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RESUMO: A irrigação localizada por gotejamento tem sido utilizada na cafeicultura irrigada em virtude de
algumas vantagens, quando comparada a outros métodos, como a alta uniformidade de aplicação de água, maior eficiência
operacional, economia de água e menor necessidade de mão-de-obra. Este sistema pode amenizar o problema de escassez
de água, porém, técnicas de manejo são necessárias para melhor controle da quantidade de água aplicada, garantindo o
bom desenvolvimento do cafeeiro. Irrigação deficitária ou em excesso pode acarretar perda de produtividade e redução na
lucratividade.
Quadro 2. Universo cafeeiro com necessidade de irrigação. Base: Zoneamento agroclimático (DH = P-EP),
onde: EP = evaporação (solo) + transpiração (planta).
DH/ano (mm) APTIDÃO HÍDRICA
(1) <100 Sem irrigação
(2) 100-150 Irrigação ocasional
(3) 150-200 Irrigação complementar
(4) >200 Irrigação obrigatória
(1) <150 Sem irrigação
(2)150-200 Irrigação ocasional
(3) 200-400 Irrigação complementar
(4) >400 Irrigação obrigatória
(1) Não ocorre DH prejudicial (Ex.: Varginha – MG); (2) Maioria dos anos ocorrem prejuízos (Ex.: Araguari – MG); (3) Todos os anos
ocorrem prejuízos (Ex.: Paracatu – MG); (4) Limitante em termos de vegetação e produção, em função das fases fenológicas (Ex.:
Barreiras – BA)
racional da água de irrigação pode ser realizado via Em relação à quantidade de água, diversos
planta, solo, clima ou pela combinação destes. trabalhos vêm sendo conduzidos para estabelecer
O manejo via planta pode ser realizado por técnicas de manejo da irrigação. Muitos
meio de avaliações do estado hídrico da cultura, estabelecem a quantidade ideal em função da
como os métodos que avaliam: temperatura foliar, lâmina evaporada do tanque classe A, ou do valor
potencial de água nas folhas, resistência estomática, do potencial matricial limite e outros em função do
grau de turgescência das plantas, fluxo de seiva, valor de Kc (MARTINS et al., 2004). Trabalhos em
dentre outros. Estes métodos são promissores, que o cafeeiro é irrigado por pivô central e
entretanto, devido à complexidade envolvida e gotejamento indicam que 60% e 100% da ECA,
também a falta de informações mais específicas, respectivamente, são os valores que devem ser
eles ainda não tem sido usados em grande escala. utilizados para cálculo da irrigação visando obter
O manejo da irrigação via clima pode ser melhor desenvolvimento vegetativo e
realizado pela reposição da água consumida pela produtividade. Estes trabalhos não indicam que
cultura desde a última irrigação, ou ainda, por meio estes percentuais devam variar ao longo do ano
do balanço hídrico. O balanço hídrico considera (MARTINS et al., 2004; SILVA et al., 2003)
todos os fluxos de água que entram e saem do O manejo da água de irrigação está
volume de solo explorado pelas raízes. A irrigação, diretamente relacionado com as necessidades
a precipitação e a ascensão capilar são as hídricas das culturas, com as características
componentes de entrada no balanço hídrico e as hidráulicas do sistema de irrigação selecionado e
perdas por percolação profunda, escoamento com a capacidade de retenção de água pelo solo na
superficial e consumo de água pelas plantas são as profundidade efetiva da raiz da cultura (SOARES
componentes de saída. et al., 1998). A aplicação da água de irrigação em
O manejo de irrigação via solo considera a excesso pode levar à poluição de rios, lagos e
umidade do solo onde o sistema radicular da lençol freático, devido à lixiviação de elementos
cultura está se desenvolvendo e pode ser feito tóxicos e nutrientes; já em quantidade insuficiente
usando tensiômetros, mas requerem manutenção pode resultar em estresse hídrico da cultura e afetar
adequada e freqüente. Outros métodos o crescimento normal das plantas.
compreendem sensores eletrométricos e por O cafeeiro é conhecido como uma cultura
dissipação térmica, sonda de nêutrons, sonda que em um ano produz bem e no outro a produção é
enviroscan, TDR (reflectometria no domínio do bem inferior. Porém, se o manejo da lavoura for
tempo), tomografia computadorizada e atenuação adequado, essa bianualidade pode ser minimizada,
de raios gama. diminuindo os riscos de perdas de produção
Na instalação de tensiômetros, ou qualquer (SALOMÃO, 2000). Dadalto e Prezotti (1995),
outro instrumento de medição ou estimativa da estudando a viabilidade e os efeitos da irrigação do
umidade do solo, deve-se escolher cuidadosamente café conilon sobre a produção de frutos nos
o local de implantação, pois esses aparelhos diferentes estádios fenológicos da cultura,
refletem medidas pontuais (PIRES et al., 2001). verificaram que os melhores períodos para a
Essa localização dos sensores de tensão, pontos de irrigação, evidenciando o maior retorno na
emissores e planta é de extrema importância para o produtividade, foram aqueles compreendidos do
adequado manejo da água de irrigação. Coelho et abotoamento à floração (março a agosto) e da
al. (1995) afirmaram que o local de monitoramento floração ao pegamento de frutos (julho a outubro).
do estado da água no solo, para gotejador instalado O reconhecimento da complexidade
na superfície do solo, corresponde às profundidades envolvida no manejo de água em irrigação tem
de 0,1 a 0,4 m, e distâncias radiais do gotejador ocasionado, nos últimos anos, uma tendência à
maiores que 0,1 m. mudança nos métodos utilizados para o manejo de
Em 1999 foi desenvolvido e patenteado água na irrigação. Assim, tem sido observado
pela EMBRAPA, o sistema Irrigas (CALBO, aumento na utilização de modelos
2000), que possibilita o monitoramento da água do agrometeorológicos, para a determinação das
solo, sendo necessários estudos de validação desse relações água-solo-planta-atmosfera (COSTA,
equipamento sobre condições contínuas de campo. 1997).
Resultados promissores de pesquisa com o uso do Em face da ausência de resultados de
Irrigas para o manejo da irrigação do cafeeiro pesquisa, a implantação e, principalmente, o
foram apresentados por Santana (2003) e por Viana manejo dos sistemas de irrigação estão sendo
(2004). realizados de forma empírica e desordenados,
havendo assim, a necessidade de se estudar o real
benefício desta prática e as melhores alternativas de sistemas de manejo para a agricultura irrigada,
manejo (DADALTO; PREZOTTI, 1995). tendo em vista que a maioria dos usuários não
adota nenhuma estratégia de uso racional da água
CONCLUSÃO de irrigação. O manejo adequado da lavoura
cafeeira promove aumento da produtividade, além
Por meio desta revisão observa-se que há de influenciar na qualidade de bebida e diminuir os
uma grande necessidade de implantação de riscos de perdas na produção.
ABSTRACT: The drip irrigation system has been used on coffee crop for some advantages, when compared
with other methods, as the high uniformity of water application, greater operational efficiency, water economy and minor
manual work necessity. This system can reduce the problem of water scarcity, however management techniques are
necessary for a great control of the amount of water applied, guaranteeing the good development of the coffee plants.
Deficit irrigation or excess irrigation can cause losses in the productivity and reduction of the profitability.
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