Sistemática Dos Seres Vivos - Porto
Sistemática Dos Seres Vivos - Porto
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Chimpanzé
Cão
Ave
Crocodilo
Lagarto
Sapo
Ancestral Atum
Anfioxo
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Sistemática dos seres vivos
11 BIOL
OGIA
Refletindo uma outra forma de encarar a classificação dos seres vivos, surgiram, depois de Darwin,
as classificações filogenéticas. Nessa perspetiva, os seres vivos passaram a ser classificados não só de
acordo com a sua afinidade estrutural e morfológica, mas também de acordo com a sua história evolutiva.
Com o desenvolvimento da citologia e da bioquímica tem sido possível a identificação de ancestrais
comuns, ajudando a definir sequências que esclarecem o percurso evolutivo dos grupos de seres vivos
(Fig. 1).
As árvores filogenéticas traduzem, assim, afinidades evolutivas entre grupos relativamente aos
quais se considera a existência de antepassados comuns. As classificações filogenéticas podem ser con-
sideradas classificações verticais, uma vez que refletem o carácter dinâmico da transformação dos orga-
nismos ao longo do tempo. A dificuldade na determinação da afinidade entre alguns grupos, sobretudo
das espécies fósseis, constitui a principal crítica a este sistema de classificação.
Taxonomia e nomenclatura
Os sistemas de classificação atuais mantêm ainda alguns aspetos propostos por Lineu no seu sis-
tema de classificação. Nesse sistema, os níveis taxonómicos, ou taxa (plural de taxon), encontram-se dis-
postos de forma hierárquica.
A categoria taxonómica que constitui a unidade básica deste sistema de classificação é a espécie.
A espécie constitui o taxon com menor capacidade de inclusão e o mais uniforme, uma vez que integra
organismos com maior número de características em comum. A espécie é o único taxon natural, porque
os organismos que a integram possuem a capacidade de se cruzar entre si, originando descendência fér-
til. Assim sendo, encontram-se isolados reprodutivamente de outras espécies.
O reino é a categoria mais abrangente, sendo, por isso, a mais heterogénea. Entre estes dois extre-
mos consideram-se o género, a família, a ordem, a classe e o filo. Ao longo desta hierarquia, da espécie
para o reino, vai aumentando o número de organismos incluídos em cada nível, mas diminuindo o grau de
parentesco entre eles (Fig. 2).
Filo
Chordata (leopardo, periquito, crocodilo, rã, atum, tubarão, anfioxo)
A necessidade de tornar mais rigorosa a classificação dentro de determinados níveis justifica a cria-
ção de categorias intermédias submetidas ao princípio hierárquico já referido. Um subfilo, por exemplo,
corresponde a um grupo menos abrangente que o filo e mais abrangente que a classe.
189
Biologia 11.º ano
Regras de nomenclatura
Dá-se o nome de nomenclatura ao conjunto de regras utilizadas na designação dos grupos taxonómi-
A designação do género e da espécie, bem como de outras categorias taxonómicas, é, por convenção,
expressa em latim. O latim, sendo uma língua morta, não sujeita a alterações de significado, garante a
estabilidade e a universalidade desta nomenclatura, uma vez que substitui os nomes vulgares que variam
nas diferentes línguas e regiões. Os taxa hierarquicamente superiores ao género são designados por um
só nome que poderá ser escrito em latim ou na língua do utilizador.
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Sistemática dos seres vivos
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TAB. 1 Principais características dos cinco reinos do sistema de Whittaker modificado (1979)
Reinos Protista ou
Monera Fungi Plantae Animalia
Critérios Protoctista
Fungos
Verdes não Metanosarcina Animais
Púrpuras sulfurosas
Gram +
Fungos
Cianobactérias Metanococos limosos Plantas
Ciliados
Entamoebas
Flavobactérias
Flagelados
Ancestral comum
FIG. 4 Sistema de classificação de Woese.
CPEN-BG11 © Porto Editora
A evolução das ciências biológicas em áreas tão diversas como a embriologia, a paleontologia, a fisio-
logia ou a bioquímica leva ao aprofundamento do conhecimento dos seres vivos e a perspetivas diferentes
acerca da diversidade biológica. Essas diferenças de perspetiva traduzem-se na valorização de diferentes
critérios, o que confere aos sistemas de classificação um carácter transitório.
191
Resumo
192
Verificação das aprendizagens
Sugestões de resposta: pág.315
3. A categoria taxonómica mais abrangente é 10. As células bacterianas e as células vegetais têm
(A) o filo. em comum
(B) a espécie. (A) a cápsula e a parede celular.
(C) a classe. (B) os cloroplastos e os ribossomas.
(D) o reino. (C) a composição química do DNA.
(D) a membrana celular e as mitocôndrias.
4. Do cruzamento de indivíduos pertencentes
resultam descendentes . 11. Não é um critério utilizado por Whittaker no seu
(A) ao mesmo género (…) férteis sistema de classificação
(B) à mesma espécie (…) férteis (A) o tipo de nutrição.
(C) à mesma espécie (…) inférteis (B) o nível de organização estrutural e celular.
(D) ao mesmo género (…) inférteis (C) a interação nos ecossistemas.
(D) a semelhança ribossómica.
5. A sequência de níveis taxonómicos que reflete
uma diminuição na afinidade entre os seres vivos é 12. Considere as seguintes afirmações.
(A) género, família, classe e ordem. I. O sistema de classificação de Whittaker
(B) espécie, família, classe e filo. considera a existência de três domínios.
(C) classe, ordem, género e espécie. II. O domínio é mais abrangente e heterogéneo do
(D) classe, ordem, família e género. que o reino.
III. Woese divide os procariontes em dois domínios
6. A nomenclatura binominal é utilizada para
Archaebacteria e Eubacteria.
denominar a
(A) I é verdadeira; II e III são falsas.
(A) classe.
(B) I e III são verdadeiras; II é falsa.
(B) ordem.
(C) II é verdadeira; I e III são falsas.
(C) espécie.
(D) II e III são verdadeiras; I é falsa.
(D) família.
13. Carl Woese utilizou como critério de
7. Na designação científica de Euphorbia lactea,
classificação
CPEN-BG11 © Porto Editora
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Aplicação das aprendizagens
Sugestões de resposta: pág. 315
L. polyphemus
L. polyphemus
L. polyphemus
T. tridentatus
T. tridentatus Caranguejos-ferradura
T. tridentatus
T. gigas
C. rotundicauda
C. rotundicauda
Grupo A
P. eoa
P. borealis
S. atratus
D. angor
Insetos
D. roehrae
D. quadrisetata
D. beppui
D. beppui
S. serrate
S. serrate Caranguejos
P. pelagicus
C. baergi
Grupo B
C. vittatus
Escorpiões
C. limpidus
C. limpidus
FIG. 5
1.1. A utilização de DNA extraído das mitocôndrias deve-se ao facto de este DNA
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Sistemática dos seres vivos
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1.2. A presença do gene da citocromo c oxidase I, uma enzima essencial da cadeia respiratória, no mtDNA
de argumento ao modelo , para a origem das mitocôndrias.
(A) serve (…) autogénico (C) não serve (…) autogénico
(B) serve (…) endossimbiótico (D) não serve (…) endossimbiótico
1.3. A partir dos resultados da análise das sequências do gene COI é possível concluir que
(A) existe variabilidade intraespecífica para este gene.
(B) não existe variabilidade entre as amostras do gene em Limulus polyphemus.
(C) existe variabilidade interespecífica para este gene em Limulus polyphemus.
(D) não existe variabilidade interespecífica para este gene.
1.4. Os caranguejos-ferradura da costa asiática partilham entre si um ancestral mais do que com
os da costa leste da América do Norte, sendo de esperar que partilhem entre si semelhança
nas sequências do gene COI.
(A) antigo (…) maior (C) recente (…) menor
(B) antigo (…) menor (D) recente (…) maior
1.5. O diagrama da figura 5 representa um sistema de classificação , uma vez que o fator
tempo.
(A) fenético (…) não considera (C) filogenético (…) não considera
(B) fenético (…) considera (D) filogenético (…) considera
1.6. Dos resultados da comparação das sequências do gene COI verifica-se que
(A) os caranguejos-ferradura partilham um ancestral comum mais recente com os caranguejos
do que com os insetos.
(B) o grupo filogeneticamente mais aparentado com os caranguejos-ferradura é o grupo de que
fazem parte os escorpiões.
(C) o grupo dos caranguejos-ferradura estão filogeneticamente mais próximos dos insetos do que
dos restantes grupos representados.
(D) os caranguejos-ferradura e os insetos partilham entre si menos características do que com
os escorpiões.
1.9. Explique, a partir dos resultados da análise das sequências do gene COI, a associação dos seres estu-
dados em dois grupos (A e B).
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1.10. O cianeto é uma substância tóxica que bloqueia a ação da citocromo oxidase ao ligar-se ao ião Fe3+
desta enzima. Este bloqueio impede a redução do O2 no final da cadeia respiratória fazendo com que
a célula passe a reduzir o ácido pirúvico a ácido láctico por um processo anaeróbio. Esta alteração
afeta, sobretudo, o cérebro e o coração, provocando arritmias e uma circulação deficiente.
Relacione as alterações na circulação sanguínea provocadas pela intoxicação com cianeto.
195
Biologia 11.º ano
2 O estudo da filogenia dos seres vivos, baseada nas relações de simbiose, permitiu construir um sistema
A Flavobactérias B
Fanerozoico
Animais Fungos Plantas
Thermotogales Cianobactérias
Púrpuras Bacteria
Bactérias Gram +
Bactérias verdes não sulfurosas
Protoctistas
Pyrodictium
Proterozoico
Thermoproteus
Thermococcales Archaea Protoctistas
Methanococcales aeróbios
Methanobacteriales
Methanomicrobiales
Halofilas extremas
Protoctistas
anaeróbios
Bacteria
Animais
Ciliados
Arcaico
FIG. 6 Comparação entre o (A) sistema de classificação proposto por Woese, baseado na sequenciação das moléculas de rRNA
(ribossomal) presente nos ribossomas das células e o (B) sistema proposto por Lynn Margulis.
Baseado em Margulis, L. (1996). “Archaeal-eubacterial mergers in the origin of Eukarya: phylogenetic classification of life”.
Proceedings of the national academy of sciences, vol. 93, n.° 3, pp. 1071-1076
2.1. No sistema de classificação de Lynn Margulis mencionado no texto, o termo Eukarya refere-se ao
, um grupo taxonómico ao reino.
(A) domínio (…) inferior (C) domínio (…) superior
(B) sub-reino (…) inferior (D) sub-reino (…) superior
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Sistemática dos seres vivos
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2.4. Indique como são classificados os seres procariontes no sistema de classificação de Woese relativa-
mente ao de Margulis.
2.5. De acordo com o sistema de classificação de Whittaker modificado, os fungos são unicelula-
res ou pluricelulares desempenhando muitos deles a função de nos ecossistemas.
(A) eucariontes (…) decompositores
(B) eucariontes (…) consumidores
(C) procariontes (…) decompositores
(D) procariontes (…) consumidores
2.6. Os sistemas de classificação baseiam-se exclusivamente nas características atuais dos seres
vivos e não consideram as entre os grupos criados.
(A) filogenéticos (…) relações evolutivas
(B) filogenéticos (…) semelhanças
(C) fenéticos (…) semelhanças
(D) fenéticos (…) relações evolutivas
2.7. De acordo com a árvore filogenética proposta por Margulis, o reino Plantae iniciou a sua evolução
durante o a partir de protoctistas, como as algas verdes, que possuem clorofias a e b e parede
celular de .
(A) Fanerozoico (…) celulose
(B) Fanerozoico (…) quitina
(C) Proterozoico (…) celulose
(D) Proterozoico (…) quitina
2.9. Explique como pode ser determinada a origem endossimbiótica das mitocôndrias, a partir da análise
das sequências do material genético destes organelos.
2.10. Explicite as principais críticas de Lynn Margulis aos sistemas de classificação semelhantes aos de
Carl Woese.
197
Sugestões de resposta
Sistemática dos seres vivos 2.9. As mitocôndrias possuem uma molécula de DNA
circular idêntica à dos procariontes atuais. A compara-
Verificação das aprendizagens ção entre as sequências nucleotídicas das mitocôndrias
PÁG. 193 dos eucariontes com as sequências de bactérias aeró-
bias pode permitir a determinação das relações filoge-
1. (A) 8. (A)
néticas entre eles e, assim, determinar a origem destes
2. (C) 9. (B) organelos celulares.
3. (D) 10. (C) 2.10. De acordo com Margulis, as análises de dados
bioquímicos, como as sequências do RNA ribossomal
4. (B) 11. (D)
utilizadas por Woese, apenas podem confirmar ou refu-
5. (B) 12. (D) tar cenários evolutivos. Isto porque, apesar de as dife-
rentes moléculas surgirem como seu resultado, a
6. (C) 13. (C)
evolução não atua sobre moléculas, mas sobre organis-
7. (D) mos que vivem num determinado ambiente e num
determinado momento. Assim sendo, as relações filo-
Aplicação das aprendizagens genéticas devem ser estabelecidas a partir de uma
PÁG. 194 grande variedade de critérios, como os bioquímicos, os
ecológicos e os morfológicos.
1.
1.1. (C) 1.5. (D) 3.
1.2. (B) 1.6. (C) 3.1. (A)
1.3. (A) 1.7. (D) 3.2. (C)
1.4. (D) 1.8. (A) 3.3. (B)
1.9. A análise das sequências do gene veio mostrar 3.4. (D)
que os caranguejos-ferradura, os insetos e os caran- 3.5. (B)
guejos estão filogeneticamente próximos e descen- 3.6. (D)
dem todos de um ancestral comum. Pelo contrário, os
3.7. (a) – (2), (b) – (5), (c) – (3).
escorpiões estão mais afastados filogeneticamente,
possuindo um ancestral comum muito mais antigo 3.8. Os placodermos possuíam clásperes, uma carac-
com o grupo anterior. terística morfológica análoga à de alguns peixes carti-
lagíneos atuais, o que indicia que possuiriam
1.10. O cianeto bloqueia a cadeia respiratória da respi-
fecundação interna. Considerando que os placodermos
ração aeróbia ao inibir a enzima. Este bloqueio provoca
estão filogeneticamente relacionados com peixes com
uma diminuição brusca na produção de ATP, uma vez
fecundação externa, mais recentes, pode supor-se que
que é nesta etapa que ocorre a maior parte da sua pro-
estes peixes atuais surgiram de ancestrais com fecun-
dução, e o rendimento energético do processo anaeró-
dação interna.
bio é muito inferior. Como as células do coração
consomem muito ATP, dada a sua função, a intoxicação 3.9.1. (C)
por cianeto irá afetar a circulação. 3.9.2. Na classificação I são usadas características
como o bipedismo e o desenvolvimento do cérebro, o
2.
que justifica a criação da família Hominidae para englo-
2.1. (C) bar o género Homo e da família Pongidae para englobar
2.2. (A) os restantes símios. A classificação II, baseada na aná-
2.3. (C) lise do DNA, permitiu verificar uma afinidade filogené-
tica que justifica a integração dos animais numa única
2.4. Woese separa-os em dois domínios, Bacteria e
família Hominidae. No entanto, o afastamento filogené-
Archea, e Margulis apenas no domínio Prokarya.
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