Manual de Tarot - Arcanos Menores
Manual de Tarot - Arcanos Menores
Manual de Tarot - Arcanos Menores
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Cavaleiro, Rainha (ou Dama) e Rei, também conhecidas como figuras da
corte, possui um diferencial simbólico: bastão, moeda, espada e taça.
Esses grupos são popularmente reconhecidos como naipes de paus,
ouros, espadas e copas, os mesmos do baralho comum que utilizamos
nos jogos e passatempos.
Cada carta numerada está relacionada com a força simbólica desse mesmo
número, tendo cada um, uma representação ligada ao tipo de experiência a
ser aprendida, superada e concretizada.
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Os cinco mundos interiores
No mundo do Fogo
Com muitas cartas do naipe de paus, estamos possuídos por nossos
desejos, ansiosos por iniciar coisas novas ou essas coisas novas surgem de
modo quase impositivo. Com o naipe de paus estamos cheios de paixão, ou
de alegria e tudo o que é velho não nos interessa. O movimento, a
mudança, as viagens, o afã de tornar tudo melhor, o êxito, o sucesso
brilhante e o ímpeto de crescimento e expansão são a tónica. Do mesmo
modo a impaciência, a irritabilidade, a precipitação, o excesso de
passionalidade e a dependência de reconhecimento externo se fazem
presentes.
No mundo do Ar
Com muitas espadas numa leitura entramos na dimensão da mente, que
por sua natureza é sempre dual, traz conflitos e exige decisões, mudanças,
posicionamentos e um discernimento claro do que fazemos ou devemos
fazer. A mente, assim como os ventos, sopra em muitas direcções e é
influenciada pela colectividade; neste naipe encontramos as heranças
culturais. Tudo o que nos foi dito, por pais, professores e a sociedade entra,
num dado momento, em conflito com o que somos em essência. O naipe de
espadas também traz foco e direcciona-se para a mente, ajuda esclarecer
situações complicadas e dá coragem para defender posicionamentos.
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No mundo da Terra
Com ênfase no naipe de ouros estamos mudando de valores, ou
valorizando coisas novas, criando as bases para nossa estabilidade, conforto
e prosperidade. De algum modo temos de olhar mais atentamente para
nossa realidade e rever como estamos nos relacionando com nosso corpo e
o meio ambiente. A maneira como estamos cuidando da nossa saúde, das
nossas finanças e do mundo prático, no geral, também são temas
importantes. A sensualidade e a sexualidade evidenciam-se com este naipe.
Por outro lado o apego e a resistência à mudança, a inflexibilidade, a
avareza e o materialismo surgem como a sombra deste elemento que
sintetiza muitos aspectos dos outros três.
No mundo da Água
O excesso de naipe de copas denota muita emocionalidade, sentimentos
intensos e envolventes, amor, romantismo, idealização, imaginação,
memória e interiorização. Há um favorecimento dos assuntos românticos e
espirituais, uma vez que, o amor físico do homem, tanto quanto as
experiências de cunho transcendente, são puro arrebatamento para a alma.
Com copas há a busca de sentido na vida, de sentimento de pertencer a
algo, instituição, relacionamento, família, religião, corrente ou tendência,
sempre de modo ideal. As fantasias enganosas e escapistas, as confusões
emocionais, o aprisionamento ao passado ou o excesso de idealização do
futuro, bem como um excesso de interiorização que cria indiferença ao
mundo exterior também são atributos deste naipe.
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OS ELEMENTOS
Jean Chevalier e Alain Gheerbrant,
in Dicionário de Símbolos
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Cada elemento surge da combinação de dois princípios primordiais: a Água
procede do Frio e do Húmido; o Ar, do Húmido e do Quente; o Fogo, do
Quente e do Seco; e a Terra, do Seco e do Frio.
Cada um deles é representativo de um estado: líquido, gasoso, ígneo e
sólido.
Partes do Naipes do
Elementos Etapas
Ser humano Tarot
Fogo Espírito Iniciação Paus
Água Alma Religião Copas
Ar Mente Filosofia Espadas
Terra Corpo Vida material Ouros
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A realidade aparente sendo puramente ilusória, não tem nenhuma
materialidade – é o elemento ar.
E, por fim, ele conseguirá fundir-se na total e única realidade, o Hak, a
divindade, a única verdadeiramente sólida – é o elemento terra.
Água - ondas:
Ar - volutas:
Fogo - relâmpagos:
Terra - quadrados:
Fogo (Paus)
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O papel do ferreiro segue a direcção do alquimista, que fabrica a
imortalidade na chama de seu “fornilho”, e até mesmo, acreditam os
chineses, no fogo do cadinho interior, que corresponde, pouco mais ou
menos, ao plexo solar e ao manipura-chakra, que no Yoga é colocado sob
o signo do Fogo. De resto, os taoístas entram no fogo para liberar-se do
condicionamento humano, apoteose a propósito da qual não se pode deixar
de evocar a de Elias, em seu carro de fogo. Além do mais, eles entram no
fogo sem se queimar; e isso, permite-lhes chamar a chuva – bênção celeste
– mas evoca, também, o fogo que não queima do hermetismo ocidental,
ablução, purificação alquímica, simbolizada pela salamandra.
O homem é fogo, diz São Martinho; sua lei, como a de todos os fogos, é a
de dissolver (seu invólucro) e unir-se ao manancial do qual está separado.
Seria preciso acrescentar a esses fogos purificadores o da China antiga, que
acompanhava, nas entronizações rituais, o banho e a fumigação. Também
não se pode deixar de mencionar o fogo dos ordálios (= prova judiciária
feita com elementos da natureza e cujo resultado era interpretado como um
julgamento divino; juízo de Deus).
O Buda substitui o fogo do sacrificio do hinduísmo pelo fogo interior, que
é, ao mesmo tempo, conhecimento penetrante, iluminação e destruição do
invólucro: “Atiço em mim uma chama... Meu coração é a lareira, e a chama
é o eu domado.” Os Upanixades asseguram, paralelamente, que queimar
pelo lado de fora não é queimar. Daí os símbolo da Kundalini ardente na
Yoga hindu, e o do fogo interior no tantrismo tibetano.
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ele é o prolongamento ígneo da luz. Puro e fogo, em sânscrito, são
conceitos designados pela mesma palavra.
Ao fogo espiritualizante relacionam-se os ritos de incineração, o Sol, as
fogueiras de elevação e de sublimação, enfim, todo fogo que transmita uma
intenção de purificação e de luz. Esse fogo opõe-se ao fogo sexual, obtido
por meio da fricção, tal como a chama purificadora se opõe ao centro
genital da sede matriarcal, e tal como a exaltação da luz celeste se
distingue de um ritual de fecundidade agrária. Assim orientado, o
simbolismo do fogo marca a etapa mais importante da intelectualização do
cosmo, e afasta o homem cada vez mais da condição animal.
Assim como o Sol, pelos seus raios, o fogo simboliza por suas chamas a
acção fecundante, purificadora e iluminadora. Mas ele apresenta também
um aspecto negativo: obscurece e sufoca, por causa da fumaça; queima,
devora e destrói: o fogo das paixões, do castigo e da guerra.
Nessa perspectiva, o fogo, na qualidade de elemento que queima e
consome, é também símbolo de purificação e de regeneração. Reencontra-
se, pois, o aspecto positivo da destruição: nova inversão do símbolo.
Todavia, a água é também purificadora e regeneradora. Mas o fogo
distingue-se da água porquanto simboliza a purificação pela compreensão,
até a mais espiritual de suas formas, pela luz e pela verdade; ao passo que
a água simboliza a purificação do desejo, até a mais sublime de suas formas
– a bondade.
Terra (Ouros)
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A terra é “quadrada”, determinada pelos seus quatro horizontes. O império
chinês é também quadrado, dividido em quadrados e representado, no seu
centro, pelo quadrado do ming-t'ang.
A terra simboliza a função maternal: Tellus Mater. Dá e rouba a vida.
Prostrando-se sobre o solo, Jó exclama: Nu saí do seio materno, nu para lá
retornarei, identificando a terra-mãe com o colo materno.
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dos pólos do espírito (Dante), como Canaã para os hebreus, Ítaca para
Ulisses, a Jerusalém celeste para os cristãos... A Terra pura corresponde,
para Platão, ao que imaginamos como a Terra Santa.
Mas a terra definitiva não é estranha à das origens. Esta não abandona seu
carácter sagrado. Assim, quando um grupo quer regenerar-se
espiritualmente, pratica uma espécie de retorno à terra natal.
Ar (Espadas)
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o intermediário do fogo e a água, o primeiro lam do Nome divino.
Corresponde à função do Tali, a Alma universal, origem da frutificação do
mundo, da percepção das cores e das formas, o que nos leva mais uma vez
à função do sopro.
Água (Copas)
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do animal mergulhador, como o javali hindu, que traz um pouco de terra
superfície, embrião que aflora à manifestação formal.
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Jesus retoma esse simbolismo no seu diálogo com a samaritana: Aquele
que beber da água que eu lhe darei não terá mais sede... A água que eu lhe
darei se tornará nele fonte de água a jorrar em vida eterna (João, 4, 4).
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OS QUATRO NAIPES
Do mesmo modo que os quatro elementos, os naipes podem ser vistos como
representações das forças ou energias constitutivas do universo: são quatro
atributos em pé de igualdade, tal como os quatro pilares do Trono de Deus; não se
pode dizer que um seja menos importante que os demais. No entanto, os naipes,
tais como os elementos, também podem ser entendidos como um referencial
simbólico para a ordenação evolutiva: degraus sucessivos no desenvolvimento do
homem e do cosmo.
Para dar uma visão de conjunto, apresentamos um quadro sintético de significações
dos naipes tal como aparecem nos manuais mais conhecidos.
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OUROS (moeda, estrela de 5 pontas, diamante): elemento Terra
Arma que desenha uma cruz e recorda a união fecunda dos princípios
masculino e feminino. A espada simboliza também uma acção penetrante
como a do Verbo ou do Filho. No plano a identidade individual significa
maturidade e equilíbrio.
Socialmente representaria os militares e os guerreiros; policiais e fiscais;
toda actividade que toma das armas para manter uma ordem ou modificá-
la. Relaciona-se ao poder apoiado pela força. Corresponde ao cavaleiro,
entre as figuras do baralho. São os silfos e os gigantes, entre os espíritos
elementares.
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Função psicológica: PENSAMENTO
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SIGNIFICADO DOS ARCANOS MENORES DO TAROT
COPAS
ÁS
Começo de nova relação sentimental, acreditar em si próprio, novos
empreendimentos.
Dois
Casamento feliz, sucesso no amor, harmonia, boas noticias, atracção.
Três
Nascimento, reconciliação, festa, abundância, alegria, sensação de alivio,
novas amizades.
Quatro
Insatisfação, inércia, depressão, perda de interesse, amor que falha.
Cinco
Depressão, mágoa, melancolia, dificuldades, atrasos, perdas.
Seis
Nostalgia, presença do passado, encontros, bem estar, prazer.
Sete
Prendas, bem estar passageiro, sonhos, fantasia ilusória.
Oito
Insegurança nos sentimentos, receios, procura de novos horizontes.
Nove
Prosperidade, felicidade, paz, tranquilidade.
Dez
Triunfo, fama, êxito, maturidade, equilíbrio, sucesso.
Pagem/Valete
Jovem apaixonado, inicio de uma relação, comunicação.
Valete/Cavaleiro
Viagem, encontro, novas propostas, manipulação, mentiras.
Rainha/Dama
Mãe, esposa, mulher inteligente, protecção de uma mulher.
Rei
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Sucesso, criatividade, intuitivo, sensível, homem inteligente.
PAUS
ÁS
Possibilidade de nascimento de uma criança, inicio, força, empreendimento.
Dois
Energia, equilíbrio, avaliar as situações, estabilidade.
Três
Novas actividades, originalidade, esperteza, capacidade de realização.
Quatro
Amor correspondido, êxito, paz e felicidade, protecção.
Cinco
Luta, conflitos, cuidado, desafios, manipulação.
Seis
Noticias favoráveis, avanços, promoção, amor retribuído, assuntos
familiares.
Sete
Decisões fortes, coragem, ganhos, autoconfiança.
Oito
Revelação inesperada, rapidez, grande actividade, sedução.
Nove
Período de reflexão, dificuldades que são vencidas, desbloquear situações,
previsão.
Dez
Renovação, excesso de trabalho, opressão.
Pagem/Valete
Novos projectos, amigos, nova fase da vida.
Valete/Cavaleiro
Viagens, noticias, poder de sedução.
Rainha/Dama
Mulher de grande energia, apaixonada pela vida, carinho, sinceridade.
Rei
Homem honesto e maduro, líder, conquista, decisões.
ESPADAS
ÁS
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Lutas conflituosas, vitoria, acção, ambição.
Dois
Poder pessoal, alianças, capacidade de enfrentar situações.
Três
Dor, frieza, rotura, afastamento, separação, frieza nos sentimentos.
Quatro
Descanso do confronto, retirada, isolamento, recuperação lenta.
Cinco
Dificuldades, traições, obstáculos, desentendimentos.
Seis
Viagens, noticias, documentos, triunfo.
Sete
Êxito parcial, falta de resultados, filhos, confiança.
Oito
Indecisão, confusão, criticas desfavoráveis.
Nove
Infelicidade, desespero, doenças, fazer-se de vitima.
Dez
Desolação, ruína, paranóia, fim.
Pagem/Valete
Jovem, traições, desespero, curiosidade.
Valete/Cavaleiro
Noticias rápidas, factor de surpresa, criticas.
Rainha/Dama
Mulher só, rival, dor e sofrimento.
Rei
Homem inteligente racional e com poder de decisão, autoridades.
OUROS
ÁS
Segurança, riqueza, prosperidade, alegria de viver.
Dois
Bem-estar, ganhos financeiros com dificuldades, pequenos atrasos.
Três
Trabalho, conhecimento e capacidade.
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Quatro
Prosperidade material, avareza, recompensas.
Cinco
Dificuldades materiais, perca de emprego.
Seis
Equilíbrio financeiro, prosperidade, triunfo.
Sete
Ganhos inesperados, promoção, aprender de novo.
Oito
Melhorias económicas futuras, aprendizagem, prudência.
Nove
Investimentos, ganhos materiais, empréstimos.
Dez
Riqueza e investimentos, sucesso financeiro.
Pagem/Valete
Jovem responsável, trabalhador, noticias.
Valete/Cavaleiro
Fascinação e envolvimento, negócios.
Rainha/Dama
Poder material, mulher que ajuda, casamento com mulher bem sucedida.
Rei
Homem prático ligado ao dinheiro, tendência ao sucesso financeiro.
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As Cartas da Corte
As Cartas da Corte – Rei, Rainha, Cavaleiro e Pajem (ou Valete) – repetem-se nos
quatros naipes – fogo, água, ar e terra – no total de 16 cartas.
Desde as tradições mais antigas, o rei pode ser considerado o modelo do herói
primordial. Como imagem arquetípica é a representação do homem universal; o
Adam Kadmon dos cabalistas, o Adão terrestre, levando o desenvolvimento da
encarnação ao seu maior potencial. Como Adão, é também metáfora transparente
do pai, do fundador dos povos, do poder gerador.
Num plano iniciático é o que concluiu seu caminho, o guru ou instrutor, e pode ser
relacionado ao Ermitão (IX) dos Arcanos Maiores. Por analogia simbólica tem
relação com o Sol entre os planetas, com Júpiter entre os deuses, com o ouro entre
os metais.
Com sua dignidade simboliza sempre o grau mais elevado de evolução ou grandeza
de uma espécie (como é o caso do leão, rei da selva).
A coroa, seu elemento característico, é símbolo universal de realização, de obra
concluída, de dignidade intransferível, e supõe a culminação da trajectória
individual na procura da identidade.
A astrologia é tão rica em termos psicológicos que é útil estabelecer associações
entre as cartas de figuras e os planetas e signos. Estas associações não são
inflexíveis, mas podem auxiliar as nossas interpretações. Tal como nos Arcanos
Menores, os naipes correspondem aos quatro elementos e aos três signos
astrológicos de cada elemento.
Deixar que a carta lhe fale como se fosse um planeta num signo particular, pode
fortalecer a sua compreensão e intuição simbólica.
No Tarot de Marselha, dois dos reis (de copas e de ouros) são mais velhos e têm
barbas brancas, enquanto que os outros dois são jovens; o de ouros é o único que
não tem coroa, mas sim um chapéu de grandes abas, e cujo trono se encontra ao
ar livre, sobre a terra; o de espadas lembra o protagonista do Carro (VII) pelas luas
crescentes que adornam os seus ombros; o de paus é o único que se encontra de
frente e com as pernas separadas; o de ouros tem as pernas cruzadas, como o
Imperador (IV) dos arcanos maiores; o de copas guarda relações com Júpiter-
Peixes (ou Neptuno) pelo aspecto flutuante de sua vestimenta e pelo simbolismo
aquático da série.
Os Reis
Tradicionalmente, Os Reis representam pessoas mais velhas mas, mais uma vez,
não estão rigorosamente limitados a uma determinada faixa etária. Podem também
representar os pais, pessoas com quem temos relações profissionais e pessoas
maduras para a idade ou que detêm posições de autoridade. Quando a leitura é
feita a um homem, representa-o ou seja, a carta que descreve a sua natureza e a
sua situação particular.
- Se estiverem ao pé de um Ás, e uma vez que o Ás caracteriza o principio e a
realização do mesmo, este principio a que se refere é espiritual e abstracto.
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Rei de Paus
Imagem: rei no seu trono (poder), cujo ceptro é a vara. A
salamandra representa o fogo.
Significados gerais
Sucesso material conquistado através de um trabalho preciso,
equilibrado e executado com firmeza. Vontade forte, grande
capacidade de dominar os outros. Auto-confiança, capacidade de
liderança, optimismo, intolerância, incapacidade de compreender
fraquezas ou desespero.
Interpretações usuais:
Personagem útil às necessidades e projectos do consulente. Pode haver demoras.
Homem casado ou viúvo. Amigo fiel. Homem do campo, homem bom e severo,
pessoa bem intencionada e honesta. Representa um agricultor, homem
consciencioso e justo que protegerá o consulente. Mas também um magistrado
venal. Processo perdido.
Para uma mulher, casamento com quem ama. Para um homem, o seu rival.
Como situação
O Rei de Paus indica que os assuntos estão sob controle e têm capacidade e visão.
Em alguns casos, entusiasmo, inspiração e inteligência poderão compensar a falta
de experiência prática.
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Pergunta: COMO ESTÁ A USAR AS SUAS CAPACIDADES DE
LIDERANÇA? ... COMO EXPRESSA O SEU SENTIDO DO EU?
Rei de Ouros
Imagem: um rei sentado no seu trono muito satisfeito com a vida e
cheio de abundância à sua volta.
Significados gerais:
Domínio das construções e realizações materiais, através da ciência
e do conhecimento prático.
Interpretações usuais:
Personagem sólido como uma rocha. É o tipo de pessoa que podemos procurar em
tempo de crise. Tem grande sentido de lealdade. Sucesso nos negócios ou na vida
profissional. Êxito. Generosidade, coragem, embora não muito virado para a
aventura. Grande capacidade de realização.
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assuntos materiais como nos de posição e estatuto. Pode aparecer na vida do
consultante que o estimulará a conseguir mais, ou então o próprio, pode querer
desenvolver essa faceta em si mesmo.
Como Situação
O Rei de Ouros indica que tudo é muito promissor e bem organizado. Seja quem for
o responsável, tem tudo sob controlo e sabe exactamente o que fazer. Esta carta é
um bom augúrio para empreendimentos comerciais de todos os tipos e aponta para
produtividade e lucros.
Rei de Espadas
Imagem: um rei sentado no seu trono, empunhando uma espada.
Usa uma coroa amarela: muita energia mental.
Significados gerais:
Homem com inclinação para as actividades intelectuais, mentais,
quando acompanhadas pela reflexão. Indica sucesso.
Interpretações usuais:
Funcionário hostil ao consulente. Homem moreno mal-intencionado. Processo
perdido. Homem austero, dominador, justo, honesto, inteligente e racional.
Forte personalidade.
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Falso amigo. Pai ruim. Marido brutal e avarento. Homem académico ou
professor.
Como situação
O Rei de Espadas diz-nos que precisamos de uma abordagem racional. As
expectativas têm de ser realistas e é muito importante proteger as suas
necessidades. Tem de pensar com a cabeça em vez de se deixar guiar pelo coração.
Rei de Copas
Imagem: um rei sentado no seu trono, homem de poder. Tem uma
taça numa mão e um ceptro na outra. Um colar com um peixe
(criatividade) pendurado ao pescoço. Por detrás do seu trono, um
peixe salta (mente criativa em actividade). O trono está no mar (vida
emocional).
Significados gerais
Renúncia à personalidade voluntária a fim de se abrir ao Universo
com confiança.
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Anímico: amor expandido, reconfortante. Sentimento dinâmico.
Protecção psíquica.
Interpretações usuais:
Homem poderoso. Pode haver obstáculos para proteger o consulente.
Homem casado ou viúvo. Feliz. Amigo afectuoso. Pode-se confiar. O chefe. Amigo
fiel. Imaginação criativa, maturidade, sensibilidade, intuição. O seu trono
sobrepõe-se às flutuações (instabilidade) emocionais.
Como Situação
Demonstra que as coisas ainda não assumiram a sua forma própria. Os pormenores
estão pouco claros ou desordenados. Os sonhos e os planos podem ser sedutores,
mas revelarem-se de pouca substância.
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As Rainhas
Num primeiro nível, a dama é claramente a Mãe, mas a importância deste papel
varia segundo seja considerada em relação a cada uma das outras três figuras,
masculinas em sua totalidade. Para realizar este ternário em si mesma, é evidente
que deve ser filha do rei, esposa do cavaleiro e mãe do valete, mas as variáveis
interpretativas são múltiplas e não excluem situações “menos respeitáveis”, por
exemplo o papel de amante.
Seja como for, é evidente que corresponde a todo simbolismo do feminino e que
reúne — num plano mais modesto — a significação dos arcanos maiores 2. A
Papisa, 3. A Imperatriz, 8. A Justiça, 11. A Força e 18. A Lua.
Rainha de Paus
Imagem: mulher sentada no seu trono dá uma imagem calma com
flores na cabeça. O gato preto defende-a das agressões da vida.
Significados gerais
Princípio feminino e maternal. Fecundidade ou virgindade. Atracção e
protecção. Simbolismo lunar; água, mar. Realização de algum
projecto, apreciação quente e apaixonada da vida. Pessoa sincera,
honesta e de confiança que vive a vida de uma forma enérgica e
alegre. Capacidade para o negócio.
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Físico: grande energia interna, preservação nos negócios e na
saúde.
Interpretações usuais:
Mulher do campo, honesta, virtuosa e serviçal. Receptividade, temperança,
sabedoria. Mãe, esposa, namorada. Grandes danos devidos a inimiga loura. Mulher
estranha, insípida, ciumenta. Tem valor variável, com tendência negativa.
Expressa o afecto de uma maneira mais intensa e assertiva, com muita firmeza, às
vezes até de uma maneira dura. É alguém com capacidades, com recursos, forte e
digno. É o centro do seu próprio universo e pode representar o elemento
preponderante numa família.
Ao lado de uma figura masculina, denota fidelidade a pessoa representada por
esta figura. Junto a outra senhora, representa alguém que se interessa pela
pessoa que consulta. Símbolo de um nascimento em posição elevada ou da
protecção de uma senhora da alta sociedade. Este Arcano diz: "O seu futuro
depende do poder de uma mulher; se você souber procurá-la, por intermédio dela,
chegará ao poder."
Como situação
A Rainha de Paus simboliza assuntos que estão bem controlados, pois alguém tem
uma ideia correcta do cenário geral.
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Rainha de Ouros
Imagem: uma mão que segura um disco (ou moeda) de ouro, um
pentáculo.
Significados gerais
O trabalho intuitivo que deve preceder qualquer construção,
qualquer troca, a fim de que sejam realizadas do melhor modo
possível. o ouro representa o Sol, o pentáculo estrela de cinco
pontos é protector.
Interpretações usuais:
Boa mulher que ama o consulente e que está satisfeita com ele. Desconfiar de
uma amiga morena.
Chegada de uma mulher da família com quem não se vive. Uma mulher se opõe.
Como situação
A Rainha indica que as rosas do jardim não têm espinhos. Simboliza grande
estabilidade, quer em termos financeiros quer emocionais, ou que essa maior
segurança está próxima e as condições serão melhores.
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Pergunta: QUE NOVAS OPORTUNIDADES DE TRABALHO, DE
DINHEIRO E DE SAÚDE SURGIRÃO?... DE QUE FORMA PODE USAR ESTA DÁVIDA
RECENTE?
Rainha de Espadas
Imagem: rainha no seu trono, sentada não de frente mas de lado.
Ela está acima das nuvens. Um pássaro voa alto (símbolo de pureza)
Significados gerais
Escutar a intuição antes de agir; despertar através da concentração
experiências sobre as questões que devem ser enfrentadas. Pessoa
que já passou pela experiência da dor e da mágoa e por isso ganhou
sabedoria. Usou a espada do seu intelecto para se libertar da dor, da
confusão, da dúvida e do medo. Aceitando a dor ela encontrou a
sabedoria. Coragem.
Físico: Físico: sem muita acção no plano material; sua força está
mais no planeamento que na acção. No caso da saúde, pode indicar
médicos ou remédios pouco eficazes.
Interpretações usuais:
Viúva triste e atormentada. Morena. Divorciada. Deseja um novo parceiro.
Mulher triste e embaraçada nos seus negócios. Se for uma moça que consulta,
será traída por aquele a quem ama. Grandes lutas por causa de mulheres, ódios
femininos, perigos por ciúmes de mulheres.
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Tradicionalmente esta rainha é uma viúva mas também pode representar alguém
divorciado, separado ou que está sozinho há muito tempo e que não se envolve
facilmente com outras pessoas. Indica que o consultante pode precisar de aprender
a suportar as dificuldades sem se queixar e adquirir força através do conhecimento
e da experiência. A ansiedade deve ser controlada com paciência e coragem, até
que as circunstâncias sejam mais favoráveis.
Como situação
A Rainha de Espadas pode indicar uma severa oposição e negociações árduas. Os
resultados não surgirão facilmente e talvez seja preciso protestar contra regras
rígidas ou atravessar um qualquer muro de betão difícil de transpor. Os assuntos
serão tratados com justiça, mas exactamente como manda a lei, sem espaço para
sentimentos pessoais.
Rainha de Copas
Imagem: uma rainha com uma taça na mão muito trabalhada,
muito criativa. Tem um peça em terra e outra na água.
Significados gerais
Sentimentos de altruísmo que o ser humano tem no fundo de si, mas
que só pode manifestar através do esforço quotidiano de dedicação e
afeição. Criatividade, abundância e acção sentimental, realização das
suas esperanças. O amor dá significado às suas acções. Equilíbrio
nas emoções.
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Interpretações usuais:
Mulher virtuosa de quem se podem esperar favores. Casamento rico e feliz para
um homem. Em geral indica amizade de senhoras de posição.
Como situação
A Rainha de Copas anuncia ideias frutuosas, mas não muito viáveis. É necessário
que sejam confrontadas com a realidade, pois sejam projectos ou um
relacionamento, poderão não ser concretizáveis.
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Os Cavaleiros ou Valetes (ou Princesas)
Num sentido mais geral, pode-se dizer que o simbolismo do cavalo está sempre
relacionado ao papel de intermediário entre o mundo inferior ou terrestre e o logos
ou espírito que prevalece sobre a matéria, representado pelo cavaleiro. Esta figura
encontrará sua explicitação nos arcanos maiores 6. Os Enamorados e 7. O Carro e,
no aspecto iniciático, corresponde ao período dos trabalhos e dos esforços
concretos para a realização. Psicologicamente, refere-se aos estados intermediários
ou de transmutação, presentes também na fase transformadora da Grande Obra
alquímica.
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Cavaleiro de Paus
Imagem: cavaleiro exaltado no seu cavalo que vai a galope.
Significados gerais
Dinamismo unificador, poder de actuar. Transmissor de vida e
actividade. Os factos imediatos e transformadores, clima e
disposição dos acontecimentos. Incubação de energias materiais e
de acção colocadas à disposição do ser humano. Impaciência.
Movimento. Executivo, filho mais velho, namorado.
Interpretações usuais:
Partida. Uma viagem. Avanço para o desconhecido. Arrojo. Mudança de residência.
O protector. É uma figura cativante e glamourosa, que vai em busca de seus
desejos a qualquer custo, por vezes encarna o espírito arrogante, porém heróico.
Como situação
O Cavaleiro de Paus indica desafios, oportunidades de educação, novos
empreendimentos ou acontecimentos repentinos. Seja qual for a força motriz, há
aqui a sensação de um ímpeto forte.
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Pergunta: QUE ASSUNTO INSISTE EM CONTINUAR?
Cavaleiro de Ouros
Imagem: cavaleiro estático no seu cavalo.
Significados gerais
Condução calma das energias práticas e mentais para construir uma
obra sólida e durável. Responsável, trabalhador, alguém que não se
lamenta. Ao se ter dedicado exclusivamente a tarefas práticas,
desligou-se das questões mais profundas. Necessidade de
transformação de valores de matéria.
Interpretações usuais:
Pessoa amadurecida e responsável. Digna de confiança. Metódica, paciente.
Persistente, tem capacidade de levar uma tarefa a bom termo. Organizada, capaz,
digna de confiança. O marido. Namorado.
Não assume a expressão do herói que vai à luta, tampouco se mostra com
glamour, suas características estão ligadas à solidez, típico de quem não arrisca no
desconhecido e é mais voltado para coisas metódicas. Tem facilidade de enfrentar a
mesmice do quotidiano, que pode ser encarada como boa ou má, de acordo com os
interesses em questão. O trabalho diligente é seu ponto forte, fá-lo bem e de bom
grado.
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sua mesma natureza ou de seu interesse, podem aparentar falta de paixão,
mostrando-se um tanto relaxado.
Pode aparecer em tiragens como alguém que ainda não se estabeleceu na vida, ou
uma pessoa que não tem curso superior, no entanto, sabe dominar os assuntos e
as tarefas que assume com muita sabedoria. O realismo do Cavaleiro de Ouros tem
um sentido muito peculiar: o de não arriscar para não perder, correndo o risco de
não sair do lugar e jamais crescer dentro de uma profissão, financeiramente ou
mesmo em seus relacionamentos. Sente prazer quando está no campo, em meio à
natureza e aos animais. A sensualidade também está presente em suas aparições.
Como situação
O Cavaleiro de Ouros significa geralmente que acabará por haver um resultado final
positivo numa situação que se vem desenvolvendo há algum tempo, mesmo que
esta se tenha vinda a arrastar e a ameaçar desembocar num beco sem saída. Com
esta carta, os resultados não costumam ser rápidos, mas quando chegam, vêm
para durar e vale a pena esperar.
Cavaleiro de Espadas
Imagem: um cavaleiro que corta o vento com uma espada na mão.
Significados gerais
Comando rápido; prontidão diante de acontecimentos inesperados e
dos imprevistos do destino. Alguém que vai ao encontro dos
problemas, embora não faça tudo aquilo que diz capaz de fazer.
Tenta superar as dificuldades. Mensagens, deslocações.
Interpretações usuais:
Bravura, perícia. Força e ímpeto de um homem jovem. Acção heróica. Investida
impetuosa para o desconhecido, sem temor. Mostra-se como um guerreiro hábil,
corajoso, impetuoso e que não foge à luta, e pode ser visto como um herói “que
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compra a briga” de terceiros. Tem grande capacidade de encontrar soluções
racionais, embora esteja inclinado a entrar em conflitos. É de seu feitio fazer
mudanças por onde passa, liberando a energia mental que acumula facilmente,
pois sua mente sente necessidade de trabalhar activamente.
A atmosfera diplomática que envolve este cavaleiro não dura muito tempo, devido
a sua vontade de concretizar com rapidez, a mesma com que pensa e a que
predomina em suas acções, o que pode acarretar precipitação. Há sempre em
questão a escolha entre avançar ou recuar na hora certa, tácticas indispensáveis
para fazer uso da inteligência esquemática. Seus âmbitos de conquistas não são
necessariamente afectivos, podendo direccionar para qualquer sector da vida.
Como situação
O Cavaleiro de Espadas significa acontecimentos repentinos ou totalmente
inesperados. Existe o risco das coisas degenerarem para o caos a não ser que
alguém assuma o controlo
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Cavaleiro de Copas
Imagem: cavaleiro que caminha lentamente contemplando a sua
taça.
Significados gerais
O elemento sensível e afectivo do ser humano, capaz de impulso
generoso e de devoção. O sonhador, o trovador, pessoa que vive no
mundo das emoções (taças).
Interpretações usuais:
Convite ou uma oportunidade em breve. Boa notícia. Chegada, aproximação,
progresso. Atracção, estímulo. Encanto, sedução. O filho. Alegre e vivaz. Encarna
a imagem da beleza dos sentimentos e dos nobres ideais.
A sua atmosfera pode ser sentida através do êxtase espiritual que não exclui a
sexualidade da essência romântica.
Como situação
O Cavaleiro de Copas pode representar todos os tipos de propostas, desde uma
oferta de negócios até ideias e planos particularmente atraentes para si. Se esta
carta aparecer conjuntamente com outras que surgiram dificuldades, então as
ofertas têm de ser analisadas mais minuciosamente.
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Pergunta: QUE SONHO, VISÃO OU IDEAL ESTÁ A SEGUIR?
O Pajem, como o próprio nome sugere, pode ser entendido como o ajudante,
aquele que presta serviços pessoais. Esse nome vem do francês valet (séc. XII:
vaslet, varlet), e significa "jovem proveniente de uma casa da nobreza, ainda não
armado cavaleiro, que executava vários trabalhos, geralmente funções de pajem ou
de escudeiro a serviço de um senhor". [1260, Dicionário Houaiss].
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Pagem de Paus
Imagem: um pagem que contempla a sua vara.
Significados gerais
Fruto, produto, acabamento. Mensageiro, ajudante, servidor. Ofertas
e oportunidades que vêm de fora. Coisas em potencial, ainda sem
força suficiente para se concretizar. Filho mais novo, o jovem, o
dependente.
Fermentação das energias materiais de que o ser humano dispõe e
que sempre o incentivam a agir.
Interpretações usuais:
Começo de projectos ou uma nova fase de vida. Casamento. (-) oposição dos pais
à esperada união.
Trabalho com determinação e esforço para que sua vontade seja realizada. É
alguém confiante e de muitos recursos. Lembro que os paus estão associados ao
elemento de fogo, e é por isso que este valete tem características particularmente
fogosas, - enérgico, criativo e positivo. Este tipo de personalidade tende a possuir
calor e entusiasmo, por isso é alguém naturalmente popular, espontâneo e
pioneiro, que sabe como motivar e inspirar as outras pessoas.
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Como situação
O pagem de paus pode significar planos para umas férias ou para novos projectos
que requerem visão e talentos criativos. Também pode anunciar a chegada de
notícias do estrangeiro, tal como uma oferta de emprego noutro país ou notícias de
alguém que vive longe.
Pagem de Ouros
Imagem: um homem novo fascinado com um pentáculo.
Significados gerais
Anúncio de realizações dos projectos, concebidos em harmonia com
o Alto e o baixo. Avaliação dos recursos disponíveis para a execução
dos projectos. pessoa fascinada pela matéria. Estudante perdido no
meio dos seus estudos. Alguém que inicia uma nova actividade, na
qual está muito envolvido e fascinado.
Interpretações usuais:
O Pagem de Ouros é um bom augúrio para as ideias de ganhar dinheiro; também
pode indicar a necessidade de uma mudança de carreira. O irmão. Fortuna.
Também pode ser um jovem estrangeiro, interesseiro e adulador. Nenhuma ajuda.
Representa novos começos que, mesmo pequenos, são significativos e devem ser
levados a sério para que a semente possa germinar. Pode sugerir que os hobbies
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podem evoluir e transformar-se numa forma de rendimento, ou que é a altura de
iniciar uma carreira que parece prometedora apesar de começar no primeiro degrau
da escada.
Como Situação
O Pagem de Ouros pode descrever o início de um projecto ou empreendimento. A
carta é de bom augúrio para qualquer tipo de ideia para ganhar dinheiro.
Normalmente aparece a alguém que caiu numa rotina e que precisa fazer uma
mudança de carreira, principalmente quando se trata de encontrar a sua verdadeira
vocação.
Pagem de Espadas
Imagem: fundo cheio de nuvens. Homem novo de espada em
punho parece lutar contra o mundo à sua volta.
Significados gerais
Elaboração mental do ser humano quando se dispõe a agir. Reunião
das informações necessárias para o planeamento de acções futuras.
Alguém que vai ao encontro dos problemas, embora não faça tudo
aquilo que diz capaz de fazer. Tenta superar as dificuldades.
Interpretações usuais:
Homem jovem e moreno; tirste e negativo. Pode trair. Espião, vigilante,
observador; traição, cálculo, exame. Perigo de morte pública, grande perigo por
inimigos ocultos e mesquinhos.
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Trabalho para se tornar mais independente ou esforço para se libertar de algo que
o prende como, por exemplo, uma dívida. É alguém alerta e astuto, mas de certa
forma sem sentimento. As espadas estão relacionadas com o elemento ar e este
valete tem características vincadamente aéreas, - brilhante, rápido e cheio de vida.
Como situação
O pagem de espadas pode descrever coisas feitas à pressa. Alguma coisa tem de
ser pesada mais cuidadosamente antes de se passar à acção ou ao ataque. Poderá
vencer uma batalha mas perder a guerra e é importante pensar qual é o resultado
final que se pretende. Há grande risco de impaciência, de tomar decisões
precipitadas, de fazer as coisas pelas razões erradas ou de não querer ver qual é a
sua motivação real.
Pagem de Copas
Imagem: pagem alegre que contempla uma taça com um peixe.
Significados gerais
Recurso espiritual, feliz, que alcança o ser humano quando sua
evolução psíquica é acompanhada pela oferenda da alma. Estudos,
meditação, contemplação de uma nova postura.
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Anímico: reconforto nas esperanças, reanimação. Chegada de apoio
afectivo.
Interpretações usuais:
Homem jovem ou uniformizado procura ser útil. Inconvenientes, para que esta
ajuda se concretize. Apaixonado. Início de uma relação.
Se o consyulente for homem sugere um jovem de bons sentimentos. Caso seja
uma mulher, pode ser o seu pretendente. Alegria, surpresa.
É alguém sensível, romântico ou artístico. As copas estão relacionadas com o
elemento água, uma associação intensamente ilustrada nesta carta, pois o oceano
e o peixe transportam-nos directamente ao simbolismo de Peixes.
Como Situação
O valete de Copas pode descrever alguma coisa que está em estado embrionário.
Todos os signos de água estão, de alguma forma, relacionados com a fertilidade ou
com a reprodução. Pode simbolizar o mundo dos sentimentos e das relações.
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Os Números
A relação da Numerologia com o Tarot tem ainda muitos ângulos para serem
aprofundados. A maior parte dos manuais traz apenas significados sumários dos
números e não vai além de um receituário bem simples. Essa situação é
compreensível, pois o uso popular tanto da cartomancia quanto da numerologia
dispensa as noções de tríades (Lei de Três) e de suas sequências (Lei de Oitava).
Outra razão para tal lacuna é o grau de abstracção
dos símbolos numéricos. Dispomos, porém, de um
recurso didáctico: as imagens e representações
geométricas tornam bem mais acessíveis os
significados numerológicos.
Com esta base, podemos passar ao estudo dos números. Neste parâmetro
apresento as imagens de dois baralhos, uma vez que o de “Marselha” tem
apenas imagens tradicionais (numeração) e o de “Rider Waite” imagens
alusivas aos factos.
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Assim temos:
O Dois
Representa a dualidade; a escolha de caminho para encontrar o equilíbrio.
O Três
É a primeira organização das coisas; a primeira estabilidade – a tríade de promessa
de caminho: A Trindade
O Quatro
É quando descansamos. A estabilidade. A solidez.
O Cinco
Instabilidade; na realidade não se consegue ficar estático. É a transgressão, a
agitação. Um grande abalo vindo do exterior.
O Seis
É quando as situações são resolvidas e entramos em meditação. É onde analisamos
o passado e perspectivamos o futuro. Podemos dizer que é a passagem, a
travessia.
O Sete
… De novo estamos a encarar as escolhas e o movimento do Mundo. A estabilidade
não é eterna. Aqui já se fazem as escolhas conscientes. Carácter auspicioso.
O Oito
Já adquirimos alguma estabilidade, estamos mais maduros, preparados para um
novo percurso.
O Nove
Chegamos à fase de desfrutar. Temos poder já com alguma sabedoria.
O Dez
Fechamos o ciclo. Voltamos a casa. Completamos um ciclo para voltar a abrir, com
uma outra maturidade.
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Vamos continuar com o significado das lâminas por Naipe:
PAUS OU BASTÕES
ÁS DE PAUS
DOIS DE PAUS
Esta é uma carta prometedora que sugere que o êxito é possível embora exija
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muito empenhamento e trabalho árduo. Esta carta origina dúvidas, pois existe uma
certa melancolia e uma magia, podendo uma anular a outra. A energia inerente a
esta carta indica que vale a pena o esforço por esta recompensa. Sugere o desejo
de mudança e o anseio por variedade, tão típico deste naipe. Decisões importantes
têm que ser tomadas. Várias energias em oposição que têm agora de ser
combatidas.
TRÊS DE PAUS
QUATRO DE PAUS
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Significado: ambiente com optimismo, paz, tudo positivo quanto à estabilidade
material e no lar.
É uma carta agradável que sugere uma época feliz, de satisfação e lazer. Pode ser
associada à época de férias ou a uma altura de descanso, ou pode representar
celebrações por causa do fim de exames, ou até mesmo o fim de um período de
esforço. Frutos finalmente recebidos, produto de trabalho árduo realizado. É uma
altura para relaxar, que se segue ao trabalho árduo, embora seja evidente que o
regresso à rotina diária é inevitável. Novos projectos estão para nascer mas, para
já, está rodeado de uma certa tranquilidade e harmonia.
CINCO DE PAUS
Imagem: jovens lutando entre si, céu limpo e sem nuvens. Os ideais
estão a ser testados, no entanto, são discussões que contribuem para alargar os
horizontes. A competição impulsiona a ir mais longe.
Significado: teste das crenças. Luta para testar os seus próprios valores. Conflito
que tem como finalidade o alargamento dos horizontes e ensino do que sabe.
Competição.
Esta carta sugere um período em que a vida diária se torna febril, e todas as coisas
particularmente irritantes e difíceis. Nenhum destes obstáculos é intransponível,
mas no entanto, eles são frustrantes e entediantes. O cinco de paus simboliza as
dificuldades que podem surgir quando se tenta pôr ideias em prática. Deverá por
muito tacto nos problemas que irão surgindo, pois eles são inevitáveis. No entanto,
está em plena posse dos seus meios e por essa razão pode agir praticamente em
todos os domínios materiais da vida.
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SEIS DE PAUS
SETE DE PAUS
Imagem: um homem num local alto, com uma vara na mão, numa
espécie de luta testando o seu empenho e provando-o a si próprio perante
situações difíceis e competitivas. Exprime coragem, é determinado, embora se note
que está um pouco assustado.
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Pergunta: SERÁ QUE ESTÁ A SER LEAL PARA CONSIGO PRÓPRIO?
OITO DE PAUS
Sugere um período para a acção e não para o pensamento. Já não há tempo para
planeamento, é altura de pôr em prática as ideias, agora que a energia criadora
pode ser aproveitada. O sucesso está a chegar, mas deverá ter em atenção as
precipitações, pois poderá desequilibrar essa transformação e o trabalho final.
Aproxima-se uma época atarefada mas feliz, e é provável que inclua viagens. Está
relacionada com o espírito, as ideias e os novos projectos.
NOVE DE PAUS
Mostra uma reserva de força, é por isso mesmo que quando os acontecimentos nos
ultrapassam e a sorte não nos sorri, há a força e o poder suficientes para nos levar
até à recta final. Esta carta oferece coragem e determinação para ultrapassar
obstáculos e atingir objectivos, apesar das circunstâncias adversas. Viagens
relacionadas com dinheiro e negócios. Lentidão nos projectos. Prudência e reflexão.
O tempo joga a seu favor.
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Pergunta: QUE TAREFA É QUE TEM DE LEVAR A CABO POR SI PRÓPRIO?
DEZ DE PAUS
OUROS OU PENTÁCULOS
ÁS DE OUROS
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material. Reflecte o nascimento ou algo de novo sob a forma material – as
sementes podem ser lançadas sob a forma de aceitação de um emprego,
organização de uma casa ou criação de um negócio. As causas e os efeitos estão
ligados à harmonia entre o espírito e a matéria. (Numa tiragem difícil, atenua os
efeitos das outras cartas).
DOIS DE OUROS
TRÊS DE OUROS
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deverão estar em sintonia para realizar algo. Amor pelo trabalho. Harmonia. Obras
materiais, benefícios materiais, aumentos.
QUATRO DE OUROS
CINCO DE OUROS
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Significado: os pobres não desfrutam da prosperidade que o vitral pode
proporcionar, nem da paz no interior da igreja. Deverá assumir a pobreza com
dignidade, lutando para a ultrapassar. Dificuldades materiais, perda de emprego.
SEIS DE OUROS
Este Arcano recorda-nos que a bondade e a generosidade nos fazem sentir bem. Os
amigos necessitados, são ajudados, ou o consultante é ajudado pela benevolência
de amigos, ou ele próprio ajuda os outros. O seis é o número da boa vontade, e o
naipe de Ouros mostra o auxílio e a assistência no plano prático. O trabalho será
recompensado e reconhecido com êxito. Deve no entanto haver cuidado, pois pode
ser uma ilusão.
SETE DE OUROS
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o seu esforço. Perante as riquezas que juntou nota-se uma insatisfação ou um
compasso de espera após um período produtivo.
OITO DE OUROS
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NOVE DE OUROS
DEZ DE OUROS
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Pergunta: DE QUE FORMA É RICO? QUE TRADIÇÕES MANTÉM? SERÁ QUE VALE A
PENA?
ESPADAS OU GLÁUDIOS
ÁS DE ESPADAS
Significado: porque a espada está acima das montanhas, é uma mente muito
inteligente e lógica. Sabedoria que supera as ilusões, abrindo caminho à
compreensão e à verdade (espiritual).
Sugere um começo, que pode não parecer muito prometedor mas chegará a uma
conclusão satisfatória. São necessárias, força de vontade, determinação e justiça.
Mostra força e coragem, mesmo em situações perturbadoras, e finalmente, indica a
promessa de vitória “do bem sobre o mal”. Muitas vezes o conflito é necessário
para obrigar à mudança e, normalmente, encoraja a busca de soluções novas e
positivas. É sempre através do movimento, da essência do ar que a espada
trabalha, deslocando-se ora num sentido, ora noutro, mostrando sempre os vários
caminhos a seguir. É o principio da força que corta e que domina. Esta dominação
apoia-se no direito e no valor do mais forte. Indica ainda uma grande inteligência,
não perdoando nenhum erro. É intransigente.
DOIS DE ESPADAS
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Significado: os olhos vendados significam que ela não quer escolher, não quer
ver. As espadas protegem-na de qualquer emoção, não deixando que a emoção a
toque. O mar é as águas das suas emoções em turbilhão, embora controladas.
Estagnação. Destacamento em relação à situação. Defesa emocional. Conformismo.
Indecisão.
Sugere um impasse, uma situação que embora não seja satisfatória, envolve uma
grande relutância em perturbar o equilíbrio existente. Instabilidade, oposições.
Duas forças em equilíbrio. O conflito normalmente reflectido no Dois é suprimido, e
daí resulta o impasse. Contudo, é óbvio que a tensão que esta carta representa tem
de ser resolvida, mais tarde ou mais cedo. É uma carta de luta e de tensões.
Sugere ainda que pode existir um antagonismo ou um inimigo oculto.
Pergunta: PORQUE HESITA? QUE DECISÃO PREFERIA NÃO TOMAR? COM QUEM
PRECISA FAZER AS PAZES?
TRÊS DE ESPADAS
Significado: coração magoado, separação, dor, tristeza. Solução para esta dor:
aceitá-la no nosso coração e transformá-la expressando os sentimentos de forma
criativa. O processo de cura fica bloqueado porque não aceitamos e assim nunca
nos livramos da dor.
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QUATRO DE ESPADAS
CINCO DE ESPADAS
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a derrota. Depois dos planos fracassados, haverá nascimento de novas actividades,
com muita acção e progressos satisfatórios. Existe ainda uma preocupação
exagerada quanto à opinião dos outros.
Pergunta: QUAL SERIA A COISA MAIS ÉTICA A FAZER? PORQUE É QUE NÃO SE
SENTE BEM COM O QUE FAZ? QUEM O PODE ESTAR A TRAIR?
SEIS DE ESPADAS
Significado: uma passagem calma por um tempo difícil, carregando com os nossos
problemas. Nota-se calma exterior, embora o interior esteja em actividade.
SETE DE ESPADAS
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Significado: o “surrão”. Inimigo à espera de um erro cometido por nós para se
aproveitar. Habilidade para trabalhar nos bastidores. Atenção em quem
Depositamos a nossa confiança. “Ele espera que todos estejam em festa, para
roubar as armas”.
Este arcano implica que uma situação da vida do consultante requer que ele aplique
a energia mental de forma prudente. Esta carta mostra que não é altura certa para
agressividade ou confronto; em vez disso, devemos usar o tacto e a diplomacia e
até mesmo o subterfúgio – é aconselhável mostrar ao opositor a nossa habilidade.
Terá de usar a sua inteligência e astúcia para vencer o presente obstáculo. É uma
carta de esperança que deixa adivinhar um objectivo que acabará por se
concretizar. Sendo uma carta dirigida ao intelecto, existe a procura das causas que
fizeram malograr algum projecto, deve aproveitar-se para limitar o problema e
reagir positivamente.
OITO DE ESPADAS
Imagem: uma mulher de olhos vendados, atada, achando que não tem
saída. Espadas espetadas. No entanto ela pode andar, pensar que está presa mas
não está. Só a mente está confusa.
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NOVE DE ESPADAS
Pergunta: QUAL A FONTE DA SUA DEPRESSÃO? DE QUE FORMA É QUE FOI CRUEL
OU IRREFLECTIDO OU QUEM É QUE FOI CRUEL CONSIGO E O MAGOOU?
DEZ DE ESPADAS
Indica o final óbvio de qualquer coisa. Exactamente o que não é visível nesta
carta. Pode significar o fim de uma sociedade ou um relacionamento, um filho que
deixa o lar, o fim de um emprego, a mudança de casa – é uma questão em
aberto. Contudo, sempre que alguma coisa acaba, há qualquer coisa nova à
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espera de começar. Muita calma lhe é exigida. Pode ainda indicar uma deslocação
forçada, que não lhe trará nenhum prazer. Lentamente, o êxito anuncia-se, mas
só a nível material, pois a vida pessoal continua a não satisfazer o ser.
COPAS OU TAÇAS
ÁS DE COPAS
Imagem: uma mão que segura uma taça da qual jorram cinco fontes
de água (5 sentidos). Uma pomba branca (Espírito Santo) tem no seu bico a Hóstia
Sagrada. A taça representa o Santo Graal.
DOIS DE COPAS
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Significado: união perfeita, amizade duradoura, harmonia, ajuda aos outros.
Pergunta: O QUE É QUE STÁ A SER CURADO NA SUA RELAÇÃO? O QUE É QUE
ESTÁ A PARTILHAR COM AMOR? A QUEM ESTÁ A DAR A SUA AFEIÇÃO?
TRÊS DE COPAS
Imagem: três jovens que brindam entre si. Sol com frutos, abundância.
Túnicas de três cores: branca (espírito), vermelha (desejo) e amarela (mente).
Pergunta: O QUE CELEBRA NA SUA VIDA? O QUE ESTÁ A DAR ALEGRIA? O QUE
PARTILHA COM OS OUTROS?
QUATRO DE COPAS
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pernas cruzadas. Três taças à sua frente e uma mão estendida oferecem-lhe uma
quarta taça (nova oportunidade).
CINCO DE COPAS
Significado: perdeu algo do foro emocional, mas o rio e a ponte significam que a
dor pode ser superada pelo tempo e pela fé. Atravesse o rio para o outro lado, salte
para o outro lado onde não há dor. Aceitação. Renovar amigos e focalizar novos
projectos são formas de abandonar o passado.
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SEIS DE COPAS
SETE DE COPAS
Significado: o que tem em mãos é uma ilusão, mas apenas uma taça e
verdadeira: a taça velada. Aprenda a discriminar.
Esta carta representa uma grande actividade mental e imaginativa. É preciso fazer
escolhas e tomar decisões mas, com tanto por onde escolher, é necessário ter
grande cuidado e ponderação. Há o perigo de que os desejos não passem de
sonhos e fantasias em vez de se tornarem realidade – esta abundância de talento
artístico e criativo não deve ser desperdiçada. Escolha bem, pois está na altura de
uniões fortes com grandes sentimentos amorosos. Cuidado com as ilusões.
Explosão do coração, necessitando por isso de um grande domínio de si.
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OITO DE COPAS
NOVE DE COPAS
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Pergunta: COMO É QUE OS DESEJOS FORAM REALIZADOS? DE QUE É QUE SE
SENTE PRESUMIDO?
DEZ DE COPAS
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NOTA:
As cartas do tarot têm vários significados que são interpretados de acordo com seu
simbolismo, com o método de tiragem, o assunto, a intuição no momento de
leitura, etc.
Apresento um pequeno esboço das quatro lâminas que, em minha prática de
interpretação, de alguma forma tratam da temática "escolha/ decisão"
Manual do Curso de Tarot – conteúdos Maria Raquel Tavares – Direitos Reservados Página 71
Na corte, também há momentos que uma decisão pode
ser fundamental, muito embora, a falta desta atitude
venha ser revelada pelo “Rei das Águas”. O Rei de Copas
peca por não conseguir escolher no momento necessário.
Quando este arcano aparece no jogo, mostra que o
indivíduo teme por fazer uma escolha, de tal forma que se
nega a fazê-la. Este arcano menor apresenta a falta de
ação, mostrando muitas vezes uma atitude covarde e
omissa, que é a de se manter neutro para não arcar com
as responsabilidades de suas escolhas. Em termo popular,
o Rei de Copas pode ser definido como “quem prefere ficar
em cima do muro e não tomar partido”.
Tarô Rider-Waite
Nota:
A abordagem do tema "Escolha e decisões" está longe de esgotar o que pode ser
encontrado nos arcanos apresentados.
Manual do Curso de Tarot – conteúdos Maria Raquel Tavares – Direitos Reservados Página 72
Unidade e Trindade
Apesar das aparências diferentes, essa formulação árabe está muito perto da trindade cristã:
basta substituir o Conhecedor pelo Pai, o Conhecido pelo Filho e o Conhecimento pelo Espírito
Santo para que as duas expressões se tornem homólogas.
Se admitirmos que o número três indica o movimento interno da unidade, o número quatro
revelará a manifestação e a plenitude.
Essa dinâmica traduz o processo de construção da tetraktys de Pitágoras (a
perfeição do número dez como manifestação da unidade do múltiplo), que só pode
ser obtida mediante a adição do quatro (que é um número composto, ou seja, 2 +
2 ou 3 + 1) aos três primeiros números fundamentais: 1 + 2 + 3 = 6, mais 4 -->
6 + 4 = 10. O radical da palavra tetraktys é tetra, ou seja, ‘quatro’ na língua
grega.
Manual do Curso de Tarot – conteúdos Maria Raquel Tavares – Direitos Reservados Página 73
Essa estrutura tradicional dos quatro primeiros números, da unidade original à
multiplicidade manifestada, mas que reflecte ainda essa unidade primordial, pode e deve
ser lida também de um modo paralelo e complementar: se o Um é o Criador primordial,
ele é forçosamente ao mesmo tempo o “Deus que se revela” e o Deus que podemos
conceber.
No entanto, se Deus é verdadeiramente Deus, se ele é totalmente transcendente, nós não
podemos concebê-lo e a única maneira de nos exprimirmos a seu respeito é falando
negativamente, ou seja, ele não poderá estar contido em nada do que podemos dizer dele.
Por essa razão, o Um se apoia no que os neo-platónicos, que não conheciam o zero,
chamaram de o “Um-que-não-é” e no que os gnósticos denominaram o “nada” (“Houve
um tempo em que nada existia; esse nada não era uma das coisas existentes e, para falar
claramente, sem rodeios, sem artifícios, absolutamente nada existia...” declara Basílio de
Alexandria sobre esse Deus).
No esoterismo do Islão ele foi designado como o “nada supra-essencial”: é precisamente o que
o zero significará desde que se admita que o zero “existe”. A passagem do Zero ao Um, do Um-
que-não-é ao Um-que-se-revela, corresponde à diferença que se estabelece, na Kabbalah,
entre o “nada” e o “eu” de Deus (do ain ao ani, do En-Sof ao Deus criador).
A mesma distinção que faz Mestre Eckhart entre Gottheit e Gott, ou seja, entre a deidade do
fundamento e Deus tal como se deixa apreender, ou ainda, em outros termos, entre o deus
absconditus (o deus oculto) e o deus revelatus (o deus revelado), entre as trevas essenciais e o
lampejo da luz, do qual Jocob Boheme nos fala nos Mysterium magnum.
A partir do Um revelado, a divisão pode então fazer-se no dois, sem
introduzir a dualidade (já que Pai e Filho são um só), mas a dualidade de
princípios, tal como os pares de opostos Yin e Yang.
Aqui existem dois caminhos possíveis; de acordo com a via chinesa, essa
dualidade se traduz por uma complementaridade: dois é o número da mulher,
o que tornará todas as cifras pares femininas.
Já entre os gregos, por um antagonismo declarado, o dois é também a cifra do
Diabo (dia significa ‘dois’ em grego), que se opõe a Deus e introduz a divisão
do Bem e do Mal.
Torna-se evidente a equivalência que tende a ser feita implicitamente entre a mulher e o
Diabo: e aí se inclui a enigmática figura de Lilith; é a Eva no Paraíso que escuta a
serpente; serão todas as feiticeiras que a cristandade lançará à fogueira; é toda a
ginecofobia tradicional de nossa cultura e o terror que o homem prova diante da mãe,
onde lê o poder da morte, e diante da mulher que o ameaça de destruição.
A quaternidade pode, então, ser tanto a adição de duas dualidades (a mulher e o Diabo
reunidos, que forma a totalidade da criação maléfica), quanto a adição da Trindade mais
um elemento: seja a Virgem (que marca a completude do divino pela introdução de Sofia),
seja o Diabo (que completa a divindade em sua parte de sombra, tal como se vê nas
relações de Lúcifer com Deus). Neste último sentido, designa a criação tal como fomos
levados a vivê-la, atormentados que somos entre os poderes de Satã e a graça do amor
divino.
Entre os árabes, como consequência directa de sua concepção dos três primeiros números,
o quatro é a assinatura da matéria prima a partir da qual vai se manifestar todo o
universo sensível: cinco será então a Natureza, seis o símbolo do Corpo do Mundo, sete o
número dos planetas, oito a cifra dos quatro elementos e nove o “último degrau dos oito
universais”, que correspondem a todas as criaturas, que são ao mesmo tempo realidades
derivadas dos elementos e compostas com eles.
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É notável, aqui, mais um paralelo que se pode estabelecer com a numerologia cristã, já que o
quatro, que é o signo da materia prima, pode equivaler a Maria, que, nas especulações
alquímicas, é o próprio símbolo do corpo humano, ou do corpo primeiro do mundo, ou seja, da
materia prima, cuja coroação ou Assunção marca as núpcias celebradas com a Trindade
(Speculum Trinitatis de Reusner)
O Quatro
No Novo Mundo igualmente o número quatro faz parte dos conceitos cosmológicos essenciais.
Entre os maias, os pontos cardinais estão associados às cores e aos “dias que representam o
ano” no calendário. Quatro árvores do mundo suportam o céu, na cosmologia asteca. “Os quatro
pontos cardinais representam o lugar de origem dos ventos, onde também se encontram os
quatro grandes cântaros de onde caem as chuvas”, a exemplo dos quatro Bacab, os deuses dos
pontos cardinais que também sobreviveram à “destruição do mundo pelo Dilúvio”.
É por essa razão que o texto sagrado dos Vedas é dividido em quatro partes, e que “os quatro
quartos de Brama” designam a totalidade do conhecimento que se pode adquirir.
Para C.G. Jung, os números seriam esquemas de ordenação do mundo, tanto do ponto de vista
físico (matemático) como do ponto de vista psíquico (simbolismo numérico).
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comporta a dupla ideia de unidade e de totalidade ou, se preferirmos, o conceito de que a
totalidade das coisas se oferece sob o signo do quaternário e que essa totalidade é una em seu
princípio, razão pela qual deveríamos falar estritamente de uni-totalidade.
É importante lembrar que ao quatro, se junta frequentemente o cinco, na medida em que este
representa o centro, seja o da cruz, do qual partem os quatro braços, seja o do quadrado, no
qual se cruzam as diagonais.
O cinco, não é tanto a unidade do quatro, mas sim o lugar por onde passa o eixo perpendicular
(zênite-nadir) que completa a manifestação horizontal do quatro e remete ao que está aquém e
além dele: a quinta-essência da alquimia ou o quinto elemento da figuração chinesa.
Esse centro oferece a particularidade de ser ao mesmo tempo pleno (ele é a totalidade potencial
do quatro) e perfeitamente vazio (pois transcende o quatro).
Tudo brota dele e tudo se reabsorve nele, num sentido próximo ao do zero activo, na medida em
que o zero é a cifra que as tradições denominaram como o Um-que-não-é (o Um antes da
revelação do Um), o Nada supra-essencial, o Deus absconditus de onde emerge o Deus
revelatus, a deitas ou deidade, o Nada ou o abismo do divino; em suma, aquele do qual nada se
pode dizer sem traí-lo.
No Séc. XX, C.G. Jung retomou esse conceito do quatro, aplicado às quatro funções psíquicas
(pensamento, sentimento, intuição e sensação) e às quatro figuras da anima: Eva, Helena, Maria
e Sofia. Todos os quaternários que enuncia estão em relação com o que ele chama de Si (Self),
ou imago Dei, arquétipo do pleno e do vazio e, como ele explica em várias passagens, supra-
ordenador do conjunto da psique na medida em que, ao mesmo tempo, participa e não participa
das manifestações da psique. Nesse sentido é semelhante ao Si-mesmo do hinduísmo ou ao
Atma-Brama.
O Cinco e o Seis
A Torá do Antigo Testamento é constituída do Pentateuco, os cinco livros de Moisés. Jesus com
cinco pães alimentou quatro mil pessoas. Cinco cruzes são gravadas nas pedras dos altares como
lembrança dos cinco estigmas. Para os autores medievais que tratam da simbólica, os cinco
sentidos do homem se reflectem nas cinco pétalas de inúmeras flores.
O cinco representa assim o princípio do centro, não só geográfico, mas energético e espiritual. É
ele que permite equilibrar e regular o jogo constante do yin e do yang em suas diferentes
manifestações e assegurar a unidade do fluxo perpétuo das coisas. Também considerado o
número de Cura, o cinco representa a adição do dois, de essência feminina, ao três, de essência
masculina. Simboliza, portanto, a totalidade do universo.
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O cinco (wu) era, na China antiga, um número sagrado em razão dos cinco
pontos cardinais (o quinto no centro), aos quais correspondiam cinco tons ou
notas, cinco costumes, cinco especiarias, cinco classes de animais, cinco
relações humanas e os “cinco clássicos”.
Os chineses estabeleciam ainda a correspondência dos cinco pontos
cardinais com os cinco elementos (madeira, fogo, terra, metal e água), aos
quais eram atribuídas cinco cores fundamentais. Os cinco bens da felicidade
eram a riqueza, a longevidade, a paz, a virtude e a santidade.
Na alquimia, por fim, através da quinta-essência, o cinco indica a unidade da Obra além de
seus quatro estágios, bem como a unidade espiritual da criação além de seus quatro elementos
que constituem a manifestação visível.
O seis é um número com menor carga simbólica. Designa-se a criação do mundo pelo nome
Hexameron (criação em seis dias), pois no sétimo dia Deus repousa após concluir sua obra.
(Gênese, 2,3).
Santo Agostinho considerava o seis significativo, desse ponto de vista, pois representa a soma
dos três primeiros números (1 + 2 + 3), mas sem tirar conclusões a respeito.
A descrição das seis obras de misericórdia, no Evangelho segundo Mateus
(25,35-37), é uma referência relativamente rara com relação ao número seis.
O único símbolo verdadeiramente importante no Ocidente, baseado no seis, é
o hexagrama ou a estrela do “Selo de Salomão”, composta de dois
triângulos, com seis pontas que correspondem aos 7 planetas da Astrologia
tradicional, menos o Sol. Neste caso é importante lembrar que o Sol ocupa o
centro do hexagrama, instituindo o sete como unidade do seis, o que
simboliza a multiplicidade da criação.
O Sete
O sete, é o número sagrado mais importante, após o três, nas tradições das civilizações
orientais. Nas literaturas suméria e acadiana encontram-se sete demónios representados pelos
sete pontos que aparecem na constelação das Plêiades.
Entre os judeus, o septenário oriental se manifesta no candelabro com
sete braços (a Menorá) que remete à divisão das quatro fases da
revolução lunar (28 ÷ 4 = 7), bem como aos sete planetas.
No Apocalipse de São João, o sete representa um elemento de
estruturação do texto (sete igrejas, sete cornos da besta, sete
manifestações da cólera no “livro dos sete selos”).
Uma cena célebre do Antigo Testamento, baseada no septenário, trata
igualmente de destruições realizadas pela cólera divina: sete sacerdotes,
munidos de sete cornos de carneiros (schofar) rodearam as muralhas de
Jericó durante seis dias. No sétimo dia, contornaram sete vezes a cidade
e, quando as trombetas soaram e os israelitas gritaram com força, as
muralhas ruíram por terra.
Na China, enquanto número ímpar, o sete está associado ao princípio masculino, yang, mas
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representa a sucessão de anos da vida da mulher: ao cabo de 2 x 7 anos começa “a vida yin”
(primeira menstruação), que termina após 7 x 7 anos (menopausa). O quarenta e nove (7 x 7)
aparece também no culto aos mortos, pois a partir do sétimo dia do falecimento e até o
quadragésimo nono, eram feitas festas de oferecimentos em memória do defunto. A série de
sete planetas é, na China, menos tradicional que a série mais antiga que comporta apenas os
cinco planetas e à qual se atribui influência indiana.
O Oito e o Nove
O número sete, embora tenha um simbolismo bastante rico, muitas vezes é menos levado em
conta que o oito. Considera-se, de fato, que a Ressurreição do Cristo e o início da nova era teve
início no oitavo dia da Criação, o que explica por que os baptistérios têm com frequência uma
forma octogonal.
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As estrelas de oito pontas da arte
romana, as rosáceas com oito pétalas e a
cruz de malta com oito braços têm o
mesmo significado. O budismo repousa
sobre o “caminho com oito direcções”
e o oito é, na China, a assinatura da
ordem e da harmonia das coisas. É assim
que a rosa dos ventos indica as oito
direcções, enquanto o Buda se mantém
no centro do lótus de oito pétalas ou no
cubo da roda de oito raios, do mesmo
Rosa dos ventos modo que existem oito caminhos para Moeda com os 8 trigramas
seguir o Tao.
No Ming-tang, o quadrado com nove casas, que é equivalente à rosa dos ventos, os quadrados
por intermédio dos quais se indicam os pontos cardinais, o quadrado do meio designa o eixo do
mundo vertical entre o Céu e a Terra.
Como o quatro simboliza a Terra, a manifestação (os
quatro elementos, os quatro pontos cardinais, etc), quando
ela é projectada sobre um plano forma então um quadrado e
representa uma superfície (quatro é a potência quadrada do
dois, o feminino e o passivo).
Desse modo, o oito pode também simbolizar a Terra, se
for descrito no espaço que ela ocupa, pois o oito é o cubo de
dois (23 = 8) e designa por isso mesmo um volume.
De todos os modos que considerarmos, o dez representa ao mesmo tempo o Todo e o Um, o
Um-todas-as-coisas sobre o qual tanto reflectiram os últimos neoplatónicos da Antiguidade,
conceito que foi amplamente retomado pela meditação alquímica.
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Esse conceito foi tão rico que o filósofo matemático
Nicômaco denomina o Dez, no primeiro século de nossa era,
com o nome de Pan (Todo), pois “serviu de medida para o
Todo como o esquadro e o prumo nas mãos Daquele que
tudo ordenou”.
No judaísmo, nesse mesmo sentido de revelação do divino
ou de seus poderes, encontram-se os Dez Mandamentos
entregues a Moisés e as dez pragas do Egipto que
permitiram a fuga dos hebreus, enquanto que o Templo
construído por Salomão tem a necessidade de dez véus para
ocultar o Santo dos Santos. Do ponto de vista esotérico,
O dez pode ser traduzido
considera-se, enfim, que os dez sefirot da Cabala são na ressonância entre a Tetraktys
como uma árvore invertida que tem suas raízes no céu e sua e Árvore da Vida da Cabala.
copa na terra, de acordo com os dez nomes misteriosos de
Deus.
Os números simbolicamente significativos que vêm depois do dez são o onze, investido algumas
vezes de conotação nefasta, mas sobretudo o doze, ao qual se atribui uma grande importância
(número dos signos do zodíaco, base do sistema senário babilónico, número das tribos de
Israel e dos apóstolos, etc).
Doze deuses constituíam, desde o século 5º a.C., o panteão da Grécia: Zeus, Hera, Deméter,
Apolo, Artemis, Ares, Afrodite, Hermes, Athena, Hefestos, Poseidon e Héstia, que era com
frequência substituída por Dionísio (Baco).
Quanto à sua composição, o doze pode ter sido formado
tanto pela multiplicação do quatro por três (três vezes
cada um dos quatro elementos – fogo, terra, ar e água –
que constituem os signos astrológicos) quanto pela
multiplicação do três pelo quatro (quatro vezes cada uma
das três modalidades dos signos – cardinal, fixo e mutável
– ou, em outros termos, pelas três forças: positivo,
negativo e neutro). Ele representa, de todo modo, a íntima
aliança entre a dinâmica do três e a completude do quatro.
E Santo Agostinho, não teme escrever nas Enarrationes in Psalmos: “Existem doze apóstolos
porque o Evangelho devia ser pregado aos quatro cantos do mundo em nome da Trindade: ora,
quatro e três dão doze”.
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Do Treze ao Quarenta
O número treze é quase sempre considerado de mau augúrio. Hesíodo (século 8º a.C.) prevenia
os camponeses para não começarem a semear no dia 13 do mês. No ano bissexto dos babilónios
existia um 13º mês colocado sob o signo do “corvo de mau augúrio”.
O Diabo teria sido o décimo terceiro convidado ao “sabat” dos doze feiticeiros. Judas, o
décimo segundo apóstolo e portanto o décimo terceiro participante da Ceia, na instituição
da eucaristia pelo Cristo, trairia seu mestre por trinta dinheiros e acabaria por se enforcar
ao se consumar o sacrifício de Jesus na cruz. Como é necessário, no entanto, que os
apóstolos permaneçam doze, ele será substituído por Saulo, que passará a ser chamado de
Paulo após sua iluminação.
Outras interpretações, que vão além da falta e da infelicidade, aparecem igualmente para
o treze. Enquanto número da morte, pode também significar a morte simbólica que
muda o Ser de nível, que leva portanto ao renascimento e leva o homem a alcançar os
mistério do céu: parece ser este o sentido mais profundo da carta 13 do Tarot.
Vinte e quatro é o número das horas de um dia e dos anciãos no Apocalipse de São João (4,4).
Ele está intimamente ligado ao doze por ser evidentemente o seu dobro, mas também, segundo
os cálculos da aritmosofia, a metade: 24 --> 2 + 4 = 6, que é a metade de doze. O vinte e
quatro é assim um “enquadramento” do doze, e é sem dúvida por isso que, no sistema de
cálculo senário (de base 6) e em relação aos doze signos do zodíaco que eles conheciam
perfeitamente, os astrólogos babilónios introduziram os 24 “Juízes do Universo”, ou seja, 24
estrelas, das quais 12 se encontram ao sul e doze ao norte”.
O vinte e seis representa na Cabala a soma das cifras do tetragrama sagrado (as quatro letras
do nome de Deus JHVH, ou seja: 10 + 5 + 6 + 5 = 26).
Vinte e oito, que representa um mês lunar e corresponde igualmente ao número de letras do
alfabeto árabe, é evidentemente 4 x 7 e 2 x 14, o que explica por quê Osíris, deus da Lua, reinou
por 28 anos antes de ser desmembrado por seu irmão Set em catorze pedaços. Mais tarde
ressuscitado por Isis, ganhou o Amenti, que é composto por catorze regiões, para lá julgar as
almas dos defuntos cercado por 42 deuses.
Trinta e três recebeu um significado particular no cristianismo por ser a idade de Jesus no
momento de sua morte. Indica o número de cantos na Divina Comédia de Dante, bem como os
degraus da “escada mística” na teologia bizantina.
Santo Agostinho considerava quarenta como o próprio número da peregrinação neste mundo
inferior e da espera pelo Reino.
A alquimia retomou esse significado ao indicar que tanto a obra em negro (nigredo: prova e
sofrimento) quanto o conjunto da obra (peregrinação da alma e a espera do ouro filosofal)
exigem a duração de quarenta dias.
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O par e o ímpar
Esta oposição não é a única, pois Aristóteles cita em relação ao ímpar atributos ou ideias como
o Um – o repouso ou o bem – enquanto que o par tem a ver com o múltiplo (todo número par
é um múltiplo de dois, e o dois representa uma adição do um consigo mesmo), com o
movimento e com o mal.
É nesse linha de considerações que reencontramos a temática do Diabo, o “dia-bolos”, que
quebrou a unidade e começa por isso mesmo o trabalho do múltiplo e de seus antagonismos.
[Já num sentido oposto, "sim-bolo" traduz a ideia de reconhecimento, de nexo.]
Mas como se pode explicar que o Um está ao lado do ímpar e que participa do par e do
ímpar?
A distinção que se pode introduzir aqui é, de um lado, a do Um que de acordo com a aritmética
participa do par e do ímpar, visto que ambos procedem desse um, e de outro lado o Um
metafísico, ou Mónada, que só pode estar ao lado do completo e do bem, ou seja, da perfeição,
portanto do ímpar.
Para representar o número cinco, por exemplo, pode-se dispor dois pontos na
vertical de um “ponto de origem”, o um, e dois outros pontos na horizontal. Tem-
se assim cinco pontos que se articulam em torno do um original, num fenómeno de
simetria. Por essa razão o um era considerado como equilibrado e completo.
No plano da psicologia das profundezas, C.G. Jung retomou essas intuições pitagóricas em sua
utilização do quaternário, ao afirmar que traduz a manifestação da unidade primordial. Ele se
apoia, nessa afirmação, sobre o axioma alquímico de Maria Profetisa: “O um torna-se dois, o dois
torna-se três e do terceiro nasce o um como o quatro”. Nos dois casos estamos diante de uma
conjunção de opostos, ainda se levarmos em conta que em todos os sistemas simbólicos
conhecidos, da China às Américas, o ímpar é tradicionalmente masculino e o par, feminino.
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