Saúde e Aplicações Interdisciplinares
Saúde e Aplicações Interdisciplinares
Saúde e Aplicações Interdisciplinares
1
Editora e-Publicar – Saúde e aplicações interdisciplinares, Volume 3. 2
Editora Chefe
Patrícia Gonçalves de Freitas
Editor
Roger Goulart Mello
2021 by Editora e-Publicar Diagramação
Copyright © Editora e-Publicar Roger Goulart Mello
Copyright do Texto © 2021 Os autores Projeto Gráfico e Edição de Arte
Copyright da Edição © 2021 Editora e-Publicar Patrícia Gonçalves de Freitas
Direitos para esta edição cedidos à Revisão
Editora e-Publicar pelos autores Os Autores
Conselho Editorial
Alessandra Dale Giacomin Terra – Universidade Federal Fluminense
Andréa Cristina Marques de Araújo – Universidade Fernando Pessoa
Andrelize Schabo Ferreira de Assis – Universidade Federal de Rondônia
Bianca Gabriely Ferreira Silva – Universidade Federal de Pernambuco
Cristiana Barcelos da Silva – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
Cristiane Elisa Ribas Batista – Universidade Federal de Santa Catarina
Daniel Ordane da Costa Vale – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Danyelle Andrade Mota – Universidade Tiradentes
Dayanne Tomaz Casimiro da Silva - Universidade Federal de Pernambuco
Diogo Luiz Lima Augusto – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Elis Regina Barbosa Angelo – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Ernane Rosa Martins - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás
Ezequiel Martins Ferreira – Universidade Federal de Goiás
Fábio Pereira Cerdera – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Francisco Oricelio da Silva Brindeiro – Universidade Estadual do Ceará
Glaucio Martins da Silva Bandeira – Universidade Federal Fluminense
Helio Fernando Lobo Nogueira da Gama - Universidade Estadual De Santa Cruz
Inaldo Kley do Nascimento Moraes – Universidade CEUMA
João Paulo Hergesel - Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Jose Henrique de Lacerda Furtado – Instituto Federal do Rio de Janeiro
Jordany Gomes da Silva – Universidade Federal de Pernambuco
Jucilene Oliveira de Sousa – Universidade Estadual de Campinas
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-89340-98-0
Editora e-Publicar
Rio de Janeiro – RJ – Brasil
[email protected]
www.editorapublicar.com.br
Apresentação
É com grande satisfação que a Editora e-Publicar vem apresentar a obra intitulada
“Saúde e aplicações interdisciplinares, Volume 3”. Neste livro, engajados pesquisadores da
área de saúde contribuíram com suas pesquisas. A obra é composta por 34 capítulos que
abordam múltiplos temas.
Editora e-Publicar
Mussa Abacar
Gildo Aliante
Osvaldo Francisco Coquela
CAPÍTULO 4 ...................................................................................................................... 52
DEPRESSÃO PÓS-PARTO: A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE ......... 52
Rodrigo Elísio de Sá
Fernanda Iris Araújo Pereira
Rubens Renato de Sousa do Carmo
Juliana Ísis Araújo Pereira
Gabrielle Costa Sousa
Lucicleia Dias Monteiro
Gabriella Linhares de Andrade
Valentina Rhémily de Melo Vasconcelos
CAPÍTULO 12 ...................................................................................................................156
PROPRIEDADES ANTICÂNCER DE PRODUTOS NATURAIS DE
ACTINOBACTÉRIAS MARINHAS: UM MAPEAMENTO CIENTÍFICO ....................156
Rodrigo Elísio de Sá
Fernanda Iris Araújo Pereira
Rubens Renato de Sousa do Carmo
Juliana Ísis Araújo Pereira
Antonia Luzia Lima do nascimento
Lucicleia Dias Monteiro
Gabriella Linhares de Andrade
Valentina Rhémily de Melo Vasconcelos
CAPÍTULO 13 ...................................................................................................................168
ANÁLISE DO USO DE ANTIBIÓTICOS NA PROFILAXIA DE FERIDAS
OPERATÓRIAS NAS CESARIANAS REALIZADAS EM UMA MATERNIDADE, NO
PERÍODO DE 2015 A 2018 ............................................................................................168
DOI: 10.47402/ed.ep.c202157725980
Isabela Santos Lima
Aline Oliveira Rocha de Lima
Renata Machado de Assis
Juliana Alves Ferreira
Daisy de Araújo Vilela
CAPÍTULO 26 ...................................................................................................................326
EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL POR MATERIAL BIOLÓGICO EM UM HOSPITAL DE
ENSINO: ESTUDO RETROSPECTIVO ........................................................................326
DOI: 10.47402/ed.ep.c202159326980
Eliane Carlosso Krummenauer
Rochele Mosmann Menezes
Letiane de Souza Machado
Igor Neumann
Ana Elizabeth Kautzmann
Jane Dagmar Pollo Renner
Hildegard Hedwig Pohl
Marcelo Carneiro
CAPÍTULO 27 ...................................................................................................................335
ALCANCES E DESAFIOS NOS DOIS ANOS E MEIO DE IMPLEMENTAÇÃO DE UM
NÚCLEO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ...................................................................335
DOI: 10.47402/ed.ep.c202153627980
Taize de Oliveira
Luciana Marolla Garcia
Edson Olivari de Castro
Vera Lucia Messias Fialho Capellini
CAPÍTULO 28 ...................................................................................................................349
TRANSMISSÃO DE PARASITOS POR INSETOS VETORES: A SAÚDE NO AMBIENTE
ACADÊMICO PODE ESTÁ COMPROMETIDA? .........................................................349
RESUMO
Uma das doenças autoimunes, como o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), de difícil
diagnóstico, apesar de se caracterizar por apresentar um quadro grave no início da doença, e
com vários sintomas durante o curso da enfermedidade, é pouco analisada na área da
reabilitação oral, especificamente na implantologia oral. Esta doença causa altos índices de
cárie dental, doença periodontal, lesões da mucosa oral, pois, esses pacientes apresentam
diferentes tipos de edentulismo. O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão da literatura
nas bases de dados Pubmed, Medline, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), sobre reabilitação
com implantes dentários em pacientes com LES, a fim de conhecer a probabilidade de sucesso
desse tratamento, descrever as manifestações orais que podem ser afetadas como
consequências do desenvolvimento da doença e quais considerações devem ser tomadas. Nesta
revisão observou-se que há maior prevalência de LES em mulheres, com diagnóstico médio
após 40 anos, os pacientes com LES apresentam duas vezes mais prevalência de óbito por
complicações do que indivíduos saudáveis; por outro lado, são poucos os estudos que relatam
casos clínicos de implantes dentários em pacientes com LES, porém, com este pequeno número
de estudos observou-se que a reabilitação com implantes é viável, com sucesso em 100% dos
casos, com uma taxa de sobrevida semelhante à de pacientes sem essa doença, os
procedimentos cirúrgicos devem seguir os mesmos critérios que se seguem em pacientes
saudáveis, mas deve ser realizada em pacientes adequadamente controlados. Com base na
revisão desses estudos, podemos concluir que os tratamentos de reabilitação com implantes
dentários é o tratamento ideal e necessário para pacientes com LES, por isso deve ser
considerado como a primeira opção em relação às próteses removíveis, para evitar o
aparecimento de lesões na mucosa oral e complicaçoes posteriores por causa das próteses de
longa duração, a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida, aliviar os níveis de
estresse, permitir uma melhor nutrição, em pacientes em muitos casos imunossuprimidos,
reforçando o importante papel que desempenha na dentista em associação com a área médica.
PALAVRAS-CHAVE: Lúpus Eritematoso Sistêmico, Implantes Dentários, Doenças
Periodontais.
INTRODUÇÃO
Existe o risco de morte prematura por infecção e doença cardiovascular, com uma média
de 7,5 anos entre o desenvolvimento da doença e a morte do paciente (GORDON et al., 2016),
apesar disso a taxa de mortalidade e o efeito tóxico dos medicamentos diminuíram (KAUL et
al., 2016). As manifestações clínicas são fadiga, mal-estar, artralgia, mialgia, lesões
mucocutâneas além de sintomas musculoesqueléticos (ALBILIA et al., 2007).
Em relação ao estado de saúde bucal, observou-se que os pacientes com LES têm maior
risco de desenvolver doença periodontal, como gengivite descamativa e gengivite marginal
(ALBILIA et al., 2007), bem como doenças periodontais destrutivas (GRAVES; CORRÊA;
SILVA, 2019) e distúrbios temporomandibulares articular (BENLI et al., 2021), também foi
observado por Chi et al. que esses pacientes expõem ulceras orais (ANGELA C. CHI et al.,
2010).
Por isso o objetivo deste capítulo é descrever a reabilitação oral com implantes dentários
em pacientes com LES, abordando primeiro as características orais nestes pacientes, a segunda
parte descreverá o grau de sucesso ou fracasso da reabilitação com implantes em pacientes
com LES. Por fim, serão descritas as recomendações que devem ser seguidas ao realizar
procedimentos de reabilitação com implantes dentários.
Pacientes com LES são caracterizados por uma alta contagem de bactérias cariogênicas,
como Streptococcus Sobrinus e Streptococcus Mutans, na placa supragengival. Associado
a uma prevalência de 100% de cárie em pacientes com LES ativo (GRAVES; CORRÊA;
SILVA, 2019); um estudo na Índia relatou uma prevalência de 87% de cárie em pacientes
com LES (GUALTIEROTTI et al., 2018); além de uma maior predisposição para desenvolver
doença periodontal (BENLI et al., 2021), essa enfermidade ocorreu 1,76 vezes mais em
proporção, associado as alterações nos níveis de inflamação e as elevadas quantidades de
citocinas e bactérias relacionadas coma doença periodontal como a Prevotella oulorum , P.
Nigrescens, P. Oris, Streptococcus noxia, leptotrichia mesmo em áreas periodontalmente
saudáveis (GRAVES; CORRÊA; SILVA, 2019); além de mencionar que pacientes com LES.
Deve-se notar que o lúpus oral foi mais comumente encontrado no palato duro, mucosa
labial, mucosa bucal, gengivas e borda alveolar (ANGELA C. CHI et al., 2010). Essas lesões
se assemelham ao líquen plano ou leucoplasia; quando essas lesões são crônicas, correm o risco
de se transformarem em carcinoma espinocelular (MAYS; SARMADI; MOUTSOPOULOS,
2012).
No entanto, pacientes com LES têm uma prevalência de 50% de apresentar úlceras
aftosas orais ao longo da vida (GUALTIEROTTI et al., 2018). Um estudo na Índia mostrou que
Em suma, podemos considerar os pacientes com LES mais vulneráveis e com maior
probabilidade de desenvolver doenças bucais em comparação com a população saudável(NESA
AURLENE et al., 2021).
Como consequência das lesões orais que podem ser causadas durante o uso de próteses
dentárias (BENLI et al., 2021), a reabilitação com implantes dentários tornou-se a melhor opção
para pacientes com Lupus eritematoso sistémico. No entanto, existem vários aspectos que
devemos mencionar.
Em primeiro lugar, devemos mencionar que os pacientes com LES apresentam alto
risco de hipersensibilidade ao metal, conhecida como alergia, tipo IV, aqui estão metais como:
níquel, ouro, mercúrio, cromo, paládio, titânio (BENLI et al., 2021). De acordo com Allaudin
Siddiqi, et al. indicaram que o titânio pode gerar hipersensibilidade em pacientes suscetíveis,
fato que poderia estar relacionado à provável falha do implante.
Por outro lado, foi demonstrado que não há contra-indicação para o tratamento com
implantes em pacientes com LES, e a taxa de sobrevida é semelhante à de pacientes saudáveis
(ZYSSET et al., 1987). No entanto, o LES pode ter influência na qualidade da estrutura óssea,
porém, segundo uma revisão sistemática, foi demonstrado que existe uma taxa de sobrevida de
100% após a reabilitação com implantes (BENLI et al., 2021).
Nessa perspectiva, pacientes com lúpus podem apresentar casos graves de reabsorção e
alteração do desenvolvimento ósseo, devido aos tratamentos farmacológicos prolongados,
principalmente quando diagnosticado na fase de crescimento, conforme relatado por Drew et
al. onde o paciente sofreu atrofias graves, o que levou a tratamentos de formação de estrutura
óssea, além de procedimentos de alta complexidade, com resultados safiscatórios favoráveis
(ALEXANDER S. DREW et al., 2018).
Pacientes com Lúpus eritematoso sitémico têm um risco de 50% de desenvolver dano
endotelial, portanto, endocardite bacteriana pode ocorrer em 1-4% desses pacientes, porém, o
grau de risco desses pacientes desenvolverem a doença não pode ser determinado com
precisão. Endocardite, por isso é essencial utilizar antibioticoprofilaxia em 100% dos pacientes
com LES, que serão submetidos a procedimentos odontológicos associados à bacteremia
(ZYSSET et al., 1987).
Outro ponto importante em relação aos pacientes com LES refere-se ao fato de esses
pacientes serem mais frequentes em desenvolver acidente vascular cerebral (AVC), uma vez
que o anticoagulante lupídico aumenta o risco de AVC e trombose de seio nasal(HANLY et
al., 2019), recomenda-se que para planejar este tipo de tratamento requer um laudo completo
do médico responsável pelo paciente para evitar complicações.
Alem disso a relação entre doença periodontal (DP) e Lúpus eritematoso sistémico,
observou-se que quando o paciente com doença periodontal não recebe tratamento, as doenças
reumáticas podem se agravar, isso foi confirmado em estudo realizado por Fabri et al., onde
foi observado como os pacientes que receberam tratamento da doença periodontal tiveram
melhora do Lupus eritematoso sistémico com redução da taxa de sangramento em relação ao
grupo de pacientes que não recebeu nenhum tratamento onde a taxa de sangramento
permaneceu a mesma (FABBRI et al., 2014).
Da mesma forma, nota-se que a doença periodontal em pacientes com LES provoca
destruição do aparelho de inserção periodontal, além da perda da estrutura óssea, sendo esta
mais grave do que em pacientes saudáveis, há até evidências que sugerem que haja uma
predisposição genética ( polimorfismo compartilhado) entre LES e doença periodontal
(CALDERARO et al., 2016); Vale ressaltar que pacientes com LES apresentam maior risco
de apresentar periodontite (GRAVES; CORRÊA; SILVA, 2019), por isso é fundamental o
controle periódico da placa bacteriana, com a finalidade de reduzir o risco de peri-implantite.
Outro fator a se considerar sobre o estado emocional dos pacientes com LES, observa-
se que esses as pessoas com LES sofrem altos níveis de estresse, por isso é recomendado o
fornecimento de talas, para proteção de eventos como bruxima por exemplo (BENLI et al.,
2021), uma vez que estes podem causar insucesso do tratamento com implantes dentarios.
Ou seja, pacientes com LES, que usaram imunossupressores, têm maior risco de sofrer
infecções e retardar o processo de cicatrização, além da redução do fluxo salivar que dificulta
a manutenção de próteses fixas e removíveis convencionais, por isso. recomenda-se que os
implantes dentários sejam considerados a primeira opção para o tratamento reabilitador em
pacientes com LES (F-P STRIETZEL et al., 2019).
DISCUSÃO
Assim, Graves et al. mostraram que pacientes com LES apresentam maior quantidade
de bactérias cariogênicas e bactérias associadas à doença periodontal do que indivíduos
saudáveis(GRAVES; CORRÊA; SILVA, 2019). Por outro lado, Merve et al. relataram que
100% dos pacientes com lúpus na fase ativa apresentavam índice de cárie, associado à
predisposição à doença periodontal(BENLI et al., 2021). Por esse motivo, a perda dentária
nesses pacientes é maior, consequentemente, a reabilitação da prótese torna-se um tipo de
tratamento frequente.
Por outro lado, um aspecto fundamental em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico
é a terapia farmacológica, Gatto et al., referem que a terapia farmacológica deve ser
administrada de forma otimizada, visto que esses pacientes utilizam um arsenal de
medicamentos, por isso é necessário prescrever criteriosamente de forma que os efeitos
adversos dos medicamentos sejam reduzidos para evitar o agravamento da doença por eles
decorrente, além do agravamento da própria doença (GATTO et al., 2019). Os glicocorticóides
são fármacos amplamente utilizados no tratamento de pacientes com lúpus, por serem bastante
Um relato de caso clínico relatado por Drew et al. demonstraram que foi possível
realizar com sucesso uma reabilitação complexa com implantes em um paciente com consumo
prolongado de glicocorticoide, que durante o procedimento já havia suspendido o uso de
corticoide(ALEXANDER S. DREW et al., 2018). Em vários estudos observaram-se que o
diagnóstico de lúpus eritematoso ocorre em pessoas com mais de 40 anos (ALBILIA et al.,
2007), 48 anos (GORDON et al., 2016), principalmente em mulheres. Nesse aspecto, destaca-
se a importância do diagnóstico precoce e oportuno para início do tratamento (GIAN D
SEBASTIANI et al., 2016) e, dessa forma, reduz-se o risco de morte por complicações de longo
prazo (GATTO et al., 2019), prolongando a expectativa de vida por períodos mais longos.
Por fim, pacientes com lúpus eritematoso sistêmico são suscetíveis a várias
complicações e eventos, como o descrito por Tiao et al. Onde relato o caso clínico de um
paciente de 60 anos, que apresentou eventos de fotossensibilidade à luz durante o tratamento
odontológico, esse paciente já havia relatado esse tipo de fotossensibilidade 30 anos antes à luz
solar, quando foi diagnosticado com lúpus (TIAO; WERTH, 2015). Portanto, considera-se
importante relatar adequadamente todas as eventualidades nesse tipo de paciente, uma vez que
estão sujeitos a diversos tipos de problemas de saúde.
CONCLUSÕES
Podemos concluir afirmando que o lúpus eritematoso é uma doença que apresenta
complicações na mucosa oral; Além disso, há mais número de microrganismos da microbiota
bucal que levam à perda dentária, por isso a reabilitação com implantes dentários é a melhor
opção de tratamento com sucesso favorável mesmo em circunstâncias de maior complexidade.
REFERÊNCIAS
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manifestations and dental management of systemic lupus erythematosus: A review. Oral
Diseases, [s. l.], v. 27, n. 2, p. 151–167, 2021.
FABBRI, C.; FULLER, R.; BONFÁ, E.; GUEDES, L. K. N.; D’ALLEVA, P. S. R.; BORBA,
E. F. Periodontitis treatment improves systemic lupus erythematosus response to
immunosuppressive therapy. Clinical Rheumatology, [s. l.], v. 33, n. 4, p. 505–509, 2014.
GAO, H.; WANG, Q.; YU, X.; LIU, J.; BAI, S.; FENG, J.; WU, B. Molecular mechanisms of
glucocorticoid resistance in systemic lupus erythematosus: A review. Life Sciences, [s. l.], v.
209, n. 6, p. 383–387, 2018. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.lfs.2018.08.038>
GATTO, M.; ZEN, M.; IACCARINO, L.; DORIA, A. New therapeutic strategies in systemic
lupus erythematosus management. Nature Reviews Rheumatology, [s. l.], v. 15, n. 1, p. 30–
48, 2019. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1038/s41584-018-0133-2>
GORDON, C.; AMISSAH-ARTHUR, M.-B.; GAYED, M.; BROWN, S.; BRUCE, I. N.;
D’CRUZ, D.; EMPSON, B.; GRIFFITHS, B.; JAYNE, D.; KHAMASHTA, M.;
LIGHTSTONE, L.; NORTON, P.; NORTON, Y.; SCHREIBER, K.; ISENBERG, D. The BSR
and BHPR guideline for the management of systemic lupus erythematosus in adults. [s. l.],
2016.
GRAVES, D. T.; CORRÊA, J. D.; SILVA, T. A. The Oral Microbiota Is Modified by Systemic
Diseases. Journal of Dental Research, [s. l.], v. 98, n. 2, p. 148–156, 2019.
GUALTIEROTTI, R.; MARZANO, A.; SPADARI, F.; CUGNO, M. Main Oral Manifestations
KAUL, A.; GORDON, C.; CROW, M. K.; TOUMA, Z.; UROWITZ, M. B.; VAN
VOLLENHOVEN, R.; RUIZ-IRASTORZA, G.; HUGHES, G. Systemic lupus erythematosus.
Nature Reviews Disease Primers, [s. l.], v. 2, n. June, p. 1–22, 2016. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1038/nrdp.2016.39>
POWERS, D. B. Systemic Lupus Erythematosus and Discoid Lupus Erythematosus. Oral and
Maxillofacial Surgery Clinics of North America, [s. l.], v. 20, n. 4, p. 651–662, 2008.
TIAO, J.; WERTH, V. P. Cutaneous lupus erythematosus flare following exposure to surgical
light during a dental procedure. BMJ Case Reports, [s. l.], v. 2015, p. 8–10, 2015.
RESUMO
INTRODUÇÃO
O construto dessa pesquisa resultou na produção de uma cartilha digital como produto
educacional (PE) ou tecnologia educativa (TE), abordando aspectos sobre ansiedade e estresse
entre acadêmicos. Um instrumento que pode contribuir com a promoção de qualidade de vida
e, para um desempenho significativo dos acadêmicos.
METODOLOGIA
A criação do produto desta pesquisa pautou-se nas considerações de Polit e Beck (2011)
em que, o uso de informações já existentes promove a criação, validação e avaliação de
instrumentos, caracterizando-se como um estudo metodológico na criação de uma cartilha
digital, desenvolvida em quatro etapas, de acordo com o Figura 1.
Também foi utilizado para esta fase da pesquisa, uma forma adaptada do Inventário
Beck de Avaliação da Ansiedade (BAI) criado por Beck e Steer (1988) e adaptado por Cunha
(2001), sendo composto por 21 itens, dentre os quais investiga a auto-percepção dos sintomas
de ansiedade. Em seguida foi solicitada a Percepção de Estresse e Demais Sensações antes,
durante e após avaliações.
Na terceira etapa foi realizada a seleção dos juízes para validação do conteúdo proposto.
Para tal foi adotado a seleção por conveniência de 9 juízes, seguindo o método adotado por
Bezerra e colaboradores (2019), desde que este alcançasse uma pontuação mínima de 6 pontos
no quadro de classificação (Quadro 1).
Tabela 1 –Descrição dos objetivos, estrutura, apresentação e relevância na etapa de avaliação do produto.
OBJETIVOS Pontuação
São coerentes com as necessidades dos professores na sua atuação profissional? (0) (1) (2) (3) (4)
Promove incentivo para modificar mudança de hábitos no planejamento das aulas? (0) (1) (2) (3) (4)
Pode circular no meio científico na área de uso de tecnologias educativas? (0) (1) (2) (3) (4)
ESTRUTURA E APRESENTAÇÃO Pontuação
O material educativo é apropriado para orientação dos professores? (0) (1) (2) (3) (4)
As mensagens estão apresentadas de maneira clara e objetiva. (0) (1) (2) (3) (4)
As informações apresentadas estão cientificamente corretas (0) (1) (2) (3) (4)
Há uma sequência lógica do conteúdo proposto. (0) (1) (2) (3) (4)
O material está adequado ao nível sociocultural do público-alvo proposto (0) (1) (2) (3) (4)
As informações são bem estruturadas em concordância e ortografia (0) (1) (2) (3) (4)
O estilo de redação corresponde ao nível de conhecimento do público-alvo (0) (1) (2) (3) (4)
As informações da apresentação são coerentes (0) (1) (2) (3) (4)
As ilustrações são expressivas e suficientes (0) (1) (2) (3) (4)
O número de páginas está adequado (0) (1) (2) (3) (4)
O tamanho do título e dos tópicos está adequado (0) (1) (2) (3) (4)
RELEVÂNCIA Pontuação
Os temas retratam os aspectos chave que devem ser reforçados (0) (1) (2) (3) (4)
O material aborda os assuntos necessários para atuação docente? (0) (1) (2) (3) (4)
Está adequado para ser utilizado por qualquer profissional da área da educação em suas (0) (1) (2) (3) (4)
atividades educativas
Fonte: Adaptado de Oliveira (2006)
Após a recepção das avaliações realizadas pelos juízes, os dados foram tabulados no
software Microsoft Excel 360, para mensuração de cálculos descritivos de média e desvio
padrão, assim como a elaboração de tabelas para melhor elucidar os resultados e seguir para
finalização da etapa 4.
Para análise dos resultados, foi utilizado o Índice de Validação de Conteúdo (IVC) que,
de acordo com Alexandre e Coluci (2011) tem como função mensurar a proporção de
concordância entre os juízes sobre os pontos abordados no instrumento avaliado, no qual
calcula-se o somatório de itens correspondentes à pontuação (3) e (4) determinado pelos juízes
avaliadores, dividido pelo total de respostas, como mostra a figura 2. Tomando por referência
os estudos de Polit e Beck (2011), foi considerado o IVC de 0,80 para validação do conteúdo.
Em seguida, foi deixado o espaço aberto para sugestões e correções por parte dos juízes.
RESULTADOS E DISSCUSÕES
Após a avaliação do produto em questão pelos juízes, estes apontaram conceitos que
determinaram sua adequação completa em quesitos individualmente como “Pode circular no
meio científico na área de uso de tecnologias educativas?”; “As informações apresentadas estão
cientificamente corretas”; “Os temas retratam os aspectos chave que devem ser reforçados”;
entre outros.
Contudo, como é possível observar na Tabela 2, itens como “Promove incentivo para
modificar mudança de hábitos no planejamento das aulas?”; “As ilustrações são expressivas e
suficientes”; e “Está adequado para ser utilizado por qualquer profissional da área da educação
em suas atividades educativas” não atingem o IVC necessário para sua aprovação.
Portanto, pensar como esse PE pode contribuir para a atuação do docente frente à
momentos de estresse e ansiedade dos seus educandos, perpassa pela capacidade do docente se
reconhecer como uma das partes desse processo, se permitindo modificar atitudes e postura
diante a construção de um novo profissional para melhores ganhos de ambos e concretização
de seu papel como facilitador do conhecimento.
Outra proposta oferecida pelos avaliadores foi o acréscimo de dicas de como aliviar o
estresse e a ansiedade com medidas simples como a prática de exercício, meditação e estudo
prévio. Esta foi acatada e destacada em páginas da cartilha, para que se tivesse ideia da
importância dessas ações para redução dos sintomas.
Portanto, faz-se importante a natureza da cartilha proposta e o público ao qual ela foi
direcionada e, ainda, permanece a intenção constante de aprimoramento desta para auxílio dos
acadêmicos em processo de formação, juntamente com sua saúde mental.
REFERÊNCIAS
BACICH, Lilian; MORAN, José. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma
abordagem teórico-prática. Penso Editora, 2018.
FONSECA, Luciana Mara Monti et al. Tecnologia educacional em saúde: contribuições para a
enfermagem pediátrica e neonatal. Escola Anna Nery, v. 15, n. 1, p. 190-196, 2011.
RONDINI, Carina Alexandra; PEDRO, Ketilin Mayra; DOS SANTOS DUARTE, Cláudia.
Pandemia do Covid-19 e o ensino remoto emergencial: Mudanças na práxis docente. Interfaces
Científicas-Educação, v. 10, n. 1, p. 41-57, 2020.
SILVA, Vanessa Ramos da; OLIVEIRA, Karine Gonzaga; ROGERS, Pablo; MIRANDA,
Gilberto José. Comportamento e Desempenho Acadêmico no Curso de Ciências Contábeis. IX
Congresso AnpCont. 2015.
ZAIDAN, S.; REIS, D.A. de F.R.; KAWASAKI, T., F.Produto educacional: desafio do
mestrado profissional em educação. RBPG, Brasília, v.16, n.35, 2020.
RESUMO
O objetivo deste estudo foi de avaliar a incidência da Síndrome de Burnout em profissionais de
saúde de um hospital público de nível quaternário da região norte de Moçambique, verificando
possíveis associações com os dados sociodemográficos e laborais. Participaram da pesquisa
150 profissionais de saúde, predominantemente do sexo feminino 92(61,3%) e na faixa etária
entre 25 a 52 anos, que responderam a um questionário de dados sociodemográficos e laborais
e, o Maslach Burnout Inventory – Human Services Survey, versão em português. Os resultados
da análise estatística realizada através do programa estatístico Statistical Packege for the Social
Sciences indicaram que 130(86,6%) profissionais investigados apresentaram níveis altos em
Despersonalização (DP), 108 (72%) em Exaustão Emocional (EE) e 65(43,4%) sinalizaram
baixos índices em Realização Profissional. Em termos globais, 36(24%) revelaram a Síndrome
de Burnout, e apenas a variável nível de formação mostrou-se estatisticamente correlacionada
com as dimensões de EE e DP, sendo que os participantes com nível básico os de maior risco
à doença. É sugerido o delineamento e implementação de programas de atenção a saúde mental
destes profissionais.
PALAVRAS-CHAVE: Enfermeiros; Técnicos de saúde;Sofrimento psíquico;Burnout; Saúde
ocupacional.
INTRODUÇÃO
A saúde do trabalhador está cada vez mais dependente da influência das condições de
trabalho. Assim, a promoção da qualidade de vida no trabalho constitui um desafio para os
profissionais, gestores elíderes das organizações e equipes na atualidade, sendo este um
importante desafio para a realização de um atendimento e assistência aos “clientes” com
excelência (SANTOS et al., 2020). Os profissionais de saúde são por inúmeras vezes expostos
aos diversos estressores psicossociais, decorrente do contato cotidiano com pessoas debilitadas
ou doentes, lidar com tensas relações interpessoais e hierárquicas nas instituições de saúde,
além de suportarem jornada em turnos e os plantões que também contribuem para a sobrecarga
cognitiva e emocional (FERREIRA; LUCCA, 2015) e que leva à exaustão, depressão e outros
problemas de saúde física e mental.
A SB pode ser definida como um fenômeno psicossocial que ocorre como uma resposta
crônica aos estressores interpessoais ocorridos no ambiente de trabalho (MASLACH;
JACKSON, 1981; MASLACH; LEITER, 1999, 2016). O modelo proposto por esses autores
apresenta três dimensões básicas da síndrome: i) Exaustão Emocional: é a dimensão central da
SB, caracterizada pelo sentimento de carência em recursos emocionais e geralmente
relacionado à sobrecarga de trabalho; ii) Despersonalização: dimensão na qual o trabalhador
desenvolve sentimentos negativos em relação às pessoas com as quais trabalha, acarretando em
atitudes coerentes com estes sentimentos tais como indiferença e cinismo; eiii) Baixa
Realização Pessoal: identificada pela avaliação negativa no trabalho afetando o auto-conceito,
auto-estima e relacionamentos pessoais do sujeito.
Verifica-se que a relevância da SB é cada vez mais reconhecida por pesquisadores que
tentam estudá-la na tentativa de melhor compreender seu conceito, suas causas e consequências
visando, com isso, lidar, conter e combater sua ocorrência (MASLACH; LEITER, 2016;
SCHAUFELI; LEITER; MASLACH, 2009). Apesar da SB ser reconhecida como um problema
epidêmico transcultural de âmbito mundial (GIL-MONTE, 2008), um fenômeno bastante
prejudicial à saúde e vida para os trabalhadores e para as organizações, pouco se tem feito em
termos de pesquisas e sensibilização a respeito do assunto em países africanos (AMIMO, 2012),
especialmente em Moçambique, de modo a consciencializar os gestores das instituições
hospitalares e os trabalhadores sobre os perigos da doença. Na verdade, a temática da SB é
ainda precariamente discutida no contexto moçambicano, o que justifica a extrema raridade de
estudos em profissionais de saúde.
A partir da revisão da literatura não foi possível encontrar qualquer pesquisa realizada
envolvendo esse grupo profissional, o que permite considerar este estudo como um dos
pioneiros da área. Com efeito, os resultados alcançados servem de evidências para promover
futuras pesquisas no sentido de identificar os fatores psicossociais de risco que estejam a
contribuir no sofrimento mental no trabalho, bem como auxiliar na compreensão do fenômeno
estudado, sublinhando a necessidade de implementação de ações preventivas ou interventivas
de saúde no ambiente de trabalho junto do público-alvo.
MÉTODO
No que tange ao vínculo com o Estado, todos os participantes tinham nomeação (vinculo
estável). Em relação ao tempo de serviço, a média foi de 12 anos (DP = 6,22 anos), num
intervalo de 2 a 31 anos. A média de idade dos participantes foi aproximadamente de 39 anos
(DP = 8,9anos), numa variância de 25 a 52 anos. A média de número de filhos foi de quatro,
num intervalo de 0 a oito.
A coleta de dados do estudo foi realizada pelo terceiro autor, entre o mês março e abril
de 2019. Antes disso, foram efetuados contatos com a direção geral do hospital pesquisado
tendo o mesmo sido formalizado por meio de carta que apresentava o objetivo da investigação
e solicitava a autorização para a sua execução. Após a autorização, foram contatados os chefes
dos setores e informados sobre os objetivos do estudo. Finalmente, foram agendados os dias
para o preenchimento dos questionários de acordo com a escala e turnos disponíveis. Os
profissionais que consentiram oralmente em participar da pesquisa, responderam
individualmente os instrumentos de pesquisa. Foi garantido o anonimato, confidencialidade e
sigilo total das informações coletadas, bem como a livre e espontânea participação no estudo.
A análise de dados foi feita com o auxílio do programa de SPSS (Statistical Package
for Social Sciences), versão 20. Foram feitas análises estatísticas e descritivas (Média e Desvio-
padrão) para o levantamento das caracterítiscas sociodemográficas e laborais. A incidência da
SB analisou-se segundo o procedimento dos pontos de referência da escala de frequência de
respostas, tendo o ponto de corte de três (algumas vezes ao mês). Para verificar a associação
entre variáveis sociodemográficas e laborais e as dimensões da SB foram aplicados o teste T-
student para as variáveis quantitativas e Análise de Variância (ANOVA) para as qualitativas.
DISCUSSÃO
Os resultados deste estudo apontam que dos 150 profissionais investigados, 86,6%
apresentou níveis altos em Despersonalização, 72% em Exaustão Emocional e 56,6% revelou
baixos índices na dimensão de Realização Profissional. Ademais, do total da amostra envolvida
no estudo, 24% apresentou Síndrome de Burnout (SB), ou seja, evidenciaram simultaneamente
altos níveis nas dimensões de Exaustão Emocional e Despersonalização e, baixas pontuações
na subescala de Realização Profissional. Conforme o critério de avaliação dos níveis da SB
estabelecido por Maslach e Jackson (1981), pontuações elevadas nas duas primeiras dimensões
(Exaustão Emocional e Despersonalização) e baixo escore na terceira dimensão (Realização
profissional) corresponde elevado nível da doença.
Na mesma direção, no Brasil, Lima et al. (2013), constataram altos níveis de EE (61,4%)
e DP (36,7%) e baixo nível de RP (13,3%) numa amostra de 158 profissionais de saúde. Na
investigação de Valério et al. (2020), identificou-se altos escores para EE (53,8%), médios em
DP (60,3%). É neste sentido que vão os resultados do estudo de Nimmawitt, Wannarit e
Pariwatcharakul (2020), com profissionais de saúde tailandeses. Nesse estudo, dos 227
participantes, 112 (49,3%) revelaram níveis altos em EE e 60 (26,4%) em DE
Surpreendentemente, ao serem entrevistados, quase a totalidade dos participantes do mesmo
estudo (99,6%) demonstrou maior RP. Recentemente, Fuente-Solana et al. (2021) ao estudar a
No que diz respeito à taxa de incidência da SB, os resultados deste estudo são
semelhantes com os de outras pesquisas. García (2020), por exemplo, numa pesquisa com uma
amostra de 150 trabalhadores de saúde perunaos, achou a prevalência de SB em 24,2% dos
participantes. Muito recentemente, Freitas et al. (2021), encontraram uma prevalência da
síndrome em 25,5% da amostra analisada (n=94). Nos estudos desenvolvidos por Fuente-
Solana et al. (2021) e Raju et al. (2021), foram obtidos níveis altos da SB nos enfermeiros, com
taxas de prevalência de 38,6% e 83% sucessivamente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Convém mencionar duas limitações neste estudo. A primeira limitação que deve ser
enfatizada é o caráter não probabilístico da amostra. Apenas foram envolvidos profissionais de
um único hospital regional em Moçambique. A segunda relaciona-se com o tamanho da amostra
relativamente menor, o que sugere, nos estudos futuros, ampliar o número de participantes e
envolver diferentes hospitais em todo o país.
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organizational health psychology. USA: Edward Elgar Publishing, p.599-622, 2005.
RESUMO
A gravidez é uma fase de muitas mudanças na vida de uma mulher. Há transformações físicas
e psicológicas. A expectativa da espera por outro ser causa vários sentimentos e nem todas estão
preparadas para tais transformações, tornando-a vulnerável ao desenvolvimento de
perturbações emocionais. Os fatores de risco são diversos para o surgimento dos sintomas da
depressão pós-parto (DPP), um problema de saúde que pode ser detectado precocemente ainda
na gestação. O objetivo desse estudo foi realizar uma revisão da literatura com o intuito de
demonstrar a necessidade do conhecimento e consequentemente as orientações sobre a
importância do diagnóstico precoce na prevenção da DPP, por ser um assunto pouco enfatizado
pelas ações de promoção à saúde, não dando importância necessária ao estado psicológico da
gestante e depois puérpera. A pesquisa tem um caráter exploratório de abordagem qualitativa
do tipo bibliográfico com base em textos obtidos em fontes eletrônicas. A bibliografia
consultada mostra algumas escalas de rastreamento da DPP, porém a mais utilizada é a Escala
de rastreamento de Depressão pós-parto Edimburgo (EDPS) que rastreia os sintomas
depressivos manifestados no pós-parto, por ser eficaz e de fácil aplicação e pode ser utilizada
por qualquer profissional de saúde, pois quando o profissional sabe com o que está lidando, fica
mais adequado o manejo e o uso de intervenções corretas para prevenir e retardar essa patologia.
PALAVRAS-CHAVE: Depressão Pós-Parto; Fatores De Risco; Gestação; Prevenção.
INTRODUÇÃO
Conforme Azevedo (2006) apud Daandels; Arboit; Sand (2013), do ponto de vista
específico da mulher, o nascimento representa uma das maiores mudanças de vida. Com a
maternidade, a mulher se vê frente a papéis sociais, cujo descumprimento pode resultar em
dificuldades, o que contribui para sofrimento, e que, por vezes, se constitui em base para a
depressão pós-parto.
Segundo Morais et al. (2015), o estudo sobre a DPP tem merecido especial atenção pelo
fato de ocorrer em um período sensível e vulnerável para a mãe e seu bebê, o que a torna,
também, um importante tema para a atenção em saúde. Tais características justificam o grande
número de trabalhos sobre o assunto.
O objetivo desse estudo foi realizar uma revisão da literatura acerca do tema em questão
e sobre a importância do conhecimento dos fatores de risco associados à depressão pós-parto e
do devido rastreamento dessa patologia no intuito do diagnóstico precoce, fornecendo um
panorama das pesquisas realizadas em que a depressão pós-parto é objeto de estudo. Assim,
espera-se que este trabalho contribua para que os profissionais de enfermagem tenham
conhecimento sobre a depressão pós-parto e participem da prevenção dessa patologia.
METODOLOGIA
A busca nas bases de dados foi realizada durante os meses de novembro de 2017 a julho
de 2018. As palavras para obtenção dos artigos foram: depressão pós-parto, fatores de risco,
gestação e prevenção. Dentre esses foram selecionados a princípio 23 artigos. Usando o critério
de inclusão para este estudo, publicações datadas entre os anos de 2013 a 2017, no idioma
português. Após analisados e excluídos aqueles que não atingiam os critérios de inclusão,
permaneceram 13 artigos que compõem este estudo.
Foram estabelecidas nas bases de dados as palavras de pesquisa, assim como critérios
de seleção para definir quais as fontes condizentes para a etapa seguinte. O levantamento
bibliográfico foi realizado na internet, no site GOOGLE ACADÊMICO e SCIELO. Para a
Os critérios de exclusão foram: Artigos que não abordam as temáticas dos critérios de
inclusão; Artigos não disponíveis na íntegra; Artigos em Língua Estrangeira; Artigos
elaborados fora da data proposta. O levantamento dos dados realizado na base SCIELO e
GOOGLE ACADÊMICO ocorreu a partir do segundo semestre de 2017.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ciclo gravídico-puerperal é uma fase da vida da mulher que precisa ser avaliado com
especial atenção por englobar inúmeras modificações físicas, hormonais, psíquicas e de
inserção social, que podem refletir diretamente na saúde mental (LIMA et al., 2017).
A gestação por muitas vezes é tratada como a fase corriqueira da vida de qualquer ser
humano, acontecimento natural, ímpar para o indivíduo, sendo período marcante na trajetória
existencial do homem e quase sempre marcada por satisfação e alegrias, desde a concepção do
feto até o desenvolvimento do bebê, por isso mesmo banalizado quanto a sua magnitude e
abrangência. (LANDIM; VELOSO; AZEVEDO, 2014).
A alta carga a que as mulheres são submetidas hoje em dia; a falta de tempo para curtir
a gestação devido às questões até mesmo profissionais traz uma grande preocupação que afeta
muitas mulheres, a depressão pós-parto. É comum as mulheres apresentarem oscilações de
humor durante e pós gravidez, porém quando essas mudanças atrapalham toda rotina e se
tornam um problema na vida dessa mulher, pode surgir a depressão pós-parto.
Oliveira e Dunningham (2015), relatam no seu estudo que durante o período da gestação
ocorrem diversas alterações hormonais, que interferem nas mudanças constantes de humor das
gestantes. Essas alterações se acentuam no período do pós-parto, onde a mulher tem “crise” de
identidade, junto ao seu papel na sociedade, no que se refere à transição de filha para mãe, dona
de casa, esposa, profissional entre suas demais funções. Por isso este torna-se um período onde
grandes reflexões e responsabilidades vêm à tona.
Pesquisa realizada por Morais et al. (2015), em hospitais públicos e privados da cidade
de São Paulo (SP), com uma amostra total de 462 mulheres, mostrou que a prevalência de DPP
no hospital público atingiu 26% de 205 e do hospital privado 9% de 257 mulheres. Ilustram que
os fatores psicossociais e sociodemográficos mostram com clareza modos de vida diferentes
entre as classes sociais a que as participantes pertenciam.
Embora não se conheça a causa da depressão pós-parto, sabe-se que alguns fatores
podem contribuir para o surgimento de tal distúrbio psicológico. Os artigos estudados
mostraram que vários são os fatores de risco para desenvolver a Depressão Pós-Parto.
Segundo Moraes et al. (2006) apud Arrais; Mourão; Fragalle, (2014) compreende-se por
risco os fatores ou eventos negativos que se configuram preditores, aumentando o grau de
tensão, influenciando nas respostas individual ou ambiental que potencializam a
vulnerabilidade do desenvolvimento de uma vida saudável do indivíduo afetando aspectos de
ordem física, social e emocional.
Soares, Gonçalves e Carvalho (2015), relatam que o estado civil; não planejamento da
gravidez; complicações médicas na gestação e pós-parto; histórico de transtorno mental prévio
são fatores de risco.
Observou-se neste estudo que os extremos de idade das mulheres que participaram da
pesquisa foram as mais acometidas pela DPP. Isso pode ser explicado pelo fato que
com o decorrer da idade, espera-se que a mulher, adquira mais maturidade, podendo
emergir o sentimento de preocupação, receio com a criação dos filhos, pois pode
acreditar que não terá tanta disposição em acompanhar a vitalidade, energia da criança
ou simplesmente não tenham planejado uma gravidez depois dos 37 anos, bem como
medo da reação das pessoas por engravidar, ter uma criança com tal idade (SOARES;
GONÇALVES; CARVALHO, 2015).
Boska, Wisniewski e Lentsck (2016) e Soares, Gonçalves e Carvalho (2015), ressaltam,
em contrapartida, que mulheres jovens, primíparas, deparam-se com uma nova realidade, em
que precisam cuidar de um novo ser, acabam se sentindo desorientadas durante este processo,
além de se abster em realizar atividades prazerosas típicas da idade, diante das novas
responsabilidades que uma criança exige ou por não ter uma estabilidade financeira.
Já em outro estudo realizado por Moura et al. (2015), mulheres que possuem emprego,
apresentam sinais indicativos de depressão, pela dificuldade de conciliar inteiramente suas
funções tradicionais e profissionais, recriminando-se por sua incapacidade de harmonizar todas
as tarefas.
Uma revisão da literatura realizada por Arrais e Araújo (2017), mostrou que, ter tido
depressão na vida, a presença de estresse e ansiedade e depressão durante a gestação, baixo
suporte social e familiar, falta de apoio do parceiro e falta de apoio social no puerpério, são
fatores que aumentam o risco de ter DPP.
Galvão et al. (2015) ressalta no seu estudo que os sinais depressivos indicativos em
puérperas são pouco utilizados na rotina assistencial, dificultando o diagnóstico precoce. Desta
forma, a equipe de saúde que presta assistência à gestante deve deter o conhecimento acerca da
O profissional que acompanha essas mulheres tem que estar atento a esses sinais,
investigando-os e oferecendo-lhes um suporte adequado, pois gestação nem sempre é visto
como um momento sublime na vida de uma mulher; muitas vezes tem um lado obscuro
transformando esse momento, que deveria vir cheio de alegria, expectativa e emoção, em um
momento de tristeza e medos.
Por ser o lugar de acesso prévio da maioria das gestantes, a atenção básica de saúde tem
se tornado a principal via para o rastreamento da DPP, dessa maneira os profissionais devem
ser capacitados para o devido acompanhamento psicológico dessa gestante e depois dessa
puérpera.
A aplicação da EPDS com sua simplicidade e rapidez, não exigindo mais do que 10
minutos para o seu preenchimento, a torna ideal para uso na rotina clínica por profissionais não
especializados na área de saúde mental, com a finalidade de rastrear mães que apresentem
sintomas depressivos, não sobrecarregando os serviços especializados (OLIVEIRA;
DUNNINGHAM, 2015).
Investigações acerca da DPP são importantes, pois a identificação precoce dos sintomas
poderá contribuir com o planejamento de ações e a efetivação de condutas que podem melhorar
O enfermeiro é o profissional que tem mais facilidade para realizar a triagem e oferecer
aconselhamento acerca da depressão, com realce para o uso de outras habilidades, como a
observação da interação da puérpera com seu filho.
Arrais, Mourão e Fragalle (2014) destacam em seu estudo o uso de outra forma
complementar ao rastreamento, o uso de um programa denominado: Programa de pré-natal
psicológico (PNP) que é um conceito em atendimento perinatal voltado para maior
humanização do processo gestacional e do parto e da parentalidade. Pioneiro em Brasília, o
programa visa à integração da gestante e da família a todo o processo gravídico-puerperal, por
meio de encontros temáticos em grupo com ênfase psicoterápica na preparação psicológica para
a maternidade e paternidade, e prevenção da depressão pós-parto (DPP).
Com o objetivo de avaliar a contribuição do PNP para prevenir a DPP, Arrais, Mourão
e Fragalle (2014) evidenciaram o potencial preventivo do PNP para a DPP onde o PNP atuou
como fator de proteção para prevenção da DPP nas gestantes do grupo-intervenção. Assim, os
autores defendem que a assistência psicológica na gestação, por meio da utilização do PNP, é
importante instrumento psicoprofilático. Sabendo da alta incidência de depressão e após as
evidências do caráter preventivo do PNP proposto no estudo, seria interessante a ampliação da
assistência pré-natal oferecida nos serviços de saúde, sendo complementada com o PNP.
Esse tipo de serviço pode ser oferecido nas maternidades e centros de saúde. Proposta
viável por ser uma intervenção em grupo, abrangendo grande número de pessoas, podendo ser
adaptado à realidade de cada comunidade. É importante instrumento psicoprofilático de baixo
custo que pode ser implementado como uma política pública nos serviços de pré-natal do País
(ARRAIS; MOURÃO; FRAGALLE, 2014).
A depressão pós-parto por ser um problema de saúde que pode ser detectado
precocemente ainda na gestação torna essencialmente importante uma assistência de pré-natal
qualificada com estratégias para prevenção da mesma. Um pré-natal bem feito ajuda a mulher
lidar melhor com a gravidez; a iniciar a construção de sua identidade de mãe para quando a
criança chegar; a estar apta para vivenciar esse momento com toda segurança e preparo
adequado.
Do ponto de vista de políticas públicas com efeito preventivo, chama a atenção o dado
de que uma educação formal de maior duração e mais completa é um fator protetor para a
depressão pós-parto, devendo ser incentivada e aprimorada no Brasil, visando a um
acompanhamento mais global.
Dessa forma a equipe deve ser capaz de utilizar por exemplo escalas que são de fácil
manejo como a escala de Edimburgo – EDPS. Está prontamente enfatizada pela maioria dos
estudos citados.
Este estudo pode ser usado como um direcionador e estimulador em estudo da saúde
mental das gestantes e puérperas, constituindo um protocolo de rotina assistencial. Sendo assim,
sugerem estudos qualitativos com a população aqui citada, de modo a comprovar a eficácia do
rastreamento e do devido diagnóstico precoce dessa patologia, que aflige um número
exacerbado de mulheres.
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RESUMO
As plantas são fontes primárias dos produtos naturais, os quais, atualmente, atuam como
fármacos no tratamento do câncer, a citar a vimblastina, paclitaxel (Taxol®), docetaxel dentre
outros. Diante da relevância dos produtos naturais, aliado a necessidade do desenvolvimento
de novos fármacos com propriedades anticâncer, buscou-se realizar a síntese e a avaliação
antitumoral de um novo derivado de produto natural. Dessa forma, inicialmente foi realizado a
síntese do 4-alil-1-(4-fluorofenoxi)-2-metoxibenzeno a partir da reação de eterificação do
eugenol e do ácido 4-fluorofenilborônico, seguida da caracterização estrutural, e avaliação da
atividade antitumoral frente as linhagens de células tumorais utilizadas MCF-2 e CACO-2. O
4-alil-1-(4-fluorofenoxi)-2-metoxibenzeno foi obtido na forma de um óleo incolor com 75% de
rendimento em tempo reacional de 16 horas e seus os dados espectroscópicos corroboram a
obtenção desse produto. Este composto apresentou uma baixa atividade antitumoral quando
comparado ao fármaco padrão, com valores de IC50 de 0,629 e 1,659 mg/mL para a linhagem
MCF-2 e CACO-2. Os resultados obtidos são estudos preliminares acerca da investigação da
atividade antitumoral desta estrutura, no entanto, mais estudos são necessários afim de
mensurar as propriedades biológicas deste composto, visto que, se trata de um novo composto
que não possuem relatos quanto a sua ação. Esses resultados contribuem de forma
imprescindível para o desenvolvimento de novos agentes com propriedades antitumoral.
PALAVRAS-CHAVE: Produtos naturais, Atividade antitumoral, Ensaio de viabilidade MTT.
INTRODUÇÃO
Esses fatos demonstram a grande contribuição dos produtos naturais obtidos de plantas,
a citar, a vimblastina (VBL) e vincristina (VCR), etoposídeo, paclitaxel (Taxol®), docetaxel,
topotecano e irinotecano, sendo estes os quimioterápicos mais eficazes para o câncer
disponíveis na atualidade (Cragg, Pezzuto, John 2016).
METODOLOGIA
REAGENTES E EQUIPAMENTOS
ATIVIDADE ANTITUMORAL
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Q0918_2 TRATADO.esp
Q0918_2 TRATADO.esp
6.860
6.885
6.970
6.901
6.829
6.917
6.944
6.835
6.762
6.756
7.001
6.735
6.729
6.901
3.402
3.379
6.829
6.917
5.093
6.944
6.762
5.150
5.156
6.003
5.981
5.946
6.036
5.925
6.060
7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5
Chemical Shift (ppm)
Fonte: Autoria própria
Q0918_2.esp
115.728
120.954
55.910
118.242120.571
CDCl3
77.444
39.971
77.014
76.601
113.138
136.940
151.101
137.200
156.618
143.545
159.791
Tabela 1: Deslocamentos químicos presentes nos espectros de RMN 1H e RMN 13C do 4-alil-1-(4-fluorofenoxi)-
2-metoxibenzeno.
De modo geral, este ensaio se baseia na redução do sal de tetrazólio MTT para o
formazan (coloração roxo e insolúvel) nas células metabolicamente ativas por efeito das
enzimas mitocondriais, predominantemente succinato desidrogenase, por ser impermeável às
membranas celulares, o farmazan se acumula dentro das células vivas, as quais solubilizadas e
será detectado pela medição colorimétrica. Consequentemente a capacidade das células de
reduzir o MTT fornece uma indicação da integridade e atividade mitocondrial (viabilidade)
(Maioli et al., 2009).
1 0,629 1,659
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AMARAL R.G., SANTOS S.A., ANDRADE L.N., SEVERINO P., CARVALHO A.A. Natural
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RESUMO
O presente artigo pretende apresentar a relação entre saúde coletiva e tratamento de água,
tomando como referência o tratamento de águas residuárias de uma agroindústria, do tipo
frigorífico de abate e processamento de carnes. Pela sua natureza, utiliza um grande volume de
água, gerando proporcional quantidade de efluentes com elevada carga orgânica, que são
tratados nas estações de tratamento de efluentes (ETEs). Apresentamos o resultado da análise
microbiológica do lodo, que apresenta condições que indicam uma boa depuração, não sendo
prejudicial à saúde quando estes efluentes forem lançados nos corpos hídricos, de tal sorte a
não provocar agravos na saúde da população que reside no seu entorno.
PALAVRAS-CHAVE: Águas Residuárias; Qualidade da Água; Saúde Pública; Vigilância em
Saúde.
INTRODUÇÃO
Nesse contexto, a vigilância em saúde tem papel essencial, uma vez que suas ações são
de “promoção, prevenção e controle de doenças e agravos à saúde, devendo-se constituir em
espaço de articulação de conhecimentos e técnicas.” (BRASIL, 2010)
De acordo com Franco; Branco; Leal (2012, p. 124), a detecção destes protozoários no
ambiente é realizada através de três etapas: Coleta e concentração, purificação e
identificação/enumeração dos protozoários.
Em seu item 6.3, o referido ODS menciona que até 2030, é preciso “melhorar a
qualidade da água, reduzindo a poluição, eliminando despejo e minimizando a liberação de
produtos químicos e materiais perigosos, reduzindo à metade a proporção de águas residuais
não tratadas e aumentando substancialmente a reciclagem e reutilização segura globalmente.”
Corroborando com a ideia acima, Shubo (2003) discorre sobre o reuso indireto
planejado da água, que
Esse intenso consumo e a necessidade de reuso nos faz refletir acerca da importância
dos processos de tratamentos dos efluentes produzidos por essas indústrias. É necessário que,
1 Os usos consuntivos são aqueles que retiram água do manancial para sua destinação, como a irrigação, a
utilização na indústria e o abastecimento humano. Disponível em: https://www.gov.br/ana/pt-br/assuntos/gestao-
das-aguas/usos-da-agua/outros-
usos#:~:text=Os%20usos%20consuntivos%20s%C3%A3o%20aqueles,da%20%C3%A1gua%20sem%20consum
i%2Dla.
A análise técnica deste estudo ocorreu durante o mês de abril, quando foram analisadas
amostras de lodo ativado de uma indústria frigorífica de aves, localizada em município do oeste
do Paraná. Tais análises se deram no Laboratório de Microbiologia da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campus Medianeira, sob a supervisão e orientação
da professora Dra. Marcia Antonia Bartolomeu Agustini.
MATERIAIS E MÉTODOS
Essa Unidade Industrial de Aves (UIA), faz parte da terceira maior cooperativa do
estado do Paraná, com unidades presentes também no estado de Santa Catarina e Mato Grosso
do Sul. São quatro unidades de aves, que juntas totalizaram, em 2020, a marca de 179.881.682
cabeças de ave para abate, conforme Relatório e Balanço 2020 - Visão Global e Estratégica
(2020).
Este lodo é concentrador de diversos compostos e elementos que podem oferecer risco
à saúde da população e ao meio ambiente caso não sejam controlados e monitorados
de forma adequada. Assim, suas características são fundamentais para a definição da
melhor forma de disposição final sem expor a saúde populacional e o meio ambiente.
(FREDDO, 2014, p. 16-17)
De encontro a isso, Von Sperling (2016) refere que “Lodo ativado é um sistema muito
utilizado no tratamento de águas residuárias domésticas e industriais [...].” (VON SPERLING,
2016, p. 11)
O processo biológico que ocorre dentro do tanque é todo aeróbio. No tanque, a aeração
tem por finalidade proporcionar oxigênio aos microrganismos (biomassa) e evitar a
deposição dos flocos bacterianos, a fim de misturá-los homogeneamente com o
efluente. O oxigênio pode ser introduzido por meio de um sistema de aeração
mecânica, por ar comprimido, ou ainda pela introdução de oxigênio puro.
(LERVOLINO, 2019)
O lodo é caracterizado por grande quantidade de microrganismos, que podem ser
animais, protozoários, fungos ou bactérias. Sobre a importância de estudos sobre o lodo ativado,
Bento et al. (2005) afirma que “O diagnóstico obtido pela microscopia do lodo ativado é
utilizado para alterar as características operacionais do sistema, tais como a idade do lodo e a
concentração de oxigênio dissolvido no reator”. (BENTO et al. 2005, p. 331).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Essa análise resultou na identificação de protozoários, entre eles do tipo amebóides (em
forma de ameba) - gênero Arcella sp; do tipo ciliados (que possuem cílios para locomoção e
A seguir, nas figuras 2 (a), (b) e (c), podemos ver as imagens captadas via observação
pelo microscópio.
Figura 2 (b) - Protozoários presentes em lodo de efluente – Euplotes sp.; gênero Parameciun sp., Opercularia
sp; Vorticella sp
2 Animais microscópicos que se caracterizam por serem organismos multicelulares heterótrofos, que ingerem o
seu alimento, apresentando um desenvolvimento embrionário típico após a fecundação do zigoto, no mínimo com
os estágios de mórula e blástula. Disponível em:
http://botanicaonline.com.br/geral/arquivos/Texto%20Base%20Aula%2017.pdf.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final desse trabalho apresentamos os resultados da análise da amostra do efluente,
bem como considerações sobre a importância do processo de tratamento de efluentes, que
demandam tratamento para minimizar os impactos de seus descartes à saúde ambiental
Para evitar que os efluentes descartados nos corpos hídricos causem efeitos tóxicos à
biota aquática e à saúde humana é preciso otimizar os métodos de detecção de fatores
determinantes e condicionantes presentes nos corpos hídricos que possam interferir na saúde
humana, identificando e implementando com brevidade, medidas de prevenção e controle de
fatores que colocam o meio ambiente em risco, minimizando assim, a incidência de doenças ou
outros agravos à saúde pública.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FRANCO, Regina Maura Bueno; BRANCO, Nilson; LEAL, Diego Averaldo Guiguet.
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spp. em amostras de água. Revista de Patologia Tropical. V. 41, n. 2, p. 119-135. Goiânia,
2021. Disponível em: https://revistas.ufg.br/iptsp/article/view/19320/11220. Acesso em 24
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LERVOLINO, Luiz Fernando. Sistema de lodos ativados. Portal Tratamento de Água. São
Paulo, março 2019. Disponível em: https://tratamentodeagua.com.br/artigo/sistema-lodos-
ativados/. Acesso em 21 Abr. 2021.
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Eletrônica de Gestão e Tecnologias Ambientais (GESTA). V. 8, n. 1, p. 1-4. Departamento
de Engenharia Ambiental - Escola Politécnica - UFBA. Bahia, 2020. Disponível em:
file:///home/chronos/u-
1fb5afdc41f2138d854d4f9c140b9867d0359d9e/MyFiles/Downloads/37138-136561-1-
PB.pdf. Acesso em 23 Abr. 2021.
VIGILÂNCIA em saúde. Pense SUS. Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ. Disponível em:
https://pensesus.fiocruz.br/vigilancia-em-saude. Acesso em 24 Abr. 2021.
VON SPERLING, Marcos. Lodos ativados. 4. ed. Revisada e ampliada. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2016. Disponível em: https://www.digitalwater.com.br/wp-
content/uploads/2020/03/conteudo_livro_LODOS_ATIVADOS.pdf. Acesso em 19 Abr. 2021.
Thirza Rafaella Ribeiro França Melo, Bacharela em Nutrição, Centro Universitário Estácio
de São Luís
Luis Felipe Castro Araújo, Bacharel em Nutrição, Centro Universitário Estácio de São Luís
Fabiana Viana Maciel Rodrigues, Mestranda em Educação Física, UFMA
Matheus Caíck Santos Brandão, Mestrando em Educação Física, UFMA
Kassiandra Lima Pinto, Mestranda em Educação Física, UFMA
Ana Carolina Pimenta Santos, Bacharela em Nutrição, Centro Universitário Estácio de São
Luís:
Raphael Furtado Marques, mestre em Educação Física, UFMA e professor do Centro
Universitário Estácio de São Luís
Marcos Roberto Campos de Macêdo, Mestre em Saúde do Adulto e da Criança, UFMA e
professor do Centro Universitário Estácio de São Luís
RESUMO
A prática de avaliar o consumo e quantificar a ingestão alimentar nos possibilita monitorar as
tendências temporais do consumo alimentar e suas consequências a longo prazo. No esporte,
essa investigação nos permite compreender o perfil dietético do atleta e as suas variações em
decorrência da intensidade dos treinos e competições. Além disso, o estudo da dieta
pregressa/habitual fornece respaldo às questões frequentes sobre a saúde ou desempenho dos
atletas. Dessa forma, o objetivo do presente estudo é avaliar a frequência do consumo alimentar
de atletas universitários de um time de futebol masculino em São luís- MA. Foram avaliados
27 atletas universitários, do gênero masculino, com idade entre 19 e 30 anos. A análise do
consumo alimentar destacou consumo favorável para o grupo das frutas com destaque para
banana 85,2% (n=23), laranja, mexerica e abacaxi 70,4% (n=19). Além disso, o grupo das
“verduras e legumes” revelou um consumo frequente, com destaque para o alface 81,5%
(n=22), 85,2% (n=23) em relação ao tomate e de 81,5% (n=14) para a cenoura. Apesar disso, a
amostra em questão também demonstrou uma predileção ao consumo frequente de alimentos
com alta densidade energética, como: salgados fritos 70,4% (n=19) , biscoitos recheados 48,1%
(n=13), refrigerantes 63,0% (n=17) e de doces como: chocolate, bombom e brigadeiro por
59,3% (n=16). O presente estudo e os resultados encontrados na literatura, enfatizam a
necessidade do público esportivo dispor de um acompanhamento nutricional, de modo orientar
e intervir nas escolhas alimentares. E dessa forma, alcançar benefícios à saúde e desempenho
dos atletas.
PALAVRAS-CHAVE: Consumo de Alimentos; Frequência; Nutrição; Futebol.
Associado a isso, uma oferta protéica ajustada às necessidades do atleta irá atuar sobre
o reparo das lesões nas fibras musculares, recuperação e aumento da massa muscular (Ferigollo
e colaboradores, 2017).
Em razão do futebol ser um esporte que sobretudo exige dos atletas resistência,
velocidade e força, onde por muitas vezes os jogadores chegam aos seus limites máximos de
exaustão física, é imprescindível que eles disponham de uma alimentação ajustada no que diz
respeito à quantidade e a qualidade dos alimentos, antes, durante e depois dos treinamentos e
competições (Bezerra e colaboradores, 2018).
Os dados obtidos foram tabulados no programa Microsoft Excel® 2019 e analisados por
meio de estatística descritiva e foram expressos na forma de média e desvio padrão, valor
absoluto e valor relativo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os 27 atletas avaliados apresentaram média de idade de 22,4 ±3,1 anos, massa corporal
de 75,6 ±9,7 quilogramas, estatura de 1,80 ±0,1 metros e índice de massa corporal de 24,5 ±3,0
kg/m².
Contudo, o grupo dos “ovos e leguminosas” evidenciou um consumo favorável dos ovos
e do feijão, onde 92,6% (n=25) relatou consumir esses alimentos com frequência.
No grupo dos “leites e derivados” os itens destacados foram o leite (integral, desnatado
e semidesnatado) onde 70,4% (n=19) da amostra relatou consumir com frequência, e 63,0%
(n=17) relatou consumir com frequência os queijos (muçarela, prato, parmesão e provolone), o
que pode não ser considerado tão interessante devido à quantidade de gordura e sódio presente
nesses tipos de queijos.
A análise do grupo das “bebidas” destacou o consumo preferencial para o suco natural,
consumido com frequência por 88,9% (n=24) da amostra. Além disso, somente 33,3% (n=9)
da amostra relatou consumir cerveja com frequência. Entretanto, o mesmo grupo também
apresentou consumo frequente de refrigerantes por 63,0% (n=17) da amostra
Tabela 1. Análise do consumo dos grupos e alimentos presentes no questionário de avaliação do consumo
alimentar aplicado aos atletas universitários.
Sopas e massas
Carnes e ovos
Leites e Derivados
Arroz e Tubérculos
Molhos e Temperos
Frutas
Bebidas
Pães e Biscoitos
Doces e Sobremesas
Fonte: Os autores.
Os resultados do presente estudo assemelham-se aos encontrados em um estudo
realizado por Kotacho Jr e colaboradores, (2020), que avaliou frequência alimentar de 26
jogadores de futebol do gênero masculino, com faixa etária entre 17 aos 19 anos, através da
aplicação de um questionário e recordatório alimentar de 24 horas.
O estudo avaliou o consumo alimentar diário, semanal e quinzenal. Dessa forma, foi
possível observar que a amostra em estudo apresentou um consumo regular dos grupos das
frutas, onde 76,9% consomem diariamente, enquanto 15,4% semanalmente. De hortaliças, onde
57,7% dos atletas relataram consumir diariamente e 30,8% semanalmente. E das leguminosas,
consumido regularmente por 76,9% da amostra. Com relação ao consumo de carne vermelha
foi relatado no estudo que 42,3% consomem diariamente. Além disso, em relação ao consumo
de frituras, 30,8% da amostra relatou consumir diariamente e 46,2% semanalmente. Quanto ao
consumo de refrigerantes, 42,3% relataram consumir semanalmente. Enquanto ao consumo da
bebida alcoólica, foi relatado que 3,8% consomem mensalmente e 96,2% não consomem.
Apesar do consumo frequente de alimentos com alta densidade energética e baixo valor
nutritivo, o estado nutricional da amostra em estudo, de acordo com o índice de massa corporal,
é predominantemente eutrófica.
Os resultados encontrados podem ser explicados devido à faixa etária da amostra, sendo
a maioria composta por adolescentes, além do gênero masculino, que possuem uma tendência
a apresentarem inadequação no consumo alimentar, evidenciando uma baixa ingestão de
alimentos saudáveis e um alto consumo de alimentos industrializados e embutidos.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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Revista Brasileira de Nutrição Esportiva. São Paulo. Vol. 12, Num. 69, p. 87-92. 2018.
INTRODUÇÃO
O suicidio é um tema com diversas facetas e que emerge reflexões sobre vida e morte.
Os estudos tentam se aprofundar sobre suas causas e compreensões psicológicas do tema
(TORO, 2013). Sendo assim, o presente artigo visou descrever a atuação da equipe
multidisciplinar frente ao manejo da ideação suicida no contexto hospitalar, por meio da
conceituação do suicídio e abordagem aos estigmas relacionados ao tema; expondo as
principais dificuldades do tema no contexto hospitalar e apresentando as atribuições de cada
área profissional no manejo da temática.
Dessa forma, a construção deste trabalho, ancorado no método qualitativo, realizou uma
revisão narrativa da literatura, com caráter descritivo e exploratório. Utilizamos materiais de
acervo pessoal e artigos elencados nas seguintes bases de dados: Scientific Electronic Library
Online (SciELO), Periódicos em Psicologia (PePSIC), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e
Google acadêmico, em que foi encontrado um total de 226 artigos, entre os anos de 2010 e
2021, no idioma português. O critério de inclusão foi: artigos que abordassem a temática do
suicidio no contexto hospitalar e que abordassem a participação da equipe multidisciplinar.
Critério de exclusão foram artigos repetidos. Do total de artigo encontrados, foram selecionados
19 artigos.
DISCUSSÃO E ANÁLISE
O fenômeno do suicídio não tem uma causa única, trata-se de uma origem multifatorial
e complexa, por isso a importância de considerá-lo a partir de diversas perspectivas (PORTO;
DELZIOVO e QUEIROZ, 2019). Cabe salientar, que o comportamento suicida não diz respeito
à uma doença, apesar deste geralmente estar associado a algum transtorno mental
(BERTOLOTE, MELLO-SANTOS, BOTEGA, 2010).
Por se tratar de uma das três principais causas de morte, no mundo, da população entre
15 e 44 anos de idade, que resulta em perdas econômicas, sociais e psicológicas, o suicídio
torna-se um problema de saúde pública, exigindo do governo medidas de proteção para prevenir
os atos suicidas (ROCHA, ARAÚJO FILHO, AVILA, 2020).
Dessa maneira, nas medidas adotadas pelo governo é importante que seja trabalhado a
prevenção e conscientização para que se enfrente a estigmatização acerca desse fenômeno, uma
vez que, devido ao estigma atrelado ao suicídio, algumas pessoas não buscam ajuda ou são
abandonadas (ROCHA, ARAUJO FILHO, AVILA, 2020).
O suicidio acontece do nada, de repente. MITO. Por mais que o ato possa ser
realizado por impulso, as ideações têm
sido ponderadas há tempo e a pessoa
sinaliza em comportamentos ou falas.
Após sobreviver a uma tentativa e mostrar MITO. É nesse momento que se deve ter
sinais de melhora, não há mais riscos, um olhar de cuidado maior e apoio.
Comumente o risco maior é após um ano
da tentativa.
Falar sobre suicídio dará ideias a como ela MITO. Ouvir de forma empática e abordar
irá se matar. o tema sem julgamentos auxiliará na
busca de novas formas de enfrentamento e
será fonte de apoio nesse momento.
No geral, a taxa de suicidio é maior em pessoas do sexo masculino sendo 13,7 suicídios
a cada 100 mil homens e 7,5 suicídios a cada 100 mil mulheres. No que se refere a idade, as
taxas aumentam nos idosos acima de 70 anos e torna-se a segunda causa de morte entre jovens
A internação traz aspectos delicados que podem causar estresses como: “ansiedade de
separação, medo de estranhos, medo da perda de controle, sentimento de culpa e retaliação,
perda de amor e aprovação, medo de danos a partes do corpo, medo da dor e da morte”
(EBSERH, 2017, p.7).
Além dos estressores que comumente são observados no espaço hospitalar, acrescenta-
se um fator específico, a pandemia do coronavírus. O coronavírus começou no final do ano de
2019 na cidade Wuhan na China e, devido a grande globalização, foi-se alastrando, atingindo
níveis internacionais. Quando se instaurou a pandemia, medidas foram adotadas pelos governos
como forma de prevenção da doença, essas medidas essenciais para evitar o contágio incluíam
o distanciamento físico, quarentena, isolamento, uso de máscara e higienização das mãos com
maior frequência (FARO et al, 2020).
Essas medidas acarretam mudanças na rotina, visto que, devido o distanciamento social,
reuniões de grupos, aglomerações são proibidas (FARO et al, 2020). Na temática do suicidio
fica evidente os riscos de autoextermínio, devido ao impacto das restrições, decorrentes do novo
coronavírus. Nesse contexto, segundo estudos: “[...] a pandemia do COVID-19 está associada
a angústia, ansiedade, medo de contágio, depressão e insônia na população em geral e entre
profissionais de saúde.” (DE OLIVEIRA SOARES, 2021, p. 1863) e isso pode estar relacionado
ao aumento de transtornos psiquiátricos no futuro (DE OLIVEIRA SOARES, 2021).
Qualquer pessoa que mencione sobre suicídio, bem como, que tenha histórico de
transtorno mental, automutilação, dor crônica e sofrimento emocional agudo, deve ser avaliada
quanto ao risco de suicídio (PORTO; DELZIOVO e QUEIROZ, 2019).
Dessa forma, todo e qualquer profissional de saúde pode identificar risco e deve se
responsabilizar com a prevenção do suicidio no ambiente hospitalar. Mas como? Uma das
estratégias é investigar melhor sobre a ideação. No entanto, cabe destacar que é importante que
o profissional tenha vínculo com o paciente ao abordar a temática e, que o mesmo tenha uma
postura empática, clara e sem julgamentos. Sendo assim, alguns pontos devem ser considerados
durante o diálogo (PORTO; DELZIOVO e QUEIROZ, 2019).
- Você tem planos para o futuro? (A pessoa com risco de suicídio responderá, não).
- A vida vale a pena ser vivida? (A pessoa com risco de suicídio responderá, não).
- Se a morte viesse, ela seria bem-vinda? (A pessoa com risco de suicídio responderá,
sim.
Assim sendo, entende-se que se o paciente falou sobre a ideação suicida com aquele
profissional, independentemente de ser especialista em saúde mental ou não, simboliza que o
Nesse sentido, mais do que identificar os fatores de risco, quando se fala em manejo do
suicídio pela equipe, inúmeras dúvidas e dificuldades surgem, decorrente do estigma associado
à ideação suicida, gerando apreensão, medo e distanciamento, ao se abordar o tema, além do
sentimento de incapacidade de controlar o sofrimento do paciente. Como bem define o trecho
abaixo:
ENFERMAGEM
MEDICINA
FISIOTERAPIA
FARMÁCIA
NUTRIÇÃO
ASSISTÊNCIA SOCIAL
Cabe ao serviço social, buscar a localização da família, caso o paciente não tenha um
familiar de referência, realizar atendimento com os familiares para entender a dinâmica e
contexto social do paciente, se o usuário estiver em tratamento psiquiátrico, obter informações
clínicas relevantes com o profissional, acionar os serviços pós-alta, orientar sobre os direitos
sociais e descrever as ações em prontuário.
PSICOLOGIA
Em suma, entende-se que existem outros diversos profissionais que colaboram para
prevenção do risco do suicídio no contexto hospitalar, como o técnico de enfermagem, a
copeira, o auxiliar de serviços gerais e entre outros, que em geral podem e devem participar do
cuidado e acolhimento desses pacientes, colaborando para o seu bem-estar e alívio de estresse
emocional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No cenário atual, além dos fatores estressantes comumente associado ao hospital, como
tratamentos invasivos, medo do abandono, quebra da rotina, medo morte e entre outros, em
razão da Pandemia de Covid-19, observa-se que decorrente dos novos protocolos adotados, que
incluem restrição de visitas, isolamento, uso de máscara e higienização das mãos, entende-se
que esses pacientes são ainda mais impactados, o que é gerador de conflitos emocionais,
fragilização da rede de apoio presente, dificultando a comunicação e/ou desconforto na
respiração pelo uso máscara, a qual se intensifica o acometimento do comportamento suicida.
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Kelvia Maria Oliveira Borges, Mestre em Saúde Pública, Universidade Federal do Ceará
Vitória Antonia Feitosa Lima, Graduanda em Fisioterapia, Universidade Federal do Ceará
Raimunda Hermelinda Maia Macena, Pós-Doutora em Saúde Coletiva e Sistema Prisional,
Universidade Federal do Ceará
Rosa Maria Salani Mota, Pós-Doutora em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Ceará
RESUMO
Introdução: A violência interpessoal (VIP) é um evento de elevado impacto epidemiológico
por suas graves consequências sociais, financeiras e nos indicadores de saúde. Objetivo:
Descrever a violência física e estimar a prevalência e os fatores associados ao autorrelato de
violência interpessoal sofrida na população adulta do Ceará no ano de 2013. Métodos: Estudo
seccional, realizado a partir de dados secundários da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013,
sendo consideradas 2.900 entrevistas domiciliares e 2.560 individuais dos adultos selecionados
no Ceará. Para estimar a prevalência de VIP foi criada uma variável a partir das questões: Nos
últimos 12 meses, o (a) sr. (a) sofreu alguma violência ou agressão de pessoa desconhecida
(como bandido, policial, assaltante etc.)? E/ou nos últimos 12 meses, o (a) sr. (a) sofreu alguma
violência ou agressão de pessoa conhecida (como pai, mãe, filho (a), cônjuge, parceiro (a),
namorado (a), amigo (a), vizinho (a))? O banco foi padronizado através do SPSS® versão 20,
por meio do módulo survey analisys. Resultados: No Ceará, 6,9% dos entrevistados relatam
VIP por pessoa conhecida ou desconhecida, sendo que 3,8% por desconhecidos. Os indivíduos
que mais referem VIP, por desconhecidos, são do sexo masculino (51,0%), com menos de 30
anos (44,0%), brancos (66,4%), não casados (65,5%), com ensino médio completo ou ensino
superior (65,2%), único emprego (95,8%), com renda média de R$1.103,00 (ep= ± 124,3).
Características individuais também apresentaram maior prevalência de sofrer violência por
desconhecidos. Conclusão: A prevalência de VIP no Ceará por agressores desconhecidos é
física, com uso de arma de fogo, por pessoas que buscam roubo ou furto. Homens, jovens e
trabalhadores, com maior renda e escolaridade, associam-se ao autorrelato de violência por
desconhecido na população adulta. Se faz necessário desenvolver ações públicas intersetoriais
efetivas que fortaleçam e reorganizem a Segurança Pública para o combate e controle da VIP
por agressor desconhecido na população adulta do Ceará.
PALAVRAS-CHAVE: Epidemiologia. Exposição à Violência. Autorrelato.
INTRODUÇÃO
Na comunidade, a violência faz parte das raízes sociais de território, tomando forma na
organização das coletividades e resultante de uma soma de fatores como pobreza, desigualdade,
interação social, impunidade e ausência de Estado. (MINAYO, 2009). Ademais, anualmente, é
responsável por mais de 1,3 milhão de mortes no mundo, o que corresponde a 2,5% da
mortalidade global (AZEVEDO LEITÃO MÁSSIMO et al., 2015). Além da mortalidade, a
violência tem uma morbidade de grande magnitude na da população mundial (OMS, 2016).
Frente à esta situação, este estudo tem por objetivo descrever a violência física e estimar
a prevalência e os fatores associados ao autorrelato de violência interpessoal sofrida na
população adulta do Ceará no ano de 2013, dados obtidos pela PNS.
MÉTODOS
Para este estudo, foi considerando o número de 290 Unidades Primárias de Amostragem
(UPA) selecionadas e tamanhos de amostra de domicílios, estimou-se uma amostra de 2.900
domicílios com entrevista realizada. Entretanto, ocorreu uma taxa de 22% de não resposta, ao
final, foram selecionados 3.770 domicílios 5. Ao final, no estado do Ceará, foram realizadas
2.900 entrevistas domiciliares e 2.560 entrevistas individuais dos adultos selecionados nos
domicílios. A taxa de perda para as entrevistas domiciliares foi de 25,9% e 4,7% para as
entrevistas individuais.
Os dados deste estudo são mantidos pelo IBGE e disponibilizados para o público na
área de download do Portal institucional, no banco de dados agregados SIDRA e em outros
canais de disseminação de dados (https://www.ibge.gov.br/estatisticas-
novoportal/sociais/educacao/9134-pesquisa-nacional-de-saude-do-escolar.html?=&t=o-que-
e). Inicialmente, realizou-se o download do banco de dados no site do IBGE em formato
Microsoft Office Excel® 2010 for Windows® 2010 (Microsoft Corporation; Redmond, WA,
USA). A seguir, o banco foi padronizado, tendo sido analisada a consistência interna.
A violência interpessoal sofrida foi estimada sendo criada como variável dependente
uma nova variável a partir da associação de 2 perguntas: Nos últimos 12 meses, o (a) sr. (a)
sofreu alguma violência ou agressão de pessoa desconhecida (como bandido, policial,
assaltante etc.)? E/ou Nos últimos 12 meses, o (a) sr. (a) sofreu alguma violência ou agressão
3 Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares - SIPD do IBGE, cuja abrangência geográfica é constituída pelos
setores censitários da Base Operacional Geográfica do Censo Demográfico 2010, exceto aqueles com número
muito pequeno de domicílios e os setores especiais (SZWARCWALD et al., 2014).
4 Quartéis, bases militares, alojamentos, acampamentos, embarcações, penitenciárias, colônias penais, presídios,
cadeias, asilos, orfanatos, conventos e hospitais.
5 Foram também realizadas medidas antropométricas e de pressão arterial, assim como, coleta de material
biológico (amostras de sangue e urina) que não serão abordados neste estudo.
Os pesos das UPAs foram calculados considerando a UPA para a Amostra Mestra e a
probabilidade de seleção para a amostra da pesquisa. Os pesos para os domicílios e todos os
seus moradores, utilizados para a estimação das características investigadas para todos os
moradores e para todos os idosos, foram definidos levando-se em conta o peso da UPA
correspondente e ajustes para correção de não respostas e para calibrar as estimativas com totais
populacionais estimados pela Coordenação de População e Indicadores Sociais - Copis, do
IBGE (SZWARCWALD et al., 2014; DAMACENA et al., 2015).
Foram feitos ajustes para correção de não respostas e para calibrar as estimativas com
totais populacionais estimados pela Coordenação de População e Indicadores Sociais - Copis,
do IBGE de acordo com o proposto no método de análise na pesquisa original
(SZWARCWALD et al., 2014; DAMACENA et al., 2015).
6 Mais detalhes sobre o processo de amostragem e fatores de ponderação podem ser encontrados na publicação
sobre os resultados da PNS (SZWARCWALD et al., 2014; DAMACENA et al., 2015).
RESULTADOS
Tabela 3 – Características da violência entre os que autorrelatam violência sofrida por qualquer tipo de agressor.
Ceará, 2013
VIOLÊNCIA SOFRIDA NOS ÚLTIMOS 12 MESES n¹/N %² IC95%²
LI LS
Sofreu violência/Amostra cearense 194/2560 6,9 5,8 8,3
Tipo de agressor
Desconhecido 93/194 51,0 41,8 60,2
Conhecido 92/194 45,8 36,9 55,0
Ambos 9/194 3,2 1,3 7,4
Sofreu violência/ agressão apenas por
Desconhecido 93/185 52,7 43,3 61,9
Conhecido 92/185 47,3 38,1 56,7
Tabela 2 – Fatores individuais relativos a características pessoais dos que autorrelatam violência sofrida,
segundo Bronfenbrenner. Ceará, 2013
FATORES INDIVIDUAIS n¹/N %² IC95%²
LI² LS²
Características pessoais
Sexo
Masculino 78/194 46,4 36,1 56,9
Feminino 116/194 53,6 43,1 63,9
Idade (anos)
média (±ep) 36,5 ±1,4
< 30 58/194 36,3 27,0 46,7
30 |--| 49 91/194 44,3 35,7 53,2
≥ 50 45/194 19,4 13,6 27,0
Cor ou raça
Branca 49/194 26,2 18,5 35,6
Preta/parda 140/194 71,5 62,2 79,3
Outras 5/194 2,3 0,9 5,4
Vive com cônjuge ou companheiro (a) 94/194 53,2 43,9 62,3
Estado civil
Casado (a) 64/194 32,4 24,2 41,9
Outros 130/194 67,6 58,1 75,8
Frequenta escola 23/194 15,7 9,4 25,1
Nível de instrução mais elevado alcançado
Sem instrução/Fundamental incompleto 71/194 31,5 24,6 39,3
Fundamental completo /Médio incompleto 28/194 14,4 9,6 20,9
Médio completo /superior incompleto 68/194 37,1 29,6 45,3
Superior completo ou mais 27/194 17,0 11,6 24,3
Frequência em cultos ou atividades de sua religião
Pelo menos uma vez ao mês 106/194 49,4 41,2 57,6
Anualmente 44/194 27,0 21,2 33,8
Nenhuma vez 44/194 23,6 16,3 32,8
Nº de trabalhos
Um 119/129 94,4 88,8 97,3
Dois ou mais 10/129 5,6 2,7 11,2
Rendimento bruto mensal no principal trabalho (sm=678): média ±
R$935,47±72,15
ep
Renda*: média ± ep R$983,94±80,69
Local de moradia
Situação censitária
Urbano 166/194 88,8 85,7 91,4
Rural 28/194 11,2 8,6 14,3
Região
Capital 78/194 36,8 31,3 42,7
Região Metropolitana, excluindo a capital 56/194 13,4 10,6 16,8
DISCUSSÃO
Os achados deste estudo sinalizam no nível individual ter escolaridade elevada (cursado
ensino médio completo ou ensino superior completo/incompleto) reduzem a chance de sofrer
VIP por desconhecidos. Características relacionadas à pessoa tais como sexo masculino,
branco, jovem, solteiro, estar inserido no mercado de trabalho, ter remuneração média superior
à realidade brasileira e residir em áreas urbanas apresentaram maior prevalência de sofrer
violência por desconhecidos, semelhantes a outros estudos com os indivíduos vítimas de crimes
contra o patrimônio (CARVALHO SOUZA; CUNHA, 2015; LIRA; SAMPAIO, 2011).
Acrescente ainda que pessoas com maiores níveis de instrução, maior escolaridade, e maiores
rendas tendem a ser mais atrativas para a violência por desconhecidos (OLIVEIRA, 2009). O
ser jovem com escolaridade mais elevada e inserção no mercado de trabalho amplia a
vulnerabilidade a crimes contra o patrimônio. Segundo dados da PNAD, no Brasil, indivíduos
mais jovens (16 a 34 anos) e solteiros, devido à maior exposição tendem a ter maiores chances
de vitimização por agressões físicas (LIRA; SAMPAIO, 2011).
A renda média deste estudo é superior à realidade brasileira pressupõe um grupo com
padrão de vida e acesso ao trabalho, lazer, serviços, educação diferente da população geral de
homens no país no período, que pode ser associado à presença em bares e maior circulação em
vias públicas, o que pode ampliar o risco à exposição de violência interpessoal por
desconhecido (CARVALHO SOUZA; CUNHA, 2015). Há que se destacar que este perfil de
pessoas, por possuir renda superior à da população brasileira, frequentam mais lugares públicos
que também pode influenciar em maior chance de sofrer violência, principalmente crimes
Deste modo, a VIP pode ser entendida como resultante da conjunção de diversos fatores
de risco que envolvem características individuais, relacionais, comunitárias e sociais (KRUG
et al., 2002), assim, a tarefa de prevenção é concebida de forma múltipla, esta, que envolve não
só um conjunto de ações de prevenção (primárias, secundárias e terciárias), mas a conexão com
outros campos de saberes e de intervenção. Apesar dos esforços, esta pesquisa apresentou
limitações inerentes às pesquisas transversais e oriundas de dados documentais no que refere
às baixas frequências em diversas variáveis, impossibilitando a verificação de associação com
o desfecho, e os vieses usuais (recordação) em estudos dependentes de autorrelato.
CONCLUSÕES
Os resultados obtidos nesse estudo permitem inferir que a VIP por agressor
desconhecido na população adulta do Ceará no ano de 2013 é mais prevalente, sendo mais
comum entre homens, jovens e trabalhadores, com maior padrão aquisitivo e de escolaridade,
revelando que as características individuais atuam no perfil de exposição e atratividade para
crimes contra o patrimônio, como roubos ou furtos.
O maior nível de instrução e renda tendem a ser mais atrativas para a VIP por
desconhecidos, o que pode ser associado à presença em bares e maior circulação em vias
públicas sendo assim expostas a crimes contra o patrimônio, remetendo-nos as características
da pessoa e do contexto, segundo modelo ecológico da violência.
A VIP predominante é física, com uso de arma de fogo, tendo como principais autores
pessoas que buscam roubo ou furto, mas com pouca ocorrência de ferimentos ou lesão corporal
e baixa demanda por serviços de saúde.
Além disso, sugerimos a realização novos estudos analisando o trabalho analítico sobre
o valor da prevenção, estabelecendo as bases de uma formulação de políticas sólidas e
fundamentadas em evidências, assim como a proposição de integração, nas práxis, dos
diferentes setores e políticas públicas, afim não só de reconhecer que há perfis diferenciados
para a exposição à VIP não letal por desconhecidos no Ceará, mas sobretudo desenvolver ações
públicas intersetoriais efetivas que fortaleçam e reorganizem a Segurança Pública para o
combate e controle da VIP por agressor desconhecido na população adulta do Ceará.
AQUINO, Jéssica Pereira; TAPIA, Carmem Elisa Villalobos; ANTONIASSI, Larissa Jennifer.
PAPEL DO ENFERMEIRO FRENTE AO ABUSO SEXUAL DE CRIANÇAS E
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RESUMO
Os medicamentos e as tecnologias farmacêuticas desempenham um papel essencial na saúde
mundial, por isso, seu processo de desenvolvimento e descoberta é amplamente necessário.
Neste âmbito, uma classe de moléculas que vem atraindo a comunidade científica são os O-
glicosídeos 2,3-insaturados, moléculas simples, derivadas de fontes naturais com interessantes
atividades biológicas. Deste modo, o objetivo deste trabalho consistiu na síntese do iso-propil
4,6-di-O-acetil-2,3-didesoxi-α-D-eritro-hex-2-enopiranosídeo, avaliação da sua toxicidade
frente a Artemia salina Leach e o estudo teórico de suas propriedades farmacológicas e
toxicológicas a partir de diferentes métodos in silico. Este O-glicosídeo 2,3-insaturado foi
obtido com 91% de rendimento após 30 minutos de reação, sendo posteriormente caracterizado.
A avaliação da toxicidade frente a Artemia salina resultou em uma CL50 de 779,503 µg/mL nos
limites de 683,246 a 883,730 μg/mL, classificada como levemente tóxica, resultado bastante
promissor. Os métodos in silico apontaram que este composto apresenta uma baixa
probabilidade de apresentar efeitos tóxicos, boas características para se tornar um bom fármaco,
um ótimo potencial de biodisponibilidade oral, boas características farmacocinéticas e baixa
probabilidade de desencadear efeitos tóxicos. Em suma, o iso-propil 4,6-di-O-acetil-2,3-
didesoxi-α-D-eritro-hex-2-enopiranosídeo apresentou boas características farmacológicas,
assemelhando-se aos compostos que lideram o processo de descoberta de novos medicamentos.
Estes resultados fomentam a aplicação deste composto em estudos mais detalhados, cooperando
assim para o desenvolvimento de novos candidatos farmacêuticos.
PALAVRAS-CHAVE: Química Medicinal, Carboidratos, Rearranjo de Ferrier, Artemia
salina Leach, Métodos in silico.
INTRODUÇÃO
O interesse por estes O-glicosídeos é intensificado pelo fato deles serem obtidos a partir
de carboidratos simples e comuns presentes nos organismos vivos, como, por exemplo, a D-
glicose e a D-galactose, o que pode implicar em uma maior biocompatibilidade e baixa
toxicidade (DELBIANCO et al., 2016).
No entanto, para que estas moléculas se tornem fármacos e desempenhem seu papel na
melhoria da saúde devem primeiramente passar por inúmeros testes clínicos, um processo que
leva um longo tempo, apresenta um custo elevado, além da considerável utilização de animais,
o que desperta uma busca por métodos alternativos que venham solucionar estes problemas
(SANTOS, 2011).
Neste horizonte, o bioensaio com Artemia salina vem se destacando devido ser um teste
simples, rápido, sensível e de baixo custo (RAJABI et al., 2015), consolidando-se cada vez
mais como uma excelente ferramenta para a análise preliminar da toxicidade geral (ROCHA-
FILHO et al., 2015).
METODOLOGIA
CARACTERIZAÇÃO
O teste de toxicidade frente às larvas de Artemia salina Leach foi realizado seguindo-se
o protocolo descrito por Meyer e colaboradores (1982). Após sintetizado e caracterizado, o iso-
propil 4,6-di-O-acetil-2,3-didesoxi-α-D-eritro-hex-2-enopiranosídeo foi utilizado para a
obtenção de uma solução estoque utilizando como solvente água salina artificial preparada a
partir de 38 g de sal marinho Marinex® em 1 L de água destilada em pH entre 8 e 9.
Os cistos foram depositados em um dos lados do recipiente, o qual foi recoberto com
papel alumínio, para que as larvas, após a eclosão dos cistos, fossem atraídas pela luz do outro
lado do sistema, forçando-as a atravessar a divisória, facilitando sua coleta e transferência para
os tubos de ensaio. As larvas foram coletadas com auxílio de uma pipeta de Pasteur.
As larvas foram divididas em diferentes tubos de ensaio em grupos de 10 para cada tubo,
sendo estas expostas aos controles positivo, negativo e às soluções de concentração crescente
do iso-propil 4,6-di-O-acetil-2,3-didesoxi-α-D-eritro-hex-2-enopiranosídeo, sendo realizados
inicialmente um total de cinco testes, todos em triplicata.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os valores da concentração capaz de matar 50% dos indivíduos testados (CL50) foram
obtidos através do software POLO-PC (Copyright LeOra Software 1987).
ANÁLISES IN SILICO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Legenda: [α]: rotação específica; RMN 1H: ressonância magnética nuclear de hidrogênio; RMN 13C:
ressonância magnética nuclear de carbono 13; IV: infravermelho; c: concentração comum; : deslocamento
químico; dl: dupleto largo; J: constante de acoplamento; dt: dupleto largo; m: miltipleto; sl: singleto largo; -OAc:
grupo acetoxi; s: singleto; d: dupleto; max: número de ondas.
Fonte: Próprio autor.
Pela análise da Tabela 1, constata-se que o ângulo de desvio óptico da solução
metabólica do iso-propil 4,6-di-O-acetil-2,3-didesoxi-α-D-eritro-hex-2-enopiranosídeo foi
positivo, corroborando a estereoquímica dos centros quirais do composto. Além disso, as
bandas de vibração obtidas através do espectro de infravermelho, expressas em números de
ondas foram de 2971; 2902; 1745; 1450; 1372; 1234 cm-1 sendo referentes às ligações Csp3-H
(deformação axial assimétrica, forte), Csp3-H (deformação axial simétrica, forte), C=O
(deformação axial, forte), C-H (deformação angular, fraca), C-O (deformação axial, forte) e C-
O (deformação axial, forte) corroborando a estrutura proposta para o glicosídeo 2,3-insaturado
sintetizado.
7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5
Chemical Shif t (ppm)
M1103_6
76.999
128.419
77.429
21.963
66.731
65.382
76.586
92.801
23.481
63.099
70.731
20.936
20.737
170.765
170.290
Este valor de CL50 se mostra bem melhor do que o encontrado para outras moléculas,
inclusive fármacos amplamente comercializados como a dipirona e o paracetamol, por
exemplo. Utilizando o mesmo método, Garcez e colaboradores (2018) identificaram uma CL 50
de 654,1 μg/mL para a dipirona de referência, ao passo que Rego e colaboradores (2015)
encontrou uma CL50 ainda mais baixa para o paracetamol, um valor de 298,34 µg/mL.
Baixo risco
Toxicidade Crônica
Não
Fragmentos de Alerta
1,32
cLogP
272,29
MM
0
nDLH
6
nALH
0
Lipinski
71,06
TPSA
84,48
%ABS
Alta
Absorção GI
Sim
Leadlikeness
0,45
Druglikeness
0,76
Drug-score
Legenda: cLogP: Log Po/w consensual; MM: Massa molecular em g/mol; nDLH: Nº de doadores de ligação de
hidrogênio; nALH: Nº de aceptores de ligação de hidrogênio; Lipinski: Nº de violações da regra de Lipinski;
TPSA: área de superfície polar topológica em Å2; %ABS: percentual de absorção oral teórica; Absorção GI:
Absorção gastrointestinal.
Fonte: Próprio autor.
A análise apontou a ausência de fragmentos estruturais indicadores de toxicidade
crônica na molécula do iso-propil 4,6-di-O-acetil-2,3-didesoxi-α-D-eritro-hex-2-
enopiranosídeo, resultando um uma baixa probabilidade desta molécula vir a apresentar efeitos
tóxicos para os parâmetros avaliados.
Uma boa absorção oral é considerada um ponto relevante, uma vez que esta á uma via
de administração com benefícios singulares, como conveniência, baixo custo, possibilidade de
autoadministração, maior adesão ao tratamento e menores riscos de desencadear infecções
sistêmicas no usuário (Golan et al., 2014).
A partir do software Osiris foi possível obter os valores de drug-likeness e drug score,
os quais avaliam a probabilidade de uma molécula tornar-se um novo fármaco baseado em suas
características físico-químicas e biológicas, bem como na sua semelhança com outras
moléculas já em comercialização.
O valor de drug-likeness avalia a semelhança da molécula testada com uma lista criada
a partir da fragmentação de 3.300 fármacos comerciais e 15.000 substâncias químicas não
medicamentosas presentes no catálogo Fluka® resultando em uma lista completa com todos os
fragmentos disponíveis (URSO et al., 2011).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ensaio de toxicidade in vitro pelo bioensaio com Artemia salina Leach apontou que
o iso-propil 4,6-di-O-acetil-2,3-didesoxi-α-D-eritro-hex-2-enopiranosídeo apresenta-se como
levemente tóxico, com uma CL50 de 779,503 µg/mL nos limites de 683,246 a 883,730 μg/mL.
Pode-se concluir que tais resultados são suficientes para que se fomente o
desenvolvimento de mais estudos que visem explorar as atividades que esta molécula e seus
derivados possam expressar, buscando identificá-las, entende-las e molda-las, cooperando para
o processo de desenvolvimento de novos fármacos.
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RESUMO
O veneno de abelha (BV) tem sido amplamente utilizado no tratamento de algumas doenças
relacionadas ao sistema imunológico, bem como nos últimos tempos no tratamento de tumores.
Várias células cancerosas, incluindo células cancerosas renais, pulmonares, hepáticas, de
próstata, bexiga e mamárias, bem como células de leucemia, podem ser alvos de peptídeos de
veneno de abelha, como a melitina e a fosfolipase A2. Os efeitos citotóxicos das células através
da ativação da PLA2 pela melitina têm sido sugeridos como sendo o mecanismo crítico para a
atividade anticancerígena de veneno de abelha. A indução da morte celular apoptótica por meio
de vários mecanismos de morte celular, incluindo a ativação da caspase e das metaloproteinases
da matriz, é importante para os efeitos anticâncer induzidos pela melitina. A conjugação de
peptídeo lítico celular (melitina) com receptores hormonais e terapia genética com melitina
pode ser útil como uma nova terapia direcionada para alguns tipos de câncer, como câncer de
próstata e mama. Este mapeamento resume o conhecimento atual sobre o potencial do veneno
de abelha e seus compostos, como a melitina, para induzir efeitos citotóxicos, antitumorais,
imunomoduladores e apoptóticos em diferentes células tumorais in vivo ou in vitro.
PALAVRAS-CHAVE: Anticâncer, Compostos bioativos, Veneno de abelha.
INTRODUÇÃO
O uso de produtos naturais para tratar e prevenir doenças é uma prática bastante antiga
e tem sido repassada através das gerações que tem uma importância para a manutenção de
costumes e culturas (MENDOZA; SILVA, 2018). Muitas pesquisas estão sendo desenvolvidas
com o intuito de buscar medicamentos e tratamentos utilizando como matéria prima os recursos
biológicos, pois suas substâncias ativas isoladas podem servir como protótipos para síntese de
novos fármacos (CASANOVA; COSTA, 2017). Os agentes quimioterápicos de origem natural
têm-se mostrado importantes para o tratamento do câncer no que concerne a permitir a
amplificação do conhecimento na área de farmacologia do câncer (JIMENEZ et al., 2019).
Estudo de Borojeni e colabores (2020) forneceu dados de que o veneno de abelha e seus
constituintes, especialmente a melitina possuem efeitos citotóxicos nas linhas celulares A549,
HeLa e MDA-MB-231. Já estudo de Gao e colaboradores (2018) demonstrou que a melitina
ativou a caspase-2 inibindo a expressão de miR-183 induzindo a apoptose de NSCLC nos
ensaios de linha de células de câncer NCI-H441 e um modelo de xenoenxerto in vivo. Neste
mesmo estudo, evidenciou-se efeito inibitório da melitina no crescimento de células cancerosas
NSCLC.
REFERENCIAL TEÓRICO
É de amplo conhecimento que o ser humano, ao longo dos anos, utiliza para benefício
próprio e como forma de suprir suas necessidades, os produtos encontrados na natureza. Esse
fato se consuma, dentre outras formas, na utilização de produtos de procedência natural como
remédio para uma variedade de doenças (GURIB-FAKIM, 2006; TRENDOWSKI, 2015).
Entre as mais variadas aplicações, pode-se citar a contra o câncer.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Miller e colaboradores (2009) demonstrou que a melitina era uma das inibidoras mais
potentes da atividade da calmodulina e mais potente inibidor do crescimento celular e
clonogenicidade do que fenotiazinas (HAIT; LEE, 1985). Drogas que inibem a calmodulina
demonstraram inibir a síntese de DNA na linhagem celular de glioblastoma, bloqueando o
movimento de cromossomos durante a metáfase (MEANS et al., 1982), inibindo o crescimento
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dado isso, observa-se que os estudos numerados sugeriram que o veneno de abelhas
poderia ser usado como um agente quimioterápico contra tumores. Outrossim, é provável que
mais atenção deva ser dada ao inibidor natural de crescimento de tumor, como veneno de abelha
e outros produtos de colméia em testar sua atividade antitumoral para o futuro possível uso na
prática clínica. Parece que as nanopartículas como veículos de entrega para melitina, estignina
e outros peptídeos citolíticos com um amplo espectro, antivascular multimodal ou ações
antitumorais, poderiam ser exploradas para terapia anticâncer. Ensaios in vitro e in vivo, bem
como os ensaios clínicos, demonstram que a terapia com veneno de abelha pode ser uma
importante modalidade na medicina tradicional para tratar diferentes tipos de câncer.
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RESUMO
A quimioterapia é um dos principais tratamentos utilizados no combate ao câncer. Grande parte
dos compostos antitumorais são produtos naturais ou seus derivados, produzidos
principalmente por microrganismos. Em particular, os actinomicetos são produtores de um
grande número de produtos naturais com diferentes atividades biológicas, incluindo
propriedades antitumorais. Estes compostos antitumorais pertencem a várias classes estruturais,
como antraciclinas, enedines, indolocarbazoles, isoprenóides, macrolídeos, peptídeos não
ribossômicos e outros, e eles exercem atividade antitumoral induzindo apoptose através da
clivagem do DNA mediada pela inibição da topoisomerase I ou II, inibição da permeabilização
da mitocôndria, das principais enzimas envolvidas na transdução de sinal, como proteases, ou
metabolismo celular e, em alguns casos, inibindo a angiogênese induzida por tumor. O objetivo
deste mapeamento científico é chamar a atenção para o potencial anticâncer dos metabólitos
secundários desse grupo de bactérias.
PALAVRAS-CHAVE: Citotoxicidade, Metabólitos secundários, Actinobactérias.
INTRODUÇÃO
O câncer é designado como um conjunto de mais de 100 doenças, onde suas células
possuem algumas falhas nos mecanismos que regulam a proliferação normal e homeostase
celular, o que leva a um crescimento descontrolado e desordenado (HANAHAN, 2000). É
considerada uma doença de cunho genético que se desenvolve devido ao acúmulo de mutações
no DNA da célula, com alterações dinâmicas no genoma, resistência à morte celular, metástase
e autossuficiência em sinais de crescimento (HANAHAN; WEINBERG, 2017). As doenças
cancerosas estão entre uma das principais causas de morte em todo o mundo, o que expande a
necessidade de descoberta de substâncias com propriedades antitumorais com boa atividade e
efeitos adversos reduzidos (OPAS, 2020).
REFERENCIAL TEÓRICO
ACTINOBACTÉRIAS
Dentro do domínio bacteriano, o filo Actinobacteria é um dos mais amplos que se tem
conhecimento até o momento (LUDWIG et al., 2012). São bactérias Gram-positivas e com alta
quantidade de guanina e citosina no DNA. Em sua maioria, as actinobactérias são encontradas
em solo, podendo ser encontradas também no ar, em água doce e salgada. São microrganismos
saprófitos – obtém nutrientes a partir da decomposição de matéria orgânica –, estando a maior
parte da vida como esporos semidormentes e representam uma parcela importante da
microbiota em solos alcalinos e ricos em material orgânico, além de possuírem uma morfologia
variada e um estilo de vida micelial (BARKA et al., 2015).
Além desse microrganismo se mostrar de grande importância por seu papel nos
ambientes em que estão presentes, sua relevância se traduz pela possibilidade de criação de
compostos bioativos a partir da utilização destes. As actinobactérias marinhas são bem descritas
pela capacidade de produzir grandes quantidades de metabólitos secundários (LAM, 2006).
Estes, por sua vez, possuem elevada capacidade terapêutica em antagonismo a vários problemas
de saúde. Algumas finalidades bioativas desses metabólitos secundários são: antibióticos,
antioxidantes, imunossupressores e agentes antitumorais (HASSAN et al., 2016).
No que diz respeito às actinobactérias marinhas, essas são de valor inominável, pois
possuem uma gama de metabólitos secundários (BLUNT et al., 2016). Entre as famílias que
produzem esses metabólitos, o Streptomyces se destaca pela quantidade de moléculas já
descobertas, isoladas e testadas, podendo ser sintetizadas em laboratório (WATVE et al., 2001).
Drogas antitumorais derivadas de Streptomyces - antraciclina doxorrubicina e o glicopeptídeo
bleomicina já se encontram em uso clínico e demonstram a relevância da procura por novos
agentes desta natureza que sejam produzidos por cepas de tal gênero, pois são de grande valia
no tratamento do câncer e de outras doenças (TANGERINA et al., 2020).
O estudo dos compostos sintetizados pelas espécies marinhas é de grande valia para a
compreensão das comunidades (fauna e flora) dos oceanos. Algumas das atividades mais
associadas aos produtos naturais marinhos são as de mediação na reprodução, de defesa contra
predadores, patógenos, bioincrustação ou competidores de substrato (TEIXEIRA, 2013). Além
disso, quanto à atividade farmacológica, foram encontrados nessas espécies, substâncias com
atividade anticâncer, antioxidante, antiviral, anticoagulante e antitrombótica (BHUYAR et al.,
2021; DINARVAND; SPAIN, 2021; SEPAY et al., 2021).
O achado de um novo produto natural, que possua uma estrutura química inédita e
potente bioatividade para o tratamento, ou até mesmo cura de alguma doença humana, por
intermédio da interação com um novo alvo molecular, causa grande alvoroço entre
pesquisadores (WILLIAMS; ANDERSEN, 2019). Porém, para que se chegue ao desenrolar
desse acontecimento, deve-se, portanto, entender a forma como o agente descoberto interfere
no metabolismo celular, sua via de ação e seu mecanismo molecular para o combate às células
cancerosas (NIGAM et al., 2019).
METODOLOGIA
POLICETÍDEOS
ISOPRENÓIDES
Os isoprenóides, semelhantes aos terpenos, são uma das maiores famílias de compostos
naturais. Os isoprenóides são derivados de unidades de isopreno de cinco carbonos montadas e
modificadas de diferentes maneiras. Eles são classificados em vários grupos com base no
número de unidades C5 que fazem parte de sua estrutura: monoterpenos (C10), sesquiterpenos
(C15) e diterpenos (C20) (DAIRI, 2005). Sete dos oito sesquiterpenos da família T-muurolol
foram testados quanto à sua citotoxicidade contra 37 linhagens de células tumorais humanas,
mas, exceto para 15-hidroxi-T-muurolol que foi moderadamente citotóxico com um IC 50 de
6,7 μg / mL, os outros compostos incluindo 3-oxo-T-muurolol, 11,15-di-hidroxi-T-muurolol,
T-muurolol e 3α-hidroxi-T-muurolol não mostrou atividade (DING et al., 2009).
INDOLOCARBAZOLES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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RESUMO
Introdução: A elevação nas taxas de utilização da cesariana para resolução do parto é um
fenômeno que vem ocorrendo em todo o mundo. No entanto, o parto cesáreo favorece as
complicações puerperais, dentre elas, as infecciosas são as mais comuns sendo que a infecção
de sítio cirúrgico é a de maior ocorrência. A realização desse estudo se justifica pelas
repercussões negativas na recuperação da mulher no período puerperal, comprometendo a
involução puerperal satisfatória, prolongando o tempo de hospitalização e retardando o vínculo
mãe/recém-nascido e família. Objetivo: Analisar o uso de antibióticos na profilaxia de ferida
operatória, através da demonstração dos esquemas de antibióticos prescritos no pré e pós
operatório, análise do perfil epidemiológico e identificação dos fatores de risco para infecção
de feridas operatórias nas cesarianas realizadas na Maternidade Estadual Ana Braga, no período
de 2015 a 2018. Métodos: trata-se de um estudo transversal de caráter retrospectivo e
abordagem quantitativa, a partir da análise de prontuários das pacientes que foram submetidas
a cesarianas e tiveram infecção de feridas operatórias, na Maternidade Estadual Ana Braga, no
período de 2015 a 2018. Resultados: a amostra deste estudo foi de 303 gestantes. A média de
idade das pacientes estudadas foi de 24,1 anos (24,8%), e a indicação mais prevalente para a
cesariana foi a Pré-eclâmpsia (17,2%). Os principais critérios clínicos de infecção do sítio
cirúrgico presentes foram o eritema (38,9%) e o edema (36,6%). A antibioticoprofilaxia foi
administrada em 87% dos casos, sendo realizada com cefalosporina de primeira geração com
predomínio da Cefalotina com 54,3%, seguida da Cefazolina em 45,7%. Para o tratamento da
ferida operatória infectada, o esquema mais utilizado foi o esquema tríplice Cefalotina
associada a Gentamicina e Metronidazol (75%). Conclusão: As taxas de infecção do sítio
cirúrgico foram elevadas durante o período de estudo em comparação a outros estudos, em
consequência do aumento progressivo do número de cesarianas. A infecção do sítio cirúrgico
prolonga em torno de 7 a 15 dias, o tempo de internação e reinternação das pacientes que
possuem infecção do sítio cirúrgico tardio. Percebeu-se que a associação da Cefalotina,
Ceftriaxona, Gentamicina e Metronidazol se tornam desnecessária, visto que, já havia sido
utilizada como antibioticoprofilaxia, obedecendo os princípios da farmacocinética e
farmacodinâmica.
PALAVRAS-CHAVE: Cesárea, Infecção da Ferida Cirúrgica, Infecção Puerperal.
INTRODUÇÃO
Não há dúvidas na literatura sobre a elevada importância do parto cesáreo para ajudar a
salvar vidas e prevenir sequelas neonatais, como as originadas de partos vaginais distócicos.
Por outro lado, o aumento da incidência da cesariana aumenta a morbidade e o custo
O Brasil vem apresentando, nos últimos anos, uma das mais elevadas taxas de cesáreas
do mundo, correspondendo a 55% do total de partos, enquanto a média recomendada é de 10
a 15%, mesmo frente a atitude do Ministério da Saúde que vem buscando alterar o modelo de
assistência ao parto considerado hoje como intervencionista e caracterizado por vezes como
evento cirúrgico. O parto cesáreo constitui uma importante questão na assistência à saúde da
mulher em função das possíveis complicações e pela maior morbimortalidade associada quando
comparado ao parto normal (ROMANELLI RMC, 2014; ZIMMERMMANN JB, 2009).
MÉTODOS
Os critérios de inclusão do estudo foram mulheres que foram submetidas a parto cesáreo
e mulheres que apresentaram infecção de feridas operatórias na maternidade em estudo. O
critério de exclusão adotado foram prontuários sem dados acerca da antibioticoprofilaxia ou
antibioticoterapia. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)
através da Plataforma Brasil, com o CAEE 11931019.8.0000.5016.
RESULTADOS
Os 303 prontuários disponíveis para análise indicaram que a média de idade do grupo
de pacientes foi de 24,7 anos. A maioria das pacientes (24,8%, n=75) estão no intervalo de
Gráfico 2. Faixa etária das pacientes que tiveram infecção de sítio cirúrgico após cesárea (n total = 303).
Tabela 1. Características das pacientes que tiveram infecção de sítio cirúrgico após cesárea na maternidade,
2015-2018 (N total = 303).
Variáveis N %
Paridade
Primípara 112 37
Secundigesta 73 24,1
Multípara 118 38,9
Escolaridade
Analfabeta 25 8,25
Ensino Fundamental 158 52,14
Ensino Médio 83 27,39
Ensino Superior 37 12,22
Renda Familiar
< de 1 salário mínimo 158 52,14
De 1 a 3 salário mínimos 107 35,32
> 3 salário mínimos 38 12,54
Comorbidades
Diabetes Mellitus 13 4,3
Infecção do Trato Urinário 47 15,5
Infecção por HIV 7 2,3
Sífilis 11 3,6
Síndrome Hipertensiva 52 17,2
Tempo de Hospitalização
1-5 dias 17 5,6
6-10 dias 88 29
11-15 dias 69 22,8
16-20 dias 88 29
21-25 dias 29 9,6
26-30 dias 6 2
>30 dias 6 2
Pré-natal
Sim 188 62
Não 83 27,4
Não Informado 32 10,6
Fonte: Praia IG e Silva SM, 2021.
Antibioticoprofilaxia
Sim 295 97,35
Não realizado 8 2,65
Total 303 100%
Tabela 3. Perfil do uso de antibióticos de 1º escolha no tratamento de infecção de sítio cirúrgico após cesárea (N
total = 303).
Quantas vezes foi
Frequência de Tempo médio de uso necessário substituir
Antibióticos escolha (N) % esquema
(dias)
Cefalotina + 5 1,65 9 1
Clindamicina +
Gentamicina
Ceftriaxona 5 1,65 8 0
DISCUSSÃO
O Brasil apresenta a segunda maior taxa de cesáreas do mundo com 55%, ficando atrás
da República Dominicana, onde a taxa é de 56% (WHO, 2018). No local de estudo, a taxa
média de cesárea entre os anos de 2015 e 2018 foi de 40,9%, abaixo dos índices brasileiros,
mas muito além do preconizado pela OMS. Quanto à taxa média de ISC, nesses 4 anos, foi de
A idade materna acima de 35 anos é considerada como fator de risco para infecção de
sítio cirúrgico pós-cesariana (CAPUZZI IF, et al., 2007; PAIVA VP, et al., 2012). Neste estudo,
13,9% (n=42) das pacientes tem mais de 35 anos. A média de idade foi de 24,7 e a maioria das
pacientes (24,8%, n=75) estão no intervalo de idade entre 18 e 21 anos. O fator idade não foi
uma agravante para infecção de ferida operatória.
Sobre a paridade, a maioria das pacientes eram primíparas totalizando 37% (n=112) de
todas as pacientes analisadas, seguidas das multíparas com 33,6% (n=102). É apontado a
primiparidade como fator de risco para infecção puerperal (MAHARAJ D, 2007).
Sobre o pré-natal, observou-se que 62% (n=188) das pacientes do estudo realizaram. O
número de consultas de pré-natal deve ser no mínimo seis para que o acompanhamento seja
considerado adequado (PETTER CE, 2013). Em nossa amostra das pacientes que realizaram
pré-natal, somente 52,7% (N=99) tiveram seis consultas ou mais e a média de consultas no pré-
natal foi de 5,72. É importante mencionar que 27,4% (N=83) não realizaram o pré-natal. O
restante, 10,6% (n=32), não havia informação acerca deste tópico no prontuário. O que se
mostra mais um fator predisponente para infecção de ferida operatória em nosso estudo.
CONCLUSÃO
A taxa de infecção de sítio cirúrgico foi elevada durante o período de estudo (3,83%).
Os extremos de idade e pacientes com comorbidades são os mais propensos a desenvolver
infecção de ferida pós-operatória. Pacientes com baixo índice socioeconômico possuem maior
risco de apresentarem infecção de ferida operatória. A antibioticoprofilaxia não define proteção
absoluta contra a infecção de ferida operatória. As classes de antibióticos mais utilizadas para
o tratamento da ferida operatória infectada são as cefalosporinas de primeira geração,
associadas ou não com aminoglicosídeos e metronidazol. A importância de estudos sobre
infecção puerperal reside no fato de constituir-se em uma das principais causas de
morbimortalidade no período puerperal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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integrativa. Revista Brasileira de Enfermagem, 2020; 73: 45-52.
Suellen dos Santos Facundes, Especialista em Saúde mental e atenção psicossocial pela
Faculdade de Teologia e Ciências Humanas, Macapá, AP, Brasil
Paulo Cesar Beckman da Silva Junior, Especialista em Saúde mental pelo programa de
Residência Multiprofissional em Saúde coletiva da Universidade Federal do Amapá-
UNIFAP, Macapá, AP, Brasil
RESUMO
O presente artigo aborda os fatores que levam ao processo de reinternação (recaída) dos sócios
educandos de uma Comunidade Terapêutica do estado do Amapá, Brasil. Foi realizada uma
análise de cunho quantitativo e como instrumento de coleta de dados recorreu-se para pesquisa
documental e revisão bibliográfica. Os resultados evidenciaram potencial relação com
substâncias licitas e ilícitas. Destacou-se o predomínio do consumo do crack entre os usuários,
potencializado por ser uma substância que desestabiliza a funcionalidade do indivíduo levando-
os a novas internações.
PALAVRAS-CHAVES: Comunidade Terapêutica, Abuso de Substâncias, Centros de
Tratamento de Abuso de Substâncias.
INTRODUÇÃO
No município de Macapá torna-se cada vez mais evidente o uso de drogas ilícitas no
meio familiar, nas comunidades, em vias públicas. Conforme os dados da Vigilância de
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico – VIGITEL em relação a Macapá, 7,2% dos adultos
relataram ser fumantes, sendo 11% homens e 3,4% mulheres. Em relação ao álcool, 15,9%,
relataram ter feito o consumo abusivo de álcool, sendo homens (23,7%) e mulheres (8,6%),
porém dados do uso abusivo de drogas ilícitas são relatados empiricamente apresentando-se no
cotidiano da população e cada vez mais crescente (BRASIL, 2018).
Para o auxílio dos usuários de substância psicoativas que sofrem nas garras da
dependência o município de Macapá possui o Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e
Drogas (CAPS AD) e Comunidades Terapêuticas (CT), este último em maior número.
De acordo com a Lei 13.840 de 05 de junho de 2019, que dispõe sobre o Sistema
Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas e as condições de atenção aos usuários de
Segundo Silva et al. (2014) a recaída é considerada quando o uso de uma determinada
substância psicoativa, é feita após um período de pelo menos dois meses de abstinência. Isso
ocorre por variados motivos principalmente aos fatores externos e internos que por vezes os
usuários não conseguem enfrentar, geralmente ligados pelas inúmeras dificuldades em relações
interpessoais, familiares e sociais, além da falta de habilidades, controle pessoal e crises
extensivas de abstinências. Outro fator que é substancial nesse processo é a falta de
acompanhamento em um pós-tratamento em centros destinados para esses fins, onde em muitos
casos a exigência de uma atenção relacionada a prevenção das recaídas e grupos comunitários
de autoajuda tornam-se necessário.
Com isso, é importante a realização de estudos neste viés. Diante do exposto, o presente
estudo tem o objetivo de analisar os fatores que levam ao processo de reinternação dos sócios
educandos de um Centro de Reabilitação no estado do Amapá, Brasil. Os dados servirão como
evidências para a proposição de estudos comparativos e novas políticas que norteará o
funcionamento das CT’s tanto em Macapá como em outras regiões do Brasil. Também servirão
para o fortalecimento da temática em questão, já que estudos que envolvem análises de dados
de reinternações em CT’s são escassos na literatura brasileira local.
RESULTADOS
Amostra coletada foi composta por 100 (cem) usuários de substâncias psicoativas, todos
do gênero masculino, com idade média de 37,76 anos, mediana de 36 anos e desvio padrão de
± 14,26 anos, média do tempo de internação entre os participantes foi de 4 (quatro) meses e
Tabela 1: Idade dos usuários que foram internados no período de 2018 a 2019.
Idade Percentual
17 - 27 40%
28- 38 35%
39-49 14%
50- 60 8%
Mais 61 3%
Fonte: Dados obtidos por meio da pesquisa
Foi analisado os níveis de ocupação dos participantes e ficou constatado que 28% nunca
haviam trabalhado, eram exclusivamente dependentes de seus familiares, 26% trabalhavam em
seu próprio negócio, 12% eram funcionários que possuíam cargos públicos, 10% haviam ficado
desempregados ao longo do ano, 7% recebiam benefícios, 6% eram assalariados e estavam
afastados do trabalho para tratamento e apenas 1% tinham empresas (Tabela 2).
DISCUSSÕES
Com a indicação da prevalência da faixa etária de idade, os quais demostra uma amostra
jovem de dependente químicos, corroborando com estudos que descrevem o início do consumo
de substâncias lícitas e ilícitas, em sua maioria entre adolescência e juventude. Nesta fase há
construção da identidade do indivíduo, geralmente a curiosidade é aguçada, por vezes entram
em choque com familiares dificultando o convívio e as situações de riscos torna tal consumo
atrativo (ALVAREZ et al., 2014).
Quanto ao nível de ocupação é expressivo o percentual dos usuários que não exercem
nenhum tipo de atividade como fonte de renda (28%), são indivíduos que são sustentados
economicamente e moram com a família e com isso estão mais propensos ao estado do consumo
e compra dessas substâncias ilícitas. Seguindo dos trabalhadores autônomos (26%) que por
vezes são chefes de família e acabam em situações de consumo intenso trabalhando
exclusivamente para suprir as necessidades do seu próprio consumo. Isso ocorre devido o
usuário não possuir interesse pelo trabalho, ou seu grau de tolerância não permite que ele esteja
sujeito a regras.
Também se observou uma significativa parcela de usuários que não concluíram o ensino
fundamental caracterizando-os com baixa instrução, resultado semelhante à analisada por
Sanchez e Nappo (2002) em que a amostra da pesquisa não frequenta a escola, tendo como um
dos fatores a desistência de seus estudos. Os dependentes de substâncias psicoativas não
conseguem conciliar os estudos com o vício, sendo este um fator que causa efeitos sociais e
efeitos físicos representada pela deterioração do organismo humano levando-os até a
hospitalização, além dos efeitos morais que são repercutidos na sociedade como um fator
negativo, prevalecendo o uso de drogas viciantes sobre todas as outras responsabilidades
impostas.
De acordo com Kessler e Pechansky (2008), o crack é uma droga que possui um enorme
poder de devastação e causa prejuízos mais rápidos e intensos que o álcool, além de possuir
efeitos viciantes mais intensificados, causando ao usuário fissuras (vontade intensa) em um
curto espaço de tempo, alterando comportamento significativamente. Seu demasiado uso causa
transtornos depressivos e o desenvolvimento de psicopatologias. (SCHEFFER et al., 2010).
Em análise documental foi possível identificar tais características que o uso e os efeitos
do crack marcavam o declínio do indivíduo, evoluindo de pequenos furtos dentro em suas
residências a cometer delitos mais graves contra a sociedade, como em muitos casos respondem
processos na vara de execução penal, a maioria relata que seus delitos são cometidos a fim de
satisfazer o consumo de substâncias psicoativas, e que na maioria das vezes ocorrem sob efeitos
de drogas, os incapacitando de analisar as consequências de seus atos.
Com isso é possível constatar algumas das causas que levam os usuários a retomar ao
uso de substâncias psicoativas provocando a recaída, perda de controle, e novas entradas para
a internação, principalmente na categoria involuntária. Fatores como ociosidade e falta de
continuidade do tratamento pós internação são portas de entradas para a volta do uso e eventuais
perdas de controle sobre o uso. Estabelece-se como “recaída” o momento em que um
dependente em processo de recuperação volta a consumir as substâncias psicoativas.
Após o período de abstinência as crises pelo excessivo uso das substâncias em conjunto
com a dificuldade em administrar as barreiras que surgem na jornada de um dependente em
recuperação, podem levá-lo à recidiva, Büchele et al. (2004) realizou estudo em que seus
Conforme dados da amostra foi possível identificar que os usuários foram submetidos a
mais de um processo de internação, em que a volta do uso de substâncias psicoativas
descontrolada foi a grande motivação para busca de um novo processo de internação, tanto
voluntariamente como involuntariamente. Através da análise documental foi constatado que os
aspectos inerentes as recaídas estão relacionadas a ociosidade, contato com as pessoas em uso,
frequência a lugares que realizam a venda ou consumo, as frustações adquiridas com os
conflitos do dia a dia, e a falta e/ou busca de acompanhamento continuado para os portadores
de transtornos de dependência química.
CONCLUSÃO
Através dos resultados obtidos foi possível mensurar alguns aspectos característicos dos
usuários que dão entrada nos processos de reinternação na CT em questão. Os processos de
reinternações atingem principalmente o público formado por jovens (40%), evidenciando que
o uso de substâncias se inicia precocemente na adolescência, fase de descobertas, conflitos e
geração de identidade. Nesse mesmo grupo foi evidenciado que o nível de desocupação é levado
(28%), sendo um público que é sustentado por seus familiares, não necessitando
necessariamente obter responsabilidades diárias, e com isso ficam mais suscetíveis e propensos
a lidar com o uso de substâncias psicoativas desencadeando o vício diário.
Este estudo tem suas limitações, pois foi realizado em uma pequena capital brasileira,
com características muito peculiares - culturais, geográficas, econômicas, e de saúde -, o que
pode que os sujeitos do estudo possuam uma compreensão permeada por essas peculiaridades
locais, além de apoiar-se em dados registrados em documentos institucionais.
REFERÊNCIAS
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Superintendência da Educação. Diretoria de Políticas e Programas Educacionais.
Coordenação de Desafios Educacionais Contemporâneos. Prevenção ao uso indevido de
UNODC - United Nations Office on Drugs and Crime (Escritório das Nações Unidas sobre
Drogas e Crime. Relatório Mundial sobre Drogas 2019. Disponível em:
<https://wdr.unodc.org/wdr2019.>. Acesso em: 27 de fevereiro de 2020.
RESUMO
Introdução: O presente trabalho teve como tema a importância das visitas domiciliares nas
Estratégias de Saúde da família. Objetivo: Apresentar a importância do monitoramento das
ações e serviços de saúde dentro da estratégia saúde da família. Métodos: Foi realizada uma
revisão de literatura em artigos publicados em periódicos online, nas bases de dados LILACS,
SciELO, e PubMed/MEDLINE. Discussão e Resultados: O trabalho mostrou uma
contextualização da saúde no Brasil, destacando a promoção de saúde na atenção primária, e
por fim, apresentando a importância da estratégia de saúde da família para a sociedade,
enfatizando as visitas domiciliares como ferramentas a atenção básica à saúde. Conclusões: A
pesquisa não esgota o tema e o deixa em aberto, propondo que no futuro se realize novos
estudos, com a finalidade de contextualizar os temas aqui abordados com diferentes cenários
pelo Brasil. Juntamente com esta nova pesquisa, sugere-se a realização de um estudo de caso,
para o qual propõe-se que se realize uma análise em região específica, a fim de compreender a
necessidade e impacto destas campanhas de saúde em cada região.
PALAVRAS-CHAVE: Monitoramento; Serviços de Saúde; Estratégia Saúde da Família.
1 INTRODUÇÃO
2 MÉTODOS
Para o presente trabalho a metodologia utilizada foi uma revisão de literatura baseada
em artigos publicados em periódicos online, nas bases de dados LILACS, SciELO, e
PubMed/MEDLINE. Para a elaboração da estratégia de busca foram utilizadas as seguintes
palavras-chave: “Monitoramento”; “Serviços de Saúde”; “Estratégia Saúde da Família”.
Brevemente associadas aos operadores booleanos AND, OR, NOT.
Em 2014, havia 6.706 hospitais no Brasil. Mais de 50% dos hospitais são encontrados
em 5 estados: São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro e Paraná. Em todo o país, 78%
dos hospitais praticam medicina geral, enquanto 16% são especializados e 6% prestam
A promoção da saúde não é um conceito novo. O fato de que a saúde é determinada por
fatores não só dentro do setor de saúde, mas também por fatores externos foi reconhecido há
muito tempo. Durante o século XIX, quando a teoria do germe da doença ainda não tinha sido
estabelecida, a causa específica da maioria das doenças foi considerada 'miasma' mas havia uma
aceitação de que a pobreza, a miséria, más condições de vida, a falta de educação, etc.,
contribuiu para doença e morte. Os relatórios de William Alison (1827-1828) sobre o tifo
epidêmico e febre recorrente, relatório de Louis Rene Villerme (1840) sobre Levantamento das
condições físicas e morais dos trabalhadores empregados nas fábricas de algodão, lã e seda John
Snow's classic studies of cholera (1854 ), etc (LAPOINTE DA, 2012).
O termo "Promoção da Saúde" foi cunhado em 1945 por Henry E. Sigerist, o grande
historiador da medicina, que definiu as quatro principais tarefas da medicina como promoção
da saúde, prevenção de doenças, restauração dos doentes e reabilitação. Sua declaração de que
Medidas de promoção da saúde são muitas vezes direcionadas para uma série de doenças
prioritárias - tanto comunicáveis quanto não-transmissíveis. Os Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio (MDGs) identificaram certas questões-chave de saúde, cuja melhoria foi
reconhecida como crítica para o desenvolvimento. Estas questões incluem a saúde materna e
infantil, a malária, a tuberculose e o HIV e outros determinantes da saúde. Embora não tenha
sido reconhecida na Cúpula do Milênio e não refletida nos Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODM), as últimas duas décadas viram o surgimento de Doenças Tropicais
Negligenciadas (DTN), como o principal contribuinte para a carga global de doenças e
mortalidade (ABBA, K. 2011).
4 RESULTADOS
As equipes são responsáveis por registrar todas as famílias em sua área, monitorar as
condições de vida e o estado de saúde e fornecer os cuidados primários. Os ACS são capazes
de resolver muitos problemas de baixo nível, como a verificação para garantir que os pacientes
estejam tomando seus medicamentos para hipertensão ou diabetes corretamente, ou podem
encaminhar questões mais complexas para o profissional apropriado. Os ACS são totalmente
integrados à equipe, conversando regularmente com a enfermeira e o médico. Suas anotações
são discutidas nas reuniões da equipe e adicionadas ao prontuário, que geralmente é eletrônico.
Eles também passam o tempo na clínica, ajudando a organizar a sala de espera e as consultas,
além de realizar sessões de educação em saúde. Cada família recebe pelo menos uma visita
todos os meses de um ACS dedicado, independentemente da necessidade, o que permite a coleta
de dados com qualidade de censo. Embora os pacientes não possam escolher seus ACS,
nenhuma família que deseja uma visita é deixada de fora (M. VISWANATHAN, 2009).
A visita domiciliar é uma ferramenta que permite criar vínculos com a comunidade,
sendo assim permite a equipe entender o que ocorre com aquela família no quesito saúde, As
interpretações devem ser contextualizadas tanto para o cenário socioeconômico quanto no
quesito amplo do que é saúde. Estes são momentos de cumplicidade nos quais pode haver a
responsabilização em torno dos problemas que serão enfrentados. A visita permite, entre outras
possibilidades, trabalhar com: comunicação, observação, diálogo, relato oral e escrito (Lopes,
Saupe, Massaroli, 2008).
O presente trabalho teve como tema a importância das visitas domiciliares nas
estratégias saúde da família. O método adotado na formulação deste trabalho, encontra-se em
concordância com a proposta de estudo, a qual foi adequada por meio dos objetivos a serem
alcançados. O desenvolvimento da ciência tem como base o alcance de resultados que permite
validar hipóteses sobre determinado acontecimento ou fato, presente em nossas vidas, ou não.
Por meio desta pesquisa foi possível entender a sua importância de acompanhamento e
supervisão sobre o alcance e acessibilidade a saúde para a família brasileira. Entende-se que o
Brasil ainda é uma país com alta divergência social e econômica, e isso influencia diretamente
na qualidade do atendimento de saúde oferecida a população, uma vez que sua maioria se
enquadra como baixa renda, embora a saúde seja um direito garantido por lei a todo cidadão
brasileiro.
Por fim, o presente trabalho deixa o tema em aberto, propondo que no futuro se realizem
novas pesquisas, por exemplo, com finalidade de contextualizar os temas aqui abordados.
Juntamente com esta nova pesquisa, sugere-se a realização de um estudo de caso, para o qual
propõe-se que se realize uma análise em região específica, a fim de compreender a necessidade
e impacto destas campanhas de saúde na região.
REFERÊNCIAS
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Informe Epidemiológico do Sus, Brasília., Ministério da Saúde, FNS/CENEPI, ano I, nº 4,
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FURTADO, Celso. Os desafios da nova geração. Revista de Economia Política, v.24, n.4.
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JUNQUEIRA, Luciano A. Prates (org.) et alli. Saúde no Brasil: Perspectivas para a Década
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os Anos 90. São Paulo, FUNDAP, 1991.
LOPES, W.O.; SAUPE, R.; MASSAROLI, A. Visita domiciliar: tecnologia para o Cuidado, o
ensino e a pesquisa. Ciência e Cuidados em Saúde, v.7, n.2, p.241-7, 2008.
PHILANDER, SG, Encyclopedia of Global Warming and Climate Change, segunda edição
(Princeton University, 2012).
RESUMO
Os transtornos mentais estão descritos no Manual de Diagnóstico Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM-IV) e na Classificação Internacional de Doenças (CID-10); dentre eles: a
depressão, ansiedade, autismo e esquizofrenia. Nesse cenário, esta última é uma das com maior
incidência; é caracterizada pela perda do contato com realidade, psicose, além de alucinações,
delírios e comportamento alterados. Dentro do ambiente familiar a presença do sofrimento
mental, altera toda a rotina, tornando-se necessário adaptar-se as mais variadas situações. Este
trabalho objetivou i) identificar aspectos epigenéticos para o surgimentos das doenças mentais;
ii) apontar os impactos do cuidado de um paciente com transtornos mentais sobre o
familiar/cuidador; iii) apontar intervenções em saúde que auxiliem o familiar/cuidador. Trata-
se de uma revisão integrativa da literatura. Realizadas buscas nas bases de dados BVS, SciELO
e LILACS, utilizando os seguintes descritores do DeCS: ‘Epigenética’, ‘Distúrbios Mentais’ e
‘Esquizofrenia’, operados entre si pelo booleano and. Os critérios foram: artigos publicados no
período de 2012 a 2018 com resumos e textos completos disponíveis no idioma português.
Selecionaram-se trabalhos pelo título, resumo e sua relevância aos objetivos do trabalho. Foram
excluídas as teses, dissertações, estudos com texto completo indisponível, as repetições e
aqueles que não respondiam a questão norteadora. A qualidade de vida dos familiares e
cuidadores de pacientes com esquizofrenia sofre mudanças, principalmente após o diagnóstico,
pois a rotina e estilo de vida sofrem transformações, devido a progressão da doença e o
surgimento da dependência total. As estratégias realizadas nos Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS) oportuniza uma avaliação individual das necessidades de cada paciente, buscando o
melhor processo de intervenção e tratamento, além de aumentar o vínculo entre o paciente e
profissional de saúde.
PALAVRAS-CHAVE: Epigenética. Distúrbios Mentais. Esquizofrenia. Qualidade de vida.
INTRODUÇÃO
Por muito tempo a genética foi vista com os mesmos olhos e conceitos de imutabilidade
e determinismo, permitindo que suas descobertas se mesclassem com abordagens sociológicas,
históricas e ideológicas. O estudo dos componentes genéticos, evidenciado nos distúrbios e no
comportamento, destaca-se não só por haver componentes humanos envolvidos, mas por servir
de base, de auxílio para os profissionais da área (SILVA, K. L., et al. 2014).
Apesar destes estudos, ressalta-se que os possíveis alelos a serem encontrados, poderiam
não ser específicos, mas podendo contribuir com a combinação dos multifatores para visualizar
uma possível predisposição ao transtorno, proporcionando intervenções precoces, porém, a
presença do alelo não significa a determinação da expressão da patologia (SILVA, K. L., et al,
2014).
De acordo com Brasil (2019), saúde mental está relacionada com o equilíbrio emocional
entre o patrimônio interno e as exigências ou vivências externas. Neste contexto, pode-se
considerar o distúrbio mental, como uma condição clinicamente significativa, que se destaca
por alterações que fogem deste padrão, pois é caracterizada pela junção de percepções,
emoções, pensamentos e comportamentos anormais que podem afetar as relações sociais ou
desencadear desordens no funcionamento pessoal (OPAS, 2018).
MÉTODOS
Realizadas buscas nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific
Electronic Library Online (SciELO), base de dados Latino-Americana de informação
bibliográfica em ciências da saúde (LILACS), utilizando os seguintes descritores do DeCS:
‘Epigenética’, ‘Distúrbios Mentais’ e ‘Esquizofrenia’, operados entre si pelo booleano and.
Para análise das informações, os artigos incluídos foram lidos exaustivamente e seu
conteúdo padronizado do material encontrado, de acordo com os objetivos propostos. Os
resultados foram organizados em tabelas e posteriormente foram categorizados, conforme os
resultados e as contribuições observadas nesses artigos.
RESULTADOS
2 SILVA, K. L., et al, (2014) A concepção entre gene x ambiente está ligada à ideia de
complexidade e heterogeneidade em oposição ao
reducionismo determinista. Foi proposta uma abordagem
integrada, apontando a necessidade de novos modelos
que levem em consideração o caráter multifatorial dos
transtornos mentais.
4 ELOIA, S. C., et al. (2018) Os resultados mostraram que o grau de sobrecarga global
objetiva foi maior no grupo de cuidadores na UIPHG.
5 OLIVEIRA, R. M., et al. (2012) Esta pesquisa pode permitir a ampliação do olhar para
os portadores de esquizofrenia, uma vez que o
conhecimento sobre a doença e suas implicações
ocorreram a partir da perspectiva de quem vivencia
cotidianamente este sofrimento.
Figura 01: Distribuição do número de artigos científicos encontrados quanto ao ano de publicação.
Estudos apontaram que a sobrecarga subjetiva dos familiares é maior que a objetiva,
devido a sua relação com a evolução da doença, falta de tempo para lazer e preocupação com
o futuro. Essa carga é amenizada pelo contato com o profissional de saúde que através de
intervenções educativas promovam um maior vínculo terapêutico, conhecimento sobre assunto
e continuidade do cuidado no domicílio (ALVES, J. F. M., et al. 2018).
Uma das formas de sobrecarga que a família de um esquizofrênico pode sofrer é devido
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALVES, J. F. M., et al. (2018). Problemas dos cuidadores de doentes com esquizofrenia: a
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SILVA, K. L., et al. (2014). Genética além dos rótulos. Revista Brasileira de Psicoterapia,
16(2), 38-48.
RESUMO
O presente estudo buscou verificar o efeito de 16 semanas de exercícios multimodais na
capacidade funcional e cognitiva em idosos comunitários do município de Tocantinópolis- TO.
A pesquisa teve caráter descritivo, longitudinal e quase- experimental. Participaram deste
estudo 44 idosos, sendo 20 do sexo masculino, com média de idade de 69 ± 7,3 anos e 24 do
sexo feminino, com média de idade de 66 ± 7,6 anos. A seleção dos participantes foi realizada
por meio da técnica de amostragem por conveniência em utentes da Academia da Melhor Idade
(AMI), em Tocantinópolis-TO. Antes e após as 16 semanas de intervenção com exercícios
multimodais, foram aplicadas: a bateria Senior fitness test de Rikli & Jones (2013) e avaliação
do estado cognitivo com o Mini Exame de Estado Mental (MEEM). Em relação às variáveis da
capacidade funcional, apenas o teste de “Caminhada de 6 minutos” apresentou diferença
significativa nos participantes do sexo masculino (C6Min pré = 516,2 metros vs. pós = 545,8
metros; p < 0,05). Nas mulheres foram observadas diferenças significativas nas variáveis
“Levantar e Sentar da Cadeira” (LSC pré = 12,5 repetições vs. Pós = 14,1 repetições; p < 0,05),
“Sentado, Caminhar 2,44 m e sentar” (SCS pré = 7,3 segundos vs. pós = 6,8 segundos; p < 0,05)
e “Caminhada de 6 minutos” (C6Min pré = 483,1 m vs. pós = 514,1 m; p < 0,05). O nível de
cognição apresentou diferença significativa após 16 semanas de intervenção em relação aos
valores verificados no baseline, tanto para os homens (MEEM pré = 21,2 vs. pós = 23,9; p <
0,05), quanto para as mulheres (MEEM pré = 23,9 pontos vs. pós = 25,1 pontos; p < 0,05).
Conclui-se que tanto as mulheres como os homens apresentaram melhoras na cognição e em
algumas variáveis da capacidade funcional.
PALAVRAS-CHAVES: Cognição. Envelhecimento. Atividade física.
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, diversos estudos demonstraram que benefícios cognitivos podem ser
alcançados com diferentes modalidades de exercícios em populações com CCL (BAKER et al.,
2010; NAGAMATSU et al., 2013; NASCIMENTO et al., 2015). O exercício aeróbico
demonstrou melhorias significativas nos escores cognitivos globais com um efeito positivo na
memória de pessoas com CCL (ZHENG et al., 2016). Adicionalmente verifica-se que
intervençoes utilizando exercícios multicomponentes, como exercícios aeróbicos e de força,
possam ter um efeito maior sobre a cognição do que exercícios os aeróbicos quando realizados
isoladamente (SMITH et al., 2010).
Neste sentido, postula-se que os exercícios físicos com diferentes tipos de estímulos
(multimodais) podem auxiliar na melhora do desempenho cognitivo da população idosa haja
vista que esta população é mais acometida por doenças neurodegenerativas. Desta forma, o
objetivo do presente estudo foi verificar o efeito de 16 semanas de intervenção utilizando
exercícios multimodais na performance cognitiva e funcional de idosos comunitários.
INSTRUMENTOS
A massa corporal foi obtida utilizando-se uma balança antropomética com precisão de
corporal/estatura2).
A cognição foi avaliada através do Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), uma escala
de avaliação cognitiva que auxilia na investigação e monitoração da evolução de possíveis
déficits cognitivos em pessoas com risco de demência, quais os seus pontos fortes e fracos a
nível cerebral com um breve questionário de 30 pontos, composto pelos seguintes módulos:
orientação, retenção, atenção e cálculo, evocação, linguagem e habilidade construtiva.. Seu
escore tem variação de 0 (zero) ponto, que indica um resultado negativo acerca do estado
cognitivo entre os sujeitos, indo até o máximo de 30 (trinta) pontos, o que representa um
resultado positivo na capacidade cognitiva do idoso (ARAUJO et al., 2015)
PROCEDIMENTOS
ANÁLISE ESTATÍSTICA
RESULTADOS
Tabela 3. Valores médios, desvios-padrões (DP) e percentual de alteração (Δ%) das variáveis funcionais e perfil
cognitivo dos participantes da pesquisa antes e após 16 semanas.
Mulheres (n=24) Homens (n=20 )
LSC (reps) 12,57 ± 3,52 14,14 ± 3,89* 12 14,30 ± 4,52 14,62 ± 3,13 2
FC (reps) 17,64 ± 4,63 15,64 ± 4,37 -11 18,83 ± 2,57 19,60 ± 3,68 4
SA (cm) 5,21 ± 4,28 3,71 ± 4,64 -28 6,30 ± 4,96 3,80 ± 9,75 -39
TUG (s) 7,35 ± 1,47 6,81 ± 2,14* -7 6,83 ± 1,61 8,49 ± 2,89 24
AAC (cm) -7,35 ± 9,47 -3,21 ± 8,19 -56 -13,60 ± 8,87 -14,62 ± 10,85 7
514,14 ± 516,20 ±
C6M (m) 483,24 ± 83,03 6 545,80 ± 59,77* 5
98,42* 63,37
MEEM (pontos) 23,92 ± 3,89 25,14 ± 2,95* 5 21,22 ± 5,41 23,91 ± 5,56* 3
Nota: * p<0,05; LSC = Levantar e sentar da cadeira; FC = Flexão de cotovelo; SA = Sentar e alcançar; TUG =
2,44m Timed-Up-And-Go; AAC = Alcançar atrás das costas; C6M = Caminhar 6 minutos; MEEM = Mini-
Exame do Estado Mental.
a) LSC b) AAC
c) SA d) TUG
e) AAC f) C6M
Pré
Pós
G) MEEM
Nota: *p < 0,05; a) LSC = Levantar e sentar da cadeira; b) FA= Flexão de antebraço; c) AS= Sentar e alcançar;
d) TUG= Timed-Up-And-Go;me) AAC= Alcançar atrás das costas; f) C6M = Caminhada 6 minutos; g) MEEM=
Mini-Exame do Estado Mental.
Esses achados corroboram com o estudo de Fernandes et al. (2012), onde verificaram
os efeitos de um programa de exercícios físicos na marcha e na mobilidade funcional de idosos.
Assim foi possível identificar aumento no comprimento dos passos e das passadas, além de um
aumento na velocidade da marcha reafirmando, desta forma a hipótese de que programas de
exercícios físicos podem influenciar de forma positiva nas condições de estabilidade e
locomoção de pessoas idosas, uma vez que com o passar dos anos a velocidade e o comprimento
da marcha podem ser reduzidos.
Em relação ao teste alcançar atrás das costas (AAC), verificou-se que os indivíduos de
ambos os sexos não obtiveram um resultado significativo quando comparados nos diferentes
momentos. Feland et al. (2001) em um estudo realizado com idosos, apontaram que sessões de
alongamento de 15 a 30 segundos realizados quatro vezes por sessão e cinco vezes por semana,
aumentaram significativamente os níveis de amplitude de movimento quando comparados com
o grupo controle. Holland et al. (2002), apontam que entre os 30-70 anos, é possível ocorrer
uma redução de 20 a 50% da flexibilidade dependendo do membro, confirmando assim a
importância de um programa de exercícios físicos.
Nos resultados referentes ao desempenho cognitivo (MEEM), foi verificado que após
16 semanas de intervenção utilizando exercícios multimodais, o nível de cognição apresentou
diferença significativa em relação aos valores pré-intervenção em ambos os sexos. Um estudo
Um estudo feito com 18 mulheres e 11 homens (idade: 65,60 ± 5,66 anos), buscou
verificar os efeitos do treinamento físico sobre a ativação cerebral, utilizou-se como
procedimentos metodológicos a ressonância magnética, e o teste cognitivo de descriminação de
estímulos (Flanker Task). Com apenas 3 sessões por semana de caminhada (~40 – 70% da
Frequência Cardíaca Máxima - FCmáx) durante um período de 6 meses, foi possível identificar
que o grupo treinando mostrou redução de 11% no conflito de resposta na tarefa de
discriminação de estímulos e um aumento ativação cerebral na área de controle da atenção
(COLCOMBE et al. 2004).
Todavia, importa salientar que este estudo poderá auxiliar e fornecer informações aos
profissionais de Educação Física ou profissionais na área da saúde acerca da relação dos
exercícios físicos e as funções cognitivas dos idosos. Por fim, o estudo apresenta informações
que podem servir como subsídio para futuras pesquisas científicas da mesma natureza.
CONCLUSÃO
Com base nos achados do presente estudo conclui-se que 16 semanas de treinamento
multimodal foram capazes de gerar incrementos significativos na cognição, tanto em homens
quanto em mulheres idosas.
REFERÊNCIAS
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ZHENG, G. et al. Aerobic exercise ameliorates cognitive function in older adults with mild
cognitive impairment: A systematic review and meta-analysis of randomised controlled trials.
British Journal of Sports Medicine. BMJ Publishing Group, , dez. 2016.
RESUMO
Tomando como base um resgate histórico e uma contextualização sociopolítica da criação e
regulamentação da carreira dos servidores públicos Técnico-Administrativos em Educação
(TAE) das instituições federais de ensino brasileiras, apresentamos uma análise das relações
entre a carreira pública de TAE e a conjuntura política do Brasil. A análise dessa conjuntura
indica um potencial risco de agravos à saúde física e mental desses trabalhadores. Embora essa
categoria profissional represente quase 20% da força de trabalho ativa no âmbito do Poder
Executivo Federal, os servidores da carreira TAE ainda não recebem um devido cuidado. Tanto
na elaboração de normativas que visem assegurar o bem-estar, direitos e desenvolvimento
desses trabalhadores, quanto no âmbito da própria pesquisa acadêmica, a carreira Técnico-
Administrativa em Educação parece ter sofrido um apagão. A partir da análise do contexto
histórico de surgimento, desenvolvimento e constituição da identidade social da categoria TAE,
é possível notar que, desde seu implemento até os dias atuais, uma significativa transformação
do perfil desse servidor se processou. Algumas das dimensões dessa transformação parecem se
relacionar com os baixos salários, desinvestimento por parte do Estado brasileiro, baixo grau
de oportunidades de desenvolvimento na carreira e com uma desvalorização significativa que
se reflete na alta carga horária imposta e altos rendimentos esperados. Como consequência,
verifica-se servidores comprometidos com normas e tarefas, mas com tímidos vínculos
emocionais em relação à instituição em que trabalham e permanência na carreira.
PALAVRAS-CHAVE: Técnico-Administrativos em Educação (TAE's). Saúde Mental e
Trabalho. Serviço público brasileiro.
Cabe destacar que as discussões aqui apresentadas são uma versão resumida do debate
apresentado no estudo de Dall’Apria (2021), que realizou uma análise do nexo causal entre
atividade desenvolvida e doença ocupacional/afastamentos médicos de servidores ativos na
Isto porque tanto na elaboração de normativas que visem assegurar o bem-estar, direitos
e desenvolvimento desses trabalhadores, quanto no âmbito da própria pesquisa acadêmica, a
carreira Técnico-Administrativa em Educação parece ter sofrido um apagão. Paradoxalmente,
estes profissionais encontram-se atuantes dentro das Universidades e Institutos Federais,
instituições responsáveis por grande parte da produção científica no Brasil (UNIFESP, 2019).
Como consequências desse enredo, identifica-se uma gestão pelo medo, o sequestro da
subjetividade, desvalorização simbólica e coisificação das relações humanas (FRANCO,
DRUCK E SELIGMANN-SILVA, 2010). Como exemplo, pode-se citar estudo realizado sobre
indicadores de depressão no trabalho, em suma atrelados ao cenário de “flexibilidade e
desempenho” ao qual o mundo do trabalho vem sendo planejado, especialmente no âmbito da
educação no Brasil, em que Paula (2015), por meio de pesquisa realizada com professores do
magistério superior de duas universidades federais brasileiras, constatou que a precarização do
trabalho dos docentes investigados está associada a três elementos principais, definidos como
o “tripé da precarização do trabalho docente universitário”, sendo seus componentes: a)
o produtivismo acadêmico; b) o excesso de atividades burocráticas e trabalho administrativo;
c) as condições inadequadas de trabalho (PAULA, 2015).
Ribeiro (2011) compreende que é comum que essa ocupação de TAE se transforme em
um lugar de passagem; como um degrau na carreira dos concursos públicos. Outra razão
também identificada para a permanência apenas temporária em cargo da carreira Técnico-
Administrativa em Educação é a busca pela segurança propiciada pela estabilidade. Em
pesquisa com TAEs da Universidade Federal do Maranhão, observa que a oscilação do
mercado de trabalho privado incentiva a permanência dos servidores no quadro funcional,
apesar da baixa remuneração e baixa identificação com as atividades desenvolvidas em relação
divergente aos seus projetos de vida (RIBEIRO, 2011).
A autora identifica, ainda, que os servidores mais novos apresentam um desejo maior
de deixar a instituição, visto que, com esta, estabelecem “vínculos frouxos e transitórios”
(RIBEIRO, 2011, p. 43). Na contrapartida, observa que os mais antigos se revelam adaptados
ou até mesmo satisfeitos. Em análise às razões que levam a tal quadro, pondera que seja fruto
da incompatibilidade do perfil desses novos servidores com a demanda organizacional, somada
com a remuneração pouco atrativa e o baixo grau de oportunidade de desenvolvimento das
habilidades na carreira (RIBEIRO, 2011).
O assédio moral no trabalho também é encontrado na literatura como motivo que leva
servidores TAEs a terem experiências com potencial adoecedor (LOUREIRO; MENDES;
SILVA, 2017). No entanto, conforme retratado, tal panorama de sofrimento não refletiria as
vivências dos servidores da carreira como um todo, visto que os mais antigos parecem
comprazerem-se mais com as atividades e relações interpessoais estabelecidas no âmbito
profissional (RIBEIRO, 2011; SILVA, 2019).
Tal cenário viera retratar o espaço de esquecimento que esses servidores por muito
tempo ocuparam, apesar de disporem, muitas vezes, de competências técnicas e
comportamentais de grau elevado. Em seus resultados de pesquisa com servidores públicos da
carreira PCCTAE, Ribeiro (2011) observa que esse cenário cria um terreno fértil para o
surgimento de estratégias defensivas, sofrimento patogênico, e, possivelmente, menor
engajamento e mobilização.
De acordo com Druck (2011) o novo espírito do capitalismo seria caracterizado por uma
especulação financeira pautada na enfermidade, volatividade, curtos prazos e concorrência
desmedida, onde homens e mulheres se tornariam obsoletos e descartáveis em uma busca
incessante pela acumulação flexível. A flexibilidade almejada na remodelação do serviço
público se caracterizaria, assim, pelo trabalho precarizado, com pilares na terceirização,
subcontratação e trabalho part-time (ANTUNES; ALVES, 2004).
Esse tipo de trabalho surge como resultado de uma reestruturação produtiva marcada
por políticas neoliberais, processos de desindustrialização, privatizações e mutações
organizacionais e tecnológicas em que parcelas significativas de trabalhadores são expulsas do
mundo produtivo industrial (ANTUNES; ALVES, 2004).
Um dos recursos utilizados para viabilizar esse cenário se refere, segundo Druck (2011),
ao consentimento dos trabalhadores; que passam a acreditar que as transformações sociais do
trabalho são inexoráveis, e que a flexibilização é, portanto, uma fatalidade da qual não se pode
fugir (DRUCK, 2011). Configurada como estratégia de dominação, a precarização do trabalho
se apresenta em suas dimensões como a informalidade, a terceirização, a flexibilização da
legislação trabalhista, o desemprego, o adoecimento, os acidentes de trabalho, a perda salarial,
a fragilidade dos sindicatos e outras formas de vulnerabilidade social (DRUCK, 2011).
Dessa forma, no trabalho precarizado da segunda década do século XXI, verifica-se não
somente a expulsão de parcelas significativas de trabalhadores do mundo produtivo industrial
(ANTUNES; ALVES, 2004), mas também do serviço público brasileiro. Neste caso, seus
pilares se referem aos serviços digitais e desenvolvimento de aplicativos e ao contexto de
transição demográfica (WB, 2019b).
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determinantes e problemas osteomusculares nos técnico-administrativos da universidade do
Estado do Rio Grande do Norte. Revista de Gestão e Secretariado, v. 08, n. 03, p 53-69,
2017. Doi: https://doi.org/10.7769/gesec.v8i3.621.
RESUMO
Introdução: A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo agente etiológico
Mycobacterium leprae, transmitida através de vias aéreas de doentes multibacilares sem
tratamento, desde que haja contato prolongado. Apresenta tropismo por células cutâneas e
nervos periféricos. Esta afinidade é elucidada na apresentação clínica: diminuição ou perda da
sensibilidade térmica, dolorosa e tátil e diminuição ou perda da força muscular nas
extremidades. O Agente Comunitário de Saúde (ACS) é um elo entre as necessidades de saúde
e a comunidade, desempenhando o papel de mediador social. Portanto, deve estar apto a abordar
a temática da hanseníase, assim como acompanhar e orientar usuários sobre o tratamento.
Objetivos: Avaliar o conhecimento de ACS sobre as formas de contágio, identificação da
doença, manifestações clínicas, avaliação neurológica simplificada e os tratamentos
preconizados para Hanseníase. Métodos: Trata-se de um estudo observacional e descritivo,
realizado em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e duas Estratégias de Saúde da Família
(ESF) em Belém-PA, comparando as respostas de um questionário de 10 questões sobre
características gerais da hanseníase aplicado para os ACS antes e depois de uma palestra
elucidativa. O estudo foi aprovado por Comitê de Ética. Resultados: O questionário foi
aplicado para 33 participantes em 3 ambientes de atenção básica distintos, na UBS Guamá e
nas ESF Parque Amazônia I e Terra Firme. Dezesseis dos questionários preenchidos antes da
palestra apresentaram 100% de acerto, oito apresentaram 90% de acerto, seis 80% e três 60%
ou menos. Após a palestra elucidativa abordando via de transmissão, manifestações clínicas,
classificação da doença, avaliação neurológica simplificada, reações hansênicas e vacinação, o
mesmo questionário foi aplicado. Vinte e seis apresentaram 100% de acerto, seis apresentaram
90% de acerto e um questionário 80% acerto, havendo um aumento de 30,3% de total acerto
em relação a antes de receberem o conteúdo. Conclusão: Devido à alta prevalência de
hanseníase no estado do Pará e pelo caráter de notificação compulsória da doença, é
imprescindível a constante atualização sobre a mesma. Notou-se impacto positivo da presente
pesquisa quanto ao oferecimento de informações atuais sobre a hanseníase e os aspectos gerais
da doença para os ACS.
PALAVRAS-CHAVE: Hanseníase. Atenção Básica. Agentes Comunitários de Saúde.
O ACS deve estar capacitado para reconhecer os sinais e sintomas da doença, visto que
é ele o responsável por promover o vínculo entre a população e a Estratégia de Saúde da Família
(ESF) (CRUZ; ODA, 2009; BRASIL, 2007). A ESF é posta como o caminho que possibilita e
dá auxílio para o ACS desenvolver ações que abordem a temática da hanseníase, identificar a
doença, acompanhar e orientar usuários quanto ao tratamento; realizar busca ativa de faltosos;
desenvolver atividades educativas e de mobilização da comunidade, almejando uma vigilância
epidemiológica da hanseníase mais eficiente (BRASIL, 2002).
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Ciências da
Saúde da Universidade Federal do Pará sob o CAAE 39568420.2.0000.0018.
3 – A principal via de transmissão é através das vias aéreas (tosse, espirro e gotículas de saliva) de pessoas
infectadas por hanseníase, desde que haja um contato prolongado entre o doente e a pessoa saudável;
4 – O paciente com hanseníase pode apresentar alterações de sensibilidade da pele (temperatura e/ou dor
e/ou toque), assim como podem apresentar alteração motora (diminuição ou ausência de força nas mãos,
pés e dedos);
5 – Em todos os infectados por hanseníase, a apresentação da doença é somente uma lesão esbranquiçada;
8 – Os pacientes com hanseníase, dependendo da forma clínica que apresentam, podem apresentar períodos
que parece “piora” da doença e são conhecidos como estados reacionais ou reação hansênica;
9 – Os pacientes que iniciam o tratamento não devem ser orientados sobre o uso da medicação, pois não há
nenhum tipo de efeito adverso decorrente da terapia;
RESULTADOS
Tabela 1. Respostas das perguntas dos agentes comunitários de saúde da Unidade Básica de Saúde do Guamá e
das Estratégias de Saúde da Família Parque Amazônia I e Terra Firme antes da palestra. Belém-PA, 2021.
Pergunta N % N %
6 – Na avaliação do acometimento da
doença, além da avaliação da sensibilidade
da pele, é necessário avaliar a força 24 72,7% 9 27,3%
muscular das mãos, pés e dedos.
Tabela 2. Respostas das perguntas dos agentes comunitários de saúde da Unidade Básica de Saúde do Guamá e
das Estratégias de Saúde da Família Parque Amazônia I e Terra Firme depois da palestra. Belém-PA, 2021.
Pergunta N % N %
6 – Na avaliação do acometimento da
doença, além da avaliação da sensibilidade
da pele, é necessário avaliar a força 33 100% 0 -
muscular das mãos, pés e dedos.
Tabela 3. Quantitativo de acertos e erros (%) dos formulários preenchidos por cada participante da pesquisa
antes e depois da palestra sobre aspectos gerais da hanseníase. Belém-PA, 2021.
Participante Acertos antes (%) Erros antes (%) Acertos depois (%) Erros depois (%)
1 100% - 100% -
2 100% - 100% -
3 100% - 100% -
5 100% - 100% -
6 100% - 100% -
7 100% - 100% -
8 100% - 100% -
9 100% - 100% -
10 100% - 100% -
11 100% - 100% -
12 100% - 100% -
13 100% - 100% -
14 100% - 100% -
15 100% - 100% -
16 100% - 100% -
A sétima pergunta, também com 87,9% de acerto, remete o agente comunitário de saúde
a pensar sobre como orientar um paciente que acabou de ser diagnosticado e inicia o tratamento
para a hanseníase, explicando-o que pode levar uma vida normal “Ao iniciar o tratamento, o
paciente deve ficar isolado até o final da última cartela (6 ou 12 meses)”. Segundo Borenstein
e colaboradores (2008), os pacientes internados em Santa Catarina de 1940 à 1960, sofriam
discriminação pelo aspecto das lesões, privando-se da socialização. Atualmente, o paciente
infectado deixa de transmitir o bacilo a partir da primeira dose do esquema terapêutico, podendo
levar uma vida sem restrições por causa da doença.
Houve indagações com significativos erros. A pergunta com maior porcentagem de erro
(36,4%) referia-se aos estados reacionais ou reação hansênica, que são casos de
hipersensibilidade aguda que ocorrem na presença de antígenos do Mycobacterium leprae.
Podem surgir antes ou, mais repetidamente, durante e/ou após o tratamento específico com a
poliquimioteria (PIRES, 2013). Este elevado percentual de erros reflete a necessidade da
abordagem sobre o tema com mais frequência com a equipe de saúde.
Foram duas perguntas com a segunda maior porcentagem de erro, a primeira e a sexta
ambas com 27,3% de erro. A primeira diz respeito à patogênese e evolução da hanseníase, que
Não obstante, de acordo com Lourenço (2007), a educação em saúde assume papel
essencial para o diagnóstico precoce da hanseníase, prevenindo incapacidades físicas e
prejuízos na qualidade de vida. O oferecimento de informações atualizadas sobre a doença
reduzem o estigma e o preconceito causado pela infecção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
Introdução: Os primeiros casos da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS),
notificados a partir de 1980, estavam associados aos grupos considerados de risco para a
aquisição do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV): homens que fazem sexo com homens
(HSH), profissionais do sexo, hemofílicos e usuários de drogas. No início da epidemia, não se
categorizavam os idosos como vulneráveis e as campanhas de prevenção direcionadas a essa
população eram inexistentes. Ao longo das últimas décadas, o número de idosos vem crescendo
de maneira acelerada e esse estrato da população brasileira aumentou de 14,5 milhões para 20,6
milhões. Como estão vivendo mais e utilizando drogas que melhoram o desempenho sexual, os
idosos estão redescobrindo o sexo. Ao mesmo tempo, com a introdução do tratamento com
terapia antirretroviral (TARV), ocorreu o aumento da expectativa de vida, ou seja, os indivíduos
infectados estão envelhecendo com o HIV. O grande desafio é conhecer as características de
cada região para auxiliar na tomada de decisões quanto aos aspectos preventivos e de controle
da doença. Objetivo: Descrever a tendência da epidemia de HIV/AIDS em idosos no Estado
do Pará. Métodos: Trata-se de um estudo ecológico descritivo, transversal, com abordagem
quantitativa. A população foi constituída por notificações de indivíduos com AIDS, de idade
igual ou superior a 60 anos, residentes no Pará, no período de 2004 a 2014, disponíveis no
Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN). As variáveis utilizadas foram:
município; ano de diagnóstico; faixa etária; sexo; raça/cor; escolaridade; e categoria de
exposição hierarquizada. Foram consideradas como variável dependente (Y) os coeficientes
padronizados de incidência da AIDS e como variável independente (X) os anos calendário do
estudo. O nível de significância adotado foi de 95% (p<0,05). Resultados: O coeficiente de
incidência revelou que houve um constante crescimento na frequência, com pouca oscilação.
Os resultados demonstraram um total de 198 casos notificados, tendo a região metropolitana de
Belém a mais prevalente (58%). O gênero masculino foi o mais frequente (74,24%) e a faixa-
etária predominante ocorreu entre 60-69 anos (79,29%). A cor parda demonstrou o maior
número de infectados. Há um nível de ocorrência maior em idosos de baixa escolaridade e
heterossexuais. A tendência da HIV/AIDS em idosos no Pará apresentou uma reta crescente
desde 2004 a 2014; e um coeficiente de incidência de 4,5 casos por 100.000 habitantes em 2020.
Conclusão: A ocorrência da HIV/AIDS em pessoas idosas no Pará apresentou constante
crescimento no decorrer do período de dez anos de estudos, o que permitiu observar sua
tendência. Por isso, a informação e a quebra de tabu são importantes. É necessário que o
coletivo social e as equipes multidisciplinares de saúde estejam acessíveis à contemporaneidade
INTRODUÇÃO
Destaca-se, ainda, que muitos idosos que mantém comportamentos de risco não
procuram os serviços de saúde mais próximos à sua residência, pois temem encontrar pessoas
Mesmo com os avanços obtidos, no Brasil ainda há um grande número de pessoas não
diagnosticadas, problemas como dificuldades na adesão ao tratamento e uma heterogeneidade
epidemiológica. A cobertura de testagem do HIV ainda é insuficiente e diversas ações estão
sendo disparadas em busca de garantir não apenas a melhoria do acesso aos serviços de saúde,
mas também, qualidade no tratamento, porém, necessitam atingir os diversos níveis sociais
(CALIARI JS, et al., 2017).
Segundo dados apresentados pelo Ministério da Saúde (MS), o Pará ocupa o segundo
estado com maior número de mortes causadas por HIV no Brasil. Segundo a pesquisa, a falta
de informação e os descuidos são as principais causas da contaminação pelo vírus (MEDEIROS
RC, et al., 2017).
Em 2016, por ocasião da Declaração Política da Assembleia Geral das Nações Unidas
sobre o Fim da AIDS, um conjunto de países havia se comprometido com as metas propostas
— um deles, o Brasil. A meta 90-90-90 do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre
HIV/AIDS (UNAIDS) estabelecia que, desde 2015 até 2020, 90% das pessoas deveriam saber
seu estado sorológico; 90% destas deveriam estar em tratamento ininterrupto; e 90% delas
deveriam usufruir de tratamento capaz de fazê-las atingir a carga viral indetectável, ou seja,
Atualmente, estima-se que cerca de 920 mil pessoas vivem com HIV no Brasil. Dessas,
89% foram diagnosticadas, 77% fazem tratamento com TARV e 94% destas que estão em
tratamento não transmitem o HIV por via sexual por terem atingido carga viral indetectável
(BRASIL, 2020).
Segundo dados do MS, no período de 1980 a junho de 2018, foram notificados 982.129
casos de AIDS no país, com ampla distribuição em todo território brasileiro e maior predomínio
nas regiões Sul e Sudeste. As dimensões continentais do país fazem com que se estabeleçam
importantes diferenças regionais quanto ao perfil da epidemia (BRASIL, 2018).
O número de pessoas com idade acima de 60 anos infectadas com HIV tem aumentado
ano a ano, crescendo 103% entre 2007 e 2017. No mesmo período, em mulheres com mais de
60 anos, houve aumento de 21,2% dos casos. Essa é a única faixa etária em que a incidência de
mulheres com o vírus aumentou. Já na população masculina, ocorreu um crescimento de mais
de 30% de idosos com HIV (BRASIL, 2017).
Em 2019, foram diagnosticados 41.909 novos casos de HIV e 37.308 casos de AIDS,
com uma taxa de detecção de 17,8/100 mil habitantes, totalizando, no período de 1980 a junho
de 2020, 1.011.617 casos de AIDS no país. O Brasil tem registrado, anualmente, uma média de
39 mil novos casos de AIDS entre 2015 e 2019. A região Norte apresentou uma média de 4,5
mil casos ao ano (BRASIL, 2020).
A taxa de detecção de AIDS vem caindo no Brasil na última década. Em 2011, essa taxa
foi de 22,2 casos por 100 mil habitantes; e em 2019, chegou a 17,8. Em um período de dez
anos, a taxa de detecção apresentou queda de 17,2%. Em contrapartida, no estado do Pará, em
2009, a taxa de detecção de AIDS foi de 18,7 casos em 100 mil habitantes; em 2019 foi de 24,4
casos em 100 mil habitantes, representando um aumento de 46,5%, o segundo maior aumento
METODOLOGIA
RESULTADOS
Tabela 1 - Número de casos e coeficiente de incidência geral e por sexo das notificações de HIV/AIDS no
Estado do Pará, no período de 2004 a 2014.
Sexo
Casos notificados
Masculino Feminino
Ano N % Coef. de N % Coef. de N % Coef. de
incidência* incidência* incidência*
2004 12 6,06 2,25 8 4,04 1,50 4 2,02 0,75
2005 10 5,05 1,87 8 4,04 1,50 2 1,01 0,37
2006 17 8,59 3,18 14 7,07 2,62 3 1,52 0,56
2007 17 8,59 3,18 13 6,57 2,43 4 2,02 0,75
2008 18 9,09 3,37 16 8,08 2,99 2 1,01 0,37
2009 19 9,60 3,55 16 8,08 2,99 3 1,52 0,56
2010 27 13,64 5,05 19 9,60 3,55 8 4,04 1,50
2011 22 11,11 4,12 17 8,59 3,18 5 2,53 0,94
2012 27 13,64 5,05 18 9,09 3,37 9 4,55 1,68
2013 22 11,11 4,12 14 7,07 2,62 8 4,04 1,50
2014 7 3,54 1,31 4 2,02 0,75 3 1,52 0,56
Total 198 100,0 8 4,04 4 2,02
*Por 100.000 habitantes.
Fonte: MARTINHO JS, 2017; MARTINHO JS, et al., 2021; dados extraídos do SINAN.
Em relação aos casos de HIV/AIDS por município, a Região Metropolitana de Belém
(RMB) apresentou 58% (114,84) de casos notificados e os outros 42% (83,16) foram
distribuídos em outros municípios do Estado do Pará (Gráfico 1).
9
13 13
8 12
10 15
9 11 3
11
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Tabela 2 - Distribuição dos casos notificados e coeficiente de incidência de HIV/AIDS em idosos no Estado do
Pará, segundo a faixa etária, no período de 2004 a 2014.
Faixa etária
60-69 70-79 >80
Ano
Coef. de Coef. de Coef. de
N % N % N %
incidência* incidência* incidência*
2004 12 6,06 2,25 0 0,00 0,00 0 0,00 0,00
2005 9 4,55 1,68 1 0,51 0,19 0 0,00 0,00
2006 12 6,06 2,25 3 1,52 0,56 2 1,01 0,37
2007 14 7,07 2,62 3 1,52 0,56 0 0,00 0,00
2008 12 6,06 2,25 5 2,53 0,94 1 0,51 0,19
2009 15 7,58 2,81 4 2,02 0,75 0 0,00 0,00
2010 23 11,62 4,30 3 1,52 0,56 1 0,51 0,19
2011 14 7,07 2,62 6 3,03 1,12 2 1,01 0,37
2012 22 11,11 4,12 5 2,53 0,94 0 0,00 0,00
2013 18 9,09 3,37 4 2,02 0,75 0 0,00 0,00
2014 6 3,03 1,12 1 0,51 0,19 0 0,00 0,00
Total 157 79,29 25 17,68 6 3,03
*Por 100.000 habitantes.
Fonte: MARTINHO JS, 2017; MARTINHO JS, et al., 2021; dados extraídos do SINAN.
Tabela 3 - Distribuição dos casos notificados de HIV/AIDS em idosos no Estado do Pará, segundo a raça/cor, no
período de 2004 a 2014.
Ano de Diagnóstico
Raça/Cor
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total
Branca 2 2 3 4 5 0 4 1 1 1 1 24
Preta 0 1 0 2 1 1 1 2 2 0 0 10
Amarela 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Parda 8 6 14 10 10 13 16 18 20 21 6 148
Indígena 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1
Não
2 1 0 0 2 3 6 1 0 0 0 15
Notificada
Fonte: MARTINHO, JS, et al., 2021; dados extraídos do SINAN.
Com relação à escolaridade, o número de analfabetos no início do período eram dois e
tem sua maior ocorrência no ano de 2010, com quatro indivíduos. As categorias que englobam
de 1ª a 8ª são as de maior frequência, sendo que as 5ª a 8ª é a categoria que apresenta o maior
número de idosos. As menores frequências foram em escolaridades mais elevadas, com
destaque para aquelas que possuem nível superior (incompleto ou completo), apresentando
ausência de indivíduos em boa parte, no período do estudo (Tabela 4).
Tabela 4 - Distribuição dos casos notificados de HIV/AIDS em idosos no Estado do Pará, segundo a
escolaridade, no período de 2004 a 2014.
Ano de Diagnóstico
Escolaridade
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total
ANALF 2 0 2 3 3 2 4 0 6 3 2 27
1ª a 4ª 3 2 3 1 2 5 5 5 3 4 2 35
4ª CP 0 0 2 0 1 0 3 2 2 2 0 12
5ª a 8ª 2 3 5 3 2 6 6 3 2 5 1 38
FUND C 1 0 0 2 1 0 2 2 2 2 0 12
MED. I 0 2 3 0 1 1 0 1 1 0 0 9
MED. C 0 0 0 2 1 1 1 0 2 3 1 11
SUP. I 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1
SUP. C 1 0 1 2 2 0 0 0 0 2 0 8
Não
0 3 1 2 5 3 4 5 1 0 0 24
Notificada
Legenda: ANALF – Analfabetos; 4ª CP – 4ª Completa; FUND. C – Fundamental Completo; MED. I – Médio
Incompleto; MED. C – Médio Completo; SUP. I- Superior Incompleto; SUP. C – Superior Completo.
Tabela 5 - Distribuição dos casos notificados de HIV/AIDS em idosos no Estado do Pará, segundo a
sexualidade, no período de 2004 a 2014.
Exposição Ano de Diagnóstico
ao HIV 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total
Homos. 0 0 1 1 1 0 1 0 2 2 0 8
Bissex. 1 2 0 2 0 5 1 0 0 0 0 11
Heteros 11 7 14 14 15 11 18 20 18 20 7 162
Não
0 1 2 0 2 2 7 2 3 0 0 19
notificado
Legenda: Homos. – Homossexual; Bissex. – Bissexual; Heteros – Heterossexual.
A análise de tendência geral foi feita pelo modelo de tendência linear (padrão), onde foi
construída uma linha reta de melhor ajuste, pois é utilizado com conjuntos de dados lineares
simples; equação linear possui o formato Y = bX + a, onde: Y é a previsão da demanda para o
período X; a é a ordenada à origem ou intersecção no eixo dos Y; b é o coeficiente angular; e
X o período (partindo de X = 0) para previsão.
Para a reta de tendência de 2014 a 2020, no início do período (2014) a reta mostra um
coeficiente de incidência aproximado de 4,0 casos de HIV/AIDS em idosos por 100 mil
habitantes. Com o crescimento de ano a ano, nos próximos 5 anos (2015-2020) foi projetado
para aproximadamente 4,7 casos por 100 mil habitantes.
Embora esse crescimento fique abaixo de picos dos coeficientes de incidência que
ocorreram em 2010 e 2012, a tendência se mostra acima de todos os demais coeficientes de
incidência de todo o período do estudo.
2.50 2.25
1.87
2.00
1.50 1.31
1.00
0.50
0.00
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Fonte: MARTINHO JS, 2017; MARTINHO JS, et al., 2021; dados extraídos do SINAN.
DISCUSSÃO
Quanto à faixa etária, este estudo demonstrou maior incidência de HIV/AIDS na idade
de 60 a 69 anos, com 79,29% das notificações. Resultados semelhantes foram encontrados por
Ferreira TC, et al. (2015), onde 95% dos pacientes também possuíam esta idade. O aumento da
atividade sexual entre os idosos, o incremento de tecnologias que favorecem o prolongam o
desempenho sexual e a rejeição no uso de preservativos, são fatores que podem estar
cooperando para este novo perfil de pandemia. A idade mais avançada está significativamente
associada à sobrevida encurtada, sugerindo que fatores como a gravidade de doenças crônicas
comuns complicadas ou a capacidade de lidar com infecções graves, ao invés de padrão de
doença, são responsáveis pela diminuição do tempo de vida (SILVA RA, et al., 2017).
Neste estudo, a baixa escolaridade foi evidente, com predominância de idosos com
escolaridade até o fundamental completo. O baixo nível educacional é um indicador importante
para o aumento das taxas de idosos infectados, uma vez que as pessoas com menor escolaridade
tendem a assimilar a informação inadequadamente, contribuindo para uma baixa compreensão
da doença. A educação é uma variável importante da estratificação social. As pessoas idosas
que possuem baixa escolaridade são mais vulneráveis a infecções, incluindo o HIV. Além disso,
quanto mais elevado for o nível de conhecimento, maior será o grau de instrução e menores as
ocorrências de patologias como as ISTs (ALENCAR RA e CIOZAK SI, 2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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RESUMO
A anemia ferropriva é um importante distúrbio que afeta um terço da população mundial, tendo
como principais causas a ingesta restrita de alimentos que contenham o mineral, doenças
primárias que dificultam a absorção, debilidade no transporte do ferro, aumento da demanda ou
perdas por sangramentos. Este trabalho teve por objetivo analisar o perfil das internações por
anemia ferropriva em mulheres de Minas Gerais. Teve como universo de pesquisa o Sistema
de Informações Hospitalares do Sistema único de Saúde (SIH/SUS), disponibilizado pelo
Departamento de Informática do SUS (DATASUS), no endereço eletrônico
http://www2.datasus.gov.br, referente ao número e perfil clínico das internações em Minas
Gerais, no período de janeiro de 2008 a dezembro de 2020. Foram registrados um total de
10.141 casos de interações hospitalares por anemia ferropriva em mulheres de Minas Gerais,
com taxa de mortalidade média de 4,15. O número variou de 646 a 1.295, com uma média de
780 casos. Observou-se uma diminuição expressiva no número de casos entre 2008 e 2020
(45,9%), no entanto, a taxa de mortalidade aumentou. Houve um maior número de notificações
na região Sul (n. 2.581/25,4%) e Centro (n. 1.588/15,6%). No entanto, regiões com baixos
índices de internações (Nordeste e Centro Sul), apresentaram maiores taxas de mortalidade 6,4
e 6,33%. As internações predominaram, na faixa acima de 60 anos (n. 4.613/44,3%) e em
mulheres da cor/raça branca (n. 3.834/39,46%). Quanto ao caráter de atendimento, a maior parte
dos casos foram de urgência (n. 10.062/99,26%) e em regime privado (n. 5.243/64,93%). No
que diz respeito aos gastos, o valor total foi de 3.640.775,18 reais, com gasto médio de R$ 359
por internação. O número total de óbitos pela doença foi de 421, com média anual de 32 casos.
Ao analisar o número de óbitos e taxa de mortalidade de acordo com a faixa etária, esses foram
mais expressivos acima dos 60 anos. De acordo com os resultados do presente estudo, foi
O presente artigo teve por objetivo analisar o perfil das internações por anemia
ferropriva em mulheres do estado de Minas Gerais, no período entre 2008 e 2020.
MÉTODO
A coleta de dados ocorreu no mês de março de 2020 por meio da utilização do Sistema
de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), disponibilizados pelo Departamento de
Informática do SUS (DATASUS), no endereço eletrônico (http://www2.datasus.gov.br)
(BRASIL, 2020). As variáveis estudadas foram: as sociodemográficas (faixa etária e cor/raça)
e clínicas (número de internações por ano e região; caráter e regime de atendimento; taxa de
mortalidade; bem como os custos das internações).
Para análise estatística (análise descritiva e teste qui-quadrado) foi utilizado o software
Excel 12.0 (Office 2013) e o programa StatisticalPocckage for the Social Sciences (SPSS) para
Windows, versão 15.0 e Origin 7.1.
RESULTADOS
Figura 1. Número de internações por anemia ferropriva em mulheres de Minas Gerais, 2008 a 2020.
Figura 2. Número de internações e taxa de mortalidade por anemia ferropriva em mulheres de acordo com as
macrorregiões de saúde de Minas Gerais, 2008 a 2020.
12,000 10,141 7
6.33 6.25 6.4 6
10,000 5.87 5.53 5.36
8,000 4.83 5
4.27 4.15 4
6,000 3.56 3.72 3.39 3.87
3
4,000 2,581 2.52 1.94
379 1,588 2
128 528 211 1,033 1,111 318 414 453 253 783
2,000 361 1
0 0
Tabela 1: Dados sociodemográficos e clínicos das pacientes internadas por anemia ferropriva em Minas
Gerais, 2008 a 2020.
Variáveis N %
Faixa etária
Menor de 1 ano 151 1,55
1 a 4 anos 283 2,86
5 a 9 anos 85 0,93
10 a 14 anos 162 1,57
15 a 19 anos 374 3,93
20 a 29 anos 737 7,64
30 a 39 anos 1.009 10,13
40 a 49 anos 1.653 16,36
50 a 59 anos 1.074 10,70
60 a 69 anos 1.219 11,59
70 a 79 anos 1.632 16,16
80 anos e mais 1.762 16,52
Cor/Raça
Branca 3.834 39,46
Preta 686 6,66
Parda 2.979 27,74
Amarela 11 0,75
Indígena 13 0,16
Sem informação 2.518 25,20
Caráter de atendimento
Eletivo 79 0,74
Urgência 10.062 99,26
Regime
Público 1.317 16,31
Privado 5.243 64,93
Ignorado 3.581 18,76
Gastos
Público 509.589,17 18,10
Privado 1.734.964,42 61,64
Ignorado 1.396.221,59 20,26
Fonte: Sistema de Informações Hospitalares do SUS – SIH/SUS
O número total de óbitos pela doença foi de 421, com média anual de 32 casos. Os anos
de 2008 a 2010 detiveram os maiores números, devendo lembrar que nesses anos houve também
os maiores números de internações.
Ao analisar o número de óbitos de acordo com a faixa etária, esses começaram a ocorrer
de forma mais expressiva a partir da faixa de 20 a 29 anos, aumentando progressivamente até
atingir seu pico na faixa etária com maior número de internações, acima dos 80 anos (28,61%).
Entretanto, a taxa de mortalidade apresenta oscilações em função da faixa etária, sendo mais
expressiva também acima dos 80 anos (7,43%) (Figura 3).
DISCUSSÃO
A anemia por deficiência de ferro (ADF), afeta pessoas de todas as idades em todo o
mundo, em países desenvolvidos ou em desenvolvimento, sendo considerada um problema de
saúde pública pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 2001).
Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, em torno de 20% a 35% das mulheres
não gestantes têm ADF, principalmente por perdas menstruais ou inadequada ingestão ou
absorção do ferro (SILLA et al., 2013), fatores que podem contribuir para hospitalização dos
pacientes acometidos.
É possível observar através do presente estudo que as regiões Sul (n. 2581) e Central (n.
1588), foram as que apresentaram um maior número de internações. O alto número de
internações por ADF nessas macrorregiões podem ser interpretadas pelo maior volume
populacional, associado há um maior número de leitos, estrutura e complexidade de
atendimento à saúde existentes nestas áreas. No entanto, é fundamental a compreensão dos
fatores de risco em cada população para que se possam oferecer medidas eficazes de prevenção
e controle.
Quanto às internações por faixa etária, observou-se maior frequência entre pacientes
com idade acima de 60 anos (44,3%), semelhante a taxa encontrada no estudo de Fernandes et.
al. (2020) e de Souza Junior et. al. (2019). No entanto, divergentes dos resultados encontrados
por FABIAN et. al. (2007) no Rio Grande do Sul. A ADF na população idosa está relacionada
ao péssimo estado nutricional, que contribuí ao intenso acesso aos sistemas de saúde e
consequentemente as hospitalizações.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) mais de dois bilhões de pessoas
no mundo estavam acometidas por anemia no ano de 2015, contudo a anemia é o problema
hematológico mais comum identificado em pessoas idosas, por isso é importante a prevenção
da anemia para evitar consequências, como a redução da qualidade de vida dessa população
(BUFFON et al., 2015).
No presente estudo, verifica-se, que no período de treze anos, o estado de Minas Gerais
gastou R$ 3.640.775,18 reais, com gasto médio de R$ 359 por internação relacionado a anemia
ferropriva. Um estudo realizado na Bahia por Martins e Teixeira (2017), com pacientes
internados por anemia falciforme, destacou um gasto total em 7 anos de R$ 2.894.556,63, e
médio de R$ 357,8 por internação. Apesar de não se tratar da mesma patologia, percebe-se que
o valor médio dos gastos das internações por anemia falciforme e por anemia ferropriva se
assemelham. A forma de análise financeira utilizada pela AIH e pelo SIH/SUS é uma condição
limitante das informações do sistema, que se baseia em características de bancos de dados
administrativos em geral (MARTINS; TEIXEIRA, 2017).
Percebe- se uma grande variação nas taxas de mortalidades por macrorregiões de saúde
de Minas Gerais, com destaque para as regiões Nordeste (6,4) e Centro Sul (6,33), com taxas
que ultrapassam a média estadual (4,15). Estudos também têm demonstrado que pessoas com
pior condição socioeconômica e escolaridade mais baixa estão mais propensas a apresentar
maior morbimortalidade pela doença, por conta do menor acesso a uma alimentação adequada
e variada, bem como tratamentos intensivos (MACHADO et al., 2019).
O número total de óbitos pela doença foi de 421, com média anual de 32 casos. Ao
analisar o número de óbitos e taxa de mortalidade de acordo com a faixa etária, esses são mais
expressivos acima dos 60 anos. A anemia em idosos é um problema comum, com aumento da
prevalência a cada década, estando associada a incapacidades, pior função cognitiva e aumento
da morbidade e mortalidade. Além disso, condições crônicas que afetam grandemente a
população idosa, como câncer e doença renal crônica, podem resultar em anemia e levar a um
pior prognóstico. Assim, a anemia em indivíduos mais velhos requer maior atenção da saúde
pública, não apenas por sua alta prevalência, mas também por suas potenciais consequências
para a saúde (MACHADO et al., 2019).
De acordo com os resultados do presente estudo, foi possível detectar uma redução no
número de internações por anemia ferropriva em mulheres de Minas Gerais, no período
analisado. No entanto, a taxa de mortalidade tem aumentado principalmente entre as pacientes
idosas.
REFERÊNCIAS
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pela Estratégia Saúde da Família. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, v. 18, n. 2, p.
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com a faixa etária, em Goiás entre 2008 e 2018. Rev. Edu. Saúde, Anápolis, v. 7, supl. 3, p.
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ZALTMAN, Cyrla; COSTA, Marcia HM. Deficiência de ferro nas afecções gastrointestinais
do adulto. Rev. Bras. Hematol. Hemoter., São Paulo, v. 32, supl. 2, p. 70-77, 2010.
RESUMO
Objetivo: Analisar as manifestações oculares adversas ao uso de corticosteróides na
oftalmologia, apresentando indicações e vias de administração dessas drogas. Revisão
bibliográfica: Os corticóides são hormônios endógenos, produzidos pelo córtex da adrenal e
também podem ser obtidos de forma exógena pelas medicações. Nesse contexto, a
corticoterapia é aplicada em uma gama de patologias, incluindo as oculares. Somando-se a isso,
existem diversas vias de administração utilizadas na oftalmologia, como: comprimidos,
injeções subconjuntivais, perioculares, intraoculares ou intravítreas e medicamentos tópicos.
Apesar das vantagens da corticoterapia em tratamentos oftalmológicos, há possibilidade de
ocorrência de efeitos adversos, muitas vezes graves e irreversíveis, relacionados ao uso,
principalmente naqueles pacientes que fazem administração prolongada e/ou de doses elevadas.
Em relação ao sistema ocular, os principais efeitos adversos são aumento da pressão intraocular,
glaucoma, catarata e, raramente, endoftalmite e coriorretinite. Considerações finais: Esta
revisão bibliográfica, portanto, tem como objetivo abordar o uso indispensável da corticoterapia
e as ressalvas sobre o seu manejo cauteloso, com indicação e supervisão médica, baseado na
clínica e no perfil do paciente.
PALAVRAS-CHAVE: Corticosteróides, Manifestações oculares, Efeitos adversos
INTRODUÇÃO
Tais eventos podem ser sistêmicos, como aumento da glicemia, retenção de líquidos,
acidose, hipocalemia, ou restritos a alguns sistemas do organismo. Aumento da pressão
intraocular, glaucoma, catarata, endoftalmite e coriorretinite constituem os principais eventos
adversos que acometem o sistema ocular (FUNG AT, et al., 2020; KADMIEL M, et al., 2016).
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Como tais quadros cursam com vasculite, ao ser diagnosticado devemos na emergência
fazer corticóide endovenoso, pulsoterapia com metilprednisolona e, geralmente, iniciar dose
diária de corticóide oral. Quando não há respostas clínicas dessa terapêutica, edema macular ou
inflamação crônica, se usa a via de depósito subtenoniano (acetato de triancinolona), pois
possibilita maior absorção e reduz efeitos colaterais (HADLER BC e BORGES H, 2018).
A corticoterapia para toxoplasmose ocular não apresenta consenso sobre o seu uso e
início. A terapia clássica é antibiótico com corticóide, principalmente prednisona via oral. Há
CORTICÓIDE TÓPICO
O uso de corticóide tópico pode ser indicado de forma isolada ou, em casos graves e
refratários, junto com a via sistêmica. Na oftalmologia, o uso tópico se dá por meio de colírios
ou pomadas, preparados em soluções ou suspensões, permitindo melhor absorção na câmara
anterior do olho e, assim, rápida ação antiinflamatória. Seus principais exemplares são os
colírios de dexametasona, fluormetolona, betametasona, prednisolona e rimexolona (GÓMEZ
DP, et al., 2011; ZEMANOVÁ M e MATUSKOVÁ V, 2017).
Destacam-se como principais indicações desta via: uveítes, blefarite, esclerite, ceratites,
hemangioma neonatal, conjuntivite alérgica, síndrome do olho seco grave, lesões mucocutâneas
da conjuntiva, inflamações pós-operatórias e até transplantes de córnea. Para a terapia de
qualquer um desses quadros, é recomendado que o início da terapia seja realizado de forma
mais agressiva garantindo resolução mais rápida do quadro, e reduzindo a duração do
tratamento e os efeitos colaterais. Além disso, é necessário o monitoramento periódico da PIO
dos pacientes durante o uso e, logo após a melhora clínica, deve-se realizar o desmame do
corticóide (FINAMOR LP, et al., 2002).
CORTICÓIDE PERIOCULAR
O uso do corticóide periocular tem como principais indicações: uveíte anterior aguda
severa em portadores de Espondilite Anquilosante, uveítes anteriores crônicas resistentes, nas
quais é utilizado juntamente de corticóides sistêmicos, pós-operatórios de cirurgia de catarata,
transplante de córnea e retina, uveítes intermediárias e vasculites retinianas, reação inflamatória
vítrea associada com a síndrome de recuperação imunológica em pacientes com AIDS, em
CORTICÓIDE SISTÊMICO
Esta é uma terapia que necessita de cautela e controle ao ser administrada. Inicialmente,
deve-se excluir infecções, calcular a pressão intraocular (PIO) e acompanhá-la. Está associada
com a formulação tópica e a primeira escolha é a prednisona de 1 a 1,5 mg/kg/dia, em dose
única pela manhã (SULAIMAN R, et al., 2018; ZEMANOVÁ M e MATUSKOVÁ V, 2017).
Podem ser listadas como principais indicações dessa modalidade de terapia: uveíte
tuberculosa, oftalmia simpática, sarcoidose, espondilite anquilosante, Síndrome de Behçet,
vasculites idiopáticas, toxoplasmose, conjuntivite herpética, oftalmopatia associada à tireoide,
rejeições graves de enxerto da córnea, traumas oculares e pseudotumor orbital. É recomendado
iniciar uma redução lenta da dosagem inicialmente estabelecida, monitorando cuidadosamente
os pacientes em relação aos efeitos adversos da medicação a longo prazo e utilizar a
pulsoterapia em alguns casos de uveíte autoimune, especialmente em pacientes com doença
ocular grave bilateral e com risco de perda visual rápida, como neurite óptica. Em geral o
tratamento é feito com metilprednisolona 500 mg-1g/dia, durante três dias (FINAMOR LP, et
al., 2002).
CORTICÓIDE INTRA-OCULAR
Após o início de tratamento com corticoide oral e o tempo necessário para o surgimento
das complicações, foi relatado em variados ensaios clínicos randomizados que a incidência de
catarata varia entre 6,4% e 38,7%. Diante do diagnóstico, deve-se suspender a corticoterapia;
se estágio inicial, pode haver resolução do quadro, entretanto em alguns pacientes, mesmo após
a retirada da droga, a doença progride.
Essa patologia se caracteriza por uma reação inflamatória transitória que, de forma
geral, apresenta-se com hipópio e manifesta após dois a três dias da injeção intravítrea de
acetato triancinolona. Em sua maioria, é ausente ou mínima a inflamação da esclera e da
conjuntiva; dor e fibrina na câmara anterior são encontrados em raros casos. Tal quadro
O manejo deve ser cauteloso e bem monitorado, preferindo terapias com baixas
dosagens e medindo a PIO prévia ao tratamento, para dar seguimento de acordo com a proposta
terapêutica. Em pacientes com terapia tópica, a PIO deve ser reavaliada em 2 semanas após
início do tratamento, depois em 4 semanas e a cada 2 a 3 meses posteriormente. Já pacientes
portadores de doenças como LES, que necessitam de corticoterapia crônica deve acompanhar
a PIO no primeiro mês, depois após 3 meses e, por fim, a cada 6 meses. Caso a PIO aumente
muito com o uso do corticóide tópico ou sistêmico, deve-se retirá-lo ou substituí- lo por outra
formulação, como Fluormetolona, se não puder suspender a terapia, pode-se adicionar um
colírio betabloqueador como o Maleato de Timolol (LIAÑO LP, et al., 2012).
Para a retirada dos glicocorticóides (GC) deve-se atentar à possibilidade de que o eixo
hipotálamohipófise- adrenal esteja suprimido. Dessa forma, é aceitável uma retirada abrupta do
GC quando é feito seu uso por até 7 dias, independente da dose, pois nessas condições o eixo
tem condições de se recuperar. Nesse contexto, propõe-se uma retirada mais rápida quando está
bem acima da dose fisiológica e assim, quando se encontra na faixa de dose fisiológica, gradua-
se a retirada proporcionando às glândulas supra-renais uma estimulação progressiva por ACTH
endógeno e a recuperação de seu trofismo e capacidade de produção de esteróide. Ressalta-se
Não há um consenso proposto de retirada, com exceção da terapia aguda (7-14 dias),
em que não há supressão do eixo HHA, e, assim, a retirada abrupta é recomendada. Os
protocolos fazem uma retirada gradual, cujo objetivo inicial é reduzir para dose fisiológica.
Antes de iniciar a retirada deve se realizar exames para monitorar a doença base e ficar atento
a reagudização, caso não tenha doença base, a redução para posologia fisiológica será mais
rápida (ALVES C, et al., 2008).
(ALVES C, et al., 2008) propõe no seu serviço reduzir 20% (se doença base, reduzir
10%) da dose a cada 2-4 dias até atingir a dose fisiológica, em seguida, diminuir para metade
da dose fisiológica, em 2-4 semanas. Ao atingir a metade da dose fisiológica (5-6 mg/m2/dia
hidrocortisona ou 5-6 mg/m2/dia de prednisona) dosar o cortisol sérico matinal e ACTH
mensalmente até atingir valores normais. Esta redução pode ser por meio da dose apenas uma
vez ao dia (matinal) e depois passar a administrar em dias alternados ao longo da semana.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
REFERÊNCIAS
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CAPACIA RBS, FERRAZ RRN. Vias de administração de corticosteróides e sua relação com
o desenvolvimento de glaucoma cortisônico: síntese de evidências. Revista UNILUS Ensino e
Pesquisa, 2018; 15(41).
FINAMOR LP, et al. Corticoterapia e Uveítes. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 2002; 65:
483-6
FUNG AT, et al. Local delivery of corticosteroids in clinical ophthalmology: A review. Clinical
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GÓMEZ DP, et al. Enfoque actual del empleo de corticosteroides en la terapéutica ocular.
Medisur, 2011; 9(4): 360- 366.
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Infecciosa Crônica. Cochrane Database Syst Rev, 2016; 2.
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med. Ulbig, Dr. med. Nentwich, 2012.
ROSSI C, et al. Treatment of chronic non-infectious uveitis and scleritis. Swiss Medical
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SULAIMAN R, et al. Glucocorticoid receptor signaling in the eye. Steroids, 2018; 133: 60-66.
VANDERBEEK BL, et al. The Association between Intravitreal Steroids and Post-Injection
Endophthalmitis Rates. American Academy of Ophthalmology. 2015. 122(11): 2311–2315.e1.
DOI: 10.47402/ed.ep.c202155523980
RESUMO
Na atualidade, apesar dos avanços sociais e científicos, a concepção de maternidade no senso
comum se mantém alimentada por opiniões pautadas em ideais machistas e patriarcais, que
entendem o desejo pela maternidade como algo inerente às mulheres e consideram o maternar
como determinante para a autorrealização das mesmas, além de correlacionar o cuidado das
crianças com o feminino. Esta visão, por sua vez, invalida as subjetividades e particularidades
de cada experiencia materna. O objetivo deste trabalho é compreender o impacto da
romantização da maternidade na vida das mães, propondo a reflexão sobre o peso das cobranças
sociais envolvidas neste processo. Como metodologia foi realizada a revisão bibliográfica de
seis artigos relacionados ao tema, que foram analisados a partir dos livros utilizados na
introdução e embasamento teórico deste trabalho. As informações encontradas demonstraram
que a maternidade pode ser tanto fundamental quanto dispensável na vida de uma mulher,
portanto, não é passível de definição universal. Além disso, constatou-se que as contradições
entre a visão romantizada que se mantém no imaginário do senso comum e a maternidade real,
passível de dificuldades, influenciam na saúde emocional das mulheres.
PALAVRAS-CHAVE: Romantização; Maternidade; Cobrança social; Saúde emocional
INTRODUÇÃO
Ao longo do século XX, a ideia da maternidade associada pelo senso comum como algo
característico e atribuído às mulheres de maneira universal foi bastante questionada, inclusive
por influências do feminismo, porém, mesmo com as influências do movimento, ainda
REFERENCIAL TEÓRICO
De acordo com Badinter (1985), no século XVIII era comum que as mães se separassem
das crianças, inclusive em seus primeiros anos de vida, período de amamentação dos bebês.
Ainda segundo a autora, esse fenômeno originado na França urbana do século XVII e
constatado por historiadores revela que muitas crianças na época eram amamentadas por amas
de leite, umas em suas próprias residências, enquanto outras deixavam o seio materno para ter
sua criação e serem alimentadas no domicílio de alguma ama até certa idade, quando
retornavam ao lar. Já algumas faleceram sem ter contato com suas mães ou sequer
conhecimento delas.
Então, “por que razões a mãe indiferente do século XVIII transformou-se em mãe coruja
nos séculos XIX e XX? Estranho fenômeno essa variação das atitudes maternas, que contradiz
a ideia generalizada de um instinto próprio tanto da fêmea como da mulher!” (BADINTER,
1985, p. 19). Segundo a autora supracitada, a imagem da mãe indiferente do século XVIII serviu
de alicerce para a construção da imagem contemporânea da “boa mãe” ao longo da história.
Segundo Souza, Franca e De Deus (2019, p. 2), perante essa realidade, “o exercício da
maternidade apresenta-se então como umas das principais funções da mulher, que ante o receio
da estigmatização social, independentemente das condições a que está submetida, sente-se não
raramente obrigada moralmente a exercê-la”. Ainda segundo as autoras, diante de sentimentos
como culpa e obrigação, a maternidade na vida das mulheres se apresenta de forma
Nesse contexto, a saúde emocional das mulheres, mais especificamente das mães, é
bombardeada por todos os lados. Muitas vezes, na tentativa de cumprir com a “moral e os bons
costumes”, saciar as expectativas de mãe ideal na sociedade buscando dedicar-se integral e
exclusivamente às crianças, as mães se esquecem de si mesmas enquanto suas próprias
identidades e subjetividades se esvaem, fundidas na imagem e no desempenho do papel
socialmente aceito de mãe. Como reflexo disso, deparamo-nos com “mulheres sobrecarregadas,
infelizes, excluídas e culpabilizadas” (SOUZA; FRANCA; DE DEUS, 2019, p. 3), pois, como
ressalta Badinter (1985, p. 22), “o amor materno é apenas um sentimento humano. E como todo
sentimento, é incerto, frágil e imperfeito”. Assim como o amor, o exercício da maternidade é
algo humano, com todas as suas particularidades, contextualidades, dificuldades e realidades,
sendo, portanto, inalcançável a perfeição em seu desempenho.
METODOLOGIA
Esta pesquisa foi realizada a partir de uma revisão de literatura integrativa, ou seja, os
dados para o presente estudo foram pré-selecionados, levantados e coletados de estudos já
existentes, e posteriormente analisados de modo a estabelecer relações, reflexões e críticas com
a problemática proposta (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da exploração dos dados encontrados nos artigos, foram identificados, por
repetição, quatro grandes grupos de assuntos pertinentes à temática estudada. A partir dos
grandes grupos foram eleitas quatro categorias de análise, a saber: (1) Maternidade como
construção histórica, social e cultural; (2) Maternidade como produção de desigualdade entre
gêneros; (3) Julgamento social do comportamento materno; e (4) Influência do feminismo na
temática da maternidade.
7 A autora citada geralmente utiliza o termo “cuidados domésticos”, porém nesta pesquisa optou-se por substituí-
lo por “afazeres da casa” em razão da origem do termo “doméstico”, que, segundo publicado no site Carta Capital,
reproduz o processo histórico de animalização de pessoas negras, como demonstra o seguinte trecho: “Domésticas
eram as mulheres negras que trabalhavam dentro da casa das famílias brancas e eram consideradas domesticadas.
Isso porque os negros eram vistos como animais e por isso precisavam ser domesticados através da tortura”
(ALEXANDRE PUTTI, 2019, seção Sociedade).
Como evidência dos argumentos de Vasconcelos (2019) destacados acima, pode-se citar
o seguinte trecho de Xavier e Zanello (2018, p. 19): “São mulheres que sofrem violência de
gênero pela via da imposição da maternidade e se encontram extremamente desempoderadas”.
Aparentemente, segundo Xavier e Zanello (2018), essas mulheres percebem a violação de seus
direitos fundamentais, porém habitualmente entendem por ajuda as ações do Estado a favor da
garantia de tais direitos e a atitude dos homens quando assumem suas responsabilidades e
exercem a paternidade de forma adequada, cumprindo com os seus deveres.
De acordo com os comentários retirados de uma rede social e analisados por Luna e
Corradi (2017, p. 13), como citado em: “[…] tiro minha roupa do corpo, minha pele, minha
alma, mas não iria expor meu bebê às bactérias e ao frio desse jeito”, os usuários demonstram
inconformidade diante da atitude da mãe em questão, comparando-a com o que esperam de um
comportamento materno. Além disso, parecem entender que uma mulher-mãe ideal é a que se
dedica inteiramente para a sua criança, a qualquer custo (LUNA; CORRADI, 2017).
Conforme Luna e Corradi (2017, p. 16), “[...] entre os comentários analisados, os com
teor julgativo são os que têm maior número de curtidas”, possivelmente demonstrando que,
para a maioria das pessoas envolvidas no estudo, as mulheres-mãe que não exercem a
maternidade correspondendo às expectativas sociais de comportamento materno são
consideradas inadequadas ou descuidadas. Diante disso, é possível que muitas mulheres sejam
oprimidas no exercício de sua maternidade por se comportarem de maneira não validada pelo
ideal imposto no âmbito social (VÁSQUEZ, 2014).
Segundo Vásquez (2014), após sua segunda onda, o movimento feminista passou a
questionar se de fato todas as mulheres desejavam desvencilhar as suas existências da
maternidade. Estabeleceu-se então uma nova discussão e relação com a temática que valorizava
a concepção de que exercer a maternidade era um poder exclusivamente feminino (VÁSQUEZ,
2014), ou seja, “[...] o poder da mulher residia justamente na capacidade de gestar o ‘outro’
dentro de si mesma” (VÁSQUEZ, 2014, p. 175). Já no século XXI, “[...] o feminismo da
contemporaneidade pretende romper com categorias fixas e fechadas para a ideia de uma
possível “identidade feminina” (VÁSQUEZ, 2014, p. 178).
Em suma, a maternidade foi vista desde a concepção que a naturaliza como “[...] inscrita
no corpo e na mente das mulheres desde sempre” (VÁSQUEZ, 2014, p. 177) até a concepção
atual, considerada um fenômeno social, histórico, mutável e questionável no que tange ao
exercício da maternidade relacionado aos estereótipos de gênero criados e impostos pela
sociedade (VÁSQUEZ, 2014).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se a partir desta pesquisa que a maternidade fora do senso comum não é algo
inscrito na natureza da mulher, mas sim uma concepção que foi construída ao longo da história
da humanidade, portanto mutável e influenciada por diversos discursos e seus desdobramentos,
os quais atravessam as experiências de maternidade de muitas mulheres. Diante disso,
compreende-se que a maternidade não é determinante para a felicidade das mulheres nem deve
ser determinada na vida delas. Tampouco é passível de definição absoluta, sendo vivenciada de
forma única por cada mulher que desejar passar por essa experiência.
Sugere-se a realização de uma pesquisa de campo com homens para que sejam coletados
dados a respeito de quantos deles contribuem no cuidado e na educação das crianças e quantos
entendem esse papel como responsabilidade conjunta ou como ajuda às mães. Além disso,
sugere-se ainda um grupo de mulheres visando o fortalecimento de vínculo entre elas,
propiciando também o autoconhecimento e o empoderamento para enfrentar a culpabilização,
a sobrecarga e o julgamento social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. (6ª ed.) São Paulo: Atlas, 2008.
ROCHA-COUTINHO, M. L. Tecendo por trás dos panos: A mulher brasileira nas relações
familiares. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
LUNA, A.; CORRADI, A. “Não estou aqui para julgar, mas uma mãe de verdade não faria
isso”: Análise de discursos julgativos sobre a maternidade no Facebook. 1 Encontro de
Pesquisa em Comunicação na Amazônia - Universidade Federal do Pará. Belém, PA,
Brasil, pp. 1-18, nov, 2017. Disponível em: http://epcamazonia.com.br/wp-
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SOUZA, M. T.; SILVA, M. D.; CARVALHO, R. Revisão integrativa: O que é e como fazer.
Einstein (São Paulo), 8(1), pp.102-106, jan-mar, 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1679-
45082010000100102&script=sci_arttext&tlng=pt
VÁZQUEZ, G. Maternidade e feminismo: Notas sobre uma relação plural. Revista Trilhas da
História, 3(6), pp.167-181, jun, 2014. Disponível em:
https://periodicos.ufms.br/index.php/RevTH/article/view/472
Nelma Maria de Souza Mattioli, Diretora Pedagógica - Colégio São Joaquim, Lorena, SP.
Ricardo Bustamante, Docente no Centro Universitário Salesiano de São Paulo, Lorena, SP.
Mestrando em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Projeto Educacionais, EEL-
USP, Lorena, SP.
Rosana Mara de Freitas Viscondi, Docente em Ciências Biológicas na instituição “E.E. PEI
Professor Luiz de Castro Pinto” – Lorena, SP.
Maria Auxiliadora Motta Barreto, docente e pesquisadora, EEL-USP
RESUMO
O espaço educativo é ideal para desenvolver ações que promovam a saúde por meio de uma
alimentação saudável, pois exerce grande influência na vida dos alunos. A presente atividade
visou desenvolver a compreensão da importância da alimentação saudável, por meio de
estratégias investigativas sobre as escolhas de alimentos, contribuindo na prevenção das
doenças comuns relacionadas à má alimentação. A pesquisa foi realizada em Lorena – S.P,
numa escola da rede privada, como público-alvo 25 alunos do 8º ano B, do Ensino Fundamental.
Em sete etapas propostas, foram utilizadas estratégias de investigação, informação e orientação
sobre as escolhas de alimentos, oportunizando a participação e vivência em diversas
experiências, onde os alunos atribuíram significados a novas informações apresentadas ou por
eles descobertas. No decorrer deste trabalho, observou-se que na discussão acerca de hábitos
alimentares mais saudáveis, os alunos demonstraram aquisição de conhecimentos
contextualizados sobre alimentação e facilidade na compreensão dos conceitos apresentados.
Na análise dos dados obtidos, verificou-se que os alunos desenvolveram o senso crítico acerca
de hábitos alimentares mais saudáveis e escolhas conscientes.
PALAVRAS-CHAVE: Práticas alimentares. Promoção de saúde. Ensino Fundamental.
1 INTRODUÇÃO
O espaço educativo é o lugar ideal para desenvolver ações que promovam a saúde por
meio de uma alimentação saudável, pois exerce grande influência na vida dos alunos. O
componente curricular de Ciências do 8º ano do Ensino Fundamental propõe uma discussão
fundamentada e contextualizada dos conteúdos básicos sobre alimentação, educação alimentar
e nutricional inseridos no ambiente escolar (BNCC, 2018).
Nesse sentido, a escola e o professor passam a adotar novas práticas que possibilitem
aos alunos desenvolverem autonomia para realizar escolhas que favoreçam comportamentos
adequados e positivos, entre eles, estão os hábitos alimentares saudáveis.
Para Viunisk (2005) apud Sousa (2006) a escola tem potencial para estimular hábitos
alimentares saudáveis, através do desenvolvimento de programas educativos que promovam
modificações nos alimentos comercializados nas cantinas, explicando o porquê das alterações
Nessa perspectiva, Benetti & Carvalho (2002) apontam que a utilização de diferentes
procedimentos de ensino pode fomentar uma atitude reflexiva por parte do aluno, na medida
em que oferece oportunidades de participação e de vivência em diversas experiências, desde
que seja solicitada a tomada de decisões, de julgamentos e de conclusões.
Forato et al. (2003) apud Sousa (2006) defende que a escola é um espaço propício para
a aprendizagem sobre alimentação e nutrição, podendo ser integrada às atividades pedagógicas.
Triches (2005) apud Sousa (2006) relata que as crianças têm pouco conhecimento sobre
hábitos alimentares saudáveis, evidenciando que as mensagens transmitidas pela escola, pelos
pais e pela mídia são insuficientes ou ineficazes.
2 METODOLOGIA
A atividade foi realizada numa escola da rede privada, no interior do estado de São
Paulo, com 25 alunos do 8º ano do Ensino Fundamental.
Foram dadas orientações sobre fazer, no mínimo, cinco refeições diárias: café da manhã,
lanche, almoço, lanche e jantar, sem pular as refeições, dando preferência para frutas ou iogurtes
4ª Etapa: Foi realizada a coleta de dados coletiva e o registro dos tipos de alimentos
consumidos nas refeições propostas pelos alunos. Foi proposto a realização de um café da
manhã coletivo e compartilhado com alimentos saudáveis, trazidos e escolhidos pelos alunos
para degustação e apreciação.
7ª etapa: Divulgamos o projeto por meio de fotos e texto explicativo dos pesquisadores,
publicados no site, Facebook e Instagram do colégio para socialização das experiências com a
comunidade educativa e seguidores.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola tem um papel essencial para formar atitudes e valores que atribuem significado
no processo de ensino e aprendizagem, principalmente quando o trabalho aborda temas que
envolvam o cotidiano destes, contribuindo para diminuição ou resolução dos problemas.
Foi observado que, grande parte das atitudes em relação à alimentação são baseadas em
crenças, valores e predisposições pessoais. Desse modo, uma modificação nos hábitos
alimentares, requer tempo e práticas pedagógicas integradas às famílias, para a promoção de
uma alimentação composta dos nutrientes essenciais para o desenvolvimento saudável da
criança e do adolescente.
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MOREIRA, M. A, ¿Al final qué es aprendizaje significativo? Revista Qurriculum, 25, 29-56,
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RESUMO
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma doença crônica não transmissível que acomete
o Sistema Nervoso Central (SNC). Este artigo tem o objetivo de descrever o desempenho de
idosos pós AVE inseridos em uma instituição de longa permanência de idosos (ILPI) localizada
em Jataí, Goiás, Brasil, utilizando o Montreal Cognitive Assessment (MoCA test versão
brasileira). Trata-se de um estudo quantitativo de caráter descritivo, analítico e transversal. A
coleta de dados foi realizada por uma equipe de acadêmicos dos cursos de Educação Física e
Fisioterapia da Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí, treinada pelas pesquisadoras, a
fim de proporcionar maior amplitude de coleta. A amostra foi composta por sete idosos (58,3
%), a maioria do sexo masculino (85,71 %), estado civil solteiro (57,13%), escolaridade ensino
fundamental completo (42,85%) e tempo de lesão pelo AVE menos de um ano (42,85 %). Em
relação à cognição, todos tiveram notas abaixo do score de corte do MoCA, sendo que 42,8%
da amostra obteve a pontuação ente 2 a 7 pontos. Concluiu-se que, após ictus, todos os idosos
institucionalizados apresentam prejuízo cognitivo, principalmente nas funções
visoespacial/executiva. Verificou-se que os dados encontrados possibilitam conhecer a
população de idosos institucionalizados acometida com AVE na ILPI estudada.
PALAVRAS-CHAVE: Pessoa idosa; Função cognitiva; Instituição de longa permanência para
idosos.
INTRODUÇÃO
A maioria dessas ILPI não possui recursos financeiros e humanos para oferecer ao idoso
uma atenção integral (MELLO; HADDAD; DELLAROZA, 2012). Contudo, são necessárias
abordagens multidimensionais e uma avaliação completa, principalmente em idosos pós AVE,
pois analisar em qual estágio as alterações cognitivas e funcionais aparecem permitirá
identificar um preditor da evolução e prognóstico do paciente, delineando de forma mais
objetiva a reabilitação e desenvolvendo atividades específicas (SILVA et al, 2011).
Nesse sentido, objetiva-se, com este estudo, descrever o desempenho de idosos inseridos
em uma ILPI em Jataí, Goiás, Brasil, que tiveram AVE, por meio do Montreal Cognitive
Assessment (MoCA test versão brasileira).
METODOLOGIA
TIPO DE ESTUDO
LOCAL DA PESQUISA
A pesquisa foi realizada nas dependências de uma ILPI localizada no município de Jataí,
Goiás, Brasil. Trata-se de uma instituição fundada em 19 de agosto de 1952, é uma organização
espírita, de caráter científico e filosófico, beneficente, ambulatorial, de assistência social, sem
finalidade lucrativa, com prazo de duração indeterminado. Presta serviços de apoio social a
pessoas acima de sessenta anos com atendimento em período integral. O quadro de funcionários
é constituído por cuidadores (14), fisioterapeuta (1), nutricionista (1), assistente social (1),
recursos humanos (1), recepcionista (1), psicóloga (1), geriatra (1), enfermeiras (2), servidoras
gerais (4), faxineiros (4), cozinheiros (3), copeiras (4), camareiras (3), lavadeiras (2),
totalizando 42 funcionários no ano de 2019, na instituição.
AMOSTRA
Foram incluídos idosos que em alguma fase da vida tenham sido acometidos pelo AVE
e aceitaram participar da pesquisa. Entretanto, foram excluídos os que apresentavam:
deficiência auditiva ou visual sem método de correção e alterações motoras graves suficientes
para interferir na realização da avaliação cognitiva.
O MoCA foi selecionado para avaliar a função cognitiva, com o objetivo de rastrear o
declínio cognitivo. O MoCA test foi desenvolvido por Nasreddine et al (2005) com finalidade
de construir um instrumento de rastreio cognitivo que detecta comprometimento de déficit
cognitivo leve (DCL). Este teste está disponível em várias línguas e avalia oito domínios
cognitivos diferentes: funções executivas, atenção e concentração, linguagem, memória,
capacidades visoconstrutivas, cálculo, orientação e capacidade de abstração (NASREDDINE
et al, 2005; BERTOLUCCI; MINETT, 2003; SARMENTO; BERTOLUCCI; WAJMAN,
2008).
No Brasil, o MoCA test foi adaptado e traduzido pela equipe da Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp) conduzida por Bertolucci e Minett (BERTOLUCCI; MINETT, 2003;
SARMENTO; BERTOLUCCI; WAJMAN, 2008). A pontuação total máxima do instrumento
é de 30 pontos e pode variar de 0 a 30, sendo que deve ser atribuído um ponto suplementar à
pontuação obtida se o indivíduo tiver menos de doze anos de escolaridade. Uma pontuação
igual ou superior a 26 pontos é considerada normal (NASREDDINE et al, 2005).
A coleta de dados foi realizada em janeiro de 2019, pela equipe acadêmica composta
por alunas de iniciação científica dos cursos de Educação Física e Fisioterapia, após orientação
e treinamento específico realizado pelas professoras e pesquisadoras, com foco na aplicação do
formulário da pesquisa e do MoCA, a fim de proporcionar padronização durante a coleta. A
ASPECTOS ÉTICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A amostra foi composta por sete indivíduos com predominância do sexo masculino
(85,71 % homens), o que é incompatível com o perfil demográfico dos idosos brasileiros, pois
há predomínio de idosos do sexo feminino, conforme apontam os resultados das pesquisas de
Almeida et al (2015), Rosa, Santos Filha e Moraes (2018), Melo et al (2018) e Ferreira et al
(2019). Em um destes estudos (FERREIRA et al, 2019), dentre 130 idosos institucionalizados
avaliados, 73,1% são do sexo feminino, caracterizando o fenômeno da feminização da
população idosa.2
A maior frequência de idade apresenta-se na faixa etária dos 60 aos 65 anos (42,85%),
sendo que a idade mínima foi de 65 anos e a máxima de 84 anos. Considerando o arranjo
conjugal, 57,13% declararam-se solteiros, o que condiz com os estudos realizados por Melo et
al (2018), em que 214 idosos institucionalizados foram investigados, 54 % deles apresentam o
estado civil solteiro; por Melo et al (2017), em que houve predomínio de 67,6 % de idosos
solteiros; e por Lini, Portella e Doring (2016), em que 90,5 % dos idosos institucionalizados
não tinham companheiro.
Tabela 1 - Variáveis sociodemográficas de idosos pós ictus institucionalizados. Jataí, Goiás, Brasil, 2019.
Variável N %
Sexo
Masculino 6 85,71
Feminino 1 14,29
Faixa Etária
60 a 65 anos 3 42,85
66 a 71 anos 1 14,29
72 a 77 anos 2 28,57
78 a 84 anos 1 14,29
Arranjo Conjugal
Solteiro (a) 4 57,13
Divorciado (a) 1 14,29
Separado (a) 1 14,29
Viúvo (a) 1 14,29
Escolaridade
Analfabeto 1 14,29
Fundamental 3 42,85
Médio 1 14,29
Fonte: dados da pesquisa
Para reconhecer o padrão cognitivo dos idosos institucionalizados pós ictus foram
colhidas variáveis clínicas para a identificação e caracterização do padrão de saúde da
população estudada. Na variável comorbidades identificou-se as seguintes categorias: doenças
cardíacas (28,70 %), doenças cardíacas e diabetes mellitus (14,20%), doenças neurológicas
(14,20%), artrite e artrose (14,20%) e 28,70% não possuem nenhuma doença de base.
Tabela 2 - Variáveis clínicas de idosos pós ictus institucionalizados. Jataí, Goiás, Brasil, 2019.
Variável N %
Comorbidades
Não apresenta 2 28,7
Doenças Cardíacas 2 28,7
Doenças Cardíacas e Diabetes 1 14,2
Doenças Neurológicas 1 14,2
Artrite e Artrose 1 14,2
Tempo de Lesão
Menos de 1 ano a 4 anos 3 42,85
5 a 9 anos 1 14.29
10 a 14 anos 2 28,57
Sem informação 1 14.29
Variável N %
Tempo de Institucionalização
Tabela 3 - Pontuação dos idosos pós ictus institucionalizados no MoCA test. Jataí, Goiás, Brasil, 2019.
Amostra Pontuação MoCA %
3 1a7 42,8
1 8 a 14 14,2
3 15 a 21 42,8
Fonte: dados da pesquisa
Os valores médios dos escores MoCA do estudo foram menores do que os encontrados
pelo estudo de validação da MoCA no Brasil (MEMÓRIA et al, 2013) e do estudo inicial de
Pádua et al (2019).
A variação dos escores médios do MoCA nos diversos estudos é grande, e pode ser
explicada pelas diferenças linguísticas e culturais entre a versão original em inglês e demais
versões do MoCA e, principalmente, pelas diferenças de idade, escolaridade e demais
características sociodemográficas e clínicas da população em estudo. Em relação ao teste, a
tabela 4 mostra a média geral do teste, mediana, taxas de variância e desvio padrão.
Tabela 4 - Desempenho no MoCA test dos idosos pós ictus institucionalizados. Jataí, Goiás, Brasil, 2019.
Média Mediana Variância Desvio Padrão
11,7 13 54,57 7,38
Fonte: dados da pesquisa
A média de desempenho no MoCA foi de 11,7. O estudo transversal realizado por
Toglia et al (2012) com a população de idade média de 70 anos e que haviam sofrido AVE sub
agudo constatou que os participantes obtiveram média no MoCA de 17,8 e desvio padrão de
6,3 o que contrasta com o resultados desse estudo, pois mostra-se inferior à média estabelecida
como nota de corte do teste utilizado, o que significa que em geral a amostra não está dentro
dos índices aceitáveis do teste.
Por fim, é possível que idosos com menor escolaridade se exponham menos à
estimulação cognitiva nas atividades de vida diária ao longo dos anos, levando a maior risco de
declínio cognitivo. Educação é um importante fator de estímulo para a cognição, levando ao
aumento na capacidade cognitiva (TRINDADE et al, 2013).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É possível depreender, a partir da análise realizada, que todos os idosos pós ictus
institucionalizados, residentes na ILPI investigada, apresentaram prejuízo cognitivo, bem como
dificuldades principalmente nas funções visoespacial/executiva. Considera-se importante que
os profissionais de saúde propiciem, durante a reabilitação, incentivos mentais e físicos
constantes, por meio de exercícios que estimulem a cognição, motivação, aprendizado e
mantenham preservadas as capacidades cerebrais dos idosos para potencializar a funcionalidade
cognitiva e reduzir perdas. As dimensões afetadas no âmbito do comprometimento cognitivo
FINANCIAMENTO
Este projeto não contou com nenhum tipo de financiamento. Teve alunos vinculados ao
Programa Institucional Voluntário de Iniciação à Pesquisa (Pivic) pela universidade.
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos especiais ao Albergue São Vicente de Paulo, ILPI que recebeu a equipe
de pesquisa e de extensão da universidade, e que não mediu esforços para criar condições e
auxiliar em tudo o que foi necessário para o bom andamento das atividades.
REFERÊNCIAS
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RESUMO
Objetivo: Caracterizar os acidentes de trabalho com material biológico em trabalhadores de um
hospital de ensino do interior do Rio Grande do Sul. Metodologia: Delineamento retrospectivo,
quantitativo, com coleta de janeiro de 2016 a dezembro de 2019, em fichas de registro no
Sistema de Informação de Agravos de Notificação, analisados por meio de estatística descritiva.
Resultados: Foram identificados 111 acidentes de trabalho com material biológico.
Destacaram-se: mulheres (86,5%%), 98,2%) e técnicas de enfermagem (81,1%) A média de
idade dos profissionais foi de 30,9 (+8,4) anos e a média de ocupação na atividade foi de 3,6
(+4,6) anos. A principal lesão foi percutânea (78,4%), com agente de lesão a agulha com lúmen
(52,3%). Em 93,7% dos casos o sangue apareceu como como o tipo de secreção, sendo o
procedimento cirúrgico o principal tipo de acidente (22,5%), seguido da administração de
medicação endovenosa (17,1%) e a taxa de uso de EPI’s foi de 66,7%. A taxa de vacinação
contra hepatite B foi de 97,3% e destes a soroconversão aconteceu em 95,5% dos casos. Quanto
aos pacientes fonte verificou-se que os testes foram não reagentes em 93 (83,8%) casos para
HBsAg, 95 (85,6%) casos para anti-HIV e 94 (84,7%) casos para anti-HCV. Esse diagnóstico
é relevante para estabelecer políticas institucionais atualizadas de prevenção de acidentes
através de ações de prevenção de doenças e agravos para a promoção da saúde dos
trabalhadores.
PALAVRAS-CHAVE: Exposição Ocupacional; Material Biológico; Acidente de Trabalho;
Feminização; Promoção da Saúde
INTRODUÇÃO
O problema dos acidentes de trabalho (AT) com exposição a material biológico entre
trabalhadores de saúde é uma preocupação mundial. Esses acidentes expõem esses profissionais
ao risco de infecções, principalmente, as hepatites B e C e o vírus da imunodeficiência humana
adquirida (HIV). O risco para as soroconversões após a exposição ocupacional depende do grau
de contato com o material biológico e das medidas profiláticas aplicadas (BRASIL, 2017h).
A Norma Regulamentadora nº. 32 (NR 32) orienta condutas para proteção e segurança
dos trabalhadores da área de saúde. Pode-se destacar a oferta de equipamentos de proteção
individual (EPI), capacitação, imunização contra hepatite B e recipientes adequados para
descarte de perfurocortantes. Também define o plano de prevenção de riscos de acidentes com
materiais perfurocortantes, sendo preconizado o uso de dispositivos de segurança (BRASIL,
2005f, BRASIL, 2011g)
Esse estudo teve por objetivo caracterizar os acidentes de trabalho com material
biológico em trabalhadores hospitalares.
RESULTADOS
Foram identificados 111 acidentes de trabalho com material biológico. Verificou-se que
a maior parte dos trabalhadores foram mulheres (86,5%), brancas (98,2%) e técnicas de
enfermagem (81,1%). Os grupos menos notificados foram os enfermeiros 12,6%, médicos
2,7%, auxiliar de higienização 1,8%, auxiliar de lavanderia 0,9% e auxiliar de resíduo 0,9%.
A média de idade dos profissionais foi de 30,9 (+8,4) anos e a média de ocupação na
atividade foi de 3,6 (+4,6) anos. A principal lesão foi percutânea (78,4%), com agente de lesão
a agulha com lúmen (52,3%). Em 93,7% dos casos o sangue apareceu como o tipo de material
biológico de contato, sendo o procedimento cirúrgico o principal tipo de acidente (22,5%),
seguido da administração de medicação endovenosa (17,1%). A taxa de uso de EPI’s foi de
66,7%, onde o principal EPI utilizado foi a luva em 65,8%.
Tabela 1. Descrição dos Acidentes com Material Biológico ocorridos em ambiente hospitalar de
2016-2019
Variável N (%)
Tipo de Exposição
Percutânea 87 (78,4)
Mucosa 19 (17,1)
Outros 5 (4,5)
Circunstância do Acidente
Punção/Administração de Medicamentos 45 (40,5)
Descartes/manipulação inadequado de perfurocortante 20 (18,0)
Procedimento cirúrgico 25 (22,5)
Outros/Ignorado 21 (19,0)
Agente
Agulha com lúmen 58 (52,3)
Agulha sem lúmen 9 (8,1)
Lâminas/lancetas 10 (9,0)
Outros 34 (30,6)
Uso do EPI
Sim 74 (66,7)
Não 37 (33,3)
DISCUSSÃO
A exposição ocupacional aos agentes biológicos podem causar danos à saúde física e
mental dos trabalhadores, sentimento de medo e preocupação quanto ao próprio adoecimento e
à transmissão da doença a familiares, interferindo diretamente na organização dos processos de
trabalho, podendo acarretar prejuízos às instituições, em razão dos custos trabalhistas e
previdenciários implicados (MIRANDA et al., 2017).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
ARAÚJO, T.M., et al. Acidentes de trabalho com exposição à material biológico entre
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http://dx.doi.org/10.1017/S0950268815000321
RESUMO
O período de graduação universitária possibilita muitas mudanças para os indivíduos que a
experimentam. O crescimento pessoal é vivido como oportunidade de experiências que
promovem a ampliação de enfrentamentos, sendo ocasião para a resolução de novos problemas
e incremento de habilidades socialmente relevantes para a boa interação social. No entanto, esse
contexto pode também salientar dificuldades e acentuar manifestações ansiosas e depressivas
desencadeadoras de sofrimento, em especial inibições e sintomas, o que interfere na vivência
dos estudantes e seu processo de desenvolvimento como indivíduo e sujeito social. O presente
estudo visa descrever os primeiros trinta meses de construção de um Núcleo Técnico de
Atenção Psicossocial que visa atender a comunidade acadêmica no Ensino Superior de uma
universidade pública num município do interior paulista. As atividades iniciais do Núcleo
abraçaram a atenção a propósitos emergentes devido a sinalizadores de fatores de risco à saúde
mental no ambiente acadêmico – afastamentos de estudantes e casos de suicídio – e posterior
adequação a outras demandas, ampliando sua abrangência com ações de prevenção, e
especificação de práticas devido a outros cenários emergentes: pandemia causada pelo vírus
SARS-CoV-2, afastamento social e mudança para o ensino remoto. Os resultados indicam
progressos na implementação e execução do Núcleo, com ampliação de público atingido –
inicialmente concebido para atender alunos do Programa de Permanência Estudantil –; aumento
de graduandos que visam contribuir participando da efetivação das ações; a vinculação de
pesquisas que buscam compreender os efeitos das ações na comunidade e o incremento na busca
e acompanhamento dos estudantes através das redes sociais do Núcleo. Por fim, os resultados
o revelam como um projeto que tem se estruturado para garantir serviços de qualidade, em
conformidade com pressupostos éticos e legais, e acentua o caráter da Universidade como
ambiente de promoção de desenvolvimento social e cidadania, investindo, nesse processo,
também em Saúde Mental.
PALAVRAS-CHAVE: Saúde mental; Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial;
Universidade; Prevenção; Acolhimento.
O acesso dos estudantes à rede de atenção psicossocial pelo Sistema Único de Saúde
(SUS) é importante medida de enfrentamentos a questões decorrentes dos desafios emocionais
nessa fase, em especial devido ao contexto socioeconômico de muitos deles. No entanto, a
informação é escassa para o público que quase nunca acessou a rede. Rodrigues et. al (2020)
aponta que o acesso às unidades básicas do SUS ainda é difícil, em especial no contexto
pandêmico do COVID-19 que o cenário nacional enfrenta. As autoras referem-se a importantes
estratégias de proteção à saúde mental no contexto universitário que devem fortalecer o SUS a
partir de informações de apoio e das ações universitárias, (p.10):
O foco das ações do Apoio Institucional pela Universidade enfatiza dar potência aos
espaços coletivos para co-gestão e operacionalização de diretrizes da política pública
de saúde mental implementada no município, além da análise e revisão do espaço
[...] os serviços e espaços que compõem a assistência estudantil ofertada por uma
universidade refletem o compromisso social desta para com toda a comunidade
universitária e a sociedade que a mantém financeiramente, e lhe confere o título de
escola formadora de pensamentos, opiniões e projetos de desenvolvimento do país.
Isso posto, o presente trabalho objetiva explanar os três primeiros anos de um núcleo de
atenção psicossocial voltado para a comunidade universitária numa cidade do interior paulista.
I – A ELABORAÇÃO DO ESTUDO
O NÚCLEO
Contudo, iniciou suas atividades em 2018 com atuação apenas na atenção a demandas
já existentes em saúde mental e assistência voltada para atendimento de um grupo específico
da universidade: alunos do PPE. Em 2019 foi implementada a frente de prevenção, com o
objetivo de disseminar no ambiente universitário, a informação e comunicação sobre fatores de
riscos à saúde mental e diminuir os riscos associados ao adoecimento (WEIZ et al., 2005;
ABREU et al., 2014), além da ampliação do público-alvo atendido, que foi estendido para todos
os alunos do contexto universitário que buscassem o núcleo diretamente (assistência,
acolhimentos) e indiretamente (promoção e prevenção).
Coordenação
Docente da
universidade
Gestão de Pessoas
Docente e
estagiários de
Psicologia
Organizacional
Promoção e
Acolhimento Assistência
Prevenção
Acolhimento e Ações contínuas e
Ações contínuas e
encaminhamentos pontuais
para a rede pontuais
Bolsistas e Bolsistas e
estagiários do Voluntários Voluntários voluntários voluntários
serviço social Psicologia Psicologia
Triagem social e 7 sessões de 7 sessões de Realização das Realização das
acolhimento acolhimento acolhimento atividades atividades
ATUAÇÃO NO ACOLHIMENTO
Em 2020 foi criado um formulário próprio para inscrição para receber atendimento
psicológico individual na frente de Acolhimento do NTAPS. Antes disso as inscrições eram
feitas por e-mail. Além da elaboração de redes sociais que passaram a atuar como canal de
comunicação e informar a comunidade acadêmica sobre as possibilidades de atendimento e
meios de buscar o Núcleo.
2020
98 alunos atendidos
52 alunos nos primeiros
3.340 alunos alcançados
seis meses;
em eventos de prevenção;
90 atendimentos da frente
de acolhimento;
26 atendimentos de longo
2018 e 2019 prazo. (assistência)
Há, como resultados desse percurso, uma baixa desistência dos alunos atendidos e uma
mudança na realização do núcleo que se mostra diretamente relacionada à mudança do número
de alunos atendidos ao longo dos anos. O núcleo ao longo do tempo modificou sua forma de
atuar, com a colaboração e serviços da rede psicossocial de atenção pública e privada. Há um
número significativo de alunos que são diretamente encaminhados para a rede, outros que são
orientados no atendimento do acolhimento ao serviço mais adequado. Ainda, a mudança
efetuada com a efetuação e ações preventivas, com espaços que promovam elucidações sobre
saúde mental a toda a comunidade, atingiu a comunidade de maneira ampla, sendo tais ações
ofertadas e abertas à participação de todos.
Um dos ganhos do Núcleo no ano de 2019, segundo ano de atuação, foi a Comissão de
Saúde Mental, que é um espaço aberto à toda a comunidade universitária com propostas de
reuniões que discutem tópicos sobre saúde mental no campus e debate sobre possibilidades de
intervenções a serem planejadas e executadas no semestre.
Nos anos de 2019 e 2020 foram realizadas formações continuadas da equipe técnica do
núcleo, visando capacitá-las para as diferentes demandas e a respeito das diretrizes que orientam
a atuação do núcleo. As capacitações foram ofertadas às equipes de psicologia e de serviço
social e foram elaboradas por uma docente de Psicologia. No mesmo ano, as supervisões dos
atendimentos clínicos se tornaram semanais, diferente do primeiro semestre de 2018, que
ocorriam com periodicidade quinzenal. Outra mudança ocorrida foi a instituição das reuniões
mensais ou quinzenais das diferentes frentes de atuação, que tem o objetivo de reunir a equipe
de cada uma das frentes e busca avaliar e discutir a execução do planejamento. Outro importante
resultado é a participação da comunidade nas ações promovidas pelo núcleo; há alcances
notáveis nesse sentido, tanto na busca pelos serviços de assistência e acolhimento individuais
ou grupais, como também na adesão às ações coletivas e preventivas do núcleo voltadas à
comunidade por inteira. Conforme citado anteriormente, nos anos que antecederam o núcleo
houve dois suicídios de discentes, e posterior à sua realização os casos com fatores de riscos de
Ainda, entre os anos de 2019 e 2020 mudou-se o arranjo da organização do Núcleo para
mantê-lo estruturado: foi criado um regimento próprio com regras de condutas relativas ao seu
funcionamento; elaborou-se cargos de coordenação e vice coordenação para implementação do
regimento, e ocorreram formação de equipes para reconhecimento legal do regimento e
conformidade da atuação em consonância com o mesmo.
Outro resultado positivo do Núcleo foi o crescimento e alcance em suas redes sociais,
em especial em 2020, no Instagram o núcleo atinge 960 seguidores, e se encontra em
crescimento e no Facebook já atinge 1.200, contando também já com um site que informa e
orienta sobre como ter acesso aos serviços do Núcleo. As redes sociais facilitaram a
comunicação com o público-alvo além de ampliar as possibilidades de atingi-los com ações
informativas e de prevenção, eventos como lives e interações por perguntas e respostas foram
fomentados por estes canais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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UniverSUS. 2017 Jan./Jun.; 08 (1): 48-54.
COSTA, Marcelo de; MOREIRA, Yanne Barros. Saúde mental no contexto universitário.
Blucher Design Proceedings, v. 2, n. 10, p. 73-79, 2016.
WEISZ, J. R. et al. Promoting and protecting young mental health through evidence based
prevention and treatment. American Psychologist, v. 60, n. 6, 2
RESUMO
Os insetos podem ser carreadores de diversos microrganismos, entre eles os parasitos que são
seres vivos capazes de provocar inúmeras patogenicidades na população. Os insetos funcionam
como vetores podendo transmitir entre outros organismos, os parasitos causadores de doenças
como malária, leishmaniose, tripanossomíase, amebíase, giardíase, entre outras. O objetivo
desse trabalho foi verificar a presença de estruturas parasitárias em insetos presentes no Campus
Multi-Institucional, os quais podem comprometer esse ambiente acadêmico. Através da análise
de insetos como barata, da ordem Blattodea, formiga, da família Formicidae, borboleta, de
ordem Lepidóptera, vespa, da família Sphecidaee, e um aracnídeo da família Pholcidae, foi
possível identificar a existência de parasitos como Endolimax nana, além de outros
microrganismos como fungos e bactérias, então conclui-se que a saúde no ambiente acadêmico
pode está comprometida.
PALAVRAS-CHAVE: Doenças. Microrganismos. Parasitologia.
INTRODUÇÃO
O estudo da entomologia teve início no ano de 1850, e desde então inúmeras pesquisas
nessa área passaram a ser realizadas. A palavra entomologia tem sua origem no grego
(entomo=inseto e logos=ciência), representando o ramo da biologia responsável pelo estudo
dos insetos e suas relações com os demais seres vivos, sejam humanos, vegetais, ou outros
animais, bem como com o ambiente em que vivem (MOLINARO, 2012).
O estudo dessa temática tem sua importância devido esses animais possuirem funções
essenciais, sobretudo, para o homem, promovendo interações que podem ser benéficas ou
maléficas. A maioria dos insetos são inofensivos e contribuem positivamente para o equilíbrio
ecológico, oferecendo uma vasta gama de compostos químicos, como a quitina, que agem como
METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado nos meses de abril a setembro de 2019. Neste período
procedeu-se a análise bibliográfica da temática, com posterior coleta de insetos considerados
potenciais vetores de parasitoses, bem como a realização de sua análise. Foram coletados
insetos no Campus Multi-Institucional, localizado na cidade de Iguatu, região Centro-Sul do
estado do Ceará. Este campus abriga duas instituições de ensino.
As amostras foram coletadas com de utensílios estéreis, além da utilização de luvas
descartáveis. Foram coletados insetos como barata da ordem Blattodea, formiga da família
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a realização desta pesquisa foi possivel obter o resultado da análise parasitológica
dos insetos coletados (Tabela 1) e a visualização ao microscópio dos insetos coletados (Figura
1). Por estas fica perceptível que tais indivíduos estão exercendo a função de veículo de
transmissão de microrganismos distintos, como bactérias e fungos, os quais podem ser agentes
patogênicos.
Tabela 1: Resultado da análise parasitológica dos insetos e demais animais coletados no Campus Multi-
Institucional
SEDIMENTOS E
INSETOS E ARANHA PARASITAS MICRORGANISMOS
ANALISADOS ENCONTRADOS VISUALIZADOS
BARATA (Ordem Blattodea) Endolimax Bactérias (Cocos e
nana Bacilos), e
Fungos
FORMIGA (Família Formicidae) Endolimax Fungos e Detritos
nana
BORBOLETA (Ordem ---------- Fungos
Lepidóptera)
VESPA (Família Sphecidaee) ---------- Bactérias (Cocos) e
Detritos
ARANHA (Família Pholcidae) ---------- Fungos
Fonte: as autoras (2019)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.
BAGGIO, L. M. Unidade Didática: “Fungos: quem são esses seres tão presentes em nosso
cotidiano? ”. Londrina –PR. 2013.
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produce a wide spectrum of clinical disease. American Journal of Tropical Medicine and
Hygiene, v. 44, p. 536-546, 1991.
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transmitidas-por-vetores. Acesso em 29 de abril de 2021.
FEUSER, Z. P. Eficácias dos ativos DEET, IR3535 e Picaridin usados como repelentes de
uso tópico contra o Aedes aegypti. 2018. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) Programa
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Criciúma, Santa Catarina, 2018.
RASSI, A. JR.; RASSI, A.; MARIN-NETO, J. A. Chagas Disease. Lancet, v. 345, n. 9723, p.
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RIZZI, C. B.; RIZZI, R. L.; PRAMIU, P. V.; HOFFMANN, E.; CODEÇO, C. T. Considerações
sobre a dengue e variáveis de importância à infecção por Aedes aegypti. Revista Brasileira de
Geografia Médica e da Saúde, v. 13, n. 24, p. 24-40, 2017.
SOUZA, P. F. et al. Spatial spread of malaria and economic frontier expansion in the Brazilian
Amazon. Plos one, v. 14, n. 6, 2019.
RESUMO
As alterações fisiológicas como contrações uterinas e dilatação cervical, são algumas das causas
de dor durante o parto, que podem afetar negativamente a saúde da mãe e do feto, por gerar
medo, ansiedade e estresse. As possibilidades alternativas para serem usadas no atendimento as
parturientes, buscam cada vez mais estratégias não invasivas, que proporcionem conforto e
humanização. Nesse raciocínio, as aplicações de acupressão durante o parto, estão entre os
métodos não farmacológicos usados para aliviar a dor, abordando fatores psicoemocionais e
aspectos físicos; além de ter fator importante na redução da dor perineal que se desenvolve
poucos dias após o nascimento. O objetivo desse estudo é identificar os efeitos da acupressão
durante e após o trabalho de parto. Compõe-se de uma revisão integrativa da literatura, com
pesquisa nas bases de dados, Scielo, Bvs e Pubmed. Para as buscas utilizou-se as palavras-
chaves “acupressão”, “dor de parto” e “terapias integrativas” e como critério de inclusão
aplicou-se artigos publicados nos últimos 05 anos, nos idiomas inglês e português, do tipo
ensaio clínico, disponibilizados na integra e de forma gratuita, que se adequassem ao tema.
Excluiu-se os estudos em duplicidade e do tipo revisão. Após a seleção inicial, realizou-se a
leitura crítica-reflexiva dos artigos e elaboração do PICOT, os dados foram apresentados de
forma descritiva. Dentre a pesquisa, cinco artigos foram selecionados, demonstrando que a
aplicação de acupressão em pontos específicos como em BL32, SP6, L14 e BP6, quando
comparados a grupo controle ou cuidados de rotina, obteve-se resultado satisfatório na redução
da dor de parto, como também diminuição da duração total do trabalho e aumento do nível de
satisfação das parturientes; além de ter efeito redutor quando contraposta com terapia
compressiva de gelo na dor perineal aguda. A partir do estudo dos artigos expostos, conclui-se
que a acupressão é um método complementar que pode contribuir para a redução das dores
durante o período do trabalho de parto, diminuição da fase ativa e da duração total do trabalho,
além de promover um melhor nível de satisfação. Também atuando na diminuição da dor
perineal, sendo uma terapia de baixo custo e fácil aplicação, que colabora para humanização
nessa fase.
PALAVRAS-CHAVE: Acupressão. Dor de parto. Terapias integrativas.
A dor de parto se manifesta a partir das contrações uterinas, dilatação cervical e tensão
da vagina com o assoalho pélvico, aumentando constantemente de acordo com estágios e
transição do trabalho, podendo causar estresse, medo e afetar negativamente a saúde da mãe,
do feto e do recém-nascido, além de contribuir para uma vasoconstrição periférica, que reduz o
fluxo sanguíneo para a placenta (TURKMEN, 2019). Já a dor perineal que se desenvolve
poucos dias após o nascimento está associada a morbidades de curto e longo prazo. Em todo o
mundo, um quinto das mulheres sentem dor perineal por aproximadamente 10 dias após um
parto normal. Dos traumas perineais, 68% estão associados a lacerações induzidas por parto
vaginal, 15,6% a lacerações induzidas por episiotomia e 49,8% por lacerações espontâneas (da
primeira à quarta lacerações). (KIRCA; GUL, 2020).
O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura, do tipo narrativo, onde os artigos
científicos foram buscados nas bases de dados Scielo, Pubmed e BVS, por meio dos descritores
“acupressão”, “dor”, “parto” e “terapia complementar”, nos idioma português e inglês e
publicado no período entre os anos de 2014 e 2020. Optou-se em excluir os estudos do tipo
revisão, incompletos e que não estivessem disponíveis de forma gratuita.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1: The effect of acupressure on labor pain and the duration of labor when applied to the SP6
point: Randomized clinical trial
PARTICIPANTES 60 gestantes (primípara, a termo, feto único e
saudável, com dilatação cervical de 4 cm, contrações
regulares, sem receber analgesia ou anestesia e sem
qualquer risco).
Tabela 2: Effect of L14 and BL32 acupressure on labor pain and delivery outcome in the firts stage of
labor in primiparous women: A randomized controlled trial
PARTICIPANTES 105 mulheres primíparas na fase ativa do primeiro
estágio do trabalho de parto.
Tabela 3: The effects of acupressure on labor pains during child birth: randomized clinical trial.
PARTICIPANTES 156 participantes, divididas em 3 grupos, 52 em cada
(BP6,GT E GC), idade gestacional > ou = 37
semanas, dilatação cervical > ou = 4 cm e duas ou
mais contrações em 10 min.
Tabela 4: The efect of acupressure applied to points LV4 and LI4 on perceived acute postpartum perineal
pain after vaginal birth with episiotomy: a randomized controlled study.
PARTICIPANTES 120 mulheres, com idade superior a 18 anos, que
realizaram episiotomia e sentiram dor perineal > 4
Tabela 5: Comparison of the Effects of Maternal Supportive Care and Acupressure (BL32 Acupoint) on
Pregnant Women’s Pain Intensity and Delivery Outcome
Nesse sentido, Kirca e Gul (2020) em seu estudo, relatam que a acupressão é responsável
por preservar a função natural do corpo e aliviar a dor, a partir da secreção de
neurotransmissores, ativação do sistema opióide e excreção do ácido lático, favorecendo um
equilíbrio entre os símbolos Ying e Yang. Com esse objetivo, utilizou-se esse método para
redução da dor associada a episiotomia no período pós-parto, sob os pontos LV4 e L14,
apresentando resultado satisfatório na redução da dor aguda a longo prazo.
Corroborando na ideia que a acupressão no ponto SP6, citada em dois estudos do tipo
ensaio clínico randomizado, possibilita a diminuição do nível da dor e e a redução de tempo
no trabalho de parto, sem ocasionar efeitos adversos para parturiente ou para o neonato,
mostrando-se ser uma medida útil e facilmente implementada na prática clínica, elevando a
satisfação das que recebem (TURKMEN; TUFAN, 2019; MAFETONI; SHIMO, 2016).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
HAMLACđ, Yasemin; YAZICI, Saadet. The Effect of Acupressure Applied to Point LI4 on
Perceived Labor Pains. Holistic Nursing Practice, [S.L.], v. 31, n. 3, p. 167-176, 2017. Ovid
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MAFETONI, Reginaldo Roque; SHIMO, Antonieta Keiko Kakuda. The effects of acupressure
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Enfermagem, [S.L.], v. 24, p. 01-08, 2016. FapUNIFESP (SciELO).
http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.0739.2738
MASCARENHAS, Victor Hugo Alves; LIMA, Thays Rezende; SILVA, Fernanda Mendes
Dantas e; NEGREIROS, Fabyanna dos Santos; SANTOS, José Diego Marques; MOURA,
Mayara Águida Porfírio; GOUVEIA, Márcia Teles de Oliveira; JORGE, Herla Maria Furtado.
Evidências científicas sobre métodos não farmacológicos para alívio a dor do parto. Acta
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http://dx.doi.org/10.1016/j.ctcp.2020.101126.
TÜRKMEN, Hülya; TURFAN, Esin Çeber. The effect of acupressure on labor pain and the
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Nursing Science, Turquia, v. 17, n. 1, p. 1-9, out./2019. Disponível em:
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/jjns.12256. Acesso em: 7 set. 2020.
Gildeene Silva Farias, Me. Em Educação Física, Docente Faculdade Estácio de Teresina
Sabrina da Silva Barbosa, Esp. Em Saúde da Família, Tutora Faculdade Unopar
RESUMO
Envelhecer é um processo contínuo no qual passa por alterações biológicas, fisiológicas,
psicológicas e funcionais, e suas consequências tem sua relevância quando relacionadas a
saúde, onde o desafio é viver cada vez mais e com qualidade de vida. A prática regular de
atividade física pode ser uma alternativa para contribuição nessa melhoria da qualidade de vida
e a dança é considerada uma opção para o idoso por ser importante para o combate ao estresse,
ansiedade, tensão muscular entre outros benefícios para saúde. Este estudo teve como objetivo
identificar e analisar a influência da dança e seus benefícios na melhoria da qualidade de vida
de idosos. Trata-se de um estudo de bibliográfico de caráter descritivo, no qual utilizou de uma
busca nas bases de dados eletrônicas: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Biblioteca
Virtual em Saúde (BVS) e Google acadêmico, e foi utilizado os descritores, escritos no idioma
português com as seguintes palavras chaves: “idosos”, “dança”, “atividade física”, “qualidade
de vida” e “promoção de saúde”. Os operadores booleanos “AND” e “OR” foram utilizados
para combinações dos termos. Utilizou-se como critérios de elegibilidade, artigos originais,
publicados entre os anos de 2015 a 2020, com publicações escritas no idioma português,
população idosa (idade ≤ 60 anos) com estudos transversais ou longitudinais, e foram excluídos
teses, dissertações e trabalhos publicado em anais e sendo selecionado ao final um total 8 artigos
após processo de inclusão seguindo critérios estabelecidos. Quanto aos resultados, percebeu-se
que os estudos encontrados foram publicados entre os anos de 2016 a 2018, as amostras
apresentaram variação quanto número de participantes, com n de 10 a 54, e todos os estudos
utilizaram como instrumento de avaliação via questionários, além do mais os tipos de estudos
destra revisão apresentou uma predominância para estudos de campo feitos através de algum
tipo de intervenção com a prática da dança além de aplicação de questionários antes de depois
de um determinado período pré-determinado com objetivos de analisar os efeitos e os principais
benefícios da dança para os idosos, no qual foi apresentado nos estudos selecionados, que
através da prática regular da dança o praticante pode adquirir inúmeros benefícios que podem
ser favorável para qualidade de vida auxiliando na melhoria dos aspectos físico, psicológicos e
social, favorecendo a manutenção da saúde auxiliando na melhoria das atividades diárias,
coordenação motora, alívio nas dores musculares, condição cardiorrespiratórias, favorecendo
melhor qualidade de vida da população idosa. Conclui-se, no entanto, a importância da prática
regular da atividade física para todos e a dança pode ser considerado como uma alternativa para
os idosos, por ser divertida, prazerosa e poder ser praticada por qualquer idade, no entanto há
uma necessidade de mais pesquisas sobre o tema, sugerindo-se criação de políticas públicas
através de programas voltadas para essa população, quanto a prática de dança, atendendo suas
necessidades para promoção de saúde e bem-estar da população idosa.
PALAVRAS-CHAVE: Dança. Idoso. Envelhecimento. Atividade Física. Qualidade de Vida.
Dessa forma deve-se estimular a população idosa à prática regular de atividade física,
promovendo a melhoria da aptidão física relacionada a saúde (CAMÕES et al., 2016), ou seja,
a prática de atividade física é de fundamental importância para a qualidade de vida da população
em geral, e que inúmeros são os seus benefícios, principalmente para essa população (MACIEL,
2010). Entretanto percebe-se que aulas dinâmicas e com inovações são mais atrativas,
chamando mais atenção e tendo maior adesão as práticas principalmente para essas pessoas da
terceira idade (MARQUES, 2011). E a dança se destaca porque permite que o praticante sinta
a leveza, fluência, alegria, liberdade, distrai, colocando a pessoa em contato com sua verdadeira
essência, o que é uma estratégia particularmente eficaz no combate ao estresse, à ansiedade,
tensão muscular; na busca da autoconfiança, da melhora do autoconceito e da imagem corporal
(ANDRADE & SANTIAGO, 2008).
A dança sempre foi presente em nossa cultura como forma de expressão e arte, podendo
ser utilizada como educação, lazer, diversão, atividade física e muitas outras formas, com seus
variados elementos corporais e expressivos, sendo capaz de contribuir para melhorar a
qualidade de vida do indivíduo (SILVA et al., 2018). Dessa forma, a dança vem se tornando
uma atividade alternativa para a terceira idade, que pode oportunizar em vários benefícios como
melhora na autoestima, equilíbrio, aumento dos tônus, diminuição do stress, e colesterol, além
do controle da diabetes, diminuição da pressão arterial, evitando atrite, artrose, osteoporose,
doenças cardíacas entre outras séries de doenças, dessa forma contribuindo para uma melhoria
na qualidade de vida. Diante do exposto, o objetivo do presente estudo, foi identificar e analisar
a influência da dança e seus benefícios na melhoria da qualidade de vida de idosos.
Utilizou-se por uma busca de forma sistematizada com o propósito de delinear de forma
mais adequada os estudos encontrados, na qual foi realizada no mês de maio de 2020, utilizou-
se métodos de pesquisa avançada nas seguintes bases de dados eletrônicas: Scientific Electronic
Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Google acadêmico. Para
estratégia de busca foram incluído três grupos de descritores, escritos no idioma português com
as seguintes palavras chaves: “idosos”, “dança”, “atividade física”, “qualidade de vida” e
“promoção de saúde”. Os operadores booleanos “AND” e “OR” foram utilizados para
combinações dos termos e os grupos de descritores, e os símbolos de trucagem ($, *) foram
usados para aumentar o intervalo de pesquisa para as variações do descritor específico conforme
cada base de dados.
Após realização das buscas, inicialmente foi realizada a leitura dos títulos e desses
estudos selecionados foi realizada a leitura dos resumos, posteriormente, os artigos escolhidos
a partir dos resumos foram obtidos para a leitura na íntegra e posteriormente feito uma análise
qualitativa dos dados selecionados.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
(n = 31) (n = 23)
Conforme Barancelli & Pawlowytsch (2016), a dança contribui para a qualidade de vida
das pessoas, favorecendo ao bem-estar físico, no qual essa prática vem sendo utilizada para que
as pessoas consigam se sentir melhor consigo mesmo, procurando através dela ter uma vida
mais saudável tendo em vista a pressão que sofrem no seu dia-a-dia, pelas obrigações e
frustações no decorrer da vida que são impostas pela sociedade.
A dança é considerada como uma forma de exercitar o corpo em todas as idades, por ser
considerado uma atividade prazerosa, que pode trazer benefícios físicos, apresentando
melhorias como a resistência cardiorrespiratória, auxiliando na diminuição da pressão arterial,
protegendo articulação, além de ser indicado contra a depressão considerados como um dos
fatores que mais são acometidos terceira idade. (RIOS, 2016)
Farrencena et al. (2016), apresentou em seu estudo resultados com relação a aderência
para prática de dança de salão pelos idosos e seus benefícios quanto a sua prática, mostrando
que inicialmente tem-se o gosto pela dança e ganhos de benefícios como na melhora da postura,
além fazer novas amizades e um estreitamento de novos relacionamentos já que a prática da
dança pode favorecer a socialização, permitindo encontros, conversas em comum e integração
em grupos. A dança também pode aprimorar a capacidade criativa, exercendo influência quanto
ao estado emocional entre os praticantes, e proporciona uma melhora na qualidade de vida,
bem-estar melhora na saúde.
Para Gaspar (2016), a dança tem uma relação com a melhoria na qualidade de vida,
contribuindo para o bem-estar social e físico de praticantes na terceira idade, que pode facilitar
nas atividades do cotidiano, sendo considerado contributo motivacional para melhora na
autoestima e gerando maior participação na sociedade em que vive. A dança promove um efeito
na melhoria da qualidade de vida, especialmente nos aspectos sociais na percepção de si e
É através da dança que a população pode viver e alcançar uma determinada idade com
boa saúde e disposição, e sua prática pode ser capaz de contribuir para a melhoria da saúde,
tornando-se um exercício físico capaz trazer muitos benefícios favorecendo principalmente
uma melhora na qualidade de vida (CAVALCANTE et al., 2018).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Salienta-se ainda que a dança como atividade física praticada pelos idosos tem objetivos
de trabalhar principalmente o físico, o psicológico e a parte social, considerando-se que nesse
processo de envelhecimento são os fatores mais afetados entre essa população, e a prática
regular de atividade física ou mesmo a dança pode beneficiar para uma melhoria na qualidade
de vida dos mesmos.
Conclui-se, entretanto, que há uma necessidade de mais pesquisas sobre esse tema com
essa população, levando para a comunidade mais conhecimentos sobre os benefícios que a
prática da dança pode proporcionar para a população, e precisamente na terceira idade, por
ajudar a prevenir uma séria de doenças podendo ser utilizado como um instrumento para
melhoria da qualidade de vida, promovendo saúde e bem-estar auxiliando para uma vida mais
saudável. No entanto sugere-se criação de políticas públicas com programas voltadas para essa
população que possa atender suas necessidades criando oportunidades para todos, respeitando
suas limitações fazendo-o sentir-se útil na sociedade diante da sociedade priorizando a auto
estima para viver bem e melhor.
CAMÕES, M. et al. Exercício físico e qualidade de vida em idosos: diferentes contextos sócio
comportamentais. Motricidade, v. 12, n. 1, p. 96–105, mar. 2016.
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para melhorar a qualidade de vida dos idosos. Kinesis, v. 36, n. 2, 29 ago. 2018.
RESUMO
O manejo da dor crônica é complexo e a eficácia do tratamento requer a abordagem educativa
e multiprofissional prolongada. Logo, o tratamento, em regra geral, não é rápido. Assim, a
oferta de serviço nem sempre acompanha a demanda, o que acarreta o crescimento das filas de
espera para atendimento fisioterapêutico. Diante disso, o principal objetivo desse trabalho é
apresentar ações estratégicas que possam contribuir para a diminuição da fila de espera para
atendimento fisioterapêutico através da elaboração de uma proposta de intervenção que inclui:
a implantação da auriculoterapia como tratamento complementar, criação de grupos de
exercícios terapêuticos para usuários com dores crônicas de coluna, o desenvolvimento de um
trabalho integrado entre os profissionais de saúde do município, dentre outras ações que
envolvem todos os atores da saúde presentes nesses espaços. Por fim, espera-se que essa
proposta de intervenção seja reavaliada e aprimorada continuamente e que proporcione um
melhor manejo dos pacientes e um menor tempo na fila de espera para atendimento
fisioterapêutico proporcionando um cuidado continuado e mais qualidade de vida para a
população assistida.
Palavras-chave: Fisioterapia; Atenção Primária à Saúde; Saúde Pública; Dor crônica.
INTRODUÇÃO
Nos anos iniciais de seu surgimento a fisioterapia era mais voltada à recuperação e
reabilitação. Contudo, em meados da década de 80, o profissional passou a incorporar as ações
de promoção e prevenção da saúde no seu campo de atuação (NEVES; ACIOLE, 2011). As
mudanças no perfil de atuação do fisioterapeuta acompanharam a evolução do modelo de saúde
que teve como marco histórico a criação da Estratégia de Saúde da Família (ESF), na década
de 90, que propõe uma reorientação do modelo assistencial através da inserção de equipes
Diante desse contexto, uma revisão integrativa sobre a fisioterapia na Atenção Básica,
ressaltou que o profissional encontra alguns desafios para o exercício pleno do seu trabalho.
Tais desafios ocorrem pelas condições físicas e econômicas inadequadas para realização das
ações, o desconhecimento dos profissionais da equipe sobre o trabalho do fisioterapeuta, o
número reduzido de profissionais atuantes neste nível de atenção à saúde e, sobretudo, pelo
predomínio das ações curativas (FONSECA et al., 2016).
METODOLOGIA
Durante o Curso de Especialização foi realizada uma oficina que teve como objetivo
preparar os estudantes para a construção metodológica do Projeto de Intervenção. Diante da
Fonte: Autores.
Com isso, as ações estratégicas propostas para o plano de intervenção foram as
seguintes:
2. Dialogar com os profissionais das equipes de saúde da família acerca da situação com
o intuito de diminuir os encaminhamentos equivocados;
5. Criar grupos com a ajuda da equipe NASF e em parceria com a Academia de Saúde para
acompanhar os portadores de dor crônica de forma multidisciplinar;
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pretende-se inserir nesses grupos rodas de conversa sobre educação em dor e também
articular a participação dos demais profissionais da equipe NASF para uma abordagem
interdisciplinar, o que ainda não foi viável devido a incompatibilidade de horários e dias de
trabalho dos profissionais. Entendemos que a vertente educativa e interdisciplinar pode ser
muito efetiva por considerar condicionantes e determinantes sociais para o estabelecimento de
um plano terapêutico adequado às necessidades de cada indivíduo.
É perceptível que o fluxo de pacientes pelo serviço tem melhorado e o tempo na fila de
espera tem diminuído. No entanto, tendo em vista a grande demanda de pacientes e uma lista
de espera com mais de 100 pessoas, em outubro de 2018, foi realizada outra reunião com a
gestão para dialogar novamente sobre o problema. Ficou definido que seria contratado mais um
fisioterapeuta para o município com a finalidade de suprir a demanda ambulatorial. Logo, o
item 9 que era considerado de governabilidade baixa foi conquistado. Espera-se que com essa
contratação e as demais ações propostas nesse plano, a fila e o tempo de espera por atendimento
diminuam, melhorando o fluxo e o cuidado oferecido aos usuários do município.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nessa perspectiva, é possível refletir e, a partir de uma necessidade real, criar estratégias
para resolução, fortalecendo os vínculos, a capacidade de dialogar, planejar e sobretudo
trabalhar em equipe.
Por fim, espera-se que essa proposta de intervenção seja reavaliada e aprimorada
continuamente e que alcance seu objetivo principal de diminuir o tempo e a fila de espera para
atendimento fisioterapêutico proporcionando um cuidado continuado e mais qualidade de vida
para a população assistida.
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SILVA, M. C. DA; FASSA, A. G.; VALLE, N. C. J. Chronic low back pain in a Southern
METODOLOGIA
A análise dos estudos selecionados para a pesquisa tem como critérios de inclusão:
artigos completos em inglês ou português; responder a questão norteadora; objetivo de
investigar a funcionalidade em idosos. E os critérios de exclusão foram: estudos que não
abordavam a funcionalidade como variável e a Hierarquia das evidências. A tabela 1, descreve
o nível hierárquico de evidência adaptado por Souza et al. (2010) e adotado neste estudo. Em
seguida foi realizado a discussão dos resultados após a apresentação da revisão integrativa:
tabela e quadro, realizados pelos autores deste estudo. Selecionados para o estudo “Pubmed”
(11) e “Scielo” (3), no total de de 14 artigos.
Nível de Evidência
Os dados da análise dos dados encontrados são descritos abaixo. O quadro 1 consta a
descrição teórica presente nos artigos elencados, focando os objetivos e principais resultados
relatados em cada pesquisa. 6 estudos foram classificados como nível 4 no ranking de níveis de
evidência, demonstrando que a maioria dos dados são provenientes de estudos descritivos ou
qualitativos.
Autor e Nível de
Objetivo Resultados
ano evidência
Determinar a eficácia de um
programa de treinamento Encontrado melhoria em equilíbrio, se mantendo após 1
Harada et individualizado em idosas para mês. A velocidade da marcha não melhorou
4
al. (1995) mobilidade, marcha, equilíbrio e significativamente, entretanto houve melhora de desempenho
desempenho funcional de idosas em funcional.
cuidados residenciais
Investigar os efeitos de um
Edgren et programa de reabilitação domiciliar Houve redução da incapacidade de idosos após a fratura
2
al. (2015) sobre incapacidade física após do quadril.
fratura de quadril.
Verificar a correlação entre As idosas com menores picos de força apresentaram pior
Pereira et
4 sarcopenia, capacidade funcional e desempenho no teste de sentar e levantar
al. (2016)
interleucina-6
Legenda: AAP - Adelaide Activities Profile; BBSS - Berg Balance Scale Score; CIF - Classificação Internacional de
Funcionamento, Incapacidade e Saúde; DRC - doença renal crônica; FAI - Frenchay Activities Index; FHI - Falls Handicap
Inventory; GARS - Groningen Activity Restriction Scale; GE - grupo experimental; GUCMAH - Get up from the chair and
move around the house Test; LLFDI - Late Life Functionand Disability Instrument; NEADL - Nottingham Extended
Activities of Daily Living Scale; OA - Osteoartrite; OARS - Older Americans Resources and Services Activities of Daily
Living Scale; SCS - Speed to climb stairs; SES - status socioeconômico; SGLP - Speed to get up from a lying position.
Harada et al. (1995) Berg balance; Escala de Tinetti; POMA e velocidade de marcha Estrutura e Função; Atividade
Condição de saúde;
Kutner (2008) (não detalhado )
Estrutura e função
Fairhall et al.
(não detalhado ) Atividade e participação
(2011a)
Legenda: ABVD - atividade básica de vida diária; AIVD - atividade instrumental de vida diária; AVD - atividade de vida
diária; LLFDI - late life functionand disability instrument; POMA - performance oriented mobility assessment;
SES - status socioeconômico; SPPB - bateria de desempenho físico curto; TC6- Teste de caminhada de 6 minutos;
WOMAC - western ontario and mcmaster universities osteoarthritis index.
DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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RESUMO
Introdução: A lombalgia é um sintoma relatado mundialmente e suas técnicas de tratamento
estão se aprimorando. A estabilização segmentar é uma técnica segura e indolor que visa à
melhora deste quadro álgico. Objetivo: Analisar uma série de casos tratados com a técnica de
estabilização segmentar no equilíbrio estático e no quadro álgico em diferentes situações de
atividade de vida diária (AVD’s). Métodos: A amostra consistiu em quatro participantes
mulheres com lombalgia que receberam 10 sessões de estabilização segmentar lombar (ESL).
Foram mensuradas a dor no início, meio e fim do tratamento com a escala analógica visual da
dor (EVA). A estabilidade estática foi mensurada através da estabilometria no início e final do
tratamento. Resultados: Em relação ao quadro álgico, todas as participantes apresentaram
melhora. A análise estabilométrica não apresentou alterações no equilíbrio estático após o
tratamento com ESL. Conclusão: Conclui-se que após o tratamento com a técnica de ESL
houve redução da dor lombar em mulheres sedentárias, porém, os dados estabilométricos não
sofreram alterações após 10 sessões de ESL.
Palavras-chave: lombalgia, escala visual analógica, equilíbrio.
INTRODUÇÃO
COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral é uma estrutura comparada a um edifico de ossos. Esses ossos são
denominados como vértebras que se sobrepõem uma em cima da outra. São 33 vértebras, sendo
separadas didaticamente como 7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e 4 coccígeas. O
segmento vertebral não é somente composto por ossos, mas sim, por um conjunto de músculos,
ligamentos, nervos e fáscia (1,2).
Os músculos da coluna podem ser subdivididos em dois grupos, os músculos profundos
e os músculos superficiais. Os músculos profundos são: oblíquos internos, transverso
abdominal e multifídios; já os superficiais, são: os oblíquos externos, os eretores da coluna e o
(1, 3, 4)
reto do abdome. Todos esses músculos contribuem para o suporte vertebral e pélvico .
Para que esse segmento ósseo possa permanecer estável ele necessita da força e do
EQUILÍBRIO E ESTABILIDADE
LOMBALGIA
A lombalgia é caracterizada por uma sensação desagradável na região inferior da coluna
tendo dimensões sociais, biológicas e psicológicas na vida do indivíduo. Segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% dos adultos terão pelo menos uma vez
na vida, uma crise de dor lombar. A lombalgia é a maior causa de queixas de trabalho nos países
desenvolvidos, proporcionando além de um problema médico, um déficit econômico para o
país. Essa dor pode ser causada por processos degenerativos, inflamatórios, sedentarismo,
alterações congênitas e/ou mecano-posturais. As últimas citadas são responsáveis pela maior
parte das dores. Nelas ocorre um desequilíbrio entre a carga funcional e a capacidade funcional,
que é o potencial para a execução (11).
Sabemos também que a dor lombar crônica ocorre pela perda da estabilidade da coluna
vertebral, devido sua perda no controle dos mecanismos passivos (vértebras, discos e
ligamentos), ativos (músculos e tendões) e do controle motor. Como já citado, o sistema local
de estabilização consiste nos músculos profundos intrínsecos que estão ligados diretamente à
coluna lombar, já o sistema global é constituído por grandes grupos musculares superficiais que
se originam na pelve e tem sua inserção na caixa torácica, ambos são necessários para a
estabilidade e controle do movimento (12, 13, 14).
Acredita-se também que a estrutura e a função dos músculos profundos do tronco estão
(16)
alteradas nos indivíduos com dor lombar , por isso recentemente há um maior foco nos
exercícios de estabilização, para a melhora do controle neuromuscular, diminuindo a
recorrência a dor (13, 14, 17, 18).
O desequilíbrio muscular constitui um dos principais fatores da dor, pois a coluna
necessita da estabilidade durante os movimentos para evitar uma sobrecarga excessiva. Esta
estabilidade parte das estruturas ligamentares íntegras e de uma boa musculatura do sistema
muscular global (eretores espinhais, obliquo externo e reto abdominal) e local (transverso
abdominal, oblíquo interno, quadrado lombar e multifídios lombares) (10,15,16).
ESTABILIZAÇÃO SEGMENTAR
A estabilização segmentar (ES) caracteriza-se por exercícios de isometria, de baixa
intensidade e sincronia dos músculos profundos do tronco, que tem como objetivo estabelecer
o segmento da coluna e o proteger de desgastes excessivos. Esses exercícios são práticas de co-
contração dos músculos transversos abdominais, oblíquos internos e multifídios de modo a
MÉTODO
Trata-se de uma série de casos, envolvendo mulheres sedentárias com lombalgia. Este
projeto obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Joinville –
Univille, parecer 650.159 em 16 de maio de 2014.
A amostra foi composta por quatro mulheres com lombalgia e sedentárias. Não houve
distinção de etnia, religião, condição social ou financeira. Após a identificação das participantes
que se encaixaram nos critérios de inclusão, as mesmas foram convidadas a participar do estudo
mediante contato individual realizado pelos pesquisadores. Neste momento as convidadas
foram esclarecidas sobre os objetivos do estudo, bem como os benefícios e riscos de sua
participação. Após a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, as
convidadas que concordaram em participar da pesquisa assinaram o TCLE, e foram convidadas
a comparecer em local e data pré-determinadas para a coleta de dados.
Os critérios de exclusão foram idade inferior a 18 e maior que 60 anos, ser praticante de
qualquer atividade física, estar realizando qualquer tipo de tratamento conservador para coluna,
RESULTADOS
Tabela 1. Tabela descritiva do quadro álgico antes, durante e após o tratamento de ESL da participante 1 (P1).
Pré-tratamento 5ª sessão Pós-tratamento
P P P
Ao acordar 2 1 0
Ao levantar 4 3 0
Durante o trabalho 2 1 0
Demais atividades 6 5 4
Tabela 2. Tabela descritiva do quadro álgico antes, durante e após o tratamento de ESL da participante 2 (P2).
Pré-tratamento 5ª sessão Pós-tratamento
P P P
Ao acordar 5 3 3
Ao sentar 3 1 0
Ao levantar 3 1 0
Durante a noite 6 3 3
Durante o trabalho 7 3 2
Demais atividades 7 3 3
Média 5,16 2,33 1,83
Desvio Padrão 1,67 0,94 1,34
P – Pontuação EVA
Participante 3: 55 anos, do lar, sente dor lombar há 6 anos. Ao início do tratamento
referiu dor quando: ao levantar-se, ao caminhar, durante a noite, fica muito tempo em pé e
realizada serviços domésticos. A dor limita suas atividades quando realiza serviços domésticos
e serviços pesados. Não possui diagnóstico clínico definido.
A Tabela 3 descreve o quadro álgico antes, durante e após o tratamento da ESL da
participante 3 durante as atividades descritas.
Tabela 3. Tabela descritiva do quadro álgico antes, durante e após o tratamento de ESL da participante 3 (P3).
Pré-tratamento 5ª sessão Pós-tratamento
P P P
Ao sentar 4 0 0
Ao caminhar 4 0 0
Durante a noite 6 2 0
Durante o trabalho 6 2 2
Demais atividades 5 3 3
Média 5,00 1,40 1,00
Desvio Padrão 0,89 1,20 1,26
P – Pontuação EVA
Tabela 4. Tabela descritiva do quadro álgico antes, durante e após o tratamento de ESL da participante 4 (P4).
Pré-tratamento 5ª sessão Pós-tratamento
Nota Nota Nota
Ao acordar 3 2 0
Ao sentar 2 1 1
Ao levantar 2 2 1
Ao caminhar 6 5 1
Durante a noite 7 5 1
Durante o trabalho 6 4 1
Demais atividades 7 4 1
Média 4,71 3,28 0,85
Desvio Padrão 2,11 1,48 0,34
P – Pontuação EVA
A Tabela 5 demonstra os valores estabilométricos pré e pós-tratamento de ESL de todas
as participantes.
Tabela 5. Tabela Descritiva dos valores estabilométricos pré e pós-tratamento de ESL de todas as participantes.
Pré-tratamento Pós-tratamento
DLL DAP IP DLL DAP IP
M DP M DP M DP M DP M DP M DP
P1 1,2 0,8 1,3 0,7 34,9 9,4 0,8 0,6 1,1 0,7 48,0 5,5
P2 0,3 0,1 0,4 0,0 21,5 2,0 0,4 0,1 2,1 0,4 29,1 7,0
P3 0,6 0,3 0,9 0,2 20,5 2,8 0,9 0,4 0,6 0,2 25,3 1,2
P4 0,4 0,2 0,8 0,3 19,1 4,5 0,6 0,2 2,1 1,3 30,4 2,3
DLL – Desvio látero-lateral; DAP – Desvio ântero-posterior; IP – Instabilidade postural; M – Média; DP-
Desvio padrão; P1 – Participante 1; P2 – Participante 2; P3 – Participante 3; P4 – Participante 4.
DISCUSSÃO
CONCLUSÃO
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RESUMO
INTRODUÇÃO
Realizou-se a busca dos artigos indexados nas bases de dados: PubMed, SciELO e
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) por meio dos descritores nas línguas portuguesa e inglesa
e combinados com o operador booleano AND, formando os seguintes grupos de palavras:
“cinesioterapia” AND “osteoartrite do joelho” AND “idosos” e “kinesiotherapy” AND
“osteoarthirtis of knee” AND “eldery”.
Para otimizar a seleção, categorização das informações e análise dos estudos, elaborou-
se um instrumento composto pelos seguintes itens: Título, autor, ano, local do estudo,
metodologia, população estudada, objetivo e principais resultados.
Os artigos selecionados passaram por um processo de leitura dos dados que ocorreu
primeiramente por leitura textual, a qual se trata de um modo de aprofundamento em processos
discursivos, visando alcançar saberes sob a forma de compreensões reconstruídas dos discursos.
Essa leitura permite identificar e isolar enunciados dos conteúdos a ele submetidos, categorizar
tais enunciados e produzir textos, de maneira a integrar descrição e interpretação. A análise
textual utiliza como fundamento de sua construção o sistema de categorias, o corpus - conjunto
de textos submetidos à apreciação, que representa a multiplicidade de visões de mundo dos
sujeitos acerca do fenômeno investigado (MORAES, 2016).
Foi utilizada a técnica de análise temática (MINAYO, 2010), para a compreensão dos
núcleos temáticos escolhidos na construção dos problemas do estudo. Após esse procedimento,
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram encontrados 2833 artigos nas bases de dados, sendo que 2737 na PubMed, 91 na
BVS e 05 na SciELO. Deste total, após a utilização dos critérios de inclusão foram selecionados
838 artigos, distribuídos nas bases de dados da seguinte forma: PubMed (800), SciELO (05) e
BVS (33). Dos 838 artigos após a leitura dos títulos e resumos foram excluídos 830 artigos que
não respondiam ao objetivo da revisão. Assim, a seleção foi finalizada com 08 artigos para
serem lidos na íntegra (Figura 1).
Figura 1: Fluxograma da descrição da busca dos artigos nas bases de dados. Fortaleza-CE, 2020.
Quadro 2 - Descrição dos artigos sobre a utilização da cinesioterapia por meio de exercícios na reabilitação
pacientes com OA de joelhos por Título, população, objetivo e principais resultados. Fortaleza-CE, 2020.
Autores População Objetivo Resultado
Suzuki 52 pacientes Investigar o efeito da terapia de No resultado da participação JKOM
et al. exercícios em casa visando melhorar a em atividades sociais, uma tendência
força de vários músculos e aumentar a de melhora foi observada no grupo de
flexibilidade das articulações em idosos exercícios múltiplos em comparação
residentes na comunidade com AO pré- com o grupo de controle.
radiográfica do joelho e examinar a
adesão do paciente dos programas de
exercícios
Vincent 90 Comparar a eficácia do exercício de Incluíram ganho de força máxima em
et al. participantes resistência com foco excêntrico com extensão e flexão da perna de uma
exercício de resistência com foco repetição em leg press, redução da dor
concêntrico nos sintomas e força da segundo WOMAC
oesteoartrite de joelho.
Huang et 250 Investigar os efeitos de um método de A pontuação VAC e questionário
al. participantes exercício de contração isométrica do WOMAC mostraram alívio
quadríceps no tratamento da osteoartrite significativo da dor um mês após o
de joelho. tratamento no grupo de teste
(percentual menor que 0,05), mais
alívio mínimo no grupo de controle;
em um mês, também melhora mínima
da função articular no grupo de teste
(percentual maior que 0,05), mais
melhora significativa no grupo de
controle (percentual menor que 0,05).
No entanto, três meses após o
tratamento o alívio da dor e função da
articulação do joelho melhoraram
mais no grupo de teste do que no
grupo de controle com uma diferença
significativa (percentual menor que
0,05).
Barduzzi 15 voluntários. Avaliar o impacto da fisioterapia Observou que os participantes da FA
et al. aquática e terrestre na capacidade apresentaram melhora significativa do
funcional de idosos com diagnóstico de tempo marcha usual (P=0,007),
osteoartrose de joelho. marcha rápida (P=0,02), subir escadas
(P=0,02), descer escadas (P=0,01).
Oliveira 30 pacientes. Comparar a dor, mobilidade, Ambas as intervenções promoveram
et al. capacidade funcional e força de melhorias significantes em todas as
indivíduos com osteoartrose de joelhos variáveis, avaliadas, dor, mobilidade,
Diante dos artigos analisados, foram encontrados quatro estudos que enfatizam o uso e
a eficácia da cinesioterapia através dos exercícios de fortalecimento proporcionando qualidade
de vida em pacientes idosos com AO no joelho.
De acordo com Suzuki et al. (2019), em seu estudo clínico randomizado foi realizado a
comparação de dois programas de terapia com uso de exercícios em domicílio. Os resultados
foram: melhora da força muscular, alívio da dor e rigidez, proporcionando qualidade de vida
para as pessoas com OA de joelho.
Vincent et al. (2019), em seu estudo randomizado foi feito a comparação entre o uso de
exercícios resistidos concêntricos e excêntricos no tratamento de idosos acometidos por OA no
joelho. Ambos os grupos obtiveram um aumento de ganho de força muscular, diminuição do
quadro de dor e consequentemente melhora da qualidade de vida.
Semelhante aos achados supracitados, Imoto et al. (2012) apresentou como efetivo os
exercícios de fortalecimento de quadríceps femoral na reabilitação de pessoas com OA de
joelho; obtendo como resultado: melhora na capacidade funcional e diminuição da dor.
Corroborando com Imoto et al. (2012) Pelletier et al (2013) em seu estudo piloto,
utilizou um programa de exercícios resistidos para o quadríceps femoral em mulheres com OA
no joelho. As mesmas foram submetidas a exercícios de resistência por um período de oito
semanas, após a utilização dos exercícios foi visto a eficácia em relação as atividades de vida
diária, diminuição do quadro álgico e na capacidade funcional das pacientes estudadas. Sendo
assim se se evidenciou que o uso de exercícios é eficiente no tratamento de OA de joelho.
CONCLUSÃO
A presente revisão da literatura demonstrou que o uso da cinesioterapia com o uso dos
exercícios no tratamento de idosos com OA de joelho, se mostrou eficaz na melhora do quadro
álgico, ganho de força muscular, amplitude de movimento articular, redução da rigidez
articular, melhora da capacidade funcional, possibilitando uma melhor qualidade de vida para
esses idosos. Foi visto que os exercícios foram variados, sendo isométricos, isotônicos,
resistidos, passivos e ativos, não podendo apontar qual desses é o mais eficiente no tratamento
da OA, portanto se faz necessário mais estudos sobre a temática.
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