Textos Não Literários
Textos Não Literários
Textos Não Literários
Resumo
É muito importante, quando tratamos de literatura, saber dos conceitos por trás na produção de um texto
literário, ou seja, de um texto com propósitos artísticos - trata-se de uma forma de arte que tem como matéria-
prima a palavra.
Primeiramente, é preciso lembrar do conceito de literário e de não literário. Literário é todo texto que não
apresenta compromisso com o real nem com os fatos: por mais que um autor tenha como referência a
realidade, ele acabará recriando-a de alguma forma, colocando em seu texto sua interpretação subjetiva e sua
visão de mundo particular. Já os textos não literários tendem à objetividade: o autor tem como objetivo
transmitir sua mensagem da maneira mais clara e direta quanto possível. De uma maneira geral, pode-se dizer
que o texto literário tem como foco a emoção enquanto o texto não literário tem como foco a informação.
Em segundo lugar, é importante apontar que, apesar de a literatura ser um recorte específico das diferentes
manifestações artísticas, ela em diversos momentos da história tangenciou as artes plásticas, apresentando-
se em movimentos que também abarcaram a pintura, a escultura e, para além das artes plásticas, o cinema.
Assim, vemos que o conceito de arte e literatura são inseparáveis. Por isso, nos vestibulares, questões que
aproximem os dois conceitos não são raras. Além disso, questões que tratam da diferenciação da linguagem
referencial – direta, objetiva – da linguagem poética são recorrentes.
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Português
Exercícios
A notícia veiculada em uma revista de grande circulação apresenta fatos relacionados com o turismo
ecológico. Nessa situação específica de comunicação, a função referencial da linguagem predomina
porque o autor do texto prioriza:
a) as suas opiniões baseadas em fatos.
b) os aspectos objetivos e precisos.
c) os elementos de persuasão do leitor.
d) os elementos estéticos na construção do texto.
e) os aspectos subjetivos da mencionada pesquisa.
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Português
3. Em “Touro Indomável”, que a cinemateca lança nesta semana nos Estados de São Paulo e Rio de
Janeiro, a dor maior e a violência verdadeira vêm dos demônios de La Motta – que fizeram dele tanto
um astro no ringue como um homem fadado à destruição. Dirigida como um senso vertiginoso do
destino de seu personagem, essa obra-prima de Martin Scorcese é daqueles filmes que falam à
perfeição de seu tema (o boxe) para então transcendê-lo e tratar do que importa: aquilo que faz dos
seres humanos apenas isso mesmo, humanos e tremendamente imperfeitos.
Revista Veja, 18 fev. 2009 (adaptado).
3
Português
4. Texto I
Descuidar do lixo é sujeira
Diariamente, duas horas antes da chegada do caminhão da prefeitura, a gerência de uma das filiais do
McDonald’s deposita na calçada dezenas de sacos plásticos recheados de papelão, isopor, restos de
sanduíches. Isso acaba propiciando um lamentável banquete de mendigos. Dezenas deles vão ali
revirar o material e acabam deixando os restos espalhados pelo calçadão.
Veja São Paulo, 23-29/12/92
Texto II
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira. Em Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: J. Olympio/MEC, 1971, p.145
I. No primeiro texto, publicado por uma revista, a linguagem predominante é a literária, pois sua
principal função é informar o leitor sobre os transtornos causados pelos detritos.
II. No segundo texto, do escritor Manuel Bandeira, a linguagem não literária é predominante, pois o
poeta faz uso de uma linguagem objetiva para informar o leitor.
III. No texto “Descuidar do lixo é sujeira”, a intenção é informar sobre o lixo que diariamente é
depositado nas calçadas através de uma linguagem objetiva e concisa, marca dos textos não
literários.
IV. O texto “O bicho” é construído em versos e estrofes e apresenta uma linguagem plurissignificativa,
isto é, permeada por metáforas e simbologias, traços determinantes da linguagem literária.
4
Português
5. Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
— “Paz no futuro e glória no passado.”
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!
Hino Nacional do Brasil. Letra: Joaquim Osório Duque Estrada.
Música: Francisco Manuel da Silva (fragmento).
O uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional do Brasil é justificado por tratar-se de um(a)
reverência de um povo a seu país.
a) gênero solene de característica protocolar.
b) canção concebida sem interferência da oralidade.
c) escrita de uma fase mais antiga da língua portuguesa.
d) artefato cultural respeitado por todo o povo brasileiro.
5
Português
O Twitter é reconhecido por promover o compartilhamento de textos. Nessa notícia, essa rede social
foi utilizada como veículo/suporte para um concurso literário por causa do(a)
a) limite predeterminado de extensão do texto.
b) interesse pela participação de jovens.
c) atualidade do enredo proposto.
d) fidelidade a fatos cotidianos.
e) dinâmica da sequência narrativa.
7. Na sociologia e na literatura, o brasileiro foi por vezes tratado como cordial e hospitaleiro, mas não é
isso o que acontece nas redes sociais: a democracia racial apregoada por Gilberto Freyre passa ao
largo do que acontece diariamente nas comunidades virtuais do país. Levantamento inédito realizado
pelo projeto Comunica que Muda […] mostra em números a intolerância do internauta tupiniquim. Entre
abril e junho, um algoritmo vasculhou plataformas […] atrás de mensagens e textos sobre temas
sensíveis, como racismo, posicionamento político e homofobia. Foram identificadas 393 284 menções,
sendo 84% delas com abordagem negativa, de exposição do preconceito e da discriminação.
Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado).
Ao abordar a postura do internauta brasileiro mapeada por meio de uma pesquisa em plataformas
virtuais, o texto
a) minimiza o alcance da comunicação digital.
b) refuta ideias preconcebidas sobre o brasileiro.
c) relativiza responsabilidades sobre a noção de respeito.
d) exemplifica conceitos contidos na literatura e na sociologia.
e) expõe a ineficácia dos estudos para alterar tal comportamento.
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Português
8. Quebranto
às vezes sou o policial que me suspeito
me peço documentos
e mesmo de posse deles
me prendo e me dou porrada
às vezes sou o porteiro
não me deixando entrar em mim mesmo
a não ser
pela porta de serviço
[…]
às vezes faço questão de não me ver
e entupido com a visão deles
sinto-me a miséria concebida como um eterno
começo
fecho-me o cerco
sendo o gesto que me nego
a pinga que me bebo e me embebedo
o dedo que me aponto
e denuncio
o ponto em que me entrego.
às vezes!…
CUTI. Negroesia. Belo Horizonte: Mazza, 2007 (fragmento).
Na literatura de temática negra produzida no Brasil, é recorrente a presença de elementos que traduzem
experiências históricas de preconceito e violência. No poema, essa vivência revela que o eu lírico
a) incorpora seletivamente o discurso do seu opressor.
b) submete-se à discriminação como meio de fortalecimento.
c) engaja-se na denúncia do passado de opressão e injustiças.
d) sofre uma perda de identidade e de noção de pertencimento.
e) acredita esporadicamente na utopia de uma sociedade igualitária.
7
Português
9. Somente uns tufos secos de capim empedrados crescem na silenciosa baixada que se perde de vista.
Somente uma árvore, grande e esgalhada mas com pouquíssimas folhas, abre-se em farrapos de
sombra. Único ser nas cercanias, a mulher é magra, ossuda, seu rosto está lanhado de vento. Não se
vê o cabelo, coberto por um pano desidratado. Mas seus olhos, a boca, a pele – tudo é de uma aridez
sufocante. Ela está de pé. A seu lado está uma pedra. O sol explode.
Ela estava de pé no fim do mundo. Como se andasse para aquela baixada largando para trás suas
noções de si mesma. Não tem retratos na memória. Desapossada e despojada, não se abate em
autoacusações e remorsos. Vive. Sua sombra somente é que lhe faz companhia. Sua sombra, que se
derrama em traços grossos na areia, é que adoça como um gesto a claridade esquelética. A mulher
esvaziada emudece, se dessangra, se cristaliza, se mineraliza. Já é quase de pedra como a pedra a seu
lado. Mas os traços de sua sombra caminham e, tornando-se mais longos e finos, esticam-se para os
farrapos de sombra da ossatura da árvore, com os quais se enlaçam.
FRÓES, L. Vertigens: obra reunida. Rio de Janeiro: Rocco, 1998
Edital
Notificação – Síntese da resolução publicada no Diário Oficial da Cidade, 29/07/2011 – página 41 –
511.a Reunião Ordinária, em 21/06/2011.
Resolução n.o 08/2011 – tombamento dos imóveis da Rua Augusta. n.o 349 e n.o 353, esquina com a
Rua Marquês de Paranaquá, n.o 315. n.o 327 e n.o 329 (Setor 010, Quadra 026, Lotes 0016-2 e 00170-
0), bairro da Consolação. Subprefeitura da Sé, conforme o processo administrativo n.o 1991-0.005.365-
1.
Folha de S. Paulo, 5 ago. 2011 (adaptado).
Um leitor interessado nas decisões governamentais escreve uma carta para o jornal que publicou o
edital, concordando com a resolução sintetizada no Edital da Secretaria de Cultura. Uma frase
adequada para expressar sua concordância é:
a) Que sábia iniciativa! Os prédios em péssimo estado de conservação devem ser derrubados.
b) Até que enfim! Os edifícios localizados nesse trecho descaracterizam o conjunto arquitetônico da
Rua Augusta.
c) Parabéns! O poder público precisa mostrar sua força como guardião das tradições dos moradores
locais.
d) Justa decisão! O governo dá mais um passo rumo à eliminação do problema da falta de moradias
populares.
e) Congratulações! O patrimônio histórico da cidade merece todo empenho para ser preservado.
8
Português
Gabarito
A
Os textos literários são subjetivos, não apresentando assim qualquer compromisso com a transparência
de ideias e conceitos.
B
A função referencial, encontrada nos textos jornalísticos, tem como principal característica objetividade,
cuja finalidade é transmitir uma informação de maneira clara ao expor dados sem interferências de
comentários subjetivos e pessoais.
D
O autor faz uma resenha crítica sobre o filme, colocando sua opinião, além de expor detalhes relevantes
sobre a obra.
B
O primeiro texto apresenta uma linguagem objetiva e tem propósito informativo, enquanto o segundo
texto apresenta uma linguagem mais poética.
B
O uso da norma padrão é a forma utilizada para estabelecer em gêneros que retratam a característica
protocolar. Isso explica a sua utilização no Hino Nacional Brasileiro que se trata de um símbolo
representativo nacional; logo, seu caráter precisa mais formal.
A
O fato de o Twitter limitar a quantidade de caracteres fez com que fosse escolhido como veículo para o
concurso de microcontos.
B
O texto retrata uma mudança nas ideias pré-estabelecidas do brasileiro. Ele não é mais considerado
cordial e hospitaleiro devido ao discurso de ódio empregado nas redes sociais, que comprovam uma
abordagem negativa preconceituosa e discriminatória.
A
O poema apresenta a vivência do eu lírico com situações de discriminação. Dessa forma, ele incorpora o
papel de policial e de porteiro e seus discursos opressores devido à persistência histórica de preconceito
e violência.
A
O enunciado reforça o entrelaçamento dos elementos contidos no texto, e a letra A, por meio da palavra
“amalgamada”, evidencia essa fusão da mulher com a natureza.
9
Português
E
A palavra “tombamento” está relacionada à transformação de um imóvel em patrimônio público, o que
garante a sua preservação.
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Português
Modos de organização
Resumo
Narração
A narração, de forma progressiva, expõe as mudanças de estado que acontecem com objetos, cenários e
pessoas através do tempo. Dentro desse tipo textual há elementos importantes como, por exemplo, o foco
narrativo, o tipo de discurso (direto, indireto ou indireto livre), o enredo, o tempo, o espaço e os personagens.
O foco narrativo
Narrador em 1ª pessoa: Narrador-personagem. A narrativa é vista de dentro para fora, de acordo com as
perspectivas do personagem que é caracterizado, também, por meio das relações que faz, da linguagem que
usa e de suas experiências.
Tipos de discurso
Discurso direto: dá voz à personagem. Confere mais rapidez e dinamismo à narrativa. Possui enunciado em
1ª ou 2ª pessoa.
Exemplo:
“- Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que apareceu à porta do jardim, em Santa Teresa.
– Depois do almoço, que acabou às duas horas, estive arranjando uns papéis. Mas não é tão tarde assim,
continuou Rubião, vendo o relógio; são quatro horas e meia.
– Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar de censura.”
“Quincas Borba” de Machado de Assis
1
Português
Discurso indireto: A fala do personagem passa a ter a voz do narrador. É ele quem reproduz a fala do
personagem. Possui enunciado em 3ª pessoa.
Exemplo:
“Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo cálculo aproximado do tempo, pois estava sem
relógio e mesmo se o tivesse não poderia consultá-la à fraca luz da masmorra, imaginava podiam ser onze
horas.”
“Triste Fim de Policarpo Quaresma” de Lima Barreto
Discurso indireto livre: Há a mescla das vozes do personagem e do narrador, o que pode ocasionar certa
confusão ao leitor.
Exemplo:
“O marquês e D. Diogo, sentados no mesmo sofá, um com a sua chazada de inválido, outro com um copo de
St. Emilion, a que aspirava o bouquet, falavam também de Gambetta. O marquês gostava de Gambetta: fora
o único que durante a guerra mostrara ventas de homem; lá que tivesse «comido» ou que «quisesse comer»
como diziam – não sabia nem lhe importava. Mas era teso! E o Sr. Grevy também lhe parecia um cidadão
sério, ótimo para chefe de Estado…”
“Os Maias” de Eça de Queirós
O enredo
É o conjunto de fatos que se desenrola na história, os acontecimentos, intrigas, encontros. O enredo é a própria
narrativa. Em sua estrutura lógica podemos identificar:
a) Situação inicial: Começo da história e apresentação dos personagens e suas características, espaço e
tempo.
b) Complicação: Ruptura do equilíbrio inicial, surgimento do conflito e encadeamento dos fatos da narrativa.
c) Clímax: Ponto alto do conflito, resultante dos encontro de vários conflitos entre as personagens.
d) Desfecho: Solução final dos conflitos. Assim como na situação inicial, há novamente um equilíbrio no
texto.
O tempo
Responsável pelo ritmo rápido ou lento da narrativa. Podemos ter dois tipos de tempo: o cronológico
(passagem normal do tempo) e o psicológico (narrativa reflexiva, por dentro da subjetividade do narrador.
2
Português
O espaço
O espaço pode ser real ou virtual. O espaço é classificado como real quando está no mundo que nós
conhecemos. Podemos pensar também que, por exemplo, o mundo dos elfos é real dentro do contexto em
que está inserido, pois os eventos da sua história acontecem nele. O espaço psicológico (ou de fuga) é aquele
que modifica a realidade do que é narrado, ou seja, são espaços fora da realidade mais palpável: fantasias,
sonhos, imaginação. Observe o conto abaixo:
A velhinha contrabandista
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava na fronteira montada na
lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da alfândega - tudo malandro velho - começou a
desconfiar da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da alfândega mandou ela parar. A
velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a
senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo,
e respondeu:
- É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta
para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado,
ordenou à velhinha fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com
moamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o
fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O
fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o
que ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com quarenta anos de serviço. Manjo essa coisa de
contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
- Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a
ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os
dias?
- O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha.
- Juro - respondeu o fiscal.
- É lambreta.
Stanislaw Ponte Preta. Para gostar de ler, vol. 8. São Paulo, Ed. Ática, 1997
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Português
Descrição
A descrição é um tipo textual que tem por objetivo descrever, ou melhor, fazer um retrato verbal de pessoas,
objetos, cenas ou ambientes. Entretanto, é muito difícil encontrar um texto exclusivamente descritivo e o que
ocorre são trechos descritivos no meio de textos narrativos. Para diferenciar os dois tipos de texto, deve-se
perceber o caráter estático do texto descritivo enquanto o narrativo possui uma sequência de episódios.
Nos textos descritivos há predomínio de adjetivos, frases nominais, períodos curtos e verbos de ligação que
visam retratar em detalhes um ambiente, um personagem, um objeto etc. Além disso, a visão particular de um
personagem também pode ser característica da descrição, que pode ser feita em primeira ou terceira pessoa.
Se em primeira pessoa, é evidente que o personagem participa da história; se em terceira pessoa, o narrador
descreve. Observe o fragmento narrativo com traços de descrição:
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios
de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O
favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua
guerreira tribo da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que
vestia a terra com as primeiras águas.
Alencar, José de. Iracema: lenda do Ceará - São Paulo: Via Leitura, 2016.
Texto argumentativo
O texto argumentativo é aquele em que defendemos um ponto de vista com o objetivo de convencer, persuadir
ou influenciar o leitor ou ouvinte. Esse convencimento é feito mediante a apresentação de razões, em face da
evidência das provas com base em um raciocínio coerente e consistente.
Para que o leitor seja convencido de uma ideia, ela deve ser construída por meio de evidências. Ela pode ser
comprovada por meio de exemplos, ilustrações, dados estatísticos, argumentos de autoridade, entre outros.
A evidência é o elemento mais importante da argumentação, pois toda argumentação consiste em uma
declaração seguida da prova. Observe o texto abaixo:
Até então, nunca tinha acreditado na afirmação sofrer é crescer. Afinal, atingir a maioridade sempre significou
liberdade, ou seja, fazer tudo o que era proibido na adolescência. Ao pisar fora do território familiar, me deparei
com as vantagens e as desvantagens de viver só. Tarefas domésticas como lavar a roupa, passar, fazer
supermercado e cozinhar ganharam prioridade. Anos depois, quando fui estudar na Inglaterra, lembro da cena
de um garoto de 17 anos, numa lavanderia, colocando duas enormes trouxas de roupa em três máquinas de
lavar. Meias, toalhas e panos de prato dividiram a mesma água e o mesmo sabão em pó. O resultado foi
catastrófico: peças esverdeadas e a certeza de que manter a roupa limpa, passada e sem manchas não é
fácil.
4
Português
Em diversos países, sair de casa jovem é um rito de passagem natural para a vida adulta. Uma espécie de
serviço militar obrigatório para deixar de lado a dependência doméstica e provar que é possível se virar
sozinho. Nos Estados Unidos, alguns estudantes preferem morar em alojamentos universitários mesmo
quando a casa dos pais está localizada na mesma cidade. Além de ser encarado como uma forma de
aproveitar ainda mais os anos da universidade, há uma certa pressão familiar para que os filhos cortem logo
o cordão umbilical com os pais.
(...)
No Brasil, as condições econômicas tornam o ato de sair de casa um privilégio. Mas é claro que essa não é a
única razão para ver tantos jovens de classe média – muitos deles com mais de 30 anos – protegidos no
ninho dos pais. Além das diferenças culturais, há uma certa mentalidade que não estimula a autonomia dos
jovens no país. Talvez o traço mais visível dessa mentalidade seja a resistência que os jovens brasileiros têm
para aceitar trabalhos considerados “menos nobres”. É incrível como, por aqui, tarefas como trabalhar em
fast-foods, servir mesas em restaurantes e carregar malas em hotéis são vistas com menosprezo. Os pais
também são culpados disso. Preferem ver os filhos fazendo nada sob suas asas a tê-los exercendo uma
atividade “não tão nobre” como primeiro emprego. Em vez de se orgulharem de vê-los batalhando seu espaço
no mercado de trabalho, ficam preocupados com o que as outras famílias vão pensar – como se eles não
fossem capazes de sustentar sua prole.
É bem provável que esse comportamento típico da classe média brasileira seja uma herança da velha
mentalidade da casa grande nas antigas fazendas, quando as famílias abastadas preparavam os seus filhos
para se tornarem bacharéis e deixavam para os escravos todas as outras tarefas.
Disponível em: <http://super.abril.com.br/cultura/ja-para-fora-de-casa/>.
Texto injuntivo
O texto injuntivo (ou instrucional) é aquele que explica sobre algo para o leitor para a realização de uma ação.
Sua função é instruir para que ele seja capaz de realizar uma atividade. São exemplos desse tipo textual, os
gêneros: receita médica, receita culinária, bula de remédio, manual de instruções, entre outros. Além disso,
uma das características do texto instrucional é a utilização de verbos no modo imperativo para configurar
“ordem” sobre o procedimento a ser realizado.
Veja o exemplo abaixo:
5
Português
Texto expositivo
Comumente, o texto expositivo circular muito nas esferas acadêmicas e escolares: seminários, resumos,
artigos acadêmicos, congressos, conferências, palestras, colóquios, entrevistas etc.
No texto expositivo, o objetivo central do locutor (emissor) é explicar ou expor determinado assunto, a partir
de recursos como a conceituação, a definição, a descrição, a comparação, a informação, enumeração.
Veja um exemplo abaixo:
Entrevista
“Clarice Lispector, de onde veio esse Lispector?
É um nome latino, não é? Eu perguntei a meu pai desde quando havia Lispector na Ucrânia. Ele disse que há
gerações e gerações anteriores. Eu suponho que o nome foi rolando, rolando, rolando, perdendo algumas
sílabas e foi formando outra coisa que parece “Lis” e “peito”, em latim. É um nome que quando escrevi meu
primeiro livro, Sérgio Milliet (eu era completamente desconhecida, é claro) diz assim: “Essa escritora de nome
desagradável, certamente um pseudônimo…”. Não era, era meu nome mesmo.
Você chegou a conhecer o Sérgio Milliet pessoalmente?
Nunca. Porque eu publiquei o meu livro e fui embora do Brasil, porque eu me casei com um diplomata
brasileiro, de modo que não conheci as pessoas que escreveram sobre mim.
Clarice, seu pai fazia o que profissionalmente?
Representações de firmas, coisas assim. Quando ele, na verdade, dava era para coisas do espírito.
Há alguém na família Lispector que chegou a escrever alguma coisa?
6
Português
Eu soube ultimamente, para minha enorme surpresa, que minha mãe escrevia. Não publicava, mas escrevia.
Eu tenho uma irmã, Elisa Lispector, que escreve romances. E tenho outra irmã, chamada Tânia Kaufman, que
escreve livros técnicos.
Você chegou a ler as coisas que sua mãe escreveu?
Não, eu soube há poucos meses. Soube através de uma tia: “Sabe que sua mãe fazia um diário e escrevia
poesias?” Eu fiquei boba…
Nas raras entrevistas que você tem concedido surge, quase que necessariamente, a pergunta de como você
começou a escrever e quando?
Antes de sete anos eu já fabulava, já inventava histórias, por exemplo, inventei uma história que não acabava
nunca. Quando comecei a ler comecei a escrever também. Pequenas histórias.
Trecho da última entrevista com a escritora Clarice Lispector, concedida em 1977, ao repórter Júlio Lerner, da TV Cultura.
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Português
Exercícios
Sobre o tipo de narrador presente na música Eduardo e Mônica, é correto afirmar que se trata de um:
a) Narrador personagem, pois, além de narrar os fatos, verídicos ou não, faz parte da história contada,
sendo assim, personagem dela. Esse tipo de personagem apresenta uma visão limitada dos fatos,
já que a narrativa é conduzida sob seu ponto de vista.
b) Narrador testemunha, pois é uma das personagens que vivem a história contada, mas não é uma
personagem principal.
c) Narrador onisciente, pois sabe de tudo o que acontece na narrativa, seus aspectos e o
comportamento das personagens, podendo, inclusive, descrever situações simultâneas, embora
essas ocorram em lugares diferentes.
d) Narrador observador, pois presencia a história, mas diferentemente do que acontece com o
narrador onisciente, não tem controle e visão sobre todas as ações e personagens, confere os
fatos, mas apenas de um ângulo.
e) Narrador onisciente neutro, pois relata os fatos e descreve as personagens, no entanto, não tenta
influenciar o leitor com opiniões a respeito das personagens, falando apenas sobre os fatos
indispensáveis para a compreensão da leitura.
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Português
2. O trecho abaixo foi extraído da obra Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade.
Botafogo etc.
"Beiramarávamos em auto pelo espelho de aluguel arborizado das avenidas marinhas sem sol.
Losangos tênues de ouro bandeiranacionalizavam os verdes montes interiores. No outro lado azul da
baía a Serra dos Órgãos serrava. Barcos. E o passado voltava na brisa de baforadas gostosas. Rolah ia
vinha derrapava em túneis.
Copacabana era um veludo arrepiado na luminosa noite varada pelas frestas da cidade.
Didaticamente, costuma-se dizer que, em relação à sua organização, os textos podem ser compostos
de descrição, narração e dissertação; no entanto é difícil encontrar-se um trecho que seja só descritivo,
apenas narrativo, somente dissertativo.
Levando-se em conta tal afirmação, selecione uma das alternativas abaixo para classificar o texto de
Oswald de Andrade:
9
Português
Considerando as ideias desenvolvidas pelo autor, conclui-se que o texto tem a finalidade de
a) descrever e fornecer orientações sobre a síndrome da compulsão alimentícia.
b) narrar a vida das pessoas que têm o transtorno do comer compulsivo.
c) aconselhar as pessoas obesas a perder peso com métodos simples.
d) expor de forma geral o transtorno compulsivo por alimentação.
e) encaminhar as pessoas para a mudança de hábitos alimentícios.
10
Português
A partir da análise do trecho do conto, podemos dizer que o texto classifica-se como
a) Um texto de relato, pois transmite os fatos acontecidos com foco no acontecimento;
b) Um texto narrativo, seu material é o fato e a ação que envolve os personagens;
c) Um texto dissertativo, cuja principal intenção é a exposição de opiniões com a intenção de
persuadir o leitor;
d) Um texto narrativo-descritivo, pois é predominantemente narrativo com passagens descritivas;
e) Um texto do tipo carta argumentativa, muito comum em jornais e revistas. Apresenta argumentos
incisivos com intenção de influenciar ou rebater a opinião de outros leitores.
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Português
5. Considere o texto:
"O incidente que se vai narrar, e de que Antares foi teatro na sexta-feira 13 de dezembro do ano de 1963,
tornou essa localidade conhecida e de certo modo famosa da noite para o dia. (...) Bem, mas não
convém antecipar fatos nem ditos. Melhor será contar primeiro, de maneira tão sucinta e imparcial
quanto possível, a história de Antares e de seus habitantes, para que se possa ter uma ideia mais clara
do palco, do cenário e principalmente dos personagens principais, bem como da comparsaria, desse
drama talvez inédito nos anais da espécie humana.”
(Fragmento do livro Incidente em Antares, de Érico Veríssimo)
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Português
6.
Assinale a alternativa em que o diálogo do primeiro quadrinho tem expressão adequada em discurso
indireto, dando sequência à frase abaixo.
Indagada sobre o segredo de um casamento duradouro, a velha senhora respondeu à jovem secretária
a) isso: fosse você mesma, tivesse seus próprios interesses, desse espaço ao outro e ficando fora
do caminho.
b) o seguinte: seja você mesma, tivesse seus próprios interesses, desse espaço ao outro e fique fora
do caminho.
c) que fosse ela mesma, tivesse seus próprios interesses, desse espaço ao outro e ficasse fora do
caminho.
d) que: seja você mesma, tenha seus próprios interesses, dê espaço ao outro e fique fora do caminho.
e) que fora ela mesma, tenha seus próprios interesses, desse espaço ao outro e ficasse fora do
caminho.
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Português
7. Autorretrato falado
Venho de um Cuiabá de garimpos e de ruelas entortadas.
Meu pai teve uma venda no Beco da Marinha, onde nasci.
Me criei no Pantanal de Corumbá entre bichos do chão,
aves, pessoas humildes, árvores e rios.
Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de estar
entre pedras e lagartos.
Já publiquei 10 livros de poesia: ao publicá-los me sinto
meio desonrado e fujo para o Pantanal onde sou
abençoado a garças.
Me procurei a vida inteira e não me achei — pelo que
fui salvo.
Não estou na sarjeta porque herdei uma fazenda de gado.
Os bois me recriam.
Agora eu sou tão ocaso!
Estou na categoria de sofrer do moral porque só faço
coisas inúteis.
No meu morrer tem uma dor de árvore.
Manoel de Barros
Uma obra literária pode combinar diferentes gêneros, embora, de modo geral, um deles se mostre
dominante. O poema de Manoel de Barros, predominantemente lírico, apresenta características de um
outro gênero. Qual?
a) Gênero épico.
b) Gênero poético.
c) Gênero elegíaco.
d) Gênero dramático.
e) Gênero narrativo.
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Português
Texto II
“Era um homem alto, robusto, muito forte, que caminhava lentamente, como se precisasse fazer
esforço para movimentar seu corpo gigantesco. Tinha, em contrapartida, uma cara de menino, que a
expressão alegre acentuava ainda mais.”
Texto III
Novas tecnologias
Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação das novas tecnologias, principalmente
aquelas ligadas às atividades de telecomunicações. Expressões frequentes como “o futuro já chegou”,
“maravilhas tecnológicas” e “conexão total com o mundo” “fetichizam” novos produtos, transformando-
os em objetos do desejo, de consumo obrigatório. Por esse motivo carregamos hoje nos bolsos, bolsas
e mochilas o “futuro” tão festejado.
Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um aparelho midiático perverso, ou de um
aparelho capitalista controlador. Há perversão, certamente, e controle, sem sombra de dúvida.
Entretanto, desenvolvemos uma relação simbiótica de dependência mútua com os veículos de
comunicação, que se estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossiê pessoal transformado em
objeto público de entretenimento.
Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão, somos livres para nos aprisionar, por
espontânea vontade, a esta relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na qual tanto
controlamos quanto somos controlados.
SAMPAIO, A. S. A microfísica do espetáculo. Disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br>. Acesso
em: 1 mar. 2013 (adaptado).
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Português
Texto IV
Modo de preparo:
1. Bata no liquidificador primeiro a cenoura com os ovos e o óleo, acrescente o açúcar e bata por 5
minutos;
2. Depois, numa tigela ou na batedeira, coloque o restante dos ingredientes, misturando tudo, menos
o fermento;
3. Esse é misturado lentamente com uma colher;
4. Asse em forno preaquecido (180° C) por 40 minutos.
8. Analise os fragmentos e assinale a alternativa que indique as tipologias textuais às quais eles
pertencem:
16
Português
9.
Não, aquela fonte de luz tinha uma propagação trêmula, uma claridade branca e seca, uma temperatura
pouco elevada e um brilho de fato maior que o da Lua, evidenciando uma origem elétrica. (l. 19-21)
A passagem transcrita acima revela uma característica na descrição do cenário que pode ser definida
como:
a) exemplificação do tema do diálogo entre personagens
b) intensificação do envolvimento do narrador com a cena
c) contraposição com os aspectos visuais relativos à paisagem
d) enumeração de elementos díspares na composição do espaço
17
Português
10. A chamada Lei do Agrotóxico (n° 7.802, de 11/06/89) determina que os rótulos dos produtos não
contenham afirmações ou imagens que possam induzir o usuário ao erro quanto a sua natureza,
composição, segurança, eficácia e uso. Também proíbe declarações sobre a inocuidade, tais como
"seguro", “não venenoso", “não tóxico”, mesmo que complementadas por afirmações do tipo “quando
utilizado segundo as instruções”. Em face das proibições da Lei, a compreensão da frase: “Cuidado,
este produto pode ser tóxico”
a) precisa levar em consideração que a condição suficiente para que um produto possa ser tóxico é
sua ingestão, inalação ou contato com a pele e não sua composição.
b) exige cautela, pois a expressão “pode ser” pressupõe “pode não ser”, permitindo a interpretação
de que se trata de um produto “seguro", “não venenoso”, “não tóxico".
c) precisa levar em consideração que a expressão “pode ser” elimina o sentido de “pode não ser”,
consistindo em um alerta ao usuário sobre a inocuidade dos produtos.
d) exige admitir que a condição necessária para que um produto seja tóxico é a sua composição,
induzindo o usuário a erro quanto à inocuidade e ao mau uso dos produtos.
e) precisa ser complementada com a consideração de que a segurança no manuseio dos agrotóxicos
elimina sua toxicidade, bem como eventuais riscos de intoxicação.
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Português
Gabarito
1. A
Narrador personagem, pois há traços de emoção por parte de quem narra, mostrando ao leitor seu ponto
de vista sobre os fatos.
2. A
O fragmento narra uma situação, mas há predominância de elementos descritivos (Ex.: “Copacabana era
um veludo arrepiado na luminosa noite varada pelas frestas da cidade.”).
3. D
O texto apenas expõe estatísticas e dados descritivos sobre o transtorno. Dessa forma, configura-se um
texto expositivo.
4. D
O fragmento do texto de Machado de Assis apresenta passagens descritivas em que o narrador busca
caracterizar as personagens e o espaço.
5. C
O relato do narrador se da de maneira objetiva e imparcial, como está esclarecido no próprio fragmento
(“Melhor será contar primeiro, de maneira tão sucinta e imparcial quanto possível,...”).
6. C
Na transposição do discurso direto para o indireto (3ª pessoa) o tempo verbal adequado é o pretérito do
subjuntivo (indicado pela alternativa C).
7. E
É possível perceber no poema de Manoel de Barros traços narrativos, como por exemplo: apresenta os
fatos numa sequência temporal; conta uma história. Além disso, não apresenta ritmo marcado nem
rimas, aproximando-se da fala.
8. A
I. Predominam elementos narrativos; II. Predominam elementos descritivos, como adjetivos; III.
Predomina o caráter objetivo, típico da dissertação; IV. Texto injuntivo, que caracteriza uma prescrição.
9. B
A descrição presente no fragmento destacado revela o envolvimento entre o narrador e a cena narrada,
principalmente por conta da marca de interlocução (“Não”), que demonstra o envolvimento do narrador
ao rejeitar uma descrição anterior.
10. B
De acordo com a lei, deve haver cuidado com o modo como as mensagens estão colocadas nos rótulos,
para que não haja má interpretação por parte do consumidor. Esse fato se aplica à frase em questão,
pois “pode ser” implica o fato de que pode, muitas vezes, ser interpretado, também, como “pode não ser”.
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Português
Professor: Eduardo Valladares
Secretaria de Cultura
EDITAL
NOTIFICAÇÃO — Síntese da resolução publicada no Diário Oficial da Cidade, 29/07/2011 —
página 41 — 511ª Reunião Ordinária, em 21/06/2011.
Resolução no 08/2011 — TOMBAMENTO dos imóveis da Rua Augusta, no 349 e no 353, esquina
com a Rua Marquês de Paranaguá, no 315, no 327 e no 329 (Setor 010, Quadra 026, Lotes 0016-
2 e 00170-0), bairro da Consolação, Subprefeitura da Sé, conforme o processo administrativo no
1991-0.005.365-1.
Folha de S. Paulo, 5 ago. 2011 (adaptado).
Um leitor interessado nas decisões governamentais escreve uma carta para o jornal que publicou
o edital, concordando com a resolução sintetizada no Edital da Secretaria de Cultura. Uma frase
adequada para expressar sua concordância é:
a) Que sábia iniciativa! Os prédios em péssimo estado de conservação devem ser
derrubados.
b) Até que enfim! Os edifícios localizados nesse trecho descaracterizam o conjunto
arquitetônico da Rua Augusta.
c) Parabéns! O poder público precisa mostrar sua força como guardião das tradições dos
moradores locais.
d) Justa decisão! O governo dá mais um passo rumo à eliminação do problema da falta de
moradias populares.
e) Congratulações! O patrimônio histórico da cidade merece todo empenho para ser
preservado.
Novas tecnologias
Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação das novas tecnologias, principalmente
aquelas ligadas às atividades de telecomunicações. Expressões frequentes como ―o futuro já
chegou‖, ―maravilhas tecnológicas‖ e ―conexão total com o mundo‖ ―fetichizam‖ novos produtos,
transformando-os em objetos do desejo, de consumo obrigatório. Por esse motivo carregamos
hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o ―futuro‖ tão festejado.
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Português
Professor: Eduardo Valladares
Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão, somos livres para nos aprisionar, por
espontânea vontade, a esta relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na qual tanto
controlamos quanto somos controlados.
SAMPAIO, A. S. A microfísica do espetáculo. Disponível em:
http://observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 1 mar. 2013 (adaptado).
Ao escrever um artigo de opinião, o produtor precisa criar uma base de orientação linguística que
permita alcançar os leitores e convencê-los com relação ao ponto de vista defendido. Diante
disso, nesse texto, a escolha das formas verbais em destaque objetiva
a) Criar relação de subordinação entre leitor e autor, já que ambos usam as novas
tecnologias.
b) Enfatizar a probabilidade de que toda população brasileira esteja aprisionada às novas
tecnologias.
c) Indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje as pessoas são controladas pelas
novas tecnologias.
d) Tornar o leitor copartícipe do ponto de vista de que ele manipula as novas tecnologias e
por elas é manipulado.
e) Demonstrar ao leitor sua parcela de responsabilidade por deixar que as novas tecnologias
controlem as pessoas.
3. Fora da ordem
Em 1588, o engenheiro militar italiano Agostinho Romelli publicou Le Diverse et Artificiose
Machine, no qual descrevia uma máquina de ler livros. Montada para girar verticalmente, como
uma roda de hamster, a invenção permitia que o leitor fosse de um texto ao outro sem se levantar
de sua cadeira.
Hoje podemos alternar entre documentos com muito mais facilidade – um clique no mouse
é suficiente para acessarmos imagens, textos, vídeos e sons instantaneamente. Para isso,
usamos o computador, e principalmente a internet – tecnologias que não estavam disponíveis no
Renascimento, época em que Romelli viveu.
BERCITTO, D. Revista Língua Portuguesa. Ano II. N°14.
O inventor italiano antecipou, no século XVI, um dos princípios definidores do hipertexto: a quebra
de linearidade na leitura e a possibilidade de acesso ao texto conforme o interesse do leitor. Além
de ser característica essencial da internet, do ponto de vista da produção do texto, a
hipertextualidade se manifesta também em textos impressos, como
a) Dicionários, pois a forma do texto dá liberdade de acesso à informação.
b) Documentários, pois o autor faz uma seleção dos fatos e das imagens.
c) Relatos pessoais, pois o narrador apresenta sua percepção dos fatos.
d) Editoriais, pois o editorialista faz uma abordagem detalhada dos fatos.
e) Romances românticos, pois os eventos ocorrem em diversos cenários.
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Professor: Eduardo Valladares
TEXTOS PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:
4. As duas cartas acima são de leitores expressando suas opiniões sobre o episódio de agressão
ao governador de São Paulo em manifestação de professores em greve. O veículo de publicação
das cartas – o jornal – impõe um limite de espaço para os textos. Em função desse limite de
espaço, os dois textos apresentam como traço comum:
a) Combate a pontos de vista de outros leitores
b) Construção de comprovações por meio de silogismos
c) Expressão de opinião sem fundamentos desenvolvidos
d) Escolha de assunto segundo o interesse do editor do jornal
5. Em geral, esse tipo de carta no jornal busca convencer os leitores de um dado ponto de vista.
Por causa dessa intenção, é possível verificar que ambas as cartas transcritas se caracterizam
por:
a) Finalizar com perguntas retóricas para expressar sua argumentação
b) Iniciar com considerações gerais para contestar opiniões muito difundidas
c) Utilizar orações de estruturação negativa para defender a posição de outros
d) Empregar estruturas de repetição para reforçar ideias centrais da argumentação
6. Pela leitura da carta de Arthur Costa da Silva, é possível afirmar que as perguntas nela
presentes têm o seguinte significado:
a) Questionar as atitudes dos políticos brasileiros
b) Apontar falhas no discurso de autoridades brasileiras
c) Propor uma reflexão acerca da atitude dos agressores
d) Mostrar solidariedade ao comportamento dos manifestantes
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Professor: Eduardo Valladares
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
7. O texto exemplifica um gênero textual híbrido entre carta e publicidade oficial. Em seu
conteúdo, é possível perceber aspectos relacionados a gêneros digitais. Considerando-se a
função social das informações geradas nos sistemas de comunicação e informação presentes no
texto, infere-se que:
a) A utilização do termo download indica restrição de leitura de informações a respeito de
formas de combate à dengue.
b) A diversidade dos sistemas de comunicação empregados e mencionados reduz a
possibilidade de acesso às informações a respeito do combate à dengue.
c) A utilização do material disponibilizado para download no site www.combatadengue.com.br
restringe-se ao receptor da publicidade.
d) A necessidade de atingir públicos distintos se revela por meio da estratégia de
disponibilização de informações empregada pelo emissor.
e) A utilização desse gênero textual compreende, no próprio texto, o detalhamento de
informações a respeito de formas de combate à dengue.
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Professor: Eduardo Valladares
PARTE 2 – DISCUSSÃO DE IDEIAS
E como fica essa história de mulher pagar menos ou entrar de graça até uma determinada hora
da festa ou do baile?
É uma velha tradição. Não somente brasileira, como bem sabemos. Do tempo em que os bichos
falavam e as moças estavam longe de ganhar uma grana, comandar trens, metrôs, aviões,
plataformas de petróleo e a presidência da República.
Agora muitas fêmeas reclamam do desconto ou da entrada livre. Não sei se é a mesma turma que
blasfema aos céus contra os gestos de cavalheirismo em extinção: como ter a conta do jantar
quitada pelo homem, por exemplo, além de outros mimos & delicadezas.
Toco no tema, para debate aqui no nosso boteco filosófico, por causa de uma consulta de um
leitor de Maceió. Ele é produtor de festas. Decidiu por não cobrar do mulherio até um certo horário
da tertúlia dançante.
A regalia lhe custou caro. Haja protesto das moças. Seu machista, porco chauvinista, direitos
iguais, rapaz, queremos pagar decentemente, sem essa de cortesia da casa.
O amigo produtor ficou assustado e me escreveu em consulta. Eu disse que era um clássico esse
tipo de distinção de festas e casas noturnas. Das boates modernas de SP ao cabaré Ladylaura lá
no Crato.
Disse-lhe que não via ofensa machista na proposta. Também deixei claro, o moço também sabia,
que as mulheres estão certas em um tratamento igualitário mesmo para pagar mais e evitarem
certos privilégios.
O meu querido leitor estava assustado com a reação das meninas modernas.
Bom assunto pra gente botar aqui na roda da fogueira. O que vocês acham? É ofensiva a catraca
livre para as moças? Mesmo sendo de graça a mulher deve ir lá e exigir o direito de pagar igual
aos cabras?
Lembro também que os restaurantes em sistema rodízio também fazem a deferência: muitos
cobram só a metade. Aí e fácil. A maioria das mulheres comem menos mesmo do que seus
selvagens maridos, amantes ou namorados.
Agora me ocorre o velho bordão do feirante: mulher bonita não paga. No que o outro vendedor de
frutas emenda: mas também não leva.
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Professor: Eduardo Valladares
É com vocês que eu aprendo. Sintam-se em casa, mais uma vez, e comentem!
http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/page/2/
8. Leia novamente:
―Bom assunto pra gente botar aqui na roda da fogueira. O que vocês acham? É ofensiva a catraca
livre para as moças? Mesmo sendo de graça a mulher deve ir lá e exigir o direito de pagar igual
aos cabras?‖
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