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UNIDADE DIDÁCTICA II: CRITÉRIOS ÉTICOS

CONTEÚDOS DA SEGUNDA UNIDADE


2.1- Critérios objectivos:
- Valores morais
- Normas morais
2.2- Critérios objectivos: A Própria consciência.
2.3- Critérios relativos:
- As Circunstâncias (Condições) concretas do agir humano.

OBJECTIVO PRINCIPAL DA SEGUNDA UNIDADE


Esta unidade levar os estudantes a serem capazes de fazer uma clara distinção
entre valores e normas morais, conceituar a consciência e explicar as diversas circunstâncias
do viver e do agir humano.

ACTIVIDADES
1. O que são:
- Valores morais
- Normas morais
2. Identifica os quatro estágios da consciência moral e dá um exemplo para cada
um.
3. Define e apresenta um exemplo claro para cada conceito:
- Acto humano
- Acto do homem
2.1. Critérios objectivos: Valores e normas morais
Como foi afirmado acima, ética provém do grego ethos e significa costumes, bem como
“carácter” e “modo de ser”. A palavra moral, porém, provém do latim mos ou mores e
também significa costume ou costumes, no sentido de conjunto de normas ou regras
adquiridas por hábito. (Vázquez, 1978, p. 14). Por esta feliz coincidência etimológica e
conceptual, estudiosos há, que preferem afirmar que a ética e a moral são a mesma coisa,
visto que todas dizem respeito aos costumes e ambas tratam das questões teóricas bem como
práticas do agir humano. Outros estudiosos vão mais longe separando uma da outra. Esses
últimos se agarram aos argumentos de que, enquanto a moral estuda os costumes
contextualizados, a ética julga a moral distinguindo o bem do mal.

2.1.1. Valores morais:


Valores morais são os conceitos, juízos e pensamentos que são considerados
“certos” ou “errados” por determinada pessoa ou sociedade.
Normalmente, os valores morais começam a ser transmitidos para as pessoas nos seus
primeiros anos de vida, através do convívio familiar. Com o passar do tempo, este indivíduo
vai aperfeiçoando os seus valores, a partir de observações e experiências obtidas na vida
social.
Assim, além de ter recebido o ensinamento sobre valores morais durante sua criação,
uma pessoa pode formar seu conjunto de valores morais, a partir de suas próprias vivências.

2.1.1.1. Valores morais nas sociedades


Os valores morais podem ser variáveis, ou seja, podem divergir entre sociedades ou
grupos sociais diferentes. Por exemplo, para um grupo de indivíduos uma acção pode ser
considerada correcta, enquanto para outros esta mesma atitude é repudiada e tida como errada
ou imoral.
Assim, os valores morais são baseados em diversos factores, como cultura, tradição,
quotidiano, religião e educação de determinado povo.
O cultivo dos valores morais em uma sociedade é uma das formas de garantir a
convivência pacífica entre as pessoas, pois, de certa forma, determinam como devem ser os
comportamentos, funcionando como uma espécie de orientação sobre a forma de agir.
Da mesma forma, a existência de valores morais é importante para garantir a existência
de ordem em uma sociedade.
2.1.1.2. Valores morais universais
No entanto, existem alguns valores que são apresentados como “universais”, pois estão
presentes em quase todas as sociedades do mundo. Por exemplo: liberdade, igualdade,
respeito, educação e justiça.
A consciência de que o respeito ao próximo deve ser um imperativo no convívio social
pode ajudar a evitar uma das consequências mais desagradáveis e negativas que o conflito de
diferentes valores morais pode provocar: a discriminação e o preconceito entre as pessoas.

2.1.1.3. Valores na Declaração Universal dos Direitos Humanos


Alguns destes valores morais são tão primordiais que estão previstos na Declaração
Universal dos Direitos Humanos. Entre os valores que são destacados na Declaração estão a
liberdade de escolhas individuais, a liberdade política e o cultivo da solidariedade.
A igualdade entre as pessoas também é um valor determinado na Declaração e significa
que todos são iguais, independente de diferenças culturais, raciais, religiosas, sociais ou
económicas.
Descubra mais sobre o significado de valores.

2.1.1.4. Valores morais e sociais


Na vida em sociedade, os valores morais são essenciais, pois ditam o comportamento
das pessoas, a forma de interacção entre os membros daquele grupo e a ordem do quotidiano
social.
Os valores sociais estão focados no desenvolvimento da cidadania, a partir de
contribuições que ajudem a melhorar e organizar a vida em sociedade.

2.1.1.5. Valores morais e éticos


Partindo do conceito da ética, os valores éticos são princípios que não se limitam apenas
às normas, costumes e tradições culturais de uma sociedade (valores morais), mas também
procuram se focar nas características compreendidas como essenciais para o melhor modo de
viver ou agir em sociedade de modo geral.

2.1.1.6. Valores morais e religiosos


A religião é uma das principais entidades presentes dentro da sociedade que ajudam a
moldar os valores morais, assim como a família. Assim, doutrinas religiosas também podem
ser fontes de orientação de valores morais.
A fé, a bondade, o amor, o matrimónio e a união familiar são alguns exemplos dos
valores morais defendidos pela Igreja. No caso da religião católica todos os valores religiosos
estão baseados nos ensinamentos descritos na bíblia, sendo direccionados para o que a
doutrina religiosa entende como sendo "certo", "errado", "bem" ou "mal".
Já a doutrina espírita, por exemplo, tem a prática da caridade e da tolerância como seus
principais valores.

2.2. Normas morais


As normas morais são regras de convivência social e obedecem sempre a três
princípios:
 Auto-obrigação,
 Universalidade,
 Incondicionalidade;
As normas morais são regras de convivência social ou guias de acção, porque nos dizem
o que devemos ou não fazer e como o fazer. As normas morais obedecem sempre a três
princípios. Primeiro que tudo é sempre caracterizado por uma auto-obrigação, ou seja, vale
por si mesma independentemente do exterior, é essencial do ponto de vista de cada um.
Também é universal, porque válida para toda a Humanidade, ninguém está fora dela e todos
são abrangidos por ela.
Por último, as normas morais são também incondicionais, visto que não estão sujeitas a
prémios ou penalizações, são praticadas sem outra intenção, finalidade. Mesmo que não
sejam cumpridas, as normas morais existem sempre, na medida em que o homem é um ser
em sociedade e nas suas decisões tenta fazer o bem e não o mal.
E, por vezes, mesmo que as desrespeite, o homem reconhece sempre a sua importância
e o poder que elas têm sobre ele.

2.2. Critérios subjectivos: A Própria consciência


Cada homem leva em seu coração uma lei. Por isto, com sua inteligência e vontade
pode distinguir o bem e o mal, o justo e o injusto, o permitido e o proibido.
Para ajudar a esta luz interior da consciência, que às vezes é escurecida pelo pecado e as
paixões, Deus deu os Dez Mandamentos, que servem para todos e para sempre, e são norma
de felicidade e do bom andamento de cada pessoa e da sociedade.
É necessário formar a consciência moral para que seja boa e segura.
2.2.1. O que é a consciência moral?
A consciência moral é um juízo da razão pelo qual a pessoa humana reconhece a
qualidade moral de um acto concreto.
Como o homem sabe se um acto concreto é bom ou mau?
O homem sabe que um acto concreto é bom ou mau mediante sua consciência moral.
A consciência pode equivocar-se?
Sim, a consciência pode equivocar-se se não está bem formada, porque frente a um acto
concreto poderia fazer um juízo erróneo contra a razão e a lei divina.
Como se forma a consciência?
A consciência é formada com o conhecimento da lei de Deus tal como a ensina o
Magistério da Igreja, com a prática das virtudes, a oração, a petição de conselho
especialmente no direccionamento espiritual e na recepção frequente do sacramento da
Penitência.

2.3. Critérios relativos: As circunstâncias (condições) concretas do viver e do agir


humano
2.3.1. A moralidade dos actos humanos
O agir é moralmente bom quando as escolhas livres estão em conformidade com o
verdadeiro bem do homem.
«Os actos humanos, isto é, livremente realizados depois de um julgamento de
consciência, são qualificáveis moralmente: são bons ou maus» (CIC, 1749). «O agir é
moralmente bom quando as escolhas da liberdade estão conformes com o verdadeiro bem do
homem e expressam assim a ordenação voluntária da pessoa para seu fim último, isto é, o
próprio Deus». «A moralidade dos actos humanos depende:
— do objecto escolhido;
— do fim que se busca ou a intenção;
— das circunstâncias da acção.
O objecto, a intenção e as circunstâncias são as “fontes" ou elementos constitutivos da
moralidade dos actos humanos» (CIC, 1750).

2.3.2. O objecto moral


O objecto moral «é o fim próximo de uma escolha deliberada que determina o acto de
querer da pessoa que actua». O valor moral dos actos humanos (sejam bons ou maus)
depende antes de mais nada da conformidade do objecto ou do acto querido com o bem da
pessoa, segundo o julgamento da reta razão. Somente se o acto humano é bom por seu
objecto, é “ordenável" ao fim último.
Há actos que são intrinsecamente maus porque são maus «sempre e por si mesmos, isto
é, por seu objecto, independentemente das ulteriores intenções de quem actua e das
circunstâncias».
O proporcionalismo e o consequencialismo são teorias erróneas sobre a noção e a
formação do objecto moral de uma acção, segundo as quais há que o determinar em base à
“proporção" entre os bens e males que se perseguem, ou às “consequências" que podem se
derivar.

2.3.3. A intenção
No agir humano «o fim é o termo primeiro da intenção e designa o objectivo buscado
em uma acção. A intenção é um movimento da vontade para um fim; visa ao termo do fazer»
(CIC, 1752). Um acto que, por seu objecto, é “ordenável" a Deus, «atinge sua perfeição
última e decisiva quando a vontade o ordena efectivamente a Deus». A intenção do sujeito
que actua «é um elemento essencial na qualificação moral da acção» (CIC, 1752).
A intenção «não se limita à direcção da cada uma de nossas acções tomadas
isoladamente, mas também pode também ordenar várias acções para um mesmo objectivo;
pode orientar toda a vida para o fim último» (CIC, 1752). «Uma mesma acção pode estar,
pois, inspirada por várias intenções» (ibidem).
«Uma intenção boa não faz nem bom nem justo um comportamento em si mesmo
desordenado. O fim não justifica os meios» (CIC, 1753). «Pelo contrário, uma intenção má
acrescentada (como a vangloria) converte em mau um acto que, de seu, pode ser bom (como
a esmola; cfr. Mt 6, 2-4)» (CIC, 1753).

2.3.4. As circunstâncias
As circunstâncias «são os elementos secundários de um acto moral. Contribuem a
agravar ou a diminuir a bondade ou a malícia moral dos actos humanos (por exemplo, a
quantidade de dinheiro roubado). Podem também atenuar ou aumentar a responsabilidade do
que faz (como actuar por medo à morte)» (CIC, 1754). As circunstâncias «não podem fazer
nem boa nem justa uma acção que de seu é má» (ibidem).
«O acto moralmente bom supõe ao mesmo tempo a bondade do objecto, do fim e das
circunstâncias» (CIC, 1755).
2.4. As acções indirectamente voluntárias
«Uma acção pode ser indirectamente voluntária quando resulta de uma negligencia com
respeito ao que se teria devido conhecer ou fazer» (CIC, 1736).
«Um efeito pode ser tolerado sem ser querido pelo que actua, por exemplo, o
esgotamento de uma mãe à cabeceira de seu filho doente. O efeito mau não é imputável se
não foi desejado nem como fim nem como meio da acção, como a morte acontecida ao
auxiliar a uma pessoa em perigo. Para que o efeito mau seja imputável, é preciso que seja
previsível e que o sujeito tenha a possibilidade evitá-lo, por exemplo, no caso de um
homicídio cometido por um motorista em estado de embriaguez» (CIC, 1737).
Também se diz que um efeito foi realizado com “vontade indirecta" quando não se
desejava nem como fim nem como meio para outra coisa, mas se sabe que acompanha de
modo necessário àquilo que se quer realizar. Isto tem importância na vida moral, porque
ocorre às vezes que há acções que têm dois efeitos, um bom e outro mau, e pode ser lícito as
realizar para obter o efeito bom (querido directamente), ainda que não se possa evitar o mau
(que, por tanto, se quer só indirectamente). Trata-se às vezes de situações muito delicadas,
nas quais o mais prudente é pedir conselho a quem pode o dar.
Um acto é voluntário (e, por tanto, imputável) in causa quando não se escolhe por si
mesmo, mas se segue frequentemente (in multis) de uma conduta directamente querida. Por
exemplo, quem não guarda convenientemente a vista ante imagens obscenas é responsável
(porque o quis in causa) da desordem (não directamente escolhida) de sua imaginação; e
quem luta por viver a presença de Deus quer in causa os actos de amor que realiza sem,
aparentemente, lho propor.

2.5. A responsabilidade
«A liberdade torna ao homem responsável de seus actos na medida em que estes são
voluntários» (CIC, 1734). O exercício da liberdade comporta sempre uma responsabilidade
ante Deus: em todo acto livre de alguma maneira aceitamos ou recusamos a vontade de Deus.
«O progresso na virtude, o conhecimento do bem, e a ascesis acrescentam o domínio da
vontade sobre os próprios actos» (CIC, 1734).
«A imputabilidade e a responsabilidade de uma acção podem ficar diminuídas e
inclusive suprimidas por causa da ignorância, a inadvertência, a violência, o temor, os
hábitos, os afectos desordenados e outros factores psíquicos ou sociais» (CIC, 1735).
2.6. O mérito
«O termo “mérito" designa em general a retribuição devida por parte de uma
comunidade ou uma sociedade à acção de um de seus membros, considerada como obra boa
ou obra má, digna de recompensa ou de sanção. O mérito corresponde à virtude da justiça
conforme ao princípio de igualdade que a rege» (CIC, 2006).
O homem não tem, por si mesmo, mérito ante Deus, por suas boas obras (cfr. CIC,
2007). No entanto, «a adopção filial, fazendo-nos participes pela graça da natureza divina,
pode conferir-nos, segundo a justiça gratuita de Deus, um verdadeiro mérito. Trata-se de um
direito por graça, o pleno direito do amor, que nos faz “co-herdeiros" de Cristo e dignos de
obter a herança prometida da vida eterna» (CIC, 2009).
«O mérito do homem ante Deus na vida cristã provem de que Deus dispôs livremente
associar ao homem à obra de sua graça» (CIC, 2008).

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