Miolo Digital - IX Relatorio Supremo em Numeros
Miolo Digital - IX Relatorio Supremo em Numeros
Miolo Digital - IX Relatorio Supremo em Numeros
SUPREMO em NÚMEROS
A justificação
de decisões
no Supremo
extensão das
decisões e aplicação
de precedentes
volume
IX a
A justificação
de decisões
no Supremo
1
Edição produzida pela FGV Direito Rio
• Guilherme Almeida
SUPREMO em NÚMEROS
A justificação
de decisões
no Supremo
extensão das
decisões e aplicação
de precedentes
volume
IX
EDIÇÃO FGV Direito Rio
Obra Licenciada em Creative Commons
Atribuição — Uso Não Comercial — Não a Obras Derivadas
Leal, Fernando
IX Relatório Supremo em Números : a justificação de decisões no Supremo
/ Fernando Leal, Ana Paula de Barcellos, Guilherme Almeida. - Rio de Janeiro:
FGV Direito Rio, 2020.
304 p. : il.
Inclui bibliografi a.
ISBN: 978-65-86060-12-6
CDD – 341.419
Apresentação 7
1. Sumário executivo 11
Agradecimentos 21
2. Introdução 25
2.1 A extensão das decisões 27
2.2 Precedentes 32
2.3 Estrutura 43
3. Metodologia 47
3.1 Identificação de arquivos de decisão 47
3.2 As categorias de jurisdição do STF 52
3.3 Por que não usar a palavra “precedente”? 53
3.4 Principais alterações organizacionais do STF de 1998 a 2018 54
RESULTADOS
7
Noutra perspectiva, o estudo sobre a extensão das decisões põe em xeque
uma dificuldade que, certamente, aflige a todo magistrado — o contraponto
entre, de um lado, 1) a tecnicidade e a precisão terminológica necessárias para
construir um argumento jurídico com pretensão de correção; e, de outro, 2) a
compreensão dessas decisões pelos jurisdicionados. Nesse particular, coloca-
-se a missão do Tribunal de se tornar mais acessível, sem abrir mão da qua-
lidade de seus pronunciamentos — em constante busca pela concisão, desde
que acompanhada da clareza.
Há motivos para celebrar: a Suprema Corte vem mostrando coerência com
seus julgados, ao mesmo tempo em que se mantém aberta à construção de teses
por cada um de seus Ministros. Assim é como o Supremo consolida um espaço
de construção do Direito, a fim de conciliar a continuidade de expectativas e o
acúmulo de conhecimento, corporificados no valor do precedente, com a evolu-
ção das normas jurídicas e a sua necessária interação com fenômenos sociais.
Trabalhos empíricos na seara constitucional ainda são escassos no Bra-
sil, circunstância que potencializa o mérito da série Supremo em Números,
pelo primoroso acompanhamento da jurisdição constitucional brasileira.
Celebro o sucesso dessa empreitada na figura dos organizadores: Ana
Paula de Barcellos, que tão brilhantemente ocupa a cátedra de Direito Cons-
titucional da UERJ; Fernando Leal, expoente de abordagens empíricas no
Brasil; e Guilherme Almeida, que desponta e renova essa agenda de pesqui-
sa. Tenho muita honra em constatar o polo de excelência que se formou pela
integração dentre as escolas jurídicas do Rio de Janeiro.
Desejo a todos e a todas uma proveitosa leitura!
11
I. Tamanho das decisões
Sumário e xecutivo 13
mo parece acontecer em cada uma das duas turmas. Em compara-
ção, as decisões monocráticas se comportam de maneira bastante
diferente. Nelas, ocorre uma variação muito maior, com uma queda
brusca na proporção de decisões citantes entre 2007 e 2011, seguida
por um crescimento que se observa a partir de 2012;
• a referência a manifestações passadas da Corte em julgados que
citam pelo menos um suposto precedente cresceu entre o perío-
do de 1998 e 2018. Isso revela que os ministros procuraram, no
tempo, citar um número cada vez maior de decisões nas ocasiões
em que acharam importante dialogar com o passado do processo
decisório do tribunal.
• as duas turmas do Supremo apresentam um alto índice de decisões
que citam decisões anteriores, ficando o percentual de decisões ci-
tantes quase sempre acima dos 40%;
• o número médio de decisões citadas por decisões que cita pelo menos
uma outra decisão anterior aumentou significativamente entre 2016
e 2018 nas duas turmas; essa tendência é especialmente dramática
na Segunda Turma;
• de um modo geral, as decisões em controle concentrado parecem ci-
tar decisões prévias com menos frequência do que as outras classes
analisadas (habeas corpus, mandados de segurança, recursos e ou-
tros), em especial a partir de 2011;
• uma métrica capaz de revelar a importância relativa dos diferentes
tipos de processo para os próprios ministros é a quantidade total
de referências que cada tipo de processo recebeu. Usando essa cha-
ve de análise, podemos notar que as decisões tomadas em sede de
controle concentrado são, de longe, as mais frequentemente citadas
em decisões posteriores;
• outro aspecto importante envolve a quantidade de citações feitas
por processos de cada tipo de classe. Presumivelmente, classes
que decidem questões de forma inédita devem receber um número
Sumário e xecutivo 15
• com exceção do período 2014-2015 para as súmulas não vinculantes,
constata-se o crescimento do número de citações a enunciados su-
mulares de todas as espécies a partir de 2012;
• o número de citações a súmulas vinculantes é bem menor do que a
quantidade de menções às súmulas não vinculantes;
• no ano de 2018, a maior concentração de decisões com citações a
súmulas do Supremo se encontra na classe dos mandados de segu-
rança, o que destoa do padrão nos demais anos, quando a categoria
“recursal” possui as maiores proporções de citações a súmulas. Em
contraste, as súmulas foram citadas em quantidade muito menor
nos processos do controle concentrado;
• é possível perceber uma forte tendência de crescimento na pro-
porção de habeas corpus e processos classificados como recursais
que citam súmulas, ainda que, em um quadro mais geral, seja per-
ceptível que o percentual de referência a enunciados de súmulas
no processo decisório da Corte venha em ritmo crescente, a partir
de 2010, para todas as classes analisadas, ressalvado o controle
concentrado, que se mantém praticamente estável desde então.
Também é possível observar uma tendência de crescimento — exa-
cerbada em 2018 — da proporção de mandados de segurança que
citam súmulas;
• há crescente proporção de decisões que citam súmulas vinculantes
nas decisões de Reclamações, com um crescimento permanente des-
de a regulamentação desse instrumento pela Lei nº 11.417/06. Nos
anos de 2017 e 2018, pouco mais de 40% das decisões em Reclama-
ções citavam alguma súmula vinculante;
• das dez manifestações da Corte mais citadas entre 2014 e 2018, sete
eram súmulas, sendo a Súmula 279 a mais citada. Excluindo as sú-
mulas, o Agravo de Instrumento 760.358 é a decisão mais citada no
STF, ficando na quinta posição das decisões mais mencionadas no
universo de julgados da Corte;
Sumário e xecutivo 17
ministra Cármen Lúcia. O ministro Celso de Mello, que ocupava
a terceira posição na metodologia anterior, passa a ser o décimo
quinto mais influente segundo esse novo critério. Isso indica que
pelo menos parte do motivo para o alto número de heterocitações
recebidas pelo ministro é fruto de sua alta capacidade de produzir
decisões. O fato de os ministros Ricardo Lewandowski, Cármen
Lúcia e Luiz Fux permanecerem entre os mais influentes serve
para atestar a utilidade das métricas para reforçar a influência
deles nos votos dos seus colegas de tribunal;
• quando redes entre ministros são buscadas, nota-se que alguns mi-
nistros recebem mais citações de seus pares do que outros. É o caso,
por exemplo, da ministra Cármen Lúcia e dos ministros Sepúlveda
Pertence e Ricardo Lewandowski;
• as relações de citação são mais fortes entre ministros que ingressa-
ram no tribunal na mesma época. Assim, por exemplo, o ministro
Celso de Mello recebeu relativamente mais citações dos ministros
Ayres Britto, Cezar Peluso e Ellen Gracie do que de ministros indica-
dos mais recentemente para o STF. O mesmo se observa com relação
a indicações mais recentes, como Luiz Fux e Dias Toffoli;
• olhando apenas para a composição atual da Corte (incluindo o minis-
tro Celso de Mello), nota-se como alguns ministros (Celso de Mello
e Marco Aurélio) são muito mais adeptos da prática de autocitação
do que outros (Luiz Fux e Roberto Barroso, por exemplo). Da mesma
forma, é possível destacar o quanto a ministra Cármen Lúcia, seguida
pelos ministros Ricardo Lewandowski e Luiz Fux, atrai mais citações
do que seus colegas;
• em relação ao número de citações em decisões monocráticas dos
ministros do Supremo, é possível observar o mesmo padrão apre-
sentado na análise das decisões colegiadas, ou seja, existe uma forte
influência dos atuais ministros da Corte, com destaque para a mi-
nistra Cármen Lúcia;
Sumário e xecutivo 19
Agradecimentos
21
Versões anteriores, em diferentes estágios de desenvolvimento, foram
apresentadas no II Workshop “Mare Incognitum: desafios da pesquisa em-
pírica sobre o Supremo Tribunal Federal”, realizado na FGV Direito Rio,
nos dias 13 e 14 de setembro de 2018, e nos “Seminários de Pesquisadores”
da FGV Direito Rio, no dia 7 de novembro de 2018. A todos os participantes,
cujos comentários, sugestões e críticas contribuíram relevantemente para
o aprimoramento das análises e para o teste de novas hipóteses, também
agradecemos. E o fazemos nas pessoas dos organizadores dos dois eventos:
os professores Rogério Arantes (USP-FFLCH), Diego Werneck Arguelhes
(Insper) e Thomaz Pereira (FGV Direito Rio). Agradecemos, ainda, ao pro-
fessor Fábio Leite, da PUC-Rio, pela leitura atenta e pelos comentários à
versão apresentada nos seminários de pesquisadores da FGV Direito Rio.
25
sobre como as decisões deveriam ser justificadas, priorizando, quando
análises afirmadamente empíricas são feitas, análises qualitativas. O tipo
de conteúdo que esta investigação pretende transmitir se sustenta sobre
descrições compreensivas da prática decisória do tribunal baseadas em
uma perspectiva mais ampla sobre a realidade do Supremo. Não se parte de
nenhuma concepção específica sobre o exercício da jurisdição constitucio-
nal, seus dilemas na democracia ou visões sobre como a fundamentação de
decisões deve se desenvolver. Opta-se, inclusive, pelo emprego cuidadoso
da palavra “precedente”, cercada de problemas, para categorizar as deci-
sões analisadas e o seu uso pela Corte para a justificação de suas decisões.
Tampouco pretende-se comentar decisões isoladas, ainda que elas repre-
sentem instanciações claras das descrições gerais apresentadas. O traba-
lho com grandes dados, como dito, levanta a pretensão de apresentar um
quadro geral empiricamente informado sobre a realidade da instituição.
O diagnóstico é o ponto de chegada, ainda que possa ser usado tanto para
a construção de propostas normativas, preocupadas com a superação de
problemas efetivamente vivenciados pela Corte, quanto para a crítica de
modelos normativos repletos de idealizações e, assim, descolados da rea-
lidade. Isso não quer dizer que hipóteses não tenham sido levantadas e
testadas, mas um estudo como este também se abre a explorações movidas
apenas pela curiosidade dos pesquisadores.
Ao contrário das demais publicações do projeto Supremo em Números,
este estudo se ocupa menos com (i) a compreensão das diferentes facetas que
moldam a realidade da instituição, (ii) as dinâmicas institucionais na Corte
ou entre ela e outros atores relevantes e (iii) o tratamento de temas específi-
cos pelo tribunal. O estudo que se segue almeja jogar luzes sobre a construção
das decisões do STF. As dimensões selecionadas nesta pesquisa dialogam com
esse objetivo ao enfocarem fonte tradicional de sustentação de argumentos
jurídicos (o recurso a manifestações anteriores do tribunal, comumente as-
sociado às palavras “jurisprudência” e “precedentes”) e um dos produtos do
que é feito no processo de articulação de fontes de decisão com o raciocínio
Introdução 27
de decisões do Supremo quando se assume que pode existir alguma cor-
relação entre o tamanho da decisão e a qualidade da argumentação. Esse
é especialmente o caso quando teorias normativas investem na saturação
das cadeias de argumentação como condição necessária para a adequação
de uma justificação. Nessa linha, maior qualidade na fundamentação es-
taria associada a mais páginas escritas.
Fornecer razões diferentes para a sustentação de uma posição pode ser
justificável. Reforçar a fundamentação, oferecer alternativas para facilitar a
adesão dos destinatários da decisão ou adicionar contra-argumentos a pos-
síveis críticas à posição que se sustenta são objetivos que podem conduzir
o decisor a justificações mais elaboradas e, assim, longas.1 Cohen, com foco
específico no Judiciário, elenca benefícios associados a três importantes
valores que podem ser promovidos quando juízes apresentam razões para a
justificação das suas decisões: participação, accountability e acurácia.2 Por
meio da qualidade da fundamentação, pode-se assegurar o envolvimento
dos participantes no processo de tomada de decisão, tornar as manifesta-
ções judiciais passíveis de controle crítico e assegurar decisões mais pre-
cisas. 3 No plano específico da jurisdição constitucional, fornecer razões é,
para diversas teorias de matriz liberal-democrática, também condição de
legitimidade de decisões de juízes e Cortes constitucionais.4 Todos esses são
argumentos para se motivar bem. Mas há também sugestões para se justi-
ficar bem e mais. Entre propostas normativas de argumentação jurídica, o
código de racionalidade apresentado por Robert Alexy inclui, por exemplo,
1. BLAIR, J. Anthony. A theory of normative reasoning schemes. In: BLAIR, J. Anthony. Groun-
dwork in the Theory of Argumentation. Dordrecht: Springer Science+Business Media B. V.,
2012. p. 151.
2. COHEN, Mathilde. When judges have reasons not to give reasons: a comparative law approach.
Washington& Lee Law Review, [s. l.], v. 72, n. 2, p. 483-571, 2015. p. 504-513.
3. Id.
4. ALEXY, Robert. Balancing, constitutional review, and representation. International Journal
of Constitutional Law, [s. l.], v. 3, n. 4, p. 572-581, 2005. p. 231-240; BARROSO, Luís Roberto. A
razão sem voto: a função representativa e majoritária das cortes constitucionais. Revista Estu-
dos Institucionais, [s. l.], v. 2, n. 2, p. 517-546, 2016.
5. ALEXY, Robert. Theorie der juristischen Argumentation. Frankfurt a.M: Suhrkamp, 1978. p.
280 e 302.
6. PECZENIK, Aleksander. On law and reason. Dordrecht: Springer Science+Business Media B.
V., 2008. p. 132.
7. LEAL, Fernando A. R. “Less is More”: Against Argumentative Saturation in Legal Decision-
-Making. In: BRITO, Miguel Nogueira de; HERDY, Rachel; DAMELE, Giovanni; LOPES, Pedro
Moniz; SAMPAIO, Jorge Silva. (Org.). The role of legal argumentation and human dignity in
constitutional courts: proceedings of the special workshops held at the 28th World Congress
of the International Association for Philosophy of Law and Social Philosophy in Lisbon, 2017.
Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 2019. p. 47-56. v. 1. p. 49.
8. LIPTAK, Adam. Justices Are Long on Words but Short on Guidance. The New York Times,
Washington, 17 nov. 2010. Disponível em: https://www.nytimes.com/2010/11/18/us/18rulings.
html. Acesso em: 17 jan. 2020.
Introdução 29
A relação entre extensão das decisões e qualidade da justificação é, po-
rém, suspeita. No caso específico do Supremo Tribunal Federal, a relação
é problemática quando se questiona a possibilidade de os textos das deci-
sões serem construídos a partir de fragmentos de outras decisões. Nessa
linha, trabalho também desenvolvido a partir da base de dados do projeto
Supremo em Números revelou informação curiosa sobre o que se chamou
de “repetitividade das decisões”. Tal rótulo se refere ao uso de pedaços de
decisões anteriores para a justificação de novas decisões como possível
indicativo de que o tribunal acaba se servindo de “modelos” quando é cha-
mado a se manifestar diversas vezes sobre a mesma questão jurídica. Ana-
lisando uma amostra de julgados entre os anos de 2011 e 2013, concluiu-se
que “[a] média de identidade inter-documentos dos Ministros é 33,6%. A
média de identidade intra-documentos é de 18,2%. Ou seja: entre 2011 e
2013, os Ministros usaram trechos de alguma outra decisão em 1 a cada 3
de suas decisões monocráticas. Quando usaram os trechos da decisão ante-
rior, esses representaram cerca de 1/5 da nova decisão”.9 Esse diagnóstico
problematiza a ideia de que a quantidade de palavras de uma decisão está
sempre a serviço de uma fundamentação mais apurada e concentrada no
alcance da melhor resposta para o caso específico que se aprecia.
A relação entre quantidade e qualidade da fundamentação pode ser en-
fraquecida, ainda, quando se considera a necessidade da adequação do dis-
curso à audiência à qual se destina. Se esse é um elemento fundamental para
a construção de uma teoria da argumentação jurídica, a exigência de satura-
ção se torna mais fraca, na medida em que pode ceder quando o que está em
jogo é, por exemplo, a compreensão da justificação por determinado audi-
tório. Se decisões judiciais devem ser compreensíveis para o maior número
possível de destinatários atuais e potenciais do que comunicam, o excesso
9. HARTMANN, Ivar A.; CHADA, Daniel. A razão sem condições de qualidade. In: VIEIRA, Oscar
Vilhena; GLEZER, Rubens. (Org.). A razão e o voto: diálogos constitucionais com Luís Roberto
Barroso. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2017. p. 191.
10. Essa é chamada de “saturação horizontal”, em oposição à “saturação vertical”, que diz respeito
à profundidade das cadeias de justificação desenvolvidas dentro de uma mesma estratégia de
justificação. Sobre a distinção, ver LEAL, Fernando. “Less is More”: Against Argumentative Sa-
turation in Legal Decision-Making. In: BRITO, Miguel Nogueira de; HERDY, Rachel; DAMELE,
Giovanni; LOPES, Pedro Moniz; SAMPAIO, Jorge Silva. (Org.). The role of legal argumentation
and human dignity in constitutional courts: proceedings of the special workshops held at the
28th World Congress of the International Association for Philosophy of Law and Social Philo-
sophy in Lisbon, 2017. Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 2019. p. 47-56. v. 1. p. 52.
11. COHEN, Mathilde. When judges have reasons not to give reasons: a comparative law approach.
Washington& Lee Law Review, [s. l.], v. 72, n. 2, p. 483-571, 2015. p. 522.
Introdução 31
e comprometer a Corte com certas visões que não necessariamente estão
maduras, são desejáveis ou necessárias para a solução do problema especí-
fico sob consideração. Em curtos meios, o impulso por justificar mais e mais
pode inibir posições minimalistas.12
O terceiro risco, por fim, é justificatório. Decisões mais longas orientadas
em saturação podem dificultar a identificação da ratio decidendi do julgado
que, como precedente, pode orientar a solução de casos futuros. Além disso,
elas abrem mais espaço para críticas, em especial pelo mau uso de estraté-
gias de justificação.13
Ainda que esses resultados perversos não sejam necessariamente obtidos
pela busca por ampliar a qualidade da justificação e, com isso, aumentar-se
o número de páginas da decisão, as razões apresentadas revelam por que in-
vestigar o tamanho das decisões é um primeiro passo para se compreender a
realidade do processo decisório de um órgão jurisdicional, como o Supremo
Tribunal Federal. No caso deste trabalho, as análises quantitativas podem
inspirar ou complementar estudos qualitativos eventualmente preocupados
em enfrentar futuramente alguns dos debates apresentados.
2. 2 PRECEDENTES
Para além das discussões sobre a extensão das decisões e a sua possível re-
lação com a qualidade dos julgados, explorar quantitativamente o emprego
de decisões passadas na fundamentação das decisões do Supremo também
12. Ver a respeito SUNSTEIN, Cass. One case at a time: judicial minimalism on the Supreme Court.
Cambridge/London: Harvard University Press, 1999.
13. LEAL, Fernando A. R. “Less is More”: Against Argumentative Saturation in Legal Decision-
-Making. In: BRITO, Miguel Nogueira de; HERDY, Rachel; DAMELE, Giovanni; LOPES, Pedro
Moniz; SAMPAIO, Jorge Silva. (org.). The role of legal argumentation and human dignity in
constitutional courts: proceedings of the special workshops held at the 28th World Congress
of the International Association for Philosophy of Law and Social Philosophy in Lisbon, 2017.
Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 2019. p. 47-56. v. 1. p. 54-55.
Introdução 33
um precedente? Cabe reclamação? E qual a solução processual para impug-
nar decisão que aplica precedente a hipótese que não se subsumiria a ele?14
Ao lado das questões específicas que a interpretação e a aplicação das
opções legislativas suscitam, a compreensão do real papel dos preceden-
tes no Direito brasileiro enseja ainda ao menos quatro outros blocos de
perguntas.15 Em primeiro lugar, o que é um precedente? Qualquer decisão
é um precedente? Só tribunais superiores estabelecem precedentes?16 Pre-
cedentes e súmulas se confundem?
Em segundo lugar, é de se perguntar se os precedentes (deixando em
suspenso a questão referida anteriormente do que são ou do que devem
ser, afinal, precedentes) estão efetivamente sendo utilizados no âmbito
da fundamentação das decisões judiciais. Como se sabe, a Constituição de
1988 atribuiu às decisões proferidas pelo STF em sede de ações em contro-
le concentrado e abstrato de constitucionalidade “eficácia contra todos e
efeitos vinculantes” relativamente aos demais órgãos do Judiciário e, nos
termos da EC 45/04, a administração pública direta e indireta de todos os
níveis federativos.17 A Lei 9.882/98 atribuiu eficácia similar às decisões
14. MELLO, Patrícia Perrone Campos. O Supremo e os precedentes constitucionais: como fica a sua
eficácia após o Novo Código de Processo Civil. Universitas Jus, [s. l.], v. 26, n. 2, p. 41-53, 2015.;
MELLO, Patrícia Perrone Campos; BARROSO, Luís Roberto. Trabalhando com uma nova lógica:
a ascensão dos precedentes no direito brasileiro. Revista da AGU, Brasília-DF, v. 15, n. 3, p. 9-52,
jul./set. 2016.
15. A necessidade de compreender como os precedentes realmente funcionam nos diferentes sis-
temas jurídicos tem levado ao desenvolvimento de pesquisas específicas, como a que resultou
no livro Interpreting precedents, 1997, organizado por Neil MacCormick e Robert Summers,
no qual autores de vários países tratam do assunto em suas jurisdições. Ver MACCORMICK, D.
Neil; SUMMERS, Robert S. (Org.). Interpreting precedents: a comparative study. Aldershot:
Ashgate/Dartmouth, 1997.
16. MITIDIERO, Daniel Francisco. Precedentes: da persuasão à vinculação. 3. ed. São Paulo: Thom-
son Reuters/Revista dos Tribunais, 2018. p. 91.
17. Art. 102, “§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal,
nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade
produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
(Redação dada pela Emenda Constitucional 45, de 2004)” (BRASIL. Constituição da República
Introdução 35
dência e mantê-la estável, íntegra e coerente.” (art. 926).21 E cabe às decisões
judiciais que aplicam precedentes identificar seus fundamentos determi-
nantes e demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta a eles; no caso de
uma decisão que decide não aplicar precedente invocado pela parte, caberá
a ela demonstrar a distinção no caso em julgamento ou a eventual superação
do entendimento firmado no precedente indicado (art. 489, § 1o, V e VI).22
Nada obstante esse conjunto de previsões constitucionais e legisla-
tivas, pode existir uma enorme distância entre o que eles dispõem e a
realidade. Será que as previsões legislativas criando os deveres referi-
dos anteriormente e atribuindo vinculatividade a determinadas decisões
tornaram mais frequente o uso de manifestações anteriores da Corte,
como possíveis precedentes, na argumentação dos magistrados? Isso é
perceptível no Supremo?
Uma terceira pergunta pode ser enunciada nos seguintes termos: tendo
em conta as decisões que efetivamente mencionam precedentes, como eles
estão sendo utilizados pelos julgadores? A doutrina tem proposto alguns
modelos básicos de como as decisões judiciais deveriam utilizar preceden-
computadores” (BRASIL. Lei 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Bra-
sília, DF: Presidência da República, 16 mar. 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 30 mar. 2020).
21. “Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coe-
rente. § 1º Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os
tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante. §
2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas dos
precedentes que motivaram sua criação.” (BRASIL. Lei 13.105, de 16 de março de 2015. Código
de Processo Civil. Brasília, DF: Presidência da República, 16 mar. 2015. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 30 mar. 2020).
22. “Art. 489. […] § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocu-
tória, sentença ou acórdão, que: […] V — se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula,
sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se
ajusta àqueles fundamentos; VI — deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou pre-
cedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento
ou a superação do entendimento” (BRASIL. Lei 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Pro-
cesso Civil. Brasília, DF: Presidência da República, 16 mar. 2015. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 30 mar. 2020).
Introdução 37
A lógica subjacente a essa concepção envolve uma comparação entre os
custos e os riscos de dois tipos de erros distintos com os quais o sistema ju-
rídico precisa lidar: de um lado, os possíveis erros resultantes da aplicação
dos precedentes a hipóteses que não se adéquam a suas justificativas; e, de
outro, os custos e os riscos dos possíveis erros dos vários agentes encarre-
gados de travar um diálogo com as justificativas e as circunstâncias fáticas
do precedente para avaliar se ele deve ou não ser aplicado. Para essa concep-
ção, os custos e os riscos envolvidos no erro dos agentes são potencialmente
maiores, de modo que, como regra geral, a aplicação do precedente deve ser
prestigiada no modelo de uma regra.
A partir das concepções de R. Dworkin, por seu turno, os precedentes
seriam compreendidos como princípios no contexto de uma comunidade
que compartilha determinados elementos básicos comuns relacionados à
integridade e às obrigações associativas que deles decorrem, ainda que as
pessoas discordem de princípios substantivos de moralidade política. A for-
ma como os precedentes seriam aplicados nesse ambiente de construção e
de manutenção de integridade é ilustrada por Dworkin na famosa imagem
de um romance em cadeia, no qual cada novo escritor escreve um novo ca-
pítulo, mas tem o dever de manter a unidade com os capítulos anteriores.26
Do ponto de vista dos precedentes, isso significa que o julgador do futuro
não estará propriamente vinculado ao que foi decidido anteriormente. Seu
dever é o de manter a integridade relativamente aos princípios subjacentes
às decisões do passado, princípios esses que lhe cabe desenvolver à luz da
nova realidade a ser decidida. Isso poderá significar aplicar o precedente ou
não, dependendo dos princípios em atuação em cada caso e da compreensão
que o intérprete tenha deles.27
26. DWORKIN, Ronald. Law’s empire. Cambridge/London: Harvard University Press, 1996. p. 225 ss.
27. VOJVODIC, Adriana; MACHADO, Ana Mara França; CARDOSO, Evorah Lusci Costa. Escrevendo
um romance, primeiro capítulo: precedentes e processo decisório no STF. Revista Direito GV,
São Paulo, v. 5, n. 1, p. 21-44, jan./jun. 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rdgv/v5n1/
a02v5n1. Acesso em: 30 mar. 2020.
2 8. SUNSTEIN, Cass R. Legal reasoning and political conflict. New York: Oxford University Press,
1996. p. 72.
29. MAUÉS, Antonio Moreira. Jogando com os precedentes: regras, analogias, princípios. Revista
Direito GV, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 587-623, jul. 2012.
30. Segundo a autora reporta, foram examinadas 265 decisões (fls. 127).
Introdução 39
precedentes sobretudo como regras, de acordo com a categoria positivista
referida anteriormente. 31
Para além desses dilemas estruturais, especificamente sobre como o
Supremo lida com o seu estoque de decisões para fundamentar decisões
atuais, é de se questionar, ainda, o que costuma ser anunciado como pre-
cedente da Corte. Ementas? Passagens gerais da ratio decidendi desvincu-
ladas do problema enfrentado ou do caso decidido? 32 Obiter dicta? E, do
ponto de vista institucional, como se dão as interações entre o plenário, as
turmas e as manifestações dos ministros em decisões monocráticas? Deci-
sões monocráticas e de turmas são usadas como “decisões do Supremo”?33
Esses são problemas de pesquisa relevantes para uma compreensão ampla
do manejo de supostos precedentes pelo tribunal. 34
Por fim, a quarta questão relevante sobre os precedentes envolve saber
que função eles desempenham na fundamentação das decisões ou que fim
ou fins eles promovem. Aqui, também, há diferentes modelos sugeridos pela
doutrina, valendo referir alguns deles. Algumas dessas funções têm nature-
za mais descritiva, ao passo que outras apresentam pretensões claramente
normativas e outras ainda são uma mescla dessas duas perspectivas. Nada
impede que diferentes funções sejam desempenhadas simultaneamente.
35. MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes obrigatórios. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters/
Revista dos Tribunais, 2011.; MARINONI, Luiz Guilherme. Os precedentes na dimensão da se-
gurança jurídica. In: MARINONI, Luiz Guilherme. (Org.). A força dos precedentes: estudos dos
cursos de mestrado e doutorado em direito processual civil da UFPR. 2. ed. rev. ampl. e atual.
Salvador: Juspodivm, 2012. p. 559-575.; SERRA JÚNIOR, Marcus Vinícius Barreto. A vincula-
ção do precedente judicial e a segurança jurídica. Revista de Informação Legislativa, Brasília,
v. 54, n. 214, p. 131-152, abr./jun. 2017.
36. SOUZA JÚNIOR, Fredie Didier. Sistema brasileiro de precedentes judiciais obrigatórios e os
deveres institucionais dos tribunais: uniformidade, estabilidade, integridade e coerência da ju-
risprudência. Revista da Faculdade Mineira de Direito — PUC Minas, Belo Horizonte, v. 18, n.
36, 2015.; NUNES, Dierle; HORTA, André Frederico. Aplicação de precedentes e distinguishing
no CPC/2015: uma breve introdução. In: DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da;
MACÊDO, Lucas Buril de; ATAIDE JR., Jaldemiro R. de. Coleção Grandes Temas do Novo CPC:
Precedentes. Salvador: Jus Podivm, 2015. v. 3. p. 301-334.; CUNHA, Leonardo Carneiro da; MA-
CÊDO, Lucas Buril de; ATAIDE JR., Jaldemiro R. de. (Org.). Coleção Grandes Temas do Novo
CPC: Precedentes. Salvador: Jus Podivm, 2015, p. 301-334. v. 3.
Introdução 41
tribunais, de modo a tornar mais célere a prestação jurisdicional e o encer-
ramento do litígio. Por fim, ainda uma quinta função seria o uso estratégico
dos precedentes por parte de magistrados no âmbito de colegiados. Os re-
latores, em particular, selecionariam precedentes dos demais integrantes
do colegiado, ou mesmo de outros magistrados, com o objetivo de angariar
apoio para o fim de formar maiorias. 37
É fácil perceber que existem conexões possíveis entre como os prece-
dentes são aplicados e a função que eles eventualmente desempenham na
fundamentação das decisões que os empregam. Na função de bloqueio, por
exemplo, o precedente, provavelmente, será utilizado como uma regra.
Para o desempenho das funções relacionadas à coerência e à proteção dos
direitos, é mais provável que os precedentes sejam encarados de forma ar-
gumentativa, como analogias ou mesmo princípios. A forma de aplicação
do precedente poderá facilmente variar na função estratégica, dependendo
dos precedentes disponíveis.
A construção de respostas para as quatro perguntas centrais dos blo-
cos apresentados — O que é ou deve ser um precedente? Precedentes estão
efetivamente sendo utilizados na fundamentação de decisões judiciais?
Como os precedentes são utilizados pelos julgadores? Que funções os
precedentes desempenham na fundamentação de decisões judiciais? — e,
portanto, a compreensão de como, afinal, os alegados precedentes estão
sendo aplicados no Brasil parte, necessariamente, em primeiro lugar, do
levantamento e da compreensão dos dados acerca das decisões e dos su-
postos precedentes por elas mencionados. A presente investigação visa
exatamente a contribuir para a realização desse objetivo, iniciando pela
jurisprudência do STF e enfrentando, sempre que possível, a maior parte
2. 3 ESTRUTUR A
Introdução 43
o universo de decisões do STF; por classe processual entre todas as decisões
do STF; por ramo do Direito no universo total de decisões da Corte; por clas-
se processual dentro do universo da mesma classe; e por ramo do Direito,
segundo a classificação do próprio tribunal, no universo do mesmo ramo.
A terceira parte, por fim, debruça-se sobre o comportamento individual
e as interações entre os ministros relativamente às referências a decisões
uns dos outros nos processos de fundamentação dos seus votos. Nessa par-
te, serão exploradas as menções às próprias manifestações anteriores dos
ministros (as autocitações) e as referências a decisões de outros ministros
(as heterocitações). Análises serão feitas levando-se em consideração tan-
to a composição do Supremo em 2018, último ano abrangido pela base de
dados, quanto a menção a integrantes anteriores. A existência de possíveis
redes, por meio de gráficos de calor, também será investigada. A última se-
ção desse último capítulo, por fim, analisa individualmente as referências
a manifestações anteriores de outros ministros, além dos 11 integrantes
do tribunal naquele momento, mais o ministro Teori Zavascki, em três
dimensões: no total de manifestações proferidas por cada ministro, nas
decisões colegiadas e nas monocráticas.
3 .1 IDENTIFICAÇÃO DE
ARQUIVOS DE DECISÃO
47
Além de uma simples fusão, a atividade de uni-los consistiu em vincular cada
arquivo de decisão ao julgamento que originou a mesma decisão e a sua data
de publicação em meio oficial, e ambos aos andamentos processuais que os
referenciam. Isso significa compor com precisão um conjunto de informa-
ções sobre uma decisão: quando foi julgada, quem julgou, quando foi publi-
cada, qual o arquivo, qual o resultado e qual o conteúdo textual da decisão.
Todo julgamento é informado nos andamentos do processo, bem como
as publicações das decisões. No entanto, nem sempre esses dados são facil-
mente correlacionados. Um exemplo é ilustrado na Figura 1, que apresenta
um trecho da publicação dos andamentos da ADI 5763,1 em que a publicação
da decisão ocorreu apenas dois dias após o andamento que informa o julga-
mento (destaques em azul) e logo após o lançamento de outro julgamento
no dia 20/09/2017 (destaque em amarelo).
1. Para mais informações, acesse: BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconsti-
tucionalidade 5763. Requerente: Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil —
ATRICON. Intimado: Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. Relator: Ministro Marco Auré-
lio, 2017-2019. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5249161.
Acesso em: 31 mar. 2020.
2. O Supremo em Ação apresenta apenas os números relativos ao intervalo entre 2009 e 2016 (CON-
SELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Supremo em Ação. CNJ, [s. d.]. Disponível em: http://www.
cnj.jus.br/pesquisas-judiciarias/supremo-em-acao. Acesso em: 31 mar. 2020).
Metodologia 49
Supremo em Números Supremo em Ação
Ano Total Percentual de Percentual Total Percentual de Percentual
monocráticas de acórdãos monocráticas de acórdãos
4. APACHE LUCENE. Home. The Apache Software Foundation, 2011-2020. Disponível em: https://
lucene.apache.org/. Acesso em: 31 mar. 2020.
Metodologia 51
uma identificação errada e, consequentemente, aumenta a confiança na
qualidade dos dados coletados.
3 . 2 A S CATEGORIAS DE
J URISDIÇÃO DO STF
Metodologia 53
3 .4 PRINCIPAIS ALTER AÇÕES
ORGANIZ ACIONAIS DO
STF DE 199 8 A 2018
Metodologia 55
R E S U LTA D O S
59
Nas seções subsequentes, os dados estarão agrupados de diferentes
maneiras: (i) em função do órgão julgador, ou seja, plenário ou turmas do
Supremo, com um olhar específico sobre: (ii) o processo decisório das tur-
mas; (iii) o tipo de decisão, ou seja, decisões liminares, decisões termina-
tivas (potencialmente de mérito) e decisões de recurso interno proposto
ao longo do processo; (iv) a classe processual da ação, seguindo as classi-
ficações apresentadas na descrição metodológica do presente trabalho.
4. Destaque-se que, em 22 de abril de 2013, foi publicado o acórdão da Ação Penal 470, conhecida
como “caso Mensalão”. A decisão, com as suas 8405 páginas, é a maior da história da Corte. Ver
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AP 470: baixe a íntegra do acórdão. Notícias STF, Brasília,
22 abr. 2013. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteu-
do=236494. Acesso em: 16 dez. 2019. No nosso levantamento, a decisão está quebrada em várias
decisões diferentes, que, ainda assim, figuram entre as decisões mais longas do tribunal.
Controle 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
concentrado
ADC 2 3 1 3 2 1 7 8
ADO 4 3 3 5
ADPF 2 9 2 4 14 12 15 15 35 34
PSV 4 6 19 4 3
5. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Estatísticas do STF: pesquisa por classe. Brasília, DF: Por-
tal de Informações Gerenciais, 31 mar. 2020. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/
verTexto.asp?servico=estatistica&pagina=pesquisaClasse. Acesso em: 17 dez. 2019.
6. A contagem de citações não inclui repetições. Ou seja, se uma decisão cita a decisão A um total
de cinco vezes e o julgado B um total de duas vezes; então, o cômputo é de duas decisões citadas.
Dessa forma, o gráfico conta a distância entre citações a decisões anteriores únicas.
7. “O boxplot é composto por um retângulo com uma barra mais escura na sua parte interior e dois
prolongamentos seguidos ou não de pontos. Trata-se de uma ferramenta muito útil para a visua-
lização de uma distribuição. Os prolongamentos são chamados de ‘cercas’ ou ‘bigodes’ e marcam
o limite superior e o limite inferior, que é como nomeamos um intervalo dentro do qual os valores
do dado são típicos, ao passo que os pontos são usados para marcar os outliers, ou valores atípicos
que se localizam para além desses limites. O retângulo é composto, no canto inferior, pela reta que
marca o valor até o qual se encontram 25% das observações no dado, também chamado de primei-
ro quartil. A barra mais escura é a mediana, o valor que separa igualmente a distribuição no meio.
Embora seja menos usual, podemos chamar de mediana de segundo quartil. Já no canto superior
do retângulo temos a reta que marca o valor até o qual se encontram 75% das observações, ou ter-
ceiro quartil. Portanto, dentro do retângulo, temos 50% das observações, metade de cada lado da
mediana. Esse espaço é chamado de intervalo interquartil e tem o tamanho dado pela diferença
do valor do terceiro quartil e o valor do primeiro quartil. O quarto quartil vai do menor valor até o
último valor, compreendendo 100% das observações” (nota de rodapé 63 do Relatório de Pesquisa
Uma análise quantitativa e qualitativa do impacto das demandas repetitivas na jurisprudên-
cia do TRT — 1ª Região, produzido pela FGV Direito Rio). No caso do gráfico 1.5.1, excluímos da
visualização as decisões que são consideradas outliers do ponto de vista estatístico.
8. http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=236494
1 .6 .1 Plenário
A ação com o maior número de caracteres julgada pelo STF é a Ação Penal 470,
comumente conhecida como o “caso Mensalão”, o que não é surpreendente ten-
do em vista que o julgamento durou quatro meses com 53 sessões de julgamento
e 37 réus.9 De toda forma, é importante observar que a AP 470 apresenta cinco
vezes mais caracteres do que a segunda ação com maior número de caracteres.
A segunda maior ação julgada pelo STF foi a Arguição de Descumprimen-
to de Preceito Fundamental 130, de relatoria do ministro Ayres Britto, que
questionava a compatibilidade da Lei de Imprensa (Lei nº 5.250/67) com a
9. Para uma síntese crítica das principais discussões desenvolvidas na época, cf. FALCÃO, Joaquim.
(Org.). Mensalão: diário de um julgamento. Supremo, Mídia e Opinião Pública. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2013.
10. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Supremo julga Lei de Imprensa incompatível com a Cons-
tituição Federal. Notícias STF, Brasília, 30 abr. 2009. Disponível em: http://www.stf.jus.br/
portal/cms/vernoticiadetalhe.asp?idconteudo=107402. Acesso em: 27 ago. 2020.
11. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF reafirma rito aplicado ao processo de impeachment
de Fernando Collor. Notícias STF, Brasília, 17 dez. 2015. Disponível em: http://www.stf.jus.br/
portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=306614. Acesso em: 27 ago. 2020.
12. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF conclui julgamento e restringe prerrogativa de foro
a parlamentares federais. Notícias STF, Brasília, 3 mai. 2018. Disponível em: http://www.stf.
jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=377332. Acesso em: 27 ago. 2020.
13. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF nega habeas corpus preventivo ao ex-presidente
Lula. Notícias STF, Brasília, 5 abr. 2018. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/ver-
NoticiaDetalhe.asp?idConteudo=374437. Acesso em: 27 ago. 2020.
14. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF nega habeas corpus a editor de livros condenado por
racismo contra judeus. Notícias STF, Brasília, 17 set. 2003. Disponível em: http://www.stf.jus.
br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=61291. Acesso em: 27 ago. 2020.
1 .6 . 2 Turmas
Primeira turma
1 5. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Plenário decide que aposentados que receberam bene-
fício por desaposentação não precisam devolver o valor. Notícias STF, Brasília, 6 fev. 2020.
Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=436392.
Acesso em: 27 ago. 2020.
16. BR ASIL. Supremo Tribunal Federal. STF conclui julgamento sobre limites da atuação do
relator em colaborações premiadas. Notícias STF, Brasília, 29 jun. 2017. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=348254. Acesso em:
27 ago. 2020.
Segunda turma
1 .6 . 3 Monocráticas
17. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Julgamento sobre remuneração de aposentados do Banespa
é suspenso por empate. Notícias STF, Brasília, 8 ago. 2017. Disponível em: http://www.stf.jus.br/
portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=351816. Acesso em: 27 ago. 2020.
18. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. 2ª Turma rejeita denúncia contra deputado federal Ar-
thur Lira e senador Benedito de Lira (PP-AL). Notícias STF, Brasília, 18 dez. 2017. Disponível
em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=365158. Acesso em:
27 ago. 2020.
19. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ministro Fachin declara encerrada fase de apuração de
irregularidades em processo sobre delação da JBS. Notícias STF, Brasília, 28 fev. 2019. Dispo-
nível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=404737. Acesso
em: 27 ago. 2020.
83
interno proposto ao longo do processo; (iii) conforme a classe processual da
ação, seguindo as classificações apresentadas na descrição metodológica da
presente obra. Adicionalmente, os dados sobre as relações entre decisões to-
madas e decisões mencionadas no processo de fundamentação — os alegados
precedentes citados — estarão organizados em oito tópicos: a proporção de
decisões, em um quadro mais geral, que menciona outras decisões; a média
de citações por órgão decisor; a média de citações nas decisões das turmas; a
média de menções a outras decisões por tipo de decisão; a proporção de cita-
ção a decisões por classe processual; as relações entre decisões atuais e supos-
tos precedentes no tempo, em que se busca captar a influência da tradição no
processo decisório do tribunal; a proporção de decisões que citam súmulas; e,
por fim, tabelas com as decisões mais evocadas na Corte em diversos níveis.
Gráfico 2.2.1 De maneira geral, não há uma variação expressiva na proporção de decisões
que citam decisões anteriores do STF, exceto naquelas decididas monocraticamente.
O gráfico 2.2.2 foca nas decisões que citam pelo menos uma decisão an-
terior e propõe uma pergunta ligeiramente diferente a respeito da práti-
ca do tribunal: quantas decisões anteriores são citadas por cada decisão
citante? A figura revela um comportamento diferente entre as turmas ao
longo do tempo, algo também notado na análise do tamanho das decisões
na seção anterior.
No que concerne à curva das decisões monocráticas, percebe-se um au-
mento na média das citações por decisão, desde 2001 até seu pico em 2014.
A partir de 2015, a média de decisões citadas por decisão monocrática co-
meça a diminuir de forma expressiva até 2017.
Já a curva referente às decisões do plenário é instável, apresentando
altos e baixos ao longo dos anos analisados, exceto por um pequeno perío-
1. LEAL, Fernando A. R. Uma jurisprudência que serve para tudo. Jota, 13 mai. 2015. Disponível
em: http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/24340/Uma_jurispruden-
cia_que_serve_para_tudo_-.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 31 mar. 2020. Ver também
os exemplos apresentados em LEAL, Fernando A. R. Força autoritativa, influência persuasiva ou
qualquer coisa: o que é um precedente para o Supremo Tribunal Federal? Revista de Investiga-
ções Constitucionais, Curitiba, v. 7, n. 1, p. 205-236, jan./abr. 2020.
Gráfi co 2.3.1 Nas decisões de mérito, há, ao longo dos anos, uma tendência de
queda no percentual de decisões das turmas que citam decisões anteriores do STF.
2. Destaque-se, nessa linha, que o ministro Luiz Fux foi o presidente da Comissão de Reforma do
Código de Processo Civil do Senado e que o ministro Barroso escreve sobre o assunto. Ver, por
exemplo, MELLO, Patrícia Perrone Campos; BARROSO, Luís Roberto. Trabalhando com uma
nova lógica: a ascensão dos precedentes no direito brasileiro. Revista da AGU, Brasília-DF, v. 15,
n. 3, p. 19, jul./set. 2016.
Gráfi co 2.3.3 Na Segunda Turma do STF, há uma tendência ainda maior de queda
no percentual de decisões de mérito que citam decisões anteriores, a partir de 2010.
Gráfi co 2.3.6 O número médio de decisões anteriores citadas por decisões da Segunda
Turma do STF variou significativamente ao longo de todo o período analisado.
Gráfi co 2.4.1 A oscilação constatada entre os anos de 2005 e 2012 é mais intensa com
as decisões monocráticas liminares do que com as decisões monocráticas de mérito.
Gráfi co 2.6.4 A distribuição das médias de citações por decisão ao longo dos anos
mostra que não há um padrão de crescimento similar em todas as classes processuais.
4. Ver, nesse sentido, o voto do ministro Luís Roberto Barroso, com referência a diversos julgados
do STF na mesma linha, nos Embargos de Declaração na ADI 951/SC, no qual se lê: “o controle
de constitucionalidade exercido em âmbito concentrado tem caráter objetivo e visa a examinar a
compatibilidade da lei em tese com a Constituição, de modo a preservar a higidez da ordem cons-
titucional. Essa modalidade de controle não tem o propósito de resguardar situações subjetivas,
que devem ser objeto de tutela pela via difusa” ( BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário).
Embargos de Declaração na Ação Direta de Inconstitucionalidade 951 Santa Catarina. Con-
trole da Constitucionalidade. Embargos de Declaração. Revogação da Norma Objeto da Ação
Direta. Comunicação Após o Mérito. Desprovimento. Embargante: Assembleia Legislativa do
Estado de Santa Catarina. Embargado: Governador do Estado de Santa Catarina. Relator: Mi-
nistro Roberto Barroso, 27 de outubro de 2016, p. 7. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/pagi-
nadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13065489. Acesso em: 29 mar. 2020).
5. Força autoritativa, influência persuasiva ou qualquer coisa: o que é um precedente para o Supre-
mo Tribunal Federal?
6. Conforme observado no tópico 1.4.
N%c3%bameros%20-%20O%20M%c3%baltiplo%20Supremo.pdf?sequence=5&isAllowed=y>.
Acesso em: 16 jan. 2020. p. 45.
10. FALCÃO, Joaquim; CERDEIRA, Pablo de Camargo; ARGUELHES, Diego Werneck. I Relatório
Supremo em Números: o múltiplo Supremo. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, FGV DI-
REITO RIO — Série Novas Ideias em Direito, abr. 2011. Disponível em: <http://bibliotecadigital.
fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10312/I%20Relat%c3%b3rio%20Supremo%20em%20
N%c3%bameros%20-%20O%20M%c3%baltiplo%20Supremo.pdf?sequence=5&isAllowed=y.
Acesso em: 16 jan. 2020. p. 47.
O gráfico 2.7.1 identifica os anos mais influentes, ou seja, os anos com o maior
número de decisões citadas. Para isso, foi considerada a quantidade de citações
recebida por processos de um ano, sobre a quantidade total de decisões desse
ano. Com especial destaque, está o intervalo entre os anos de 2009 e 2015, em
que o percentual de decisões citado ultrapassa os 8%, maior índice alcançado.
Nesse ponto, é interessante estabelecer um diálogo entre o gráfico 2.7.1
e o gráfico 2.7.2, a seguir, que evidencia o número de decisões tomadas por
ano no STF. Assim, é possível perceber que os anos “mais relevantes”, ou
11. Para sermos específicos, usamos a técnica de normalização chamada “feature scaling”, na qual
cada valor de um vetor é subtraído do valor mínimo do vetor e dividido pela diferença entre o
valor máximo e o valor mínimo.
12. BLACK, Ryan C.; SPRIGGS II, James F. The citation and depreciation of U.S. Supreme Court
precedent. Journal of Empirical Legal Studies, [s. l.], v. 10, n. 2, p. 325-358, jun. 2013.
13. BLACK, Ryan C.; SPRIGGS II, James F. The citation and depreciation of U.S. Supreme Court
precedent. Journal of Empirical Legal Studies, [s. l.], v. 10, n. 2, p. 327, jun. 2013.
2. 8 PROPORÇÃO DE DECISÕES
QUE CITAM SÚMUL AS
15. Para Luiz Guilherme Marinoni, aos enunciados das súmulas editadas pelo STF já deveria ser
reconhecido caráter vinculante, mesmo antes da criação das súmulas vinculantes pela EC 45.
Segundo o autor, “não há como pensar que as súmulas, quando pensadas como enunciados eluci-
dativos dos precedentes que tocam em determinada questão, possam não ter eficácia vinculante.
A verdade é que o ordenamento jurídico não precisa dizer que as súmulas do Supremo Tribunal
Federal têm eficácia vinculante. Elas têm esta eficácia pela simples razão de enunciarem o en-
tendimento derivado de um conjunto de precedentes da Corte cuja missão é dar sentido único ao
direito mediante a afirmação da constituição”. Cf. MARINONI, Luiz Guilherme. Os precedentes
na dimensão da segurança jurídica. In: MARINONI, Luiz Guilherme. (Org.). A força dos prece-
dentes: estudos dos cursos de mestrado e doutorado em direito processual civil da UFPR. 2. ed.
rev. ampl. e atual. Salvador: Juspodivm, 2012. p. 489.
16. V. DIMOULIS, Dimitri; LUNARDI, Soraya. Curso de Processo Constitucional: controle de
constitucionalidade e remédios constitucionais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 323.
17. MACCORMICK, D. Neil; SUMMERS, Robert S. (Org). Interpreting precedents: a comparative
study. Aldershot: Ashgate/Dartmouth, 1997. p. 531 ss. Para uma crítica à possibilidade de sus-
tentação da própria diferenciação, ver PARGENDLER, Mariana. The rise and decline of legal
families. The American Journal of Comparative Law, [s. l.], v. 60, n. 4, p. 1043-1074, out. 2012.
Disponível em: http://www.jstor.org/stable/41721695. Acesso em: 21 nov. 2019.
18. A edição de súmulas vinculantes, por exemplo, exige, conforme arts. 103-A, CF, e 2º da Lei
11.417/06, “reiteradas decisões sobre matéria constitucional”. A relação com “entendimento
consolidado” também está presente nas súmulas de jurisprudência. Ver DIMOULIS, Dimitri;
LUNARDI, Soraya. Curso de Processo Constitucional: controle de constitucionalidade e remé-
dios constitucionais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 323. V. também LEAL, Vitor Nunes. Atuali-
dade do Supremo Tribunal. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 78, p. 458, jun.
1964. ISSN 2238-5177. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/
view/26723. Acesso em: 31 mar. 2020.
Para quem: “[f]oi dessa maneira, colocando-se um pé adiante do outro, que nasceu a Súmula da
Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal Federal. Ela atende, portanto a vários ob-
jetivos: é um sistema oficial de referência dos precedentes judiciais, mediante a simples citação
de um número convencional; distingue a jurisprudência firme da que se acha em vias de fixação;
atribui à jurisprudência firme consequências processuais específicas para abreviar o julgamento
dos Casos que se repetem e exterminar as protelações deliberadas”.
19. Sobre esses critérios e a sua observância nem sempre fiel pelo Supremo, ver COIRO, Adriana
Lacombe. Aos ministros, tudo?: uma análise da aplicação dos requisitos constitucionais na
elaboração de súmulas vinculantes. 2012. 82 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Direito) — Escola de Direito FGV Direito Rio, Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro, 11 jun.
2012. Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10527/
Adriana%20Lacombe.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 31 mar. 2020.
20. Súmula 279: “Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.” Súmula 280: “Por
ofensa a direito local não cabe recurso extraordinário.” Súmula 282: “É inadmissível o recurso
extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada.” Súmula
288: “Nega-se provimento a agravo para subida de recurso extraordinário, quando faltar no tras-
lado o despacho agravado, a decisão recorrida, a petição de recurso extraordinário ou qualquer
peça essencial à compreensão da controvérsia.” Súmula 356: “O ponto omisso da decisão, sobre o
qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário,
por faltar o requisito do prequestionamento.”
21. Ver PEREIRA, Thomaz H. J. A; ARGUELHES, Diego W.; ALMEIDA, Guilherme F. C. F. Quem
decide no Supremo? Tipos de decisão colegiada no Tribunal (1988-2018). VIII Relatório Supre-
mo em Números. Rio de Janeiro: Editora FGV Direito Rio, 2020.
AI 664567 38987
AI 760358 30324
22. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Aplicação das Súmulas no STF: Súmula 279. Disponível
em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=2174>.
Acesso em: 1 abr. 2020.
23. Ver SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Aplicação das Súmulas no STF: Súmula 282. Disponível
em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=2496>.
Acesso em: 1 abr. 2020.
2 4. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Tribunal Pleno). Questão de Ordem em Agravo de Ins-
trumento 664.567-2 Rio Grande do Sul. Questão de ordem. Recurso extraordinário, em maté-
ria criminal e a exigência constitucional da repercussão geral. Agravante: Orlando Duarte Al-
ves. Agravado: Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul. Relator: Ministro Sepúlveda
Pertence, 18 de junho de 2007. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.
jsp?docTP=AC&docID=485554>. Acesso em: 31 mar. 2020.
25. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Tribunal Pleno). Questão de Ordem em Agravo de Ins-
trumento 664.567-2 Rio Grande do Sul. Questão de ordem. Recurso extraordinário, em maté-
ria criminal e a exigência constitucional da repercussão geral. Agravante: Orlando Duarte Al-
ves. Agravado: Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul. Relator: Ministro Sepúlveda
Pertence, 18 de junho de 2007. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.
jsp?docTP=AC&docID=485554>. Acesso em: 31 mar. 2020.
26. V. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Tribunal Pleno). Questão de Ordem em Agravo de Ins-
trumento 760.358 Sergipe. Questão de Ordem. Repercussão Geral. Inadmissibilidade de agravo
de instrumento ou reclamação da decisão que aplica entendimento desta Corte aos processos
múltiplos. Competência do Tribunal de origem. Conversão do agravo de instrumento em agravo
regimental. Agravante: União. Agravada: Jacileide Dantas dos Santos. Relator: Presidente Mi-
nistro Gilmar Mendes, 19 de novembro de 2009. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/pagina-
dorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=608471>. Acesso em: 31 mar. 2020.
27. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Pedido de vista suspende debate sobre aplicação da reper-
cussão geral. Notícias STF, Brasília, 26 ago. 2009. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/
cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=112430&caixaBusca=N>. Acesso em: 31 mar. 2020.
2 8. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Pedido de vista suspende debate sobre aplicação da reper-
cussão geral. Notícias STF, Brasília, 26 ago. 2009. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/
cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=112430&caixaBusca=N>. Acesso em: 31 mar. 2020.
2 9. BR ASIL. Supremo Tribunal Federal (Tribunal Pleno). Questão de Ordem em Agravo de
Instrumento 760.358 Sergipe. Questão de Ordem. Repercussão Geral. Inadmissibilidade
de agravo de instrumento ou reclamação da decisão que aplica entendimento desta Corte
aos processos múltiplos. Competência do Tribunal de origem. Conversão do agravo de ins-
trumento em agravo regimental. Agravante: União. Agravada: Jacileide Dantas dos Santos.
Relator: Presidente Ministro Gilmar Mendes, 19 de novembro de 2009, p. 6-7. Disponível em:
<http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=608471>. Acesso em:
31 mar. 2020.
ADC 16 6736
ADC 1 1364
ADC 43 1218
ADC 44 1133
30. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Ação Direta de Inconstitucionalidade 3395
Distrito Federal. Inconstitucionalidade. Ação direta. Competência. Justiça do Trabalho. In-
competência reconhecida. Causas entre o Poder Público e seus servidores estatutários. Ações
que não se reputam oriundas de relação de trabalho. Conceito estrito desta relação. Feitos da
competência da Justiça Comum. Interpretação ao art. 114, inc. I, da CF, introduzido pela EC
45/2004. Precedentes. Liminar deferida para excluir outra interpretação. O disposto no art.
114, I, da Constituição da República, não abrange as causas instauradas entre o Poder Público e
servidor que lhe seja vinculado por relação jurídico-estatutária. Requerente: AJUFE. Relator:
Ministro Cezar Peluso, 05 de abril de 2006. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginador-
pub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=390700>. Acesso em: 15 fev. 2021.
31. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Ação Declaratória de Constitucionalidade 16
Distrito Federal. Responsabilidade Contratual. Subsidiária. Contrato com a administração
pública. Inadimplência negocial do outro contraente. Transferência consequente e automática
dos seus encargos trabalhistas, fiscais e comerciais, resultantes da execução do contrato, à ad-
ministração. Impossibilidade jurídica. Consequência proibida pelo art. 71, § 1º, da Lei Federal
8.666/93. Constitucionalidade reconhecida dessa norma. Ação direta de constitucionalidade
julgada, nesse sentido, procedente. Voto vencido. É constitucional a norma inscrita no art. 71,
§ 1º, da Lei Federal 8.666, de 26 de junho de 1993, com a redação dada pela Lei 9.032, de 1995.
Requerente: Governador do Distrito Federal. Relator: Ministro Cezar Peluso, 24 de novembro
de 2010. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&do-
cID=627165>. Acesso em: 31 mar. 2020.
HC 118189 3606
HC 116875 2409
HC 109956 2409
HC 117346 2407
HC 117798 2406
HC 85185 2184
HC 121684 2161
HC 122381 2134
32. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. PEC dos Precatórios: relator pede informações a tribunais
e Secretarias de Fazenda para analisar o mérito da ação. Notícias STF, Brasília, 6 jan. 2010. Dis-
ponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=118360&-
caixaBusca=N >. Acesso em: 7 abr. 2020.
33. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. STF julga parcialmente inconstitucional emenda dos
precatórios. Notícias STF, Brasília, 14 mar. 2013. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/
cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=233520&caixaBusca=N>. Acesso em: 7 abr. 2020.
MS 28371 916
MS 28982 876
MS 28279 839
MS 28440 639
MS 28551 627
MS 28273 620
MS 31445 466
MS 32060 456
MS 22604 417
3 4. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (2ª Turma). Habeas Corpus 118.189 Minas Gerais. Habeas
Corpus. Constitucional. Penal. Decisão monocrática que negou seguimento a Recurso Especial.
Supressão de instância. Impetração não conhecida. Paciente: Eliana de Lourdes Pereira. Impe-
trante: Bernardo Diogo de Vasconcelos Murta. Relator: Ministro Ricardo Lewandowski, 19 de
novembro de 2013. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=-
TP&docID=5698164>. Acesso em: 31 mar. 2020.
3 5. BR ASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Agravo Regimental em Mandado de Se-
gurança 28.371 Distrito Federal. Constitucional. Mandado de Segurança. Delegação de
Atividade Notarial ou Cartorária Extrajudicial. Ingresso após a Promulgação da Constitui-
ção de 1988. Necessária Prévia aprovação em Concurso Público. Agravante: Laura Fogliatto
Dors. Agravado: Presidente do Conselho Nacional de Justiça. Agravado: Relator do PCA No
200810000009641 do Conselho Nacional de Justiça. Relator: Ministro Joaquim Barbosa,
RE 415454 10524
RE 540410 10341
RE 416827 10115
37. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Repercussão Geral no Recurso Extraordinário
com Agravo 748.371 Mato Grosso. Alegação de cerceamento do direito de defesa. Tema relativo à
suposta violação aos princípios do contraditório, da ampla defesa, dos limites da coisa julgada e do
devido processo legal. Julgamento da causa dependente de prévia análise da adequada aplicação
das normas infraconstitucionais. Rejeição da repercussão geral. Reclamante: Banco Volkswagen
S/A. Reclamado: Eliane Xavier. Relator: Ministro Gilmar Mendes, 06 de junho de 2013, p. 2. Dis-
ponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=4237636>.
Acesso em: 31 mar. 2020. No caso, o recorrido tornou-se inadimplente em relação a contrato que
houvera celebrado com a recorrente, razão pela qual ajuizou ação de busca e apreensão de bem
dado em garantia. Ocorre que o recorrido postulou a purgação da mora, nos termos do § 2º do
art. 3º da do Decreto-Lei 911/1969, o que foi deferido pelo juízo a quo. Em seguida, os autos fo-
ram encaminhados à Contadoria, para apuração do cálculo referente à purgação da mora, sem
intimação do recorrente para que se manifestasse sobre o pedido formulado.
38. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Repercussão Geral no Recurso Extraordinário
com Agravo 748.371 Mato Grosso. Alegação de cerceamento do direito de defesa. Tema relativo à
suposta violação aos princípios do contraditório, da ampla defesa, dos limites da coisa julgada e do
devido processo legal. Julgamento da causa dependente de prévia análise da adequada aplicação
das normas infraconstitucionais. Rejeição da repercussão geral. Reclamante: Banco Volkswagen
S/A. Reclamado: Eliane Xavier. Relator: Ministro Gilmar Mendes, 06 de junho de 2013, p. 6. Dis-
ponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=4237636>.
Acesso em: 31 mar. 2020. No caso, o recorrido tornou-se inadimplente em relação a contrato que
houvera celebrado com a recorrente, razão pela qual ajuizou ação de busca e apreensão de bem
dado em garantia. Ocorre que o recorrido postulou a purgação da mora, nos termos do § 2º do
art. 3º da do Decreto-Lei 911/1969, o que foi deferido pelo juízo a quo. Em seguida, os autos fo-
ram encaminhados à Contadoria, para apuração do cálculo referente à purgação da mora, sem
intimação do recorrente para que se manifestasse sobre o pedido formulado.
AI 664567 39155
AI 760358 30710
AI 791292 18060
AI 717821 13305
AI 820365 9864
AI 360265 8967
39. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Questão de Ordem em Agravo de Instrumento
664567 Rio Grande do Sul. Ementa omitida. Agravante: Orlando Duarte Alves. Agravado: Mi-
nistério Público do Estado do Rio Grande do Sul. Relator: Ministro Sepúlveda Pertence, 18 de
junho de 2007. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=A-
C&docID=485554>. Acesso em: 15 de fev. 2021.
4 0. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Plenário decide que não cabe recurso ao STF para solu-
cionar equívocos na aplicação da repercussão geral. Notícias STF, Brasília, 23 nov. 2009. Dis-
ponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=116369&-
caixaBusca=N>. Acesso em: 7 abr. 2020.
41. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Repercussão Geral na Questão de Ordem no
Agravo de Instrumento 791.292 Pernambuco. Questão de ordem. Agravo de Instrumento.
Conversão em recurso extraordinário (CPC, art. 544, § §3º e 4º). Alegação de ofensa aos incisos
XXXV e LX do art. 5º e ao inciso IX do art. 93 da Constituição Federal. Inocorrência. O art. 93,
IX, da Constituição Federal exige que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que
sucintamente, sem determinar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações
ou provas, nem que sejam corretos os fundamentos da decisão. Questão de ordem acolhida para
reconhecer a repercussão geral, reafirmar a jurisprudência do Tribunal, negar provimento ao
recurso e autorizar a adoção dos procedimentos relacionados à repercussão geral. Agravante:
HSBC Bank Brasil S/A - Banco Múltiplo. Agravado: Fernando Soares de Lima. Relator: Minis-
tro Gilmar Mendes, 23 de junho de 2010. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/
paginador.jsp?docTP=AC&docID=613496> Acesso em: 7 abr. 2020.
AI 664567 14410
AI 791292 9052
AI 717821 6510
AI 760358 5645
RE 870947 5071
RE 561836 3345
AI 760358 7742
AI 664567 6765
RE 870947 4697
AI 820365 3632
AI 760358 3503
AI 664567 3038
AI 791292 1527
AI 820365 1462
42. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Aplicação das Súmulas no STF: Súmula 691. Diário da Jus-
tiça, 13 out. 2003. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario-
Sumulas.asp?sumula=1480>. Acesso em: 31 mar. 2020.
AI 664567 5239
HC 118189 3582
RE 540410 3962
AI 791292 3533
AI 664567 3380
AI 715423 2358
RE 593068 1955
AI 760358 1951
ADI 2321 97
ADI 2215 93
ADI 2060 85
4 3. Ver BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Tribunal Pleno). Ação Direta de Inconstituciona-
lidade 709-2 Paraná. Ação Direta de Inconstitucionalidade. Objeto da Ação. Revogação Su-
perveniente da Lei Argüida de Inconstitucional. Prejudicialidade da Ação. Controvérsia. Re-
querente: Governador do Estado do Paraná. Requeridos: Governador do Estado do Paraná e
Assembléia Legislativa do Estado do Paraná. Relator: Ministro Paulo Brossard, 07 de outubro
de 1992. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&do-
cID=266503>. Acesso em: 1 abr. 2020.
ADI 2207 84
ADI 563 83
ADI 593 74
ADPF 104 69
ADI 520 66
ADI 3885 66
HC 118189 3601
HC 116875 2409
HC 117346 2407
HC 117798 2406
HC 109956 2239
HC 85185 2170
HC 121684 2161
HC 122381 2134
MS 28371 822
MS 28279 620
MS 28273 539
MS 28440 533
MS 22604 417
MS 25697 364
MS 25525 353
MS 24927 353
MS 30916 345
MS 28953 313
AI 664567 11269
AI 214562 4270
AI 238917 4104
AI 436371 3886
AI 204057 3884
AI 454352 3878
AI 431665 3874
AI 481544 3873
AI 436010 3854
AI 215724 3583
AI 791292 9052
AI 717821 6510
RE 870947 5071
RE 561836 3345
AI 360265 2917
RE 453740 2538
MI 721 2470
Decisões em Direito Civil mais citadas entre as decisões do mesmo ramo no STF
RE 870947 4697
AI 820365 3632
RE 140370 1559
RE 592377 1487
AI 594887 712
AI 622814 690
4 4. BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Segunda Turma). Agravo Regimental no Recurso Ex-
traordinário com Agravo 691.595 São Paulo. Agravo Regimental no Recurso Extraordiná-
rio com Agravo. Ausência de fundamentação da preliminar de Repercussão Geral das questões
constitucionais suscitadas. Agravo improvido. Agravante: M. F. S. A. Representada por Genusia
Maria da Silva. Agravado: Maritima Seguros S/A.. Relator: Ministro Ricardo Lewandowski em
5 de fevereiro de 2013. Disponível em <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?doc-
TP=TP&docID=3433523> Acesso em: 7 abr. 2020.
AI 820365 1462
RE 956302 1330
RE 592377 967
RE 571572 898
RE 567454 698
RE 602136 665
AI 600437 625
AI 553872 534
AI 664567 5234
HC 116875 2399
HC 117346 2397
HC 109956 2261
45. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REs em causas de juizados especiais cíveis são admitidos
apenas em situações excepcionais. Notícias STF, Brasília, 27 mar. 2015. Disponível em: <http://
www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=288307&caixaBusca=N>. Acesso
em: 31 mar. 2020.
HC 121684 2155
HC 122381 2128
HC 122718 2060
HC 126292 1952
AI 715423 2358
RE 593068 1955
RE 565160 1445
ADC 1 1333
RE 611505 1295
RE 357950 1135
RE 377457 1100
RE 256588 978
Uma das linhas interessantes que podemos seguir a partir dos dados coleta-
dos no presente trabalho diz respeito ao comportamento dos ministros na
sua prática justificatória de citar decisões judiciais. Em um tribunal marcado
também pelos excepcionais poderes de agenda, de sinalização e mesmo de de-
cisão formal de que gozam, individualmente, os seus ministros,1 um retrato
abrangente sobre o processo de justificação das decisões no Supremo não po-
deria se limitar a tratar a Corte como um todo. Em uma realidade igualmente
151
marcada pelo que já se chamou de “ministrocracia”,2 observar quem são os
ministros autores das decisões citantes e das decisões citadas se mostra um
caminho útil para identificar influências e redes de relações na Corte.
Isso porque, se, por um lado, o modelo seriatim de construção de decisões e
o diagnóstico de monocratização sugerem baixos níveis de colegialidade entre
os ministros, talvez o quadro se altere quando um grande número de dados
seja analisado. Essa hipótese, na verdade, já foi especificamente testada por
Fabiana Luci de Oliveira, que analisou 1.277 ações diretas de inconstituciona-
lidade (ADINs) julgadas pelo tribunal entre 1999 e 2006, visando a identificar
“coalizões temporárias e grupos exclusivos constantes (“panelinhas”)”. 3 A
principal conclusão da autora é a de que “[m]inistros nomeados por um mes-
mo Presidente da República são mais propensos a votar em conjunto do que
a dividir os seus votos e que a coesão verificada entre os Ministros nomeados
por um mesmo Presidente é maior que a coesão da corte de maneira geral”.4
Diante desse contexto, colocam-se dois problemas iniciais de pesquisa
nesta parte do trabalho: (i) os ministros costumam citar decisões de sua
própria relatoria?; (ii) quais são as relações mais comuns de citações entre
os diferentes ministros? Essa segunda pergunta ainda pode ser desdobrada
em outras duas mais específicas: para cada ministro, quais são os colegas
que ele mais cita e quais são os colegas que mais o citam?
É importante perceber que, conforme apontado por Danilo Almeida e An-
dre Bogossian, a maioria absoluta dos acórdãos, sobretudo após 2005, conta
apenas com o voto do ministro relator, enquanto os demais ministros limitam-
5. ALMEIDA, Danilo dos Santos; BOGOSSIAN, André Martins. Nos termos do voto do relator:
considerações acerca da fundamentação coletiva nos acórdãos do STF. Revista de Estudos Ins-
titucionais, [s. l.], v. 2, n. 1, p. 263-297, jul. 2016.
3 . 2 MÉTODO
3 . 3 AUTOciTAçõES E hETEROciTAçõES
6. Ver SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Teori Zavascki foi ministro do STF por quatro anos.
Notícias STF, Brasília, 20 jan. 2017. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoti-
ciaDetalhe.asp?idConteudo=334228. Acesso em: 29 mar. 2020.
Parte desse resultado pode ser explicado pela quantidade de processos que
cada ministro já relatou dentro do universo de processos do STF. Quanto
mais processos o ministro já relatou, maior o estoque de decisões relatadas
pelo próprio ministro que podem ser citadas. Isso explica porque ministros
em atividade durante um grande período ocupam as primeiras posições da
lista, como Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Mar-
co Aurélio e Celso de Mello. Outra possível explicação para o resultado é a
preferência dos ministros. Aparentemente, alguns preferem a autocitação,
enquanto outros, como o ministro Joaquim Barbosa, não.
No gráfico 3.3.2, investigamos apenas as heterocitações, ou seja, aquelas
citações a manifestações anteriores de ministros diferentes do próprio mi-
nistro citante. Para controlar as diferenças causadas pelo tempo em que cada
ministro participou da composição do tribunal, dividimos o número de hete-
rocitações recebidas pelo ministro pelo total de heterocitações que ele pode-
ria ter recebido. Assim, muito embora nosso recorte englobe todas as decisões
proferidas a partir de 1998, dividimos o total de heterocitações recebidas por
7. De acordo com matéria do portal Nexo, 71,5% das votações do plenário são unânimes. No universo
das 28,5% não unânimes, 12% contaram apenas com o ministro Marco Aurélio como vencido. V. MA-
RIANI, Daniel; LUPION, Bruno; ALMEIDA, Rodolfo. Qual é o grau de discordância e concordância
entre os ministros do Supremo. Nexo, 21 mar. 2017. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/
especial/2017/03/21/Como-os-Ministros-do-Supremo-se-aproximam-ou-se-distanciam-entre-si-
-de-acordo-com-suas-decisões. Acesso em: 31 mar. 2020. Para a análise, foram consideradas cerca
de 9 mil decisões do plenário da Corte de agosto de 2007 a fevereiro de 2017.
8. De acordo com matéria do portal Nexo, 71,5% das votações do plenário são unânimes. No universo
das 28,5% não unânimes, 12% contaram apenas com o ministro Marco Aurélio como vencido.
V. MARIANI, Daniel; LUPION, Bruno; ALMEIDA, Rodolfo. Qual é o grau de discordância e
concordância entre os ministros do Supremo. Nexo, 21 mar. 2017. Disponível em: https://
www.nexojornal.com.br/especial/2017/03/21/Como-os-Ministros-do-Supremo-se-aproxi-
mam-ou-se-distanciam-entre-si-de-acordo-com-suas-decisões. Acesso em: 31 mar. 2020. Para
a análise, foram consideradas cerca de 9 mil decisões do plenário da Corte de agosto de 2007
a fevereiro de 2017.
9. De acordo com matéria do portal Nexo, 71,5% das votações do plenário são unânimes. No universo
das 28,5% não unânimes, 12% contaram apenas com o ministro Marco Aurélio como vencido.
V. MARIANI, Daniel; LUPION, Bruno; ALMEIDA, Rodolfo. Qual é o grau de discordância e
concordância entre os ministros do Supremo. Nexo, 21 mar. 2017. Disponível em: <https://
www.nexojornal.com.br/especial/2017/03/21/Como-os-Ministros-do-Supremo-se-aproxi-
12. Como exemplo: quando Nelson Jobim se aposentou, em 2006, Ricardo Lewandowski era ministro
há menos de um mês. Sua sucessora, Cármen Lúcia, naturalmente ainda não havia assumido o
cargo e também não compunham a Corte os ministros Dias Toffoli, Rosa Weber, Teori Zavascki,
Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes.
13. Essa medida foi necessária para não inflacionar o valor do tempo no tribunal. Se considerásse-
mos a proporção de citações ao ministro Barroso em processos sob a relatoria do ministro Marco
Aurélio, encontraríamos um número baixo independentemente da influência do ministro Barro-
so sobre os votos do ministro Marco Aurélio simplesmente em virtude do fato de que o segundo
ministro passou muitos anos na Corte (e, portanto, fez muitas citações a outros processos) antes
da posse do ministro Barroso. Ao limitarmos a contagem do total de citações do ministro citan-
te ao período posterior à posse do ministro citado, mitigamos esse problema, ainda que ele não
seja totalmente eliminado, já que o ministro citante possui um acervo presumivelmente maior
de decisões dos ministros mais antigos para citar, versus um conjunto relativamente pequeno
para o ministro recém-empossado.
14. Ver, respectivamente, RAMALHO, Renan; D’AGOSTINO, Rosanne. Sessão do STF é suspensa
após ataques entre ministros Barroso e Gilmar Mendes. G1, Brasília, 21 mar. 2018. Disponível
em: https://g1.globo.com/politica/noticia/sessao-do-stf-e-suspensa-apos-ataques-entre-Mi-
nistros-barroso-e-gilmar-mendes.ghtml. Acesso em: 31 mar. 2020.; ABREU, Diego. Ministros
do STF discutem durante sessão do tribunal. G1, Brasília, 22 abr. 2009. Disponível em: http://
g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1094745-5601,00-MinistroS+DO+STF+DISCUTEM+-
DURANTE+SESSAO+DO+TRIBUNAL.html. Acesso em: 31 mar. 2020.
15. Essas aproximações são confirmadas pela matéria do portal Nexo, publicada em 21 de março de
2017. Ver MARIANI, Daniel; LUPION, Bruno; ALMEIDA, Rodolfo. Qual é o grau de discordân-
cia e concordância entre os ministros do Supremo. Nexo, 21 mar. 2017. Disponível em: https://
www.nexojornal.com.br/especial/2017/03/21/Como-os-Ministros-do-Supremo-se-aproximam-
-ou-se-distanciam-entre-si-de-acordo-com-suas-decisões. Acesso em: 31 mar. 2020.
3.5.1.1 Todas as decisões
3.5.1.2 Decisões colegiadas
3.5.1.3 Decisões monocráticas
3.5.1.3.2 O ministro Luiz Fux recebeu mais de 16% de citações do total possível
em decisões monocráticas do ministro Alexandre de Moraes no STF.
3 . 5 . 2 Ayres Britto
Em relação ao ministro Ayres Britto, os ministros mais citados por ele, quan-
do consideradas todas as decisões (monocráticas e colegiadas), foram os
ministros Sepúlveda Pertence e Celso de Mello. No universo exclusivo das
decisões monocráticas, os ministros mais citados são: Moreira Alves e Cel-
so de Mello. No âmbito das decisões colegiadas, a ministra Ellen Gracie e o
ministro Celso de Mello são os ministros mais citados por Britto.
Dias Toffoli foi o ministro que mais citou Ayres Britto no universo to-
tal de decisões da Corte e no conjunto das manifestações monocráticas. No
universo exclusivo de decisões colegiadas, porém, o ministro que mais citou
Ayres Britto foi Ricardo Lewandowski.
3.5.3.1 Todas as decisões
3.5.3.2 Decisões colegiadas
3.5.3.3 Decisões monocráticas
3 . 5 .4 celso de m ello
3.5.4.3.4 Em decisões monocráticas, o ministro Cezar Peluso reali zou mais de 10%
de citações a decisões do ministro Celso de Mello no STF dentro do total possível.
Os ministros mais citados por Cezar Peluso tanto no universo total de de-
cisões quanto no universo de decisões monocráticas foram os ministros
Moreira Alves e Celso de Mello. No universo das colegiadas, o ministro que
acompanha Celso de Mello como mais citado é o ministro Sepúlveda Per-
tence. No universo de citantes, o ministro Ricardo Lewandowski se desta-
ca, aparecendo na primeira posição em quase todas as métricas. A exceção
ocorre no domínio das decisões colegiadas, em que o ministro Celso de Mello
é o que mais menciona Peluso em seus votos, considerando o percentual de
citações recebidas do total possível.
3.5.5.1 Todas as decisões
3.5.5.2 Decisões colegiadas
3.5.5.3 Decisões monocráticas
3.5.7.1 Todas as decisões
3.5.7.2 Decisões colegiadas
3.5.7.3 Decisões monocráticas
3 . 5 . 8 Ellen g racie
Os ministros mais citados pela ministra Ellen Gracie foram Eros Grau, Celso
de Mello, Sepúlveda Pertence (o mais mencionado em manifestações colegia-
das sob sua relatoria de acordo com os dois critérios adotados neste estudo)
e Ricardo Lewandowski.
No universo dos ministros citantes, a maior quantidade de referências
a decisões da ministra foi feita por Dias Toffoli tanto no universo global de
decisões tomadas pela Corte quanto no plano das monocráticas. Contudo,
quando em análise apenas as decisões colegiadas, os ministros que mais ci-
taram a ministra Ellen Gracie foram Celso de Mello e Luiz Fux.
Os dados indicam uma forte preferência por parte do ministro Eros Grau
pelas manifestações de Sepúlveda Pertence, o ministro mais citado em todas
as dimensões e de acordo com todos os critérios adotados nesta pesquisa. O
fato de Sepúlveda Pertence ser o decano quando do ingresso de Eros Grau no
tribunal revela comportamento diferente em relação ao adotado por outros
ministros, como Edson Fachin. No plano dos ministros citantes, Cármen
Lúcia e Rosa Weber ocupam as posições de destaque.
3.5.9.1 Todas as decisões
3.5.9.2 Decisões colegiadas
3.5.9.3 Decisões monocráticas
3 . 5 .1 0 gilmar m endes
As ministras mais citadas por Gilmar Mendes são Cármen Lúcia, que lidera
em quase todas as dimensões e critérios aplicados nesta parte do presente
estudo, e Ellen Gracie, que aparece na primeira posição quando se conside-
ram, nas decisões colegiadas, as citações por decisão produzida pelo ministro.
O ministro Ricardo Lewandowski é o que mais cita Gilmar Mendes no con-
junto das decisões colegiadas da Corte nas duas métricas aplicadas e, no uni-
verso geral de decisões, quando está em jogo o percentual de citações recebidas
do total possível. A ministra Rosa Weber, por sua vez, é a que mais cita decisões
de relatoria do ministro Gilmar Mendes em decisões monocráticas de sua lavra.
Também merecem destaque as frequentes citações feitas ao ministro por Dias
Toffoli, que figura na segunda colocação dos rankings gerais de ministros citan-
tes, impulsionada pela alta frequência de citações em decisões monocráticas.
3.5.11.1 Todas as decisões
3.5.11.2 Decisões colegiadas
3.5.11.3 Decisões monocráticas
3 . 5 .12 Luiz fux
3.5.13.1 Todas as decisões
16. Por exemplo, OLIVEIRA, Fabiana Luci de. Processo decisório no Supremo Tribunal Federal:
coalizões e “panelinhas”, op. cit., p. 152.
3.5.13.2 Decisões colegiadas
3.5.13.3 Decisões monocráticas
3 . 5 .14 Ricardo Lewandowski
Os ministros mais citados pelo ministro Roberto Barroso são Teori Zavasc-
ki e Luiz Fux, que ocupam de forma consistente as primeiras posições do
ranking conforme os diferentes recortes utilizados. Por outro lado, o mi-
nistro é citado com mais frequência pelos ministros Edson Fachin, Rosa
Weber e Luiz Fux.
3.5.15.1 Todas as decisões
3.5.15.2 Decisões colegiadas
3.5.15.3 Decisões monocráticas
3 . 5 .1 6 Rosa Weber
3.5.17.1 Todas as decisões
3.5.17.2 Decisões colegiadas
283
(como a dificuldade de identificar o que conta como “precedente” da corte; o
crescimento de importância dos “precedentes” no tempo; o maior tamanho,
na média, das decisões relacionadas ao controle de constitucionalidade; a
significativa assimetria no tamanho das decisões de cada uma das turmas;
e o impacto reduzido, em termos quantitativos, das decisões de certos mi-
nistros para a fundamentação dos votos de seus colegas). Em segundo lugar,
eles reforçam estudos anteriores realizados com bases mais restritas (como
a possível existência de redes de afinidades entre ministros e a importância
do direito sumular no tribunal). Em terceiro lugar, por fim, disponibilizam
para a comunidade novas informações sobre o funcionamento do Supremo
nas suas dimensões de órgão colegiado e de instituição marcada pela força
da monocratização – algumas esperadas; outras surpreendentes, soando,
em alguns casos, até contraintuitivas.
Para além dessas contribuições, o estudo evidencia o quão pouco ainda
sabemos e o quanto ainda há para conhecer sobre as duas dimensões anali-
sadas – e tantas outras – do processo de justificação de decisões no Supremo.
Ao mesmo tempo em que, esperamos, este estudo preenche algumas lacu-
nas, ele também pode inspirar novos debates, a (re)formulação de teorias,
propostas legislativas e o desenho de futuras investigações, reforçando a
relevância da pesquisa empírica no Direito e contribuindo para o conheci-
mento cada vez mais informado da realidade do Supremo Tribunal Federal.
ABREU, Diego. Ministros do STF discutem durante sessão do tribunal. G1, Bra-
sília, 22 abr. 2009. Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL-
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ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 22 nov. 2019.
Referências 287
de Instrumento. Conversão em recurso extraordinário (CPC, art. 544, § §3º e 4º).
2. Alegação de ofensa aos incisos XXXV e LX do art. 5º e ao inciso IX do art. 93 da
Constituição Federal. Inocorrência. 3. O art. 93, IX, da Constituição Federal exige
que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem de-
terminar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas,
nem que sejam corretos os fundamentos da decisão. 4. Questão de ordem acolhida
para reconhecer a repercussão geral, reafirmar a jurisprudência do Tribunal, ne-
gar provimento ao recurso e autorizar a adoção dos procedimentos relacionados à
repercussão geral. Agravante: HSBC Bank Brasil S/A — Banco Múltiplo. Agravado:
Fernando Soares de Lima. Relator: Ministro Gilmar Mendes, 23 de junho de 2010.
Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&do-
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Gerais. Habeas Corpus. Constitucional. Penal. Decisão Monocrática que negou se-
guimento a Recurso Especial. Supressão de instância. Impetração não conhecida.
Paciente: Eliana de Lourdes Pereira. Impetrante: Bernardo Diogo de Vasconcelos
Murta. Relator: Ministro Ricardo Lewandowski, 19 de novembro de 2013. Disponível
em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=5698164.
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Referências 289
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Distrito Federal. Mandado de Injunção. Aposentadoria Especial do Servidor Público.
Artigo 40, § 4º, da Constituição da República. Ausência de Lei Complementar a disci-
plinar a matéria. Necessidade de integração legislativa. Impetrante: Creuso Scapin.
Impetrado: Presidente da República. Relatora: Ministra Cármen Lúcia, 15 de abril de
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VOJVODIC, Adriana. MACHADO, Ana Mara França; CARDOSO, Evorah Lusci Cos-
ta. Escrevendo um romance, primeiro capítulo: precedentes e processo decisório no
STF. Revista Direito GV, São Paulo, v. 5, n. 1, p. 21-44, jan./jun. 2009. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rdgv/v5n1/a02v5n1. Acesso em: 30 mar. 2020.
303
Este livro foi produzido pela FGV Direito Rio,
composto com a família tipográfica Chronicle Text
e impresso em papel offset, no ano de 2020.
Referências c
Como o STF justifica suas decisões? Neste li-
vro, buscamos uma resposta quantitativa para
essa pergunta a partir de duas dimensões: a
extensão das decisões da corte e o recurso a
manifestações anteriores do tribunal e de seus
Ministros. Através de uma série de gráficos,
tabelas e análises, mostramos como estas duas
dimensões interagem com variáveis como o
tempo, os assuntos discutidos, as classes
processuais, os órgãos julgadores dentro do
tribunal, os Ministros relatores, dentre outras.