Cças e Adolesc. Com Deficiência, Acesso - Permanência Escola e Bolsa-Família
Cças e Adolesc. Com Deficiência, Acesso - Permanência Escola e Bolsa-Família
Cças e Adolesc. Com Deficiência, Acesso - Permanência Escola e Bolsa-Família
RESUMO
O tema do artigo é referente ao direito de acesso e permanência na escola de
crianças e adolescentes com deficiência a partir de um enfoque social. Para
esta finalidade serão analisadas as condicionalidades ligadas à educação
exigidas pelo Programa Bolsa Família - PBF. O objetivo, portanto, é refletir
acerca do direito ao acesso e permanência na escola de crianças e
adolescentes com deficiência e sobre os motivos que levam às famílias
beneficiárias do PBF a descumprirem as condicionalidades impostas pelo
programa na área da educação. Este artigo é parte da pesquisa intitulada
violência contra criança e adolescente com deficiência vinculada à dados da
Secretaria Municipal de Assistência Social de um município da região
metropolitana de Curitiba, estado do Paraná. Trata-se de uma pesquisa
quantitativa na qual foram utilizados como ferramenta metodológica relatórios
institucionais obtidos com gestores do Programa Bolsa Família do município
em estudo. Para a discussão, como referencial teórico, foi analisado o direito à
educação para pessoas com deficiências descrito através dos seguintes
documentos: Estatuto da criança e adolescente, Lei de diretrizes e bases da
Educação, Convenção dos direitos das pessoas com deficiência, Lei Brasileira
de Inclusão e Plano Nacional do direitos das pessoas com deficiência e a
partir desta análise foi possível construir um protocolo que serve de referência
para análise de do direito à educação de crianças e adolescentes com
deficiência. Com resultado destaca-se que a necessidade de se estabelecer
parâmetros específicos que discutam o direito a educação de crianças e
adolescentes com deficiência e políticas públicas que atendam as famílias
vulneráveis.
1
Mestranda vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação na Universidade Federal
do Paraná, com especialização em Tecnologias aplicadas à educação, Educação Especial e
Inclusiva e Psicopedagogia Clínica e Institucional, Cidade de Curitiba, Estado do Paraná;
e-mail [email protected].
2
1 INTRODUÇÃO
A busca e
construção dos
direitos das pessoas com deficiência e sobretudo das crianças e dos
adolescentes, deriva de um longo processo, com causas e motivações
históricas. Os estudos sobre a violação de direitos das pessoas com deficiência
estão intimamente relacionados com as diversas concepções históricas e
formas como esse grupo foi concebido em diferentes momentos da história e
nas sociedades.
A atitude da sociedade, o estigma, o preconceito e a discriminação contra estes
sujeitos podem naturalizar certos atos, onde as pessoas, a família e a
sociedade agem com a aceitação da negação de seus direitos.
A informação sobre deficiência e pobreza é escassa, e o que existe indica que,
embora nem todas as pessoas com deficiências sejam pobres, há um número
desproporcional dessas pessoas vivendo em condições de extrema pobreza
em todos os países.
As pessoas com deficiência estão entre os grupos da população com mais
risco de viver em situação de pobreza, especialmente nos países em
desenvolvimento e com uma parcela de sua população que vive em exclusão
social.
É o que revela o estudo de Ovadiya e Zampaglione (2009), os autores afirmam
que há um impacto direto da deficiência sobre a pobreza e da pobreza sobre a
deficiência, pois em países de baixa renda ou com políticas pouco efetivas,
evidencia-se que pessoas com deficiência estão excessivamente
representadas entre os mais pobres.
Esta informação aparece também no excerto da CDPD, “(...) salientando o fato
de que a maioria das pessoas com deficiência vive em condições de pobreza e,
nesse sentido, reconhecendo a necessidade crítica de lidar com o impacto
negativo da pobreza sobre pessoas com deficiência” (CDPD, 2009).
Nesta perspectiva os estudos de McDonald et al. (2007) apontaram além disso,
essa experiência pode exacerbar as múltiplas privações a que levam as
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu Capítulo IV, trata do
Direito à educação define:
Quadro 1 - Artigos 53 e 54 do Estatuto da Criança e do Adolescente
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Artigo 24
Como conseqüência o Plano Nacional dos direitos das pessoas com deficiência
amplia a
discussão e
afirma que o acesso à educação é direito de todos, sem discriminação e em
igualdade de oportunidades. Para torná-lo realidade, o Plano investe em
recursos e serviços de apoio à educação básica. São ações que contemplam a
implantação de Salas de Recursos Multifuncionais2, promoção de
acessibilidade nas escolas, formação de professores para o Atendimento
Educacional Especializado3, aquisição de ônibus escolares acessíveis, a
Inclusão da Educação Bilíngue e a ampliação do Programa Benefício de
prestação Continuada na Escola (BPC). (BRASIL, 2013).
Para reafirmar esta perspectiva o art. 28 da Lei Brasileira de inclusão (LBI)
sintetiza importantes aspectos contidos em outros documentos que versam
sobre Educação no Brasil 4 , sendo que deve ser assegurado o sistema
educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como a oferta de
serviços e de recursos de acessibilidade, a institucionalização do atendimento
educacional especializado – AEE no projeto político pedagógico da escola, e
ainda a garantia de acesso pleno ao currículo, formação de professores para
atendimento em sala de aula e para o AEE, elaboração de plano de
atendimento educacional especializado, e a garantia de acessibilidade e
desenho Universal5 em ambientes, serviços e atendimento.
Apesar disso, estudantes com deficiência ainda enfrentam barreiras
significativas tanto para serem matriculados nas escolas, como para serem
aceitos pelas comunidades escolares e terem acesso a oportunidades para
2
As salas de recursos multifuncionais cumprem o propósito da organização de espaços, na
própria escola comum, dotados de equipamentos, recursos de acessibilidade e materiais
pedagógicos que auxiliam na promoção da escolarização.
3
Atendimento Educacional Especializado: A Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva (Brasil, 2008), estabelece o Atendimento Educacional
Especializado (AEE) como apoio para garantir o acesso, a participação e a aprendizagem dos
alunos, público– alvo da Educação Especial. (BRASIL, 2008, p.10)
4
Entre as quais são citadas a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva, na Resolução CNE/CB Nº4/2009, na Resolução CNE/CB Nº4/2010 e na
Lei Nº13.005/2014, que institui o Plano Nacional de Educação –PNE),
5
“É a criação de ambientes e produtos que podem ser usados por todas as pessoas na sua
máxima extensão possíveis”.
9
6
Levantamento de dados em andamento
12
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No que se
refere ao direito
à educação, existem situações de vulnerabilidade, principalmente social, que
se sobrepõem a deficiência e tornam estes sujeitos suscetíveis a terem seus
direitos violados.
A pobreza é fator que potencializa a violação do direito, além disso a falta de
acesso por parte da família a seus direitos e a uma rede de proteção que possa
auxiliar em suas fragilidades também são fatores determinantes. Cabe destacar
que todas as famílias são monos-parentais e geridas por suas genitoras. Em
alguns casos os genitores optaram por não registrar a criança na certidão de
nascimento.
Quanto aos motivos do descumprimento de condicionalidade a pesquisa
permitiu identificar que os motivos que levam as crianças e adolescentes a não
frequentarem a escola são decorrentes de várias situações que incidem sobre
a realidade social da família.
Partindo-se do entendimento de que o descumprimento sinaliza situações de
vulnerabilidade, a identificação das famílias que estão em descumprimento
permite ao poder público mapear os principais problemas vivenciados por elas,
relacionados à oferta dos serviços ou à dinâmica sociofamiliar, e torná-las foco
de ações estatais.
As famílias em situação de descumprimento de condicionalidades, constituem
público prioritário para acompanhamento pela assistência social. O trabalho
social com as famílias que descumprem as condicionalidades é importante
para que sejam superadas as situações que estão interferindo no acesso
regular das crianças e adolescentes à escola.
Diante deste cenário e com base nas análises de documentos e normativas
que tratam do direito à educação de crianças e adolescentes com ou sem
deficiência observa-se que se fazem necessárias discussões sobre a
construção de políticas públicas que considere as especificidades das barreiras
e das violações que pairam, histórica e socialmente, sobre estes sujeitos,
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REFERÊNCIAS