Azusa+2022 2+02
Azusa+2022 2+02
Azusa+2022 2+02
35
Ailto Martins57
Flavio Junior Ortiz58
RESUMO
O presente artigo objetiva abordar sobre o discipulado cristão, na perspectiva do
cuidado com os novos convertidos, partindo na observação da necessidade, os
desafios e a urgência que há nas igrejas com relação à implantação e
desenvolvimento do discipulado. Percebe-se que há muitas lacunas que
necessitam serem trabalhadas para melhorar o sistema cristão da igreja. Busca-se
neste trabalho delinear uma solução inerente, por meio de revisão bibliográfica e
pesquisa qualitativa. Para alcançar o objetivo proposto, o trabalho se organiza em
quatro capítulos. No primeiro serão apresentados os diversos conceitos de
discipulado, que foram elaborados ao longo do tempo, contempla também a
interpretação equivocada do termo, fazendo contraste com a definição coerente do
verdadeiro discipulado, apontando resultados autênticos obtidos mediante a
correta aplicação do discipulado a luz das sagradas escrituras. O segundo capítulo
concentra-se na etimologia da palavra, explicando os diversos contextos de
utilização dos termos discípulo e discipulado, trazendo uma aplicação para os dias
atuais. O terceiro capítulo descreve o contexto histórico teológico do discipulado,
e a visão das Assembleias de Deus. Por fim, o quarto capítulo se faz por meio de
uma pesquisa qualitativa, discorrendo sobre como a igreja entendeu e
desenvolveu o discipulado ao longo da história, desde os primeiros cristãos até a
57
Doutor em Teologia – (PUC/PR). Professor da Faculdade Refidim. Coordenador de
Extensão. E-mail: [email protected].
58
Graduando em Teologia – sétimo semestre. E-mail: [email protected].
36
realidade da igreja local. Na conclusão, propõe-se uma aplicação prática, levando
em consideração o contexto da igreja local, apresenta-se um plano de ação,
objetivando o crescimento saudável da igreja e principalmente o cuidado com os
novos convertidos.
This article aims to address Christian discipleship, from the perspective of caring
for new converts, starting from the observation of the need, the challenges and the
urgency that exists in churches in relation to the implantation and development of
discipleship. It is noticed that there are many gaps that need to be worked on to
improve the Christian system of the church. The aim of this work is to outline an
inherent solution, through a bibliographic review and qualitative research. To
achieve the proposed objective, the work is organized into four chapters. The first
will present the various concepts of discipleship, which have been developed over
time, also contemplates the misinterpretation of the term, contrasting with the
coherent definition of true discipleship, pointing out authentic results obtained
through the correct application of discipleship in the light of the sacred scriptures.
The second chapter focuses on the etymology of the word, explaining the
different contexts in which the terms disciple and discipleship are used, bringing
an application to the present day. The third chapter describes the historical
theological context of discipleship, and the vision of the Assemblies of God.
Finally, the fourth chapter is done through qualitative research, discusses how the
church understood and developed discipleship throughout history, from the first
Christians to the reality of the local church. In conclusion, a practical application
is proposed, taking into account the context of the local church, an action plan is
presented, aiming at the healthy growth of the church and especially the care for
new converts.
Azusa: Revista de Estudos Pentecostais, Joinville, v. 14, n.2, jul./dez. 2022. 37
INTRODUÇÃO
59
CARVALHO, D. da C. Discipulado, Perspectivas e Dimensões: um Diálogo em Busca
da Complementariedade Entre o Discipulado na Comunidade, no Pequeno Grupo e no
Relacionamento Um a Um. Via Teológica, 20(39), 89–120, 2019, p.13.
Azusa: Revista de Estudos Pentecostais, Joinville, v. 14, n.2, jul./dez. 2022. 39
60
CARLESSO, Joary Jossué (Org.) 12ª Oficina Discipulado para o Brasil. Departamento
de Discipulado da IEADJO: Joinville, 2022, p.24.
61
CARLESSO, Joary Jossué (Org.) 7º Congresso de Discipulado para o Brasil.
Departamento de Discipulado da IEADJO: Joinville, 2018. p.24.
40
apresentado é bem maior do que uma simples transferência de conhecimento.62
Jesus Cristo mostra um modelo eficaz de discipulado, o relacionamento. A
proximidade entre o mestre e seus discípulos, foi muito além de um encontro
semanal para transferir conhecimento, foi tão intenso em seu relacionamento com
eles, que formou homens capazes de imitar suas ações. “O discipulado é o
encontro de uma vida com outra. Não é apenas uma série de reuniões sobre
determinado plano de estudo. É essencialmente relacional, um investimento de
tudo que você é em outra pessoa”.63 Por essa razão o discipulado deve ao assumir
a função de ser mais do que a transmissão de um conhecimento teórico, precisa
gerar na vida do discípulo a semelhança de seu mestre.
Conceitos equivocados sobre o discipulado são os mais variados, e quanto
mais se observa a cenário cristão, aumenta a convicção da urgência de implantar o
discipulado legítimo de Cristo na igreja, há quem entenda o discipulado como um
programa, ou um departamento da igreja, que está na responsabilidade de alguns
poucos líderes, a respeito disso Francis Chan comenta que “Fazer discípulos, no
entanto, é mais que um programa. É a missão de nossa vida. É o que nos
define”.64 O Ide de Jesus foi extensivo a todos os membros do corpo de Cristo,
conforme Keith Phillips “Cristo espera que cada cristão produza fruto
espiritual”. 65 Ainda dentro desse contexto, podemos destacar o que diz Joary
Carlesso. “A melhor forma de provar o nosso amor a Jesus é cuidarmos de
vidas!”.66 Igreja é a expressão do reino de Deus na terra, se ela deixar de cumprir
sua vocação, perde a razão de existir. “A terra deve ser salva pela Igreja dos
62
ALVES, Tiago Cavalcanti. Formação do Discipulador Com ênfase na Escola Bíblica.
Curitiba: A.D. Santos Editora, 2021, p.29.
63
PHILLIPS, Keith W. A formação de um discípulo. São Paulo: Editora Vida, 2008,
p.105.
64
CHAN, Francis. Multiplique: Discípulos que fazem discípulos. São Paulo: Mundo
Cristão, 2015, p.27.
65
PHILLIPS, 2008, p.84.
66
CARLESSO, 2022, p.25.
Azusa: Revista de Estudos Pentecostais, Joinville, v. 14, n.2, jul./dez. 2022. 41
67
BENHOEFFER, Dietrich. Discipulado. 1.ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2016, p.88.
68
PHILLIPS, 2008, p.26.
69
CHAN, 2015, p.229.
42
Devido à grande importância do referido termo, fica explícito que seria
incoerente apresentar um único conceito de discipulado, por esse motivo antes de
apresentar termos técnicos e etimológicos da palavra, apresentamos algumas
definições objetivas, que vão desenhando uma visão mais ampla de alguns
arautos, que vivem ou viveram plenamente o IDE do mestre. Cita-se frases
conhecidas que nos fornecem uma base conceitual de discipulado, utilizando
como ponto de partida a frase do pastor Sérgio Melfior, que com muita
propriedade afirma que “Evangelizar é dar um copo com água. Discipular é
mostrar a fonte”.70 Parafraseando, evangelizar é indispensável, é mostrar que há
esperança pra quem está nos últimos suspiros de vida sedento de Deus, nesse
sentido é como dar um copo com água, que fornece substancias vivificantes,
capazes de restaurar parcialmente as forças recobrando o ânimo. Mas só o
verdadeiro discípulo, conduzira com cuidado e amor o necessitado ao caminho da
fonte que é Cristo. Pois como afirma Keith Phillips “O amor de uns aos outros é a
marca do discipulado”. 71
Em uma das obras mais marcantes da história no que se refere ao
discipulado, o teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer afirma: “O discipulado é o
compromisso com Cristo; porque Cristo existe, tem de haver discipulado”.72Nessa
breve frase percebemos o quanto é essencial para a igreja cristã à prática do
discipulado, pois é fazendo discípulos que a igreja se identifica com o seu Senhor.
Porém o fazer discípulos não se configura algo simples, rápido e fácil, todavia é
totalmente possível. Uma das definições mais utilizadas para respaldar a
necessidade urgente do discipulado, encontramos nas palavras de Waylon Moore
“O novo crente é uma criança espiritual, e precisa ter cuidados imediatos,
70
CARLESSO, Joary Jossué (Org.) 12ª Oficina Discipulado para o Brasil. IN MELFIOR,
Sérgio. Discipulado Missional. Departamento de Discipulado da IEADJO. Joinville 2022,
p.10.
71
PHILLIPS, 2008, p.63.
72
BONHOEFFER, 2016, p.34.
Azusa: Revista de Estudos Pentecostais, Joinville, v. 14, n.2, jul./dez. 2022. 43
73
MOORE, Waylon B. Multiplicando Discípulos: O Método Neotestamentário para o
crescimento da Igreja 4ª Ed. Rio de Janeiro: JUARP, 1995, p.43.
74
CHAN, 2015, p.29.
75
PHILLIPS, 2008, p.31.
76
MOORE, 1995, p.77.
44
ser uma ordenança, como algo obrigatório na vida de quem
pretende seguir os passos de Jesus.77
77
ALVES, 2021, p.41.
78
STOTT, John W.R. Stott. O Discípulo Radical. Viçosa: Ultimato, 2011, p.33.
79
POPE, Randy. O Discipulado na Igreja Local. Viçosa: Ultimato, 2017, p.89.
Azusa: Revista de Estudos Pentecostais, Joinville, v. 14, n.2, jul./dez. 2022. 45
82
BARTH, Karl. Chamada ao Discipulado. Trad: Moisés Carneiro Coelho, São Paulo:
Fonte Editorial, 2006, p.38.
83
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da língua portuguesa.5. Ed. São
Paulo: Editora Positivo, 1992, p. 365.
Azusa: Revista de Estudos Pentecostais, Joinville, v. 14, n.2, jul./dez. 2022. 47
84
PASSOS, Gomes Joazi dos. Uma revolução chamada Assembleia de Deus: Uma
proposta de crescimento e discipulado para os nossos dias. São Paulo: Polo Books, 2018,
p.35.
85
SILVA, Anilton Oliveira da. Estudo Introdutório a Didaquê: Além Da Reerência ao
Batismo. Revista Ensaios Teológicos – Vol. 04 – Nº 01 – Jun/2018 – Faculdade Batista
Pioneira – ISSN 2447-4878, p. 113.
48
instruções morais a uma comunidade judaico-cristã, visando, dentre outras coisas,
ser um manual para os novos convertidos.
Os principais temas abordados na Didaqué são: do amor ao inimigo, do
amor ao dinheiro, da valorização dos profetas, dos sacrifícios aos ídolos, das
instruções sobre o batismo, da oração, da ceia do Senhor, dos líderes cristãos, da
liturgia do culto e do alerta sobre a volta de Jesus. 86 Apesar das perseguições
sofridas a Igreja permanecia triunfante e cada dia mais pessoas abraçavam a fé
cristã. Devido ao rápido crescimento, a Igreja vê uma necessidade de
institucionalizar o ensino aos novos convertidos, surge então o catecumenato.
Caires observa o seguinte:
A partir do segundo século, as conversões ao cristianismo
aumentavam significantemente. Pela expansão da fé, os
cristãos passaram a ser vistos como ameaça a muitas
estruturas sociais e, por isso, eram perseguidos. Além disso,
na tentativa de amadurecer mais os conhecimentos sobre as
verdades da fé cristã, começaram a surgir muitas heresias, as
quais muitos dos crentes aderiram. Tais dificuldades exigiram
da Igreja um maior rigor na instrução de seus fiéis, sendo
neste contexto que surge o catecumenato institucionalizado,
que estabelecia um tempo extremamente sério de formação,
para que a fé fosse bem afirmada, a fim de que o fiel fosse
resistente ao mundo pagão e oferecesse um testemunho
fidedigno no seio da comunidade.87 .
86
DIDAQUÉ. Catecismo dos Primeiros Cristãos Para as Comunidades de Hoje. São
Paulo: Editora Paulus 2005.
87
CAIRES, Geislânio Luz. A Relevância do Catecumenato enquanto inspiração para a
Catequese segundo a proposta da ação evangelizadora da Igreja. 2022. 66. Trabalho de
Conclusão de Curso (Bacharel em Teologia) Faculdade Católica de Campinas, 2022, p.17.
Azusa: Revista de Estudos Pentecostais, Joinville, v. 14, n.2, jul./dez. 2022. 49
88
LIMA, Luiz Alves de. A catequese do Vaticano II aos nossos dias: a caminho de uma
catequese a serviço da iniciação à vida cristã. São Paulo, SP: Paulus, 2016, p.33.
89
CAIRES, 2022, p.21-22.
90
CAIRES, 2022, p.22.
50
os tribunais do Santo oficio” .91 Somente a partir de 1.808 isto é, mais de 300 anos
após a chegada dos primeiros colonizadores, é que ocorre uma abertura para o
protestantismo e demais religiões. Porém os primeiros anos não foi de muito
êxito, Alves afirma que foi com a chegada dos missionários pentecostais em 1910
que o protestantismo é espalhado por todo o território nacional.92
O presente artigo pretende destacar o contexto histórico do discipulado no
Brasil, com ênfase no movimento pentecostal. Por ser a Assembleia de Deus a
maior representante do movimento pentecostal, este artigo vai abordar fatores
considerados importantes no desenvolvimento da referida denominação. A Igreja
Evangélica Assembleia de Deus, foi fundada em Belém do Pará no dia 18 de
junho de 1911, por Gunnar Vingren (1879 – 1933) e Daniel Berg (1884 – 1963).
Conforme o registro de Isael Araújo “Em um domingo com 18 pessoas presentes
mais Vingren e Berg, nasceu na casa de Celina Albuquerque, a Missão da Fé
Apostólica, que, em 11 de janeiro de 1918, foi registrada oficialmente como
Sociedade Evangélica Assembleia de Deus”. 93
Nas últimas décadas as ADs têm crescido em ritmo acelerado o Pastor
Eduardo Leandro Alves afirma: “Animados pela presença do Espírito Santo,
evangélicos pentecostais multiplicam-se num ritmo impressionante. Configuram o
maior fenômeno religioso do fim do século XX”.94 Diversas pesquisas em torno
do assunto buscam elucidar quais os métodos utilizados pela Igreja que atrai o
público e a faz crescer, em percentuais acima das demais denominações. Ao
analisar o contexto histórico das ADs, a partir de seus pioneiros, Daniel Berg e
Gunnar Vingren, é possível observar uma estratégia eficaz de crescimento, o
91
CURTIS, Kenneth. A. Os 100 Acontecimentos Mais Importantes da História do
Cristianismo. São Paulo: Editora Vida 2003, p. 93.
92
ALVES, Eduardo Leandro. A Sociedade Brasileira e o Pentecostalismo Clássico
Razões Socioculturais Entre a Teologia Pentecostal e a Religiosidade Brasileira. Rio de
Janeiro: CPAD, 2021. P.17.
93
ARAÚJO, Isael de. História do Movimento Pentecostal no Brasil. Rio de Janeiro:
CPAD, 2016, P.34.
94
ALVES, 2021 b, p. 54.
Azusa: Revista de Estudos Pentecostais, Joinville, v. 14, n.2, jul./dez. 2022. 51
discipulado nos lares, ainda que não houvesse uma elaboração didática de
discipulado, esse era o método que praticavam, e com muito êxito.
Os pioneiros no princípio não dependiam de uma estrutura de templo para
anunciar o evangelho, pois aonde houvesse uma porta aberta para falar de Jesus
ali se iniciava uma igreja. Conforme Joazi Gomes dos Passos “Foi assim que nós
da Assembleia de Deus crescemos. Multiplicamos igrejas a partir de inúmeras
casas. Usando esta estratégia de forma consciente ou inconsciente”.95 A prática de
se reunir nos lares, permitia aos novos convertidos, a troca de experiências com os
mais velhos, dessa forma, tornavam-se convictos da sua fé, eram batizados e
passavam a fazer parte da Igreja.
Entre os motivos, que proporcionava o sucesso dos cultos nas casas, era a
comunhão que havia entre eles. Passos entende que a comunhão é fator
determinante na vida de um novo convertido, ele afirma que: “No centro do
Cristianismo está à comunhão. E não é possível ter comunhão ao mesmo tempo
com 100, 200 ou 1.000 pessoas. A comunhão passa pelo fato de estarem juntos,
de caminharem juntos e de fazerem algo juntos”. 97
Outra importante forma discipular utilizado nas ADs é também através da
EBD (Escola Bíblica Dominical) Antônio Gilberto escreve sobre a exata
conceituação de “Escola Dominical” nas palavras de Gilberto “A Escola
95
PASSOS, 2018, p.25.
96
SANTOS, Ismael dos. Raízes da nossa fé: A História das Assembleias de Deus em
Santa Catarina e no Sudoeste do Paraná. Blumenau: Letra Viva, 1996, p.20.
97
PASSOS, 2018, p.51.
52
Dominical é a escola de ensino bíblico da Igreja, que evangeliza enquanto
ensina”. 98 Logo após dois meses de fundação a AD empregou a Escola Bíblica,
como principal meio de ensino das doutrinas pentecostais, Gilberto aponta os
objetivos centrais da EBD da seguinte forma, 1- Ganhar almas pra Jesus; 2-
Desenvolver a espiritualidade e o caráter cristão nos alunos; 3- Treinar o cristão
para o serviço do Mestre.99 E foi por meio da Escola Bíblica Dominical, que as
ADs. introduziram no ano de 1996 a primeira lição trimestral dedicada ao
discipulado, com o título Discipulado e Integração (o segredo para o crescimento
da igreja) comentada pelo pastor Geremias Couto com foco nos novos
convertidos, a revista da EBD dedicou 13 lições com os seguintes temas: A Igreja
e suas Prioridades; Integrando o Novo Crente à Igreja; Conduzindo o Novo
Crente ao Discipulado; O Novo Crente e a Maturidade Espiritual; O Novo Crente
e suas Motivações; O Novo Crente e a Sociedade; O Novo Crente e a Mordomia
Cristã; O Novo Crente e a Oração; O Novo Crente e o Jejum; O Novo Crente e a
Vida de Santificação; O Novo Crente e o Sofrimento; O Novo Crente e a Morte;
O Novo Crente e a Vida Eterna.
O comentarista da Lição informa o seguinte: “Neste primeiro trimestre do
ano, estudaremos uma série de lições voltadas para o no convertido, visando
equipar a Igreja para que torne mais frutífero o seu trabalho na área da integração
e discipulado.”100 Abordando o tema da Grande Comissão, Couto incentiva aos
leitores na tarefa discipuladora da Igreja, destacando A Integração e o
Discipulado:
98
GILBERTO, Antônio. Manual da Escola Bíblica: Um curso de treinamento para
professores iniciantes e de atualização de professores veteranos da Escola Dominical. 17ª
Ed. melhorada. Rio de Janeiro: CPAD, 1998, p.137.
99
GILBERTO, 1998, p.152.
100
COUTO, Geremias do (Org.) Discipulado e Integração: O segredo para o crescimento
da Igreja. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.4.
Azusa: Revista de Estudos Pentecostais, Joinville, v. 14, n.2, jul./dez. 2022. 53
Certamente esse período marcou a história da IEDJO como igreja que faz
discípulos. Mas foi a partir de março de 2011, com a chegada do Pr. Sérgio
Melfior que o Departamento de Discipulado cresceu de forma mais expressiva. O
Pr. Sérgio assumiu a presidência da IEADJO, e trouxe consigo o Pr. Joary Jossué
Carlesso, que naquela época era presbítero. Carlesso já possuía uma grande
experiência, já havia dedicado cerca de dez anos na liderança do discipulado.
Sobre o início dos trabalhos em Joinville na liderança do Pr. Sérgio Melfior,
Carlesso fornece uma importante informação:
102
POMMENERING, Claiton Ivan (Org.) Entre flores e espinhos: O Espírito em
movimento na Assembleia de Deus. IN CARLESSO, Joary Jossue. Assembleia de Deus
em Joinville: Há 80 anos fazendo discípulos. Joinville: Refidim, 2013, p.51.
103
POMMENERING. IN CARLESSO, 2013, p.53.
Azusa: Revista de Estudos Pentecostais, Joinville, v. 14, n.2, jul./dez. 2022. 55
104
POMMENERING. IN CARLESSO, 2013, p.57.
105
POMMENERING. IN CARLESSO, 2013, p.55.
56
A respeito da expansão, o Departamento de Discipulado para o Brasil
informa que hoje já são mais de 600 campos atendidos pelo Departamento, e mais
estados brasileiros estão aderindo o trabalho. O Departamento Discipulado para o
Brasil envia palestrantes para auxiliar na implantação e desenvolvimento do
discipulado, as Igrejas mais carentes também recebem o material didático doado
pelo Departamento. O Departamento Discipulado para o Brasil é um claro
exemplo, que o discipulado funciona nas ADs.
Na IEADB (Igreja Evangélica Assembleia de Deus de Barracão PR) o
discipulado iniciou nos moldes assembleianos, já apresentados anteriormente. No
princípio do evangelho em Barracão PR, os cultos nas casas mostraram-se
frutíferos. De acordo com o jornal Assembleia em Ação (2010) em 31 de julho de
1955, o Sr. Henrique Strasser chegou à cidade de Barracão PR, vindo da cidade
de Vicente Dutra RS. Nos seus primeiros dias na cidade, perguntou ao seu amigo
Osório Borges, que já estava a algum tempo na região, se havia “crentes” naquela
localidade, informado que não havia evangélicos ali, então realizaram o primeiro
culto pentecostal. Convidaram a vizinhança que após conhecerem o evangelho,
também abriam suas casas para os cultos. E assim crescia o número de pessoas
que se convertiam ao evangelho, os novos convertidos eram discipulados pela
experiência dos mais velhos, e permaneciam na comunhão uns com os outros, e
assim a Igreja cresceu e tornou-se relevante na sociedade.
O discipulado formal em Barracão PR teve início no ano de 2010, com o
uso de materiais didáticos da CPAD (Casa Publicadora das Assembleias de
Deus), nesse período foram formados grupos, que visitavam as pessoas ensinando
e consolidando novos convertidos.
Conforme Baumgart:
106
BAUMGART, Edson. Grupo de Crescimento ou Discipulado entra em ação.
Assembleia em Ação: Informação em prol do Reino. Barracão PR, ano 1, n.3 set. 2010,
p.4.
107
SANTOS, 1996, p.28.
58
Porém com o crescimento da cidade, o êxodo rural, e as demandas da
modernidade, as pessoas acabaram ficando desassistidas, muitas delas desistiram
da fé ou migraram para outras denominações. O presente artigo informa que em
2010, houve uma tentativa de implantação do discipulado em pequenos grupos,
porém não se consolidou. Em 2022 observando a necessidade local, iniciou-se um
projeto de implementação do discipulado na IEADB. Esse trabalho vem de
encontro com essa necessidade, e pretende apresentar algumas etapas importantes
para que a igreja local possa desfrutar os resultados de um trabalho bem
estruturado. A abordagem visa manter o foco dos pioneiros, assembleianos e
discorre na perspectiva do discipulado para os novos convertidos.
Sendo assim, mediante ao que já foi descrito, esse artigo contempla
algumas etapas estruturais do projeto e na conclusão, aborda o desenvolvimento
na prática levando em consideração o contexto da igreja local. As etapas que esse
artigo apresenta, são resultados de um intenso trabalho de pesquisa e análise,
tendo como base as Igrejas que são exemplos para o Brasil na tarefa de fazer
discípulos. Não se trata de “emprestar” uma visão que deu certo em outras
comunidades. Esse trabalho pretende adequar à visão do discipulado a realidade
local. “Necessariamente, não há nada de errado com uma visão emprestada. No
entanto, cada contexto de ministério é diferente. Por isso, seria sábio adaptar uma
visão particular a uma situação particular, ao invés de utiliza-la como esta”. 108
108
CHAN, 2021, p.57.
Azusa: Revista de Estudos Pentecostais, Joinville, v. 14, n.2, jul./dez. 2022. 59
109
RABELLO, Guilherme. O que é e como fazer um plano de ação 5W2H? Siteware.
Disponível em: <https://www.siteware.com.br/metodologias/como-fazer-plano-acao-
5w2h> Acesso em 29/11/2022.
110
CHIAVENATO, Idalberto; SAPIRO, Arão Planejamento Estratégico.: Fundamentos e
aplicações. 1. Ed.13ª tiragem. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003, 361.
60
Implementaç a Igreja, uma desenvolvido início no Obreiros e aprimoramen não
ão e visão de na Igreja ano de Líderes de to de mensurados,
Planejamento crescimento Sede e com o 2022 e sua departamento reuniões sendo eles
Estratégico saudável, e tempo nas continuaçã s. entre com
do servirá como demais o no ano Pastores, materiais
Discipulado, carro-chefe congregaçõe de 2023. liderança e didáticos,
na Visão de na tarefa de s do campo. membros da oficinas e
crescimento, fazer Igreja palestras.
e discípulos, envisionando
consolidação dando suporte a.
dos novos aos novos
convertidos. convertidos.
Ação 02 Promover a Nos A partir de Todos os Através das Custos ainda
cultura de Departament 2022. membros da ministrações, não
To
fazer os da Igreja, Igreja irão se e do exemplo mensurados,
rnar o
discípulos é Círculo de envolver, observado na sendo eles
discipulado
fundamental Oração, principalmen liderança. com
uma cultura
para as Jovens, te os líderes propaganda,
na Igreja
gerações Crianças etc. dos e
Assembleia
futuras, além departamento treinamentos
de Deus em
de inibir a s, e seus e/ou cursos
Barracão PR.
evasão de membros. para os
novos colaboradore
convertidos. s.
Ação 03 Direcionar, Na Igreja A partir de Todos Através Custos ainda
Ca ensinar o que Sede, 2023. aqueles que Oficinas de não
pacitação fazer e como posteriormen entenderam a Discipulado, mensurados,
para fazer o te nas visão do treinamento sendo eles
Pastores, discipulado congregaçõe discipulado, prático, com material
líderes e da forma s. e desejam se acompanhan didático,
demais correta. tornar um do Oficinas,
pessoas discipulador. discipuladore coffe-break
envolvidas. s mais etc.
experientes.
115
FARIA, Thiago. A igreja que faz discípulos: construa um modelo de discipulado que
você sonha para a sua igreja. São Paulo: Editora Vida 2022, p.16.
116
ALVES, 2021, p.41.
117
CHAN, 2015, p.53
Azusa: Revista de Estudos Pentecostais, Joinville, v. 14, n.2, jul./dez. 2022. 63
Capacitar é mais do que reunir pessoas para transmitir conhecimentos teóricos, capacitar é
também acompanhar, fazer junto. Pope observa que as igrejas investem em seminários e
aulas para dar direções, o que não é errado, o problema é que se pulam etapas no processo.
Pope defende que há quatro fases na capacitação: “Direcionar, é ensinar o que fazer;
auxiliar é mostrar como fazer; acompanhar é ajudar a começar fazendo junto; delegar é
deixar fazer”.119 As consequências de delegar a quem nunca fez, é a frustração tanto do
aprendiz, quanto de quem delegou, por isso para obter um resultado proveitoso, é preciso
respeitar cada fase da capacitação.
CONCLUSÃO
A pesquisa se concentrou em apresentar um tema dinâmico e considerado
de muita relevância para a igreja contemporânea, o discipulado cristão.
Observando que existem vários conceitos e perspectivas relacionadas ao assunto.
Entre os conceitos relacionados ao longo do trabalho, descreve aqueles conceitos
que não correspondem ao verdadeiro discipulado bíblico cristão. Através das
revisões bibliográficas, diversos autores contribuíram para ampliar a visão
conceitual do termo. Além disso, buscou na etimologia da palavra discípulo, a
partir dos originais do hebraico e grego, para assim contextualizar o termo de
forma coerente. Aprofundando o contexto histórico do discipulado, a pesquisa
traçou uma linha cronológica, desde as raízes mais antigas, olhando a forma de
discipular dos patriarcas, dos profetas, seguindo para o exemplo do maior e
118
POPE, 2017, p.32.
119
POPE, 2017, p.42.
64
melhor discipulador da história Jesus Cristo. Acrescentando a isso a pesquisa
examinou na história da Igreja Antiga, medieval, moderna e contemporânea como
desenvolveu-se o discipulado em todas as eras da igreja, enfatizando o contexto
das Assembleias de Deus, sua visão e seus valores que mantém como alvo
principal, os novos convertidos. Também apresentamos os meios para a
implantação e desenvolvimento de um discipulado a partir de um plano de ação.
Todos os resultados obtidos por meio dessa pesquisa visam colaborar com
as Igrejas que pretendem crescer. Todavia esse crescimento precisa ser saudável,
para que isso aconteça toda a igreja precisa entender as implicações da grande
comissão. O que foi apresentado ao longo desse exercício reflexivo, conclama
tanto a liderança como também os membros da Igreja, a uma tomada de ação que
terá como resultado uma Igreja mais viva, eficaz, saudável e cheia do amor de
Cristo. Vale ainda salientar, que a pesquisa não teve por objetivo abranger o
discipulado em todos os seus aspectos, mas limitou-se a suprir a demanda do
contexto local. Por esse motivo, a principal abordagem do discipulado deu-se na
perspectiva do cuidado com os novos convertidos, e ainda na ação de fazer
discípulos
REFERÊNCIAS
BÍBLIA João Ferreira de Almeida Corrigida Fiel (ACF). São Paulo: Sociedade
Bíblica Trinitariana do Brasil (SBTB), 2007.
CHAN, Francis. Multiplique: Discípulos que fazem discípulos. São Paulo: Mundo
Cristão, 2015.
LIMA, Luiz Alves de. A catequese do Vaticano II aos nossos dias: a caminho de
uma catequese a serviço da iniciação à vida cristã. São Paulo, SP: Paulus, 2016.
PASSOS, Gomes Joazi dos. Uma revolução chamada Assembleia de Deus: Uma
proposta de crescimento e discipulado para os nossos dias. São Paulo: Polo
Books, 2018.
SANTOS, Ismael dos. Raízes da nossa fé: A História das Assembleias de Deus
em Santa Catarina e no Sudoeste do Paraná. Blumenau: Letra Viva, 1996.