Temas Mais Importantes HDP
Temas Mais Importantes HDP
Temas Mais Importantes HDP
✔️
O pensamento dos filósofos na Idade Média. ✔️
O costume como fonte do direito. ✔️
A legislação régia. ✔️
Humanismo Jurídico e outras correntes do pensamento jurídico dos séculos
XVII e XVII. ✔️
Jusracionalismo e o exercício do poder. ✔️
Direito Prudencial, Leis Imperiais. ✔️(falta leis imperais)
Hierarquia das leis e do direito subsidiário nas Ordenações. ✔️
Lei da Boa Razão e a Reforma dos Estatutos da Universidade. ✔️
O Liberalismo e a Codificação do Século XIX.
A importância do humanismo jurídico para o Direito Penal. ✔️
Justiça e direito
No período medieval acreditava-se que a sociedade só poderia ser justa se os indivíduos
que a compunham fossem justos. É assim necessário compreender que, para o homem
medieval, a necessidade de “salvar almas” é a maior prioridade, por ser esta o “bem
comum”.
A salvação de almas só poderia ser concretizada através da virtude, entendida com o
hábito de praticar o bem, o vício será o inverso (o hábito de praticar o mal). A virtude
era uma garantia da própria justiça pois, quem praticasse o bem merecia mais o bem do
que quem praticasse o mal. Entende-se assim, portanto que a Justiça será a “defesa do
bem comum” e é ainda vista como “habitus operativus bonus”, o hábito do bom
orientado para a ação;
O Direito só existe porque existe a Justiça – o que é justo é Direito, que existe
em função da justiça para a concretizar 10
Álvaro Pais: Partidas – Direito brota da Justiça e têm a mesma natureza
Se for injusto, Direito Nulo, não existe Direito
Esta sociedade era teológica (atribuía a tudo uma dimensão metafísica ou espiritual), daí
que a definição de justiça era mais importante que a noção de direito, que se vê reduzido
a uma mera ferramenta na obtenção da justiça.
Justiça Particular: Virtude específica. Ideia transmitida por Ulpiano nas suas
instituições, em que se afirma que a Justiça é a perpétua e constante vontade
de atribuir a cada um o seu. A justiça pressupõe, para a determinação do seu
conteúdo, um ato deliberativo que assenta na consideração do seu, como sendo
algo ordenado aos fins de alguém. O “seu” seria tudo quanto necessário à
realização do fim do Homem (físico ou metafísico), ditado pela Natureza
respetiva e tudo o que lhe é útil apenas lhe ser devido enquanto não prejudica os
demais. A natureza da justiça seria uma vontade constante e o propósito desta a
atribuição do seu a cada um. O meio de atribuição a cada um o que é seu é o
direito.
A justiça conduz-me para a ação devida. Só me posso conduzir se souber que ação é
essa. A justiça precisa de uma outra virtude que pressupõe o exercício deliberativo - A
Prudência.
Dificuldade: Decidir o caso. Como sei que aquele prudente tem razão? Surgem critérios,
mas que têm que ser utilizados (Justiça Objetivo). Ex: Critério Divino. Mas se o seguir,
um Santo não pode ser modelo por não estar ao alcance de todos. Vai surgir a ideia de
''ser médio'', aquele que age com a diligência média. É um tipo, um comportamento
ideal. O que há de fundamental? A racionalidade de atuar.
Que consequências tem? O de afastar qualquer fonte cuja utilização no caso irá conduzir
a um resultado tido por injusto, que põe em causa a Bem Aventurança eterna. A
injustiça da lei vai ser aferida apenas no caso. Se isso vale para a lei do rei, vai valer
para todas outras fontes.
Se tenho uma Pluralidade de Fontes, como faço? Há uma hierarquia de fontes? Não. O
Mais parecido surgirá apenas em 1486. Não há nem é necessário que haja porque as
fontes são apenas um instrumento para impor uma solução Justa.
A justiça é vista como a virtude das virtudes. Seguir a justiça, quando se tem um órgão
de soberania, é uma obrigação não só por salvação da sua alma, mas na cidade onde
exerce o poder. Assim, atinge-se a Bem-aventurança eterna. Tal marca também o
Direito.
Santo Agostinho: “onde não há justiça não existe sociedade”, seguindo as concepções
de que a justiça é o hábito de alma ou a virtude pela qual uma pessoa da cada um o que
lhe é devido, apresentado as suas noções por exemplo de virtude (amor que é devido a
Deus) fiando-se no Novo Testamento, ou seja, para “viver justamente” há que amar o
próximo e elucidá-los perante a virtude
O direito suprapositivo é todo aquilo que está acima do Homem, sendo produzido por
Deus. Este direito é dividido em duas grandes categorias:
Direito Natural -
Direito Divino - A idade média é Teocêntrica (tal só mudará no séc. XVII). Uma
das fontes de Direito é o divino, ultrapassa o homem, confunde-se com os
próprios ditames que Deus transmitiu ao Homem. Sei que é o Direito que emana
de Deus, mas como é que o Homem o recebe? Como é conhecedor deste Direito
para o aplicar na sociedade?
Santo Agostinho:
A Lei eterna é a razão vontade de Deus que manda conservar a ordem natural e
proíbe que a mesma seja perturbada. É a razão e a vontade de Deus, que criou
todas as coisas, nomeadamente o Direito justo, inscrito nos homens, permitindo
a todos o bem do mal, o justo do injusto, o certo do incerto, o devido do
indevido. Praticamente todos os homens têm esta capacidade, mesmo os que
praticam os atos mais hediondos, mesmo os que não pertencem à Igreja. A lei
eterna é apreendida pelo coração humano e influencia a vontade de agir do
Homem.
A lei humana é a razão de Deus inscrita no coração de todos os homens. O
Homem põe-no em prática através da atividade política. Direito próprio de cada
comunidade, diferente em função das circunstâncias espaciais dessa comunidade
em concreto. É limitada pelo Direito natural.
Direito natural: existe acima do Direito positivo, ou seja, está num plano que
transcende os homens. Funda-se na lei eterna. É um Direito justo por natureza e
padrão de validade do Direito positivo. É o direito que Deus inscreve no coração
dos homens.
O costume pode definir-se como a repetição habitual de uma conduta havida por
juridicamente vinculante, tendo sido muito importante nesta época como visa a
expressão “Costume he desy direito”.
Se o costume, à medida em que vai sendo acolhido noutras fontes, perdia o caráter
específico para assumir, total ou parcialmente, a feição destas quanto à obrigatoriedade,
foi também, não obstante, adquirindo generalização crescente. Por um lado, resultou
isso da comunidade de costumes decorrente das famílias de forais e estatutos. Por outro
lado, do âmbito da aplicação mais ampla das fontes de absorção, como a lei. Ao dizer-se
que o costume vai adquirindo generalização crescente de forma alguma se pretendia
contestar que ele mantinha, não obstante e em larga medida, caráter restrito ou
particular.
Para se ser fonte de direito, não basta a existência de costume. A doutrina apontou
determinados requisitos para que o costume pudesse valer como fonte de direito:
O costume podia também ser integrado nas lacunas dos foros, corrigi-los ou
mesmo revogá-los.
O costume pode ser introduzido pela comunidade, mas também pode ser introduzido
pelo próprio tribunal, que vai criar as próprias regras. Questão interessante é a relação
entre o costume e o direito judicial, ou seja, a ação criativa do direito pelos tribunais
quando se deparam com o caso concreto, a forma como aplicam o costume nos
tribunais.
Enquanto o costume é introduzido pela comunidade, ou seja, há uma prática reiterada da
comunidade, o estilo resulta de um determinado pretório (juiz), ou seja, é uma prática
reiterada dos tribunais que são chamados a resolver casos da vida, criando preceitos de
Direito Processual e de Direito substantivo.
A façanha é um julgamento sobre uma ação fora do comum, que fica como padrão
normativo para o futuro. Eram decisões de tal forma complexas que se entendia que
deveriam passar a funcionar como um padrão de referência para o futuro (regra do
precedente britânico).
No entanto, José Anastácio de Figueiredo vem defender que a façanha é de facto um
julgamento por exemplos e funciona como padrão normativo para o futuro, por ser uma
decisão régia e por só se aplicar a casos duvidosos ou omissos na legislação pátria,
querendo isto dizer que apenas poderiam resultar da resposta a casos que não tinham
sequer tutela na legislação geral. O que é facto é que se olharmos para muitas das
façanhas que estão hoje disponíveis, vemos que muitas delas não são decisões do Rei e,
portanto, José Anastácio Figueiredo não tem razão.
São decisões de tribunais arbitrais. As partes designam livremente juízes árbitros, que
julgam no âmbito dos poderes que por elas são conferidos. Eles são escolhidos, em
regra, para resolver questões céleres, normalmente, relativas à atividade mercantil ou
marítima.
A legislação régia
Aos poucos foi-se processando crescente atividade legislativa dos nossos monarcas. Por
outro lado, este na luta pela supremacia e pela superioridade jurídico-política da Coroa,
vai assumindo e reclamando para si o monopólio legislativo e o papel de árbitro entre as
diversas ordens jurídicas em presença.
Iniciou-se a marcha lenta, mas segura, para monopolização do direito positivo pelo
príncipe. A função legislativa, o poder legislativo, torna-se do rei. Decerto, ela será
também exercida na cúria/conselho régio e ou pelas cortes juntamente com o rei. As
cortes e, por vezes, os municípios e outras formas de organização política conseguirão
delimitar relativamente a esfera de competência legislativa dos soberanos em razão da
matéria.
Em alguns casos, o rei não pode alterar ou revogar unilateralmente as leis. O seu poder
legislativo estava subordinado aos preceitos das outras ordens jurídicas, a começar pelo
direito divino e pelo direito natural.
Vontade Régia: Invocava-se que a lei era resultado duma vontade régia.
Conselho: Invocava-se que os conselheiros do rei, sábios nas matérias a legislar,
tinham sido ouvidos.
Cortes: Invocava-se que resultavam de deliberações das cortes, o que as tornava
também de cumprimento obrigatório.
Razoabilidade: Invocava-se que as leis eram elaboradas de acordo com a razão
Antiguidade: Invocava-se que a lei correspondia a uma prática reiterada, antiga e
com convicção de obrigatoriedade.
Neste período as leis portuguesas foram proliferando e acabaram por ser compiladas em
duas grandes obras, nomeadamente o Livro das Leis e Posturas e as Ordenações de D.
Duarte.
1) Livro das Leis e Posturas: Esta obra agrupa, sem qualquer critério de
sistematização, as leis elaboradas entre os reinados de D. Afonso II e D. Afonso
IV.
2) Ordenações de D. Duarte
Este movimento surgiu nos fins do séc. XV e desenvolveu-se no séc. XVI, por oposição
ao Direito Prudencial, numa lógica de que o conhecimento só seria verdadeiro se
pudesse ser demonstrado.
A verdade é que a nossa cultura jurídica pouco respirava da escola culta e não
conseguiu suplantar em definitivo o bartolismo. Neste mesmo período, lá fora pensa-se
humanismo jurídico e defende-se a libertação do Direito das glosas, dos comentários e
de todo o trabalho das escolas medievais. Procura-se a pureza dos textos romanos.
Enquanto em Portugal, Bártolo é a referência maior que tem expressão na própria lei
nacional, nas Ordenações do Rei.
Escola iluminista- Podemos caracterizar o século XVIII como uma época em que se
produz uma enorme valorização da Razão humana. Contudo, isto não quer dizer que
no passado a Razão não tenha tido importância, de facto, quando falámos em São
Tomás de Aquino, por exemplo, percebemos que este era um autor racionalista por
entender que o Direito Natural era a participação da lei eterna na criatura racional que
lhe permitia descobrir preceitos primários e secundários. A valorização das ciências
humanas e naturais levam a que o método e a experimentação recebam grande
relevância. Por outro lado, neste período, a cultura vai-se secularizar. É o tempo da
fundação dos jornais, do surgimento dos centros de estudo, dos salões, da proliferação
das academias. A cultura e o saber ganham importância e, por isso, este século foi um
século de críticos e de demolidores.
Além disso, o autor critica todo o ensino, incluindo o ensino do Direito em Portugal,
considerando que ele está “ferido de morte”. Porquê?
Para além de recuperar todas as críticas que o Humanismo fizera, o autor vai
dizer também que o ensino jurídico estava ele próprio obsoleto, porque estava
particularmente assente na argumentação silogística, no amor pedantesco às
citações dos juristas medievais, um método que o século XVIII não considerava
adequado.
Criticava-se também a excessiva dependência do Direito Romano por parte dos
juristas.
Havia um total e absoluto desconhecimento da história, portanto, os textos não
eram vistos nos seus contextos.
O que é que a Lei da Boa Razão nos vem dizer quanto às fontes de direito?
o A primeira fonte que se deve aplicar é a Lei do Rei. Esta é a fonte primária
essencial.
o Segue-se o Estilo da Corte, que permanece como fonte de direito, mas para ter
essa natureza precisa de ser confirmado pelos assentos da Casa da Suplicação.
Os assentos são fontes de interpretação das leis. Os assentos produzidos pelas
relações subalternas podiam ser objeto de recurso para a Casa da Suplicação. Os
assentos produzidos pela Casa da Suplicação podiam ser objeto de recurso para
o monarca.
o O Costume permanece como fonte de direito de forma muito residual e
limitada. Para ser considerado fonte de direito, o costume tinha de ser conforme
à boa razão, não podia contrariar a lei e tinha de ter mais de 100 anos.
o Em casos omissos, isto é, na falta de Direito Pátrio, o Direito Romano
funcionava como subsidiário. Contudo, passa a estar absolutamente submetido
ao Usus Modernus Pandectorum, ou seja, o direito romano tinha de estar
trabalhado, moderno, conforme à boa razão e reconhecido pelas nações
europeias cristãs.
o Surge uma nova fonte de direito. No caso de lacunas sobre matérias políticas,
económicas, mercantis ou marítimas era permitido o acesso direto às leis das
“Nações Cristãs, Iluminadas e Polidas” da Europa, sendo o direito romano
liminarmente posto de lado.
o O Direito Canónico é relegado para as questões do foro espiritual, sendo
aplicado apenas nos tribunais eclesiásticos. Deixou de ser fonte subsidiária de
direito. Ele passa a poder ser aplicado na sua vigência apenas em 4 situações:
Se a Lei do Rei remetesse para ele;
Nos casos em que os seus preceitos fossem aplicáveis pelo uso das nações
civilizadas e polidas da Europa, em correção do próprio Direito Romano;
Se não fosse possível recorrer a outros ordenamentos;
Nos casos em que os ministros tenham necessidade de conhecer o Direito
Canónico para obviar aos próprios abusos dos juízes eclesiásticos que
consideram aquela questão do foro espiritual;
Percebeu-se também que não era possível alterar a aplicação do Direito, sobretudo, não
seria possível fazer relevar a Lei relativamente ao Direito Romano, se na Universidade
se continuasse a estudar apenas Direito Romano. O ensino do Direito precisava de ser
profundamente reformado.
A Reforma da Universidade vai ser precedida, logo em 1770, da criação de uma Junta
de Providência Literária. O papel deste conjunto de especialistas seria verificar o
estado da Universidade para depois se fazer um diagnóstico seguro. Ela foi incumbida
de emitir um parecer sobre as causas da decadência do ensino universitário e de obter
propostas adequadas à sua reforma.
O veredicto a que chegou a Junta era previsível: a responsabilidade pelo estado em que
se encontra o estudo em Portugal, particularmente, do estudo do Direito, é clara e é
atribuída aos Jesuítas. Por consequência, os jesuítas são expulsos do país e a
Universidade de Évora é encerrada. O estudo do Direito permanece, assim, restrito a
Coimbra, que deverá ser reformado.
Assim, uma das primeiras ordenações que o Rei vai fazer nos Estatutos é estabelecer a
idade mínima para que se pudesse ingressar nos estudos jurídicos: 16 anos completos.
Depois definiu-se que disciplinas é que deveriam ser lecionadas no curso de Direito. As
profundas alterações consistiram na introdução das disciplinas de História do Direito e
do Direito Pátrio no Curso de Leis e na introdução da disciplina de Direito Natural
(que integrava o Direito Público Internacional e o Direito das Gentes) nos dois cursos,
de Leis e de Cânones.
O Direito Pátrio corresponde ao direito legislado. Ora, entre o direito romano e o direito
pátrio, aquele que tem mais autoridade é precisamente o pátrio, e o direito romano é
apenas subsidiário. O Direito Romano continua a ser estudado de uma forma expressiva,
mas ele tem que estar sujeito ao crivo do Usus Modernus Pandectorum.
Cai-se num ensino que perde a sua função de contradita, de diálogo, de exercício
dialético, para que o ensino se baseie essencialmente no compêndio, no manual, na
leitura, na apreensão do que era consagrado nos manuais, que deviam espelhar o
conteúdo das disciplinas a lecionar.
D. José I diz-nos ainda que era necessário cessar e anular os antigos estatutos da
Universidade de Coimbra.
Direito Prudencial
O prudente é aquele que conhece o direito, que tem a capacidade de distinguir, em cada
momento, o justo do injusto, o devido do indevido. O prudente é aquele que tem
Auctoritas, um saber socialmente reconhecido, e Inventio, a capacidade de criar, de
descobrir novas soluções para os casos em análise. Assim, os juristas declaravam a
verdade jurídica através da sua opinião justa e equitativa e resolviam casos da vida.
Hoje a jurisprudência identifica-se com as decisões dos tribunais, que se podem impor
pela força, porque têm potestas.
A jurisprudência deste período histórico, é a atividade de todos os que constroem o
direito em termos científicos e independentemente de qualquer ligação ou dependência
específica ao poder. Identifica-se com a opinião justa daquele que tem o
reconhecimento de a emitir, ou seja, que tem auctoritas.
A partir do século XII, o Corpus Iuris Civilis e, com particular realce, a sua obra maior,
o Digesto, passa a ser objeto de estudo preferencial em Bolonha, graças ao génio
criativo Irnério, que é professor em Bolonha e que olha para aquele acervo normativo
como base essencial de análise. Ao fazer isto, ele cria, de facto, um ensino técnico
universitário de Direito.
Foram os últimos livros do Digesto a serem descobertos por Irnério, que os designou
assim por entender que o Direito contido nos livros anteriores ficava reforçado com
estes livros.
Esta obra autónoma é também conhecida por Glosa Ordinária ou Glosa de Acúrcio.
Portanto, quando nós temos uma síntese dos textos que integram o Corpus Iuris Civilis,
a tendência dos juristas posteriores é afastarem-se da análise do Corpus Iuris Civilis e
concentrarem-se na síntese.
Escola dos Pós-acursianos - Esta escola surgiu no do fim séc. XII, limitando-se a fazer
um trabalho de compilação e sistematização das glosas. Só alguns autores é que dão
importância a esta escola, defendendo que a mesma surgiu na sequência de uma obra
superior, nomeadamente a Magna Glosa, escrita por Acúrsio, um grande glosador que
marcou uma tendência evolutiva no que concerne ao tratamento dos textos.
Escola dos Comentadores - Foi fundada por Cino de Pistóia, na segunda metade do
séc. XIII e desenvolveu-se ao longo do século XIV. Esta escola abandona a síntese e
retorna ao Corpus Iuris Civilis, uma vez que os comentadores faziam comentários nos
textos de direito romano.
Os principais nomes desta escola foram Bártolo e o seu discípulo Baldo, sendo o
primeiro conhecido por ser a luz do direito, já que a sua influência se fez sentir até finais
do séc. XVIII.
Esta escola beneficiou do trabalho dos glosadores e criou o Direito Nacional, isto é, o
trabalho dos comentadores foi o de porem em prática os textos justinianeus, partindo já
do trabalho de esclarecimento dos glosadores, adaptando as normas justinianeias à
realidade dos séculos XIII e XIV. Os comentadores partiam, assim, de um texto de
direito romano, muitas vezes já trabalhado pelos glosadores, e desenvolviam um tema
de forma discursiva, destacando-se, por vezes, do texto de origem, ultrapassando assim
a mera interpretação do texto.
Doutrinas Tradicionais
Doutrina Atual
Defende que é muito difícil, ou até mesmo impossível, haver na Idade Média uma clara
preocupação em distinguir a letra do espírito da lei, alegando que da letra da lei já
resultava o sentido literal e, por isso, não era de supor que os prudentes pudessem
estudar e explicar um texto sem aprenderem, pelo menos, o seu sentido mais imediato.
Os autores atuais defendem que o que realmente separa a escola dos glosadores da dos
comentadores são razões políticas, pelo que, na prática, não se deve fazer uma
separação rígida entre as escolas. Em termos metodológicos, não houve uma mudança,
mas sim uma evolução natural, na medida em que a existência de textos já explicados
literalmente pelos glosadores permitiu aos comentadores ter mais hipóteses de explorar
outros sentidos dos textos, de aproveitar os seus conteúdos e de os adaptar aos direitos
locais.
Distinguiam as escolas pela diferente perspetiva de estudo dos juristas e pelos seus
objetivos.
o Escola dos Pós-acursianos - Fizeram a transição deste estudo teórico para uma
visão mais prática do direito.
o Escola dos Glosadores - Fizeram um estudo teórico do direito, pois tiveram de
ter a tarefa de entender e explicar os textos que ninguém conhecia.
o Escola dos Comentadores - Beneficiaram do trabalho feito pelos anteriores.
Adotaram um objetivo mais pragmático de utilização do direito romano naquilo
que ele tinha de útil. Adaptaram o direito romano aos casos em que as regras
justificassem uma alteração. Adaptaram o direito romano aos direitos locais
(iura própria).
O principal centro universitário começa por ser Bolonha, mas pouco tempo depois
começam a elevar- se outros centros de grande referência pela Europa fora, como é o
caso de Paris, Nápoles, Oxford e também Lisboa e Coimbra.
Método problemático
O jurista medievo parte sempre de um problema da vida, seja uma situação real ou
ficcionada. Ele não pensa o Direito abstrato, ele não pensa o sistema jurídico, ele pensa
o Direito a partir de problemas concretos. O jurista obtinha uma solução para o caso
concreto, depois de discutir a questão, recolher os argumentos pró e contra e ponderar as
várias soluções possíveis, optando, normalmente, pela solução que, para ele, lhe
parecesse mais razoável.
Método analítico
O pensamento do jurista da época é analítico. Isto significa que a base de trabalho do
jurista medieval é o preceito, o texto da norma. O jurista procurava, para cada caso, um
preceito legal que lhe permitisse encontrar a solução ideal, não se preocupando tanto
com a consideração sistemática, isto é, com o enquadramento no sistema jurídico,
procurando, primeiramente, na norma, a solução que mais lhe convinha e só depois é
que a considerava no ordenamento jurídico.
Com efeito, como o código de justiniano não continha uma lógica sistemática, isto é,
uma harmonização de leis, os prudentes medievais, conscientes desse facto, tinham de
analisar as leis nele contidas isoladamente e ao pormenor, abordando-as com um ponto
de vista crítico, criando Direito a partir desse ponto de vista.
Assim, com base nesta metodologia, a primeira preocupação do prudente medieval era
analisar o caso concreto, depois ele tentava encontrar uma solução para o mesmo,
ponderando todas as soluções possíveis, sendo certo que a aplicação da lei tinha de ser
controlada em função das respetivas consequências, face a critérios de justiça de direito
natural e de conveniência ou utilidade.
O jurista medieval também construiu o Direito como sendo uma ciência de textos, ou
seja, a análise e a resolução do problema baseia-se fortemente na intuição do jurista,
mas não se serve apenas disso.
Depois de procurar mentalmente a solução mais justa e equitativa para um caso da vida,
o jurista procura no Corpus Iuris Civilis, particularmente, no Digesto, a base para
fundamentar a sua opinião e alicerçar a sua interpretação. Isto significa que o jurista não
cria no vazio uma solução para o caso da vida, ele serve-se do Corpus Iuris Civilis para
fundamentar a opinião a que mentalmente chegou.
Portanto, as leges, significam que o jurista medieval se aproxima dos textos do Direito
Romano Justinianeu através desta preocupação essencial: interpretá-lo corretamente.
Rationes
O conhecimento alcançado pela utilização das rationes não é entendido como único e
necessário, mas é sempre visto como um conhecimento provável.
Os argumentos criados pelos prudentes medievais, apesar de partirem dos textos legais
(código justinianeu), também iam para além deles, buscando apoio na equidade, no
direito natural, na oportunidade e na lógica, e não num qualquer texto de lei humana ou
divina.
Assim, pode-se dizer que, na Idade Média, para além do necessariamente verdadeiro e
do necessariamente falso, aceitou-se também a categoria intermédia da verdade
provável (suscetível de prova), daí a necessidade dos argumentos.
No fim deste processo, temos uma opinião, vale em virtude do peso dessa mesma
opinião ou do autor que a produziu, vale em função da auctoritas.
O Direito Prudencial será seguido como fonte de Direito, se as opiniões dos juristas
forem dotadas de auctoritas. Elas são dotadas de auctoritas, em função do peso dos
argumentos apresentados, que fazem com que aquele saber seja socialmente
reconhecido e, por isso, é suscetível, por si só, de resolver casos da vida.
A este propósito surgiu o conceito de opinião comum dos doutores, entendida como
aquela que era defendida por um conjunto de juristas com auctoritas. A solução que
tivesse a seu favor a opinião comum dos doutores saía, naturalmente, reforçada e
impunha-se relativamente às outras.
Cumprindo esta ideia de pluralismo jurídico, podíamos invocar num tribunal a opinião
de um jurista, com base no Direito Romano. Portanto, o Direito Prudencial também
integra a pluralidade de fontes a que se poderia recorrer para resolver um caso da vida,
no primeiro período histórico do Direito português, no espaço físico de Portugal.
Portugal mantinha algumas ligações com Itália, que é o principal centro de produção,
estudo e aplicação do Direito Romano Justinianeu na Idade Média, nomeadamente, a
cidade de Bolonha. Este facto, inculca em alguns historiadores a ideia de que o Direito
Romano é conhecido entre nós desde os primórdios da fundação da nossa
nacionalidade.
No primeiro quartel do séc. XIX o Direito penal português assentava ainda a sua base
legislativa no livro V das Ordenações Filipinas onde estavam tratadas as matérias
relativas aos delitos e às penas. O sistema penal mantém as mesmas características que
já apresentava nas Ordenações Afonsinas e Manuelinas.
As penas eram aplicadas de forma arbitrária e desigual, conforme a condição social do
réu e até mesmo transmissíveis.
Um dos direitos naturais em Portugal é a liberdade. Dá-se uma luta pelo princípio da
legalidade penal. O que o liberalismo vem dizer é que só a lei pode ser fonte do direito
penal e que não há leis retroativas.
Surgem vários diplomas que mostram o carácter desproporcional das penas aplicadas
em pleno século XIX: Carta régia de 1 outubro 1824.
Legisla-se então para suprir alguma falta das Ordenações ou insuficiente rigor das
mesmas.
No séc. XIX o direito penal assentava ainda no Livro V das Ordenações Filipinas, que
consagrava penas cruéis e infamantes, o que levou à necessidade de existir uma reforma
penal, influenciada por teses humanitaristas de Francisco Freire de Melo (sobrinho de
Melo Freire), o qual lançou uma obra em 1822, que impulsionou o movimento
reformador da codificação penal.
Indo buscar as suas raízes filosóficas aos autores racionalistas dos séc. XVII e XVIII e
ao enciclopedismo francês setecentista o humanitarismo no direito penal é de certa
maneira a forma como o jusracionalismo se vai opôr à intolerância religiosa da
ortodoxia da mesma forma que no campo da construção e da sistemática jurídica renova
os quadros dogmática anteriores.
Esta crença na recuperação e correcção dos criminosos não é contudo suficiente para
afastar Freire de Mello da consideração da necessidade da pena de morte. A primeira
questão que ele pôs é a de saber qual o fundamento da mesma. A este respeito afasta o
critério de Beccaria que se baseou na ideia de contrato social para negar que alguém ao
entrar no estado de sociedade tenha oferecido a esta o direito de lhe tirarem a vida.
Freire de Mello apesar do respeito pelo autor italiano não se atreve a negar ao legislador
o direito de impor a pena capital, restringindo-a a dois casos, no assassínio voluntário e
na traição à pátria.
Trazendo para Portugal a escola Humanitarista vem-nos dizer que as leis penais estão
desatualizadas e necessitam de ser atualizadas à luz de alguns princípios:
A medida da pena deve ser determinada pelo fim que se destina a prosseguir
Abolição das penas cruéis
Penas infamantes devem ser abolidas (freire de melo diz que bem aplicadas
podem ser compreensíveis)
Claras e seguras
Transmissibilidade das penas é ilegítima
Pena de prisão deve ter efeito preventivo e não de castigo (abolição pena
perpétua)
Pena de morte, há divergência doutrinária: Freire de Melo não é lapidar apenas a
restringe a dois casos: homicídio qualificado e traição à pátria.
O liberalismo assenta numa ideia muito clara de superioridade da lei. Existe uma forma
rejeição da CRP de 1822 a penas arbitrárias ou desumanas. Existe também uma
proibição de penas transmissíveis. A isto chama-se de humanitarismo penal. A pena de
morte já não era uma questão tão consensual. Por excelência em Portugal, a pena
aplicada era a de degredo. Isto mantêm-se até meados do séc. XX. Alguns dos mais
famosos humanitaristas eram contrários à pena de morte. Esta é primeira proibida para
crimes políticos. No final da guerra civil, foi decretado o final da pena de morte para os
crimes políticos. A pena de morte é abandonada em 1867. Portugal foi dos únicos países
da europa que proibiu a pena de morte e não a abandonou.
Para os autores liberais, o principal bem da sociedade é a liberdade. Assim sendo, a pior
pena seria a pena de prisão. A prisão deveria ser o lugar típico para aqueles que
infringiam a ordem social.
As prisões que existiam antes do liberalismo eram um lugar de detenção onde as
pessoas aguardavam o julgamento ou o degredo. Com o liberalismo, a própria prisão
deveria ser entendida como um castigo.
Desde o séc. XVIII é proibida a prisão por dívidas e não a voltou a instaurar. Hoje em
dia. Todas as normas de direito internacional proíbem a prisão por dividas. Para
substituir isto, instaurou-se a responsabilidade civil. A visão liberal é a que há dois tipos
de responsabilidade civil e a responsabilidade criminal- A primeira manifesta-se apenas
a nível patrimonial. Na responsabilidade criminal cabiam os. Crimes mais graves, que
mereciam penas a nível criminal. Este é um dos tópicos fundamentais do liberalismo.
Ao longo da responsabilidade penal também poderá ter de pagar uma indeminização às
vítimas desse mesmo crime. A responsabilidade criminal é exclusiva do delinquente e
não dos seus familiares. Isto não era evidente no início do sec. XIX. O liberalismo
inventou outro tipo de judiciário, a nível penal. Dá-se a exigência de uma lei e de um
juízo judicial para alguém ser condenado. No início do sec. XIX existiam outras
instituições fora do poder judicial que podiam exercer penas criminais. Não pode existir
pena sem sentença, na medida em que se tivessem natureza criminal tem de decretada
por um juiz.
Princípio de reserva do juiz – certos tipos de matérias têm de ser julgadas por um juiz.
Cada vez se tornava mais árdua a coordenação das várias fontes, a fim de se apurar o
direito aplicável aos diversos casos concretos.
Desconhece-se a duração exata dos trabalhos de revisão. Parece de admitir, todavia, que
a aprovação das Ordenações se tenha verificado pelos fins de 1446 ou, mais
provavelmente, em 1447. Afigura-se, sintetizando, que os naos de 1446 e de 1447,
foram, presumivelmente, da entrega do projeto e o da publicação das Ordenações.
Qual parte das Ordenações terá sido redigida por João Mendes e qual parte é que terá
sido redigida pelo Rui Fernandes?
O Livro I, da autoria de João Mendes, está redigido num estilo diferente dos livros
seguintes, é o chamado estilo direto e decretório, também designado por legislativo.
Este estilo consiste numa forma de redigir a lei como se ela estivesse a ser criada
naquele momento, sendo um estilo mais perfeito do ponto de vista técnico.
Os restantes livros, da autoria do Dr. Rui Fernandes, estão redigidos num estilo
compilatório, ou seja, as leis foram reproduzidas exatamente como teriam sido criadas.
Este estilo consiste na transcrição da norma jurídica, incluindo todas as versões
anteriores da mesma, bem como todos os comentários e anotações que se fizeram sobre
ela, sendo um estilo mais perfeito do ponto de vista histórico.
No entanto, esta explicação das diferenças de estilo, não responde à questão que
colocámos. As matérias que integram os restantes livros eram facilmente compiláveis,
mas no caso dos cargos públicos do Livro I, essas normas foram redigidas
especificamente para este esforço compilatório, não existiam leis anteriores sobre esta
matéria e, por isso, não era possível obedecer ao estilo de mera compilação. Assim,
podemos concluir, então, que não é possível distinguir quais as partes das Ordenações
que foram redigidas por um e por outro autor.
O facto de terem chegado até nós exemplares das Ordenações em número tão
significativo, inculca a ideia de que eles foram fonte de direito vigente no nosso país.
Sistematização:
Contudo, nem sempre se adotou este método. Designadamente, em quase todo o livro I,
utilizou-se o estilo decretório, que consiste na formulação direta das normas sem
referência às suas eventuais fontes precedentes.
Por isso, além das fontes principais do direito, estabeleceu-se um sistema de fontes
subsidiárias, isto é, uma hierarquia de fontes do direito para recorrer na falta de direito
pátrio. Contudo, importa sublinhar que mesmo assim nem todas as fontes de direito que
persistem neste período estão integradas neste elenco das fontes principais e subsidiárias
de direito.
Fontes Principais:
Fontes Subsidiárias:
Como dissemos anteriormente, o direito foraleiro não está aqui previsto, mas ele
permanece como direito aplicado neste período, sendo objeto inclusivamente de
reforma. Os forais estão desatualizados, mas são entendidos pelas populações como as
suas cartas de liberdade e, por isso, eram olhados com particular favor. Assim, também
os monarcas vão olhar para os forais, como é o caso de Manuel I, que será protagonista
de uma reforma desta fonte de direito.
A opinião dos doutores também não está prevista de uma forma direta e imediata, como
vai acontecer nas Ordenações Manuelinas. Ela está apenas prevista de forma implícita.
Valoriza-se Bártolo, sem prejuízo daquilo que os outros doutores possam dizer em
contrário.
Ordenações Manuelinas
A primeira impressão das Ordenações Manuelinas foi realizada por um grande editor da
época, Valentim Fernandes. Este editou entre 1512 e 1513 todos os 5 livros que
integram as Ordenações.
Em 1514, encontra-se uma nova edição dos 5 livros das Ordenações, devida a outro
editor, João Pedro Bonini. Como entre 1514 e 1521, D. Manuel entendeu que faria todo
sentido incluir estas novas leis nas Ordenações, e por isso realizou-se uma nova edição
definitiva em 1521. Após a sua morte ainda é feita outra edição em 1539.
Sistematização:
Relativamente ao mérito técnico deste trabalho, importa dizer que as leis foram rescritas
como se se tratasse de leis novas. É verdade que muitos desses preceitos legais são, no
fundo, um reescrever de preceitos anteriores, mas do ponto de vista técnico avança-se e
aprimora-se o texto afonsino anterior. Abandona-se o estilo compilatório e todo o texto
manuelino, nos vários livros, é escrito no estilo direto e decretório. Por outro lado, como
documento histórico, o texto manuelino perde algum favor face ao texto afonsino
porque agora não é possível perceber de forma imediata se uma determinada lei é nova,
criada naquele tempo histórico, ou se se trata de um reescrever de uma lei antiga.
Fontes principais:
o A lei do rei
o O estilo da corte
o O costume antigo
Fontes Subsidiárias
Outros autores explicam duma outra forma esta opção das Ordenações Manuelinas,
defendendo que Bártolo não foi posto em causa por que a opinião comum dos doutores
foi produto da sua escola e, além disso era preciso deixar em aberto a possibilidade dos
juristas posteriores terem opiniões mais válidas e actualizadas do que ele. Estes autores
fazem aliás notar que a prevalência da opinião comum dos doutores só funciona em
relação a juristas futuros, nunca se contestando a autoridade de Bártolo em relação aos
juristas anteriores ou do seu tempo.
Ordenações Filipinas
São as últimas compilações que conhecemos, foram aquelas que permaneceram mais
tempo em vigor, sendo completamente revogadas apenas no século XIX com a
codificação, designadamente, com o Código Civil de 1867. Porém, veremos primeiro o
contexto que dita o seu aparecimento.
Estas Ordenações têm uma norma que manda revogar/cessar a vigência de todas as
leis extravagantes, com poucas exceções:
o Ordenações da Fazenda
o Artigos das Cinzas
o Leis que se encontrassem transcritas num determinado livro da Casa da
Suplicação
A diferença que surge relativamente às Ordenações anteriores, tem que ver com a
inclusão sistemática, que é uma diferença essencial do ponto de vista político.
Esta matéria estava integrada no Livro II, sobretudo, na parte dedicada aos privilégios
da Igreja e às relações entre o Estado e a Igreja.
Nas Ordenações Filipinas, esta matéria passa a estar trabalhada no Livro III, dedicado
ao Processo Civil.
Podemos fazer um juízo crítico relativamente à inclusão, como fez o Professor Braga da
Cruz.
Será que o Livro III seria a sede mais adequada para tratar aquela matéria?
Fontes Principais
o A lei do Rei
o O estilo da corte - Passou a ter correspondência com o costume judiciário, ou
seja, uma prática repetida nos tribunais superiores que se transformava numa
norma a ser seguida pelos tribunais inferiores. Passou mesmo a consignar-se que
o estilo da corte tinha de ser plural (usado por mais de um tribunal), antigo
(com pelo menos 10 anos) e conforme à razão.
o O costume antigo - Para ser aceite como fonte principal, passou a ter de ser
plural, antigo (com pelos menos 100 anos), conforme à razão e conforme à
lei.
Fontes Subsidiárias
Durante todo o século XIX, mas já com precedentes desde os meados do século XVII, a
Europa assiste a um movimento codificador generalizado, traduzido na elaboração de
amplos corpos legislativos unitários, obedecendo a uma orgânica mais ou menos
científica e que condensavam, autonomamente, as normas relativas aos ramos básicos
de direito, já então individualizados.
Havia que estabelecer a nova ordem decorrente do direito natural racionalista, isto é,
daquele conjunto de normas que traduziam valores imutáveis que se tornava possível
atingir pela razão.
É, pois, em nome da certeza e segurança das relações jurídicas, dum conhecimento
exacto e unívoco do direito e como manifesta expressão de 1 visão racionalista que se
vai preconizar a criação dos códigos nos quais, por ramos do direito, a matéria jurídica
será exposta de forma sistemática e lógica e subordinada ao desenvolvimento de
princípios naturais e imutáveis de equidade, aceites como pontos de partida.
No início do séc. XIX, o debate político não era feito através de partidos. Em Portugal,
os partidos políticos não estavam organizados em organizações, mas sim em grupos de
pessoas com um líder. Isto está ligado à fraqueza da sociedade civil, pois está
organizada em torno de pessoas invés de ideias que constituem partidos políticos.
Só em 1769 é que o direito canónico deixa de ser aplicado nos tribunais seculares.