Aula 01

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AULA
Introdução ao Reino Animalia
objetivos

Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:


• Conhecer o ramo da Biologia denominado Zoologia.
• Aprender quando e onde os animais surgiram.
• Definir os diferentes tipos de ambientes onde
os animais habitam.

Pré-requisitos
Disciplinas:
Diversidade dos
Seres Vivos e
Dinâmica da Terra.
Introdução à Zoologia | Introdução ao Reino Animalia

O REINO ANIMAL

Como visto na disciplina Diversidade dos Seres Vivos, atualmente, os


CAROLUS LINNAEUS
organismos estão agrupados em três domínios: Bactéria, Archea e Eukarya. Ver verbete na aula
Os organismos eucariontes (com núcleo verdadeiro) estão divididos em Classificação Zoológica
e Taxonômica.
quatro diferentes Reinos: Fungi, Protista, Plantae e Animalia.
SUBSTRATO
Nesse curso, você será apresentado ao Reino Animalia ou Reino
Estrutura de origem
Animal. Estudá-lo é como fazer uma viagem exploratória pelos diversos animal, vegetal ou
mineral que serve de
caminhos de um mundo imenso e pouco conhecido. suporte ou anteparo
O Reino Animal, o maior entre todos, foi definido, em 1735, para determinados
organismos.
pelo naturalista sueco CAROLUS LINNAEUS como o de “objetos naturais Ex.: a rocha para uma
ostra, o tronco para
que crescem, vivem e sentem” em contraste com as plantas, que uma formiga e a baleia
“crescem, vivem mas não sentem”, e com os minerais, que “cres- para uma craca.

cem, mas não vivem e nem sentem”. Atualmente, considera-se como


animal o organismo eucarioto:

multicelular (constituídos por mais de uma célula, com


diferentes funções e dependentes entre si);

heterotrófico (não sintetizam seu próprio alimento, neces-


sitando nutrir-se de outros organismos) e potencialmente
móvel (apresentam células ou tecidos que permitem a movi-
mentação, mesmo que estes organismos vivam fixos em um
SUBSTRATO, como por exemplo, uma ostra);

provido de células gaméticas (aquelas geneticamente


diferenciadas que são responsáveis pela reprodução sexuada
do organismo);

provido de tecidos distintos (além das células gaméticas);


e que apresenta reprodução sexual e meiose.

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MÓDULO 1
Até o momento, mais de 1 milhão de espécies animais viventes

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foram descritas, além de muitas espécies já extintas, conhecidas,

AULA
principalmente, através de seu registro fóssil ou de exemplares de
museus (Quadro 1.1).
Esta diversidade é tão grande que nenhum ser humano seria capaz
de conhecê-la totalmente. Uma pessoa que se dedicasse a estudar todos os
animais, examinando uma espécie por hora, em uma jornada de trabalho
de oito horas diárias, não teria finalizado sua tarefa após 3 séculos.

Quadro 1.1: Diversidade Animal – número aproximado de espécies dos principais grupos.

Placozoa (1) Nematomorpha (230) Onychophora (80)


Mesozoa (100) Priapulida (15) Mollusca (50.000)
Porifera (9.000) Acanthocephala (700) Brachiopoda (335)
Cnidaria (9.000) Entoprocta (150) Ectoprocta (4.500)
Ctenophora (100) Loricifera (15) Phoronida (15)
Platyhelminthes (20.000) Annelida (15.300) Chaetognatha (100)
Nemertea (900) Sipuncula (250) Echinodermata (7.000)
Gnasthostomulida (80) Tardigrada (400) Hemichordata (85)
Rotifera (1.800) Arthropoda: Chordata:
Gastrotricha (450) Cheliceriformes (65.000) Urochordata (3.000)
Kinorhyncha (150) Crustacea (35.000) Cephalochordata (23)
Nematoda (12.000) Atelocerata (985.000) Vertebrata (47.000)

Fonte: Modificado de Brusca & Brusca (1991).

A diversidade animal também é notável no que se refere às suas


formas (água-viva, lombriga, estrela-do-mar, mosca, lula gigante,
tubarão, ema, elefante, baleia, ser humano), ou à sua escala de tamanho,
variando de menos de 1mm, para pequenos vermes, até 30 metros de
comprimento, como é o caso da baleia-azul (Figura 1.1).

Borboleta
(Morpho sp.)
0,2m
Avestruz Lombriga
2,4m Tubarão baleia
0,2m
Brontossauro fóssil 15m
22,5m

Homem Elefante Lula gigante


1,8m 3,3m Baleia azul 15m
Amonite fóssil
60m 2,1m

Figura 1.1: Escalas de tamanho do Reino Animal.

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QUANDO E ONDE SURGIRAM OS ANIMAIS

O registro fóssil é o único meio direto de se observar a história


evolutiva da vida na Terra. Esse registro, encontrado em rochas sedimentares
formadas em épocas passadas, representa vestígios de ancestrais de
organismos atuais e de organismos que alcançaram o seu apogeu e que
desapareceram completamente (Quadro 1.2, mais adiante nesta aula).
Contudo, o registro fóssil é por demais incompleto para documentar
a origem da vida.
O Reino Animal é um dos poucos a apresentar um registro
fóssil bastante promissor. Mas quando você acha que surgiu a vida
animal no nosso planeta? Para responder a esta pergunta, vamos ver um
pouco dos períodos geológicos da Terra.
As evidências sugerem que os animais se originaram nos
oceanos, conquistando todos os ambientes marinhos disponíveis.
Os registros mais antigos de animais são datados do período
P R É -C A M B R I A N O PRÉ-CAMBRIANO, com cerca de 640 M.A., e são denominados de fauna de Edia-
cara. O registro fóssil dessa fauna é representado por animais de corpo
M.A.
mole, que provavelmente não pertencem a nenhum dos filos atuais. Ao
milhões de anos atrás.
final do Pré-Cambriano, a maior parte de sua fauna foi extinta, sendo
substituída pela do período seguinte denominado Cambriano.
CAMBRIANO O CAMBRIANO, há cerca de 590 m.a., dá início à Era Paleozóica.
Ele é marcado pelo abundante aparecimento de diversas formas de
não-vertebrados, como artrópodes, equinodermos e moluscos. É bastante
provável que todos os filos animais tenham se diferenciado antes ou
durante esse período.
No Cambriano, eram encontrados artrópodes trilobitas;
braquiópodes; moluscos gastrópodes, bivalves e cefalópodes;
poríferos; equinodermos; cnidários; anelídeos; nemertinos etc.
Tais animais, além dos representantes de cerca dos 10 filos completamente
extintos, encontram-se bem preservados em diversos sítios paleontológicos.
Destaca-se o de Burgess, localizado na Colúmbia Britânica (Canadá).
É desse período o primeiro registro de vertebrados.
ORDOVICIANO O ORDOVICIANO, cerca de 505 m.a., registra uma grande variedade de
animais não-vertebrados. Nesse período, ocorreu um grande aumento
na diversidade de grupos celomados que se alimentavam de material em
suspensão na água e de peixes sem mandíbulas e sem nadadeiras.

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Ao final do Ordoviciano, muitos grupos marinhos extinguiram-se.

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Tal extinção coincidiu com um acentuado rebaixamento do nível do mar,

AULA
denominado regressão marinha.
No SILURIANO, cerca de 438 m.a., houve um novo aumento na diver- SILURIANO
sidade animal. Os mares, nesse período, estavam repletos de artrópodes
Eurypterida. Surgiram os placodermos, peixes que possuíam mandíbulas,
e, em alguns casos, estruturas parecidas com nadadeiras. Nesse período,
surgiram as primeiras evidências de que alguns grupos animais teriam
invadido o ambiente continental.
O DEVONIANO, cerca de 408 m.a., apresentou uma grande diver- DEVONIANO
sificação de não-vertebrados, principalmente de animais que formam
corais, de trilobitas e de AMONITES. Esse período também foi marcado AMONITES
Cefalópodes
pelo pico da diversificação dos agnatos e dos placodermos. Duran- revestidos por
te o Devoniano, denominado Era dos Peixes, originaram-se os conchas semelhantes
às lulas.
peixes cartilaginosos ou condríctes e os peixes ósseos ou osteíctes.
Os anfíbios e os insetos com asas também apareceram nesse período. Ao final
do Devoniano, aparentemente coincidindo com uma nova regressão
marinha, ocorreu uma extinção em massa de não-vertebrados marinhos.
No CARBONÍFERO, cerca de 360 m.a., ocorreu uma grande diversifica- CARBONÍFERO
ção de insetos, tais como: gafanhotos, baratas, cigarras etc. Houve ainda
uma grande diversificação dos anfíbios, muito dos quais eram enormes
(mais de 4 metros), tendo a grande maioria se extinguido ao final do
período. É desse período o registro dos primeiros répteis.
No PERMIANO, último período da era Paleozóica com cerca de 286 PERMIANO
m.a., ocorreu uma grande diversificação na maioria das ordens de insetos.
Há então um aumento na diversidade dos répteis, incluindo formas
semelhantes aos mamíferos, e um declínio na dos anfíbios. Nesse período,
houve a maior extinção em massa da história dos seres vivos, principalmente
entre os não-vertebrados marinhos. No mar, os trilobitas, que já estavam
sofrendo um declínio, desapareceram e os amonites, que continuavam
a se proliferar, juntamente com os corais de antozoários e com os
equinodermos crinóides etc. declinaram acentuadamente. Entre os peixes
e os grupos terrestres ocorreram extinções menos importantes.
A partir dessa panorâmica, você já pode ter uma idéia do que ocorreu
com os seres vivos durante o Paleozóico. Veja agora o que ocorreu nas
eras seguintes.

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MESOZÓICA No início da era MESOZÓICA, os continentes encontravam-se reunidos

PANGÉIA em apenas uma massa de terra denominada PANGÉIA. Após o Permiano, a


de Pan = tudo, total Pangéia começou a se separar, pelo processo chamado tectônica de placas,
+ ge(o) = terra + ia.
Ver mapa na Aula formando dois outros continentes, um ao norte, denominado laurásia, e
1 de Introdução à
Biogeografia.
outro ao sul, denominado Gondwana.
No período TRIÁSSICO, houve uma nova diversificação da fauna
TR I Á S S I C O
de não-vertebrados marinhos, com a segunda grande proliferação dos
amonites. No ambiente terrestre, os répteis experimentaram um grande
aumento na sua diversidade, e este período passou a ser denominado,
popularmente, Idade dos Répteis. Foi quando surgiram os primeiros
dinossauros e os primeiros mamíferos. Ao final do Triássico, ocorreu
também uma grande extinção da fauna.
JURÁSSICO O período JURÁSSICO, cerca de 213 m. a., é marcado por uma nova
diversificação dos amonites e de outros grupos de não-vertebrados. Os
anfíbios primitivos extinguiram-se ao final do Triássico, mas os primeiros
sapos apareceram no Jurássico Médio e as salamandras surgiram no final
desse mesmo período. Os dinossauros diversificaram-se e surgiram as
primeiras aves e os mamíferos arcaicos.
CRETÁCEO O CRETÁCEO, cerca de 144 m.a., é caracterizado pelo grande aumento
na diversidade de não-vertebrados marinhos, de amonites e de dinossau-
ros. No Cretáceo Superior, os mamíferos marsupiais ou Metatheria e os
placentários ou Eutheria tornaram-se distintos.
Ao final desse período, houve uma grande regressão marinha e a
segunda grande extinção da fauna. Os amonites e os dinossauros, que já
vinham declinando, e os pássaros arcaicos extinguiram-se. A extinção foi
mais intensa entre o plâncton marinho e os não-vertebrados bentônicos,
e menos intensa entre os peixes e os pequenos vertebrados terrestres,
com menos de 25kg.
À era Mesozóica seguiu-se a Cenozóica. Veja o que ocorreu
em seus períodos.
TE R C I Á R I O O período TERCIÁRIO, cerca de 65 m.a., é marcado pela grande diver-
sificação dos insetos polinizadores, pássaros e mamíferos. O final do
Terciário (Plioceno), assim como o início do Quaternário (Pleistoceno),
chama atenção pelo grande número de formas que atingiu o gigantismo,
tais como: gliptodontes (Haplophorus euphractus), mamutes e mastodontes
(Mammuthus trogontherii, Mammuthus americanus), preguiças-gigantes
(Eremotherium laurillardi, Megatherium americanum, Mylodonopsis ibse-
ni), tatus-gigantes (Holmesina paulacoutoi) etc. Ao final desse período e
começo do seguinte, ocorreu a extinção de grandes mamíferos.

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MÓDULO 1
O período QUATERNÁRIO, iniciado há aproximadamente 2 milhões QUATERNÁRIO

1
de anos, é representado por animais parecidos com aqueles existentes

AULA
atualmente ou pelos mesmos que hoje encontramos.
O Quadro 1.2 que você verá em seguida mostra, de forma
esquemática, os principais eventos que caracterizaram cada período.

Quadro 1.2: Períodos geológicos e seus principais eventos.


Era Período Época Idade (Ma) Principais eventos na história da Terra
Fósseis mais Vendiano 4.500 Formação da Terra e desenvolvimento da litosfera,
antigos da hidrosfera e da atmosfera.
Desenvolvimento da vida na hidrosfera.
Pré-Cambriano

e Proterozóico
Arqueozóico

2.500 Mudanças na litosfera produzem as principais massas de terra e


áreas de mares rasos. Surgem organismos multicelulares – algas,
fungos, e muitos não-vertebrados. Os primeiros fósseis animais
aparecem há 700 milhões de anos aproximadamente.
670 Diversificação de não-vertebrados multicelulares, principalmente
criaturas de corpo mole.
Cambriano 590 Clima morno. Extensos mares rasos nas regiões equatoriais. Algas
abundantes. Registro fóssil de trilobitas e braquiópodes variados.
Primeiro registro de vertebrados aparece ao término do período.
Ordovociano 505 Clima esquentando. Mares rasos atingem sua máxima extensão.
Algas ficam mais complexas; plantas vasculares podem ter ocorrido.
Grande variedade de não-vertebrados; peixes sem nadadeiras.
Siluriano 438 Clima morno. Radiação de plantas terrestres. Abundância de
Eurypterida em ambientes aquáticos; surgimento dos artrópodes
terrestres e dos primeiros gnatostomados.
Paleozóico

Devoniano 408 Clima frio; bacias de água doce se desenvolvem. Surgimento das
primeiras florestas. Primeiros insetos alados; origem e diversificação
dos peixes cartilaginosos e ósseos, com desaparecimento das formas
sem nadadeiras; aparecimento de tetrápodes. Extinção massiva.

Carbonífero 360 Clima geralmente morno e úmido, mas com alguma glaciação
meridional. Florestas alagadas de esfenopsísdeos, licópsídeos e
samambaias. Radiação das primeiras ordens de insetos; grande
diversidade de anfíbios especializados; primeiros répteis.
Permiano 286 Glaciações. Clima frio, esquentando progressivamente para o Triássico.
Florestas de glossoptérida; radiação de répteis, incluindo formas
semelhantes aos mamíferos; declínio dos anfíbios; diversificação das
ordens de insetos. Extinção massiva no final do período.
Triássico 248 Clima morno; desertos extensos. Domínio das gimnospermas;
aparecimento das primeiras angiospermas, dinossauros e mamíferos;
diversificação de não-vertebrados marinhos.
Mesozóico

Jurássico 213 Deriva continental; Pangéia, único continente existente, se divide


em Laurásia (ao norte) e Gondwana (ao sul). Clima morno e estável.
Domínio de gimnospermas. Grande diversidade de dinossauros;
primeiros pássaros; mamíferos arcaicos; radiação dos amonites.
Cretáceo Inferior 144 Maioria dos continentes separados. Diversificação de angiospermas
e de mamíferos. Extinção de pássaros arcaicos e de muitos répteis ao
Superior 100 final desse período.
Terciário Paleoceno 65 Culminação das montanhas, seguida por erosão; invasões marinhas;
Eoceno 54
Cenozóico

continentes ocupam posições próximas às atuais. Tendência à


Oligoceno 38 aridez no Terciário, com repetidas glaciações. Desenvolvimento de
Mioceno 24 gradiente longitudinal de temperatura. Radiação dos mamíferos,
Plioceno 5 pássaros, angiospermas e insetos polinizadores; extinção dos grandes
Quaternário Peistoceno 2 mamíferos; evolução humana; surgimento das civilizações.
Recente 0,01
Fonte: Modificado de Brusca & Brusca (1991) e Carvalho (2000).

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ONDE VIVEM OS ANIMAIS

Os animais habitam todos os ambientes conhecidos do Planeta


Terra. Eles são encontrados desde as mais profundas fossas marinhas até
os mais altos picos continentais, suportando temperaturas que variam
de -80 oC, nos pólos, até cerca de 100 oC em fontes de águas quentes.
Nesses ambientes, os animais sofrem diferentes pressões seletivas, o que
acarreta uma grande diversificação das espécies.
Devido à sua grande variedade, os ambientes recebem denominações
distintas que serão úteis no estudo dos grupos animais e de suas adaptações ao
meio em que vivem. Por exemplo, a primeira divisão do Planeta Terra, quanto
à ocupação pelos organismos, é em Meio Aquático e em Meio Aéreo.
Antes de falarmos deles, saiba que nesta divisão não há o “meio
terrestre”. Não vamos, por enquanto explicar o motivo. Comece a pensar
nesta questão e, no final da aula, responda ao exercício proposto.

Meio aquático

A maior parte do meio aquático é constituída


!
pelos ambientes marinhos que são divididos, segundo O ambiente marinho
divide-se em: Fundo
o ambiente físico onde vivem os animais, em Fundo e d´água e Coluna d´água.
em Coluna d’água.

Fundo d’água

Os fundos são cobertos por sedimentos (substratos moles) ou


por substratos duros, como rochas, corais ou outros organismos.
Estes fundos são usualmente classificados quanto à topografia e quanto PLATAFORMA
CONTINENTAL
à profundidade, nas seguintes regiões: Trecho dos continentes
situado sob a água,
caracterizado pela baixa
Entre-marés – regiões que ficam periodicamente expostas profundidade, cerca
de 200 metros, e pela
ao ambiente aéreo, durante os períodos de marés baixas. topografia suave.

É o caso das praias, costas rochosas, manguezais etc. TA L U D E


CONTINENTAL
Sublitoral – região que se localiza na PLATAFORMA CONTINENTAL.
Borda dos continentes
É uma das regiões mais ricas em organismos do ambiente que se estende até o
assoalho oceânico.
marinho.
É caracterizada por sua
Batial – região que corresponde aos fundos marinhos que grande inclinação, ao
contrário da plataforma
recobrem o TALUDE CONTINENTAL. continental, apresentando
uma grande variação de
profundidade, de 200 até
cerca de 3.000 metros.

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MÓDULO 1
Abissal – região que cobre o assoalho oceânico, caracterizada
FOSSAS OCEÂNICAS

1
Verdadeiras fendas pela sua grande profundidade de cerca de 3.000 a 6.000
submarinas que podem

AULA
atingir até 10.000 metros metros, ocupando a maior parte do fundo do mar.
de profundidade.
Hadal – região correspondente às FOSSAS OCEÂNICAS.

Coluna d’água

A coluna de água, que recobre o fundo ou bacias oceânicas,


também pode ser dividida da seguinte maneira:

Zona Nerítica, constituída pela coluna de água que se


localiza sobre a plataforma continental.
Zona Oceânica, correspondendo à coluna de água que
recobre todo o resto do oceano.

Os organismos também são classificados, conforme o ambiente


físico que ocupam, em dois domínios: o Pelagial, ou Domínio Pelágico;
e o Bentos, ou Domínio Bentônico.
PELÁGICO O DOMÍNIO PELÁGICO abrange os organismos que vivem envolvidos
pela água do mar e não no fundo oceânico. Estes organismos podem
estar apenas suspensos, sendo levados pelas correntes marinhas por não
conseguir vencê-las com a sua locomoção, como no caso do Plâncton,
ou podem se movimentar na água, conseguindo, literalmente, “nadar
contra a corrente” constituindo o que se denomina Nécton.
O Plâncton é constituído, geralmente, por pequenos organismos.
Entre os animais planctônicos encontram-se, principalmente, pequenos
crustáceos e larvas de outros animais típicos do Nécton ou do Bentos.
O Nécton é representado pelos peixes, lulas, golfinhos, baleias,
focas, tartarugas etc.
BENTÔNICO O DOMÍNIO BENTÔNICO é caracterizado pelos organismos que vivem
associados ao fundo ou substrato. São denominados de bentônicos os
animais pertencentes a uma grande variedade de grupos bem conhecidos,
como: estrelas-do-mar, esponjas, corais, caramujos, mexilhões, mariscos,
siris, caranguejos etc.
Com a invasão dos continentes pelos animais, novos ambientes foram
conquistados. Alguns destes ambientes também são aquáticos e geralmente
constituídos por uma água com poucos íons dissolvidos denominada
água doce (embora tenha este nome apenas por não ser salgada).

CEDERJ 15
Introdução à Zoologia | Introdução ao Reino Animalia

Esta invasão, apesar das diferenças químicas entre a água do mar e a água doce,
foi bem-sucedida para muitos grupos animais como: caramujos, insetos, vermes,
caranguejos, sanguessugas, peixes etc (Figura 1.2). Tais ambientes apresentam
diferenças: podem ser permanentes ou provisórios, ou suas águas podem
estar em constante movimento ou paradas. Apresentam, portanto, faunas
diferentes com adaptações próprias.

Larva

Adulto

Inseto
(tricóptero)
Caramujo

Sanguessuga Caranguejo Planária

Peixe Palito

Figura 1.2: Animais de água doce.

Os rios, córregos e cachoeiras são denominados ambientes Lóticos


e caracterizam-se pelo constante movimento da água. Os ambientes cuja
movimentação de água é bem mais restrita são denominados Lênticos, sendo
representados por lagos, lagoas, lagunas, represas, poças de chuva, pratinhos
de vasos, pneus velhos etc. Os organismos que vivem nos ambientes de água
doce, também denominados Dulciaqüícolas, são classificados com relação à
ocupação do ambiente físico da mesma forma que os organismos marinhos,
isto é, em Plâncton, Nécton e Bentos.

16 CEDERJ
MÓDULO 1
Meio aéreo

1
No meio aéreo, a grande maioria dos animais está diretamente

AULA
associada ao substrato. O ar, pela sua pequena densidade, dificulta a
manutenção de animais em suspensão, sendo pouco ocupado. Repare
que um pássaro, por exemplo, não se mantém no ar, voando, da mesma
forma ou com a mesma facilidade com a qual um peixe se mantém
nadando. Animais como insetos, aves, morcegos etc. ocupam, efetivamen-
te, o ambiente aéreo; porém o fazem geralmente de forma temporária,
passando nele pelo menos uma parte do seu ciclo de vida.
O substrato do meio aéreo, no entanto, apresenta uma grande
diversidade de ambientes, que, geralmente está associado não apenas ao
ambiente físico, mas principalmente ao tipo de vegetação. As grandes
formações vegetais são utilizadas para denominar ambientes como: Flo-
resta Tropical, Floresta Temperada, Cerrado, Savana, Restinga, Tundra,
Deserto etc.
Como você pode observar, o ser humano, especialmente os
cientistas, tem o hábito de classificar e ordenar tudo, ou pelo menos o
conhecimento. É claro que a natureza é contínua, sendo as classifica-
ções apenas artifícios para uma melhor compreensão e descrição dos
ambientes e organismos.

O QUE É ZOOLOGIA?

Depois de ver as espécies animais, quando elas surgiram no planeta


e os meios nas quais vivem, você já deve ter uma idéia do que é Zoologia.
A Zoologia é a ciência que estuda os animais sob os mais diversos
aspectos, como as diferentes formas do corpo, seu funcionamento e
suas relações com o meio ambiente.
Para estudar Zoologia, é necessário entender por meio de estudos
comparativos como os diferentes grupos animais se relacionam. Quando
esses aspectos da vida animal forem o resultado de processos evolutivos,
os estudos comparativos nos permitirão compreender a história da vida
na Terra. Pelo fato de uma pessoa não poder observar diretamente a
história evolutiva dos organismos, é necessário recorrer a metodologias
científicas que permitam reconstruí-la. Este tipo de abordagem é parte
integrante do ramo da Biologia denominado Biologia Comparada.
Nas próximas aulas, apresentaremos mais detalhadamente esse
ramo da Biologia.

CEDERJ 17
Introdução à Zoologia | Introdução ao Reino Animalia

RESUMO

Nesta aula, você viu que o reino animal é aquele que agrupa organismos
multicelulares, que são heterotróficos, potencialmente móveis, providos de
células gaméticas e tecidos distintos e apresentam reprodução sexual com meiose.
É o maior reino, sendo conhecidas atualmente cerca de 2 milhões de espécies.
Através do registro fóssil, acredita-se que tais espécies tenham se originado nos
fundos oceânicos há mais de 600 m.a. e sofrido uma série de radiações (divisões em
várias espécies) e extinções até os dias de hoje. Você aprendeu que, ao longo deste
tempo, as espécies conquistaram todos os ambientes do planeta, invadindo o
ambiente continental aquático e terrestre e que elas, atualmente, habitam desde
as maiores profundezas oceânicas até os mais altos picos continentais. O estudo dos
animais, sob os mais diferentes aspectos, é o campo da Zoologia, que utiliza-se de
análises comparativas entre os diversos grupos animais para compreender a história
evolutiva da Terra.

EXERCÍCIOS AVALIATIVOS

Considerando os temas abordados nesta aula, você poderia dizer:

Por que organismos como uma alga, uma bactéria e um fungo não são considerados
animais, enquanto um mexilhão, uma esponja-do-mar e um carrapato o são?

Por que o meio ambiente habitado pelos animais é dividido em Meio Aquático e Meio
Aéreo, não incluindo o Meio Terrestre ? Uma dica. Pense no critério utilizado para
dividir o planeta Terra em Meio Aquático e Meio Aéreo e na questão do substrato.

INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA

Considerando o enfoque evolutivo da disciplina Introdução à Zoologia, no decorrer


desse primeiro Módulo, serão apresentadas as bases metodológicas do Cladismo.

Na próxima aula, veremos como a Zoologia pode contribuir para a reconstrução


da história evolutiva dos grupos através da Biologia Comparada. Serão descritas de
forma breve, as principais escolas de pensamento que concorreram para a ordenação
do conhecimento biológico.

18 CEDERJ

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