DEF.01 - Argumentos Não Dedutivos e Falácias Informais
DEF.01 - Argumentos Não Dedutivos e Falácias Informais
DEF.01 - Argumentos Não Dedutivos e Falácias Informais
E FALÁCIAS INFORMAIS
LÓGICA
LÓGICA FORMAL LÓGICA INFORMAL
• Estuda apenas os aspetos lógicos da • Estuda os aspetos lógicos da argumentação
argumentação que dependem
exclusivamente da forma lógica. que não dependem exclusivamente da forma
lógica.
• Estuda exclusivamente os argumentos
dedutivos formais – os únicos cuja validade • Estuda argumentos informais.
ou invalidade pode ser explicada
exclusivamente pela sua forma lógica. • Permite definir várias noções centrais que não
• Do ponto de vista da lógica formal, tudo o podem ser definidas recorrendo
que se pode dizer de um argumento é que é
exclusivamente aos instrumentos da lógica
formalmente válido ou não. Um argumento
é formalmente válido quando há uma formal (p. ex. as noções de argumento,
relação de derivabilidade ou consequência falácia, explicação).
formal entre as suas premissas e a sua
conclusão.
Validade dedutiva
•
Validade (ou força) não dedutiva
Como se reconhecem
os argumentos não dedutivos?
Recordemos a distinção que se fez entre
argumentos dedutivos e não dedutivos:
• argumentos dedutivos válidos
– a verdade das premissas assegura
a verdade da conclusão;
• argumentos não dedutivos fortes
– a verdade das premissas apenas
torna provável a verdade
da conclusão.
ARGUMENTOS NÃO DEDUTIVOS
· Lógica informal
De que depende a força dos argumentos não dedutivos?
A validade dos argumentos dedutivos depende apenas da forma lógica.
A força dos argumentos não dedutivos dependerá também da forma lógica?
GENERALIZAÇÃO
PREVISÃO
Conclui-se que uma característica
observada numa amostra pode ser Refere, geralmente, um (ou alguns)
atribuída a todos os elementos caso futuro que se prevê ser similar
pertencentes a uma classe, mesmo aos aos observados até agora.
que não fazem parte da amostra.
Argumentos indutivos: Generalizações e previsões
• Generalização indutiva
• Todas as esmeraldas observadas até hoje são verdes.
Logo, todas as esmeraldas são verdes.
Forma lógica
Exemplo
(possível)
Alguns A são B. Os seres humanos que existiram no
Logo, todos os A passado eram mortais.
são B. Os seres humanos que existem atualmente
são mortais.
Logo, todos os seres humanos são mortais.
Previsão indutiva
Previsão indutiva
Todas as esmeraldas observadas até hoje são verdes.
Logo, a próxima esmeralda que observarmos será verde.
Os argumentos por analogia estão, juntamente com os argumentos dedutivos, entre os mais usados pelos
filósofos. São aqueles que se baseiam na semelhança (ou analogia; daí o nome) entre coisas diferentes.
O argumento por analogia é uma inferência baseada na comparação entre duas coisas ou situações
diferentes que se assemelham (ou são análogas) significativamente.
A ideia é que se duas coisas são semelhantes em vários aspetos relevantes, serão também semelhantes
noutro aspeto ainda não considerado.
Argumentos por analogia
Forma lógica
Os x têm as propriedades A, B, C, D.
Ou
Os x são E.
Os y são como os x.
Logo, os y são E.
Manual
Argumentos por analogia p.77
Exemplos
As mulheres são como os homens: são autónomas, têm
capacidade de decisão como os homens e são racionais.
Ora, os homens têm direito de voto.
Logo, as mulheres também devem ter direito de voto.
Argumentos de analogia
1.
O sistema imunitário dos Neste argumento, se aquilo que está em questão é a
chimpanzés é muito semelhante
eficácia de uma vacina nos seres humanos, as
ao dos seres humanos.
semelhanças entre o nosso sistema imunitário e o de
A vacina X resultou nos
outros animais são relevantes para a conclusão e não
chimpanzés.
existem diferenças relevantes no sistema imunitário de
Logo, a vacina X há-de resultar
uns e de outros com respeito à conclusão.
nos seres humanos
Conclusão: Ao argumentar por analogia temos que escolher semelhanças numerosas e relevantes que tornem
mais provável que a conclusão seja verdadeira, e temos de garantir que não há diferenças que tornem mais
provável que a conclusão não seja verdadeira. 07 ∎ argumentação e retórica 02 ∎Pensar Azul 11.º
Argumento de Autoridade • Num argumento de autoridade conclui-se
Einstein disse que E = mc² . que uma determinada proposição é verdadeira
porque uma certa autoridade defende que
Logo, E = mc² essa proposição é verdadeira. Essa autoridade
tanto pode ser um cientista ou outro estudioso
ou uma organização.
• Um argumento de autoridade tem a
seguinte FORMA LÓGICA:
• X afirma P.
• Logo, P.
• Forma lógica
Uma autoridade e,
especialista ou testemunha
afirmou que P.
• Logo, P.
Os argumentos de autoridade são comuns porque a maior parte do que sabemos é obtido
por meio de outras pessoas, nomeadamente os especialistas das diversas áreas. Por
exemplo: estamos convencidos que devemos tomar certos medicamentos quando
estamos doentes porque o médico nos disse para os tomar e acreditamos que a água é
constituída por H2O apenas porque os cientistas o afirmam. Mas, apesar de grande parte
dos argumentos de autoridade serem bons, eles também são frequentemente utilizados
de forma abusiva.
Falácia formal
é uma dedução inválida que parece
Falácia informal
válida (como a falácia da afirmação do
é um erro de argumentação que não
consequente ou da negação do depende da forma lógica do
argumento; ao invés, o seu caráter
antecedente). O erro está na forma
enganador deve-se ao seu
lógica do argumento. O argumento conteúdo. •
parece ter uma forma lógica válida,
mas não tem.
Algumas falácias informais (como a falácias indutivas da generalização precipitada e da amostra não
representativa, a falácia da falsa analogia e a falácia do apelo ilegítimo à autoridade) já foram
apresentadas. Agora vamos ver algumas falácias informais muito comuns.
✓
Falácias Formais Falácias
Falácias informais
Informais
➢ Derrapagem
➢ Falso dilema
➢ Ad hominem
➢ Apelo à ignorância
➢ Falsa relação causal (post hoc ergo propter hoc: depois disso; logo, causado por isso)
➢ Ad populum
Falácia da Derrapagem ( ou bola de neve)
Considere o argumento seguinte:
Se o presidente enviar mais tropas para esta guerra, vai aumentar o número de soldados mortos.
Se aumentar o número de soldados mortos, vai aumentar o número e a intensidade das manifestações no país contra a guerra.
Se aumentar o número e a intensidade das manifestações no país contra a guerra, vai criar-se um estado de anarquia no país.
Logo, se o presidente enviar mais tropas para guerra, vai criar-se um estado de anarquia no país.
Forma lógica
Se A, então B.
Se B, então C.
Se C, então D.
Logo, se A, então D.
P ou Q.
Ou acreditas em Deus ou és ateu.
Não P. Não acreditas em Deus.
Logo, és ateu.
Logo, Q.
O dilema é falso (falacioso) quando, havendo várias alternativas, o argumento apresenta só duas, que
interessam ao orador e conduzem a resultados inaceitáveis. No exemplo apresentado, a falácia surge na
primeira premissa. Esta premissa sugere que existem apenas duas hipóteses: acreditar em Deus ou ser ateu.
Porém, isto é um falso dilema, já que existe mais uma possibilidade: ser agnóstico.
Exemplo:
A afirma p.
A não é uma pessoa digna de consideração por «isto» ou por «aquilo».
Logo, p é falso.
EXEMPLO:
Einstein foi o criador da teoria da
relatividade. Ora, ele era judeu. Logo, a
teoria é falsa.
Esta falácia consiste em apelar à opinião da maioria (ou ao povo, do nome latino) para defender que uma
dada afirmação é verdadeira. A forma do argumento é a seguinte:
A maioria das pessoas diz que P. Logo, P.
Uma ilustração disso é:
A maioria das pessoas pensa que só o que é natural é bom para a saúde. Logo, só o que é natural é bom
para a saúde.
O problema deste tipo de inferência é que a maioria das pessoas pode estar simplesmente enganada,
como sempre o estiveram em muitos outros assuntos. Houve tempos em que a maioria das pessoas
pensava que a Terra era plana, que o Sol girava em torno da Terra e tantas outras coisas falsas. A verdade
ou falsidade de uma afirmação não tem de depender da opinião das pessoas e, mesmo que dependa das
opiniões, seria injustificado considerar que a opinião da minoria é falsa.
falácia de apelo à ignorância
Ocorre quando alguém apela à ignorância argumentando que uma dada opinião é verdadeira
por não haver provas de que é falsa, ou é falsa porque ninguém conseguiu provar a sua
verdade. Estas inferências são inválidas, pois a nossa ignorância relativamente a uma coisa nada prova
quanto à sua existência ou inexistência, ou quanto à sua verdade ou falsidade.
Forma lógica
Não se sabe (desconhece-se, ignora-se, não se provou, demonstrou, etc.) que P.
Logo, é falso que P.
Não se sabe (desconhece-se, ignora-se, ´não se provou, demonstrou, etc.) que é falso que P.
Logo, é verdadeiro que P.
Exemplos:
Nenhum cientista conseguiu ainda provar que não
Ninguém conseguiu ainda provar que Deus existe. existem extraterrestres.
Logo, Deus não existe. Logo, existem extraterrestres.
A ideia deste tipo de argumento é concluir algo com base na inexistência de prova em contrário. Ora, é
normalmente falacioso argumentar deste modo porque nem sempre a inexistência de prova é prova de
inexistência. Se isso fosse correto, teríamos de aceitar que antes de Galileu provar que a Terra gira em torno do
Sol era falso que a Terra girava em torno do Sol. Mas sempre foi verdadeiro que a Terra gira em torno do Sol,
mesmo quando ninguém conseguia provar tal coisa.
Em geral, a nossa ignorância (ou desconhecimento, ou falta de provas) relativamente a uma coisa nada prova
quanto à sua existência ou inexistência, ou quanto à sua verdade ou falsidade.
07 ∎ argumentação e retórica 02 ∎Pensar Azul 11.º
Falsa relação causal (post hoc ergo
propter hoc: depois disso; logo,
causado por isso)
Falácia conhecida pelo seu nome latino post hoc ergo propter hoc (depois disso, logo causado por isso).
É um erro indutivo que consiste em concluir que há uma relação de causa-efeito entre dois
acontecimentos que ocorrem sempre em simultâneo ou um imediatamente após o outro
Comete-se esta falácia quando nas premissas pressupomos que a conclusão é verdadeira, sem parecer que
o fazemos, quando se pressupõe indevidamente nas premissas aquilo que se quer provar com o
argumento.
Definição:
Consiste em querer provar uma conclusão, tendo como premissa a própria conclusão.
A petição de princípio (ou falácia da circularidade) ocorre num argumento quando, de modo mais ou
menos disfarçado, pressupomos nas premissas que a conclusão é verdadeira.
A fórmula desta falácia é:
A é verdadeiro.
Logo: A é verdadeiro.
Exemplo:
«Sócrates quando discursa não mente. Sócrates está a discursar neste momento. Logo, Sócrates diz a verdade.»
A conclusão é que Sócrates diz a verdade; mas a 1ª premissa pressupõe essa mesma ideia, apresentada de forma
diferente: que Sócrates não mente. Por essa razão, o argumento nada prova: é uma petição de princípio; pressupõe que é
verdadeiro o que visa provar que é verdadeiro.
A petição de princípio é conhecida por «falácia da circularidade». Esta designação deve-se ao facto de as petições de
princípio conduzirem a um círculo lógico do qual não se consegue sair. Para ilustrar esta circularidade, consideremos
um diálogo imaginário.