Responsabilidade Civil Do Estado

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DIREITO ADMINISTRATIVO

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

Livro Eletrônico
LISIANE BRITO

Professora de Direito Administrativo, especia-


lista em preparação para concursos públicos.
Pós-graduada em Políticas Públicas e Gestão
Governamental pela UNIP. Advogada inscrita na
OAB/MG desde 1997. Graduada em direito pela
Faculdade de Direito da PUC/MG. Larga expe-
riência como docente, tendo ministrado aulas
de Direito Administrativo nos principais cursos
preparatórios do país. Já participou de bancas
examinadoras e elaboração de questões para
processos seletivos. Atua como advogada e
consultora de empresas na área de Licitações
e Contratos.

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Responsabilidade Civil do Estado
Prof.ª Lisiane Brito

Responsabilidade Extracontratual do Estado....................................................5


Apresentação da Aula..................................................................................5
Introdução.................................................................................................6
Natureza Jurídica da Responsabilidade do Estado.............................................6
Evolução Histórica da Responsabilização do Estado..........................................9
Irresponsabilidade Estatal (até 1873).............................................................9
Teoria da Responsabilidade Subjetiva ou Responsabilidade com Culpa............... 11
Teoria da Culpa Administrativa.................................................................... 12
Teoria da Responsabilidade sem Culpa ou Responsabilidade Objetiva................ 13
Fundamento da Responsabilidade Objetiva – a Teoria do Risco......................... 14
Teoria do Risco Administrativo..................................................................... 17
Teoria do Risco Integral.............................................................................. 19
Evolução das Teorias no Ordenamento Jurídico Brasileiro................................ 21
A Evolução do Tratamento Dado pelo Código Civil.......................................... 21
Evolução do Tema na Constituição Federal.................................................... 22
Evolução do Tema na Jurisprudência............................................................ 24
A Responsabilidade do Estado na Constituição de 1988................................... 25
Responsabilidade do Estado por Atos Lícitos.................................................. 27
Responsabilidade por Omissão do Estado...................................................... 27
Teoria do Risco Suscitado ou Risco Criado..................................................... 30
A Ação Indenizatória.................................................................................. 31
Direito de Regresso................................................................................... 32
Responsabilidade por Atos Legislativos, Regulamentares e Jurisdicionais........... 33

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Questões de Concurso................................................................................ 35
Gabarito................................................................................................... 47
Gabarito Comentado.................................................................................. 48

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RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO


Apresentação da Aula
Caro(a) aluno(a).

Hoje estudaremos a Responsabilidade Extracontratual do Estado.

Esse tema se relaciona a uma situação muito comum na vida dos administrados:

• se sentir lesado ou prejudicado por uma atividade do poder público e preten-

der exercer seu direito à indenização do prejuízo causado pelo Estado.

É um ponto do edital que tem grande possibilidade de ser cobrado na prova,

pois é bastante atual. Nos últimos anos, tivemos decisões que serviram de inspira-

ção para os examinadores.

Mas, de qualquer forma, é bastante interessante o estudo das teorias desenvol-

vidas para explicar a responsabilização do Estado e, principalmente, entender como

nosso ordenamento jurídico atual trata do tema.

Espero que você aproveite ao máximo a aula!

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Introdução
Já tivemos oportunidade de estudar, no Capítulo referente à Organização Admi-

nistrativa do Estado, o princípio da imputação volitiva, a base da teoria do órgão1.

Trata-se de um princípio do direito administrativo que determina que as condutas dos

agentes e servidores públicos serão atribuídas à pessoa jurídica à qual aquele esteja

ligado. Diante disso, sendo a responsabilidade imputada ao ente público, este é quem

deve ser acionado, caso a conduta do agente cause prejuízo a alguém.

Assim, quando um agente público atua, considera-se que o Estado atuou. Essa

noção de imputação se reforça ainda mais pelo princípio da impessoalidade, segun-

do o qual a função administrativa é exercida por agentes “sem face”, já que haverá

uma direta atribuição à Administração Pública das condutas por eles praticadas.

Nesse cenário jurídico, a consequência natural é que o Estado deverá responder

pelos prejuízos patrimoniais causados por seus agentes a particulares, desde que

tais danos sejam decorrência do exercício da função administrativa.

O capítulo “Responsabilidade do Estado” se ocupa do dever de indenizar os parti-

culares por possíveis prejuízos civis e extracontratuais sofridos por estes em decor-

rência de ações ou omissões de agentes públicos no exercício da função administrativa.

Os danos passíveis de indenização podem ser morais, estéticos ou materiais.

Natureza Jurídica da Responsabilidade do Estado

José dos Santos Carvalho Filho2 traz a seguinte lição acerca da natureza jurídica

da Responsabilidade do Estado:

1
A teoria do órgão teve como seu criador o alemão Otto Gierke, que se baseou na noção de imputação
volitiva. Gierke comparou o Estado ao corpo humano, em que cada repartição estatal funciona como uma
parte do todo, semelhante aos órgãos do corpo humano, daí criou-se o termo “órgão” público”.
2
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Lumen Juris.

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O tema que ora enfrentamos se cinge à Responsabilidade civil, isto é, aquela que decor-
re da existência de um fato que atribui a determinado individuo o caráter de imputabi-
lidade dentro do direito privado.

Maria Sylvia Di Pietro3 leciona que:

Trata-se de dano resultante de comportamentos do Executivo, do Legislativo ou do Ju-


diciário, a responsabilidade é do Estado, pessoa jurídica; por isso é errado falar em res-
ponsabilidade da Administração Pública, já que esta não tem personalidade jurídica, não
é titular de direitos e obrigações na ordem civil. A capacidade é do Estado e das pessoas
jurídicas públicas ou privadas que o representam no exercício de parcela de atribuições
estatais. E a responsabilidade é sempre civil, ou seja, de ordem pecuniária.

Não resta dúvidas que estamos, sim, diante de uma responsabilidade civil,

de natureza patrimonial, que diz respeito ao dever do Estado de reparar prejuí-

zos causados por agentes públicos a particulares.

É importante que se leve em consideração a possibilidade de atividades normais

do Estado causarem prejuízos a alguém e, obviamente, se isso ocorrer, os danos

deverão ser reparados. A reparação se resolve em indenização e, portanto, possui

natureza patrimonial e extracontratual. Vamos entender cada um desses aspectos.

A responsabilização tem natureza civil pelo fato de não se tratar de ilícitos penais?

Sim, sabemos que toda responsabilização dará ensejo a determinada resposta,

que normalmente vem na forma de uma sanção. A natureza da sanção varia con-

forme o tipo de responsabilidade. Assim, havendo responsabilidade penal, deverá

ser aplicada uma sanção penal. Por outro lado, se houver responsabilidade civil,

a responsabilização será no âmbito do direito privado, ou seja, caberá a imposição

de uma indenização, que precisa ser suficiente para reparar os prejuízos causados.

A responsabilidade civil do Estado é, também, extracontratual, pois se vincula a

danos causados em decorrência de relações jurídicas em geral.

3
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas

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Caso estivéssemos diante de relações jurídicas contratuais com o Estado, não

seria a mesma responsabilização, e  sim aquela prevista em normas específicas,

criadas para regular os contratos firmados entre a administração pública e particu-

lares ou entidades administrativas.

A responsabilidade contratual é estudada no capítulo relativo aos contratos ad-

ministrativos. A responsabilidade extracontratual deriva de várias atividades esta-

tais, sem qualquer vinculação com a execução de contratos.

Pressuposto da Responsabilização do Estado

A responsabilidade civil ou extracontratual tem por pressuposto a existência de

dano ou prejuízo. Significa que, não ocorrendo dano, não há que se falar em de-

ver de indenizar. O sujeito só será civilmente responsável se sua conduta provocar

dano a terceiro.

Cabe lembrar que o dano nem sempre tem configuração patrimonial. A evolu-

ção da teoria da responsabilidade levou ao reconhecimento jurídico de que há da-

nos materiais (ou patrimoniais) e danos morais. O dano material ocorre quando

o fato provoca lesão efetiva ao patrimônio de alguém. Já o dano moral ocorre na

esfera interna, moral e subjetiva daquele que foi lesado.

Os Sujeitos da Responsabilização do Estado

Antes de chegarmos aos sujeitos dessa relação, vamos recordar que o Estado,

como pessoa jurídica que é, não possui corpo. Ele se apresenta no mundo jurídico

por intermédio de seus agentes, pessoas físicas, cuja atuação é a eles imputada.

O Estado, por si só, não pode causar danos a alguém.

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Então, nesse cenário, no qual o Estado passa a ser responsabilizado por danos

causados a particulares por ações ou omissões de seus agentes, devendo pagar as

respectivas indenizações, podemos identificar três sujeitos: o próprio Estado,

o lesado e o agente público.

Evolução Histórica da Responsabilização do Estado


Vamos fazer um breve relato da evolução da responsabilidade do Estado, até

chegarmos ao momento atual.

Irresponsabilidade Estatal (até 1873)

Essa primeira fase está relacionada diretamente aos Estados absolutistas, em

que a vontade do Rei era lei.

“The king can do no wrong”, ou “le Roi ne peut mal faire”, ou, simplesmente, “o

rei não erra” era o raciocínio que embasava essa teoria. Os governantes seriam

representantes de Deus na Terra, tendo sido por Ele escolhidos e investidos de po-

der. Ora, se o Estado e o monarca são a mesma pessoa e se o monarca não pode

errar, como seria possível construir uma teoria que condenasse o Estado a ressarcir

eventuais prejuízos causados por particulares?

A questão, então, seria mais ou menos esta:

• se alguém se sentisse prejudicado pelo Estado, que fosse se queixar com Deus.

A noção de que o Estado era um ente “todo poderoso”, confundida com a velha

teoria da intangibilidade do soberano, que o tornava insuscetível de causar danos e

ser responsável foi, aos poucos, enfraquecendo.

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Esse período foi superado principalmente em razão da evolução do direito

na França. Foi lá que, em fevereiro de 1800, foi promulgada uma lei que regu-

laria a obrigação do Estado por danos causados em obras públicas.

Mas, ainda assim, a sujeição do Estado à legislação não ocorreu prontamente.

Embora o Código Civil de Napoleão estivesse em vigor desde 1803, so-

mente setenta anos depois, em fevereiro de 1873, foi julgada pelo Tribunal de

Conflitos uma Ação que acabou se tornando célebre, ficando conhecida como

“Arresto Blanco”. Nesse julgamento, o  Tribunal de Conflitos reconheceu a

responsabilidade civil do Estado e atribuiu competência ao sistema de conten-

cioso administrativo (Tribunal Administrativo), não à Justiça Cível comum, para

julgar petições de particulares que pleiteassem indenizações contra o Estado.

O “Caso Blanco” ficou famoso pelo fato de ter sido a primeira, condenação

do Estado por danos decorrentes de suas atividades administrativas. A história

dessa Ação é bem interessante.

O pai da menina Agnès Blanco, atropelada por uma carruagem da Com-

panhia Nacional de Manufatura de Fumo, ajuizou um pedido de indenização

contra o Estado, sob a alegação de que todos devem ser responsabilizados pe-

los prejuízos que causem a terceiros. O Tribunal de Conflitos francês, além de

decidir sobre a competência para julgar aquele tipo de Ação, julgou o mérito e

estabeleceu que, embora não de forma absoluta, deveria ser atribuída respon-
sabilidade ao Estado.

A partir desse julgado, a responsabilidade civil do Estado se desenvolveu.

Alexandre Mazza4 faz o seguinte comentário:

O Arresto Blanco foi o primeiro posicionamento definitivo favorável à condenação do Es-


tado por danos decorrentes do exercício das atividades administrativas. Por isso, o ano
de 1873 pode ser considerado o divisor de águas entre o período da irresponsabilidade
estatal e a fase da responsabilidade subjetiva.
4
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva. 2013

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A doutrina afirma que em 1873 houve uma transposição da teoria da irres-

ponsabilidade do Estado para a Responsabilidade Subjetiva.

Teoria da Responsabilidade Subjetiva ou Responsabilidade


com Culpa

O que permitiu essa nova visão acerca da responsabilização do Estado foi a

nova concepção política que passou a ser adotada em fins do século XVIII,

conhecida como “teoria do fisco”.

Essa nova concepção entendia o Estado com “dupla personalidade”. Para esses

teóricos, o Estado era, por um lado, aquela pessoa soberana, infalível, representada

pela figura do Rei e, nessa concepção, não estaria sujeito a qualquer condenação. Mas

o Estado teria uma feição patrimonial, denominada “fisco”, que seria apta a ressarcir

particulares por prejuízos resultantes da atuação dos agentes públicos.

Essa visão “esquizofrênica” da dupla personalidade estatal permitiu que se

conciliasse a possibilidade de condenação da Administração com a noção de sobe-

rania do Estado.

Nesse contexto, surge a Teoria Subjetiva, também conhecida como “Teoria

Civilista”, ou “Teoria da Responsabilidade com Culpa”, que se ampara em um

raciocínio baseado no Direito Civil e tem como fundamento a noção de culpa.

Para a teoria subjetiva, é necessário que aquele que pretende receber a indeni-

zação comprove a presença dos quatro requisitos:

a) fato omissivo ou comissivo;

b) dano;

c) nexo causal entre fato e dano;

d) culpa ou  dolo.

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É indispensável que o lesado demonstre e comprove que o causador do prejuízo

atuou com dolo (intenção de causar o dano) ou culpa (erro, falha, atraso, impru-

dência, imperícia).

Teoria da Culpa Administrativa

Ainda sob a égide das teorias civilistas, foi desenvolvida a chamada “Teoria da

Culpa do Serviço” ou da “Falta do Serviço”. O entendimento doutrinário é no

sentido de que houve uma transição da teoria Civilista para a Publicista, por meio

da culpa administrativa, intermediária, que buscou adaptar a visão puramente

civilista à realidade da Administração Pública.

O reconhecimento da culpa administrativa foi uma evolução na teoria da res-

ponsabilidade do Estado, pois o lesado não precisaria mais identificar o agente es-

tatal causador do dano. Bastava que fosse demonstrado o mau funcionamento do

serviço público, ainda que não se pudesse apontar o agente responsável por isso.

Por essa razão, a doutrina denominou essa teoria de “culpa anônima” ou “falta do

serviço”.

Com a teoria da falta do serviço, ocorreu uma mudança na concepção vigente

até aquele momento, pois até então era necessário que fosse comprovada a con-

duta dolosa ou culposa do agente público, para que se pudesse responsabilizar o

Estado.

A partir dela passaram-se a considerar como falta do serviço as seguintes si-

tuações:

• inexistência do serviço;

• má prestação do serviço;

• retardamento do Serviço.

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O que se reforça é a noção de “culpa anônima” do serviço, fazendo com que o

Estado seja chamado a responder pelos danos causados aos particulares, indepen-

dentemente de ser demonstrada culpa ou dolo de qualquer agente específico. Se,

em decorrência da falta do serviço, for comprovado o dano ao particular, haverá a

responsabilidade estatal. A teoria da Culpa Administrativa, ou Culpa Anônima,

exige da vítima somente a efetiva comprovação da falta do serviço.

A formulação dessa teoria foi muito importante para a construção da moder-

na teoria da responsabilidade civil do Estado. Trata-se de um marco e um ponto

de partida para a superação das teorias civilistas e para que se passasse a adotar

teorias publicistas que, a partir de então, passaram a reger o dever do Estado de

ressarcir prejuízos causados a particulares.

Mas, embora essa teoria tenha representado um avanço em relação à anterior,

ela ainda não conseguiu solucionar um problema grave, que é a dificuldade enfren-

tada pelos particulares, claramente hipossuficientes em relação ao Estado, para

obtenção de provas cabíveis para comprovar em juízo a falta do serviço.

Essa falha levou à necessidade de evolução na concepção jurídica, para que se

alcançasse um ponto em que a posição de hipossuficiência do administrado diante

do Estado, que trazia sérias dúvidas acerca da possibilidade real de ter o ressarci-

mento do dano, fosse corrigida.

Fazia-se necessário desenvolver uma teoria adaptada às peculiaridades dessa

relação desequilibrada entre o Estado e o administrado.

Teoria da Responsabilidade sem Culpa ou Responsabilidade


Objetiva

Das antigas doutrinas civilistas e após a teoria da culpa do serviço, o direito

evoluiu para uma nova teoria, que impõe responsabilidade objetiva ao Estado.

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Agora não se busca mais a constatação da existência de culpa no fato causador

do dano. Basta que o lesado comprove a relação causal entre o fato e o dano,

aplicando-se, inclusive, em decorrência de fatos lícitos.

Essa nova concepção teórica, em vez de indagar sobre a falta do serviço (faut

du service), como ocorria com a teoria subjetiva, exige apenas um fato do servi-

ço, causador de danos ao particular.

A teoria objetiva se funda na ideia de solidariedade social, ou seja, a dis-

tribuição equilibrada entre a coletividade dos encargos decorrentes de prejuízos

especiais que oneram determinados particulares. É por essa ideia que a doutrina

relaciona a teoria da responsabilidade objetiva às noções de compartilhamento

de encargos e justiça distributiva.

Essa teoria veio trazer uma visão mais adequada à realidade do próprio Direito

Administrativo. A publicização das regras que dizem respeito à responsabilidade

civil do Estado levou à superação da responsabilidade estatal subjetiva e à

adoção da responsabilidade objetiva do Estado.

O Direito Público, em sua evolução, abandona a regra de que o ressarcimento de

prejuízos causados a particulares depende de culpa ou dolo do agente público res-

ponsável, devendo esses elementos serem devidamente comprovados.

Fica superada a regra de responsabilidade civil subjetiva, pela qual a Culpa ou

o Dolo são elementos essenciais para a configuração da responsabilidade e passa-se à

Responsabilidade Objetiva, na qual o Risco assume papel indispensável para obrigar

o Estado a responder civilmente por danos causados a particulares.

Fundamento da Responsabilidade Objetiva – a Teoria do Risco

Primeiramente, vamos entender a responsabilidade objetiva, para só então

aplicá-la às teorias administrativas.

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A responsabilidade objetiva é simplesmente aquela que se impõe mesmo que

o sujeito não tenha culpa e isso se aplica tanto no direito público quanto no direito

privado.

Não devemos incorrer no erro de pensar na responsabilidade objetiva exclusi-

vamente relacionada ao direito público ou na responsabilidade subjetiva vinculada

tão somente ao direito privado.

No direito privado, por exemplo, temos o Código de Defesa do Consumidor, que

aplica a responsabilidade civil apoiada no risco. Nesse sentido, caso um produto

ou serviço apresente um defeito, o Código do Consumidor atribui responsabilidade

civil ao fornecedor, em razão de este ter assumido o risco de explorar determinadas

atividades estatais.

Em relações de consumo, o fornecedor será civilmente responsável, não por

ser culpado pelo defeito do produto ou do serviço, mas por ter assumido o ris-

co de que os serviços ou os produtos que ele fornece apresentem defeitos.

Passando para o campo do direito público, veremos que acontece coisa seme-

lhante. O dever de indenizar prejuízos sofridos por particulares é conferido a pes-

soas de direito público ou de direito privado prestadoras de serviços públicos de-

vido ao fato de que as atividades que elas desempenham têm potencial de causar

prejuízos ao particular, sujeitando-os a possíveis riscos. Diante disso, caso ocorra

lesão ao particular, caberá à pessoa jurídica de direito público ou de direito privado

prestadora daquele serviço público o dever de ressarcimento, ainda que não exista

culpa de qualquer agente envolvido.

Feitas essas considerações preliminares acerca do tema “responsabilidade obje-

tiva” e estando esse tema devidamente esclarecido, passamos agora à análise de

como essa responsabilidade passou a ser imposta ao Estado.

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Pois bem, foi com base em fundamentos de ordem política e jurídica que os

Estados passaram a adotar a teoria da responsabilidade objetiva no campo do

direito público.

Em determinado momento da evolução teórica, ficou evidente que o Estado

atua em situação de supremacia sobre os administrados, ocupando posição de su-

perioridade jurídica, política e econômica. A partir daí passou a ser evidente tam-

bém a necessidade de o Estado assumir o risco que decorre naturalmente de suas

atividades. Fez-se necessária uma correspondência entre os maiores poderes de

que goza o Estado e o maior risco por ele assumido em função de suas atividades.

Surge, então, o primeiro fundamento da responsabilidade objetiva do Estado: a

Teoria do Risco.

A responsabilidade do Estado passa a ter fundamento no dever de indenizar,

baseado no risco.

Portanto, a Teoria da Responsabilidade sem Culpa (ou responsabilidade ob-

jetiva) se fundamenta, primeiramente, no risco.

Mas, além do risco decorrente do exercício das atividades estatais, existe outro

fundamento para a responsabilidade objetiva do Estado, que é o princípio da re-

partição dos encargos.

Isso ocorre porque, quando o Estado é condenado a indenizar prejuízos sofridos

por um dos membros da sociedade, ele não é o único a desembolsar o valor. Na

verdade, o valor pago a título de indenização seria repartido entre todos os mem-

bros da sociedade, que contribuem através de impostos, taxas etc. Esses valores

arrecadados de todos os contribuintes serão utilizados também para custear inde-

nizações devidas pelo Estado. Pelo princípio da repartição dos encargos, isso gera

justiça social, no sentido de que toda a coletividade se beneficia das atividades

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estatais que possam ter causado danos a alguém. Logo, toda a sociedade também

contribui para reparar danos que um dos seus membros teve que suportar em ra-

zão da atividade estatal.

Concluindo, são dois os fundamentos para a responsabilidade objetiva do Estado:

o risco decorrente das atividades estatais em geral e a justiça social.

A Teoria do Risco se divide em duas correntes básicas, no âmbito do direito

administrativo:

a) Teoria do Risco Administrativo.

b) Teoria do Risco Integral.

Hely Lopes Meirelles 5


informa que a distinção básica entre uma e outra está no

fato de que a Teoria do Risco administrativo admite a existência de excludentes

da responsabilidade civil do Estado, as quais não são admitidas pela Teoria do Risco

integral.

Teoria do Risco Administrativo

Para essa corrente moderada da Teoria do Risco, a vítima deve demonstrar:

• a existência de um fato administrativo;

• a existência de dano;

• o nexo causal entre o fato e o dano.

O risco administrativo admite a possibilidade de o Estado se eximir da

responsabilidade, mas, para isso, é necessário que ele (o Estado) comprove que

o dano ocorreu por culpa exclusiva do lesado, ou ainda por motivo de força maior.

Já para que o Estado possa diminuir sua responsabilidade, deve comprovar que

5
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros Editora.

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houve culpa concorrente da vítima e do poder público. Vamos, então, organizar

as hipóteses de exclusão e redução da responsabilidade estatal:

1. culpa exclusiva da vítima: ocorre quando o prejuízo é resultado de ato ou

omissão deliberada do próprio prejudicado. São aquelas hipóteses em que o lesa-

do utiliza a prestação do serviço público para causar um dano a si próprio.

Alexandre Mazza6 cita como exemplo a hipótese de a pessoa se jogar na frente de

uma viatura, para ser atropelada, ou comete suicídio se jogando da plataforma do

metrô.

Quando ficar configurada a chamada culpa concorrente, na qual a vítima e o

agente público provocam, por culpa recíproca, a ocorrência do prejuízo, a doutrina

fala em concausas.

Um exemplo seria o acidente de trânsito causado porque a viatura e o carro do par-

ticular invadem ao mesmo tempo a pista alheia.

Nesses casos de culpa concorrente, a questão se resolve com a produção de pro-

vas periciais para quem foi o maior culpado. Da maior culpa se abate a menor,

em um procedimento conhecido como compensação de culpas. A culpa concor-

rente não é excludente da responsabilidade estatal, como ocorre com a culpa ex-

clusiva da vítima. Trata-se, na verdade, de uma atenuante da responsabilidade.

Se houver discussão sobre a culpa ou o dolo, nos casos de culpa concorrente, apli-

ca-se a teoria subjetiva.

6
Op. Cit.

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2. Força maior: é aquele evento involuntário, imprevisível e incontrolável

que quebra o nexo causal entre a ação estatal e o prejuízo sofrido pelo particular.

Exemplo: uma enchente violenta que destrói várias casas.

Na hipótese de “caso fortuito”, o dano decorre de ato humano ou de falha da Ad-

ministração.

O caso fortuito não exclui a responsabilidade estatal.

3. Culpa de terceiro: ocorre quando o dano é decorrente de ação de pessoa

estranha à Administração.

Um exemplo seria a hipótese de prejuízo causado por atos de multidão.

Mas atenção, pois, no caso de dano provocado por multidão, o Estado responde

se ficar comprovada sua culpa.

Teoria do Risco Integral

Essa é a corrente radical da Teoria do Risco. Não admite causas excluden-

tes da responsabilidade do Estado, ou seja, independe de culpa ou dolo do lesado.

É uma corrente muito favorável ao lesado, mas de certa forma injusta, pois, ainda

que aquele que sofreu um dano tivesse concorrido ou mesmo provocado tal dano,

seria do Estado a responsabilidade por indenizar o prejuízo. O Estado seria, como

dizem alguns, um verdadeiro “indenizador universal”.

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Os defensores da Teoria do Risco Integral afirmam que ela seria aplicada em

caso de acidentes e danos nucleares, ataques terroristas e crimes cometidos em

aeronaves.

Não há nenhum Estado que adote em seu direito positivo a Teoria do Risco In-

tegral como sendo a regra geral aplicável à responsabilidade do Estado.

Alexandre Mazza aponta hipóteses em que a Teoria do Risco integral se aplica

no Brasil, sempre em situações excepcionais.

Vejamos o que nos diz o autor:

a) acidentes de trabalho (infortunística): nas relações de emprego público,

a ocorrência de eventual acidente de trabalho impõe ao Estado o dever de indenizar

em quaisquer casos, aplicando-se a Teoria do Risco integral.

b) Indenização coberta pelo seguro obrigatório para automóveis (DP-

VAT): o pagamento da indenização do DPVAT é efetuado mediante simples prova

do acidente e do dano decorrente, independentemente da existência de culpa, ha-

vendo ou não resseguro e abolida qualquer franquia de responsabilidade do segu-

rado (art. 5º da Lei n. 6.194/1974).

c) Atentados terroristas em aeronaves: por força do disposto nas Leis n.

10.309/2001 e n. 10.744/2003, a União assumiu despesas de responsabilida-

de civil perante terceiros na hipótese da ocorrência de danos a bens e pessoas,

passageiros ou não, provocados por atentados terroristas, atos de guerra ou

eventos correlatos, ocorridos no Brasil ou no exterior, contra aeronaves de matrí-

cula brasileira operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo público, ex-

cluídas as empresas de táxi-aéreo (art. 1º da Lei n. 10.744/2003).

Tecnicamente, trata-se de uma responsabilidade estatal por ato de tercei-

ro, mas que se sujeita à aplicação da Teoria do Risco integral porque não prevê

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excludentes ao dever de indenizar. A Lei n. 10.744/2003 foi uma resposta do


governo brasileiro à crise no setor de aviação civil após os atentados de 11 de
setembro de 2001 nos Estados Unidos. O objetivo dessa assunção de responsa-
bilidade foi reduzir o valor dos contratos de seguro obrigatórios para companhias
aéreas e que foram exorbitantemente majorados após o 11 de setembro.
d) Dano ambiental: por força do art. 225, §§ 2º e 3º, da Constituição Federal,
há quem sustente que a reparação de prejuízos ambientais causados pelo Estado
seria submetida à Teoria do Risco Integral.
Porém, considerando a posição majoritária entre os jusambientalistas, é mais
seguro defender em concursos a aplicação da Teoria do Risco Administrati-
vo para danos ambientais;
e) Dano nuclear: assim como ocorre com os danos ambientais, alguns admi-
nistrativistas têm defendido a aplicação da Teoria do Risco Integral para reparação
de prejuízos decorrentes da atividade nuclear, que constitui monopólio da União
(art. 177, V, da CF). Entretanto, a Lei de Responsabilidade Civil por Danos Nucle-
ares (Lei n. 6.653/1977), prevê diversas excludentes que afastam o dever de o
operador nuclear indenizar prejuízos decorrentes de sua atividade, tais como: cul-
pa exclusiva da vítima, conflito armado, atos de hostilidade, guerra civil, insurrei-
ção e excepcional fato da natureza (arts. 6º e 8º). Havendo excludentes previstas
diretamente na legislação, impõe-se a conclusão de que a reparação de prejuízos
nucleares, na verdade, sujeita-se à Teoria do Risco Administrativo.

Evolução das Teorias no Ordenamento Jurídico Brasileiro


A Evolução do Tratamento Dado pelo Código Civil

O antigo Código Civil passou a regular a responsabilidade do Estado, adotando

a responsabilidade subjetiva, no modelo civilista, no art. 15:

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Art. 15. As pessoas jurídicas de direito público são civilmente responsáveis por atos
dos seus representantes que nessa qualidade causem danos a terceiros, procedendo de
modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito por lei, salvo o direito regressivo
contra os causadores do dano.

O novo Código Civil de 2002, posterior à Constituição de 1988, trouxe a Res-

ponsabilidade Civil do Estado no art. 43, nos seguintes termos:

Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por
atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito
regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.

Com a redação do art. 43 do Código Civil em vigor, não há dúvida de que o

Código passou a tratar o tema de acordo com o que dispõe a Constituição Federal

de 1988.

Evolução do Tema na Constituição Federal

As Constituições Federais de 1824 e 1891 não faziam sequer menção à respon-

sabilidade do Estado por danos causados a particulares. Havia alguns dispositivos

que previam a responsabilidade do funcionário público em caso de abuso ou

omissão.

Algumas leis, entretanto, mencionavam uma responsabilidade solidária entre o

Estado e o agente público por prejuízos decorrentes da prestação de serviços, como

transporte ferroviário e correios.

As Constituições de 1934 e 1937 continuaram aplicando a teoria subjetiva

e estabeleceram a responsabilidade solidária entre a Fazenda Pública e o fun-

cionário, por prejuízos decorrentes de negligência, omissão ou abuso no exercício

de seus cargos.

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A Constituição de 1946, considerada pela doutrina um divisor de águas no

direito brasileiro, passou a adotar a teoria objetiva por força de seu art. 194:

Art. 194. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis


pelos danos que seus funcionários, nessa qualidade, causarem a terceiros.
Parágrafo único. Caber-lhes-á ação regressiva contra os funcionários causadores do
dano, quando tiver havido culpa destes.

Quando comparamos o texto da Constituição de 1946 com o art. 15 do Códi-

go Civil de 1912, percebemos o texto da Constituição excluiu os pressupostos da

“conduta contrária ao direito” e da “inobservância do dever legal”, ou seja, aqueles

requisitos que se vinculam à responsabilidade subjetiva (ou responsabilidade com

culpa).

Assim, a Constituição de 1946 passou a adotar a regra da teoria da Responsa-

bilidade Objetiva do Estado.

A doutrina entende que, a partir desse momento, o art 15 do Código Civil antigo

foi revogado pelo art. 194 da Constituição de 1946. Nesse sentido, José dos Santos

Carvallho Filho7 leciona o seguinte:

Entendemos ter havido derrogação, ou seja, revogação parcial do dispositivo. A norma,


além de guindada a mandamento constitucional, manteve alguns aspectos do art. 15
do Código Civil revogado, como a responsabilidade civil do Estado, o direito de regresso
contra o responsável, etc. A revogação foi parcial, porque se deu pela supressão dos
antigos pressupostos que exigiam a prova da culpa.

O art. 194 da Constituição Federal de 1946 passou a ser copiado pelas Consti-

tuições seguintes (art. 105 da Constituição de 1967 e art. 107 da mesma Consti-

tuição, alterada pela Emenda n. 1/1969), que continuaram a adotar a responsabi-

lidade objetiva.

7
Op. Cit.

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A Constituição Federal de 1988 trouxe a matéria no § 6º do art. 37, nos se-

guintes termos:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de ser-


viços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem
a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa.

Alexandre Mazza8 adverte que:

A referência inovadora às “pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços


públicos” implica a conclusão de que, com o texto de 1988, a responsabilidade ob-
jetiva é garantia do usuário, independentemente de quem realize a prestação
do serviço público.

É interessante notar que a adoção de uma teoria que aplica a responsabilidade

objetiva leva, em regra, a uma transferência da discussão acerca do dolo ou da cul-

pa para momento posterior: uma Ação Regressiva, que será ajuizada pelo Estado

contra o agente público, após a condenação estatal na ação indenizatória.

No direito brasileiro, isso começou a ocorrer somente após a Constituição Fe-

deral de 1946, quando a discussão sobre culpa ou dolo foi deslocada para a ação

regressiva.

Evolução do Tema na Jurisprudência

A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal também tem evoluído no que se

refere ao enfrentamento de temas específicos relativos à responsabilidade do Estado.

No ano de 2005, ao julgar o RE n. 262.651/SP, o Supremo Tribunal Federal

firmou um entendimento bastante polêmico, de que a responsabilidade dos con-

cessionários de serviço público seria objetiva perante usuários, mas subjeti-

va perante terceiros não usuários.

8
Op. Cit.

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Em 15 de agosto de 2006, o Tribunal passou a rejeitar a propositura de ação

indenizatória diretamente contra a pessoa física do agente público, sob a funda-

mentação de que a ação regressiva é uma garantia, em favor do agente público, no

sentido de não ser acionado pela vítima para ressarcimento de prejuízo causado no

exercício de função pública (vide RE n. 327.904/SP).

Com o passar do tempo, entretanto, o STF, acabou por se alinhar à doutrina ma-

joritária, alterando o entendimento acerca da responsabilidade dos concessionários

de serviço público, voltando a considerar aplicável a teoria objetiva para danos

causados a usuários e a terceiros não usuários (RE n. 591.874/MS, em 26/8/2009).

Esse é o posicionamento do Tribunal até o presente momento.

A Responsabilidade do Estado na Constituição de 1988

Como já vimos, a responsabilidade civil do Estado está disciplinada atualmente

no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, nos seguintes termos:

As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviço


público responderão pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a tercei-
ros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Perceba que a CF/1988 não menciona a necessidade de haver dolo ou culpa

para que haja o dever do Estado de indenizar. O dolo e a culpa são exigidos para

que o Estado tenha o direito regresso, ou seja, para que ele, após indenizar o

particular, possa exigir daquele agente que procedeu com dolo ou culpa o ressarci-

mento do valor pago como indenização.

Como se pode notar, o ordenamento jurídico atual fundamenta a responsabili-

dade civil do Estado na teoria objetiva: havendo dano, há o dever de indenizar,

independentemente de ter o agente atuado de forma lícita ou ilícita.

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Mas, em relação aos agentes públicos, a responsabilidade civil será subjetiva,

sendo cabível o direito de regresso do Estado apenas após a comprovação da con-

duta dolosa ou culposa.

Característica do Dano Indenizável

O dano deve ser anormal e específico.

Por dano anormal vamos entender aquele que vai além de meros inconvenien-

tes naturais e previsíveis na vida em sociedade. Sim, pois é natural que no dia a dia

surjam alguns inconvenientes, considerados normais e toleráveis e que, por isso

mesmo, não ensejam a ninguém o direito a recebimento de indenização.

Um exemplo de dano normal seria o funcionamento de uma feira livre, em bairro

residencial.

Para que um dano seja específico, é necessário que ele atinja pessoas deter-

minadas, ou seja, que atinja especificamente uma pessoa ou uma classe delimitada

de indivíduos. Em se tratando de dano geral, que afeta toda a coletividade, não há

que se falar em dever de indenizar.

Um exemplo de dano geral seria a majoração do valor da tarifa de ônibus.

Assim, caso esses dois atributos estejam presentes, considera-se que o dano é

antijurídico, gerando o dever de indenizar para a Fazenda Pública.

Então, lembre-se: a lesão deve ser anormal. Danos corriqueiros não geram o

dever de indenizar. O fundamento da indenização é o princípio da isonomia e da

justiça social.

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Responsabilidade do Estado por Atos Lícitos

Para que surja a responsabilidade estatal, não é necessário que se verifique se

o dano é decorrência de ato lícito ou ilícito do Estado.

Basta que fique evidente o prejuízo decorrente da ação ou omissão de agente

público.

Em regra, os danos indenizáveis derivam de condutas que afrontam as regras

do ordenamento jurídico. Mas há também situações em que, embora a Administra-

ção Pública tenha atuado de acordo com o direito, seja gerado um prejuízo a parti-

culares. Trata-se de danos decorrentes de atos lícitos, que também produzem

dever de indenizar.

Um exemplo muito comum em provas de concursos é o de obras em vias públi-

cas, que acabam por prejudicar o movimento de estabelecimentos comerciais.

Nesse caso, se o prejuízo foi decorrência de obra pública, o Estado é respon-

sável pelo ressarcimento integral do dano, nos termos da teoria objetiva. Por outro

lado, se o dano ocorreu em decorrência de culpa exclusiva do empreiteiro contra-

tado pelo Estado para a execução de tal obra, será desse empreiteiro a responsabi-

lidade primária, devendo a empresa construtora responsável pela obra ser aciona-

da diretamente pelo lesado, aplicando-se a responsabilidade subjetiva prevista no

art. 70 da Lei n. 8.666/1993, que regula os contratos administrativos. O Estado

só responderá em caráter subsidiário.

Responsabilidade por Omissão do Estado

Em caso de danos decorrentes da omissão do Estado, aplica-se a responsabi-

lidade subjetiva, nos termos da teoria da culpa anônima, ou “faute du service”.

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Naqueles casos em que o Estado deixa de agir e, em consequência dessa inér-

cia não evita que ocorra o resultado lesivo, fala-se em dano por omissão.

Há vários exemplos, dentre os quais podemos citar danos sofridos por particulares

em consequência de bala perdida, queda de árvore e buraco na via pública. Esses

casos têm em comum o fato de não haver, por parte do Estado, uma ação causa-

dora do prejuízo.

A doutrina tradicional sempre se posicionou no sentido de que, em caso de da-

nos por omissão, a indenização seria devida apenas se a vítima provasse que foi

exatamente a omissão estatal que produziu o prejuízo, aplicando-se a teoria obje-

tiva.

Mas a teoria da responsabilidade do Estado, tal qual se apresenta para os casos

de atos comissivos (ações) estatais, não se ajusta bem aos danos por omissão, so-

bretudo por ser impossível afirmar que a omissão provocou o prejuízo. A doutrina

é unânime em afirmar que a omissão estatal é um nada, e o nada não produz

materialmente resultado algum.

Assim, o entendimento atual é no sentido de que o Estado só deverá ser conde-

nado a indenizar prejuízos causados por sua omissão quando a lei considera obri-

gatória a prática da conduta omitida. A omissão que gera responsabilidade é

aquela que viola um dever de agir.

Diante dessa impossibilidade jurídica de se aplicar aos danos por omissão a for-

ma da doutrina tradicional da responsabilidade estatal, Celso Antônio Bandeira de

Mello9 sempre defendeu que os danos por omissão submetem-se à responsa-

bilidade subjetiva.

9
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros.

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Atualmente, é esse o entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal

(RE n. 179.147) e pela doutrina majoritária.

Ou seja, os danos por omissão serão indenizáveis apenas quando for configura-

da omissão dolosa ou culposa.

No caso de omissão dolosa, o agente público incumbido de praticar a condu-

ta omite-se deliberadamente e, por isso, não evita o prejuízo. Por outro lado, na

omissão culposa, a falta de atividade do agente público não é decorrência de sua

intenção deliberada em omitir-se, mas sim da negligência no exercício de sua

função pública. Um exemplo é a segurança pública.

Diante disso, o que se deve considerar para fins de provas de concursos, no que

se refere a danos causados por omissão do Estado, é o seguinte:

• tendo sido alertada sobre a necessidade da prestação da atividade e tendo

reiterado na omissão, a Administração responde subjetivamente por danos.

Por exemplo: diante da ocorrência de assaltos frequentes em determinado local e

tendo sido alertada acerca dessa situação, a Administração se mantém omissa em

relação ao dever de aumentar a segurança da região. Nesse caso, haverá respon-

sabilização do poder público por danos causados aos particulares. Outro exemplo

seria a hipótese do policial militar que adormece em serviço e, por isso, não conse-

gue evitar furto a banco privado.

Mas vejamos uma questão interessante. Sendo aplicada a responsabilidade

subjetiva do Estado, a vítima teria, a princípio, o ônus de provar a ocorrência

de culpa ou dolo, além da demonstração dos demais requisitos: omissão e nexo

causal.

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Entretanto, diante da inegável hipossuficiência que decorre da posição de infe-

rioridade em que está o lesado em relação ao Estado, é necessário que ser proceda

à inversão no ônus da prova referente à culpa ou ao dolo, sendo presumida a

responsabilidade estatal nas omissões que geram prejuízo ao particular, de modo

que cabe ao Estado, a fim de afastar essa presunção, fazer a prova de que não agiu

com culpa ou dolo.

Jurisprudência: Presos Foragidos e Omissão Estatal

O Supremo Tribunal Federal entende que não existe responsabilidade do Estado

no caso de crime praticado por preso foragido, se já houver transcorrido tempo

razoável (meses) da data da fuga.

Foi esse o teor da ementa do julgamento do Recurso Extraordinário n. 130.764:

Responsabilidade civil do Estado, art. 37, § 6º, da Constituição federal.


Latrocínio praticado por preso foragido, meses depois da fuga. Fora dos parâ-
metros da causalidade não é possível impor ao poder público uma responsa-
bilidade ressarcitória sob o argumento de falha no sistema de segurança dos
presos.

Teoria do Risco Suscitado ou Risco Criado

Aqui temos uma situação em que a Administração foi a responsável pela ocor-

rência do dano ou expôs a vítima ao risco de sofrê-lo.

Exemplos são as relações de custódia (dever de guarda), que envolvem bens e

pessoas sob custódia do poder público: presos na carceragem, crianças em escolas

públicas etc.

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O Superior Tribunal de Justiça já firmou entendimento no sentido de que o dever

do Estado de proteção aos detentos abrange, inclusive, protegê-los contra si mes-

mos e impedir que causem danos uns aos outros.

O Tribunal reconhece o direito da família dos presos ao recebimento de inde-

nização pela morte de detentos custodiados em delegacias e penitenciárias, ainda

que em decorrência de rebelião (Ag. n. 986208).

Da mesma maneira, o STJ admitiu que a irmã de detento morto na prisão era

parte legítima para propor Ação de Indenização contra o Estado (REsp n. 1054443).

Mas, lembre-se: a custódia deve ser condição sem a qual o dano não teria ocor-

rido, ainda que situações posteriores tenham contribuído.

A Ação Indenizatória

Qualquer um que venha a sofrer danos em decorrência de ação ou omissão de

agentes públicos poderá pleitear pela via administrativa ou judicial a devida repa-

ração.

Na esfera administrativa, deverá ser dirigido à autoridade competente um pe-

dido de ressarcimento. A partir desse requerimento, será instaurado um processo

administrativo, para que seja apurada a responsabilidade e, nesse processo, será

proferida a decisão sobre o cabimento ou não de indenização.

O mais comum, entretanto, é que o lesado faça a opção pela via judicial, por

meio de propositura da ação indenizatória.

A ação indenizatória é, portanto, proposta por aquele que se sente lesado em

decorrência de ação ou omissão estatal, em face da pessoa jurídica à qual o agente

público causador serve.

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O STF, no julgamento do RE n. 327.904/SP, passou a rejeitar a propositura de

ação indenizatória diretamente contra o agente público.

O entendimento do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que a Ação Re-

gressiva do Estado contra seus agentes é dupla garantia:

a) em favor do Estado, que poderá recuperar o valor pago à vítima;

b) em favor do agente público, já que ele não pode ser acionado diretamente

pela vítima para ressarcimento de prejuízo causado no exercício de função pública.

Esse novo posicionamento do STF afasta a possibilidade que havia anteriormen-

te de a vítima fazer opção entre propor a Ação Indenizatória contra o Estado, contra

o agente público ou contra ambos, em em litisconsórcio passivo.

Direito de Regresso

Aplica-se no caso de haver a condenação da pessoa jurídica responsável pela

atividade a indenizar o particular pelos danos sofridos. Essa responsabilidade da

pessoa jurídica é objetiva, pois não questiona a existência de culpa ou dolo.

Pois bem, após a solução dessa lide entre o particular e a pessoa jurídica res-

ponsável, esta deverá buscar o ressarcimento, reavendo do agente responsável o

valor do dano.

Ocorre que a responsabilidade dos agentes públicos é subjetiva, o que faz

com que seja indispensável para o exercício do direito de regresso a comprovação

de culpa ou dolo destes, sempre assegurado o direito à ampla defesa.

Vale lembrar que, em razão do princípio da indisponibilidade, a propositura

da ação regressiva, quando cabível, é um dever imposto à Administração, e não

uma simples faculdade.

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Sobre a prescrição da Ação regressiva, é dominante o entendimento que tem

por fulcro o art. 37, § 5º, da Constituição Federal, de que a ação regressiva é

imprescritível.

No entanto, em se tratando de danos causados por agente público de empresas

públicas, sociedades de economia mista, fundações governamentais, concessioná-

rios e permissionários, isto é, para pessoas jurídicas de direito privado, o prazo

é de três anos (art. 206, § 3º, V, do CC) contados do trânsito em julgado da de-

cisão condenatória.

Responsabilidade por Atos Legislativos, Regulamentares e


Jurisdicionais

Devemos ter em mente que a teoria da responsabilidade extracontratual do

Estado foi desenvolvida no intuito de possibilitar o ressarcimento de prejuízos cau-

sados a particulares em decorrência de atos administrativos concretos.

A doutrina, entretanto, caminhou no sentido de admitir a possibilidade de con-

denação do Estado em decorrência de prejuízos causados em decorrência de atos

jurídicos e atos legislativos.

Assim, a responsabilidade estatal por danos causados por leis inconstitucio-

nais foi admitida pelo STF no julgamento do RE n. 153.464, atendida a condição

de a vítima demonstrar especial e anormal prejuízo decorrente da lei inválida.

É exigido, também, como pressuposto da condenação, que a lei seja formalmente

declarada inconstitucional pelo próprio STF.

Pode ser aplicado aos atos regulamentares e aos normativos expedidos pelo

Poder Executivo o mesmo raciocínio, quando estes forem eivados do vício de ile-

galidade ou se forem declarados inconstitucionais pelas autoridades competentes.

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Nesses casos, não é regra geral o pagamento de indenização, mas não se pode

excluir a possibilidade de ocorrência de dano passível de reparação, determinada

pelo Poder Judiciário.

Em relação às chamadas leis de efeitos concretos, que são aquelas que têm

destinatário determinado, a responsabilidade estatal é cabível, independentemente

da declaração de inconstitucionalidade, à medida que tais leis constituem, no as-

pecto material, atos administrativos capazes de causar prejuízo patrimonial ense-

jador de ressarcimento pelo Estado.

Por fim, em relação aos atos tipicamente jurisdicionais, entende-se que, em

princípio, não geram direito à indenização, em razão da soberania do Poder Judi-

ciário e da autoridade da coisa julgada. A Constituição Federal, entretanto, prevê,

excepcionalmente, a possibilidade de ressarcimento do condenado por erro

judicial.

Caro(a) aluno(a).

Concluímos nossa aula sobre a Responsabilidade Extracontratual do Estado.

Vamos agora à nossa lista de questões, para que você possa testar seus conhe-

cimentos, ao mesmo tempo em que fixa o conteúdo abordado na aula.

Bons estudos!

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Responsabilidade Civil do Estado
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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1    (FGV/CONSULTOR LEGISLATIVO/AL-RO/2018) João, ocupante do cargo

efetivo de Consultor Legislativo da Assembleia Legislativa de Rondônia, no exercício

da função pública, praticou ato ilícito que, com o pertinente nexo causal, causou

dano ao administrado Mário.

a) Em matéria de responsabilidade civil, o particular Mário deve ajuizar ação inde-

nizatória em face da Assembleia Legislativa de Rondônia, por sua responsabilidade

civil objetiva, sendo desnecessária a comprovação do dolo ou culpa do agente pú-

blico João.

b) do Estado de Rondônia, por sua responsabilidade civil objetiva, sendo desneces-

sária a comprovação do dolo ou culpa do agente público João, que responderá de

forma subjetiva perante o Estado em ação de regresso.

c) do Estado de Rondônia, por sua responsabilidade civil subjetiva, sendo necessá-

ria a comprovação do dolo ou culpa do agente público João, que responderá pelos

danos perante o Estado em ação de regresso.

d) de João por sua responsabilidade civil primária e objetiva, sendo necessária a

comprovação do dolo ou culpa do agente público, facultada a inclusão do Estado no

polo passivo da demanda.

Questão 2    (FGV/CONSULTOR LEGISLATIVO/AL-RO/2018) Analise a afirmação a

seguir.

O Estado é civilmente responsável pelos danos que seus agentes, nessa condição,

causarem à vítima, ainda que haja culpa exclusiva desta última.

Considerando a responsabilidade civil do Estado, a  afirmativa acima descreve a

teoria

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a) da responsabilidade subjetiva

b) do risco administrativo

c) da falta do serviço

d) do risco integral

Questão 3    (FGV/ADVOGADO/AL-RO/2018) A Assembleia Legislativa aprovou lei

estadual declarando determinada área de utilidade pública para fins de desapro-

priação.

Por não concordar com a desapropriação de seu imóvel, o particular interessado

ingressou com ação judicial e comprovou que tal lei, em verdade, não atendia ao

interesse público e que sofreu danos materiais por sua aprovação, por ter perdido

oportunidade de vender o imóvel a terceira pessoa por preço mais elevado.

No caso em tela, comprovados o ato ilícito, o nexo causal e o dano ao particular,

a) não incide a responsabilidade civil do Estado, seja objetiva, seja subjetiva, pois o

ato legislativo, por sua natureza, não é suscetível de ensejar pleitos indenizatórios.

b) não incide a responsabilidade civil do Estado, seja objetiva, seja subjetiva, pois

o ato legislativo está sujeito apenas ao regime jurídico de controle de constitucio-

nalidade.

c) incide a responsabilidade civil objetiva do Estado, por se tratar de lei de efeitos

concretos que não estabelece normas gerais e abstratas, constituindo verdadeiro

ato administrativo.

d) incide a responsabilidade civil subjetiva do Estado, por se tratar de ato legislati-

vo típico, que apenas admite indenização se comprovado o dolo ou culpa do agente

público.

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Questão 4    (FGV/ADVOGADO/AL-RO/2018) Fernando, ocupante do cargo efetivo

de advogado da Assembleia Legislativa de Rondônia, exarou parecer jurídico que,

aprovado, embasou ato administrativo final praticado pelo Presidente da Casa Le-

gislativa, que causou dano a terceiro.

Em seguida, o Poder Judiciário declarou a nulidade do ato administrativo final prati-

cado, por não concordar com a tese jurídica que o motivou e reconheceu o dolo do

agente que produziu o ato administrativo final.

No caso em tela, com base nos ensinamentos doutrinário e jurisprudencial sobre

advocacia pública consultiva, em regra, Fernando

a) deve ser responsabilizado solidariamente com o agente que produziu o ato

administrativo final, decidindo pela aprovação do parecer, independentemente da

comprovação do dolo ou culpa do advogado público.

b) deve ser responsabilizado solidariamente com o agente que produziu o ato ad-

ministrativo final, decidindo pela aprovação do parecer, desde que comprovada a

existência de dano ao erário, independentemente da análise do elemento subjetivo.

c) deve ser responsabilizado solidariamente com o agente que produziu o ato ad-

ministrativo final, decidindo pela aprovação do parecer, desde que comprovada a

existência de dano ao erário e a culpa ou dolo do advogado público.

d) não deve ser considerado solidariamente responsável com o agente que pro-

duziu o ato administrativo final, decidindo pela aprovação do parecer, exceto se

comprovado que o advogado público agiu com dolo ou erro grosseiro injustificável.

Questão 5    (FGV/OFICIAL DA INFÂNCIA E JUVENTUDE/TJSC/2018) João, Oficial

da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, foi designado

para cumprir diligência fiscalizatória em evento que consiste em show com a parti-

cipação de público adolescente. Chegando ao local, agindo de forma culposa, João

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se excedeu e retirou do show o adolescente Antônio, alegando que o rapaz estava

desacompanhado de seus responsáveis, quando, na verdade, seu pai apenas tinha

ido ao banheiro.

Diante dos danos morais (frustração) e materiais (valor do ingresso do show) so-

fridos por Antônio, ele procurou a Defensoria Pública e propôs ação indenizatória

em face do:

a) João, como pessoa física, por sua responsabilidade civil objetiva e direta;

b) Tribunal de Justiça de Santa Catarina, por sua responsabilidade civil objetiva;

c) Tribunal de Justiça de Santa Catarina, por sua responsabilidade civil subjetiva;

d) Estado de Santa Catarina, por sua responsabilidade civil objetiva;

Questão 6    (FGV/ANALISTA JURÍDICO/TJSC/2018) Imagine duas hipóteses em

que um cidadão é vítima de roubo em via pública. O primeiro crime ocorre em uma

rua deserta de madrugada, e o segundo, em rua movimentada, na parte da tarde,

em frente à delegacia, onde havia policiais na entrada, que nada fizeram.

De acordo com jurisprudência e doutrina modernas, em tese, incide a responsabi-

lidade civil:

a) objetiva em ambas as hipóteses, e a omissão estatal acarreta o dever de indeni-

zar o cidadão, sem necessidade de comprovação do elemento subjetivo do agente

público;

b) subjetiva em ambas as hipóteses, e a omissão estatal acarreta o dever de in-

denizar o cidadão, com necessidade de comprovação do elemento subjetivo do

agente público;

c) objetiva na segunda hipótese, e a omissão específica estatal acarreta o dever de

indenizar o cidadão, sem necessidade de comprovação do elemento subjetivo do

agente público; objetiva na primeira hipótese, e a omissão específica estatal acar-

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reta o dever de indenizar o cidadão, sem necessidade de comprovação do elemento

subjetivo do agente público.

d) subjetiva na primeira hipótese, e a omissão genérica estatal acarreta o dever de

indenizar o cidadão, sem necessidade de comprovação do elemento subjetivo do

agente público;

Questão 7    (FGV/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR/TJSC/2018) João, Oficial de

Justiça do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, no dia 01/06/2011, conduzia veí-

culo oficial para realizar diligência citatória afeta às suas funções públicas, quando,

culposamente, atropelou e matou Maria. No dia 01/06/2014, sobreveio o trânsito

em julgado de sentença penal condenando João pelo delito de homicídio culposo na

direção de veículo automotor.

Em 01/06/2018, os filhos de Maria ajuizaram ação indenizatória em face do Estado

de Santa Catarina, em razão de sua responsabilidade civil:

a) objetiva, mas já se operou a prescrição quinquenal, cujo termo inicial é a data

do acidente;

b) objetiva, mas já se operou a prescrição trienal, cujo termo inicial é a data do

óbito;

c) objetiva, e ainda não se operou a prescrição quinquenal, cujo termo inicial é a

data do trânsito em julgado da sentença penal condenatória;

d) subjetiva, e ainda não se operou a prescrição trienal, cujo termo inicial é a data

do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

Questão 8    (FGV/ANALISTA ADMINISTRATIVO/TJSC/2018) João, Analista Admi-

nistrativo do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, no exercício da função, causou

danos morais a Joana, parte autora em determinado processo judicial, cujos autos

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foram extraviados por culpa de João. Em razão de tais fatos, Joana obteve êxito em

ação indenizatória aforada em face do Estado de Santa Catarina.

Na hipótese narrada, o poder público estadual

a) pode acionar judicialmente João, mediante ação de regresso, tendo o ônus de

comprovar que o agente público agiu com culpa;

b) pode acionar judicialmente João, mediante ação de regresso, desde que cumpra

o ônus de comprovar que o agente público agiu com dolo;

c) pode acionar judicialmente João, mediante ação de regresso, independente-

mente de comprovar a culpa ou dolo do agente, em razão da responsabilidade civil

objetiva;

d) não pode acionar judicialmente João, eis que a responsabilidade civil objetiva

aplica-se apenas em face do Estado, que não tem o direito de regresso contra o

agente.

Questão 9    (FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR/TJSC/2018) Orlando, servidor

do Município Alfa, ao conduzir um veículo utilizado na pavimentação de vias asfál-

ticas, colidiu com o veículo de Pedro, causando-lhe danos.

À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que:

a) o Município Alfa só pode ser responsabilizado caso seja demonstrado que des-

considerou a inaptidão de Orlando;

b) Orlando e o Município Alfa não podem ser responsabilizados por danos causados

no exercício da função pública;

c) o Município Alfa só pode ser responsabilizado caso seja demonstrada a culpa de

Orlando na colisão;

d) o Município Alfa pode ser responsabilizado ainda que não seja demonstrada a

culpa de Orlando.

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Questão 10    (FGV/TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO/MPE-AL/2018) Eraldo, ser-

vidor público estadual, durante o horário de expediente, deixou que um objeto

caísse da janela da repartição pública em que trabalhava. Esse objeto caiu sobre a

cabeça de Pedro e lhe causou danos.

Considerando as normas constitucionais que dispõem sobre o dever de reparar os

danos causados, assinale a afirmativa correta.

a) O Estado pode ser responsabilizado, ainda que não demonstrada a culpa de

Eraldo.

b) Nem Eraldo nem o Estado podem ser responsabilizados, pois ocorreu um mero

acidente.

c) Somente Eraldo pode ser responsabilizado, mesmo que não demonstrada a sua

culpa.

d) O Estado pode ser responsabilizado, mas é necessário provar a culpa de Eraldo.

Questão 11    (FGV/ANALISTA JUDICIÁRIO/TJAL/2018) João, apenado que cumpria

pena privativa de liberdade decorrente de sentença penal condenatória com trânsi-

to em julgado, foi morto no interior de unidade prisional estadual de Alagoas.

De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, no caso em tela,

aplica-se a responsabilidade civil:

a) objetiva do Estado, e o valor arbitrado em relação aos danos morais decorren-

tes não pode, em qualquer hipótese, ser revisto em sede de recurso especial pela

proibição de reexame de matéria fática;

b) objetiva do Estado, e os danos morais decorrentes somente podem ser revistos

em sede de recurso especial quando o valor arbitrado for exorbitante ou irrisório,

afrontando os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade;

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c) subjetiva do Estado, e o poder público estadual será condenado à indenização

pelos danos morais aos familiares do apenado, caso se comprove que o homicídio

foi praticado por algum agente penitenciário;

d) subsidiária do Estado, e, para condenação do poder público estadual ao paga-

mento de indenização pelos danos morais aos familiares do apenado, será impres-

cindível a prévia tentativa de satisfação do crédito junto ao agente público que agiu

com culpa ou dolo.

Questão 12    (FGV/TÉCNICO MÉDIO DE DEFENSORIA PÚBLICA/DPE-RJ/2019) João,

Técnico Médio da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, no exercício da

função, caminhava carregando em seus braços uma enorme pilha de autos de

processos, quando tropeçou e caiu em cima da particular Maria, que estava sendo

atendida pela Defensoria, quebrando-lhe o braço e danificando o aparelho de tele-

fone celular que estava na mão da lesada.

Em razão dos danos que lhe foram causados, Maria ajuizou ação indenizatória

em face:

a) do Estado do Rio de Janeiro, com base em sua responsabilidade civil subjetiva,

sendo necessária a comprovação do dolo ou culpa de João;

b) da Defensoria Pública-Geral do Estado, com base em sua responsabilidade civil

subjetiva, sendo necessária a comprovação do dolo ou culpa de João;

c) da Defensoria Pública-Geral do Estado, com base em sua responsabilidade civil

objetiva, sendo desnecessária a comprovação do dolo ou culpa de João;

d) do Estado do Rio de Janeiro, com base em sua responsabilidade civil objetiva,

sendo desnecessária a comprovação do dolo ou culpa de João.

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Questão 13    (FGV/ANALISTA JUDICIÁRIO/TJAL/2018) O Presidente de determina-

da autarquia de Alagoas, no exercício de suas funções, praticou ato ilícito civil que

causou danos a determinado usuário do serviço prestado pela entidade. No caso

hipotético narrado, incide a responsabilidade civil:

a) objetiva e primária da autarquia, bem como objetiva e subsidiária do Estado de

Alagoas.

b) objetiva e solidária da autarquia e do Estado de Alagoas que a criou por lei es-

pecífica;

c) objetiva e primária da autarquia, mas o Estado de Alagoas não pode ser respon-

sabilizado porque a autarquia tem personalidade jurídica própria;

d) subjetiva e primária da autarquia, mas o Estado de Alagoas não pode ser res-

ponsabilizado porque a autarquia tem personalidade jurídica própria.

Questão 14    (FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO/TJAL/2018) Miro, quando passava na cal-

çada lateral do edifício da Câmara de Vereadores do Município de São Paulo, é atin-

gido por parte da janela que caiu do Gabinete da Presidência da Casa Legislativa.

Nessa hipótese, a pessoa jurídica que responderá por eventual indenização será:

a) o município

b) a Casa Legislativa

c) a Prefeitura

d) a Presidência da Câmara dos Vereadores

Questão 15    (FGV/AUDITOR FISCAL DE TRIBUTOS ESTADUAIS/SEFIN-RO/2018) A

sociedade empresária W, que recebeu concessão do município Sigma para prestar

o serviço de transporte urbano de passageiros, foi citada em uma ação civil de re-

paração de danos, sob o fundamento de que um de seus ônibus, durante o serviço,

colidira com outro veículo, daí resultando lesões graves no motorista deste último.

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À luz da sistemática constitucional afeta à responsabilização civil das concessio-

nárias de serviço público, é  correto afirmar que a responsabilidade da sociedade

empresária W

a) é objetiva, apesar de o dano ter sido causado a um indivíduo que não era usu-

ário do serviço.

b) é subjetiva, já que o dano foi causado a não-usuário do serviço, sendo exigida

a culpa do motorista do ônibus.

c) somente seria objetiva em relação ao dano causado ao usuário do serviço.

d) é subjetiva, pois somente a Administração Pública direta e indireta pode respon-

der de modo objetivo.

Questão 16    (FGV/AUDITOR FISCAL DE TRIBUTOS ESTADUAIS/SEFIN-RO/2018)

Marcos Túlio, motorista de ônibus da empresa “Mais Bus”, concessionária de ser-

viço municipal de transporte de passageiros, ao se desviar de uma placa de metal

que se desprendeu de um caminhão à sua frente, acabou por atropelar Cícero, ci-

clista, que usava a faixa exclusiva para bicicletas.

Considerando o caso exposto, assinale a afirmativa correta.

a) A responsabilidade pela reparação dos prejuízos recai apenas sobre o Município,

ente concedente do serviço público, de forma objetiva.

b) A responsabilidade pela reparação dos prejuízos recai apenas sobre a empresa

de ônibus, concessionária do serviço, de forma objetiva.

c) A responsabilidade da empresa de ônibus, concessionária do serviço, é subjeti-

va, tendo em vista que Cícero não era usuário do serviço.

d) A responsabilidade da empresa de ônibus, concessionária do serviço, é objetiva,

podendo o Município responder de forma subsidiária.

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Questão 17    (FGV/ANALISTA DE PLANEJAMENTO E FINANÇAS/SPOG-RO/2017)

Determinado ente federativo passou a figurar no polo passivo de uma ação civil de

reparação de danos, sob o argumento de que Pedro, servidor público do referido

ente, no exercício da função, ao conduzir o veículo de um órgão estadual, atro-

pelara e dera causa à morte de Maria. Apesar disso, existiam provas robustas de

que Pedro cumprira integralmente as normas de trânsito e o acidente decorrera do

comportamento inadequado de Maria.

À luz da narrativa acima, na seara afeta à responsabilidade civil do Estado por atos

comissivos, mais especificamente em relação à possibilidade de o comportamento

de Maria afastar o dever de indenizar, a teoria adotada pela Constituição da Repú-

blica é a

a) do risco integral, não sendo o dever de indenizar afastado pela culpa exclusiva

da vítima.

b) do risco administrativo, sendo o dever de indenizar afastado pela culpa exclusiva

da vítima.

c) da culpa, sendo o dever de indenizar influenciado pela culpa, tanto do agente

público como da vítima.

d) da falta administrativa, não sendo o dever de indenizar afastado pela culpa ex-

clusiva da vítima.

Questão 18    (FGV/ASSISTENTE TÉCNICO – ADMINISTRATIVO/MPE-BA/2017) Fun-

cionários da sociedade empresária concessionária prestadora do serviço público de

fornecimento de energia elétrica compareceram em determinada via pública para

manutenção de rotina no aparelho distribuidor de energia. No entanto, durante o

serviço, ocorreu uma explosão no equipamento que causou a interrupção no forne-

cimento de energia em diversas ruas daquele bairro, durante dez dias.

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Após instauração de inquérito civil, Promotor de Justiça com atribuição em tutela

coletiva na matéria consumidor ajuizou ação civil pública, com base na responsa-

bilidade civil:

a) subjetiva da concessionária, bastando a comprovação do dano à coletividade, da

conduta e do nexo causal;

b) objetiva da concessionária, sendo prescindível a comprovação do elemento sub-

jetivo do dolo ou culpa de seus funcionários;

c) subjetiva da concessionária, sendo imprescindível a comprovação de terem os

seus funcionários agido com dolo ou culpa;

d) solidária da concessionária e do ente federativo que figura como poder conce-

dente, bem como subjetiva, porque é imprescindível a comprovação da culpa ou

dolo dos agentes;

Questão 19    (FGV/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT 12ª REGIÃO/2017) João, servidor

público federal, estava conduzindo, no exercício de suas funções, o veículo da re-

partição em que trabalha, quando realizou uma inversão de direção proibida e

colidiu com o veículo de Antônio, que se lesionou com o impacto. Ato contínuo,

Antônio procurou um advogado e solicitou informações a respeito da natureza da

responsabilidade civil no evento que o lesionou.

À luz da sistemática constitucional, a única resposta correta é:

a) responsabilidade objetiva da União e subjetiva de João.

b) responsabilidade subjetiva e exclusiva de João;

c) responsabilidade objetiva e subsidiária da União;

d) responsabilidade subjetiva da União;

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GABARITO
1. b

2. d

3. c

4. d

5. d

6. c

7. c

8. a

9. d

10. d

11. d

12. d

13. a

14. a

15. a

16. d

17. b

18. b

19. a

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GABARITO COMENTADO
Questão 1    (FGV/CONSULTOR LEGISLATIVO/AL-RO/2018) João, ocupante do cargo

efetivo de Consultor Legislativo da Assembleia Legislativa de Rondônia, no exercício

da função pública, praticou ato ilícito que, com o pertinente nexo causal, causou

dano ao administrado Mário.

a) Em matéria de responsabilidade civil, o particular Mário deve ajuizar ação inde-

nizatória em face da Assembleia Legislativa de Rondônia, por sua responsabilidade

civil objetiva, sendo desnecessária a comprovação do dolo ou culpa do agente pú-

blico João.

b) do Estado de Rondônia, por sua responsabilidade civil objetiva, sendo desneces-

sária a comprovação do dolo ou culpa do agente público João, que responderá de

forma subjetiva perante o Estado em ação de regresso.

c) do Estado de Rondônia, por sua responsabilidade civil subjetiva, sendo necessá-

ria a comprovação do dolo ou culpa do agente público João, que responderá pelos

danos perante o Estado em ação de regresso.

d) de João por sua responsabilidade civil primária e objetiva, sendo necessária a

comprovação do dolo ou culpa do agente público, facultada a inclusão do Estado no

polo passivo da demanda.

Letra b.

A Assembleia Legislativa de Rondônia é um Órgão Público, desprovido de persona-

lidade jurídica própria. Logo, a ação de indenização deve ser proposta diretamente

contra o Estado de Rondônia que, de acordo com a Teoria do Risco Administrati-

vo, adotada pela CF/1988, responderá de forma objetiva.

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Questão 2    (FGV/CONSULTOR LEGISLATIVO/AL-RO/2018) Analise a afirmação a

seguir.

O Estado é civilmente responsável pelos danos que seus agentes, nessa condição,

causarem à vítima, ainda que haja culpa exclusiva desta última.

Considerando a responsabilidade civil do Estado, a  afirmativa acima descreve a

teoria

a) da responsabilidade subjetiva

b) do risco administrativo

c) da falta do serviço

d) do risco integral

Letra d.

A Teoria do Risco Integral não questiona a existência do nexo causal entre o fato

administrativo e o dano sofrido pelo particular. Para essa corrente radical da Teoria

do Risco, aplicável apenas em situações excepcionais, o Estado será responsabili-

zado pelo dano, ainda que a culpa seja exclusiva do lesado.

Questão 3    (FGV/ADVOGADO/AL-RO/2018) A Assembleia Legislativa aprovou lei

estadual declarando determinada área de utilidade pública para fins de desapro-

priação.

Por não concordar com a desapropriação de seu imóvel, o particular interessado

ingressou com ação judicial e comprovou que tal lei, em verdade, não atendia ao

interesse público e que sofreu danos materiais por sua aprovação, por ter perdido

oportunidade de vender o imóvel a terceira pessoa por preço mais elevado.

No caso em tela, comprovados o ato ilícito, o nexo causal e o dano ao particular,

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a) não incide a responsabilidade civil do Estado, seja objetiva, seja subjetiva, pois o

ato legislativo, por sua natureza, não é suscetível de ensejar pleitos indenizatórios.

b) não incide a responsabilidade civil do Estado, seja objetiva, seja subjetiva, pois

o ato legislativo está sujeito apenas ao regime jurídico de controle de constitucio-

nalidade.

c) incide a responsabilidade civil objetiva do Estado, por se tratar de lei de efeitos

concretos que não estabelece normas gerais e abstratas, constituindo verdadeiro

ato administrativo.

d) incide a responsabilidade civil subjetiva do Estado, por se tratar de ato legislati-

vo típico, que apenas admite indenização se comprovado o dolo ou culpa do agente

público.

Letra c.

Segundo Maria Sylvia Di Pietro (Direito Administrativo, 30ª edição, p. 831):

Atualmente, aceita-se a responsabilidade do Estado por atos legislativos pelo menos nas
seguintes hipóteses:
a) leis inconstitucionais;
b) atos normativos do Poder Executivo e de entes administrativos com função normati-
va, com vícios de inconstitucionalidade ou ilegalidade;
c) lei de efeitos concretos, constitucionais ou inconstitucionais;
d) omissão o poder de legislar e regulamentar.

Questão 4    (FGV/ADVOGADO/AL-RO/2018) Fernando, ocupante do cargo efetivo

de advogado da Assembleia Legislativa de Rondônia, exarou parecer jurídico que,

aprovado, embasou ato administrativo final praticado pelo Presidente da Casa Le-

gislativa, que causou dano a terceiro.

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Em seguida, o Poder Judiciário declarou a nulidade do ato administrativo final prati-

cado, por não concordar com a tese jurídica que o motivou e reconheceu o dolo do

agente que produziu o ato administrativo final.

No caso em tela, com base nos ensinamentos doutrinário e jurisprudencial sobre

advocacia pública consultiva, em regra, Fernando

a) deve ser responsabilizado solidariamente com o agente que produziu o ato

administrativo final, decidindo pela aprovação do parecer, independentemente da

comprovação do dolo ou culpa do advogado público.

b) deve ser responsabilizado solidariamente com o agente que produziu o ato ad-

ministrativo final, decidindo pela aprovação do parecer, desde que comprovada a

existência de dano ao erário, independentemente da análise do elemento subjetivo.

c) deve ser responsabilizado solidariamente com o agente que produziu o ato ad-

ministrativo final, decidindo pela aprovação do parecer, desde que comprovada a

existência de dano ao erário e a culpa ou dolo do advogado público.

d) não deve ser considerado solidariamente responsável com o agente que pro-

duziu o ato administrativo final, decidindo pela aprovação do parecer, exceto se

comprovado que o advogado público agiu com dolo ou erro grosseiro injustificável.

Letra d.

Tanto a jurisprudência quanto a lei (CPC, art. 184) estabelecem que o advogado

público só será responsabilizado se agir com dolo ou erro grosseiro.

Veja:

É possível a responsabilização de advogado público pela emissão de parecer


de natureza opinativa, desde que reste configurada a existência de culpa ou
erro grosseiro.

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STF. 1ª Turma. MS 27867 AgR/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 18/9/2012 (Info
n. 680).

Código de Processo Civil
Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressivamente responsável
quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
(Fonte: Dizer o Direito)

Questão 5    (FGV/OFICIAL DA INFÂNCIA E JUVENTUDE/TJSC/2018) João, Oficial

da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, foi designado

para cumprir diligência fiscalizatória em evento que consiste em show com a parti-

cipação de público adolescente. Chegando ao local, agindo de forma culposa, João

se excedeu e retirou do show o adolescente Antônio, alegando que o rapaz estava

desacompanhado de seus responsáveis, quando, na verdade, seu pai apenas tinha

ido ao banheiro.

Diante dos danos morais (frustração) e materiais (valor do ingresso do show) so-

fridos por Antônio, ele procurou a Defensoria Pública e propôs ação indenizatória

em face do:

a) João, como pessoa física, por sua responsabilidade civil objetiva e direta;

b) Tribunal de Justiça de Santa Catarina, por sua responsabilidade civil objetiva;

c) Tribunal de Justiça de Santa Catarina, por sua responsabilidade civil subjetiva;

d) Estado de Santa Catarina, por sua responsabilidade civil objetiva;

Letra d.

A CF/1988, no art. 37, § 6º, determina que as pessoas jurídicas de direito público

e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos

que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.

Trata-se da teoria do órgão, adotada pela Constituição Federal.

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Questão 6    (FGV/ANALISTA JURÍDICO/TJSC/2018) Imagine duas hipóteses em

que um cidadão é vítima de roubo em via pública. O primeiro crime ocorre em uma

rua deserta de madrugada, e o segundo, em rua movimentada, na parte da tarde,

em frente à delegacia, onde havia policiais na entrada, que nada fizeram.

De acordo com jurisprudência e doutrina modernas, em tese, incide a responsabi-

lidade civil:

a) objetiva em ambas as hipóteses, e a omissão estatal acarreta o dever de indeni-

zar o cidadão, sem necessidade de comprovação do elemento subjetivo do agente

público;

b) subjetiva em ambas as hipóteses, e a omissão estatal acarreta o dever de in-

denizar o cidadão, com necessidade de comprovação do elemento subjetivo do

agente público;

c) objetiva na segunda hipótese, e a omissão específica estatal acarreta o dever de

indenizar o cidadão, sem necessidade de comprovação do elemento subjetivo do

agente público; objetiva na primeira hipótese, e a omissão específica estatal acar-

reta o dever de indenizar o cidadão, sem necessidade de comprovação do elemento

subjetivo do agente público;

d) subjetiva na primeira hipótese, e a omissão genérica estatal acarreta o dever de

indenizar o cidadão, sem necessidade de comprovação do elemento subjetivo do

agente público;

Letra c.

Essa questão se baseia nos conceitos de omissão genérica x omissão específi-

ca.

Na omissão genérica, não há um fato juridicamente relevante, ou seja, um com-

portamento fora do padrão que a lei exige para aquela situação. O Estado não

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atuou, devido à impossibilidade, ou a uma seríssima dificuldade em atuar, ou ainda

ao fato de o acontecimento ser imprevisível.

Na omissão específica, por outro lado, há Responsabilidade Estatal objetiva.

Por exemplo: descumprimento de ordem judicial determinando que policiais prote-

jam determinado patrimônio é omissão específica.

Na situação apresentada pela questão, temos, no primeiro caso, uma omissão genéri-

ca, que exige a comprovação de culpa ou dolo, para ser imposta a responsabilização.

No segundo caso, temos omissão específica, que gera responsabilidade objetiva.

Questão 7    (FGV/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR/TJSC/2018) João, Oficial de

Justiça do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, no dia 01/06/2011, conduzia veí-

culo oficial para realizar diligência citatória afeta às suas funções públicas, quando,

culposamente, atropelou e matou Maria. No dia 01/06/2014, sobreveio o trânsito

em julgado de sentença penal condenando João pelo delito de homicídio culposo na

direção de veículo automotor.

Em 01/06/2018, os filhos de Maria ajuizaram ação indenizatória em face do Estado

de Santa Catarina, em razão de sua responsabilidade civil:

a) objetiva, mas já se operou a prescrição quinquenal, cujo termo inicial é a data

do acidente;

b) objetiva, mas já se operou a prescrição trienal, cujo termo inicial é a data do

óbito;

c) objetiva, e ainda não se operou a prescrição quinquenal, cujo termo inicial é a

data do trânsito em julgado da sentença penal condenatória;

d) subjetiva, e ainda não se operou a prescrição trienal, cujo termo inicial é a data

do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

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Letra c.

A ação de reparação contra a administração se sujeita ao prazo de prescrição de

5 anos.

O STJ já firmou entendimento no sentido de que, no caso de o fato danoso

ser caracterizado como crime, o início da prescrição quinquenal para a propo-

situra da ação de indenização contra o poder público é a data do trânsito em

julgado da sentença criminal condenatória.

Questão 8    (FGV/ANALISTA ADMINISTRATIVO/TJSC/2018) João, Analista Admi-

nistrativo do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, no exercício da função, causou

danos morais a Joana, parte autora em determinado processo judicial, cujos autos

foram extraviados por culpa de João. Em razão de tais fatos, Joana obteve êxito em

ação indenizatória aforada em face do Estado de Santa Catarina.

Na hipótese narrada, o poder público estadual

a) pode acionar judicialmente João, mediante ação de regresso, tendo o ônus de

comprovar que o agente público agiu com culpa;

b) pode acionar judicialmente João, mediante ação de regresso, desde que cumpra

o ônus de comprovar que o agente público agiu com dolo;

c) pode acionar judicialmente João, mediante ação de regresso, independentemente

de comprovar a culpa ou dolo do agente, em razão da responsabilidade civil objetiva;

d) não pode acionar judicialmente João, eis que a responsabilidade civil objetiva

aplica-se apenas em face do Estado, que não tem o direito de regresso contra o

agente.

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Letra a.

Como a responsabilidade do agente público é subjetiva, deverá ser comprovado o

dolo ou a culpa do agente, para que o Estado exerça seu direito de regresso.

Questão 9    (FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR/TJSC/2018) Orlando, servidor

do Município Alfa, ao conduzir um veículo utilizado na pavimentação de vias asfál-

ticas, colidiu com o veículo de Pedro, causando-lhe danos.

À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que:

a) o Município Alfa só pode ser responsabilizado caso seja demonstrado que des-

considerou a inaptidão de Orlando;

b) Orlando e o Município Alfa não podem ser responsabilizados por danos causados

no exercício da função pública;

c) o Município Alfa só pode ser responsabilizado caso seja demonstrada a culpa de

Orlando na colisão;

d) o Município Alfa pode ser responsabilizado ainda que não seja demonstrada a

culpa de Orlando.

Letra d.

A responsabilidade das pessoas jurídicas de direito público é objetiva, ou seja, in-

depende da comprovação do dolo ou da culpa.

Questão 10    (FGV/TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO/MPE-AL/2018) Eraldo, ser-

vidor público estadual, durante o horário de expediente, deixou que um objeto

caísse da janela da repartição pública em que trabalhava. Esse objeto caiu sobre a

cabeça de Pedro e lhe causou danos.

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Considerando as normas constitucionais que dispõem sobre o dever de reparar os

danos causados, assinale a afirmativa correta.

a) O Estado pode ser responsabilizado, ainda que não demonstrada a culpa de

Eraldo.

b) Nem Eraldo nem o Estado podem ser responsabilizados, pois ocorreu um mero

acidente.

c) Somente Eraldo pode ser responsabilizado, mesmo que não demonstrada a sua

culpa.

d) O Estado pode ser responsabilizado, mas é necessário provar a culpa de Eraldo.

Letra d.

Mais uma questão elaborada com base no art. 37, § 6º, da Constituição de 1988.

O importante aqui é saber que a responsabilidade das pessoas jurídicas de direito

público é objetiva, ou seja, independe da comprovação de dolo ou culpa.

Questão 11    (FGV/ANALISTA JUDICIÁRIO/TJAL/2018) João, apenado que cumpria

pena privativa de liberdade decorrente de sentença penal condenatória com trânsi-

to em julgado, foi morto no interior de unidade prisional estadual de Alagoas.

De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, no caso em tela,

aplica-se a responsabilidade civil:

a) objetiva do Estado, e o valor arbitrado em relação aos danos morais decorren-

tes não pode, em qualquer hipótese, ser revisto em sede de recurso especial pela

proibição de reexame de matéria fática;

b) objetiva do Estado, e os danos morais decorrentes somente podem ser revistos

em sede de recurso especial quando o valor arbitrado for exorbitante ou irrisório,

afrontando os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade;

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c) subjetiva do Estado, e o poder público estadual será condenado à indenização

pelos danos morais aos familiares do apenado, caso se comprove que o homicídio

foi praticado por algum agente penitenciário;

d) subsidiária do Estado, e, para condenação do poder público estadual ao paga-

mento de indenização pelos danos morais aos familiares do apenado, será impres-

cindível a prévia tentativa de satisfação do crédito junto ao agente público que agiu

com culpa ou dolo.

Letra d.

Essa questão exige do(a) examinando(a) o conhecimento da jurisprudência.

Vamos sintetizar o entendimento dos tribunais sobre esse tema:

Hipóteses de responsabilidade objetiva do Estado:

a) lesões sofridas por vítima baleada em razão de tiroteio ocorrido entre policiais

e assaltantes;

b) morte de custodiado em unidade prisional;

c) suicídio de preso ocorrido no interior de estabelecimento prisional.

 Obs.: para o STF, será objetiva a responsabilidade civil do Estado, no caso de

morte de detento em presídio, tanto por atos comissivos quanto por omis-

sivos, desde que demonstrado o nexo causal entre o dano e a omissão do

poder público.

Aplica-se, nesse caso, a Teoria do Risco Administrativo.

Questão 12    (FGV/TÉCNICO MÉDIO DE DEFENSORIA PÚBLICA/DPE-RJ/2019) João,

Técnico Médio da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, no exercício da

função, caminhava carregando em seus braços uma enorme pilha de autos de

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processos, quando tropeçou e caiu em cima da particular Maria, que estava sendo

atendida pela Defensoria, quebrando-lhe o braço e danificando o aparelho de tele-

fone celular que estava na mão da lesada.

Em razão dos danos que lhe foram causados, Maria ajuizou ação indenizatória

em face:

a) do Estado do Rio de Janeiro, com base em sua responsabilidade civil subjetiva,

sendo necessária a comprovação do dolo ou culpa de João;

b) da Defensoria Pública-Geral do Estado, com base em sua responsabilidade civil

subjetiva, sendo necessária a comprovação do dolo ou culpa de João;

c) da Defensoria Pública-Geral do Estado, com base em sua responsabilidade civil

objetiva, sendo desnecessária a comprovação do dolo ou culpa de João;

d) do Estado do Rio de Janeiro, com base em sua responsabilidade civil objetiva,

sendo desnecessária a comprovação do dolo ou culpa de João.

Letra d.

Pela Teoria do Risco Administrativo, o Estado tem o dever de indenizar o

dano causado ao particular, independentemente de falta do serviço ou de

culpa dos agentes públicos. Havendo dano, decorrente de atuação estatal, sur-

ge para o Estado a obrigação de indenizar.

Questão 13    (FGV/ANALISTA JUDICIÁRIO/TJAL/2018) O Presidente de determina-

da autarquia de Alagoas, no exercício de suas funções, praticou ato ilícito civil que

causou danos a determinado usuário do serviço prestado pela entidade. No caso

hipotético narrado, incide a responsabilidade civil:

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a) objetiva e primária da autarquia, bem como objetiva e subsidiária do Estado de

Alagoas.

b) objetiva e solidária da autarquia e do Estado de Alagoas que a criou por lei es-

pecífica;

c) objetiva e primária da autarquia, mas o Estado de Alagoas não pode ser respon-

sabilizado porque a autarquia tem personalidade jurídica própria;

d) subjetiva e primária da autarquia, mas o Estado de Alagoas não pode ser res-

ponsabilizado porque a autarquia tem personalidade jurídica própria.

Letra a.

A autarquia, pessoa jurídica de direito público, responde objetivamente pelos danos

causados por seus agentes (responsabilidade objetiva e primária).

O ente federativo ao qual a autarquia se vincula, nesse caso, só será responsa-

bilizado se a autarquia não tiver recursos para pagar a indenização. Nesse caso,

haverá responsabilidade objetiva, mas subsidiária, do Estado.

Então, lembre-se disto: o responsável subsidiário só responderá por dívida ou débi-

to depois que os bens do devedor principal não forem suficientes para a satisfação

do débito.

Questão 14    (FGV/TÉCNICO JUDICIÁRIO/TJAL/2018) Miro, quando passava na cal-

çada lateral do edifício da Câmara de Vereadores do Município de São Paulo, é atin-

gido por parte da janela que caiu do Gabinete da Presidência da Casa Legislativa.

Nessa hipótese, a pessoa jurídica que responderá por eventual indenização será:

a) o município

b) a Casa Legislativa

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c) a Prefeitura

d) a Presidência da Câmara dos Vereadores

Letra a.

O município, pessoa jurídica de direito público interno, responde objetivamente. To-

das as outras alternativas são órgãos e, por não possuírem personalidade jurídica,

não se sujeitam à responsabilidade objetiva.

Questão 15    (FGV/AUDITOR FISCAL DE TRIBUTOS ESTADUAIS/SEFIN-RO/2018) A

sociedade empresária W, que recebeu concessão do município Sigma para prestar

o serviço de transporte urbano de passageiros, foi citada em uma ação civil de re-

paração de danos, sob o fundamento de que um de seus ônibus, durante o serviço,

colidira com outro veículo, daí resultando lesões graves no motorista deste último.

À luz da sistemática constitucional afeta à responsabilização civil das concessio-

nárias de serviço público, é  correto afirmar que a responsabilidade da sociedade

empresária W

a) é objetiva, apesar de o dano ter sido causado a um indivíduo que não era usu-

ário do serviço.

b) é subjetiva, já que o dano foi causado a não-usuário do serviço, sendo exigida

a culpa do motorista do ônibus.

c) somente seria objetiva em relação ao dano causado ao usuário do serviço.

d) é subjetiva, pois somente a Administração Pública direta e indireta pode respon-

der de modo objetivo.

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Letra a.

De acordo com o § 6º, do art. 37, da CF/1988, as pessoas jurídicas de direito pri-

vado, prestadoras de serviços públicos, responderão pelos danos que seus agentes,

nessa qualidade, causarem a terceiros, sejam estes usuários ou não usuários do

serviço.

O Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do RE n. 591874, interposto pela

empresa Viação São Francisco Ltda, decidiu que a responsabilidade das empre-

sas que prestam serviço público, mesmo em relação a terceiros, não usuários,

será objetiva (o dever de indenizar por danos causados independente de culpa).

Questão 16    (FGV/AUDITOR FISCAL DE TRIBUTOS ESTADUAIS/SEFIN-RO/2018)

Marcos Túlio, motorista de ônibus da empresa “Mais Bus”, concessionária de ser-

viço municipal de transporte de passageiros, ao se desviar de uma placa de metal

que se desprendeu de um caminhão à sua frente, acabou por atropelar Cícero, ci-

clista, que usava a faixa exclusiva para bicicletas.

Considerando o caso exposto, assinale a afirmativa correta.

a) A responsabilidade pela reparação dos prejuízos recai apenas sobre o Município,

ente concedente do serviço público, de forma objetiva.

b) A responsabilidade pela reparação dos prejuízos recai apenas sobre a empresa

de ônibus, concessionária do serviço, de forma objetiva.

c) A responsabilidade da empresa de ônibus, concessionária do serviço, é subjeti-

va, tendo em vista que Cícero não era usuário do serviço.

d) A responsabilidade da empresa de ônibus, concessionária do serviço, é objetiva,

podendo o Município responder de forma subsidiária.

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Letra d.

A responsabilidade das prestadoras de serviços públicos, em relação aos usuários

e aos não usuários do serviço, será objetiva e primária.

O ente federativo só será responsabilizado se a entidade prestadora de serviços

públicos responsável pelo dano não tiver recursos para pagar a indenização. Nesse

caso, haverá responsabilidade objetiva, mas subsidiária, da entidade federativa.

Questão 17    (FGV/ANALISTA DE PLANEJAMENTO E FINANÇAS/SPOG-RO/2017)

Determinado ente federativo passou a figurar no polo passivo de uma ação civil de

reparação de danos, sob o argumento de que Pedro, servidor público do referido

ente, no exercício da função, ao conduzir o veículo de um órgão estadual, atro-

pelara e dera causa à morte de Maria. Apesar disso, existiam provas robustas de

que Pedro cumprira integralmente as normas de trânsito e o acidente decorrera do

comportamento inadequado de Maria.

À luz da narrativa acima, na seara afeta à responsabilidade civil do Estado por atos

comissivos, mais especificamente em relação à possibilidade de o comportamento

de Maria afastar o dever de indenizar, a teoria adotada pela Constituição da Repú-

blica é a

a) do risco integral, não sendo o dever de indenizar afastado pela culpa exclusiva

da vítima.

b) do risco administrativo, sendo o dever de indenizar afastado pela culpa exclusiva

da vítima.

c) da culpa, sendo o dever de indenizar influenciado pela culpa, tanto do agente

público como da vítima.

d) da falta administrativa, não sendo o dever de indenizar afastado pela culpa ex-

clusiva da vítima.

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Letra b.

A Teoria do Risco Administrativo tem como requisitos da responsabilização do Es-

tado: a conduta estatal, a existência de dano e o nexo causal. A culpa ou o dolo do

agente responsável não é requisito.

Essa teoria admite excludentes e atenuantes, que são:

• culpa concorrente da vítima;

• culpa exclusiva da vítima;

• caso fortuito;

• culpa de terceiro.

Questão 18    (FGV/ASSISTENTE TÉCNICO – ADMINISTRATIVO/MPE-BA/2017) Fun-

cionários da sociedade empresária concessionária prestadora do serviço público de

fornecimento de energia elétrica compareceram em determinada via pública para

manutenção de rotina no aparelho distribuidor de energia. No entanto, durante o

serviço, ocorreu uma explosão no equipamento que causou a interrupção no forne-

cimento de energia em diversas ruas daquele bairro, durante dez dias.

Após instauração de inquérito civil, Promotor de Justiça com atribuição em tutela

coletiva na matéria consumidor ajuizou ação civil pública, com base na responsa-

bilidade civil:

a) subjetiva da concessionária, bastando a comprovação do dano à coletividade, da

conduta e do nexo causal;

b) objetiva da concessionária, sendo prescindível a comprovação do elemento sub-

jetivo do dolo ou culpa de seus funcionários;

c) subjetiva da concessionária, sendo imprescindível a comprovação de terem os

seus funcionários agido com dolo ou culpa;

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d) solidária da concessionária e do ente federativo que figura como poder conce-

dente, bem como subjetiva, porque é imprescindível a comprovação da culpa ou

dolo dos agentes;

Letra b.

A concessionária é uma pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço

público. Diante disso, ela responderá objetivamente, o que significa dizer que não

é necessária a demonstração de dolo ou culpa por parte do agente.

Questão 19    (FGV/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT 12ª REGIÃO/2017) João, servidor

público federal, estava conduzindo, no exercício de suas funções, o veículo da re-

partição em que trabalha, quando realizou uma inversão de direção proibida e

colidiu com o veículo de Antônio, que se lesionou com o impacto. Ato contínuo,

Antônio procurou um advogado e solicitou informações a respeito da natureza da

responsabilidade civil no evento que o lesionou.

À luz da sistemática constitucional, a única resposta correta é:

a) responsabilidade objetiva da União e subjetiva de João.

b) responsabilidade subjetiva e exclusiva de João;

c) responsabilidade objetiva e subsidiária da União;

d) responsabilidade subjetiva da União;

Letra a.

Para não ficar monótono, devido ao grande número de questões que versam sobre

o mesmo tema, vamos fazer um esquema, para fins de memorização:

a) União, Estados, DF e Municípios: responsabilidade objetiva – Teoria do Risco

Administrativo;

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Responsabilidade Civil do Estado
Prof.ª Lisiane Brito

b) agente público: responsabilidade subjetiva, desde estivesse no exercício da fun-

ção pública;

c) direito de regresso: exercido pelo Estado, nos casos de dolo ou culpa do agente.

O Estado poderá cobrar do responsável o valor pago ao particular;

d) suicídio de detento, dentro da unidade prisional: responsabilidade objetiva do

Estado, pois há o dever de custódia.

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