura
média do ar e redução da precipitação pluvial indicam que a água tornar-se-á
ainda mais escassa (SOUSA, 2012). Em função disso, os estudos da eficiência do
uso da água (chuva), podem ser um parâmetro importante para se conhecer a
capacidade de uma espécie em se adaptar a um determinado ambiente (COÊLHO
e OLIVEIRA JÚNIOR, 1990). Desta forma, a necessidade de usar
economicamente e eficientemente a água em condições de fornecimento limitado
é inquestionável (YENESEW & TILAHUN, 2009).
A eficiência no uso da água (EUA) pode ser definida como a razão entre o
rendimento da cultura, geralmente o rendimento econômico, e a quantidade de
água utilizada para produzir este rendimento (ZHANG et al., 2004). Como em
alguns trabalhos, a água recebida pelas plantas foi proveniente da ocorrência das
precipitações pluviométricas, a terminologia utilizada para expressar a EUA é a
eficiência de uso da chuva (EUC), conforme descrito no trabalho de Perazzo et al.
(2013).
De acordo com Sousa (2012), genótipos de milho que apresentaram os
menores valores de EUA, resultando em um menor rendimento de grãos em
virtude da baixa disponibilidade hídrica. Valores mais elevados de EUA são
alcançados, sob déficit hídrico, quando os estômatos estão parcialmente fechados,
momento em que ocorre a melhor relação entre absorção de CO2 e consumo de
H2O.
Para Magalhães et al. (2009), linhagens milho tolerantes à deficiência
hídrica apresentam maior EUA quando comparadas com linhagens sensíveis.
Entretanto, é desejável que genótipos com tolerância à deficiência hídrica
utilizem a água com eficiência tanto na condição de déficit hídrico como na
16
condição onde as necessidades hídricas estão sendo supridas, tendo em vista, que
o produtor sempre busca maior rendimento.
Cardoso et al. (2011a), com o objetivo de avaliar o desempenho produtivo
de híbridos de milho em situações hídricas contrastante (com e sem deficiência
hídrica), observaram variação no uso eficiente da água em torno de 1,24 kg/
ha.mm a 20,50 kg/ha.mm.
Cardoso et al. (2011b), objetivando identificar cultivares de milho com
tolerância à deficiência hídrica e ao calor e com uso mais eficiente da água,
observaram valores de EUA que variaram de 2,2 kg/ha.mm a 14,9 kg/ ha.mm em
condições de déficit hídrico.
Silva et al. (2011), ao estudar a EUC do sorgo, obtiveram resultados
médios que variaram de 8,85 a 15,36 kg /ha.mm, com precipitação variando de
247,4 a 351,4 mm.
A EUC dos genótipos de sorgo estudados por Perazzo et al., (2013)
variam entre variou 94,37 a 126,25 kg /ha.mm.
17
forrageiras, haja visto que esses parâmetros podem influenciar direta ou
indiretamente no consumo de matéria seca pelo animal (VAN SOEST, 1994).
O conhecimento da composição química-bromatológica fornecem
ferramentas para dar um suporte no balanceamento do manejo nutricional,
resultando em ganho produtivo, com consumo satisfatório, melhorando o
desempenho dos animais (VIEIRA et al. 2000; CHAMBELA NETO et al. 2008).
Frequentemente, na literatura são mencionados os baixos valores
nutritivos das plantas forrageiras tropicais, associado ao reduzido teor de proteína
e de minerais e ao alto conteúdo de fibras, principalmente em pastagens maduras
ou que não foram manejadas adequadamente. As frações fibrosa e proteica são as
mais comumente analisadas, pois com o aumento da maturidade da planta
aumenta a concentração de constituintes da parede celular nos tecidos vegetais
(BUENO, 2003).
De acordo com Euclides (1995), a deficiência proteica limita a produção
animal, seja porque a forragem disponível pode conter proteína insuficiente ou a
concentração de proteína bruta é inferior ao nível mínimo crítico, que é em torno
de 7%, que possibilita um bom funcionamento do rúmen. Ocorrendo assim uma
diminuição da atividade dos microrganismos do rúmen, das taxas de digestão e de
passagem do alimento, dificultando o consumo voluntário.
Segundo Gomes (2003), em pastagens vedadas, os dois parâmetros mais
utilizados para avaliação do valor nutricional da forragem são digestibilidade e o
teor de proteína bruta. Neste sentido, Santos et al. (2005) trabalhando com
capim-buffel diferido, em condições semiáridas, encontrou o teor de proteína
bruta de 5,23% no mês de setembro, decrescendo para 3,37% no mês de
dezembro. E os teores médios de FDN e FDA, de 73,24% e 55,26%,
respectivamente.
Dantas Neto et al. (2000) observaram que o teor de proteína bruta
decresceu linearmente para o capim-buffel com o aumento da idade da planta,
18
passando de 12,40% com cortes realizados aos 35 dias para 6,0% quando
cortados aos 110 dias.
Moreira et al. (2007) encontraram teores de proteína bruta de 3,04 a
4,52% sendo ambos muito baixo, esse fato é explicado em razão dos autores terem
estudado o capim-buffel em pastejo diferido na época seca. Corroborando com
esse fato Santos et al. (2005) estudando pastagem de capim- buffel diferido ao
longo dos meses do período seco no sertão de Pernambuco em dieta de bovinos
encontraram teores de proteína bruta do pasto diferido de 5,63% no início do
experimento, chegando a 4,48% no último mês de avaliação. Já para a
digestibilidade in vitro da matéria seca valores entre 45,75 a 49,15%.
19
3 MATERIAL E MÉTODOS
20
H+Al = 0,7 cmolc/dm3 ; V = 90%; Prem = 44,6 mg/L; MO: 1,8 dag/kg. Em função
do resultado da análise do solo, não houve necessidade da sua correção, visto que
este se encontrava em condições favoráveis para implantação do capim-buffel,
segundo recomendações da Comissão de Fertilidade de Solo do Estado de Minas
Gerais, CFSEMG (1999). Realizou-se apenas uma adubação nitrogenada, após o
corte de uniformização, na dose de 70 kg/ha de N, utilizando-se a ureia como
fonte de adubo.
Fonte: INMET
21
3.2 Delineamento experimental e tratamentos
22
Em outubro de 2013, demarcou-se os blocos de acordo com sorteio
prévio, onde foram identificados e separados por corredores de 1 m de largura,
mantidos sempre roçados com roçadeira mecânica. As parcelas foram sorteadas
dentro de cada bloco, demarcadas em seguida, com estacas de madeiras ligadas
por barbantes e identificadas, com área de 4 m2 (4 m x 1 m) (Figura 1).
23
FIGURA 2. Corte de uniformização do capim
24
FIGURA 3. Régua, utilizadas para fazer a medição das alturas.
25
A outra parte da sub-amostra foi conduzida para o laboratório de Análise
de Alimentos, onde foram realizadas as análises quanto aos teores de proteína
bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) e
Hemicelulose da matéria seca conforme procedimentos descritos no INCT, 2012
(DETMAMN, 2012).
Para avaliação dos componentes morfológicos da forragem, a segunda
sub-amostra foi separada, manualmente, em lâmina foliar verde, colmo verde e
material morto (lâminas foliares e colmos mortos), sendo acondicionados
individualmente em sacos de papel, identificados e pesados. Na sequência,
encaminhados para a pré-secagem e secagem definitiva, seguindo os processos
descritos anteriormente, para serem expressos em MS total.
De posse dessas informações, foi possível calcular a relação lâmina/
colmo (RLC) obtido através da razão entre a produção de MS de lâmina foliar
(MSLF) e a produção de MS de colmo (MSC). De forma semelhante obteve-se a
relação material vivo/ material morto (RVM).
Também foi determinado a taxa de crescimento da forragem (Tax.cresc.)
em Kg/ ha.dia-, para cada intensidade de corte, a partir da razão entre o somatório
da produção de MST, pelo período de tempo decorrido para realizar todos os
cortes.
A densidade volumétrica da forragem total (DVT) juntamente com seus
componentes morfológicos, lâmina foliar (DVLF), colmo (DVC) e material
morto (DVM), foram expressos em Kg/ha.cm-, calculadas pela divisão da massa
seca total e de seus componentes morfológicos, pela altura das plantas (obtidas
pela diferença entre a altura das plantas na frequência de corte (50 cm) e a altura
das plantas nas intensidades de corte em cada tratamento, I 10 ou I 20).
A eficiência de uso da chuva (EUC) para a produção de matéria seca do
capim-buffel, em cada intensidade de corte, dada em kg/ha.mm-, foi estimada pela
divisão da produção de MST pela quantidade de chuva acumulada durante todos
26
os cortes.
A densidade populacional de perfilhos totais (DPT) foi determinada pela
colheita de todos os perfilhos contidos em duas amostras por parcela em locais do
pasto que representavam sua condição média, na frequência de corte (50 cm).
Foram colhidos ao nível do solo, todos os perfilhos que estavam dentro da
moldura de ferro de 25 cm x 25 cm. Esses perfilhos foram acondicionados em
sacos plásticos, identificados e levados para o laboratório, onde foram
classificados e quantificados. Os perfilhos vivos que não possuíam inflorescência
foram denominados de vegetativos (DPV), os que possuíam inflorescência foram
classificados como reprodutivos (DPR), e aqueles cujos colmos estavam
necrosados foram classificados como mortos (DPM). A soma da DPV e DPR
corresponderam à densidade populacional de perfilhos vivos (DPVV).
Os dados provenientes das variáveis avaliadas foram inicialmente
calculados com base no número de cortes realizados por estação do ano e plotados
para visualização de possíveis padrões de variação ao longo do tempo. Como a
análise gráfica dos dados não permitiu identificação de períodos em que o
comportamento das variáveis estudadas fosse homogêneo, pois como a frequência
de corte adotada foi única (50 cm) constatou-se que algumas parcelas
experimentais foram cortadas em estações do ano diferentes. Dessa forma,
optou-se por agrupar os dados como sendo provenientes da média dos cinco
cortes realizados ao longo de todo o período experimental (16 meses), tempo
suficiente para que todas as plantas das parcelas correspondentes aos tratamentos
atingissem a mesma frequência de corte.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e os valores
médios foram comparados pelo teste F, em nível de 5% de significância usando-se
o programa SISVAR (FERREIRA, 2008).
27
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
MST
Kg/hade MS
28
A produção de MST decresceu 10,51% na I 20 em relação a I 10 (Figura
4). Mesmo assim, o menor valor obtido na maior intensidade de corte, I 20, está
acima do valor crítico 2.000,00 kg/ha de MS, que segundo Gomide & Gomide
(2000), deve ser disponibilizado no pasto de gramíneas tropicais de modo a não
limitar o consumo de forragem por animais em pastejo.
Essa maior produtividade de MST na intensidade I 10 em comparação a I
20 (Figura 4), era esperado, pois cortes mais intensos proporcionam maior
colheita de forragem em relação ao nível do solo, consequentemente,
promovendo maior produtividade.
Outro fato que contribuiu para a maior produtividade na I 10 está
relacionado ao intervalo de tempo em que as plantas permaneceram no campo
para alcançar a mesma frequência de corte. Observa-se na Figura 5 que em cada
tratamento o intervalo de corte foi diferente, na I 10 foram necessários 468 dias,
ao passo que na I 20 apenas 395 dias para realizar os mesmos cinco cortes. Estes
diferentes intervalos de cortes entre os tratamentos, também são importantes de
serem observados porque permitiram às plantas do capim-buffel receberem
diferentes valores de precipitação, sendo de 807 mm na I 10 e 782 mm na I 20
(Figura 6). Fato que também contribui para a explicação dos resultados obtidos
neste experimento.
29
FIGURA 6.Acúmulo de chuvas (mm) entre os cortes, para a intesidade 10 cm (I
10) e 20 cm (I 20) no capim-buffel.
30
ocorreram em condições climáticas favoráveis (temperatura, radiação e água) e a
velocidade de recuperação do pasto também é maior nessa época, reduzindo
intervalos entre corte aumentando o número de ciclos.
A intensidade de corte 20 cm possibilitou um aumento na produção de
MSLF em torno 16,23%, e uma redução de 32,2% para MSC e de 30,68% para
MSM, quando comparadas com a intensidade de 10 cm (Figura 4). O fato do
aumento da MSLF na I 20, está relacionado com a maior quantidade de lâminas
foliares remanescentes após o corte menos intenso de 20 cm, requerendo um
menor tempo para recuperação da mesma (Figura 5).
A altura de resíduo de 10 cm favorece colheita de maior quantidade
forragem, devido ao corte ser rente ao solo, com maior proporção de colmos e
material morto (Figura 4). O maior tempo para se realizar os cinco cortes, também
contribuiu para aumento da MSC e MSM (Figura 5).
Com a elevação da massa de colmo e material morto, aumenta a produção
de forragem, a proporção de folhas diminui progressivamente, porém a estrutura
do pasto é prejudicada pelo efeito negativo desse comportamento morfológico
sobre o comportamento ingestivo do animal e a eficiência do pastejo
(CARVALHO et al. 2001).
Segundo Matthew et al. (2000) a altura de corte é importante, pois afeta a
velocidade de rebrota, em razão da quantidade de tecido foliar fotossintetizante
remanescente após o corte ou pastejo.
Silva et al. (2011) trabalhando com diferentes alturas de corte e resíduo no
capim-buffel nas condições semiáridas da Paraíba, encontraram valores de MSLF
entre 0,26 a 0,61 ton/ha de MS, que estão abaixo dos valores encontrados no
presente trabalho.
Em estudo feito por Marcelino et al. (2006) avaliando a influência de
intensidades (10 e 20 cm) e frequências de desfolhação de forragem de Brachiaria
31
brizantha cv. Marandu verificaram valores de 0, 476 kg/m2 de MSLF na I 10, e
0,620 kg/m2 de MSLF na I 20.
Avaliando diferentes alturas de corte e resíduo no capim-buffel nas
condições semiáridas da Paraíba, Silva et al. (2011) observaram valores de MSC
entre 0,63 a 1,20 ton/ha de MS, que estão dentro dos valores do presente trabalho.
3,50
2,98
a 3,13 a
3,00
2,50 b
2,09 b I 10
2,00
1,85
1,50 I 20
1,00
0,50
0,00
RV/M RL/C
32
Esse balanço entre lâmina e colmo é importante, não só para determinar a
quantidade produzida como para se determinar o melhor tratamento em relação à
composição bromatológica do capim-buffel, já que quantidade elevada de colmo
proporciona alimento com baixa qualidade nutricional. Desse modo, segundo
Rodrigues et al. (2008), quanto maior a relação lâmina:colmo, melhor o valor
nutritivo da forragem, pois as folhas são a fração da planta forrageira com maior
digestibilidade, por serem mais ricas em proteína bruta e com menor teor de fibra,
favorecendo o aumento no consumo animal.
Segundo Machado e Valle (2011) a maior quantidade de colmo pode
constituir uma limitação física à ingestão de matéria seca, pois dos componentes
da forragem, a lâmina foliar é a que apresenta melhor qualidade, representando
mais de 80% da dieta dos bovinos.
De acordo com Bauer et al. (2011), a maior RLC possibilita a gramínea
melhor adaptação ao pastejo ou tolerância ao corte, por representar um momento
de desenvolvimento fenológico, em que os meristemas apicais se apresentam
mais próximos do solo, desta forma menos vulneráveis à destruição.
A maior RVM pode ser observada para a I 20, em comparação a I 10
(Figura 7). Esta superioridade foi devida ao fato de que na I 20, foram obtidos 7%
(25% da MST na I 20 contra 32% da MST na I 10) a menos de material morto em
relação a I 10 (Figura 4). De outra forma, porém, menor RVM para a I 10, se deve
ao fato do maior tempo para a planta atingir a frequência de 50 cm, necessitando
de mais dias para alcançar a altura proposta (Figura 5), consequentemente maior
quantidade de material morto.
33
4.3 Densidade populacional das diferentes categorias de perfilhos
Perfilho/m2
34
Brachiaria brizantha cv. Marandu, verificaram que cortes mais intensos,
proporcionaram maior renovação dos tecidos, por proporcionar maiores taxas de
aparecimento foliar, aumentar a densidade populacional de perfilho, além disso,
possibilitando uma maior eficiência na produção de forragem.
Sales et al. (2010) em experimento conduzido com capim-buffel, também
observaram efeito da altura de corte sobre a densidade populacional de perfilhos.
Esses autores relataram que na menor altura de corte, 10 cm, o número de
perfilhos foi maior do que com a maior altura de corte 20 cm, corroborando com
os resultados da densidade populacional de perfilhos totais obtidos neste
experimento.
A maior DPVV, também foi obtida para a I 10 em relação a I 20. Segundo
Langer (1972), a produção de perfilhos é controlada pela disponibilidade de água,
luz, temperatura e nutrientes, além do estádio de desenvolvimento da planta. A
ação de todos esses fatores, em conjunto e com magnitudes variáveis, determinará
o aparecimento e a morte de perfilhos ao longo do ano.
35
Referente à taxa de crescimento, apesar da maior produção de MST
(Figura 3) obtida na I 10 a quantidade de dias que foram necessários na média dos
cortes foi superior em relação a I 20 (Figura 8), fato inverso ocorreu com I 20 que
produziu menos MST em menor tempo (dias), ocasionando uma produção de
MST diária semelhante.
Silva et al. (2012) trabalhando Brachiaria decumbens, Brachiaria
humidicola e Pennisetum purpureum utilizando 3 alturas de corte + uma altura
juntamente com 80 kg/ha de N, observaram valores de 6,6 kg/ha.dia para B.
decumbens, 2,2 kg/ha.dia para B. humidicolae 20,8 kg/ha.dia para P. purpureum.
180 161
156
160
140
120
93,55 a I 10
100 78,97
80 b
I 20
60
40
20
0
1 2
FIGURA 8. Média dos dias e de chuvas durante os cinco cortes, para a intesidade
de corte de 10 cm ( I 10) e 20 cm ( I 20) no capim-buffel.
36
Mesmo fato ocorreu para EUC, pois apesar da maior produção de MST
(Figura 3) na I 10, a média da quantidade de chuvas acumuladas ao longo dos
cincocortes, foi superior a I 20 (Figura 8), fato inverso ocorreu com I 20 que
produziu menos MST com menor acúmulo de chuvas (mm), desta forma a
produção de MST por milímetro de chuva foi semelhante.
De acordo com Sousa (2012), é desejável que genótipos com tolerância à
deficiência hídrica utilizem a água com eficiência tanto na condição de déficit
hídrico como na condição onde as necessidades hídricas estão sendo supridas,
tendo em vista, que o produtor sempre busca maior rendimento da forragem.
Segundo Perazzo et al. (2013) a EUC das plantas em ambientes
semiáridos é uma variável de importância relevante, pois reflete a capacidade da
cultura em tolerar as condições de baixa precipitação e distribuição irregular.
A EUC é de grande importância para avaliar as forrageiras que melhor se
adaptarão as mudanças constantes do clima nas condições norte mineira.
37
TABELA 4. Valores médios e respectivos coeficientes de variação (CV %) para
densidade volumétrica total (DVT), de lâmina foliar (DVLF), de
colmo (DVC) e material morto (DVM) do capim-buffel submetido
a duas intensidades de corte (I 10 e I 20).
Kg MS/cm/ha
38
4.6 Composição bromatológica da forragem total
39
genótipos de capim-buffel nas condições semiáridas do México, variando entre
7,5% e 9,2%. Já Silva et al. (2011), encontraram teores de PB para o capim-buffel
superiores aos obtidos neste trabalho, com média de 11,33% e utilizando
intensidade de corte de 20 cm, porém com frequência de 60 cm.
Em relação à FDN, a intensidade I 20, proporcionou menor valor quando
comparado com a intensidade I 10 (Tabela 5). Fato esse que já era esperado
devido a maior relação RLC (Figura 7), associada ao menor tempo para se atingir
todos os 5 cortes (Figura 5).
Segundo Van Soest (1994), cortes realizados mais distante do solo
resultam em material com maior quantidade de folhas, acarretando redução de
constituintes da parede celular na matéria seca, dentre eles o FDN, onde valores
superiores à faixa de 55% a 60% limitam o consumo de forragem. Em forrageiras
tropicais as folhas reconhecidamente apresentam menores concentrações de
frações fibrosas que as hastes (MESQUITA et al. 2002).
Os valores de FDN encontrados neste presente trabalho, estão abaixo do
relatados por Moreira et al., (2007), que avaliando o potencial de produção do
capim-buffel nas condições semiáridas de Pernambuco, encontrou percentual de
75,35%. Semelhante modo, Corrêa et al. (2000), estudando os capins Mombaça e
Tanzânia com corte aos 35 dias, encontraram 75% e 74,5% de FDN,
respectivamente.
Referente à FDA, o menor valor encontrado (34,99%), foi quando se
utilizou a intensidade I 20 (Tabela 5). Sendo este resultado esperado pelo fato de
ter uma maior RLC (Figura 7) e pelo menor tempo para realizar todos os cinco
cortes (Figura 5).
Em trabalho realizado no México com cinco genótipos de capim-buffel,
García-Dessommes et al. (2007), encontraram o valor médio de 48,2% de FDA,
valores estes que estão acima do encontrados neste trabalho.
40
Machado et al. (1998) encontraram valores de FDA da ordem de 43,5 %
no verão e de 40,6% no inverno em um estudo com cultivares e acessos de
Panicum maximum Jacq, dentre eles o capim-Mombaça.
Em relação aos teores de HEM não se observou efeito (P>0,05) as
intensidades de corte I 10 e I 20 (Tabela 5). Esse fato está relacionado aos teores
de FDN e FDA que não apresentaram grandes diferenças e são usados para o
cálculo da hemicelulose. Os valores de hemicelulose (Tabela 5) se assemelham
aos encontrados por Nunes (2004) que foram de 27,95% na época chuvosa.
Semelhante fato observa-se no trabalho de Silva et al., (2011) que
encontraram valores médios de hemicelulose de 28,22% para capim-buffel
avaliado sob diferentes alturas de corte e resíduo, em Campina Grande, na
Paraíba, que segundo estes autores podem ser considerados baixos e podem
prejudicar o desempenho animal.
41
5 CONCLUSÕES
42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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