CADERNO TRAJETORIA HORIZONTES Projetos de Futuro e Mundo Do Trabalho
CADERNO TRAJETORIA HORIZONTES Projetos de Futuro e Mundo Do Trabalho
CADERNO TRAJETORIA HORIZONTES Projetos de Futuro e Mundo Do Trabalho
ISBN 978-65-86734-95-9
Produto educacional elaborado a partir da dissertação
intitulada: Trajetórias criativas, mundo do trabalho e educação
profissional e tecnológica: conexões possíveis (Mestrado em
Educação Profissional e Tecnológica). -IFRS, Campus Porto
Alegre, RS, 2021.
Esperamos que este produto educacional possa trazer subsídios para o aprimoramento
das ações deste e também para os outros programas enquanto políticas de inclusão das
juventudes em distorção idade/série, beneficiando jovens em situação de vulnerabilidade
social, população sobre a qual se acumula uma enorme dívida, especialmente em termos
educacionais.
Informação aos(as) professores(as)
A reprovação e a distorção idade/série nos anos finais do ensino fundamental atingem
no Brasil 3,1 milhões de crianças e adolescentes (UNICEF, 2018), a maioria em famílias de
baixa renda nas periferias dos grandes centros urbanos e áreas rurais. São considerados em
situação de distorção idade/série alunos com pelo menos dois anos de reprovação escolar. O
grupo mais vulnerável é a população de 15 a 17 anos, em que se encontra, além de grande
número de estudantes com distorção, a maior proporção de evasão.
Buscando enfrentar este cenário, foi criado, através de uma PARA MAIS
parceria entre UFRGS e Secretaria Estadual de Educação do Rio INFORMAÇÕES
Grande do Sul, o programa Trajetórias Criativas, uma proposta de SOBRE O
atendimento a jovens de 15 a 17 anos retidos no ensino fundamental em PROGRAMA,
ACESSE O
escolas da região metropolitana de Porto Alegre. Com metodologia
LINK
baseada em ações educativas abertas e inspirada nas propostas
construtivista e socioconstrutivista, o programa obteve importantes
resultados no combate à desmotivação, ao fracasso e ao abandono
escolar, possibilitando o acesso ao ensino médio a mais de 3.700
estudantes em seus oito anos de funcionamento.
A estratégia metodológica para abordar esse tema foi a busca por conexões possíveis
entre o programa Trajetórias Criativas, os estudos sobre juventudes, o mundo do trabalho e
a educação profissional e tecnológica (EPT). Para compreender a heterogeneidade do público
jovem, buscamos em estudos da sociologia das juventudes os conceitos de condição juvenil e
de jovem como sujeito social (DAYRELL, 2003), e de culturas juvenis (CARRANO e
MARTINS, 2011). Estudando as bases conceituais da EPT, encontramos na obra de
pensadores como Dermeval Saviani (2006), Marise Ramos (2007) e Gaudêncio Frigotto
(2005) os conceitos de trabalho, de trabalho como princípio educativo, politecnia e educação
omnilateral, que estabelecem trabalho, ciência e cultura como dimensões indissociáveis da
formação humana.
O DICIONÁRIO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EM
SAÚDE TRAZ ESTES E OUTROS CONCEITOS. ACESSE!
Quanto ao material didático, foi produzido a partir da
interação com os professores e de uma série de oficinas EM 2020 FORAM
junto a uma classe de Trajetórias Criativas em uma escola da LANÇADOS MAIS SETE
cidade de Alvorada – RS. Inspirado no conjunto de cadernos CADERNOS,
temáticos Trajetórias Criativas, que trazem os temas CONTEMPLANDO OS
TEMAS
identidade, convivência, olhares, território, memórias e
LER E ESCREVER PARA
iniciação científica, o presente material também traz APRENDER,
conceitos e sugestões de roteiros para serem trabalhados de ACOMPANHAMENTO E
forma disciplinar e interdisciplinar, a partir do exercício FORMAÇÃO
investigativo e da resolução de problemas relacionados com a CONTINUADA, E
realidade dos estudantes. Alguns termos utilizados na rotina INICIAÇÃO
CIENTÍFICA EM AÇÃO.
de planejamento das ações do programa – como atividades
PARA CONHECER OS
desencadeadoras, atividades derivadas e ações integradoras CADERNOS TC, ACESSE
– serão utilizados também para indicar as diferentes O LINK!
propostas de atividades. AQUI VOCÊ TAMBÉM
ENCONTRA UMA
Para o planejamento das oficinas e a idealização do RELAÇÃO DE
material, tomamos como referenciais as formulações de PESQUISAS
Antoni Zabala (1998) a respeito do papel social da escola e do PUBLICADAS SOBRE
professor, assim como das tipologias de conteúdos, tendo em TRAJETÓRIAS
vista que a natureza do que se pretende ensinar vai além dos CRIATIVAS E UMA
BIBLIOGRAFIA
conteúdos conceituais, estando em grande medida relacionada
RECOMENDADA SOBRE
aos conteúdos procedimentais e atitudinais. Optamos por TEMAS
apresentar o caderno sob a forma de uma série de ações RELACIONADOS.
pedagógicas que dialogam entre si visando contribuir para a
construção de conhecimento significativo para os jovens.
Por fim, resta ainda dizer que este caderno, assim como os demais volumes e a própria
perspectiva do programa Trajetórias Criativas, não traz uma receita pronta ou um modelo
fechado de abordagem, mas sugestões abertas de atividades a serem apreciadas, adaptadas,
reinventadas ou mesmo usadas apenas como inspiração para a elaboração de um planejamento
completamente novo.
O Desafio
A transição para a vida adulta tem se configurado em um desafio considerável para as
juventudes contemporâneas. Elaborar projetos de vida com liberdade, autonomia, consciência
crítica e responsabilidade, em meio às incertezas resultantes das transformações pelas
quais passa o mundo, tem gerado alguma angústia e, em certa medida, uma postura de
negação por parte das gerações atuais, que têm priorizado desfrutar o tempo presente
(PAIS, 2006). Para jovens em distorção idade/série, as dificuldades são cumulativas, sendo
que a desigualdade educacional é efeito das desigualdades sociais ao mesmo tempo que as
pontencializa.
Os jovens entre 15 e 17 anos que apresentam distorção idade/série nos anos finais do
ensino fundamental apresentam especificidades que os diferenciam dos públicos infantil e
adulto. Têm acúmulos diferentes, interesses diferentes, relação com o mundo diferente. Na
perspectiva da sociologia da juventude, o jovem é sujeito social (DAYRELL, 2003),
vivenciando sua condição juvenil a partir de limites sociais e possibilidades individuais. Pais
(2006) sustenta ainda que a juventude apresenta aspectos distintos relacionados à sua
condição geracional e à condição de classe. É preciso considerar essas especificidades no
momento do planejamento das aulas e na escolha dos materiais utilizados.
As classes específicas de atendimento a esses jovens são uma alternativa para mantê-
los na educação básica regular, corrigindo a distorção idade/série sem a necessidade de
buscarem precocemente a Educação de Jovens e Adultos.
6 – Trajetórias Criativas
A relação entre escola, projetos de futuro e mundo do trabalho, aliás, está explicitada
em diversos documentos legais, desde a LDB e, recentemente, na Base Nacional Comum
Curricular em sua competência geral nº 6 (Quadro 1):
VAMOS LÁ?
7 – Trajetórias Criativas
Atividade Desencadeadora
O “coração da cidade”
Todas as áreas de conhecimento
Em cidades como Alvorada, a praça central (Imagem 1) costuma ser esse local de
concentração. Lá estão a administração municipal, as estruturas dos poderes legislativo e
judiciário, o espaço de lazer e de cultura, o comércio de móveis, de vestuário e de
alimentação, o serviço de transporte, a economia formal e informal. Na geografia da cidade,
é um local bastante conhecido e frequentado pelos jovens, o que nos dá a oportunidade de
lançar olhares diversos, aproveitando bastante as vivências e os conhecimentos prévios dos
estudantes. Observar esse espaço a partir das atividades humanas ali exercidas é um bom
ponto de partida para começarmos a entender o conceito de trabalho.
8 – Trajetórias Criativas
1. Primeiras ideias: sensibilização, preparação, planejamento
Para saber mais sobre a importância dos mapas conceituais no programa, ver Galle,
Alano e Moll: CLIQUE AQUI!
9 – Trajetórias Criativas
Nessa etapa é preciso decidir se haverá divisão por grupos, quais locais serão
visitados, se haverá entrevistas e quais perguntas fazer. É também o momento para definir
se haverá alguma forma de divisão de tarefas, as funções coletivas e individuais. Pode-se
definir quem irá fazer os contatos com as pessoas, quem irá ficar responsável pelos
registros escritos e fotográficos, em formato vídeo ou áudio. Compete aos professores a
mediação, ajudando-os a manterem o foco no tema, ou seja, nas atividades observadas e na
natureza das relações de trabalho lá verificadas. Os registros são sempre importantes para
a reflexão sobre a saída e para as atividades derivadas que ocorrerão posteriormente, como
montagem de gráficos, tabelas, estatísticas, por exemplo.
É aconselhável ter em mãos um pequeno roteiro com algumas questões que ajudem os
estudantes a balizar os registros, como por exemplo:
10 – Trajetórias Criativas
Este roteiro poderá servir como fio condutor da atividade após a visita de estudos,
seja ela um debate, uma encenação, uma narrativa.
É importante que essa seja uma atividade coletiva e que todos tenham a oportunidade
de realizar seus relatos individuais. Uma estratégia para fomentar esse debate é organizar
uma exposição dos materiais visuais gerados pelos estudantes. O objetivo é que, a partir das
manifestações dos estudantes sobre as mais diversas atividades, seja possível compreender
a dinâmica da praça central e de seu entorno.
Sabendo que os jovens costumam frequentar esses locais também nos finais de
semana, seria interessante traçar algumas diferenças percebidas na dinâmica desse espaço
num dia qualquer da semana em comparação a um domingo, por exemplo. Assim, poderemos
verificar comportamentos e expressões de diferentes culturas juvenis.
11 – Trajetórias Criativas
Podemos propor um jogo, em forma de tempestade de
ideias, em que se distribui as atividades mais evidentes
Um exemplo de
encontradas na praça e, em grupos, os estudantes tentam programa de fácil
levantar as inúmeras outras atividades envolvidas direta ou manuseio, que permite
indiretamente àquelas. É uma atividade possível de fazer criar pesquisas,
utilizando apenas lousa e giz, mas existem programas e brainstormings, nuvens
aplicativos digitais que podem tornar a função bem mais de palavras, enquetes
interativa e divertida. instantâneas, é o
Mentimeter. Basta
Por último, é recomendado solicitar aos estudantes um fazer um cadastro
gratuito. Acesso pelo
segundo mapa conceitual, agora incrementado com as novas
LINK!
informações sobre as atividades. A comparação entre o
primeiro mapa e o segundo é um excelente meio de
verificação do aprendizado construído até aqui. No exemplo
abaixo (Imagem 3) há uma simulação em que apenas as
atividades são apresentadas, mas o mapa construído pelos
estudantes pode se tornar bastante rico e complexo se
utilizarmos as atividades indiretas e as classificações
previamente discutidas.
12 – Trajetórias Criativas
Ação integradora
Constituição Federal
Título II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
Capítulo II
Dos Direitos Sociais
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa
causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória,
dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender
às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia,
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
13 – Trajetórias Criativas
Declaração Universal dos Direitos do Homem
Artigo XXIII
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a
condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual
remuneração por igual trabalho.
3. Todo ser humano que trabalhe tem direito a uma remuneração
justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma
existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se
necessário, outros meios de proteção social.
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e neles
ingressar para proteção de seus interesse.
Entretanto, aqui abordamos o tema a partir de um conceito mais amplo, em que toda
atividade humana sobre a natureza em função da satisfação de uma necessidade é
considerada trabalho. Esse conceito tem origem em Karl Marx e figura entre as bases
conceituais da educação profissional e tecnológica. Conforme Marise Ramos (2008) define:
O trabalho, no sentido ontológico, como processo inerente da formação e da realização humana, não é
somente a prática econômica de se ganhar a vida vendendo a força de trabalho; antes de o trabalho ser isto –
forma específica que se configura na sociedade capitalista – o trabalho é a ação humana de interação com a
realidade para a satisfação de necessidades e produção de liberdade. Nesse sentido, trabalho não é emprego,
não é ação econômica específica. Trabalho é produção, criação, realização humanas. Compreender o trabalho
nessa perspectiva é compreender a história da humanidade, as suas lutas e conquistas mediadas pelo
conhecimento humano. (RAMOS, 2008. p. 4)
14 – Trajetórias Criativas
A ação integradora aqui proposta pode ser dividida em dois momentos. O primeiro, a
partir de uma construção narrativa para exemplificar o alcance do conceito de trabalho
acima exposto, e um segundo, em que iremos explorar as paixões e aspirações dos jovens
estudantes.
Abaixo (Imagem 4), professor da escola fala de sua atuação na área da cultura e fala
sobre HQs e construção de fanzines.
O segundo momento será todo dedicado a ouvir os alunos a respeito de seu presente e
de suas perspectivas de futuro. Será para eles provavelmente o ponto alto dessa ação e, de
fato, terá grande contribuição para conferir significado às aprendizagens que esperamos
construir. Vamos provocá-los a exporem seus pensamentos a partir de duas questões:
15 – Trajetórias Criativas
1 - O que gostam de fazer e acham que fazem bem?
O que move esses jovens? Que valores cultivam? Que importância atribuem a essas
práticas? O seu fazer (trabalho) remete a quais vínculos? Que papel exerce a vivência
comunitária em sua vida? Se movem mais em função da religiosidade, das tradições ou da
busca pelo prazer? Dançar, cozinhar, jogar, cantar, tocar, costurar, comunicar, entre outras,
são atividades que na maioria das vezes atuam na construção da identidade desses jovens.
Aqui nos valemos dos conceitos de condição juvenil e de jovem como sujeito social (DAYRELL,
2003), e de culturas juvenis (MARTINS e CARRANO, 2011).
Segundo Juarez Dayrell (2003), o jovem constitui-se em sujeito social que, ao mesmo
tempo, influencia e é influenciado pelo meio em que vive. Assim, constrói sua identidade e
seus projetos de acordo com as condições concretas que encontra. Considerar o jovem como
sujeito social acarreta um olhar diferenciado sobre a juventude, deixando de percebê-lo
como mero protótipo de adulto, como promessa de futuro, para conferir-lhe relevância social
no tempo presente.
De acordo com Carlos Martins e Paulo Carrano (2011), não é possível atribuir padrões
comportamentais à juventude, pois esta se pauta pela diversidade, influenciada
principalmente por questões de origem socioeconômica. Não há, portanto, uma juventude,
mas juventudes, no plural, que se expressam a partir de culturas juvenis. Essas culturas têm
sido silenciadas pela sociedade como um todo e pelo ambiente escolar particularmente. O
reconhecimento e a validação dessas culturas e do protagonismo jovem são fundamentais
para estabelecer um bom diálogo entre a escola e os estudantes, para que estes reconheçam
o espaço escolar como seu.
16 – Trajetórias Criativas
Na imagem 5, alunos executam uma intervenção de jardinagem da frente da escola.
Para essa sondagem, podemos solicitar aos estudantes que construam uma linha do
tempo (Imagem 6) apontando para o futuro próximo, um exercício de projeção de suas vidas
para os próximos cinco anos. Ali podem colocar os marcos importantes que gostariam de ver
concretizados, como a conclusão do ensino médio, o início de namoro, a aquisição de um bem
material, a obtenção da carteira de habilitação para dirigir, a mudança de cidade, etc. A
partir das conversas com os jovens, foi possível perceber que o período de cinco anos é
considerado por eles como tempo suficiente para que consigam concluir a educação básica e
tenham ingressado no mundo do trabalho. Poderão estar em algum curso superior, ou
planejando o seu ingresso, ou talvez estejam encaminhando as providências para buscarem
alguma formação técnica profissional.
17 – Trajetórias Criativas
Imagem 6: Exemplo de linha do tempo
18 – Trajetórias Criativas
Atividade disciplinar
Estamos buscando compreender a atual dinâmica das relações de trabalho como forma
de auxiliar os jovens a estabelecerem conexões entre seus projetos pessoais e o campo das
possibilidades. Nesse sentido a área das ciências humanas poderá contribuir ao permitir
conhecer e comparar as relações de trabalho ao longo da história. A abordagem processual
evidencia que o cenário atual é fruto de construção histórica, uma constante transformação
das diferentes formas das sociedades se organizarem para a produção.
19 – Trajetórias Criativas
Construtores, cozinheiros, soldados, Brecht chama a atenção para a mão de obra que
vem construindo a civilização ao longo dos séculos. Para auxiliar os jovens a reconhecerem e
diferenciarem as formas mais difundidas de exploração do trabalho: escravidão, servidão e
trabalho livre (conforme prevê a BNCC para o componente curricular História, sob o código
EF06HI17), a proposta de criar um quadro comparativo é bastante simples e eficiente. A
partir da condição dos trabalhadores, organiza-se uma dinâmica em que um conjunto de
características devem ser classificadas.
Não livre
Livre
Trabalhador é propriedade de alguém ou do Estado
Império Romano
Europa medieval
Mundo contemporâneo
Iremos verificar que, embora tenham coexistido na maioria das civilizações pré-
capitalistas, cada uma dessas formas de exploração tiveram predomínio em diferentes
tempos e espaços, influenciando na organização das sociedades. Para o nosso propósito, ainda
é necessário um aprofundamento sobre o conceito de trabalho livre. Para isto, apresentamos
a seguir uma outra sugestão de atividade.
20 – Trajetórias Criativas
As várias faces do trabalho livre contemporâneo
Componente curricular de Geografia
21 – Trajetórias Criativas
Reino Unido, Bélgica, França / 2020 / 1h 40min / Drama
Direção: Ken Loach
Elenco: Kris Hitchen, Debbie Honeywood, Rhys Stone
Em Você Não Estava Aqui, após a crise financeira de 2008, Ricky e sua
família se encontram em situação financeira precária. Ele decide adquirir
uma pequena van, na intenção de trabalhar com entregas, enquanto sua
esposa luta para manter a profissão de cuidadora. No entanto, o trabalho
Ficha técnica e informal não traz a recompensa prometida, e aos poucos os membros da
sinopse: família passam a ser jogados uns contra os outros.
Adoro Cinema!
22 – Trajetórias Criativas
A partir da comparação entre as relações de trabalho encontradas, chegamos às novas
modalidades surgidas a partir do desenvolvimento tecnológico, especialmente no setor de
comunicações. Prometida como uma revolução nas relações de trabalho, por aliar a tecnologia,
a gestão e o empreendedorismo, capaz de dar liberdade ao trabalhador por flexibilizar os
tempos e os encargos, a desregulamentação do trabalho tem substituído com grande
velocidade a mão de obra formal, coberta por legislação trabalhista, por uma modalidade de
trabalho absolutamente precária, que aumenta as jornadas e elimina garantias sociais e
direitos trabalhistas.
Fonte: Internet
Este vídeo, de curta duração e linguagem acessível, pode servir tanto como material de apoio ao
professor, quanto como recurso didático para uso em sala de aula.
23 – Trajetórias Criativas
Trabalho e custo de vida
Componente curricular de Matemática
Assim, podemos retomar o texto constitucional na parte a que se refere aos direitos
dos trabalhadores para lembrar que o salário mínimo nacional precisa ser capaz de atender
às necessidades vitais básicas, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo.
Nesse sentido, seria interessante sugerir aos estudantes um levantamento dos valores
mensais despendidos com aluguel, água, energia elétrica, cesta básica, material escolar,
vestuário, transporte. Essa atividade permite muitos desdobramentos e o componente
curricular de Matemática teria a oportunidade de desenvolver diversos temas, como
construção de gráficos, planilhas, porcentagem, progressões.
Atividade interdisciplinar
Traçar planos de futuro envolve também projetar os lugares que queremos ocupar
na sociedade. Numa sociedade desigual, algumas metas podem se tornar bem complicadas
de serem atingidas, algumas portas podem parecer demasiado estreitas.
24 – Trajetórias Criativas
Quando se instala o debate sobre a ocupação dos espaços mais disputados na
sociedade, invariavelmente surge a ideia da meritocracia. Por esse conceito, o acesso a
essas posições é definido pelo merecimento a partir dos esforços individuais.
Meritocracia:
Dica de leitura: Diferenças sociais e ações afirmativas - A luta pela igualdade. De Hamilton Vieira Ramos,
Analista Legislativo do Senado Federal, este artigo traz considerações sobre a origem e conceito de ações
afirmativas. Disponível AQUI!
25 – Trajetórias Criativas
Ações afirmativas:
Ações afirmativas são políticas focais que alocam recursos em benefício de pessoas
pertencentes a grupos discriminados e vitimados pela exclusão socioeconômica no
passado ou no presente. Trata-se de medidas que têm como objetivo combater
discriminações étnicas, raciais, religiosas, de gênero ou de casta, aumentando a
participação de minorias no processo político, no acesso à educação, à saúde, ao
emprego, aos bens materiais, às redes de proteção social e/ou no reconhecimento
cultural.
Entre as medidas que podemos classificar como ações afirmativas podemos
mencionar: incremento da contratação e promoção de membros de grupos
discriminados no emprego e na educação por via de metas, cotas, bônus ou fundos de
estímulo; bolsas de estudo; empréstimos e preferência em contratos públicos;
determinação de metas ou cotas mínimas de participação na mídia, na política e
outros âmbitos; reparações financeiras; distribuição de terras e habitação; medidas
de proteção a estilos de vida ameaçados; e políticas de valorização identitária.
Com isso, espera-se uma representatividade mais adequada e que se possa verificar,
nas mais variadas formas de atuação social, uma proporcionalidade de participação de
acordo com o que se observa na sociedade como um todo. A charge abaixo (Imagem 11)
aponta para a política de cotas como uma importante ação afirmativa.
26 – Trajetórias Criativas
Tendo por base os conceitos mencionados anteriormente
e as charges, podemos propor uma roda de conversa sobre
meritocracia, reconhecimento e justiça social. Durante esse
Saiba mais sobre o Estatuto
momento de conversa, podemos apresentar aos estudantes da Juventude AQUI!
algumas ações afirmativas e políticas públicas que podem
ajudá-los em suas jornadas. Importante, por exemplo, abordar Outra dica importante para
o Estatuto da Juventude, as leis de meia entrada, passe livre, o debate em torno dos
as políticas estudantis de acesso, como cotas, Prouni, SiSU, direitos das juventudes é o
Plano Nacional de
FIES, ou de permanência, como auxílio estudantil e as bolsas
Juventudes (atualizado em
de estudos. A propósito, muitos desses termos são novidades 2018). Disponível AQUI!
para os jovens estudantes. Vale a pena apresentar-lhes um
pequeno glossário (exemplo no final deste caderno) explicando
algumas siglas que podem auxiliá-los em suas trajetórias, tanto
pessoais, quanto profissionais.
Uma atividade interessante para avaliar essa abordagem com os estudantes seria um
quiz com perguntas sobre meritocracia, ações afirmativas e o Estatuto da Juventude.
Cinema e trabalho
Áreas de Linguagens e Ciências Humanas
A proposta agora é montar um seminário sobre cinema e trabalho, onde iremos buscar
compreender as relações de trabalho sob diversos enfoques no âmbito dessa arte tão popular.
Dividindo a turma em duplas, distribui-se uma relação de filmes. Em casa, cada dupla
deverá assistir ao filme e preparar uma apresentação da ficha técnica e da sinopse no
seminário. Também deverão produzir um cartaz, preferencialmente utilizando os recursos
tecnológicos de produção e edição de imagens. Esse cartaz deverá ser capaz de informar e ao
mesmo tempo de despertar a curiosidade dos demais sobre o filme. É possível também
organizar um concurso de cartazes, ou um blog temático com o produto desses trabalhos.
27 – Trajetórias Criativas
Quadro 4 - Sugestões de filmes que abordam a temática do mundo do trabalho
Fábrica de loucuras (1986) Intocáveis (2012)
A mesma abordagem pode ser feita com letras de canções que tratam do tema
trabalho. Pode-se, por exemplo, traçar comparativos entre músicas de diferentes
períodos históricos, ora enaltecendo o trabalho, ora saudando o ócio, ora denunciando as
injustiças. Ou quem sabe analisar a presença feminina em relação à masculina nas mesmas
músicas. Há abundante material de apoio para tal desafio, e esse poderia até mesmo ser
um tema para investigação científica.
Ação integradora
Visita ao IFRS – Campus Alvorada
Áreas de Linguagens, Ciências da Natureza, Ciências Humanas
28 – Trajetórias Criativas
Para conhecer a rede IFRS, acesse: Propomos uma visita a esse local
https://ifrs.edu.br/ para que os jovens conheçam a
instituição (Imagem 12) e saibam
Para saber mais a respeito da Rede Federal de
sobre a sua estrutura, as ofertas de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica, acesse:
http://portal.mec.gov.br/rede-federal-inicial/ cursos, as formas de ingresso, as
condições de permanência. Há no
Para mais informações sobre os cursos ofertados no Campus programa de divulgação à
IFRS - Campus Alvorada, acesse:
comunidade e as escolas são recebidas
https://ifrs.edu.br/alvorada/ensino/cursos/
nos períodos de processo seletivo.
De volta à escola, discute-se o que mais lhes chamou atenção, quais dúvidas
permaneceram, tanto sobre o IFRS quanto sobre a etapa de ensino médio em si. As áreas de
conhecimento podem relacionar seus métodos e conceitos aos cursos apresentados. O mesmo
roteiro pode ser utilizado se houver oportunidades de visitar outras instituições, o que
acrescentaria muito a essa atividade.
29 – Trajetórias Criativas
Iniciação científica
Todas essas e muitas outras questões, além da já mencionada sobre o trabalho como
tema na música brasileira, podem ensejar ricas investigações, em que os estudantes poderão
testar suas hipóteses enquanto constroem conhecimento não só sobre o trabalho, mas
também sobre as formas de se aprender investigando.
Para o caso de o grupo de professores preferirem um tema único, o que por vezes
pode ser necessário, conforme o perfil da turma ou mesmo dos docentes, propomos nessa
ação uma investigação relacionada a economias alternativas, que se apresentem capazes de
contemplar as juventudes do ponto de vista da sustentabilidade e da geração de renda.
30 – Trajetórias Criativas
Imagem 13 - Diz aí - Juventudes e Trabalho - Urbano - Captura de tela
Essa atividade pode culminar com uma grande feira na escola, onde serão
demonstradas essas e outras iniciativas de alunos e da comunidade.
31 – Trajetórias Criativas
Referências
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32 – Trajetórias Criativas
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afeto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006. P. 7-21.
UNICEF Brasil. Panorama da distorção idade/série no Brasil. 2018. Pag. 7. Disponível em:
<https://www.unicef.org/brazil/relatorios/panorama-da-distorcao-idade-serie-no-brasil>. Acesso em:
22 nov 2019.
33 – Trajetórias Criativas
_______. Trajetórias de Sucesso Escolar. Ano referência: 2018, Disponível em:
<https://trajetoriaescolar.org.br/>. Acesso em: 22 nov 2019.
VILLAS, Sara; NONATO, Symaira. Juventude e projetos de futuro. In: CORREA, Licinia M.; ALVES,
Maria Z.; MAIA, Carla L. (Orgs.). Cadernos Temáticos: juventude brasileira e Ensino Médio. Belo
Horizonte: Ed. UFMG, 2014.
WELLER, Wivian. Jovens no Ensino Médio: projetos de vida e perspectivas de futuro. In: DAYRELL,
Juarez; CARRANO, Paulo; MAIA, Carla Linhares (Orgs.). Juventude e Ensino Médio: Sujeitos e
currículos em diálogo. p. 135-154. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2014.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Trad. Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre:
ArtMed, 1998.
34 – Trajetórias Criativas
Mosaico de imagens
A pesquisa que culminou com a elaboração desse caderno teve como objeto de estudo
a realidade do programa Trajetórias Criativas em uma escola de Alvorada - RS. A produção
de dados e impressões foi organizada a partir da observação e do acompanhamento do
programa ao longo de oito anos e, especialmente, a partir de uma série de oficinas realizadas
junto a uma turma específica no ano de 2019. Neste mosaico, apresenta-se imagens dessas
oficinas e de ações realizadas nos últimos anos.
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Fonte das sinopses: Adoro Cinema, em
http://www.adorocinema.com/
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Dicas de músicas sobre a temática transição à vida adulta:
41 – Trajetórias Criativas
Sugestões de sites que abordam a temática juventudes
Ponto Jovem
http://www.pontojovem.net/?s=estatuto+da+juventude
O Ponto Jovem é um portal vinculado ao projeto de extensão “Ponto Jovem” da PUC Minas. O
projeto tem como objetivo geral contribuir para a formação autônoma e cidadã de jovens por
meio de um contexto de formação e aprendizagem que envolve oficinas formativas e um
ponto de informação – Ponto Jovem – que agrega um portal de informações, um aplicativo
para celular e jogos digitais sobre o Estatuto da Juventude.
42 – Trajetórias Criativas
Observatório Jovem do Rio de Janeiro
http://www.observatoriojovem.uff.br/
O Observatório Jovem do Rio de Janeiro é um grupo de pesquisa cadastrado no diretório de
grupos do CNPq e vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação (POSEDUC) da
Universidade Federal Fluminense. O grupo iniciou suas atividades no ano de 2001 na
Faculdade de Educação da UFF e passou a integrar o Programa de Pós-Graduação em
Educação em 2003, caracterizando-se como grupo de estudo, pesquisa e extensão sobre o
tema da juventude. No POSEDUC estamos vinculados à linha de pesquisa Práticas Sociais e
Educativas de Jovens e Adultos do Campo de Confluência "Diversidade, Desigualdades
Sociais e Educação".
Juventudes
https://repositorio.ifg.edu.br/bitstream/prefix/525/2/Produto%20Educacional%20%20Car
tilha%20Juventudes.pdf
Esta cartilha é um produto educacional resultante da pesquisa de mestrado intitulada
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E POSSIBILIDADES DE EMANCIPAÇÃO DAS
JUVENTUDES: UM ESTUDO DE CASO, apresentada ao Programa de Pós Graduação a nível
de Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Câmpus Anápolis, elaborada pelo mestrando Lucas
Manoel Andrade, sob a orientação da Profa. Dra. Gizele Geralda Parreira e Prof.Dr. Eliézer
Marques Faria. O objetivo principal deste documento é disseminar informações relevantes
relacionadas à juventude com linguagem adequada aos diferentes públicos, de modo a
possibilitar que os estudantes jovens tenham consciência de seus direitos, que o professor
tenha suporte para trabalhar essas temáticas em sala de aula e que os gestores tenham
subsídio quando da elaboração de documentos institucionais e implementação de políticas.
43 – Trajetórias Criativas
Glossário para estudantes
ENCEEJA
SiSU
44 – Trajetórias Criativas
PROUNI
FIES
45 – Trajetórias Criativas
Como acessar os programas de acesso ao ensino superior
Fonte: https://vestibular.brasilescola.uol.com.br/enem/enem-sisu-prouni-fies-entenda-diferenca.htm
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