Panorama Do Hidrogênio No Brasil - TD - 2787 - Web
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Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoria
URL: http://www.ipea.gov.br
SINOPSE
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO.........................................................................6
2 A ECONOMIA DO HIDROGÊNIO..............................................7
5 CONCLUSÃO........................................................................48
REFERÊNCIAS..........................................................................50
ANEXO A.................................................................................53
SINOPSE
Este estudo realiza o mapeamento dos investimentos no setor de hidrogênio, assim como identi-
fica as principais rotas de produção de hidrogênio no Brasil com foco no hidrogênio sustentável,
obtido a partir de fontes renováveis de energia ou utilizando o processo de captura, utilização
e armazenamento de carbono (CCUS) para neutralizar as emissões. Os resultados identificados
apontam que o Brasil já está recebendo grande volume de investimento em projetos para produção
de hidrogênio, com destaque para os clusters industriais costeiros, que podem apoiar a adaptação
da utilização da CCUS às usinas de hidrogênio existentes e possuem localização estratégica para
exportação. Além disso, foram identificadas as principais políticas públicas realizadas para o setor
de hidrogênio no Brasil, como o Projeto de Lei no 725/2022, que inclui o hidrogênio como fonte
energética na matriz brasileira e estabelece metas para a inserção nos gasodutos nacionais, e o
Decreto no 11.075, de 19 de maio de 2022, que criou o mercado regulado de carbono no Brasil.
ABSTRACT
In this study, we identify the hydrogen investments and the main routes of hydrogen production in
Brazil. We focus on sustainable hydrogen that is obtained from renewable energy sources or using
carbon capture, utilization and storage (CCUS) to neutralize emissions. The identified results indicate
that Brazil is already receiving a large volume of investment for hydrogen production projects, like
coastal industrial clusters that can support the adaptation of CCUS to existing hydrogen plants
and have a strategic location for export. In addition, we identify the main public policies for the
hydrogen sector in Brazil like the Bill no 725/2022, which includes hydrogen as an energy source
in the Brazilian matrix and establishes goals for its insertion into the national gas pipelines. And
Decree no 11075, of May 2022, created the regulated carbon market in Brazil.
1 INTRODUÇÃO
O Brasil tem uma posição de destaque para se tornar um grande exportador de hidrogênio
de baixo carbono, por apresentar condições climáticas excelentes e favoráveis para geração de
energia elétrica por meio de fontes eólicas, solar e hídricas. A produção de hidrogênio no Brasil
atualmente está concentrada nos setores de petróleo (refino e indústria) e fertilizantes (amônia),
em geral, utilizando processos com alta emissão de CO2. O Brasil segue a tendência global da
produção de hidrogênio através da reforma de gás natural, também denominado hidrogênio cinza.
Nesse contexto, o governo brasileiro, como estratégia de transição, inicialmente irá investir no
hidrogênio produzido a partir de combustíveis fósseis com captura, utilização e armazenamento
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2787
TEXTO para DISCUSSÃO
de carbono (CCUS), utilizando tecnologias de redução de emissões que podem ser aplicadas em
todo o sistema de energia. A partir da diminuição de custo de produção de hidrogênio com uti-
lização de energia renovável poderá ocorrer o aumento da produção de hidrogênio verde (H2V).
Este estudo analisa a evolução recente dos investimentos no setor de hidrogênio, assim como
identifica as principais rotas de produção de hidrogênio no Brasil e o potencial de cooperação com
atores-chave no cenário global. Para tanto, utilizou-se como metodologia a pesquisa descritiva,
com informações obtidas por meio de levantamento bibliográfico, documentos e base de dados
estatísticos do IEA,1 considerando-se o problema da pesquisa: qual o panorama atual do hidrogênio
no Brasil e seu potencial de produção futuro?
2 A ECONOMIA DO HIDROGÊNIO
O mercado global de geração de hidrogênio em 2021 foi de US$ 117 bilhões (Machado, 2021).
O Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (World Business Council for
Sustainable Development – WBCSD) e a Iniciativa de Mercados Sustentáveis (Sustainable Markets
Initiative – SMI) reuniram empresas ambiciosas para impulsionar o crescimento na demanda e no
fornecimento de hidrogênio. Promessas em três categorias – demanda, fornecimento e suporte
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2787
TEXTO para DISCUSSÃO
financeiro ou técnico – foram feitas por 28 empresas que representam diferentes setores, de
mineração a energia, fabricantes de veículos e equipamentos e serviços financeiros (WBCSD e
SMI, 2021). O anexo A apresenta as principais empresas atuando nesse mercado.
A demanda global por hidrogênio cresceu mais de três vezes desde 1975 e continua a
aumentar – quase inteiramente fornecida por combustíveis fósseis, com 6% do gás natural global
e 2% do carvão global indo para a produção de hidrogênio. Como consequência, a produção de
hidrogênio é responsável por emissões de CO2, aproximadamente 830 milhões de toneladas por
ano, o equivalente às emissões de CO2 do Reino Unido e da Indonésia juntos (IEA, 2019).
Enquanto aumenta a pressão por novas alternativas energéticas para substituir combustíveis
fósseis e carvão, e avançar na eletrificação, cresce também a urgência de uma economia para
o hidrogênio de baixo carbono. Entre os principais países que atuam no setor de hidrogênio,
destaca-se a Alemanha como grande importador, bem como a Austrália e o Chile como grandes
exportadores. A China é o maior produtor de hidrogênio do mundo, com uma produção anual de
cerca de 33 milhões de toneladas, quase em sua totalidade de origem fóssil, entretanto possui um
objetivo de produção anual de H2V de 100 mil a 200 mil toneladas até 2025 (Chiappini, 2022), o
plano de desenvolvimento de energia a partir do hidrogênio para o período 2021-2035 pretende
reduzir as emissões de CO2 de 1 milhão a 2 milhões de toneladas por ano.
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TEXTO para DISCUSSÃO
QUADRO 1
Objetivos específicos das estratégias nacionais
União Europeia
Coreia do Sul
Países Baixos
Reino Unido
Alemanha
Califórnia
Objetivos
Marrocos
Austrália
Noruega
Espanha
Ucrânia
França
Rússia
China
Japão
Suíça
Chile
Itália
Países com recursos de alta qualidade para produção de hidrogênio são amplamente disper-
sos ao redor do globo, e muitos países exportadores de energia também são dotados de recursos
renováveis que poderiam produzir hidrogênio. Em um ambicioso contexto de baixo carbono, o
comércio de hidrogênio permitiria efetivamente o comércio e armazenamento de vento e luz
solar entre diferentes regiões para superar as diferenças sazonais (IEA, 2019). Em relação ao
hidrogênio na América Latina (IEA, 2021), observa-se a expectativa de aumento na demanda já
nos próximos anos em todos os países da América Latina, com destaque para Trinidad e Tobago,
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TEXTO para DISCUSSÃO
Brasil, Chile e México. Em Trinidad e Tobago, a indústria química produz e consome grandes
volumes de hidrogênio de combustíveis fósseis e é responsável por quase metade das emissões
do país (Machado, 2021).
Em 2019, a produção de hidrogênio na América Latina demandou mais gás natural do que
toda a oferta de gás no Chile, e emitiu mais CO2 na atmosfera do que toda a frota de veículos
da Colômbia. Quase 90% da demanda regional de hidrogênio em 2019 esteve concentrada nas
cinco maiores economias da região (Brasil, México, Argentina, Colômbia Chile) e em Trinidad e
Tobago, que foi responsável por mais de 40% da demanda total de hidrogênio na América Latina
(IEA, 2021). Por ser um grande produtor e exportador de gás natural liquefeito (GNL), em 2019,
Trinidad e Tobago exportou 17 bilhões de metros cúbicos de GNL (BP, 2020), Trinidad e Tobago se
destaca na produção de hidrogênio a partir do gás natural.
QUADRO 2
Potencial de hidrogênio na América Latina
Itens analisados em Trindade Costa
Argentina Brasil Chile Colômbia Uruguai Equador Peru Paraguai
relação ao H2 e Tobago Rica
Não Em Em Em Em Em Não Em Em Em
Marco regulatório
existe progresso progresso progresso progresso progresso existe progresso progresso progresso
Mercado interno e demanda Existe Existe Existe Existe Existe Existe Existe Existe Existe Existe
Grandes centros indus- Em Não Em Em Em Em Em
Existe Existe Existe
triais para uso de H2 progresso existe progresso progresso progresso progresso progresso
Infraestrutura para Não Em Em Não Em Não Não Não Não Não
transporte existe progresso progresso existe progresso existe existe existe existe existe
Excesso de energia verde Não Em Não Em Não Não
Existe Existe Existe Existe
para usar na eletrólise existe progresso existe progresso existe existe
Grande indústria de
Não Não Em Em Não Não
petróleo e gás para Existe Existe Existe Existe
existe existe progresso progresso existe existe
apoiar o hidrogênio azul
Habilidades da força de Em Em Não Não Não Não Não Em Em Não
trabalho progresso progresso existe existe existe existe existe progresso progresso existe
(Continua)
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TEXTO para DISCUSSÃO
(Continuação)
Itens analisados em Trindade Costa
Argentina Brasil Chile Colômbia Uruguai Equador Peru Paraguai
relação ao H2 e Tobago Rica
H2 azul ou cinza em Em Não Não Não Não
Existe Existe Existe Existe Existe
produção progresso existe existe existe existe
Não Em Não Não Não Em Não
H2 verde em produção Existe Existe Existe
existe progresso existe existe existe progresso existe
Em Em Em Em
Apoio do governo Existe Existe Existe Existe Existe Existe
progresso progresso progresso progresso
O Brasil tem uma posição de destaque para se tornar um exportador de hidrogênio de baixo
carbono, por apresentar condições climáticas excelentes e favoráveis para geração de energia
elétrica através de fontes eólicas, solar e hídricas. Com a entrada em operação comercial de
278,3 MW do complexo fotovoltaico Alex, em Tabuleiro do Norte e Limoeiro do Norte, no Ceará,
o Brasil ultrapassou os 180 GW de potência para geração de energia elétrica fotovoltaica. Além
de superar os 4 GW de potência instalada em usinas de geração centralizada no país, do total
de empreendimentos de geração em operação, 82,73% são movidos por fontes renováveis, que
consistem em mais de 60% de centrais geradoras hidrelétricas, pequenas centrais hidrelétricas e
os outros 10,98% provenientes de usinas eólicas.4
O Brasil segue a tendência global da produção de hidrogênio por meio da reforma de gás
natural, também denominado hidrogênio cinza. A grande maioria das plantas de produção de
hidrogênio se encontram em regiões litorâneas próximas à malha de gasodutos do Brasil. De acordo
com GIZ (2021), o fornecimento de hidrogênio como insumo para a indústria no Brasil é realizado
majoritariamente por quatro empresas de gases industriais, apresentadas a seguir.
1) Linde: com faturamento total de US$ 27 bilhões em 2020, a empresa é uma das empresas
líderes mundiais na área de gases industriais e engenharia. A Linde AG foi fundada na Alema-
nha em 1879, e em outubro de 2018 fundiu-se com a norte-americana Praxair, resultando na
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TEXTO para DISCUSSÃO
empresa atual chamada Linde plc. No Brasil, o grupo tem sido representado desde então por
sua subsidiária White Martins, com sede no Rio de Janeiro.
2) Air Liquide: a empresa é considerada uma das líderes no campo de gases para a indústria e
medicina e proteção com faturamento de mais de € 20 bilhões em 2020. A empresa foi fundada
na França em 1902 e está presente no mercado brasileiro desde 1945. Além de sua sede em São
Paulo, a Air Liquide possui 71 outras oficinas com um total de 1,2 mil colaboradores no Brasil.
3) Air Products: a Air Products & Chemicals é um fabricante americano de gases industriais, equi-
pamentos e serviços relacionados, com vendas de US$ 8,9 bilhões em 2020. A Air Products foi
fundada em 1940 em Detroit, Estados Unidos, e atualmente emprega aproximadamente 19 mil
funcionários. A empresa está presente no mercado brasileiro desde 1973, com sede em São Paulo.
4) Messer: o grupo Messer foi fundado na Alemanha em 1898 e é hoje a maior empresa familiar
fabricante de gases industriais no mundo. O faturamento da empresa em 2019 foi de € 2,8
bilhões e o número de funcionários foi de 10.937. Em março de 2019, a Messer adquiriu todas
as empresas da Linde AG no Brasil e desde então está representada no país com trinta filiais e
seis plantas de separação de ar. A sede da empresa para o mercado brasileiro fica em Barueri,
no estado de São Paulo.
Em relação ao mercado consumidor do hidrogênio no Brasil, para síntese de produtos e diver-
sos processos e insumos, foram identificados cinco principais setores (GIZ, 2021): petroquímico, para
refino de combustíveis; siderúrgico e metalúrgico, para redução de ferro gusa e fornos de atmosferas
controladas; de alimentos, para a hidrogenação de produtos, principalmente margarinas; de vidros
planos, para o processo de inertização do banho de estanho, de forma a impedir a formação de
defeitos no vidro e proteger as câmaras/os equipamentos nos quais o vidro é conformado; e de
geração de energia (termelétricas), para refrigeração de turbinas. Além desses, destaca-se o setor
de transporte, que abrange carros, ônibus, aviões e navios.
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TEXTO para DISCUSSÃO
FIGURA 1
Matérias-primas para produção de hidrogênio
Carvão Gaseificação
Biomassa
Processos biológicos H2
Nuclear
Eletricidade Eletrólise
Eólica
Água
Hidroelétrica
Processos
Solar termoquímicos
Em 2019, a IEA (2019) identificou que cerca de 70 Mt de hidrogênio dedicado foram pro-
duzidos, sendo 76% de gás natural e quase todo o restante (23%) de carvão, tendo como con-
sequência emissões anuais de CO2 correspondentes a países como a Indonésia e do Reino Unido
combinados. A eletrólise responde por 2% da produção global de hidrogênio, mas há um escopo
significativo para a eletrólise fornecer mais hidrogênio com baixo teor de carbono.
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TEXTO para DISCUSSÃO
O hidrogênio produzido a partir do gás natural com captura de CO2 (CCUS) é chamado de
hidrogênio azul, e o hidrogênio produzido a partir da água utilizando fontes renováveis é chamado
de H2V. O hidrogênio também pode ser encontrado de forma natural, como destaca Prinzhofer et
al. (2019), que identificaram uma fonte de hidrogênio natural na bacia de São Francisco no Brasil.
O quadro 3 apresenta as principais cores do hidrogênio.
QUADRO 3
Cores do hidrogênio
Cor do hidrogênio Descrição
Hidrogênio preto Produzido por gaseificação do carvão mineral (antracito), sem CCUS.
Hidrogênio marrom Produzido por gaseificação do carvão mineral (hulha), sem CCUS.
Hidrogênio cinza Produzido do gás natural, sem CCUS
Produzido a partir de gás natural (eventualmente, também a partir de outros combustíveis
Hidrogênio azul
fósseis), com CCUS.
Hidrogênio verde Produzido a partir de fontes renováveis via eletrólise da água.
Hidrogênio branco Hidrogênio natural ou geológico.
Hidrogênio turquesa Produzido por craqueamento térmico metano, sem gerar CO2.
Produzido de biomassa ou biocombustíveis, com ou sem CCUS, através de reformas catalíticas,
Hidrogênio musgo
gaseificação ou biodigestão anaeróbica.
Hidrogênio rosa Produzido com fonte de energia nuclear.
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TEXTO para DISCUSSÃO
iniciativas internacionais desde o início, dando à região a oportunidade para participar na formação
dos futuros mercados de hidrogênio (IEA, 2021).
Este estudo foca na análise do hidrogênio de baixo carbono, como o oriundo de fontes
renováveis de energia, por exemplo, solar, eólica e biomassa, que são abundantes no Brasil, e
hidrogênio produzido com CCUS. Nas próximas seções será analisada a geração de hidrogênio
de baixo carbono produzido a partir da biomassa e eletrólise (solar, eólica ou hídrica) com foco
no potencial de produção do Brasil.
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TEXTO para DISCUSSÃO
A eletrólise alcalina é uma tecnologia madura e comercial, caracterizada por custos de capital
relativamente baixos em comparação com as demais tecnologias, pois não utiliza materiais preciosos
em sua composição, sendo usada desde 1920, em particular para a produção de hidrogênio nas
indústrias de fertilizantes e cloro (Albretch et al., 2020).
Os sistemas PEM foram introduzidos na década de 1960 pela General Electric, com vistas a supe-
rar algumas das desvantagens operacionais dos eletrolisadores alcalinos. Eles usam água pura como
solução eletrolítica e são relativamente pequenos, o que aumenta sua usabilidade em áreas urbanas
densas, além de oferecem operação flexível, como a capacidade de fornecer reserva de frequência
e alcance operacional, que pode ir de carga zero para 160% da capacidade do projeto – por isso é
possível sobrecarregar o eletrolisador para algum tempo, se a planta e a eletrônica de potência tiverem
sido projetadas de acordo. Contra isso, no entanto, eles precisam de catalisadores de eletrodo caros
(platina, irídio) e materiais de membrana, e sua vida útil é atualmente mais curta que a dos eletrolisa-
dores alcalinos, o que implica custos mais elevados e diminui sua implantação (Albretch et al., 2020).
O processo de produção de H2V utiliza fontes renováveis de energia, como solar, eólica ou
hídrica, que por meio do processo de eletrólise produzem hidrogênio, tendo como subproduto
o oxigênio. O hidrogênio gerado pode ser armazenado através do processo de compressão ou
liquefação do gás; em geral, a distribuição pode ocorrer diretamente no local, através de gasodutos,
transporte rodoviário ou transporte marítimo, sendo o consumo final os mais diversos, abrangendo
a injeção do hidrogênio na rede de gás natural, como combustível para transporte, produção de
energia, utilização no processo industrial e, principalmente, para a exportação.
No Brasil, a região Nordeste está se posicionando como um polo produtor de H2V, pois possui alto
potencial para geração de energia eólica e solar e seus portos estão geograficamente bem localizados
em relação aos principais mercados da Europa, além do Ceará – estado com o maior número de projetos
de H2V anunciados no Brasil –, Rio Grande do Norte, Bahia, Pernambuco e Piauí também já possuem
memorandos de entendimento com a inciativa privada para produção de H2V. O Brasil apresenta grande
potencial de geração solar fotovoltaica com destaque para as regiões Nordeste e Centro-Oeste.
Em 2019, o Brasil figurou na sétima posição mundial de capacidade total instalada de geração
eólica, com 15.449 MW. Destaca-se a predominância da região Nordeste como a maior geradora
de energia eólica do Brasil, sendo o estado do Rio Grande do Norte o maior produtor, seguido dos
da Bahia e do Piauí. Apenas em 2019, foram instalados 38 novos parques eólicos nos estados da
Bahia, do Rio Grande do Norte e do Maranhão, com um total de 744,95 MW de nova capacidade.
É válido ainda ressaltar que 88% da energia consumida no subsistema nordeste veio da energia
eólica e que, em relação ao fator de capacidade, a região também apresenta os maiores índices,
com destaque para os estados do Maranhão, de Pernambuco e do Ceará (GIZ, 2021).
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TEXTO para DISCUSSÃO
O Brasil tem um potencial eólico estimado de 500 GW em terra (onshore) e o potencial técnico
da energia eólica marítima (offshore) de cerca de 700 GW em locais com profundidade até 50 m
no mar. Nesse sentido, estão atualmente em desenvolvimento no Brasil regras ambientais para
produção marítima (offshore) de energia eólica, o que irá ampliar ainda mais a participação dessa
fonte na matriz elétrica do país (GIZ, 2021). O Ceará possui potencial de geração fotovoltaica
de 643 GW (total), com potencial de geração eólico onshore6 de 94 GW e offshore7 de 117 GW,
além de potencial híbrido8 de 137 GW. Os projetos eólicos offshore em licenciamento no Ceará já
somam 5,2 GW. O Nordeste brasileiro detém os maiores potenciais de energia eólica e solar, hoje
com 88% da potência instalada de usinas eólicas e solares (Schubert, 2019).
O hidrogênio pode ser produzido a partir da biomassa de diferentes maneiras. Na rota bioquí-
mica, microrganismos trabalham em matéria orgânica para produzir biogás (um processo conhecido
como digestão anaeróbica) ou uma combinação de ácidos, álcoois e gases (fermentação). Na rota
termoquímica, a gaseificação converte a biomassa em uma mistura de monóxido de carbono,
CO2, hidrogênio e metano. A digestão anaeróbica para produção de biogás é a tecnologia mais
madura, mas só pode processar lodo de esgoto, agricultura, processamento de alimentos e resí-
duos domésticos e algumas culturas energéticas. A gaseificação pode potencialmente converter a
matéria orgânica e, em particular, a componente lignina da biomassa, mas ainda não está total-
mente desenvolvida, e o problema da formação de alcatrões que podem causar envenenamento
do catalisador não foi totalmente resolvido ainda (IEA, 2019).
6. Produção em terra.
7. Produção no mar.
8. Inclui módulos fotovoltaicos e turbina eólica.
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TEXTO para DISCUSSÃO
A amônia é o maior insumo para a produção de fertilizantes e atualmente sua produção utiliza
o hidrogênio extraído do gás natural (H2 cinza). O preço do gás natural impacta na construção de
plantas fertilizantes no Brasil, que é o quarto maior consumidor de nitrogenado, porém não produz
os nutrientes nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K). Em 2018, o Brasil consumiu 35 milhões de
toneladas de fertilizantes, 80% importados. A importação de fertilizantes nitrogenados representa
30% do total negativo gerado na balança comercial de produtos químicos e traz uma grande
dependência da variação de preços internacionais, impactando nos custos dos fertilizantes, os
quais representam 30% do custo do grão devido ao preço de importação e logística (EPE, 2019).
Nesse contexto, o hidrogênio de baixo carbono gerado de forma descentralizada próximo ao local
de consumo pode contribuir para a redução da dependência de importação de fertilizantes e no
deficit da balança comercial de produtos químicos.
Uma rota de produção de hidrogênio pode ocorrer pela reforma a vapor do etanol e outros
biocombustíveis e a biocaptura de carbono (BioCCS). Segundo o Sindicato da Indústria de Fabri-
cação do Álcool do Estado da Paraíba (Sindalcool), 7,6 litros de etanol são capazes de gerar 1
kg de hidrogênio. Há uma demanda pela indústria siderúrgica, leiteira e de óleos vegetais por
hidrogênio no interior do país. O Brasil possui elevada produção a partir da cana-de-açúcar, pro-
cessadas nas usinas de açúcar e álcool, as quais estão concentradas nas regiões Centro-Oeste,
Sudeste e Nordeste (GIZ, 2021). Devido à existência de uma indústria já consolidada, dedicada ao
fornecimento do combustível para o setor automotivo, esse setor pode apresentar grande potencial
para produção de hidrogênio.
Ao contrário do H2V produzido a partir de eletrólise com energia renovável, cujos projetos
anunciados no Brasil focam na exportação para o mercado europeu, o hidrogênio a partir de eta-
nol será destinado ao mercado interno, visando ao transporte pesado (caminhões, locomotivas,
aviões e navios), levando em consideração ser esse um setor mais difícil de descarbonizar, além dos
veículos leves. Nos planos de descarbonização da indústria automotiva, a célula de combustível
a hidrogênio surge como uma solução de baixo carbono para a eletrificação da frota. Embora a
célula de combustível ainda esbarre em dificuldades tecnológicas quando o assunto é transformar o
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TEXTO para DISCUSSÃO
etanol em hidrogênio no veículo, a tecnologia que faz essa conversão – o reformador. A vantagem
de ter um reformador de etanol em postos é o transporte, já que o hidrogênio é cem vezes mais
volátil que a gasolina (Brasil, 2021b).
O setor de biogás possui um mercado com alto potencial de crescimento. Segundo a Asso-
ciação Brasileira do Biogás – ABiogás (GIZ, 2021), a distribuição das plantas de biogás no país
apresenta maior concentração nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A evolução da composição
da capacidade instalada total por fonte renovável no Brasil pode ser visualizada na tabela 1.
TABELA 1
Evolução da composição da capacidade instalada total por fonte
(Em GWh)
Fonte 2019 % 2029 %
Hidráulica 101.926 58 104.701 42
PCH 6.458 4 9.956 4
Gás natural 12.921 7 36.190 14
Outros 15.881 9 14.596 6
Eólica 15.045 9 39.561 16
Biomassa 19.928 11 25.535 10
Solar 3.354 2 20.444 8
Total disponível 175.513 100 250.983 100
A conversão de hidrogênio em outros combustíveis pode ser atraente onde poucas alternativas
de baixo carbono estão disponíveis, mas não são econômicas aos preços atuais. A conversão de
hidrogênio em amônia se beneficia da infraestrutura e da demanda existentes. Mas isso não se
aplica a combustíveis líquidos sintéticos de hidrogênio eletrolítico, preços de carbono ou políticas
equivalentes seriam necessários para reduzir a diferença de custo entre os hidrocarbonetos sinté-
ticos e os combustíveis fósseis.
9. EPE – Empresa de Pesquisa Energética. Anuário estatístico de energia elétrica 2020 ano-base 2019.
Rio de Janeiro: EPE, 2020.
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TEXTO para DISCUSSÃO
A eletricidade excedente de fontes renováveis variáveis pode ter baixo custo, mas o número de
horas durante as quais esse excedente ocorre é geralmente baixo. As energias renováveis dedicadas
à produção de hidrogênio em regiões com excelentes condições de recursos podem, no entanto,
se tornar uma fonte confiável de hidrogênio de baixo custo. Se a atual produção dedicada de
hidrogênio fosse produzida por eletrólise da água (usando água e eletricidade para criar hidrogê-
nio), isso resultaria em uma demanda anual de eletricidade de 3.600 TWh – mais que a geração
anual de eletricidade da União Europeia. As necessidades de água seriam de 617 milhões de m3,
ou 1,3% do consumo de água do setor energético global hoje; isso é aproximadamente o dobro
do consumo atual de água para hidrogênio a partir do gás natural (IEA, 2019).
Existem grandes variações regionais nos custos de produção de hidrogênio atualmente, e sua
economia futura depende de fatores como preços de combustíveis fósseis, eletricidade e carbono.
O gás natural sem CCUS é atualmente a opção mais econômica para a produção de hidrogênio
na maior parte do mundo, com custos tão baixos quanto US$ 1/kgH2 no Oriente Médio. Entre
as opções de baixo carbono, a eletrólise exige preços de eletricidade de US$ 10 MWh a US$ 40
MWh e horas de carga total de 3 mil a 6 mil para se tornarem competitivas em termos de custos
(IEA, 2019).
O hidrogênio de baixo teor de carbono pode atingir o equilíbrio com o hidrogênio cinza entre
2028 e 2034 a um custo de cerca de US$ 35 a US$ 50 por tonelada de CO2 equivalente (CO2eq).
O custo de produção do hidrogênio a partir do gás natural é influenciado por uma série de fatores
técnicos e econômicos, sendo os preços do gás e as despesas de capital os dois mais importantes.
Os custos de combustível são o maior componente de custo, respondendo por entre 45% e 75%
dos custos de produção. Os baixos preços do gás no Oriente Médio, na Rússia e na América do
Norte dão origem a alguns dos menores custos de produção de hidrogênio. Importadores de gás,
como Japão, Coreia, China e Índia, têm que lidar com preços de importação de gás mais altos, e
isso aumenta os custos de produção de hidrogênio (IEA, 2019).
20
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
CCUS), o custo aumenta para cerca de US$ 1/kg a US$ 2/kg. O uso de eletricidade renovável para
produzir H2V eleva para de US$ 3/kg a US$ 8/kg (IEA, 2019). Entretanto, há um espaço signifi-
cativo para cortar custos de produção com o ganho da escala e inovação, o que poderia levar o
H2V a custar US$ 1,3/kg até 2030 em regiões com recursos renováveis abundantes (IEA, 2019).
21
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TEXTO para DISCUSSÃO
O hidrogênio exportado geralmente tem que ser liquefeito ou transportado como amônia ou
em veículos transportadores de hidrogênio orgânico líquido (LOHCs). Para distâncias abaixo de
1.500 km, transportar hidrogênio como gás por gasoduto é provavelmente a opção de entrega
mais barata; já para distâncias acima de 1.500 km, o transporte de hidrogênio como amônia ou
em um LOHC é provavelmente mais econômico. Essas alternativas são mais baratas de enviar,
mas os custos de conversão antes da exportação e reconversão de volta ao hidrogênio antes do
consumo são significativos. Eles também podem dar origem a questões de segurança e aceitação
pública. Dutos provavelmente são a escolha de longo prazo mais econômica para o hidrogênio
de distribuição local, se houver demanda suficientemente grande, sustentada e localizada. Con-
tudo, atualmente, a distribuição depende de caminhões que transportam hidrogênio como gás
ou líquido, e isso é, provavelmente continuará sendo, o principal mecanismo de distribuição na
próxima década (IEA, 2019).
22
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
Em 2020, o MME apresenta o Plano Nacional de Energia 2050 (PNE), documento que
identifica o potencial de energias renováveis no Brasil, que é superior a dezessete vezes à sua
demanda em energia em 2050; entre as tecnologias diruptivas, em destaque é para o hidrogênio,
sendo seu principal desafio a elaboração de normatização para seu uso, transporte e armazena-
mento. O documento também traz recomendações para desenhar aprimoramentos regulatórios
relacionados à qualidade, à segurança, à infraestrutura de transporte, ao armazenamento e ao
abastecimento (Brasil, 2020).
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2787
TEXTO para DISCUSSÃO
Em 2021, a EPE lança nota técnica bases para a consolidação da estratégia brasileira do hidro-
gênio, com os principais desafios e as oportunidades, ressaltando que além do H2V, o hidrogênio
azul e CCUS são importantes para viabilizar os custos do processo (EPE, 2021).
Em agosto de 2021, o MME lança o Programa Nacional do Hidrogênio (Brasil, 2021b), que
apresenta os principais pilares e os eixos temáticos para a área. As diretrizes do Programa Nacional
de Hidrogênio, lançadas pelo MME, indicam os caminhos que a política nacional deve seguir, a
próxima etapa será o lançamento da Estratégia Nacional do Hidrogênio, com o desdobramento das
diretrizes. Em 2022, sendo capaz de ter várias opções para a produção de hidrogênio, o governo
brasileiro lança uma série de documentos, conforme resumido adiante.
1) Hidrogênio cinza: produção a partir da reforma a vapor do gás natural (EPE, 2022a).
2) Hidrogênio azul: produção a partir da reforma do natural com CCUS (EPE, 2022b).
3) Hidrogênio turquesa: produção a partir da pirólise do gás natural (EPE, 2022c).
A regulação do setor é um ponto importante para estimular novos projetos. No caso do Brasil,
além do recém-lançado Plano Nacional do Hidrogênio (PNH2), vários governos estaduais, como
os do Ceará, do Rio Grande do Norte e de Minas Gerais, estão costurando estratégias para atrair
investimentos nessa área. O conjunto de diretrizes apresentadas ao CNPE prevê ainda a criação
de um comitê técnico com seis eixos de atuação. Entre as suas diretrizes, pode-se citar: aproveitar
o gás natural nacional, com captura e armazenagem de CO2 para produção de hidrogênio azul;
estimular a competitividade das energias renováveis para o H2V e aproveitar as possibilidades
trazidas pelos biocombustíveis, como etanol e biogás.
1) ABNT ISO/TR 15916: fornece diretrizes para o uso de hidrogênio em suas formas gasosa e
líquida, bem como o seu armazenamento em uma dessas ou outras formas (hidretos). Identifica
as preocupações básicas de segurança, perigos e riscos e descreve as propriedades do hidrogênio
que são relevantes para a segurança (ABNT, 2015).
2) ABNT NBR ISO 16110-1: trata a respeito de geradores de hidrogênio que utilizam tecnologias
de processamento de combustível, aplica-se a sistemas de geração de hidrogênio, embalados,
autocontidos ou compatíveis de fábrica com uma capacidade menor que 400 m3/h a 0 oC e
24
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
101,325 kPa, referidos nesta norma como geradores de hidrogênio, que convertem um com-
bustível de entrada em uma corrente rica em hidrogênio de composição e condições adequadas
para o tipo de dispositivo que utilizará o hidrogênio (por exemplo, um sistema de geração de
energia tipo célula de combustível ou um sistema de compressão, armazenamento e distribuição
de hidrogênio).
3) ABNT NBR ISO 14687-1: referente a combustível de hidrogênio – especificação do produto –
parte 1: todas as aplicações, exceto células a combustível de membrana de troca de prótons
(PEM) para veículos rodoviários automotores (ABNT, 2010).
4) ABNT IEC/TS 62282-1: trata de tecnologias de pilhas a combustível (ABNT, 2007).
5) NBR IEC 62282-2: referente a tecnologias de células a combustível – parte 2: módulos de
células a combustível que fornecem os requisitos mínimos para a segurança e o desempenho
dos módulos da célula de combustível.
6) NBR ISO 17268: trata de dispositivos de conexão para reabastecimento de veículos terrestres
com hidrogênio gasoso, aplica-se à verificação do projeto, da segurança e da operação de dispo-
sitivos de conexão para reabastecimento de veículos terrestres com hidrogênio gasosos (VTHG).
7) Resolução no 5.947, de 1o de junho de 2021, da Agência Nacional de Transportes Terrestres
(ANTT): referente a transporte de produtos perigosos e a Ficha de Informações de Segurança
de Produtos Químicos, que atualiza o regulamento para o transporte rodoviário de produtos
perigosos, aprova as suas instruções complementares, e dá outras providências.
O governo brasileiro apresentou, no Fórum Ministerial do Diálogo de Alto Nível das Nações
Unidas sobre Energia 2021, das Organização das Nações Unidas (ONU), dois pactos energéticos
(energy compacts) governamentais, compromissos voluntários em biocombustíveis e hidrogênio,
como contribuição nacional para acelerar o cumprimento das metas do Objetivo de Desenvol-
vimento Sustentável 7 (ODS 7), que prevê acesso universal a energias limpas (Brasil..., 2021a).
Em 2022, já tem-se dois marcos importantes que afetam o setor de hidrogênio, a publicação do
Decreto no 11.075, de 19 de maio de 2022, criando o mercado regulado de carbono no Brasil, com
foco em exportação de créditos, especialmente para países e empresas que precisam compensar
emissões para cumprir com seus compromissos de neutralidade de carbono. E o Projeto de Lei (PL)
no 725/2022, que inclui o hidrogênio como fonte energética na matriz brasileira e estabelece metas
para a sua inserção nos gasodutos nacionais, sendo adicionado até 2032 o percentual mínimo
de 5% de hidrogênio na rede de gasodutos, e 10% até 2050. Dentro desses percentuais, 60%
deve ser hidrogênio sustentável – de fontes energéticas como solar, eólica, biomassas, biogás e
hidráulica até 2032, com aumento de participação de 80% até 2050. O PL no 725/2022 insere o
hidrogênio na Lei no 9.478/1997, a Lei do Petróleo, e o combustível passaria a ser regulado pela
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
25
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
O Pacto Energético sobre Hidrogênio, por sua vez, visa contribuir para a consolidação da
economia do hidrogênio no Brasil, por meio da alocação de recursos para políticas de PD&I. O
programa busca também fomentar a capacitação e o treinamento de pessoal e estabelecer uma
plataforma digital para consolidar dados e informações sobre o setor de hidrogênio no Brasil. Além
do governo, grandes companhias brasileiras, inclusive a Itaipu Binacional, estão engajadas nas
discussões do Diálogo de Alto Nível das Nações Unidas sobre Energia e consideram a adoção de
pactos energéticos próprios (Brasil..., 2021a).
A indústria de mineração busca uma maior sustentabilidade ao mesmo tempo em que mantém
a competitividade e a otimização de custos. Estima-se que a partir de 2024/2025, a bolsa de valores
exigirá a incorporação de parâmetros ambientais, sociais e de governança (ESG – environment,
social & governance) para financiamento de atividades de mineração.
26
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
O processo de redução direta (DRI – direct reduced iron) é um método de produção de aço a
partir de minério de ferro que constitui a quarta maior demanda de hidrogênio atualmente, após
o refino do petróleo, da amônia e do metanol. Assim como o setor químico, o setor siderúrgico
produz grande quantidade de hidrogênio misturado com outros gases como subproduto (por
exemplo, gás de forno de coque), alguns dos quais são consumidos no próprio setor ou distribuídos
para uso em outros lugares. Esse hidrogênio é gerado a partir do carvão e de outros combustíveis
fósseis. Visando à redução das emissões, projetos estão em andamento para testar a produção
de aço usando o hidrogênio como o principal agente de redução, com os primeiros projetos em
escala comercial esperados para 2030. Entretanto, o hidrogênio de baixo teor de carbono pode
ser misturado aos processos já existentes, os quais usam atualmente como base o gás natural e
o carvão para reduzir sua intensidade geral de CO2 (IEA, 2019).
O hidrogênio pode ser usado para atender à crescente demanda de aço e, ao mesmo tempo,
reduzir as emissões de CO2. Em média, a produção de 1 t de aço bruto resulta em cerca de 1,4
t de emissões de CO2. A redução das emissões de CO2 para a produção primária de ferro e aço
pode ser dividida em duas categorias, conforme descrito a seguir.
1) As vias de prevenção de CO2 buscam evitar a maioria das emissões de CO2 inteiramente adotando
fontes de energia com baixo teor de carbono e agentes redutores, geralmente usando hidrogênio.
2) As vias de gestão de CO2 visam recuperar e gerenciar o CO2 associado com rotas tradicionais
baseadas em combustíveis fósseis, geralmente por meio da aplicação direta de CCUS.
A transição energética enfrenta desafios no que tange à obtenção de matéria-prima para
equipamentos de produção, armazenamento e transporte da energia renovável. Os carros elétricos
levam seis vezes mais metais que os carros convencionais, e as turbinas eólicas levam nove vezes
mais metais do que uma planta de geração de gás. O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram)
estima que uma turbina eólica necessita de 335 t de aço, 4,7 t de cobre, 3 t de alumínio, 2 t de
terras raras, entre outros minerais. Logo, para desenvolver a estrutura necessária para a produção,
o armazenamento e o transporte da energia renovável, é necessário ampliar a capacidade geoló-
gica e o desenvolvimento de vários minerais no Brasil. Para tanto, estão previstos US$ 41 bilhões
em investimentos em mineração no país para os próximos cinco anos, sendo US$ 19 bilhões em
projetos já em execução (Machado, 2021).
27
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
O H2V apresenta-se como uma solução concreta para reduzir o consumo de diesel e des-
carbonizar as operações de mineração, por meio do uso das tecnologias de pilhas a combustível
de hidrogênio nas instalações e na logística envolvida, principalmente para veículos pesados. Os
caminhões utilizados no setor de mineração apresentam atualmente elevado consumo de diesel.
Da mesma forma, as atividades de manutenção desses veículos são dispendiosas e demandam
muito tempo. A título de exemplificação, a substituição de um caminhão de transporte nas minas
equivale à retirada de cinquenta carros de passeio à gasolina das ruas. Além do uso de caminhões
movidos a pilha a combustível, outros veículos pesados utilizados nas minas podem fazer uso
dessa tecnologia (GIZ, 2021).
A geração de energia elétrica nas próprias minas, por meio de fontes de energia renovável e
produção de H2V, também é possível, utilizando-o como combustível nos veículos (power-to-mo-
bility). Desta forma, as minas seriam autossuficientes energeticamente e evitariam a necessidade
de transporte de diesel para regiões isoladas (GIZ, 2021).
O Ibram apoia a adoção de marcos regulatórios no Brasil, como o pagamento por serviços
ambientais (PSA) e um mercado voluntário de carbono integrado ao mercado compulsório – o
Programa Floresta+, do governo federal. Além disso, o instituto acredita que o financiamento cli-
mático pode trazer um incremento de recursos para implementação de novas tecnologias de baixo
carbono e adaptação climática, reduzindo os riscos e impactos ao setor mineral. Entre os principais
riscos para o setor mineral, ressalta-se a escassez de recursos sensíveis ao clima, como água e
energia, a interrupção de atividades de portos, ferrovias e estradas, implicando o encarecimento
do preço da matéria-prima e o aumento do custo da energia e da produção de biocombustíveis
(Machado, 2021).
28
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
As empresas Anglo American, a Fortescue, Hatch e a BHP formam o consórcio Green Hydrogen,
o qual possui projetos de H2V para descarbonizar suas operações. A empresa Vale tem projeto
para descarbonizar sua frota, inicialmente com uma locomotiva elétrica em Tubarão, no sudeste
do Brasil, além de possuir projetos de cerca de US$ 500 milhões para geração de energia solar,
em Minas Gerais, tendo como maior desafio a cadeia siderúrgica, a Vale emite nas suas opera-
ções 14 milhões de toneladas de CO2eq, e no escopo siderurgia e navegação, são 586 milhões de
toneladas de CO2eq (Machado, 2021).
O hidrogênio pode ser usado como matéria-prima para a produção de minerais verdes, como o
aço. Isso permitiria aumentar a verticalização, expandindo positivamente seu modelo de negócios,
além de estar relacionado ao processamento e ao seu uso como combustível para os grandes
caminhões de mineração. O desenvolvimento de parcerias entre empresas de energia renovável e
mineração pode ajudar a criar modelos de negócios, e projetos-piloto para entender como todos
os diferentes elementos, incluindo energias renováveis, baterias e hidrogênio, funcionam juntos.
Algumas empresas, como a Enel Green Power, líder global em energias renováveis, estão fazendo
29
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
parcerias na indústria de mineração. A Aliança Brasil-Alemanha para o Hidrogênio Verde, por meio
do projeto H2Future, visa produzir H2V em processos industriais, como a produção de produtos
químicos, ferro e aço, alimentos e semicondutores, bem como em refinarias de petróleo e gás.
O hidrogênio com baixo teor de carbono pode ser um dos impulsionadores da próxima fase
das transições de energia limpa da América Latina. O Chile tem a ambição de produzir e exportar
o hidrogênio mais competitivo do mundo a partir de eletricidade renovável até 2030, e muitos
países da América Latina, inclusive o Brasil, compartilham as condições que podem tornar a região
uma líder global na produção de hidrogênio de baixo carbono. Onze países na região publicaram
ou estão preparando estratégias e roteiros nacionais para o hidrogênio: Argentina, Bolívia, Brasil,
Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Panamá, Paraguai, Trinidad e Tobago e Uruguai (IEA, 2021).
30
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
Os clusters industriais costeiros oferecem uma grande oportunidade para acelerar a implanta-
ção de hidrogênio de carbono e podem apoiar a demanda em escala comercial e o fornecimento
de hidrogênio, incluindo a adaptação do CCUS às usinas de hidrogênio existentes. O Mar do Norte
é um candidato, mas outros incluem o sudeste da China, a costa do Golfo dos Estados Unidos, a
Austrália e o país Golfo, onde a Arábia Saudita planeja explorar a produção de hidrogênio para
embarque ao Japão (IEA, 2021). Algum clusters industriais no interior também podem apoiar o
desenvolvimento de hidrogênio onde isso faz sentido, como na produção de fertilizantes para o
agronegócio ou para a produção de aço. O Brasil já possui uma infraestrutura logística madura,
com destaque para o uso da amônia verde e a aplicação na mineração, siderurgia e energia.
QUADRO 4
Projetos e investimentos confirmados no Brasil em H2V
País Empresa Valores previstos (US$) 1 Local de investimento
Austrália Fortescue Future Industries 6 bilhões Porto do Pecém, Ceará
Holanda Transhydrogen Alliance 2 bilhões Porto do Pecém, Ceará
Austrália Enegix Energy 5,4 bilhões Porto do Pecém, Ceará
França Qair 6,95 bilhões Porto do Pecém, Ceará
Portugal EDP do Brasil 8 milhões Porto do Pecém, Ceará
França Engie - Porto do Pecém, Ceará
Espanha Neoenergia - Porto do Pecém, Ceará
Alemanha White Martins - Porto do Pecém, Ceará
Alemanha Linde - Porto do Pecém, Ceará
(Continua)
31
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
(Continuação)
Elaboração da autora.
Nota: 1 US$ 1 = R$ 5,16.
32
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
Silat Siderúrgica Latino Americana; Cimento Mizú; Ceará Apicultura; DSM; TRC; TMC; Companhia
Magnesita; Jota Dois; Eurofértil; Emy Log; Hidrostec; Termaco; Rental; Daniel Transportes.
O hub de H2V do Ceará, instalado no CIPP, é uma parceria com a Federação das Indústrias
do Ceará (Fiec), a Universidade Federal do Ceará (UFC) e o CIPP S/A. O estado do Ceará oferece
alto potencial para energia eólica onshore (94 GW) e offshore (117 GW), alto potencial para
energia solar (643 GW) e complementaridade diária solar e eólica, condições para a operação de
eletrolisadores. Além do benefício fiscal concedido pelo Programa de Incentivos à Cadeia Produtiva
de Energias Renováveis – Pier (Herculano, 2021). Memorandos de entendimento assinados para
implantação de unidades produtoras de H2V na sua ZPE. O quadro 5 apresenta a descrição das
empresas que assinaram memorandos de H2V com o governo do Ceará.
QUADRO 5
Hub de hidrogênio verde – Pecém, no Ceará
Valores
País Empresa Descrição
previstos (US$)
Mineradora australiana, com expectativa de gerar 2, 5 mil postos de
Fortescue Future trabalho durante a sua instalação e oitocentos empregos quando a
Austrália 6 bilhões
Industries empresa estiver em operação, a partir de 2025, com produção de 15
milhões de toneladas de H2V.
Construção da maior usina de H2V do mundo, o projeto-base One
Austrália Enegix Energy 5,4 bilhões produzirá mais de 600 milhões de quilos de H2V anualmente a partir
de 3,4 GW de energia renovável firme.
Consórcio formado pelas empresas Proton Ventures, Trammo, Global
Energy Storage e Varo. Estima produção de 500 mil toneladas de
Transhydrogen
Holanda 2 bilhões H2V por ano. O volume é equivalente a cerca de 2,5 milhões de
Alliance
toneladas de amônia verde, que serão exportadas do porto do
Pecém, no Ceará, até o porto de Roterdã, na Holanda.
Implementação de uma planta para produção de H2V com capaci-
dade de 2.240 MW. Irá utilizar energia elétrica gerada no Complexo
França Qair 6,95 bilhões Eólico Marítimo Dragão do Mar e de um parque de energia eólica
offshore. Criação de 2 mil empregos durante a construção das plan-
tas e seiscentos empregos diretos na operação dos projetos.
Planta que contempla uma usina solar com capacidade de 3 MW e
um módulo eletrolisador para produção do combustível a partir de
Portugal EDP 8 milhões
energia renovável. A unidade modular terá capacidade de produzir
250 Nm3/h de H2V.
Projeta, até 2030, desenvolver capacidade instalada de fabricação de
França Engie - H2V de 4 GW, implantar 700 km de redes dedicadas de hidrogênio e
operar mais de cem postos de abastecimento.
Estudos de viabilidade para projeto de mobilidade urbana com utili-
Espanha Neoenergia -
zação de veículos para transporte público movidos a H2V.
(Continua)
33
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
(Continuação)
Valores
País Empresa Descrição
previstos (US$)
Construção de planta (de oxigênio) no Pecém. Produção e forneci-
White Martins/ mento de energia limpa com investimentos na cadeia de valor do
Alemanha -
Linde H2V, aproveitando a sinergia da planta de gases da White Martins já
existente.
França TotalEnergies - Produção de H2V.
Maior operadora privada de gás natural do Brasil, com uma capaci-
dade de produção de 9,0 milhões de metros cúbicos por dia, possui
Brasil Eneva -
um parque de geração térmica de 2,2 GW, que representa 9% da
capacidade de geração térmica do país.
Diferencial Fundada em 2005, a empresa trabalha no desenvolvimento de proje-
Brasil -
Energia tos e como comercializadora.
Empresa Brasileira do Grupo Nea, iniciou suas atividades no ano de
2003 como spin-off da Universidade Estadual de Campinas (Uni-
Alemanha Hytron -
camp), pioneira no fornecimento de soluções para a produção de
hidrogênio utilizando as fontes: solar, eólica e biocombustíveis.
H2helium Desenvolve projetos e presta consultoria em energia de baixo
Brasil -
Energia carbono.
UFC e Universi-
China - Articulações para a instalação do hub de H2V no CIPP.
dade de Nankai
Elaboração da autora.
O Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco, abriga uma das principais refinarias do
Brasil, a Abreu e Lima (RNEST), além das mais de 150 indústrias que atualmente ocupam o complexo
portuário, incluindo setores petroquímico, alimentício, cimenteiro e siderurgia. Inicialmente produzindo
o hidrogênio azul, o porto de Suape irá investir em H2V, tendo a energia solar como principal fonte,
visto que Pernambuco possui em 3 GW de capacidade solar em outorga, mas apenas 167 MW em
operação. O porto de Suape pretende se posicionar como exportador, tanto na parte da amônia como
para H2V, além de suprir a demanda interna de empresas já instaladas no porto (Machado, 2021).
O governo de Pernambuco irá realizar um leilão para H2V visando desenvolver plataforma
propulsora do H2V em Pernambuco. O porto está próximo às principais capitais nordestinas, o que
facilita o escoamento interno da produção H2V, em especial de amônia verde para o agronegócio.
A amônia produzida pode ser escoada para o mercado de agricultura de baixo carbono, podendo
ser utilizada na região de Petrolina, reconhecida pela produção de frutas, e de soja em Matopiba –
anagrama referente ao cinturão agrícola formado pelos estados do Maranhão, do Tocantins, do
Piauí e da Bahia –, que se destaca principalmente pela produção de grãos e fibras, especialmente
soja, milho e algodão (Machado, 2021).
34
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
QUADRO 6
Projetos de hidrogênio identificados – Porto de Suape, em Pernambuco
País Empresa Valores previstos (US$) Descrição do investimento
Geração de hidrogênio visando à exportação, tanto na parte da
Abreu e Lima
Brasil - amônia como para H2V, e suprir a demanda interna de empre-
(RNEST)
sas já instaladas no porto.
Assinou memorando de entendimentos para desenvolvimento
Espanha Neoenergia -
de um projeto-piloto de produção de H2V.
Assinou memorando de entendimentos para instalação de uma
França Qair 3,8 bilhões
unidade de H2V.
Elaboração da autora.
O porto do Açu, localizado no Rio de Janeiro, já produz a partir de uma fonte fóssil (em geral,
o gás natural) o hidrogênio azul, o carbono que é emitido no processo é capturado e armazenado
para neutralizar as emissões. O porto pretende utilizar sua expertise e infraestrutura na indústria
de óleo e gás na transição para o H2V.
O porto de Açu está localizado próximo a futuros parques eólicos offshore, nos mares do Rio
de Janeiro e do Espírito Santo. O projeto da Ventos do Atlântico é o segundo maior do país, com
371 aerogeradoes e pouco mais de 5 GW de potência, seguido pelo parque Aracatu, da Equinor,
com 3,8 GW de capacidade e 320 turbinas. O porto do Açu possui uma infraestrutura de dez ter-
minais privados com 17 km de capacidade de cais e 90 km2 de retro área para desenvolvimento
industrial, sendo o primeiro porto do Brasil a implementar serviço de tráfego marítimo (VTS – vessel
traffic service).
No Espírito Santo, o parque da Votu Winds prevê 1.440 MW de potência, a partir da instalação
de 144 torres com potência de 10 MW cada. A empresa canadense AmmPower está em estudo
para produção, armazenamento e distribuição de amônia verde, feita a partir do H2V. O projeto
da AmmPower está focado no abastecimento do mercado doméstico (Machado, 2021).
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2787
TEXTO para DISCUSSÃO
QUADRO 7
Projetos identificados nos portos do Rio de Janeiro e do Espírito Santo
Valores previstos
País Empresa Local de investimento Descrição
(US$)
Estudo de viabilidade em uma planta de
Porto do Açu,
Austrália Fortescue 3,2 bilhões H2V de 300 MW. Produzirá 250 mil tonela-
Rio de Janeiro
das métricas de amônia verde.
Produção, armazenamento e distribuição
Porto Central, de amônia verde, feita a partir do H2V.
Canadá AmmPower -
Espírito Santo O projeto da AmmPower está focado no
abastecimento do mercado doméstico.
Elaboração da autora.
A Secretaria de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação de São Carlos, em São Paulo,
assinou o memorando de entendimento com a R20 (Regions of Climate Action) para a viabilidade de
implementação de uma usina de produção de hidrogênio. A R20 é uma coalizão de governos subna-
cionais, empresas privadas, organizações internacionais, organizações não governamentais (ONGs)
e instituições acadêmicas e financeiras, com a missão de acelerar os investimentos em infraestrutura
subnacional na economia verde para contribuir significativamente com objetivos de desenvolvimento
sustentável. A Unigel anuncia construção de fábrica de amônia verde. No quadro 8, pode-se visualizar
a descrição de outros investimentos na área do hidrogênio de baixo carbono no Brasil.
QUADRO 8
Outros investimentos identificados
Origem Empresa Valores (US$) Local Descrição do investimento
Empresas possuem projetos de produção de H2V no
Brasil. A unidade de produção de H2V do Piauí será
Casa dos Ventos
Brasil 4 bilhões Piauí instalada na ZPE do porto de Parnaíba, e contará com
e Nexway
um eletrolisador pequeno capaz de abastecer dois
ônibus. Posteriormente: Bahia, Ceará, Pernambuco.
Projeto com a Unifei para construção de uma plan-
ta-piloto de eletrólise com capacidade de 5 MW. É
Minas
Alemanha GIZ 39 milhões instituição de um marco regulatório de H2V no país,
Gerais
dando prosseguimento ao Programa Nacional de
Hidrogênio, do MME.
Nova unidade de negócios denominada New Power.
Desenvolvimento de propulsores 100% elétricos
Cummins New
Brasil 33 milhões São Paulo para veículos comerciais com um pacote completo de
Power
solução para o H2V: módulos de célula a combustível,
eletrolisadores e tanque para armazenamento.
(Continua)
36
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
(Continuação)
Elaboração da autora.
37
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
1) Produção de hidrogênio pelos processos de reforma de gás natural, etanol, e eletrólise da água
e purificação de hidrogênio.
2) Aplicações do hidrogênio em projetos de geração distribuída de energia elétrica, utilizando
pilhas a combustível.
3) Aplicações do hidrogênio em mobilidade, em que se destaca a construção do primeiro veículo
movido a hidrogênio e pilhas a combustível do tipo PEM do hemisfério sul (GIZ, 2021).
O Núcleo de Pesquisa em Hidrogênio (Nuphi), do Parque Tecnológico Itaipu (PTI), foi criado
como resultado de um convênio firmado com a Itaipu Binacional e a Eletrobras. A partir desse
convênio, também foi implementada uma Planta Experimental de Produção de Hidrogênio, que
possibilita a análise de todo o ciclo de obtenção e aplicação desse hidrogênio, envolvendo produ-
ção, purificação, compressão, armazenamento e posterior utilização em células a combustível ou
combustão em mistura com outros combustíveis, por exemplo, o biometano (GIZ, 2021).
O Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), do Instituto de Economia (IE) da UFRJ, vem
desenvolvendo pesquisas e estudos sobre o tema de hidrogênio, com uma transversalidade cen-
trada em inovações regulatórias. Outros grupos de pesquisa em destaque no tema de hidrogênio
no cenário brasileiro são: o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, da Universidade de São
Paulo (Ipen/USP); o Laboratório de Materiais e Energias Renováveis (Labmater), da Universidade
Federal do Paraná (UFP); o Instituto Nacional de Tecnologia, do MCTI; entre outros (GIZ, 2021).
O Parque Tecnológico da Universidade Federal do Ceará (UFC) possui mais de vinte estudos
em andamento com foco no desenvolvimento de soluções para o hub de H2V no Ceará. Inclusive
um estudo de produção de hidrogênio a partir de esgoto, sem utilização de energia elétrica. O
método, testado inicialmente em pequena escala, prevê a separação de resíduos no processamento
da água, o que finalizaria com a retirada do hidrogênio e a sobra poderia ser transformada em
fertilizantes. Além disso, existem outras pesquisas na área do hidrogênio nos departamentos de
38
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
engenharia química, engenharia mecânica e engenharia elétrica, que vão desde a separação de
gases, transporte, armazenamento, até a produção de hidrogênio a partir de outros materiais. As
iniciativas fazem parte do esforço em parceria entre estado, academia e indústria, para que sejam
projetadas soluções que foquem na nova matriz energética.10
QUADRO 9
Projetos de pesquisa em H2V
Empresa Valor (R$) Local Observação
39
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
(Continuação)
Elaboração da autora.
40
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
De acordo com a EPE (2021), de 2013 a 2018, foram identificados 91 projetos associados a
hidrogênio e a pilhas a combustível, com recursos totais na ordem de R$ 34 milhões financiados pela
Aneel, pela ANP e/ou pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). As
regiões Sudeste e Nordeste encontram-se igualmente na primeira posição em número de centros
de P&D no Brasil, correspondendo a 34%, seguidas das regiões Sul (22%), Centro-Oeste (7%) e
Norte (3%). Além disso, 66% dos projetos desenvolvidos no país têm como tema a produção de
hidrogênio; 13%, pilhas a combustível; e 9%, o armazenamento (GIZ, 2021).
O Brasil possui uma cadeia madura de biocombustíveis, como etanol e biogás, que podem
gerar hidrogênio para o mercado interno, além de aproveitar a infraestrutura existente do etanol
e biogás para transportar o hidrogênio. A viabilidade econômica dos projetos de hidrogênio com
foco no mercado interno pode ser oriunda dos fundos de investimento agropecuários. Além do
financiamento por meio do mercado interno, em função dos benefícios ambientais e da agregação
de valor trazida pelo hidrogênio, destaca-se a seguir as parcerias internacionais já realizadas.
41
2787
TEXTO para DISCUSSÃO
painéis de discussão de grande sucesso foram realizados para promover um diálogo político
de alto nível entre a Alemanha e o Brasil. Os parceiros são o Ministério Federal da Economia
e Energia (BMWi) da Alemanha, e o MME e o Ministério das Relações Exteriores (MRE), do
Brasil. A parceria trabalha com dois grupos de trabalho: o Eficiência Energética (liderado por
BMWi e MME) e o Energias Renováveis, incluindo bioenergia (liderado por BMWi e Empresa de
Planejamento Energético – EPE). Algumas das questões prioritárias abordadas nos grupos de
trabalho incluem: i) integração de sistemas de energia renovável, incluindo integração de rede;
ii) desenvolvimento do mercado de eletricidade, opções de flexibilidade para o sistema elétrico;
e iii) mecanismos de promoção da eficiência energética para a indústria.11
2) US-Brazil Energy Forum: o Fórum de Energia Estados Unidos-Brasil para o Comércio e Desen-
volvimento Mundial foi realizado inicialmente em maio de 2011, em Houston, aceitando pro-
clamações de membros do Congresso dos Estados Unidos e hospedando o governo do Brasil,
ANP e Petrobras em um evento envolvendo 150 participantes seniores do setor de energia e
autoridades governamentais. Operando no período 2011-2013, o US-Brazil Energy Forum foi
uma organização privada sediada em Houston, Texas, capital mundial da energia, comprome-
tida em trazer ao público um fórum para reunir o setor privado internacional, funcionários sem
fins lucrativos e governamentais dos Estados Unidos e do Brasil, de outros países importantes
para o comércio exterior e da comunidade internacional em geral. Seu objetivo era promover
o diálogo construtivo pertinente ao comércio e investimento internacional de petróleo e gás,
energia e infraestrutura.12
3) Cooperação Brasil-Índia em Energias Renováveis: assinatura do Memorando de Entendimento
entre a República da Índia e a República Federativa do Brasil sobre Cooperação em Bioenergia,
os dois lados concordaram em cooperar em P&D de energias renováveis, bem como no campo
de biocombustíveis de segunda geração.
4) Brics Energy Research Cooperation Platform: a Índia organizou a Primeira Reunião de Altos
Funcionários de Energia do BRICS, de 20 a 21 de maio de 2021, sob sua presidência do BRICS
para o ano de 2021, e um Simpósio de Promoção de energia renovável nas cidades do BRICS
que em março de 2022.
O Brasil é o sétimo país no mundo em capacidade total de geração de energia, com capaci-
dade total de geração de 175 GW em 2021, e o terceiro que maior produtor de energia renovável,
atrás apenas dos Estados Unidos e da China, possuindo entre eles, a maior proporção de energia
renovável: 85%. A maior fatia na participação é das hidrelétricas, com 63%, mas essa fonte se
tornará menos predominante na infraestrutura de geração energética no futuro (Gurlit et al., 2021).
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TEXTO para DISCUSSÃO
QUADRO 10
Investimentos externos no setor
País de origem do recurso Valor prospectado (US$)
Alemanha 39 milhões
Austrália 15 bilhões
França 11 bilhões
Holanda 2 bilhões
Portugal 8 milhões
Elaboração da autora.
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2787
TEXTO para DISCUSSÃO
Os cenários de demanda de hidrogênio foram elaborados por GIZ (2021), o qual avaliou a
demanda potencial de importação de hidrogênio na Alemanha e na União Europeia nos anos de
2030 e 2050 a partir de dois cenários.
QUADRO 11
Cenários de demanda de importação de H2 – Alemanha e União Europeia
2030 2050
Parâmetro Região
Cenário A Cenário B Cenário A Cenário B
13. Fraunhofer Institut Für System-Und Innovationsforschung ISI. Eine Wasserstoff-Roadmap für Deuts-
chland. Karlsruhe und Freiburg. 2019. Disponível em: <https://bit.ly/3SfpFnD>.
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2787
TEXTO para DISCUSSÃO
Gurlit et al. (2021) identificaram uma oportunidade total de US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões
em 2040, com a maior parte desse potencial (US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões) para servir ao
mercado doméstico – em particular o transporte de carga por caminhões, a siderurgia e outros usos
energéticos industriais. E os outros de US$ 4 bilhões a US$ 6 bilhões oriundos das exportações
de derivados de H2V para a Europa e os Estados Unidos. Para viabilizar esse cenário acelerado, o
H2V precisará de US$ 200 bilhões em investimentos, incluindo 180 GW de capacidade de geração
de eletricidade renovável adicional.
Os principais produtos que podem impulsionar o mercado de hidrogênio no Brasil são: hidro-
gênio para siderurgia (hot briquetted iron – HBI), conhecido como ferro verde, pode ser exportado,
unindo a competitividade do Brasil no minério de ferro e no H2V para exportar metálicos ou aço
de baixo carbono; amônia verde para fertilizantes e produtos químicos; hidrogênio cinza pode
ser substituído diretamente pelo H2V nos processos da refinaria; hidrogênio como combustível
para transportes tanto para veículos de passageiros, para frete rodoviário (caminhões médios e
pesados), quanto para frete ferroviário de longa distância; hidrogênio como combustível para
caminhões de mineração; amônia ou o metanol para navios graneleiros e porta-contêineres; além
do uso energético industrial.
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2787
TEXTO para DISCUSSÃO
A próxima década será crucial para assegurar o potencial do hidrogênio de baixo carbono na
América Latina no longo prazo, de acordo com a IEA (2021), a demanda de hidrogênio na América
Latina irá aumentar de 4.000 kt H2/ano, em 2019, para 7.000 kt H2/ano, em 2030, com destaque
para a produção de ferro e aço. Junto aos esforços nacionais, o nível regional (América Latina)
apresenta outras oportunidades que devem ser consideradas ao determinar as áreas prioritárias
em escala nacional. O desenvolvimento de hidrogênio em larga escala tem o potencial de criar
um fornecimento regional para a manufatura de equipamentos (como eletrolisadores e células a
combustível) que pode gerar oportunidades e empregos além das grandes economias. Isto realça
a importância de padrões e esquemas de certificação para facilitar a cooperação e o comércio
internacional (IEA, 2021).
1) Disponibilidade de recursos naturais usados para a produção de hidrogênio (gás natural, etanol
e água) a custos mais baixos devido a condições climáticas e geográficas favoráveis para a
produção de H2V em larga escala.
2) Crescimento da produção de energia fotovoltaica e eólica que pode ser utilizada para desenvolver
H2V e impulsionar a geração distribuída no país, observando o potencial de utilização de H2V
como armazenamento de energias renováveis.
3) Facilidade de escoamento da produção (extensão da costa litorânea) e geolocalização, con-
siderando as distâncias entre o porto de Rotterdam e países potenciais exportadores de H2V.
4) Existência de representação setorial (ABH2).
5) Mercado de gás natural está em evolução no Brasil, sob a ótica de extensão da malha de gaso-
dutos com potencial para injeção e/ou mistura de H2 ao gás natural.
6) A crescente redução dos custos de geração de energia a partir de fontes renováveis com previsão
do custo nivelado do H2V brasileiro ficaria ao redor de ~1,50 US$/kg de H2 em 2030.
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2787
TEXTO para DISCUSSÃO
A precificação das emissões de GEEs é um instrumento que garante eficiência nas ações de
mitigação dessas emissões e, portanto, é essencial na transição para uma economia de baixo car-
bono, principalmente quando as vantagens de mitigação do Brasil forem cada vez menos baseadas
em opções do uso do solo (floresta e agropecuária) e mais dependentes das emissões de energia
e da indústria (CEBDS, 2021).
No caso brasileiro, essa precificação tem evoluído para uma abordagem de mercado. Nesse sentido,
a proposta do CEBDS para um sistema brasileiro de comércio de emissões recomenda, com base nas
experiências internacionais, mecanismos de proteção à competitividade para os setores expostos ao
comércio internacional. Esse instrumento protege a competitividade maximizando as oportunidades
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2787
TEXTO para DISCUSSÃO
das atividades de baixo carbono, agregando eficiência produtiva e ampliando as vantagens em acor-
dos comerciais e de cooperação internacional CEBDS (2021). A proposta da CEBDS vai de encontro a
recomendação da IEA (2019) de eliminar barreiras regulatórias desnecessárias e harmonizar padrões.
O hidrogênio de baixo carbono pode representar uma grande oportunidade. O Brasil possui
características singulares para se tornar um hub de hidrogênio. A IEA (2019) apresentou sete
principais recomendações para iniciar uma economia de H2V, com destaque para as sugestões a
seguir relacionadas.
1) Estabelecer um papel para o hidrogênio nas estratégias de energia a longo prazo. Governos
nacionais, regionais e municipais podem orientar as expectativas futuras.
2) Estimular a demanda comercial por H2V. Políticas que criam mercados sustentáveis para o H2V,
especialmente para reduzir as emissões do hidrogênio a partir de combustíveis fósseis, vão atrair
investimentos e empregos nos fornecedores, distribuidores e usuários.
3) Abordar os riscos de investimento dos iniciantes. Empréstimos, garantias e outras ferramentas
direcionadas e com prazo limitado podem ajudar o setor privado a investir, aprender e compar-
tilhar riscos e benefícios.
4) Apoiar P&D para reduzir custos. Ações do governo, incluindo o uso de fundos públicos, são
importantes para definir a orientação de áreas de pesquisa, diminuir riscos e atrair capital
privado para a inovação.
5) Eliminar barreiras regulatórias desnecessárias e harmonizar padrões. As complexas cadeias
de geração de hidrogênio demandam que governos, empresas, comunidades e sociedade civil
estabeleçam um diálogo regularmente.
6) Envolver-se internacionalmente e acompanhar o progresso. É necessária uma cooperação inter-
nacional aprimorada em toda a cadeia, mas especialmente em padrões, compartilhamento de
boas práticas e infraestrutura transfronteiriça.
7) Concentrar os esforços em quatro oportunidades principais: i) substituição do hidrogênio cinza
pelo H2V no uso industrial; ii) injetar hidrogênio nas redes de gás natural; iii) utilizar o hidrogênio
na eletromobilidade; e iv) exportação do hidrogênio.
5 CONCLUSÃO
O progresso dos ODS que trata da garantia de acesso à energia confiável, sustentável e
moderna até 2030 foi impactado pela pandemia da covid-19, a qual ocasionou interrupções nas
cadeias de suprimentos e desvio de recursos para segurar preços de alimentos e combustíveis. Além
disso, os recentes conflitos aumentaram os preços de energia devido às incertezas nos mercados
globais de petróleo e gás após a invasão russa da Ucrânia.
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TEXTO para DISCUSSÃO
A transição energética exigirá uma colaboração entre os setores público e privado. O governo
brasileiro planeja investimento em hidrogênio de baixo carbono, independentemente da cor (verde,
azul, musgo etc.). O país está em um grande momento para o hidrogênio como vetor energético,
com previsão de investimentos nos próximos anos que só no Brasil já somam mais de US$ 27
bilhões. Empresas, como a Ungel, já estão com projetos para utilização de H2V. Centros industriais
costeiros são os que apresentam as melhores condições para receber os projetos de H2V com
vistas ao mercado internacional. Além disso, foram identificadas várias oportunidades no mercado
interno, como na área de fertilizantes para o agronegócio e combustíveis para o setor de mineração.
As principais barreiras contra uma transformação rápida para uma economia global de hidro-
gênio de baixo carbono são de natureza técnica e econômica. É necessário desenvolver tecnologias
com bom custo-benefício para transporte e armazenamento, por exemplo, a utilização de gasodutos
no transporte de grandes quantidades de hidrogênio. Em relação à economia, os custos do H2V
são impulsionados por: i) capex (despesas de capital) para eletrolisadores; ii) custo de eletricidade
renovável; iii) níveis de utilização de eletrolisadores; e iv) custos de transporte. Esses custos ainda
não são competitivos quando comparados com os combustíveis fósseis. Entretanto, o aumento
nos preços dos combustíveis fósseis, como gasolina e gás, podem tornar combustíveis renováveis,
como o H2V, competitivos mais rapidamente, visto que o aumento da demanda e o progresso
tecnológico podem reduzir mais rapidamente esses custos e tornar o H2V totalmente competitivo
com os combustíveis fósseis.
O mercado de hidrogênio está passando por uma rápida transformação e seus dados de pro-
dução e consumo históricos das últimas décadas não abrangem esse novo cenário, recomenda-se,
portanto, para trabalhos futuros, a construção de modelos de simulação computacional para o
desenvolvimento de cenários prospectivos para análise da expansão da demanda e produção do
hidrogênio de baixo carbono.
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TEXTO para DISCUSSÃO
REFERÊNCIAS
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TEXTO para DISCUSSÃO
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2787
TEXTO para DISCUSSÃO
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em: <https://bit.ly/3ufo8Um>.
NADALETI, W. C.; SANTOS, G. B. dos; LOURENÇO, V. A. The potential and economic viability of
hydrogen production from the use of hydroelectric and wind farms surplus energy in Brazil: a
national and pioneering analysis. International Journal of Hydrogen Energy, v. 45, n. 3, p.
1373-1384, Jan. 2020.
OBERSTEINER, M. et al. Managing climate risk. Science, v. 294, n. 5543, p. 786-787, Oct. 2001.
PRINZHOFER, A. et al. Natural hydrogen continuous emission from sedimentary basins: the example
of a Brazilian H2-emitting structure. International Journal of Hydrogen Energy, v. 44, n. 12,
p. 5676-5685, Mar. 2019.
SCHUBERT, C. Atlas eólico e solar: Ceará. Fortaleza: Fiec, 2019.
SMITH, P.; PORTER, J. R. Bioenergy in the IPCC Assessments. GCB Bioenergy, v. 10, n. 7, p. 428-
431, July 2018.
SOUZA, M. (Org.). Tecnologia do hidrogênio. Rio de Janeiro: Synergia Editora, 2009.
WBCSD – WORLD BUSINESS COUNCIL FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT; SMI – SUSTAINABLE
MARKETS INITIATIVE. Hydrogen pledges: sustainable markets initiative. Geneva: WBCSD, Nov.
2021. Disponível em: <https://bit.ly/3AawDns>.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
CASTRO, N.; ELIZÁRIO, S. MASSENO, L. (Org.). Observatório de hidrogênio. Rio de Janeiro: Ed.
UFRJ, set. 2021. n. 1. Disponível em: <https://bit.ly/3Ax9onV>.
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TEXTO para DISCUSSÃO
ANEXO A
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TEXTO para DISCUSSÃO
• Produção de pelo menos 500 ktpa de hidrogênio com baixo e ultrabaixo carbono
bruto nos principais mercados, com até 50% de hidrogênio com teor de carbono
ultrabaixo de fontes renováveis. Parte dessa nova produção será usada em nossas
refinarias europeias como um substituto para o hidrogênio cinza SMR baseado em
gás natural usado atualmente.
CLP: para apoiar a Visão Climática 2050 do CLP, temos o compromisso de fornecer um
suprimento líquido de eletricidade zero aos nossos clientes até essa data. Como parte
desse compromisso, esperamos fazer a transição de nossas unidades de geração de gás
natural para funcionar com hidrogênio de baixo carbono durante as décadas de 2030
e 2040. Para isso, precisaremos não apenas do apoio do governo, mas do mercado,
para nos fornecer uma média de cerca de 550 ktpa de hidrogênio de baixo carbono,
entregue às nossas usinas de geração a um custo competitivo com outras alternativas
que nos preços de hoje equivaleriam a menos de US$ 2 por quilo. Esta promessa é,
portanto, um compromisso claro para aumentar o uso de hidrogênio como combustível
zero carbono na geração, mas também um desafio para os produtores em potencial
desenvolverem capacidade adicional em escala e preços comercialmente atraentes,
para nos ajudar a sustentar nossa confiabilidade de fornecimento de eletricidade de
classe mundial a longo prazo.
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TEXTO para DISCUSSÃO
Enel: uma das principais empresas de energia renovável do mundo, com 50,8 GW de
capacidade renovável instalada e meta de triplicar para 145 GW até 2030, a Enel se
compromete a produzir apenas hidrogênio renovável com uma previsão de 2 GW de
capacidade de eletrolisadores até 2030.
Engie: como parte de nosso compromisso com o Net Zero até 2045 em todos os
escopos, a Engie tem como objetivo desenvolver 4 GW de produção de hidrogênio
renovável até 2030, para fornecer hidrogênio de hidrogênio baixo ou ultrabaixo sob
a definição de estrutura do WBCSD. A Engie anunciou o seu ingresso na Associação
Brasileira de Hidrogênio (ABH2), tornando-se a primeira empresa do setor de energia
a se filiar à entidade.
Equinor: como parte de sua estratégia de fornecer hidrogênio limpo em de três a cinco
grandes aglomerados industriais e fornecer 10% do mercado europeu de hidrogênio
limpo até 2035, a Equinor promete que todos os projetos que colocar em operação até
2030 fornecerão baixo teor de carbono ou ultra-hidrogênio com baixo teor de carbono.
Fortescue: a empresa terá como meta a produção de 15 milhões de toneladas por ano
de hidrogênio verde até 2030. A visão da Fortescue é tornar o hidrogênio verde reno-
vável a commodity energética marítima mais comercializada globalmente no mundo.
E alocará 10% do lucro líquido após impostos para financiar o crescimento da energia
renovável por meio da Fortescue Future Industries, com vistas a impulsionar a aceleração
dos projetos de hidrogênio verde em todo o mundo.
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TEXTO para DISCUSSÃO
Shell: a empresa promete que, até 2030, pelo menos 65% do consumo de hidrogênio
em seus parques de química e energia será de carbono reduzido ou melhor (~ 300
ktpa, excluindo o hidrogênio coproduzido). E se compromete a produzir 75 ktpa de
hidrogênio com carbono ultrabaixo e 100 ktpa de hidrogênio com carbono reduzido
até 2030.
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TEXTO para DISCUSSÃO
Yosemite Clean Energy: a empresa e nossas subsidiárias sob a Yosemite Umbrella estão
comprometidas a fornecer nosso primeiro portfólio de hidrogênio renovável de carbono
negativo a partir de biomassa residual (pontuação de intensidade de carbono de -56 ou
melhor), que será produzido em três instalações de produção atualmente em desenvol-
vimento na Califórnia, com início de produção previsto para 2024. Comprometemo-nos
a concluir nosso primeiro portfólio de três projetos de hidrogênio, com uma data de
conclusão estimada em 2025. O primeiro portfólio reduzirá os gases de efeito estufa
(GEEs), eliminando cerca de 402 mil toneladas métricas de CO2eq por ano e reduzirá o
uso de combustíveis diesel em aproximadamente 19,5 milhões equivalentes de galão
diesel anualmente. Cada um de nossos projetos produzirá uma estimativa de 12,2 MT
de hidrogênio de classe de célula de combustível SJ2719 diariamente, portanto, três
usinas produzirão uma estimativa de 11 ktpa de hidrogênio. Esses números forneceriam
mais de quinhentos caminhões pesados da classe 8 anualmente, ou aproximadamente
1.400 ônibus para apoiar o transporte público.
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TEXTO para DISCUSSÃO
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TEXTO para DISCUSSÃO
REFERÊNCIA
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Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
EDITORIAL
Chefe do Editorial
Aeromilson Trajano de Mesquita
Assistentes da Chefia
Rafael Augusto Ferreira Cardoso
Samuel Elias de Souza
Supervisão
Camilla de Miranda Mariath Gomes
Everson da Silva Moura
Revisão
Alice Souza Lopes
Amanda Ramos Marques
Ana Clara Escórcio Xavier
Clícia Silveira Rodrigues
Idalina Barbara de Castro
Olavo Mesquita de Carvalho
Regina Marta de Aguiar
Reginaldo da Silva Domingos
Brena Rolim Peixoto da Silva (estagiária)
Nayane Santos Rodrigues (estagiária)
Editoração
Anderson Silva Reis
Cristiano Ferreira de Araújo
Danielle de Oliveira Ayres
Danilo Leite de Macedo Tavares
Leonardo Hideki Higa
Capa
Aline Cristine Torres da Silva Martins
Projeto Gráfico
Aline Cristine Torres da Silva Martins