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Cardenismo: um período, várias leituras.

Larissa Jorge Gonçalves Menezes Silva1

Esse sucinto artigo procura desenvolver uma breve reflexão sobre algumas leituras em
torno do governo de Lázaro Cárdenas (1934-1940), importante período da história mexicana.
Houveram interpretações sobre o sexênio cardenista tanto de contemporâneos quanto pela vasta
produção historiográfica que se debruça sobre esse período. O intento do presente texto não
está em defender ou criticar as visões produzidas, mas em apresentar algumas delas como uma
tentativa de incentivar o debate sobre as diferentes leituras que um mesmo período histórico
pode ter. Dada a impossibilidade de abarcar as diversas linhas interpretativas existentes, optei
por centrar-me aqui na discussão sobre o possível caráter populista do regime cardenista.

Segundo Veronica Vazquez Mantecón, no artigo “A polemica em torno da democracia


durante o cardenismo” esse período é visto na historiografia a partir de uma contradição: ao
mesmo tempo em que é considerado como um período de maior radicalismo político e
econômico, no qual finalmente foram cumpridas as promessas da Revolução Mexicana,
também é visto como o período em que foi fundado e consolidado o sistema político mexicano
autoritário, corporativista e presidencialista. Essa autora defende que a resposta a essa
contradição é a compreensão da cultura política do momento, a compreensão da dinâmica da
sociedade que – apesar das críticas feitas ao governo – apoiou e aceitou o sistema político que
foi instituído, tornando-o possível. Essa cultura política na visão da autora seria dual: nem
autoritária, nem democrática, moderna e tradicional ao mesmo tempo.

Um dos marcos do sexênio cardenista foi a dissolução do Partido Nacional


Revolucionário e a criação do Partido de la Revolución Mexicana (PRM), em 1938. Nascido
como um partido de organização de massas, segundo o próprio Lázaro Cárdenas, a força do
partido deveria derivar de quatro setores fundamentais: o operário, aglutinado em torno da
CTM, o camponês, reunido através das Ligas de Comunidades Agrarias e depois na
Confederación Nacional Campesina (CNC), o setor militar e o popular. A criação do novo
partido é indicativa da concepção de Cárdenas de que não se podia governar sem a participação
do operariado ou, ao menos, sem a sua aceitação. Para Raúl Trejo Delabre, a estratégia

1
Mestranda em História pela Universidade Federal do Ceará, bolsista CAPES.
2

cardenista consistiu em reivindicar a função do Estado como reitor da vida nacional,


subordinando a ele todas as forças políticas e todas as forças de produção. Arnaldo Córdova,
por sua vez, aponta as acentuadas diferenças entre os dois partidos, onde o PNR era

“un clásico partido de grupos y de individuos que hacia la también clásica


política de ciudadanos, dirigida a convencer a los individuos y no à las masas, claro
está, con su buena dosis de violencia fisica. La lucha interna del PNR era también
una lucha esencialmente individualista. Desde este punto de vista, el PRM está en las
antípodas: no sólo era en formidable instrumento destinado a hacer política de masas
y no de individuos, sino que, además, no estaba concebido como partido de
individuos, en el que la afiliación personal constituye el acto fundacional del mismo.
El PRM nacía como partido de organizaciones de masas, al que estas mismas
organizaciones de masas daban vida y de las cuales debía ser, a la vez, un
coordenador, um servidor y la expresión de su unidad política en torno al programa
de la Revolución” (Córdova, 1979, p. 18)

Ainda de acordo com o mesmo autor, uma das características essenciais que define o
Estado mexicano é a política de massas, a qual seria “un resultado histórico de la gran
conmoción política, económica y social que constituyó la Revolución Mexicana de 1910-1917”
(Córdova, 1979, p. 14). Visão partilhada também por Graciela Bensusán e Kevin Middlebrook,
para os quais a entrada do movimento operário na política nacional esteve entre as
consequências mais importantes da Revolução Mexicana. Esse é, com efeito, um ponto basilar
do governo cardenista, que suscitou um sem número de críticas e interpretações a respeito das
relações estabelecidas entre o Estado e as denominadas “massas”.

O governo de Lázaro Cárdenas é classificado como populista, conjuntamente a outros


tantos governos esparsos no tempo e no espaço. Esse conceito usado em referência à América
Latina, de acordo com Ival de Assis Cripa, “foi utilizado para expressar o fenômeno da
emergência das classes populares na vida política dos países deste continente” (Cripa, 2009,
p.01). No entanto, o termo carrega consigo problemas teóricos e metodológicos imprescindíveis
ao seu uso e engendra problemas interpretativos de alta relevância. Uma das críticas mais
veementes ao seu uso diz respeito a elasticidade que o vocábulo adquiriu, sendo aplicado em
uma grande multiplicidade de momentos históricos, desconsiderando as conjunturas específicas
e as particularidades de cada espaço, resultando na imprecisão de seu significado. Foram
3

formadas perspectivas que adotavam a postura de agregar os fenômenos e aqueles que


procuravam singulariza-los. Ambas continham seus perigos: “o perigo da primeira é a
possibilidade de distorcer a informação empírica para força-la a encaixar-se nas suas categorias
de sua análise conceitual” (Capelato, 2001, p. 139) enquanto o perigo da segunda perspectiva
era de “atomizar os processos históricos, tornando-os fragmentados e contingentes, impedindo
a captação de seu sentido e direção mais amplos” (Capelato, 2001, p. 139) Numerosos estudos
dentro das ciências sociais e da historiografia se dedicaram a oferecer uma definição do conceito
de populismo e a compreender o seu potencial de utilização, elaborando correntes
interpretativas que se posicionaram contra ou a favor a aplicação do conceito para realidades
tão distintas. Segundo Rafael Pavani da Silva, “antes da atual dispersão de significados, a ideia
de um populismo latino-americano ganhou expressão com o sociólogo Gino Germani, que
considerou o populismo como uma fase de transição entre as sociedades tradicionais e
modernas” (Silva, 2001, p. 04). Essa teoria da modernização explica o conceito como uma etapa
do desenvolvimento das sociedades latino-americanas, etapa necessária de passagem para uma
sociedade desenvolvida e democrática, onde “a ideologia de classes deveria substituir a
ideologia populista quando o desenvolvimento capitalista tivesse se completado na região”
(Capelato, 2001, p. 136). Partidário dessa concepção, Arnaldo Córdova, um dos principais
estudiosos do cardenismo, postula que o desenvolvimento do capitalismo criou condições para
o aparecimento de uma sociedade de massas, porém

“[...] diferentemente da Europa, em que a formação da sociedade de massas


vinha acompanhada da liberalização das relações sociais, até culminar com a
implantação do sufrágio universal, no caso mexicano, a manutenção dos privilégios
das classes proprietárias, pelo regime de Porfírio Díaz, aumentou o
descontentamento das classes populares e fez com que as massas irrompessem na
cena política pela via Revolucionária2” (Cripa, 2009, p.03)

Córdova defende que apesar das camadas populares terem surgido na cena política
através da Revolução, elas apresentaram grande debilidade em se organizar e por isso teriam

2
Como demonstra Ival de Assis Cripa, no livro A ideologia da Revolução Mexicana, a formação do novo
regima”, Arnaldo Córdova defende a Revolução Mexicana como uma Revolução populista, que teria terminado
com o fim do sexênio cardenista. Para ele, a Revolução Mexicana não pode ser considerada uma revolução social,
pois “uma verdadeira revolução social começa com a tomada do poder político e se realiza como tal, abolindo o
sistema de propriedade pré-existente e instaurando um novo” (Córdova, 1973, p. 32)
4

sido manipuladas por um Estado autoritário. Assim, “Córdova atribui ao Estado o papel de
sujeito histórico, por excelência, em função do atraso da sociedade mexicana; toma as classes
populares como débeis e as classes dominantes como dependentes3” (Cripa, 2009, p. 05) No
entanto, acreditamos ser necessário romper com o entendimento que pressupõe a
irracionalidade e a debilidade das camadas populares que, por certo, se constituíram como
sujeitos históricos que exerceram ações políticas, estabeleceram uma dinâmica e um
intercâmbio com os detentores do poder público4. Além disso, parece-nos fecundo pensar as
realidades latino-americana dos anos 30 em termos de uma cultura política5 que surge como
resposta a determinados problemas, eventualmente semelhantes nos diferentes países. Segundo
Maria Helena Rolim Capelato “A crise do liberalismo e da democracia, após a Primeira Guerra
Mundial, abriu caminho para as correntes de pensamento antiliberais que defendiam a
necessidade da presença de um Estado forte, intervencionista, capaz de promover o progresso
dentro da ordem” (Capelato, 2001, p. 127). A incorporação das massas ao âmbito político foi
considerada como solução viável a fim de evitar a radicalização das mesmas diante da crise
econômica e política dos anos 30. Portanto, a resposta de cada país a conjuntura interna e
externa em que se encontravam direcionou a construção de governos com características
específicas e outras compartilhadas; estudá-los requer analisar, por exemplo, os antecedentes
históricos de cada regime, a dimensão dos conflitos sociais e políticos desenvolvidos em
determinada sociedade, as reivindicações anteriores feitas pelos setores populares, etc.
(Capelato, 2001, p. 163)

Assim, o estudo do governo de Cárdenas com a finalidade de conceitua-lo como


populista ou não também deve partir dos pontos citados. Esse período precisa ser localizado
dentro do marco que vai desde a queda da ditadura porfiriana até as tentativas de reconstrução
do Estado mexicana após o término dos conflitos armados, ou seja, compreender o sexênio

3
“A Revolução Mexicana, para Córdova então, define-se, não como uma revolução social, mas como uma
Revolução Populista. (Córdova, 1973:33). Uma revolução que não buscava eliminar a “dependência” econômica
do México em relação as potências imperialistas e sim modernizá-la”. (Cripa, 2009, p.04)
4
Segundo Maria Helena Rolim Capelato, “na década de 1980, passaram a ser questionadas as teses que apontavam
para a fragilidade e a inconsciências das classes trabalhadoras” (Capelato, 2001, p. 143)
5
De acordo com Serge Berstein (2009), a cultura política surge como uma resposta da sociedade a grandes
problemas e crises. Destarte, a C.P pode ser considerada uma espécie de reação de um grupo diante de um
acontecimento (ou um conjunto de acontecimentos) que movimentam as estruturas e o cotidiano do ambiente
social em que vivem. Como exemplo o autor cita o surgimento das culturas políticas republicana e tradicionalista,
que seriam uma resposta à crise de 1789 a 1815, assim como o nascimento do socialismo e do liberalismo
conservador, que vem em resposta as mudanças desencadeadas pela Revolução Industrial do século XIX.
5

cardenista passa pelo entendimento da Revolução Mexicana. Segundo Cripa, “Cárdenas, para
se eleger e obter apoio popular, durante seu governo, remetia-se aos emblemas e signos da
Revolução Mexicana, que eram elementos que tinham forte apelo no imaginário social das
massas” (Cripa, 2009, p.06). Rafael Pavani da Silva também propõe a análise do cardenismo
dentro das balizas estabelecidas pela Revolução Mexicana, analisa as formas de mobilização
pelas quais passaram as memórias do período revolucionário dentro dos discursos de Lázaro
Cárdenas, a fim de legitimar seu poder. Afirma que

“As ressignificações produzidas nos sucessivos conflitos enfrentados pelo


governo permitem destacar a importância da reconstituição do passado
revolucionário como prática essencial da política cardenista e do próprio discurso
como imprescindível na constituição da prática política.” (Silva, 2009, p. 135)

Allan Knight, importante historiador da história mexicana, descarta o uso do conceito de


populismo, pois acredita que seu uso pode ser mais problemático que útil. Defendendo o
genuíno radicalismo da política cardenista, ressalta que esse radicalismo precisa ser analisado
de forma comparativa com o período anterior e posterior a ascensão de Lázaro Cárdenas, assim
como com os outros governos da época e em relação a conjuntura internacional também. Para
esse autor, o governo de Cárdenas foi radical quando comparado aos governos anteriores e
quando comparado ao com o que estava acontecendo em outros lugares durante a década de 30.
Não é sem razão que os capitalistas acusaram Cárdenas de desenvolver uma política unilateral
a favor das classes trabalhadoras e classificaram tantas vezes seu governo como comunista,
temendo e condenando o apoio que o Poder Executivo da nação dava às inúmeras greves
levadas a cabo durante esse período.

Uma das greves mais emblemáticas do período cardenista ocorreu na Vidreira


Monterrey. Essa teve início quando, em 1936, os membros do comitê executivo do Sindicato
de Trabajadores de la Vidriera de Monterrey – organização vinculada a CGCOM6 – foram

6
Confederación General de Obreros y Campesinos de México, formada em 1933, abarcando grupos autônomos e
os sindicatos que abandonaram a CROM (Confederación Regional Obrera Mexicana) com Vicente Lombardo
Toledano a frente.
6

demitidos por tornarem-se representantes dos trabalhadores no processo de negociação de um


novo contrato de trabalho com os proprietários. A destituição desses operários fez com que o
Sindicato se reunisse em assembleia geral, declarando que uma onda de greves emergiria em
Monterrey. Uma manifestação com 3.000 operários obteve o apoio do governador do Estado e
do chefe da Junta Central de Conciliación y Arbitraje7. Enquanto esse organismo preparava sua
decisão judicial sobre a legalidade da greve dos operários da Vidriera, uma paralização de 42
sindicatos controlados pelos patrões ia sendo organizada. A declaração da legalidade da greve
fez com que os proprietários paralisassem suas atividades em Monterrey durante dois dias e
levassem a cabo uma manifestação que mobilizou 60.000 pessoas.

Durante todo o desenvolvimento do conflito, os empresários e capitalistas de Monterrey


vociferaram acusações de infiltração comunista no país e de contato dos operários com a URSS,
chegando a se reunirem para discutir a criação de uma associação cívica de caráter nacional,
com o intuito de combater o comunismo, a anarquia e a desordem que, segundo eles, reinavam
pelo país. Lázaro Cárdenas se dirige ao centro do conflito, discursando em uma manifestação
que reuniu 18.000 trabalhadores em apoio ao seu governo. Nessa ocasião, Lázaro afirma que
queriam fazer crer ao povo mexicano que havia uma tendência comunista disposta a subverter
a ordem social garantida pelas instituições do país, quando, na verdade, se desenvolviam apenas
lutas das organizações de trabalhadores a fim de obter o aproveitamento das conquistas que o
regime do país havia estabelecido. Cárdenas é categórico ao afirmar que não o México não era
um país comunista.

Declara também que os movimentos levados a cabo pelas organizações de trabalhadores


não possuem outro caráter que não o de uma luta social justa nos termos da lei, que não
alarmavam nem ao país nem ao governo, posto que todos sabiam que o objetivo dos
trabalhadores se reduzia a conseguir conquistas que fossem compatíveis com a capacidade
produtora e financeira das empresas. Por fim, Lázaro afirma:

“Estoy cierto de que los obreros y los campesinos de la


República no se están entregando a una labor de agitación política. Sus movimientos

7
Estrutura especializada na administração pública para a regulação das relações entre patrões e operários, formada
com a presença de representantes operários, empresariais e governamentais
7

son de carácter social y se desarrollan dentro del marco de la ley, para obtener las
ventajas económicas, dentro de las posibilidades de las empresas productoras y al
amparo de un gobierno que ha venido pugnando porque se establezca el equilibrio
social sobre la base de relaciones justas entre el capital y el trabajo, que es el
fundamento único de un buen entendimiento.”

Esse discurso, por si só, deixava explicita, a partir do caso de Monterrey, a postura que
Cárdenas tomava em relação aos conflitos operário-empresariais. Ainda por ocasião desses
conflitos, Cárdenas discursa para a classe empresarial dando origem a um importante
documento conhecido como “Los Catorce Puntos”, também publicado no periódico oficial El
Nacional. De acordo com Janes Walter, esse documento incluía tanto os postulados
manifestados por Cárdenas para todos os envolvidos no embate de Monterrey como era uma
síntese da política trabalhista do Estado, marcando as pautas das relações Estado-trabalho-
capital para todo o país.

Nele, Lázaro não nega a presença de pequenos grupos comunistas no país, mas afirma
a existência dos mesmos em vários países do mundo e defende que a ação desses grupos no
México não comprometia a estabilidade das instituições, não deveria assustar nem ao Governo
nem aos empresários. Por fim, declarava que os comunistas não causavam mais danos que os
fanáticos que assassinavam professores e que se opunham ao cumprimento das leis e do
programa revolucionário. Assim como esses elementos eram tolerados, os comunistas também
o deviam ser. Dois pontos indicam de sobremaneira a importância do conflito em Monterrey e
desse documento construído a partir dele. Lázaro Cárdenas determina que “el gobierno es el
árbitro y el regulador de la vida social” e que “los empresarios que se sientan fatigados por la
lucha social, pueden entregar sus industrias a los obreros o al Gobierno. Eso será patriótico; el
paro no.”

Luís Cabrera, intelectual ativo no cenário político mexicano desde o período das lutas
armadas, em seu estudo denominado “Revolución de Entonces e Revolución de Ahora”,
distingue “duas revoluções”: uma, inicada por Francisco Madero, concretizada por Venustiano
Carranza e cristalizada pela Constituição de 1917 (a revolución de entonces) e outra, “de ahora”,
que visava destruir aquela Constituição e implantar um regime comunista, posto que não
respeitava a propriedade privada e procurava tornar o ejido um sistema permanente e não
8

transitório, como havia sido pensada pelos “verdadeiros revolucionários”. Já Vicente Lombardo
Toledano, líder sindical de tendência marxista, num artigo publicado na revista O trimestre
econômico, em 1934, faz uma análise do Plano Sexenal, importante documento do regime
cardenista. Nele, Toledano afirma que esse plano de governo – impreciso e contraditório –
possuía tendências fascistas, pois “toda economía dirigida o planificada, toda economía
intervenida por el Estado, que descansa en la propiedad particular, es um régimen fascista.”.
Toledano mostra que o Plano Sexenal não é um plano revolucionário, pois

“las asociaciones y los partidos avanzados del mundo enterro estiman que
la revolución debe consistir en transformar el régimen de la producción económica,
basado en la propriedad privada, en un régimen en el que la propriedad de las fuentes
y de los instrumentos de la producción pertenezcan a la coletividad. Suprimir la
propriedade privada, socializarla es, en consecuencia, el principio de la revolución
social”

Acredito que essas interpretações divergentes acerca do período variam de acordo com
a análise das políticas adotadas e são formuladas tanto por conservadores, quanto por liberais e
grupos da esquerda. Assim, por exemplo, uma parte dos estudiosos críticos do cardenismo
alegam que o governo de Cárdenas é socialista devido a rápida e extensa reforma agrária, a
implementação da educação socialista e ao intervencionismo estatal. Segundo eles, essas
medidas iam na contramão de alguns princípios da democracia liberal, como a defesa da
propriedade privada, do individualismo e da liberdade de pensamento. Para outra corrente
crítica do período, de filiação marxista, o cardenismo consistia na continuação de regimes
anteriores que levavam a cabo os interesses da burguesia, desenvolvendo o mercado interno em
prol do capital. Assim, é uma ampla discussão que se estende e aqui procurei apenas pontuar
alguns aspectos desse tema tão caro a história mexicana.

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