Fichamento Av.2 Prod. Text.
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FICHAMENTO
CAMAÇARI-BA
2020
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Fichamento
CAMAÇARI-BA
2020
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Fichamento
NAGEL, Thomas. Uma breve introdução à filosofia. Martins Fontes, São Paulo,
2001.
“Geralmente você não duvida da existência do chão sob seus pés, ou da árvore que
vê pela janela, ou dos seus dentes. Na verdade, na maior parte das vezes você nem
sequer pensa nos estados de espírito que o fazem perceber essas coisas: parece que
você as percebe diretamente. Mas como sabe que elas realmente existem?” (p. 07).
“É apenas mais uma afirmação sobre o mundo externo e sua relação com ele, e
precisa estar baseada nas evidências dos seus sentidos. Mas você só poderá confiar
nessas evidências específicas sobre como se produzem as experiências visuais se já
puder confiar, de maneira geral, no conteúdo da sua mente para lhe dizer como é o
mundo externo.” (p. 08).
“Mas será que todas as nossas experiências não poderiam ser um sonho gigante, sem
nenhum mundo fora dele? Como você pode saber que não é assim? Se todas as suas
experiências fossem um sonho e não houvesse nada do lado de fora, então qualquer
evidência que você tentasse utilizar para provar a si mesmo que há um mundo externo
apenas faria parte do sonho. Se você batesse na mesa ou se beliscasse, ouviria a
batida e sentiria o beliscão, mas isso seria apenas mais uma coisa acontecendo dentro
da sua m ente, com o tudo o mais. Não adianta: se você quer descobrir se o que há
dentro da sua mente serve de guia para o que está fora dela, não pode apoiar-se no
que as coisas parecem ser - a partir do interior da sua mente - para obter uma
resposta.” (p. 09).
“Todas as evidências acerca de qualquer coisa têm de vir através da sua mente - seja
na forma de percepção, seja (...) como testemunhos de livros e de outras pessoas,
seja como memória e tudo aquilo de que você tem ciência é inteiramente compatível
com a ideia de que não existe absolutamente nada que não seja o interior da sua
mente.” (p. 09-10).
“Talvez você, o sujeito da experiência, seja a única coisa que existe, e não haja
absolutamente nenhum mundo físico - nem estrelas, nem Terra, nem corpos
humanos. Talvez nem mesmo o espaço exista.” (p.10).
“A conclusão mais radical que se poderia tirar disso tudo é que sua mente é a única
coisa que existe. Essa visão é chamada de solipsismo. É uma visão muito solitária, e
poucas pessoas a sustentam.” (p.10).
“Talvez a conclusão correta seja a mais modesta, a de que você não conhece nada
além de suas impressões e experiências. Pode existir ou não um mundo externo, e,
se existe, ele pode ser ou não completamente diferente do que lhe parece - você não
tem como saber. Essa visão é denominada ceticismo acerca do mundo externo.”
(p.11).
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“Argumentos similares parecem demonstrar que você não sabe nada nem mesmo
acerca de sua própria existência ou experiência passada, uma vez que tudo em que
você pode se apoiar são os conteúdos presentes na sua mente, incluindo as
impressões da memória” (p.11).
“Parece que você não consegue livrar-se do fato de que não pode ter certeza de nada,
a não ser dos conteúdos da sua própria mente no momento presente. E parece que
qualquer argumento que você tente usar para sair desse impasse irá falhar, pois o
argumento terá de pressupor o que você está tentando provar - a existência do mundo
externo à sua mente.” (p.12).
“A ciência também não nos ajudará a resolver esse problema, ao contrário do que
pode parecer. No pensamento científico usual, confiamos em princípios gerais de
explicação para passarmos da maneira como o mundo nos parece à primeira vista
para uma concepção diferente sobre aquilo que ele realmente é.” (p.13).
“Como saber que o mundo fora de nossas mentes corresponde a nossas ideias do
que seria uma boa explicação teórica para nossas observações? Se não podemos
estabelecer a confiabilidade de nossas experiências sensoriais em relação ao mundo
externo, também não há razão para pensarmos que podemos confiar em nossas
teorias científicas.” (p.14).
“Nossa ideia acerca das coisas que existem é simplesmente nossa ideia do que
podemos observar. (Essa visão é chamada, às vezes, de verificacionismo.)” (p.14).
“Contudo, se não houver alguma possibilidade de existir uma visão correta (sua ou de
outra pessoa) acerca de como as coisas são, não fará sentido a ideia de que suas
impressões do mundo não são verdadeiras.” (p.15).
“E o que o cético tenta imaginar é precisamente que não há ninguém para observar
isso ou qualquer outra coisa - exceto, é claro, o próprio cético, e tudo o que ele pode
observar é o interior de sua própria mente. Assim, o solipsismo não faz sentido. Ele
tenta subtrair o mundo externo da totalidade das minhas impressões; mas fracassa,
porque, se o mundo externo é suprimido, elas deixam de ser meras impressões para
tornar-se, em vez disso, percepções da realidade.” (p.15).
“Portanto, talvez não haja como escapar da prisão de sua mente. Isso é o que se
chama, às vezes, de dilema egocêntrico” (p.16).
“Dito tudo isso, no entanto, tenho de admitir que é praticamente impossível levar a
sério a ideia de que todas as coisas que vemos no mundo à nossa volta na realidade
podem não existir. Nossa aceitação do mundo externo é instintiva e poderosa:
argumentações filosóficas não bastam para livrar-nos dela” (p.16).
“Se uma crença no mundo fora de nossas mentes se apresenta a nós de maneira tão
natural, talvez não necessitemos de razões para sustentá-la.” (p.17).
“É isso que a maioria das pessoas faz, na verdade, depois que desistem de tentar
prová-la: embora não possam opor razões ao ceticismo, também não conseguem
aceitá-lo.” (p.17).
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