Microbiologia e Parasitologia - Apostila

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Módulo II

MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA

Turma 201_____._____/____ - Técnico em _______________________


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Professor: _______________________________
Módulo II

MICROBIOLOGIA

Ciência que estuda os organismos invisíveis á olho nu, sejam


bactérias, fungos, vírus ou outras formas de microrganismos. A
microbiologia tem por objetivo o estudo dos microrganismos e
suas atividades. Os microrganismos compreendem as Bactérias,
Fungos (bolores, leveduras e orelha de pau), Vírus (limiar da
vida), Algas e Protozoários.
Os microrganismos são os organismos ideais para estudo dos fenômenos biológicos porque
possuem algumas peculiaridades como: apresentam uma ampla variedade de processos bioquímicos
que vão desde a simplicidade nutritiva crescendo em meios salinos até o parasitismo que variam desde
a exigência de um a vários compostos químicos como os aminoácidos até aqueles conhecidos como
parasitas, como os energéticos ou dependentes de nucleotídeos piridínicos ou até a dependência
completa de células vivas para completar o desenvolvimento; por apresentar uma elevada relação de
superfície volume e efetuar concomitantemente o processo de duplicação genômica, transcrição e
tradução, eficientes sistemas de transporte apresentam altas taxas metabólicas podendo atingir cerca de
100 gerações em menos de vinte e quatro horas alcançando populações superiores a um milhão no
mesmo período, tornando-os ideais para estudo metabólicos e genéticos, são mantidos fácil e
economicamente em meios de cultura apresentando; à microbiologia básica interessa o estudo da
morfologia seus arranjos e reações aos processos de coloração, fisiologia, metabolismo, genética, a
caracterização e identificação dos microrganismos.
Ao microbiologista também interessa
estudar a sua distribuição natural, as relações
recíprocas e com outros seres vivos nos quais
provocam efeitos benéficos, indiferentes ou
prejudiciais ao homem, outros animais e às
plantas, bem como às alterações físicas e
químicas que provocam no meio ambiente.
Quanto ao estudo dos diferentes tipos de microrganismos a microbiologia divide-se em
Bacteriologia que estuda as bactérias, a Micologia que estuda os fungos, a Ficologia que estuda as
algas e a Virologia que se dedica aos estudos dos elementos acelulares, os vírus e os príons. Existem

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muitos campos de aplicação da microbiologia. Em relação à aplicação da microbiologia esta ciência


pode ser dividida em:
Microbiologia médica estuda os microrganismos patogênicos para homem, para a cavidade
oral (Microbiologia oral) e animais (Microbiologia Animal ou Veterinária).
Este campo de aplicação está relacionado com o controle e prevenção das doenças, associada, portanto
às práticas assépticas, antibioticoterapia, quimioterapia e imunização, bem como com a epidemiologia
ou epizootiologia e os métodos de diagnóstico das doenças infecciosas.
Microbiologia Ambiental estuda os microrganismos,
particularmente bactérias e fungos que desempenham papel
importante na decomposição de matéria orgânica e a
reciclagem dos elementos químicos da natureza (ciclos
biogeoquímicos). De modo geral, esses microrganismos
efetuam a bioconversão de resíduos orgânicos em
combustíveis alternativos como metano, hidrogênio, gás
sulfídrico. Por sua vez, a Biorremediação consiste no uso de
microrganismos para decomposição de substâncias tóxicas
liberadas no meio ambiente devido a acidentes ou à atividade
industrial.
No processo de reciclagem dos elementos químicos estão envolvidos os ciclos de compostos
de C (CO2, CO, CH4, CnHnOn, dentre outros), N (N2, NO, NH3, aminas e compostos orgânicos
nitrogenados), S (S, H2S, SO2, S2O3, SO4 e compostos orgânicos de S), Fe (sais de ferro, íons
ferrosos e férricos e compostos orgânicos contendo Fe), bem como Mn, Mg, Mo entre outros (sulfato
de manganês e compostos orgânicos contendo Mn, Mg, Mo dentre outros), e diversos tipos de
compostos contendo oxigênio.
Os microrganismos desse grupo estão também relacionados com a taxonomia e as atividades
associadas com as águas dos mares, lagos e rios (Microbiologia Aquática) bem como com o
tratamento e reciclagem das águas para torná-las potáveis, tendo em vista que muitos patógenos são
transmitidos em águas de beber e águas destinadas à recreação. Muito embora as condições existentes
nos ambientes marinhos e de água doce como pH, pressão osmótica, disponibilidade de nutrientes
torna os muitos dos microrganismos incapazes de crescer nesses ambientes.
Outro aspecto da microbiologia ambiental está associado com o uso de microrganismos para
decompor a matéria orgânica no tratamento secundário dos resíduos de esgotos. A avaliação da
qualidade desses resíduos é feita através da avaliação quantitativa e qualitativa (ausência de
patógenos) para assegurar a correta disposição dos mesmos após o tratamento de efluentes e esgotos
(Microbiologia Sanitária)
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A Microbiologia do Solo: praticamente todos os microrganismos existentes na natureza


possuem representantes no solo. Quando um microbiologista procura um determinado organismo o
solo é a sua primeira consulta. Tendo em vista a composição do solo (rochas, minerais, água, gases e
matéria orgânica humos) oriunda de vegetais, animais e microrganismos, muitos grupos taxonômicos
de microrganismos estão presentes no solo influindo na sua fertilidade, consequentemente também
associada à reciclagem dos elementos químicos.
Microbiologia de Alimentos: o microbiologista e a ciência que se dedica ao estudo dos
microrganismos envolvidos com a indústria de alimentos ou de bebidas estão preocupados com o
controle da produção, manuseio, processamento, industrialização dos alimentos.
Para tanto estuda a contaminação por microrganismos deterioradores e agentes de toxi-infecções
alimentares, fermentação para produção de determinados alimentos, bebidas, enzimas, aminoácidos,
ciclodextrinas, surfactantes biológicos.
As bebidas alcoólicas como a cerveja, o vinho,
cachaça, whisky dentre outras são produzidos por
leveduras ou bactérias (Zimomonas mobilis) através da
fermentação de carboidratos em etanol. Também
micróbios como o Acetobacter e Gluconobacter oxidam
o álcool das bebidas aloólicas em ácido acético ou
vinagre, condimento bastante utilizado pelas donas de
casa. Ao microbiologista de alimentos está reservado o
estudo das bactérias láticas, bolores e leveduras para transformação do leite em diversos tipos de
produtos como os mais variados tipos de queijo, manteiga, cremes, iogurtes, dentre outros.
Muitos vegetais também são transformados através da acão de bactérias, bolores e leveduras
em produtos como a carimã, gari, lafun (mandioca fermentada), chucrute (repolho fermentado), picles
(várias verduras fermentadas), soio (soja fermentada), e azeitonas fermentadas. Da mesma forma,
produtos de massa e confeitaria são fermentados através da levedura Saccharomyces gerando etanol e
anidrido carbônico que dão às massas dos pães e bolos as características desejadas.
Microbiologia Industrial está envolvida com a produção de medicamentos, ácidos orgânicos, bebidas
alcoólicas, solventes, combustíveis, suplementos, biosurfactantes, biopolímeros. Há que considerar
neste tópico que os microrganismos vêm sendo utilizados para a produção de recuperação terciária de
petróleo).
Microbiologia do Rúmen - os microrganismos desempenham
papel importante na produção animal, através de suas atividades
sobre os componentes da dieta do animais ruminantes
transformando as substâncias indigeríveis como celulose, lignina e
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outros compostos em ácidos orgânicos, aminoácidos e vitaminas bem como substâncias que estimulam
o crescimento e a produção de carne, leite e lã.

PARASITOLOGIA

A parasitologia é uma ciência, da área de


saúde, auxiliar da medicina e veterinária. Esta
ciência atua no estudo dos parasitas
invertebrados, protozoários e algumas espécies
de parasitas vertebrados. Esta ciência tem como
objetivos principais:
- Tratar dos sintomas provocados por parasitas;
- Desenvolver tratamentos contra os parasitas;
- Identificar os processos de desenvolvimento de
epidemias parasitárias;
- Criar métodos de profilaxia das doenças causadas pelos parasitas em seres humanos e animais.
Os especialistas em parasitologia precisam conhecer muito bem o ciclo de vida dos parasitas,
as formas de infestação e os fatores que influenciam na distribuição e densidade dos parasitas. Esta
ciência é muito importante, pois muitos parasitas podem provocar doenças complicadas, levando o
indivíduo afetado, se não tratado adequadamente, à morte.

ESTUDANDO SOBRE MICROBIOLOGIA, PARASITOLOGIA E OS SERES VIVOS

RELAÇÃO ENTRE SERES VIVOS


Os seres vivos possuem características
e propriedades que os diferenciam dos seres
não-vivos, também chamados inorgânicos.
Dentre elas podemos apontar como mais
importantes: organização celular, ciclo vital,
capacidade de nutrição, crescimento e
reprodução, sensibilidade e irritabilidade,
composição química mais complexa, dentre
outras.
Destas, selecionaremos algumas para seu
conhecimento.
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Organização celular

Existem seres vivos de tamanhos e formas muito variadas. Mas somente os seres vivos, com
exceção dos vírus, são formados por unidades fundamentais denominadas células - tão pequeninas
que não são vistas a olho nu, mas através do microscópio.
Os organismos formados por uma só célula são chamados unicelulares, tais como as amebas,
giardias e bactérias, também conhecidos como microrganismos. Concentram numa só célula todas as
suas funções; assim, uma ameba é uma só célula e ao mesmo tempo um ser completo, capaz de
promover sua nutrição, crescimento e reprodução.
Porém, a maioria dos seres vivos são formados por milhares de células, motivo pelo qual são
denominados pluricelulares ou multicelulares, como as plantas e os animais.

Ciclo vital
A maioria dos organismos vivos nascem, alimentam-se, crescem, desenvolvem-se,
reproduzem-se e morrem – o que denominamos como ciclo vital.

Nutrição
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Os alimentos são considerados os combustíveis da vida. Através deles os seres vivos


conseguem energia para a realização de todas as funções vitais. Quanto à obtenção de alimentos,
podemos separar os seres vivos em dois grupos:
1- aqueles que sintetizam seus próprios alimentos, também conhecidos como autótrofos - caso das
plantas e algas cianofíceas;
2- aqueles incapazes de produzir seus próprios alimentos, como os animais que se alimentam de
plantas ou de outros animais, chamados de heterótrofos.

Reprodução
Existem basicamente dois tipos de reprodução: sexuada e assexuada. A reprodução sexuada é
a que ocorre com o homem, pela participação de células especiais conhecidas por gametas. O gameta
masculino dos seres vivos de uma mesma espécie funde-se com o feminino – fecundação –, dando
origem a um novo ser a eles semelhante. Os gametas podem vir de dois indivíduos de sexos distintos,
como o homem e a mulher, ou de um ser ao mesmo tempo masculino e feminino, o chamado
hermafrodita, ou seja, o que possui os dois sexos – isto ocorre com a minhoca e com um dos parasitos
do intestino humano, a Taenia sp, que causa a teníase e é popularmente conhecida como solitária.

A reprodução assexuada é a forma mais simples de reprodução, nela, não há participação de


gametas nem fecundação. Nesse caso, o próprio corpo do indivíduo, ou parte dele, como acontece com
determinadas plantas, divide-se dando origem a novos seres idênticos – esse fenômeno ocorre com os
parasitos responsáveis pela leishmaniose e doença de Chagas, por exemplo.

Sensibilidade e irritabilidade

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A capacidade de reagir de diferentes maneiras a um mesmo tipo de estímulo é chamada de


sensibilidade. Só os animais apresentam essa característica, porque possuem sistema nervoso. A
irritabilidade, por sua vez, é própria de todos os seres vivos. Caracteriza sua capacidade de responder
ou reagir a estímulos ou a modificações do ambiente, tais como luz, temperatura, força da gravidade,
pressão, etc.

Necessidades básicas para a sobrevivência e perpetuação dos seres vivos


Os seres vivos estão sempre buscando a sobrevivência e perpetuação ou manutenção de suas
espécies. Para tanto, precisam de energia, obtida principalmente através da respiração celular.
Necessitam, também, de alimentos, oxigênio, água e condições ambientais ideais, tais como
temperatura, umidade, clima, luz solar. Sobretudo, precisam estar bem adaptados e protegidos no
ambiente em que vivem. Isto significa a possibilidade de, no mínimo, obter alimentos suficientes para
crescerem e se reproduzirem. O essencial é que tenham alimentos, água e ar de boa qualidade.
Preferencialmente, sem contaminação ou poluição. As plantas, através do processo de fotossíntese,
sintetizam seus próprios alimentos a partir da água, gás carbônico e energia solar. Elas não precisam
alimentar-se de outros seres vivos e são consideradas elementos produtores na cadeia alimentar, pois
produzem compostos orgânicos, ricos em energia.

Denominamos como cadeia alimentar a seqüência em que um organismo serve de alimento


para outro: por exemplo, as gramíneas no pasto servem de alimento para os bovinos; e estes, para o
homem. Na cadeia alimentar, os animais que se alimentam de plantas são chamados de herbívoros e
considerados consumidores primários; os que se alimentam de animais herbívoros são os carnívoros
ou consumidores secundários. E assim por diante.
Finalmente, existem os decompositores - os fungos e as bactérias -, que atacam os animais e as
plantas mortas, fazendo retornar à natureza os compostos simples orgânicos e inorgânicos. Esses
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organismos fixam o nitrogênio atmosférico e formam compostos capazes de ser assimilados pelos
vegetais. Viram como as plantas já não podem mais ser consideradas seres produtores completos ou
verdadeiros? Assim, concluímos que nem mesmo as plantas conseguem viver sozinhas, pois
necessitam da presença de compostos nitrogenados no ambiente, que são elaborados pelos
microrganismos decompositores. Esses seres que não conseguimos ver, pois são extremamente
pequenos, acabam tornando-se essenciais às plantas e aos demais seres vivos. Entretanto, a cadeia
alimentar é capaz de nos mostrar ainda mais: além da dependência entre os seres vivos existe também
uma íntima ligação entre eles e o ambiente onde vivem.
E quanto à perpetuação das espécies?

O desejo de procriar, gerar filhos ou descendentes está consciente ou inconscientemente ligado


ao objetivo de vida de todos os seres vivos, desde os microrganismos até o homem. Para o aumento ou
manutenção do número de indivíduos de uma mesma espécie de ser vivo é fundamental que ocorra o
processo de reprodução, não necessariamente obrigatório no ciclo vital, pois alguns animais podem
viver muito bem e nunca se reproduzirem.

Classificação dos seres vivos


Os seres vivos são muito variados e numerosos. Para conhecê-los e estudá-los os cientistas
procuram compreender como se relacionam e qual o grau de parentesco existente entre eles. Assim
sendo, procura-se agrupá-los e organizá-los segundo alguns critérios previamente definidos. Isto é
fácil de imaginar. Podemos comparar o processo de classificação com, por exemplo, a tarefa de
organizar peças de vários jogos de quebra-cabeça, todas juntas e misturadas. Os seres vivos podem ser
agrupados de acordo com suas semelhanças morfológicas, formas de alimentação, locomoção,
reprodução, ciclo de vida, etc. Os maiores grupos resultantes do processo de evolução são os reinos.
Cada reino divide-se em grupos menores, chamados filos, os quais, por sua vez, subdividem-se em
subfilos. Os filos e subfilos agrupam as classes, que reúnem as ordens, que agrupam as famílias, que
reúnem os gêneros. Por fim, os organismos mais intimamente aparentados são agrupados em uma
mesma espécie. Atualmente, existem cinco reinos: Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia.

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Reino Monera
O reino Monera é formado por seres muito simples, unicelulares, cuja única célula é envolvida
por uma membrana. O material genético (DNA) responsável por sua reprodução e todas suas
características encontra-se espalhado no seu interior. A célula que não apresenta uma membrana
envolvendo o material genético, ou seja, não possui um núcleo delimitado ou diferenciado do seu
restante, é chamada de célula procariótica. Portanto, o reino Monera é formado por seres
Procariontes, como as bactérias e algas azuis (cianofíceas). Muitas bactérias são capazes de causar
doenças como hanseníase, tétano, tuberculose, diarreias e cólera.

Reino Protista
O reino Protista é constituído por seres também formados por uma só célula, porém com seu
material genético protegido por uma membrana nuclear (célula eucariótica). Esses seres unicelulares,
que apresentam estrutura um pouco mais complexa, são denominados Eucariontes.

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No reino Protista encontram-se os protozoários. Muitos deles vivem como parasitos do ser
humano e de muitos mamíferos, sendo capazes de causar doenças graves - caso do Plasmodium
falciparum, causador da malária - e as diarréias amebianas provocadas pelas amebas.

Reino Fungi
Os fungos se encontram no reino Fungi. Todos conhecemos as casinhas de sapo nos tocos de
árvores ou terrenos úmidos - são os fungos. Não são considerados plantas porque não fazem
fotossíntese; nem animais porque não são capazes de se locomover à procura de alimentos. Absorvem
do ambiente todos os nutrientes que necessitam para
sobreviver. Existem fungos úteis ao homem, como os cogumelos utilizados na alimentação e aqueles
empregados no preparo de bebidas (cerveja) e produção de medicamentos (antibióticos). Porém,
alguns fungos são parasitos de plantas e animais, podendo causar doenças denominadas micoses.
Algumas micoses ocorrem dentro do organismo (histoplamose), mas a maioria desenvolve-se na pele,
unhas e mucosas, como a da boca.

Reino Animalia
O reino Animalia é o que reúne o maior e mais variado número de espécies. Nele estão os
homens, répteis, insetos, peixes, aves e outros animais.
E também os vermes, que são parasitos e causadores de doenças como a ancilostomíase, conhecida
como amarelão, e a ascariose, causada pelas lombrigas.
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E os ácaros? Vocês já ouviram falar neles? Eles também são animais?


Sim, o filo artrópode inclui-se no reino animal e reúne os
ácaros que são transportados pelo ar e causam a sarna e
alergias respiratórias e os carrapatos (aracnídeos). Ambos
parasitam o homem.
Os insetos também são artrópodes. Sua
importância em nosso curso reside no fato de que dentre
eles estão as pulgas, que vivem como parasitos,
prejudicando os animais e o homem.
Existem ainda os insetos que transmitem doenças infecciosas para o homem, como os
mosquitos transmissores da febre amarela, dengue, malária e os barbeiros transmissores da doença de
Chagas.
E os vírus? Se existem e são considerados seres vivos,
onde se classificam? Os vírus não pertencem a nenhum reino.
Não são considerados seres vivos pois não são formados nem
mesmo por uma célula completa. São parasitos obrigatórios, só
se manifestam como seres vivos quando estão no interior de
uma célula. Causam diversas doenças, como caxumba, gripe e
AIDS, por exemplo.

Formas de associação entre os seres vivos


Na natureza todos os seres vivos estão intimamente ligados e relacionados em estreita
interdependência. As relações entre os seres vivos visam, na maioria das vezes, a dois aspectos:
obtenção de alimentos e de proteção. Na cadeia alimentar os seres vivos estão ligados pelo alimento.
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Há transferência de energia entre eles, que por sua vez estão também trocando energia e matéria com o
ambiente, ligados ao ar, água, luz solar, etc. Imaginemos um bairro de nossa cidade. Nele existem
animais domésticos (cães, gatos), aves (pássaros, galinhas), insetos, várias espécies de plantas, seres
humanos, etc. - e não podemos esquecer daqueles que não enxergamos: as bactérias, os vírus e os
protozoários. Todos à procura de, no mínimo, alimento e proteção em um mesmo ambiente. Não é
difícil imaginar que essa convivência nem sempre será muito boa, não é mesmo? Como são muitos, e
de espécies diferentes, convivendo em um mesmo lugar e relacionando-se, interagem e criam vários
tipos de associação. Essas associações podem ser de duas formas: positivas ou harmônicas e negativas
ou desarmônicas.

Associações positivas ou harmônicas


Nas relações harmônicas, as partes envolvidas são beneficiadas e, quando não existem
vantagens, também não há prejuízos para ninguém. Todos se relacionam e convivem muito bem. O
comensalismo, o mutualismo e a simbiose são tipos de relações harmônicas. No comensalismo, uma
das espécies envolvidas obtém vantagens, mas a outra não é prejudicada. Como exemplo temos a
ameba chamada Entamoeba coli, que pode viver no intestino do homem nutrindo-se de restos
alimentares e jamais causar doenças para o hospedeiro.
O mutualismo é a relação em que as espécies se associam para viver de forma mais íntima,
onde ambas são beneficiadas. Como exemplos temos os protozoários e bactérias que habitam o
estômago dos ruminantes e participam na utilização e digestão da celulose, recebendo, em troca,
moradia e nutrientes.
A simbiose é a forma extrema de associação harmônica. Nessa relação, as duas partes são
beneficiadas, porém a troca de vantagens é tão grande que, depois de se associarem, esses indivíduos
se tornam incapazes de viver isoladamente. Assim, temos os cupins, que se alimentam de madeira e
para sobreviver necessitam dos protozoários (triconinfas). Esses protozoários habitam o tubo digestivo
dos cupins e produzem enzimas capazes de digerir a celulose (derivada da madeira). Se houver um
aumento na temperatura ambiente capaz de matar os protozoários, os cupins também morrem, pois não
mais terão quem produza enzimas para eles.

Associações negativas ou desarmônicas


As formas de relações desarmônicas mais comumente encontradas são a competição, o
canibalismo e as predatórias. Em nosso estudo, nos ateremos ao parasitismo, haja vista a importância
de seu conhecimento no cuidado de enfermagem. No parasitismo, o organismo de um ser vivo
hospeda, abriga ou recebe um outro ser vivo de espécie diferente, que passa a morar e a utilizar-se
dessa moradia para seu benefício.
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Podemos comparar o fenômeno do parasitismo com um inquilino que mora em casa alugada e,
além de não pagar aluguel, ainda estraga o imóvel. Uns estragam muito; mas a maioria estraga tão
pouco que o proprietário nem se dá conta. Portanto, sempre haverá um lado obtendo vantagens sobre o
outro, que acaba sendo mais ou menos prejudicado. Aquele que leva vantagem (inquilino), ou seja,
quem invade ou penetra no outro, é denominado parasito. E o indivíduo que recebe ou hospeda o
parasito é chamado de hospedeiro. O parasito pode fazer uso do organismo do hospedeiro como
morada temporária, entretanto, na maioria das vezes, isto ocorre de forma definitiva. Utilizam o
hospedeiro como fonte direta ou indireta de alimentos, nutrindo-se de seus tecidos ou substâncias.
De modo geral, há o estabelecimento de um equilíbrio entre o parasito e o hospedeiro, porque
se o hospedeiro for muito agredido poderá reagir drasticamente (eliminando o parasito) ou até morrer,
o que causará também a morte do parasito. Então, nas espécies em que o parasitismo vem sendo
mantido há centenas de anos, raramente o parasito provoca a doença ou morte de seu hospedeiro.

INFECÇÕES PARASITÁRIAS E A TRANSMISSÃO DOS AGENTES INFECCIOSOS

Cadeia de transmissão dos agentes infecciosos


Para que ocorram infecções parasitárias é fundamental que haja elementos básicos expostos e
adaptados às condições do meio. Os elementos básicos da cadeia de transmissão das infecções
parasitárias são o hospedeiro, o agente infeccioso e o meio ambiente.
No entanto, em muitos casos, temos a presença de vetores, isto é, insetos que transportam os
agentes infecciosos de um hospedeiro parasitado a outro, até então sadio (não-infectado). É o caso da
febre amarela, da leishmaniose e outras doenças.
Para cada infecção parasitária existe uma cadeia de transmissão própria. Por exemplo, o
Ascaris lumbricoides tem como hospedeiro somente o homem, mas precisa passar pelo meio
ambiente, em condições ideais de temperatura, umidade e oxigênio, para evoluir (amadurecer) até
encontrar um novo hospedeiro.
Qual a importância de conhecermos a cadeia de transmissão das principais infecções
parasitárias? Sua importância está na possibilidade de agirmos, muitas vezes com medidas simples, no
sentido de interromper um dos elos da cadeia, impedindo, assim, a disseminação e multiplicação do
agente infeccioso.
Conhecer onde e como vivem os parasitos, bem como sua forma de transmissão, facilita o
controle das infecções tão indesejadas. Por exemplo, o simples gesto de lavar bem as mãos, após o
contato com qualquer objeto contaminado, após usar o vaso sanitário e, obrigatoriamente, antes das
refeições, pode representar grande ajuda nesse controle.

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Hospedeiro
Na cadeia de transmissão, o hospedeiro pode ser o homem ou um animal, sempre exposto ao
parasito ou ao vetor transmissor, quando for o caso. Na relação parasito-hospedeiro, este pode
comportar-se como um portador são (sem sintomas aparentes) ou como um indivíduo doente (com
sintomas), porém ambos são capazes de transmitir a parasitose. O hospedeiro pode ser chamado de
intermediário quando os parasitos nele existentes se reproduzem de forma assexuada; e de definitivo
quando os parasitos nele alojados se reproduzem de modo sexuado.
A Taenia solium, por exemplo, precisa, na sua cadeia de transmissão, de um hospedeiro
definitivo, o homem, e de um intermediário, o porco.
Agente infeccioso
O agente infeccioso é um ser vivo capaz de reconhecer seu hospedeiro, nele penetrar,
desenvolver-se, multiplicar-se e, mais tarde, sair para alcançar novos hospedeiros. Os agentes
infecciosos são também conhecidos pela designação de micróbios ou germes, como as bactérias,
protozoários, vírus, ácaros e alguns fungos. Existem, porém, os helmintos e alguns artrópodes, que são
parasitos maiores e facilmente identificados sem a ajuda de microscópios. Só para termos uma idéia, a
Taenia saginata, que parasita os bovinos e também os homens, pode medir de quatro a dez metros de
comprimento. Os parasitos são também classificados em endoparasitos e ectoparasitos.

Endoparasitos são aqueles que penetram no corpo do hospedeiro e aí passam a viver. Portanto, o
correto é dizer que o ambiente está contaminado, e não infectado.

Ectoparasitos são aqueles que não penetram no hospedeiro, mas vivem externamente, na superfície
de seu corpo, como os artrópodes dentre os quais destacam-se as pulgas, piolhos e carrapatos.

Meio ambiente
Meio ambiente é o espaço constituído pelos fatores físicos, químicos e biológicos, por cujo
intermédio são influenciados o parasito e o hospedeiro. Como exemplos, podemos apontar:
• físicos: temperatura, umidade, clima, luminosidade (luz solar);
• químicos: gases atmosféricos (ar), pH, teor de oxigênio, agentes tóxicos, presença de matéria
orgânica;
• biológicos: água, nutrientes, seres vivos (plantas, animais).
Anteriormente, vimos que as relações que se estabelecem a todo momento entre os seres vivos
e os agentes infecciosos (parasitos) não são estáticas, definitivas; pelo contrário, são muito dinâmicas e
exigem constantes adaptações de ambos os lados, tendendo sempre, para o bem das partes envolvidas,
a aproximar-se do equilíbrio. Entretanto, sabemos que tanto o parasito quanto o hospedeiro sofrem
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influência direta do ambiente, o qual, por sua vez, também sofre constantes alterações, de ordem
natural ou artificial, como as causadas pelo próprio homem.

Doenças transmissíveis e não transmissíveis


Nem todas as doenças que ocorrem em uma comunidade são transmitidas, ou passadas, de
pessoa a pessoa (as “que se pega”). Existem também as que não se transmitem desse modo (as “que
não se pega”). Após termos aprendido a diferenciar os seres vivos dos seres não-vivos, e conhecido o
fenômeno parasitismo, podemos afirmar que todas as doenças transmissíveis, ou todas as infecções
parasitárias (gerando ou não doenças), são causadas somente por seres vivos, chamados de agentes
infecciosos ou parasitos. O sarampo, a caxumba, a sífilis e a tuberculose exemplificam tal fato. Quais
seriam, então, as doenças não-transmissíveis? As doenças não-transmissíveis podem ter várias causas,
tais como deficiências metabólicas (algum órgão que não funcione bem), acidentes, traumatismos,
origem genética (a pessoa nasce com o problema). Como exemplos, temos o diabetes, o câncer e o
bócio tireoidiano.
Existem, ainda, doenças que possuem mais de uma causa, podendo, portanto, ser tanto
transmissíveis como não transmissíveis. Como exemplos, a hepatite e a pneumonia.

Parasitoses e doenças transmissíveis


Não podemos confundir infecção parasitária com doença. O parasito bem sucedido é aquele
que consegue obter tudo de que precisa para sobreviver causando o mínimo de prejuízo ao hospedeiro.
Somente em alguns casos, a relação poderá ser nociva, em maior ou menor grau. Desse modo, surgem
os hospedeiros parasitados, sem doença e sem sintomas, conhecidos como portadores
assintomáticos. Será que os portadores assintomáticos oferecem algum tipo de risco para a
comunidade?
Realmente, sua presença é um sério problema. Como não percebem estar parasitados, não
procuram tratamento, contribuindo, assim, para a contaminação do ambiente, espalhando a parasitose
para outros indivíduos e, o que é pior, muitas vezes contaminando-se ainda mais. Entretanto, em
outros casos, a curto ou longo prazo, o parasito pode causar prejuízos, enfermidades ou doença aos
hospedeiros, tornando-os patogênicos. Desse modo, surgem as doenças transmissíveis.

Fatores que influenciam o parasitismo como causa das doenças infecciosas


Existem fatores que acabam conduzindo à parasitose e definindo seu destino. Eles podem
influenciar o fenômeno do parasitismo, contribuindo tanto para o equilíbrio entre parasito e
hospedeiro, gerando, assim, o hospedeiro portador são, como para a quebra do equilíbrio e a infecção
resultante acaba causando doenças. Os fatores mais importantes do parasitismo são os relacionados ao:
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a) parasito: a quantidade de parasitos que entram no hospedeiro (carga parasitária), sua localização e
capacidade de provocar doenças;
b) hospedeiro: idade, estado nutricional, grau de resistência, órgão do hospedeiro atingido pelo
parasito, hábitos e nível socioeconômico e cultural, presença simultânea de outras doenças, fatores
genéticos e uso de medicamentos;
c) meio ambiente: temperatura, umidade, clima, água,
ar, luz solar, tipos de solo, teor de oxigênio e outros.
Muitos agentes infecciosos morrem quando mantidos
em temperatura mais baixa ou mais elevada por
determinado tempo. É o caso dos cisticercos (larvas
de Taenia solium) em carnes suínas, que morrem
quando estas são congeladas a 10oC negativos, por
dez dias, ou cozidas em temperatura acima de 60oC,
por alguns minutos.

Dinâmica da transmissão das infecções parasitárias e doenças transmissíveis


As infecções e doenças transmissíveis podem ser transmitidas de forma direta ou indireta.

Transmissão direta de pessoa a pessoa


É a transmissão causada pelos agentes infecciosos que saem do corpo de um hospedeiro
parasitado (homem ou animal) e passam diretamente para outro hospedeiro são, ou para si mesmo –
caso em que recebe o nome de auto-infecção. Nesse modo de transmissão os agentes infecciosos são
eliminados dos seus hospedeiros já prontos, evoluídos ou com capacidade de infectar outros
hospedeiros. As vias de transmissão direta de pessoa a pessoa podem ser, dentre outras, fecal-oral,
gotículas, respiratória, sexual.

Transmissão indireta com presença de hospedeiros intermediários ou vetores


Ocorre quando o agente infeccioso passa por outro hospedeiro (intermediário) antes de
alcançar o novo hospedeiro (definitivo) – caso da esquistossomose e da teníase (solitária). A ingestão
de carne bovina ou suína, crua ou mal cozida, contendo as larvas da tênia, faz com que o indivíduo
venha a ter solitária – a qual, ressalte-se, não é passada diretamente de pessoa a pessoa.
A forma indireta também ocorre quando o agente infeccioso é transportado através da picada
de um vetor (inseto) e levado até o novo hospedeiro – caso da malária, filariose (elefantíase) e
leishmaniose.

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Módulo II

Transmissão indireta com presença do meio ambiente


Nesse tipo de transmissão, ao sair do hospedeiro o agente infeccioso já tem uma forma
resistente que o habilita a manter-se vivo por algum tempo no ambiente, contaminando o ar, a água, o
solo, alimentos e objetos (fômites) à espera de novo hospedeiro. Nesse caso, incluem-se os
protozoários que, expelidos através das fezes e sob a forma de cistos, assumem a forma de resistência
denominada esporos. Por que devemos proteger os alimentos, mantendo-os sempre cobertos e bem
embalados, e lavar muito bem as frutas e alimentos ingeridos crus antes de consumi-los? Uma das
razões deve-se à existência dos vetores mecânicos, como as moscas, baratas e outros insetos, bons
colaboradores dos parasitos, pois transportam os agentes (cistos, ovos, bactérias) de um lugar para
outro, contaminando os alimentos e o ambiente.

Transmissão vertical e horizontal


A transmissão vertical é aquela que ocorre diretamente dos pais para seus descendentes
através da placenta, esperma, óvulo, sangue, leite materno - por exemplo, a transmissão da mãe para o
feto ou para o recém-nascido. Podemos ainda citar como exemplos a rubéola, a AIDS infantil, a sífilis
congênita, a hepatite B, a toxoplasmose e outras. Agora, podemos elaborar o conceito de fonte de
infecção.

Fonte de infecção é o foco, local onde se origina o agente infeccioso, permitindo-lhe passar
diretamente para um hospedeiro, podendo localizar-se em pessoas, animais, objetos, alimentos, água,
etc. Se os agentes infecciosos passam de um hospedeiro para outro é porque encontram uma porta de
saída, ou seja, uma via de eliminação ideal. Da mesma forma, também encontram no futuro
hospedeiro as portas de entrada ideais, podendo penetrar de forma passiva ou ativa:
18
Módulo II

- penetração passiva - ocorre com a penetração de formas evolutivas de parasitos, como ovos de
Enterobius, cistos de protozoários intestinais e demais agentes infecciosos como bactérias ou vírus.
Ocorre por via oral, mediante a ingestão de alimentos (com bactérias e toxinas) ou água, bem como
por inalação ou picadas de insetos (vetores) - caso da Leishmania e do Plasmodium, causador da
malária;
- penetração ativa - ocorre com a participação de larvas de helmintos que penetram ativamente através
da pele ou mucosa do hospedeiro, como o Schistosoma mansoni, Ancilostomídeos e o Strongyloides
stercoralis.

Principais portas de entrada ou vias de penetração dos agentes infecciosos


As portas de entrada de um hospedeiro são os locais de seu corpo por onde os agentes
infecciosos penetram. A seguir, listamos as principais vias de penetração:
a) boca (via digestiva) - os agentes infecciosos penetram pela boca, junto com os alimentos, a água, ou
pelo contato das mãos e objetos contaminados levados diretamente à boca. Isto acontece com os ovos
de alguns vermes (lombriga), cistos de protozoários (amebas, giárdias), bactérias (cólera), vírus
(hepatite A, poliomielite) e fungos;
b) nariz e boca (via respiratória) - os agentes são inalados juntamente com o ar, penetrando no corpo
através do nariz e ou boca, pelo processo respiratório. Como exemplos, temos: vírus da gripe, do
sarampo e da catapora; bactérias responsáveis pela meningite, tuberculose e difteria (crupe);
c) pele e mucosa (via transcutânea) – geralmente, os agentes infecciosos penetram na pele ou mucosa
dos hospedeiros através de feridas, picadas de insetos, arranhões e queimaduras, raramente em pele
íntegra. Como exemplos, temos: dengue, doença de Chagas e malária;
d) vagina e uretra (via urogenital) - os agentes infecciosos penetram nos hospedeiros pelos órgãos
genitais, por meio de secreções e do sêmen, nos contatos e relações sexuais. Assim
ocorre a transmissão da sífilis, gonorreia, AIDS, tricomoníase, herpes genital e o papilomavírus
humano.

Principais portas de saída ou vias de eliminação dos agentes infecciosos


Os agentes infecciosos, após penetrarem no hospedeiro, instalam se nos tecidos, cavidades ou
órgãos que mais os beneficiam, multiplicam-se e, depois, saem ou eliminam formas evolutivas (larvas,
ovos ou cistos). Para tal, utilizam-se das seguintes portas de saída ou vias de eliminação:
a) ânus e boca (via digestiva) - os agentes infecciosos saem, juntamente com as fezes, pela via
digestiva, através do ânus.
Estes são normalmente aqueles agentes que penetram por via oral (boca), localizando-se,
geralmente, na faringe e órgãos do aparelho digestivo (principalmente nos intestinos). Como
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Módulo II

exemplos: os vírus da hepatite A e as bactérias causadoras de diarréias (Entamoeba coli, Salmonella,


Shigella), febre amarela, febre tifóide, cólera, toxoplasmose, cisticerco de Taenias sp., ovos de S.
mansoni, A. lumbricoides, Enterobius (oxíuros) e Trichuris, cistos de amebas e Giardias e larvas de
Strongyloides.
São eliminados pela saliva, dentre outros, os vírus (herpes, raiva, poliomielite) e bactérias
(difteria);
b) nariz e boca (via respiratória) - os agentes infecciosos são expelidos por intermédio de gotículas
produzidas pelos mecanismos da tosse, do espirro, de escarros, secreções nasais e expectoração.
Geralmente, esses agentes infectam os pulmões e a parte superior das vias respiratórias. Temos como
exemplos as seguintes doenças transmissíveis: sarampo, caxumba, rubéola, catapora, meningite,
pneumonia e tuberculose. Muitas vezes, os agentes que se utilizam das vias respiratórias vão para
outros locais, causando diferentes manifestações clínicas. É o caso do Streptococos pneumoniae,
causador da pneumonia, que também pode provocar sinusite e otite;
c) pele e mucosa (via transcutânea) – normalmente, a pele se descama como resultado da ação do meio
ambiente, em função de atividades físicas - como exercícios - e no ato de vestir-se e despir-se. Os
agentes infecciosos eliminados pela pele são os que se encontravam alojados nela e que geralmente
são transmitidos por contato direto, e não pela liberação no meio ambiente. Através da pele ocorre a
saída de vírus (herpes, varicela, verrugas) e bactérias, como as que causam furúnculos, carbúnculos,
sífilis e impetigo. Leishmanias responsáveis por úlceras cutâneas e o Sarcoptes scabiei, pela sarna,
também utilizam a pele como porta de saída;
d) vagina e uretras (via urogenital) - os agentes infecciosos são geralmente eliminados por via vaginal
e ou uretral – durante a relação sexual ou contato com líquidos corpóreos contaminados, pelo sêmen
(HIV, herpes, sífilis, gonorréia e Trichomonas vaginalis), pelas mucosas (fungos) ou urina (febre
tifóide e febres hemorrágicas); e a leptospirose, transmitida pela urina de ratos e cães infectados.
Adicionalmente, existem ainda as seguintes vias de eliminação:

Eliminação pelo leite


Como o leite é produzido por uma glândula da pele, podemos aqui considerar os
microrganismos eliminados através dele. O leite humano raramente elimina agentes infecciosos, mas
isto pode vir a acontecer com os seguintes (dentre outros): vírus da caxumba, da hepatite B, HIV e o
HTLV1. Com o leite de cabra e de vaca a eliminação é mais frequente, principalmente nos casos de
brucelose, tuberculose, mononucleose, Staphylococcus sp., Salmonellas sp. e outros agentes capazes
de causar diarreias no homem.

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Módulo II

Eliminação pelo sangue


Existem muitos agentes infecciosos que têm preferência por viver no sangue e, assim, acabam
saindo por seu intermédio quando de um sangramento (acidentes, ferimentos) ou realização de punção
com agulhas de injeção, transfusões ou, ainda, picadas de vetores (insetos). Ressalte-se que ao picarem
o homem para se alimentar os mosquitos adquirem adicionalmente muitos agentes infecciosos que
serão posteriormente levados para outros indivíduos quando voltarem a se nutrir.

Ações nocivas dos agentes infecciosos e ectoparasitos sobre os seres vivos


Embora grande parte das infecções não
apresente sintomas, muitas delas podem
manifestar-se logo após a penetração do agente
infeccioso (fase aguda). Outras, porém, vêm a se
manifestar bem mais tarde, permanecendo em
estado de latência à espera de uma
oportunidade, como a baixa de resistência do
hospedeiro. Como exemplo, temos o herpes, a
varicela, a tuberculose e a doença de Chagas.
Em muitos casos, após a penetração do agente infeccioso há um período de incubação que
perdura desde a penetração do microrganismo até o aparecimento dos primeiros sinais e sintomas. É
uma fase ‘silenciosa’, ou seja, sem manifestações clínicas. Pode variar de um agente infeccioso para
outro, mas, geralmente, é bem menor que o período de latência. Por exemplo, a incubação da rubéola é
de duas a três semanas; a da febre aftosa, de 2 a 5 dias; já o período de latência da toxoplasmose pode
durar muitos anos. Sinal - o que pode ser visto, medido.
Sintoma - são as queixas que a pessoa refere, não podendo ser medidas ou vistas por outra.
Após o período de incubação ou logo após a fase aguda (quando há muitos sintomas), a infecção pode

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Módulo II

acabar ou, em muitos casos, evoluir para um período chamado de fase crônica, no qual há uma
diminuição dos sintomas.
Citamos a seguir alguns exemplos de agentes responsáveis ou de doenças por eles provocadas,
juntamente com os sinais e sintomas:
- prurido (coceira) - ex.: oxiúros;
- feridas, lesões e úlceras - ex.: leishmaniose, bactérias, ectoparasitos (miíase);
- manchas, edemas (inchaço), descamações, tumorações - ex.: fungos, sarampo, escarlatina, meningite
e doença de Chagas;
- vesículas (bolhas) - ex.: herpes e catapora;
- nódulos - ex.: carbúnculos;
- lesões papulosas, elevadas, avermelhadas e com intensa coceira
- ex.: ectoparasitos (piolhos, carrapatos) e larvas migrans (bicho geográfico).

Principais sinais e sintomas gerais


No mais das vezes, os sinais e sintomas gerais surgem após o período de incubação. Assim,
podemos citar: febre (sarampo, meningite), tosse (tuberculose), dores de cabeça (cefaléia), queda da
imunidade (queda da resistência – no caso da AIDS), mal-estar, desidratação (cólera), enjoos, vômitos
e cólicas (amebas), diarréia (infecção bacteriana), dores musculares (mialgia) e insuficiência cardíaca
(doença de Chagas), lesões e necrose no fígado e icterícia (pele amarelada – no caso da hepatite),
anemia (ancilostomose), hemorragia (dengue), convulsão e cegueira (toxoplasmose), ascite (barriga
d‘água - no caso da esquistossomose), alergias respiratórias (fungos, ácaros), etc.

AGENTES INFECCIOSOS E ECTOPARASITOS E SUAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS


Os vírus: características gerais
Os vírus são considerados partículas ou fragmentos celulares capazes de se cristalizar até
alcançar o novo hospedeiro. Por serem tão pequenos, só podem ser vistos com o auxílio de
microscópios eletrônicos. São formados apenas pelo material genético (DNA ou RNA) e um
revestimento (membrana) de proteína. Não dispõem de metabolismo próprio e são incapazes de se
reproduzir fora de uma célula. Podem causar doenças no homem, animais e plantas. Outra
característica importante é que são filtráveis, isto é, capazes de ultrapassar filtros que retêm bactérias.

Principais doenças transmitidas pelos vírus


Os vírus são responsáveis por várias
doenças infecciosas, tais como AIDS, gripes,
raiva, poliomielite (paralisia infantil),
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Módulo II

meningite, febre amarela, dengue, hepatite, caxumba, sarampo, rubéola, mononucleose, herpes,
catapora, etc. Sua transmissão ocorre de várias formas:
a) pela picada de mosquitos (vetores), como o Aedes aegypti infectado, responsável pela dengue e
febre amarela;
b) pela mordida de cães infectados, ocasionando a raiva;
c) pela saliva e pelo trato respiratório, podendo gerar herpes, catapora, hepatite, sarampo, etc.;
d) pelo sangue contaminado: provocando a AIDS e a hepatite B;
e) há ainda a transmissão de vírus pelo leite materno, por via oral-fecal, pela urina, placenta, relações
sexuais e lesões de pele (rubéola, HIV, vírus da hepatite B).
Algumas doenças transmitidas por vírus são facilmente controláveis por meio de vacinas,
como sarampo, rubéola, caxumba, raiva, poliomielite, febre amarela, hepatite e alguns tipos de
meningite. Mesmo que não haja vacina e tratamento específico para muitas viroses, é importante, para
se evitar a disseminação ou propagação da doença, que se faça o diagnóstico definitivo com
acompanhamento de um profissional de saúde. As formas de diagnóstico (descobrir qual é o
microrganismo) mais comuns são realizadas por intermédio do exame de escarro, sangue, líquor (da
medula) e secreções.

As bactérias: características gerais


Como vimos anteriormente, as bactérias são organismos muito pequenos, porém maiores que
os vírus, mas visíveis somente ao microscópio. Apresentam formas variadas e pertencem ao reino
Monera, sendo, portanto, seres unicelulares – procariontes.
As que têm formas arredondadas são chamadas de cocos, como o Streptococcus pneumoniae,
capaz de causar a pneumonia no homem; as alongadas são denominadas bacilos, como o Clostridium
tetani, responsável pelo tétano;
As de forma espiralada recebem o nome de espirilos, como a Treponema pallidum, que causa
a sífilis; as que se parecem com uma vírgula são conhecidas como vibriões, como o Vibrio cholerae,
causador da cólera.
Grande parte das bactérias, bem como os fungos, são organismos decompositores, portanto
vivem no meio ambiente, fazendo a reciclagem da matéria orgânica. Outras atuam como parasitas,
causando doenças são as patogênicas; existem ainda aquelas que, embora vivam no organismo de
outro ser vivo, não causam doenças - são as comensais.
Quem poderia imaginar que existem bactérias na pele e nas mucosas de pessoas sadias? E
mais, participando da manutenção da saúde e de atividades normais dos indivíduos?
Muitas bactérias fazem parte da flora normal humana, colonizando a pele, as mucosas do trato
respiratório (boca, nariz) e o intestino. Sua presença tem importante papel na defesa do organismo,
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Módulo II

impedindo, por competição, a entrada de agentes infecciosos capazes de causar doenças. Quantos de
nós, após o uso prolongado de antibióticos, já não tomamos iogurtes e compostos ricos em
lactobacilos (bactérias comensais)? O objetivo é recuperar a flora bacteriana para a proteção de nossa
mucosa e, assim, facilitar a digestão. Comparando-se com as bactérias de vida livre, são poucas as que
causam doenças, mas dentre elas há algumas bastante agressivas.

Principais doenças transmitidas por bactérias


As infecções cutâneas mais comuns no homem são causadas por bactérias do grupo dos
estafilococos - caso dos furúnculos ou abscessos, carbúnculo, foliculite (infecção na base dos pelos) e
acne. Podemos ainda citar as doenças causadas por estreptococos, tais como erisipelas, celulite e
impetigo.
A hanseníase é causada por um bacilo chamado Mycobacterium leprae, que afeta a pele e o
sistema nervoso, causando deformações e falta de sensibilidade. O contágio ocorre pelo contato íntimo
e prolongado com o indivíduo infectado.
A pneumonia pode ser causada pelo S. pneumoniae ou por fungos. O S. pneumoniae é um
habitante comum da garganta e nasofaringe de indivíduos saudáveis. A doença surge com a
disseminação desse agente para outros locais: pulmões, seios paranasais (sinusite), ouvido (otite),
faringe (faringite) e meninges (meningite). A infecção é causada pela aspiração do agente infeccioso

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Módulo II

ou por sua presença em fômites contaminados por secreções, principalmente devido à baixa resistência
do indivíduo.
A meningite é doença grave, caracterizada pela inflamação das meninges - membranas que
envolvem a medula espinhal, o cérebro e os demais órgãos do sistema nervoso, protegendo-os. Pode
ser causada por bactérias (e também por vírus) chamadas de meningococos, liberadas no ar pelas
pessoas infectadas e, posteriormente, inspiradas por outras.
A tuberculose é causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch, designação
dada em homenagem a seu descobridor. Afeta o pulmão mas pode atingir os rins, ossos e intestino. A
transmissão ocorre pela aspiração e ou deglutinação da bactéria. Outra doença causada por bactéria
transmitida pelo ar e ou saliva é a difteria. Conhecida por crupe, caracteriza-se pela inflamação na
faringe (garganta), laringe e brônquios, podendo causar asfixia e morte. A principal proteção é a
vacina.
O tétano é uma doença muito grave, que pode até matar. É causada pelo bacilo Clostridium
tetani, encontrado principalmente em solos contaminados com fezes de animais e do próprio homem
infectado. Esse bacilo tem a capacidade de sobreviver, sob a forma resistente de esporo, por muitos
anos no solo, penetrando no corpo quando há uma lesão (machucado) ou queimadura(s) na pele. Após
penetrar, multiplica-se e libera toxinas que afetam o sistema nervoso, provocando fortes contrações
musculares.
O botulismo é outra doença importante, causado pelas toxinas do Clostridium botulinum, que
também formam esporos. É uma intoxicação resultante da ingesta de alimentos condimentados,
defumados, embalados a vácuo ou enlatados contaminados. Nesse tipo de alimento, em condições de
anaerobiose, isto é, sem oxigênio, os esporos germinam, crescem e produzem a toxina. A pessoa
intoxicada, após cerca de 18 horas de ingestão do alimento contaminado, sente distúrbios visuais,
dificuldade em falar e incapacidade de deglutir. A morte ocorre por paralisia respiratória ou parada
cardíaca. Por isso, devemos sempre cozinhar os alimentos, mesmo os enlatados, durante, no mínimo,
20 minutos antes de comê-los.
As diarréias bacterianas são causadas por diversas bactérias (enterobactérias), tais como
Salmonella, Shigella, Enterobacter, Klebsiella, Proteus e a Escherichia coli, transmitidas através de
alimentos, água, leite, mãos sujas, saliva, fezes, etc. Algumas só provocam infecção quando a flora
bacteriana não está normal, podendo inclusive causar infecção urinária. São responsáveis por
infecções hospitalares e consideradas oportunistas em indivíduos debilitados.
A cólera é causada pelo Vibrio cholerae, que coloniza o intestino. Pela ação das toxinas há
grande perda de água e de sais minerais dos tecidos para a luz intestinal, levando o indivíduo a ter
fortes diarreias (“fezes em água de arroz”), vômitos e, consequentemente, desidratação. Se não houver
tratamento a pessoa morre rapidamente,
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Módulo II

devido à paralisação dos rins. O socorro deve ser rápido e o tratamento é simples, bastando repor os
líquidos e sais através de soro por via oral, nos casos mais simples, ou por via venosa, nos mais
graves. A transmissão se dá por alimentos e água contaminados com fezes de indivíduos doentes.

Pneumonia Hanseniase Meningite

As doenças sexualmente transmissíveis causadas por bactérias são a sífilis e a gonorréia, as


quais transmitem-se pelo contato sexual e ou por via congênita. A realização de exames de sangue,
urina, secreções, escarros, líquor (da medula), etc. permite a identificação das bactérias responsáveis
pelas doenças – das quais algumas podem ser evitadas com vacinas, por exemplo, a tuberculose, o
tétano e a difteria.

Os fungos: características gerais


Os fungos - estudados no ramo da parasitologia chamado de micologia - são seres vivos que
possuem organização rudimentar, sendo constituídos por talos, formados por uma ou mais células. São
encontrados nos meios terrestre e aquático. Muitos, juntamente com as bactérias, são decompositores;
alguns, são parasitos e outros são utilizados como alimento (cogumelos), embora, nesse caso, haja
alguns tóxicos e venenosos. Existem espécies de fungos utilizados na produção de queijos,
fermentação de pães, preparo de bebidas (vinho, cerveja, rum, whisky, gim), fabricação de
medicamentos (antibióticos), produtos químicos (etanol, glicerol), etc.

Principais doenças transmitidas por fungos


Os fungos que vivem como parasitas são capazes de provocar doenças chamadas de micoses,
que podem ser de dois tipos:
a) as superficiais, geralmente brandas, ocorrem com a disseminação e o crescimento dos fungos na
pele, unha e cabelos.Assim, temos a dermatofise (tínea), esporotricose, candidíase (sapinho na boca),
ptiríase, pé-de-atleta, etc.
b) as profundas são menos freqüentes e envolvem órgãos internos, podendo representar risco de vida
- como a histoplasmose, que afeta o pulmão e o baço. As micoses profundas ocorrem principalmente
em indivíduos com baixa resistência, como os aidéticos.
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Módulo II

Os fungos propagam-se pelo ar na forma de esporos, podendo ser inalados, deglutidos ou


depositados na pele ou mucosas. A transmissão se dá pessoa a pessoa ou por meio de objetos, peças de
vestuário, calçados, assoalhos ou pisos de clubes esportivos, sempre em lugares onde não há vigilância
sanitária. A transmissão também pode ocorrer diretamente de animais - como o cão, gato e cavalo -
para o homem. As espécies do gênero Candida podem ser encontradas nas condições de comensais, na
pele, nas mucosas, no intestino e nos órgãos cavitários (boca, vagina e ânus). Em condições de baixa
resistência do hospedeiro, podem causar doenças. Por isso, o ideal é que estejamos sempre com boa
saúde e elevada resistência.

Os protozoários: características gerais


Os protozoários são seres unicelulares cuja maioria é extremamente pequena, ou seja,
microscópica. A maior parte vive de forma livre em ambientes úmidos ou aquáticos, mas existem
protozoários comensais (Entamoeba coli) e os que são parasitos do homem e capazes de causar
doenças graves, como a malária e a doença de Chagas. Possuem formatos variados - esférico, oval e
alongado - e alguns se locomovem através de flagelos, cílios ou projeções do próprio corpo
(pseudópodes), mas também há aqueles que não se movimentam. Apresentam-se de duas formas
distintas:
• forma de trofozoíto (também conhecida como vegetativa) – é a forma ativa, que se reproduz,
alimenta-se e vive no interior do hospedeiro;
• forma de cisto e oocisto – são formas inativas e de resistência dos protozoários, encontradas nas
fezes do hospedeiro.

Para facilitar nosso estudo, separaremos os protozoários em grupos menores, em função da


presença de estruturas por eles utilizadas na locomoção:
• protozoários que se locomovem por meio de projeções celulares, denominadas pseudópodes: os
sarcodíneos (amebas);
• protozoários que se locomovem por meio de flagelos, denominados mastigóforos ou flagelados:
Trypanosoma cruzi,Trichomonas e Giardia;

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Módulo II

• protozoários que se locomovem utilizando cílios, denominados ciliophoros ou ciliados: Balantidium


coli;
• protozoários que não possuem estruturas locomotoras: sporozoários (Plasmodium e Toxoplasma
gondïi).
Os protozoários parasitos do homem podem habitar os tecidos, incluindo o sangue
(Tripanosoma cruzi), as cavidades genitais e urinárias (Trichomonas) e o intestino (giardia e amebas).

PRINCIPAIS DOENÇAS TRANSMITIDAS POR PROTOZOÁRIOS

Doença de Chagas
Uma das doenças mais importantes no Brasil, tem seu nome dado em homenagem a Carlos
Chagas, seu descobridor. Causada por um protozoário flagelado chamado Trypanosoma cruzi, é uma
doença grave e ainda não tem cura quando diagnosticada na fase crônica. A transmissão se faz através
de insetos vetores, sendo os mais comuns do gênero Triatoma, os chamados triatomíneos. Esses
insetos são popularmente conhecidos por “barbeiro” ou “chupança”. São hematófagos, isto é, só se
alimentam de sangue, o que costumam fazer à noite. Durante o dia, escondem-se em fendas e frestas
no chão ou nas paredes de casas muito simples, construídas de pau-a-pique, barro cru ou entre as
palhas da cobertura dessas casas.
Ao se alimentar, picam geralmente o rosto da pessoa e, enquanto se alimentam, defecam,
eliminando os protozoários nas fezes. No local da picada surge uma irritação que provoca coceira e
fere a pele, por onde os parasitos penetram. Ao penetrarem, alcançam a circulação sanguínea e vão
para o esôfago, intestino, músculos e, principalmente, o coração. Nos músculos do coração,
multiplicam-se e formam ninhos, prejudicando o funcionamento do órgão, levando à insuficiência
cardíaca e mesmo à morte.
Outras formas de transmissão são por transfusão sanguínea, compartilhamento de seringas
contaminadas e via congênita (vertical). Por sua vez, os insetos contaminam-se ao se alimentar do
sangue de pessoas ou de animais reservatórios (gambá, tatu, aves, morcegos, ratos, raposas e outros)
parasitados.
A forma ideal de evitar esse tipo de parasitose é substituir o tipo de moradia por casas de
alvenaria, impossibilitando a instalação dos barbeiros.
O diagnóstico para a identificação da parasitose é feito mediante exame de sangue,
principalmente no início da infecção (fase aguda).

Leishmaniose

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Módulo II

Esta doença é causada pelo protozoário, também flagelado, do gênero Leishmania. Existem
espécies que causam lesões na pele (“úlcera de Bauru”), a leishmaniose tegumentar americana. Há,
entretanto, outras espécies que causam lesões na mucosa e a
leishmaniose visceral ou Calazar (muito grave) - provocada pela L. chagasi, que compromete
principalmente o fígado e o baço. A leishmaniose visceral caracteriza-se por um quadro de febre
irregular, aumento do baço e do fígado, anemias e hemorragias.
Como a doença de Chagas, a leishmaniose também é transmitida através de vetores,
conhecidos por flebótomos (Lutzomyia) e popularmente identificados por: cangalhinha, birigüi,
mosquito palha, asa dura, asa branca, catuqui, catuquira, murutinga, etc. Os flebotomíneos fêmeas são
hematófagos e também têm o hábito de se alimentar ao anoitecer.
A presença de animais reservatórios também representa significativo papel nessa doença,
sendo os mais importantes o cão e o cavalo.
A melhor forma de se evitar a leishmaniose é o combate aos mosquitos (vetores). Como isso é
praticamente impossível nas zonas rurais e florestas, a maneira mais correta é proteger-se usando
repelentes, mosquiteiros e roupas adequadas.
A identificação do parasito (diagnóstico) na leishmaniose cutânea é feita através da biópsia ou
raspagem das bordas das úlceras ou feridas na pele. No caso da leishmaniose visceral, pelo exame do
sangue (testes sorológicos) ou através de punção de material aspirado do baço, medula óssea e
gânglios linfáticos.

Malária
A malária é causada por um esporozoário do gênero Plasmodium (P. falciparum, P. vivax e P.
malariae), que afeta milhares de pessoas em todo o mundo, principalmente em regiões tropicais. No
Brasil, sua prevalência acontece nos estados da Amazônia, Pará, Acre, Roraima, Rondônia, Mato
Grosso, Tocantins e Maranhão.
A transmissão ocorre com a picada de um vetor fêmea parasitada, do gênero Anopheles, que
só se alimenta de sangue. Ao se alimentar, o mosquito injeta, junto com a saliva, os parasitos - os
quais caem na corrente sangüíneas e são levados até as células do fígado, invadindo a seguir as
hemácias. Os mosquitos infectam-se quando sugam o sangue de uma pessoa doente, fechando o ciclo
evolutivo da parasitose. Suas outras formas de transmissão são iguais às da doença de Chagas, sendo a
transmissão congênita muito rara.
O estado clínico caracteriza-se por acessos febris cíclicos, por exemplo, de 48 em 48 horas (febre terçã
benigna) ou de 72 em 72 horas (febre quartã), dependendo da espécie envolvida.
O combate e as formas de evitar a doença são semelhantes às anteriores; para sua prevenção
muitas vacinas estão sendo testadas. O exame para a pesquisa do parasito é realizado no sangue e deve
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Módulo II

ser feito em todas as pessoas febris que moram em área endêmica de malária, e em todos os que lá
estiveram. Sua realização é muito importante para se evitar as formas graves e fatais da doença.

Protozoários oportunistas
Alguns esporozoários, como o Pneumocystis carinii e o Cryptosporidium sp., assumiram
recentemente grande importância médica por serem parasitos oportunistas em pessoas com
imunodepressão. Em pessoas saudáveis, a parasitose é completamente assintomática, mas em
indivíduos com AIDS, por exemplo, o parasito pode causar graves problemas. O Pneumocystis carinii
transmite-se pelas vias respiratórias e pode causar pneumonia. Já o Cryptosporidium sp. é transmitido
através de carnes mal cozidas e água contaminada com fezes de indivíduos parasitados, podendo
causar diarréias. Outro coccídio conhecido é a Isospora belli.
A contaminação dos parasitos (com exceção do Pneumocystis carinii) ocorre por conta da
eliminação de formas resistentes chamadas oocistos, que saem pelas fezes dos indivíduos parasitados.
Esses oocistos são resistentes ao cloro e a muitos desinfetantes preparados à base de iodo, mas morrem
com água sanitária e formol a 10%. Como os aidéticos parasitados eliminam grande quantidade de
oocistos em suas fezes, devem ser atendidos com o maior cuidado: uso de luvas, lavagem e
desinfecção das mãos, esterilização dos objetos e descontaminação das superfícies utilizadas.
O exame dessas parasitoses é feito através das fezes do indivíduo infectado. No caso do
Pneumocystis carinii, a pesquisa é feita através da lavagem brônquica ou no soro (sangue),
pesquisando-se anticorpos ou antígenos circulantes.
30
Módulo II

Toxoplasmose
Doença causada pelo esporozoário Toxoplasma gondii, ocorre com muita freqüência na
população humana sob a forma de infecção assintomática crônica. É também considerada infecção
oportunista que se manifesta com gravidade sempre que o hospedeiro sofra um processo de
imunodeficiência (AIDS, câncer, etc.).
O gato parasitado é o hospedeiro definitivo do esporozoário e elimina os oocistos pelas fezes,
contaminando o ambiente. Os oocistos podem, em condições ideais, se manter vivos até um ano e
meio. Os ratos, coelhos, bois, porcos, galinhas, carneiros, pombos, homem e outros animais são
considerados hospedeiros intermediários e infectam-se das seguintes maneiras:
a) ao ingerir os oocistos eliminados pelos gatos, diretamente do ambiente. Esses hospedeiros vão
desenvolver pseudocistos ou cistos em seus tecidos (músculos, carnes);
b) ao se alimentar de carne crua ou mal cozida (leite e saliva são menos comuns) dos animais,
hospedeiros intermediários, que têm os cistos ou pseudocistos em seus tecidos (músculos). Por
exemplo, o boi ingere os oocistos no pasto e nós, ao comermos sua carne mal cozida, ingerimos o
Toxoplasma gondii.
A toxoplasmose pode ser também transmitida por via congênita (vertical), e nos primeiros três
meses de gravidez pode causar aborto ou complicações graves para o feto. Acredita-se que mais de
60% da população já tenha mantido contato com o parasito, que é pouco patogênico, sendo a maioria
dos portadores assintomáticos. Porém, dependendo do hospedeiro, a toxoplasmose pode tornar-se
grave. Dentre outras formas, temos a toxoplasmose ocular - que causa lesões na retina, podendo levar
à cegueira parcial ou total - e a toxoplasmose cerebral - que causa convulsões, confusão mental e
quadros de epilepsia, confundindo o diagnóstico com o de um tumor.
As formas de se evitar a doença são, principalmente, não se alimentar de carne crua ou mal
cozida, e de seus derivados nas mesmas condições; manter boa higiene lavando as mãos após
manipular os alimentos (carnes) ou após contato com o solo, tanques, caixas de areias (eventualmente
poluídos por gatos) e com os próprios gatos, que retêm nos pêlos os oocistos.
Os gatos domésticos devem alimentar-se de rações ou alimentos previamente cozidos,
evitando-se carnes cruas e a caça de roedores. As fezes e forrações dos seus leitos devem ser
eliminadas diariamente e as caixas de areia, lavadas duas vezes por semana, com água fervente. A
pesquisa ou o diagnóstico da toxoplasmose é realizado pela análise do líquor ou, mais frequentemente,
por testes sorológicos.

31
Módulo II

Tricomoníase
O responsável pela tricomoníase é o protozoário flagelado
chamado Trichomonas vaginalis, que se aloja na vagina e na uretra e
próstata do homem. Muitos portadores são assintomáticos, mas na
mulher a infecção pode causar corrimento abundante, coceira, dor e
inflamação na mucosa do colo uterino e vagina (cervicites e
vaginites).
No homem, as infecções costumam ser benignas, mas
podem provocar secreção pela manhã e coceiras. O diagnóstico é
feito através da pesquisa do parasito em secreções vaginais, na
mulher, e em secreção uretral ou prostática e sedimento urinário, no
homem. A tricomoníase é considerada doença venérea pois é
transmitida por meio de relações sexuais. Devido à falta de higiene,
a transmissão também pode ocorrer por intermédio de instalações sanitárias (bidês, banheiras,
privadas, etc.), roupas íntimas e de cama. O controle ou forma de se evitar a parasitose baseia-se na
educação sanitária, no tratamento dos casos (tratando-se sempre o casal), uso de camisinhas nas
relações sexuais, boa higiene, etc.
Giardíase
A giardíase, existente no mundo inteiro, é causada pelo protozoário flagelado chamado
Giardia lamblia. Sua forma vegetativa (trofozoito) é encontrada no intestino delgado, principalmente
no duodeno, e infecta com muita freqüência crianças menores de dez anos. Geralmente, a infecção é
assintomática, mas quando o número de parasitos é grande e as condições do hospedeiro favorecem
(idade, resistência etc.), pode causar diarréias (com fezes claras, acinzentadas, mal cheirosas e muco)
com cólicas, náuseas, digestão difícil, azia, etc.

32
Módulo II

O indivíduo infectado elimina nas fezes, de forma não-constante, os cistos já maduros, que
contaminam a água e os alimentos (verduras, frutas e legumes). A transmissão ocorre pela ingestão
dos cistos (pela água ou alimentos) que não morrem com o uso de cloro na água, sobrevivendo por
cerca de dois meses no ambiente. Portanto, a água para beber deve ser sempre filtrada ou fervida.
Contudo, a transmissão também acontece quando moscas e insetos, ao pousar em materiais
contaminados (com fezes), espalham os cistos para os alimentos. Além disso, pode também pode
ocorrer através do sexo anal-oral.
Para se evitar sua transmissão deve-se lavar muito bem os alimentos que serão ingeridos crus,
bem como tomar água filtrada ou fervida, cultivar bons hábitos de higiene e somente defecar em
privadas ou fossas. Sua comprovação é feita mediante exame nas fezes. Entretanto, o resultado pode
ser, muitas vezes, negativo, devido a inconstância na eliminação dos cistos pela giardia. Sendo assim,
o teste deverá ser repetido em intervalos menores de tempo, bem como após o tratamento, para o
controle da cura.

Amebíase
A amebíase é causada por um protozoário chamado Entamoeba histolytica, encontrado
praticamente em todos os países, sendo mais comum nas regiões tropicais e subtropicais (incluindo o
Brasil), devido não só às condições climáticas, mas, principalmente, às precárias condições sanitárias e
ao baixo nível socioeconômico das populações que nelas vivem.
A forma trofozoítica habita no intestino grosso do hospedeiro infectado, mas pode parasitar,
através da circulação sanguínea, o fígado, pulmão e cérebro. A maioria das infecções são
assintomáticas, porém o equilíbrio entre parasito e hospedeiro pode ser quebrado - por vários motivos
já comentados - e o parasito (trofozoíto) pode invadir a mucosa do intestino, causando lesões
importantes (úlceras em “botão”). As diarreias amebianas provocam, em média, 10 ou mais
evacuações diárias, líquidas, com muco e sangue, acompanhadas de cólicas abdominais.
A transmissão ocorre com a eliminação de cistos encontrados nas fezes de pessoas parasitadas,
o que contamina o ambiente. Sua transmissão, diagnóstico e prevenção (maneiras de evitar a doença)
são iguais aos da giardíase.
Um comentário à parte com relação às amebas comensais (E. coli, Iodamoeba butschlii e
outras): elas podem ser encontradas no intestino do homem, sem, porém, causar-lhe mal algum; tal
fato, entretanto, deve servir de alerta para que o portador tome os cuidados necessários quanto a sua
forma de transmissão - a mesma das amebas patogênicas (através de fezes). Logo, as formas
parasitarias podem não se encontrar nas fezes naquele momento, mas podem aparecer em outra
ocasião.

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Módulo II

Os helmintos (vermes): características gerais


Os helmintos são seres multicelulares; portanto, pertencem ao reino Animalia. Durante o ciclo
evolutivo apresentam-se sob três formas: ovo, larva e verme adulto. O termo “helminto” é utilizado
para todos os grupos de vermes de interesse humano que vivem como parasitos. Para facilitar nossos
estudos, vamos separá-los em dois grupos menores: o filo platelminto e o filo nematelminto.

Os platelmintos: características gerais


O filo Platyhelminthes reúne os vermes de corpo achatado, alongado e de aspecto foliáceo, ou
segmentados em anéis (tênias), com aparelho digestivo incompleto ou ausente e sem sistema
circulatório. São, contudo, os primeiros organismos a apresentar sistema excretor (ânus). Geralmente
são hermafroditas, com exceção do Schistosoma, que apresenta sexos separados.
Dentre outras classes, há duas de nosso interesse pois delas constam importantes parasitos
humanos capazes de causar doenças: a classe Trematoda (Schistosoma mansoni) e a classe Cestoda
(Taenias e cisticercos).
a) Principais doenças transmitidas pelos Trematodas:
• Esquistossomose - Também conhecida por “barriga d’água”, “xistosa” ou “doença do caramujo”, a
esquistossomose é causada pelo Schistosoma mansoni que parasita, na fase adulta, os vasos
sangüíneos do sistema porta (no fígado) e os vasos da parede do intestino. Existem parasitos machos e
fêmeas (sexos separados). Na fase adulta, medem alguns milímetros, tornandose, portanto, passíveis
de serem vistos a olho nu.

34
Módulo II

Para completar seu ciclo biológico esse parasito precisa de dois hospedeiros: um intermediário
(caramujo) e outro definitivo (homem).
- Ciclo biológico do parasito - No acasalamento, o macho, que é achatado, abraça a fêmea, que é
cilíndrica e alongada, nela enrolando-se. Após a fecundação, as fêmeas eliminam os ovos, que
atravessam a parede dos vasos e saem com as fezes do indivíduo parasitado. Esses ovos apresentam
em seu interior uma larva chamada miracídio. Quando lançados na água (rios, lagos, córregos),
juntamente com as fezes, eclodem, liberando os miracídios que nadam ao encontro do caramujo
(Biomphalaria glabrata). No caramujo, essas larvas desenvolvem-se e multiplicam-se. Mais tarde,
saem do caramujo (fase em que são chamadas de cercária) em busca de um hospedeiro humano.
Penetram nas pessoas quando estas vão tomar banho ou lavar roupas em águas contaminadas com
fezes humanas de indivíduos parasitados.
Após penetrar pela pele do hospedeiro, a larva evolui, se diferencia e cresce até alcançar os
vasos do sistema porta, onde permanece já na fase adulta.
A infecção costuma ser assintomática, dependendo sempre daqueles fatores, em relação ao
hospedeiro e ao parasito, anteriormente mencionados, mas poderá ocasionar manifestações clínicas
como alergias no local da penetração das cercárias, aumento do baço e do fígado, ascite (barriga
d’água), etc. O diagnóstico é realizado através de exame de fezes. O modo de se evitar a contaminação
será descrito na próxima unidade, pois é semelhante ao relativo a todos os demais helmintos.
• Fasciolíase - Essa doença é causada pela Fasciola hepática, parasito de herbívoros (gado).
Apresenta-se em forma de folha e raramente infecta o homem. Contudo, quando acontece, parasita o
fígado, a vesícula e canais biliares. Os ovos saem com as fezes. O ciclo é semelhante ao acima
descrito, com uma diferença: as cercárias que saem dos moluscos (caramujos) assumem uma forma
cística (forma de resistência), aderem às vegetações aquáticas e infectam os indivíduos que se
alimentam das mesmas.
b) Principais doenças transmitidas pelos Cestodas:
• Teníase e cisticercose - A teníase é causada por um verme popularmente conhecido por “solitária”, o
qual tem duas espécies: a Taenia saginata, que possui como hospedeiro intermediário o bovino, e a
Taenia solium, que tem o suíno como hospedeiro intermediário. São vermes alongados, achatados, em
fita, segmentados em anéis (proglotes) e hermafroditas, ou seja, possuem órgãos sexuais separados,
mas no mesmo indivíduo. Alguns, chegam a medir alguns metros de comprimento.
- Ciclo biológico do parasito - A infecção inicia-se com a ingestão da forma larvar (cisticerco)
da tênia, através do consumo de carnes e derivados (linguiça, salame, etc.) crus ou malcozidos, do
porco ou boi. Essas larvas atingem o intestino do hospedeiro, onde adquirem a forma adulta e, depois
de certo tempo, liberam seus anéis (proglotes), repletos de ovos, juntamente com as fezes,
contaminando assim o ambiente.
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Módulo II

O porco ou o boi, ao se alimentar em ambiente contaminado com fezes de indivíduos


parasitados, ingerem os ovos contendo a larva. No interior dos seus organismos os ovos rompem-se,
liberando as larvas (oncosferas) que vão parasitar os músculos desses animais,
dando origem aos cisticercos (larvas). Ao agir no lugar do intermediário, ou seja, ao ingerir os ovos do
parasito através do alimento ou da água, e não as larvas através da carne, o homem - hospedeiro
definitivo - desenvolverá uma doença chamada cisticercose. Contudo, isto só acontecerá se os ovos
forem da Taenia solium, que parasita o porco. Portanto, podemos resumir dizendo: o indivíduo que
ingere carne de porco ou de boi contaminada adquire teníase; aquele que ingere ovo de Taenia solium,
a cisticercose.
Tanto uma quanto outra podem apresentar-se de forma assintomática, mas na teníase pode
haver sintomas como perda de peso, mesmo com apetite aumentado, dores de cabeça, coceira no ânus,
etc. Na cisticercose, a manifestação clínica dependerá do local onde as larvas (cisticercos) irão se
alojar e desenvolver. Assim, podem causar graves distúrbios se forem parar no globo ocular, no
sistema nervoso, no cérebro, etc. Há casos em que os médicos ficam pensando em tumores e, quando
os retiram, têm a surpresa de encontrar os cisticercos já mortos e calcificados.
O exame para o diagnóstico da teníase é realizado através das fezes. Para a cisticercose, no
líquor, no sangue ou através de exames radiológicos, ultra-sonografia e ressonância magnética.

Os nematelmintos: características gerais


Os nematóides são vermes de tamanhos e formas variadas - alongados, cilíndricos, fusiformes,
não-segmentados, com simetria bilateral. Possuem aparelho digestivo completo. Os sexos são
separados, sendo os machos menores que as fêmeas. A reprodução é feita de forma sexuada. A classe
que nos interessa estudar é a Nematoda, na qual estão classificados os principais parasitos do homem.
a) Principais doenças transmitidas pelos Nematodas:
• Ascaríase ou ascariose - É o parasitismo causado pelo Ascaris lumbricoides, exclusivo do ser
humano, também conhecido como “lombriga” ou “bicha”.
- Ciclo biológico do parasito - A infecção ocorre pela ingestão de ovos maduros do parasito,
juntamente com alimentos, água ou por intermédio de mãos sujas de terra contaminada pelas fezes do
indivíduo parasitado. Esses ovos são eliminados juntamente com as fezes e, até amadurecerem,
necessitarão permanecer no solo por algum tempo (cerca de duas semanas). Esse tempo é necessário
para que a larva em seu interior se desenvolva e assim, quando o ovo for ingerido pelo novo
hospedeiro, possa dar continuidade ao desenvolvimento da parasitose. Por isso, o Ascaris lumbricoides
é classificado como geohelminto. Como se pode ver, nesse caso não há transmissão direta fecal-oral.
No corpo do hospedeiro, o ovo eclode e libera a larva, que percorre um caminho especial, passando

36
Módulo II

por vários órgãos e desenvolvendo-se para, ao final, atingir o intestino delgado, onde permanecerá na
forma adulta eliminando seus ovos.
A ascaridíase é, na maioria das vezes, assintomática. Quando apresenta sintomas, os mais
frequentes são desconforto abdominal, cólicas, má digestão, perda de apetite, irritabilidade, coceira no
nariz, ranger de dentes à noite, etc. Torna-se grave quando o número de parasitos é elevado e acaba
formando um novelo, bloqueando a passagem no intestino.
Há também casos em que os vermes adultos migram para outros órgãos e acabam saindo pelos
ouvidos, boca, olhos, etc. Os exames para pesquisa do parasito são realizados nas amostras de fezes do
hospedeiro.
• Tricuríase - Essa parasitose é causada pelo Trichuris trichiura que, como o áscaris, também é um
geohelminto. Portanto, a transmissão e a infecção ocorrem do mesmo modo. O verme adulto tem
preferência pelo intestino grosso (ceco).
Como os demais, a maioria dos casos é assintomática. Quando há sintomas, são semelhantes
aos do áscaris, com exceção da obstrução intestinal. Uma conseqüência mais séria dessa parasitose é o
prolapso retal – caso em que o reto sai para fora do corpo devido à força que o indivíduo faz ao sentir
a falsa impressão de querer evacuar, com relativa frequência. O diagnóstico é o mesmo dos demais
casos de áscaris.

Ciclo biológico do Áscaris lumbricoides


• Enterobíase ou enterobiose - O agente responsável por essa parasitose é o Enterobius vermiculares,
também conhecido por oxiúros, que parasita preferencialmente crianças. A infecção e a eliminação são
semelhantes às do áscaris. A diferença é que este parasito só necessita de aproximadamente cinco
horas, no ambiente, para amadurecer e tornar-se capaz de infectar um novo hospedeiro. Portanto, nesse
caso, pode ocorrer a auto-infecção e a transmissão direta fecaloral, o que contribui ainda mais para o
aumento da parasitose. As fêmeas, após o acasalamento, no intestino grosso do hospedeiro, dirigem-se

37
Módulo II

à região perianal (proximidades do ânus) para eliminar seus milhares de ovos – processo que acontece
normalmente durante a noite, provocando no indivíduo parasitado forte coceira no ânus.
O exame para identificar o parasito pode ser feito nas fezes, mas o ideal é o da fita gomada.
Pela manhã, antes do banho, cola-se uma fita durex transparente nas proximidades do ânus; a seguir, a
mesma fita é colada sobre uma pequena lâmina de vidro, fornecida por laboratório de análises clínicas
– a qual será analisada em microscópio ótico pelo laboratório, na tentativa de encontrar os ovos do
parasito.
• Strongiloidíase - É causada pelo Strogyloides stercoralis, que apresenta um ciclo diferente dos
anteriores. A infecção ocorre através da penetração de larvas na pele do indivíduo. No interior do
corpo do hospedeiro seguem o mesmo caminho do áscaris, mas somente as larvas fêmeas completam o
ciclo, tornando-se parasitos, encontrados em sua fase adulta no intestino delgado. O hospedeiro, por
sua vez, elimina larvas nas fezes – ao invés de ovos -, as quais, para se tornarem capazes de infectar
novo hospedeiro, devem permanecer no solo, em condições ideais, por alguns dias. Outra
característica importante dessa parasitose é que o Strogyloides stercoralis pode desenvolver um ciclo
de vida livre no solo, aumentando assim a contaminação do ambiente.
A estrongiloidíase é, como as demais verminoses, na maioria das vezes assintomática. O
exame para a pesquisa do parasito é realizado nas amostras de fezes. Como medidas preventivas deve-
se não contaminar o solo com fezes e, nos locais suspeitos de contaminação, procurar proteger-se,
usando calçados e botas impermeáveis.
• Ancilostomíase ou amarelão - Os agentes infecciosos responsáveis pela doença no homem
pertencem a dois gêneros: Necator americanus e Ancylostoma duodenale. Em relação ao Strogyloides
stercoralis, a diferença no ciclo desses dois parasitos é que eles eliminam ovos nas fezes, ao invés de
larvas. Lançados no ambiente juntamente com as fezes, mais tarde eclodem e liberam as larvas. O
restante do ciclo é igual ao do Strogyloides stercoralis. Os ancilostomídeos fixam-se na mucosa do
intestino por meio de estruturas especiais semelhantes a dentes, provocando lesões na mucosa. Devido
ao hábito de se alimentar de sangue, é comum causarem anemia no hospedeiro. Por isso, a
ancilostomíase é também conhecida como “amarelão”.
• Larvas migrans cutânea - Existe uma espécie de parasito que infesta o cão (A. caninum) e outra, o
gato (A .braziliense). Ambas não conseguem completar seu ciclo no homem. As larvas dessas espécies
penetram na pele e ficam caminhando sob a mesma (tecido subcutâneo) até morrer. São chamadas
larvas migrans cutâneas, conhecidas como “bicho geográfico” e “bicho das praias”. Este é o motivo
pelo qual devemos evitar levar animais à praia, bem como cuidar melhor do destino das fezes dos
animais domésticos.
• Filaríase linfática ou filariose - Também conhecida por elefantíase, devido ao grande aumento que a
doença acarreta nos membros, principalmente pernas e órgãos genitais externos das pessoas infectadas
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Módulo II

(raramente braços e mamas). O parasito responsável é a Wuchereria bancrofti, que requer no seu ciclo
de vida a presença de um mosquito vetor (gênero Culex), também conhecido como pernilongo,
muriçoca e carapanã. A infecção ocorre quando o mosquito parasitado, ao picar o homem para
alimentar-se, transmite as larvas da filária. Estas dão origem aos vermes adultos, que medem cerca de
três a dez centímetros e localizam-se nos vasos linfáticos, onde promovem reações inflamatórias
(granulomas) e ou edema, pois, ao formar novelos, causam a obstrução parcial ou total dos vasos.
Como a circulação linfática tem por função retirar o excesso de líquidos dos tecidos, sua obstrução
causa o inchaço local. Preferencialmente à noite, as fêmeas dos vermes liberam as larvas
(microfilárias) que circulam no sangue do hospedeiro. Considerando-se este fato, o diagnóstico é
realizado através do sangue do indivíduo, o qual deve ser colhido entre 22h00 e 4h00 da madrugada. A
biópsia de gânglios linfáticos é uma outra forma de pesquisar a presença do parasito. A transmissão da
parasitose ao mosquito (vetor) se dá quando ele, ao se alimentar do sangue de um indivíduo
parasitado, recebe também as microfilárias. O combate e extermínio dos vetores é o principal modo de
se evitar a doença. As medidas indicadas, dentre outras, são: uso de inseticidas nas casas, repelentes,
mosquiteiros, telas nas janelas, evitar depósitos de água parada sem proteção.

Os artrópodes (ectoparasitos): características gerais


Já sabemos que muitos artrópodes (insetos) estão envolvidos na transmissão de vírus,
bactérias, protozoários e até helmintos (filária), mas também existem aqueles que são parasitos da
superfície corporal do homem (pele), denominados ectoparasitos.
O filo Arthropoda reúne duas classes de nosso interesse: a classe Arachnida (ácaros e
carrapatos) e a classe Insecta (pulgas, moscas e piolhos).
a) Principais infestações causadas pelos ácaros - Os ácaros são bastante pequenos e muitos não são
vistos a olho nu.
• Cravo cutâneo - O cravo e a acne são causados pelas espécies que habitam os folículos pilosos
(pêlos) e glândulas sebáceas, embora possam também ter outras causas.
• “Carrapato-estrela” ou micuim - É um dos mais comuns transmissores de doenças no Brasil.
Transmite o vírus da febre maculosa. O homem é por ele parasitado através de suas larvas ou ninfas,
que se localizam nas pastagem frequentadas por cavalos.
• Escabiose ou sarna - É uma doença contagiosa causada pelo Sarcoptes scabiei e sua transmissão se
dá pelo contato com pessoas parasitadas. Ataca tanto o homem como outros animais. De modo geral, a
espécie causadora da sarna é própria para cada tipo de hospedeiro, ou seja, um homem que manuseia
um cão com sarna pode até pegar a doença, mas conseguirá curar-se espontaneamente. Os parasitos
adultos perfuram túneis ou galerias na pele, entre os dedos, nas mãos, nos punhos, nos genitais
externos, etc. Provocam muita coceira e consequente irritação na pele, facilitando, assim, a penetração
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Módulo II

de bactérias (infecções secundárias). O diagnóstico é realizado através de material colhido por


raspagem das crostas e lesões. A transmissão é direta, de pessoa a pessoa.
• Alergias respiratórias - Muitas alergias são causadas pela presença de várias espécies de ácaros, bem
pequeninos, que contaminam o ar e acumulam-se na poeira. Por isso, devemos ter o máximo de
cuidado com a limpeza de nossa casa, ambiente de trabalho, etc.

b) Principais infestações causadas pelos insetos


• Pediculose - É a infestação causada pelos piolhos, insetos que possuem o corpo achatado, sem asas e
se alimentam de descamações da pele, de sangue seco ou outros materiais orgânicos do corpo do
hospedeiro. As espécies que comprometem o homem são Pediculus humanus capitis, que afeta a
região da cabeça - couro cabeludo – e cujos ovos (lêndeas) ficam aderidos aos fios de cabelo, e P.
humanus corporis, também conhecido por “muquirana”, que se alimenta na superfície do corpo e fixa
seus ovos nas roupas do hospedeiro. Existe ainda o gênero Pthirius pubis, popularmente conhecido
como “chato”, que se aloja nos pêlos pubianos.
Os piolhos são capazes de transmitir a febre tifóide e a febre das trincheiras; daí a importância
do seu controle. A higiene do corpo - banhos, cabelos cortados e barbas aparadas - e das roupas evita
sua proliferação, bem como o hábito de trocar as vestimentas com frequência.
A pediculose manifesta-se por forte coceira que provoca dermatite por causa da reação do
hospedeiro à saliva do inseto. Está associada às más condições sociais e, diretamente, à falta de
higiene. A transmissão ocorre de forma direta e o P. pubis transmite-se também por contato sexual.
• Pulgas - As pulgas não voam, pois são desprovidas de asas; para locomover-se saltam de um
hospedeiro para outro. Algumas espécies são capazes de transmitir doenças ao homem, como no caso
da peste bubônica (Yersinia pestis), em que a pulga serve de agente responsável pela transmissão da

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Módulo II

doença do rato para o homem. Outra espécie importante para o homem é a Tunga penetrans, cuja
fêmea grávida penetra na pele, causando feridas e lesões, sobretudo nos pés.
• Miíase - Também conhecida por “bicheira” ou “berne” é uma manifestação clínica causada pela
presença de larvas de moscas em tecidos do homem, onde se alimentam, evoluindo para o parasitismo.
Sua transmissão ocorre através da postura dos ovos, pelas moscas, nas aberturas naturais do corpo ou
na pele que apresenta ferida, cortes ou arranhões.
É frequente a miíase intestinal causada pela ingestão de alimentos contaminados por moscas. A
ocorrência pode ser cutânea, subcutânea, nasal, em feridas, lábios, etc. As fêmeas põem de 10 a 300
ovos durante 4 dias. Após 12 a 20 horas de incubação, esses ovos eclodem, liberando as larvas que se
alimentam e, assim, destroem rapidamente os tecidos. O tratamento consiste na remoção das larvas,
com prévia anestesia; no caso das intestinais, com medicação anti-helmíntica.

O MEIO AMBIENTE E AS FORMAS DE CONTROLE DOS AGENTES INFECCIOSOS


Agora que conhecemos alguns agentes infecciosos, seus modos de transmissão e as doenças
que causam, o que de mais importante precisamos saber? Como evitá-los? Entendendo a estruturação
da cadeia de transmissão (onde, como vivem, como se transmitem) dos principais agentes infecciosos,
podemos intervir rompendo o elo e evitando a contaminação do ambiente. Dessa forma, eliminando as
doenças infecciosas procuramos aumentar o tempo de vida da espécie humana.
A seguir discutiremos as medidas de extermínio, redução e controle mais importantes,
relacionadas aos principais agentes anteriormente estudados.
Já sabemos que os seres vivos necessitam de alimentos, água e ar de boa qualidade, livres de
qualquer contaminação. Entretanto, sabemos que os seres humanos apresentam necessidades de maior
amplitude além das biológicas, ou seja, as de ordem social, política e econômica: moradias adequadas,
boa higiene, educação, bom relacionamento social com a comunidade onde vivem e trabalham, bons
serviços de assistência à saúde (profissionais e centros de saúde), escolas gratuitas e salários decentes,
por exemplo. A carência destas necessidades implica condições diretamente relacionadas à
disseminação de doenças, especialmente as parasitárias. Considerando tais fatos, o profissional de
saúde é capaz de atuar na saúde individual de forma muitas vezes simples, através de orientações e
tratamentos, e assim prevenir e curar as doenças parasitárias. Entretanto, quando se trata de saúde
coletiva, com a participação do meio ambiente e de outros fatores de ordem socioeconômica, faz-se
necessária a adoção de medidas mais complexas. Nesse caso, as decisões de natureza política exercem
importante papel, de maneira direta, na relação parasito-hospedeiro-meio ambiente, intervindo e
rompendo a cadeia de transmissão.

Saneamento básico
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Módulo II

Fala-se muito em saneamento básico. Conhecemos seu significado? É importante para a população?
Sanear quer dizer limpar. Assim, pode-se definir saneamento como o conjunto de medidas que visam
tornar as condições ambientais apropriadas à vida.
O saneamento básico
consiste em abastecimento e
purificação da água, coleta de
lixo, construção de redes de
esgoto, controle da poluição,
limpeza dos lugares públicos
pelos órgãos do governo. Enfim,
significa conservar os meios
naturais e eliminar o que
representa riscos à saúde da
população.
A água contaminada é um deles, podendo transmitir muitas doenças parasitárias como
diarréias, cólera, esquistossomose (barriga d’água) e outras verminoses. Durante as chuvas, as águas
de abastecimento podem vir a contaminar-se pela drenagem dos campos contaminados em decorrência
de enxurradas. Por sua vez, as piscinas e lagos recreativos também podem apresentar considerável
contaminação, oferecendo riscos às pessoas. Considerando tais fatos, a água deve ser sempre
adequadamente tratada e, para ser ingerida, fervida ou filtrada.

Esterilização e desinfecção
Antes de entrarmos nas medidas de prevenção das infecções parasitárias, precisamos
esclarecer os procedimentos de remoção dos agentes infecciosos.
• Esterilização - É a destruição de todas as formas de vida microbiana (matando os esporos) existentes
em determinado objeto (em sua superfície ou interior). Pode ser realizada através de métodos físicos
ou químicos (vapor seco e vapor saturado sob pressão e agentes químicos).
• Desinfecção - É o processo que remove ou mata a maioria dos microrganismos patogênicos (não
necessariamente matando os esporos) existentes em uma superfície inerte. Pode ser feita por vapor
úmido, por processos físicos (pasteurização e água em ebulição ou fervura) ou por processos químicos
por meio da imersão em soluções germicidas (álcool etílico a 70%, cloro e compostos clorados,
fenólicos, formaldeído, etc.).
• Assepsia - É um conjunto de medidas que visam reduzir o número de microrganismos e evitar sua
disseminação ou contaminação de uma área ou objeto estéril. Pode ser classificada em:

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Módulo II

- assepsia médica: auxilia a diminuir o número de microrganismos, impedindo sua passagem de


pessoa para pessoa (técnica asséptica);
- assepsia cirúrgica: torna e mantém os objetos e áreas livres de todos os microrganismos (técnica
estéril).
• Antissepsia - São medidas que visam diminuir e prevenir, o crescimento de microrganismos,
mediante aplicação de um agente germicida.

Medidas de prevenção das infecções e contaminações


Profilaxia - é o conjunto de medidas - específicas para cada doença - que visam a prevenção, controle
ou erradicação de doenças ou fatores prejudiciais aos seres vivos.
Essas medidas devem ser adotadas por todos, mas principalmente pelos profissionais da área de saúde
– os quais, pelas atividades que desempenham, estão sempre mais expostos não só a se infectar, mas
também a transmitir os agentes infecciosos às pessoas que já se encontram infectadas ou debilitadas.
De forma geral, relacionamos a seguir as principais medidas de controle das infecções parasitárias
estudadas neste curso. Caberá a vocês, como tarefa, correlacioná-las com os agentes infecciosos
responsáveis e as doenças que provocam.
1. Higiene pessoal: lavar as mãos, tomar banhos diários, manter as unhas cortadas e escovadas, trocar
e lavar as roupas de uso pessoal e da casa com frequência, escovar e cuidar dos dentes diariamente.
Somente defecar em privadas e fossas; quando isso não for possível, dar destino seguro aos dejetos
fecais;
2. Beber somente água filtrada ou fervida;
3. Lavar muito bem as verduras, frutas e legumes que irão ser consumidos crus;

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Módulo II

4. Evitar o consumo de carnes e seus derivados crus (linguiça, salames, churrasquinhos, etc.) ou
malcozidos;
5. Proteger os alimentos de poeira e insetos (como baratas ou moscas) que podem transportar em suas
patas formas resistentes de parasitos;
6. Não utilizar fezes humanas como adubo nas hortaliças e demais lavouras;
7. Jamais defecar ou lançar as fezes diretamente na água de rios, lagos, etc.;
8. Fazer o diagnóstico e tratamento correto das infecções sempre que houver suspeita de parasitose;
9. Proteger os pés e pernas com sapatos e botas impermeáveis sempre que for trabalhar na lavoura ou
pisar em solos suspeitos de contaminação fecal;
10. Proteger as mãos com luvas quando tiver que manipular objetos contaminados, e usar máscaras ao
entrar em contato com pessoas sabidamente portadoras de doenças infecciosas;
11. Usar camisinhas quando for manter relações sexuais;
12. Evitar a presença de animais nas praias (cães e gatos) e dar destino seguro às fezes dos animais
domésticos;
13. Preferencialmente, morar em habitações de alvenaria e não em casas de pau-a-pique ou barro cru,
cobertas de palha;
14. Cobrir as janelas com telas e usar mosquiteiros nos quartos, como proteção aos mosquitos vetores;
15. Usar repelentes sempre que tiver de se expor aos mosquitos, sobretudo ao anoitecer;
16. Usar roupas adequadas para se proteger das picadas dos mosquitos se precisar frequentar zonas
rurais endêmicas para determinadas parasitoses (garimpo, minério, derrubada de matas, etc.);
17. Aplicar inseticidas nas paredes das casas;
18. Vacinar-se contra as doenças infecciosas contra as quais haja vacinas;
19. Utilizar seringas e agulhas descartáveis;
20. Eliminar águas paradas;
21. Adotar as corretas técnicas de esterilização e desinfecção;
22. Decisões políticas: instalações sanitárias de rede de esgoto, tratamento da água de abastecimento,
limpeza das vias públicas (ruas, praças, etc.). Vigilância sanitária, fiscalização e controle nos
abatedouros de animais e nas indústrias de derivados de carne, açougues e frigoríficos. Controle
rigoroso nos bancos de sangue através de exames laboratoriais nos doadores;
23. Educação sanitária e formação de profissionais competentes na área de saúde.

A educação sanitária consiste em:


- Orientar as pessoas para a identificação de sinais de doenças parasitárias. Por exemplo: saberem
identificar proglotes de tênias ou vermes (áscaris) que estejam sendo eliminados nas fezes;
· - Incentivar o tratamento;
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Módulo II

- Orientar como prevenir as principais infecções;


- Orientar quanto aos hábitos de higiene.
Chegamos ao final deste texto com a certeza de que aprendemos muito e a sensação de que
temos mais a aprender. Nós, profissionais de saúde, devemos nos conscientizar de nossa
responsabilidade e do quanto podemos fazer para melhorar as condições que visam a controlar e evitar
as doenças infecciosas. Esperamos que esses novos conhecimentos lhes propiciem atuar com maior
segurança e confiança não apenas como profissionais da área de saúde, mas como seres humanos que
vivem em determinada comunidade de algum lugar deste nosso Brasil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Berenguer, JG. Atlas de Parasitologia, Ed. Jover, S.A., Madrid, 1a ed., 1973.
2. Cimerman, B, Cimerman, S. Parasitologia humana e seus fundamentos gerais, Ed. Atheneu, Rio
de Janeiro, 1a ed., 1999.
3. Mims, CA, Playfair, JHL, Roitt, IM, Wakelin, D. Microbiologia médica, Ed. Manole Ltda., São
Paulo, 1a ed., 1995.
4. Neves, DP, Melo, AL, Genaro, O, Linardi, PM. Parasitologia humana, Ed. Atheneu, Rio de
Janeiro, 10a ed., 2000.
5. Rey, L. Parasitologia, Ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2a ed.,1991.
6. SECRETARIA DE ESTADO DO RIO DE JANEIRO, Escola de Formação Técnica em Saúde
Enfª Izabel dos Santos - Série curricular para formação do auxiliar de enfermagem -
Microbiologia e Parasitologia, Rio de Janeiro, 1995.
7. Veronesi, R, Focaccia, R, Dietze, R. Doenças infecciosas e parasitárias, Ed. Guanabara Koogan,
Rio de Janeiro, 8a ed., 1991.
8. http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/pratica-pedagogica/como-ensinar-microbiologia-
426117.shtml

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