PB Coelt 2018 1 04

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELÉTRICA


CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

ERIC BERNARD DILGER

DESENVOLVIMENTO DE UMA FONTE CHAVEADA PARA USO EM

LABORATÓRIO DE GRADUAÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PATO BRANCO
2018
ERIC BERNARD DILGER

DESENVOLVIMENTO DE UMA FONTE CHAVEADA PARA USO EM


LABORATÓRIO DE GRADUAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso de


graduação, apresentado à disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso 2, do
Curso de Engenharia Elétrica do
Departamento Acadêmico de Elétrica –
DAELE – da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná – UTFPR, Campus
Pato Branco, como requisito parcial para
obtenção do título de Engenheiro
Eletricista.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Marcelo de


Oliveira Stein

PATO BRANCO
2018
TERMO DE APROVAÇÃO

O trabalho de Conclusão de Curso intitulado “DESENVOLVIMENTO DE


UMA FONTE CHAVEADA PARA USO EM LABORATÓRIO DE GRADUAÇÃO”,
do(s) aluno(s) “ERIC BERNARD DILGER” foi considerado APROVADO de acordo
com a ata da banca examinadora N° 191 de 2018.

Fizeram parte da banca os professores:

Carlos Marcelo de Oliveira Stein

Emerson Giovani Carati

Everton Luiz de Aguiar

A Ata de Defesa assinada encontra-se na Coordenação do Curso de


Engenharia Elétrica
RESUMO

DILGER, Eric Bernard. Desenvolvimento De Uma Fonte Chaveada Para Uso Em


Laboratório De Graduação. 2018. 106f. Trabalho de Conclusão de Curso – Curso de
Engenharia Elétrica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Pato Branco,
2018.

Este trabalho aborda o estudo e o desenvolvimento de uma fonte chaveada operando


no modo de condução contínuo (CCM). Relações matemáticas são obtidas para
representar o controle de pequenos sinais da tensão de saída e da corrente no indutor
do conversor buck. Dois controladores são projetados para possibilitar o controle no
modo de tensão constante (MTC) e no modo de corrente constante (MCC). O estágio
de potência é controlado à uma frequência de chaveamento fixa com um DSP. A cada
ciclo, os sinais de tensão e de corrente são quantizados e subtraídos de seus valores
de referência, de modo a gerar um sinal de erro que é utilizado pelo controlador para
corrigir a razão cíclica. Para validar os circuitos projetados, são realizadas simulações
com os softwares MATLAB® e PSIM. A implementação da fonte é realizada em placas
de circuito impresso. Os resultados obtidos permitem comprovar a o desempenho dos
controladores. Técnicas de controle menos complexas podem ser utilizadas para o
controle da malha externa. A malha interna responde rapidamente às perturbações e
garante a limitação de corrente. Uma desvantagem apresentada pela técnica de
controle, deve-se à necessidade de atualizar os coeficientes dos controladores para
diferentes pontos de operação. Contudo, as equações apresentadas por este trabalho
podem ser implementadas junto ao DSP para que os valores sejam atualizados
constantemente.

Palavras-chave: Conversor Chaveado, Fonte de Alimentação Chaveada, Controle


Digital, Tensão Constante, Corrente Constante.
ABSTRACT

DILGER, Eric Bernard. Design of A Laboratory Switch-Mode Power Supply. 2018.


106f. Course Assigment Monograph – Federal Technological University of Paraná.
Pato Branco, 2018.

This paper presents a switch mode power supply (SMPS) operating in continuous
conduction mode (CCM). Mathematical derivations are verified for the small signal
models (SSM) of control-to-output and inductor current-to-output PWM-controlled buck
converter. Two controllers are designed to achieve either constant voltage (CV) or
constant current (CC) modes of operation. The power stage is digitally controlled at a
fixed frequency by a digital signal processor (DSP). Voltage and current signals are
quantized each cycle and subtracted to the respective reference signals, so that the
error signals can be calculated and used to compensate the system. The softwares
PSIM® and MATLAB® are used to simulate the SMPS. The power supply
implementation is done on a printed circuit board. The practical results shows an
intersting behavior about the automatic transition between the two control modes of
operation. A simple control design can be applied to the voltage loop, while the fast
response at the inner loop provides current limiting. The proposed SMPS major
drawback is the requirement of an adaptative positioning voltage, so that the controller
could be able to evaluate suitables coefficients for each point-of-load situations. Even
so, the mathematical relations established on this work can be applied to the DSP to
match the fitting values for the controllers as the point-of-load is modified.

Keywords: Switch Converter, Switch-Mode Power Supply, Digital Control, Constant


Voltage, Constat Current.
LISTAS DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CC Corrente Contínua
CA Corrente Alternada
D Duty-Cycle – Razão Cíclica
MTC Modo de Tensão Constante
MCC Modo de Corrente Constante
DSP Digital Signal Processor – Processador de sinais digitais
ADC Analog-to-Digital Converter – Conversor Analógico-Digital
LKT Lei de Kircchoff das Tensões
LKC Lei de Kirchhoff das Correntes
PIV Peak Inverse Voltage – Tensão de Pico Inversa
CCM Continuous Conduction Mode – Modo de Condução Contínuo
DCM Discontinuous Conduction Mode – Modo de Condução Descontínuo
CRM Critical Conduction Mode – Modo de Condução Crítico
ESR Equivalent Series Resistance – Resistência Equivalente em Série
DCR Direct Currente Resistance – Resistência do Indutor
PWM Pulse-Width Modulation – Modulação por Largura de Pulso
DPWM Digital Pulse-Width Modulation – Modulação por Largura de Pulso Digital
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Diagrama simplificado de funcionamento das fontes de alimentação. ..... 16


Figura 2 – Diagrama simplificado de funcionamento: (a) regulador linear; (b) conversor
chaveado. .................................................................................................................. 16
Figura 3 – Estágios de conversão de potência e estágio de controle. ...................... 17
Figura 4 – Modos de operação: (a) tensão constante; (b) corrente constante. ......... 17
Figura 5 – Características de tensão constante e de corrente constante. ................. 18
Figura 6 – Diagrama de blocos da fonte chaveada. .................................................. 21
Figura 7 – Retificador de onda completa em ponte: (a) circuito elétrico; (b) formas de
onda da tensão de entrada 𝑉𝐶𝐴 e da tensão de saída 𝑉𝑏𝑢𝑠..................................... 22
Figura 8 – Circuito equivalente de cada semiciclo: (a) positivo; (b) negativo. ........... 22
Figura 9 – Retificador de onda completa com filtro capacitivo: (a) diagrama do circuito;
(b) formas de onda de tensão. .................................................................................. 23
Figura 10 – Formas do retificador de onda completa com filtro................................. 25
Figura 11 – Conversor chaveado: (a) diagrama simplificado de funcionamento; (b)
formas de onda de tensão sobre a chave 𝑆. ............................................................. 27
Figura 12 – Conversor buck: (a) diagrama do circuito alimentando uma carga resistiva
𝑅; (b) variação da tensão de saída 𝑉𝑜 em função da razão cílica 𝑑.......................... 28
Figura 13 – Funcionamento do conversor buck: (a) etapa 𝑡𝑜𝑛; (b) etapa 𝑡𝑜𝑓𝑓; (c)
formas de onda da tensão no indutor VL, da corrente no indutor IL e da tensão sobre o
capacitor VC............................................................................................................... 28
Figura 14 – Modo de operação do conversor buck: (a) modo de condução contínuo;
(b) modo de condução descontínuo; (c) modo de condução crítico; (d) característica
de carga. ................................................................................................................... 31
Figura 15 – Instrumentação de sinal: (a) diagrama das variáveis medidas; (b) diagrama
de blocos dos processos. .......................................................................................... 34
Figura 16 – Medição e ajuste no sinal de tensão. ..................................................... 35
Figura 17 – Medição e ajuste no sinal de corrente. ................................................... 36
Figura 18 – Dimensionamento do filtro ativo: (a) topologia Sallen-Key; (b) diagrama de
bode. ......................................................................................................................... 37
Figura 19 – Diodo zener: (a) curva característica; (b) diagrama para dimensionamento.
.................................................................................................................................. 38
Figura 20 – Controle no modo de tensão. ................................................................. 39
Figura 21 – Controle no modo de corrente. ............................................................... 40
Figura 22 – Modelo para pequenos sinais do conversor buck. ................................. 40
Figura 23 – Diagrama de blocos para controle em cascata. ..................................... 41
Figura 24 – Modelo simplificado de pequenos sinais do conversor buck: (a) malha
interna; (b) malha externa. ........................................................................................ 42
Figura 25 – Diagrama de blocos do sistema de controle. ......................................... 42
Figura 26 – Controle digital: (a) conversão analógica-digital; (b) modulação por largura
de pulso digital com frequência constante. ............................................................... 43
Figura 27 – Diagrama de blocos para controle digital. .............................................. 44
Figura 28 – Resposta da malha interna: (a) diagrama de bode; (b) lugar geométrico
das raízes; (c) resposta ao degrau unitário. .............................................................. 46
Figura 29 – Compensador Tipo II: (a) diagrama do circuito; (b) diagrama de bode. . 47
Figura 30 – Resposta da malha externa: (a) diagrama de bode; (b) lugar geométrico
das raízes; (c) resposta ao degrau unitário. .............................................................. 49
Figura 31 – Estágios de conversão de potência........................................................ 50
Figura 32 – Simulação do circuito retificador de onda completa com filtro capacitivo:
(a) diagrama do circuito; (b) formas de onda tensão; (c) formas de onda de corrente.
.................................................................................................................................. 52
Figura 33 – Valores obtidos para 𝐿𝑐𝑟 em razão da: (a) corrente crítica; (b) resistência
de carga. ................................................................................................................... 54
Figura 34 – Simulação do conversor buck para D=0,5: (a) diagrama do circuito; (b)
resposta em malha aberta; (c) ripple na tensão de saída; (d) ripple na corrente do
indutor. ...................................................................................................................... 55
Figura 35 – Instrumentação do sinal de tensão: (a) diagrama do circuito; (b) formas de
onda da tensão de saída 𝑉𝑜, do sinal medido 𝑉𝑚 e da tensão sobre o diodo zener 𝑉𝑍;
(c) formas de onda do sinal gerado 𝑉𝑞𝑢𝑎𝑑, da tensão de saída do filtro 𝑉𝑜𝑢𝑡(𝑠𝑘) e da
tensão sobre o diodo zener 𝑉𝑍. ................................................................................ 58
Figura 36 – Instrumentação do sinal de corrente: (a) diagrama do circuito; (b) formas
de onda do sinal gerado 𝑉𝑞𝑢𝑎𝑑, da resposta do somador 𝑉𝑠𝑜𝑚𝑎 e do sinal resultante
no amplificador 𝑉𝑎𝑚𝑝. ............................................................................................... 59
Figura 37 – Conversor buck em malha aberta: (a) diagrama do circuito; (b) formas de
onda. ......................................................................................................................... 60
Figura 38 – Resposta do conversor em malha aberta: (a) diagrama de Bode; (b)
resposta ao degrau unitário. ...................................................................................... 60
Figura 39 – Simulação em malha aberta da planta 𝐺𝑖𝑑𝑠: (a) diagrama de bode; (b)
resposta ao degrau unitário. ...................................................................................... 61
Figura 40 – Simulação em malha fechada da planta 𝐺𝑖𝑑𝑠: (a) diagrama de bode; (b)
resposta ao degrau unitário. ...................................................................................... 62
Figura 41 – Projeto do controlador de corrente: (a) diagrama esquemático para
controle analógico; (b) diagrama esquemático para controle discreto; (c) diagrama
esquemático para controle digital; (d) respostas de corrente de saída para entrada de
degrau na corrente de referência; (e) respostas de tensão de saída para entrada de
degrau na corrente de referência; (f) respostas de corrente de saída para entrada de
carga 𝑅 = 15 𝛺; (g) respostas de tensão de saída para entrada de carga 𝑅 = 15 𝛺;63
Figura 42 – Simulação em malha aberta da planta 𝐺𝑉𝐿𝑠: (a) diagrama de bode; (b)
resposta ao degrau unitário. ...................................................................................... 65
Figura 43 – Simulação em fechada do controle de corrente: (a) diagrama de bode; (b)
resposta ao degrau unitário. ...................................................................................... 66
Figura 44 – Fluxograma de controle. ......................................................................... 68
Figura 45 – Simulação do controle automático. ........................................................ 69
Figura 46 – Diagrama do circuito driver. ................................................................... 71
Figura 47 – Fonte de alimentação auxiliar. ............................................................... 72
Figura 48 – Implementação do DSP STMF407G. ..................................................... 72
Figura 49 – Desenvolvimento do protótipo: (a) primeira versão do projeto; (b) circuitos
de instrumentação de tensão e de corrente; (c) placa dupla-face. ............................ 73
Figura 50 – Protótipo final: (a) fonte chaveada; (b) placas de carga. ........................ 74
Figura 51 – Formas de onda da tensão de entrada e da tensão de saída do conversor
buck em malha aberta. .............................................................................................. 76
Figura 52 – Formas de onda da tensão de saída 𝑉𝑜 do conversor buck e do sinal de
leitura da tensão de saída no ADC 𝑉𝐴𝐷𝐶(𝑉𝑜). ......................................................... 77
Figura 53 – Formas de onda da tensão de saída 𝑉𝑜 do conversor buck e do sinal de
leitura da corrente do indutor no ADC 𝑉𝐴𝐷𝐶(𝐼𝐿)....................................................... 77
Figura 54 – Transição entre os modos de operação. ................................................ 78
Figura 55 – Núcleo e carretel do tipo E. .................................................................... 90
Figura 56 – Filtro passa-baixa. .................................................................................. 98
Figura 57 – Aproximações de resposta para filtros passa-baixas: (a) Butterworth; (b)
Chebyshev; (c) Chebyshev inverso; (d) Elíptico; (e) Bessel. ..................................... 98
Figura 58 – Compensador Tipo II: (a) diagrama do circuito; (b) diagrama de bode.
................................................................................................................................ 102
Figura 59 – Compensador Tipo III: (a) diagrama do circuito analógico; (b) resposta em
frequência................................................................................................................ 105
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Parâmetros iniciais para o projeto da fonte chaveada. ............................ 50


Tabela 2 – Parâmetros iniciais para projeto do retificador de tensão com filtro
capacitivo. ................................................................................................................. 51
Tabela 3 – Resultados da simulação do primeiro estágio. ........................................ 53
Tabela 4 – Parâmetros iniciais para o projeto do conversor buck. ............................ 53
Tabela 5 – Parâmetros iniciais para o projeto dos circuitos de instrumentação. ....... 56
Tabela 6 – Especificação dos componentes do protótipo. ........................................ 75
Tabela 7 – Coeficientes para aproximações de resposta Bessel e Butterworth. ....... 99
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Script para controle de corrente com a ferramenta Cblock. ................... 64


Quadro 2 – Script para controle de corrente com a ferramenta Cblock. ................... 67
Quadro 3 – Aproximações de filtros. ......................................................................... 99
Quadro 4 – Critério para escolha do compensador ................................................. 100
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 15

1.1 OBJETIVO........................................................................................................... 18

2 FONTE DE ALIMENTAÇÃO CHAVEADA .................................................... 21

2.1 ESTÁGIO DE ENTRADA .................................................................................... 21

2.1.1 Retificador de onda completa em ponte ........................................................... 22

2.1.2 Dimensionamento do filtro capacitivo ............................................................... 23

2.1.3 Dimensionamento dos diodos .......................................................................... 24

2.2 ESTÁGIO DE SAÍDA ........................................................................................... 26

2.2.1 Topologia buck ................................................................................................. 27

2.2.1.1 Dimensionamento da indutância ................................................................... 30

2.2.1.2 Dimensionamento do capacitor ..................................................................... 32

2.2.1.3 Dimensionamento do transistor e do diodo ................................................... 33

2.3 INSTRUMENTAÇÃO DE SINAL ................................................................... 33

2.3.1 Medição do sinal e ajuste de amplitude............................................................ 34

2.3.1.1 Sinal de tensão .............................................................................................. 35

2.3.1.2 Sinal de corrente ........................................................................................... 35

2.3.2 Dimensionamento do filtro ativo ....................................................................... 37

2.3.3 Proteção do DSP .............................................................................................. 38

2.4 CONTROLE DO CONVERSOR .......................................................................... 39

2.4.1 Modelo para controle ........................................................................................ 40

2.4.2 Controle digital ................................................................................................. 42

2.4.3 Dimensionamento dos controladores ............................................................... 45

2.4.3.1 Controlador de corrente................................................................................. 46

2.4.3.2 Controlador de tensão ................................................................................... 49

3 PROJETO E SIMULAÇÃO ..................................................................................... 50

3.1 ESTÁGIO DE ENTRADA .................................................................................... 51


3.2 ESTÁGIO DE SAÍDA ........................................................................................... 53

3.3 CIRCUITOS DE INSTRUMENTAÇÃO ................................................................ 56

3.3.1 Filtros Ativos ..................................................................................................... 56

3.3.2 Proteção do DSP .............................................................................................. 57

3.3.3 Instrumentação de tensão ................................................................................ 57

3.3.4 Instrumentação de corrente .............................................................................. 58

3.4 SISTEMA DE CONTROLE .................................................................................. 59

3.4.1 Controle de corrente ......................................................................................... 61

3.4.2 Controle de tensão ........................................................................................... 64

3.4.3 Controle automático ......................................................................................... 67

4 IMPLEMENTAÇÃO DO PROTÓTIPO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS ......... 70

4.1 CIRCUITOS AUXILIARES................................................................................... 70

4.2 DESENVOLVIMENTO DO PROTÓTIPO ............................................................ 73

4.3 CONVERSOR BUCK EM MALHA ABERTA ....................................................... 76

4.4 CONTROLE AUTOMÁTICO................................................................................ 78

5 CONCLUSÃO E SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS ............................. 80

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 83

APÊNDICE A – PROJETO FÍSICO DO INDUTOR ................................................... 90

APÊNDICE B – MODELO MÉDIO EM ESPAÇO DE ESTADOS .............................. 93

B.1 – FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DO CONVERSOR BUCK ........................... 96

APÊNDICE C – FILTROS ATIVOS ........................................................................... 98

APÊNDICE D – CRITÉRIOS PARA PROJETO DE CONTROLADORES ............... 100

D.1 – CONTROLADOR TIPO II............................................................................... 102

D.2 – CONTROLADOR TIPO III.............................................................................. 104


15

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas houve uma expansão no uso da eletricidade. O


surgimento de tantos aparelhos eletrônicos deve-se ao desenvolvimento tecnológico
em busca de uma melhoria na qualidade de vida humana. Ao longo dos anos, muitas
tarefas comuns do dia a dia passaram a ser realizadas por equipamentos eletrônicos,
que podem ser programados e utilizados por uma pessoa leiga em relação à
tecnologia.
A maioria dos eletrônicos precisa ser alimentado em forma de Corrente
Contínua (CC). Porém, quase todo o fornecimento de energia elétrica feito por
concessionárias é transmitido na forma de corrente alternada. Isso levou ao
surgimento de dispositivos capazes de fazer essa adaptação na forma da energia
elétrica.
As fontes de alimentação são dispositivos conversores de potência que têm
por função fazer uma conversão na forma da energia elétrica (ZHENG, 2013),
(SHANKAR, 2017), (RASHID, 2001), (HP, 1965), (AGILENT, 2000), (ON, 2014),
(HART, 2011). Elas são necessárias para o funcionamento da maioria dos dispositivos
eletrônicos e são utilizadas por muitos equipamentos elétricos (ABDELRAHMAN,
2015), (RASHID, 2001), (MOHAN, 1995). A diminuição do custo dos componentes
eletrônicos aumentou a quantidade de aplicações em que as fontes são incorporadas
(KALLANNAVAR, 2017), (BARBI, 2001), (PRABHA, 2012), (HAGEN;
YOUSEFZADEH, 2018).
Para facilitar a compreensão sobre o funcionamento dessas fontes, um
diagrama simplificado da conversão de potência é apresentado na Figura 1. A tensão
𝑉𝐼𝑁 e a corrente 𝐼𝐼𝑁 são convertidas na tensão 𝑉𝑂𝑈𝑇 e na corrente 𝐼𝑂𝑈𝑇 . Essa conversão
é responsável por adequar 𝑉𝑂𝑈𝑇 e 𝐼𝑂𝑈𝑇 às características solicitadas por determinada
carga.
As primeiras fontes desenvolvidas utilizavam um regulador linear para fazer
a conversão de potência. Nesse regulador, o transistor opera na região ativa e
funciona de maneira semelhante a um resistor variável. A tensão de saída é obtida
ajustando a queda de tensão sobre esta resistência (PRESSMAN, 2009), (MOHAN,
1995), (HART, 2011), (RASHID, 2001), (AHMED, 2000), (ERICKSON, 2004). Mas,
nas recentes décadas, a redução de volume e o aumento de desempenho têm sido
16

fatores de grande influência na fabricação destes dispositivos (ABDELRAHMAN,


2015), (KAMIL, 2007), (POLLOCK, 1997), (MOHAN, 1995), (FREITAS et al., 2010).

Fonte de energia elétrica: IIN IOUT Carga consumidora:


+ +
- Corrente contínua (CC); - Corrente contínua (CC);
Fonte de
VIN VOUT
- Corrente alternada (CA); Alimentação - Potência fixa ou ajustável;

- Frequência fixa ou variável. - - - Carga fixa ou variável.

Figura 1 – Diagrama simplificado de funcionamento das fontes de alimentação.


Fonte: Adaptado de Hart (2011).

A evolução tecnológica dos semicondutores de potência permitiu o


surgimento das fontes chaveadas como alternativa às fontes lineares. No método de
conversão chaveada, o transistor é utilizado nas regiões de saturação e de corte, e
funciona de maneira semelhante a uma chave interruptora, que pode assumir as
posições aberta ou fechada (PRESSMAN, 2009), (MOHAN, 1995), (HART, 2011),
(RASHID, 2001), (AHMED, 2000), (BARBI, 2001), (ERICKSON, 2004).
O diagrama simplificado de funcionamento de cada fonte é apresentado
pela Figura 2 e permite visualizar a diferença entre os princípios de conversão de
potência. Do ponto de vista teórico, os elementos passivos não dissipam potência e
os interruptores sendo ideais apresentam corrente nula quando abertos e tensão nula
quando em condução. Assim, em ambos os casos o produto da tensão e da corrente
é zero, e, portanto, a potência dissipada é nula (BARBI, 2006).

IIN + VPerda - IOUT IIN S IOUT


+ + + +

VIN Ajuste na queda VOUT VIN Controle do fluxo VOUT


de tensão de potência
- - - -

(a) (b)

Figura 2 – Diagrama simplificado de funcionamento: (a) regulador linear; (b) conversor


chaveado.
Fonte: Adaptado de Hart (2011).

Na fonte de alimentação proposta por este trabalho, a conversão de


potência é feita em dois estágios sequenciados, conforme ilustra a Figura 3. O estágio
de entrada converte a tensão CA em CC e suaviza sua ondulação. O estágio de saída
fornece uma tensão regulada de saída, mesmo diante de possíveis perturbações na
17

tensão de entrada ou na carga (MALVINO, 2011). Mas para isso, é necessário


implementar um sistema para controlar a comutação da chave em razão dos
parâmetros de potência solicitados pela carga.

Rede CA
Estágio de entrada Estágio de saída

Conversão CA-CC Conversão CC-CC

Referência de tensão
Estágio de controle
Referência de corrente

Figura 3 – Estágios de conversão de potência e estágio de controle.


Fonte: Adaptado de Malvino (2011).

O controle em malha fechada é responsável por fazer a variável controlada


convergir para o valor desejado (CHOI, 2011). O controle por feedback consiste em
comparar o parâmetro controlado com o sinal desejado, gerando um erro que é
utilizado para corrigir a razão cíclica 𝐷 (HART, 2011). O controle deve garantir a
estabilidade da fonte diante de perturbações, respondendo rapidamente a transitórios
(PRABHA, 2012).
As fontes ajustáveis utilizadas em laboratórios são modeladas para
trabalhar no modo de tensão constante (MTC) ou no modo de corrente constante
(MCC), com a transição automática entre os dois modos. Na operação em MTC,
ilustrada pela Figura 4a, o valor ajustado como referência de corrente é utilizado para
garantir a proteção contra sobrecarga. Na operação em MCC, apresentada pela
Figura 4b, o valor ajustado como tensão define o ponto de cruzamento entre os dois
modos de operação (BILLINGS, 2011).

Tensão Faixa de tensão Tensão Faixa de corrente


de saída constante de saída constante

Corrente de saída Corrente de saída


(a) (b)

Figura 4 – Modos de operação: (a) tensão constante; (b) corrente constante.


Fonte: Agilent Technologies (2000).
18

A transição automática entre os dois modos de operação é conhecida como


cruzamento automático de tensão e de corrente, indicada na Figura 5, na qual 𝑅𝐿
representa a resistência da carga e 𝑅𝐶 a resistência crítica que determina o ponto de
transição. A resistência crítica é determinada pela razão dos sinais de referência de
tensão e de corrente. Em condições normais de operação, 𝑅𝐿 > 𝑅𝐶 e a fonte fornece
uma tensão constante à carga. Se, por alguma razão, a corrente solicitada se tornar
maior que seu valor de referência, implicará que 𝑅𝐿 > 𝑅𝐶 e fonte passará a operar em
MCC.

MCC Ponto de cruzamento


Circuito aberto

Tensão
MTC
de saída
Curto-circuito

Corrente de saída

Figura 5 – Características de tensão constante e de corrente constante.


Fonte: (BILLINGS; 2011), (AGILENT TECHNOLOGIES; 2000).

A implementação destas características pode ser feita através de duas


malhas de controle, uma para a tensão e outra para a corrente, podendo ser feita de
maneira analógica ou digital. O controle digital é uma alternativa interessante ao
controle analógico (BERGER, 2015), (HAGEN; YOUSEFZADEH, 2018), (PENG;
MAKSIMOVIC, 2006). Estratégias de controle mais complexas podem ser
implementadas de maneira simples, com baixo consumo e imunidade ao ruído
(MISHRA, 2012), (JACINTO, 2015), (KUMAR, 2016). Além disso, oferecem
flexibilidade uma vez que são programadas via algoritmo (FANG, 2014).

1.1 OBJETIVO

Nos cursos de graduação do ramo da engenharia, as fontes de alimentação


são utilizadas na implementação de circuitos eletrônicos, realizadas em aulas
experimentais e em projetos desenvolvidos pelos alunos. Em geral, as fontes de
19

alimentação são um dos equipamentos mais utilizados pelos alunos, uma vez que elas
são necessárias na maior parte das atividades práticas. Em alguns casos, essas
atividades podem solicitar o uso de mais que uma fonte. Devido ao elevado número
de alunos e ao limitado número de equipamentos disponíveis nos laboratórios de
universidades públicas, muitas vezes é preciso que as atividades sejam realizadas em
grupo. Além disso, nos períodos do ano letivo em que as fontes são utilizadas com
maior frequência, a quantidade disponível pode não ser o suficiente para suprir a
demanda.
Uma vez as fontes de alimentação fazem parte da área de interesse da
engenharia elétrica, existe uma facilidade ao suporte e ao acesso às ferramentas
necessárias para o desenvolvimento deste equipamento pela comunidade acadêmica.
Desse modo, um planejamento de atividades pode ser criado para incentivar este
ramo de pesquisa dentro das universidades, beneficiando tanto os alunos quanto as
instituições. O objetivo deste trabalho é o desenvolvimento de um protótipo de fonte
chaveada com controle automático de tensão e de corrente. Para isso, torna-se
necessário desenvolver as seguintes atividades:

• Estudo da topologia do conversor buck;


• Projeto dos estágios de entrada e de saída;
• Projeto dos controladores;
• Simulação do conversor em malha aberta;
• Simulação do controle automático;
• Implementação em placas de circuito impresso;
• Análise dos resultados experimentais.

O trabalho é estruturado para facilitar a compreensão dos conceitos


utilizados no desenvolvimento da fonte chaveada. No Capítulo 2 é desenvolvida a
fundamentação teórica necessária para projetar os circuitos compreendidos pela fonte
proposta. São obtidas as equações que permitem dimensionar os componentes de
cada circuito e também são estabelecidos critérios referentes ao dimensionamento.
No Capítulo 3 cada circuito é projetado com base nas equações e nos
conceitos apresentados pelo capítulo anterior. Os valores dimensionados são
20

utilizados para realizar as simulações de cada circuito, e assim verificar se os valores


obtidos são válidos.
As informações referentes à implementação da fonte proposta são
discutidas no Capítulo 4. Neste capítulo são apresentados os trabalhos adicionais ao
projeto, que são necessários para a construção do protótipo. Além disso, são definidos
os experimentos realizados e apresentados os resultados obtidos em cada um deles.
No Capítulo 5 estão presentes as conclusões sobre o trabalho e as
sugestões para a melhoria da fonte em trabalhos futuros.
21

2 FONTE DE ALIMENTAÇÃO CHAVEADA

Neste capítulo são definidos os conceitos utilizados no dimensionamento


da fonte chaveada. O diagrama de blocos da fonte pode ser visualizado na Figura 6.
A instrumentação de sinal é necessária para adequar as medições de tensão e de
corrente nos níveis de tensão suportados pelo ADC do DSP utilizado. Também é
utilizado um circuito driver para acionar a chave semicondutora e fornecer isolação
entre o sistema de controle e o sistema de conversão de potência. Uma fonte de
alimentação auxiliar é empregada para alimentar os componentes eletrônicos
presentes em cada etapa.

Sistema de potência
VCA
Estágio de entrada Estágio de saída Carga
+

Display Driver Fonte auxiliar

Sistema de controle
Ajuste de tensão DSP Instrumentação
Ajuste de corrente

Figura 6 – Diagrama de blocos da fonte chaveada.


Fonte: Autoria própria, (2018).

2.1 ESTÁGIO DE ENTRADA

Um primeiro estágio de conversão CA-CC é necessário para que o


conversor seja alimentado na forma CC. Para realizar esta tarefa, um retificador de
onda completa é empregado com um filtro capacitivo. Alguns fundamentos sobre seu
funcionamento são discutidos a seguir.
22

2.1.1 Retificador de onda completa em ponte

Uma carga resistiva 𝑅𝑒𝑞 é alimentada por um retificador em ponte conforme


representa a Figura 7a. A função do retificador é polarizar a tensão no barramento
𝑉𝑏𝑢𝑠 . Para discutir seu funcionamento, são analisados os dois semiciclos da onda 𝑉𝐶𝐴
ilustrados na Figura 7b. O período em que 𝑉𝐶𝐴 > 0 é chamado de semiciclo positivo e
o período em que 𝑉𝐶𝐴 < 0 é chamado de semiciclo negativo (MALVINO, 2011).

VCA Vbus
VCA(máx)
IReq +
D1 D2
VCA +
Req Vbus 0

D3 D4
TRipple -
-
TCA Tempo
(a) (b)
Figura 7 – Retificador de onda completa em ponte: (a) circuito elétrico; (b) formas de onda da
tensão de entrada 𝑽𝑪𝑨 e da tensão de saída 𝑽𝒃𝒖𝒔 .
Fonte: Adaptado de: Barbi (2005) e Malvino (2011).

Para 𝑉𝐶𝐴 > 0, na Figura 8a, os diodos 𝐷1 e 𝐷4 estão polarizados


diretamente e conduzem a corrente, os diodos 𝐷2 e 𝐷3 são polarizados reversamente
e permanecem bloqueados. Para 𝑉𝐶𝐴 < 0, como ilustrado na Figura 8b, os diodos 𝐷1
e 𝐷4 são bloqueados, enquanto 𝐷2 e 𝐷3 conduzem a corrente (BARBI, 2005). Em
ambos os semiciclos, a tensão na saída tem a mesma polaridade porque a corrente
está no mesmo sentido, independentemente de qual diodo esteja conduzindo. A
frequência de ondulação 𝑓𝑟𝑖𝑝𝑝𝑙𝑒 é o dobro da frequência da rede 𝑓𝐶𝐴 (MALVINO, 2011).

+ + + +
IReq IReq
VD ID D2 D1 ID VD
- -
+
Req Vbus Req Vbus
+
D3 ID VD VD ID D4
- -
- -
(a) (b)

Figura 8 – Circuito equivalente de cada semiciclo: (a) positivo; (b) negativo.


Fonte: Adaptado de: Barbi (2005) e Malvino (2011).
23

A Lei das Tensões de Kirchhoff (LKT) é utilizada para relacionar a tensão


no barramento 𝑉𝑏𝑢𝑠 com a tensão da rede 𝑉𝐶𝐴 . Desse modo, conforme citam Malvino
(2011) e Barbi (2005):

𝑉𝑏𝑢𝑠 = 𝑉𝐶𝐴 − 2𝑉𝐷 . (1)

2.1.2 Dimensionamento do filtro capacitivo

A variação na tensão de barramento 𝑉𝑟𝑖𝑝𝑝𝑙𝑒 é definida como ondulação


ripple e pode ser atenuada com o uso de um capacitor 𝐶𝑏 , conforme indica a Figura
9a (AHMED, 2000), (MOHAN, 2003). O valor máximo 𝑉𝐶𝑏(𝑚á𝑥) e o valor mínimo
𝑉𝐶𝑏(𝑚í𝑛) atingidos pela tensão sobre o capacitor são apresentados pela Figura 9b e
definem a faixa de variação ripple: 𝑉𝑟𝑖𝑝𝑝𝑙𝑒 = 𝑉𝐶𝑏(𝑚á𝑥) − 𝑉𝐶𝑏(𝑚í𝑛) .

ID ICbus + VCb(máx)
D1 D2
VCA
Req Cb Vbus VCb(mín)
Vbus s/capacitor
D3 D4 tc td Vbus c/capacitor
IReq 0 Vbus(med) c/capacitor
-
Tripple Tempo
(a) (b)

Figura 9 – Retificador de onda completa com filtro capacitivo: (a) diagrama do circuito; (b)
formas de onda de tensão.
Fonte: Adaptado de Barbi (2005).

A variação de tensão sobre o capacitor 𝐶𝑏 resulta em uma variação de


carga ∆𝑄 = 𝐶𝑏 𝑉𝑟𝑖𝑝𝑝𝑙𝑒 . A quantidade de corrente necessária para a carga seja
transferida para o capacitor durante o período 𝑡𝑐 é determinada pela seguinte relação:
∆𝑄 = 𝐼𝐶𝑏 𝑡𝑐 . Além disso, a energia armazenada no capacitor é definida por
(BOYLESTAD, 2012):

𝐶𝑏 𝑉𝑏𝑢𝑠 2
𝑊𝑐 = . (2)
2
24

A cada ciclo da tensão CA, a energia 𝑊𝑖𝑛 é transferida da rede elétrica para
o capacitor e a energia 𝑊𝑜𝑢𝑡 é transferida do capacitor para a carga. De acordo com
Barbi (2005), tais energias podem ser equacionadas por:

𝑊𝑖𝑛 = 𝐶𝑏 (𝑉𝐶(𝑚á𝑥) 2 − 𝑉𝐶(𝑚í𝑛) 2 ), (3)

𝑃𝑖𝑛
𝑊𝑜𝑢𝑡 = . (4)
𝑓𝑟𝑒𝑑𝑒

Em um caso ideal as perdas são nulas. Assim, toda a energia cedida pela
rede é transferida para a carga. Desse modo, as equações anteriores podem ser
igualadas para calcular o valor de capacitância necessário para resultar em
determinada especificação de ondulação ripple:

𝑃𝑖𝑛
𝐶𝑏 = . (5)
𝑓𝑟𝑒𝑑𝑒 (𝑉𝐶𝐴(𝑚á𝑥) 2 − 𝑉𝐶𝐴(𝑚í𝑛) 2 )

2.1.3 Dimensionamento dos diodos

O capacitor carrega durante um curto período 𝑡𝑐 , e permanece o restante


de tempo 𝑡𝑑 fornecendo energia para a carga. Toda a variação de carga durante 𝑡𝑑
precisa ser recuperada pelo capacitor em um período 𝑡𝑐 ≪ 𝑡𝑑 . Devido a esse motivo,
o capacitor é carregado por picos de corrente que fluem através dos diodos. Além
disso, durante o momento que permanecem bloqueados, são submetidos à tensão de
pico inversa (BARBI, 2005). De acordo com a Figura 9a, a relação entre as correntes
é obtida por:

𝐼𝐷 = 𝐼𝐶𝑏 + 𝐼𝑅𝑒𝑞 . (6)

Conforme apresenta Boylestad (2012), a corrente no capacitor é obtida pela


seguinte equação:
25

𝑑𝑉𝑏𝑢𝑠
𝐼𝐶𝑏 = 𝐶𝑏 . (7)
𝑑𝑡

Durante o período 𝑡𝑐 , a variação de carga ∆𝑄 corresponde à variação de


tensão representada por 𝑉𝑟𝑖𝑝𝑝𝑙𝑒 . A corrente real no capacitor tem a forma triangular
apresentada pela Figura 10, o que corresponde ao trecho de uma cossenoide. Nas
definições apresentadas por Barbi (2005), o período de carga 𝑡𝑐 e o valor máximo de
corrente no capacitor 𝐼𝐶𝑏(𝑚á𝑥) correspondem às seguintes equações:

1 𝑉𝑏𝑢𝑠(𝑚í𝑛)
𝑡𝑐 = cos−1 ( ), (8)
𝜋𝑓𝑟𝑖𝑝𝑝𝑙𝑒 𝑉𝑏𝑢𝑠(𝑚á𝑥)

𝑉𝑟𝑖𝑝𝑝𝑙𝑒 𝐶𝑏𝑢𝑙𝑘
𝐼𝐶𝑏(𝑚á𝑥) = 2 ( ). (9)
𝑡𝑐

Vbus ICb ID IReq


tc td

Tempo

Figura 10 – Formas do retificador de onda completa com filtro.


Fonte: Autoria própria, (2018).

Ainda segundo Barbi (2005), nos casos em que a carga do retificador é


outro conversor, a corrente que o capacitor fornece possui uma componente alternada
de alta frequência, que pode ser relacionada razão cíclica 𝐷 do seguinte modo:

𝑃𝑖𝑛
𝐼𝐶𝑏(𝑚á𝑥) = . (10)
𝐷𝑉𝐶𝑏(𝑚í𝑛)

No capacitor circulam as componentes alternadas da corrente enquanto no


capacitor circula a corrente média. Assim, a Lei de Ohm pode ser utilizada para obter
𝐼𝑅𝑒𝑞 = 𝑉𝑏𝑢𝑠 ⁄𝑅𝑒𝑞 e, então, substituir juntamente com a Equação 10 na Equação 6:

𝑃𝑖𝑛 𝑉𝑏𝑢𝑠
𝐼𝐷(𝑚á𝑥) = + . (11)
𝐷𝑉𝐶𝑏(𝑚í𝑛) 𝑅𝑒𝑞
26

No momento em que o circuito é alimentado, o capacitor está


desenergizado e se comporta como um curto-circuito. A resistência equivalente dos
condutores é a única oposição ao fluxo de corrente. Na pior hipótese, o circuito pode
ser energizado no momento em que a tensão de linha está em seu valor de pico,
ocasionando um surto de corrente 𝐼𝑠𝑢𝑟𝑡𝑜 . Essa corrente é representada por Malvino
(2012) e (Rashid, 2001) do seguinte modo:

𝑉𝐶𝑏(𝑚á𝑥)
𝐼𝑠𝑢𝑟𝑡𝑜 = . (12)
𝑅𝑇𝐻

O diodo deve ser escolhido para tolerar uma tensão de pico inversa (PIV)
maior que a tensão máxima no barramento 𝑉𝐶𝑏(𝑚á𝑥) e uma corrente direta superior à
metade do valor médio da corrente no barramento (MALVINO, 2011). Além disso,
deve-se optar por um diodo que suporte as correntes de pico do capacitor e a corrente
de surto. Em casos de correntes de surto com valores elevadores pode-se utilizar uma
resistência para limitar a corrente durante a energização do circuito. Outro modo é
fornecer uma referência de tensão em rampa para o conversor, de forma a controlar
a razão cíclica para implementar uma partida suave.

2.2 ESTÁGIO DE SAÍDA

Os conversores chaveados são dispositivos que convertem uma tensão de


entrada contínua em uma tensão de saída regulada (MOHAN, 2003), na forma
contínua ou alternada. Eles são compostos semicondutores de potência, que atuam
como interruptores (BARBI, 2006), e por elementos passivos eu têm por função
remover os harmônicos produzidos pela frequência de chaveamento (ERICKSON,
2001). A chave 𝑆 é utilizada para conectar e desconectar a fonte de alimentação da
carga, conforme indica a Figura 11a. O valor médio produzido na tensão de saída é
controlado pelo tempo em que chave permanece fechada 𝑡𝑜𝑛 (MOHAN, 1995), como
apresenta a Figura 11b.
27

IReq S Io Vo
+ Vbus
Vbus Razão cíclica R Vo ton toff
Ts Vo(méd)
- Tempo
(a) (b)

Figura 11 – Conversor chaveado: (a) diagrama simplificado de funcionamento; (b) formas de


onda de tensão sobre a chave 𝑺.
Fonte: Adaptado de Mohan (1995).

O tempo total para a chave abrir e fechar uma vez é definido como período
de chaveamento 𝑇𝑆 . A razão cíclica 𝐷 é utilizada para representar o percentual de
tempo em que chave permanece fechada durante um ciclo. Para dada frequência de
chaveamento 𝑓𝑆 constante, são válidas as seguintes relações:

1
𝑓𝑆 = , (13)
𝑇𝑆

𝑇𝑆 = 𝑡𝑜𝑛 + 𝑡𝑜𝑓𝑓 , (14)

𝑡𝑜𝑛
𝐷= . (15)
𝑇𝑆

2.2.1 Topologia buck

O abaixador de tensão (buck) e o elevador de tensão (boost) são as


topologias mais comuns de conversores chaveados. As demais topologias derivam-
se destas duas primeiras, podendo ou não empregar um transformador de alta
frequência que possibilite isolação à carga e múltiplas saídas isoladas. Neste trabalho
apenas o conversor buck será abordado. Ele é apresentado pela Figura 12a, em que
uma carga resistiva está sendo alimentada.
O funcionamento é dividido em duas etapas: a primeira é referente ao
estágio em que a chave 𝑆 está fechada (𝑡𝑜𝑛 ) e a segunda corresponde ao estágio em
que ela está aberta (𝑡𝑜𝑓𝑓 ). Inicialmente, os efeitos causados devido à resistência em
série (ESR) do capacitor e à resistência equivalente em série com o indutor (DCR)
28

são desprezadas para simplificar a análise. Desse modo, a tensão de saída varia
linearmente com a razão cíclica (BARBI, 2006), como apresenta a Figura 12b.

S RL L IL Io
Vbus
+
RC Vbus
Vbus Ds R Vo 2
C
-
0,5 1,0 D 0
(a) (b)
Figura 12 – Conversor buck: (a) diagrama do circuito alimentando uma carga resistiva 𝑹; (b)
variação da tensão de saída 𝑽𝒐 em função da razão cílica 𝒅.
Fonte: Adaptado de Muela (2008), Mishra (2010) e Barbi (2006).

Na primeira etapa, representada pela Figura 13a, a chave 𝑆 conduz e a


fonte 𝑉𝑏𝑢𝑠 fornece corrente ao filtro LC e à carga, enquanto o diodo 𝐷𝑆 encontra-se
bloqueado (MOHAN, 1995), (RASHID, 2001). Nesta etapa, a tensão sobre o indutor
𝑉𝐿 é obtida por:

𝑉𝐿 = 𝑉𝑏𝑢𝑠 − 𝑉𝑜 . (16)

+ VL - VL
(Vbus - Vo)
L +
Io ton
(a) Vbus toff Tempo
IL IC C R Vo -Vo

- IL ΔIL
ΔQ 2
(c)
IL(médio)=IO
- IL Io +
Tempo
Vo TS/2
(b) VL L IC C R Vo
ΔVO
+ - VO(médio)
Tempo
Figura 13 – Funcionamento do conversor buck: (a) etapa 𝒕𝒐𝒏 ; (b) etapa 𝒕𝒐𝒇𝒇 ; (c) formas de onda
da tensão no indutor VL, da corrente no indutor IL e da tensão sobre o capacitor VC.
Fonte: Adaptado de: Mohan (1995) e Rahman (2007).

Na segunda etapa, ilustrada na Figura 13b, a chave 𝑆 encontra-se aberta,


desconectando a fonte 𝑉𝑏𝑢𝑠 do circuito. O diodo passa a conduzir, e devido à energia
armazenada em forma de campo magnético no indutor, a corrente 𝐼𝐿 continua fluindo
29

pelo circuito (MOHAN, 1995), (RASHID, 2001). O indutor e o capacitor estão


conectados em paralelo e tensão sobre o indutor resulta em:

𝑉𝐿 = −𝑉𝑜 . (17)

A relação entre a tensão e a variação de corrente no indutor é definida por


Rashid (2001), Ahmed (2000), Mohan (1995), Barbi (2006) e Erickson (2004) da
seguinte forma:

𝑑𝑖𝐿 (𝑡) 𝑣𝐿 (𝑡)


= . (18)
𝑑𝑡 𝐿

A Figura 13c apresenta as formas de onda em regime permanente da


tensão no indutor 𝑉𝐿 , da corrente no indutor 𝐼𝐿 e da tensão no capacitor 𝑉𝐶 . Nota-se
que a carga adicional ∆𝑄, correspondente à variação de tensão ∆𝑉𝐶 no capacitor, está
correlacionada com a variação de corrente ∆𝐼𝐿 no indutor. Essas formas de onda serão
utilizadas na análise a seguir. Em regime permanente, elas se comportam de maneira
periódica, então a integral de um período de chaveamento 𝑇𝑠 deve ser igual a zero
(MOHAN, 1995):

𝑇𝑆 𝑡𝑜𝑛 𝑇𝑆
∫ 𝑣𝐿 . 𝑑𝑡 = ∫ 𝑣𝐿 . 𝑑𝑡 + ∫ 𝑣𝐿 . 𝑑𝑡 = 0 , (19)
0 0 𝑡𝑜𝑛

𝑉𝑏𝑢𝑠 𝑡𝑜𝑛 − 𝑉𝑜 𝑇𝑆 = 0 . (20)

Desse modo, a Equação 15 é substituída na Equação 20 para expressar a


razão cíclica 𝐷 em termos da tensão de saída 𝑉𝑜 e da tensão de barramento 𝑉𝑏𝑢𝑠 :

𝑉𝑜
𝐷= . (21)
𝑉𝑏𝑢𝑠
30

2.2.1.1 Dimensionamento da indutância

No capacitor circula a componente alternada da corrente 𝑖𝐿 (𝑡), enquanto


no resistor circula a corrente média 𝐼𝑜 (BARBI, 2006). A Lei das Correntes de Kircchoff
(LKC) é utilizada na Figura 13 parar obter a seguinte relação entre as correntes:

𝑖𝐿 (𝑡) = 𝑖𝑐 (𝑡) + 𝐼𝑜 . (22)

A variação de corrente no indutor ∆𝐼𝐿 é a diferença de corrente entre as


duas etapas apresentadas pela Equação 19 (ERICKSON, 2004):

𝑉𝑏𝑢𝑠 − 𝑉𝑂
∆𝐼𝐿 = ( ) (𝐷𝑇𝑆 ) . (23)
𝐿

Substituindo as Equações 15 e 21 na Equação 23, a indutância pode ser


determinada em função da tensão de barramento 𝑉𝑏𝑢𝑠 , da razão cíclica 𝐷, da variação
de corrente no indutor ∆𝐼𝐿 e da frequência de chaveamento 𝑓𝑠 :

𝑉𝑏𝑢𝑠 𝐷(1 − 𝐷)
𝐿= . (24)
∆𝐼𝐿 𝑓𝑆

A corrente no indutor apresenta uma forma de onda triangular. O valor


máximo e valor mínimo atingidos pela corrente são determinados relacionando a o
valor médio 𝐼𝑜 com a com a parcela alternada 𝑖𝑐 (𝑡):

∆𝐼𝐿
𝐼𝐿(𝑚á𝑥) = 𝐼𝑜 + , (25)
2

∆𝐼𝐿
𝐼𝐿(𝑚í𝑛) = 𝐼𝑜 − . (26)
2

Existem três modos para classificar a condução de corrente no conversor:


modo de condução contínuo (CCM), modo de condução descontínuo (DCM) e modo
de condução crítico (CRM). Os três modos de condução são respectivamente
representados na Figura 14a, Figura 14b e Figura 14c. Se a corrente do indutor
permanece positiva (𝐼𝐿 > 0) durante todo o período 𝑇𝑆 , o conversor opera em CCM.
31

Caso contrário, o conversor opera em DCM. O CRM representa o limite entre CCM e
DCM conforme apresenta a Figura 14d (BARBI; 2006). O conversor abordado neste
trabalho é projetado para operar em CCM.

IL IL(máx) D
IL(méd) CCM
(a) ΔIL
IL(mín) 1,00
0
Tempo
IL 0,75
DCM
(b)
IL>0 IL=0 0,50
0
Tempo
IL DCM CRM CCM
(Vbus-Vo) CRM 0,25
(c) ΔIL/2
0 Io=ILcr
ton toff -Vo
Tempo
0 0,25 0,50 (T2LI
sVbus )
o

(d)

Figura 14 – Modo de operação do conversor buck: (a) modo de condução contínuo; (b) modo de
condução descontínuo; (c) modo de condução crítico; (d) característica de carga.
Fonte: Adaptado de Barbi (2006) e Mohan (1995).

A indutância crítica 𝐿𝑐𝑟 é definida como a menor indutância capaz de


assegurar a operação em CCM. Ela é obtida para a operação em CCM. Pode-se
observar na Figura 14c, que a corrente no indutor é igual a zero ao final do período
𝑡𝑜𝑓𝑓 . Assim, o valor médio da corrente 𝐼𝐿 é igual à metade da variação de corrente ∆𝐼𝐿
(HART, 2011):

∆𝐼𝐿
𝐼𝑜 − = 0. (27)
2

De acordo com a Lei de Ohm, a corrente de carga 𝐼𝑜 é igual a 𝑉𝑜 ⁄𝑅 . Além


disso, uma expressão para relacionar a indutância com a variação de corrente já foi
obtida na Equação 24. Combinando essas informações com a Equação 27, a
indutância crítica 𝐿𝑐𝑟 é representada em razão da carga 𝑅 (HART, 2011):

𝑉𝑏𝑢𝑠 𝐷(1 − 𝐷)𝑅


𝐿𝑐𝑟 = . (28)
2𝑓𝑆 𝑉𝑜
32

2.2.1.2 Dimensionamento do capacitor

Desprezando as perdas, a tensão de saída 𝑉𝑜 é igual à tensão no capacitor


𝑉𝑐 . Na análise anterior, foi assumido um elevado valor de capacitância para que a
variação na tensão de saída pudesse ser negligenciada. Para determinar um valor
real de capacitância, a variação de corrente no indutor é relacionada com a variação
de tensão ∆𝑉𝑂 do capacitor conforme indica a área sombreada ∆𝑄 = 𝐶∆𝑉𝑂
representada na Figura 13c. A variação de corrente no indutor é proporcional à carga
adicional no capacitor durante o período 𝑇𝑆 ⁄2. Nos trabalhos de Mohan (2003), Hart
(2011) e Skvarenina (2001), a variação de tensão ∆𝑉𝑂 é apresentada em função da
variação de corrente ∆𝐼𝐿 do seguinte modo:

1 ∆𝐼𝐿 𝑇𝑆
∆𝑄 = , (29)
2 2 2

1 ∆𝐼𝐿 𝑇𝑆 ∆𝐼𝐿 𝑇𝑆
∆𝑉𝑂 = = . (30)
2𝐶 2 2 8𝐶

Dessa forma, a Equação 24 pode ser substituída na Equação 30 para obter


o valor de capacitância que satisfaça as especificações relacionadas por:

𝑉𝑂 (1 − 𝐷)
𝐶= . (31)
8∆𝑉𝑂 𝐿𝑓𝑠 2

Em Mohan (2003), a frequência de corte do filtro LC é equacionado por


−1
𝑓𝐿𝐶 = (2𝜋√𝐿𝐶) para obter a seguinte expressão:

∆𝑉𝑂 𝑇𝑆 ²𝑉𝑂 (1 − 𝐷) 𝜋 2 𝑓𝐿𝐶 ²


= = (1 − 𝐷) ( ) , (32)
𝑉𝑂 8𝐿𝐶 2 𝑓𝑆

a qual mostra ser possível reduzir o ripple de tensão de saída do conversor


selecionando uma frequência de corte 𝑓𝐿𝐶 tal que 𝑓𝐿𝐶 ≪ 𝑓𝑆 .
33

2.2.1.3 Dimensionamento do transistor e do diodo

O valor máximo de corrente que flui através do transistor 𝐼𝑇(𝑚á𝑥) e do diodo


𝐼𝐷(𝑚á𝑥) são iguais à corrente do indutor 𝐼𝐿(𝑚á𝑥) (BARBI, 2006), já obtida na Equação
25. O transistor e o diodo funcionam como chaves e devem suportar a máxima tensão
reversa no barramento entre os estágios de entrada e saída. As resistências dessas
chaves provocam quedas de tensão entre a entrada e a saída do conversor. Isso
acaba afetando a eficiência e limitando a faixa de operação em modo de condução
contínua. Por este motivo, a escolha de dispositivos de baixa impedância é um fator
relevante que deve ser considerado no dimensionamento dos circuitos.
Os diodos comuns não funcionam adequadamente em alta frequência, pois
não são capazes de entrar na região de corte com a velocidade necessária para
produzir um sinal de meia onda bem definido. Assim, também é necessário considerar
o uso de um diodo rápido, tal como o diodo Schottky. Esse tipo de diodo é capaz de
chavear em alta velocidade e, normalmente, apresenta valores mais baixos de tensão
de ruptura (MALVINO, 2011).

2.3 INSTRUMENTAÇÃO DE SINAL

Para que o controle em malha fechada seja implementando, é necessário


realimentar as variáveis de estado no sistema de controle. Desse modo, é necessário
realizar as medições em tais variáveis e condicioná-las para que o sinal enviado ao
ADC esteja em conformidade com a faixa de operação do DSP. Na fonte proposta são
realizadas medições na tensão de entrada 𝑉𝑏𝑢𝑠 , na tensão de saída 𝑉𝑜 e na corrente
do indutor 𝐼𝐿 , conforme apresenta a Figura 15a.
34

IL
RL L
+ K1 ADC1

PWM RC K2 ADC2
Vbus D R Vo
C K3 ADC3
-

(a)

Instrumentação do sinal

Sinal medido Ajuste de amplitude Filtro passa-baixa Proteção do DSP ADC

(b)

Figura 15 – Instrumentação de sinal: (a) diagrama das variáveis medidas; (b) diagrama de blocos
dos processos.
Fonte: Autoria própria, (2018).

Cada sinal tem sua amplitude ajustada para que não exceda a tensão
máxima suportada pelo DSP. A alta frequência de chaveamento produz harmônicos
nestes sinais, que são atenuados com o uso de filtros ativos. Ao final de cada circuito
são incluídos um diodo zener para limitar a amplitude de tensão um resistor de pull-
down para evitar flutuações do sinal digital. As etapas presentes na instrumentação
de sinal são ilustradas na Figura 15b, onde 𝑌(𝑠) é utilizada para representar uma
variável medida.

2.3.1 Medição do sinal e ajuste de amplitude

A medição e o ajuste de amplitude de cada sinal de tensão são obtidos com


um simples divisor resistivo. A medição de corrente é realizada com um sensor de
Efeito Hall, que insere um offset no sinal gerado para representar a corrente. Os filtros
ativos e os circuitos de proteção são dimensionados da mesma maneira para as três
variáveis. Desse modo, dois modelos são apresentados para medição e ajuste de
amplitude do sinal, um para os sinais de tensão e outro para o sinal de corrente.
35

2.3.1.1 Sinal de tensão

A medição de tensão é realizada como ilustra a Figura 16a. O divisor


resistivo ajusta o ganho no sinal conforme apresenta a Figura 16b e o buffer aumenta
a impedância de entrada do circuito. Os resistores 𝑅𝑥 e 𝑅𝑦 são dimensionados para
que o valor máximo atingido pelo sinal 𝑉𝑚 seja igual a tensão de referência do ADC
𝑉𝐴𝐷𝐶 .

VO V Vo Vm
Rx
Vm Ganho < 1
Vm
Ry
VADC
Tempo
(a) (b)
Figura 16 – Medição e ajuste no sinal de tensão.
Fonte: Autoria própria, (2018).

Utilizando a LKT, a tensão de saída 𝑉𝑜 é relacionada com o sinal medido 𝑉𝑚


da seguinte forma:

𝑅𝑦
𝑉𝑚(𝑚á𝑥) = 𝑉𝑜(𝑚á𝑥) ( ). (33)
𝑅𝑥 + 𝑅𝑦

Para 𝑉𝑚(𝑚á𝑥) = 𝑉𝐴𝐷𝐶 têm-se:

𝑉𝐴𝐷𝐶
𝑅𝑦 = ( )𝑅 . (34)
𝑉𝑜(𝑚á𝑥) − 𝑉𝐴𝐷𝐶 𝑥

2.3.1.2 Sinal de corrente

A medição do sinal de corrente é realizada por um sensor de Efeito Hall,


que gera um sinal de tensão 𝑉𝐼𝐿 proporcional à corrente medida, porém com um offset
equivalente à metade de sua tensão de alimentação 𝑉𝐶𝐶 .O sinal gerado pelo sensor é
especificado como:
36

𝑉𝐼𝐿 = 𝑉𝑜𝑓𝑓𝑠𝑒𝑡 + 𝛼𝐼𝐿 , (35)

onde 𝛼 representa a sensibilidade da medição (𝑚𝑉/𝐴). Quando não há fluxo de


corrente no sensor, apenas o offset permanece no sinal 𝑉𝐼𝐿 . Para eliminar o offset e
garantir que apenas a parcela 𝛼𝐼𝐿 permaneça no sinal, um circuito somador é utilizado
conforme apresenta a Figura 17a. A tensão de saída do circuito somador é relacionada
do seguinte modo:

𝑉𝐼𝐿 (−𝑉𝑜𝑓𝑓𝑠𝑒𝑡 )
𝑉𝑠𝑜𝑚𝑎 = −𝑅𝑓 [ + ]. (36)
𝑅𝑎 𝑅𝑏

De acordo com a equação anterior, adotando valores iguais para as


resistências 𝑅𝑎 , 𝑅𝑏 e 𝑅𝑓 obtém-se ganho unitário e a tensão de saída do somador
𝑉𝑠𝑜𝑚𝑎 resulta na soma das tensões 𝑉𝐼𝐿 e −𝑉𝑜𝑓𝑓𝑠𝑒𝑡 . Desse modo, apenas a parcela
referente à variação da corrente 𝐼𝐿 permanece na leitura do sinal de corrente,
estabelecendo a faixa de operação do sinal para −𝛼𝐼𝐿(𝑚á𝑥) ≥ 𝑉𝑠𝑜𝑚𝑎(𝑚í𝑛) ≥ 0. Assim:

𝑉𝑠𝑜𝑚𝑎 = −𝛼𝐼𝐿 . (37)

IL Rinv1
α
Rinv2 V
VIL -VCC -Voffset VIL Vsoma Vamp
Voffset Vamp
Vsoma
VADC
-VCC
Ra Voffset
Roffset
0
-Voffset Rb Rf α IL Tempo
Roffset
-Voffset

(a) (b)

Figura 17 – Medição e ajuste no sinal de corrente.


Fonte: Autoria própria, (2018).

O circuito somador inverte a polaridade do sinal na saída, conforme


apresenta a Figura 17b. Com o objetivo de ajustar a amplitude e inverter novamente
a polaridade do sinal, um circuito amplificador inversor é utilizado. A tensão de saída
do amplificador é representada pela seguinte equação:
37

𝑅𝑖𝑛𝑣2
𝑉𝑎𝑚𝑝 = −𝑉𝑠𝑜𝑚𝑎 . (38)
𝑅𝑖𝑛𝑣1

O amplificador é dimensionado para que na medição do valor máximo de


corrente no indutor 𝐼𝐿(𝑚á𝑥) , a tensão 𝑉𝑎𝑚𝑝 seja igual à tensão de referência do ADC
𝑉𝐴𝐷𝐶 . Desse modo, escolhendo um valor para a resistência 𝑅𝑖𝑛𝑣1 , a resistência 𝑅𝑖𝑛𝑣2
pode ser calculada com a seguinte expressão:

𝑉𝐴𝐷𝐶 𝑅𝑖𝑛𝑣1
𝑅𝑖𝑛𝑣2 = . (39)
𝛼𝐼𝐿

2.3.2 Dimensionamento do filtro ativo

Uma abordagem mais detalhada sobre filtros ativos pode ser encontrada
no Apêndice C. A função de transferência 𝐺𝑃𝐵 (𝑠) é utilizada para representar a
equação geral de segunda ordem de um filtro ativo com ganho unitário. Os
coeficientes 𝑎1 e 𝑏1 são obtidos para a aproximação de resposta desejada. A variável
𝐺𝑆𝐾 (𝑠) é utilizada para representar a função de transferência do filtro Sallen-Key,
ilustrado pela Figura 18a. Desse modo:

1
𝐺𝑃𝐵 (𝑠) = , (40)
𝑏1 𝑠2 + 𝑎1 𝑠 + 1

1
𝐺𝑆𝐾 (𝑠) = . (41)
(𝜔𝑃𝐵 ²𝑅1 𝑅2 𝐶1 𝐶2 )𝑠² + 𝜔𝑃𝐵 𝐶1 (𝑅1 + 𝑅2 )𝑠 + 1

C2

R1 R2 0 dB

+ +
Vfiltro(in) Vfiltro(out)
- C1
-
-40 dB
f1 fLC fPB fam
(a) (b)

Figura 18 – Dimensionamento do filtro ativo: (a) topologia Sallen-Key; (b) diagrama de bode.
Fonte: Karki (2002), Kuggelstadt (2008) e Carati (2016).
38

O dimensionamento dos componentes analógicos é realizado igualando as


Equações 40 e 41. Mas, para isso, é necessário estabelecer um valor para a
frequência de corte do filtro 𝜔𝑃𝐵 = 2𝜋𝑓𝑃𝐵 . Conforme representa a Figura 18b, a
frequência de corte do filtro 𝑓𝑃𝐵 é posicionada entre a frequência de corte do conversor
𝑓𝐿𝐶 e a frequência de amostragem 𝑓𝑎𝑚 do ADC, garantindo que o filtro elimine os sinais
indesejados de alta frequência sem interferir na frequência de interesse da leitura. Um
valor aproximado para a frequência 𝑓𝑃𝐵 pode ser obtido com a seguinte relação
apresentada por Carati (2016):

𝑓𝑃𝐵 = √𝑓𝐿𝐶 𝑓𝑎𝑚 . (42)

Escolhendo valores para os capacitores 𝐶1 e 𝐶2 , as Equações 40, 41 e 42


podem ser combinadas para calcular as resistências 𝑅1 e 𝑅2 (KARKI, 2002),
(KUGGELSTADT, 2008):

𝑎1 𝐶2 ± √𝑎1 ²𝐶2 ² − 4𝑏1 𝐶1 𝐶2


𝑅1,2 = .
4𝜋𝐶1 𝐶2 √𝑓𝐿𝐶 𝑓𝑎𝑚 (43)

2.3.3 Proteção do DSP

A Figura 19a exibe a característica de operação do diodo zener. Ao ser


submetido a uma tensão superior à 𝑉𝑧 , ocorre um aumento na corrente 𝐼𝑍 do diodo,
porém a tensão 𝑉𝑧 permanece constante. Desse modo, o diodo é empregado para
limitar a tensão sobre o ADC, sem interferir nas leituras de amplitude inferior à 𝑉𝑧 .

I RZ
VZ + +
V IZ
IZT Vo(SK) Z VZ
- -
IZM
(a) (b)

Figura 19 – Diodo zener: (a) curva característica; (b) diagrama para dimensionamento.
Fonte: Malvino (2011).
39

A resistência 𝑅𝑧 é dimensionada para limitar a corrente 𝐼𝑍 . A LKT pode ser


utilizada no circuito da Figura 19b para obter a seguinte relação:

𝑉𝑜(𝑆𝐾) − 𝑉𝑍
𝑅𝑍 = . (44)
𝐼𝑍(𝑚á𝑥)

2.4 CONTROLE DO CONVERSOR

O conversor buck pode ser controlado por tensão ou por corrente. A


principal diferença entre os dois modos está na maneira em que o sinal PWM é
modulado (YAN, 2013), (LI, 2009). No controle de tensão indicado pela Figura 20, a
tensão de saída 𝑉𝑜 é medida e subtraída do valor de referência 𝑉𝑟𝑒𝑓 . O erro 𝑒𝑣 entre
os dois sinais é utilizado pelo controlador para determinar a razão cíclica 𝐷 do
conversor comparando a ação de controle 𝑢𝑣 com uma onda periódica 𝑉𝑝𝑜𝑟𝑡 gerada a
uma frequência fixa 𝑓𝑠 .

S RL L ^
Hv(s) ûv d
Fm
+
RC
Vbus Ds R Vo
C uv
-
Vm CLK
PWM ev
uv
Cv(s) Vref D
Vport

Figura 20 – Controle no modo de tensão.


Fonte: Adaptado de Ridley (1991), Li (2009) e Yan (2013).

Para o controle no modo de corrente apresentado pela Figura 21, a ação


gerada pelo controlador de tensão serve como referência para a malha interna. A
função da malha interna é fazer a corrente no indutor seguir o sinal de controle, de
modo que o indutor funcione como uma fonte de corrente controlada (YAN, 2013). O
sinal fornecido pelo sensor de corrente é subtraído do valor de referência 𝐼𝑟𝑒𝑓 . A
diferença entre os sinais é amplificada pelo compensador de corrente e então
comparada com a onda triangular 𝑉𝑝𝑜𝑟𝑡 para gerar o sinal PWM (SUN; BASS, 1999).
40

S RL L IL
Hv(s)
+
RC
Vbus Ds HI(s) R Vo
C
-
PWM Vm
uI Iref ev
CI(s) Cv(s) Vref
Vport

Figura 21 – Controle no modo de corrente.


Fonte: Adaptado Li (2019) e Yan (2013).

O controle no modo de corrente possibilita uma resposta transitória mais


rápida que o controle no modo de tensão. Pode-se também ressaltar que
compensadores menos complexos podem ser utilizados em cada malha de controle,
porém o zero da função de transferência depende do valor da carga 𝑅. Além disso, o
controle no modo de corrente também proporciona a limitação de corrente (RAHMAN,
2007), (FU, 2011).

2.4.1 Modelo para controle

O modelo de pequenos sinais do conversor buck operando em MCC é


1
ilustrado na Figura 22, na qual as impedâncias 𝑍1 = 𝑅𝐿 + 𝑠𝐿 e 𝑍2 = 𝑅 ‖(𝑠𝐶 + 𝑅𝐶 )

(KONDRATH, 2012). As variáveis 𝑑, 𝑖𝑜 , e 𝑣𝑖𝑛 representam pequenas perturbações na


razão cíclica 𝐷, na corrente saída 𝐼𝑂 e na tensão de barramento 𝑉𝑏𝑢𝑠 , respectivamente
(GUO, 2006). O modelo médio em espaço de estados é apresentado no Apêndice B.

RL L Z2
+- il
+
VId RC
d vi ILd Dil Z1 R vo io
Dvi +- C
-
Figura 22 – Modelo para pequenos sinais do conversor buck.
Fonte: Kondrath e Kazimierczuk (2010).

A tensão de entrada 𝑣𝑏𝑢𝑠 , a razão cíclica 𝑑 e a corrente de saída 𝑖𝑜 são


varáveis independentes e, portanto, podem ser combinadas linearmente para
41

expressar a tensão de saída da seguinte maneira (ERICKSON, 2004), (CHOI, 2011),


(DOLIYIA, 2017), (FIGUERES, 2006):

𝑣𝑜𝑢𝑡 (𝑠) = 𝐺𝑣𝑔 (𝑠)𝑣𝑖𝑛 + 𝐺𝑣𝑑 (𝑠)𝑑 − 𝑍𝑜𝑢𝑡 (𝑠)𝑖𝑜 . (45)

O diagrama de blocos para o controle em cascata é ilustrado na Figura 23.


Para compreender a estabilidade do sistema e seu comportamento durante
transitórios, é necessário obter uma relação entre a entrada e a saída. Para a malha
interna esta relação corresponde à 𝑖𝐿 (𝑠)⁄𝑑(𝑠) e para a malha externa 𝑉𝑜 (𝑠)⁄𝑖𝐿 (𝑠).

Vref ev Iref ei ui d IL Vo
Cv(s) Ci(s) GPWM(s) Gid(s) GVL(s)

ILm
Hi(s)

Vom
Hv(s)

Figura 23 – Diagrama de blocos para controle em cascata.


Fonte: Erickson (2004), Wang (2015) e Choi (2011).

Uma vez que o conversor buck é um sistema não-linear, a linearização é


aplicada para gerar um modelo aproximado, o qual é válido para frequências inferiores
à metade da frequência de chaveamento 𝑓𝑠 . O circuito equivalente para pequenos
sinais da malha interna é ilustrado na Figura 24a. Aplicando uma perturbação no
sistema, a função de transferência para controle de corrente 𝐺𝑖𝑑 (𝑠) é obtida como (FU,
2011):

𝑖𝐿 (𝑠) 1 + 𝑠(𝐶𝑅 + 𝑅𝐶 )
𝐺𝑖𝑑 (𝑠) = = . (46)
𝑑(𝑠) 𝑠 2 𝐿𝐶 (1 + 𝑅𝐶 ) + 𝑠 [ 𝐿 + 𝑅 𝐶 (1 + 𝑅𝐶 ) + 𝐶𝑅 ] + 1 + 𝑅𝐿
𝑅 𝑅 𝐿 𝑅 𝐶 𝑅

A malha externa funciona como um divisor de corrente, conforme apresenta


a Figura 24b. Essa malha deve ser atualizada de maneira mais lenta que a malha
interna, de modo a enxergar a malha interna como um ganho unitário.
42

RL L IL
+
RC RC
dVbus R iLo R Vo
C C
-
(a) (b)
Figura 24 – Modelo simplificado de pequenos sinais do conversor buck: (a) malha interna; (b)
malha externa.
Fonte: Fu (2011) e Ventorini (2007).

A função de transferência da malha externa 𝐺𝑉𝐿 (𝑠) é representada por (FU,


2011):

𝑉𝑜 (𝑠) 𝑅(1 + 𝑠𝐶𝑅𝐶 )


𝐺𝑉𝐿 (𝑠) = = . (47)
𝑖𝐿 (𝑠) 1 + 𝑠𝐶(𝑅 + 𝑅𝐶 )

2.4.2 Controle digital

O projeto do sistema de controle é realizado no domínio contínuo e em


seguida transformado para o domínio discreto. O sistema de controle é composto por
um DSP que incorpora alguns periféricos conforme apresenta a Figura 25. O ADC é
responsável por reter uma amostra analógica do sinal medido e quantizá-la para que
seja processada de forma digital. Os controladores são implementados no
processador através de algoritmos. O PWM é calculado de maneira digital e então um
sinal contínuo é gerado para acionar a chave.

Instrumentação S
Vo K1 ADC 1
Vin K2 ADC 2
IL K3 ADC 3 PROCESSAMENTO DPWM DRIVER
Vref ADC 4
ILim ADC 5 DISPLAY
DSP

Figura 25 – Diagrama de blocos do sistema de controle.


Fonte: Autoria própria, (2018).

O ADC trabalha em ciclos de amostragem. A cada ciclo, uma leitura é


realizada no sinal analógico e então retida por um período de amostragem 𝑇𝑎𝑚 para
ser quantizada e então representada digitalmente. O processo de conversão tem
43

influências no ganho do controlador e é representado pela seguinte função de


transferência (CHEN et al., 2007), (TAEED, 2015):

𝐺𝐴𝐷𝐶 (𝑠) = 𝐾𝐴𝐷𝐶 𝑒 −𝑠𝑇𝐴𝐷𝐶 . (48)

Em que 𝑇𝑎𝑚 representa o período de amostragem e 𝑒 −𝑠𝑇𝐴𝐷𝐶 corresponde a um delay


unitário (𝑧 −1 ). O ganho no sinal de amostragem 𝐾𝐴𝐷𝐶 relaciona o número de bits 𝑛𝐴𝐷
com a faixa de operação ∆𝑉𝐴𝐷 representada na Figura 26a do seguinte modo:

2𝑛𝐴𝐷
𝐾𝐴𝐷𝐶 = . (49)
∆𝑉𝐴𝐷𝐶

O valor obtido na leitura do ADC é subtraído do valor de referência para


gerar um sinal de erro digital. O erro é então utilizado pelo controlador para gerar uma
ação de controle. A ação de controle é utilizada para gerar um pulso no DPWM
conforme apresenta a Figura 26b. Essa ação de controle precisa ser multiplicada por
um ganho 𝐾𝑃𝑊𝑀 para que esteja em conformidade com a representação digital do
DPWM utilizado pelo DPWM. O valor do ganho 𝐾𝑃𝑊𝑀 é determinado do seguinte modo
(SHIRSAVAR, 2012):

1 ∆𝑉𝐴𝐷𝐶 𝑛𝐷𝑃𝑊𝑀
𝐾𝑃𝑊𝑀 = . (50)
𝐾 𝑛𝐴𝐷𝐶 ∆𝑉𝐷𝑃𝑊𝑀

n bit
+ n*Tclk
.
.
.
m*Tclk
.
Vc
0101 ΔVAD
0100 Tam
0011
0010
0001 PWM
-
0000
0 1 2 3 4 5 . . . . k amostra
(a) (b)

Figura 26 – Controle digital: (a) conversão analógica-digital; (b) modulação por largura de pulso
digital com frequência constante.
Fonte: Adaptado de (LI et al., 2007).
44

A largura de pulso necessária está relacionada com a da razão cíclica 𝐷.


Desse modo, a razão cíclica é utilizada para expressar a tensão de saída 𝑉𝑜 em termos
da tensão e barramento 𝑉𝑏𝑢𝑠 , do número de bits 𝑁, da frequência de clock 𝑓𝑐𝑙𝑘 e da
frequência de chaveamento 𝑓𝑠 (HAGEN; YOUSEFZADEH, 2018):

𝑁𝑓𝑠
𝑉𝑜 = 𝑉 (51)
𝑓𝑐𝑙𝑘 𝑏𝑢𝑠

A função de transferência do PWM digital é representada por 𝐺𝐷𝑃𝑊𝑀 , onde


𝐾𝐷𝑃𝑊𝑀 é o ganho, 𝑇𝐷𝑃𝑊𝑀 é o atraso de sinal entre o PWM e o compensador e 𝑛𝑃𝑊𝑀 é
a resolução do PWM digital (CHEN et al., 2007):

𝐺𝐷𝑃𝑊𝑀 (𝑠) = 𝐾𝐷𝑃𝑊𝑀 𝑒 −𝑠(𝐷𝑇𝑆 +𝑇𝐷𝑃𝑊𝑀 ) , (52)

1
𝐾𝐷𝑃𝑊𝑀 = . (53)
2𝑛𝑃𝑊𝑀

As funções de transferência do estágio de potência 𝐺𝑝𝑙𝑎𝑛𝑡𝑎 (𝑠), da


instrumentação de sinal 𝐾(𝑠), da conversão ADC 𝐺𝐴𝐷𝐶 (𝑠), do controlador 𝐺𝑐𝑜𝑚𝑝 (𝑧) e
da geração do sinal PWM digital 𝐺𝐷𝑊𝑃𝑀 (𝑠) são utilizadas para obter a função de
transferência de ramo direto conforme apresenta a (CHEN et al., 2007):

𝐺𝑟𝑎𝑚𝑜 (𝑠) = 𝐾𝐴𝐷𝐶 𝐾𝐷𝑃𝑊𝑀 𝐺𝑐𝑜𝑚𝑝 (𝑧)𝐺𝑝𝑙𝑎𝑛𝑡𝑎 (𝑠)𝐾𝑒 −𝑠𝑇𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 . (54)

GDPWM(s)

-s(DTs+TDPWM) d(t) Y(s)


KDPWM e GPlanta(S)

d[n] K(s)
Gcomp*(z) GADC(s)
-
-sTd e[n] -sTADC
KeDPWM Gcomp(z) KADC K
e DPWM +
Ref

Figura 27 – Diagrama de blocos para controle digital.


Fonte: Chen et. al (2007).
45

2.4.3 Dimensionamento dos controladores

Possíveis perturbações na tensão 𝑉𝑏𝑢𝑠 , na carga 𝑅 ou na razão cíclica 𝐷


podem levar o sistema à instabilidade. O controle em malha fechada é utilizado para
responder a essas variações, regulando a variável controlada com uma pequena
tolerância em torno da referência. O controle deve responder rapidamente às
perturbações, ter boa imunidade ao ruído, garantir baixo percentual de ultrapassagem
e proporcionar erro nulo em regime permanente (MOHAN, 2003).
Para aumentar o desempenho e a estabilidade do conversor, Hart (2011) e
Rashid (2011) sugerem que o controle apresente elevados ganhos em baixa
frequência, para que o erro estacionário seja reduzido. Também abordam o projeto de
controle pelo domínio da frequência, que deve ser feito em malha aberta. É
recomendado assegurar um valor inferior a 180° para a margem de fase, e um ganho
menor que −30 𝑑𝐵 no cruzamento por −180°.
Muitos dos trabalhos disponíveis abordam o controle do conversor buck
com o uso de um compensador Proporcional-Integral (PI). Isso é possível nos casos
em que se assumem simplificações no modelo. Ou ainda, nos casos em que a ESR é
considerada, mas seu efeito gera um zero localizado em uma frequência inferior à
frequência de corte do filtro LC, o efeito causado pelo par de polos acaba sendo
reduzido, e um ganho proporcional pode ser obtido para resultar na frequência de
corte e na margem de fase desejadas. Em outras situações, este zero pode estar
localizado em alta frequência. Assim, nenhuma interferência produzida por ele
reduzirá o efeito dos polos e consequentemente este zero também precisará ser
compensado. Em tais circunstâncias, surge a necessidade de gerar um avanço na
margem de fase em uma frequência inferior à frequência de corte do filtro LC. Nessas
condições, o PI não será capaz de compensar efeitos da ESR em frequências
superiores à frequência de corte do controlador. Desse modo, um número maior de
polos e zeros é substancial para o controle. Neste trabalho, os controladores são
classificados de acordo com as bibliografias apresentadas em Basso (2008), Hart
(2011), Kondrath (2010) e Shirsavar (2012). Esta classificação está apresentada no
Apêndice D.
46

2.4.3.1 Controlador de corrente

A Figura 28 apresenta o diagrama de bode, o lugar geométrico das raízes


(LGR) e resposta ao degrau unitário da função de transferência da malha interna para
diferentes valores de carga. A função de transferência contém um par de polos e um
zero. Pode-se notar que o aumento da resistência reduz o coeficiente de
amortecimento da planta, aumentando a oscilação da resposta. Isso deve-se ao fato
de que o aumento desta resistência aproxima os polos e o zero do eixo real e provoca
um acréscimo na parcela imaginária dos polos.

(b)

(a)

(c)

Figura 28 – Resposta da malha interna: (a) diagrama de bode; (b) lugar geométrico das raízes;
(c) resposta ao degrau unitário.
Fonte: Autoria própria, 2018.

De acordo com o diagrama de bode, a margem de fase decaí para −90°.


Desse modo, o compensador Tipo II, apresentado na Figura 29a, é utilizado na malha
interna. Esse compensador apresenta dois polos e um zero. O primeiro polo é
posicionado na origem para elevar o ganho em malha aberta e providenciar erro nulo.
O segundo polo é posicionado em uma frequência uma década abaixo da frequência
de chaveamento 𝑓𝑠 para atenuar ruídos (FU, 2011). O zero do controlador é
posicionado em uma frequência 𝑓𝑧1 inferior à 𝑓𝑜 , para que na frequência de corte, o
integrador tenha pouca influência na margem de fase. Além disso, esse zero deve ser
posicionado em uma frequência inferior à 𝑓𝐿𝐶 para evitar possível atraso de −180° na
margem de fase antes do cruzamento por zero (HERRERA, 2014). A frequência de
corte é escolhida uma década abaixo da frequência de chaveamento. A função de
47

transferência do controlador Tipo II é representada por (SURYANARAYANA et al.,


2012), (CHOI, 2011), (SHIRSAVAR, 2012), (GHOSH, 2015):

𝑠
) (1+
𝜔𝑧1
𝐺𝑡2 (𝑠) = 𝑠 𝑠
. (55)
( )(1+ )
𝜔𝑝1 𝜔𝑝2

O diagrama de bode deste compensador pode ser visualizado na Figura


29b. Cada pólo causa um atraso de 90° na margem de fase e o zero gera um avanço
de 90°. O ganho do controlador é ajustado para resultar na frequência de corte
desejada (HART, 2011). Uma atenuação de 20 𝑑𝐵/𝑑𝑒𝑐 é obtida pode ser obtida
adotando 45° para a margem de fase na frequência de corte.

C2
Fase (graus) Ganho (dB)

fz1 fp2
R3 C1
-20 dB/dec fp1
R1
+ Hz
+
Sinal medido R2 0
Ação de controle
Ref -
- -45

-90
Hz
(a) (b)

Figura 29 – Compensador Tipo II: (a) diagrama do circuito; (b) diagrama de bode.
Fonte: (MATTINGLY; 2003), (HERRERA; 2014).

O controlador é sintonizado para gerar o avanço de fase 𝜃𝑡2 que resulta


margem de fase esperada. O avanço é calculado por 𝜃𝑡2 = (𝑃𝑀 − 𝑃𝑆 − 90), onde 𝑃𝑀
representa a margem de fase desejada e 𝑃𝑆 é o atraso apresentado pelo conversor.
Para calcular o fator 𝐾𝑡2 como (BASSO, 2008), (GHOSH, 2015):

𝜃𝑡2
𝐾𝑡2 = tan ( + 45°) . (56)
2

Utilizando o fator 𝐾𝑡2 , as frequências do polo 𝑓𝑝2 e do zero 𝑓𝑧1 são


determinadas da seguinte forma (BASSO, 2008), (HART, 2011), (GHOSH, 2015):

𝑓𝑝2 = 𝐾𝑡2 𝑓𝑜 , (57)


48

𝑓𝑜
𝑓𝑧1 = . (58)
𝐾𝑡2

A função de transferência do compensador é convertida para o domínio da


discreto utilizando a transformação bilinear ou a transformação Tustin. No domínio
discreto, o compensador apresenta dois polos e dois zeros (2p2z). Desse modo, a
função de transferência no domínio discreto é obtida por (SAMPATH, 2013),
(HALLWORTH, SHIRSAVAR; 2012), (SURYANARAYANA et al., 2012), (CHEN,
2007), (HU, 2013):

2 𝑧−1
𝑠=( ) , (59)
𝑇𝑑 𝑧 + 1

𝐵2 𝑧 −2 + 𝐵1 𝑧 −1 + 𝐵0 2 𝑧−1
𝐺𝑡2 (𝑧) = −2 −1
𝑠=( ) . (60)
−𝐴2 𝑧 − 𝐴1 𝑧 + 1 𝑇𝑑 𝑧 + 1

Os coeficientes apresentados na equação anterior são determinados de


maneira analítica utilizando as seguintes relações, (HALLWORTH, SHIRSAVAR;
2012):

𝑇𝑑 𝜔𝑝1 𝜔𝑝2 (2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑧1 )


𝐵0 = , (61)
2(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2 )𝜔𝑧1

𝑇𝑑 2 𝜔𝑝1 𝜔𝑝2
𝐵1 = , (62)
2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2

𝑇𝑑 𝜔𝑝1 𝜔𝑝2 (−2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑧1 )


𝐵2 = , (63)
2(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2 )𝜔𝑧1

4
𝐴1 = , (64)
2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2

−2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2
𝐴2 = . (65)
2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2
49

Os coeficientes são utilizados para representar o controlador digital com


uma equação diferencial e linear. A implementação do processo de convolução via
algoritmo é representado por (SAMPATH, 2013), (HALLWORTH, SHIRSAVAR; 2012):

𝑦[𝑛] = 𝐵2 𝑥[𝑛 − 2]𝐵1 𝑥[𝑛 − 1] + 𝐵0 𝑥[𝑛] − 𝐴2 𝑦[𝑛 − 2] − 𝐴1 𝑦[𝑛 − 1] . (66)

2.4.3.2 Controlador de tensão

A Figura 30 apresenta o diagrama de bode, o lugar geométrico das raízes


(LGR) e a resposta ao degrau unitário da função de transferência da malha externa
para diferentes valores de carga. A função de transferência contém um polo e um zero
causado pela ESR. O aumento da resistência altera o ganho das respostas e aproxima
o polo do eixo real.

(b)

(a)

(c)

Figura 30 – Resposta da malha externa: (a) diagrama de bode; (b) lugar geométrico das raízes;
(c) resposta ao degrau unitário.
Fonte: Autoria própria, 2018.

Um controlador Tipo II é utilizado para compensar a malha externa. O


controlador é dimensionado de maneira análoga ao compensador de corrente. O
objetivo é compensar o decaimento para −90° na margem de fase. A frequência de
corte do controlador de tensão é escolhida para ser 20 vezes menor que a frequência
de corte do controlador de corrente, de modo que a malha de corrente possa ser
considerada como um ganho unitário.
50

3 PROJETO E SIMULAÇÃO

Neste capítulo será apresentado o projeto da fonte chaveada. As


especificações iniciais para o projeto, definidas pela Tabela 1, são utilizadas no
dimensionamento dos componentes elétricos.

Tabela 1 – Parâmetros iniciais para o projeto da fonte chaveada.


Parâmetro Símbolo Valor
Tensão de alimentação 𝑉𝑅𝑒𝑑𝑒 127,0 𝑉𝑟𝑚𝑠
Frequência da rede 𝑓𝑅𝑒𝑑𝑒(𝐶𝐴) 60,0 𝐻𝑧
Potência máxima de saída 𝑃𝑜(𝑚á𝑥) 60,0 𝑊
Eficiência do primeiro estágio 𝑛1 90,0 %
Eficiência do segundo estágio 𝑛1 90,0 %
Fonte: Autoria própria, (2018).

A tensão da rede 𝑉𝑅𝑒𝑑𝑒 é reduzida com o uso de um transformador


conforme representa a Figura 31. O transformador apresenta uma relação de espiras
𝑁1 : 𝑁2 = 1: 6, resultando em uma tensão de entrada 𝑉𝐶𝐴(𝑟𝑚𝑠) = 21,17 𝑉(𝑟𝑚𝑠) no
secundário.

VRede + + CC +
VCA Vbus Vo Carga
- - CC -

Figura 31 – Estágios de conversão de potência.


Fonte: Autoria própria, (2018)

Utilizando os dados da Tabela 1, a potência de entrada da fonte 𝑃𝑖𝑛 e a


potência no barramento 𝑃𝑏𝑢𝑠 são calculadas na seguinte maneira:

𝑃𝑜
𝑃𝑏𝑢𝑠 = = 66,7 𝑊 , (67)
𝜂2

𝑃𝑏𝑢𝑠
𝑃𝑖𝑛 = = 74,1 𝑊 . (68)
𝜂1
51

3.1 ESTÁGIO DE ENTRADA

Os parâmetros do retificador são calculados conforme os critérios


estabelecidos pela Tabela 2.

Tabela 2 – Parâmetros iniciais para projeto do retificador de tensão com filtro capacitivo.
Parâmetro Símbolo Valor
Frequência da ondulação ripple 𝑓𝑟𝑖𝑝𝑝𝑙𝑒 120,0 𝐻𝑧
Ripple na tensão de barramento 𝑉𝑟𝑖𝑝𝑝𝑙𝑒 4,0 V
Queda de tensão nos diodos 𝑉𝐷 0,70 𝑉
Fonte: Autoria própria, (2018).

A tensão de pico 𝑉𝑏𝑢𝑠(𝑚á𝑥) , a tensão mínima 𝑉𝑏𝑢𝑠(𝑚í𝑛) , a corrente média 𝐼𝑅𝑒𝑞


e a resistência equivalente 𝑅𝑒𝑞 do barramento são calculadas por:

𝑉𝑏𝑢𝑠(𝑚á𝑥) = 𝑉𝐶𝐴(𝑟𝑚𝑠) √2 − 2𝑉𝐷 = 28,54 𝑉 , (69)

𝑉𝑏𝑢𝑠(𝑚í𝑛) = 𝑉𝑏𝑢𝑠(𝑚á𝑥) − 𝑉𝑟𝑖𝑝𝑝𝑙𝑒 = 24,54 𝑉 , (70)

𝑃𝑏𝑢𝑠
𝐼𝑅𝑒𝑞 = = 2,52 𝐴 , (71)
𝑉𝑏𝑢𝑠

𝑉𝑏𝑢𝑠
𝑅𝑒𝑞 = = 10,45 𝛺 . (72)
𝐼𝑅𝑒𝑞

O capacitor e seu período de carga 𝑡𝑐 são determinados por:

𝑃𝑖𝑛
𝐶𝑏𝑢𝑙𝑘 = = 4,37 𝑚𝐹 , (73)
𝑓𝑟𝑖𝑝𝑝𝑙𝑒 (𝑉𝐶𝐴(𝑚á𝑥) 2 − 𝑉𝐶𝐴(𝑚í𝑛) 2 )

1 𝑉𝑏𝑢𝑠(𝑚í𝑛)
𝑡𝑐 = cos−1 ( ) = 1,42 𝑚𝑠 . (74)
𝜋𝑓𝑟𝑖𝑝𝑝𝑙𝑒 𝑉𝑏𝑢𝑠(𝑚á𝑥)

A corrente de surto é calculada para 𝑅𝑇𝐻 ≈ 0,6 Ω. A corrente máxima no


capacitor 𝐼𝐶𝑏𝑢𝑙𝑘(𝑚á𝑥) , a corrente máxima nos diodos 𝐼𝐷(𝑚á𝑥) e a corrente de surto 𝐼𝑠𝑢𝑟𝑡𝑜
resultam em:
52

𝑉𝑟𝑖𝑝𝑝𝑙𝑒 𝐶𝑏𝑢𝑙𝑘
𝐼𝐶𝑏𝑢𝑙𝑘(𝑚á𝑥) = 2 ( ) = 24,62 𝐴 , (75)
𝑡𝑐

𝑉𝑟𝑖𝑝𝑝𝑙𝑒 𝐶𝑏𝑢𝑙𝑘
𝐼𝐷(𝑚á𝑥) = 𝐼𝑅𝑒𝑞 + 2 ( ) = 27,14 𝐴 , (76)
𝑡𝑐

𝑉𝐶𝐴(𝑚á𝑥)
𝐼𝑠𝑢𝑟𝑡𝑜 = = 47,57 𝐴 . (77)
𝑅𝑇𝐻

Os valores obtidos são utilizados para simular o primeiro estágio com o


software PSIM®, conforme apresenta a Figura 31a.

ID IReq
+
ICbulk
(a) VCA Cbulk Req Vbus

V
bus
Vbus (V)Vca VCA (V) I
Req
IReq (A)ID ID (A)
ICbulk ICbulk (A)
30 50
20 40
10 30
0 20
-10 10
-20 0
-30 -10

0 0.01 0.02 0.03 0 0.01 0.02 0.03


Time (s) Tempo (s) Time (s) Tempo (s)
(b) (c)

Figura 32 – Simulação do circuito retificador de onda completa com filtro capacitivo: (a)
diagrama do circuito; (b) formas de onda tensão; (c) formas de onda de corrente.
Fonte: Autoria própria, (2018).

As formas de onda de tesão são ilustradas na Figura 31b e as formas de


onda de corrente são ilustradas na Figura 31c. Os valores obtidos na simulação são
apresentados pela Tabela 3.
53

Tabela 3 – Resultados da simulação do primeiro estágio.


Parâmetro Símbolo Valor
Tensão média no barramento 𝑉𝑏𝑢𝑠 26,54 𝑉
Tensão máxima no barramento 𝑉𝐶𝐴(𝑚á𝑥) 28,53 𝑉
Tensão mínima no barramento 𝑉𝐶𝐴(𝑚í𝑛) 24,39 𝑉
Ripple na tensão de barramento 𝑉𝑟𝑖𝑝𝑝𝑙𝑒 4,14 𝑉
Corrente média no barramento 𝐼𝑅𝑒𝑞 2,50 𝐴
Corrente máxima no capacitor 𝐼𝐶𝑏𝑢𝑙𝑘(𝑚á𝑥) 24,47 𝐴
Corrente máxima nos diodos 𝐼𝐷(𝑚á𝑥) 26,87 𝐴
Corrente de surto 𝐼𝑠𝑢𝑟𝑡𝑜 48,47 𝐴
Fonte: Autoria própria, (2018).

3.2 ESTÁGIO DE SAÍDA

Os valores iniciais para o projeto do conversor buck são apresentados pela


Tabela 4.

Tabela 4 – Parâmetros iniciais para o projeto do conversor buck.


Parâmetro Símbolo Valor
Tensão máxima de saída 𝑉𝑂(𝑚á𝑥) 24,0 𝑉
Ripple de corrente ∆𝐼𝐿 40,0 𝑚𝐴
Frequência de chaveamento 𝑓𝑆 50,0 𝑘𝐻𝑧
Frequência de corte do filtro LC 𝑓𝐿𝐶 120,0 𝐻𝑧
Fonte: Autoria própria, (2018).

A variação nas referências de tensão e de corrente resultam em diferentes


pontos de operação para o conversor. Desse modo, a razão cíclica torna-se um
parâmetro variável a ser considerado no projeto. A corrente máxima de saída 𝐼𝑜(𝑚á𝑥)
resistência de carga 𝑅 é calculada para a tensão máxima 𝑉𝑜(𝑚á𝑥) :

𝑉𝑂(𝑚á𝑥) ²
𝑅= = 9,6 𝛺 , (78)
𝑃𝑜(𝑚á𝑥)

𝑃𝑜(𝑚á𝑥)
𝐼𝑂(𝑚á𝑥) = = 2,5 𝐴 . (79)
𝑉𝑂(𝑚á𝑥)
54

O valor da indutância é calculado para diferentes valores da corrente crítica


e da resistência de carga, respectivamente na Figura 33a e na 34b. A tensão de
barramento e a frequência de chaveamento são mantidas constantes.

0,01 A
90
0,05 A 80
0,10 A 70
0,15 A 60
0,20 A
50
40
30
20
10
1

(a) (b)

Figura 33 – Valores obtidos para 𝑳𝒄𝒓 em razão da: (a) corrente crítica; (b) resistência de carga.
Fonte: Autoria própria, (2018).

De acordo com a imagem anterior, o valor máximo de indutância ocorre


para 𝐷 = 0,5. Então:

𝑉𝑏𝑢𝑠 𝐷(1 − 𝐷)
𝐿= = 3,0 𝑚𝐻 . (80)
∆𝐼𝐿 𝑓𝑆

A corrente de pico no indutor é calculada com a 25 e o capacitor é


dimensionado com a Equação 31. Desse modo:

∆𝐼𝐿
𝐼𝐿(𝑚á𝑥) = 𝐼𝑂 + = 2,43 𝐴 , (81)
2

2
1
𝐶=( ) = 586,94 𝜇𝐹 . (82)
2𝜋𝑓𝐿𝐶 √𝐿

O software PSIM® é utilizado para realizar a simulação do conversor


apresentado pela Figura 34a. As não idealidades são inicialmente desconsideradas.
A resposta em malha aberta pode ser visualizada na Figura 34b. A ondulação na
55

tensão de saída 𝑉𝑜 é ilustrada na Figura 34c e a ondulação na corrente do indutor 𝐼𝐿 é


ilustrada na Figura 34d.

V (V)I1
V1o IL (A)
L Vo 25

IL 20
15
10
Vbus C R 5
0
-5

0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1


Time (s) Tempo (s)
(a) (b)

Vo (V)
V1 IL (A)
IL
12.00015
1.25
12.0001
1.24
12.00005
1.23
12 1.22
11.99995 1.21

11.9999 1.2

0.0999 0.09992 0.09994 0.09996 0.09998 0.1 0.0999 0.09992 0.09994 0.09996 0.09998 0.1
Time (s) Tempo (s) Time (s) Tempo (s)
(c) (d)

Figura 34 – Simulação do conversor buck para D=0,5: (a) diagrama do circuito; (b) resposta em
malha aberta; (c) ripple na tensão de saída; (d) ripple na corrente do indutor.
Fonte: Autoria própria, (2018).

Para determinar o núcleo físico do indutor utilizam-se 𝐵(𝑚á𝑥) = 0,3 𝑇,


𝐽(𝑚á𝑥) = 450 𝐴/𝑐𝑚2 e 𝑘𝑤 = 0,7. Então:

𝐿𝐼𝐿(𝑚á𝑥) 𝐼𝐿(𝑟𝑚𝑠) 4
𝐴𝑒 𝐴𝑤 = 10 = 1,98 𝑐𝑚4 . (83)
𝐵(𝑚á𝑥) 𝐽(𝑚á𝑥) 𝑘𝑤

O núcleo NEE 42/15 apresenta área central 𝐴𝑒 = 1,81 𝑐𝑚2 para uma área
de janela 𝐴𝑤 = 1,57 𝑐𝑚2 , resultando 𝐴𝑒 𝐴𝑤 = 2,84 𝑐𝑚4 . Para determinar o número de
espiras e o comprimento do entreferro:

𝐼𝐿(𝑚á𝑥)
𝑁=𝐿 104 = 139 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑠 , (84)
𝐵(𝑚á𝑥) 𝐴𝑒

𝑁 2 𝜇0 𝐴𝑒 −2
𝑙𝑔 = 10 = 0,14 𝑐𝑚 . (85)
𝐿

O condutor AWG 20 escolhido apresenta um diâmetro 𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 = 0,081 𝑐𝑚2 .


O diâmetro máximo calculado para o efeito Skin é obtido como:
56

7,5
𝑆𝑠𝑘𝑖𝑛 = 2 ( ) = 0.067 𝑐𝑚2 . (86)
√𝑓𝑠

Dessa forma, dois condutores AWG 22 de diâmetro 𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 = 0,064 𝑐𝑚2 são
utilizados em paralelo. A área mínima da janela para que o projeto seja possível é
determinada por:

𝑁𝑛𝑐𝑜𝑛𝑑 𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑
𝐴𝑤(𝑚í𝑛) = = 1,26 𝑐𝑚2 . (87)
𝑘𝑤

3.3 CIRCUITOS DE INSTRUMENTAÇÃO

Os circuitos de instrumentação são dimensionados para os valores


máximos em regime permanente da tensão de saída 𝑉𝑂(𝑚á𝑥) e da corrente no indutor
𝐼𝐿(𝑚á𝑥) . As especificações iniciais para o projeto são apresentadas pela Tabela 5.

Tabela 5 – Parâmetros iniciais para o projeto dos circuitos de instrumentação.


Parâmetro Símbolo Valor
Tensão suportada pelo DSP 𝑉𝐷𝑆𝑃(𝑚á𝑥) 3,3 𝑉
Offset no sensor de corrente 𝑉𝑜𝑓𝑓𝑠𝑒𝑡 2,5 𝑉
Corrente máxima de saída 𝐼𝐿(𝑚á𝑥) 2,4 𝐴
Frequência de amostragem 𝑓𝑎𝑚 500,0 𝑘𝐻𝑧
Fonte: Autoria própria, (2018).

3.3.1 Filtros Ativos

A topologia de filtro Sallen-Key é utilizada com a aproximação de resposta


Butterworth. Assim, a Tabela 7 disponível no Apêndice C informa que os coeficientes
para aproximação de resposta correspondem aos valores 𝑎1 = 1,4142 e 𝑏1 = 1. A
frequência de corte 𝑓𝑃𝐵 é calculada com a Equação 42. Os valores adotados para as
capacitâncias são 𝐶1 = 100,0 𝑛𝐹 e 𝐶2 = 1,0 𝑢𝐹. Desse modo é possível calcular os
valores das resistências 𝑅1 e 𝑅2 . Portanto:
57

𝑓𝑃𝐵 = √𝑓𝐿𝐶 𝑓𝑎𝑚 = 7,746 𝑘𝐻𝑧 , (88)

𝑎1 𝐶2 ± √𝑎1 2 𝐶2 2 − 4𝑏1 𝐶1 𝐶2
(89)
𝑅1,2 = = 275,2 𝛺 𝑒 15,3 𝛺 .
4𝜋𝑓𝑃𝐵 𝐶1 𝐶2

3.3.2 Proteção do DSP

O objetivo do circuito de proteção é garantir que o sinal fornecido para o


ADC seja limitado de zero até o valor máximo 𝑉𝐷𝑆𝑃(𝑚á𝑥) = 3,3 𝑉. Para que exista uma
margem de segurança, adota-se para 𝑉𝑍 uma amplitude 10% inferior à suportada.
Supondo que toda a corrente passa pelo diodo, a resistência 𝑅𝑧 é calculada para 𝐼𝑍 =
20 𝑚𝐴 da seguinte forma:

0,9𝑉𝐷𝑆𝑃(𝑚á𝑥)
𝑅𝑍 = = 148,50 𝛺 (90)
𝐼𝑍

3.3.3 Instrumentação de tensão

O circuito de instrumentação do sinal de tensão de saída é apresentado na


Figura 35a. O resistor 𝑅𝑦 é calculado para 𝑅𝑥 = 1 𝑀𝛺 e 𝑉𝑚 = 𝑉𝐷𝑆𝑃(𝑚á𝑥) com a Equação
34:

𝑅𝑥
𝑅𝑦 = 𝑉𝑚 ( ) = 136,0 𝑘𝛺. (91)
𝑉𝑜 − 𝑉𝑚

Desse modo, o sinal medido 𝑉𝑚 é equivalente à tensão de saída 𝑉𝑜


multiplicada por um ganho de 0,120. Isso pode ser verificado na Figura 35b, que ilustra
a forma de onda da tensão de saída multiplicada por este ganho. Para averiguar a
resposta do filtro e a limitação de tensão proporcionada pelo diodo zener, um sinal de
onda quadrada 𝑉𝑞𝑢𝑎𝑑 é gerado e utilizado como sinal de entrada no filtro Sallen-Key.
O sinal gerado possui 3,3 𝑉 de amplitude, o que corresponde a faixa de operação do
58

DSP. Desse modo, cada borda de subida ou de descida no sinal 𝑉𝑞𝑢𝑎𝑑 representa
variação máxima da tensão de saída 𝑉𝑜 vista pelo ADC.

VO
C2
Rx
R1 R2
RZ
Ry
C1
Z +
Rpull-down
VADC(Vo)
-
(a)

0,120Vo Vm VZ Vquad Vout(sk) VZ


5
4 3
(V)

Tensão (V)
Tensão (V)

3 2
Tensão

2 1
1
0 0
Tempo (s)
0 0,02 0,04 0,05 Tempo (s) 0 0,005 0,010 0,015 0,020
(b) (c)

Figura 35 – Instrumentação do sinal de tensão: (a) diagrama do circuito; (b) formas de onda da
tensão de saída 𝑽𝒐 , do sinal medido 𝑽𝒎 e da tensão sobre o diodo zener 𝑽𝒁 ; (c) formas de onda
do sinal gerado 𝑽𝒒𝒖𝒂𝒅 , da tensão de saída do filtro 𝑽𝒐𝒖𝒕(𝒔𝒌) e da tensão sobre o diodo zener 𝑽𝒁 .
Fonte: Adaptado de (SOUSA, et al.; 2011).

3.3.4 Instrumentação de corrente

O circuito de instrumentação de corrente é ilustrado na a Figura 36a. O


sensor ACS712 utilizado para fazer a medição no sinal de corrente apresenta uma
sensibilidade ∝= 185 𝑚𝑉/𝐴. Quando a corrente no sensor é igual a zero, apenas a
tensão correspondente ao offset é apresentada pelo sinal 𝑉𝐼𝐿 . Adotando valores iguais
para as resistências 𝑅𝑎 , 𝑅𝑏 e 𝑅𝑓 , uma tensão 𝑉𝑜𝑓𝑓𝑠𝑒𝑡 = −0,5𝑉𝐶𝐶 precisa ser somada
com 𝑉𝐼𝐿 para que o offset seja eliminado. Desse modo, o sinal de saída do somador
𝑉𝑠𝑜𝑚𝑎 varia de zero até o valor máximo 𝑉𝑠𝑜𝑚𝑎(𝑚á𝑥) resultado por:

𝑉𝑠𝑜𝑚𝑎(𝑚á𝑥) = −∝ 𝐼𝐿(𝑚á𝑥) = −444,0 𝑚𝑉 (92)


59

O amplificador inversor é utilizado para dar um ganho e inverter a


polaridade do sinal novamente. Adotando 𝑉𝑎𝑚𝑝(𝑚á𝑥) = 3,0 𝑉 e 𝑅𝑖𝑛𝑣1 = 10 𝑘𝛺, a
resistência 𝑅𝑖𝑛𝑣2 é obtida com a Equação 39:

𝑉𝑎𝑚𝑝(𝑚á𝑥)
𝑅𝑖𝑛𝑣2 = − 𝑅 = 67,57 𝑘𝛺 (93)
𝑉𝑠𝑜𝑚𝑎(𝑚á𝑥) 𝑖𝑛𝑣1

O software PSIM® é utilizado para verificar a amplitude dos sinais do


circuito de instrumentação de corrente. O sinal de onda quadrada 𝑉𝑞𝑢𝑎𝑑 é gerado para
variar de 2,5 𝑉 a 2,944 𝑉, e representa a variação máxima do sinal 𝑉𝐼𝐿 fornecido pelo
sensor (de zero até o valor máximo 𝐼𝐿(𝑚á𝑥) ). Conforme ilustra a Figura 36b, o offset é
eliminado e o sinal 𝑉𝑎𝑚𝑝 trabalha na faixa de 0 a 3 𝑉 para representar a corrente no
indutor.

R2
Rinv1 RZ
R1

C1
Z +
Rf
Rinv2
VADC(IL)
Rpull-down
Ra Rb -
(a) Vquad Vsoma Vamp
4
VIL
3
2
1
0

Roffset Roffset 0 0,002 0,004 0,006 Tempo (s)


-VCC (b)

Figura 36 – Instrumentação do sinal de corrente: (a) diagrama do circuito; (b) formas de onda do
sinal gerado 𝑽𝒒𝒖𝒂𝒅 , da resposta do somador 𝑽𝒔𝒐𝒎𝒂 e do sinal resultante no amplificador 𝑽𝒂𝒎𝒑 .
Fonte: Adaptado de (LUNELLI; 2016).

3.4 SISTEMA DE CONTROLE

A Figura 35a apresenta o conversor buck operando em malha aberta. Na


Figura 35b as formas de onda do conversor são apresentadas. É possível notar que
existe um erro em regime permanente. O objetivo desta seção é obter um projeto de
60

controle que melhore a resposta do conversor. O projeto é realizado no domínio da


frequência e em seguida convertido para o domínio discreto, o qual proporciona os
coeficientes necessários para implementação do controle digital.

RL L
+ Vo (V) Vref (V) IL(A)
VCA Cbulk D RC R Vo 20
C
- 15
10
5
0
Tempo (s)
Vref
Portadora 0 0,02 0,04 0,06 0,08

(a) (b)

Figura 37 – Conversor buck em malha aberta: (a) diagrama do circuito; (b) formas de onda.
Fonte: Autoria própria, (2018).

O diagrama de bode e a resposta ao degrau unitário desta função são


simuladas com o software Matlab® para verificar o comportamento da planta. O
diagrama de Bode e a resposta ao degrau unitário são apresentados respectivamente
na Figura 38a e na Figura 38b.

(a) (b)
Figura 38 – Resposta do conversor em malha aberta: (a) diagrama de Bode; (b) resposta ao
degrau unitário.
Fonte: Autoria própria, (2018).

As figuras anteriores permitem visualizar que a resistência da carga tem


influências no amortecimento da resposta exibida pela planta. O aumento da
resistência diminui o amortecimento e aumenta as oscilações. Pelos motivos de não
61

se houver valores fixos de resistência e de tensão de referência, o projeto do controle


automático é realizado para uma entrada de carga.

3.4.1 Controle de corrente

A função de transferência 𝐺𝑖𝑑 (𝑠) para o controle de corrente é obtida


substituindo os valores obtidos no dimensionamento do estágio de saída na Equação
46. Desse modo:

0,0004𝑠 + 25
𝐺𝑖𝑑 (𝑠) = (94)
0,0000182𝑠 2 + 0,006993𝑠 + 10

O diagrama de bode e a resposta ao degrau apresentados pela equação


anterior é são apresentados na Figura 39a e na Figura 39b, respectivamente.

(a) (b)
Figura 39 – Simulação em malha aberta da planta 𝑮𝒊𝒅 (𝒔): (a) diagrama de bode; (b) resposta ao
degrau unitário.
Fonte: Autoria própria, (2018).

A frequência de corte do filtro 𝑓𝐿𝐶 e a frequência do zero 𝑓𝐸𝑆𝑅 são obtidas


do seguinte modo:

1 𝑅 + 𝑅𝐿
𝑓𝐿𝐶 = √ = 219,63 𝐻𝑧 , (95)
2𝜋 𝐿𝐶(𝑅 + 𝑅𝐶 )
62

1
𝑓𝐸𝑆𝑅 = = 9,947 𝑘𝐻𝑧 . (96)
2𝜋𝐶𝑅𝐶

A frequência de corte do controlador de corrente 𝑓𝑜𝑖 é posicionada


aproximadamente uma década abaixo da frequência de chaveamento 𝑓𝑠 , assim 𝑓𝑜𝑖 =
5 𝑘𝐻𝑧. Uma vez que 𝑓𝑠 ⁄2 > 𝑓𝐸𝑆𝑅 > 𝑓𝑜𝑖 , um controlador Tipo II é utilizado, conforme os
critérios apresentados no Apêndice D. A função de transferência do controlador de
corrente resulta em:

5,304𝑒 7 (𝑠 2 + 2661𝑠 + 1767578)


𝐶𝑖 (𝑠) = . (97)
𝑠 3 + 220260𝑠 2 + 9,932𝑒 9 𝑠

O diagrama de bode e a resposta ao degrau da função de transferência em


malha fechada 𝐹𝑇𝑀𝐹𝑖 (𝑠) podem ser visualizados na Figura 40.

(a) (b)

Figura 40 – Simulação em malha fechada da planta 𝑮𝒊𝒅 (𝒔): (a) diagrama de bode; (b) resposta
ao degrau unitário.
Fonte: Autoria própria, (2018).

Para uma frequência de amostragem 𝑓𝑎𝑚 = 500 𝑘𝐻𝑧, a equação anterior é


representada nos domínios discreto e digital com o auxílio da transformação bilinear.
Assim:

43,00𝑧 −3 − 43,23𝑧 −2 − 43,00𝑧 −1 + 43,23


𝐶𝑖 (𝑧) = , (98)
−0,64𝑧 −3 + 2,25𝑧 −2 − 2,61𝑧 −1 + 1

𝑦𝑖 [𝑛] = 43,00𝑥𝑖 [𝑛 − 3] − 43,23𝑥𝑖 [𝑛 − 2] − 43,00𝑥𝑖 [𝑛 − 1] .


(99)
+43,23𝑥𝑖 [𝑛] − 0,64𝑦𝑖 [𝑛 − 3] + 2,25𝑦𝑖 [𝑛 − 2] − 2,61𝑦𝑖 [𝑛 − 1]
63

As equações para controle obtidas são validadas com o software Psim®.


São realizadas simultaneamente o controle analógico (Figura 41a), o controle discreto
(Figura 41b) e controle digital (Figura 41c). A referência de corrente é submetida a
cinco degraus de 0,5 𝐴. Na Figura 41d é ilustrado o desempenho da corrente de saída
e na Figura 41e é apresentado o comportamento da tensão de saída.

IL(s)
Vo
Io Iref
Iref Ci(s)
PWM(s)

(a) Vbus PWM(s)


IL(s)

IL(z)
Vo
Io Iref
Iref Ci(z)
PWM(z)
(b) Vbus PWM(z) IL(z) ZOH

IL(k)
Vo
Io
Iref ZOH
PWM(k)
(c) Vbus PWM(k) IL(k) ZOH

Io Io(s) Io(z) Io(k) Vo(s) Vo(z) Vo(k)


3,0 30
Corrente (A)

Tensão (V)

2,5 25
2,0 20
1,5 15
1,0 10
0,5 5
0 Tempo (s) 0 Tempo (s)
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0 0,01 0,02 0,03 0,04

(d) (e)

Io Io(s) Io(z) Io(k) Vo(s) Vo(z) Vo(k)


2,5 14
Corrente (A)

Tensão (V)

2,0 12
10
1,5 8
1,0 6
4
0,5 2
0 Tempo (s) 0 Tempo (s)
0 0,004 0,008 0,012 0,016 0 0,004 0,008 0,012 0,016
(f) (g)
Figura 41 – Projeto do controlador de corrente: (a) diagrama esquemático para controle
analógico; (b) diagrama esquemático para controle discreto; (c) diagrama esquemático para
controle digital; (d) respostas de corrente de saída para entrada de degrau na corrente de
referência; (e) respostas de tensão de saída para entrada de degrau na corrente de referência;
(f) respostas de corrente de saída para entrada de carga 𝑹 = 𝟏𝟓 𝜴; (g) respostas de tensão de
saída para entrada de carga 𝑹 = 𝟏𝟓 𝜴;
Fonte: Autoria própria, (2018).
64

A referência de corrente é submetida a cinco degraus de 0,5 𝐴. Na Figura


43d é ilustrado o desempenho da corrente de saída e na Figura 43e é apresentado o
comportamento da tensão de saída para estas perturbações. Em seguida, o conversor
é submetido a uma entrada de carga 𝑅 = 15 𝛺. A resposta de corrente de saída pode
ser observada na Figura 43e. A tensão de saída reduz proporcionalmente à carga
para que a corrente seja mantida constante, como pode ser visualizado na Figura 43f.
O controlador digital foi simulado com a ferramenta Cblock. O script utilizado é
apresentado no Quadro 1.

Quadro 1 – Script para controle de corrente com a ferramenta Cblock.

Iref=in[0];
Imed=in[1];
e0=(Iref-Imed);

y0=(b0*e0+b1*e1+b2*e2+b3*e3-(a1*y1+a2*y2+a3*y3));

if (y0<0)
y0=0;
else {
if (y0>Sati)
y0=Sati;
}

out[0]=y0;

y3=y2;
y2=y1;
y1=y0;
e3=e2;
e2=e1;
e1=e0;

Fonte: Autoria própria, (2018).

3.4.2 Controle de tensão

A função de transferência para controle da tensão é obtida substituindo os


valores dos componentes dimensionados na Equação 47. Dessa forma:

0,00016𝑠 + 10
𝐺𝑉𝐿 (𝑠) = . (100)
0,000816𝑠 + 1
65

Para verificar a resposta da planta 𝐺𝑉𝐿 (𝑠), uma simulação em malha aberta
é realizada com o software Matlab®.. A Figura 42a apresenta o diagrama de bode e
a Figura 42b ilustra a reposta ao degrau. A função de transferência de ramo direto
𝐹𝑇𝑀𝐹𝐴𝑉 (𝑠) também é representada nas simulações. A comparação entre 𝐺𝑉𝐿 (𝑠) e
𝐹𝑇𝑀𝐹𝐴𝑉 (𝑠) mostra que em baixas frequências, 𝐺𝑉𝐿 (𝑠) e 𝐹𝑇𝑀𝐹𝑖 (𝑠) apresentam o
mesmo ganho. Isso ocorre porque a malha interna é atualizada em um período de
tempo significativamente inferior à malha externa. Desta forma, em baixas
frequências, a função de transferência em malha fechada da corrente 𝐹𝑇𝑀𝐹𝑖 (𝑠)
visualizada pela malha de tensão equivale aproximadamente à um ganho unitário.
Assim, para o projeto do controlador de tensão, a seguinte simplificação pode ser
utilizada: 𝐹𝑇𝑀𝐹𝑖 (𝑠) ≈ 1.

(a) (b)
Figura 42 – Simulação em malha aberta da planta 𝑮𝑽𝑳 (𝒔): (a) diagrama de bode; (b) resposta ao
degrau unitário.
Fonte: Autoria própria, (2018).

O diagrama de Bode indica que a função de transferência de ramo direto


𝐹𝑇𝑀𝐹𝐴𝑉 (𝑠) apresenta um polo e um zero, ambos reais e no semiplano esquerdo.
Nessas condições, um controlar PI é satisfatório para controle da malha externa.
Porém, o controlador Tipo II é utilizado de acordo com o Apêndice D, para compensar
o zero produzido pela ESR, providenciando uma frequência de corte de 250 𝐻𝑧 para
a malha externa. Desse modo, a função de transferência do controlador 𝐶𝑉 (𝑠) resulta
em:

9835,1(𝑠 + 1225)
𝐶𝑉 (𝑠) = . (101)
𝑠 2 + 6556,0𝑠
66

No domínio discreto, a função de transferência é representada por:

0.0098𝑧 −2 − 2.39𝑒 −5 𝑧 −1 + 0.0098


𝐶𝑉 (𝑧) = . (102)
0,987𝑧 −2 − 1.987𝑧 −1 + 1

Por fim, o algoritmo para implementação digital é dado por:

𝑦𝑣 [𝑛] = 0,0098𝑥𝑣 [𝑛 − 2] − 2,39𝑒 −5 𝑥𝑣 [𝑛 − 1] + 0,0098𝑥𝑣 [𝑛] .


(103)
−0,987𝑦𝑣 [𝑛 − 2] + 1,987𝑦𝑣 [𝑛 − 1]

O diagrama do conversor controlado é ilustrado na Figura 43a. A simulação


é realizada para a entrada de degraus consecutivos no valor de referência de tensão.
A resposta na tensão de saída e na corrente de saída são apresentados na Figura
43b e na Figura 43c.

IL(s)
Vo Vref Ci(s)
Cv(s)
Io PWM(s)
IL(s)

Vbus PWM(s)

(a)

30 Vref Vo(s) Vo(z) Vo(k) 3,0 Io(s) Io(z) Io(k)


25 2,5
Corrente (A)
Tensão (V)

20 2,0
15 1,5
10 1,0
5 0,5
0 0
Tempo (s) Tempo (s)
0 0,05 0,1 0,15 0,20 0 0,05 0,1 0,15 0,20

(b) (c)

Figura 43 – Simulação em fechada do controle de corrente: (a) diagrama de bode; (b) resposta
ao degrau unitário.
Fonte: Autoria própria, (2018).
67

3.4.3 Controle automático

O controlador automático é implementado via algoritmo. A cada ciclo de


processamento, uma comparação é realizada entre a corrente medida e seu valor de
referência. Caso o valor de referência de corrente seja superior ao valor medido, então
a malha interna utilizará a ação de controle da malha externa como valor de referência.
Caso contrário, o valor utilizado pela malha interna será o valor pré-ajustado como
referência. Para simular o controlador digital, o script apresentado no Quadro 2 é
adicionado no script do controlador de corrente.
O fluxograma de controle é apresentado pela Figura 44. O controlador
automático é simulado com a ferramenta Cblock disponível no software Psim®. As
formas de onda de tensão de saída e de corrente de saída são apresentadas Figura
45. Uma entrada de carga é programada para solicitar um aumento de corrente que
leve à transição automática entre os dois modos de operação. Pode-se observar que
no momento da entrada de carga, a tensão de saída diminui proporcionalmente à
resistência, enquanto a corrente de saída passa a ser regulada para não exceder o
valor pré-ajustado como limite.

Quadro 2 – Script para controle de corrente com a ferramenta Cblock.


Vref=in[2];
Vmed=in[3];
ev0=(Iref-Imed);

yv0=(bv0*ev0+bv1*ev1+bv2*ev2+bv3*ev3-(av1*yv1+av2*yv2+av3*yv3));

if (yv0<0)
yv0=0;
else {
if (yv0>Satv)
yv0=Satv;
}

if (IRef>Imed)
e0=yv0-Imed;
else {
e0=Iref-Imed;
}

Fonte: Autoria própria, (2018).


68

Atualizar leitura dos ADCs;

Executar malha de tensão?


(uma vez a cada vinte iterações)

Malha de tensão
ev[k] = Vref[k]-Vo[k];

Controle adaptativo Calcular Vom, Io, Ro, e ωLC;


ev[k] < ε ? Atualizar ωz1, ωz2 ωp2 e ωp3;
Calcular A1, A2, A3, B0, B1, B2, e B3;

uv[k] = ev[k-3]*Bv3+e v[k-2]*Bv2+e v[k-1]*Bv1+e v[k]*Bv o-(uv[k-3]*Av3+u v[k-2]*Av2+u v[k-1]*Av1);

Limitação da corrente

uv[k] = Iref[k] IRef < Io ?

Malha de corrente
ei[k] = uv[k]-IL[k];

ui[k] = ei[k-2]*Bi2+e i[k-1]*Bi1+e i[k]*Bio-(ui[k-2]*Ai2+u i[k-1]*Ai1);

Saturação

D < Dmín ? D = Dmín;

D = Dmáx; D > Dmáx ?

Carregar modulo DPWM=D;


Atualizar variáveis;

Figura 44 – Fluxograma de controle.


Fonte: Autoria própria, (2018).
69

30 Vo(k) Io(k) Vref


25
20
15
10
5
0
0 0,01 0,02 0,03 Tempo (s)
Figura 45 – Simulação do controle automático.
Fonte: Autoria própria, (2018).

Os resultados obtidos neste capítulo indicam que é possível implementar o


controle automático com o conversor buck. As simulações realizadas comprovam a
possiblidade de projetar os conversores no domínio contínuo e então fazer as
transformações para representa-los no domínio discreto. As equações apresentadas
para determinar o valor de cada coeficiente, podem ser aplicadas diretamente a partir
das informações obtidas no domínio contínuo. Deste modo, o conhecimento adquirido
neste capítulo serve como auxílio para a implementação da fonte chaveada, discutida
no capítulo a seguir.
70

4 IMPLEMENTAÇÃO DO PROTÓTIPO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS

A análise apresentada no capítulo anterior serve como referência para a


implementação da fonte chaveada em placas de circuito impresso (PCI). Os valores
obtidos no dimensionamento dos componentes precisam ser aproximados para
valores disponíveis comercialmente. Além disso, é necessário determinar os demais
dispositivos que fazem parte da fonte, tendo como exemplo o MOSFET, os diodos, os
amplificadores operacionais e assim por diante. Um osciloscópio Tektronix® é
utilizado para coletar os dados de desempenho da fonte chaveada. O controle
automático é verificado experimentalmente para a variação de carga. Os resultados
obtidos possibilitam fazer algumas constatações sobre o funcionamento da fonte,
conforme é apresentado por este capítulo. Para a implementação da fonte são
necessários alguns circuitos auxiliares, responsáveis pelo acionamento da chave e
pela alimentação dos circuitos utilizados, que são discutidos a seguir.

4.1 CIRCUITOS AUXILIARES

O sinal PWM que aciona a chave semicondutora é gerado com o DSP


STM32F407G. O sinal fornecido pelo dispositivo apresenta 3,3 𝑉 de amplitude à uma
frequência de 50 𝐾𝐻𝑧. Assim, é necessário que esse sinal seja amplificado para que
a chave possa ser acionada. Para isso, o circuito driver apresentado pela Figura 46 é
empregado com um o optoacoplador 6N137, proporcionando isolação entre o DSP e
o MOSFET do conversor. Desse modo, duas amplitudes diferentes de tensão são
solicitadas pelo circuito. Uma para energizar o optoacoplador e outra para ser utilizada
na amplificação do sinal PWM. De acordo com as informações fornecidas nos
datasheets, este optoacoplador pode operar na faixa de 4,5 𝑉 a 7,0 𝑉 e a tensão
utilizada para acionar a chave deve ser superior à tensão gate-source 𝑉𝐺𝑆 . Desta
forma, a alimentação do optoacoplador 𝑉𝐶𝐶(𝑜𝑝𝑡𝑜) pode ser derivada da alimentação do
driver. Os resistores na entrada e na saída do driver são calculados pela Lei de Ohm,
71

e servem para estabelecer as amplitudes de corrente solicitadas pelo optoacoplador


e pelo acionamento da chave.

Vcc(chave)=12 V

470 1k 1k

Vcc(opto) 6 V
1 nF BD139
1 nF 470 12
1 nF Vgate
1k
+ 220
1k 2N2222 BD140
VDSP
-
Vsource

Figura 46 – Diagrama do circuito driver.


Fonte: Autoria própria, (2018).

Outro fator importante é a alimentação dos circuitos. O DSP deve ser


energizado com uma tensão de 3,3 𝑉. Os amplificadores operacionais utilizados nos
circuitos de instrumentação são alimentados com +12 𝑉 e −12 𝑉. Além disso, o sensor
de corrente solicita uma tensão de 5 𝑉 para seu funcionamento, e uma tensão de −5 𝑉
é utilizada pelo circuito de instrumentação para eliminar o offset do sinal 𝑉𝐼𝐿 . Desse
modo, a fonte auxiliar apresentada pela Figura 47 é empregada conforme sugere o
datasheet dos reguladores de tensão da família LM78xx. Um diodo zener é utilizado
para regular a tensão de 3,3 𝑉 para o DSP.
A interface com o usuário é providenciada com o uso de um display LCD
20x4 e dos resistores para ajuste de tensão e de corrente. O display é conectado nas
portas de entrada e de saída do DSP conforme apresenta a Figura 48. Um
potenciômetro é utilizado para ajustar o contraste do LCD. Para que o sistema de
controle funcione corretamente, os circuitos ilustrados na imagem devem compartilhar
a mesma referência.
72

Ponte retificadora com filtro capacitivo Fonte simétrica 12 V


1N4001
+12 V

W08
LM7812

1 mF 0,33 uF 0,1 uF 1N4001


24 Vrms
470 uF

1 mF 2,0 uF 1,0 uF 0,1 uF 1N4001

LM7912

-12 V
1N4001

Fonte simétrica 5 V Regulador zener


1N4001
+5 V +3,3 V

180
+12 V LM7805

0,33 uF 0,1 uF 1N4001 1N746

2,0 uF 1,0 uF 0,1 uF 1N4001

-12 V LM7905

-5 V
1N4001

Figura 47 – Fonte de alimentação auxiliar.


Fonte: Autoria própria, (2018).

Fonte auxiliar

Referências

Instrumentação

Vo
J
I

IL
10

15

20

25

30
1

Vin
J

J
I

I
G H

G H

Driver
F

PWM
D E

D E
C

C
B

B
A

A
10

15

20

25

30
1

Figura 48 – Implementação do DSP STMF407G.


Fonte: Autoria própria, (2018).
73

4.2 DESENVOLVIMENTO DO PROTÓTIPO

Os projetos das placas são desenvolvidos com o auxílio do software


Cadsoft Eagle®. A primeira versão do protótipo, apresentada na Figura 49a, foi
implementada em placas de fenolite simples, em quais a dimensão do laminado
especificada pelo fabricante corresponde à 0,5 𝑜𝑧. Essa informação é relevante para
o projeto das placas dos circuitos de potência, que trabalham com amplitudes
significativas de corrente. A resistência elétrica do cobre é relacionada com a área
transversal do laminado e o comprimento das trilhas, para que seja possível
determinar a largura mínima necessária para conduzir uma especificada quantidade
de corrente.
Desse modo, foi possível verificar o desempenho do conversor em malha
aberta e observar a relação do circuito de instrumentação com o circuito de potência.
Em seguida, a placa ilustrada na Figura 49b foi utilizada para substituir o circuito de
instrumentação da placa anterior. Na segunda placa foram adicionados o circuito de
instrumentação de corrente e dois potenciômetros para ajuste manual dos valores de
referência de tensão e de corrente. A terceira modificação no projeto é apresentada
pela Figura 49c. Os resistores foram substituídos por trimpots, e os capacitores
cerâmicos convencionais foram substituídos por capacitores de tântalo e eletrolíticos
de baixa impedância. Foram adicionados reguladores de tensão para alimentar os
amplificadores operacionais, e o layout foi desenvolvido para que o circuito fosse
implementado em uma placa dupla-face.

Driver Inst. de tensão

Referências

Buck

(a) (b) (c)


Figura 49 – Desenvolvimento do protótipo: (a) primeira versão do projeto; (b) circuitos de
instrumentação de tensão e de corrente; (c) placa dupla-face.
Fonte: Autoria própria, (2018).
74

As placas representadas na Figura 49 foram confeccionadas com o


processo de transferência térmica. Contudo, este método não é adequado para o caso
da terceira placa, devido à necessidade de alinhamento entre os layouts superior e
inferior. Além disso, é essencial que o lado superior apresente isolação suficiente
entre o cobre e os pontos de furação dos componentes utilizados no layout inferior.
Assim, o protótipo final foi desenvolvido através do processo de foto transferência
utilizando placas de fibra de vidro dupla-face, em quais a dimensão do cobre
especificada como 1 𝑜𝑧 foi utilizada como critério para especificar trilhas de 3,5 𝑚𝑚
para os circuitos de potência. Este método possibilita melhoras significativas na
qualidade das trilhas e oferece isolação para o cobre. O protótipo final é ilustrado pela
Figura 50a. O dissipador térmico e o cooler são utilizados para resfriamento da chave
semicondutora. Para placa de testes foram utilizadas resistências de 5 𝑊 em paralelo
conforme pode ser visualizado na Figura 50b. Assim, foram obtidas duas cargas de
90 𝑊 cada, que apresentaram resistências equivalentes à aproximadamente 13 𝛺 e
15 𝛺.

(a) (b)

Figura 50 – Protótipo final: (a) fonte chaveada; (b) placas de carga.


Fonte: Autoria própria, (2018).

Os valores obtidos no dimensionamento dos componentes precisam ser


aproximados para valores disponíveis comercialmente. Os retificadores de tensão são
implementados por pontes retificadoras. Para os filtros capacitivos, são empregados
capacitores cerâmicos e de tântalo em paralelo com capacitores eletrolíticos de baixa
impedância, com o objetivo de reduzir a ESR resultante em cada banco de
75

capacitores. Também são utilizados capacitores de baixa impedância nas tensões de


alimentação simétricas dos amplificadores operacionais, de modo a reduzir os ruídos
nos circuitos de instrumentação. Para complementar a proteção contra sobrecarga e
sobrecorrente proporcionada pela malha interna, são adicionados fusíveis na entrada
dos circuitos retificadores. A Tabela 6 apresenta a lista de componentes utilizados na
implementação do último protótipo da fonte chaveada.

Tabela 6 – Especificação dos componentes do protótipo.


Circuito Especificação Quantidade Valor
Capacitor eletrolítico 3 1,0 𝑚𝐹
Retificador de tensão Capacitor cerâmico 2 470,0 𝜇𝐹
Ponte retificadora KBPC610 1 − −
MOSFET IRF530 1 − −
Diodo Schottky MBR 500 1 − −
Conversor buck Indutor 1 6,5 𝑚𝐻
Capacitor eletrolítico 4 10,0 𝜇𝐹
Capacitor de tântalo 4 10,0 𝜇𝐹
Resistor 𝑅𝑥 2 100,0 𝑘𝛺
Resistor 𝑅𝑦 2 12,0 𝑘𝛺
Resistor 𝑅1 2 1,5 𝑘𝛺
Resistor 𝑅2 2 2,2 𝛺
Capacitor 𝐶1 2 10,0 𝑛𝐹
Capacitor 𝐶2 2 3,3 𝜇𝐹
Resistor 𝑅1 * 1 1,0 𝑘𝛺
Resistor 𝑅2 * 1 280,0 𝛺
Capacitor 𝐶1 * 1 330,0 𝑛𝐹
Capacitor 𝐶2 * 1 1,0 𝜇𝐹
Instrumentação de sinal1
Resistor 𝑅𝑜𝑓𝑓𝑠𝑒𝑡 2 10,0 𝑘𝛺
Resistor 𝑅𝑎 1 10,0 𝑘𝛺
Resistor 𝑅𝑏 1 10,0 𝑘𝛺
Resistor 𝑅𝑓 1 10,0 𝑘𝛺
Resistor 𝑅𝑖𝑛𝑣1 1 10,0 𝑘𝛺
Resistor 𝑅𝑖𝑛𝑣2 1 62,0 𝑘𝛺
Resistor 𝑅𝑧 3 100,0 𝛺
Diodo zener 1N746 3 − −
Resistor 𝑅𝑝𝑢𝑙𝑙𝑑𝑜𝑤𝑛 3 1,0 𝑘𝛺
Sensor ACS712 1 − −
CI TL084 3 − −
Capacitores bypass 6 100 𝑛𝐹
Fonte: Autoria própria, (2018).

1
Os resistores 𝑅1 ∗ e 𝑅2 ∗ e os capacitores 𝐶1 ∗ e 𝐶2 ∗ se referem ao filtro utilizado na instrumentação do sinal de
tensão no barramento.
76

4.3 CONVERSOR BUCK EM MALHA ABERTA

O conversor buck é inicialmente acionado em malha aberta com uma razão


cíclica 𝐷 = 0,5 para alimentar a carga de 15 𝛺, utilizando um MOSFET IRF540.
Contudo, essa chave apresentou interferências significativas em seu funcionamento,
dificultando as medições dos sinais de tensão e de corrente. Desse modo, o MOSFET
IRF540 foi substituído pelo IRF530 e um circuito snubber RC foi utilizado afim de
reduzir o estresse na chave. O snubber foi implementado com um resistor 𝑅𝑠𝑛𝑢𝑏𝑏𝑒𝑟 =
2,2 𝑘 e um capacitor 𝐶𝑠𝑛𝑢𝑏𝑏𝑒𝑟 = 1 𝑛𝐹. Outro fator que influencia significativamente a
operação do conversor é a qualidade da energia disponível no laboratório. Desse
modo, utilizou-se uma fonte estabilizada para alimentar o circuito de forma isolada à
rede. Um osciloscópio Tektronix® é utilizado para verificar as formas de onda da
tensão de entrada e da tensão de saída no conversor buck. O resultado obtido é
ilustrado na Figura 51.

Figura 51 – Formas de onda da tensão de entrada e da tensão de saída do conversor buck em


malha aberta.
Fonte: Autoria própria, (2018).

Para que cada variável seja quantificada corretamente pelo DSP, é


necessário determinar qual é o ganho resultante entre determinada variável e sua
representação no ADC. Desta forma, o osciloscópio foi utilizado para verificar o valor
de leitura do ADC em relação ao real valor da tensão de saída, conforme apresenta a
Figura 52. Desse modo, o circuito de instrumentação estabeleceu uma amplificação
que reduziu o sinal no ADC para aproximadamente 10 % do valor real da variável.
77

Figura 52 – Formas de onda da tensão de saída 𝑽𝒐 do conversor buck e do sinal de leitura da


tensão de saída no ADC 𝑽𝑨𝑫𝑪(𝑽𝒐) .
Fonte: Autoria própria, (2018).

Da mesma forma, para representar corretamente a corrente no indutor, o


valor real da corrente foi relacionado com seu respectivo sinal de leitura no ADC. Uma
vez que a corrente média no indutor é igual a corrente de saída, o valor médio da
corrente foi calculado relacionando a carga com a tensão de saída. De acordo com a
Figura 53, uma tensão de 892 𝑚𝑉 é gerada pelo circuito de instrumentação de
corrente para representar uma amplitude de 0,73 𝐴 medida pelo sensor ACS712, de
forma que o sinal 𝑉𝐴𝐷𝐶(𝐼𝐿) corresponde à aproximadamente 120 % do real valor da
corrente 𝐼𝐿 .

Figura 53 – Formas de onda da tensão de saída 𝑽𝒐 do conversor buck e do sinal de leitura da


corrente do indutor no ADC 𝑽𝑨𝑫𝑪(𝑰𝑳 ) .
Fonte: Autoria própria, (2018).
78

4.4 CONTROLE AUTOMÁTICO

Os conversores ADC são utilizados com uma resolução de 12 bits. Os


ganhos referentes ao ajuste de amplitude e à quantização no ADC são utilizados para
determinar o ganho no sinal PWM para a resolução de 16 bits.
Para verificar o funcionamento do controle automático, uma entrada de
carga é provocada nos terminais de saída do conversor. Desse modo, a referência de
corrente é limitada em 1 𝐴, ao mesmo tempo em que a referência de tensão é ajustada
em 15 𝑉. Um resistor shunt de 1,2 é utilizado para medir o sinal de corrente com o
osciloscópio. Assim, no primeiro instante representado pela Figura 54, o conversor
alimenta a carga de 15 com uma tensão regulada. No momento em que a segunda
carga é conectada, ocorre a transição entre os modos de operação e a tensão de
saída cai aproximadamente 30 %, de modo a possibilitar que a fonte forneça uma
corrente regulada para a carga. Quando a carga é desconectada, ocorre novamente
a transição entre os modos de operação e a fonte volta a fornecer uma tensão
regulada para a carga.

Figura 54 – Transição entre os modos de operação.


Fonte: Autoria própria, (2018).

Observando a Figura 54, é possível notar que a malha interna responde


rapidamente à entrada de carga. Além disso, pode-se verificar no segundo transitório,
que a malha externa apresenta uma resposta semelhante uma resposta de primeira
ordem. Isso ocorre porque a função de transferência para controle da tensão de saída
79

pela corrente no indutor apresenta apenas um polo, e está de acordo com as


respostas de tensão e de corrente obtidas no projeto do controle automático. Para
isso, é fundamental que as variáveis sejam representadas corretamente no DSP. A
desvantagem deste método de controle deve-se à dependência apresentada pela
malha interna ao valor da carga. Uma vez que as referências são ajustáveis e a carga
é um parâmetro variável, diferentes pontos de operação podem ser estabelecidos no
funcionamento da fonte. Uma modificação no modelo da planta, consequentemente
causaria uma alteração no projeto dos controladores. Para outras características de
resposta, o dimensionamento dos controladores resultaria em outros conjuntos de
coeficientes. Uma solução seria o uso do controle adaptativo. As equações
especificadas para cálculo destes coeficientes podem ser implementadas no DSP.
Desse modo, elas podem ser implementadas no DSP para calcular automaticamente
novos coeficientes quando o ponto de operação for alterado.
80

5 CONCLUSÃO E SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS

A expansão tecnológica durante as últimas décadas tem aumentado a


quantidade de aplicações em que são empregadas a energia elétrica. A evolução dos
dispositivos eletrônicos e semicondutores tem possibilitado a fabricação de circuitos
cada vez mais sofisticados, que solicitam a energização em CC e em diferentes
amplitudes de tensão. Como resultado, a eletrônica de potência tem se desenvolvido
para possibilitar que a conversão de potência seja integrada junto aos equipamentos.
A redução do espaço ocupado e o aumento do desempenho dos conversores são dois
fatores de grande influência na fabricação de fontes de alimentação. Isso levou à
substituição de fontes lineares por fontes chaveadas, que apresentam a vantagem na
maneira em que a chave semicondutora é empregada.
As fontes chaveadas podem ser implementadas através de diferentes
topologias. Uma maneira simples para a conversão CA-CC é obtida com o uso de uma
ponte retificadora. Contudo, este método resulta em um elevado conteúdo harmônico
na tensão de entrada, tornando-se inviável em grande parte das aplicações. O uso de
filtros é um dos recursos para reduzir este problema. Para um trabalho futuro, sugere-
se o desenvolvimento de um pré-regulador de fator de potência. Além disso, alguns
circuitos da fonte desenvolvida precisam ser alimentados com uma fonte auxiliar,
tornando atrativo o uso de um conversor isolado, de modo a possibilitar que a
alimentação auxiliar seja produzida pelo próprio conversor. Desta forma, o
transformador de entrada pode ser dispensado, reduzindo o peso e o volume do
protótipo.
O conversor buck apresenta a vantagem de simplicidade para projeto.
Porém, nos casos em que a alimentação do conversor não é feita por uma tensão
regulada, as limitações e dificuldades para regulação são aumentadas. Para valores
consideráveis de ESR, a maior parcela da ondulação na tensão sobre o capacitor
deve-se à própria resistência do capacitor. Melhoras significativas podem ser obtidas
na regulação de tensão com o uso de capacitores de baixa impedância. O uso de tais
capacitores influencia na escolha do método de compensação. Valores mais baixos
de impedância resultam em valores mais altos para o zero gerado pela ESR do
capacitor. Desse modo, compensadores com maior número de polos e zeros podem
ser necessários para compensar o par de polos do filtro LC e o zero em alta
81

frequência. Além disso, teoricamente o aumento da frequência de chaveamento é uma


grande vantagem, pois possibilita projetar o filtro LC e os controlares para trabalhar
com frequências de corte mais altas, o que consequentemente resultaria em respostas
mais rápidas, com componentes que ocupam um menor espaço físico. Porém, na
prática existem adversidades que limitam a frequência de chaveamento. A principal
delas é a interferência produzida pela chave, que resulta em harmônicos de alta
frequência. Essa interferência precisa ser eliminada, caso contrário é improvável que
o circuito de controle funcione de forma adequada. Além disso, a chave semicondutora
é submetida a esforços consideráveis, que diminuem a vida útil do componente. Em
resposta a este problema, um circuito snubber pode ser utilizado.
Uma simplificação no projeto de controle é alcançada com o uso de duas
malhas. A malha de tensão é utilizada como referência para a malha de corrente. A
principal vantagem deve-se ao fato que a malha de corrente proporciona proteção
contra sobrecarga e sobrecorrente. Um dos métodos para limitar a corrente é a
saturação da ação de controle da malha externa. Uma vez que a corrente média no
indutor é igual a corrente de saída do conversor, o ajuste de corrente determina o
ponto de transição entre os modos de operação. Uma segunda vantagem é
apresentada por este método, por não apresentar oscilações sub-harmônicas para
razões cíclicas maiores que 50 %. Por outro lado, o sensor de corrente poderia ser
dispensado com o uso do controle pela corrente de pico. Uma vez que a variação de
corrente no indutor depende da tensão sobre ele, medições na tensão de entrada e
na tensão de saída do conversor podem ser utilizadas para estimar o valor da corrente.
Uma vez que as fontes de bancada devem apresentar uma regulação
eficaz em diferentes pontos de operação, o sistema de controle precisa ser capaz de
adaptar a compensação de acordo com cada situação. O sistema de controle
desenvolvido foi configurado para controlar uma situação específica e não é capaz de
regular o conversor dentro de toda a faixa de operação. Essa mesma configuração de
controle em cascata pode ser utilizada para implementar o controle adaptativo. Com
o uso das equações apresentadas, para o cálculo dos coeficientes dos controladores,
o DSP pode ser configurado para determinar novos coeficientes de forma automática.
Neste trabalho foi possível observar que o valor da carga interfere no amortecimento
da resposta. Muitos projetos analisados durante o estudo sugerem o controle de
cargas leves com frequência de chaveamento variável. Outra sugestão para trabalho
futuro é a implementação do controle adaptativo. Uma opção interessante para
82

trabalhar com pontos de operação variáveis é o controle em modo deslizante. Esta


técnica de controle pode ser implementada na malha interna e resulta em um
desempenho consideravelmente superior ao controlador utilizado por este trabalho. O
controle em modo deslizante é útil para trabalhar com parâmetros indeterminados e
apresenta bom desempenho com cargas leves. Assim, um sistema de controle pode
ser desenvolvido para possibilitar a transição entre o controle por frequência de
chaveamento fixa e por frequência de chaveamento variável.
Em relação ao uso do controlador digital, pode-se concluir que apesar da
facilidade para determinar os cálculos do sistema de controle, o DSP precisa ser
configurado para trabalhar nas condições de operação desejadas, sendo este um fator
que apresenta maior complexibilidade. Além disso, é fundamental que as variáveis
sejam representadas corretamente após a leitura no ADC, caso contrário, a razão
cíclica calculada não será proporcional ao erro medido. Também foi possível observar
a susceptibilidade do sensor ACS712 ao ruído. Devido à sensibilidade do sensor,
pequenas interferências resultam em desvios significativos no sinal medido. Além
disso, ao amplificar o sinal de corrente para que o sinal do sensor seja representado
na mesma escala do ADC, também são amplificadas as interferências já presentes no
sinal.
83

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90

APÊNDICE A – PROJETO FÍSICO DO INDUTOR

O projeto físico do indutor é utilizado para determinar o núcleo, o carretel e


bitola do cabo que são necessários para sua construção. Na Figura 55 são ilustrados
o núcleo e o carretel de ferrite do tipo EE. Vamos utilizar as variáveis 𝐴𝑒 para
determinar a área do núcleo e 𝐴𝑤 para representar a área da janela do carretel.

Núcleo Carretel

Aw D
Ae

B C
A
Figura 55 – Núcleo e carretel do tipo E.
Fonte: Barbi (2002).

A integral de linha da componente tangencial da intensidade de campo


magnético 𝐻 ao longo de um contorno fechado é igual à corrente total que passa
através de qualquer superfície delimitada por esse contorno. A relação entre a força
magnetomotriz ℱ que atua no circuito magnético e a intensidade de campo magnético
neste contorno é (FITZGERALD, 2006):

ℱ = 𝑁𝑖 = ∮ 𝐻𝑑𝑙 . (104)

Quando um campo magnético varia no tempo, produz um campo elétrico


no espaço de acordo com a Lei de Faraday:

𝑑
∮ 𝐸. 𝑑𝑠 = − ∫ 𝐵. 𝑑𝑎 . (105)
𝑑𝑡

Assumindo que o fluxo que predomina é o fluxo do núcleo ∅ e que em


enrolamentos de alta condutividade elétrica, o campo 𝐸 é extremamente pequeno no
91

fio, a tensão 𝑒 pode ser expressa em função da quantidade 𝑁 de vezes que o fluxo é
concatenado (FIZGERALD, 2006):

𝑑∅
𝑒=𝑁 . (106)
𝑑𝑡

A relação entre a intensidade de campo magnético 𝐻 e a densidade de


fluxo magnético 𝐵 é uma propriedade do material em que se encontra o campo
magnético. Costuma-se supor uma relação linear. Assim (FIZGERALD, 2006):

𝐵 = 𝜇𝐻 . (107)

Foi apresentado no Capítulo 2, que a tensão sobre o indutor 𝑣𝐿 = 𝐿(𝑑𝑖 ⁄𝑑𝑡).


Além disso, ∆∅ = 𝐴𝑒 ∆𝐵. Considerando que a corrente atinge seu valor máximo 𝐼𝐿(𝑚á𝑥)
no mesmo momento em que 𝐵 = 𝐵𝑚á𝑥 tem-se (BARBI, 2002):

𝐼𝐿(𝑚á𝑥)
𝑁=𝐿 . (108)
𝐵(𝑚á𝑥) 𝐴𝑒

Para determinar uma razão entre a área ocupada pelos enrolamentos e a


área da janela, vamos definir 𝑘𝑤 = 𝐴𝑝 ⁄𝐴𝑤 como o fator de ocupação do cobre dentro
do carretel, no qual 𝐴𝑝 representa a área transversal do cobre. Além disso, a máxima
densidade de corrente 𝐽(𝑚á𝑥) = 𝑁𝐼𝐿(𝑟𝑚𝑠) ⁄𝐴𝑝 . Desse modo, a Equação 108 pode ser
reescrita da seguinte forma (BARBI, 2002)2:

𝐿𝐼𝐿(𝑚á𝑥) 𝐼𝐿(𝑟𝑚𝑠) 4
𝐴𝑒 𝐴𝑤 = 10 . (109)
𝐵(𝑚á𝑥) 𝐽(𝑚á𝑥) 𝑘𝑤

Em um circuito magnético, composto de material magnético de


permeabilidade constante ou que inclua um entreferro dominante, a relação entre 𝜙 e
𝑖 é linear e a indutância pode ser definida como 𝐿 = 𝑁⁄ℛ𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 , onde ℛ𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 representa
a relutância total do circuito. O fluxo concatenado do enrolamento 𝜆 = 𝑁𝜙.

2
O fator 104 foi inserido para ajuste de unidade em (𝑐𝑚4 ).
92

Desprezando a relutância do núcleo, a altura do entre ferro 𝑙𝑔 pode ser obtida por de
acordo com Fitzgerald (2006)3:

𝑁 2 𝜇0 𝐴𝑒 −2
𝑙𝑔 = 10 . (110)
𝐿

Onde 𝜇0 é a permeabilidade do ar e ℛ𝑔 é a relutância do entreferro.


A utilização de condutores em alta frequência deve levar em consideração
o efeito skin. Conforme o aumento da frequência, os elétrons tendem a ocupar as
bordas do condutor, limitando a área efetiva de condução. O valor de penetração é
representado por ∆𝑠𝑘𝑖𝑛 = 7,5⁄√𝑓𝑠 . Desta forma, o condutor não deve apresentar
diâmetro superior a 2∆. Em Barbi (2002), o a bitola 𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 necessária para conduzir a
corrente é calculado por:

𝐼𝐿(𝑟𝑚𝑠)
𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 = . (111)
𝐽(𝑚á𝑥)

Caso o diâmetro do condutor seja superior ao limite calculado, será


necessário associar um número 𝑛𝑐𝑜𝑛𝑑 de condutores em paralelo. Representado por
𝑆𝑠𝑘𝑖𝑛 a área do condutor delimitada pelo diâmetro máximo, o número de condutores
𝑛𝑐𝑜𝑛𝑑 pode ser determinado segundo Barbi (2002):

𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑
𝑛𝑐𝑜𝑛𝑑 = . (112)
𝑆𝑠𝑘𝑖𝑛

Para verificar se é possível implementar estes parâmetros, a área mínima


da janela 𝐴𝑤(𝑚í𝑛) necessária é calculada por:

𝑁𝑛𝑐𝑜𝑛𝑑 𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑
𝐴𝑤(𝑚í𝑛) = . (113)
𝑘𝑤

3
O fator 10−2 foi inserido para ajuste de unidade em (𝑐𝑚).
93

APÊNDICE B – MODELO MÉDIO EM ESPAÇO DE ESTADOS

A análise a seguir é utilizada para o modelo em pequenos sinais do


conversor buck. O modelo médio em espaço de estados é útil para descrever o
funcionamento de circuitos chaveados (HART, 2011). Em Erickson (2011), Hart (2011)
e Rashid (2011), a forma geral da representação em espaço de estados é apresentada
do seguinte modo:

𝑥̇ = 𝐴𝑥 + 𝐵𝑢
. (114)
𝑦 = 𝐶𝑥 + 𝐷𝑢

Em que 𝑥 é o vetor de estado, 𝑥̇ = 𝑑𝑥⁄𝑑𝑡, 𝑢 é o vetor de controle, 𝑦 é o vetor de saída,


e 𝐴, 𝐵, 𝐶 e 𝐷 representam, respectivamente, a dinâmica de entrada, de saída e da
transmissão direta entre as matrizes. Na operação em MCC, dois estados
independentes são utilizados para representar as etapas 𝑡𝑜𝑛 e 𝑡𝑜𝑓𝑓 . Durante a etapa
𝑡𝑜𝑛 , obtém-se:

𝑥̇ = 𝐴1 𝑥 + 𝐵1 𝑢
. (115)
𝑦 = 𝐶1 𝑥 + 𝐷1 𝑢

Durante a etapa 𝑡𝑜𝑓𝑓 :

𝑥̇ = 𝐴2 𝑥 + 𝐵2 𝑢
. (116)
𝑦 = 𝐶2 𝑥 + 𝐷2 𝑢

A variável 𝛿(𝑡) é introduzida para representar o estado da chave em cada


etapa (𝛿(𝑡) = 1 para a condição 0 ≤ 𝑇 ≤ 𝛿1 𝑇𝑆 quando a chave está fechada e 𝛿(𝑡) =
0 para a condição 𝛿1 𝑇𝑆 ≤ 𝑡 ≤ 𝑇𝑆 quando a chave está aberta). As Equações 115 e 116
podem ser combinadas para determinar o modelo não linear e variante no tempo.
Segundo Rashid (2011):

𝑥̇ = [𝐴1 𝛿(𝑡) + 𝐴2 (1 − 𝛿(𝑡))]𝑥 + [𝐵1 𝛿(𝑡) + 𝐵2 (1 − 𝛿(𝑡))]𝑢


. (117)
𝑦 = [𝐶1 𝛿(𝑡) + 𝐶2 (1 − 𝛿(𝑡))]𝑥 + [𝐷1 𝛿(𝑡) + 𝐷2 (1 − 𝛿(𝑡))]𝑢
94

Uma vez que o vetor 𝑥 é contínuo, para as condições iniciais 𝑥1 (0) = 𝑥2 (𝑇𝑆 ),
𝑥2 (𝛿1 𝑇𝑆 ) = 𝑥1 (𝛿1 𝑇𝑆 ), e considerando a razão cíclica 𝛿1 como o valor médio de 𝛿(𝑡) é
possível obter uma única representação das equações de estado. Supondo que os
valores médios de 𝑥, representados por 𝑥̅ , são as novas variáveis de estado, e 𝛿2 =
1 − 𝛿1, obtém-se (RASHID, 2011):

𝑥̅̇ = [𝐴1 𝛿1 + 𝐴2 𝛿2 ]𝑥̅ + [𝐵1 𝛿1 + 𝐵2 𝛿2 ]𝑢̅


. (118)
𝑦̅ = [𝐶1 𝛿1 + 𝐶2 𝛿2 ]𝑥 + [𝐷1 𝛿1 + 𝐷2 𝛿2 ]𝑢̅

Uma vez que a saída 𝑦̅ deve ser regulada em razão da razão cíclica 𝛿(𝑡),
as variáveis de estado são decompostas inserindo pequenas perturbações alternadas
sobre o regime permanente:

𝑥̅ = 𝑋 + 𝑥̃
𝑦̅ = 𝑌 + 𝑦̃
𝑢̅ = 𝑈 + 𝑢̃ . (119)
𝛿1 = ∆1 + 𝛿̃
𝛿2 = ∆2 − 𝛿̃

Substituindo a Equação 119 na Equação 114, obtém-se:

𝑥̃̇ = [𝐴1 ∆1 + 𝐴2 ∆2 ]𝑋 + [𝐵1 ∆1 + 𝐵2 ∆2 ]𝑈


+[𝐴1 ∆1 + 𝐴2 ∆2 ]𝑥̃ + [(𝐴1 − 𝐴2 )𝑋 + (𝐵1 − 𝐵2 )𝑈]𝛿̃
+[𝐵1 ∆1 + 𝐵2 ∆2 ]𝑢̃ + [(𝐴1 − 𝐴2 )𝑥̃ + (𝐵1 − 𝐵2 )𝑢̃]𝛿̃

. (120)
𝑌 + 𝑦̃ = [𝐶1 ∆1 + 𝐶2 ∆2 ]𝑋 + [𝐷1 ∆1 + 𝐷2 ∆2 ]𝑈
+[𝐶1 ∆1 + 𝐶2 ∆2 ]𝑥̃ + [(𝐶1 − 𝐶2 )𝑋 + (𝐷1 − 𝐷2 )𝑈]𝛿̃
+[𝐷1 ∆1 + 𝐷2 ∆2 ]𝑢̃ + [(𝐶1 − 𝐶2 )𝑥̃ + (𝐷1 − 𝐷2 )𝑢̃]𝛿̃

Conforme é apresentado em Rashid (2011),Os termos [𝐴1 ∆1 + 𝐴2 ∆2 ]𝑋 +


[𝐵1 ∆1 + 𝐵2 ∆2 ]𝑈 e [𝐶1 ∆1 + 𝐶2 ∆2 ]𝑋 + [𝐷1 ∆1 + 𝐷2 ∆2 ]𝑈 representam o comportamento do
sistema em regime permanente. Em regime, 𝑋̇ = 0, portanto:
95

0 = [𝐴1 ∆1 + 𝐴2 ∆2 ]𝑋 + [𝐵1 ∆1 + 𝐵2 ∆2 ]𝑈 , (121)

𝑌 = [𝐶1 ∆1 + 𝐶2 ∆2 ]𝑋 + [𝐷1 ∆1 + 𝐷2 ∆2 ]𝑈 . (122)

Negligenciando [(𝐴1 − 𝐴2 )𝑥̃ + (𝐵1 − 𝐵2 )𝑢̃]𝛿̃ ≈ 0, o modelo linearizado em


pequenos sinais resulta em:

𝑥̃̇ = [𝐴1 ∆1 + 𝐴2 ∆2 ]𝑥̃ + [(𝐴1 − 𝐴2 )𝑋 + (𝐵1 − 𝐵2 )𝑈]𝛿̃ + [𝐵1 ∆1 + 𝐵2 ∆2 ]𝑢̃


, (123)
𝑦̃ = [𝐶1 ∆1 + 𝐶2 ∆2 ]𝑥̃ + [(𝐶1 − 𝐶2 )𝑋 + (𝐷1 − 𝐷2 )𝑈]𝛿̃ + [𝐷1 ∆1 + 𝐷2 ∆2 ]𝑢̃

𝑥̃̇ = 𝐴𝑎𝑣 𝑥̃ + 𝐵𝑎𝑣 𝑢̃ + [(𝐴1 − 𝐴2 )𝑋 + (𝐵1 − 𝐵2 )𝑈]𝛿̃


. (124)
𝑦̃ = 𝐶𝑎𝑣 𝑥̃ + 𝐷𝑎𝑣 𝑢̃ + [(𝐶1 − 𝐶2 )𝑋 + (𝐷1 − 𝐷2 )𝑈]𝛿̃

Onde:

𝐴𝑎𝑣 = [𝐴1 ∆1 + 𝐴2 ∆2 ]
𝐵𝑎𝑣 = [𝐵1 ∆1 + 𝐵2 ∆2 ]
. (125)
𝐶𝑎𝑣 = [𝐶1 ∆1 + 𝐶2 ∆2 ]
𝐷𝑎𝑣 = [𝐷1 ∆1 + 𝐷2 ∆2 ]

Combinando as Equações 123 e 124:

𝑌
= −𝐶𝑎𝑣 𝐴𝑎𝑣 −1 𝐵𝑎𝑣 + 𝐷𝑎𝑣 . (126)
𝑈

Aplicando a transformada de Laplace na Equação 126 para condições


iniciais nulas, o teorema da superposição permite obter o modelo em pequenos sinais,
considerando, respectivamente, 𝑢̃ = 0 e 𝛿̃ = 0, é obtido em Rashid (2011):

𝑦̃(𝑠)
= 𝐶𝑎𝑣 [𝑠𝐼 − 𝐴𝑎𝑣 ]−1 [(𝐴1 − 𝐴2 )𝑋 + (𝐵1 − 𝐵2 )𝑈] + (𝐶1 − 𝐶2 )𝑥 + (𝐷1 − 𝐷2 )𝑈 , (127)
𝛿̃ (𝑠)

𝑦̃(𝑠)
= 𝐶𝑎𝑣 [𝑠𝐼 − 𝐴𝑎𝑣 ]−1 𝐵𝑎𝑣 + 𝐷𝑎𝑣 . (128)
𝛿̃(𝑠)
96

B.1 – FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DO CONVERSOR BUCK

Para o vetor de estado 𝑥 = [𝑖𝐿 , 𝑣𝑐 ]𝑇 e o vetor de saída 𝑦 = [𝑖𝐿 , 𝑣𝑜 ]𝑇 , o modelo


médio em espaço de estados do conversor buck é obtido por Rashid (2011):

𝑑𝑖𝐿 (𝑅𝑟𝐶 + 𝑅𝑟𝐿 + 𝑟𝐿 𝑟𝐶 ) 𝑅


=− 𝑖𝐿 − 𝑣 + 𝛿(𝑡)𝑉𝐷𝐶 , (129)
𝑑𝑡 𝐿(𝑅 + 𝑟𝐶 ) 𝐿(𝑅 + 𝑟𝐶 ) 𝐶

𝑑𝑣𝐶 𝑅 1
= 𝑖𝐿 − 𝑣 + 𝛿(𝑡)𝑉𝐷𝐶 , (130)
𝑑𝑡 𝐶(𝑅 + 𝑟𝐶 ) 𝐶(𝑅 + 𝑟𝐶 ) 𝐶

𝑟𝐶 1
𝑣𝑜 = 𝑟 𝑖 𝐿 + 𝑟 𝑣𝐶 . (131)
1 + 𝑅𝐶 1 + 𝑅𝐶

Definindo 𝑟𝑐𝑚 = 𝑟𝐶 ⁄(1 + 𝑟𝐶 ⁄𝑅 ), 𝑅𝑜𝑐 = 𝑅 + 𝑟𝐶 , 𝑘𝑜𝑐 = 𝑅 ⁄𝑅𝑜𝑐 e 𝑟𝑝 = 𝑟𝐿 + 𝑟𝑐𝑚 , as


Equações 32, 33, 46 e 47 podem ser utilizadas para obter (RASHID, 2011):

−𝑟𝑝 /𝐿 −𝑘𝑜𝑐 /𝐿
𝐴1 = 𝐴 = [ ];
𝑘𝑜𝑐 /𝐶 −1/(𝑅𝑜𝑐 𝐶)

𝐵1 = [1/𝐿, 0]𝑇 ; 𝐵2 = [0,0]𝑇 ;


. (132)
1 0
𝐶1 = 𝐶2 = [ ];
𝑟𝑐𝑚 /𝐶 𝑘𝑜𝑐

𝑢 = [𝑉𝐷𝐶 ]; 𝐷1 = 𝐷2 = [0,0]𝑇 ;

Utilizando a Equação 132, o modelo médio em espaço de estados resulta


em:

𝑖̃̇ −𝑟𝑝 /𝐿 −𝑘𝑜𝑐 /𝐿 𝑖̃ ∆ /𝐿 𝑉 /𝐿


[ 𝐿] = [ ] [ 𝐿 ] + [ 1 ] [𝑣̃𝐷𝐶 ] + [ 𝐷𝐶 ] [𝛿̃] , (133)
𝑣̃̇𝑐 𝑘𝑜𝑐 /𝐶 −1/(𝑅𝑜𝑐 𝐶) 𝑣̃𝑐 0 0

𝑖̃̇ 1 0 𝑖̃𝐿 0
[ 𝐿] = [ ] [ ] + [ ] [𝑣̃𝐷𝐶 ] . (134)
𝑣̃̇𝑜 𝑟𝑐𝑚 𝑘𝑜𝑐 𝑣̃𝑐 0
97

Para Rashid (2011), a relação de entrada 𝑈 para saída 𝑌 em regime


permanente, de acordo com a Equação 126, é obtida por:

𝑖𝐿 ∆1
= 2 , (135)
𝑉𝐷𝐶 (𝑘𝑜𝑐 𝑅𝑜𝑐 + 𝑟𝑝 )

𝑉𝑜 ∆1 (𝑘𝑜𝑐 2 𝑅𝑜𝑐 + 𝑟𝑐𝑚 )


= . (136)
𝑉𝐷𝐶 (𝑘𝑜𝑐 2 𝑅𝑜𝑐 + 𝑟𝑝 )

Portanto:

𝑖̃̇𝐿 (𝑠) ∆1 (1 + 𝑠𝐶𝑅𝑜𝑐 )


= 2 , (137)
𝑣̃̇𝐷𝐶 (𝑠) 𝑠 𝐿𝐶𝑅𝑜𝑐 + 𝑠(𝐿 + 𝐶𝑅𝑜𝑐 𝑟𝑝 ) + 𝑘𝑜𝑐 2 𝑅𝑜𝑐 + 𝑟𝑝

𝑣̃̇𝑜 (𝑠) ∆1 (𝑘𝑜𝑐 2 𝑅𝑜𝑐 + 𝑟𝑐𝑚 + 𝑠𝐶𝑅𝑜𝑐 𝑟𝑐𝑚 )


= . (138)
𝑣̃̇𝐷𝐶 (𝑠) 𝑠 2 𝐿𝐶𝑅𝑜𝑐 + 𝑠(𝐿 + 𝐶𝑅𝑜𝑐 𝑟𝑝 ) + 𝑘𝑜𝑐 2 𝑅𝑜𝑐 + 𝑟𝑝

Com o uso das Equações 137 e 138, o modelo em pequenos sinais da


razão cíclica 𝛿̃ para saída 𝑦̃ é obtido em Rashid (2011) do seguinte modo:

𝑖̃̇𝐿 (𝑠) 𝑉𝐷𝐶 (1 + 𝑠𝐶𝑅𝑜𝑐 )


= 2 , (139)
𝛿(𝑠) 𝑠 𝐿𝐶𝑅𝑜𝑐 + 𝑠(𝐿 + 𝐶𝑅𝑜𝑐 𝑟𝑝 ) + 𝑘𝑜𝑐 2 𝑅𝑜𝑐 + 𝑟𝑝

𝑣̃̇𝑜 (𝑠) 𝑉𝐷𝐶 (𝑘𝑜𝑐 2 𝑅𝑜𝑐 + 𝑟𝑐𝑚 + 𝑠𝐶𝑅𝑜𝑐 𝑟𝑐𝑚 )


= 2 . (140)
𝛿(𝑠) 𝑠 𝐿𝐶𝑅𝑜𝑐 + 𝑠(𝐿 + 𝐶𝑅𝑜𝑐 𝑟𝑝 ) + 𝑘𝑜𝑐 2 𝑅𝑜𝑐 + 𝑟𝑝
98

APÊNDICE C – FILTROS ATIVOS

Sinais como o apresentado na Figura 56, contém sinais indesejados de alta


frequência. Um filtro pode ser utilizado para remover essas interferências sem alterar
a amplitude do sinal (VALKENBURG, 1982). Filtros ativos são circuitos compostos por
resistores, capacitores e um dispositivo ativo, tal como o amplificador operacional
(KARKI, 2002).

Filtro passa-baixa

Figura 56 – Filtro passa-baixa.


Fonte: Valkenburg (1982).

Um filtro passa-baixas permite a passagem de todas as frequências desde


zero até a frequência de corte e bloqueia todas as frequências acima da frequência
de corte. As frequências entre zero e as frequências de corte são denominadas banda
de passagem. As frequências acima são denominadas banda de corte. A região de
decaimento entre as duas bandas é chama de transição (MALVINO, 2015).
Um filtro ideal proporciona uma resposta de amplitude unitária para a banda
passante e uma resposta nula para as demais faixas. A frequência limite entre as duas
respostas se chama frequência de corte 𝑓𝑃𝐵 (THEDE, 2002). Porém, na prática não
há como obter um filtro ideal. Para modelá-los são utilizadas aproximações de
resposta. Os métodos de resposta mais comuns são apresentados na Figura 57, onde
a região de banda passante é identificada em azul, a banda rejeitada é identificada
em amarelo e a transição entre as duas bandas corresponde às regiões em verde.

Butterworth Chebyshev Chebyshev inverso Elíptico Bessel

(a) (b) (c) (d) (e)

Figura 57 – Aproximações de resposta para filtros passa-baixas: (a) Butterworth; (b) Chebyshev;
(c) Chebyshev inverso; (d) Elíptico; (e) Bessel.
99

Fonte: Malvino (2015).


As características dos filtros apresentados na figura anterior são resumidas
no Quadro 3. Quando é necessária uma banda plana, os filtros Butterworth e
Chebyshev são mais adequados. A ordem do filtro e a característica de transição
determinam qual dos dois deve ser utilizado (MALVINO, 2015). As aproximações de
resposta Butterworth e Bessel apresentam ótima resposta ao impulso (THEDE, 2002).
Esses filtros são frequentemente utilizados como anti-aliasing em aplicações que
requerem precisão nos sinais medidos (KUGELSTADT, 2008).

Quadro 3 – Aproximações de filtros.


Tipo Banda de passagem Banda de corte Decaimento Degrau
Butterworth Plana Monotônica Bom Bom
Chebyshev Ondulada Monotônica Muito bom Ruim
Chebyshev inverso Plana Ondulada Muito bom Bom
Elíptico Ondulada Ondulada Melhor Ruim
Bessel Plana Monotônica Ruim Melhor
Fonte: Malvino (2015).

Os filtros de segunda ordem que apresentam apenas polos em suas


funções de transferência podem ser representados no domínio da frequência pela
seguinte equação (THEDE, 2004), (KUGELSTADT, 2008):

𝐾
𝐺𝐹𝑃𝐵 (𝑠) = . (141)
𝑏1 𝑠2 + 𝑎1 𝑠 + 1

Os coeficientes 𝑎1 e 𝑏1 representam os valores normalizados de cada


aproximação de resposta. A Tabela 7 apresenta estes valores para os métodos de
resposta Bessel e Butterworth.

Tabela 7 – Coeficientes para aproximações de resposta Bessel e Butterworth.


Segunda Ordem Bessel Butterworth
𝑎1 1,3617 1,4142
𝑏1 0,6180 1,0000
Q 0,5800 0,7100
𝑅4 /𝑅3 0,2680 0,5680
Fonte: Karki (2002).
100

APÊNDICE D – CRITÉRIOS PARA PROJETO DE CONTROLADORES

O controle do conversor buck é desenvolvido de acordo com a classificação


de Rahimi (2010), apresentada pelo Quadro 4. Ao considerar os efeitos da ESR, um
zero é adicionado no semiplano esquerdo do LGR. A escolha do controlador pode ser
feita de acordo com o tipo de capacitor utilizado. A frequência 𝑓𝐸𝑆𝑅 do zero gerado
pelo efeito da ESR aumenta conforme a resistência 𝑅𝑐 do capacitor diminui, podendo
levar à necessidade de utilizar um controlador com mais que um polo. Os polos
causam um atraso na margem de fase e os zeros geram um avanço. A função de
transferência do conversor buck para controle da tensão pela razão cíclica possui um
par de polos complexos e conjugados. Neste caso, é necessário utilizar um
controlador com dois zeros para compensar o decaimento na margem de fase.

Quadro 4 – Critério para escolha do compensador


Compensador Relação entre as frequências Capacitor típico
Tipo II (PI) 𝑓𝐿𝐶 < 𝑓𝐸𝑆𝑅 < 𝑓𝑜 < 𝑓𝑠 ⁄2 Eletrolítico, Polímero; Tântalo
Tipo III-A (PID) 𝑓𝐿𝐶 < 𝑓𝑜 < 𝑓𝐸𝑆𝑅 < 𝑓𝑠 ⁄2 Polímero; Tântalo
Tipo III-B (PID) 𝑓𝐿𝐶 < 𝑓𝑜 < 𝑓𝑠 ⁄2 < 𝑓𝐸𝑆𝑅 Cerâmico
Fonte: Rahimi (2010).

No quadro anterior, a escolha do compensador é feita de acordo com a


relação entre as frequências apresentadas. Na maioria das vezes, a frequência de
corte do controlador 𝑓𝑜 pode ser escolhida como uma década abaixo da frequência de
chaveamento 𝑓𝑠 . Quando consideradas as não idealidades, as resistências do
capacitor 𝑅𝐶 e do indutor 𝑅𝐿 passam a fazer parte da função de transferência do
conversor. Desse modo, a frequência de corte do filtro 𝑓𝐿𝐶 e a frequência do zero
criado pelo efeito da ESR 𝑓𝐸𝑆𝑅 são obtidas por:

1 𝑅 + 𝑅𝐿
𝑓𝐿𝐶 = √ , (142)
2𝜋 𝐿𝐶(𝑅 + 𝑅𝐶 )

1
𝑓𝐸𝑆𝑅 = . (143)
2𝜋𝑅𝐶 𝐶
101

A primeira etapa do projeto do controlador é determinar a relação entre as


frequências definidas pelo Quadro 4. O controlador PI é muito útil nos casos em que
𝑓𝐸𝑆𝑅 > 𝑓𝐿𝐶 , pois o zero gerado pela ESR reduz o efeito causado pelos na frequência
𝑓𝐿𝐶 . A medida que 𝑓𝐸𝑆𝑅 aumenta, o controlador PI se torna ineficaz, pois não é capaz
de compensar o atraso causado pelos polos e nem o zero em altas frequências.
Assim, controladores Tipo II ou Tipo III podem ser tornar viáveis dependendo do
parâmetro que se deseja controlar.
O projeto dos controladores pode realizado posicionando os polos e zeros
de cada compensador de modo a anular os polos e o zero da planta. Outro modo é
utilizar a sintonia pelo fator K, apresentada no estudo de Basso (2008). A função de
transferência utilizada para representar cada controlador é transformada para o
domínio discreto, possibilitando a implementação do controlador de maneira digital.
O uso do controle em cascata é uma vantagem para o projeto dos
controladores, uma vez que a função de transferência para controle da tensão de
saída pela razão cíclica é substituída por duas funções de transferência menos
complexas, sendo elas a do controle de corrente no indutor pela razão cíclica e a do
controle da tensão de saída pela corrente no indutor. A desvantagem é que a função
de transferência da malha interna, de corrente, depende do valor da carga 𝑅. A malha
externa, de tensão, funciona como referência para a malha interna. Uma vez que a
corrente média no indutor é igual a corrente de saída, a resposta da malha externa
informa a impedância da carga.
. Para que o controlador seja implementado de maneira digital, é necessário
obter sua representação no domínio discreto. A função de transferência no domínio
discreto permite determinar os coeficientes utilizados pelo DSP para implementar o
controlador através de uma equação diferencial. Desta forma, o compensador digital
pode ser dimensionado no domínio contínuo e em seguida representado no domínio
discreto. Um método para projeto de controladores Tipo II e Tipo II é apresentado a
seguir.
102

D.1 – CONTROLADOR TIPO II

O controlador Tipo II ilustrado Figura 58a apresenta dois polos e um zero.


O primeiro polo é posicionado na origem para elevar o ganho em malha aberta e
providenciar erro nulo. O segundo polo é posicionado na frequência 𝑓𝐸𝑆𝑅 para cancelar
o efeito do zero criado pela ESR do capacitor. O zero do controlador é posicionado
em uma frequência 𝑓𝑧1 inferior à 𝑓𝑜 , para que na frequência de corte, o integrador tenha
pouca influência na margem de fase. Além disso, esse zero deve ser posicionado em
uma frequência inferior à 𝑓𝐿𝐶 para evitar possível atraso de −180° na margem de fase
antes do cruzamento por zero (HERRERA, 2014). A função de transferência do
controlador Tipo II 𝐺𝑡2 (𝑠) é representada do seguinte modo (SURYANARAYANA,
2012), (CHOI, 2011), (SHIRSAVAR, 2012), (GHOSH, 2015):

𝑠
(1 + 𝜔 )
𝑧1
𝐺𝑡2 (𝑠) = . (144)
𝑠 𝑠
(𝜔 ) (1 + 𝜔 )
𝑝1 𝑝2

O diagrama de bode deste compensador é representado na Figura 58b.


Cada polo gera um atraso de 90° na margem de fase e o zero causa um avanço de
90°. Uma atenuação de 20 𝑑𝐵/𝑑𝑒𝑐 pode ser obtida adotando 45° para a margem de
fase na frequência de corte. O ganho do controlador é ajustado para resultar na
frequência de corte desejada (HART, 2011).

C2
Fase (graus) Ganho (dB)

fz1 fp2
R3 C1
-20 dB/dec fp1
R1
+ Hz
+
Sinal medido R2 0
Ação de controle
Ref -
- -45

-90
Hz
(a) (b)

Figura 58 – Compensador Tipo II: (a) diagrama do circuito; (b) diagrama de bode.
Fonte: Mattingly (2003) e Herrera (2014).
103

O polo e o zero do compensador podem ser posicionados como 𝑓𝑝2 = 𝑓𝐸𝑆𝑅


e 𝑓𝑧1 = 𝑓𝑠 ⁄5 (SAMPATH; 2013). Outro modo é calcular o fator 𝐾𝑡2 para sintonizar o
controlador na margem de fase 𝜃𝑡2 necessária. Nos trabalhos de Basso (2008), Hart
(2011) e Ghosh (2015), o fator 𝐾𝑡2 é utilizado para determinar as frequências do polo
𝑓𝑝2 e do zero 𝑓𝑧1 da seguinte forma:

𝜃𝑡2
𝐾𝑡2 = tan ( + 45°) , (145)
2

𝑓𝑝2 = 𝐾𝑡2 𝑓𝑜 , (146)

𝐾𝑡2
𝑓𝑧1 = . (147)
𝑓𝑜

A função de transferência do compensador é convertida para o domínio da


discreto utilizando a transformação bilinear ou Tustin. No domínio discreto, o
compensador apresenta dois polos e dois zeros (2p2z). Nos estudos de Sampath
(2013), Hallworth e Shirsavar (2012), Suryanarayana (2012), Chen (2007) e Hu
(2013), a função de transferência 𝐺𝑡2 (𝑠) é convertida para o domínio discreto
utilizando a transformação bilinear ou Tustin:

2 𝑧−1
𝑠=( ) , (148)
𝑇𝑑 𝑧 + 1

𝐵2 𝑧 −2 + 𝐵1 𝑧 −1 + 𝐵0 2 𝑧−1
𝐺𝑡2 (𝑧) = −2 −1
𝑠=( ) . (149)
−𝐴2 𝑧 − 𝐴1 𝑧 + 1 𝑇𝑑 𝑧 + 1

Desta forma, os coeficientes de 𝐺𝑡2 (𝑧) podem ser obtidos de maneira


analítica. Eles são utilizados para representar o controlador com uma equação
diferencial e linear de maneira digital. Assim, um processo de convolução é realizado
pelo DSP para determinar o valor digital da ação de controle 𝑦[𝑛]. Portanto:

𝑇𝑑 𝜔𝑝1 𝜔𝑝2 (2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑧1 )


𝐵0 = , (150)
2(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2 )𝜔𝑧1

𝑇𝑑 2 𝜔𝑝1 𝜔𝑝2
𝐵1 = , (151)
2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2
104

𝑇𝑑 𝜔𝑝1 𝜔𝑝2 (−2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑧1 )


𝐵2 = , (152)
2(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2 )𝜔𝑧1

4
𝐴1 = , (153)
2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2

−2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2
𝐴2 = , (154)
2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2

𝑦[𝑛] = 𝐵2 𝑥[𝑛 − 2]𝐵1 𝑥[𝑛 − 1] + 𝐵0 𝑥[𝑛] − 𝐴2 𝑦[𝑛 − 2] − 𝐴1 𝑦[𝑛 − 1] . (155)

D.2 – CONTROLADOR TIPO III

Nas situações em que o controlador Tipo II não é capaz de gerar a diferença


de fase suficiente para proporcionar 45° na margem de fase, o controlador Tipo III
representado pela Figura 59a deve ser utilizado (HART, 2011). Esse controlador
possui três polos e dois zeros. Conforme apresenta a Figura 59b, um avanço de até
180° pode ser gerado na margem de fase. O primeiro zero é posicionado em uma
baixa frequência 𝜔𝑧1 para compensar o atraso de fase causado pelo integrador. O
segundo zero é localizado na frequência 𝜔𝑧2 com o objetivo de compensar um dos um
dos polos complexos da planta. O segundo polo é posicionado na frequência 𝜔𝑝2 para
cancelar o efeito da ESR do capacitor. O terceiro polo, situado na frequência 𝜔𝑝3, é
empregado para atenuar ruídos na malha de chaveamento. Nos conteúdos
disponibilizados por Basso (2008), Shirsavar (2011), Soman (2015) e Ali (2016), a
função de transferência do controlador Tipo III 𝐺𝑡3 (𝑠) é apresentada da seguinte
maneira:

𝑠 𝑠
𝜔𝑝1 ( 1 + 𝜔 ) ( 1 + 𝜔 )
𝑧1 𝑧2
𝐺𝑡3 (𝑠) = . (156)
𝑠 𝑠
𝑠( 1 + 𝜔 )( 1 + 𝜔 )
𝑝2 𝑝3
105

Fase (graus) Ganho (dB)


C2 fz1 fz2 fp2 fp3

R2 C3 fp1
R3
R1 C1
Hz
+ 90
+
Sinal medido R4 Ação de controle
Ref - 0
- Hz
-90
(a) (b)

Figura 59 – Compensador Tipo III: (a) diagrama do circuito analógico; (b) resposta em
frequência.
Fonte: Mattingly (2003).

Os controladores Tipo III-A e Tipo III-B são diferenciados pelo modo em


que os polos e zeros do controlador são dimensionados. No critério de Rahimi (2010),
se a relação 𝑓𝐸𝑆𝑅 < 𝑓𝑠 ⁄2 for apresentada pela planta, então o controlador Tipo III-A é
utilizado. Desse modo, os polos e zeros são posicionados da seguinte forma:

𝑓𝑧1 = 𝑓𝐿𝐶 , (157)

𝑓𝑧2 = 0,8𝑓𝑧1 , (158)

𝑓𝑝2 = 𝑓𝐸𝑆𝑅 , (159)

𝑓𝑠
𝑓𝑝3 = . (160)
2

De outra forma, caso a relação 𝑓𝐸𝑆𝑅 > 𝑓𝑠 ⁄2 seja apresentada, o controlador


Tipo III-B deve ser utilizado. Os critérios de Rahimi (2010) para o posicionamento dos
polos e zeros são os seguintes:

1 − 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑡3 )
𝑓𝑧1 = 𝑓0 √ , (161)
1 + 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑡3 )

𝑓𝑧2 = 0,5𝑓𝑧1 , (162)

1 + 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑡3 )
𝑓𝑝2 = 𝑓0 √ , (163)
1 − 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑡3 )
106

𝑓𝑠
𝑓𝑝3 = . (164)
2

O ângulo 𝜃𝑡3 representa o máximo avanço de fase e é, normalmente,


adotado como 70°. O ganho do integrador 𝜔𝑝1 é calculado para resultar na frequência
de corte 𝜔0 com a seguinte equação:

𝜔𝑧1 𝜔𝑧2 𝜔0
𝜔𝑝1 = . (165)
𝑉𝑖𝑛 𝜔𝐿𝐶 2

A função de transferência do controlador Tipo III 𝐺𝑡3 (𝑠) é convertida para o


domínio discreto de modo semelhante ao controlador Tipo II. A diferença é que a
função de transferência de terceira ordem apresenta um número maior de
coeficientes. Desta forma, um número maior de amostras anteriores é utilizado para
determinar o valor da razão cíclica 𝑦[𝑛]. Nos trabalhos de Balog (2005), Hallworth e
Shirsavar (2012), Soman (2015) e Ali (2016), os cálculos são especificados da
seguinte forma:

𝐵3 𝑧 −3 + 𝐵2 𝑧 −2 + 𝐵1 𝑧 −1 + 𝐵0
𝐺𝑡3 (𝑧) = , (166)
−𝐴3 𝑧 −3 − 𝐴2 𝑧 −2 − 𝐴1 𝑧1 − 1

(𝑇𝑑 𝜔𝑝1 𝜔𝑝2 𝜔𝑝3(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑧1 )(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑧2 ))


𝐵0 = , (167)
2(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2 )(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝3 )𝜔𝑧1 𝜔𝑧2

𝑇𝑑 𝜔𝑝1 𝜔𝑝2 𝜔𝑝3 (−4 + 3𝑇𝑑 2 𝜔𝑧1 𝜔𝑧2 + 2𝑇𝐷 (𝜔𝑧1 + 𝜔𝑧2 ))
𝐵1 = , (168)
2(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2 )(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝3 )𝜔𝑧1 𝜔𝑧2

𝑇𝑠 𝜔𝑝1 𝜔𝑝2 𝜔𝑝3 (−4 + 3𝑇𝑑 2 𝜔𝑧1 𝜔𝑧2 − 2𝑇𝑑 (𝜔𝑧1 + 𝜔𝑧2 ))
𝐵2 = , (169)
2(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2 )(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝3 )𝜔𝑧1 𝜔𝑧2

(𝑇𝑑 𝜔𝑝1 𝜔𝑝2 𝜔𝑝3 (−2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑧1 )(−2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑧2 ))


𝐵3 = , (170)
2(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2 )(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝3 )𝜔𝑧1 𝜔𝑧2
107

(−12 + 𝑇𝑑 2 𝜔𝑝2 𝜔𝑝3 − 2𝑇𝑑 (𝜔𝑝2 + 𝜔𝑝3 ))


𝐴1 = − , (171)
(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2 )(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝3 )

(−12 − 𝑇𝑑 2 𝜔𝑝2 𝜔𝑝3 − 2𝑇𝑑 (𝜔𝑝2 + 𝜔𝑝3 ))


𝐴2 = − , (172)
(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2 )(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝3 )

(−2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2 )(−2𝑇𝑑 + 𝜔𝑝3 )


𝐴3 = , (173)
(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝2 )(2 + 𝑇𝑑 𝜔𝑝3 )

𝑦[𝑛] = 𝐵3 𝑥[𝑛 − 3] + 𝐵2 𝑥[𝑛 − 2] + 𝐵1 𝑥[𝑛 − 1] + 𝐵0 𝑥[𝑛] + 𝐴3 𝑦[𝑛 − 3] .


(174)
+𝐴2 𝑦[𝑛 − 2] + 𝐴1 𝑦[𝑛 − 1]

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