O documento resume a história da inteligência ao longo dos séculos, desde os primeiros impérios até os serviços de inteligência modernos. Aborda como a inteligência evoluiu de espiões informais para agências estruturadas e o uso crescente de tecnologia. Também discute os diferentes modelos de serviços de inteligência e as lições aprendidas com falhas históricas.
O documento resume a história da inteligência ao longo dos séculos, desde os primeiros impérios até os serviços de inteligência modernos. Aborda como a inteligência evoluiu de espiões informais para agências estruturadas e o uso crescente de tecnologia. Também discute os diferentes modelos de serviços de inteligência e as lições aprendidas com falhas históricas.
O documento resume a história da inteligência ao longo dos séculos, desde os primeiros impérios até os serviços de inteligência modernos. Aborda como a inteligência evoluiu de espiões informais para agências estruturadas e o uso crescente de tecnologia. Também discute os diferentes modelos de serviços de inteligência e as lições aprendidas com falhas históricas.
O documento resume a história da inteligência ao longo dos séculos, desde os primeiros impérios até os serviços de inteligência modernos. Aborda como a inteligência evoluiu de espiões informais para agências estruturadas e o uso crescente de tecnologia. Também discute os diferentes modelos de serviços de inteligência e as lições aprendidas com falhas históricas.
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ARAÚJO, Raimundo Teixeira de.
História Secreta dos Serviços
de Inteligência: origens, evolução e institucionalização. São Luís: Ed. do autor, 2004. 204p.
por Regina Marques Braga Farias
Abin
Partindo de vários conceitos da palavra Inteligência, incluindo o
de que é a “atividade mediante a qual agentes de um Estado procu- ram desvendar as intenções, os projetos e os segredos de outros Estados”, e sabendo que um Estado bem informado é um Estado poderoso, buscou-se demonstrar a evolução da atividade de Inteli- gência ao longo da história da humanidade, por meio de casos ve- rídicos, além de apresentar o significado de vários termos técnicos referentes a esse campo do conhecimento.
Existe uma origem mitológica da Inteligência segundo a qual
Argus, que suplantou a hegemonia de Micenas, por volta do século XII a.C, protegeu de diversas maneiras suas mensagens enquanto vivo e criou uma rede eficaz de espiões, tornou-se o pai da Inteli- gência. Após seu falecimento, tornou-se um semideus, e há diver- sas versões para sua “pós-morte”. Alguns vocábulos vindos de Argus são comuns à Inteligência: arguto, argúcia, argumento, argüir, etc.
A Inteligência não tem poder de polícia, usa-se o cérebro para
avaliar a informação. Esta pode ser classificada de diversas manei- ras, tais como: informação militar, tática, geral, diplomática, política, econômica, social, biográfica, científica e tecnológica e informação sobre comunicações e transportes. O seu processo envolve as se- guintes fases: necessidade de conhecimento; coleta de dados na imprensa ou outros similares, incluindo coleta de dados não disponí- veis; processamento dos dados; disseminação do conhecimento ao usuário, para a tomada de decisão. A atividade deve ser centralizada
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e seu quadro de profissionais deve ser preenchido por pessoas ín- tegras e com bons propósitos.
A obra também trata dos serviços secretos e seu funcionamen-
to. Existem basicamente três modelos de serviço secreto: o modelo estadunidense, o modelo totalitário (como o antigo KGB – serviço secreto soviético) e o modelo britânico (acompanham este modelo França, Israel, Itália e os países membros da comunidade britânica de nações). Uma das maneiras utilizadas pelos serviços secretos para conseguir coletar os dados necessários é o recrutamento, que é realizado, principalmente, nas universidades, nas forças armadas e nas forças policiais. Para Allen Dulles, ex-chefe da CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos), a existência da ativi- dade de Inteligência deve ser difundida para funcionar como pre- venção a ataques inimigos, permanecendo sigilosos os meios e os mecanismos pelos quais ela funciona.
Os profissionais que atuam no âmbito da Inteligência também
não foram esquecidos. Inicialmente o livro trata do espião. Ele rara- mente é um oficial de Inteligência. Geralmente recruta-se um agente que, em virtude de sua qualificação ou localização, tenha acesso ao alvo. Esses realizam ações encobertas ou operações militares especiais, passam por duro treinamento físico e seleção bastante rígida. Os principais fatores que influenciam uma pessoa a aceitar o recrutamento são: dinheiro, ideologia (pessoas que crêem que as instituições sociais estrangeiras são superiores às de seu país), compromisso (ameaça de revelação de segredos) e ego.
Os mensageiros servem de ligação entre os agentes e o oficial
de Inteligência. O agente duplo trabalha efetivamente para uma agência e passa informação para uma segunda (agente verruga ou toupeira), podendo tornar-se um defector posteriormente. O sabotador é responsável pela destruição de equipamento inimigo; também existe a sabotagem econômica também. O analista tem a tarefa de um minucioso trabalho de análise para produzir conheci- mentos, relatórios e sumários.
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Atualmente usam-se com freqüência meios eletrônicos de espi- onagem. Porém, nada pode substituir o aspecto psicológico de uma situação que a Humint (Inteligência humana) é capaz de captar.
Breve Histórico da Atividade
No primeiro Império Universal (medos e persas), promovido por Ciro, o Grande, Dario, “O Grande Rei”, sucessor do primeiro, orga- nizou um corpo de espiões: “Os olhos e os ouvidos do rei” para espionar os sátrapas (vice-reis das unidades político-administrati- vas chamadas Satrapias).
Na Roma Antiga era comum a presença de espiões atrás das
cortinas para ouvir segredos. Antes do século II esta potência não possuía um corpo diplomático. Para resolver problemas, enviava ao exterior pequenas missões que agiam em nome do governo, tornando-se, posteriormente, embaixadas permanentes: muitos membros prestaram-se ao serviço de espionagem. Toda a aristo- cracia romana tinha sua rede permanente de agentes clandestinos e casas com compartimentos secretos para espionarem seus hós- pedes. Apesar desse histórico, os romanos só institucionalizaram a atividade de Inteligência e espionagem no período do Império.
Na Idade Média, o serviço de espionagem foi posto de lado,
devido à influência da Igreja e da Cavalaria, que o julgavam peca- do. Porém Maomé o utilizou em 624. Seus agentes infiltrados em Meca (Arábia Saudita) o avisaram de um ataque de soldados ára- bes a Medina, cidade em que estava refugiado. Ele mandou então que fizessem trincheiras e barreiras ao redor da cidade, que impe- diram o avanço dos soldados.
A atividade de Inteligência volta com a Renascença. As cortes
européias tornaram-se verdadeiros centros de intrigas. Durante esse período, muitos ministros e diplomatas foram responsáveis pela coleta de informações. O Cardeal Richelieu (1585-1642) fundou na França o Gabinet Noir, que monitorava as atividades da nobreza, e Sir Francis Walsingham (1537-1590) frustrou os empreendimentos
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de Mary Stuart e Felipe II, ambos católicos, contra a coroa inglesa de Elizabeth I, protestante, por meio do serviço de Inteligência.
A primeira escola de Inteligência foi criada pelos russos, a “Casa
de Ukrainev” – célula-mãe da Okhrana, polícia secreta dos czares.
A Guerra de Secessão nos Estados Unidos (1861-1865) trouxe
avanços significativos para a Inteligência, como o uso de fotos (os fotógrafos tinham trânsito livre e reduziam o tamanho das fotografi- as, inserindo nelas mensagens – protótipo da microfilmagem), tele- grafia, uso de códigos e cifras e reconhecimento aéreo realizado por balões.
Na Primeira Guerra Mundial houve “modernização” da atividade
de Inteligência. A Sigint (Inteligência de sinais, ou seja, o uso de tecnologia, ou outros artifícios não humanos, para a produção de conhecimento) adquiriu caráter mais decisivo devido à quebra de cifras. Ao início, a Rússia já possuía um serviço de Inteligência or- ganizado, a Okhrana.
O período entre guerras foi o momento em que houve a
institucionalização dos primeiros órgãos de Inteligência. A URSS, a Alemanha e a Inglaterra, então, já possuíam um bom serviço de Inteligência.
Na Segunda Guerra Mundial, o Eixo possuía o seguinte aparato
de Inteligência: a Alemanha organizou o Abwehr (Inteligência militar) e SD (Inteligência do Partido Nazista); os japoneses tinham uma rede de espionagem na América, controlada da Espanha neutra, a Kempei Tai (Polícia Militar Secreta). Essa polícia foi responsável pela infiltra- ção de um espião em Pearl Harbor meses antes do ataque.
Os aliados também possuíam seu serviço de Inteligência e o
utilizaram amplamente para a quebra de códigos, como os da má- quina alemã Enigma e da japonesa Púrpura. Os ingleses criaram o Serviço de Operações Especiais (SOE). Seus agentes foram envia- dos a territórios ocupados pelo inimigo para organização de grupos de resistência. Os Estados Unidos organizaram o Escritório de
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Serviços Estratégicos (OSS), com atribuições semelhantes ao SOE. A URSS possuía a Orquestra Vermelha, que espionava, em especi- al, a Alemanha; porém Stálin não confiava muito em seus espiões.
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o Exército Vermelho atuou
como um eficaz agente do movimento comunista internacional. Os Estados Unidos descobriram que a Rússia os espionou mesmo quando eram aliados. Criaram então a CIA, seguida pela Agência de Segurança Nacional (NSA) para atuar com Sigint e passaram a basear suas decisões políticas nos relatórios de Inteligência, inici- ando, dessa maneira, a Guerra Fria, momento em que houve um grande desenvolvimento tecnológico com o objetivo de monitorar com mais precisão os passos de cada potência.
Falhas dos serviços secretos durante a Guerra Fria: queda do
muro de Berlim (falha do KGB), o fracasso do golpe contra Gorbatchev (KGB), a Revolução dos Aiatolás no Irã (CIA), a inva- são do Kuwait pelo Iraque (CIA), a Guerra do Yom Kippur (Mossad – serviço de inteligência de Israel).
No pós-Guerra Fria os alvos da Inteligência diferenciaram-se e
atualmente são os principais: espionagem econômica industrial, cri- me organizado, terrorismo internacional, tecnologia de uso ambivalente e o crime comum.
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