TH Proporcao

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS


DEPARTAMENTO DE ESTATÍSTICA

Disciplina: GES104 – Estatística aplicada à Engenharia


Docente responsável: Camilla Marques Barroso

Testes de hipóteses para a proporção

1 Introdução

Frequentemente é necessário testar hipóteses para a proporção de uma população. Por exemplo, supo-
nha que uma amostra aleatória de tamanho n tenha sido retirada de uma população e que x observações nessa
x
amostra tenham uma característica de interesse. Então, p̂ = é um estimador pontual da proporção p da
n
população de pertencer a essa classe. Note que n e p são parâmetros de uma distribuição binomial.

2 Teste de hipóteses para proporção

Vimos na seção anterior o procedimento geral para testes de hipóteses.

3 Procedimento geral para testes de hipóteses

Sabemos que a distribuição amostral de p̂ será aproximadamente normal com média p e variância
p(1 − p)
, se np e n(1 − p) forem maiores ou iguais a 5. Para a construção de um teste de hipóteses para
n
proporção considere, então, as seguintes etapas.

1. Hipóteses: Defina a hipótese nula (H0 ) e a hipótese alternativa (H1 ) convenientes (teste bilateral, unila-
teral à esquerda ou unilateral à direita). Escolha um dos três testes de acordo com o problema:
Teste bilateral:
(
H0 : p = p0
H1 : p 6= p0
ou Teste unilateral à esquerda:
(
H0 : p = p0
H1 : p < p0
ou Teste unilateral à direita:
(
H0 : p = p0
H1 : p > p0

2. Regra de decisão: Estabeleça um nível de significância α e, baseado no teste escolhido no item anterior,
construa as regiões de rejeição (em azul) e de aceitação (em branco) como na Figura 3.1. (Aqui você
precisa encontrar os pontos que dividem essas regiões usando tabelas ou pacotes do software R).

Figura 3.1 – Regiões de rejeição e aceitação em testes de hipóteses


2

3. Estatística de teste: Calcule a estatística de teste dada por:

p̂ − p0
Z=q
p0 (1−p0 )
n

em que p0 é o valor que testamos quando estabelecemos as hipóteses na Etapa 1 e p̂ é a proporção na


amostra.

4. Conclusão: Compare o valor da estatística do teste, Z, com as regiões obtidas na etapa 2 e decida se H0
deve ou não ser rejeitada. Rejeitaremos H0 se a estatística de teste, Z, cair na região de rejeição (azul) e
aceitamos H0 se cair na região de aceitação (branco).

Exemplo 1. Um fabricante de semicondutores produz controladores usados em aplicações no motor de auto-


móveis. O consumidor requer que a proporção defeituosa em uma etapa crítica de fabricação não exceda 0,06
e que o fabricante demonstre uma capacidade de processo nesse nível de qualidade, usando α = 0,05. O fabri-
cante de semicondutores retira uma amostra aleatória de 200 aparelhos e encontra quatro deles defeituosos.
O fabricante pode demonstrar a capacidade de processo requerida pelo consumidor?
Vamos seguir as etapas para construção do teste de hipóteses para a proporção em estudo.

1. Como o fabricante quer demonstrar que a proporção defeituosa não excede 0,06, definimos um teste
unilateral à esquerda:
(
H0 : p = 0,06
H1 : p < 0,06

2. Considerando α = 0,05, podemos usar a função qnorm() para encontrar o quantil que deixa essa área
à esquerda;

Use a função qnorm() para encontrar o quantil que separa as regiões


de rejeição e aceitação:

qnorm(0.05)
-1.644854

3. Calcule a estatística de teste dada por:

p̂ − p0 0,02 − 0,06
Z=q =q = −2,38
p0 (1−p0 ) 0,06(1−0,06)
n 200

x 4
em que p̂ = = = 0,02, p0 é valor estabelecido nas hipóteses e n é o tamanho amostral.
n 200
3

4. Para concluir, compare o valor da estatística do teste, Z = −2,38, com o gráfico construído na etapa 2
e decida se H0 deve ou não ser rejeitada. Rejeitaremos H0 se a estatística de teste, Z, cair na região de
rejeição (azul), ou seja de Z < −1,64 e aceitamos H0 se cair na região de aceitação (branco), ou seja
se Z > −1,64.
No caso temos, Z < −1,64

e portanto, rejeitamos H0 ao nível de 5% de significância e mantemos H1 : p < 0,06, ou seja, o fabri-


cante pode demonstrar a capacidade de processo requerida pelo consumidor. A proporção defeituosa
em uma etapa crítica de fabricação é menor que 0,06.

No R usamos a função prop.test do pacote "stats":

prop.test(x = 4, # numero de sucessos na amostra


n = 200, # tamanho amostral
p = 0.06, # proporcao a ser testada
conf.level = 0.95, # nivel de confianca
correct = F, # correcao de continuidade
alternative = "less")

## No argumento "alternative" escolha o tipo de teste:


## “two.sided” (bilateral) ou
## “less” (unilateral a esquerda) ou
## “greater” (unilateral a direita)

Resultado:

1-sample proportions test without continuity correction

data: 4 out of 200, null probability 0.06


X-squared = 5.6738, df = 1, p-value = 0.00861
alternative hypothesis: true p is less than 0.06
95 percent confidence interval:
0.00000000 0.04380346
sample estimates:
p
0.02

Com o resultado retornado pelo R podemos tirar conclusões baseado no valor-p. Por aqui vemos que
o valor-p é igual a 0,00861, ou seja, menor que o nível de significância α = 0,05. Portanto, rejeitamos H0 .

Lembre-se:

• Se valor-p < α : Rejeito H0

• Se valor-p > α : Aceito H0


4

Exemplo 2. Suponha que 500 peças sejam testadas na fabricação e que 10 sejam rejeitadas. Teste a hipótese
H0 : p = 0,03 versus H1 : p 6= 0,03, com α = 0,05.

No R:

prop.test(x = 10, # numero de sucessos


n = 500, # tamanho amostral
p = 0.03, # proporcao a ser testada
conf.level = 0.95, # nivel de confianca
correct = F, # correcao de continuidade
alternative = "two.sided")

Resposta:

1-sample proportions test without continuity correction

data: 10 out of 500, null probability 0.03


X-squared = 1.7182, df = 1, p-value = 0.1899
alternative hypothesis: true p is not equal to 0.03
95 percent confidence interval:
0.01089918 0.03642018
sample estimates:
p
0.02

O resultado apresenta valor-p = 0,1899, que é maior que o nível de significância, α, ou seja, valor-p > 0,05.
Portanto, aceitamos H0 e concluímos, com 5% de significância que a proporção é igual a 0,03.
Exemplo 3. A remoção de pedras nos rins pela nefrolitotomia percutânea (NP) tem uma taxa de sucesso igual
a 289 de 350 pacientes. O método tradicional foi 78% efetivo. Há evidências de que a taxa de sucesso par NP
seja maior do que a taxa histórica de sucesso? Use α = 5%.
Testamos a hipótese H0 : p = 0,78 versus H1 : p > 0,78, com α = 0,05.

prop.test(x = 289, # numero de sucessos


n = 350, # tamanho amostral
p = 0.78, # proporcao a ser testada
conf.level = 0.95, # nivel de confianca
correct = F, # correcao de continuidade
alternative = "greater")

1-sample proportions test without continuity correction

data: 289 out of 350, null probability 0.78


X-squared = 4.2624, df = 1, p-value = 0.01948
alternative hypothesis: true p is greater than 0.78
95 percent confidence interval:
0.7898968 1.0000000
sample estimates:
p
0.8257143
Temos valor-p igual a 0,01948, que é menor que o nível de significância α = 0.05. Portanto, rejeitamos
H0 e concluímos que há evidências de que a taxa de sucesso par NP seja maior do que a taxa histórica de
sucesso.
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Referências

[1] P. A. Bussab, W. de O. e Morettin, Estatística Básica. Saraiva, 2017.

[2] J. L. Devore, Probabilidade e estatística para engenharia e ciências. Cengage Learning Edições Ltda.,
2018.

[3] D. F. Ferreira, Estatística básica. UFLA, 2009.

[4] G. C. Montgomery, Douglas C e Runger, Estatística aplicada e probabilidade para engenheiros. Grupo
Gen-LTC, 2020.

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