Sistemática Dos Seres Vivos - Porto

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Sistemática dos seres vivos


1. Sistemas de classificação fenéticos e filogenéticos
Classificar consiste em agrupar objetos diferentes em categorias, de acordo com determinados cri-
térios. Nesta perspetiva, a classificação biológica consiste na organização dos seres vivos em grupos de
acordo com critérios baseados, sobretudo, nas suas características.
Os primeiros sistemas de classificação surgiram na Grécia Antiga e baseavam-se nas características
morfológicas ou fisiológicas intrínsecas aos seres vivos. Estas classificações racionais representavam
uma forma objetiva de organizar o mundo vivo e perduraram até Lineu (séc. XVIII), que lançou as bases
dos sistemas de classificação atuais.
Com o avanço do conhecimento científico e de novos métodos e instrumentos de observação, o
conhecimento sobre os seres vivos aumentou exponencialmente, o que conduziu à utilização nas classifi-
cações de um número cada vez maior de características – sistemas de classificação naturais. Estes siste-
mas de classificação fenéticos são sistemas de classificação horizontais uma vez que não consideram a
evolução dos organismos nem o fator tempo que está associado a essa evolução.

Chimpanzé

Cão

Ave

Crocodilo

Lagarto

Sapo

Ancestral Atum

Anfioxo

 FIG. 1  Árvore filogenética dos Cordados.

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Sistemática dos seres vivos
11 BIOL
OGIA

Refletindo uma outra forma de encarar a classificação dos seres vivos, surgiram, depois de Darwin,
as classificações filogenéticas. Nessa perspetiva, os seres vivos passaram a ser classificados não só de
acordo com a sua afinidade estrutural e morfológica, mas também de acordo com a sua história evolutiva.
Com o desenvolvimento da citologia e da bioquímica tem sido possível a identificação de ancestrais
comuns, ajudando a definir sequências que esclarecem o percurso evolutivo dos grupos de seres vivos
(Fig. 1).
As árvores filogenéticas traduzem, assim, afinidades evolutivas entre grupos relativamente aos
quais se considera a existência de antepassados comuns. As classificações filogenéticas podem ser con-
sideradas classificações verticais, uma vez que refletem o carácter dinâmico da transformação dos orga-
nismos ao longo do tempo. A dificuldade na determinação da afinidade entre alguns grupos, sobretudo
das espécies fósseis, constitui a principal crítica a este sistema de classificação.

Taxonomia e nomenclatura
Os sistemas de classificação atuais mantêm ainda alguns aspetos propostos por Lineu no seu sis-
tema de classificação. Nesse sistema, os níveis taxonómicos, ou taxa (plural de taxon), encontram-se dis-
postos de forma hierárquica.
A categoria taxonómica que constitui a unidade básica deste sistema de classificação é a espécie.
A espécie constitui o taxon com menor capacidade de inclusão e o mais uniforme, uma vez que integra
organismos com maior número de características em comum. A espécie é o único taxon natural, porque
os organismos que a integram possuem a capacidade de se cruzar entre si, originando descendência fér-
til. Assim sendo, encontram-se isolados reprodutivamente de outras espécies.
O reino é a categoria mais abrangente, sendo, por isso, a mais heterogénea. Entre estes dois extre-
mos consideram-se o género, a família, a ordem, a classe e o filo. Ao longo desta hierarquia, da espécie
para o reino, vai aumentando o número de organismos incluídos em cada nível, mas diminuindo o grau de
parentesco entre eles (Fig. 2).

Espécie Panthera pardus (leopardo)

Género Panthera (leão, tigre, leopardo, jaguar, leopardo-das-neves)

Família Felidae (leopardo, chita, pantera-nebulosa, gato-bravo)

Ordem Carnivora (leopardo, lobo, urso, mapache, doninha, mangusto, hiena)

Classe Mammalia (leopardo, elefante, baleia, macaco, rato, canguru, ornitorrinco)

Filo
Chordata (leopardo, periquito, crocodilo, rã, atum, tubarão, anfioxo)

Reino Animalia (leopardo, polvo, caranguejo, formiga, minhoca, alforreca)


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 FIG. 2  Classificação do leopardo.

A necessidade de tornar mais rigorosa a classificação dentro de determinados níveis justifica a cria-
ção de categorias intermédias submetidas ao princípio hierárquico já referido. Um subfilo, por exemplo,
corresponde a um grupo menos abrangente que o filo e mais abrangente que a classe.

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Biologia  11.º ano

Regras de nomenclatura
Dá-se o nome de nomenclatura ao conjunto de regras utilizadas na designação dos grupos taxonómi-

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cos. Algumas das regras de nomenclatura empregues na atualidade foram inicialmente propostas por
Lineu. Uma das mais importantes, a nomenclatura binominal, é usada para designar a espécie. Cada
espécie é denominada por dois termos, por exemplo, Fragaria vesca (morangueiro-bravo). O primeiro
termo indica o nome do género a que a espécie pertence e deve ser escrito com inicial maiúscula. Este
nome pode ser utilizado isoladamente para designar o género. O segundo termo, restritivo específico,
complementa sempre o primeiro, de forma a identificar determinada espécie dentro desse género,
devendo ser integralmente escrito em minúsculas. O nome da espécie, por norma impresso em itálico,
deverá ser sublinhado quando manuscrito. O nome do autor e a data da classificação poderão estar asso-
ciados ao nome da espécie, daí resultando uma classificação mais completa (Fig. 3).

Nome do Restritivo Autor da Ano da


género específico classificação classificação

Fragaria vesca Linnaeus, 1753

 FIG. 3  A designação de uma espécie deverá conter,


obrigatoriamente, o nome do género e o restritivo específico.

A designação do género e da espécie, bem como de outras categorias taxonómicas, é, por convenção,
expressa em latim. O latim, sendo uma língua morta, não sujeita a alterações de significado, garante a
estabilidade e a universalidade desta nomenclatura, uma vez que substitui os nomes vulgares que variam
nas diferentes línguas e regiões. Os taxa hierarquicamente superiores ao género são designados por um
só nome que poderá ser escrito em latim ou na língua do utilizador.

2. Sistema de classificação de Whittaker modificado


No sistema de classificação de Whittaker modificado, proposto em 1979, os seres vivos são divididos
em cinco reinos, de acordo com três critérios fundamentais de classificação:
• Tipo de células/nível de organização celular – distinguindo os seres procariontes dos eucariontes
e, dentro destes, os unicelulares, os coloniais, os multicelulares com baixo grau de diferenciação e
os multicelulares.
• Tipo de nutrição – distinguindo seres autotróficos dos seres heterotróficos e, dentro destes, os
heterotróficos por ingestão e os heterotróficos por absorção.
• Interação nos ecossistemas – distinguindo os seres produtores dos seres consumidores e, dentro
destes, distinguindo os macroconsumidores (heterotróficos por ingestão) dos microconsumidores
(heterotróficos por absorção).

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Sistemática dos seres vivos
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 TAB. 1  Principais características dos cinco reinos do sistema de Whittaker modificado (1979)

Reinos Protista ou
Monera Fungi Plantae Animalia
Critérios Protoctista

Tipo de • Procariontes • Eucariontes • Eucariontes • Eucariontes • Eucariontes


células / • Unicelulares • Unicelulares • Unicelulares (raros) • Pluricelulares • Pluricelulares
Nível de • Estrutura colonial • Pluricelulares
organização • Pluricelulares com baixo grau
celular com baixo grau de diferenciação
de diferenciação

Tipo de • Autotróficos • Autotróficos • Heterotróficos • Autotróficos • Heterotróficos


nutrição (fotossintéticos) fotossintéticos por absorção fotossintéticos por ingestão
• Heterotróficos (algas)
por absorção • Heterotróficos
por ingestão ou por
absorção
(protozoários)

Interação • Produtores • Produtores (algas) • Microconsumidores • Produtores • Macroconsumidores


nos • Microconsumidores • Macroconsumidores
ecossistemas (protozoários)
• Microconsumidores
(raros)

Posteriormente a Whittaker surgiram outros sistemas de classificação baseados noutros critérios.


Alguns autores sugeriram a criação de um grupo taxonómico superior ao reino, designado por domínio.
Em 1990, uma equipa liderada por Woese, comparando sequências de RNA ribossómico em diferen-
tes organismos, concluiu que os procariontes não eram um grupo homogéneo, mas antes composto por
dois subgrupos principais, que diferem entre si e dos eucariontes. Esta diversidade levou à divisão do
mundo vivo em três domínios: Eubacteria, Archaebacteria e Eukaria (Fig. 4).

Bacteria Archaea Eukarya

Fungos
Verdes não Metanosarcina Animais
Púrpuras sulfurosas
Gram +
Fungos
Cianobactérias Metanococos limosos Plantas
Ciliados
Entamoebas
Flavobactérias

Flagelados

Ancestral comum
 FIG. 4  Sistema de classificação de Woese.
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A evolução das ciências biológicas em áreas tão diversas como a embriologia, a paleontologia, a fisio-
logia ou a bioquímica leva ao aprofundamento do conhecimento dos seres vivos e a perspetivas diferentes
acerca da diversidade biológica. Essas diferenças de perspetiva traduzem-se na valorização de diferentes
critérios, o que confere aos sistemas de classificação um carácter transitório.

191
Resumo

• Classificar consiste em agrupar objetos diferentes • A nomenclatura binominal de espécie, proposta

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em categorias, de acordo com determinados crité- por Lineu, estabelece a atribuição de dois nomes à
rios. Nesta perspetiva, a classificação biológica espécie, sendo o primeiro, iniciado por maiúscula,
consiste na organização dos seres vivos em gru- o nome do género, e o segundo, que deverá ser
pos de acordo com critérios baseados nas suas sempre acompanhado pelo primeiro e escrito em
características. minúsculas, o restritivo específico. Se manus-
crito, o nome da espécie deve ser sublinhado. Uma
• Os sistemas de classificação fenéticos são siste-
designação mais completa contará com o nome do
mas de classificação horizontais uma vez que não
autor e o ano de classificação.
consideram a evolução dos organismos nem o
fator tempo que está associado a essa evolução. • Utilizando como critérios de classificação o tipo de
células/nível de organização celular, o tipo de
• As classificações filogenéticas podem ser consi-
nutrição e a interação nos ecossistemas, Whitta-
deradas classificações verticais, uma vez que
ker propôs, em 1979, uma reformulação do seu
refletem o carácter dinâmico da transformação
anterior sistema de classificação. De acordo com
dos organismos ao longo do tempo.
este sistema de classificação modificado, os seres
• As árvores filogenéticas traduzem afinidades evo- vivos são agrupados em cinco reinos: Monera,
lutivas entre grupos relativamente aos quais se Protista, Fungi, Plantae e Animalia.
considera a existência de antepassados comuns.
• Sistemas de classificação posteriores vieram pro-
• O processo de classificação pressupõe a definição por a criação de grupos taxonómicos, superiores
prévia de critérios e de regras de nomenclatura ao reino, designados por domínios. Woese propôs
utilizadas na designação das categorias taxonómi- a divisão do mundo vivo em três domínios: Eubac-
cas. Algumas destas categorias, também designa- teria, Archaebacteria e Eukaria.
das por níveis taxonómicos ou taxa (plural de
taxon), foram primeiro propostas por Lineu, tendo
outras sido posteriormente acrescentadas. No
sistema de classificação de Lineu, e em todos os
que se lhe seguiram, as categorias taxonómicas
estão organizadas de forma hierarquizada nas
seguintes categorias: espécie, género, família,
ordem, classe, filo e reino. Ao longo desta hierar-
quia verifica-se uma diminuição das semelhanças
entre os seres vivos e um aumento da abrangência.

192
Verificação das aprendizagens
Sugestões de resposta: pág.315

1. As classificações fenéticas 8. De acordo com Whittaker, fungos e animais são


(A) são classificações horizontais. seres que desenvolvem interações
(B) têm em conta o fator tempo. nos ecossistemas.
(C) baseiam-se nas relações evolutivas entre (A) eucariontes (…) diferentes
os seres vivos. (B) pluricelulares (…) diferentes
(D) são classificações verticais. (C) pluricelulares (…) semelhantes
(D) eucariontes (…) semelhantes
2. As classificações filogenéticas
(A) não exprimem qualquer relação evolutiva entre 9. No sistema de classificação de Whittaker,
os seres vivos. um ser vivo é incluído, inequivocamente, no reino
(B) baseiam-se apenas em critérios bioquímicos. Plantae se apresentar
(C) baseiam-se nas relações evolutivas entre os (A) células eucarióticas e autotrofia.
diferentes seres vivos. (B) diferenciação tecidular elevada e autotrofia.
(D) exprimem apenas uma afinidade estrutural (C) tecidos especializados e células eucarióticas.
e morfológica entre alguns seres vivos. (D) multicelularidade e baixa diferenciação tecidular.

3. A categoria taxonómica mais abrangente é 10. As células bacterianas e as células vegetais têm
(A) o filo. em comum
(B) a espécie. (A) a cápsula e a parede celular.
(C) a classe. (B) os cloroplastos e os ribossomas.
(D) o reino. (C) a composição química do DNA.
(D) a membrana celular e as mitocôndrias.
4. Do cruzamento de indivíduos pertencentes
resultam descendentes . 11. Não é um critério utilizado por Whittaker no seu
(A) ao mesmo género (…) férteis sistema de classificação
(B) à mesma espécie (…) férteis (A) o tipo de nutrição.
(C) à mesma espécie (…) inférteis (B) o nível de organização estrutural e celular.
(D) ao mesmo género (…) inférteis (C) a interação nos ecossistemas.
(D) a semelhança ribossómica.
5. A sequência de níveis taxonómicos que reflete
uma diminuição na afinidade entre os seres vivos é 12. Considere as seguintes afirmações.
(A) género, família, classe e ordem. I. O sistema de classificação de Whittaker
(B) espécie, família, classe e filo. considera a existência de três domínios.
(C) classe, ordem, género e espécie. II. O domínio é mais abrangente e heterogéneo do
(D) classe, ordem, família e género. que o reino.
III. Woese divide os procariontes em dois domínios
6. A nomenclatura binominal é utilizada para
Archaebacteria e Eubacteria.
denominar a
(A) I é verdadeira; II e III são falsas.
(A) classe.
(B) I e III são verdadeiras; II é falsa.
(B) ordem.
(C) II é verdadeira; I e III são falsas.
(C) espécie.
(D) II e III são verdadeiras; I é falsa.
(D) família.
13. Carl Woese utilizou como critério de
7. Na designação científica de Euphorbia lactea,
classificação
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(A) Euphorbia corresponde ao género e lactea


(A) as relações simbióticas entre seres unicelulares.
à espécie.
(B) a interação nos ecossistemas.
(B) lactea corresponde ao género.
(C) a análise do RNA ribossómico.
(C) Euphorbia corresponde à espécie.
(D) o nível de organização celular.
(D) Euphorbia lactea corresponde à espécie.

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Aplicação das aprendizagens
Sugestões de resposta: pág. 315

1  Existem quatro espécies de caranguejos-ferradura, Tachypleus tridentatus, Tachypleus gigas, Carcinoscor-

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pius rotundicauda e Limulus polyphemus. As primeiras três espécies habitam a costa sudeste asiática e a
última espécie a costa leste da América do Norte. Estes animais mantiveram a sua morfologia quase
inalterada nos últimos 150 milhões de anos.
Há mais de 30 anos que a análise do DNA mitocondrial (mtDNA) tem sido utilizada no estudo das relações
filogenéticas entre espécies animais. Com uma taxa de mutação mais elevada do que a que se verifica no
DNA nuclear, este DNA é uma poderosa ferramenta para essa investigação. O segmento de 648 pb (pares
de bases) do gene mitocondrial da subunidade I da citocromo c oxidase (COI), que pode ser facilmente
extraído de diversas espécies, é dos mais usados.
Com o objetivo de melhorar o conhecimento da filogenia das espécies de caranguejos-ferradura e a sua
relação com outros grupos afins foi realizado um estudo de sequenciação do gene COI em diferentes
espécies. Foram analisadas 33 sequências do gene COI de espécies diferentes: caranguejos-ferradura
(12); insetos (8); caranguejos (5) e escorpiões (8). O diagrama da figura 5 representa a relação entre algu-
mas dessas sequências.

L. polyphemus
L. polyphemus
L. polyphemus
T. tridentatus
T. tridentatus Caranguejos-ferradura
T. tridentatus
T. gigas
C. rotundicauda
C. rotundicauda

Grupo A
P. eoa
P. borealis
S. atratus
D. angor
Insetos
D. roehrae
D. quadrisetata
D. beppui
D. beppui
S. serrate
S. serrate Caranguejos
P. pelagicus
C. baergi
Grupo B

C. vittatus
Escorpiões
C. limpidus
C. limpidus
 FIG. 5 

Baseado em Kamaruzzaman, B. Y. et al. (2011). “Molecular phylogeny of horseshoe crab”.


Asian Journal of Biotechnology, vol. 3, n.° 3, pp. 302-309

1.1. A utilização de DNA extraído das mitocôndrias deve-se ao facto de este DNA

(A) existir em maior abundância nos seres vivos do estudo.


(B) possuir maior quantidade de informação genética que o DNA nuclear.
(C) sofrer mais alterações por unidade de tempo.
(D) não estar associado a proteínas, o que o torna menos suscetível a sofrer alterações.

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Sistemática dos seres vivos
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1.2. A presença do gene da citocromo c oxidase I, uma enzima essencial da cadeia respiratória, no mtDNA
de argumento ao modelo , para a origem das mitocôndrias.
(A) serve (…) autogénico (C) não serve (…) autogénico
(B) serve (…) endossimbiótico (D) não serve (…) endossimbiótico

1.3. A partir dos resultados da análise das sequências do gene COI é possível concluir que
(A) existe variabilidade intraespecífica para este gene.
(B) não existe variabilidade entre as amostras do gene em Limulus polyphemus.
(C) existe variabilidade interespecífica para este gene em Limulus polyphemus.
(D) não existe variabilidade interespecífica para este gene.

1.4. Os caranguejos-ferradura da costa asiática partilham entre si um ancestral mais do que com
os da costa leste da América do Norte, sendo de esperar que partilhem entre si semelhança
nas sequências do gene COI.
(A) antigo (…) maior (C) recente (…) menor
(B) antigo (…) menor (D) recente (…) maior

1.5. O diagrama da figura 5 representa um sistema de classificação , uma vez que o fator
tempo.
(A) fenético (…) não considera (C) filogenético (…) não considera
(B) fenético (…) considera (D) filogenético (…) considera

1.6. Dos resultados da comparação das sequências do gene COI verifica-se que
(A) os caranguejos-ferradura partilham um ancestral comum mais recente com os caranguejos
do que com os insetos.
(B) o grupo filogeneticamente mais aparentado com os caranguejos-ferradura é o grupo de que
fazem parte os escorpiões.
(C) o grupo dos caranguejos-ferradura estão filogeneticamente mais próximos dos insetos do que
dos restantes grupos representados.
(D) os caranguejos-ferradura e os insetos partilham entre si menos características do que com
os escorpiões.

1.7. Tachypleus tridentatus e Tachypleus gigas são animais que pertencem


(A) à mesma espécie. (C) a famílias distintas.
(B) a géneros diferentes. (D) à mesma família.

1.8. Na designação de Tachypleus tridentatus, o termo tridentatus refere-se ao .


(A) binominal (…) restritivo específico (C) uninominal (…) género
(B) binominal (…) género (D) uninominal (…) restritivo específico

1.9. Explique, a partir dos resultados da análise das sequências do gene COI, a associação dos seres estu-
dados em dois grupos (A e B).
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1.10. O cianeto é uma substância tóxica que bloqueia a ação da citocromo oxidase ao ligar-se ao ião Fe3+
desta enzima. Este bloqueio impede a redução do O2 no final da cadeia respiratória fazendo com que
a célula passe a reduzir o ácido pirúvico a ácido láctico por um processo anaeróbio. Esta alteração
afeta, sobretudo, o cérebro e o coração, provocando arritmias e uma circulação deficiente.
Relacione as alterações na circulação sanguínea provocadas pela intoxicação com cianeto.

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Biologia  11.º ano

2  O estudo da filogenia dos seres vivos, baseada nas relações de simbiose, permitiu construir um sistema

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de classificação consistente e útil. A divisão dos seres em Prokarya (procariontes) e Eukarya (eucarion-
tes) permite identificar, a nível celular, o início das relações simbióticas. Os Eukarya mais antigos são
ainda anaeróbios e originados hipoteticamente da fusão de células inteiras entre unicelulares do reino
Archaea e de Eubacteria. Posteriormente, alguns destes seres anaeróbios incorporaram eubactérias
aeróbias o que lhes permitiu utilizar o oxigénio e a partir dos quais a maioria dos protoctistas, dos ani-
mais e dos fungos evoluíram. Alguns destes aerobiontes associaram-se de forma permanente com cia-
nobactérias, precursoras de plastos, tornando-se algas, isto é, fotoautotróficos protoctistas.
Embora o aparecimento de moléculas, de genes, de organismos e de comunidades seja o resultado da
seleção natural, esta não atua sobre moléculas, mas sim, de modo contínuo, sobre organismos comple-
tos em habitats específicos. Assim sendo, a biologia de todo o organismo deve ser considerada numa
classificação filogenética e não apenas as sequências moleculares. Os biólogos moleculares que estu-
dam as moléculas da vida só podem fornecer dados para confirmar ou refutar os cenários evolutivos.

A Flavobactérias B

Fanerozoico
Animais Fungos Plantas
Thermotogales Cianobactérias
Púrpuras Bacteria

Bactérias Gram +
Bactérias verdes não sulfurosas

Protoctistas
Pyrodictium
Proterozoico

Thermoproteus
Thermococcales Archaea Protoctistas
Methanococcales aeróbios
Methanobacteriales
Methanomicrobiales

Halofilas extremas
Protoctistas
anaeróbios

Bacteria
Animais
Ciliados
Arcaico

Procariontes Procariontes Procariontes Procariontes


Plantas anaeróbios flagelados aeróbios fotossintéticos
Eukarya
Fungos
Flagelados
Microsporidia Archaebacteria Eubacteria

 FIG. 6  Comparação entre o (A) sistema de classificação proposto por Woese, baseado na sequenciação das moléculas de rRNA
(ribossomal) presente nos ribossomas das células e o (B) sistema proposto por Lynn Margulis.
Baseado em Margulis, L. (1996). “Archaeal-eubacterial mergers in the origin of Eukarya: phylogenetic classification of life”. 
Proceedings of the national academy of sciences, vol. 93, n.° 3, pp. 1071-1076

2.1. No sistema de classificação de Lynn Margulis mencionado no texto, o termo Eukarya refere-se ao
, um grupo taxonómico ao reino.
(A) domínio (…) inferior (C) domínio (…) superior
(B) sub-reino (…) inferior (D) sub-reino (…) superior

2.2. O sistema de classificação baseado nas relações de simbiose considera que


(A) os primeiros eucariontes resultaram de endossimbioses.
(B) os procariontes e os eucariontes resultaram de endossimbioses.
(C) apenas os procariontes surgiram da fusão de outras células.
(D) a formação dos eucariontes resultou de um processo autogenético.

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Sistemática dos seres vivos
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2.3. De acordo com o texto, os primeiros seres eucariontes possuíam núcleo e


(A) cloroplastos.
(B) mitocôndrias.
(C) realizavam a fermentação.
(D) realizavam a fotossíntese.

2.4. Indique como são classificados os seres procariontes no sistema de classificação de Woese relativa-
mente ao de Margulis.

2.5. De acordo com o sistema de classificação de Whittaker modificado, os fungos são unicelula-
res ou pluricelulares desempenhando muitos deles a função de nos ecossistemas.
(A) eucariontes (…) decompositores
(B) eucariontes (…) consumidores
(C) procariontes (…) decompositores
(D) procariontes (…) consumidores

2.6. Os sistemas de classificação baseiam-se exclusivamente nas características atuais dos seres
vivos e não consideram as entre os grupos criados.
(A) filogenéticos (…) relações evolutivas
(B) filogenéticos (…) semelhanças
(C) fenéticos (…) semelhanças
(D) fenéticos (…) relações evolutivas

2.7. De acordo com a árvore filogenética proposta por Margulis, o reino Plantae iniciou a sua evolução
durante o a partir de protoctistas, como as algas verdes, que possuem clorofias a e b e parede
celular de .
(A) Fanerozoico (…) celulose
(B) Fanerozoico (…) quitina
(C) Proterozoico (…) celulose
(D) Proterozoico (…) quitina

2.8. As afirmações seguintes referem-se aos sistemas de classificação de Woese.


I. As arqueobactérias estão filogeneticamente mais próximas dos eucariontes, em comparação
com as eubactérias.
II. As arqueobactérias e as eubactérias constituem o reino protista de Whittaker.
III. A classificação de Woese baseia-se em critérios bioquímicos.
(A) I é verdadeira; II e III são falsas.
(B) I e II são verdadeiras; III é falsa.
(C) II e III são verdadeiras; I é falsa.
(D) I e III são verdadeiras; II é falsa.
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2.9. Explique como pode ser determinada a origem endossimbiótica das mitocôndrias, a partir da análise
das sequências do material genético destes organelos.

2.10. Explicite as principais críticas de Lynn Margulis aos sistemas de classificação semelhantes aos de
Carl Woese.

197
Sugestões de resposta

Sistemática dos seres vivos 2.9.  As mitocôndrias possuem uma molécula de DNA
circular idêntica à dos procariontes atuais. A compara-
Verificação das aprendizagens ção entre as sequências nucleotídicas das mitocôndrias
PÁG. 193 dos eucariontes com as sequências de bactérias aeró-
bias pode permitir a determinação das relações filoge-
1.  (A) 8.  (A)
néticas entre eles e, assim, determinar a origem destes
2.  (C) 9.  (B) organelos celulares.
3.  (D) 10.  (C) 2.10.  De acordo com Margulis, as análises de dados
bioquímicos, como as sequências do RNA ribossomal
4.  (B) 11.  (D)
utilizadas por Woese, apenas podem confirmar ou refu-
5.  (B) 12.  (D) tar cenários evolutivos. Isto porque, apesar de as dife-
rentes moléculas surgirem como seu resultado, a
6.  (C) 13.  (C)
evolução não atua sobre moléculas, mas sobre organis-
7.  (D) mos que vivem num determinado ambiente e num
determinado momento. Assim sendo, as relações filo-
Aplicação das aprendizagens genéticas devem ser estabelecidas a partir de uma
PÁG. 194 grande variedade de critérios, como os bioquímicos, os
ecológicos e os morfológicos.
1. 
1.1.  (C) 1.5.  (D) 3. 
1.2.  (B) 1.6.  (C) 3.1.  (A)
1.3.  (A) 1.7.  (D) 3.2.  (C)
1.4.  (D) 1.8.  (A) 3.3.  (B)
1.9.  A análise das sequências do gene veio mostrar 3.4.  (D)
que os caranguejos-ferradura, os insetos e os caran- 3.5.  (B)
guejos estão filogeneticamente próximos e descen- 3.6.  (D)
dem todos de um ancestral comum. Pelo contrário, os
3.7.  (a) – (2), (b) – (5), (c) – (3).
escorpiões estão mais afastados filogeneticamente,
possuindo um ancestral comum muito mais antigo 3.8.  Os placodermos possuíam clásperes, uma carac-
com o grupo anterior. terística morfológica análoga à de alguns peixes carti-
lagíneos atuais, o que indicia que possuiriam
1.10.  O cianeto bloqueia a cadeia respiratória da respi-
fecundação interna. Considerando que os placodermos
ração aeróbia ao inibir a enzima. Este bloqueio provoca
estão filogeneticamente relacionados com peixes com
uma diminuição brusca na produção de ATP, uma vez
fecundação externa, mais recentes, pode supor-se que
que é nesta etapa que ocorre a maior parte da sua pro-
estes peixes atuais surgiram de ancestrais com fecun-
dução, e o rendimento energético do processo anaeró-
dação interna.
bio é muito inferior. Como as células do coração
consomem muito ATP, dada a sua função, a intoxicação 3.9.1.  (C)
por cianeto irá afetar a circulação. 3.9.2.  Na classificação I são usadas características
como o bipedismo e o desenvolvimento do cérebro, o
2. 
que justifica a criação da família Hominidae para englo-
2.1.  (C) bar o género Homo e da família Pongidae para englobar
2.2.  (A) os restantes símios. A classificação II, baseada na aná-
2.3.  (C) lise do DNA, permitiu verificar uma afinidade filogené-
tica que justifica a integração dos animais numa única
2.4.  Woese separa-os em dois domínios, Bacteria e
família Hominidae. No entanto, o afastamento filogené-
Archea, e Margulis apenas no domínio Prokarya.
CPEN-BG11 © Porto Editora

tico do orangotango relativamente aos restantes ani-


2.5.  (A) mais justifica a divisão da família em duas subfamílias
2.6.  (D) (Ponginae e Hominidae). Esta classificação mostra tam-
2.7.  (A) bém que o ser humano compartilha com o chimpanzé
2.8.  (D) um ancestral comum mais recente do que com os res-
tantes animais.

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