Microbiologia e Parasitologia - Apostila
Microbiologia e Parasitologia - Apostila
Microbiologia e Parasitologia - Apostila
MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA
MICROBIOLOGIA
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Módulo II
outros compostos em ácidos orgânicos, aminoácidos e vitaminas bem como substâncias que estimulam
o crescimento e a produção de carne, leite e lã.
PARASITOLOGIA
Organização celular
Existem seres vivos de tamanhos e formas muito variadas. Mas somente os seres vivos, com
exceção dos vírus, são formados por unidades fundamentais denominadas células - tão pequeninas
que não são vistas a olho nu, mas através do microscópio.
Os organismos formados por uma só célula são chamados unicelulares, tais como as amebas,
giardias e bactérias, também conhecidos como microrganismos. Concentram numa só célula todas as
suas funções; assim, uma ameba é uma só célula e ao mesmo tempo um ser completo, capaz de
promover sua nutrição, crescimento e reprodução.
Porém, a maioria dos seres vivos são formados por milhares de células, motivo pelo qual são
denominados pluricelulares ou multicelulares, como as plantas e os animais.
Ciclo vital
A maioria dos organismos vivos nascem, alimentam-se, crescem, desenvolvem-se,
reproduzem-se e morrem – o que denominamos como ciclo vital.
Nutrição
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Módulo II
Reprodução
Existem basicamente dois tipos de reprodução: sexuada e assexuada. A reprodução sexuada é
a que ocorre com o homem, pela participação de células especiais conhecidas por gametas. O gameta
masculino dos seres vivos de uma mesma espécie funde-se com o feminino – fecundação –, dando
origem a um novo ser a eles semelhante. Os gametas podem vir de dois indivíduos de sexos distintos,
como o homem e a mulher, ou de um ser ao mesmo tempo masculino e feminino, o chamado
hermafrodita, ou seja, o que possui os dois sexos – isto ocorre com a minhoca e com um dos parasitos
do intestino humano, a Taenia sp, que causa a teníase e é popularmente conhecida como solitária.
Sensibilidade e irritabilidade
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Módulo II
organismos fixam o nitrogênio atmosférico e formam compostos capazes de ser assimilados pelos
vegetais. Viram como as plantas já não podem mais ser consideradas seres produtores completos ou
verdadeiros? Assim, concluímos que nem mesmo as plantas conseguem viver sozinhas, pois
necessitam da presença de compostos nitrogenados no ambiente, que são elaborados pelos
microrganismos decompositores. Esses seres que não conseguimos ver, pois são extremamente
pequenos, acabam tornando-se essenciais às plantas e aos demais seres vivos. Entretanto, a cadeia
alimentar é capaz de nos mostrar ainda mais: além da dependência entre os seres vivos existe também
uma íntima ligação entre eles e o ambiente onde vivem.
E quanto à perpetuação das espécies?
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Módulo II
Reino Monera
O reino Monera é formado por seres muito simples, unicelulares, cuja única célula é envolvida
por uma membrana. O material genético (DNA) responsável por sua reprodução e todas suas
características encontra-se espalhado no seu interior. A célula que não apresenta uma membrana
envolvendo o material genético, ou seja, não possui um núcleo delimitado ou diferenciado do seu
restante, é chamada de célula procariótica. Portanto, o reino Monera é formado por seres
Procariontes, como as bactérias e algas azuis (cianofíceas). Muitas bactérias são capazes de causar
doenças como hanseníase, tétano, tuberculose, diarreias e cólera.
Reino Protista
O reino Protista é constituído por seres também formados por uma só célula, porém com seu
material genético protegido por uma membrana nuclear (célula eucariótica). Esses seres unicelulares,
que apresentam estrutura um pouco mais complexa, são denominados Eucariontes.
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Módulo II
No reino Protista encontram-se os protozoários. Muitos deles vivem como parasitos do ser
humano e de muitos mamíferos, sendo capazes de causar doenças graves - caso do Plasmodium
falciparum, causador da malária - e as diarréias amebianas provocadas pelas amebas.
Reino Fungi
Os fungos se encontram no reino Fungi. Todos conhecemos as casinhas de sapo nos tocos de
árvores ou terrenos úmidos - são os fungos. Não são considerados plantas porque não fazem
fotossíntese; nem animais porque não são capazes de se locomover à procura de alimentos. Absorvem
do ambiente todos os nutrientes que necessitam para
sobreviver. Existem fungos úteis ao homem, como os cogumelos utilizados na alimentação e aqueles
empregados no preparo de bebidas (cerveja) e produção de medicamentos (antibióticos). Porém,
alguns fungos são parasitos de plantas e animais, podendo causar doenças denominadas micoses.
Algumas micoses ocorrem dentro do organismo (histoplamose), mas a maioria desenvolve-se na pele,
unhas e mucosas, como a da boca.
Reino Animalia
O reino Animalia é o que reúne o maior e mais variado número de espécies. Nele estão os
homens, répteis, insetos, peixes, aves e outros animais.
E também os vermes, que são parasitos e causadores de doenças como a ancilostomíase, conhecida
como amarelão, e a ascariose, causada pelas lombrigas.
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Módulo II
Há transferência de energia entre eles, que por sua vez estão também trocando energia e matéria com o
ambiente, ligados ao ar, água, luz solar, etc. Imaginemos um bairro de nossa cidade. Nele existem
animais domésticos (cães, gatos), aves (pássaros, galinhas), insetos, várias espécies de plantas, seres
humanos, etc. - e não podemos esquecer daqueles que não enxergamos: as bactérias, os vírus e os
protozoários. Todos à procura de, no mínimo, alimento e proteção em um mesmo ambiente. Não é
difícil imaginar que essa convivência nem sempre será muito boa, não é mesmo? Como são muitos, e
de espécies diferentes, convivendo em um mesmo lugar e relacionando-se, interagem e criam vários
tipos de associação. Essas associações podem ser de duas formas: positivas ou harmônicas e negativas
ou desarmônicas.
Podemos comparar o fenômeno do parasitismo com um inquilino que mora em casa alugada e,
além de não pagar aluguel, ainda estraga o imóvel. Uns estragam muito; mas a maioria estraga tão
pouco que o proprietário nem se dá conta. Portanto, sempre haverá um lado obtendo vantagens sobre o
outro, que acaba sendo mais ou menos prejudicado. Aquele que leva vantagem (inquilino), ou seja,
quem invade ou penetra no outro, é denominado parasito. E o indivíduo que recebe ou hospeda o
parasito é chamado de hospedeiro. O parasito pode fazer uso do organismo do hospedeiro como
morada temporária, entretanto, na maioria das vezes, isto ocorre de forma definitiva. Utilizam o
hospedeiro como fonte direta ou indireta de alimentos, nutrindo-se de seus tecidos ou substâncias.
De modo geral, há o estabelecimento de um equilíbrio entre o parasito e o hospedeiro, porque
se o hospedeiro for muito agredido poderá reagir drasticamente (eliminando o parasito) ou até morrer,
o que causará também a morte do parasito. Então, nas espécies em que o parasitismo vem sendo
mantido há centenas de anos, raramente o parasito provoca a doença ou morte de seu hospedeiro.
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Módulo II
Hospedeiro
Na cadeia de transmissão, o hospedeiro pode ser o homem ou um animal, sempre exposto ao
parasito ou ao vetor transmissor, quando for o caso. Na relação parasito-hospedeiro, este pode
comportar-se como um portador são (sem sintomas aparentes) ou como um indivíduo doente (com
sintomas), porém ambos são capazes de transmitir a parasitose. O hospedeiro pode ser chamado de
intermediário quando os parasitos nele existentes se reproduzem de forma assexuada; e de definitivo
quando os parasitos nele alojados se reproduzem de modo sexuado.
A Taenia solium, por exemplo, precisa, na sua cadeia de transmissão, de um hospedeiro
definitivo, o homem, e de um intermediário, o porco.
Agente infeccioso
O agente infeccioso é um ser vivo capaz de reconhecer seu hospedeiro, nele penetrar,
desenvolver-se, multiplicar-se e, mais tarde, sair para alcançar novos hospedeiros. Os agentes
infecciosos são também conhecidos pela designação de micróbios ou germes, como as bactérias,
protozoários, vírus, ácaros e alguns fungos. Existem, porém, os helmintos e alguns artrópodes, que são
parasitos maiores e facilmente identificados sem a ajuda de microscópios. Só para termos uma idéia, a
Taenia saginata, que parasita os bovinos e também os homens, pode medir de quatro a dez metros de
comprimento. Os parasitos são também classificados em endoparasitos e ectoparasitos.
Endoparasitos são aqueles que penetram no corpo do hospedeiro e aí passam a viver. Portanto, o
correto é dizer que o ambiente está contaminado, e não infectado.
Ectoparasitos são aqueles que não penetram no hospedeiro, mas vivem externamente, na superfície
de seu corpo, como os artrópodes dentre os quais destacam-se as pulgas, piolhos e carrapatos.
Meio ambiente
Meio ambiente é o espaço constituído pelos fatores físicos, químicos e biológicos, por cujo
intermédio são influenciados o parasito e o hospedeiro. Como exemplos, podemos apontar:
• físicos: temperatura, umidade, clima, luminosidade (luz solar);
• químicos: gases atmosféricos (ar), pH, teor de oxigênio, agentes tóxicos, presença de matéria
orgânica;
• biológicos: água, nutrientes, seres vivos (plantas, animais).
Anteriormente, vimos que as relações que se estabelecem a todo momento entre os seres vivos
e os agentes infecciosos (parasitos) não são estáticas, definitivas; pelo contrário, são muito dinâmicas e
exigem constantes adaptações de ambos os lados, tendendo sempre, para o bem das partes envolvidas,
a aproximar-se do equilíbrio. Entretanto, sabemos que tanto o parasito quanto o hospedeiro sofrem
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Módulo II
influência direta do ambiente, o qual, por sua vez, também sofre constantes alterações, de ordem
natural ou artificial, como as causadas pelo próprio homem.
a) parasito: a quantidade de parasitos que entram no hospedeiro (carga parasitária), sua localização e
capacidade de provocar doenças;
b) hospedeiro: idade, estado nutricional, grau de resistência, órgão do hospedeiro atingido pelo
parasito, hábitos e nível socioeconômico e cultural, presença simultânea de outras doenças, fatores
genéticos e uso de medicamentos;
c) meio ambiente: temperatura, umidade, clima, água,
ar, luz solar, tipos de solo, teor de oxigênio e outros.
Muitos agentes infecciosos morrem quando mantidos
em temperatura mais baixa ou mais elevada por
determinado tempo. É o caso dos cisticercos (larvas
de Taenia solium) em carnes suínas, que morrem
quando estas são congeladas a 10oC negativos, por
dez dias, ou cozidas em temperatura acima de 60oC,
por alguns minutos.
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Fonte de infecção é o foco, local onde se origina o agente infeccioso, permitindo-lhe passar
diretamente para um hospedeiro, podendo localizar-se em pessoas, animais, objetos, alimentos, água,
etc. Se os agentes infecciosos passam de um hospedeiro para outro é porque encontram uma porta de
saída, ou seja, uma via de eliminação ideal. Da mesma forma, também encontram no futuro
hospedeiro as portas de entrada ideais, podendo penetrar de forma passiva ou ativa:
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Módulo II
- penetração passiva - ocorre com a penetração de formas evolutivas de parasitos, como ovos de
Enterobius, cistos de protozoários intestinais e demais agentes infecciosos como bactérias ou vírus.
Ocorre por via oral, mediante a ingestão de alimentos (com bactérias e toxinas) ou água, bem como
por inalação ou picadas de insetos (vetores) - caso da Leishmania e do Plasmodium, causador da
malária;
- penetração ativa - ocorre com a participação de larvas de helmintos que penetram ativamente através
da pele ou mucosa do hospedeiro, como o Schistosoma mansoni, Ancilostomídeos e o Strongyloides
stercoralis.
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acabar ou, em muitos casos, evoluir para um período chamado de fase crônica, no qual há uma
diminuição dos sintomas.
Citamos a seguir alguns exemplos de agentes responsáveis ou de doenças por eles provocadas,
juntamente com os sinais e sintomas:
- prurido (coceira) - ex.: oxiúros;
- feridas, lesões e úlceras - ex.: leishmaniose, bactérias, ectoparasitos (miíase);
- manchas, edemas (inchaço), descamações, tumorações - ex.: fungos, sarampo, escarlatina, meningite
e doença de Chagas;
- vesículas (bolhas) - ex.: herpes e catapora;
- nódulos - ex.: carbúnculos;
- lesões papulosas, elevadas, avermelhadas e com intensa coceira
- ex.: ectoparasitos (piolhos, carrapatos) e larvas migrans (bicho geográfico).
meningite, febre amarela, dengue, hepatite, caxumba, sarampo, rubéola, mononucleose, herpes,
catapora, etc. Sua transmissão ocorre de várias formas:
a) pela picada de mosquitos (vetores), como o Aedes aegypti infectado, responsável pela dengue e
febre amarela;
b) pela mordida de cães infectados, ocasionando a raiva;
c) pela saliva e pelo trato respiratório, podendo gerar herpes, catapora, hepatite, sarampo, etc.;
d) pelo sangue contaminado: provocando a AIDS e a hepatite B;
e) há ainda a transmissão de vírus pelo leite materno, por via oral-fecal, pela urina, placenta, relações
sexuais e lesões de pele (rubéola, HIV, vírus da hepatite B).
Algumas doenças transmitidas por vírus são facilmente controláveis por meio de vacinas,
como sarampo, rubéola, caxumba, raiva, poliomielite, febre amarela, hepatite e alguns tipos de
meningite. Mesmo que não haja vacina e tratamento específico para muitas viroses, é importante, para
se evitar a disseminação ou propagação da doença, que se faça o diagnóstico definitivo com
acompanhamento de um profissional de saúde. As formas de diagnóstico (descobrir qual é o
microrganismo) mais comuns são realizadas por intermédio do exame de escarro, sangue, líquor (da
medula) e secreções.
impedindo, por competição, a entrada de agentes infecciosos capazes de causar doenças. Quantos de
nós, após o uso prolongado de antibióticos, já não tomamos iogurtes e compostos ricos em
lactobacilos (bactérias comensais)? O objetivo é recuperar a flora bacteriana para a proteção de nossa
mucosa e, assim, facilitar a digestão. Comparando-se com as bactérias de vida livre, são poucas as que
causam doenças, mas dentre elas há algumas bastante agressivas.
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ou por sua presença em fômites contaminados por secreções, principalmente devido à baixa resistência
do indivíduo.
A meningite é doença grave, caracterizada pela inflamação das meninges - membranas que
envolvem a medula espinhal, o cérebro e os demais órgãos do sistema nervoso, protegendo-os. Pode
ser causada por bactérias (e também por vírus) chamadas de meningococos, liberadas no ar pelas
pessoas infectadas e, posteriormente, inspiradas por outras.
A tuberculose é causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch, designação
dada em homenagem a seu descobridor. Afeta o pulmão mas pode atingir os rins, ossos e intestino. A
transmissão ocorre pela aspiração e ou deglutinação da bactéria. Outra doença causada por bactéria
transmitida pelo ar e ou saliva é a difteria. Conhecida por crupe, caracteriza-se pela inflamação na
faringe (garganta), laringe e brônquios, podendo causar asfixia e morte. A principal proteção é a
vacina.
O tétano é uma doença muito grave, que pode até matar. É causada pelo bacilo Clostridium
tetani, encontrado principalmente em solos contaminados com fezes de animais e do próprio homem
infectado. Esse bacilo tem a capacidade de sobreviver, sob a forma resistente de esporo, por muitos
anos no solo, penetrando no corpo quando há uma lesão (machucado) ou queimadura(s) na pele. Após
penetrar, multiplica-se e libera toxinas que afetam o sistema nervoso, provocando fortes contrações
musculares.
O botulismo é outra doença importante, causado pelas toxinas do Clostridium botulinum, que
também formam esporos. É uma intoxicação resultante da ingesta de alimentos condimentados,
defumados, embalados a vácuo ou enlatados contaminados. Nesse tipo de alimento, em condições de
anaerobiose, isto é, sem oxigênio, os esporos germinam, crescem e produzem a toxina. A pessoa
intoxicada, após cerca de 18 horas de ingestão do alimento contaminado, sente distúrbios visuais,
dificuldade em falar e incapacidade de deglutir. A morte ocorre por paralisia respiratória ou parada
cardíaca. Por isso, devemos sempre cozinhar os alimentos, mesmo os enlatados, durante, no mínimo,
20 minutos antes de comê-los.
As diarréias bacterianas são causadas por diversas bactérias (enterobactérias), tais como
Salmonella, Shigella, Enterobacter, Klebsiella, Proteus e a Escherichia coli, transmitidas através de
alimentos, água, leite, mãos sujas, saliva, fezes, etc. Algumas só provocam infecção quando a flora
bacteriana não está normal, podendo inclusive causar infecção urinária. São responsáveis por
infecções hospitalares e consideradas oportunistas em indivíduos debilitados.
A cólera é causada pelo Vibrio cholerae, que coloniza o intestino. Pela ação das toxinas há
grande perda de água e de sais minerais dos tecidos para a luz intestinal, levando o indivíduo a ter
fortes diarreias (“fezes em água de arroz”), vômitos e, consequentemente, desidratação. Se não houver
tratamento a pessoa morre rapidamente,
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devido à paralisação dos rins. O socorro deve ser rápido e o tratamento é simples, bastando repor os
líquidos e sais através de soro por via oral, nos casos mais simples, ou por via venosa, nos mais
graves. A transmissão se dá por alimentos e água contaminados com fezes de indivíduos doentes.
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Doença de Chagas
Uma das doenças mais importantes no Brasil, tem seu nome dado em homenagem a Carlos
Chagas, seu descobridor. Causada por um protozoário flagelado chamado Trypanosoma cruzi, é uma
doença grave e ainda não tem cura quando diagnosticada na fase crônica. A transmissão se faz através
de insetos vetores, sendo os mais comuns do gênero Triatoma, os chamados triatomíneos. Esses
insetos são popularmente conhecidos por “barbeiro” ou “chupança”. São hematófagos, isto é, só se
alimentam de sangue, o que costumam fazer à noite. Durante o dia, escondem-se em fendas e frestas
no chão ou nas paredes de casas muito simples, construídas de pau-a-pique, barro cru ou entre as
palhas da cobertura dessas casas.
Ao se alimentar, picam geralmente o rosto da pessoa e, enquanto se alimentam, defecam,
eliminando os protozoários nas fezes. No local da picada surge uma irritação que provoca coceira e
fere a pele, por onde os parasitos penetram. Ao penetrarem, alcançam a circulação sanguínea e vão
para o esôfago, intestino, músculos e, principalmente, o coração. Nos músculos do coração,
multiplicam-se e formam ninhos, prejudicando o funcionamento do órgão, levando à insuficiência
cardíaca e mesmo à morte.
Outras formas de transmissão são por transfusão sanguínea, compartilhamento de seringas
contaminadas e via congênita (vertical). Por sua vez, os insetos contaminam-se ao se alimentar do
sangue de pessoas ou de animais reservatórios (gambá, tatu, aves, morcegos, ratos, raposas e outros)
parasitados.
A forma ideal de evitar esse tipo de parasitose é substituir o tipo de moradia por casas de
alvenaria, impossibilitando a instalação dos barbeiros.
O diagnóstico para a identificação da parasitose é feito mediante exame de sangue,
principalmente no início da infecção (fase aguda).
Leishmaniose
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Esta doença é causada pelo protozoário, também flagelado, do gênero Leishmania. Existem
espécies que causam lesões na pele (“úlcera de Bauru”), a leishmaniose tegumentar americana. Há,
entretanto, outras espécies que causam lesões na mucosa e a
leishmaniose visceral ou Calazar (muito grave) - provocada pela L. chagasi, que compromete
principalmente o fígado e o baço. A leishmaniose visceral caracteriza-se por um quadro de febre
irregular, aumento do baço e do fígado, anemias e hemorragias.
Como a doença de Chagas, a leishmaniose também é transmitida através de vetores,
conhecidos por flebótomos (Lutzomyia) e popularmente identificados por: cangalhinha, birigüi,
mosquito palha, asa dura, asa branca, catuqui, catuquira, murutinga, etc. Os flebotomíneos fêmeas são
hematófagos e também têm o hábito de se alimentar ao anoitecer.
A presença de animais reservatórios também representa significativo papel nessa doença,
sendo os mais importantes o cão e o cavalo.
A melhor forma de se evitar a leishmaniose é o combate aos mosquitos (vetores). Como isso é
praticamente impossível nas zonas rurais e florestas, a maneira mais correta é proteger-se usando
repelentes, mosquiteiros e roupas adequadas.
A identificação do parasito (diagnóstico) na leishmaniose cutânea é feita através da biópsia ou
raspagem das bordas das úlceras ou feridas na pele. No caso da leishmaniose visceral, pelo exame do
sangue (testes sorológicos) ou através de punção de material aspirado do baço, medula óssea e
gânglios linfáticos.
Malária
A malária é causada por um esporozoário do gênero Plasmodium (P. falciparum, P. vivax e P.
malariae), que afeta milhares de pessoas em todo o mundo, principalmente em regiões tropicais. No
Brasil, sua prevalência acontece nos estados da Amazônia, Pará, Acre, Roraima, Rondônia, Mato
Grosso, Tocantins e Maranhão.
A transmissão ocorre com a picada de um vetor fêmea parasitada, do gênero Anopheles, que
só se alimenta de sangue. Ao se alimentar, o mosquito injeta, junto com a saliva, os parasitos - os
quais caem na corrente sangüíneas e são levados até as células do fígado, invadindo a seguir as
hemácias. Os mosquitos infectam-se quando sugam o sangue de uma pessoa doente, fechando o ciclo
evolutivo da parasitose. Suas outras formas de transmissão são iguais às da doença de Chagas, sendo a
transmissão congênita muito rara.
O estado clínico caracteriza-se por acessos febris cíclicos, por exemplo, de 48 em 48 horas (febre terçã
benigna) ou de 72 em 72 horas (febre quartã), dependendo da espécie envolvida.
O combate e as formas de evitar a doença são semelhantes às anteriores; para sua prevenção
muitas vacinas estão sendo testadas. O exame para a pesquisa do parasito é realizado no sangue e deve
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ser feito em todas as pessoas febris que moram em área endêmica de malária, e em todos os que lá
estiveram. Sua realização é muito importante para se evitar as formas graves e fatais da doença.
Protozoários oportunistas
Alguns esporozoários, como o Pneumocystis carinii e o Cryptosporidium sp., assumiram
recentemente grande importância médica por serem parasitos oportunistas em pessoas com
imunodepressão. Em pessoas saudáveis, a parasitose é completamente assintomática, mas em
indivíduos com AIDS, por exemplo, o parasito pode causar graves problemas. O Pneumocystis carinii
transmite-se pelas vias respiratórias e pode causar pneumonia. Já o Cryptosporidium sp. é transmitido
através de carnes mal cozidas e água contaminada com fezes de indivíduos parasitados, podendo
causar diarréias. Outro coccídio conhecido é a Isospora belli.
A contaminação dos parasitos (com exceção do Pneumocystis carinii) ocorre por conta da
eliminação de formas resistentes chamadas oocistos, que saem pelas fezes dos indivíduos parasitados.
Esses oocistos são resistentes ao cloro e a muitos desinfetantes preparados à base de iodo, mas morrem
com água sanitária e formol a 10%. Como os aidéticos parasitados eliminam grande quantidade de
oocistos em suas fezes, devem ser atendidos com o maior cuidado: uso de luvas, lavagem e
desinfecção das mãos, esterilização dos objetos e descontaminação das superfícies utilizadas.
O exame dessas parasitoses é feito através das fezes do indivíduo infectado. No caso do
Pneumocystis carinii, a pesquisa é feita através da lavagem brônquica ou no soro (sangue),
pesquisando-se anticorpos ou antígenos circulantes.
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Módulo II
Toxoplasmose
Doença causada pelo esporozoário Toxoplasma gondii, ocorre com muita freqüência na
população humana sob a forma de infecção assintomática crônica. É também considerada infecção
oportunista que se manifesta com gravidade sempre que o hospedeiro sofra um processo de
imunodeficiência (AIDS, câncer, etc.).
O gato parasitado é o hospedeiro definitivo do esporozoário e elimina os oocistos pelas fezes,
contaminando o ambiente. Os oocistos podem, em condições ideais, se manter vivos até um ano e
meio. Os ratos, coelhos, bois, porcos, galinhas, carneiros, pombos, homem e outros animais são
considerados hospedeiros intermediários e infectam-se das seguintes maneiras:
a) ao ingerir os oocistos eliminados pelos gatos, diretamente do ambiente. Esses hospedeiros vão
desenvolver pseudocistos ou cistos em seus tecidos (músculos, carnes);
b) ao se alimentar de carne crua ou mal cozida (leite e saliva são menos comuns) dos animais,
hospedeiros intermediários, que têm os cistos ou pseudocistos em seus tecidos (músculos). Por
exemplo, o boi ingere os oocistos no pasto e nós, ao comermos sua carne mal cozida, ingerimos o
Toxoplasma gondii.
A toxoplasmose pode ser também transmitida por via congênita (vertical), e nos primeiros três
meses de gravidez pode causar aborto ou complicações graves para o feto. Acredita-se que mais de
60% da população já tenha mantido contato com o parasito, que é pouco patogênico, sendo a maioria
dos portadores assintomáticos. Porém, dependendo do hospedeiro, a toxoplasmose pode tornar-se
grave. Dentre outras formas, temos a toxoplasmose ocular - que causa lesões na retina, podendo levar
à cegueira parcial ou total - e a toxoplasmose cerebral - que causa convulsões, confusão mental e
quadros de epilepsia, confundindo o diagnóstico com o de um tumor.
As formas de se evitar a doença são, principalmente, não se alimentar de carne crua ou mal
cozida, e de seus derivados nas mesmas condições; manter boa higiene lavando as mãos após
manipular os alimentos (carnes) ou após contato com o solo, tanques, caixas de areias (eventualmente
poluídos por gatos) e com os próprios gatos, que retêm nos pêlos os oocistos.
Os gatos domésticos devem alimentar-se de rações ou alimentos previamente cozidos,
evitando-se carnes cruas e a caça de roedores. As fezes e forrações dos seus leitos devem ser
eliminadas diariamente e as caixas de areia, lavadas duas vezes por semana, com água fervente. A
pesquisa ou o diagnóstico da toxoplasmose é realizado pela análise do líquor ou, mais frequentemente,
por testes sorológicos.
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Módulo II
Tricomoníase
O responsável pela tricomoníase é o protozoário flagelado
chamado Trichomonas vaginalis, que se aloja na vagina e na uretra e
próstata do homem. Muitos portadores são assintomáticos, mas na
mulher a infecção pode causar corrimento abundante, coceira, dor e
inflamação na mucosa do colo uterino e vagina (cervicites e
vaginites).
No homem, as infecções costumam ser benignas, mas
podem provocar secreção pela manhã e coceiras. O diagnóstico é
feito através da pesquisa do parasito em secreções vaginais, na
mulher, e em secreção uretral ou prostática e sedimento urinário, no
homem. A tricomoníase é considerada doença venérea pois é
transmitida por meio de relações sexuais. Devido à falta de higiene,
a transmissão também pode ocorrer por intermédio de instalações sanitárias (bidês, banheiras,
privadas, etc.), roupas íntimas e de cama. O controle ou forma de se evitar a parasitose baseia-se na
educação sanitária, no tratamento dos casos (tratando-se sempre o casal), uso de camisinhas nas
relações sexuais, boa higiene, etc.
Giardíase
A giardíase, existente no mundo inteiro, é causada pelo protozoário flagelado chamado
Giardia lamblia. Sua forma vegetativa (trofozoito) é encontrada no intestino delgado, principalmente
no duodeno, e infecta com muita freqüência crianças menores de dez anos. Geralmente, a infecção é
assintomática, mas quando o número de parasitos é grande e as condições do hospedeiro favorecem
(idade, resistência etc.), pode causar diarréias (com fezes claras, acinzentadas, mal cheirosas e muco)
com cólicas, náuseas, digestão difícil, azia, etc.
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Módulo II
O indivíduo infectado elimina nas fezes, de forma não-constante, os cistos já maduros, que
contaminam a água e os alimentos (verduras, frutas e legumes). A transmissão ocorre pela ingestão
dos cistos (pela água ou alimentos) que não morrem com o uso de cloro na água, sobrevivendo por
cerca de dois meses no ambiente. Portanto, a água para beber deve ser sempre filtrada ou fervida.
Contudo, a transmissão também acontece quando moscas e insetos, ao pousar em materiais
contaminados (com fezes), espalham os cistos para os alimentos. Além disso, pode também pode
ocorrer através do sexo anal-oral.
Para se evitar sua transmissão deve-se lavar muito bem os alimentos que serão ingeridos crus,
bem como tomar água filtrada ou fervida, cultivar bons hábitos de higiene e somente defecar em
privadas ou fossas. Sua comprovação é feita mediante exame nas fezes. Entretanto, o resultado pode
ser, muitas vezes, negativo, devido a inconstância na eliminação dos cistos pela giardia. Sendo assim,
o teste deverá ser repetido em intervalos menores de tempo, bem como após o tratamento, para o
controle da cura.
Amebíase
A amebíase é causada por um protozoário chamado Entamoeba histolytica, encontrado
praticamente em todos os países, sendo mais comum nas regiões tropicais e subtropicais (incluindo o
Brasil), devido não só às condições climáticas, mas, principalmente, às precárias condições sanitárias e
ao baixo nível socioeconômico das populações que nelas vivem.
A forma trofozoítica habita no intestino grosso do hospedeiro infectado, mas pode parasitar,
através da circulação sanguínea, o fígado, pulmão e cérebro. A maioria das infecções são
assintomáticas, porém o equilíbrio entre parasito e hospedeiro pode ser quebrado - por vários motivos
já comentados - e o parasito (trofozoíto) pode invadir a mucosa do intestino, causando lesões
importantes (úlceras em “botão”). As diarreias amebianas provocam, em média, 10 ou mais
evacuações diárias, líquidas, com muco e sangue, acompanhadas de cólicas abdominais.
A transmissão ocorre com a eliminação de cistos encontrados nas fezes de pessoas parasitadas,
o que contamina o ambiente. Sua transmissão, diagnóstico e prevenção (maneiras de evitar a doença)
são iguais aos da giardíase.
Um comentário à parte com relação às amebas comensais (E. coli, Iodamoeba butschlii e
outras): elas podem ser encontradas no intestino do homem, sem, porém, causar-lhe mal algum; tal
fato, entretanto, deve servir de alerta para que o portador tome os cuidados necessários quanto a sua
forma de transmissão - a mesma das amebas patogênicas (através de fezes). Logo, as formas
parasitarias podem não se encontrar nas fezes naquele momento, mas podem aparecer em outra
ocasião.
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Para completar seu ciclo biológico esse parasito precisa de dois hospedeiros: um intermediário
(caramujo) e outro definitivo (homem).
- Ciclo biológico do parasito - No acasalamento, o macho, que é achatado, abraça a fêmea, que é
cilíndrica e alongada, nela enrolando-se. Após a fecundação, as fêmeas eliminam os ovos, que
atravessam a parede dos vasos e saem com as fezes do indivíduo parasitado. Esses ovos apresentam
em seu interior uma larva chamada miracídio. Quando lançados na água (rios, lagos, córregos),
juntamente com as fezes, eclodem, liberando os miracídios que nadam ao encontro do caramujo
(Biomphalaria glabrata). No caramujo, essas larvas desenvolvem-se e multiplicam-se. Mais tarde,
saem do caramujo (fase em que são chamadas de cercária) em busca de um hospedeiro humano.
Penetram nas pessoas quando estas vão tomar banho ou lavar roupas em águas contaminadas com
fezes humanas de indivíduos parasitados.
Após penetrar pela pele do hospedeiro, a larva evolui, se diferencia e cresce até alcançar os
vasos do sistema porta, onde permanece já na fase adulta.
A infecção costuma ser assintomática, dependendo sempre daqueles fatores, em relação ao
hospedeiro e ao parasito, anteriormente mencionados, mas poderá ocasionar manifestações clínicas
como alergias no local da penetração das cercárias, aumento do baço e do fígado, ascite (barriga
d’água), etc. O diagnóstico é realizado através de exame de fezes. O modo de se evitar a contaminação
será descrito na próxima unidade, pois é semelhante ao relativo a todos os demais helmintos.
• Fasciolíase - Essa doença é causada pela Fasciola hepática, parasito de herbívoros (gado).
Apresenta-se em forma de folha e raramente infecta o homem. Contudo, quando acontece, parasita o
fígado, a vesícula e canais biliares. Os ovos saem com as fezes. O ciclo é semelhante ao acima
descrito, com uma diferença: as cercárias que saem dos moluscos (caramujos) assumem uma forma
cística (forma de resistência), aderem às vegetações aquáticas e infectam os indivíduos que se
alimentam das mesmas.
b) Principais doenças transmitidas pelos Cestodas:
• Teníase e cisticercose - A teníase é causada por um verme popularmente conhecido por “solitária”, o
qual tem duas espécies: a Taenia saginata, que possui como hospedeiro intermediário o bovino, e a
Taenia solium, que tem o suíno como hospedeiro intermediário. São vermes alongados, achatados, em
fita, segmentados em anéis (proglotes) e hermafroditas, ou seja, possuem órgãos sexuais separados,
mas no mesmo indivíduo. Alguns, chegam a medir alguns metros de comprimento.
- Ciclo biológico do parasito - A infecção inicia-se com a ingestão da forma larvar (cisticerco)
da tênia, através do consumo de carnes e derivados (linguiça, salame, etc.) crus ou malcozidos, do
porco ou boi. Essas larvas atingem o intestino do hospedeiro, onde adquirem a forma adulta e, depois
de certo tempo, liberam seus anéis (proglotes), repletos de ovos, juntamente com as fezes,
contaminando assim o ambiente.
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por vários órgãos e desenvolvendo-se para, ao final, atingir o intestino delgado, onde permanecerá na
forma adulta eliminando seus ovos.
A ascaridíase é, na maioria das vezes, assintomática. Quando apresenta sintomas, os mais
frequentes são desconforto abdominal, cólicas, má digestão, perda de apetite, irritabilidade, coceira no
nariz, ranger de dentes à noite, etc. Torna-se grave quando o número de parasitos é elevado e acaba
formando um novelo, bloqueando a passagem no intestino.
Há também casos em que os vermes adultos migram para outros órgãos e acabam saindo pelos
ouvidos, boca, olhos, etc. Os exames para pesquisa do parasito são realizados nas amostras de fezes do
hospedeiro.
• Tricuríase - Essa parasitose é causada pelo Trichuris trichiura que, como o áscaris, também é um
geohelminto. Portanto, a transmissão e a infecção ocorrem do mesmo modo. O verme adulto tem
preferência pelo intestino grosso (ceco).
Como os demais, a maioria dos casos é assintomática. Quando há sintomas, são semelhantes
aos do áscaris, com exceção da obstrução intestinal. Uma conseqüência mais séria dessa parasitose é o
prolapso retal – caso em que o reto sai para fora do corpo devido à força que o indivíduo faz ao sentir
a falsa impressão de querer evacuar, com relativa frequência. O diagnóstico é o mesmo dos demais
casos de áscaris.
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à região perianal (proximidades do ânus) para eliminar seus milhares de ovos – processo que acontece
normalmente durante a noite, provocando no indivíduo parasitado forte coceira no ânus.
O exame para identificar o parasito pode ser feito nas fezes, mas o ideal é o da fita gomada.
Pela manhã, antes do banho, cola-se uma fita durex transparente nas proximidades do ânus; a seguir, a
mesma fita é colada sobre uma pequena lâmina de vidro, fornecida por laboratório de análises clínicas
– a qual será analisada em microscópio ótico pelo laboratório, na tentativa de encontrar os ovos do
parasito.
• Strongiloidíase - É causada pelo Strogyloides stercoralis, que apresenta um ciclo diferente dos
anteriores. A infecção ocorre através da penetração de larvas na pele do indivíduo. No interior do
corpo do hospedeiro seguem o mesmo caminho do áscaris, mas somente as larvas fêmeas completam o
ciclo, tornando-se parasitos, encontrados em sua fase adulta no intestino delgado. O hospedeiro, por
sua vez, elimina larvas nas fezes – ao invés de ovos -, as quais, para se tornarem capazes de infectar
novo hospedeiro, devem permanecer no solo, em condições ideais, por alguns dias. Outra
característica importante dessa parasitose é que o Strogyloides stercoralis pode desenvolver um ciclo
de vida livre no solo, aumentando assim a contaminação do ambiente.
A estrongiloidíase é, como as demais verminoses, na maioria das vezes assintomática. O
exame para a pesquisa do parasito é realizado nas amostras de fezes. Como medidas preventivas deve-
se não contaminar o solo com fezes e, nos locais suspeitos de contaminação, procurar proteger-se,
usando calçados e botas impermeáveis.
• Ancilostomíase ou amarelão - Os agentes infecciosos responsáveis pela doença no homem
pertencem a dois gêneros: Necator americanus e Ancylostoma duodenale. Em relação ao Strogyloides
stercoralis, a diferença no ciclo desses dois parasitos é que eles eliminam ovos nas fezes, ao invés de
larvas. Lançados no ambiente juntamente com as fezes, mais tarde eclodem e liberam as larvas. O
restante do ciclo é igual ao do Strogyloides stercoralis. Os ancilostomídeos fixam-se na mucosa do
intestino por meio de estruturas especiais semelhantes a dentes, provocando lesões na mucosa. Devido
ao hábito de se alimentar de sangue, é comum causarem anemia no hospedeiro. Por isso, a
ancilostomíase é também conhecida como “amarelão”.
• Larvas migrans cutânea - Existe uma espécie de parasito que infesta o cão (A. caninum) e outra, o
gato (A .braziliense). Ambas não conseguem completar seu ciclo no homem. As larvas dessas espécies
penetram na pele e ficam caminhando sob a mesma (tecido subcutâneo) até morrer. São chamadas
larvas migrans cutâneas, conhecidas como “bicho geográfico” e “bicho das praias”. Este é o motivo
pelo qual devemos evitar levar animais à praia, bem como cuidar melhor do destino das fezes dos
animais domésticos.
• Filaríase linfática ou filariose - Também conhecida por elefantíase, devido ao grande aumento que a
doença acarreta nos membros, principalmente pernas e órgãos genitais externos das pessoas infectadas
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(raramente braços e mamas). O parasito responsável é a Wuchereria bancrofti, que requer no seu ciclo
de vida a presença de um mosquito vetor (gênero Culex), também conhecido como pernilongo,
muriçoca e carapanã. A infecção ocorre quando o mosquito parasitado, ao picar o homem para
alimentar-se, transmite as larvas da filária. Estas dão origem aos vermes adultos, que medem cerca de
três a dez centímetros e localizam-se nos vasos linfáticos, onde promovem reações inflamatórias
(granulomas) e ou edema, pois, ao formar novelos, causam a obstrução parcial ou total dos vasos.
Como a circulação linfática tem por função retirar o excesso de líquidos dos tecidos, sua obstrução
causa o inchaço local. Preferencialmente à noite, as fêmeas dos vermes liberam as larvas
(microfilárias) que circulam no sangue do hospedeiro. Considerando-se este fato, o diagnóstico é
realizado através do sangue do indivíduo, o qual deve ser colhido entre 22h00 e 4h00 da madrugada. A
biópsia de gânglios linfáticos é uma outra forma de pesquisar a presença do parasito. A transmissão da
parasitose ao mosquito (vetor) se dá quando ele, ao se alimentar do sangue de um indivíduo
parasitado, recebe também as microfilárias. O combate e extermínio dos vetores é o principal modo de
se evitar a doença. As medidas indicadas, dentre outras, são: uso de inseticidas nas casas, repelentes,
mosquiteiros, telas nas janelas, evitar depósitos de água parada sem proteção.
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doença do rato para o homem. Outra espécie importante para o homem é a Tunga penetrans, cuja
fêmea grávida penetra na pele, causando feridas e lesões, sobretudo nos pés.
• Miíase - Também conhecida por “bicheira” ou “berne” é uma manifestação clínica causada pela
presença de larvas de moscas em tecidos do homem, onde se alimentam, evoluindo para o parasitismo.
Sua transmissão ocorre através da postura dos ovos, pelas moscas, nas aberturas naturais do corpo ou
na pele que apresenta ferida, cortes ou arranhões.
É frequente a miíase intestinal causada pela ingestão de alimentos contaminados por moscas. A
ocorrência pode ser cutânea, subcutânea, nasal, em feridas, lábios, etc. As fêmeas põem de 10 a 300
ovos durante 4 dias. Após 12 a 20 horas de incubação, esses ovos eclodem, liberando as larvas que se
alimentam e, assim, destroem rapidamente os tecidos. O tratamento consiste na remoção das larvas,
com prévia anestesia; no caso das intestinais, com medicação anti-helmíntica.
Saneamento básico
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Fala-se muito em saneamento básico. Conhecemos seu significado? É importante para a população?
Sanear quer dizer limpar. Assim, pode-se definir saneamento como o conjunto de medidas que visam
tornar as condições ambientais apropriadas à vida.
O saneamento básico
consiste em abastecimento e
purificação da água, coleta de
lixo, construção de redes de
esgoto, controle da poluição,
limpeza dos lugares públicos
pelos órgãos do governo. Enfim,
significa conservar os meios
naturais e eliminar o que
representa riscos à saúde da
população.
A água contaminada é um deles, podendo transmitir muitas doenças parasitárias como
diarréias, cólera, esquistossomose (barriga d’água) e outras verminoses. Durante as chuvas, as águas
de abastecimento podem vir a contaminar-se pela drenagem dos campos contaminados em decorrência
de enxurradas. Por sua vez, as piscinas e lagos recreativos também podem apresentar considerável
contaminação, oferecendo riscos às pessoas. Considerando tais fatos, a água deve ser sempre
adequadamente tratada e, para ser ingerida, fervida ou filtrada.
Esterilização e desinfecção
Antes de entrarmos nas medidas de prevenção das infecções parasitárias, precisamos
esclarecer os procedimentos de remoção dos agentes infecciosos.
• Esterilização - É a destruição de todas as formas de vida microbiana (matando os esporos) existentes
em determinado objeto (em sua superfície ou interior). Pode ser realizada através de métodos físicos
ou químicos (vapor seco e vapor saturado sob pressão e agentes químicos).
• Desinfecção - É o processo que remove ou mata a maioria dos microrganismos patogênicos (não
necessariamente matando os esporos) existentes em uma superfície inerte. Pode ser feita por vapor
úmido, por processos físicos (pasteurização e água em ebulição ou fervura) ou por processos químicos
por meio da imersão em soluções germicidas (álcool etílico a 70%, cloro e compostos clorados,
fenólicos, formaldeído, etc.).
• Assepsia - É um conjunto de medidas que visam reduzir o número de microrganismos e evitar sua
disseminação ou contaminação de uma área ou objeto estéril. Pode ser classificada em:
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4. Evitar o consumo de carnes e seus derivados crus (linguiça, salames, churrasquinhos, etc.) ou
malcozidos;
5. Proteger os alimentos de poeira e insetos (como baratas ou moscas) que podem transportar em suas
patas formas resistentes de parasitos;
6. Não utilizar fezes humanas como adubo nas hortaliças e demais lavouras;
7. Jamais defecar ou lançar as fezes diretamente na água de rios, lagos, etc.;
8. Fazer o diagnóstico e tratamento correto das infecções sempre que houver suspeita de parasitose;
9. Proteger os pés e pernas com sapatos e botas impermeáveis sempre que for trabalhar na lavoura ou
pisar em solos suspeitos de contaminação fecal;
10. Proteger as mãos com luvas quando tiver que manipular objetos contaminados, e usar máscaras ao
entrar em contato com pessoas sabidamente portadoras de doenças infecciosas;
11. Usar camisinhas quando for manter relações sexuais;
12. Evitar a presença de animais nas praias (cães e gatos) e dar destino seguro às fezes dos animais
domésticos;
13. Preferencialmente, morar em habitações de alvenaria e não em casas de pau-a-pique ou barro cru,
cobertas de palha;
14. Cobrir as janelas com telas e usar mosquiteiros nos quartos, como proteção aos mosquitos vetores;
15. Usar repelentes sempre que tiver de se expor aos mosquitos, sobretudo ao anoitecer;
16. Usar roupas adequadas para se proteger das picadas dos mosquitos se precisar frequentar zonas
rurais endêmicas para determinadas parasitoses (garimpo, minério, derrubada de matas, etc.);
17. Aplicar inseticidas nas paredes das casas;
18. Vacinar-se contra as doenças infecciosas contra as quais haja vacinas;
19. Utilizar seringas e agulhas descartáveis;
20. Eliminar águas paradas;
21. Adotar as corretas técnicas de esterilização e desinfecção;
22. Decisões políticas: instalações sanitárias de rede de esgoto, tratamento da água de abastecimento,
limpeza das vias públicas (ruas, praças, etc.). Vigilância sanitária, fiscalização e controle nos
abatedouros de animais e nas indústrias de derivados de carne, açougues e frigoríficos. Controle
rigoroso nos bancos de sangue através de exames laboratoriais nos doadores;
23. Educação sanitária e formação de profissionais competentes na área de saúde.
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