A Definição de

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A definição de 

saúde possui implicações legais, sociais e econômicas dos estados de saúde e


doença; sem dúvida, a definição mais difundida é a encontrada no preâmbulo da Constituição
da Organização Mundial da Saúde: saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e
social, e não apenas a ausência de doenças.

Contexto Histórico
Diferentes visões e definições acerca do que se tem de saúde e doença permeiam a história
da humanidade, sobretudo a inserção desses conceitos sob os contextos cultural, social,
político e econômico. Todo esse conjunto de ideias evidencia uma evolução do pensar
humano, uma vez que passa a ser considerado um maior grau de complexidade de
interseções desses ideais. Ainda, vale ressaltar que o significado de evolução aqui atribuído
está associado a uma visão darwinista do processo. Ou seja, não traduz, necessariamente,
um cenário de constantes melhorias ao longo da história. [1]

 Desde a antiguidade, a humanidade se empenha de diversas formas para enfrentar


determinadas patologias, haja visto que as múmias guardam em si sinais de algumas
doenças. No entanto, primordialmente cabia aos termos saúde e doença uma concepção
voltada para o campo mágico-religioso, partindo de um pressuposto onde as doenças
eram causadas por um mal externo, sendo, portanto, encarado como o pecado ou alguma
maldição. Um exemplo disso seria a concepção dos antigos hebreus, que diferentemente
de outras religiões da época, acreditavam que a doença não era ação de agentes
externos como demônios ou maldições humanas, mas representava, no entanto o sinal da
cólera divina para com o seu povo, devido aos pecados da humanidade, como podemos
observar em alguns trechos bíblicos, a ressaltar:  "Se não me escutardes e não puserdes
em prática todos estes mandamentos, se desprezardes as minhas leis (...) porei sobre vós
o terror, a tísica e a febre..." (Levítico, 26:16). Mas aqueles que cumprem os preceitos
divinos têm outro destino: "Servireis ao Senhor vosso Deus e ele abençoará vosso pão e
vossa água e afastará de vosso meio as enfermidades." (Êxodo, 23:25), sobre isso vale
ressaltar também, que assim como as doenças eram sinal de castigo divino, Deus
também desempenhava o papel de Grande Médico, para esse povo. [1][2]
 Na bíblia ainda há descrições detalhadas de certas enfermidades como a lepra, por
exemplo, bem retratada no livro do Levítico, mas no entanto, não havia nenhum sinal para
o tratamento dessas enfermidades, primeiro porque como já dito, eram formas de castigo
divino e o único meio de tratar essas doenças era através de rituais de purificação, já que
se o mal era causado pelo pecado, bastava se livrar do pecado para se livrar do mal,
como o caso das mulheres que estavam no seu período menstrual (neste caso em
específico elas ficavam alguns dias recolhidas em suas casas e depois de encerrado o
período deveriam se purificar) , em casos mais graves, porém, as pessoas eram afastadas
da sociedade de alguma forma, como caso dos leprosos. Em segundo lugar, porque na
época ainda não se tinha conhecimento científico necessário para o tratamento ou
entendimento de certas enfermidades. Essa concepção se estendeu durante muito tempo,
sendo comum ainda na Idade Média. É importante dizer que esses preceitos religiosos
expressados de forma mais explícita nos cinco primeiros livros da bíblia, possuíam uma
finalidade mais evidente de manter uma certa unidade entre os hebreus e os distinguir dos
outros povos da região circunvizinha, apesar desses propósitos, podem ter auxiliado na
contenção e prevenção de diversas patologias de cunho transmissível, na época, mesmo
que isso tenha se dado de forma inconsciente. [1]
 Ao se olhar outras culturas, podemos perceber que em diversas tribos que acreditavam
que as doenças eram causadas por maus espíritos, cabia ao Xamã local, portanto, os
rituais de expulsão desses espíritos malignos, esses rituais também possuíam o objetivo
de reunir novamente o microcosmo (o corpo) com o macrocosmo (universo).  Em algumas
tribos, como é o caso dos índios Sarrumá, localizados na fronteira Venezuela- Brasil, não
há o conceito de morte natural, por exemplo, as mortes acidentais ou naturais são
causadas por maldições inimigas, ou conduta imprudente. [1]
 O xamã nessas sociedades é um indivíduo que passa por extensos treinamentos, repletos
de períodos de abstinência, onde ele aprende o seu ofício, sendo introduzido nas canções
xamânicas e no conhecimento de ervas utilizadas nos rituais, geralmente em ervas
alucinógenas que auxiliam na convocação de novos espíritos capazes de erradicar a
doença, essa é a tarefa principal do xamã nesses rituais, convocar espíritos capazes de
combater as enfermidades do povo.[1]

 Ainda que não a ruptura, a medicina grega representa um importante marco para
mudanças ocorridas no jeito de pensar a lógica do processo de doença. Persiste o
mitológico, associado a diversas divindades vinculadas à saúde como Asclepius (deusa
da medicina); Higeia (saúde) e Panacea (cura), sendo essas duas últimas manifestações
de Atena (deusa da razão). O culto a essas figuras mitológicas evidencia a valorização de
práticas higiênicas. Além disso, o processo de cura é inicialmente associado à utilização
de plantas medicinais e métodos naturais, como por exemplo o ópio como analgésico e
antitussígeno (oriundo da Papoula), evidenciando ir além dos cultos e rituais. [1][3]

 A ruptura com essa visão religiosa acerca do processo de saúde ocorre


com Hipócrates (460-377 a.C.). Em sua obra denominada “Corpus Hipocraticus”, os textos
traduzem uma perspectiva racional a respeito da medicina, bem diferente da concepção
mágico-religiosa que até então permeava o pensar do homem. Hipócrates atribui a
existência de quatro fluidos (humores) principais no corpo: bile amarela, bile negra,
fleuma e sangue. Para ele, a saúde baseava-se, portanto, nesses quatro elementos. O
homem enquanto ser humano era uma unidade organizada, logo a doença representava
uma desorganização desse estado, unidade. Além disso, a obra revela a inserção de um
novo conceito no processo de saúde-enfermidade: epidemiologia. A valorização de uma
visão empírica em relação aos casos clínicos descrita nos textos, revela que as
observações perpassavam o paciente, sendo o ambiente elemento importante a ser
considerado. O texto “Águas, ares, lugares” discute os fatores ambientais atrelados a
doença e defende um conceito ecológico do que se tem de saúde. [1]
“A doença chamada sagrada não é, em minha opinião, mais divina ou mais sagrada que
qualquer outra doença; tem uma causa natural e sua origem supostamente divina reflete a
ignorância humana.”
(A Doença Sagrada – Hipócrates)

 Mais a frente, no séc. II, tem-se a figura de Galeno (129-199), responsável por incluir o
conceito endógeno nesse processo de saúde-doença. Médico e filósofo, Galeno revisita a
teoria humoral de Hipócrates e reforça a importância dos quatro temperamentos no estado
de saúde. Para ele, a doença era endógena ao corpo, constituía o homem enquanto
matéria física e seus hábitos, portanto, poderiam levar ou não ao desequilíbrio da vida.
Intitulado de “pai da Farmácia”, Galeno sistematizou pela primeira vez na história quais as
matérias-primas eram necessárias à preparação dos medicamentos e o modo de
manipulação como nunca tinha sido visto até então. [1][4]
 Na cultura ocidental o conceito de saúde possui até hoje uma vertente que difere do
ocidente, mas que de certa forma é possível estabelecer uma analogia à concepção
hipocrática. Em sua essência ela aborda a existência de forças vitais responsáveis por
atuar no corpo humano: Ying e Yang. Se harmoniosas, o que se manifesta é saúde;
quando não, o que prevalece é a doença. Algumas medidas terapêuticas têm por objetivo
restaurar o fluxo normal de energia do corpo quando em desarmonia como a acupuntura,
ioga, massagens e uso de ervas medicinais.[1][5]
 Na Idade Média Europeia o conceito de saúde é permeado pela religião cristã e tem como
resultado a saúde como fruto da fé e a doença, do pecado. Em contrapartida, os ideais
hipocráticos se mantinham, como dosar o comer e beber; realizar a contenção sexual e o
controle das paixões. Procurava-se evitar o que chamavam de “contra naturam vivere” –
viver contra a natureza –, obedecendo aos princípios religiosos. [1]
 Nos séculos XV e XVI, um médico e pesquisador suíço chamado Paracelso, já afirmava
que eram agentes externos ao organismo que provocavam doenças, isso ocorreu em
paralelo ao desenvolvimento da química e da medicina a partir da alquimia, foi devido a
esse desenvolvimento que o próprio Paracelso passou a administrar doses de metais e
minerais em enfermos - como é o caso do mercúrio no tratamento da sífilis - partindo do
pressuposto de que se os processos ocorridos no organismo humano eram químicos, os
tratamentos também deveriam ser.[1][6]
 Já no século XVII houve o desenvolvimento da mecânica e com ela um conceito muito
difundido por René Descartes, onde o corpo funcionaria como uma máquina capaz de
executar diversas ações de maneira independente à mente (ou alma), no entanto,  a
mente seria capaz de regular na maior parte do tempo algumas parcelas do corpo; a esse
conceito deu-se o nome de dualidade mente-corpo ou alma-corpo. [1][7]
 Com o desenvolvimento da anatomia a teoria humoral das doenças, desenvolvida
por Hipócrates e Galeno, passou a ser substituída pela que seria chamada de "silêncio
dos órgãos" já que ao se realizarem estudos com os corpos passou-se a constatar que
neles estava a localização da maioria das doenças. No entanto, mesmo com essa
mudança não houve muito avanço no tratamento das doenças, elas eram aceitas como
parte do entendimento do sentido da vida, faziam parte de um caminho para a aceitação
da morte, de ideias como a efemeridade da vida, essa ideia foi muito difundida no período
do romantismo, românticos como Castro Alves e Chopin acreditavam na morte como uma
expressão da arte, uma maneira de refinar a arte, pois trazia uma nova concepção da
vida, por isso, muitos jovens da época ansiavam pela morte prematura, muitos artistas
morreram de tuberculose nessa época. Sobre isso vale ressaltar que esse ideal ainda
permeia a sociedade, vê-se até os dias atuais diversos jovens com filosofias que
representam a efemeridade da vida, tais como YOLO (you only live once), o próprio
conceito de carpe diem, entre outros, tem-se também, uma série de artistas que morreram
tragicamente aos 27 anos nas últimas décadas.[1]
 No século XIX, entretanto, ocorreu a chamada revolução pasteuriana; Uma série de
fatores contribuiu para sua ocorrência, houve a descoberta dos microscópios e com eles
diversos laboratórios passaram a identificar microrganismos presentes em diversos meios
de cultura, o que posteriormente contribuiu também para o desenvolvimento de soros e
vacinas, em paralelo, John Snow, na Inglaterra, decidiu estudar a transmissão de cólera,
uma epidemia vigente naquele momento, até o momento acreditava-se que a cólera era
causada pela água, e ele constatou que não era por ela, mais por algo presente na água,
e por conseguinte de uma pessoa doente para uma saudável, e que esse algo era ainda
capaz de se multiplicar no organismo humano, vale ressaltar que apesar de todas essas
descobertas, não havia ainda a ideia de que os causadores dessas doenças eram os
microrganismos como vírus e bactérias. Tais constatações de John Snow causaram
grande polêmica na época pois evocavam os conceitos de contágio e quarentena, termos
muito defendidos por Adrien Proust, no entanto, muitos eram contra essa privação de
liberdade, dentre eles estavam presentes classes como burguesia, patologistas radicais, e
liberais, essa resistência ocorreu até mesmo quando Louis Pasteur atribuiu a fermentação
à microrganismos.[1][8]
 Com o conhecimento de que os microrganismos eram responsáveis pelas doenças a
chamada medicina tropical teve grande crescimento, já que era uma questão muito
importante o tratamento de doenças nos trópicos, os colonizadores e comerciantes viam
muito potencial econômico na região, mas as doenças, tanto endêmicas quanto
epidêmicas eram um grande empecilho, com isso o desenvolvimento da epidemiologia,
também desenvolvido por John Snow nesse mesmo estudo sobre a cólera, ganhou
espaço, isso se baseou na ideia de que como a saúde individual era expressa em
números a social também poderia ser, ou seja, os indicadores de saúde passariam as ser
contabilizados, tudo isso graças ao surgimento da estatística -vinda de Staat no alemão, e
de origem Latina, que significa estado, que coincide com um surgimento de um estado
forte e centralizado.[1]
 A ideia de utilizar algum método numérico para expressar alguma informação, data desde
a antiguidade há mais de 2000 a.C. na China, no entanto, a tentativa de imprimir alguma
reflexão a partir desses números e tornou mais clara a partir do século XVII, com John
Graunt e Wlliam Petty, por exemplo, Petty desenvolveu seu estudo chamado anatomia
politica, onde coletava dados sobre educação, produção, população e doenças, já Graunt
conduziu os primeiros estudos de estatística vital a partir de obituários da época, onde ele
foi capaz de identificar diferenças na mortalidade dentro de diversos grupos populacionais,
correlacionando fatores como sexo e local de residência, esse tipo de analise ganhou
grande impulso no século XIX, onde há registros de estudos como o de Louis René
Villermé, que analisou a mortalidade em diferentes bairros de paris, onde ele concluiu que
as maiores diferenças eram relacionadas à renda, há também registros que datam do
período da revolução industrial na Inglaterra onde podia-se ser visto claramente o efeito
da urbanização e da condição de proletariado sobre a saúde, inspirando até
mesmo Engels a escrever o livro Condição da classe trabalhadora na Inglaterra em 1845.
[1][9]

 A partir de 1840 começou-se a existir um grande paralelo entre os índices estatísticos de


saúde e a condição de vida da população, além do surgimento de inquéritos estatísticos e
dos blue books (almanaques estatísticos), William Farr, pioneiro na estatística em saúde,
assumiu seu cargo como diretor-geral do recém estabelecido General Register Office da
Inglaterra, onde em seus relatórios anuais traçou um paralelo muito grande, a partir de
relatos entre a mortalidade da população e a localidade de suas residências, ao ponto de
ser capaz de delimitar distritos sadios e não sadios. [1]
 Em 1842 Edwin Chadwick, um advogado, escreveu um relatório sobre as condições de
saúde da população trabalhadora na Grã-Bretanha, esse seu relatório foi o responsável
por impressionar o parlamento vigente e impulsionar a promulgação de uma lei em 1848
que criou a Diretoria Geral de Saúde, encarregada, principalmente, de propor medidas de
saúde pública e de recrutar médicos sanitaristas, o que foi capaz de de forma oficial
desenvolver trabalhos de saúde pública na Grã-Bretanha. [1]

 Antes da criação da Organização Mundial da Saúde (OMS), foram feitas algumas


tentativas de instituir um conceito universal sobre o que era "Saúde". No ano de 1941 foi
criado o Serviço Nacional de Saúde (SNS), destinado a oferecer atenção integral à saúde
da população com recursos do governo. Apesar da criação do SNS, ainda não havia um
conceito universal sobre Saúde, pois havia necessidade de um consenso entre as nações.
[1]

 A primeira tentativa foi feita através da criação da Liga das Nações, criada após a Primeira
Guerra Mundial, porém, não obteve sucesso. Logo após a Segunda Guerra Mundial, foi
criada então, atingindo o objetivo principal, a Organização das Nações Unidas (ONU),
onde havia a concordância entre as nações, dando em sequência a criação da
Organização Mundial da Saúde. No dia 7 de abril de 1948 foi publicado pela OMS o
conceito de saúde. O conceito de saúde proposto pela OMS diz que: "Saúde é o estado
do mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de
enfermidade".[1]
 Em 1974, foi criado o conceito de "campos de saúde", onde o mesmo definiu diversas
áreas de bem estar, como meio ambiente e estilo de vida por exemplo, o que causou uma
ampliação do conceito de saúde. Essa ampliação gerou insatisfações e críticas tanto da
área política quanto da área técnica, que questionava o fato de a saúde de tornar dessa
forma algo inalcançável, sendo impossibilitado de ser cobrado apenas dos profissionais de
saúde. Com isso, no ano de 1977 foi sugerido um novo conceito de saúde por Christopher
Boorse, o qual denominava saúde apenas por "ausência de doença", simplificando assim
esse conceito.[1]
 A Conferência Internacional de Assistência Primária à Saúde trouxe uma resposta em
relação a esse novo conceito de saúde abordado apenas como ausência de doenças.
Durante esse evento, ocorrido em Alma-Ata (1978), alguns temas discutidos foram
considerados surpreendentes. Foi abordado a classificação internacional de doenças,
elaborado regulamentos internacionais de saúde e normas para a qualidade da água. Até
o momento dessa conferência, a Organização Mundial da Saúde (OMS) havia
desenvolvido programas de combate a duas doenças de grande notoriedade, a Malária e
a Varíola, contando com o apoio e colaboração dos países membros. [1]
 Para o combate à Malária, a OMS utilizou como estratégia o uso do inseticida Dicloro-
Difenil-Tricloroetano (DDT). Seu uso foi proibido ao longo do tempo por estar associado
ao comprometimento do organismo, como câncer, acumulação em tecidos e
contaminação de bebês via lactação.[1]
 Por volta dos anos 60, o combate foi destinado à Varíola. Durante esse período, foi criado
o Programa de Erradicação da Varíola. A escolha para o combate a essa doença estava
atrelado principalmente ao grande número de pessoas com a doença (milhões de casos)
e a sua capacidade de ser eliminada da população. Isso porque a vacina contra a Varíola,
já existente, tinha grande eficácia. Assim, como a transmissão ocorria de pessoa para a
pessoa, ao se obter uma grande parcela de imunizados, o vírus responsável pela doença
deixaria de ter seu hospedeiro para desenvolvimento e consequente propagação da
doença. Logo, as expectativas com essas ações foram alcançadas e o último caso de
varíola ocorreu em 1977, mostrando-se como um marco histórico. [1]
 Após essa conquista, a OMS expandiu seus objetivos devido a intensa demanda por
desenvolvimento e progresso social. Sendo assim, durante a Conferência Internacional de
Assistência Primária à Saúde, foi enfatizado a grande desigualdade na área de saúde
entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos, a responsabilidade do Estado na
promoção da saúde e a importância da atuação individual e comunitária desde o
planejamento à implementação dos cuidados à saúde. Sendo assim, os serviços que
prestam cuidados primários de saúde deveriam ser a base para o sistema de saúde. E o
sistema nacional de saúde deveria estar integrado no processo de desenvolvimento social
e econômico do país, uma vez que saúde pode ser considerada tanto causa quanto
consequência deste.[1]
 Ainda, durante a Conferência, foi discutido que os cuidados primários de saúde deveriam
ser de amplo espectro, devendo incluir educação em saúde, nutrição adequada,
saneamento básico, cuidados materno-infantis, planejamento familiar, imunizações,
prevenção e controle de doenças endêmicas, provisão de medicamentos essenciais e
integração com outros setores, como agrícola e industrial. Tratando-se, portanto, de uma
proposta racionalizadora, mas também política. Ou seja, baseada em uma ideologia da
utilidade, relevância social em detrimento à altos padrões e custos dos serviços. Essa
concepção é carregada de juízos de valor, a qual é rejeitada por aqueles que apresentam
uma visão objetiva e sem critérios sociais quanto à área de saúde. [1]
 A partir disso, a Constituição de 1988 evita a discussão dos conceitos de saúde e doença
e diz que: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e
recuperação”. Esse propósito é o que direciona a atuação do Sistema Único de Saúde
(SUS) em seu atendimento e cooperação com os brasileiros. [1]

Definições
Quando a Organização Mundial da Saúde foi criada, pouco após o fim da Segunda Guerra
Mundial, havia uma preocupação em traçar uma definição positiva de saúde, que incluiria
fatores como alimentação, atividade física, acesso ao sistema de saúde e etc. O "bem-estar
social" da definição veio de uma preocupação com a devastação causada pela guerra, assim
como de um otimismo em relação à paz mundial — a Guerra Fria ainda não tinha começado.
A OMS foi ainda a primeira organização internacional de saúde a considerar-se responsável
pela saúde mental, e não apenas pela saúde do corpo.
A definição adotada pela OMS tem sido alvo de inúmeras críticas desde então. Definir a saúde
como um estado de completo bem-estar faz com que a saúde seja algo ideal, inatingível, e
assim a definição não pode ser usada como meta pelos serviços de saúde. Alguns afirmam
ainda que a definição teria possibilitado uma medicalização da existência humana, assim
como abusos por parte do Estado a título de promoção de saúde.
Por outro lado, a definição utópica de saúde é útil como um horizonte para os serviços de
saúde por estimular a priorização das ações. A definição pouco restritiva dá liberdade
necessária para ações em todos os níveis da organização social.
Christopher Boorse definiu em 1977 a saúde como a simples ausência de doença; pretendia
apresentar uma definição "naturalista". Em 1981, Leon Kass questionou que o bem-estar
mental fosse parte do campo da saúde; sua definição de saúde foi: "o bem-funcionar de um
organismo como um todo", ou ainda "uma actividade do organismo vivo de acordo com suas
excelências específicas." Lennart Nordenfelt definiu em 2001 a saúde como um estado físico
e mental em que é possível alcançar todas as metas vitais, dadas as circunstâncias.
As definições acima têm seus méritos, mas, provavelmente, a segunda definição mais citada
também é da OMS, mais especificamente do Escritório Regional Europeu: A medida em que
um indivíduo ou grupo é capaz, por um lado, de realizar aspirações e satisfazer necessidades
e, por outro, de lidar com o meio ambiente. A saúde é, portanto, vista como um recurso para a
vida diária, não o objetivo dela; abranger os recursos sociais e pessoais, bem como as
capacidades físicas, é um conceito positivo.
Essa visão funcional da saúde interessa muito aos profissionais de saúde pública, incluindo-se
aí os médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e os engenheiros sanitaristas, e de atenção
primária à saúde, pois pode ser usada de forma a melhorar a eqüidade dos serviços de saúde
e de saneamento básico, ou seja, prover cuidados de acordo com as necessidades de cada
indivíduo ou grupo.
A saúde mental (ou sanidade mental) é um termo usado para descrever um nível de qualidade
de vida cognitiva emocional ou a ausência de uma doença mental. [carece  de fontes] Na perspectiva da
psicologia positiva ou do holismo, a saúde mental pode incluir a capacidade de um indivíduo
de apreciar a vida e procurar um equilíbrio entre as actividades e os esforços para atingir a
resiliência psicológica.[carece  de fontes] A Organização Mundial de Saúde afirma que não existe
definição bem clara sobre o que é a saúde mental. Diferenças culturais, julgamentos
subjectivos, e teorias relacionadas concorrentes afectam o modo como a "saúde mental" é
definida.[carece  de fontes]
Determinantes da saúde
O relatório Lalonde sugere que existem quatro determinantes gerais de saúde,
incluindo biologia humana, ambiente, estilo de vida e assistência médica.[10] Assim, a saúde é
mantida e melhorada, não só através da promoção e aplicação da ciência da saúde, mas
também através dos esforços e opções de vida inteligentes do indivíduo e da sociedade.
O Alameda County Study analisa a relação entre estilo de vida e saúde. Descobriu que as
pessoas podem melhorar a sua saúde através do exercício , sono suficiente, mantendo
um peso saudável, limitando o uso de álcool e evitando fumar.[11]
Um dos principais factores ambientais que afetam a saúde é a qualidade da água,
especialmente para a saúde dos lactentes e das crianças em países em desenvolvimento.[12]
Estudos mostram que em países desenvolvidos, a falta de espaços de lazer no bairro que
inclua o ambiente natural conduz a níveis mais baixos de satisfação nesses bairros e níveis
mais elevados de obesidade e, portanto, menor bem-estar geral. [13] Por isso, os benefícios
psicológicos positivos do espaço natural em aglomerações urbanas devem ser levados em
conta nas políticas públicas e de uso da terra.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, os principais determinantes da saúde
incluem o ambiente social e econômico, o ambiente físico e as características e
comportamentos individuais da pessoa.[14] Em geral, o contexto em que um indivíduo vive é de
grande importância na sua qualidade de vida e em seu estado de saúde. O ambiente social e
econômico são fatores essenciais na determinação do estado de saúde dos indivíduos dado o
fato de que altos níveis educacionais estão relacionados com um alto padrão de vida, bem
como uma maior renda. Geralmente, as pessoas que terminam o ensino superior têm maior
probabilidade de conseguir um emprego melhor e, portanto, são menos propensas ao
estresse em comparação com indivíduos com baixa escolaridade.
O ambiente físico é talvez o fator mais importante que deve ser considerado na classificação
do estado de saúde de um indivíduo. Isso inclui fatores como água e ar limpos, casas,
comunidades e estradas seguras, todos contribuindo para a boa saúde. [14]
A percepção de saúde varia muito entre as diferentes culturas, assim quanto as crenças sobre
o que traz ou retira a saúde.
A OMS define ainda a Engenharia sanitária como sendo um conjunto de tecnologias que
promovem o bem-estar físico, mental e social. Sabe-se que sem o saneamento básico
(sistemas de água, de esgotos sanitários e de limpeza urbana) a saúde pública fica
completamente prejudicada.
A OMS reconhece ainda que a cada unidade monetária (dólar, euro, real, etc.) dispendida em
saneamento economiza-se cerca de quatro a cinco unidades em sistemas de saúde (postos,
hospitais, tratamentos, etc.) e que cerca de 80% das doenças mundiais são causadas por falta
de água potável suficiente para atender as populações necessitadas.
ONCEIT O D E ENFERMAGE M Wanda de Aguia r Hort a Consideraçõe s gerai s Definir enfermagem
não é taref a fácil. En contramo s na literatur a técnic a muita s definições que, qua£ do
enunciadas, satisfizeram plenament e à s necessidade s e conhecimentos da época . Entretanto , à
medida que a socieda de evolui e nova s profissõe s surgem, inserindo-s e e inte grando-s e no
novo contexto social, os conceitos que a s defi nem modificam-s e e s e tornam mais complexos. O
que ocorre u à enfermagem, em particular, é o que procuramo s mostrar . Veremo s alguma s
definições clássica s e exporemo s noss o conceito que, talvez , dentr o de alguns anos também
não mais atenda à s necessidade s da evo lução profissional. Conceito s d e enfermage m Florenc e
Nightingale definiu enfermagem assim: " A art e de enfermagem é a mais bel a da s arte s e,
considerad a como tal, reque r pelo menos tão delicado apre n dizado quanto a pintur a ou a
escultura , pois que nao pode have r comparaçã o entr e o trabalh o de quem s e aplic a à tel a
mort a ou ao mármor e frio, como o de quem s e consagr a ao corp o vivo. O cuida r de doente s é
tarefa'qu e sempr e coube à * Professor a de Fundamento s da Enfermagem da Escol a de
Enfermagem da U. S. P . mulhe r e sempr e lhe deve caber. "Florenc e Nightingale, till vez
influenciada pela s luta s femininista s da época, defendeu par a a mulhe r a exclusividade da
profissã o de enfermagem ; hoje sabemo s que o homem é tão necessári o na profissã o quanto a
mulher. Sua definição é poeticament e bela , ma s in complet a sob o ponto de vist a científico; não
delimit a nem a proximadament e o camp o de atividade profissional, senão que o mistur a com o
de outro s profissionais que, também eles, s e consagram ao cuidado do "corp o vivo" , que não é
exclusi vo da enfermagem. Mais recentement e Irmã Mari a Olivia, da Universidade Católic a da
América , em 1947, assi m conce_i tuou a enfermagem - "A enfermagem, no seu sentido lat o ,
pode se r definida como uma art e e uma ciência , que vis a o pacient e como um todo - corpo ,
ment e e espírito ; promov e sua saúde espiritual, menta l e física , pelo ensino e pelo e xemplo;
acentua a educação sanitári a e a preservaçã o da saú de, bem como o cuidado a o doente;
envolve o cuidado com o ambient e do paciente , socia l e espiritual, tanto quanto físi co; e dá
assistênci a sanitári a à famíli a e à comunidade , bem como ao indivíduo. "Est a definição engloba
elemento s de filo sofia de enfermagem no que s e refer e à visã o integra l do ho m em no seu
tripl o aspecto-físico , menta l e espiritual; qua£ to ao s aspecto s de promoção , conservaçã o da
saúde e a s s is tênci a sanitári a nao sao , como ocorr e nem a definição ant e rior, tarefa s
exclusiva s da enfermagem; uma séri e deprofijs sionais exercem a s mesma s funções no camp o
da saúde : mé dico, nutricionista , educado r sanitário , dentista , etc . Virgini a Henderson , em
definição aceit a pe l o Conselho Internaciona l de Enfermeiras, assi m s e exprés^ s a : " A função
peculia r da enfermeir a é da r assistênci a ao indivíduo doente ou sadio no desempenh o de
atividade s que contribuam par a mante r a saúde ou recuperá-l a ( ou te r uma mort e serena ) -
atividade s que êl e desempenhari a só, s e t i vess e a força , vontade ou o conhecimento
necessários. E fazê-lo de modo que o ajude a ganha r su a independênci a o mais rápid o possível .
"Est a definição aproxima-s e melho r da realidad e da atividade da enfermeira , principalment e
no seu papel de educador a e de su a função reabilitador a do pa ciente , levando- o a tornar-s e
independente de seu s cuidados; porém no que diz respeit o à manutenção, recuperaçã o da saú
de ou a te r mort e seren a invade ainda camp o comum a ou tra s profissões, po r não especifica r
quais a s atividade s pr ó pria s à enfermagem. A6 definições apresentada s ainda que tenham
servid o na ocasiã o em que foram proposta s e continuem sen do válidos marco s na históri a da
evolução científica da enfe r magem devem, a noss o ver, s e completa r ou se r substitu i da s po r
outra s que não s ó atendam à realidad e present e da profissã o que pretendem definir, ma s
acessóri a mente , sejam menos ambígua s na precis a delimitaçã o da áre a de açã o ' e 6 pecífica
da enfermagem .- Procurand o manter, quanto possí vel, a concisão própri a a qualque r boa
definição, propomo s o noss o própri o conceito de enfermagem. Conceit o propost o
"Enfermagem é a ciênci a e a art e de assi g t i r o se r humano no atendimento de sua s
necessidade s bási cas, de torná-l o independent e dest a assistênci a atravé s da educação; de
recuperar, mante r e promove r su a saúde , cop tando par a iss o com. a colaboraçã o de outro s
grupo s profis sionais " . Precisamo s nos dete r na palavr a assistir que provem do latim "assistere"
, segundo o s dicionário s de Laudelino Freire , Candido de Figueired o e Calda s Aulete , o vocábulo
assisti r além de significa r habitar, residir tem a s seguinte s significações: esta r presente ,
comparecer, acom panha r ato público na qualidade de assistente , assessor , aju dante ;
acompanha r par a tratar , na qualidade de médic o ou ejn fermeiro , par a da r conforto ou
consolação; ajudar, socorrer, proteger, favorecer, comparecer. Ê com est a conotação que s e deve
toma r o. vocábulo assisti r em noss a definição e, ampliando-o ainda mais, diríamo s que assistir,
em enferma gem, significa: faze r pelo indivíduo tudo aquilo que ele nao faz par a o atendimento
de sua s necessidades, porque lh e fal t am a s forças, o conhecimento ou a vontade ; ajudá-lo a
fazer, quando impossibilitado de realizá-l o plenamente; veri fica r como el e o faz, orientá-l o e
educá-lo ; torná-l o indepen dente de ajuda, identifica r necessidade s que o enfermeir o não pode
atender, ma s que pode encaminha r a um especia l is t a . E m noss a definição referimo-no s a
necessi dade s básicas. Cremo s se r necessári o conceituá-las. Necee; sidade s sao estado s de
insuficiência resultante s dos mome o tos de desequilíbrio orgânico , dentro do equilíbrio dinâmico
dos fenômenos vitais. Este s estado s de insuficiência geram necessidade s que procuram
estabelece r o equilíbrio orgânico . São considerada s básica s àquela s relacionada s à sobreviven
cia física, psíquic a e espiritual: nutrição, água, oxigênio , abrigo, regulaçã o térmica , cuidado corp
o ral , integridade co£ poral, sono, repouso , exercício , eliminaçao,reproduçao,gr £ garismo ,
comunicação, amor, recreação , aprendizagem, é tica , religião , aprovação , realização ,
segurança . Muita s desta s .necessidade s podem se r atendida s plenament e pela e £ fermagem,
outra s s a o p o r el a identificadas e encaminhada s ao profissiona l competente , como po r
exemplo a necessidad e religiosa , a seguranç a econômica , ética , etc . Decorrênci a diret a da
conceituação de enfej: magem, como acabamo s de expor, é o correlat o conceito de diagnóstico
de enfermagem. Assim ser á função precipu a e exclusiva da enfermagem o diagnóstico-da s
necessidade s não atendida s dos paciente s . Melhor dizendo, e, com maio r ad £ quaçao ao
conceito po r nós defendido, diríamo s que o dia ¿ nóstico limita-s e àquela s necessidade s a cujo
atendimento o enfermeir o prest a assistênci a profissional. Se atentarmo s bem par a o conceito
exposto 4 de enfermagem, veremo s que toda u ma filosofia de enferma g em dele poder á advir;
induzindo-s e também uma filosofia de educação profissiona l com o currícul o das escola s de en
fermagem orientado no estudo do atendimento das necessid a d e s humanas, ao invé s do clássic
o estudo da enfermagem ba sead o em doença s do s diverso s sistema s e aparelhos. Finalizando
diremo s que est e conceito que nos propomo s defende r est á sujeito à critic a e complement a
ções, ma s na present e fas e do desenvolvimento da enferma gem é o que mais parec e s e ajusta
r à realidad e profissional.~
O que é saúde? Muitas pessoas nunca pararam para pensar o que é ter saúde. Vivem suas vidas
imaginando que uma pessoa tem saúde quando não tem nenhuma doença. Essa ideia fortalece
uma das concepções mais enraizadas e limitadas da sociedade: A saúde é a ausência de doenças.
Mas será que é isso mesmo? O que é ser saudável? Para responder a essa pergunta, é importante
considerar e ter um olhar mais amplo e crítico sobre uma série de fatores e situações que podem
afetar e/ou determinar as condições de saúde de um indivíduo ou mesmo de um grupo de
pessoas. A reflexão sobre o conceito de saúde pode desencadear um processo de observação da
qualidade de vida no cotidiano do sujeito e de sua comunidade. Ao mesmo tempo, pode
possibilitar um repensar da forma como se organiza e planeja a inserção das questões de saúde
nos mais diferentes espaços, como, por exemplo, no espaço da escola. Os enfoques que se tem do
que é saúde norteiam todas as propostas de atuar no campo da saúde e as formas como os
diferentes modelos de programas e de atenção à saúde se desenvolvem. O atual conceito
ampliado de saúde desloca-se do campo biológico. Ele precisa ser pensado não apenas do ponto
de vista da doença, mas dos aspectos econômicos, políticos e histórico-sociais, da qualidade de
vida e das necessidades básicas do ser humano, seus valores, crenças, direitos, deveres e das suas
relações dinâmicas e construídas ao longo de todo ciclo da vida e do meio em que convive. É
indispensável, nesse contexto, entender saúde por meio das relações históricas e socioculturais
que o indivíduo mantém com o outro e com a comunidade e nas suas formas de convivência com
o meio ambiente. Assim sendo, dependendo do modo como as pessoas entendem ou concebem o
que é saúde, elas podem observar e avaliar se de fato têm ou não saúde. Os projetos ou os
programas de saúde, da mesma maneira, são traçados e definidos a partir do modo pelo qual os
seus planejadores entendem o conceito de saúde, determinando assim propostas, ações ou
atividades de diferentes naturezas. Quando esses programas são construídos com maior
participação dos atores diretamente envolvidos, aumentam-se as chances de aceitação, execução,
comprometimento e controle de suas ações e atividades. Aula 3: O que é saúde? Saúde na
adolescência Texto 1 2 Evolução dos Conceitos de saúde no século XX A Organização Mundial da
Saúde (OMS, 1948) ampliou a definição de saúde para além do organismo como corpo físico e a
dimensionou para as condições psicológicas ou emocionais e para os aspectos sociais, que
deveriam atingir tal ponto de equilíbrio que proporcionasse o estado ideal do estar
completamente bem. Saúde é um bem-estar físico, mental e social. Reforma sanitária A partir da
década de 1960, a inquietação quanto à necessidade de mudanças do sistema de saúde brasileiro
por parte de profissionais e estudantes da área de saúde, trabalhadores, donas-de-casa,
professores universitários, sociólogos e antropólogos, contribuiu para que se formulasse um
movimento pela reforma desse sistema. A discussão assumiu características próprias e ganhou
força como movimento social que defendia que o governo garantisse ações de prevenção de
doenças e que proporcionasse melhora das condições de saúde da população. Nesse sentido, o
que se configurou como Movimento Social pela Reforma Sanitária defendia que todas as pessoas,
independente de classe social, deveriam receber assistência médica sempre que necessitassem e
em todos os níveis e graus de complexidade. Alma-Ata A I Conferência Internacional sobre
Atenção Primária à Saúde ocorreu em Alma-Ata, Rússia, em 1978, e teve papel muito significativo
para a saúde pública. O documento resultante desse encontro recomendou a adoção de um
conjunto de medidas, entre outras, no campo da educação em saúde, prevenção de doenças e
agravos, saneamento básico e prioridade para a atenção à saúde do grupo materno-infantil.
Algumas dessas medidas tiveram alcances bastante significativos, como aleitamento materno,
vacinação, o soro de reidratação oral, controle da diarreia e de infecções respiratórias, além do
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, que eram chamadas de ações básicas de
saúde. Aula 3: O que é saúde? Saúde na adolescência Texto 1 3 VIII Conferência Nacional de Saúde
Em 1986 foi realizada em Brasília a VIII Conferência Nacional da Saúde, um grande marco na área
da saúde no País. Essa conferência teve papel fundamental para o fortalecimento do conceito
ampliado de saúde, ratificado em 1988 na Constituição Federal. No conceito de saúde foram
incluídos diversos fatores como determinantes e condicionantes dos níveis de saúde da
população, como: alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda,
educação, transporte, lazer e o acesso que a população tem aos bens e serviços lhe são essenciais
e de direito. Com base nas determinações dessa conferência, a Constituição Federal criou o
Sistema Único de Saúde (SUS), que representou a consolidação dos preceitos da Reforma Sanitária
de décadas anteriores. Ainda em 1986, ocorreu a 1ª Conferência Internacional sobre Promoção de
Saúde, em Ottawa, no Canadá, com o intuito de buscar uma nova concepção de saúde pública.
Como fruto das discussões dessa conferência, definiu-se o conceito de saúde dentro dos princípios
da promoção da melhoria da qualidade de vida, colocando-se como pré-requisitos para a saúde
fatores como os que vimos antes, acrescidos de paz, justiça social e equidade. Saúde está
diretamente relacionada com a qualidade de vida das pessoas. Diferentes concepções de saúde
Concepção assistencialista de saúde Pensar a saúde do ponto de vista da ausência de doença é
uma concepção assistencialista, que coloca em evidência a necessidade de afastar a doença que
acomete o indivíduo, pressupõe um diagnóstico, feito mediante exames clínicos e laboratoriais,
para que se possa prescrever, de pronto, remédios e, assim, curar a pessoa daquela doença. Foi
com essa concepção que a medicina se estruturou no Brasil e priorizou ao longo de anos o modelo
médico-hospitalar. Embora essencial, porque envolve a prestação do atendimento e assistência
médica aos que adoecem, que o Estado tem dever de garantir, ele fundamenta a proposta de
oferta de serviços médicos destinados prioritariamente a tratar as enfermidades e/ou a recuperar
suas sequelas. Nem sempre é o modelo ou a concepção com a qual se enfrenta de forma bem-
sucedida determinados Aula 3: O que é saúde? Saúde na adolescência Texto 1 4 problemas
encaminhados a esses serviços e que de fato não têm a origem de suas causas numa questão
médica. Concepção preventiva de saúde Por conta da necessidade de diagnóstico e tratamento
adequado de doenças, alguns outros avanços importantes passaram a influir, na concepção de
saúde, a ação de prevenção. Ela parte do princípio de que é importante evitar que os indivíduos
adoeçam; portanto, enfatiza ações de detecção precoce e controle dos fatores que causam as
doenças ou dos riscos que o indivíduo e a população têm de adoecer. Embora ainda reforce como
objeto principal evitar a doença, esse modelo amplia o olhar da saúde para o coletivo e apresenta
medidas e recursos importantes para proteger o indivíduo de adoecer, evitando danos à sua saúde
como: • Uso adequado de vacinas • Incentivo ao aleitamento materno • Vigilância nutricional •
Uso de preservativos • Adoção de medidas de segurança que evitem acidentes e vítimas • Opção
por alimentação saudável • Maior socialização de informações • Abertura de espaços de reflexão
em oficinas com práticas educativas Concepção de promoção de saúde Nessa forma de conceber
saúde, o foco das ações se desloca efetivamente da doença e se volta para a vida do indivíduo e da
comunidade. Assim, na concepção de promover saúde busca-se modificar as condições de vida
para que sejam dignas e adequadas. Estimulam-se as tomadas de decisões, individuais e coletivas,
investindo no sentido de que sejam favoráveis à saúde e à qualidade de vida das pessoas e
comunidades. Essa concepção de saúde se consolida pela implementação de políticas públicas
saudáveis. Promover saúde significa investir no processo de capacitação da comunidade para
atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo maior participação do sujeito e da
comunidade no controle das suas próprias condições de saúde e de vida. Para atingir um estado
de completo bem-estar físico, mental e social, os indivíduos e os Aula 3: O que é saúde? Saúde na
adolescência Texto 1 5 grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e
modificar favoravelmente o meio ambiente (Carta de Ottawa, 1986). Assim, a saúde deve ser vista
como um recurso para a vida, e não como objetivo de viver. Vale ressaltar que, de acordo com
essa concepção, saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde. É preciso haver
articulação com outras tantas políticas sociais, como de Educação, Habitação, Emprego, Trabalho,
Cultura, Lazer, Desenvolvimento Social. Nesse contexto, as condições de saúde e de bem-estar da
população podem ser entendidas como grandes recursos para o desenvolvimento social,
econômico do indivíduo e da comunidade. Bibliografia consultada: BRASIL. Ministério da Saúde.
Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde do
adolescente: competências e habilidades. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2008. SÃO
PAULO (Cidade). Secretaria da Saúde. Coordenação de Desenvolvimento de Programas e Políticas
de Saúde-CODEPPS. Manual de atenção à saúde do adolescente. São Paulo: SMS, 2006.

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