Questões de Exames de Filosofia
Questões de Exames de Filosofia
Questões de Exames de Filosofia
º ano
B. das conclusões.
C. das premissas.
D. das proposições.
B. a conclusão falsa.
3. Como é que as mulheres conquistaram os direitos que têm? Sem dúvida que foi através da
luta ativa, pois foi através da luta ativa que conquistaram o direito de voto, foi através da luta
ativa que conquistaram o direito à igualdade de oportunidades no emprego, e também foi
através da luta ativa que conquistaram o direito de frequentar o ensino superior.
Qual é a conclusão deste argumento?
A. Foi através da luta ativa que as mulheres conquistaram o direito de voto.
C. Foi através da luta ativa que as mulheres conquistaram o direito de frequentar o ensino
superior.
D. Foi através da luta ativa que as mulheres conquistaram os direitos que têm.
6. Há quem diga que a astrologia é uma ciência e há quem diga que não. A verdade é que a
astrologia não é uma ciência, porque, se fosse uma ciência, as teorias dos astrólogos seriam
submetidas a testes. Mas as teorias dos astrólogos não são submetidas a testes.
Qual é a conclusão deste argumento?
A. Há quem diga que a astrologia é uma ciência e há quem diga que não.
B. A astrologia não é uma ciência.
C. As teorias dos astrólogos não são submetidas a testes.
D. Se a astrologia fosse uma ciência, as teorias dos astrólogos seriam submetidas a testes.
10. Os filósofos querem saber se o conhecimento é possível, porque procuram o conhecimento, e quem
procura o conhecimento quer saber se o conhecimento é possível.
O argumento anterior é:
A. válido, porque as premissas são verificáveis.
13. Os filósofos querem ser justos, pois são pessoas bondosas, e todas as pessoas bondosas
querem ser justas.
O argumento anterior é válido, porque:
A. a verdade das premissas implica a verdade da conclusão.
B. a conclusão é verificável.
16. No argumento «Miguel é médico e, por isso, Miguel tem formação universitária», a
premissa omitida é:
A. «Os indivíduos com formação superior são médicos».
19. Cada pessoa tem a sua opinião, como se vê nos debates televisivos, em que nunca se chega
a um acordo. Por isso, não podemos negar que a verdade é relativa, pois haveria consenso
entre as pessoas se a verdade fosse absoluta.
O texto anterior exprime um argumento cujas premissas são:
A. Se a verdade fosse absoluta, haveria consenso entre as pessoas; não há consenso entre
as pessoas.
B. Cada pessoa tem a sua opinião, como se vê nos debates; não podemos negar que a
verdade é relativa.
C. Quando discutem, as pessoas deveriam chegar a um acordo; não devemos procurar uma
verdade absoluta.
D. Os debates televisivos são inúteis, porque não se chega a um consenso; a verdade não é
absoluta.
21. Os argumentos:
A. são verdadeiros ou falsos; não são válidos nem inválidos.
B. não são verdadeiros nem falsos; não são válidos nem inválidos.
1. A ciência está na base das tecnologias que mudaram as nossas vidas. Por conseguinte, para que o
avanço tecnológico não abrande, os investimentos em ciência não devem ser reduzidos.
2. Após a Segunda Guerra Mundial, importava assegurar a recuperação económica dos países
europeus envolvidos. Além disso, os líderes das principais nações europeias pretendiam impedir
um novo conflito armado. Foi esta dupla ambição que esteve na origem da União Europeia.
27. Será que os computadores pensam? Há quem considere que sim, mas eu considero que não,
pois pensar é bastante mais do que processar informação, e os computadores apenas se
limitam a processar informação.
Quem argumenta deste modo conclui que:
A. talvez os computadores pensem.
Alguns futebolistas ganham muito dinheiro. Outros, porém, ganham pouco. No entanto, o futebol é um
desporto bastante igualitário. Se o compararmos com a natação, o basquetebol ou o râguebi,
percebemos porquê. Qualquer um pode jogar futebol, mas, para jogar basquetebol ou râguebi, poucos
atletas são suficientemente altos ou musculosos. E pode-se jogar futebol em qualquer lugar, desde
que alguém tenha uma bola, ao passo que a natação exige instalações desportivas muito
dispendiosas. Na verdade, só um grande investimento permite dispor de uma piscina.
A conclusão do argumento é:
A. «só um grande investimento permite dispor de uma piscina».
As leis devem escolher, do conjunto das regras éticas, aquelas cujo incumprimento, pela sua
gravidade e importância para a vida das pessoas, merece uma sanção social. (...)
O ato não é mau porque é proibido, mas é proibido porque é mau!
A. P. Barbas Homem, O que é o Direito?, Estoril, Principia, 2001, pp. 38-39 (adaptado).
30. O argumento «Alguns minhotos são portugueses; portanto, alguns portugueses são
minhotos» é…
A. válido, porque a conclusão se segue da premissa.
31. A proposição «os gatos têm asas» não pode fazer parte de um argumento…
A. não sólido.
B. inválido.
C. sólido.
D. válido.
33. O Estado deve financiar diretamente as pessoas com deficiência para que tenham uma vida
independente. Porém, o Estado tem optado por financiar instituições que apoiam essas
pessoas; só que, assim, o Estado acaba por gastar mais do que gastaria se financiasse
diretamente as pessoas com deficiência que querem ter uma vida independente. Mas, mais
importante ainda do que as questões financeiras, é a razão moral de que ter uma vida
independente é um bem.
As premissas deste argumento são as seguintes:
A. ter uma vida independente é um bem; o Estado deve financiar diretamente as pessoas com
deficiência para que elas tenham uma vida independente.
B. o Estado tem errado ao contrariar o que é desejável; o Estado tem financiado inutilmente
instituições que apoiam pessoas com deficiência.
C. ter uma vida independente é um bem; o Estado gastaria menos se financiasse diretamente
as pessoas com deficiência que querem ter uma vida independente.
D. o Estado tem errado ao contrariar o que é desejável; o Estado deve financiar diretamente as
pessoas com deficiência para que elas tenham uma vida independente.
Tal como os estudos experimentais mostraram, (...) fazemos o que fazemos por causa do que
aconteceu (...). Infelizmente, o que aconteceu deixa poucas pistas observáveis, e os motivos para
fazermos o que fazemos (...) ultrapassam, assim, largamente o alcance da autoanálise.
Talvez seja por isso (...) que o comportamento tem sido tão frequentemente atribuído a um ato de
vontade que o desencadeia, produz ou cria.
B. F. Skinner, Recent Issues in the Analysis of Behavior, Columbus, Merrill Publishing Company, 1989, p. 15 (adaptado).
37. «Algumas bicicletas não são veículos com duas rodas» é expressão canónica de:
A. Algumas bicicletas têm mais do que duas rodas.
38. Considere o argumento seguinte: «O dalai-lama é uma pessoa bondosa; por isso, rejeita
a violência.»
Que premissa deve ser introduzida no argumento para o tornar válido?
A. «O dalai-lama não é uma pessoa violenta».
39. Nas últimas décadas, os carros tornaram-se maiores e é mais difícil estacioná-los. Por isso, os
lugares de estacionamento devem passar a ser maiores. É um facto que precisamos de
cidades com mais espaços verdes e menor área de estacionamento, mas seria absurdo as
pessoas não terem onde deixar os seus carros.
A conclusão deste argumento é:
A. «seria absurdo as pessoas não terem onde deixar os seus carros.»
40. Alguns cozinheiros premiados são portugueses. Logo, alguns portugueses são cozinheiros
premiados.
Para determinar a validade do argumento anterior:
A. apenas é preciso apurar se a conclusão e a premissa são verdades conhecidas.
B. apenas é preciso verificar se a conclusão pode ser falsa, caso a premissa seja verdadeira.
42. A frase «na manhã do dia 15 de janeiro de 1770, o Marquês de Pombal, em vez de tratar
de assuntos políticos, deixou-se ficar na cama a beber chocolate e a ler poesia»:
A. não exprime uma proposição, porque não sabemos se é verdadeira ou falsa.
B. exprime uma proposição, ainda que não seja verdadeira nem falsa.
C. exprime uma proposição, ainda que ignoremos qual é o seu valor de verdade.
O direito à vida implica o direito a prolongar a vida através do acesso aos melhores cuidados médicos
disponíveis. Assim, numa sociedade justa, se todos têm igual direito à vida, então todos têm igual
direito a prolongar a vida através do acesso aos melhores cuidados médicos disponíveis. Por
conseguinte, numa sociedade justa, não é aceitável que o acesso aos melhores cuidados médicos
disponíveis dependa do poder económico dos indivíduos ou das suas famílias. Em contrapartida,
numa sociedade injusta, impera literalmente o princípio do «salve-se quem puder».
De acordo com a lei portuguesa, um peão pode ser multado por atravessar uma via urbana fora das
passadeiras. Isso significa que as pessoas que se deslocam a pé devem procurar passadeiras para
atravessarem a rua. Deste modo, para que os condutores de automóveis possam circular
despreocupadamente a maior velocidade, as pessoas que se deslocam a pé são obrigadas a fazer
trajetos mais longos. Tal desigualdade é injusta e só pode ser corrigida por uma alteração da lei.
B. os peões são obrigados a fazer trajetos mais longos para utilizarem as passadeiras.
46. As frases «António Costa era primeiro-ministro de Portugal em 2018» e «Em 2018,
Portugal tinha como primeiro-ministro António Costa»
A. representam duas proposições verdadeiras.
48. Durante muito tempo, a combustão foi explicada com base numa substância – o flogisto
– que se supunha existir. Mas a investigação mostrou que, afinal, essa substância não
existia. Isto significa que argumentos que se apoiassem na existência do flogisto não
poderiam ser sólidos, porque:
A. uma das suas premissas não tinha justificação.
B. da inferência.
C. do termo.
D. da conclusão.
B. as conclusões da inferência.
52. No argumento «Mentir é agir de uma forma moralmente errada. Logo, falsificar a
declaração de rendimentos é agir de uma forma moralmente errada», a premissa
subentendida é:
A. «enganar as Finanças é moralmente errado».
Tendo em conta as questões ambientais, será razoável adiar o investimento em comboios de alta
velocidade? As viagens de comboio elétrico têm uma menor pegada carbónica do que as viagens de
avião. Mas as viagens de comboio só atraem passageiros se forem muito rápidas. Ora, a rapidez
destas viagens consegue-se com estações ferroviárias centrais e comboios de alta velocidade.
Selecione a opção que apresenta a principal tese defendida por quem profere o discurso
anterior.
A. As viagens de comboio têm a menor pegada carbónica.
56. A clonagem humana reprodutiva é uma tecnologia que pode ser objeto de debate
filosófico, na medida em que se procura:
A. saber o que a maioria das pessoas informadas pensa sobre o assunto.
57. Nos argumentos que são válidos, mas que não são sólidos:
A. a conclusão não se segue das premissas.
Outras questões
7. O Carlos encontrou a Diana numa esplanada sobre o rio Guadiana. A Diana disse-lhe:
‒ Gosto de rios, mas também gosto de lagos rodeados de montanhas.
O Carlos acrescentou:
‒ Nesse caso, gostas de alguns lagos suíços, pois na Suíça há lagos rodeados de montanhas.
Qual dos dois tipos de argumentos – dedutivo ou não dedutivo – usou o Carlos para
concluir que a Diana gosta de alguns lagos suíços? Justifique.
Defina «argumento dedutivamente válido».
Caso discordasse desta afirmação, teria de mostrar que nenhum ato tem uma motivação
egoísta?
Justifique.
B. inválido, pois existe a possibilidade de tanto as premissas como a conclusão serem falsas.
B. P \ (Q Ù R)
C. P → (Q Ù R)
D. P → (Q Ú R)
6. Qual das seguintes formas proposicionais representará uma proposição falsa, caso
tanto P como Q representem proposições verdadeiras?
A. P Ú Q
B. P ↔ Q
C. P → Q
D. (P Ù Q)
Se a alma for eterna, vale a pena sermos bons. Ora, a alma não é eterna. Portanto, não vale a pena
sermos bons.
Outras questões
A arte é imitação ou é expressão de sentimentos. Ora, a arte não é imitação. Daí que seja expressão
de sentimentos.
A → B
B
\ A
A B A → B, B \ A
AÚB
B
\A
A B A Ú B, B \ A
A B [(A Ú B) Ù B] → A
(C Ù B) → A
6. Admitindo que uma conjunção é falsa, será possível determinar o valor de verdade da
disjunção composta pelas mesmas proposições simples? Justifique.
P = Deus existe.
Q = A vida tem sentido.
R = A vida vale a pena ser vivida.
8. Admitindo que uma condicional é falsa, qual é o valor de verdade de uma conjunção
composta pelas mesmas proposições simples? Justifique.
Se o António é um intelectual português contemporâneo, então leu Eduardo Lourenço e leu José Gil.
O António não leu Eduardo Lourenço nem José Gil. Logo, o António não é um intelectual português
contemporâneo.
P Q R P → (Q Ù R) Q Ù R P
10. Teste a validade do seguinte argumento, aplicando o método das tabelas de verdade ou
outro método.
Se Cícero é um orador persuasivo, então utiliza um discurso sedutor e cativa o auditório. Cícero é um
orador persuasivo. Logo, Cícero cativa o auditório.
Exemplo
P Q R P → (Q Ù R) P R
11. Teste a validade do seguinte argumento, aplicando o método das tabelas de verdade ou
outro método.
Emanuel orienta o seu comportamento tendo em conta os seus deveres ou orienta o seu
comportamento prevendo as consequências das suas ações. Se Emanuel orienta o seu
comportamento prevendo as consequências das suas ações, é omnisciente. Mas Emanuel não é
omnisciente. Logo, Emanuel orienta o seu comportamento tendo em conta os seus deveres.
P Q R PÚQ Q→R R P
Se os cientistas não criarem novas teorias e não criarem novos modelos de explicação da vida, então
não poderemos provar que há vida em Marte.
(P Ù Q) → Q
Q
\PÙQ
P Q (P Ù Q) → Q Q \PÙQ
(P Ù Q) → R
Se Espinosa tem razão, então tudo está determinado ou não há livre-arbítrio. Ora, Espinosa tem
razão.
17. Admitindo que a proposição «A Joana está sentada» é verdadeira, será possível
determinar o valor de verdade da proposição seguinte?
P → Q
\ Q → P
P Q P → Q Q → P
P: A ciência é racional.
Q: O erro é uma fonte de aprendizagem.
21. Construa uma inferência válida que tenha como única premissa Se Descartes é
racionalista, então é alemão.
Use uma das formas de inferência válida estudadas.
Identifique a forma de inferência válida aplicada.
22. Traduza as fórmulas seguintes para a linguagem natural, com base no dicionário
apresentado.
a) Q → P
b) P Ù Q
Dicionário:
P: A Sandra tem bons hábitos alimentares.
Q: A Sandra come legumes com regularidade.
24. Construa um argumento, com a forma modus ponens, cuja conclusão seja «O Luís vai
ao cinema».
26. Identifique a falácia que ocorre na inferência seguinte. Justifique a identificação feita.
Se vive no Funchal, o Luís não vive no continente. Ora, ele não vive no Funchal. Portanto, vive no
continente.
Dicionário:
P: Os jornalistas são precipitados.
Q: As notícias são rigorosas.
28. Considere que R e S representam duas proposições. Sabendo que R é falsa e que R Ú S
é verdadeira, determine o valor de verdade de S. Justifique a sua resposta.
Se Cristiano Ronaldo ganhar quatro Botas de Ouro ou três Ligas dos Campeões, ficará na história do
desporto.
Dicionário:
P: Cristiano Ronaldo ganha quatro Botas de Ouro.
Q: Cristiano Ronaldo ganha três Ligas dos Campeões.
R: Cristiano Ronaldo fica na história do desporto.
31. Mostre que a forma argumentativa seguinte é inválida, recorrendo ao método das
tabelas de verdade.
AÚB
A
\ B
A B AÚB A B
V V
V F
F V
F F
33. O que se segue da afirmação dada, aplicando uma das leis de De Morgan?
34. Sabendo que C é uma proposição verdadeira, determine o valor de verdade de uma
proposição com a forma A → (B Ú C). Justifique a sua resposta.
Se D. Dinis escreveu O Leal Conselheiro, então foi um rei amante das letras.
D. Dinis não escreveu O Leal Conselheiro.
Logo, D. Dinis não foi um rei amante das letras.
P Q P→Q P Q
Dicionário
P – Marcelo Rebelo de Sousa é professor de Direito.
Q – Marcelo Rebelo de Sousa é professor de Economia.
R – Marcelo Rebelo de Sousa é presidente da República Portuguesa.
Se J. K. Rowling deseja ocupar um lugar de destaque entre os escritores britânicos, então tem
ambição literária. Mas J. K. Rowling não deseja ocupar um lugar de destaque entre os escritores
britânicos. Isso mostra que J. K. Rowling não tem ambição literária.
39. Considere que a proposição seguinte é a conclusão de uma inferência com uma única
premissa.
Escreva a premissa que, mediante a aplicação de uma das formas de inferência válida
estudadas, permite obter a conclusão apresentada.
Na sua resposta, identifique a forma de inferência válida aplicada.
40. No texto seguinte, encontra-se um argumento que tem uma das formas lógicas válidas
estudadas.
Tomé da Fonseca, um velho general reformado, revive com frequência a atividade militar. À sua
maneira, foi desde a infância uma pessoa sociável e enérgica, e o universo militar sempre lhe deu
muito prazer. Ora, o velho general não revive com frequência a atividade militar se não jogar muitas
vezes jogos de estratégia. Portanto, Tomé da Fonseca joga muitas vezes jogos de estratégia.
Não é só porque Ricardo Pacheco joga em equipas estrangeiras ou ganha muito dinheiro que é um
grande jogador; é também porque, se ganha muito dinheiro, então é um grande jogador.
Teste a validade do argumento apresentado, recorrendo ao método das tabelas de verdade.
A Maria aproveita as férias grandes para trabalhar como nadadora-salvadora ou para trabalhar como
monitora num campo de férias. Logo, a Maria aproveita as férias para trabalhar como nadadora-
-salvadora.
Introduza uma nova premissa no argumento, de modo a obter um argumento com uma
das formas válidas estudadas. Identifique essa forma de inferência válida.
Caronte não é um satélite natural de Plutão, pois é falso que Caronte orbite em torno de Plutão, e
orbitaria em torno de Plutão se fosse um satélite natural de Plutão.
Não é verdade que a Luísa tenha estudado turismo e teatro. Por conseguinte, a Luísa estudou turismo
ou teatro.
47. Que proposição se pode inferir validamente das duas proposições seguintes, usando
uma das regras de inferência estudadas?
48. Teste a validade do seguinte argumento, aplicando o método das tabelas de verdade.
P Q PÚQ Q → P P Q
V V
V F
F V
F F
B ? A
A→B
\B
A B B ? A A→B B
V V F V V
V F F F F
F V V V V
F F F V F
Utilizando uma das regras de inferência estudadas e, em conformidade com essa regra,
introduzindo uma segunda premissa, o argumento anterior torna-se válido.
Escreva a premissa que torna o argumento válido e a regra de inferência usada.
Dicionário
P: Stuart Mill é liberal.
Q: Stuart Mill é socialista.
2. Nietzsche enlouqueceu. Portanto, penso que não deveríamos estudar as ideias dele nas aulas
de Filosofia.
O orador que apresenta este argumento incorre numa falácia informal, porque:
A. a loucura de Nietzsche contribuiu para a projeção da sua filosofia.
5. Ou reconheces que todos temos um destino, que explica o que nos sucede, ou defendes que
a vida de cada pessoa é apenas fruto dos jogos do acaso. Ora, dado que é inconcebível que a
nossa vida seja obra do acaso, resta-te aceitar que existe um destino que nos comanda.
Quem apresenta o argumento anterior incorre na falácia:
A. ad hominem.
B. apelo à força.
C. post hoc.
D. falso dilema.
D. fingir que hesita entre opções possíveis, apesar de não se sentir hesitante.
B. falso dilema.
C. petição de princípio.
D. apelo à ignorância.
10. É impossível provar que os animais têm consciência. Portanto, temos de admitir que não têm.
O argumento anterior é:
A. dedutivamente válido.
B. indutivamente forte.
D. um caso de derrapagem.
11. Ou o bombeiro que arriscou a vida para salvar a criança presa no incêndio não se deu
conta de que ele próprio estava a correr perigo, ou a criança era da sua família.
Argumentar a partir da premissa anterior é incorrer na falácia seguinte.
A. Petição de princípio.
B. Boneco de palha.
C. Derrapagem.
D. Falso dilema.
B. A testemunha não se exprime claramente, pois não se compreende bem o que diz.
C. Não interessa o que a testemunha diz, pois não passa de uma pessoa vaidosa.
D. Não interessa o que a testemunha diz a favor do acusado, pois ela é mulher dele.
13. Os tubarões vivem no mar como as sardinhas. Ora, as sardinhas são peixes. Portanto, os
tubarões também são peixes.
Quem apresenta este argumento está a recorrer a:
A. um mau argumento por analogia.
C. uma má generalização.
14. É errado contar histórias de fantasmas às crianças, pois fazê-lo não é correto.
Argumentar desta maneira é incorrer na falácia:
A. da derrapagem.
B. do boneco de palha.
C. da petição de princípio.
D. do falso dilema.
B. Enquanto não me mostrares que és mais inteligente do que eu, concluo que és menos.
C. Se uma pessoa não apresentar provas do que diz, mostra desse modo que é ignorante.
D. Se uma pessoa é ignorante acerca de um dado assunto, não deve falar desse assunto.
17. Se a família Torres deixar o prédio, toda a gente se vai embora. Com este prédio ao
abandono, em breve o bairro vai ficar deserto. Depois, toda esta zona da cidade acabará
fatalmente por morrer. Logo, só nos resta convencer a família Torres a ficar.
Este argumento é um caso de:
A. falso dilema.
B. apelo à ignorância.
C. petição de princípio.
D. falácia da derrapagem.
18. Dizes que os animais não têm direitos, porque és uma pessoa má e insensível que nunca teve
animais de estimação e para quem o sofrimento dos outros seres vivos não tem qualquer
significado.
O orador que argumentasse desta maneira estaria a incorrer na falácia:
A. ad hominem.
B. da derrapagem.
C. do apelo à ignorância.
D. da petição de princípio.
19. Segundo a UNICEF, devido à epidemia de ébola que, em 2014, atingiu o continente africano,
4000 crianças perderam ambos os pais e 13 000 crianças perderam um dos pais. Portanto, a
epidemia de ébola causou 17 000 órfãos em África.
O argumento anterior é:
A. uma indução a partir de uma amostra representativa.
23. Sir Peter Medawar, que recebeu o Prémio Nobel da Medicina pelas suas importantes
descobertas no campo da imunologia, apoiou a perspetiva de Popper sobre a ciência. Logo, a
perspetiva de Popper sobre a ciência é verdadeira.
O argumento anterior constitui:
A. um bom argumento de autoridade.
24. Se for permitido fazer um referendo para saber se os habitantes da Catalunha querem
continuar integrados em Espanha, então cada cidade da Catalunha deve igualmente ter um
referendo para saber se os seus habitantes querem pertencer à Catalunha, e assim
sucessivamente, até fazer referendos para saber se os habitantes de cada rua querem
continuar na freguesia a que pertencem.
O orador que apresenta o argumento anterior incorre na falácia:
A. da derrapagem.
B. do falso dilema.
C. do apelo à ignorância.
D. ad hominem.
25. Admitindo que um argumento indutivo tem como conclusão bastante provável que o
próximo desfile de Carnaval em Torres Vedras será animado, a premissa desse argumento
seria:
A. os desfiles de Carnaval em Torres Vedras foram sempre animados.
26. Retirar das escolas e dos hospitais públicos todos os símbolos religiosos é inaceitável, pois
isso é o mesmo que impor o ateísmo.
O orador que apresentasse o argumento anterior incorreria na falácia:
A. do boneco de palha.
B. da petição de princípio.
C. do apelo à ignorância.
D. ad hominem.
27. O orador que apresenta o argumento «Não há provas de que Deus não exista; portanto,
Deus existe» incorre na mesma falácia em que incorre aquele que apresenta o
argumento seguinte.
A. Deus existe, porque temos provas de que existe.
29. Perante o terrorismo, temos de escolher se prescindimos das liberdades civis para termos a
segurança que queremos dar às nossas famílias, ou se sacrificamos a segurança das nossas
famílias para mantermos todas as liberdades. Ora, para quem é pai, a escolha não é difícil,
pois a família está sempre em primeiro lugar.
Este é um argumento:
A. válido, pois segurança e liberdade são, por definição, valores incompatíveis.
30. Suponha que alguém, com a intenção de defender que a teoria evolucionista está
errada, argumenta do seguinte modo:
Os evolucionistas enganam-se quando defendem que a espécie humana evoluiu a partir de outras
espécies, nomeadamente dos macacos, pois isso seria dizer que os nossos avós são macacos. Mas
nos nossos retratos de família não há macacos.
B. ad hominem.
C. do apelo à ignorância.
D. do falso dilema.
31. Os milagres não existem, pois não há suspensões temporárias das leis da natureza por
intervenção divina.
Quem apresenta o argumento anterior:
A. não incorre numa falácia, porque a existência de milagres é uma crença de senso comum, e
as leis da natureza são estudadas por cientistas.
B. não incorre numa falácia, porque a aceitação da premissa por parte do interlocutor, quer
seja crente quer não, o conduz inevitavelmente à aceitação da conclusão.
C. incorre na falácia da petição de princípio, porque os milagres podem ser definidos como
suspensões temporárias das leis da natureza por intervenção divina.
D. incorre na falácia do falso dilema, porque apenas admite duas alternativas: não haver
milagres ou haver suspensões temporárias das leis da natureza.
Dizem que o povo dinamarquês é o mais feliz do mundo. Mas é um abuso fazer tal afirmação sem
provas. Na minha opinião, o povo dinamarquês não é o mais feliz do mundo, uma vez que não me
apresentam provas de que o seja.
B. a petição de princípio.
C. o apelo à ignorância.
D. o falso dilema.
De um lado, temos aqueles que se limitam à leitura de informação instantânea na Internet e que têm
dos acontecimentos uma visão perigosamente superficial. Do outro, temos aqueles que leem os
clássicos e que adquirem uma grande profundidade na análise dos acontecimentos.
D. um boneco de palha.
Os enormes custos ecológicos do transporte aéreo deveriam ser integrados nos bilhetes de avião, pois
essa é a única coisa sensata a fazer.
D. não incorre numa falácia, porque dá razões, em vez de procurar explorar as emoções do
auditório.
José – Ultimamente, já não se pode estar sossegado num jardim, a descansar ou a ler.
Maria – Porquê, José?
José – Porque agora há sempre alguém por perto a fazer exercício físico.
Maria – Bem, José, quem se incomoda com o exercício físico é contra a prática desportiva. Eu não
sabia que eras contra a prática desportiva.
36. Infelizmente, há países que ainda têm pena de morte. Ora, a pena de morte é um ataque à
inviolabilidade da vida humana. Uma vez sacrificado o mais sagrado dos direitos humanos, a
sociedade acabará por aceitar sacrificar todos os direitos, desde a liberdade de expressão até
ao direito à educação.
Quem argumenta deste modo:
A. ataca o carácter e a credibilidade de todos aqueles que, racionalmente, defendem a pena
de morte.
B. não justifica que a violação de um direito fundamental acabe por conduzir inevitavelmente à
violação de todos os outros.
C. admite sem provas que, em nenhuma circunstância, os direitos, sejam eles quais forem,
devam ser restringidos.
D. supõe que ou não existe nenhum direito ou existe um sistema que inclui todos os tipos de
direitos.
Laura – Quem não se interessa por matemática nem física não deveria ter acesso a tecnologias que
dependem da matemática e da física, como os computadores e os telemóveis.
João – Porquê, Laura?
Laura – Porque quem não reconhece o valor da matemática e da física não merece beneficiar dos
resultados do conhecimento produzido por matemáticos e físicos.
João – Esse teu argumento parece-me fraco. Se aceitássemos a razão que deste para retirar
computadores e telemóveis a quem não se interessa por matemática nem física, também teríamos de
retirar o acesso a tratamentos médicos a quem não se interessa por biologia ou química.
O João apresenta:
A. um argumento por analogia para defender que não temos razões para retirar computadores
e telemóveis a quem não se interessa por matemática nem física.
B. uma previsão de acordo com a qual não temos razões para retirar computadores e
telemóveis a quem não se interessa por matemática nem física.
C. um argumento por analogia para defender que não temos razões para retirar o acesso a
tratamentos médicos a quem não se interessa por biologia nem química.
D. uma previsão de acordo com a qual não temos razões para retirar o acesso a tratamentos
médicos a quem não se interessa por biologia nem química.
38. Não me venha dizer que a sua opinião sobre os direitos dos animais é a palavra final
sobre a questão que estamos a debater. E, por favor, não invoque sondagens de
opinião, uma doutrina religiosa ou um partido político para encerrar o debate. Já o
filósofo Robert Nozick afirmou que nenhuma opinião pode ter a pretensão de ser a
palavra final num debate.
Quem se opusesse deste modo à apresentação de uma opinião definitiva sobre os
direitos dos animais recorreria a:
A. uma generalização.
B. um apelo à ignorância.
C. uma derrapagem.
D. um argumento de autoridade.
39. Sem praxe, os novos alunos não se sentiriam integrados e ficariam à margem das atividades
académicas; assim sendo, ou existe praxe e os novos alunos participam na vida académica e
sentem-se integrados, ou a praxe acaba e os novos alunos não se sentem integrados e ficam
excluídos da vida académica. Por conseguinte, e dada a importância para os novos alunos da
integração na vida académica, a praxe deve existir.
Quem argumentasse deste modo incorreria na falácia seguinte.
A. Falso dilema.
B. Petição de princípio.
C. Boneco de palha.
D. Ad hominem.
O Pedro está a chegar ao parque onde habitualmente o seu cão corre. Por isso, vai tirar-lhe a trela.
Selecione a premissa que, sendo introduzida no argumento, lhe confere a maior força
indutiva.
A. Sempre que o Pedro tira a trela ao cão, este corre livremente no parque.
B. Sempre que os donos dos cães chegaram aos parques onde os cães podem correr,
tiraram-lhes a trela.
C. Da última vez que levou o cão ao parque, o Pedro tirou-lhe a trela quando estavam a
chegar.
D. Muitas vezes, os donos de cães tiram-lhes a trela quando estão a chegar aos parques onde
os deixam correr.
Nos anos 50, o psicólogo Harry Harlow isolou macacos bebés em jaulas por períodos prolongados,
assegurando-se de que eram alimentados, mas privando-os de qualquer contacto, designadamente
com as mães. Observou que a ausência de contacto nos primeiros meses de vida produzia
perturbações psicológicas permanentes nos macacos. E concluiu que o contacto corporal e o conforto
dele decorrente eram fundamentais para o desenvolvimento equilibrado dos bebés humanos.
Incorreria numa falácia do apelo à ignorância quem, a partir das afirmações anteriores,
concluísse que:
A. a pessoa que fez desaparecer os documentos conhecia bem o armazém.
O senhor deputado defende um aumento das verbas destinadas aos museus e às artes. Mas, no atual
contexto económico, não é aceitável usar o dinheiro de todos em velharias e excentricidades.
B. derrapagem.
C. ad hominem.
D. boneco de palha.
Sempre que vi a Mariana, ela usava brincos. Logo, da próxima vez que vir a Mariana, ela usará
brincos.
Trata-se de:
A. um argumento indutivo, porque a verdade da premissa torna a conclusão apenas provável.
B. um argumento dedutivo, porque a verdade da premissa implica a verdade da conclusão.
C. um argumento indutivo, porque a verdade da premissa impossibilita a falsidade da
conclusão.
D. um argumento dedutivo, porque a sua validade depende unicamente da sua forma lógica.
1. É impossível falar sem usar palavras, uma vez que as palavras são necessárias para falar.
2. Ninguém conseguiu provar que a reincarnação existe. Portanto, a reincarnação não existe.
3. Quem não aprova todas as nossas decisões é contra nós. Como não aprovas todas as nossas
decisões, és contra nós.
4. A filosofia de Sartre é irrelevante porque o autor é ateu.
Comete-se a falácia:
A. da derrapagem.
B. do boneco de palha.
C. do falso dilema.
D. ad hominem.
50. Identifique a afirmação que, caso fosse a premissa de um argumento contra o serviço
militar obrigatório, faria desse argumento uma falácia ad hominem.
A. Ou se apoia o recurso à guerra ou se considera que o serviço militar não deve ser
obrigatório.
B. Defender o serviço militar obrigatório é defender a obrigação de fazer parte de um exército.
Outras questões
Quando observamos um relógio, apercebemo-nos de que as suas várias partes estão desenhadas e
articuladas para produzirem um certo fim. Quando temos em conta o seu mecanismo, é inevitável a
inferência de que ele foi construído por um artífice. Ora, o universo tem grande complexidade e
organização. Assim, supõe-se que também teve um criador inteligente.
Do mesmo modo que os olhos dos morcegos ficam ofuscados pela luz do dia, também a inteligência
da nossa alma fica ofuscada pelas coisas mais naturalmente evidentes.
Aristóteles, Metafísica, Livro α, 993b.
4. Leia o seguinte exemplo de uma falácia apresentado por Irving M. Copi e Carl Cohen.
Para haver paz, temos de não encorajar o espírito competitivo. Ao passo que, para haver progresso,
temos de encorajar o espírito competitivo. Temos ou de encorajar o espírito competitivo ou de não
encorajar o espírito competitivo. Logo, ou não haverá paz ou não haverá progresso.
Irving M. Copi e Carl Cohen, Introduction to logic, Nova Iorque, Macmillan Publishing Company, 1994 (adaptado).
O Paulo defende que a água de abastecimento público deve ser enriquecida com flúor. Ele diz-nos
que, enriquecendo com flúor a água de abastecimento público, a saúde dentária de toda a população
melhoraria imenso. Mas que crédito nos merece o Paulo, se ele nem com a saúde da sua família se
preocupa?
Para que o argumento constitua uma falácia ad hominem, que conclusão deverá ter?
A Vanessa e a Mariana são amigas. Gostam dos mesmos jogos e da mesma música. Usam o cabelo
da mesma maneira e vestem o mesmo tipo de roupa. A Vanessa recebeu de prenda uma guitarra
elétrica e adorou. Pouco tempo depois, o pai da Mariana decidiu oferecer à filha uma guitarra elétrica.
Ontem, em Roma, Adam Nordwell, o chefe índio da tribo Chippewa, protagonizou uma reviravolta
interessante. Ao descer do avião, proveniente da Califórnia, vestido com todo o esplendor tribal,
Nordwell anunciou, em nome do povo índio americano, que tomava posse da Itália «por direito de
descoberta», tal como Cristóvão Colombo fizera quando chegara à América.
«Proclamo este o dia da descoberta da Itália», disse Nordwell. «Que direito tinha Colombo de
descobrir a América, quando esta já era habitada pelo seu povo há milhares de anos? O mesmo
direito tenho eu agora de vir à Itália proclamar a descoberta do vosso país.»
In A. Weston, A Arte de Argumentar, Lisboa, Gradiva, 1996, p. 44.
Ao longo dos tempos, muitos filósofos se têm interrogado sobre o que de mais valioso existe. Será a
beleza? Será o amor? Será a justiça? Será o prazer? Ora, após muita reflexão, convenci-me de que a
beleza é a coisa mais importante que há, pois tudo o resto é indubitavelmente inferior a ela.
10. Leia o seguinte excerto do Diálogo dos Grandes Sistemas, escrito por Galileu Galilei no
século XVII, em que as personagens Salviati e Simplício discutem a teoria aristotélica
acerca do movimento.
Texto B
Salviati – (...) Espanta-me (...) que não vos apercebais que Aristóteles supõe o que precisamente está
em questão. Ora notai…
Simplício – Suplico-vos, Senhor Salviati, falai com mais respeito de Aristóteles. A quem
convenceríeis, aliás, de que aquele que foi o primeiro, o único, o admirável explicador da forma
silogística, da demonstração, das refutações, (...) de toda a lógica, em suma, tenha podido cair num
erro tão grave como o de supor conhecido o que está em questão?
Galileu Galilei, Diálogo dos Grandes Sistemas (Primeira Jornada), Lisboa, Publicações Gradiva, 1979.
11. Leia o seguinte exemplo de uma falácia, apresentado por Carl Sagan.
Não há nenhuma prova indiscutível de não haver OVNI a visitar a Terra; por conseguinte, os OVNI
existem – e há vida inteligente algures no universo.
Carl Sagan, Um Mundo Infestado de Demónios, Lisboa, Publicações Gradiva, 1997.
2. A ação intencional é:
A. um acontecimento que depende apenas de causas externas à vontade do agente.
D. não está sujeita ao determinismo natural, mas nós não podemos fazer escolhas.
D. o universo está sujeito a leis naturais, mas os seres humanos podem alterá-las.
B. 1 é falsa e 2 é verdadeira.
C. 1 e 2 são falsas.
D. 1 é verdadeira e 2 é falsa.
B. 1, 2 e 4.
C. 1, 3 e 4.
D. 2 e 3.
11. Identifique a propriedade que um acontecimento precisa de ter para também ser uma ação.
A. Ser causado.
B. Ser intencional.
C. Motivar um agente.
D. Ter consequências.
12. Imagine que um agente poderoso fazia recuar o tempo até um qualquer ponto do passado,
para que, a partir daí, mantendo-se as leis da natureza, a história recomeçasse.
Qual das situações seguintes poria em causa o determinismo radical?
A. As deliberações dos agentes seriam causadas por acontecimentos anteriores.
13. Uma pessoa tinha curiosidade de ver o que aconteceria se pressionasse um certo botão no sistema
de comandos de um edifício inteligente. Para isso, pressionou esse botão e descobriu que o facto de
o ter pressionado levou a que as portas do edifício se fechassem.
A pessoa em questão realizou propositadamente a ação de:
A. associar o botão às portas.
C. pressionar o botão.
1. As pessoas que não ponderam as consequências dos seus atos não merecem ter liberdade.
2. Nas democracias, os cidadãos têm mais liberdades do que nos outros regimes políticos.
15. Imagine que quer ouvir música e que, em seguida, põe os auscultadores e ouve música.
De acordo com o determinismo radical, o facto de querer ouvir música:
A. é um indício de livre-arbítrio apenas se não foi sujeito a coação.
16. A Ana foi almoçar a casa da Sofia. Tinham combinado ir à praia nessa tarde. Depois do
almoço, a mãe da Sofia saiu à pressa para o trabalho e, sem dar por isso, levou consigo, além
da sua chave de casa, também a da filha. Como era habitual, a mãe da Sofia fechou a porta à
chave. Por sorte, a Ana e a Sofia decidiram não ir à praia, preferindo concluir um trabalho para
a disciplina de Inglês.
Os defensores do determinismo moderado consideram que a Ana e a Sofia:
A. agiram livremente, pois a porta poderia não estar fechada à chave.
B. não agiram livremente, pois as obrigações escolares determinaram que ficassem em casa.
D. não agiram livremente, pois, mesmo que quisessem ir à praia, não podiam agir de modo
diferente.
1. Até aos 18 anos, os nossos pais respondem por nós e não somos livres.
2. As nossas escolhas são livres, ainda que estejam submetidas à causalidade natural.
3. As ditaduras caracterizam-se por suprimirem as liberdades fundamentais dos cidadãos.
4. No Universo, tudo está determinado e a liberdade é uma ilusão.
B. 1 e 3.
C. 3 e 4.
D. 1 e 2.
18. Em qual das seguintes opções é referida, de forma inequívoca, uma ação?
A. Um mosquito picou a Mariana.
19. Se dissermos que, numa determinada circunstância, poderíamos não ter realizado a
ação que realizámos, estamos implicitamente a admitir que:
A. o determinismo moderado é implausível.
C. o libertismo é falso.
C. quase tudo está determinado, mas continua a haver lugar para o livre-arbítrio.
D. quase tudo está determinado e não pode haver lugar para o livre-arbítrio.
Outras questões
Uma pedra recebe de uma causa exterior que a empurra uma certa quantidade de movimento, pela
qual continuará necessariamente a mover-se depois da paragem da impulsão externa. (...)
Imaginai agora, por favor, que a pedra, enquanto está em movimento, sabe e pensa que é ela que faz
todo o esforço possível para continuar em movimento. Esta pedra, seguramente, (…) acreditará ser
livre e perseverar no seu movimento pela única razão de o desejar. Assim é esta liberdade humana
que todos os homens se vangloriam de ter e que consiste somente nisto, que os homens são
conscientes dos seus desejos e ignorantes das causas que os determinam.
Spinoza, «Lettre à Schuller», in Oeuvres Complètes, Paris, Gallimard, 1954.
É difícil não pensar que temos livre-arbítrio. Quando estamos a decidir o que fazer, a escolha parece
inteiramente nossa. A sensação interior de liberdade é tão poderosa que podemos ser incapazes de
abandonar a ideia de livre-arbítrio, por muito fortes que sejam as provas da sua inexistência.
E, obviamente, existem bastantes provas de que não há livre-arbítrio. Quanto mais aprendemos sobre
as causas do comportamento humano, menos provável parece que escolhamos livremente as nossas
ações.
J. Rachels, Problemas da Filosofia, Lisboa, Gradiva, 2009, p. 182.
5. Leia o texto.
O homem, estando condenado a ser livre, carrega o peso do mundo inteiro nos seus ombros (...). Ele
tem de assumir a situação em que se encontra com a consciência orgulhosa de ser o seu autor, pois
os piores obstáculos ou as piores ameaças que põem em perigo a sua pessoa apenas adquirem
sentido através do seu próprio projeto (...). É, portanto, insensato pensar sequer em lamentar-se, uma
vez que nada de exterior a si decidiu aquilo que ele sente, aquilo que ele vive ou aquilo que ele é.
J.-P. Sartre, L’Être et le Néant, Paris, Gallimard,1943, p. 612 (adaptado).
7. Temos uma tendência irresistível para nos vermos como seres livres, talvez porque a todo o
momento nos parece óbvio que fazemos escolhas. Mas também temos cada vez mais
conhecimento de como a hereditariedade e o ambiente nos moldam.
Uma vez que somos moldados pela hereditariedade e pelo ambiente, será que dispomos
de razões para acreditar que temos livre-arbítrio?
Na sua resposta, deve:
‒ explicar o problema apresentado;
‒ apresentar inequivocamente a perspetiva que defende;
‒ argumentar a favor da perspetiva que defende.
O João e o Carlos estão a jogar à bola em equipas contrárias. Numa das jogadas, o João correu para
a bola. Atrás dele, vinha o Carlos, também decidido a disputar o lance. O Carlos acabou por conseguir
chegar primeiro à bola, mas o João tocou-lhe com a chuteira no tornozelo. O Carlos caiu
imediatamente no relvado. O Manuel, que estava a arbitrar o jogo, expulsou o João. Mas o João disse
que era injusto ser penalizado pelo sucedido.
10. Alguns filósofos defendem que a sensação interior de liberdade se opõe à conceção
determinista do universo.
Será que essa sensação é uma razão forte para aceitarmos que o livre-arbítrio existe?
Na sua resposta,
‒ clarifique o problema do livre-arbítrio;
‒ apresente inequivocamente a sua posição relativamente à questão proposta;
‒ argumente a favor da sua posição.
11.
Por um lado, um conjunto de argumentos muito poderosos força-nos à conclusão de que a vontade
livre não existe no Universo. Por outro, uma série de argumentos poderosos baseados em factos da
nossa própria experiência inclina-nos para a conclusão de que deve haver alguma liberdade da
vontade, porque (...) todos a experimentamos em todo o tempo.
John Searle, Mente, Cérebro e Ciência, Lisboa, Edições 70, 2000, p. 108.
11.2. Exponha duas críticas à teoria do determinismo radical, a partir do argumento presente
no texto.
10. Identifique o par de termos que permite completar adequadamente a afirmação seguinte.
Os juízos de facto são essencialmente _______, distinguindo-se dos juízos de valor, que são
essencialmente _______.
A. descritivos … normativos
B. objetivos … subjetivos
C. verdadeiros … relativos
D. concretos … abstratos
D. a correção dos juízos de valor depende inteiramente do que é aprovado nas sociedades
mais evoluídas.
14. A liberdade religiosa é a liberdade de cada um praticar a religião que é do seu agrado,
ou de não praticar qualquer religião.
Se a liberdade religiosa for um valor objetivo, então:
A. todos defendem a liberdade religiosa.
15. «Em alguns países, ter armas e usá-las para assegurar a defesa da família e da
propriedade são vistos como direitos dos cidadãos; mas, noutros países, acredita-se
que a posse e o uso de armas devem estar sujeitos a grandes restrições.»
Perante a constatação anterior, um relativista acerca dos valores defenderia que:
A. as sociedades que impõem grandes restrições à posse e ao uso de armas são melhores do
que aquelas que não o fazem.
B. poder defender a família e a propriedade é um valor que deve ser protegido em qualquer
sociedade.
C. ter armas e com elas se defender, dependendo dos contextos históricos e sociais, podem
ser vistos como direitos dos cidadãos.
D. a convicção de que a posse e o uso de armas são direitos dos cidadãos resulta de
preferências pessoais.
1. Franklin Roosevelt é considerado pelos norte-americanos um dos três mais importantes presidentes
dos EUA.
2. Já adulto, Franklin Roosevelt contraiu poliomielite.
3. Franklin Roosevelt não gostava de ser fotografado em cadeira de rodas.
4. Franklin Roosevelt deveria ter decidido mais cedo a entrada dos EUA na II Guerra Mundial.
D. as pessoas que tiverem valores diferentes dos nossos pensam e agem erradamente.
18. Qual das frases seguintes exprime um juízo de valor moral acerca de uma certa pessoa?
A. Aquela pessoa usa transportes públicos.
20. Considerar que os valores são objetivos significa considerar que os valores são:
A. objetos de preferência.
C. objetos estimáveis.
B. a desvalorização da racionalidade.
24. A Luísa viajou muito e notou diferenças significativas, por exemplo, no estatuto das mulheres
em diferentes sociedades. Alguns hábitos, como o de as mulheres apenas poderem passear
acompanhadas, chocaram a Luísa; contudo, pareceu-lhe que muitas dessas mulheres
aceitavam tais hábitos sem reservas. Esta observação foi a razão para a Luísa concluir que
aquilo que é certo ou errado depende de cada cultura.
Perante o relato da Luísa, a Paula recordou que o estatuto das mulheres tinha mudado muito
em Portugal, nas últimas décadas, e afirmou que isso representava um progresso, pois a
sociedade portuguesa abandonara leis e hábitos errados.
É razoável presumir que:
A. a Luísa é relativista e a Paula é objetivista.
25. Identifique a questão que envolve o problema da natureza dos juízos morais.
A. Será que só os princípios morais importam?
D. O juízo de que uma certa pessoa é corajosa é um juízo de valor acerca dessa pessoa?
Outras questões
1. É um facto que há diferenças culturais e que há pessoas com opiniões muito diferentes
em relação a valores.
Será que este facto mostra que não há valores objetivos?
Na sua resposta, deve:
‒ identificar inequivocamente a perspetiva que defende;
‒ argumentar a favor da perspetiva que defende.
2. Os austríacos gostam de valsa; já a maior parte dos brasileiros gosta de samba. Em relação
ao desporto, os canadianos, por exemplo, preferem o hóquei no gelo, ao passo que muitos
portugueses apreciam o hóquei em patins. A verdade é que cada povo tem tendência a
apreciar mais o que faz parte da sua cultura.
Contudo, o hóquei em patins é mais bonito do que o hóquei no gelo.
5. Leia o texto.
Enquanto ato de autoproteção (...), podemos fazer o que for necessário para nos defendermos,
mesmo que isso implique a morte do atacante (...). O efeito bom é a preservação da nossa vida, sendo
o efeito mau a perda da vida do atacante.
David S. Oderberg, Ética Aplicada, Lisboa, Principia, 2009, p. 233.
6. Em 1948, foi assinada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que enuncia um
conjunto de direitos reconhecidos pelos países com representação na Organização das
Nações Unidas (ONU).
Algumas pessoas pensam que os direitos aí consagrados exprimem valores objetivos.
Concorda? Justifique a sua posição.
Na sua resposta, deve:
− esclarecer o problema da natureza dos juízos de valor moral;
− apresentar inequivocamente a sua posição relativamente à questão formulada;
− argumentar a favor da sua posição.
7. Leia o texto.
Na Europa, ao contrário de noutras partes do mundo, a grande maioria das pessoas julgaria o castigo
por apedrejamento como horrendo e profundamente errado. Para algumas pessoas isso mostra que
estas questões são relativas. (...)
A respeito do apedrejamento, os relativistas [morais] por vezes concluem enganadoramente que é
errado interferirmos nas práticas de outro país. Se essa conclusão é apresentada como uma
afirmação não relativa, nomeadamente a de que interferir é errado, (...) então contradiz a afirmação
relativista de que todos os juízos morais são relativos. Tais relativistas não podem manter
consistentemente a sua posição. Essa é uma razão clara para rejeitar o seu relativismo.
P. Cave, Duas Vidas Valem Mais Que Uma?, Alfragide, Academia do Livro, 2008, pp. 85-87 (adaptado).
7.1. O autor do texto apresenta um argumento contra o relativismo moral. Explique esse
argumento.
7.2. O relativismo moral é usado para defender a tolerância. Apresente razões dos relativistas
morais a favor da tolerância.
Quando Kant propõe (...), enquanto princípio fundamental da moral, a lei «Age de modo que a tua
regra de conduta possa ser adotada como lei por todos os seres racionais», reconhece virtualmente
que o interesse coletivo da humanidade, ou, pelo menos, o interesse indiscriminado da humanidade,
tem de estar na mente do agente quando este determina conscienciosamente a moralidade do ato.
Caso contrário, Kant estaria [a] usar palavras vazias, pois nem sequer se pode defender
plausivelmente que mesmo uma regra de absoluto egoísmo não poderia ser adotada por todos os
seres racionais, isto é, que a natureza das coisas coloca um obstáculo insuperável à sua adoção. Para
dar algum significado ao princípio de Kant, o sentido a atribuir-lhe tem de ser o de que devemos
moldar a nossa conduta segundo uma regra que todos os seres racionais possam adotar com
benefício para o seu interesse coletivo.
Stuart Mill, Utilitarismo, Porto, Porto Editora, 2005.
A. as circunstâncias da ação.
B. o interesse da humanidade.
C. o imperativo categórico.
D. um imperativo hipotético.
1.3. Stuart Mill defende que uma ação tem valor moral:
1.4. Para Kant, a lei «Age de modo que a tua regra de conduta possa ser adotada como lei
por todos os seres racionais» significa que:
A. os seres racionais estão submetidos a leis objetivas.
O princípio da felicidade pode, sem dúvida, fornecer máximas, mas nunca aquelas que serviriam de
leis da vontade (...). Podem certamente dar-se regras gerais, mas nunca regras universais, isto é,
regras que, em média, são corretas na maior parte das vezes, mas não regras que devem ser sempre
e necessariamente válidas (...). Este princípio não prescreve, pois, a todos os seres racionais as
mesmas regras práticas, embora estejam compreendidas sob um título comum, a saber, o de
felicidade.
Kant, Crítica da Razão Prática, Lisboa, Edições 70, 1989.
A. as máximas da ação.
B. as leis da vontade.
D. o princípio da felicidade.
2.3. Diferentemente de Kant, Stuart Mill defende que a ação ética visa:
A. hedonista, porque a felicidade e a qualidade dos prazeres são o objetivo da vida boa.
3.
A emoção dizia-nos: “A minoria branca é o nosso inimigo, nunca devemos falar com eles.” Mas a
cabeça dizia-nos: “Se não falares com eles, o país vai explodir em chamas.” Tivemos de reconciliar
esse conflito. Falarmos com o inimigo foi o resultado desse domínio da mente sobre a emoção.
Nelson Mandela, citado em editorial do Suplemento Especial do Público, em 6 de dezembro de 2013, p. VIII.
Estas palavras de Nelson Mandela exemplificam aquilo que Kant designou por:
A. entendimento.
B. autonomia.
C. heteronomia.
D. deliberação.
7. De acordo com a ética de Kant, o motivo moralmente válido para honrar compromissos é:
A. o interesse dos envolvidos.
B. o benefício social.
C. o dever de o fazer.
D. a simpatia pelos envolvidos.
9. Kant consideraria que uma pessoa que, motivada unicamente pelo sentimento de pena,
ajudasse uma criança perdida na praia a encontrar os seus pais:
A. praticaria uma ação com valor moral.
B. agiria em conformidade com o dever.
C. praticaria uma ação imoral.
D. agiria por dever.
11. Segundo Kant, a máxima de que devemos diminuir os outros para ver reconhecida a nossa
superioridade não está de acordo com o imperativo categórico, tal como é apresentado
na fórmula da lei universal, porque:
A. a sua adoção por todos os agentes teria consequências negativas.
B. não tem em conta o interesse próprio de todos os agentes.
C. a sua adoção universal anularia o nosso sentimento de igualdade.
D. não é possível universalizá-la sem que ela se anule a si mesma.
12. De acordo com Kant, uma pessoa que, motivada pela obediência a um mandamento da
religião que professa, dá assistência a quem vive numa situação de pobreza:
A. não tem, neste caso, uma vontade autónoma.
B. age, neste caso, por respeito à lei moral.
C. age, neste caso, apenas por dever.
D. é uma pessoa que, neste caso, se autodetermina.
13. De acordo com Mill, geralmente temos a obrigação de dizer a verdade, porque:
A. a consequência de mentirmos é sentirmo-nos infelizes.
B. a vítima da mentira pode deixar de contribuir para o bem-estar social.
C. dizer a verdade decorre do princípio de que devemos ser felizes.
D. dizer a verdade tende a produzir efeitos positivos no saldo global de felicidade.
B. o dever.
C. a boa vontade.
D. a justiça.
17. De acordo com a ética de Kant, temos a obrigação de respeitar os princípios seguintes:
– Nunca se deve violar contratos.
– Nunca se deve quebrar promessas.
Suponha que alguém prometeu fazer algo, não se apercebendo de que isso implicava
violar um contrato.
Que problema levantaria este caso à ética de Kant?
A. O primeiro princípio deverá ser desrespeitado, pois tem menos força do que o segundo.
B. O segundo princípio deverá ser desrespeitado, pois tem menos força do que o primeiro.
C. Os dois princípios deixam de ter importância moral, pois mostram não ser universalizáveis.
Se a Dona Maria dispõe de 50 000 euros, deve usá-los para apoiar um programa de vacinação de
5000 crianças de um país pobre, em vez de pagar um curso de teatro em Londres à sua neta, que
deseja ser atriz.
B. nos obrigam a tratar os outros como meros meios, e não como fins em si, contrariando as
convicções morais comuns.
C. levam a fazer algo cujos resultados somos incapazes de prever.
20. Imagine que o Luís precisa urgentemente de medicamentos e que a única maneira de os
conseguir é pedir dinheiro emprestado a um amigo rico, sem ter a intenção de lho pagar.
Neste caso, o Luís decidiu adotar a máxima «faz promessas enganadoras quando não há
outra forma de resolver os teus problemas pessoais».
Esta máxima pode ser usada para fazer uma crítica à ética kantiana, dado ser razoável
argumentar que a máxima:
A. não é imoral, ainda que não seja racional querer universalizá-la.
C. devemos renunciar aos prazeres inferiores para não nos rebaixarmos à condição animal.
D. são superiores os prazeres preferidos por quem tem competência para os apreciar.
22. Considere os seguintes enunciados sobre a comparação entre as teorias éticas de Kant
e de Stuart Mill.
As teorias:
1. apresentam critérios de moralidade distintos.
2. defendem que o valor moral da ação é relativo à situação ou às circunstâncias.
3. reconhecem que as regras da moral comum se devem subordinar a um princípio ético fundamental.
4. reconhecem que a felicidade é o fim último das ações humanas.
Outras questões
1. Alguém decide doar anonimamente toda a sua fortuna à UNICEF, porque encontra
grande alegria no alívio do sofrimento das crianças dos países pobres.
1.1. Enuncie o princípio que, do ponto de vista utilitarista, permite justificar a correção moral
da ação descrita.
1.2. De acordo com Kant, a ação dessa pessoa é moralmente boa? Justifique.
É indiscutível que um ser cujas capacidades de prazer sejam baixas tem uma probabilidade maior de
as satisfazer completamente e que um ser amplamente dotado sentirá sempre que, da forma como o
mundo é constituído, qualquer felicidade que possa esperar será imperfeita.
(...)
Tenho de voltar a repetir o que os críticos do utilitarismo raramente têm a justiça de reconhecer: que a
felicidade que constitui o padrão utilitarista daquilo que está certo na conduta não é a felicidade do
próprio agente, mas a de todos os envolvidos.
(...)
O motivo é irrelevante para a moralidade da ação. Aquele que salva um semelhante de se afogar faz o
que está moralmente certo, seja o seu motivo o dever, seja a esperança de ser pago pelo seu
incómodo; aquele que trai um amigo que confia em si é culpado de um crime, mesmo que o seu
objetivo seja servir outro amigo relativamente ao qual tem maiores obrigações.
Stuart Mill, Utilitarismo, trad. port., Porto, Porto Editora, 2005, pp. 51-59 (adaptado).
Ficaria eu satisfeito de ver a minha máxima (de me tirar de apuros por meio de uma promessa não
verdadeira) tomar o valor de lei universal (tanto para mim como para os outros)? E poderia eu dizer a
mim mesmo: – Toda a gente pode fazer uma promessa mentirosa quando se acha numa dificuldade
de que não pode sair de outra maneira? Em breve, reconheço que posso em verdade querer a
mentira, mas que não posso querer uma lei universal de mentir; pois, segundo uma tal lei, não poderia
propriamente haver já promessa alguma (...). Por conseguinte, a minha máxima, uma vez arvorada em
lei universal, destruir-se-ia a si mesma necessariamente.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Coimbra, Atlântida, 1960.
3.1. Explique, a partir do exemplo do texto, por que razão o ato de mentir nunca é moralmente
permissível, segundo Kant.
3.2. Compare o papel da intenção do agente na ética de Kant com o papel da intenção do
agente na ética de Stuart Mill.
4.1. A partir do texto, mostre por que razão, para Kant, a ação com valor moral se fundamenta
no imperativo categórico e não em imperativos hipotéticos.
Na sua resposta, integre, de forma pertinente, informação do texto.
4.2. Será que há deveres morais absolutos?
Compare as respostas de Kant e de Stuart Mill a esta questão.
Não existe sistema moral algum no qual não ocorram casos inequívocos de obrigações em conflito.
Estas são as verdadeiras dificuldades, os momentos intrincados na teoria ética e na orientação
conscienciosa da conduta pessoal. São ultrapassados, na prática, com maior ou menor sucesso,
segundo o intelecto e a virtude dos indivíduos; mas dificilmente pode alegar-se que alguém está
menos qualificado para lidar com eles por possuir um padrão último para o qual podem ser remetidos
os direitos e os deveres em conflito. Se a utilidade é a fonte última das obrigações morais, pode ser
invocada para decidir entre elas quando as suas exigências são incompatíveis. Embora a aplicação do
padrão possa ser difícil, é melhor do que não ter padrão algum (...).
Stuart Mill, Utilitarismo, Lisboa, Gradiva, 2005 (adaptado).
5.1. Stuart Mill afirma que «a utilidade é a fonte última das obrigações morais».
Esclareça o conceito de «utilidade», integrando-o na ética de Stuart Mill.
Não existe sistema moral algum no qual não ocorram casos inequívocos de obrigações em conflito.
O valor moral da ação não reside, portanto, no efeito que dela se espera (...). Nada senão a
representação da lei em si mesma, que em verdade só no ser racional se realiza, enquanto é ela, e
não o esperado efeito, que determina a vontade, pode constituir o bem excelente a que chamamos
moral, o qual se encontra já presente na própria pessoa que age segundo esta lei, mas não se deve
esperar somente do efeito da ação.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Lisboa, Edições 70, 1988, pp. 31-32 (adaptado).
Compare, a partir do texto, a perspetiva de Kant com a de Mill relativamente àquilo que
determina o valor moral da ação.
É, na verdade, conforme ao dever que o merceeiro não suba os preços ao comprador inexperiente, e,
quando o movimento do negócio é grande, o comerciante esperto também não faz semelhante coisa,
mas mantém um preço fixo geral para toda a gente, de forma que uma criança pode comprar no seu
estabelecimento tão bem como qualquer outra pessoa. É-se, pois, servido honradamente; mas isso
ainda não é bastante para acreditar que o comerciante assim proceda por dever e por princípios de
honradez; o seu interesse assim o exige (...).
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Lisboa, Edições 70, 1988, p. 27 (adaptado).
7.1. Distinga, partindo do exemplo dado por Kant, agir por dever de agir em conformidade
com o dever.
7.2. Explique, de acordo com Kant, a relação entre autonomia e boa vontade.
É perfeitamente compatível com o princípio de utilidade reconhecer que alguns tipos de prazer são
mais desejáveis do que outros (...).
É melhor ser um ser humano insatisfeito do que um porco satisfeito; é melhor ser um Sócrates
insatisfeito do que um tolo satisfeito. E se o tolo ou o porco têm uma opinião diferente, é porque só
conhecem o seu próprio lado da questão. A outra parte da comparação conhece ambos os lados.
Stuart Mill, Utilitarismo, Lisboa, Gradiva, 2005, pp. 52-54 (adaptado).
Pelo que diz respeito ao dever necessário ou estrito para com os outros, aquele que tem a intenção de
fazer a outrem uma promessa mentirosa reconhecerá imediatamente que quer servir-se de outro
homem simplesmente como meio, sem que este último contenha, ao mesmo tempo, o fim em si. Pois
aquele que eu quero utilizar para os meus intuitos por meio de uma tal promessa não pode, de modo
algum, concordar com a minha maneira de proceder a seu respeito, não pode, portanto, conter em si
mesmo o fim desta ação.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Lisboa, Edições 70, 2009, p. 74.
Justifique, a partir do texto, que fazer falsas promessas é imoral, segundo Kant.
10. Haverá alguma circunstância em que seja moralmente aceitável matar uma pessoa
inocente, sem o seu consentimento, para salvar a vida de outras cinco pessoas?
Apresente as respostas que Kant e que Mill dariam à questão anterior, comparando-as.
Compete à ética dizer-nos quais são os nossos deveres, ou por meio de que teste podemos conhecê-
-los, mas nenhum sistema de ética exige que o único motivo do que fazemos seja o sentimento do
dever; pelo contrário, noventa e nove por cento de todas as nossas ações são realizadas por outros
motivos – e bem realizadas, se a regra do dever não as condenar. (...) O motivo, embora seja muito
relevante para o valor do agente, é irrelevante para a moralidade da ação. Aquele que salva um
semelhante de se afogar faz o que está moralmente certo, seja o seu motivo o dever, seja a
esperança de ser pago pelo incómodo; aquele que trai um amigo que confia em si é culpado de um
crime, mesmo que o seu objetivo seja servir outro amigo relativamente ao qual tem maiores
obrigações.
Stuart Mill, Utilitarismo, Porto, Porto Editora, 2005, pp. 58-59 (adaptado).
Que outra coisa pode ser, pois, a liberdade da vontade senão autonomia, isto é, a propriedade da
vontade de ser lei para si mesma? (...) Vontade livre e vontade submetida a leis morais são uma e a
mesma coisa.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Lisboa, Edições 70, 1988, p. 94 (adaptado).
Explique por que razão, segundo Kant, «vontade livre e vontade submetida a leis morais
são uma e a mesma coisa».
14. Será que, de acordo com a ética utilitarista de Mill, quando calculamos as
consequências dos nossos atos, temos a obrigação de dar prioridade aos nossos
familiares, amigos e vizinhos mais próximos? Porquê?
Numa associação industrial cooperativa, será justo que o talento e a perícia deem direito a uma
remuneração superior? Os que respondem negativamente defendem que aqueles que fazem o melhor
que podem merecem ser pagos da mesma maneira, e que seria injusto colocá-los numa posição de
inferioridade por algo de que não têm culpa. (...) A favor da perspetiva contrária, alega-se que a
sociedade recebe mais do trabalhador mais eficiente, e que, como os seus serviços são mais úteis, a
sociedade lhe deve uma maior compensação. (...) Como escolher entre estes apelos a princípios de
justiça rivais? Neste caso, a justiça tem dois lados, sendo impossível harmonizá-los, e os dois
disputadores escolheram lados opostos – um olha para aquilo que é justo que o indivíduo receba; o
outro, para aquilo que é justo que a comunidade lhe dê. Cada uma destas posições é, do ponto de
vista de cada disputador, incontestável, e qualquer opção por uma delas (...) tem de ser
completamente arbitrária. Só a utilidade social pode decidir a prioridade.
Stuart Mill, Utilitarismo, Porto, Porto Editora, 2005, pp. 98-99 (adaptado).
15.1. Explique o princípio geral, indicado por Mill, que permite resolver de forma não arbitrária
conflitos entre princípios rivais, como o exemplificado no texto.
Ser caritativo quando se pode sê-lo é um dever, e há, além disso, muitas almas de disposição tão
compassiva que, mesmo sem nenhum outro motivo de vaidade ou interesse pessoal, acham íntimo
prazer em espalhar alegria à sua volta e se podem alegrar com o contentamento dos outros, enquanto
este é obra sua. Eu afirmo, porém, que, neste caso, uma ação deste tipo, ainda que seja conforme ao
dever, ainda que seja amável, não tem qualquer verdadeiro valor moral (...).
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Lisboa, Edições 70, 1988, p. 28 (adaptado).
Por que razão Kant afirma que o tipo de ação descrito no texto anterior não tem valor
moral?
Qual das duas programações referidas seria adotada por um defensor da ética de Mill?
Justifique.
O utilitarismo exige que o agente seja tão estritamente imparcial entre a sua própria felicidade e a dos
outros como um espectador desinteressado e benevolente.
Stuart Mill, Utilitarismo, Lisboa, Gradiva, 2005, pp. 63-64.
Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro,
sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Lisboa, Edições 70, 1988, p. 69.
Uma pessoa, por uma série de desgraças, chegou ao desespero (...). A sua máxima (...) é a seguinte:
Por amor de mim mesmo, admito como princípio que, se a vida, prolongando-se, me ameaça mais
com desgraças do que me promete alegrias, devo encurtá-la. (...) Vê-se então (...) que uma natureza
cuja lei fosse destruir a vida em virtude do mesmo sentimento cujo objetivo é suscitar a sua
conservação se contradiria a si mesma.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Lisboa, Edições 70, 1986, p. 63.
21.1. Explique como Kant, recorrendo à fórmula da lei universal do imperativo categórico,
condena o suicídio.
21.2. Segundo Kant, uma pessoa que, nas circunstâncias descritas no texto, optasse pelo
suicídio agiria de modo autónomo ou heterónomo? Justifique a sua resposta.
Aquele que diz uma mentira, por muito bem-intencionado que possa ser, tem de ser responsável pelas
suas consequências (...), ainda que estas possam ter sido imprevisíveis; pois a veracidade é um dever
que tem de ser entendido como a base de todos os deveres decorrentes de um contrato, cuja lei se
torna incerta e inútil caso se admita a menor exceção.
Por conseguinte, ser verídico (honesto) em todas as declarações é um mandamento sagrado da razão
(...).
Kant, «Sobre um Suposto Direito de Mentir por Amor à Humanidade», in A Paz Perpétua e Outros Opúsculos, Lisboa, Edições 70, 1989, pp. 175-
-176 (adaptado).
Todos os moralistas reconhecem que mesmo a regra de dizer a verdade, sagrada como é, admite a
possibilidade de exceções, verificando-se a principal quando ocultar um facto (por exemplo, ocultar
informação a um malfeitor ou más notícias a uma pessoa muito doente) iria salvar uma pessoa
(especialmente uma pessoa que não nós próprios) de um mal maior e imerecido, e quando só é
possível realizar a ocultação negando a verdade.
Stuart Mill, Utilitarismo, Porto, Porto Editora, 2005, p. 63 (adaptado).
Quando, por exemplo, dizemos «Não deves fazer promessas enganadoras», admitimos que a
necessidade desta abstenção não é (...) um conselho para evitar qualquer outro mal – como se
disséssemos «Não deves fazer promessas mentirosas para não perderes o crédito quando se
descobrir o teu procedimento» – mas que fazer promessas enganadoras é uma ação que tem de ser
considerada como má em si mesma (...).
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Lisboa, Edições 70, 2009, p. 59 (adaptado).
24. Talvez roubar se justifique em certas circunstâncias. Por exemplo, no caso de um país
devastado pela guerra, uma pessoa em condições de extrema necessidade pode ter de se
apropriar de alimentos ou de agasalhos que não lhe pertencem para ajudar os seus filhos a
sobreviverem.
Mostre como o exemplo dado representa um desafio para a moral kantiana.
A Maria sempre gostou muito de crianças e chegou a pensar em trabalhar como voluntária numa
associação de apoio a crianças doentes, mas acabou por concluir que seria muito difícil conciliar esse
trabalho com os estudos.
Entretanto, ela soube que o voluntariado era muito valorizado nas entrevistas de emprego. Por essa
razão, decidiu contactar uma conhecida associação de apoio a crianças doentes e conseguiu ser
admitida, passando a conciliar o trabalho de voluntariado com os estudos. Pela sua dedicação e pela
sua simpatia, a Maria destacou-se desde o primeiro momento como uma das voluntárias favoritas das
crianças e das famílias.
O apoio dado pela Maria às crianças doentes e às suas famílias tem valor moral?
Na sua resposta, deve:
‒ clarificar o problema filosófico inerente à questão formulada;
‒ apresentar inequivocamente a sua posição;
‒ argumentar a favor da sua posição.
O José é um bom aluno, mas sente-se inseguro quando tem de utilizar fórmulas memorizadas. Ao ser
informado de que o enunciado do teste final de Física não iria incluir uma lista com as fórmulas,
decidiu levar uma pequena cábula com as fórmulas mais complexas, para o caso de se esquecer de
alguma.
Ainda assim, o José acabou por não usar a cábula, errando algumas fórmulas, pois teve receio de ser
apanhado a copiar.
Será que, de acordo com Kant, a decisão do José tem valor moral? Justifique a sua
resposta.
Um soldado encontra-se na frente de batalha. Sabe que, caso fuja, conseguirá salvar-se, mas porá em
causa a operação militar, destinada a proteger uma aldeia onde se abrigam centenas de civis
inocentes. Ainda assim, ele acabou por fugir.
Será que Kant e Mill divergiriam na avaliação moral do ato do soldado? Justifique.
Texto A
Conseguimos, portanto, mostrar, pelo menos, que, se o dever é um conceito que deve ter um
significado e conter uma verdadeira legislação para as nossas ações, esta legislação só se pode
exprimir em imperativos categóricos, mas de forma alguma em imperativos hipotéticos.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Coimbra, Atlântida, 1960, pp. 61-62.
Texto B
O objeto da ética é dizer-nos quais são os nossos deveres, ou por que meios podemos conhecê-los;
mas nenhum sistema de ética exige que o único motivo de tudo o que façamos seja um sentimento de
dever. (...) O motivo nada tem a ver com a moralidade da ação, embora tenha muito a ver com o valor
do agente. Quem salva um semelhante de se afogar faz o que está moralmente correto, quer o seu
motivo seja o dever, ou a esperança de ser pago pelo seu incómodo.
Stuart Mill, Utilitarismo, Lisboa, Gradiva, 2005, p. 65.
A boa vontade não é boa por aquilo que promove ou realiza, pela aptidão para alcançar qualquer
finalidade proposta, mas tão-somente pelo querer, isto é, em si mesma, e, considerada em si mesma,
deve ser avaliada em grau muito mais alto do que tudo o que por seu intermédio possa ser alcançado
em proveito de qualquer inclinação, ou mesmo, se se quiser, da soma de todas as inclinações. [..] A
utilidade ou a inutilidade nada podem acrescentar ou tirar a este valor.
Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Lisboa, Edições 70, 1992, p. 23.
32. Leia o Texto 1 e considere-o nas suas respostas aos itens 32.1. e 32.2.
Texto 1
Temos a obrigação de ajudar alguém que seja pobre; mas, como o favor que fazemos implica que o
seu bem-estar dependa da nossa generosidade, e isso humilha a pessoa, é nosso dever
comportarmo-nos como se a nossa ajuda fosse (...) meramente o que lhe é devido (...), permitindo-lhe
manter o seu respeito por si própria (...), de modo a não diminuir o valor dessa pessoa enquanto ser
humano (...).
Kant, A Metafísica dos Costumes, Lisboa, FCG, 2017, pp. 390-392 (adaptado).
32.1. É possível inferir do Texto 1 que há atos de caridade que podem ser moralmente
censuráveis.
Concorda que há atos de caridade que podem ser moralmente censuráveis? Justifique a
sua perspetiva.
32.2. No Texto 1, Kant começa por afirmar que «temos a obrigação de ajudar alguém que seja
pobre». Essa afirmação exprime um juízo de valor? Justifique a sua resposta.
Num país, metade das pessoas tem um rendimento mensal de 6000 €, que lhes permite adquirir bens
que elas próprias consideram dispensáveis, e a outra metade tem um rendimento mensal de 600 €,
que dificilmente chega para satisfazer as suas necessidades básicas. Foram apresentadas duas
propostas ao governo: na primeira, propõe-se que o rendimento disponível seja redistribuído,
transferindo 200 € das pessoas que têm um rendimento mensal de 6000 € para as que têm um
rendimento mensal de 600€; na segunda, propõe-se que não se faça qualquer redistribuição.
34. Leia o Texto 1 e considere-o nas suas respostas aos itens 34.1. e 34.2.
Texto 1
Todos já tivemos de lidar com pessoas que dizem que algo – por exemplo, a homossexualidade (...) –
é moralmente errado, mas que são incapazes de apontar quaisquer consequências más que daí
resultem. (...) Certas teorias morais, mesmo quando são motivadas por uma preocupação com o bem-
-estar humano, parecem consistir num conjunto de regras para serem seguidas, sejam quais forem as
consequências.
W. Kymlicka, Contemporary Political Philosophy – an introduction, Oxford, Oxford University Press, 2002, p. 11.
34.1. Será que o utilitarismo é uma das teorias morais que consistem apenas «num conjunto
de regras para serem seguidas»?
Justifique.
34.2. No Texto 1, refere-se que há teorias morais «motivadas por uma preocupação com o
bem-estar humano».
Explique o que entende Mill por bem-estar.
Texto 1
Alguém bate à sua porta. Depara-se com um jovem que, claramente, necessita de ajuda. Está ferido e
a sangrar. Leva-o para dentro e ajuda-o, fazendo-o sentir-se confortável e seguro, e chama uma
ambulância. Não há dúvida de que esta ação é correta. Mas, se o ajudasse apenas por ter pena do
jovem, segundo Kant, isso já não seria uma ação moral.
N. Warburton, Uma Pequena História da Filosofia, Lisboa, Edições 70, 2012, p. 123.
35.1. De acordo com Kant, a ação descrita no texto, ainda que seja correta, pode não ser «uma
ação moral». Caso não seja uma ação moral, como a classificaria Kant? Explique.
35.2. Como poderá o caso apresentado no Texto 1 ser usado para criticar a teoria ética de
Kant?
11. Rawls defende que, na posição original, a escolha dos princípios da justiça seguiria a
estratégia maximin.
Suponha que há 100 unidades de bem-estar para distribuir por três pessoas. Selecione a
opção que apresenta o modelo de distribuição que está mais de acordo com a estratégia
maximin.
Um indivíduo sofre de graves deficiências mentais, e um outro tem um grande talento matemático.
Estando satisfeitas as necessidades materiais de ambos, a sociedade dispõe de recursos adicionais
que permitem ajudar apenas um deles. Desse modo, ou o indivíduo com graves deficiências mentais
terá um apoio educativo suplementar, que não irá melhorar significativamente a sua vida, ou será
proporcionada uma educação superior ao indivíduo com talento matemático, que dela retirará a
grande satisfação de desenvolver todas as suas potencialidades nesse domínio.
Quem, contra Rawls, defender a opção de ajudar o indivíduo com talento matemático
estará a pôr em causa:
A. a existência de bens sociais primários.
B. o dever de imparcialidade.
C. o princípio da diferença.
D. o princípio da igualdade de oportunidades.
13. Suponha que uma pessoa rica tem de participar na escolha de princípios de justiça que
regulem a estrutura básica da sociedade em que vive. De acordo com Rawls, para que a
escolha seja razoável, essa pessoa terá de atender às restrições da posição original. Por
conseguinte, ela deve escolher princípios de justiça:
A. tendo em conta o rendimento dos mais desfavorecidos.
14. Na teoria da justiça de Rawls, o princípio da liberdade igual tem prioridade sobre o
princípio da diferença.
Aceitar esta prioridade implica aceitar que:
A. as liberdades não podem ser negadas mesmo que impeçam a criação de riqueza que
beneficiaria os menos favorecidos.
B. os incentivos ao crescimento da riqueza envolvem sempre o risco de serem negadas
liberdades aos menos favorecidos.
C. as liberdades são indispensáveis à melhoria crescente do rendimento dos menos
favorecidos.
D. os incentivos ao crescimento da riqueza apenas limitam as liberdades dos menos
favorecidos.
E se (...) algumas pessoas preferissem apostar? E se vissem a vida como uma lotaria e quisessem
certificar-se de que haveria algumas posições muito atrativas para ocupar na sociedade? Em princípio,
os jogadores estão dispostos a correr o risco de ficarem pobres se, em contrapartida, tiverem a
hipótese de serem extremamente ricos. (...) Rawls acreditava que as pessoas sensatas não
desejariam apostar as suas vidas desta maneira. Talvez estivesse enganado a este respeito.
N. Warburton, Uma Pequena História da Filosofia, Lisboa, Edições 70, 2012, p. 228 (adaptado).
16. Suponha que os valores apresentados nas situações A e B indicam o acesso aos bens
primários dos indivíduos 1 e 2.
Indivíduo 1 Indivíduo 2
Situação A 4 4
Situação B 5 6
B. o princípio da liberdade.
B. os princípios de justiça que devem estruturar a sociedade não impõem um certo modo de
vida.
C. contém princípios de justiça que apenas especificam as diferentes liberdades.
D. a liberdade individual apenas pode ser anulada quando é incompatível com os desejos da
maioria.
C. as liberdades dos mais talentosos valerem menos do que o rendimento dos desfavorecidos.
Outras questões
1. De acordo com a teoria da justiça proposta por John Rawls, os princípios da justiça
devem ser escolhidos a coberto de um «véu de ignorância». Porquê?
Para nos podermos queixar da conduta e das crenças de outros, temos de demonstrar que essas
ações nos ferem ou que as instituições que as permitem nos tratam de forma injusta. E isto significa
que temos de apelar para os princípios que escolheríamos na posição original. Contra estes princípios,
nem a intensidade do sentimento nem o facto de ele ser partilhado pela maioria têm qualquer
relevância.
John Rawls, Uma Teoria da Justiça, Lisboa, Editorial Presença, 2001.
Dadas as circunstâncias da posição original, [nomeadamente] a simetria das relações que entre todos
se estabelecem, esta situação inicial coloca os sujeitos, vistos como entidades morais, isto é, como
seres racionais com finalidades próprias e – parto desse princípio – capazes de um sentido de justiça,
numa situação equitativa.
John Rawls, Uma Teoria da Justiça, Lisboa, Editorial Presença, 2001, p. 34 (adaptado).
3.1. Explique, a partir do texto, por que razão Rawls considera que a posição original «coloca
os sujeitos (...) numa situação equitativa».
3.2. Apresente uma objeção à teoria da justiça de Rawls.
4. Leia o texto.
Quando os dois princípios [da justiça] são cumpridos, as liberdades básicas de cada sujeito estão
garantidas e, de um modo definido pelo princípio da diferença, cada sujeito é beneficiado pela
cooperação social. Deste modo, é possível explicar a aceitação do sistema social e dos princípios que
ele cumpre através da lei psicológica segundo a qual as pessoas tendem a amar, proteger e apoiar
aquilo que defende o seu próprio bem. Dado que o bem de todos é defendido, todos estarão
inclinados a defender o sistema.
Quando o princípio de utilidade é cumprido, (...) não existe a garantia de que todos beneficiem. A
obediência ao sistema social pode obrigar a que alguns, em particular os menos favorecidos, devam
renunciar a benefícios para que um bem maior esteja à disposição do conjunto. Assim, o sistema não
será estável, a não ser que aqueles que sofrem os sacrifícios maiores se identifiquem com interesses
mais amplos do que os que lhes são próprios. Tal não é fácil de obter.
John Rawls, Uma Teoria da Justiça, Lisboa, Editorial Presença, 2001, p. 149 (adaptado).
No texto anterior, Rawls apresenta razões a favor dos dois princípios da justiça por si
defendidos e contra o princípio de utilidade.
Explicite as razões de Rawls.
5. Em muitos países, os governos aplicam recursos financeiros quer para apoiar os estudantes
provenientes de meios economicamente desfavorecidos quer para apoiar os estudantes com
necessidades educativas especiais.
Segundo Rawls, essa aplicação de recursos financeiros é justa ou é injusta? Justifique
a sua resposta.
6. Para que uma sociedade seja justa, basta que todos tenham liberdades iguais?
Na sua resposta,
‒ apresente inequivocamente a sua posição;
‒ argumente a favor da sua posição.
Os princípios da justiça constituem também imperativos categóricos no sentido empregado por Kant.
Por imperativo categórico, Kant entende um princípio de conduta que se aplica a um sujeito em virtude
da sua natureza como ser racional, livre e igual.
John Rawls, Uma Teoria da Justiça, Lisboa, Editorial Presença, 2001, p. 204 (adaptado).
O objetivo da posição original é excluir aqueles princípios que seria racional tentar fazer aprovar (...)
em função do conhecimento de certos dados que são irrelevantes do ponto de vista da justiça.
John Rawls, Uma Teoria da Justiça, Lisboa, Editorial Presença, 2001, p. 38 (adaptado).
O valor da liberdade não é o mesmo para todos. Alguns gozam de maior poder e riqueza e dispõem,
portanto, de maiores meios para alcançar os seus fins. (...) Considerando os princípios da justiça em
conjunto, a estrutura básica deve ser disposta de modo a maximizar para os menos beneficiados o
valor do sistema completo de liberdades iguais que é partilhado por todos. É esta a definição do
objetivo da justiça social.
John Rawls, Uma Teoria da Justiça, Lisboa, Editorial Presença, 2001, p. 170 (adaptado).
10.1. Por que razão, de acordo com Rawls, é preciso maximizar o valor da liberdade para os
menos beneficiados?
11. Rawls defendeu que, se fôssemos colocados na posição original para escolhermos o
tipo de sociedade em que iríamos viver, escolheríamos os princípios de justiça por ele
indicados.
Terá Rawls razão ao afirmar que essa seria a escolha que todos faríamos? Justifique a
sua opinião.
12. Suponha que a sociedade dispõe de uma quantia destinada a financiar a preparação de dois
atletas para os jogos olímpicos. Os dois atletas têm o mesmo nível de talento e de
capacidades e a mesma motivação para as usar. De acordo com a teoria da justiça de Rawls,
estes atletas devem ter a mesma expetativa de sucesso, independentemente da classe social
de origem. Por isso, a quantia destinada a financiar a preparação de ambos para os jogos
olímpicos deve ser dividida pelos dois em partes iguais.
Identifique o princípio de justiça, proposto por Rawls, em nome do qual a solução
apresentada é a correta.
13. No texto seguinte, Rawls argumenta que o utilitarismo, ao dar prioridade à maximização
do bem, em vez de dar prioridade à justiça como equidade, não garante os direitos e as
liberdades individuais.
Admitamos que a maior parte da sociedade detesta certas práticas religiosas ou sexuais, encarando-
as como uma abominação. Este sentimento é tão intenso que não basta que tais práticas sejam
ocultadas do público; a simples ideia de que elas ocorrem é suficiente para suscitar na maioria
sentimentos de cólera e ódio. (...) Para defender a liberdade individual neste caso, o utilitarista tem de
demonstrar que, dadas as circunstâncias, o que verdadeiramente interessa do ponto de vista dos
benefícios, a longo prazo, é a manutenção da liberdade; mas este argumento pode não ser
convincente.
Na teoria da justiça como equidade, no entanto, este problema nunca se coloca. Desde logo, as
convicções intensas da maioria, se forem efetivamente meras preferências sem qualquer apoio nos
princípios da justiça anteriormente estabelecidos, não têm qualquer peso. A satisfação destes
sentimentos não tem qualquer valor que possa ser contraposto às exigências da igual liberdade para
todos.
John Rawls, Uma Teoria da Justiça, Lisboa, Editorial Presença, 2001, p. 344 (adaptado).
14. Imagine que é uma das quatro pessoas referidas no quadro abaixo e que, sem saber qual
delas é, tem de escolher entre as duas sociedades apresentadas, A ou B. Os valores
indicados são a medida do grau de acesso aos bens primários, que vai de um mínimo de 1 a
um máximo de 10.
De acordo com a teoria da justiça de Rawls, qual das duas sociedades indicadas, A ou
B, iria escolher?
Porquê?
A pessoa que escolhe trabalhar mais horas para obter um rendimento que ultrapassa aquilo de que
precisa para satisfazer as suas necessidades básicas prefere alguns bens ou serviços adicionais em
detrimento do lazer e das atividades que poderia realizar nessas horas; ao passo que a pessoa que
escolhe não trabalhar tantas horas prefere as atividades de lazer em detrimento dos bens ou serviços
adicionais que poderia adquirir trabalhando mais. Assim sendo, se seria ilegítimo um sistema fiscal
apropriar-se de uma parte do lazer de uma pessoa (impondo-lhe trabalho forçado) com o propósito de
servir os necessitados, como pode ser legítimo que um sistema fiscal se aproprie de uma parte dos
bens de uma pessoa com esse mesmo propósito?
Porque devemos tratar a pessoa cuja felicidade requer certos bens materiais ou serviços de modo
diferente da pessoa cujas preferências e desejos tornam esses bens desnecessários para a sua
felicidade? (...) Talvez não haja diferença quanto ao princípio.
R. Nozick, Anarquia, Estado e Utopia, Lisboa, Edições 70, 2009, pp. 214, 215.
Numa associação industrial cooperativa, será justo que o talento e a perícia deem direito a uma
remuneração superior? Os que respondem negativamente defendem que aqueles que fazem o melhor
que podem merecem ser pagos da mesma maneira, e que seria injusto colocá-los numa posição de
inferioridade por algo de que não têm culpa. (...) A favor da perspetiva contrária, alega-se que a
sociedade recebe mais do trabalhador mais eficiente, e que, como os seus serviços são mais úteis, a
sociedade lhe deve uma maior compensação. (...) Como escolher entre estes apelos a princípios de
justiça rivais? Neste caso, a justiça tem dois lados, sendo impossível harmonizá-los, e os dois
disputadores escolheram lados opostos – um olha para aquilo que é justo que o indivíduo receba; o
outro, para aquilo que é justo que a comunidade lhe dê. Cada uma destas posições é, do ponto de
vista de cada disputador, incontestável, e qualquer opção por uma delas (...) tem de ser
completamente arbitrária. Só a utilidade social pode decidir a prioridade.
Stuart Mill, Utilitarismo, Porto, Porto Editora, 2005, pp. 98-99 (adaptado).
16.1. Mostre que o princípio da diferença, defendido por Rawls, permite uma retribuição maior
para os mais talentosos.