Manual Da Ufcd Procura e Oferta Turistica
Manual Da Ufcd Procura e Oferta Turistica
Manual Da Ufcd Procura e Oferta Turistica
UFCD 3479
PROCURA E
OFERTA TURÍSTICA
ÍNDICE
Turismo não é só sinónimo de procura turística, mas esta reflete a importância alcançada
pelos movimentos turísticos – a procura é, do ponto de vista económico, a quantidade de
bens e serviços que as pessoas que se deslocam adquirem num determinado momento.
Esta corresponde, então, a todos os bens e serviços que os visitantes adquirem para
realizar as suas viagens, expressas em quantidades.
a) Procura Física
Corresponde às deslocações no âmbito das definições do conceito de visitante (critério
fronteira). A procura é constituída pelos fluxos turísticos medidos pelas chegadas às
fronteiras e pelas dormidas nos meios de alojamento de um país.
b) Procura Monetária
Na vertente monetária, a procura turística é expressa pelo valor do conjunto dos consumos
realizados pelos visitantes - as receitas turísticas; são todos os gastos relacionados com a
viagem.
Corresponde à soma das receitas de origem externa (divisas trazidas pelos estrangeiros)
com os gastos efetuados pelos residentes nas viagens dentro do país.
c) Procura Geográfica
Os movimentos turísticos gerados num determinado espaço geográfico: locais de origem e
destinos. Nesta vertente, são analisados os fluxos turísticos, de onde surgem, por onde
passam e para onde se dirigem.
d) Procura Global
Ao nível de um país, a procura global é avaliada pela “taxa de partida”: relação entre a
população total e a sua parte desta que passa férias, ou que tem propensão para viajar.
Na procura global podemos distinguir dois grupos:
1) Procura Potencial: parte da população que numa dada altura não viaja por
qualquer motivo, mas com condições para viajar no futuro caso os motivos de
impedimento à viagem sejam alterados.
2) Procura Diferida: inclui todos aqueles que não viajam por falta de
oportunidade/condições.
A pirâmide das necessidades apresentada por Maslow leva a considerar que, só após
satisfeita a necessidade do nível inferior, a pessoa é levada a satisfazer as necessidades
do nível superior; isto é, as pessoas tendem a subir na escala das necessidades à medida
que vão adquirindo maior experiência de viagem.
Do mesmo modo, o nível mais elevado de necessidades inclui o nível mais baixo, o que
significa que só quando estão satisfeitas as necessidades dos níveis inferiores se passa
para a satisfação das do nível superior; há um certo número de consumos que só se
realizam quando o rendimento alcança um determinado valor a estes bens assumem o
carácter de bens de luxo ou sumptuários.
Se, no passado, o turismo era um bem de luxo, hoje converteu se num bem que as
pessoas desejam para lá de muitas outras coisas estando dispostas a fazer sacrifícios e
mesmo a endividar se para poderem desfrutar da satisfação que as viagens proporcionam.
Alguns destes fatores exercem uma influência permanente, outros influenciam a procura no
curto prazo e outros atuam sobre o médio e longo prazo.
Determinantes Estruturais
Definem a tendência a médio e longo prazo e que se encontram ligados ao processo de
crescimento económico e ao modo de vida inerente à industrialização. O sentido da sua
evolução é comum à maioria dos países industrializados.
Exemplos: Demografia, desenvolvimento económico, duração do tempo de trabalho,
a densidade populacional e taxa de urbanização.
Determinantes Conjunturais
Ligados à situação económica de cada país e definem, de um período curto para outro, o
volume e o tipo de procura, a duração da permanência, os preços dos serviços turísticos.
Exemplos: Variações cambiais, Inflação.
1) Fatores Socioeconómicos
Rendimentos (São um dos fatores principais, pois as viagens dependem do
rendimento disponível após as outras obrigações e necessidades básicas);
Preços (A procura turística é influenciada pela variação dos preços nos outros
bens, como a alimentação, transportes, etc.);
Demografia (As alterações demográficas e as mudanças na estrutura da população
estão ligadas afetem a procura; não são os países mais populosos do mundo que
origina maior procura. São os países mais desenvolvidos economicamente e de
população mais envelhecida que tem mais relevo na procura turística: foi nestes
países que se desenvolveu o “turismo sénior” e é também nestes países que existe
uma maior taxa de “propensão á viagem”, em virtude dos maiores rendimentos e
maior disponibilidade por parte da população que não tem encargos familiares (ex.
baixa natalidade);
Urbanização (A procura é sobretudo originada por turistas provenientes de zonas
urbanas; é nestas zonas que as pessoas possuem mais rendimentos e também
onde o stress e as tensões obrigam a uma maior necessidade de viajar);
Duração do lazer (o cada vez maior tempo de lazer (redução do horário de
trabalho), o direito a férias pagas pela Organização Internacional do Trabalho,
iniciado em 6 dias em 1936 e atualmente de 22 dias e a idade de reforma cada vez
mais cedo);
2) Fatores Técnicos
São os fatores ligados a o desenvolvimento técnico e tecnológico, tais como a
evolução dos transportes para meios mais rápidos, confortáveis e seguros, que tem
feito aumentar a procura. Iguais efeitos tiveram os meios de comunicações mais
rápidos e menos caros, como a internet, e as novas facilidades nos procedimentos
de reservas, pagamentos e trocas de informações.
3) Fatores Aleatórios
São fatores variáveis, imprevisíveis e ocasionais que afetem os comportamentos
dos consumidores. Exemplos são os fenómenos naturais (tempestade, terramotos)
que impedem as viagens, enquanto outros podem ser um atrativo (ex. erupções
vulcânicas). A instabilidade política pode criar entraves às viagens, bem como os
conflitos sociais (greves, manifestações)
4) Fatores Psicossociológicos
São fatores ligados a gostos, preferências e catos dos consumidores. Podem ser de
ordem pessoal (viajar de acordo às aspirações e desejos individuais, a vontade de
viajar), cultural (viajar é sinónimo de maior conhecimento, maior cultura, status
social) e social (viajar como forma de evasão, fuga à rotina e aos meios urbanos e
aos constrangimentos da vida urbana).
b) Heterogeneidade
As motivações que levam as pessoas a viajar são tão diversas que conduzem a
situações díspares. As pessoas podem viajar por razões pessoais (psicológicas),
sociais (imitação, afirmação social), profissionais (negócios, congressos), familiares
(visitas) e outras.
As motivações tendem a aumentar, levando ao surgir de novos tipos de turismo
e de produtos turísticos:
o Antes, em 1950, os 25 milhões de turistas eram na quase totalidade oriundos
da Europa Ocidental e da América do Norte, pertencentes às camadas sociais
de elevados rendimentos e os motivos das suas deslocações eram muito
semelhantes.
Hoje, cerca de 700 milhões de turistas são oriundos de um número cada maior
de países de todas as idades e classes sociais. Os motivos são cada vez mais
variados, havendo a necessidade de um maior número de produtos para lhes
dar satisfação – este processo é inerente à democratização do turismo e que
acompanha a alteração nos modos de vida.
c) Concentração
A concentração do turismo, em períodos curtos de grande procura e períodos
largos de baixa procura (sazonalidade) podem ser por diversas razões/causas:
Climatéricas: busca do bom tempo e evitar de épocas de frio, chuvas e calor
com demasiada humidade;
Regimes e épocas de férias: as épocas de férias são determinadas em épocas
semelhantes para a maior parte das pessoas;
Hábitos: em relação à escolha do período de férias; hábito de ir sempre na
mesma altura;
Condições sociais: moda e espírito de imitação coincidentes com a época alta;
Razões económicas: quando a produção é baixa (Verão) as empresas
mandam os empregados de férias.
Atrativos:
Apesar da grande diversidade de motivações, a procura turística continua a ser
fortemente concentrada em atrativos. O mar, montanhas, grandes cidades e os
grandes centros culturais concentram as preferências: é para este tipo de destinos
que se dirigem as correntes turísticas mais significativas. Nem todos os países têm
estes tipos de espaços, pelo que também origina concentração.
O turismo de negócios e os parques temáticos são duas tendências com forte
crescimento.
d) Consequências da concentração
A concentração do turismo origina problemas de difícil solução que têm de ser tomados
em consideração no processo de desenvolvimento turístico. Alguns dos problemas são
inerentes, logo não elimináveis, mas podem ser atenuados.
Sazonalidade
A sazonalidade origina problemas para as empresas, para a administração pública,
para os trabalhadores e para os turistas.
Para as empresas turísticas, a sazonalidade provoca a subutilização em épocas
baixas; por vezes onde terão de equipar os empreendimentos de modo a serem
atrativos nestes períodos. Surgem daí também problemas de tesouraria, por
exemplo, muitos hotéis têm mais dificuldades financeiras nesta altura pelos
investimentos feitos para atrair mais turistas.
A administração pública tem que fazer investimentos em infraestruturas para que
não sejam estrangulados os serviços básicos em épocas altas (ex. fornecimento de
energia, água, vias de comunicação em época alta). O mesmo se aplica aos
serviços públicos e o seu reforço nas épocas altas (ex. correio, transportes,
segurança).
Outro problema da sazonalidade na procura, que afeta os turistas, está ligado aos
trabalhadores de serviços turísticos: os trabalhadores fixos são sujeitos a um maior
desgaste e pressão (pior desempenho), enquanto os trabalhadores temporários
podem estar mal preparados para a sua função.
Concentração no espaço
Acontece quando a procura é concentrada em origens, o que é comum à maior
parte dos destinos, cuja procura está dependente de dois ou três mercados.
Atrativos:
Existem concentração neste aspeto quando um determinado pais ou região tem
maior número de atrativos face a outro. Existe cada vez menor dependência de
atrativos históricos e monumentais em virtude do aparecimento de equipamentos
espetaculares que se transformam em recursos turísticos.
Exemplo: os parques temáticos e de diversão (Disney World e Magic Kingdom, Florida,
Sun City – África do Sul ) dão origem a verdadeiras “industrias” do turismo: complexos de
hotéis, restaurantes, comércio, equipamentos desportivos, agências de viagens, guias, etc.
Uma forma de conhecer os motivos que levam as pessoas a viajar deriva dos inquéritos
realizados, junto dos consumidores em geral e, em particular, dos próprios turistas através
dos quais se obtêm informações sobre os seus desejos, necessidades, gostos e
preferências.
A variedade de motivações que originam as deslocações leva a admitir que o turismo não
tenha motivações próprias já que todas as que é possível identificar são comuns a todas as
formas de atividade humana podendo, mesmo, identificar-se motivações opostas em
função das necessidades de cada momento de partida ou em função das caraterísticas
pessoais de cada viajante.
Por vezes, o que leva as pessoas a viajar ou a escolher determinados destinos são
fenómenos coletivos de moda ou imitação. São motivações coletivas que têm origem em
fatores coletivos e não em fatores individuais.
Porém, desde sempre o homem procurou descobrir coisas novas: novos locais, novas
paisagens, novas civilizações. A procura da diversidade e da variedade foi sempre uma
das caraterísticas dominantes do comportamento humano a que, hoje, o turismo permite
dar uma satisfação em condições inexistentes no passado.
Pode, então, dizer-se que o que melhor caracteriza o turismo é a sua faculdade de permitir
a satisfação da necessidade de diversidade e o que distingue o turismo das restantes
atividades é a necessidade de deslocação temporária do homem.
A busca da diversidade, de qualquer coisa de novo, de diferente, constitui o motor da
evolução humana, social e cultural surgindo logo após a satisfação das necessidades
fundamentais. Esta é a base geral das motivações que levam à deslocação durante o
tempo livre.
Com base nestas considerações podemos concluir que o turismo se deve orientar pelo
princípio básico de manter e valorizar as diferenças culturais, conceptuais e arquitetónicas.
2. Divertimento e Descanso
a) Escapar à rotina;
b) Passar o tempo agradavelmente;
c) Repousar;
d) Fazer o que quiser, ser livre.
3. Saúde
a) Recuperar da fadiga física e mental;
b) Fazer tratamentos;
c) Cuidar da saúde, prevenir as doenças.
4. Razões Étnicas
a) Visitar o berço familiar;
b) Visitar os locais que a família ou os amigos já visitaram;
c) Visitar parentes e amigos.
5. Sociológicas e Psicológicas
a) Aprender a conhecer o mundo;
b) Snobismo;
c) Conformismo;
d) Aventura.
6. Climatéricas
a) Escapar às condições climatéricas adversas;
b) Tomar banhos de sol;
c) Praticar desportos de Inverno.
7. Profissionais e Económicas
a) Participar em reuniões, congressos, missões, exposições, feiras;
b) Realizar estudos;
c) Desenvolver ou realizar negócios.
8. Diversas
a) Participar em reuniões políticas;
b) Praticar atividades desportivas;
c) Retomar a forma.
Entre estas duas categorias extremas encontra-se a maioria da população turística que se
reparte por três categorias intermédias: os quase-psicocêntricos, os cêntricos e os quase-
alocêntricos.
Psicocêntricos
Destinos que não perturbem o seu modo de vida;
Atividades recreativas pouco originais;
Turismo sedentário;
Destinos acessíveis por automóvel;
Instalações e equipamentos turísticos tradicionais;
Viagens organizadas, estruturadas e bem preparadas.
Quase-Psicocêntricos
Satisfação do ego e procura de “status”;
Procura de conforto social;
Visitas a locais muito frequentados ou mencionados pelos meios de comunicação
social.
Cêntricos
Descontração e prazer: simples diversão e entretenimento;
Clima, sol, termas;
Mudança durante algum tempo;
Oportunidade de fugir aos problemas diários;
Atracão real ou imaginária do destino;
Gratificação sensual: gastronomia, descanso, conforto, bebida;
O prazer de viajar e a apreciação da beleza: parques naturais, lagos, montanhas;
Compras para recordações e ofertas;
O prazer sentido antes e depois da viagem: planeamento da viagem,
aprendizagem, sonho e, posteriormente, o prazer de mostrar fotografias,
recordações e de descrever a viagem.
Quase-Alocêntricos
Participar em certames ou atividades desportivas;
Viagens de tipo desafio: explorações, alpinismo, passeios a pé, peregrinações;
Viagens de negócios, congressos, reuniões, convenções;
Visitas a teatros, espetáculos especiais;
Oportunidades de experimentar um estilo de vida diferente.
Alocêntricos
Regiões não desenvolvidas turisticamente;
Novas experiências e descobertas;
Destinos “diferentes”;
Atividade desdobrante durante a estada;
Viagens de organização flexível;
Atrativos educacionais e culturais;
Procura do exótico;
Satisfação e sensação de poder e liberdade;
Melhoria de perspetivas.
Os psicocêntricos despendem a quase totalidade do seu tempo e dos seus recursos nos
empreendimentos que utilizam, não contribuindo para o desenvolvimento do centro
turístico, mas contribuindo para o aumento da sua frequência.
A ligação entre os tipos de turistas e os tipos de destinos fornece um método para prever o
comportamento das viagens, mas duas coisas têm de ser observadas:
Um turista pode viajar por motivos diferentes de uma viagem para a outra;
Um determinado destino pode garantir uma variedade de experiências que podem
satisfazer um grande número de turistas dependendo da forma como a viagem for
organizada.
Embora as razões que levam os homens a viajar sejam extremamente variadas e, muitas
vezes, se misturem na mesma pessoa, é possível distinguir certos tipos de turismo e
agrupando por afinidades os motivos de viagens, podem destacar-se os tipos a seguir
enumerados que, porém, não esgotam todos os que se podem identificar nem estabeleçam
uma barreira entre eles.
Ilustração 2 – Tipos de Turismo
Turismo de Recreio
Este tipo de turismo é praticado pelas pessoas que viajam para «mudar de ares»,
por curiosidade, ver coisas novas, desfrutar de belas paisagens, das distrações que
oferecem as grandes cidades ou os grandes centros turísticos.
Algumas pessoas encontram prazer em viajar pelo simples prazer de mudar de
lugar, outras por espírito de imitação e de se imporem socialmente.
Este tipo de turismo é particularmente heterogéneo porque a simples noção de
prazer muda conforme os gostos, o carácter, o temperamento ou o meio em que
cada um vive.
Turismo de Repouso
A deslocação dos viajantes incluídos neste grupo é originada pelo facto de
pretenderem obter um relaxamento físico e mental, de obterem um benefício para a
saúde ou de recuperarem fisicamente dos desgastes provocados pelo «stress», ou
pelos desequilíbrios psicofisiológicos provocados pela agitação da vida moderna, ou
pela intensidade do trabalho.
Para eles, o turismo surge como um fator de recuperação física e mental e
procuram, por via de regra, os locais calmos, o contacto com a natureza, as
estâncias termais ou os locais onde tenham acesso à prestação de cuidados físicos
Turismo Cultural
As viagens das pessoas incluídas neste grupo são provocadas pelo desejo de ver
coisas novas, de aumentar os conhecimentos, de conhecer as particularidades e os
hábitos doutras populações, de conhecer civilizações e culturas diferentes, de
participar em manifestações artísticas ou, ainda, por motivos religiosos.
Os centros culturais, os grandes museus, os locais onde se desenvolveram no
passado as grandes civilizações do mundo, os monumentos, os grandes centros de
peregrinação ou os fenómenos naturais ou geográficos constituem a preferência
destes turistas.
Incluem-se neste grupo as viagens de estudo, bem como as realizadas para
aprender línguas.
Turismo Desportivo
Hoje as motivações desportivas respeitam a camadas cada vez mais vastas das
populações de todas as idades e de todos os estratos sociais, quer se trate de
assumir perante as atividades desportivas uma atitude passiva, quer ativa.
No primeiro caso, o objetivo da viagem é o de assistir às manifestações desportivas
como os jogos olímpicos, os campeonatos de futebol, os jogos de inverno; no
segundo, o objetivo centra-se nas práticas de atividades desportivas como a caça, a
pesca, os desportos náuticos, o alpinismo, o ski, o ténis, o golfe, etc.
As modernas tendências da procura, em que a preferência pelas férias ativas
assume uma importância cada vez maior, obrigam a que o desenvolvimento de
qualquer centro turístico deva ser equipado com os meios mais apropriados à
prática dos desportos tendo em consideração as possibilidades de cada local.
Turismo de Negócios
As profissões e os negócios têm como consequência movimentos turísticos
importantes e de grande significado económico, hoje extraordinariamente
desenvolvido pelo crescente grau de internacionalização das economias e das
empresas, pelo aumento das reuniões científicas e pela proliferação de
manifestações de divulgação de produtos, como as feiras e as exposições.
Do mesmo modo, constituem frequentemente ocasiões para viajar as visitas aos
grandes complexos industriais ou técnicos e às explorações agrícolas ou pecuárias
bem como a participação em congressos.
Incluem-se neste grupo as deslocações organizadas pelas empresas para os seus
colaboradores, quer como prémio, quer para participarem em reuniões de contacto
com outros que trabalham em locais ou países diferentes: as chamadas «viagens
de incentivo».
Este tipo de turismo assume um elevado significado para os locais ou países
visitados na medida em que, regra geral, as viagens são organizadas fora das
épocas de férias e pagas pela empresa, ou pela instituição a que os viajantes
pertencem.
Implica, contudo, a existência de equipamentos e serviços adequados, tais como
salas de reuniões, centros de congressos, espaços para exposições e facilidades
de contactos internacionais.
Turismo Político
A participação em acontecimentos ou reuniões políticas provocam uma
movimentação significativa de pessoas, quer se trate de ocasiões esporádicas, quer
de reuniões ou acontecimentos regulares.
São exemplos das primeiras as comemorações do duplo centenário da Revolução
Francesa, em Paris, os funerais do Imperador do Japão, ou, mais distante, a
coroação da Rainha de Inglaterra; são exemplos das segundas as reuniões
originadas pelos trabalhos da União Europeia em Bruxelas, ou pelo Parlamento
Europeu em Estrasburgo.
São, porém, casos específicos que não traduzem a realidade dos movimentos das
pessoas por razões políticas já que, diariamente, eles se verificam com maior ou
menor intensidade, quer interna, quer internacionalmente.
Tem caraterísticas e efeitos semelhantes ao turismo de negócios e exige ainda
condições idênticas, necessariamente acrescidas de uma organização mais
cuidada por razões diplomáticas e de segurança.
Turismo de Saúde
Termalismo
O termalismo é praticado desde, pelo menos, os tempos da ocupação romana. As
qualidades terapêuticas das águas foram desde então utilizadas, tendo atingido, a
nível europeu o seu maior desenvolvimento, nos séculos XVIII e XIX.
A permanência, durante um certo período de tempo, nas termas, oferece a imagem
tranquilizadora de cuidados sérios com a saúde, fazendo, atualmente, as termas um
esforço para se adaptarem às novas exigências científicas e tecnológicas da nossa
época.
Paralelamente a este esforço de modernização assiste-se ao aparecimento de
novos produtos designados “Fitness” ou “Manter a Forma”, que complementam os
tradicionais produtos para clientes que buscam a cura de um determinado tipo de
doença.
Os clientes dos produtos “Fitness” desejam encontrar o equilíbrio mais intensivo,
uma vez que engloba aspetos físicos, psicológicos e sociológicos. Trata-se de um
bem-estar que se liga a sentimentos de reequilíbrio e de vitalidade, ou seja, manter
a unidade do corpo e do espírito, para além das adversidades da vida.
Turismo Religioso
De forma a simplificar podemos afirmar que existem duas grandes correntes
religiosas:
As religiões para as quais a peregrinação faz parte integrante da prática
religiosa (católicos, muçulmanos e budistas). Estas religiões, em particular a
católica, criaram organizações para encorajar e facilitar a sua prática.
As religiões para as quais a peregrinação não existe, mas cujos crentes,
praticam pelo menos uma forma de turismo ligada à religião – os Judeus e os
Protestantes visitam locais que guardam as marcas dos seus correligionários:
lugares de memória que são em geral, lugares de peregrinação.
O Turismo religioso tem normalmente três tipos de abordagem:
1. A abordagem espiritual – o turismo é um meio do indivíduo se aproximar de DEUS. O
participante encara a peregrinação como parte integrante da sua prática religiosa.
Aquele que realiza esta viagem pode, a qualquer instante, tocado pela emoção do lugar
ou pelo espírito que o habita, converter-se a esta fé.
2. A abordagem sociológica – o turismo religioso é um meio para o crente conhecer
melhor a história do grupo a que pertence.
3. A abordagem cultural – a visita a lugares de culto e a santuários é um modo do
indivíduo, crente ou não, compreender as religiões, que influenciam as nossas
sociedades, no plano histórico, sociológico e simbólico.
A maior parte do turismo internacional que chega à Europa provém de países da própria
região, daí poder afirmar-se que existe o mercado “Europa” dentro da região Europa, sendo
este o mais importante e, por vezes, pouco valorizado.
Desta forma, podemos concluir que os países do Norte da Europa são países
predominantemente emissores de turistas, ao passo que os países do sul da Europa são
predominantemente recetores.
Os mercados de origem dos hóspedes que ocupam o top 5 no ano de 2019 foram:
Espanha, Reino Unido, França, Alemanha e Suíça.
Estima-se que em 2019 o número de chegadas a Portugal de turistas não residentes tenha
aumentado 7,9% para 24,6 milhões (crescimento de 7,5% em 2018).
Espanha manteve-se como o principal mercado emissor de turistas internacionais (quota
de 25,5%; +0,1 p.p.), tendo registado um crescimento de 8,2% em 2019 e contribuído com
cerca de 26,1% para o acréscimo total no número de turistas chegados.
Os turistas do Reino Unido (15,4% do total) aumentaram 7,6%.
As chegadas de turistas de França (quota de 12,6%) cresceram 2,1%, com este país a
perder alguma representatividade (-0,7 p.p.).
O mercado alemão (7,9% do total) apresentou uma variação nula em 2019, enquanto o
mercado brasileiro (5,5% do total) aumentou 13,9%.
Os recursos turísticos são constituídos pelo património turístico, que, mediante uma
intervenção do homem, se transformam em património utilizável.
Bens imateriais
Resultando da maneira de viver do homem, exercem sobre os outros homens um
fenómeno de atracão: tradições, cultura, exotismo, tipicidade.
Recursos Naturais
Os recursos naturais são todos os elementos do meio natural que podem ser utilizados
para satisfação de necessidades humanas.
Designa-se como núcleos recetores naturais todos os destinos que baseiam a sua
capacidade de geral movimentos turísticos na existência de atracões naturais, ou seja,
não produzidas pela atividade humana.
O quadro seguinte apresenta uma proposta de tipologia dos principais tipos e subtipos de
atracões naturais que se constituem como recursos para o turismo:
TIPOS SUB-TIPOS
Montanhas Serras
Picos
Morros/ colinas
Hidrografia Rios
Estuários
Lagos/ lagoas
Praias fluviais
Quedas d’água
Zonas costeiras ou litorais Praias
Baías/ enseadas
Falésias
Cabos/ pontas
Dunas
Florestas Pinhais
Eucaliptais
Soutos
Diversos Pântanos
Reservas especiais de flora e
fauna
Fontes hidrominerais/ termais
Áreas de caça e pesca
Recursos Culturais
Os recursos culturais constituem os elementos ligados à evolução das civilizações
decorrentes da intervenção humana.
O quadro seguinte apresenta uma proposta de tipologia dos principais tipos e subtipos de
atracões culturais que se constituem como recursos para o turismo:
Tipos Subtipos
Equipamentos de Museus
pesquisa e lazer Bibliotecas
Arquivos
Institutos históricos e
geográficos
Negócios Primários
Compreendem os meios para a realização das viagens, os sistemas de transporte e as
razões para viajar (as atracões), nele se incluindo os transportes, a organização das
viagens, o alojamento, o fornecimento de refeições (catering) e as atracões turísticas.
Negócios secundários
São aqueles que beneficiam diretamente dos gastos dos turistas, normalmente no destino,
mas nem sempre, tais como os seguros, os bancos, serviços pessoais (cabeleireiros,
limpeza) ou lojas comerciais.
Negócios Terciários
São aquele cujo benefício resulta indiretamente dos consumos (gastos) dos turistas, tais
como os serviços públicos, a publicidade ou o fornecimento de combustíveis.
Em função da importância de algumas atividades têm para o turismo e sem as quais não é
possível estruturar-se como atividade económica, podem eleger-se os seguintes principais
grupos de atividades ou negócios para o turismo:
Atracões: parques temáticos, museus, parques nacionais, centros históricos e
arqueológicos, atividades desportivas, balneários terapêuticos e termais, grutas,
casinos;
Transportes: companhias aéreas, caminhos-de-ferro, transportes rodoviários, aluguer
de automóveis;
Alojamento: hotelaria, apartamentos, aldeamentos, caravanismo, aldeias de férias,
campismo;
Alimentação e bebidas: restaurantes, bares, cervejarias, cafetarias;
Recreio e desporto: golfe, discotecas, ténis, parques aquáticos, piscinas,
espetáculos, mergulho, pesca;
Mistas: cruzeiros marítimos e fluviais, marinas e portos de recreio, excursões;
Organização de viagens: operadores turísticos, agências de viagens; organização de
conferências, reservas;
Administração e informação: organismos oficiais de turismo, associações, órgãos
locais e regionais de turismo.
Transporte
O transporte faz parte integrante do sistema turístico. É o transporte que permite o acesso
ao destino a partir da residência habitual dos visitantes.
Considerando que o meio de transporte turístico é aquele que é utilizado por um visitante
para se deslocar entre o seu lugar de residência habitual e os lugares visitados podemos
classificá-los do seguinte modo:
Transportes Aéreos
Voos regulares;
Voos não regulares;
Voos de baixo custo;
Outros serviços aéreos.
Transportes Marítimos
Barcos de linhas regulares;
Cruzeiros;
Diversos.
Transportes Terrestres
Caminhos-de-ferro;
Autocarros e outros transportes públicos por estrada;
Veículos privados (até 8 lugares);
Veículos de aluguer;
Outros transportes terrestres.
Alojamento
Embora possam existir fluxos turísticos sem alojamento (caso das localidades visitadas por
excursionistas), não é possível estruturar destinos turísticos sem alojamento. O alojamento
é a base essencial do destino turístico e sem o qual este não existe como tal.
O alojamento turístico apenas representa, para o turista, um meio para desfrutar das
atracões do destino, não constituindo uma atracão.
Por vezes, os meios de alojamento, pelas suas caraterísticas ou pelas suas tradições e
representações históricas constituem uma atracão em si mesmos exercendo uma função
idêntica à dos outros recurso naturais e patrimoniais.
Os meios e formas de alojamento turístico são muito diversificados e variam de país para
país e de época para época, não sendo fácil encontrar um conceito único e válido
universalmente.
Restauração e bebidas
No ramo dos restaurantes, encontramos várias formas de exploração diversas.
Restaurante Tradicional
Designa aquele que tem serviço apenas de comida, sem proporcionar qualquer outra
distração. É o restaurante clássico, com serviço à lista, de mesa redonda, ou com ambos.
Mais ou menos luxo, maior ou menor categoria, de acordo com o tipo de estabelecimento.
Restaurante Típico
Restaurantes que pela cozinha, mobiliário, decoração e eventualmente, pela exibição de
folclore, apresentam no todo um ambiente característico de um país ou de uma região.
Snack-Bar
São estabelecimentos mistos, entre o bar e a restauração. Onde se servem refeições
ligeiras (quentes ou frias), de preparação rápida e a qualquer hora.
Taberna ou Tasca
Estabelecimento onde a venda de vinhos é o principal negócio, mas onde algumas vezes
se vendem também pratos típicos regionais ou sanduíches. A decoração é simples, com a
exibição de grandes tonéis e um balcão para atendimento ao cliente, para além de toscas
mesas.
Bar
O bar é um estabelecimento confortável, com mesas baixas e cadeiras estofadas ou
tamboretes. A sua principal atividade é a venda e preparação de bebidas, o que inclui uma
oferta mais sofisticada que pode abarcar os cocktails. O bar pode funcionar como unidade
independente ou agregado a uma exploração hoteleira.
Café
Estabelecimentos destinados à venda de café em chávena e bebidas alcoólicas. Na sala,
distribuem-se várias mesas, servidas por empregados que efetuam o transporte das
bebidas em bandejas. Não são estabelecimentos muito luxuosos, mas têm por vezes uma
decoração agradável.
Animação turística
Todas as atividades que visam contribuir para melhorar ou aumentar as condições
de atracão, constituir um meio para a ocupação dos tempos livres dos visitantes ou
para satisfação das necessidades e experiências decorrentes da sua permanência
no local visitado.
Produto turístico – conjunto dos elementos que, podendo ser comercializado, direta ou
indiretamente, motiva as deslocações, gerando uma procura.
FASE EMBRIONÁRIA
A descoberta ou criação de um novo produto desenvolve-se nos planos técnico,
conceptual e comercial até que possa ser lançado no mercado sob a forma de
produto novo.
Caraterísticas desta fase:
Despesas elevadas;
Risco elevado;
Lucros negativos.
FASE DE INTRODUÇÃO
Corresponde ao período de penetração no mercado sendo a fase mais crucial em
que a margem entre o sucesso e o fracasso é mínima. O sucesso dependerá da
aceitação do produto e também da política comercial adotada.
Caraterísticas desta fase:
Elevados custos;
Volume de vendas relativamente baixo;
Lucros negativos ou muito reduzidos.
FASE DE CRESCIMENTO
Caraterizada pela aceitação do produto ou serviço pelos consumidores, traduzindo-
se pelo crescimento das vendas e dos lucros.
Caraterísticas desta fase:
As despesas de promoção mantêm-se elevadas;
Surgem os concorrentes atraídos pelo sucesso do produto lançado;
Começam a manifestar-se erros na gestão das empresas, cujas consequências
vão ser sentidas posteriormente.
FASE DE MATURIDADE
As vendas ainda aumentam, mas as taxas de crescimento são cada vez mais
reduzidas entrando num plano de estagnação.
Caraterísticas desta fase:
Concorrência torna-se maior;
Margens de lucro diminuem;
Preços competitivos da parte da concorrência;
Procura de novas vias para manter a quota de mercado.
SATURAÇÃO
Surge quando as vendas atingem o máximo e o produto ou o serviço alcançou o maior
grau possível de penetração no mercado.
Caraterísticas desta fase:
Produtos tornam-se obsoletos dando lugar à inovação de outros produtos que
substituem os anteriores.
DECLÍNIO
A procura reduz-se rapidamente, as despesas de publicidade são baixas e inicia-se a
fase de prejuízos e os produtos tendem a desaparecer e, muitas vezes, com eles, as
próprias empresas.
Caraterísticas desta fase:
Quando um produto entra na fase da saturação é possível evitar o declínio
mediante alterações que o vivifiquem ou o adaptem às novas exigências do
mercado.
Dá-se, então, uma inovação parcial ao alterar-se um ou mais elementos do
produto e uma inovação total, ou seja, uma renovação, quando se alteram,
simultaneamente, todos os elementos que o constituem.
Bibliografia