Aula Espírito Santo Regularização Fundiária
Aula Espírito Santo Regularização Fundiária
Aula Espírito Santo Regularização Fundiária
• RF lato sensu é muito mais do que constou da Lei nº 11.977/09 e agora do PLC nº 12/2017.
• Não se fala em Regularização Fundiária no Brasil desde 2009, mas há décadas. Desde que se perceberam
os problemas do êxodo rural (expansão desordenada do solo).
• O caminho da normalidade é o que deve ser constantemente perseguido, a fim de que as regularizações
extraordinárias não se tornem a regra. Tanto é verdade que sempre há limite temporal para suas
aplicações (Ex.: Art. 9º, §2º PLC 12/17; art. 54, §1º da Lei nº 11.977/09).
• Sobre estes casos (extraordinários), e sobre os casos normais (ordinários), é que trataremos aqui.
Programação
PANORAMA GERAL
OBJETIVO DE TODA
REGULARIZAÇÃO:
ALCANÇAR O
REGISTRO IMOBILIÁRIO
• Ao tratarmos da regularização de imóveis, é necessário ressaltar que o ápice ou o alcance da norma jurídica
(Constituição Federal, Lei nº 4.591/64, Lei nº 6.766/79, Lei nº 9.785/99, Lei nº 10.257/01, Lei nº 10.406/02,
Lei nº 11.977/09, PLC nº 12/17 etc.) dar-se-á através do registro imobiliário.
• Portanto, toda regularização de imóveis deverá ter como alvo o acesso de um título hábil ao Fólio Real.
Desta forma, os interessados devem se ater aos princípios registrais previstos na Lei dos Registros Públicos
(legalidade, continuidade, disponibilidade, especialidade etc.), com certo abrandamento quando da
aplicação da Regularização Fundiária (stricto sensu).
• “O Registro de Imóveis foi o destinatário final da regularização fundiária com o dever jurídico de presidir o
procedimento e verificação dos requisitos estabelecidos na lei, os instrumentos da demarcatória e
legitimação de posse também tem por objetivo o direito de propriedade.” (Marcelo Augusto Santana de
Mello, O direito à moradia e o papel do Registro de Imóveis na regularização fundiária, Revista de Direito
Imobiliário n. 69, ano 33, julho-dezembro de 2010, p. 29 – LEITURA OBRIGATÓRIA).
COM IMÓVEL,
CONCEITO E NATUREZA
Sempre que se vai trabalhar com IMÓVEL é preciso conhecer sua NATUREZA, se RURAL ou URBANO, para
verificar qual a legislação incidente.
- CADASTRO – Critério: DESTINAÇÃO (art. 4º, I, do Estatuto da Terra, art. 93 do Decreto nº 59.428/66 e
art. 15 do Decreto-lei nº 57/66).
- FISCAL – Critério: LOCALIZAÇÃO (Lei nº 9.393/96, Decreto nº 4.382/02 e art. 32, §1º do CTN).
Decreto nº 4.382/02.
Art. 2º. O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, de apuração anual, tem como fato gerador a
propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, LOCALIZADO fora da zona urbana do
município, em 1o de janeiro de cada ano (Lei no 9.393, de 19 de dezembro de 1996, art. 1º).
Art. 9º Para efeito de determinação da base de cálculo do ITR, considera-se imóvel rural a área contínua, formada
de uma ou mais parcelas de terras, localizada na zona rural do município, ainda que, em relação a
alguma parte do imóvel, o sujeito passivo detenha apenas a posse (Lei nº 9.393, de 1996, art. 1º, § 2º).
Parágrafo único. Considera-se área contínua a área total do prédio rústico, mesmo que fisicamente
dividida por ruas, estradas, rodovias, ferrovias, ou por canais ou cursos de água.
DESTINAÇÃO X LOCALIZAÇÃO
COMPREENDENDO AS CAUSAS
2ª CAUSA: A Lei nº 6.766/79 (Lei do Parcelamento do Solo Urbano) também previu o módulo urbano, quando
estabeleceu que nenhum imóvel oriundo de loteamento poderia ter área inferior a 125m².
SUGESTÕES DE ESTUDO
A Agenda 21 é um programa de ação, baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais
ousada e abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de
desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.
Trata-se de um documento consensual para o qual contribuíram governos e instituições da sociedade civil
de 179 países num processo preparatório que durou dois anos e culminou com a realização da Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), em 1992, no Rio de Janeiro,
também conhecida por ECO-92.
Além da Agenda 21, resultaram desse processo cinco outros acordos: a Declaração do Rio, a Declaração de
Princípios sobre o Uso das Florestas, o Convênio sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre
Mudanças Climáticas.
http://www.ecolnews.com.br/agenda21/
http://jus.uol.com.br/revista/texto/1692/notas-sobre-o-direito-urbanistico
1. Código Civil de 1916: Regulou a aquisição da propriedade imobiliária, inclusive a formação de condomínio
comum, não impondo restrições para o parcelamento do solo.
OBS.: Até então, os problemas oriundos da formação de condomínios eram poucos, porque, via de regra, cada
imóvel era de apenas um proprietário.
2. Art. 65 da Lei nº 4.504/64 (ESTATUTO DA TERRA): Criou o módulo rural – área mínima de parcelamento do
imóvel rural -, o qual foi substituído, posteriormente, pela fração mínima de parcelamento (Art. 8º, §3º,
da Lei nº 5.868/72).
OBS.: Com tal restrição, multiplicaram-se os condomínios e os problemas, pois começaram a ser alienadas e
oneradas frações ideais de imóveis, gerando um caos para muitos proprietários. Hoje, esta situação é vista
com restrições.
Lei nº 5.868/72
Art. 8º - Para fins de TRANSMISSÃO, A QUALQUER TÍTULO, na forma do Art. 65 da Lei número 4.504, de 30 de
novembro de 1964, nenhum imóvel rural poderá ser desmembrado ou dividido em área de tamanho
inferior à do módulo calculado para o imóvel ou da fração mínima de parcelamento fixado no § 1º
deste artigo, prevalecendo a de menor área. (VER DECRETO Nº 62.504/68)
§ 3o São considerados NULOS e de nenhum efeito quaisquer atos que infrinjam o disposto neste artigo não
podendo os serviços notariais lavrar escrituras dessas áreas, nem ser tais atos registrados nos Registros
de Imóveis, sob pena de responsabilidade administrativa, civil e criminal de seus titulares ou
prepostos.
REDAÇÃO ANTERIOR
§ 4º - O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que a alienação da área se destine comprovadamente
a sua anexação ao prédio rústico, confrontante, desde que o imóvel do qual se desmembre permaneça
com área igual ou superior à fração mínima do parcelamento.
REDAÇÃO ATUAL
§ 4o O disposto neste artigo NÃO SE APLICA: (Redação dada pela Lei nº 13.001, de 2014)
I - aos casos em que a alienação da área destine-se comprovadamente a sua anexação ao prédio rústico,
confrontante, desde que o imóvel do qual se desmembre permaneça com área igual ou superior à
fração mínima do parcelamento; (Incluído pela Lei nº 13.001, de 2014)
II - à emissão de concessão de direito real de uso ou título de domínio em programas de regularização fundiária
de interesse social em áreas rurais, incluindo-se as situadas na Amazônia Legal; (Incluído pela Lei nº
13.001, de 2014)
III - aos imóveis rurais cujos proprietários sejam enquadrados como agricultor familiar nos termos da Lei
no 11.326, de 24 de julho de 2006; ou (Incluído pela Lei nº 13.001, de 2014)
IV - ao imóvel rural que tenha sido incorporado à zona urbana do Município. (Incluído pela Lei nº 13.001, de
2014)
OBRIGAÇÕES DO REGISTRADOR IMOBILIÁRIO
Criados os módulos rural e urbano, o Estado outorgou aos Registradores Imobiliários e, também, aos Notários,
o dever de fiscalização destas normas (assim como de várias outras não afetas ao Direito Notarial e
Registral), impedindo a lavratura de Escrituras Públicas e a realização de Registros com inobservância das
citadas legislações, sob pena de NULIDADE do ato e de responsabilidade do Titular.
O Registrador, ao receber título para registro em sua Serventia, cujo conteúdo contenha indícios ou evidências
de loteamento irregular ou clandestino, deverá impugná-lo, noticiando o fato imediatamente ao
representante do Ministério Público local.
VISÃO DO
REGISTRO DE IMÓVEIS
EM FACE DO
PROBLEMA APRESENTADO
REGRA SOBRE A PROPRIEDADE: ALODIALIDADE (exclusividade). Vale para imóveis urbanos e rurais.
Art. 1.231 do Código Civil. A propriedade presume-se PLENA E EXCLUSIVA, até prova em contrário.
Art. 504 do CC. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte
quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá,
depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e
oitenta dias, sob pena de decadência.
Não raras vezes, os títulos que aportam no Registro Imobiliário aparentam não apresentar problemas.
Em que pese a lei não vedar a formação do condomínio comum, mas também não o incentiva (PRINCÍPIO
DA EXCLUSIVIDADE – art. 1.231 do CC), os Notários e Registradores devem estar atentos a situações desta
natureza.
Desta forma, o Oficial, usando o seu prudente critério, deverá impedir o ingresso no Álbum Imobiliário de
títulos de alienação de áreas ideais, ou que não contenham alguma motivação suficiente para não atender
a condição de exclusividade.
Respeitar as regras atinentes ao Parcelamento do Solo indicadas, principalmente, através dos arts. 1.234
e segs. do Código de Normas local.
Art. 1.235. Considera-se fração ideal a resultante do desdobramento do imóvel em partes não localizadas, de
modo a permanecerem contidas dentro da área original, acarretando a formação de condomínios em razão das
alienações.
Art. 1.236. As frações ideais poderão estar expressas, sem distinção, em percentuais, frações decimais ou
ordinárias ou em área (metros quadrados, hectares etc).
Art. 1.237. Para a configuração de loteamento clandestino deve-se considerar, dentre outros dados objetivos
a serem valorados, isolada ou conjuntamente, a disparidade entre a área fracionada e a do todo maior, a forma
de pagamento em prestações e os critérios de rescisão contratual.
Art. 1.238. Somente se admitirá formação de condomínios de imóveis rurais por ato inter vivos, quando
preservada e assegurada sua destinação para fins de exploração agropecuária ou extrativa.
Art. 1.240. Havendo indícios de instituição ou constituição de loteamento clandestino, o registrador o noticiará
ao representante do Ministério Público, anexando a documentação disponível.
Por exemplo, tanto para os imóveis urbanos, quanto para os rurais, exige-se MOTIVAÇÃO para a aquisição
de fração ideal que represente área inferior ou ao módulo urbano, ou à fração mínima de parcelamento
(Ver arts. 61 e 65 do Estatuto da Terra, art. 94 do Decreto nº 59.428/66, art. 8º da Lei nº 5.868/72 e item 4
da Instrução nº 17-b do INCRA. Ver, também, proc. 592095053 do TJRS).
Ex. URBANO: Formação de um condomínio edilício, regido pela Lei nº 4.591/64 e pelo Código Civil de 2002
(também é forma de regularização de imóvel).
Ex. RURAL: Casos do art. 2º, II, do D. 62.504/68.
Ementa: REGISTRO DE IMÓVEIS. DÚVIDA INVERSA. FRAÇÃO IDEAL. LOTEAMENTO IRREGULAR. CHACARAS.
IMPOSSIBILDIADE DO REGISTRO. PROVIMENTOS 30/88 E 3/90, DA CGJRS. Correta a negativa de registro de
escritura pública, pelo Oficial Substituto da Registro de Imóveis da Comarca de Viamão, por se tratar de
alienação de fração ideal de imóvel urbano, em evidente situação de loteamento irregular. Diligências
determinadas de ofício, para apurar os responsáveis pela irregularidade, bem como coibir situações
similares. Negaram provimento ao apelo. (Apelação Cível Nº 70009845090, Décima Nona Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Heleno Tregnago Saraiva, Julgado em 05/04/2005)
REFLEXÕES:
Será que não é chegado o momento de repensarmos SE os conceitos há muito estabelecidos, que são fontes
de mais problemas do que soluções, são ou não adequados para o Brasil?
Será que Carta Magna, quando fixou que a propriedade atenderá a sua função social, recepcionou as vetustas
legislações que vão, em parte, de encontro aos interesses da própria sociedade?
MODOS DE
REGULARIZAÇÃO DE IMÓVEIS:
MATERIAL DE TRABALHO
(BASES NORMATIVAS)
URBANOS
– Loteamento e Desmembramento (Lei nº 6.766/79 e arts. 1.224 e segs. do Código de Normas local);
– Desdobro/Fracionamento (ver art. 1.241 do Código de Normas local – procedimento simples)
– Condomínio Edilício (incorporação imobiliária e instituição de condomínio – Lei nº 4.591/64, arts.
1.331 e segs. do Código Civil e arts. 1.259 e segs. do Código de Normas local);
– Regularização Fundiária de Interesses Social e Específico (PLC nº 12/17 – ver se/quando se aplica
a Lei nº 11.977/09);
– Regularização de Áreas Públicas decorrentes de Parcelamento do Solo (art. 195-A da Lei nº 6.015/73
e art. 22 da Lei nº 6.766/79);
– Regularização de Áreas Públicas (Discriminatória – Lei nº 6.383/76);
– Regularização Fundiária na Amazônia Legal (Lei nº 11.952/09);
– Imóveis da União;
– Regularização de Imóveis da União (Lei nº 5.972/73 e Lei nº 11.481/07);
– Regularização de Quilombos (Decreto nº 4.887/03).
RURAIS
– Decreto-lei nº 58/37 e art. 53 da Lei nº 6.766/79.
2ª PARTE:
IMÓVEIS URBANOS
1. DESDOBRO/FRACIONAMENTO
2. LOTEAMENTO
• 2.1. LOTEAMENTO COMUM
• 2.2. LOTEAMENTO FECHADO
3. DESMEMBRAMENTO
4. CONDOMÍNIOS
• 4.1. CONDOMÍNIO COMUM (CIVIL)
• 4.2. CONDOMÍNIO EDILÍCIO
OBS.: Condomínio de Lotes integra o PLC nº 12/17. Portanto, na parte de Regularização Fundiária.
OBS.: Temos que estudar com igual ou com maior vigor os meios ordinários de regularização, não só os
extraordinários (foco na Prevenção!).
1. DESDOBRO/FRACIONAMENTO
Art. 1.241. Fica dispensado da observância do preceito do art. 18 da Lei Federal n° 6.766/79, o parcelamento
que preencha cumulativamente as seguintes condições:
I – não implique abertura de novas vias de circulação, de logradouros públicos, prolongamento, modificação ou
ampliação de vias existentes ou, de modo geral, transferência de áreas para o domínio público;
II – não provenha de imóvel que, a partir da vigência da Lei Federal n° 6.766/79, já tenha sido objeto de outro
parcelamento;
III – não importe em fragmentação superior a 10 (dez) lotes.
• ART. 2º, §1º, da Lei nº 6.766/79 - É a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com abertura
de novas vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamentos, modificação ou ampliação das
vias existentes.
2.2. LOTEAMENTO FECHADO – Forma de empreendimento imobiliário que se procurou utilizar para atender aos
anseios dos moradores de determinados loteamentos, tentando escapar das exigências impostas pela Lei nº
6.766/79. Por esta modalidade, as áreas públicas originárias do registro do loteamento tinham seu uso
concedido exclusivamente a particulares (os moradores do loteamento). Não funcionou porque estas áreas
públicas são bens comuns do povo, podendo ser utilizadas por todos, e não por um grupo específico. Desta
forma, a concessão de uso das áreas públicas a determinados particulares passou a ser considerada como um
ato irregular, ocasionando o desuso desta espécie de empreendimento.
3. DESMEMBRAMENTO
• DESMEMBRAMENTO - Lei nº 6.766/79 , alterada pela Lei nº 9.785/99 e art. 1.226 do Código de Normas
local.
• ART. 2º, §2, da Lei nº 6.766/79 - É a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com
aproveitamento do sistema viário existente, desde que não implique na abertura de novas vias e
logradouros públicos, nem no prolongamento, modificação ou ampliação dos já existentes.
PARTICULARIDADES DOS LOTEAMENTOS/DESMEMBRAMENTOS
ART. 2º, §4º. CONCEITO DE LOTE;
ART. 3º ...
Parágrafo único. Estabelece as áreas onde não é permitido o parcelamento do solo (terrenos alagadiços e
sujeitos a inundações, aterrados com material nocivo à saúde, declividade igual ou superior a 30%, áreas
de preservação ecológica etc). AQUI VER ART. 1.233 DO CÓDIGO DE NORMAS LOCAL.
ARTS. 18 ao 21. Trata do prazo, da documentação e da forma exigida para se proceder ao registro do
loteamento / desmembramento (interessa muito aos Registradores).
Explicar toda a documentação:
- Requerimento (art. 13, II, da LRP);
- Memorial descritivo;
- Planta de lotes;
- Projetos água, luz, esgoto etc;
- Laudo do geólogo;
- Metroplan;
- Fepam (Lei estadual permite que Municípios cadastrados aprovem loteamento com área igual ou inferior
a 5ha.);
- Certidões do loteador/proprietário e demais pessoas elencadas na lei;
- Aprovação pelo Município.
- Anotação de responsabilidade técnica quitada.
ART. 22. Com o registro do loteamento as vias públicas, áreas verdes e institucionais passam ao patrimônio
do Município (em que momento se abrem as matrículas das áreas privadas e públicas? Comentar art. 195-
A da LRP e 22 e §§ da LPS).
ARTS. 25 e 26. Estabelece os requisitos dos contratos de compromisso de compra e venda, cessão e de
promessa de cessão , os quais podem ser formalizados por instrumento particular.
ARTS. 38. Loteamentos clandestino e irregulares: Notificação feita pelo adquirente do lote ao loteador faltoso.
§2º. A notificação pode ser feita pelo Município.
ARTS. 40 e 41. Regularização do loteamento pelo Município.
ART. 45. Ação destinada a impedir construção em desacordo com restrições legais ou contratuais estabelecidas
no memorial do loteamento.
ART. 48. O foro da situação do lote é o competente para proposição de ações.
ART. 49. As intimações e notificações poderão ser feitas pelo Registro de Títulos e Docuementos.
INFRAÇÕES PENAIS
(Crimes contra a Administração Pública)
A problemática enfrentada pelos operadores do Direito no que tange ao assunto da regularização fundiária
de imóveis URBANOS é, num primeiro momento, a inação por parte da Administração Pública
Municipal no sentido de fiscalizar e inibir a formação de loteamentos clandestinos ou irregulares.
Ver trabalho Marcelo Augusto Santana de Melo (Boletim do IRIB em revista de março/abril de 2004).
4.CONDOMÍNIOS
• 4.1. CONDOMÍNIO COMUM (CIVIL)
Trata-se da exceção à regra da exclusividade do direito de propriedade, através da qual mais de uma pessoa
serão proprietárias de uma única coisa. Cuidar que pode ser fonte de irregularidades.
Art. 1.231 do CC. A propriedade presume-se PLENA E EXCLUSIVA, até prova em contrário. (JÁ COMENTADO)
Será a VONTADE do(s) proprietário(s) que determinará a qualificação do Registro de Imóveis (art. 5º, XXII e XXIII,
da Constituição Federal). O Registro de Imóveis não deve dizer como fazer, mas qualificar o que pretendem
as partes interessadas fazer acessar o Álbum Imobiliário.
• INSTITUIÇÃO DE CONDOMÍNIO: Ato de Registro (Livro 2). Cria o Condomínio Edilício (é um instituto
jurídico que se relaciona com o direito de propriedade, não possuindo personalidade jurídica própria).
• Por este instituto criam-se, para uma mesma edificação ou conjunto de edificações, diversos bens distintos
uns dos outros. Para isso, exige-se um registro especial.
• INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA: Ato de Registro (Livro 2). Atividade empresarial pela qual se possibilita a
contratação (alienação/oneração) com bem futuro (projetado), mas ainda não concluído, ainda não
existente faticamente (DIFERENÇA DA INSTITUIÇÃO DE CONDOMÍNIO). Para isso a lei também exige um
registro especial para a proteção dos futuros adquirentes, registro este que indicará a obrigação de entrega
de um determinado bem pelo incorporador ao futuro adquirente, num determinado tempo.
• INDIVIDUALIZAÇÃO/INDIVIDUAÇÃO/ESPECIFICAÇÃO: É acessório ou da Instituição de Condomínio ou da
Incorporação Imobiliária. Presta-se para atender ao princípio da especialidade objetiva (Livro 2), tendo
por propósito descrever e caracterizar a unidade autônoma projetada/concluída. Não tem vida própria.
Não gera ato próprio (não tem previsão de registro na Lei nº 6.015/73 – ver art. 167, I, 17, da Lei nº
6.015/73 e art. 7º da Lei nº 4.591/64, mas integrará ou o registro de incorporação, ou o registro da
instituição de condomínio).
• CONVENÇÃO DE CONDOMÍNIO: Ato de registro (Livro 3) e de averbação (Livro 2). Natureza estatutária.
Trata do regramento da vida interna do condomínio, e do relacionamento do condomínio com terceiros.
Não se confunde com instituição de condomínio.
• ATRIBUIÇÃO DE ECONOMIA: Pode ser feita até a Instituição de Condomínio, mesmo que não tenha sido
feita a pré-atribuição. Se não for feita até a Instituição de Condomínio, como resolver? Permuta ou extinção
do condomínio edilício e nova Instituição Condominial.
• OBS.: Na Lei nº 4.591/64 não se encontra a expressão “atribuição”. Encontra-se uma única vez a expressão
“divisão”, mas com outro sentido. Porém, tal atribuição tem fundamentação na Lei nº 6.015/73, que em
seu art. 167, I, 23 assim faz constar: “23) dos julgados e atos jurídicos entre vivos que dividirem imóveis
ou os demarcarem inclusive nos casos de incorporação que resultarem em constituição de condomínio e
atribuírem uma ou mais unidades aos incorporadores;”.
• Incorporação Imobiliária de Grupo Fechado? A Incorporação Imobiliária é uma atividade empresarial que
visa contratar com bem futuro, ao passo que o Grupo Fechado é a união de esforços, sem cunho
empresarial, para a criação de um condomínio edilício, vedada a oferta pública de bens antes de concluída
a obra e regularizada a situação dominial.
3ª PARTE:
MEIOS EXTRAORDINÁRIOS
DE REGULARIZAR IMÓVEIS (URBANOS E RURAIS)
• Sobre a MP nº 759/16, importa considerar que esta exposição se baseou fundamentalmente no texto do
PLC nº 12/17, o qual será sancionado.
• Importa mencionar que o PLC nº 12/17 também altera outras legislações, como a Lei nº 6.015/73 (art.
216-A) e a Lei nº 9.514/97, assuntos que NÃO constaram da MPV nº 759/16.
Por exemplo, o art. 216-A da Lei nº 6.015/73 possivelmente será corrigido readequando a presunção
decorrente do silêncio, agora presumindo a concordância, o que será benéfico para as regularizações. Também
trata sobre novos títulos averbáveis.
Sobre a Lei nº 9.514/97, haverá a alteração de diversos dispositivos, ficando regido com maior precisão o valor
do imóvel para fins de leilão, o procedimento de intimação (com hora certa) e outras questões relacionadas
com os empreendimentos PMCMV e FAR etc.
CRÍTICAS à MP nº 759/16
Textos adaptados da publicação feita por Rosane Tierno, no grupo [email protected], intitulado
“Câmara pode retomar na quarta debate da MP da regularização”
1. Exigências urbanísticas são relegadas em favor de aspectos de mercado.
2. Permissão para que os assentamos urbanos sejam regularizados sem intervenções urbanísticas e
infraestrutura.
3. O Projeto de Lei de Conversão 12/2017 dispensa a exigência do Habite-se nos casos de regularização de
conjuntos habitacionais localizados em áreas Reurb-S, favelas, cortiços (denominados no texto com o eufemismo
de “condomínios urbanos simples”) e construções sobre lajes.
4. “No substitutivo da MP 759/2016 foram incluídos itens novos que nada tem a ver com regularização fundiária,
isto é, com a regularização do que já está feito. Trata-se da permissão para que lei municipal criem “loteamentos
de acesso controlado” e “condomínios de lotes” ainda a serem empreendidos”. Com tais dispositivos, ao invés
de integrar as áreas hoje informais à cidade formal, a MP amplia os “muros” que as separam”.
5. CONTRADIÇÃO COM OS COMPROMISSOS ASSUMIDOS COM A ONU - “Os processos desencadeados pela MP
759 não contribuem para a efetiva implementação da Nova Agenda Urbana de forma a tornar as cidades e os
assentamentos humanos mais inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. A Nova Agenda foi recém definida
pelas Nações Unidas na conferência Habitat III e do qual o Brasil foi um dos signatários”.
BENEFÍCIOS da MP nº 759/16
Texto adaptado da publicação feita por Rosane Tierno, no grupo [email protected], intitulado
“Câmara pode retomar na quarta debate da MP da regularização”
Segundo o governo, a regularização fundiária urbana contribuirá para “o aumento do patrimônio imobiliário do
País”, por representar a inserção de capital na economia, à medida que agrega valor aos imóveis regularizados,
permite ao Poder Público cobrar impostos (IPTU, ITR E ITBI) e facilita aos proprietários a obtenção de créditos,
dando seus imóveis como garantia.
Pergunto: O que fazer com o que está consolidado? Trazer para o mundo jurídico formal é o melhor caminho,
SMJ.
4. Regularização Fundiária:
MARCO REGULATÓRIO
• O momento é de acompanhamento da Medida Provisória nº 759, de 22.12.2016. Todos na expectativa de
como será aprovado o texto que consolidará de vez o assunto no Brasil, porque será este texto que balizará
nosso trabalho.
• Até a publicação da MP nº 759/16 vinham sendo bem aplicadas as regularizações da Lei nº 11.977/09.
5. Regularizações Fundiárias Rural e Urbana da MP nº 759/16
• O Diário Oficial da União do dia 23.12.2016 publicou a Medida Provisória nº 759, de 22.12.2016, dispondo
sobre:
– regularização fundiária rural e urbana;
– regularização fundiária da Amazônia Legal;
– procedimentos de alienação de imóveis da União;
– normas de interesse do registro eletrônico no país.
6. Vigência
• A MP nº 759/16 entrou em vigor na data da sua publicação (art. 74), em 23/12/2016.
• Como se vê, a Projeto de Lei modificou os conceitos de regularização fundiária urbana, ao alterar o campo
de atuação de “assentamento irregular” para núcleo urbano informal, o qual tem um maior alcance.
• Art. 11, I
Núcleo urbano: o assentamento humano, com uso e características urbanas constituído por unidades
imobiliárias de área inferior à fração mínima de parcelamento, prevista na Lei nº 5.868, de 12 de dezembro de
1972, independentemente da propriedade do solo, ainda que situado em área qualificada ou inscrita como
rural;
• Art. 11, II
Núcleo urbano informal: aquele clandestino, irregular ou no qual não foi possível realizar, por qualquer modo,
a titulação de seus ocupantes, ainda que atendida a legislação vigente à época de sua implantação ou
regularização;
Observação
• A caracterização de Situação Consolidada, ficou restrita a Legitimação Fundiária, o que até então integrava
o conceito de Regularização Fundiária.
•
Conceitos
Para um melhor entendimento sobre o que abarca o conceito de Núcleo Urbano Informal, trataremos dos três
tipos apontados:
• Irregulares
• Clandestinos
• Regulares sem titulação a ocupante
Loteamentos Irregulares
“Aqueles que, embora aprovados pela Prefeitura e demais órgãos Estaduais e Federais, quando necessário,
fisicamente não são executados, ou são executados em descompasso com a legislação ou com atos de
aprovação.”
Tipos de Irregularidades
• Irregularidade Formal - que não lograram registro imobiliário por defeito ou falta na documentação
(muitas vezes envolve loteamentos de glebas sem titulação em nome do loteador).
• Irregularidade Material - loteamentos que não cumpriram com as obrigações assumidas junto à
municipalidade (especialmente no que se refere a não-realização, a contento, das obras de infraestrutura).
Loteamentos Clandestinos
“Aqueles que não obtiveram a aprovação ou autorização administrativa dos órgãos competentes, incluídos aí
não só a Prefeitura, como também entes Estaduais e Federais, quando necessário.”
• Não têm projeto aprovado pela municipalidade e, por consequência, também não têm registro imobiliário.
Regulares sem titulação a ocupante
Aqueles nos quais, atendendo à legislação vigente à época da implantação ou regularização, não foi possível
realizar a titulação de seus ocupantes, sob a forma de parcelamentos do solo, de conjuntos habitacionais ou
condomínios, horizontais, verticais ou mistos.
Exemplos
• Matrículas com inúmeros registros de partes ideais.
• Imóveis em Área de Preservação Permanente.
• Empreendimentos de Interesse Social sem os requisitos legais para individualização.
• Etc.
• Art. 11, IV
Demarcação urbanística: procedimento destinado a identificar os imóveis públicos e privados abrangidos pelo
núcleo urbano informal e a obter a anuência dos respectivos titulares de direitos inscritos na matrícula dos
imóveis ocupados, culminando com averbação na matrícula destes imóveis da viabilidade da regularização
fundiária, a ser promovida a critério do Município;
• Art. 11, V
Certidão de Regularização Fundiária – CRF: documento expedido pelo Município ao final do procedimento da
Reurb, constituído do projeto de regularização fundiária aprovado, do termo de compromisso relativo a sua
execução e, no caso da Legitimação Fundiária e da Legitimação de Posse, da listagem dos ocupantes do núcleo
urbano informal regularizado, da devida qualificação destes e dos direitos reais que lhes foram conferidos;
• Ocupam o imóvel como se proprietários fossem, diferente daqueles que contrataram com o proprietário
do imóvel objeto da Reurb (locatário, arrendatário, etc.)
Detenção x Posse
• DETENÇÃO: é uma posse degradada, juridicamente desqualificada pelo ordenamento vigente*
• Não induzem posse os atos daqueles que detêm a coisa por mera permissão ou tolerância do
proprietário (art. 1.208, 1ª parte, do CC).
• A pessoa que ocupa imóvel público não é possuidor, mas sim detentor do imóvel.
• POSSE: Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos
poderes inerentes à propriedade (Art. 1.196 do Código Civil).
• A detenção de área privada não configura como “ocupante” para fins de REURB.
• É necessário que o interessado seja possuidor da área privada.
Adequação a Realidade
• Referente a aplicação da Reurb, a MP trouxe como novidade a possibilidade de dispensa, pelos Municípios,
das regras urbanísticas estabelecidas para o desenvolvimento urbano (Art. 9º, §1º).
• Esta facilidade alcança as duas modalidades da Regularização (Art. 11):
– Reurb de interesse social - Reurb-S
– Reurb de interesse específico - Reurb-E
Áreas Rurais
• A Reurb é aplicável nas áreas rurais tendo como requisito:
– Unidades imobiliárias com área inferior à fração mínima de parcelamento (Art. 10, §6º).
Tamanho da Área Rural
• Como se sabe, o imóvel rural se caracteriza pela sua destinação e não pela localização.
• Por isso, é importante ressaltar que o imóvel rural pode estar dentro do perímetro urbano (Ex. Porto
Alegre).
• Com as alterações legislativas, agora é permitido o desmembramento ou divisão em área de tamanho
inferior à do módulo ou da fração mínima de parcelamento.
Lei nº 5.868/72
alterado pela Lei nº 13.001/14
Art. 8º - Para fins de transmissão, a qualquer título, [...], nenhum imóvel rural poderá ser desmembrado ou
dividido em área de tamanho inferior à do módulo calculado para o imóvel ou da fração mínima de
parcelamento
[...]
§ 4o O disposto neste artigo não se aplica:
[...]
III - aos imóveis rurais cujos proprietários sejam enquadrados como agricultor familiar [...]; ou
IV - ao imóvel rural que tenha sido incorporado à zona urbana do Município.
• § 4º A aprovação ambiental da Reurb prevista neste artigo poderá ser feita pelos Estados na hipótese de
o Município não dispor de capacidade técnica para a aprovação dos estudos de que trata este artigo.
Atenção!
• O dispositivo da MP impõe a necessidade de melhoria das condições ambientais.
• Não bastará manter o meio ambiente como está, terá de fazer algo a mais.
• Compensação ambiental: pode ser na área da REURB ou em outra área.
Código Florestal
• Reurb-S – Interesse Social: o estudo técnico deverá contemplar os requisitos dispostos no art. 64 da Lei nº
12.651/2012.
Hidrelétricas e Barragens
• Pode ser realizada a Reurb às margens de reservatórios artificiais de água destinados à geração de energia
ou ao abastecimento público.
• Esta possibilidade é definida pelo Código Florestal, sendo a norma replicada no §4º do Art. 11 da PL
12/2017.
• Deve ser inicialmente constatada a Área de Preservação Permanente.
Constatação de APP
em Hidrelétricas e Barragens
• A faixa de área de preservação permanente será a distância entre:
cota máxima maximorum (nível de água mais elevado para o qual a barragem foi projetada).
Exemplo
Constatação de APP
• Não será exigida APP no entorno de reservatórios artificiais de água que não decorram de barramento ou
represamento de cursos d’água naturais (Art. 4º, §1º do Código Florestal) – Exemplo: Açudes.
Conceitos
Art. 2º da Lei nº 9.985/2000
Unidade de Conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, legalmente instituído pelo Poder
Público, com objetivos de conservação e limites definidos. (Ex.: Área de Proteção Ambiental, Reserva Extrativista,
etc.)
Uso Sustentável: exploração do ambiente visando a sua manutenção, de forma socialmente justa e
economicamente viável.
Unidades de Conservação e Uso Sustentável
A Lei nº 9.985/2000 dispõe os diferentes tipos de Unidades de Uso Sustentável, nas quais poderá ser verificada
a possibilidade de aplicação da Reurb.
Projeto da REURB
• A Reurb pode abranger área de unidade de conservação de uso sustentável, conforme Art. 9º, §5º da MP
e dispositivos da Lei nº 9.985/2000, sendo necessária:
– conformidade com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade;
– anuência do órgão gestor da unidade;
– estudo técnico comprovando que essa intervenção implique na melhoria das condições ambientais.
PL 12/2017
• Art. 11, § 5º. Esta Lei não se aplica aos núcleos urbanos informais situados em áreas indispensáveis à
segurança nacional ou de interesse da defesa, assim reconhecidas em Decreto do Poder Executivo Federal.
Objetivos da REURB
• O Projeto de Lei estabeleceu, no art. 10, como norteador da Reurb as garantias e direitos fundamentais
dos cidadãos, previstos na Constituição Federal.
• Aqui serão demonstrados os textos que sofreram consideráveis diferenças, bem como os novos objetivos
inseridos e seus reflexos à luz da Constituição Federal.
Caput
PL 12/2017: Art. 10. Constituem objetivos da Reurb, a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal
e Municípios:
I - identificar os núcleos urbanos informais que devam ser regularizados, organizá-los e assegurar a prestação
de serviços públicos aos seus ocupantes, de modo a melhorar as condições urbanísticas e ambientais em
relação à situação de ocupação informal anterior;
CF/88
Art. 30. Compete aos Municípios:
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso,
do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
II - ampliar o acesso à terra urbanizada pela população de baixa renda, de modo a priorizar a permanência
dos ocupantes nos próprios núcleos urbanos informais, a serem posteriormente regularizados;
CF/88
Art. 30. Compete aos Municípios:
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso,
do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
CF/88
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores
desfavorecidos;
CF/88
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se [...] pelos seguintes princípios:
VII - solução pacífica dos conflitos;
CF/88
Art. 5º, XXII - é garantido o direito de propriedade;
Art. 3º, IV da Lei 11.977/09 – No Programa Minha Casa Minha Vida há prioridade de atendimento às famílias
com mulheres responsáveis pela unidade familiar.
CF/88
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, [...]na forma desta Constituição.
• VII - ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem estar de seus
habitantes;
CF/88
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes
gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
garantir o bem-estar de seus habitantes.
• VIII - concretizar o princípio constitucional da eficiência na ocupação e no uso do solo.
CF/88
Art. 170. A ordem econômica, [...] observados os seguintes princípios:
III - função social da propriedade;
Novos Objetivos
PL 12/2017
Novo Inciso: II - criar unidades imobiliárias compatíveis com o ordenamento territorial urbano e constituir sobre
elas direitos reais em favor dos seus ocupantes;
Modalidades da REURB
• A REURB, como dito anteriormente, compreende duas modalidades (Art. 13):
PL 12/2017
Art. 13, § 5º. A classificação do interesse visa exclusivamente à identificação dos responsáveis pela implantação
ou adequação das obras de infraestrutura essencial e ao reconhecimento do direito à gratuidade das custas e
emolumentos notariais e registrais em favor daqueles a quem for atribuído o domínio das unidades imobiliárias
regularizadas.
Reurb-S
• É aplicável a núcleos urbanos informais ocupados predominantemente por população de baixa renda,
observado o disposto em ato do Poder Executivo Federal.
• Fica evidente a necessidade de regulamentação pelo Poder Executivo Federal deste dispositivo, tendo em
vista a necessidade dos critérios de “baixa renda” para fins de configurar ocupante beneficiário da Reurb-
S.
PL 12/2017
• Art. 18. O Município e o Distrito Federal poderão instituir, como instrumento de planejamento urbano,
Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS.
Isenção de Emolumentos
• O PL trouxe, no §1º do Art. 13, um rol de gratuidades para os emolumentos da Reurb-S, conforme a lista
que segue:
I - o primeiro registro da Reurb-S, o qual confere direitos reais aos seus beneficiários;
II - a emissão e o primeiro registro da legitimação fundiária;
III - a emissão, o primeiro registro do título de legitimação de posse e a sua conversão em título de propriedade;
IV - o registro do projeto de regularização fundiária, com abertura de matrícula para cada unidade imobiliária
urbana regularizada;
V - a primeira averbação de construção residencial, desde que respeitado o limite de até setenta metros
quadrados;
VI - a aquisição de direito real prevista no art. 14 (Imóveis da União);
VII - o primeiro registro do direito real de laje no âmbito da Reurb-S; e
VIII - o fornecimento de certidões de registro para os atos previstos neste artigo.
Penalidade
Art. 13, § 6º Os cartórios que não cumprirem o disposto neste artigo, que retardarem ou não efetuarem o
registro de acordo com as normas previstas nesta Lei, por ato não justificado, ficarão sujeitos às sanções
previstas no art. 44 da Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009, observado o disposto no art. 30, §§ 3º-A e 3º-B, da
Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973.
Reurb-E
• É aplicável a núcleos urbanos informais ocupados por população não qualificada na hipótese de que trata
da Reurb-S.
• Desta forma, a Reurb-E se aplica a população que não se enquadra como “baixa renda”, não percebendo
as isenções de emolumentos e demais benefícios dispostos no PL.
PL 12/2017
PARTICULAR ADQUIRINDO IMÓVEL PÚBLICO:
Art. 16. Na Reurb-E, promovida sobre bem público, havendo solução consensual, a aquisição de direitos reais
pelo particular ficará condicionada ao pagamento do justo valor da unidade imobiliária regularizada, a ser
apurado na forma estabelecida em ato do Poder Executivo titular do domínio, sem considerar o valor das
acessões e benfeitorias do ocupante e a valorização decorrente da implantação dessas acessões e benfeitorias.
Comparação
• A Reurb-S poderá ser utilizada com o fim de regularizar os Conjuntos Habitacionais de Interesse Social
existentes em 23/12/2016, data da publicação do PL, conforme §3º do Art. 13.
Utilização Mista
• Na Reurb, os Municípios e o Distrito Federal poderão admitir o uso misto de atividades como forma de
promover a integração social e a geração de emprego e renda no núcleo urbano informal regularizado (Art.
13, §4º).
• A regularização não está restrita a imóveis para moradia, pois busca o desenvolvimento dos ocupantes
como um todo.
• Por isso, poderão ser regularizados imóveis utilizados para fins sociais (creches, associações, centros
culturais) bem como para fins comerciais (fomentar a geração de emprego).
• Cabe ao Poder Público que emite a Legitimação de Posse reconhecer o interesse social da ocupação (Art.
22, §1, III)
Área de Risco
Art. 39
• Muitos são os Núcleos Urbanos Informais localizados em áreas de riscos geotécnicos, inundações e de
outros riscos especificados em lei (desmoronamento, alagamento, deslizamentos, crateras, aterros, áreas
contaminadas, etc.).
ÁREA CONTAMINADA
• É aquela onde comprovadamente há poluição causada por quaisquer substâncias ou resíduos que nela
tenham sido depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados, e que causa impacto
negativo à saúde humana e ao meio ambiente.
Solução
Art. 39
• Se houver área de risco no Núcleo Informal Urbano, será obrigatória a realização de estudos técnicos para
análise da viabilidade da Reurb e implantação das medidas indicadas para a devida:
– Eliminação;
– Correção; ou
– Administração do risco na parcela por ele afetada.
Impossibilidade
Art. 39
• Caso seja verificado, pelos estudos técnicos, que a área de risco não comporta eliminação, correção ou
administração, não poderá ser procedida a Regularização.
PL 12/2017
Art. 14,
§ 1º Os legitimados poderão promover todos os atos necessários à regularização fundiária, inclusive requerer
os atos de registro.
PL 12/2017
Art. 14,
• Art. 23. A legitimação fundiária constitui forma originária de aquisição do direito real de propriedade,
conferido por ato do Poder Público, exclusivamente no âmbito da Reurb, àquele que detiver área pública
ou possuir área privada, como sua, unidade imobiliária com destinação urbana, integrante de núcleo
urbano informal consolidado existente em 22 de dezembro de 2016.
• Com este instrumento é possível regularizar a maior parte das situações que estão a margem na
ilegalidade.
Legitimação Fundiária
• A legislação deixa subentendido que é possível aplicar a Legitimação Fundiária nas duas modalidades de
REURB, o que não faz sentido pelos objetivos da norma.
• § 1º Por meio da legitimação fundiária, em qualquer das modalidades da Reurb, o ocupante adquire a
unidade imobiliária com destinação urbana livre e desembaraçada de quaisquer ônus, direitos reais,
gravames ou inscrições, eventualmente existentes em sua matrícula de origem, exceto quando esses
disserem respeito ao próprio legitimado.
• Ainda mais, determina requisitos mínimos para o beneficiário da Reurb-S e nada trata sobre a Reurb-E.
Requisitos na Reurb-S:
I - o beneficiário não seja concessionário, foreiro ou proprietário de imóvel urbano ou rural;
II - o beneficiário não tenha sido contemplado com por legitimação de posse ou fundiária de imóvel urbano
com a mesma finalidade, ainda que situado em núcleo urbano distinto; e
III - em caso de imóvel urbano com finalidade não residencial, seja reconhecido, pelo Poder Público, o interesse
público de sua ocupação.
Opinião
• Entendo que a Legitimação Fundiária não se aplica a REURB-E, porque um dos objetivos da norma é atingir
a população de baixa renda que detém imóvel público ou possui imóvel particular em situação consolidada.
• Tanto é que o §1º do Art. 23 expõe de forma expressa estes beneficiários.
• Caso seja o entendimento da aplicação da Legitimação Fundiária a REURB-E, a meu ver, o beneficiário
teria de cumprir os requisitos do Art. 23, §1º, para não ocorrer uma injustiça.
Amazônia Legal
• Todos os instrumentos dispostos no PL 12/2017 são aplicáveis na regularização fundiária das ocupações
incidentes em terras situadas em áreas da União, no âmbito da Amazônia Legal (Lei 11.952/09), incluindo
a Legitimação Fundiária.
Legitimação de Posse
PL nº 12/2017
• Art. 11, VI
Legitimação de Posse: ato do Poder público destinado a conferir título, por meio do qual fica reconhecida a
posse de imóvel objeto da Reurb, conversível em aquisição de direito real de propriedade na forma desta Lei,
com a identificação de seus ocupantes, do tempo da ocupação e da natureza da posse;
13.4 Transmissão
• Apesar de ser um direito concedido “intuitu personae”, é possível a transmissão da legitimação de posse
por ato inter vivos (compra e venda, doação, permuta etc.), desde que o adquirente cumpra as condições
necessárias - Art. 25, §1º. Caso contrário, o Poder Público poderá cancelar o título - Art. 27.
• A MP também autoriza a transmissão causa mortis. Neste caso, como não se trata de ato de liberalidade,
mas sim de fato jurídico stricto sensu (morte), entendo não ser necessário cumprir as condições dispostas
na Lei.
Conversão em Propriedade
• A legitimação de posse poderá ser convertida em propriedade (Art. 25), após decorrido o prazo de 5 anos
de seu registro, a exemplo do que acontecia na Lei n. 11.977/09.
• Porém, foi aumentado o alcance da conversão, não se limitando as condições do art. 183 da Constituição
Federal, podendo ser preenchidos os requisitos para usucapião estabelecidos em lei.
PL 12/2017
• CONVERSÃO AUTOMÁTICA DA PROPRIEDADE, Art. 26
Os beneficiários que atendem os termos e as condições do art. 183 da Constituição, passados 5 anos, terão a
conversão automática da propriedade independentemente de prévia provocação ou prática de ato registral.
Sugestão!
Art. 183 da CF
• Cabe ao Registrador, inserir observação no registro da Legitimação de Posse, informando que em não
havendo alteração, ocorrerá a conversão automática em propriedade no dia XX (data que completar os 5
anos do registro).
Propriedade
• A legitimação de posse, após ser convertida em propriedade, constitui forma originária de aquisição - Art.
23, §2º (PL 12/2017, Art. 26, §2º).
• A unidade imobiliária restará livre e desembaraçada de quaisquer ônus, direitos reais, gravames ou
inscrições, eventualmente existentes em sua matrícula de origem, exceto quando estes disserem respeito
ao próprio beneficiário.
Espécies de Usucapião
PL 12/2017
O Art. 15, II do PL 12/2017 não contemplou:
• Usucapião de Servidões (10 anos, art. 1.379 CC)
• Usucapião Familiar
Porém, o caput do artigo não é taxativo, sendo possível aceitar as hipóteses acima.
Usucapião Extrajudicial
PL 12/2017
• O PL, no art. 7º, trouxe alterações e adequações ao procedimento da usucapião extrajudicial.
• Art. 216-A, § 2º Se a planta não contiver a assinatura de qualquer um dos titulares ... notificado ...
interpretado o seu silêncio como concordância.
• Também foi regulamentado o procedimento, prevendo a publicação de edital e diretrizes quando se tratar
de condomínio edilício (§11ss).
Usucapião Familiar
• Em cumprimento a um dos objetivos da REURB “Art. 10, V - conceder direitos reais, preferencialmente em
nome da mulher”, poderá ocorrer a conversão em propriedade somente em nome de um dos cônjuges
com a denominada usucapião familiar, prevista pelo art. 1.240-A do Código Civil.
Concentração na Matrícula
• Após a legitimação de posse, poderão ocorrer na matrícula imobiliária averbações direcionadas aos
ocupantes, em cumprimento ao Princípio da Concentração.
• Lei nº 13.097/15 – Art. 54, §único: “Não poderão ser opostas situações jurídicas não constantes da
matrícula no Registro de Imóveis...”.
• Art. 1.510-A. O proprietário de uma construção-base poderá ceder a superfície superior ou inferior de sua
construção a fim de que o titular da laje mantenha unidade distinta daquela originalmente construída
sobre o solo.
Origem
• Outros Nomes: Direito de Sobrelevação ou Superfície de 2º Grau*
• A Lei prevê que também se construa no subsolo, a exemplo do Direito de Superfície previsto no Estatuto
da Cidade.
• O Direito real de laje pode ser sobre imóveis públicos ou privados, §2º do Art. 1.510-A do CC.
• Não existia o direito real de laje, pois os direitos reais são taxativos, os que constam na lei.
• A prática surgiu nas favelas onde é comum a alienação a terceiros do direito de construir sobre a sua laje.
Direito de Fruição
x
Direito de Propriedade
O Direito Real de Laje apresenta este binômio, pois de um lado é direito real de fruição sobre coisa
alheia, ou seja, sobre imóvel de outra pessoa.
Por outro lado, é um autêntico direito de propriedade, em razão da construção realizada na Laje.
Requisitos
• Só é possível o Direito de Laje no âmbito da regularização fundiária.
• Sobreposição ou solidariedade de edificações (uma construção sobre a outra).
• A construção primitiva deve estar matriculada (regularidade com Município e Registro de Imóveis).
• Posição vertical das Construções.
• Isolamento funcional entre as duas construções, havendo acesso independente na construção objeto do
direito real de laje.
• É imprescindível a Autorização do Poder Público Municipal
PL 12/2017
LAJES SUCESSIVAS
• Art. 1.510-A, § 6º O titular da laje poderá ceder a superfície de sua construção para a instituição de um
sucessivo direito real de laje, desde que haja autorização expressa dos titulares da construção-base e das
demais lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes.
PL 12/2017
• Art. 1.510-C – O titular do Direito Real de Laje é solidário na conservação das partes da construção-base
comum a todos (alicerces, instalações de água, luz...), nos termos estipulados.
Forma de Constituição
• Art. 108 CC – Escritura Pública para as construções acima de 30 salários mínimos. Pode ser a título oneroso
ou título gratuito.
Condomínio Edilício
x
Direito Real de Laje
• No condomínio edilício há partes de uso comum entre todas as unidades imobiliárias, além de fração de
terreno para cada proprietário de unidade imobiliária.
• Art. 64. Os imóveis urbanos privados abandonados cujos proprietários não possuam a intenção de
conservá-lo em seu patrimônio ficam sujeitos à arrecadação pelo Município ou pelo Distrito Federal na
condição de bem vago.
• Os imóveis arrecadados poderão ser utilizados aos programas habitacionais, prestação de serviços
públicos, fomento da REURB-S, ou ainda concessão do direito real de uso a entidades civis (PL 12/2017,
Art. 65)
DOS PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO E ALIENAÇÃO DE
IMÓVEIS DA UNIÃO
• Os procedimentos da REURB em imóveis da União dependem de regulamentação pela SPU (PL 12/2017,
Art. 83).
• Esta regulamentação tem um prazo de 12 meses da publicação da Lei (PL 12/2017, Art. 84, §6º).
Venda de Imóvel
Imóveis objeto de REURB-E poderão ser vendidos diretamente aos ocupantes, sem exigências da
8.666/93.
Requisitos:
• Imóveis ocupados até 22/12/2016.
• Inscrito e em dia com as obrigações junto a SPU.
• Por beneficiário até 2 imóveis (1 residencial e 1 comercial)
• Venda à vista ou parcelada (Alienação Fiduciária)
REURB-I
A regularização fundiária URBANA inominada
(OU DE ANTIGOS loteamentos)
Características
A regularização fundiária de loteamentos implantados de acordo com a legislação vigente antes do
advento da atual Lei de Loteamentos, também chamada de Lei do Parcelamento do Solo Urbano (Lei n.
6.766/1979), está disciplinada em conformidade com a previsão do artigo 69, parágrafos 1º e 2º da PL
12/2017.
Essa é uma forma de regularização fundiária urbana que pode ser designada como inominada já que na
Lei anterior (n. 11.977/2009) e na atual PL não foi atribuído um nome específico a ela.
Características
Destina-se a promover a regularização de antigos loteamentos instalados antes da vigência da Lei n.
6.766/1979 e que não tenham obtido o respectivo registro de parcelamento perante o Registro Imobiliário.
Antes de 20 de dezembro de 1979, data em que entrou em vigor a Lei n. 6.766/1979, quem pretendesse
vender terrenos urbanos mediante o pagamento do preço a prazo, em prestações ou à vista, deveria, antes
de anunciar a venda, preencher as formalidades constantes do Decreto-Lei n. 58/1937, regulamentado
pelo Decreto n. 3.079/1938, sendo a matéria modificada, posteriormente, pelo Decreto-Lei n. 271/1967.
PL 12/2017
Art. 69. As glebas parceladas para fins urbanos anteriormente a 19 de dezembro de 1979, que não possuírem
registro, poderão ter a sua situação jurídica regularizada mediante o registro do parcelamento, desde que
esteja IMPLANTADO E INTEGRADO À CIDADE, podendo, para tanto, se utilizar dos instrumentos previstos
nesta Lei.
Procedimento
Art. 69. § 1º
DOCUMENTOS:
I - planta da área em regularização assinada pelo interessado
responsável pela regularização e por profissional legalmente habilitado, contendo:
• perímetro da área a ser regularizada, as subdivisões das quadras, lotes e áreas publicas, com as
dimensões e numeração dos lotes, logradouros, espaços livres e outras áreas com destinação específica;
• Acompanhada da (ART/CREA) ou (RRT/CAU). DISPENSADA quando o responsável técnico for servidor ou
empregado público;
II – descrição técnica do perímetro da área a ser regularizada, dos lotes, áreas públicas e outras áreas com
destinação específica, quando for o caso;
III - documento expedido pelo Município, atestando que o parcelamento foi implantado antes de 19 de
dezembro de 1979 e de que está integrado à cidade.
• Atestado, Alvará ou Certidão emitida pelo Órgão Municipal competente.
Benefício
Art. 69, § 2º A apresentação da documentação prevista no § 1º dispensa apresentação do projeto de
regularização fundiária, de estudo técnico ambiental, de CRF ou de quaisquer outras manifestações,
aprovações, licenças ou alvarás emitidos pelos órgãos públicos.
Art. 70. As disposições da Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, não se aplicam à Reurb, exceto quanto ao
disposto nos arts. 37, 38, 39, 40, caput e §§ 1º ao 4º, 41, 42, 44, 47, 48, 49, 50, 51 e 52 da referida Lei.
Do Processo Administrativo
PL 12/2017
• O PL incorporou no texto legal todo o Procedimento Administrativo, bem como os detalhes do Projeto de
Regularização, dispensando ato posterior do Poder Executivo Federal.
PL 12/2017
Art. 28. A Reurb obedecerá às seguintes fases:
I - requerimento dos legitimados;
II - processamento administrativo do requerimento, no qual será conferido prazo para manifestação dos titulares
de direitos reais sobre o imóvel e dos confrontantes;
III - elaboração do projeto de regularização fundiária;
Demarcação Urbanística
• O PL 12/2017 trouxe para a regularização o importante instrumento já aplicado na Lei 11.977/09: a
Demarcação Urbanística, art. 19.
• Foram utilizados artigos da antiga lei, com inserções trazidas pelas emendas propostas a Comissão Mista
do Senado Federal.
PL 12/2017
Art. 19. O poder público poderá utilizar o procedimento de DEMARCAÇÃO URBANÍSTICA, com base no
levantamento da situação da área a ser regularizada e na caracterização do núcleo urbano informal a ser
regularizado.
• Imóveis situados em mais de uma circunscrição: registro nos dois Ofícios e abertura de matrícula no RI
em que está a maior porção da unidade imobiliária regularizada (Art. 43)
Título Hábil
• A Reurb é apresentada no Registro de Imóveis através da CRF – Certidão de Regularização Fundiária,
juntamente com a documentação que a instruí: plantas, memoriais, certidões e etc. (Art. 43)
• VI – a listagem com nomes dos ocupantes que houverem adquirido a respectiva unidade, por título de
legitimação fundiária ou mediante de ato único de registro, bem como:
– o estado civil;
– a profissão;
– o número de inscrição no cadastro das pessoas físicas do Ministério da Fazenda e do registro geral
da cédula de identidade e sua a filiação.
Dispensa de Título Individualizado
• PL 12/2017 (NOVO Art. 221, §3º - LRP) –
“ Fica dispensada a apresentação dos títulos previstos nos incisos do caput quando se tratar de registro do
projeto de regularização fundiária e da constituição de direito real, sendo o ente público promotor da
regularização fundiária urbana responsável pelo fornecimento das informações necessárias ao registro, ficando
dispensada a apresentação de título individualizado, nos termos da legislação específica.”
• O registro da Reurb será requerido diretamente ao oficial do cartório de registro de imóveis da situação do
imóvel e será efetivado independentemente de determinação judicial (Art. 29).
Prenotação e Autuação
• O Registrador protocolará a CRF e lavrará uma autuação, indicando as peças apresentadas, numerando-as
e reunindo tudo em um processo.
• Neste momento é verificada a existência de algum protocolo vigente sobre o imóvel objeto da Reurb.
Qualificação
• O princípio da qualificação, muito invocado pelos juristas espanhóis, consiste no direito-dever que o
Registrador tem de analisar o ato, aderindo ao mesmo, inclusive para efeitos de responsabilidade.
• Infere-se que o Registrador Imobiliário é independente para realizar a qualificação dos documentos a ele
apresentados, a fim de verificar a sua legalidade para o lançamento do título no Fólio Real.
PL 12/2017
• Art. 44 dispõe que o prazo de qualificação é de 15 (quinze) dias para:
– Emitir nota explicativa de Exigências; OU
– Iniciar a prática dos atos registrais.
Retificação da Matrícula
• Antes de praticar o ato de registro da Reurb, será procedida a averbação da área indicada no memorial
descritivo, atualizando o fólio real com os levantamentos realizados pelos profissionais habilitados (Art.
45).
• PL 12/2017, Art. 46: esta averbação independe de provocação, retificação, notificação, unificação ou
apuração de disponibilidade ou remanescente.
Descrição Precária
“Terreno urbano com a área de mais ou menos 320 metros quadrados, situado na rua sem denominação
especial, nesta Capital, com as seguintes confrontações: ao Norte com a rua sem denominação especial; ao Sul,
com quem de direito; ao Leste, com terras de sucessores de Alexandrino; e, ao Oeste, com um riacho.”
• Ocorrendo isto, será aberta uma matrícula com a descrição constante na CRF (Art. 50, II).
Ato Único
• A exemplo da Usucapião Especial Coletiva (Art. 10, §2º da Lei nº 10.257/01), poderá ser constituído o
direito real individualizado a cada ocupante mediante a apresentação do título único da Regularização
Fundiária (Art. 221, §3º da Lei nº 6.015/73).
Estremação
Formas:
• Identificação dos lotes no Projeto da Reurb; ou
• Requerimento de especialização formulado pelo titular da fração ideal, pelos seus legítimos sucessores
ou pelo responsável pela regularização, se a especialização não estiver na CRF.
• CNNR/RS - Art. 526-C – A regularização de parcelas de imóveis urbanos registradas em condomínio, porém
em situação localizada, ou seja, pro diviso, quando não oriunda de loteamento clandestino, poderá valer-
se dos mesmos procedimentos previstos para a localização de parcela do Projeto Gleba Legal.
• CNNR/RS - Art. 530 – A instrumentalização do ato para fins de localização da parcela será feita mediante
escritura pública declaratória.
• CNNR/RS - Art. 532 – A escritura pública declaratória será protocolada no Ofício do Registro Imobiliário da
circunscrição do imóvel, verificando o Oficial de sua regularidade em atenção aos princípios registrais.
Aquisição da Propriedade
• Além da Legitimação Fundiária e da conversão da posse em propriedade, a LP trouxe a novidade de
aquisição da propriedade mediante apresentação do Justo Título pelo ocupante (Art. 52,§único).
• Este é um grande avanço da regularização que está adotando as regras estabelecidas no caso de
desapropriação para fins de loteamento popular (Art. 26, §6º da Lei 6.766/79), desburocratizando o
acesso a propriedade.
Requisitos do ocupante:
• Título hábil (compromissos de compra e venda, cessões e promessas de cessão)
• Prova de quitação das obrigações como adquirente
Os títulos serão registrados nas matrículas das unidades imobiliárias abertas, conferindo a propriedade aos
ocupantes.
Da ordem dos atos de registro
Registro da Reurb
• Após sanadas as situações referentes a matrícula/transcrição de origem e procedida a averbação de
especialização da área objeto da Reurb, é realizado o Registro da Reurb (Art. 51).
• Posteriormente, abre-se uma matrícula para cada uma das unidades imobiliárias.
PL 12/2017
Art. 44, § 1º O registro do projeto Reurb aprovado importa:
I - a abertura de nova matrícula quando for o caso;
II - abertura de matrículas individualizadas para os lotes e áreas públicas resultantes do projeto de regularização
aprovado; e
III - o registro dos direitos reais indicados na CRF junto às matrículas dos respectivos lotes, dispensada a
apresentação de título individualizado.
PL 12/2017
Art. 50. Nas matrículas abertas para cada parcela, deverão constar nos campos referentes ao registro anterior
e ao proprietário:
I - quando for possível a identificação: a matrícula anterior e o nome de seu proprietário;
II - quando não for possível: todas as matrículas anteriores atingidas pela Reurb e a expressão “proprietário não
identificado”.
PL 12/2017
Novos institutos:
- Estremação, Art. 45
- Aquisição pelo Justo Título, Art. 52, §2º
- Direito Real de Laje, Art. 55
- Condomínio de Lotes, Art. 58
- Condomínio Urbano Simples, Art. 61
Matrícula das Unidades
São seis os principais casos de abertura de matrícula para unidade imobiliária que se apresenta na Reurb:
• Legitimação Fundiária
– Abertura de Matrícula em nome do ocupante indicado pelo Poder Público (Art. 23, §4º)
• Legitimação de Posse
– Abertura de Matrícula em nome do proprietário original
– Registro da Legitimação de Posse (Art. 167, I, “41” da Lei nº 6.015/73)
– Registro da conversão da legitimação de posse em propriedade (Art. 167, I, “41” da Lei nº
6.015/73)
Exemplo de estremação
MATRÍCULA (MÃE) Nº 1.987
IMÓVEL - UMA ÁREA DE TERRAS, URBANA, de forma irregular, com a área superficial de vinte e cinco mil metros
quadrados (25.000.00m²), situada na Rua Dos Imigrantes, lado PAR, no Bairro São José, nesta cidade, com as
seguintes confrontações: AO NORTE, com o imóvel de propriedade de Fulano de Tal; AO SUL, com o imóvel de
propriedade do espólio de Sicrano de Tal; AO LESTE, com a Estrada Dos Imigrantes; e AO OESTE, com imóvel de
propriedade de Beltrano de Tal.-
QUARTEIRÃO – É formado pelas ........-
PROPRIETÁRIOS – BELTRANO DE TAL e sua esposa FULANA DE TAL, falecidos, que eram brasileiros, inscritos no
CPF/MF sob os números 001.002.003-04 e 002.003.004-05, casados pelo regime da comunhão "universal" de
bens, anteriormente à vigência da Lei 6.515/77.-
TÍTULO AQUISITIVO - T-3.263, folha 70 do livro 3-I, de 31 de março de 1929 do registro de imóveis de São
Leopoldo - RS, conforme certidão expedida em 30 de dezembro de 1976, arquivada nesta serventia sob o
número 98 - Pasta 4/1977.-
Registrador e/ou substituto: _________________________.-
EMOLUMENTOS –
R-1/1.987 - Em 1º de fevereiro de 1977.-
TÍTULO - Legítimas paterna e materna -
TRANSMITENTES - Os espólios de Beltrano de Tal e de Fulana de Tal.-
ADQUIRENTE - FULANA DE TAL, ........-
FORMA DO TÍTULO - Formal de partilha passado em ... (idem ao anterior) ....-
IMÓVEL - A parte ideal equivalente a 1/10 do imóvel objeto desta matrícula.-
VALOR - No imóvel objeto desta matrícula, avaliado para efeitos fiscais em Cr$350.000,00, o valor de
Cr$35.000,00.-
CONDIÇÕES - Não constam.-
PROTOCOLO - Título apontado sob o número ...., em 01/02/1977.-
Sapucaia do Sul, 4 de fevereiro de 1977.-
Registrador e/ou substituto: __________________________________.-
EMOLUMENTOS -
CONTINUAÇÃO DOS R-2 A R-12/1987
IMÓVEL - TERRENO URBANO constituído do lote número um (1) da quadra número um (1) de uma planta
particular, que no mapeamento geral corresponde ao lote número um (1) da quadra número um (1) do setor
04H08, de forma retangular, com a área superficial de seiscentos metros quadrados (600,00m²), situado na Rua
Dos Imigrantes, nesta cidade, distante a face leste dez metros (10,00m) da esquina formada com a Rua
Marianinha, com as seguintes dimensões e confrontações; AO NORTE, na extensão de dez metros (10,00m),
com o alinhamento da Rua Dos Imigrantes, onde faz frente; AO SUL, na mesma extensão, com parte do lote
número doze (12) de propriedade de Marianinha de Tal; AO LESTE, na extensão de sessenta metros (60,00m),
com o lote número dois (2) de propriedade de Pitangueira de Pomar; e AO OESTE, na mesma extensão, com os
lotes número três (3) de propriedade de Florestino de Acácio, e quatro (4) de propriedade de Bergamota de
Goiabeira.-
QUARTEIRÃO – É formado pelas Ruas Dos Imigrantes, Marianinha, Vinte e Cinco de Outubro e Primeiro de
Março.-
PROPRIETÁRIA - SICRANA DE TAL, ..........-
TÍTULO AQUISITIVO – M-1.987 do livro 2-registro geral, de 1º de fevereiro de 1977, objeto do R-13/20.773, de
3 de dezembro de 1986 e do R-17/1.987, de 28 de julho de 2011 – “Projeto More Legal IV” – desta serventia.-
PROTOCOLO – Título apontado sob o número ....., em 28/07/2011, conforme escritura pública de .....-
Sapucaia do Sul, 29 de julho de 2011.-
Registrador e/ou Substituto: ________________________________.-
EMOLUMENTOS -
• As unidades desocupadas alcançadas pela Reurb terão as suas matrículas abertas em nome do titular
originário do domínio da área (Art. 54).
Matrícula-Mãe: Averbação de Direito Real de Laje
IMÓVEL – UM PRÉDIO DE ALVENARIA, situado na Rua Brasil sob o número duzentos e sessenta (260), com a
área construída de cento e sessenta metros quadrados (160m²) e o respectivo TERRENO URBANO, localizado no
Bairro América, nesta Capital, com a área superficial de cento e oitenta e seis metros e setenta e oito decímetros
quadrados (186,78m²), situado na Rua Brasil, lado PAR, com as seguintes medidas e confrontações: AO NORTE,
na extensão de vinte e oito metros e trinta centímetros (28,30m), com o edifício de dois pavimentos, sob o
número 266 da Rua Brasil (Individualização: M-10.000); AO SUL, na mesma extensão, com o chalé sob o número
276 da Rua Brasil, (M-50.000); AO LESTE, na extensão de seis metros e sessenta centímetros (6,60m), com a casa
sob o número 140 da Rua Argentina (M-80.000); e AO OESTE, na mesma extensão, com o alinhamento da Rua
Brasil, para onde faz frente.-
PROPRIETÁRIO: FULANO DA SILVA, brasileiro, viúvo, comerciante, com RG sob número 00000, expedido pela
SSP/RS e com CPF/MF sob número 00000, residente e domiciliada na rua Brasil, nº 260, nesta Capital.-
QUARTEIRÃO - É formado pelas Ruas Brasil, Chile, Argentina e Paraguai.-
TÍTULO AQUISITIVO – M-50, deste Ofício.-
Porto Alegre, 5 de abril de 2010.-
AV.1/1.000 (hum mil), em 11 de maio de 2017
DIREITO REAL DE LAJE E CONSTRUÇÃO – Nos termos da Escritura Pública de Instituição do Direito Real de Laje,
de 2 de maio de 2017, lavrada no 1º Tabelionato desta cidade, pelo Notário ______, no livro ___, folhas ___, sob
o n.__, fica constando que o proprietário do imóvel objeto desta matrícula CEDEU para CICRANO DA SILVA,
brasileiro, solteiro, maior, motorista, com RG sob nº 0000000 e CPF sob nº 00000000, residente e domiciliado
nesta Capital, o DIREITO REAL DE LAJE da primeira superfície superior a construção-base, contado de baixo para
cima, sob o qual foi construído pelo cessionário, no ano de 2016, a área de cento e quarenta metros quadrados
(140m²), com acesso pela escada localizada a direita de quem da frente olha o prédio, de acordo com a carta de
habite-se nº____, expedida pela Secretaria _____ da Prefeitura Municipal, (CND???.Ver Art. 13, §2º da PL
12/2017), sendo aberta para esta Laje a matrícula nº 10.000, deste Ofício.-
PROTOCOLO – Título apontado sob o n.____, em 8/5/2017
Porto Alegre, 11 de maio de 2017.-
Registrador/Substituto(a)/Escrevente Autorizado(a):_______________________.-
EMOLUMENTOS - R$____. Selo de Fiscalização ________
Condomínios
• O registro da Reurb produzirá efeito de instituição e especificação de condomínio, quando for o caso,
regido pelas disposições legais específicas, hipótese em que fica facultada aos condôminos a aprovação de
convenção condominial. (Art. 47)
• Notificações para cancelamento de registros no CAR (Cadastro Ambiental Rural ) e demais cadastros: Incra,
o Ministério do Meio Ambiente e a Receita Federal do Brasil serão notificadas pelo Registrador, após o
registro da REURB (Art. 33, §4º)
Matrícula Eletrônica
Art. 101
Art. 6.015/73, Art. 235-A. Fica instituído o Código Nacional de Matrícula (CNM) que corresponderá à
numeração única de matrículas imobiliárias em âmbito nacional.
§ 1º O CNM referente a matrícula encerrada ou cancelada não poderá ser reutilizado.
§ 2º Ato da Corregedoria Nacional de Justiça do Conselho Nacional de Justiça regulamentará as características
e forma de implementação do CNM.
Conclusão
A cooperação entre todos os agentes envolvidos (Poder Público Executivo, Ministério Público, Defensoria
Pública, Notários, Operadores do Direito...) é fundamental para a regularização fundiária, o que exige do
Registrador Imobiliário postura pró-ativa, apontando caminhos e colocando-se à disposição da Comunidade
para a resolução dos seus conflitos.
Muito Obrigado!
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