Calculo Diferencial e Integral III 1462969922
Calculo Diferencial e Integral III 1462969922
Calculo Diferencial e Integral III 1462969922
Ementa
Descrição
Esta disciplina tem como objetivo levar o aluno a compreender os conceitos de derivada e integral de
funções reais de várias variáveis reais e de campos vetoriais ao ponto de aplicá-los em diferentes contextos
tais como o estudo do comportamento de funções, esboço de curvas e de superfícies, modelagem de
situações-problema envolvendo máximos e mínimos, taxa de variação, comprimento de arco, cálculo de
áreas e volumes, trabalho realizado por uma força, com ênfase no cálculo de derivadas, integrais e gráficos
utilizando ferramentas computacionais.
O programa da disciplina divide-se em seis unidades, das quais a primeira é responsável pela
introdução de conceitos e resultados utilizados em todo o texto. Em cada estudo específico, busca-se a
caracterização da função por meio de propriedades que possibilitem ao estudante estabelecer
correspondências entre determinadas situações-problema da vida real e a espécie de função focalizada,
objetivando sua utilização na construção de uma tradução matemática da respectiva situação.
Objetivos
Levar o aluno dos cursos de graduação das áreas científica e tecnológica à compreensão dos
conceitos de derivada e de integração de função de várias variáveis e ao seu uso na modelagem e resolução
de problemas dessas áreas utilizando ferramentas computacionais.
Objetivos Específicos
1
Conhecimentos Prévios
Vetores, Produtos escalar e vetorial, Ângulo entre vetores, Equações da reta e do plano, Cônicas e
quádricas, Limites e continuidade de funções reais de uma variável real, Derivadas de funções reais de uma
variável real, Integrais de funções reais de uma variável real, coordenadas polares e comprimento de arco.
Conceitos topológicos
Conceito de função real de várias variáveis reais
Limites e continuidade
Unidade II Diferenciabilidade
Máximos e mínimos
Multiplicadores de Lagrange
Derivadas de funções implícitas
Transformações
Integrais duplas
Mudança de variáveis em integrais duplas
Integrais triplas
Campos vetoriais
Funções vetoriais
Integrais de linha
Independência do caminho
Superfície regulares
Integrais de superfície
Teorema de Green
Teorema de Gauss
Teorema de Stokes
2
Unidade I Funções Reais de Várias Variáveis Reais
1. Situando a Temática
Quando falamos que uma coisa é função de outra, queremos dizer, simplesmente, que a primeira
delas depende da segunda. Situações de dependência, ou vinculação, fazem-se presentes constantemente em
nossa vida. Por exemplo, a área de um triângulo é igual a um meio da base vezes a altura, ou seja, depende
da base e da altura do triângulo.
A partir de agora, você está convidado a nos acompanhar neste passeio pelo mundo das funções reais
de várias variáveis reais. Juntos analisaremos detalhadamente suas regras, conheceremos domínios, gráficos
e curvas de nível, verdadeiras ferramentas de decoração utilizadas para exposição de mapas, e aprenderemos
os conceitos de limites e continuidade de funções reais de várias variáveis reais.
2. Problematizando a Temática
No nosso dia-a-dia as funções reais de várias variáveis reais independentes aparecem com mais
frequência do que as funções reais de uma variável real, e seu cálculo é ainda mais extenso. Suas derivadas
são mais variadas e mais interessantes por causa das diferentes maneiras como as variáveis podem interagir.
Considere, por exemplo, uma placa metálica circular com um metro de raio, colocada com centro em
O = (0, 0) do plano xy e seja aquecida, de modo que a temperatura em um ponto P = ( x, y ) seja dada por
T ( x, y ) = (16 x ² + 24x + 40y ²) o C ,
com x e y em metros. Determine os pontos de menor e maior temperatura da placa.
3. Conhecendo a Temática
Nesta seção introduzimos os conceitos topológicos importantes para o estudo de funções reais de
várias variáveis reais, mais precisamente funções cujo domíno é um subconjunto X ⊆ R n e cuja imagem
está contida em R , com ênfase no plano cartesiano e no espaço. É pertinente lembrar que é de extrema
importância em matemática, sempre que possível, esboçar graficamente um conjunto (ou um gráfico de uma
equação ou inequação) para termos uma ideia geométrica do mesmo.
Um conjunto de pontos ou simplesmente um conjunto X em R n , com n = 2 ou 3 , é qualquer
coleção de pontos finita ou infinita.
Dados um ponto P = (a, b) ∈ X e um número real δ > 0 , chama-se vizinhança delta (circular) de
P , em símbolos Vδ ( P) , ao conjunto de todos pontos Q = ( x, y ) ∈ X tais que
Q − P = d ( P, Q ) = ( x − a ) 2 + ( y − b ) 2 < δ ,
isto é,
Vδ ( P ) = {Q ∈ X : Q − P < δ }.
Chama-se vizinhança delta (retangular) de P ao conjunto de todos pontos Q = ( x, y ) ∈ X tais que
x−a <δ e x −b < δ,
isto é,
Vδ ( P ) = {( x, y ) ∈ X : x − a < δ x − b < δ }.
e
A Figura 01 expõe graficamente a definição de vizinhança delta (circular) de P .
Um conjunto X em R n chama-se aberto se para cada ponto P ∈ X , existir uma vizinhança delta
3
de P toda contida em X , isto é,
∀ P ∈ X , ∃ Vδ ( P) tal que Vδ ( P) ⊆ X .
Neste caso, diremos que todos os pontos de X são pontos interiores.
Z = {( x, y ) ∈ R 2 : y ≥ 0}
não é um conjunto aberto em R 2
Solução. Dado um ponto P = (a, b) ∈ X , existe uma vizinhança Vδ ( P ) , com δ = 1 − a 2 + b 2 , tal que
Vδ ( P) ⊆ X , pois se Q = ( x, y ) ∈ Vδ ( P) , então
x 2 + y 2 = Q − O = (Q − P ) − ( P − O ) ≤ Q − P + P − O < δ + a 2 + b 2 = 1.
Para provar que Z não é um conjunto aberto em R 2 , basta observa que: para cada ponto P = (a, 0) ∈ Z ,
não existe uma vizinhança Vδ ( P ) tal que Vδ ( P ) ⊆ Z .
Um ponto P ∈ R n é um ponto de fronteira de um conjunto X em R n se qualquer vizinhança delta
de P contém pontos de X e pontos fora de X , isto é,
Vδ ( P) ∩ X ≠ ∅ e Vδ ( P ) ∩ (R n − X ) ≠ ∅,
com R n − X o complementar do conjunto X . A Figura 01 expõe graficamente a definição de ponto de
fronteira de X .
4
X ⊆ C3 (0, 0) = {( x, y ) ∈ R 2 : x 2 + y 2 < 9},
Enquanto o conjunto
X = {( x, y ) ∈ R 2 : x > 0}
não é um conjunto limitado em R 2 . Note que em R 2 uma esfera é um círculo e um bloco é um retângulo.
Um conjunto X em R n chama-se compacto se ele for fechado e limitado em R n . Por exemplo,
X = {( x, y ) ∈ R 2 : x + y ≤ 1}
é um conjunto compacto em R 2 .
Um ponto P ∈ R n é um ponto de acumulação de um conjunto X de R n se para qualquer número
real δ > 0 , tem-se (Vδ ( P ) − {P}) ∩ X ≠ ∅. Por exemplo, P = (0, 0) ∈ R 2 é um ponto de acumulação do
conjunto
X = {( x, y ) ∈ R 2 : y > 0}.
Note que P ∉ X , observe também que qualquer ponto Q ∈ X é um ponto de acumulação de
X = {( x, y ) ∈ R 2 : y > 0}.
Enquanto o conjunto Z não possui pontos de acumulação, pois dado x ∈ Z , existe δ = 1 tal que
(Vδ ( x) − {x}) ∩ Z = ∅. Um ponto P ∈ X que não é ponto de acumulação de X chama-se um ponto
discreto ou isolado.de X .
Um conjunto X em R n chama-se conexo se quaisquer dois pontos distintos P, Q ∈ X podem ser
ligados por uma linha poligonal toda contida em X , por linha poligonal significa uma “curva” constituída
de um número finito de segmentos retilíneos em sucessão tais que a extremidade de cada um coincida com a
origem do seguinte. Por exemplo, o conjunto
X = {( x, y ) ∈ R 2 :1 < x 2 + y 2 < 4}
é um aberto conexo em R 2 . Note que um aberto conexo não pode ser formado por dois conjuntos abertos
disjuntos. Assim, o conjunto
X = {( x, y ) ∈ R 2 : x > 0}
não é conexo, pois
X = {( x, y ) ∈ R 2 : x < 0} ∪ {( x, y ) ∈ R 2 : x > 0}.
Um conjunto X em R n chama-se uma região se X é um aberto conexo mais alguns ou todos os
seus pontos de fronteiras. Uma região X é simplesmente conexa se qualquer curva fechada em X pode ser
deformada com continuidade até se reduzir a um ponto sem sair de X . Por exemplo,
X = {( x, y ) ∈ R 2 : x ≤ 1 e − 1 < y ≤ 2}
é uma região simplesmente conexa.
O conceito de função real de duas ou mais variáveis reais é análogo ao conceito de função real de
uma variável real visto no Cálculo Diferencial e Integral I. Por exemplo, a equação z = y 2 − x 2 exprime z
como função de x e y . Em geral, z é uma função de x e y se existir uma regra f que a cada ponto
P = ( x, y ) de um conjunto X em R 2 associar um único ponto z ∈ R . A Figura 02 expõe graficamente a
definição de uma função de X em R . Para indicar a conexão entre x , y e z usualmente escreve-se
z = f ( x, y ) ou z = z ( x, y ) .
5
Escreveremos f : X ⊆ R n → R ou, simplesmente, f : X → R para indicar que f é uma função
com domínio X e contradomínio R . Se z = f ( x, y ) , diremos que z é o valor ou a imagem de x e y
com respeito a f . Às vezes, as funções f : X ⊆ R n → R são chamadas de funções escalares.
Solução. Já vimos, no Ensino Médio, que o domínio da função log x é conjunto de todos os x ∈ R , com
x > 0 . Logo, o domínio da função f ( x, y ) é o conjunto de todos os pontos ( x, y ) em R 2 tais que
1
1 − 4 x 2 − y 2 > 0.
9
Portanto,
X = {( x, y ) ∈ R 2 : 36 x 2 + y 2 < 9}
é o domínio da função f ( x, y ) .
É importante notar que, o gráfico de uma função real de duas variáveis reais representa uma superfície. A
Figura 03 (a) expõe graficamente a definição do gráfico de uma função f : X ⊆ R 2 → R .
6
constante k , o conjunto de todos os pontos ( x, y, z ) ∈ X tais que w = k geram, em geral, uma superfície
Sk , chamada de superfície de nível da função f correspondente ao valor k .
Exemplo 2.2 Seja f : R 2 → R a função definida pela regra f ( x, y ) = y 2 − x 2 . Determine
algumas curvas de nível da função f .
y = x e y = −x .
( )
3.o Caso. Se k < 0 , então y 2 − x 2 = k é uma hipérbole com vértices ± k , 0 . Algumas curvas de nível e
o gráfico da função estão expostas na Figura 04.
Nesta seção apresentaremos, de um ponto de vista intuitivo e/ou formal, as ideias básicas sobre
limites que serão necessárias na formulação dos conceitos de continuidade, diferenciabilidade e
integrabilidade de uma função real de várias variáveis reais.
Já vimos, no Cálculo Diferencial e Integral I, que uma função real de uma variável real
f : I ⊆ R → R tem limite L , em símbolos
lim f ( x) = L,
x→a
se dado um número real ε > 0 , existe em correspondência um δ > 0 tal que
x ∈ I , 0 < x − a < δ ⇒ f ( x) − L < ε .
Devemos lembrar que a notação x → a significa que x está muito próximo de a , mas x ≠ a .
Esse conceito de limite pode ser estendido de modo análogo a uma função real de duas ou mais
variáveis reais, por exemplo, se f : X ⊆ R 2 → R , então
lim f ( x, y ) = L
( x , y ) → ( a ,b )
significa que: dado um número real ε > 0 , existe em correspondência um δ > 0 tal que
( x , y ) ∈ X , 0 < ( x − a ) 2 + ( y − b ) 2 < δ ⇒ f ( x, y ) − L < ε .
Assim, com alguns ajustes de ordem técnica, todas as propriedades de limites para funções reais de uma
variável real valem para funções reais de duas ou mais variáveis reais.
7
lim (3 x + y ) = 5 .
2
2.
( x , y ) →(1,2)
Solução.( 1 ) Devemos provar que: dado ε > 0 , existe um δ > 0 tal que
0 < ( x − 2) 2 + ( y − 1) 2 < δ ⇒ 2 x + y − 5 < ε .
Para resolver esse problema vamos dividir a prova em dois passos:
1.o Passo. O número δ depende da escolha do número ε . Assim, para determinar o possível δ , devemos
estudar a desigualdade que envolve ε , isto é,
2x + y − 5 < ε .
Note que
2 x + y − 5 = 2( x − 2) + ( y − 1) ≤ 2 x − 2 + y − 1 .
Como
x − 2 = ( x − 2) 2 ≤ ( x − 2) 2 + ( y − 1) 2 e y − 1 = ( y − 1) 2 ≤ ( x − 2) 2 + ( y − 1) 2
temos que
2 x + y − 5 ≤ 2 x − 2 + y − 1 < 2δ + δ = 3δ .
ε
2.o Passo. Verificação da nossa escolha do δ . Dado ε > 0 , basta escolher um δ = tal que
3
0 < ( x − 2) 2 + ( y − 1) 2 < δ ⇒ 2 x + y − 5 < ε .
De fato,
( x − 2) 2 + ( y − 1) 2 < δ ⇒ x − 2 < δ e y −1 < δ .
Logo,
x − 2 < δ ⇒ 2 x − 2 < 2δ .
Assim,
2 x + y − 5 ≤ 2 x − 2 + y − 1 < 2δ + δ = 3δ < ε .
8
ε
2.o Passo. Verificação da nossa escolha do δ . Dado ε > 0 , basta escolher um δ = min{1, } tal que
10
0 < ( x − 1) 2 + ( y − 2) 2 < δ ⇒ 3x 2 + y − 5 < ε .
De fato,
( x − 1) 2 + ( y − 2) 2 < δ ⇒ x − 1 < δ e y − 2 < δ.
Logo,
x − 1 < δ ⇒ 3 x − 1 x + 1 < 9δ .
Assim,
3 x 2 + y − 5 ≤ 3 x − 1 x + 1 + y − 2 < 9δ + δ = 10δ < ε .
Portanto, lim ( x , y )→(1,2)(3 x 2 + y ) = 5 .
Vimos acima que o cálculo do limite por meio da definição pode ser tedioso se f tem uma
expressão complicada. Assim, apresentaremos algumas técnicas, além das propriedades de limite já vistas no
curso de Cálculo Diferencial e Integral I, que serão úteis para determinar se uma dada função tem ou não
limite em um ponto.
Já vimos que lim x →a f ( x) existe quando o limite pela esquerda lim x →a− f ( x) e pela direita
lim x →a+ f ( x) existem e são iguais. Esse procedimento não se aplica às funções reais de duas ou mais
variáveis reais, pois existem uma quantidade infinita de caminhos para chegarmos em um ponto, mas ele
serve como um guia para apresentarmos um candidato ao limite ou não. Lembre que se o limite existe, ele é
único.
Os limites iterados
⎛
x → a ⎝ y →b
⎞
lim ⎜ lim f ( x, y ) ⎟
⎠
e (
lim lim f ( x, y )
y →b x→a
)
não são necessariamente iguais. No entanto, devem ser iguais para que o limite lim ( x , y )→( a ,b ) f ( x, y ) exista,
mas sua igualdade não garante a existência deste limite.
existe.
o que é uma "forma indeterminada". Assim, devemos tentar outras formas de calcular o limite
x− y
lim .
( x , y ) → (0,0) x + y
Neste caso,
⎛ x− y⎞ ⎛ x− y⎞
lim ⎜ lim ⎟ = lim (1) = 1 e lim ⎜ lim ⎟ = lim (−1) = −1.
x →0 y → 0 x + y y →0 x →0 x + y
⎝ ⎠ x →0 ⎝ ⎠ y →0
existe.
9
Solução. Note que
⎛ x2 − y2 ⎞ ⎛ x2 − y 2 ⎞
lim ⎜ lim 2 2 ⎟
= lim(1) = 1 e lim ⎜ lim 2 2 ⎟
= lim(−1) = −1.
x →0 y →0 x + y y →0 x →0 x + y
⎝ ⎠ x→0 ⎝ ⎠ y →0
existe.
Solução. Para resolver esse problema devemos primeiro verificar se o limite é o mesmo por vários caminhos
diferentes do plano para o ponto P = (0, 0) . Em seguida aplica-se a definição para comprovar. Note que
⎛ x2 y2 ⎞ ⎛ x2 y2 ⎞
lim ⎜ lim 3 3 ⎟
= lim(0) = 0 e lim ⎜ lim 3 3 ⎟
= lim(0) = 0.
x →0 y →0 x + y y →0 x →0 x + y
⎝ ⎠ x →0 ⎝ ⎠ y →0
x2 y2 x 2 m2 x 2 x4 m2 xm 2
lim = lim = lim = lim = 0.
( x , y ) →(0,0) x + y x →0 x + m x x →0 x (1 + m ) x →0 1 + m
3 3 3 3 3 3 3 3
x2 y 2 x 2 x 2 e −2 x x 4 e −2 x xe−2 x
lim = lim 3 3 −3 x = lim 3 −3 x
= lim .
( x , y ) →(0,0) x + y
3 3
x →0 x − x e x →0 x (1 − e ) x→0 1 − e −3 x
10
r = x 2 + y 2 temos que r → 0 quando x → 0 e y → 0 . Portanto,
xy
lim = limr cos θ senθ = 0,
( x , y ) →(0,0) x 2 + y 2 r →0
pois cos θ senθ ≤ 1 .
existe.
Solução. Sejam
x2
f ( x, y ) = 3 y . e g ( x, y ) =
x2 + y 2
Então lim ( x , y ) →(0,0) f ( x, y ) = 0 e g ( x, y ) é limitada, pois g ( x, y ) < 1 . Portanto,
3x 2 y
lim = lim f ( x, y ) g ( x, y ) = 0.
( x , y ) → (0,0) x + y
2 2
( x , y ) → (0,0)
2. lim f ( x, y ) = f ( a , b ) .
( x , y ) → ( a ,b )
Neste caso, escreveremos lim ( x , y )→( a ,b ) f ( x, y ) = f (lim x →ax, lim y →b y ) . Intuitivamente, f é contínua no
ponto P se a diferença f ( x, y ) − f ( P) é pequena quando a distância ( x, y ) − P for pequena.
Observacão 3.1. Seja f : X ⊆ R 2 → R uma função, com X um conjunto aberto. Diremos que f
é contínua em X se f é contínua em todos os pontos de X .
Se pelo menos uma das condições da definição de função contínua f em P não for satisfeita,
diremos que f é descontínua no ponto P . Neste caso, diremos que o ponto P é uma descontinuidade
removível de f se lim ( x , y )→( a ,b ) f ( x, y ) existir, mas
lim f ( x, y ) ≠ f ( P).
( x , y ) → ( a ,b )
Caso contrário, ou seja, se lim ( x , y )→( a ,b ) f ( x, y ) não existir, diremos que o ponto P é uma descontinuidade
essencial de f .
É de fundamental importância lembrar que: como a definição de continuidade de uma função real de
várias variáveis reais é um extensão da definição de continuidade de uma função real de uma variável real,
ela tem propriedades análogas.
11
Solução. Para resolver esse problema devemos verificar cada uma das condições da definição de
continuidade de f em um ponto P . Como o domínio de f é todo R 2 temos que f (0, 0) existe e
f (0, 0) = 0 . Pelo Exemplo 3.6, lim ( x , y )→(0,0) f ( x, y ) existe e lim ( x , y )→(0,0) f ( x, y ) = 0 . Finalmente, como
lim f ( x, y ) = 0 = f (0, 0) temos que f é contínua no ponto P = (0, 0) . Note que f é contínua em
( x , y ) →(0,0)
todo R 2 .
Solução. Como o domínio de f é todo R 2 temos que f (0, 0) existe e f (0, 0) = 0 . Ao longo da reta
y = mx , com x ≠ 0 , obtemos
xy x2m m m
lim = lim 2 = lim = .
( x , y ) →(0,0) x + y x → 0 x (1 + m ) x →0 1 + m 1 + m2
2 2 2 2
Assim, lim ( x , y ) →(0,0) f ( x, y ) não existe. Portanto, f não é contínua no ponto P = (0, 0) . Note que f é
contínua em R 2 − {(0, 0)} .
Solução. Como o domínio de f é todo R 2 temos que f (0, 0) existe e f (0, 0) = 1 . Sejam
y
f ( x, y ) = x e g ( x, y ) = .
x2 + y2
lim f ( x, y ) = 0 ≠ 1 = f (0, 0)
( x , y ) →(0,0)
temos que f não é contínua no ponto P = (0, 0) . Note que P = (0, 0) é uma descontinuidade removível de
f , pois a função g : R 2 → R definida por
⎧ f ( x, y ), se ( x, y ) ≠ (0, 0)
g ( x, y ) = ⎨
⎩0, se ( x, y ) = (0, 0)
é contínua em P = (0, 0) .
12
4. Avaliando o que foi construído
Nesta unidade você começou o primeiro contato com as funções reais de várias variáveis reais, foi
apresentado às curvas de nível, aprendeu, através de algumas técnicas especiais, se uma função tem ou não
limite e é contínua.
Foi realmente grande o volume de conhecimentos apresentados. Porém, fique certo, ainda há muito
que aprender dentro desses mesmos tópicos. Você viu, por exemplo, que a definição formal de limite é a
mesma de uma função real de uma variável real, mas a existência dos limites por alguns caminhos não
garante que o limite existe.
No Moodle
Pois é. Você precisa visitar o espaço reservado à disciplina Cálculo Diferencial e integral III na
plataforma MOODLE, onde terá a oportunidade de revisar, testar e enriquecer seus conhecimentos.
Lembre-se de que somos parceiros nos estudos e, portanto, eu não pretendo seguir adiante sem que você
me acompanhe. Aguardo você no MOODLE!
13
Unidade II Diferenciabilidade
1. Situando a Temática
Nesta unidade vamos nos dedicar ao estudo das derivadas parciais de uma função real de várias
variáveis reais, isto é, quando fixamos todas as variáveis independentes, exceto uma, e derivamos em relação
a essa variável, obtemos uma derivada “parcial” semelhante àquela do curso de Cálculo Diferencial e
Integral I.
Finalizamos com uma estimativa da variação do valor de uma função quando nos movemos uma
pequena distância a partir de um ponto fixo na direção de um vetor unitário.
2. Problematizando a Temática
Suponhamos que você esteja com uma situação prática (por exemplo, um mapa cartográfico) na
qual resultou a função f : R 2 → R definida por
⎧ 1
⎪ , se ( x, y ) ≠ (0, 0)
f ( x, y ) = ⎨ x 2 + y 2
⎪0, se ( x, y ) = (0, 0).
⎩
Determine as direções nas quais f cresce (decresce) mais rapidamente no ponto P = (1, 2) , e quais são as
taxas de variação nessas direções? Este e outros tipos de problemas que ocorrem em nosso dia-a-dia vamos
modelar e resolver nesta unidade.
3. Conhecendo a Temática
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Solução. Para obtermos f x ( x, y ) , tratamos a variável y momentaneamente como uma constante e
derivamos em relação à variável x usando as técnicas de derivação para funções reais de uma variável real.
Assim,
f x ( x, y ) = 6 x + 5 y.
Em seguida avaliamos a derivada no ponto desejado, ou seja,
f x (1,3) = 6 ⋅1 + 5 ⋅ 3 = 21.
De modo análogo, obtemos f y ( x, y ) = 5 x − 8 y e f y (1,3) = −19 .
∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂x
e
∂ ⎛ ∂f ⎞ ∂ 2 f
⎜ ⎟= = f xy = 9 x 2 y 2 − sen( xy ) − xy cos( xy ) .
∂y ⎝ ∂x ⎠ ∂y∂x
15
Note que f xy = f yx , mas isto nem sempre é verdade.
Exemplo 1.4 Seja f : R 2 → R a função definida por
⎧ xy
⎪ , se ( x, y ) ≠ (0, 0)
f ( x, y ) = ⎨ x 2 + y 2
⎪0, se ( x, y ) = (0, 0).
⎩
Determine f x (0, 0) e f y (0, 0) .
Solução. ( 1 ) Observe que f ( x, y ) = − f ( y, x) . Como a função é definida por duas sentenças vamos dividir
a prova em dois passos:
1.o Passo. Se ( x, y ) ≠ (0, 0) , então
⎛ x2 − y 2 4 x2 y 2 ⎞
f x ( x, y )) = y ⎜ 2 + 2 2 ⎟
.
⎝ x + y (x + y ) ⎠
2 2
2.o Passo. Se ( x, y ) = (0, 0) , então devemos usar a definição da derivada parcial para calcular f x (0, 0) .
f ( x, 0) − f (0, 0) 0
f x (0, 0) = lim = lim = 0.
x →0 x x →0 x
Portanto,
⎧ ⎛ x2 − y 2 4x2 y2 ⎞
y
⎪ ⎜ + ⎟ , se ( x, y ) ≠ (0, 0)
f x ( x, y ) = ⎨ ⎝ x 2 + y 2 ( x 2 + y 2 ) 2 ⎠
⎪0, se ( x, y ) = (0, 0)
⎩
e
⎧ ⎛ y 2 − x2 4x2 y2 ⎞
−
⎪ ⎜ x + ⎟ , se ( x, y ) ≠ (0, 0)
f y ( x, y ) = − f x ( y , x ) = ⎨ ⎝ x 2 + y 2 ( x 2 + y 2 ) 2 ⎠
⎪0, se ( x, y ) = (0, 0).
⎩
( 2 ) Para calcalar f xy (0, 0) e f yx (0, 0) , devemos usar a definição da derivada parcial segunda.
f x (0, y ) − f x (0, 0) y3
f xy (0, 0) = lim = lim − 3 = −1
y →0 y y →0 y
e
16
f y ( x, 0) − f y (0, 0) x3
f yx (0, 0) = lim = lim = 1.
x →0 x x →0 x3
Note que f xy (0, 0) ≠ f yx (0, 0) .
f ( x, y ) = ⎨ ⎟
⎝ x +y
2
⎠
⎪
⎪⎩0, se ( x, y ) = (0, 0).
1. Determine f x e f y .
2. Verifique se f x e f y são contínuas em P = (0, 0) .
Solução. ( 1 ) Observe que f ( x, y ) = f ( y, x) . Como a função é definida por duas sentenças vamos dividir a
prova em dois passos:
1.o Passo. Se ( x, y ) ≠ (0, 0) , então por derivação direta, obtemos
⎛ 1 ⎞ x ⎛ 1 ⎞
f x ( x, y )) = 2 x sen ⎜ ⎟− cos ⎜ ⎟.
⎜ x2 + y 2 ⎟ x2 + y2 ⎜ x2 + y 2 ⎟
⎝ ⎠ ⎝ ⎠
2.o Passo. Se ( x, y ) = (0, 0) , então devemos usar a definição da derivada parcial para calcular f x (0, 0) .
f ( x, 0) − f (0, 0) x2 ⎛1⎞ ⎛1⎞
f x (0, 0) = lim = lim sen ⎜⎜ ⎟⎟ = limx sen ⎜⎜ ⎟⎟ = 0,
x →0 x x →0 x
⎝ x ⎠ x →0 ⎝ x⎠
⎛1⎞
pois sen ⎜
⎜ x ⎟⎟ é limitada. Portanto,
⎝ ⎠
⎧ ⎛ 1 ⎞ x ⎛ 1 ⎞
⎪⎪2 x sen ⎜⎜ 2 ⎟−
⎟
cos ⎜
⎜ x2 + y2
⎟ , se
⎟
( x, y ) ≠ (0, 0)
f x ( x, y ) = ⎨
⎝ x +y x2 + y 2
2
⎠ ⎝ ⎠
⎪
⎪⎩0, se ( x, y ) = (0, 0)
e
⎧ ⎛ 1 ⎞ y ⎛ 1 ⎞
⎪⎪2 y sen ⎜ ⎟− cos ⎜ ⎟ , se ( x, y ) ≠ (0, 0)
f y ( x, y ) = f x ( y , x ) = ⎨ ⎜ x + y2
2 ⎟ x +y
2 2 ⎜ x + y2
2 ⎟
⎝ ⎠ ⎝ ⎠
⎪
⎩⎪0, se ( x, y ) = (0, 0).
( 2 ) Para saber se f x é contínua em P = (0, 0) devemos verificar cada uma das condições da definição de
continuidade de f x em um ponto P . Como o domínio de f x é todo R 2 temos que f x (0, 0) existe e
1
f x (0, 0) = 0 . Ao longo da sequência x = e y = 0 , com n ∈ N , obtemos
nπ
⎛ ⎛ 1 ⎞ x ⎛ 1 ⎞⎞
lim ⎜ 2 x sen ⎜ ⎟− cos ⎜ ⎟ ⎟ = lim − cos(nπ ) = −(−1) n .
( x , y ) → (0,0) ⎜ ⎜ 2 2 ⎟
x +y ⎠ x +y
2 2 ⎜ x + y ⎟ ⎟ n →∞
2 2
⎝ ⎝ ⎝ ⎠⎠
17
Assim, lim ( x , y )→(0,0) f x ( x, y ) não existe, pois depende do número n ser par ou ímpar. Portanto, f x não é
contínua no ponto P = (0, 0) . De modo análogo, prova-se que f y não é contínua no ponto P = (0, 0) . Note
que f x e f y são contínuas em R 2 − {(0, 0)} .
3.2 Diferenciabilidade
Já vimos no curso Cálculo Diferencial e Integral I que uma função real de uma variável real f é
diferenciável em um ponto a se existir uma reta passando pelo ponto P = (a, f (a)) , cuja equação
cartesiana é ϕ( x) = f (a ) + m( x − a ) , tal que
f ( x) − ϕ( x)
lim = 0.
x →a x−a
Note que
f ( x) − ϕ( x) f ( x ) − f ( a ) − m( x − a ) f ( x) − f (a)
lim = 0 ⇔ lim = 0 ⇔ lim = m ⇔ f ' (a) = m.
x →a x−a x →a x−a x→a x−a
Portanto, na reta diferenciabilidade é equivalente a ser derivável. Esse conceito de diferenciabilidade pode
ser estendido de modo análogo a uma função real de duas ou mais variáveis reais.
f ( x, y ) − f (a, b) = T1 ( x, y )( x − a) + T2 ( x, y )( y − b) ,
Portanto, concluímos que as duas definições são equivalentes. Isto significa geometricamente que: f é
diferenciável no ponto P = (a, b) , quando uma pequena porção da superfície z = f ( x, y ) , em volta do
ponto (a, b, f (a, b)) , é quase plana.
18
E (h, k ) f (a + h, b + k ) − ϕ(a + h, b + k )
Q − P = h2 + k 2 e = ,
h +k
2 2
h2 + k 2
com
E (h, k ) = f (a + h, b + k ) − ϕ(a + h, b + k )
chamado o erro ou o resto. Para a maioria das funções encontradas nas aplicações práticas do cálculo, esta
aproximação linear oferece uma boa precisão, isto é, E ( h, k ) é muito pequeno quando h e k são
suficientemente pequenos de modo que o ponto Q = (a + h, b + k ) esteja dentro de X . Diremos f é
diferenciável em X se é diferenciável em todos os pontos de X .
Solução. Como
f ( x, y ) − f (3, 2) = 2 x 2 + y 3 − 26 = 2( x 2 − 9) + ( y 3 − 8) = T1 ( x, y )( x − 3) + T2 ( x, y )( y − 2) ,
com
T1 ( x, y ) = 2( x + 3) e T2 ( x, y ) = y 2 + 2 y + 4 ,
temos que f é diferenciável em P, pois T1 e T2 são funções contínuas em P .
Prova. Suponhamos que f seja diferenciável no ponto P . Então, por definição, existem constantes reais
A e B tais que
f ( x, y ) − f (a, b) − A( x − a ) − B( y − b)
lim = 0.
( x , y ) → ( a ,b ) Q−P
Fazendo h = x − a e k = y − b , obtemos
E (h, k ) f (a + h, b + k ) − f (a, b) − Ah − Bk
lim = lim = 0.
( h , k ) →(0,0) h2 + k 2 ( h , k ) → (0,0) h2 + k 2
Logo,
lim
( h , k ) →(0,0)
( f (a + h, b + k ) − f (a, b) ) = ( h,klim
) →(0,0)
( Ah + Bk + E (h, k ) ) = 0,
pois
⎛ E ( h, k ) ⎞ 2
⎟ h + k = 0,
2
lim E (h, k ) = lim ⎜ 2
⎝ h +k ⎠
( h , k ) → (0,0) ( h , k ) → (0,0) 2
ou, equivalentemente,
lim f (a + h, b + k ) = f (a, b).
( h , k ) → (0,0)
Portanto,
lim f ( x, y ) = f (a, b),
( x , y ) → ( a ,b )
19
Prova. Suponhamos que f seja diferenciável no ponto P e z = f (a, b) + A( x − a ) + B ( y − b) a equação
do plano tangente. Então, por definição, o limite
f (a + h, b + k ) − f (a, b) − Ah − Bk
lim =0
( h , k ) →(0,0) h2 + k 2
não depende do caminho. Assim, ao longo do caminho que liga os pontos (a, b) e (a + h, b) , obtemos
f (a + h, b) − f (a, b) − Ah f (a + h, b) − f (a, b)
lim = 0 ⇒ lim = A.
h →0 h h →0 h
Portanto, f x (a, b) existe e f x (a, b) = A . De modo análogo, prova-se f x (a, b) existe e f y (a, b) = B . ■
temos que
E (h, k )
lim = 0.
( h , k ) → (0,0) h2 + k 2
Portanto, f é diferenciável em todo R 2 .
Solução. Vamos primeiro verificar a continuidade de f no ponto P = (0, 0) . Como o domínio de f é todo
R 2 , temos que f (0, 0) existe e f (0, 0) = 0 . Ao longo do caminho y = mx 2 , com x ≠ 0 , obtemos
x2 y x4m m m
lim = lim 4 = lim = .
( x , y ) →(0,0) x + y x → 0 x (1 + m ) x →0 1 + m 1 + m2
4 2 2 2
20
Assim, lim ( x , y )→(0,0) f ( x, y ) não existe. Portanto, f não é contínua no ponto P = (0, 0) .
Consequentemente, f não é diferenciável no ponto P = (0, 0) . Note que f é diferenciável em
R 2 − {(0, 0)} .
Solução. ( 1 ) Para calcular f x (0, 0) e f y (0, 0) , devemos usar a definição de derivada parcial.
3
E ( h, k ) h3 m 3
m
lim = lim = lim = ± 3 m ≠ 0.
( h , k ) → (0,0) h +k
2 2 h →0 h +m h
2 2 4 h→0 1+ m h 2 2
Solução. Para resolver esse problema devemos determinar f (a + h, b + k ) , quando f ( x, y ) = tan( x log y )
, a + h = 2, 01 e b + k = 0,99 . Consegue-se isto escolhendo a = 2 , h = 0, 01 , b = 1 e k = −0, 01 . Como
h e k são pequenos temos que
f (a + h, b + k ) ≈ f (a, b) + df ,
com dx = h e dy = k . Assim, basta calcular f (2,1) , f x (2,1) e f y (2,1) . Por derivação direta, obtemos
x
f x ( x, y ) = sec 2( x log y ) log y e f y ( x, y ) = sec 2( x log y ) .
y
Logo, f (2,1) = 0 , f x (2,1) = 0 e f y (2,1) = 0,5 . Portanto,
tan[2, 01 ⋅ log(0,99)] ≈ −0.005
21
e dy = Δy = k , temos que E (h, k ) = f (a + h, b + k ) − ϕ( a + h, b + k ) = Δz − df . Logo,
E (h, k ) Δz − df
= .
h +k 2
h2 + k 2
2
T (h, k ) = f x (a, b)h + f y (a, b)k é linear. Portanto, quando nos movemos do ponto P = (a, b) para um
ponto próximo, obtemos as seguintes variações:
Real Estimada Erro
Variação absoluta: Δz df Δz − df
Δz df Δz − df
Variação relativa:
f ( P) f ( P) f ( P)
Variação Δz df Δz − df
×100 ×100 ×100
f ( P) f ( P) f ( P)
percentual:
Solução. Pelo Teorema 2.3 basta verificar se as derivadas parciais f x ( x, y ) e f y ( x, y ) são contínuas no
ponto P = (0, 0) . Observe que f ( x, y ) = f ( y, x) . Como a função é definida por duas sentenças vamos
dividir a prova em dois passos:
1.o Passo. Se ( x, y ) ≠ (0, 0) , então
2 xy 4
f x ( x, y )) = .
(x 2
+y )
2 2
2.o Passo. Se ( x, y ) = (0, 0) , então devemos usar a definição da derivada parcial para calcular f x (0, 0) .
f ( x, 0) − f (0, 0) 0
f x (0, 0) = lim = lim = 0.
x →0 x x →0 x
Portanto,
⎧ 2 xy 4
⎪ , se ( x, y ) ≠ (0, 0)
f x ( x, y ) = ⎨ ( x 2 + y 2 )
2
⎪
⎩0, se ( x, y ) = (0, 0)
e
22
⎧ 2x4 y
⎪ , se ( x, y ) ≠ (0, 0)
f y ( x, y ) = f x ( y , x ) = ⎨ ( x 2 + y 2 )
2
⎪
⎩0, se ( x, y ) = (0, 0).
Agora, é fácil verificar que f x ( x, y ) e f y ( x, y ) são contínuas no ponto P = (0, 0) .
Nesta seção apresentaremos algumas versões da regra da cadeia aplicadas às derivadas parciais.
Sejam f : I ⊆ R → R e g : J ⊆ R → R duas funções com f ( I ) ⊆ J tais que y = f (u ) e
u = g ( x) , então a função composta é dada por y = g o f ( x) = g ( f ( x)) . Assim, se f e g são deriváveis,
então
dy dy du
= .
dx du dx
Note que esse resultado é obtido “dividindo” a diferencial de f por dt . Além disso, um dipositivo prático
para memorizar a Regra da Cadeia é dado no diagrama em árvore, conforme a Figura 06. Alternativamente,
na forma matricial
⎡ dx ⎤ ⎡ ∂x ∂x ⎤
⎡ dz ⎤ ⎡ ∂z ∂z ⎤ ⎢ dt ⎥ ⎡ ∂z ∂z ⎤ ⎡ ∂z ∂z ⎤ ⎢ ∂u ∂v ⎥
=⎢ ⎢ ⎥ e = ⎢ ⎥.
⎣⎢ dt ⎦⎥ ⎣ ∂x ∂y ⎦⎥ ⎢ dy ⎥ ⎣⎢ ∂u ∂v ⎦⎥ ⎣⎢ ∂x ∂y ⎦⎥ ⎢ ∂y ∂y ⎥
⎢⎣ dt ⎥⎦ ⎢⎣ ∂u ∂v ⎥⎦
1
Exemplo 3.1 Seja f : R 2 → R a função definida por z = f ( x, y ) = x 2 − y 2 . Se x = e
1+ t
t dz
y= , para todo t ∈ R − {−1} , então determine .
1+ t dt
23
dz ⎛ 2 ⎞ ⎛ 1 ⎞ ⎛ 2t ⎞ ⎛ 1 ⎞ 2
=⎜ ⎟⎜ − + −
2 ⎟ ⎜ ⎟⎜ 2 ⎟
=− .
dt ⎝ 1 + t ⎠ ⎝ (1 + t ) ⎠ ⎝ 1 + t ⎠ ⎝ (1 + t ) ⎠ ( t + 1)
2
∂z ∂z ∂x ∂z ∂y ∂z ∂z ∂x ∂z ∂y
= + e = + .
∂u ∂x ∂u ∂y ∂u ∂v ∂x ∂v ∂y ∂v
Solução. Como
∂z ∂u ∂u ∂z ∂v ∂v
= 2u, = 3, = −1, = 3v 2 , =1 e =2
∂u ∂x ∂y ∂v ∂x ∂y
temos que
∂z ∂z
= 6u + 3v 2 = 3x 2 + 12 xy + 18 x + 12 y 2 − 6 y e = −u + 6v 2 = 6 x 2 + 24 xy − 3 x + 24 y 2 + y.
∂x ∂y
3.4 Derivada direcional e gradiente
Nesta seção vamos estender a noção de derivadas parciais a outras direções que não sejam retas
paralelas ao eixos.
Sejam f : X ⊆ R 2 → R uma função, com X um conjunto aberto, P = ( x, y ) ∈ X , e
u = (cos θ ,sen θ ) = cos θ i + sen θ j ∈ R 2 , um vetor unitário, para todo θ ∈ R . A derivada direcional de
f no ponto P , na direção do vetor u , é definida como
f ( P + tu ) − f ( P) f ( x + t cos θ , y + t sen θ ) − f ( x, y )
lim = lim
t →0 t t →0 t
∂f f ( x + t , y ) − f ( x, y ) ∂f
( x, y ) = lim = ( x, y )
∂u t →0 t ∂x
24
Solução. Para resolver esse problema devemos primeiro verificar se o vetor v é unitário. Como
v = 42 + 32 = 5 temos que ele não é um vetor unitário. Assim, devemos obter a normalização do vetor v ,
isto é,
1 4 3
v= i+ j
u=
v 5 5
é um vetor unitário com a mesma direção e sentido do vetor v . Portanto,
⎛4 3 ⎞ 12
3 25 t 2
f ⎜ t, t ⎟ te
∂f 5 5 ⎠ 3
(0, 0) = lim ⎝ = lim 5 = .
∂u t →0 t t →0 t 5
Solução. Seja u = (cos θ ,sen θ ) ∈ R 2 um vetor unitário, com cos θ ≠ 0 e sen θ ≠ 0 . Então
t 2 cos θ sen θ
∂f f (t cos θ , t sen θ ) t2 cos θ sen θ
(0, 0) = lim = lim = lim
∂u t →0 t t →0 t t →0 t
não existe. Portanto, a derivada direcional de f no ponto P = (0, 0) na direção do vetor u não existe. No
entanto, as derivadas parciais de f no ponto P = (0, 0) existem.
25
Prova. Suponhamos que f seja diferenciável no ponto P . Então
limE (tu ) = limE (t cos θ , t sen θ ) = 0 .
t →0 t →0
Como
∂f ∂f
f ( P + tu ) = f ( P) + (a, b)t cos θ + (a, b)t sen θ + t E (tu )
∂x ∂y
temos que
f ( P + tu ) − f ( P) ∂f ∂f
lim = (a, b) cos θ + (a, b) sen θ .
t →0 t ∂x ∂y
Portanto, a derivada direcional de f no ponto P = (a, b) na direção do vetor u existe. ■
Note, pelo Teorema 4.1, que
∂f ⎛ ∂f ∂f ⎞
=⎜ i+ j ⎟⋅u (produto escalar).
∂u ⎝ ∂x ∂y ⎠
1
u= ∇f ( P ) .
∇f ( P )
Neste caso, o gradiente de f aponta na direção em que a função f cresce (decresce) mais rapidamente.
Portanto, concluímos que:
26
Solução. Pelo exposto acima, basta determinar a norma do vetor gradiente de f no ponto P . Como
2x 2y 2z
fx = , fy = e fz =
(x )
2 2
(x 2 2
) (x + y2 + z2 )
2
2
+y +z
2 2
+y +z
2 2
temos que
2 4 6
f x (1, 2, −3) = , f y (1, 2, −3) = e f z (1, 2, −3) = − .
142 142 142
com P '(t ) = ( x '(t ), y '(t )) = x '(t )i + y '(t ) j . Agora, consideremos uma curva de nível da função f , isto é,
Ck = {( x, y ) ∈ X : f ( x, y ) = k}.
Logo, dado P (t ) na curva Ck ,
F (t ) = f ( P(t )) = f ( x(t ), y (t )) = k , t ∈ R.
Assim,
dz
0 = F '(t ) = ( P(t )) = ∇f ( P (t )) ⋅ P′(t ), ∀ t ∈ R .
dt
Exemplo 4.5 Determine o plano tangente e a reta normal à superfície S , dada pela equação
cartesiana x 2 + y 2 + 3 z 2 − 5 = 0 , no ponto P = (1,1,1) .
Solução. Seja F ( x, y, z ) = x 2 + y 2 + 3 z 2 − 5 . Então, pelo exposto acima, basta determinar o vetor gradiente
de f no ponto P . Como Fx ( P ) = 2 , Fy ( P ) = 2 e Fz ( P ) = 6 temos que
2( x − 1) + 2( y − 1) + 6( z − 1) = 0 ou 2 x + 2 y + 6 z − 10 = 0.
27
⎧ x = 1 + 2t
⎪
⎨ y = 1 + 2t
⎪
⎩ z = 1 + 6t , t ∈ R.
Exemplo 4.7 Determine a reta tangente e a reta normal à curva C , dada pela equação cartesiana
x − xy + y 2 − 7 = 0 , no ponto P = (−1, 2) .
2
é a reta tangente à curva C no ponto P = (−1, 2) . Neste caso, a reta normal à curva C no ponto
P = (−1, 2) ∈ C é dada por
5 x + 4 y − 3 = 0.
Solução. Vamos primeiro determinar a derivada direcional de f no ponto P = (2, 0) na direção do vetor
uuur
v = PQ = 2i + j e a normalização do vetor v é dade por
1 2 1
u= v= i+ j.
v 5 5
2 1 4
∇f ( P) ⋅ u = (i + 2 j ) ⋅ ( i+ j) = .
5 5 5
Finalmente,
4
df = (∇f ( P) ⋅ u )ds = ( )(0,1) ≈ 0.18 u .
5
28
5. Avaliando o que foi construído
No Moodle
Não perca tempo. Vá à plataforma MOODLE e dedique-se à resolução das tarefas relacionadas
ao assunto desta unidade. Saiba que o aprendizado em Matemática deve ser sequencial, continuado e o
sucesso no estudo das funções reais de várias variáveis reais que virão pela frente depende dos
conhecimentos de derivadas parciais e gradiente.
Reúna-se com colegas para discutir temas estudados. Procure os Tutores para esclarecer algum
tópico que não tenha sido bem assimilado. Comunique-se!
29
Unidade III Aplicações das Derivadas Parciais
1. Situando a Temática
2. Problematizando a Temática
Da mesma forma que as funções reais de uma variável real podem ser utilizadas como eficiente
ferramenta de modelagem em diversas situações-problema, principalmente aquelas que possuem como
objetivo a minimização ou a maximização de determinado componente variável. Vejamos um exemplo de
uma situação dessa natureza.
Mostre que, dentre todos os triângulos de mesmo perímetro, o triângulo equilátero tem a maior área.
Suponhamos que os lados do triângulo sejam x, y e z . Então o perímetro fixo do triângulo é dado por
2 p = x + y + z . Portanto, queremos encontrar o ponto P = ( x, y, z ) que maximiza a função “área do
triângulo A , dada pela fórmula de Heron
A= p ( p − x)( p − y )( p − z ) .”
Em bem pouco tempo estaremos aptos a efetuar os cálculos necessários à obtenção da resposta a essa
questão.
3. Conhecendo a Temática
É pertinente lembrar que as técnicas de máximo e mínimo das funções reais de uma variável real se
estendem com alguns cuidados para funções reais de várias variáveis reais. Além disso, que todos os
resultados desta seção continuam válidos para todas as funções reais de várias variáveis reais.
Seja f : X ⊆ R 2 → R uma função, com X um conjunto aberto. Um ponto P ∈ X é um ponto de
máximo local de f , se existir uma vizinhança delta de P tal que
f (Q) ≤ f ( P), ∀ Q ∈ Vδ ( P) .
f ( P) ≤ f (Q), ∀ Q ∈ Vδ ( P) .
30
Teorema 1.2 (Teste da Derivada Primeira) Sejam f : X ⊆ R 2 → R uma função contínua, com
X um conjunto aberto, e P = (a, b) ∈ X fixado. Suponhamos que P é um ponto de máximo ou mínimo
local de f . Então f x (a, b) = 0 e f y (a, b) = 0 .
Prova. Suponhamos que P = (a, b) seja um ponto de máximo local de f . Então existe uma vizinhança
delta de P tal que
f (Q) ≤ f ( P), ∀ Q = ( x, y ) ∈ Vδ ( P). .
Seja f : X ⊆ R 2 → R uma função contínua, com X um conjunto aberto. Diremos que ponto um
P ∈ X é um ponto crítico de f se ∇f (P ) = (0,0) ou ∇f (P) não existe.
isto é, f x (0,0) não existe. De modo análogo, prova-se que f y (0,0) não existe. Portanto, ∇f (0,0) não
existe. Consequentemente, P = (0,0) é o único ponto crítico de f .
Sejam f : X ⊆ R 2 → R uma função contínua, com X um conjunto aberto, que possue derivadas
parciais em X e P = (a, b) ∈ X fixado. Diremos que P é um ponto de sela de f se ∇f ( P) = (0,0) e P
31
não é ponto de máximo e nem de mínimo de f . Por exemplo, o ponto crítico P = (0,0) , do Exemplo 1.1, é
um ponto de sela de f .
Teorema 1.3 (Teste da Derivada Segunda) Sejam f : X ⊆ R 2 → R uma função, com X um
conjunto aberto, e P = (a, b) ∈ X fixado. Suponhamos que f tenha derivadas parciais segundas
contínuas em Vδ (P ) e ∇f ( P) = (0,0); A = f xx ( P ) , B = f xy ( P ) e C = f yy ( P ) . Então :
1. Se B 2 − AC < 0 e A < 0 , então P é um máximo local de f .
2. Se B 2 − AC < 0 e A > 0 , então P é um mínimo local de f .
3. Se B 2 − AC > 0 , então P é um ponto de sela de f .
4. Se B 2 − AC = 0 , então o teste não se aplica.
Observações 1.1
1. Note que, quando B 2 − AC < 0 , A = f xx ( P ) desempenha o mesmo papel da derivada segunda de
uma função real de uma variável real, por exemplo, se A > 0 , então P é um mínimo local de f .
2. Quando B 2 − AC = 0 o teste da derivada segunda não dá nenhuma informação, ou seja, no ponto
P = (a, b) qualquer coisa pode ocorrer. Por exemplo, se f ( x, y ) = x 4 + y 4 , então f possui um
mínimo no ponto P = (0,0) , mas B 2 − AC = 0 .
32
Portanto, P = (1,1) é um ponto de mínimo local de f . Note que, f (0,−1) = 2 e f (1,1) = −3 são os
valores de máximo e mínimo locais de f , respectivamente.
Exemplo 1.6 Uma placa metálica circular com um metro de raio, colocada com centro em
O = (0,0) do plano xy , é aquecida, de modo que a temperatura em um ponto P = ( x, y ) é dada por
T ( x, y ) = (16 x 2 + 24 x + 40 y 2 ) oC ,
com x e y em metros. Determine a menor e a maior temperatura na placa.
X = {( x, y ) ∈ R 2 : x 2 + y 2 ≤ 1}.
Como X é um conjunto compacto temos, pelo Teorema de Weierstrass, que f possui um máximo e um
mínimo em X .
2.o Passo. Determine os pontos críticos de T no interior de X , isto é, no conjunto aberto. Como
3
Tx ( x, y ) = 32 x + 24 e Ty ( x, y ) = 80 y temos que ∇T ( x, y ) = (0,0) se, e somente se, x = − e y = 0.
4
⎛ 3 ⎞
Portanto, P = ⎜ −,0 ⎟ é o único ponto crítico de f no interior de X . Agora, para aplicarmos o Teste da
⎝ 4 ⎠
Derivada Segunda, precisamos dos valores Txx ( x, y ) = 32 , Txy ( x, y ) = 0 e T yy ( x, y ) = 80. Agora, se
⎛ 3 ⎞
P = ⎜ − ,0 ⎟ , então
⎝ 4 ⎠
B 2 − AC = 0 2 − 32 ⋅ 80 = −2.560 < 0 e A > 0 .
⎛ 3 ⎞
Portanto, P = ⎜ −,0 ⎟ é um ponto de mínimo local de T e
⎝ 4 ⎠
2
⎛ 3 ⎞ ⎛ 3⎞ ⎛ 3⎞
T ⎜ − ,0 ⎟ = 16⎜ − ⎟ + 24⎜ − ⎟ + 40 ⋅ 0 2 = −9 o C .
⎝ 4 ⎠ ⎝ 4⎠ ⎝ 4⎠
π 5π
se, e somente se, θ = 0 , θ = π , θ = eθ= .
3 6
(a) Quando θ = 0 , obtemos
g (0) = 16 + 24 cos 0 + 24sen 2 0 = 40 o C .
(b) Quando θ = π , obtemos
g (π ) = 16 + 24 cos π + 24sen 2π = −8o C .
π
(c) Quando θ = , obtemos
3
33
⎛π ⎞ π π
g ⎜ ⎟ = 16 + 24 cos + 24sen 2 = 46 o C .
⎝3⎠ 3 3
5π
(d) Quando θ = , obtemos
6
⎛ 5π ⎞ 5π 5π
g ⎜ ⎟ = 16 + 24 cos + 24 sen 2 = 46 o C .
⎝ ⎠6 6 6
⎛1 3⎞
Assim, sobre a fronteira da placa, a máxima temperatura é 46 o C nos pontos P = ⎜ , ± ⎟ e a mínima
⎜2 2 ⎟⎠
⎝
temperatura é −8o C no ponto Q = (−1, 0) , Portanto, –9°C e 46°C são os valores de menor e maior
temperatura na placa.
Prova. Veremos a seguir que se ∇g ( P) ≠ (0,0) , então o Teorema da Função Implícita garante que a curva
g ( x, y ) = 0 em Vδ (Q) pode ser representada por uma curva na forma paramétrica P (t ) = ( x(t ), y (t )) com
P ′(t ) ≠ 0 . Sendo assim, suponhamos que a curva C esteja na forma paramétrica e P (t ) = ( x(t ), y (t )) ∈ C ,
para todo t ∈ R . Então, pela Regra da Cadeia, obtemos
∂f dx ∂f dy
φ ′(t ) = + = ∇f ⋅ u ,
∂x dt ∂y dt
∇f ( P) + λ∇g ( P) = (0,0).
O número real λ é chamado de multiplicador de Lagrange. ■
34
Solução. Já vimos que a distância da origem a um ponto P = ( x, y ) dessa hipérbole é dada por
d (O, P) = x 2 + y 2 . Portanto, devemos minimizar a função f ( x, y ) = x 2 + y 2 sujeita ao vínculo ou à
restrição g ( x, y ) = xy − 1 = 0 . Agora, para resolver esse problema devemos dividir a prova em dois passos:
1.o Passo. Determine ∇f e ∇g . É fácil verificar que ∇f ( x, y ) = (2 x,2 y ) e ∇g ( x, y ) = ( y, x) . Logo,
∇g ( x, y ) = (0,0) se, e somente se, x = y = 0 . Como g (0,0) ≠ 0 temos que o ponto P = (0, 0) não está na
curva. Assim, ∇g ( x, y ) ≠ (0,0) se ( x, y ) ≠ (0, 0) . Portanto, pelo Teorema 2.1, existe um λ ∈ R tal que
∇f ( x, y ) + λ∇g ( x, y ) = (0,0) ,
com ( x, y ) satisfazendo g ( x, y ) = 0 .
2.o Passo. Resolver o sistema para obtermos os pontos críticos de f
⎧ 2 x + λy = 0
⎪
⎨2 y + λ x = 0
⎪ xy − 1 = 0.
⎩
Multiplicando a primeira equação por y e a segunda por x , obtemos
2 2
λ = − 2 e λ = − 2 ⇒ x2 = y2 ⇒ y = x ,
y x
pois xy = 1 . Portanto,
xy = 1 e y = x ⇒ x = y = −1 ou x = y = 1 .
Portanto, a distância mínima ocorre nos pontos P = (−1, −1) e Q = (1,1) e
d (O, P) = d (O, Q) = 2 .
Exemplo 2.2 Determine o volume da maior caixa retangular de lados paralelos aos planos
coordenados no primeiro octante, que possa ser inscrita no elipsoide de equação cartesiana
16 x 2 + 4 y 2 + 9 z 2 = 144 .
∇f ( x, y, z ) + λ∇g ( x, y, z ) = (0,0,0),
com ( x, y, z ) satisfazendo g ( x, y, z ) = 0 .
2.o Passo. Resolver o sistema para obtermos os pontos críticos de f
⎧ yz + 32λx = 0
⎪ xz + 8λy = 0
⎪
⎨
⎪ xy + 18λz = 0
⎪⎩16 x + 4 y + 9 z 2 − 144 = 0
2 2
35
Multiplicando a primeira equação por x , a segunda por y , a terceira por z e somando, obtemos
xyz
3xyz + 2(16 x 2 + 4 y 2 + 9 z 2 )λ = 0 ⇒ λ = −
96
Assim,
1 1 2 3 2
yz (1 − x 2 ) = 0, xz (1 − y )=0 e xy(1 − z ) = 0.
3 12 16
4 3
Como x > 0 , y > 0 e z > 0 temos que x = 3 , y = 2 3 e z = . Portanto, o volume
3
V = 8 3 ≈ 14 u.v.
Exemplo 2.3 Mostre que, dentre todos os triângulos de mesmo perímetro, o triângulo equilátero
tem a maior área.
A= p ( x − p )( y − p )( z − p ) .
36
Solução. Devemos maximizar a função f ( x, y, z ) = xyz sujeita ao vínculo
g ( x, y , z ) = x + y + z − k = 0 ,
com k uma constante positiva.
Solução. Já vimos que a distância da origem a um ponto P = ( x, y ) dessa curva é dada por
d (O, P) = x 2 + y 2 . Portanto, devemos minimizar a função f ( x, y ) = x 2 + y 2 sujeita ao vínculo
g ( x, y ) = x 2 − ( y − 1) 3 = 0 . É fácil verificar que ∇f ( x, y ) = (2 x,2 y ) e ∇g ( x, y ) = (2 x,−3( y − 1) 2 ) .
Logo, ∇g ( x, y ) = (0,0) se, e somente se, x = 0 e y = 1 . Como g (0,1) = 0 , não podemos garantir a
existência de um λ ∈ R tal que
∇f ( x, y ) + λ∇g ( x, y ) = (0,0),
com ( x, y ) satisfazendo g ( x, y ) = 0 . De fato, suponhamos que um tal λ exista. Então
⎧ 2 x + 2λ x = 0
⎪
⎨2 y − 3λ ( y − 1) = 0
2
⎪ x 2 − ( y − 1) 3 = 0.
⎩
Pela primeira equação, obtemos x = 0 ou λ = −1 . Se x = 0 , então pela terceira equação y = 1 e pela
segunda equação 2 = 0 , o que é impossvel. Se λ = −1 , então a segunda equação não tem solução. No
37
entando, fazendo o gráfico da curva y = 1 + 3 x 2 , confira Figura 08, veremos
que o problema tem solução com x = 0 e y = 1 . Portanto, a hipótese
∇g ( x, y ) ≠ (0,0) , do Teorema 2.1, não pode ser omitida.
Prova. Vamos provar apenas a segunda parte do teorema, pois a primeira está além dos propósitos deste
texto. Seja z = F (u , v) , com u = x e y = f ( x) . Então, pela Regra da Cadeia,
dz ∂F du ∂F dy
= + .
dx ∂u dx ∂y dx
dz du dy
Como z = F ( x, f ( x)) = 0 , para todo ( x, y ) ∈ Vδ ( P ) temos que = 0 . Logo, =1 e = f ′( x)
dx dx dx
implicam que 0 = Fx + Fy f ′( x) . Portanto,
Fx
f ′( x) = − .
Fy
Note que o o resultado contínua verdadeiro se substituirmos y ou x . ■
38
dy
Exemplo 3.1 Sejam y = f ( x) e y 4 + 3 y − 4 x 3 − 5 x + 1 = 0 . Determine .
dx
dy 12 x 2 + 5
= .
dx 4 y 3 + 3
Solução. Seja F ( x, y ) = f ( x) − y . Então Fx (c, d ) = f ′(c) ≠ 0 . Logo, pelo Teorema Função Implícita,
existe uma função x = g ( y ) diferenciável em um intervalo aberto contendo d = f (c) tal que
F ( g ( y ), y ) = f ( g ( y )) − y = 0 , ou seja, f ( g ( y )) = y . Como Fx = f ′( x) e Fy = −1 temos que
Fy −1 1
g ′( y ) = − =− = .
Fx f ′( x) f ′( x)
Observacão 3.1 Se F ( x, y ) tem derivadas parciais segundas contínuas, então
Fx + Fy f ′( x ) = 0 ⇒ Fxx + Fxy f ′( x) + Fyx f ′( x) + Fyy ( f ′( x)) 2 + Fy f ′′( x) = 0 .
Portanto,
Fxx Fy2 − 2 Fxy Fx Fy + Fyy Fx2
f ′′( x ) = − .
Fy3
Assim, temos uma fórmula de recorrência para obter as derivadas de f de ordem n desde que F tenha
derivadas parciais contínuas até essa ordem.
Prova. Vamos provar apenas um item da segunda parte do teorema. Sejam w = F (u , v, z ) , com
z = f ( x, y ) , x = u ( x, y ) e y = v( x, y ) . Então, pela Regra da Cadeia, obtemos
∂w ∂F ∂u ∂F ∂v ∂F ∂z
= + + .
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x ∂z ∂x
∂w ∂u ∂v
Como w = F ( x, y, f ( x, y )) = 0 , para todo ( x, y, z ) ∈ Vδ (P ) temos que = 0 . Logo, =1 e =0
∂x ∂x ∂x
39
∂z ∂z F
implicam que 0 = Fx + Fz . Portanto, = − x . É importante observar que o resultado contínua
∂x ∂x Fz
verdadeiro se substituirmos z por x ou y . ■
∂z ∂z
Exemplo 3.3 Se z = f ( x, y ) e x 2 z 2 + xy 2 − z 3 + 4 yz − 5 = 0 . Determine e .
∂x ∂y
∂z 2 xz 2 + y 2 ∂z 2 xy + 4 z
=− 2 e =− 2 .
∂x 2 x z − 3z 2 + 4 y ∂x 2 x z − 3z 2 + 4 y
∂ ( F , G ) Fu Fv
J (u, v) = = = Fu Gv − Fv Gu .
∂ (u , v) Gu Gv
3.4 Transformações
Neste caso, diremos que T transforma R sobre T ( R) . É comum representar essa transformação por meio
das equações simultâneas
x = f (u, v) e y = g (u, v) ,
com T ( x, y ) = ( f (u, v), g (u, v)) .
40
Exemplo 4.1 Seja transformação T : R 2 → R 2 definida por
x = r cosθ e y = rsenθ .
R = {( r ,θ ) ∈ R 2 : 0 ≤ r ≤ 1 e 0 ≤ θ ≤ 2π }
−u +v u+v
x= e y= ,
2 2
ou seja,
⎛ −u +v u +v⎞
T −1 (u, v) = ⎜ , ⎟.
⎝ 2 2 ⎠
Suponhamos que a transformação T : R 2 → R 2 definida por
(1) ⎧⎨
x = f (u , v)
⎩ y = g (u, v)
seja invertível. Então T −1 : R 2 → R 2 é definida por
⎧u = h( x, y )
(2) ⎨
⎩v = k ( x, y )
Os sistemas ( 1 ) e ( 2 ) são chamados de fórmulas de mudança de coordenadas.
41
Exemplo 4.2 Seja T : R 2 → R 2 a transformação definida por
⎧ x = r cosθ
⎨ r>0 e θ ∈ [0,2π ) .
⎩ y = rsenθ ,
Determine
∂ ( x, y )
J ( r ,θ ) = .
∂ ( r ,θ )
⎧ x = r cosθ
⎪
⎨ y = rsenθ r>0 e θ ∈ [0,2π )
⎪ z = z,
⎩
π ⎛ π ⎞
Solução. Como x = y = 3 temos que r = 3 2 e θ = . Portanto, ⎜ 3 2 , ,7 ⎟ são as coordenadas
4 ⎝ 4 ⎠
cilíndricas do ponto (3,3,7) .
⎧ x = ρ cosθsenφ
⎪
⎨ y = ρsenθsenφ
⎪ z = ρ cos φ .
⎩
⎛ π π⎞
Exemplo 4.4 Determine as coordenadas retangulares do ponto. ⎜ 4, , ⎟.
⎝ 3 6⎠
π π
Solução. Como ρ = 4 , θ = e φ= . temos, com alguns cálculos, que x = 1 , y = 3 e z = 2 3 .
3 6
( )
Portanto, 1, 3 ,2 3 são as coordenadas retangulares do ponto ⎜ 4,
⎛ π π⎞
, ⎟.
⎝ 3 6⎠
42
5. Avaliando o que foi construído
Nesta unidade vimos como aplicar os conhecimentos das derivadas parciais na resolução de
problemas práticos de maximizar e minimizar funções que relacionam distância máxima e mínima a um
plano, volumes, temperaturas, etc. Portanto, use os resultados e técnicas desenvolvidos nesta unidade no
estudo dos problemas de maximizar e minimizar que virão pela frente.
No Moodle
A transformação de todo este conteúdo em conhecimento só se dará com a sua participação
efetiva nas atividades propostas no MOODLE. Portanto, programe-se. Planeje seus estudos. Já há muito
que estudar sobre este assunto.
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