Filosofia e Infancia Uma Parceria Que Funciona
Filosofia e Infancia Uma Parceria Que Funciona
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RESUMO: Baseado numa revisão sistemática e pesquisa bibliográfica, o projeto em questão visa analisar e reiterar a
grande importância da filosofia nos primeiros anos do pensar da criança – ser humano. Será abordada uma breve
concepção histórica juntamente com ideia de que há uma condição inerente a todo e qualquer indivíduo no sentido de
filosofar naturalmente, seguida da importância do educador como ator fundamental e decisivo neste processo de
desenvolvimento da condição filosófica e por fim as considerações finais retificando a importância da filosofia na infância
como facilitadora efetiva e positiva na construção e formação de bons cidadãos que sejam capazes de viver em
harmonia consigo mesmo, com tudo e com todos a sua volta.
INTRODUÇÃO
Com essa cultura cristã que se instaurou na história baseada em mitos e crenças pré-estabelecidos advindos das
teorias de Sócrates e Platão[1], limitou-se a possibilidade do pensar, do discernir, do questionar, do olhar diferenciado
sobre as coisas da vida baseado na essência de cada um. Já dizia, repetidamente, Walter Omar Kohan[2]: “Não há
verdade sem alteridade”. Não se deve existir um modelo de pensamento, pois tudo é relativo, todas as coisas tem
diferentes pontos de vista. “Tudo depende dos olhos de quem vê”, já dizia o ditado popular, principalmente quando se
fala de uma criança, que tem aquela notória pureza nos pensamentos, tem uma maior liberdade e coragem de
questionamentos, tem uma tendência ao encantamento, a admiração, e um olhar que vê beleza estampada em todas as
coisas até então desconhecidas. A realidade vem mostrando que as crianças, com o passar do tempo, vão perdendo tal
naturalidade inerente ao seu ser, tendo que se adequar a modelos/padrões já estabelecidos pela sociedade,
limitando-se a regras consideradas inquestionáveis e tomando como sua uma verdade já pronta, sem ao menos parar
para sentir qual a sua verdade, qual a sua sensação, qual o seu olhar, qual o seu sentimento perante o objeto, pessoa,
ideia ou qualquer coisa com a qual se depare em sua vida.
Nessa linha é pertinente levar em consideração um questionamento do renomado filósofo Nietzche: “Para que a
verdade? Porque a verdade?” Se a vida é transformação contínua, se somos todos metamorfoses[3]ambulantes em
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processo de maturação e evolução constante, se a perfeição não existe, se a todo instante aprendemos algo novo -
conhecemos algo desconhecido anteriormente, se o que parece ideal tem sempre a sua relatividade. Então por que a
verdade? E mais, porque uma única verdade?
Em detrimento da subjetividade de um grande número de questionamentos inerentes à curiosidade das crianças nos
seus primeiros anos de condição de pensar, em busca de respostas ou até, pode-se dizer, de “verdades” já prontas, em
detrimento da imensidão de abstrato que é a vida em si de uma maneira geral e da velocidade com a qual as
informações são reproduzidas e repassadas, faz-se uma exigência importante: o desenvolvimento de uma série de
habilidades de raciocínio, de apreensão, de condições de pensamento que possibilitem assim uma correlação entre as
mensagens recebidas, além da extração de um conteúdo que está sempre implícito, que impactarão diretamente na
história de vida do ser humano na sua relação consigo mesmo, com os outros e com o mundo, no tempo presente e no
futuro.
Nesta perspectiva é imposto ao educador um grande desafio pelo fato de ele ocupar um papel de destaque e de efetiva
influência na formação de cidadãos, pois é no espaço escolar, mais especificamente, que os alunos começam a
desenvolver certas habilidades para receber e processar as informações, em seguida transformá-las em conhecimento,
e consequentemente, transformar o conhecimento em ações que ditarão sua personalidade.
FILOSOFIA INFANTIL
Muitos filósofos não eram muito levados a sério quando se preocupavam com as crianças, o que era uma incoerência,
pois todos fomos crianças um dia, seres que em determinada fase inicial da vida estão muito vulneráveis, indefesos,
livres de qualquer resistência e dispostos a uma moldura quadrada colocada de fora para dentro como que por osmose.
Esse sentimento da infância pode ser ainda melhor percebido através das reações críticas que provocou no fim do
século XVI e sobretudo no século XVII. Algumas pessoas rabugentas consideraram insuportável a atenção que se
dispensava então às crianças: sentimento novo também, como que o negativo do sentimento da infância a que
chamamos "paparicação..." (ARIÈS, 2012)
Havia uma espécie de preconceito com as crianças, como se elas não merecessem atenção ou preocupação
exatamente pelo fato de ser quem são - seres pequenos, vulneráveis, indefesos, incapazes, dependentes, facilmente
conduzidos e alvos fáceis de um processo de desumanização[4] constante que já se constatava na sociedade naquela
época.
O sentimento de moralização (do século XVI ao século XVIII) foi, em grande parte, uma reação negativa a paparicação,
mais especificamente dos escolásticos, e moralistas da época. O ensaísta francês Montaigne escreveu: “Não posso
conceber essa paixão que faz com que as crianças recém-nascidas, que não tem ainda nem movimento na alma, nem
forma reconhecível no corpo, pelo qual se possam tornar amáveis”, note também que ele não pode aceitar a ideia de
amar uma criança...” (CORSARO, 2011)
Nota-se certo desprezo pelas crianças naquela época, fato que Ariès entendia como uma progressiva segregação entre
as crianças e os adultos, a qual criticava juntamente com a concepção existente naquela época de que “cada pessoa
devia parecer com um modelo convencional, com um tipo ideial” (ARIÈS, apud CORSARO 2011).
Mesmo a infância sendo fase inicial da vida, onde se faz o primeiro contato com a consciência da existência, da morte,
da vida, de tudo, de si, percebe-se que no início dos tempos ela foi menosprezada incoerentemente. LIPMAN (1994),
notório defensor da filosofia infantil, após anos de pesquisas diz: "o impacto da Filosofia nas crianças não poderá ser
observado de imediato, mas sim, nos adultos de amanhã”. Portanto é uma fase deveras singular que deve ser tratada
com tanto ou até mais cuidado que as outras, pois suas consequências irão respingar em todas as fases posteriores de
maneira direta e categórica.
“A criança é a inocência, e o esquecimento, um novo começar, um brinquedo, uma roda que gira sobre si, um primeiro
movimento, um sagrado dizer sim” (NIETZSCHE, apud KOHAN, 2007). Quando a criança começa a conseguir olhar o
mundo pela primeira vez, ela se encanta, o admira, as reações são as mais puras, positivas e alegres ao se deparar
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com o até então desconhecido. Tudo é novo, e o novo ainda não tem conceito, é apenas algo estranho a ser descoberto
com imensa curiosidade. A partir do despertar desta condição natural e imanente[5] começa toda a sua condição de
indagar-se ao mesmo tempo em que se inicia a construção da sua história concomitantemente com construção da sua
personalidade.
CHAUI (1999) diz que a atitude filosófica é o indagar, ou seja, é perguntar o quê, como e o porquê, das coisas, valores
ou ideias. Tais indagações, é possível considerar, são as ferramentas primeiras existentes que possibilitam o
questionamento, descoberta e a compreensão do novo que está ao seu redor no momento em que é visto ou notado
pela primeira vez. E quais são os primeiros ou os mais comuns questionamentos de uma criança nas suas fases iniciais
de pensar? Coincidência ou não a primeira coisa que ela – ser humano faz quando começa a ter uma mínima condição
de raciocínio, de observação, e de pensamento é fazer estas mesmas perguntas usando claramente os termos acima
citados. Logo ela exerce a sua autonomia cognitiva de filosofar, refletir e questionar a vida que se apresenta, seja dentro
de casa, na rua ou na escola. Sendo assim, é possível dizer que a criança é apta a filosofar e tal condição pode ser
considerada uma habilidade inerente a todo e qualquer ser humano já que naturalmente nascemos com tal aptidão,
condição de imanência e curiosidade.
“A compreensão filosófica, que cada um de nós vier a assumir, deverá dar direção às nossas ações, sejam elas quais
forem, de forma coerente”. (LUCKESI, 2002, p. 74). Daí a importância da atenção que deve ser dada a esta fase inicial
do pensar - a infância, pois é nela que acontecerá o primeiro acesso ao seu intelecto, é nela que se abre o horizonte das
condições de filosofar. As descobertas da criança, os conhecimentos adquiridos nesta fase nortearão suas atitudes,
embasarão sua personalidade, alicerçarão as suas condições de pensamento e influenciarão diretamente suas ideias e
concepções de mundo em todas as demais fases de sua vida.
FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
Um pouco da história da filosofia na infância vai ser baseada em escritos de Philippe Ariés. A criança só começa a
entrar no cenário filosófico como uma das principais preocupações humanas, a partir dos séculos XVI e XVII, porém a
importância de uma boa educação nas primeiras fases da vida sempre foi, de maneira suave, evidente apenas na teoria.
A grande maioria das crianças passa mais tempo na escola do que na própria casa junto com a família onde logo
começam a socializar com o seu semelhante e a se deparar com mais descobertas. Em alguns casos pode-se dizer até
que a escola é quem detém maior influência, ou no mínimo, tão quanto, na formação/educação de uma criança do que a
própria família.
Se me perguntassem por que em me envolvi na idéia de que as crianças façam filosofia, diria que é porque me sinto
ofendida com a idéia de que tratamos crianças como se fossem depósitos e as mutilamos até que sejam maiores de
idade. Elas fazem dezoito anos e continuam utilizando palavras como amor, amizade sem saber do que estão falando.
(SHARP, 1998:17)
Sharp acredita que as crianças buscam compreender o significado das palavras e as ações das pessoas que estão à
sua volta - elas aprendem muito com os exemplos, copiam e tomam como verdade o que veem mesmo antes de
vivenciar. Os conceitos de bem, verdade, tempo, amizade, liberdade, amor, dentre diversos outros, são centrais para a
concepção de mundo que a criança vai construir. Por isso, é essencial que se discuta esses conceitos e sentimentos no
âmbito educacional, afim de que a criança desenvolva a capacidade de dar significados reais e concisos sobre estes
temas e satisfaça-se com os mesmos.
“A única virtude das crianças parece ser o fato de serem ‘facilmente moldadas’, isto é, elas podem ser convertidas em
adultos” (KENNEDY, 1999:79). Assim faz-se evidente um preparo sensível e eficiente do educador nestas fases inicias
no sentido de ter a capacidade de despertar na criança um senso crítico capaz de fazê-la pensar de forma própria,
coerente, criativa, eficaz e assim contribuir para uma aprendizagem suave, para pensamentos que a enriqueçam, para
uma educação que amplie os horizontes - e não os limitem nem os engessem, para uma reflexão passível de
conclusões sensatas e para a formação de bons cidadãos capazes de viver em harmonia com a vida.
Emmanuel Kant, grande e conhecido filósofo alemão, escreveu uma frase bastante popular: "Não há filosofia que se
possa aprender; só se aprende a filosofar”. A Filosofia para crianças não é basicamente ensinar sistemas filosóficos
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padronizados, mas ensiná-las a aprender a filosofar por si próprias, dar-lhes tal liberdade, a de formar uma opinião
própria. Esse deve ser o papel do educador.
“A criança aprendia as coisas que devia saber ajudando os adultos a fazê-las.”(ARIES, 1981). Aprender não é
basicamente copiar, olhar e repetir. Tal mecânica não transforma, robotiza. Não ensina, impõe. Não desenvolve, limita.
A criança precisa desenvolver o seu próprio juízo acerca das coisas, ter a habilidade para entender os nexos entre os
temas, relacionar os conteúdos com criatividade e se satisfazer com suas conclusões no momento que houver o
questionamento para que assim produza seus próprios pensamentos, ações e decisões. E onde é que a criança começa
a se deparar com as primeiras ferramentas e métodos de sistematização da aprendizagem? Na escola, e através de
quem? Do professor, do educador, o qual deve estar preparado para ser um facilitador neste processo de
conhecimento, trabalhando conceitos, posturas, modos de reflexão, além de motivar à atividade científica, á criatividade
e á imaginação despertando uma sensação de prazer em aprender e apreender de fato. Os educadores podem
colaborar significativamente na elaboração coerente dos conceitos existenciais básicos das crianças.“[...] Ensinar não é
apenas transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção, ou a sua
construção[...]”(FREIRE, 1996)
Os filósofos que nunca deixaram de se preocupar com a filosofia infantil em suas obras, Walter Omar Kohan, e Silvio
Gallo, acreditam que a educação atual não oferece condições mínimas para o ensino e prática da filosofia e,
consequentemente, não há espaço para a contribuição na transformação no indivíduo. Uma ideia de filosofia moderna
também vem sendo entendida com a contribuição de uma grande filósofa da atualidade, Viviane Mosé, que cita
demasiadamente o renomado filósofo Friedrich Nietzsche:
O mundo contemporâneo é o resultado de um acúmulo de construções, de invenções que tiveram, em sua maioria, o
objetivo de arrancar o homem das malhas da natureza. Especialmente com a modernidade, pensa Nietzsche, nasce
uma cultura que quer se sobrepor à natureza, e um homem que acredita poder dominar a si mesmo, negando, pela via
do pensamento, seus instintos e paixões. Este homem racional, que tanto investimento recebeu da cultura, e do qual
tanto já nos orgulhamos, por seus prédios de cimento e concreto, por suas técnicas elaboradas e sofisticadas sinfonias,
nos levou também à violência, ao fanatismo, à exaustão do planeta. Em outras palavras, a humanidade que construímos
nestes últimos cem mil anos de Homo sapiens, mesmo com suas inegáveis conquistas, mais do que estabilidade e
auto-controle, apresentou requintes de crueldade superiores ao da animalidade, da qual queríamos tanto nos livrar.
Mesmo capaz de criar a fibra ótica, de clonar, o homem não deixou de exercer seu excesso e sua bestialidade. Isso, eu
penso, nos impõe reconsiderar o começo: Quem somos? Ou, o que nos tornamos? E como gostaríamos de ser? Que
valores queremos estimular ou rejeitar? O que buscamos? (MOSÉ, 2012)
Ou seja, a espécie humana que vem sendo formada nos últimos milhares de anos, mesmo com suas inegáveis
conquistas, descobertas, desenvolvimento, etc, também chama deveras atenção para a característica desumanizada
com a qual o indivíduos vem sendo edificados, trazendo a concepção de que certa ignorância também vem crescendo
na mesma proporção que as genialidades constatadas. O fato é que não somos seres únicos, independentes de tudo e
dos demais acontecimentos na terra. Precisamos do ar para respirar, da água para hidratar, do outro para comunicar, e
assim por diante. O tudo é uma coisa só, é a natureza, são os animais, são os indivíduos, são os conceitos. Os seres
humanos nascem zerados de informações, conceitos, verdades, concepções, e esse molde que é imposto de maneira
padronizada e mecanizada vêm mostrando significativamente que há algo que precisa ser reavaliado, revisado,
modificado e transformado em benefício da própria espécie humana.
É preciso aprender a pensar, diz Nietzsche, pensar é uma atividade que exige aquisição de uma técnica assim como a
dança. É preciso aprendê-la, exercitá-la, até adquirir a sofisticação de um mestre, de um bailarino. O pensamento é um
tipo particular de dança, por isso esta deve estar presente em toda educação refinada, para que os jovens aprendam a
danças com os pés, com as ideias e com as palavras.” (MOSÉ, 2012)
Então porque não começar o aprender do começo? Aprender a aprender? Aprender de uma maneira mais humanizada?
De uma maneira que faça mais sentido a própria existência? De uma maneira que gere autonomia em seu caminhar e
não torne o indivíduo dependente de qualquer coisa, regra, ou modelo que o delimite, que o restrinja. Não falo sobre
uma verdade universal, sobre um ideal, sobre um modelo com todas as respostas possíveis, falo sobre a uma educação
baseada na condição de uma busca que traga um benefício e uma harmonia consigo mesmo e com o todo de maneira
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criativa, artística, leve, livre. Uma coisa é interpretar o mundo de acordo com padrões pré-estabelecidos e outra é
conhecer o mundo através da própria vivência, da própria condição de olhar. Uma coisa é uma educação que poda e
segrega e outra é uma educação que liberta, unifica e traz paz.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Eis a infância, fase bela e pura de todo ser humano, que vem sendo menosprezada, que vem sendo podada, que vem
sendo desenhada dentro de paradigmas distantes da fase em si. Quando a criança puder ser criança, sem tecnologia,
sem responsabilidades, sem atividades de gente grande, sem uma sala de aula sentada atrás de uma carteira, cheia de
regras, submissões, sem a memória como instrumento de aprendizagem (o famoso decoreba), protocolos, horas
marcadas, enfim, quando uma criança puder tornar-se ela mesma sem limitações e com liberdade, o fluxo natural do
seu desenvolvimento se consolida na sua forma mais pura, mais real, mais concreta, mais divina, mais artística, e mais
harmoniosa.
Apesar dos limites impostos e preconceitos sobre a prática da filosofia infantil na escola, e apesar da falta da
participação de todos os envolvidos de maneira consciente – pais, professores, poder público, é necessário questionar o
modelo de institucionalização e burocratização da educação infantil, pois os resultados vêm mostrando um lado
tenebroso instaurado na personalidade das pessoas, que paralelamente ao desenvolvimento grandioso e paradoxal,
têm tomado lugar de destaque na formação dos indivíduos de maneira assustadora.
O principal ao falar de filosofia na infância é leva-la em consideração como uma disciplina de papel insubstituível para a
formação crítica do educando – criança, pois através dela as crianças vão desenvolver uma capacidade de
compreender o mundo e a realidade que as cercam de maneira efetiva, orientandas para a busca de razões, soluções,
reflexões e compreensões relacionadas ao mundo. Sem deixar de salientar para o fato de que tudo isso se resume
concomitantemente a uma linha de pensamento e de ações que guiem o ser humano no sentido de ele agir com
compreensão, coerência, bom senso, moral, ética, respeito e cidadania. Então se percebe a importância salutar de um
educador nesta fase que saiba colaborar diretamente para a construção de uma linha de pensamento que ajude a
criança a se identificar e a identificar o mundo, satisfazendo-se com suas próprias descobertas.
Propõe-se assim que os alunos crianças sejam vistos como personagens valiosos na educação do ser humano, e não
como meros espectadores ingênuos e bobos. E que seja dada a devida importância à infância, fase primeira do
questionar. A filosofia pode ser a chave para interferir de maneira positiva nesta fase. Assim como devem ser levados
em consideração o comprometimento, a qualidade, o bom preparo, e um olhar mais sensível e humanizado do educador
neste processo.
Afinal a necessidade de um trato cuidadoso com a educação nas primeiras fases do aprender é evidente já que as
crianças de hoje serão os adultos de amanhã, serão o mundo de amanhã. Começando pelo próprio educador, mudando
o seu olhar e seu comportamento, o resultado será muito mais eficaz e em curto prazo, pois a gente só ensina aquilo
que a gente sabe, e se sabemos que queremos o melhor para nós e para o mundo, formaremos cidadãos melhores
para si e para o mundo. Já dizia Mahatma Ghandi : Seja a mudança que você quer ver no mundo”.
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1981
FEITOSA, Charles. Explicando a Filosofia com Arte. Rio de Janeiro: Editora Ediouro, 2004.
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LIPMAN, Matthew. A Filosofia na Sala de Aula. São Paulo: Editora Nova Alexandria, 1994
LUCKESI, Cipriano Carlos; PASSOS, Elizete P., Introdução à Filosofia: aprendendo a pensar. 4° edição. São Paulo:
Editora Cortez, 2002
MOSÉ, Viviane. O Homem que Sabe. 5° edição. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2012.
SHARP, Ann. Introdução. In: KOHAN, Walter O. & WUENSCH, ANA M.(Org.) Filosofia para crianças. Vol. I. Petrópoles,
Vozes, 1998.
[1] Sócrates (Atenas, 469 a.C. — Atenas, 399 a.C.), foi um filósofo ateniense dos mais importantes ícones da tradição
filosófica ocidental. É considerado por muitos filósofos como o modelo de filósofo. “Ele acreditava em regras ou normas
eternas, que governavam o agir dos homens. Se usarmos apenas a nossa razão – dizia ele: poderemos reconhecer
todas essas normas imutáveis, pois a razão humana é precisamente algo eterno e imutável” (GAARDER, 1998). Foi o
professor de Platão (Atenas, 428/27 a.C. — 347 a.C.) discípulo de Sócrates. “Platão achava que tudo o que podemos
tocar e sentir na natureza “flui”. Não existe, portanto, um elemento básico que não se desintegre. Absolutamente tudo o
que pertence ao “mundo dos sentidos” é feito de um material sujeito à corrosão do tempo. Ao mesmo tempo, tudo é
formado a partir de uma forma eterna e imutável”(GAARDER,1998)
[2] Walter Omar Kohan é professor titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Pesquisador do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Prociência (UERJ/FAPERJ). Foi Presidente do
Conselho Internacional para a Investigação Filosófica com crianças (ICPIC), vice-coordenador do GT de Filosofia da
Educação de ANPED e Coordenador do GT "Filosofar e ensinar a filosofar" da ANPOF. Publicou mais de 50 trabalhos
em periódicos especializados e anais de eventos em vários países e publicou ou organizou 50 livros e mais de 70
capítulos de livros. Coordena desde 2007 0 Projeto de Extensão em Escola Pública ("Em Caixas a Filosofia en-caixa?,
UERJ/FAPERJ) e Projetos de Pesquisa Interinstitucionales junto a Universidades Nacionais e Internacionais. É
orientador de mestrado, doutorado e pós-doutorado nas áreas de ensino de filosofia, infância e filosofia da educação.
Em suas atividades profissionais interagiu com mais de 50 colaboradores em co-autorias de trabalhos científicos.
(PLATAFORMA LATTES - CNPQ
[3] Numa das obras poéticas mais importantes da cultura do Ocidente europeu, as Metamorfoses, o poeta romano
Ovídio exprimiu todos esses sentimentos que experimentamos diante da mudança, da renovação e da repetição, do
nascimento e da morte das coisas e dos seres humanos. Na parte final de sua obra, lemos:
Não há coisa alguma que persista em todo o Universo. Tudo flui, e tudo só apresenta uma imagem passageira. O
próprio tempo passa com um movimento contínuo, como um rio... O que foi antes já não é, o que não tinha sido é, e
todo instante é uma coisa nova. Vês a noite, próxima do fim, caminhar para o dia, e à claridade do dia suceder a
escuridão da noite... Não vês as estações do ano se sucederem, imitando as idades de nossa vida? Com efeito, a
primavera, quando surge, é semelhante à criança nova... A planta nova, pouco vigorosa, rebenta em brotos e enche de
esperança o agricultor. Tudo floresce. O fértil campo resplandece com o colorido das flores, mas ainda falta vigor às
folhas. Entra, então, a quadra mais forte e vigorosa, o verão: é a robusta mocidade, fecunda e ardente. Chega, por sua
vez, o outono: passou o fervor da mocidade, é a quadra da maturidade, o meio-termo entre o jovem e o velho; as
têmporas embranquecem. Vem, depois, o tristonho inverno: é o velho trôpego, cujos cabelos ou caíram como as folhas
das árvores, ou, os que restaram, estão brancos como a neve dos caminhos. Também nossos corpos mudam sempre e
sem descanso... E também a Natureza não descansa e, renovadora, encontra outras formas nas formas das coisas.
Nada morre no vasto mundo, mas tudo assume aspectos novos e variados... Todos os seres têm sua origem noutros
seres. Existe uma ave a que os fenícios dão o nome de fênix. Não se alimenta de grãos ou ervas, mas das lágrimas do
incenso e do suco da amônia. Quando completa cinco séculos de vida, constrói um ninho no alto de uma grande
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palmeira, feito de folhas de canela, do aromático nardo e da mirra avermelhada. Ali se acomoda e termina a vida entre
perfumes. De suas cinzas, renasce uma pequena fênix, que viverá outros cinco séculos... Assim também é a Natureza e
tudo o que nela existe e persiste. (CHAUI, 1999)
[4] Pois bem; se falamos da humanização, do ser mais do homem – objetivo básico de sua busca permanente –
reconhecemos o seu contrário: a desumanização, o ser menos. Ambas, humanização e desumanização são
possibilidades históricas do homem como um ser incompleto e consciente de sua incompleticidade. Tão somente a
primeira, contudo, constitui a sua verdadeira vocação. A segunda, pelo contrário, é a distorção da vocação
(FREIRE, 1969).
[5] Imanente é um termo utilizado na filosofia para designar aquilo que é inerente a algum ser ou que se encontra unido,
de forma inseparável, à sua essência. “Pensar a imanência é pensar a vida. No entanto, para pensar a vida, é preciso
desacelerá-la, mapeá-la. Assim, a partir de Deleuze e Guattari, pode se entender que o plano de imanência é o mapa do
mundo. Mapa que dá condições de locomoção para que o filósofo se singularize e que é o lugar no qual o filósofo
problematiza a realidade, fazendo com que ela se subjetive, se dobre, de determinado modo... o plano de imanência é o
lugar onde se cria um modo de vida, onde o pensamento é atacado, é o não pensado que precisa ser experimentado
para ser pensado...”(GELAMO, 2008)
Barbara Távora de Sousa Martins - Graduada em Administração pela Universidade Tiradentes (2005). Pesquisadora
integrante do Grupo de Pesquisa "Educação, Cultura e Subjetividades" - GPECS, UNIT, CNPQ. Professora.
Concorrendo para Mestrado em Educação em 2015. E-mail: [email protected]
Luana Garcia Feldens- Graduada em Comunicação Social (habilitação em Jornalismo) - Universidade Tiradentes
(UNIT). Pesquisador integrante do Grupo de Pesquisa "Educação, Cultura e Subjetividades" - GPECS, UNIT, CNPQ.
E-mail: [email protected]
Rafael Santos Barboza – Graduado em Comunicação Social (habilitação em Jornalismo) – Universidade Federal de
Sergipe (UFS). Graduando em Psicologia - Universidade Tiradentes (UNIT). Bolsista de Iniciação Científica –
PROBIC/UNIT. Pesquisador integrante do Grupo de Pesquisa "Educação, Cultura e Subjetividades" - GPECS, UNIT,
CNPQ. E-mail: [email protected]
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