Aula 08 - O Medievo e Suas Fontes
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O medievo
e suas fontes
História e Documento
Meta da aula
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
Pré-requisitos
Para que você encontre maior facilidade na compreensão desta aula, é necessário que
tenha estudado na primeira aula as origens do pensamento histórico e,
na Aula 7, o significado de regime de historicidade.
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INTRODUÇÃO
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História teológica
Segundo Tetard,
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1. Atende ao Objetivo 1
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História e Documento
Diferentemente do nosso, o conhecimento que Deus tem dos três tempos, presente,
passado, futuro, não está submentido à mudança, pois nele não há nem vicissitudes, nem
mudanças, nem sombra [...] tudo o que ele vê está presente pois ele conhece o tempo
sem nenhuma representação temporal, assim como move o que está submetido ao tempo
sem sofrer nenhum movimento temporal (DIEUX; XI, 21apud TETARD, 2000, p. 37).
Comentário
O trecho de Santo Agostinho aponta para uma percepção de tempo absoluto, portanto
a histórico. Assim, a noção do Cristianismo como uma religião histórica deve ser apresentada
levando-se em consideração que a história que se conta não é a história da experiência
humana, mas aquela que busca a comprovação da existência de Deus, por meio da
identificação das provas dos seus desígnios.
Todos os acontecimentos são justificados pela ação de Deus. Além disso, o tempo da liturgia
implica a consideração de etapas que se sucedem rumo a um fim, imprimindo um sentido
ao devir humano.
Dessa forma, apesar de ser correto afirmar que o Cristianismo é uma religião histórica, essa
afirmação deve ser matizada pelo tipo de história com o qual o Cristianismo se identifica:
uma história teológica, fundada no tempo litúrgico, da Criação ao Juízo Final.
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2. Atende ao Objetivo 2
A crônica foi a forma de relato que esteve presente ao longo de toda a Idade Média, e hoje
constitui uma preciosa fonte para o seu estudo. Entretanto, esse gênero sofreu transformações
entre a Alta e a Baixa Idade Média. Caracterize esse tipo de relato nos dois períodos.
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Comentário
A crônica na Alta Idade Média era um gênero que tinha como objetivo compor um relato
coerente das ações humanas sob os desígnios da fé. O mais famoso cronista foi Gregório de
Tours. Dentro desse período, a crônica se constituía segundo o modelo da história teológica,
devotada à memória dos fatos notáveis da cristandade.
A crônica consolida-se como gênero de narrativa histórica com as Cruzadas, a partir do século
XII, constituindo-se como um relato de acontecimentos políticos e registro de costumes diferentes.
Desde então, a crônica, apesar de não se afastar radicalmente do modelo da história teológica,
providencialista e teleológica, vai aos poucos assumindo a função política de representar a
nobreza e a sociedade aristocrática, com seus códigos de cavalaria e seus valores morais.
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3. Atende ao Objetivo 3
Comentário
Os relatos de peregrinos, registros judiciais e a iconografia. Cada qual poduzia um
determinado registro da experiência social. Os relatos de peregrinos, junto com as hagiografias
e as crônicas da vida da corte, eram as principais formas de registrar a experiência social
de um mundo mediado pela ordem divina.
Os registros judiciais, como testemunhos indiretos, mesmo sem a intenção de contar uma
história para a posteridade, possibilitam o acesso a uma experiência cotidiana por meio do
registro das casualidades legais.
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Atividade Final
Documento 1
Antes de descrever as lutas dos reis com as nações adversárias, dos mártires com os pagãos,
das igrejas com os heréticos, eu desejo confessar minha fé, para que aquele que me leia
não duvide que sou católico. Eu quis também, para aqueles que se desesperam com a
aproximação do fim do mundo, indicar claramente o número de anos que escorre desde o
começo do mundo, recolhendo nas crônicas e histórias um resumo dos fatos passados. Mas
antes, eu suplico aos leitores que me desculpem se nas cartas e nas sílabas me acontece
de transgredir as regras da arte da gramática, pois não as possuo plenamente.
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Meu único cuidado é reter sem nenhuma alteração nem hesitação do coração aquilo
que nos ordena acreditar na Igreja, pois sei que aquele que se tornou culpado de
pecados pode obter o perdão de Deus pela pureza de sua fé.
livroI.htm.
Documento 2
Sucedeu um dia que o duque da Normandia estava em seu palácio com grande quantidade
de cavaleiros e o preboste dos comerciantes reuniu também grande quantidade de comunas
de Paris que eram de sua seita e de seu partido. Todos levavam gorros iguais para
reconhecerem-se. Este preboste se dirigiu ao palácio rodeado por suas gentes e entrou
na câmara do duque. Com grande acrimônia requereu que se ocupasse dos assuntos do
reino e mantivesse conselho, de modo que o reino que devia herdar estaria bem protegido
daqueles companheiros que o dominavam, saqueando e roubando por todo o país.
O duque respondeu que se ocuparia com muito gosto, se obtivesse sentença de assim
fazê-lo, mas que correspondia decidir o que determinava os ditames e juízos do reino.
Não sei por que nem como sucedeu, mas as palavras foram crescendo tanto e tão alto
que, na presença do duque da Normandia, mataram os três maiores de seu conselho,
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tão próximo dele, que sua vestimenta ficou ensangüentada. O mesmo correu um grande
perigo, mas lhe deram um dos gorros e concedeu perdoar a morte daqueles três
cavaleiros, dois de armas e o terceiro de leis. Um deles se chamava meu senhor Robert
de Clermont, um homem nobre e muito gentil; o outro, senhor de Conflans, marechal
de Champagne e cavaleiro de leis, meu senhor Simon de Bucy. Foi uma grande pena
que ali morressem, por falar e aconselhar bem a seu senhor.
jacquetext.htm,
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Comentário
O primeiro documento situa-se na Alta Idade Média e representa o gênero “crônica”,
próprio desse período, em cujo estilo prevalecem a devoção e a valorização do tempo
litúrgico em detrimento da ação humana. Apesar disso, já indica que o objetivo
é o relato dos acontecimentos que definiram a história da cristandade,
assumindo uma perspectiva exemplar e finalista.
O segundo documento, escrito por Froissart, situa-se na Baixa Idade Média, sendo
também um exemplo de crônica. Entretanto, nesse registro evidenciam-se elementos da
vida urbana, querelas da nobreza e códigos da cavalaria.
Nesse tipo de relato, a medida do tempo também é imprecisa, apesar de já conter o
princípio de ordenação cronológica dos acontecimentos.
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RESUMO
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