Gabarito Lista 1

Fazer download em doc, pdf ou txt
Fazer download em doc, pdf ou txt
Você está na página 1de 22

FUNDAMENTOS DE TECNOLOGIA NUCLEAR – APLICAÇÕES

LISTA DE EXERCÍCIOS  GABARITO OFICIAL


1) A unidade de massa atômica (u.m.a.) é definida como 1/12 da massa de um átomo de 12C neutro
(1 u.m.a. = 1,6604.1024 g). Esta grandeza foi criada como padrão para exprimir massas de
moléculas, átomos, núcleos atômicos e partículas, devido ao fato de ser compatível com as mesmas.
A equivalência em energia de uma u.m.a. é dada por:

E = m.c2  E = 1,6604.1027 . (2,998.108)2  E = 1,4924.1010 J  E = 931,5 MeV

pois 1 eV = 1,602.1019 J.

2) Uma partícula alfa é constituída por dois prótons e dois nêutrons, ou seja, tal partícula é o núcleo
de um átomo de 4He.

 Energia de ligação:
El = [2.mp + 2.mn – M].c2  El = [2.1,007276 + 2.1,008665 – 4,001506].931,5  El = 28,30 MeV

 Energia de ligação média por nucleon:

3) As forças principais que atuam dentro do núcleo atômico são a força Coulombiana e a força
nuclear forte. As características mais importantes destas forças são:

 Força Coulombiana – age entre prótons, repulsiva, intensidade diminui com o quadrado da
distância entre os prótons.

 Força nuclear forte – age entre nucleons, atrativa, alta intensidade, curtíssimo alcance (  3.1015
m).

4) As reações nucleares e os decaimentos radioativos em questão são representados de maneira


completa conforme mostrado abaixo:
98
Mo(n,g) 99Mo 99m
Tc
130
Te(n,g)131Te 131
I
18
O(p,n)18F
124
Xe(p,2p)123I
124
Xe(p,2n)123Cs 123
Xe 123
I
68
Zn(p,2n)67Ga
59
Co(n,)60Co
124
Xe(n,g)125Xe 125
I
152
Sm(n,g)153Sm
31
P(n,)32P
191
Ir(n,g)192Ir
181
Ta(n,g)182Ta
Au(n,g)198Au
197

A energia de limiar para cada uma das reações nucleares induzidas por próton resulta:
 18O(p,n)18F

Q =  2,95 MeV

 124Xe(p,2p)123I

Q =  6,30 MeV

 124Xe(p,2n)123Cs

Q =  15,76 MeV

 68Zn(p,2n)67Ga

Q =  12,48 MeV

5) a) Valor de Q para cada uma das reações nucleares citadas:

 6Li + n ® 4He + 3T

Q = 4,79 MeV

 2D + 2D ® 3He + n
Q = 3,27 MeV

 2D + 2D ® 3T + 1H

Q = 4,03 MeV

 3T + 2D ® 4He + n

Q = 17,59 MeV

 3T + 3T ® 4He + 2n

Q = 11,33 MeV

b) Energia liberada E no consumo total de 1 g da matéria contendo as substâncias que reagem:

 6Li + n ® 4He + 3T
- Número total de átomos existente em m = 1 g de 6Li:

- Energia liberada no consumo total de m = 1 g de 6Li:

E = N.Q  E = 1,0005.1023 . 4,79  E = 4,79.1023 MeV  E = 7,67.1010 J

 2D + 2D ® 3He + n
- Número total de moléculas existente em m = 1 g de D 2:

- Energia liberada no consumo total de m = 1 g de D2:

E = N.Q  E = 1,4945.1023 . 3,27  E = 4,89.1023 MeV  E = 7,83.1010 J

 2D + 2D ® 3T + 1H
- Número total de moléculas existente em m = 1 g de D 2:

- Energia liberada no consumo total de m = 1 g de D2:

E = N.Q  E = 1,4945.1023 . 4,03  E = 6,02.1023 MeV  E = 9,65.1010 J

 3T + 2D ® 4He + n
- Número total de moléculas existente em m = 1 g de DT:
- Energia liberada no consumo total de m = 1 g de DT:

E = N.Q  E = 1,1974.1023 . 17,59  E = 21,06.1023 MeV  E = 33,74.1010 J

 3T + 3T ® 4He + 2n
- Número total de moléculas existente em m = 1 g de T 2:

- Energia liberada no consumo total de m = 1 g de T2:

E = N.Q  E = 9,9884.1022 . 11,33  E = 11,32.1023 MeV  E = 18,13.1010 J

c) Razão R entre a energia liberada no consumo total de 1 g da matéria contendo as substâncias que
reagem e a energia liberada na fissão completa de 1 g de 235U:

 Fissão do 235U
- Número total de átomos existente em m = 1 g de 235U:

- Energia liberada na fissão completa de m = 1 g de 235U:

E = N.  E = 2,5625.1021 . 200  E = 5,125.1023 MeV  E = 8,21.1010 J

 6Li + n ® 4He + 3T

 2D + 2D ® 3He + n

 2D + 2D ® 3T + 1H

 3T + 2D ® 4He + n

 3T + 3T ® 4He + 2n
Comentário: Embora a reação de fissão nuclear libere muito mais energia que cada uma das reações
de fusão nuclear, a energia liberada por unidade de massa pela fusão nuclear é comparável ou
bastante superior à energia liberada por unidade de massa pela fissão nuclear, porque as substâncias
utilizadas na fusão nuclear possuem um número muito maior de átomos por unidade de massa que
as substâncias utilizadas na fissão nuclear.

6) Os decaimentos radioativos em questão são representados de maneira completa e identificados de


modo correto conforme mostrado a seguir:
22
Na ® 22Ne + + + n + g  Emissão de pósitron
226
Ra ® 222Rn + a + g  Emissão de partícula alfa
60
Co ® 60Ni +  + + g  Emissão de partícula beta
18
F ® 18O + b+ + n  Emissão de pósitron
125
I + b- ® 125Te + n + g  Captura de elétron
235
U ® 140Cs + 92Rb + 3n + g +  Fissão espontânea
-
32
P ® 32S + b +  Emissão de partícula beta
55
Fe + b- ® 55Mn + n  Captura de elétron
252
Cf ® 142Ba + 106Mo + 4n + g +  Fissão espontânea
210
Po ® 206Pb +  + g  Emissão de partícula alfa

7) A atividade A de 14C na amostra de madeira antiga e a atividade A0 de 14C na amostra de madeira


nova estão relacionadas por intermédio da lei de decaimento radioativo:

onde  = ln2/T1/2 é a constante de decaimento radioativo. Torna-se possível, portanto, deduzir uma
expressão para a idade da amostra de madeira antiga:

É dado do enunciado que A/A0 = 0,15 e sendo T1/2 = 5736 anos a meia-vida do 14C, encontra-se o
resultado:

anos

O enunciado informa que a incerteza nas medidas perfaz A/A0 = 0,001. Nestas circunstâncias, a
incerteza correspondente à idade da amostra de madeira antiga é dada pela teoria de propagação de
erros:

anos

A idade da amostra de madeira antiga é, portanto, igual a (15699  55) anos.


8) A atividade da fonte de 137Cs na data em que se iniciou o acidente é dada por:

A = N.

onde  = ln2/T1/2 é a constante de decaimento radioativo e N é o número de átomos de 137Cs. A


meia-vida do 137Cs é T1/2 = 30,14 anos. A atividade da fonte perfaz A = 1375 Ci, segundo informa o
enunciado. Nestas circunstâncias, resulta:
Ao número N de átomos obtido corresponde uma massa m de 137Cs igual a:

9) A constante de decaimento do radionuclídeo 64Cu, cuja meia-vida perfaz T1/2 = 12,7 horas, é dada
por:

Para cada tipo de decaimento deste radionuclídeo, a constante de decaimento e a meia-vida resultam
conforme exposto a seguir.

 Emissão de partícula beta:

 Emissão de pósitron:

 Captura de elétron:

É importante observar que a constante de decaimento é igual à soma das constantes de decaimento
parciais, enquanto que a meia-vida obtida experimentalmente (no caso, T 1/2 = 12,7 horas) é menor
que a meia-vida de cada tipo de decaimento.

10) a) A atividade da amostra inicialmente pura de 210Bi é dada por:

A= .

onde  = ln2/T1/2 é a constante de decaimento radioativo e é o número de átomos de 210Bi. A


meia-vida do 210Bi é T1/2 = 5,01 dias. A atividade desta amostra de 210Bi perfaz A = 10 mCi, segundo
informa o enunciado. Nestas circunstâncias, resulta:
b) Designando como 1, 2 e 3 respectivamente o 210Bi, o 210Po e o 206Pb, o número de átomos de cada
um que estará presente na amostra, após um intervalo de tempo t qualquer, será dado pelas
seguintes expressões:

onde 1 é a constante de decaimento radioativo do 210Bi e 2 é a constante de decaimento radioativo


do 210Po. Decorrido exatamente um mês, ou seja, t = 30 dias, o número de átomos de cada um
resultará conforme calculado a seguir.

 210Bi

 210Po

 206Pb

c) Após um mês, a atividade de cada radionuclídeo presente na amostra resultará conforme


calculado a seguir.

 210Bi
A1 = N1.1  A1 = 3,6404.1012 . 1,6013.106  A1 = 5,8294.106 Bq  A1 = 1,5755.104 Ci

 210Po

A2 = N2.2  A2 = 2,0251.1014 . 5,7975.108  A2 = 1,1740.107 Bq  A2 = 3,1731.104 Ci

11) a) Nas condições descritas no enunciado, equilíbrio secular se estabelece na amostra, pois a
constante de decaimento radioativo 2 do 222Rn é muito maior que a constante de decaimento
radioativo 1 do 226Ra. Além disso, o intervalo de tempo t durante o qual a amostra é mantida intacta
obedece à relação (1/2) << t << (1/1), de maneira que a atividade de 226Ra quase não se altera. A
atividade de 222Rn na amostra é dada por:

A = N.

onde  = ln2/T1/2 é a constante de decaimento radioativo e N é o número de átomos de 222Rn. A


meia-vida do 222Rn é T1/2 = 3,825 dias. Por estarem em equilíbrio secular, as atividades de 222Rn e de
226
Ra se igualam na amostra e, portanto, a atividade de 222Rn será A = 100 mCi. Nestas
circunstâncias, resulta:

b) Um Mol de 222Rn, contendo N0 = 6,023.1023 átomos, ocuparia V = 22,4 litros nas CNTP.
Portanto, o número N de átomos de 222Rn presente na amostra em equilíbrio secular ocupará, nas
mesmas condições, o volume dado por:

12) A maioria dos principais isótopos dos elementos químicos Po, At, Rn, Fr, Ra, Ac e Pa são
membros da série radioativa originada a partir do decaimento radioativo do 232Th, do 235U ou do
238
U. A meia-vida de cada um destes três radionuclídeos naturais é da mesma ordem de grandeza da
idade geológica do planeta Terra e, também, ordens de grandeza maior que a meia-vida de cada um
dos membros das respectivas séries radioativas. Em tais condições, os membros de cada série
radioativa estão em equilíbrio secular com o radionuclídeo natural que a originou.

13) A diferença fundamental é que, enquanto as radiações ionizantes que possuem carga elétrica
(partículas carregadas massivas, elétrons rápidos) interagem continuamente por intermédio da força
Coulombiana com os elétrons presentes na matéria, as radiações ionizantes que não possuem carga
elétrica (nêutrons, raios-x, raios-gama) não interagem com a matéria por intermédio da força
Coulombiana. Para energias típicas de cada uma dessas radiações, a ordem de grandeza das
distâncias características de penetração em sólidos perfaz 10 5 m para partículas carregadas
massivas, 103 m para elétrons rápidos e 101 m para nêutrons, raios-x e raios-gama.

14) Partículas alfa com 5,5 MeV, ao atravessarem um meio material qualquer, perdem energia
cinética principalmente devido ao fenômeno de excitação e ionização de átomos. O intervalo de
tempo médio T decorrido entre o início e o final do percurso dessas partículas alfa no ferro (ou seja,
o tempo de parada) é dado por:
onde é o alcance médio das partículas alfa no meio material, E é a energia cinética inicial das
partículas alfa, M0 é a massa de repouso de uma partícula alfa,  = 0,6 e c é a velocidade da luz no
vácuo. Substituindo os valores dados, encontra-se:

15) Um fragmento de fissão é gerado com falta de aproximadamente 20 elétrons e com energia
cinética elevada. Tais peculiaridades fazem com que a interação de fragmentos de fissão com a
matéria difira da interação de partículas alfa com a matéria nos seguintes aspectos principais: a) a
perda específica de energia cinética dos fragmentos de fissão é muito maior, em decorrência da
carga elétrica bastante alta com que são gerados; b) o alcance médio dos fragmentos de fissão
perfaz cerca de metade do observado para partículas alfa com 5 MeV, em decorrência da energia
cinética muito alta com que são gerados; c) a perda específica de energia cinética do fragmento de
fissão diminui conforme o mesmo perde energia cinética no meio material, em decorrência da
diminuição contínua da carga elétrica efetiva do fragmento acompanhar a desaceleração do mesmo;
d) a captação de elétrons pelo fragmento de fissão começa imediatamente no início do trajeto,
enquanto para uma partícula alfa a captação de elétrons apenas se torna significativa perto do final
do trajeto.

16) A razão entre a perda específica de energia cinética dos elétrons devida ao fenômeno da
emissão de radiação de frenagem e a perda específica de energia cinética dos elétrons devida ao
fenômeno de excitação e ionização de átomos é calculada aproximadamente por meio da expressão:

onde E é a energia cinética dos elétrons dada em MeV e Z a é o número atômico dos átomos
componentes do meio material em que os elétrons incidem. Se o valor desta razão resultar maior
que a unidade, a perda de energia cinética dos elétrons ocorre predominantemente por intermédio do
fenômeno da emissão de radiação de frenagem. Se o valor desta razão resultar menor que a unidade,
a perda de energia cinética dos elétrons ocorre predominantemente por intermédio do fenômeno de
excitação e ionização de átomos. Portanto, para os casos em questão:
a) Elétrons submetidos a uma diferença de potencial igual a 90 kV adquirem energia cinética igual a
90 keV, ou seja, E = 0,09 MeV. A chapa de aço é constituída essencialmente por átomos de ferro,
logo Za = 26. O valor da razão entre as perdas específicas de energia cinética dos elétrons resulta
igual a 3,3429.103, muito menor que a unidade. Nestas circunstâncias, a perda de energia cinética
dos elétrons ocorre predominantemente por intermédio do fenômeno de excitação e ionização de
átomos.
b) A energia cinética máxima das partículas beta (que são elétrons) perfaz E = 1,71 MeV. Os
tecidos moles do corpo humano, constituídos majoritariamente por átomos de C, H, O e N, têm um
número atômico médio Za  8. O valor da razão entre as perdas específicas de energia cinética das
partículas beta resulta igual a 0,0195, muito menor que a unidade. Nestas circunstâncias, a perda de
energia cinética das partículas beta ocorre predominantemente por intermédio do fenômeno de
excitação e ionização de átomos.
c) Os elétrons do feixe têm energia cinética E = 50 MeV. O alvo de tungstênio possui Z a = 74. O
valor da razão entre as perdas específicas de energia cinética dos elétrons resulta igual a 5,2857,
consideravelmente maior que a unidade. Nestas circunstâncias, a perda de energia cinética dos
elétrons ocorre predominantemente por intermédio do fenômeno da emissão da radiação de
frenagem.
Dentre os casos analisados anteriormente, o único em que ocorrerão reações nucleares de
eletrodesintegração é aquele do feixe de elétrons incidindo em um alvo de tungstênio, pois a energia
cinética dos elétrons do feixe excede a energia de separação das partículas em núcleos atômicos, em
geral situada aproximadamente na faixa entre 5 MeV e 13 MeV.
17) Toda e qualquer radiação eletromagnética é emitida e se propaga descontinuamente, em
pequenos pulsos de energia, denominados fótons. Um fóton possui energia E 0 = h.f, onde h é a
constante de Planck e f é a freqüência da radiação eletromagnética. Para o raio-gama cuja energia é
E0 = 661,6 keV, a freqüência da radiação eletromagnética será:

18) O feixe perfeitamente colimado de raios-gama com energia de 661,6 keV, ao atravessar
completamente a camada com espessura x de um determinado material, será atenuado segundo a
expressão:

onde I é a intensidade final do feixe, I 0 é a intensidade inicial do feixe e  é o coeficiente de


atenuação linear. A espessura de cada camada de material testado no experimento perfaz x = 1 cm.
Aplicando-se essa expressão a cada etapa do experimento mediante uso dos coeficientes de
atenuação linear fornecidos na tabela do enunciado, resulta:

 Camada de água (H2O)

 Camada de alumínio (Al)

 Camada de ferro (Fe)

 Camada de cobre (Cu)

 Camada de chumbo (Pb)

Dentre os materiais testados no experimento, aquele mais adequado para uso na fabricação de
blindagens biológicas contra raios-gama seria o chumbo (Pb), pois ao atravessá-lo o feixe colimado
de raios-gama sofreu a maior atenuação.
19) A radiação eletromagnética é emitida e se propaga descontinuamente, em pequenos pulsos de
energia, denominados fótons. Um fóton possui energia E0 = h.f, onde h é a constante de Planck e f é
a freqüência da radiação eletromagnética. Assim, além das propriedades ondulatórias, a radiação
eletromagnética apresenta também comportamento corpuscular, o qual é tanto mais acentuado
quanto maior for a freqüência da radiação eletromagnética. Radiação eletromagnética ionizante
(raios-x e raios-gama) possui freqüência muito alta, superior a 10 17 Hz, e interage com a matéria de
acordo com os mecanismos descritos resumidamente a seguir:
a) Efeito fotoelétrico – um fóton com energia E 0 transfere totalmente esta energia para um elétron
de alguma camada eletrônica do átomo. Esta energia pode deslocar o elétron de uma camada
eletrônica para outra ou pode remover completamente o elétron do átomo, ionizando-o. Neste
último caso, a energia cinética E do elétron ejetado (denominado fotoelétron) resulta E = E 0 – Eb,
onde Eb representa a energia de ligação do elétron ao átomo. Ocorre principalmente para raios-x e
raios-gama com energia relativamente baixa (inferior a 500 keV).

b) Efeito Compton – um fóton, com energia E0 muito maior que a energia de ligação dos elétrons ao
átomo, colide com um elétron do átomo e transfere uma parte de sua energia para este elétron, que é
ejetado do átomo. Após a interação, o fóton terá energia

onde m0 é a massa de repouso de um elétron, c é a velocidade da luz no vácuo e q é o ângulo de


desvio do fóton em relação à direção de incidência, denominado ângulo de espalhamento. Por sua
vez, o elétron sairá do átomo, após a interação, com energia cinética E = E 0 – , seguindo
trajetória que forma um ângulo  com a direção de incidência do fóton, e passará a ser denominado
elétron de recuo. Trata-se do tipo de interação predominante para raios-gama com energias da
ordem de 1 MeV.
c) Espalhamento Rayleigh – um fóton é espalhado por um elétron ligado que não é removido do
átomo, de maneira que a interação ocorre com o átomo como um todo, o qual recua com o elétron
ligado. Nestas circunstâncias, a alteração causada na energia do fóton é completamente desprezível.
Ocorre principalmente para raios-x e raios-gama com energia menor que 1 MeV. O espalhamento
Rayleigh por átomos arranjados em uma estrutura cristalina regular é responsável pelos fenômenos
de difração de raios-x.
d) Espalhamento Thomson – fenômeno descrito com base na teoria clássica de espalhamento da
radiação eletromagnética. O feixe de radiação eletromagnética é considerado como ondas cujo
campo elétrico oscilante interage com as cargas dos elétrons presentes no meio material, assumidos
como livres. Esta interação faz com que os elétrons oscilem. Como resultado de suas acelerações, os
elétrons irradiarão ondas eletromagnéticas com a mesma freqüência e a mesma fase das ondas
incidentes. Desta maneira, os elétrons absorvem energia do feixe de radiação eletromagnética e a
espalham em todas as direções sem, no entanto, alterá-la. Trata-se de um fenômeno comum a todo o
espectro eletromagnético, pois independe da freqüência (e, portanto, da energia) da radiação
incidente.
e) Produção de pares – um fóton é convertido, ao interagir com o campo elétrico do núcleo atômico,
em um elétron (-) e um pósitron (+). Se a energia do fóton é igual a E 0, a conservação da energia
requer

E0 = (E- + m0c2) + (E+ + m0c2) Þ E0 = E- + E+ + 2 m0c2

onde E- e E+ são respectivamente as energias cinéticas do elétron e do pósitron gerados. Portanto,


este mecanismo ocorrerá somente se o fóton incidente tiver energia E 0 ³ 2m0c2, ou seja, E0 ³ 1,022
MeV. Uma vez que o pósitron será aniquilado após sofrer desaceleração no meio material e
interagir com um elétron, dois fótons de aniquilação são gerados como produtos secundários da
produção de pares. Ocorre principalmente para raios-gama cuja energia é da ordem de alguns MeV.
Semelhantes à produção de pares, porém muito mais raros, são os fenômenos do espalhamento
Delbrück, no qual o fóton incidente cria um par elétron - pósitron no campo elétrico do núcleo
atômico, par este que se aniquila e emite um fóton com energia igual ao incidente, e da produção de
tríades, na qual o fóton incidente com energia E 0 ³ 2,044 MeV cria um par elétron - pósitron no
campo elétrico de um elétron qualquer do átomo, elétron este que é ejetado como elétron de recuo.
f) Fotoabsorção nuclear – um fóton com energia E 0 > 1,67 MeV interage com o núcleo atômico,
sendo absorvido. A absorção do fóton pelo núcleo pode causar excitação de níveis de energia
discretos (para E0 £ 9 MeV) ou excitação coletiva do núcleo (para 10 MeV £ E0 £ 50 MeV). Neste
último caso, a excitação é denominada ressonância gigante e o núcleo excitado decai através da
emissão de partículas (nêutron, próton, partícula alfa). A emissão de tais partículas nestas
circunstâncias caracteriza a ocorrência de uma reação nuclear (,n), (,p) ou (,), designada
genericamente como fotodesintegração nuclear. O fenômeno de fotoabsorção nuclear é raro quando
comparado aos demais citados anteriormente e ocorre para raios-gama com energia muito elevada.

20) A energia cinética E do fotoelétron ejetado é dada por E = E 0 – Eb, onde E0 representa a energia
do raio-gama e Eb representa a energia de ligação do elétron ao átomo. Portanto, para cada um dos
três grupos de fotoelétrons observados no experimento, a energia média do raio-gama emitido que
causou a ejeção será:

 Grupo 1
- Alvo metálico de tungstênio (W)  E = E0 – Eb  166 = E0 – 69,3  E0 = 235,3 keV

- Alvo metálico de platina (Pt)  E = E0 – Eb  158 = E0 – 78,2  E0 = 236,2 keV

- Alvo metálico de chumbo (Pb)  E = E0 – Eb  149 = E0 – 89,1  E0 = 238,1 keV

 Energia média do raio-gama emitido  236,53 keV

 Grupo 2
- Alvo metálico de tungstênio (W)  E = E0 – Eb  220 = E0 – 69,3  E0 = 289,3 keV

- Alvo metálico de platina (Pt)  E = E0 – Eb  212 = E0 – 78,2  E0 = 290,2 keV

- Alvo metálico de chumbo (Pb)  E = E0 – Eb  203 = E0 – 89,1  E0 = 292,1 keV

 Energia média do raio-gama emitido  290,53 keV

 Grupo 3
- Alvo metálico de tungstênio (W)  E = E0 – Eb  276 = E0 – 69,3  E0 = 345,3 keV

- Alvo metálico de platina (Pt)  E = E0 – Eb  269 = E0 – 78,2  E0 = 347,2 keV

- Alvo metálico de chumbo (Pb)  E = E0 – Eb  260 = E0 – 89,1  E0 = 349,1 keV

 Energia média do raio-gama emitido  347,20 keV

21) O fóton espalhado no efeito Compton terá energia dada pela seguinte expressão:

onde E0 é a energia do fóton incidente, m0 é a massa de repouso de um elétron, c é a velocidade da


luz no vácuo e q é o ângulo de desvio do fóton em relação à direção de incidência, denominado
ângulo de espalhamento. A expressão que fornece a energia do fóton espalhado é, portanto,
uma fração em que o numerador é uma constante e o denominador é uma função do ângulo .
Nestas circunstâncias, o menor valor de será obtido quando o valor do denominador for
máximo. Para encontrar o valor de  que torna o denominador máximo, deriva-se a função do
ângulo  e iguala-se a mesma a zero, de tal forma que:
Para decidir qual dos dois valores de  obtidos torna o denominador máximo, verifica-se qual deles
torna negativa a segunda derivada da função:

Provou-se matematicamente que o valor procurado é  = . Portanto, o menor valor da energia


do fóton espalhado no efeito Compton corresponde ao ângulo de espalhamento  =  e perfaz

22) a) O fóton espalhado no efeito Compton terá energia dada pela seguinte expressão:

onde E0 é a energia do fóton incidente, m0 é a massa de repouso de um elétron, c é a velocidade da


luz no vácuo e q é o ângulo de desvio do fóton em relação à direção de incidência, denominado
ângulo de espalhamento. Para o caso em questão, E 0 = 661,6 keV e q = /2, sendo m0c2 = 511 keV,
portanto:

b) Para o caso em questão, a energia cinética E do elétron de recuo será:

E = E0   E = 661,6 – 288,3  E = 373,3 keV


c) Para gerar o efeito Cherenkov na água, um elétron rápido deve ter energia cinética maior ou igual
a 264 keV, condição satisfeita pelo elétron de recuo em questão, que possui energia cinética igual a
373,3 keV.

23) a) Quando um feixe monoenergético de raios-x com comprimento de onda l = c/f incide em um
meio sólido que possui uma rede cristalina cuja distância entre dois planos atômicos sucessivos é
igual a d @ l, observa-se o surgimento de um padrão de interferência sempre que a seguinte relação
for satisfeita:

n l = 2 d sen j

onde n é um número inteiro e j é o ângulo formado entre a direção de incidência do feixe e os


planos atômicos da rede cristalina. Para o caso em questão, n = 1, d = 2,82.10 10 m e j = 835’,
portanto o comprimento de onda l dos raios-x difratados será:

n l = 2 d sen j 
enquanto que a freqüência f destes mesmos raios-x será:

os quais, por conseguinte, terão energia E0 dada por:

pois 1 eV = 1,602.1019 J.
b) O máximo de difração de segunda ordem (n = 2) será obtido para o ângulo:

n l = 2 d sen j 

enquanto que o máximo de difração de terceira ordem (n = 3) será obtido para o ângulo:

n l = 2 d sen j 

24) Na produção de pares, a conservação da energia total relativística é expressa por intermédio da
equação:

E0 = E + E+ + 2m0c2
onde E0 é a energia do fóton incidente, m0 é a massa de repouso de um elétron, c é a velocidade da
luz no vácuo, E é a energia cinética do elétron originado e E + é a energia cinética do pósitron
originado. Se o fenômeno ocorre nas condições do enunciado, é válida a relação E  = E+, de maneira
que se E0 = 1368,5 keV, resulta:

E0 = E + E+ + 2m0c2  1368,5 = E + E+ + 2511  E + E+ = 1368,5 – 1022 

E + E+ = 346,5  E = E+ = 173,25 keV


ao passo que se E0 = 2754,9 keV, resulta:

E0 = E + E+ + 2m0c2  2754,9 = E + E+ + 2511  E + E+ = 2754,9 – 1022 

E + E+ = 1732,9  E = E+ = 866,45 keV


Para interagir com a matéria segundo o fenômeno da produção de tríades, um fóton deve ter energia
maior ou igual a 2044 keV, condição que, dentre os dois raios-gama emitidos no decaimento do
24
Na, é satisfeita apenas pelo raio-gama com energia de 2754,9 keV.

25) Para que a transmutação tenha o melhor rendimento possível, a energia E 0 dos fótons deve ser
igual à energia de excitação da ressonância gigante, cuja sistemática indica E R  79A1/3 MeV para
núcleos intermediários e pesados. Portanto, no caso do 129I, o melhor rendimento da transmutação é
obtido quando os fótons têm energia E0  79(129)1/3  15,6 MeV.
26) As partículas alfa mencionadas perderão energia cinética predominantemente em decorrência do
fenômeno de excitação e ionização de átomos, pois possuem energia cinética na faixa em que esta é
a forma principal de interação de tais partículas com a matéria. Os raios-gama mencionados
perderão energia predominantemente em decorrência do efeito fotoelétrico, pois este é o principal
mecanismo de interação apresentado por raios-gama com energia relativamente baixa (inferior a
500 keV) incidindo em materiais com número atômico elevado (Z > 50).
27) Para um determinado tipo de radiação ionizante incidindo com intensidade constante em um
detector a gás segundo uma configuração geométrica fixa, a dependência de log Q com a diferença
de potencial V aplicada é expressa por meio da chamada curva característica tensão – corrente. Esta
curva, esboçada no gráfico abaixo, pode ser dividida em seis regiões de acordo com os fenômenos
predominantes em cada uma.

Região I – Nesta região, há competição entre a perda de pares iônicos causada por recombinação e a
coleta de íons nos eletrodos. O aumento da corrente com a diferença de potencial está ligado ao
seguinte fato: ao se aumentar a intensidade do campo elétrico, cresce a força Coulombiana que atua
sobre os íons, diminuindo a probabilidade de recombinação.
Região II – Nesta região a corrente é, dentro de certos limites, independente da diferença de
potencial entre os eletrodos, pois a perda por meio de recombinação é desprezível. Esta região é
denominada região das câmaras de ionização, pois as mesmas são detectores que nela operam. A
passagem de uma radiação ionizante em meio ao gás forma pares iônicos e somente os pares
formados são coletados. Em tais circunstâncias, a amplitude do sinal de saída produzido depende da
corrente e esta depende do número original de pares iônicos formado. Por sua vez, a quantidade de
pares iônicos original depende da energia e do tipo de radiação ionizante incidente. Assim, a câmara
de ionização mede energias e distingue os diversos tipos de radiação por intermédio dos sinais
produzidos.
Região III – Se a diferença de potencial entre os eletrodos for aumentada além do limite que
caracteriza a região II, verifica-se que a corrente cresce linearmente com a diferença de potencial
aplicada, por um intervalo razoavelmente grande de variação dessa grandeza. Esta região, conhecida
como região proporcional, é caracterizada pelo fato de íons produzidos pela passagem da radiação
ionizante poderem alcançar energia cinética suficiente para ionizar moléculas do gás por meio de
colisão. Esse processo de aumento de carga é multiplicativo. Assim, a carga coletada nos eletrodos
é a carga produzida multiplicada pelo fator de amplificação do gás, designado como k, de maneira
que continua válido o fato do sinal produzido ter amplitude dependente da energia e do tipo de
radiação ionizante incidente. Os fenômenos que ocorrem nesta região são utilizados nos chamados
detectores proporcionais. O detector proporcional apresenta um sinal de maior amplitude que o
proveniente da câmara de ionização, pois a carga coletada é multiplicada por um fator.
Região IV – Nesta região, a fator de multiplicação do gás k depende da diferença de potencial
aplicada e da quantidade de carga gerada inicialmente. Por esse motivo, esta região é denominada
região de proporcionalidade limitada.
Região V – Nesta região, a carga coletada independe da ionização primária. Os pares iônicos
formados são acelerados pelo campo elétrico intenso, produzindo novos pares iônicos. Esses novos
pares podem estar em um estado excitado, no qual não podem permanecer indefinidamente,
retornando então ao estado fundamental emitindo fótons ultravioletas. Tais fótons, por sua vez,
podem arrancar elétrons do catodo e de moléculas do gás, por meio do efeito fotoelétrico. Os
fotoelétrons emitidos produzem os mesmos efeitos da radiação ionizante incidente. Essa avalanche,
iniciada pela incidência de radiação ionizante, espalha-se ao longo do detector. Os elétrons, sendo
mais leves, propagam-se mais rápido que os íons positivos, os quais, aglomerados junto ao anodo,
vão formando uma espécie de blindagem eletrostática. Desse modo, a intensidade do campo elétrico
diminui a valores insuficientes para acelerar os elétrons, cessando, portanto, a descarga. Por outro
lado, os íons positivos são acelerados em direção ao catodo e neutralizados ao entrar em contato
com o mesmo. A neutralização dos íons positivos é acompanhada da emissão de fótons ultravioletas
que ejetam fotoelétrons do catodo. Esses fotoelétrons iniciarão uma nova avalanche, independente
da radiação ionizante incidente. Para evitar que isso ocorra, utiliza-se um circuito eletrônico que
extingue a avalanche ou um gás poliatômico. Esta região é chamada região do detector Geiger-
Müller.
Região VI – Nesta região, a diferença de potencial aplicada é tão grande que se obtém uma descarga
contínua. Uma vez iniciada, essa descarga continuará independentemente da radiação ionizante que
incidir no detector. Como conseqüência, esta região é denominada região de descarga auto-
sustentada do gás.

28) a) O princípio geral de funcionamento consiste na obtenção de um sinal eletrônico quando,


mediante a incidência de radiação ionizante, pares iônicos são formados em meio ao gás que
preenche o detector.
b) Os tipos mais comuns de detector a gás são a câmara de ionização, o detector proporcional e o
detector Geiger-Müller.
c) O detector proporcional fornece um sinal eletrônico de maior amplitude que o obtido na câmara
de ionização, pois no detector proporcional a carga coletada é multiplicada pelo fator de
amplificação do gás, que pode alcançar valores entre 10 3 e 104.
d) Em um detector Geiger-Müller, ao contrário dos demais detectores a gás, a amplitude do sinal
eletrônico obtido não depende da ionização produzida diretamente pela radiação incidente
(denominada ionização primária) e, portanto, com o uso deste detector, não é possível medir a
energia ou determinar o tipo da radiação detectada.

29) Detector cintilador é aquele cujo funcionamento se baseia no uso de substância que converte
imediatamente em luz visível a energia da radiação que nele incide, através de processo
denominado fluorescência. Os tipos de cintiladores mais utilizados são:

a) cristais inorgânicos de haletos alcalinos ® NaI(Tl) - iodeto de sódio ativado com tálio; CsI(Tl) -
iodeto de césio ativado com tálio; LiI(Eu) - iodeto de lítio ativado com európio; CsF - fluoreto de
césio.

b) outros cristais inorgânicos ® Bi4(GeO4)3 - germanato de bismuto (BGO); BaF 2 - fluoreto de


bário; ZnS(Ag) - sulfeto de zinco ativado com prata; CaF 2(Eu) - fluoreto de cálcio ativado com
európio.

c) cristais, líquidos ou plásticos orgânicos ® cristal - antraceno, estilbeno; líquido - cintilador


orgânico dissolvido em um solvente apropriado; plástico - cintilador orgânico dissolvido em um
solvente que depois pode ser polimerizado.

30) Válvula fotomultiplicadora é o sensor mais utilizado com a finalidade de converter a fraca luz
emitida na cintilação em um sinal elétrico. Consiste basicamente em um fotocatodo acoplado a uma
estrutura multiplicadora de elétrons. Uma válvula fotomultiplicadora funciona conforme a descrição
sumária apresentada a seguir. Os fótons da luz emitida na cintilação, ao ingressarem na válvula
fotomultiplicadora, atingem o fotocatodo, uma camada metálica fotossensível feita de uma liga de
antimônio e césio. Por intermédio do efeito fotoelétrico, estes fótons são convertidos no fotocatodo
em algumas poucas centenas de fotoelétrons com baixa energia cinética, cuja carga total é
insuficiente para gerar um sinal elétrico adequado. Estes fotoelétrons são coletados, através de uma
geometria adequada, na estrutura multiplicadora de elétrons, que contém de 8 a 13 eletrodos
denominados dinodos. Ao final do processo de multiplicação, são gerados entre 10 7 e 1010 elétrons,
número suficiente para gerar um sinal de carga correspondente ao evento original de emissão
luminosa pelo cintilador. Esta carga é coletada no anodo da fotomultiplicadora. Uma diferença de
potencial entre 1500 V e 2500 V aplicada entre o fotocatodo e o anodo é distribuída pelos dinodos
por um circuito elétrico. A amplificação do número de elétrons é feita de maneira bastante linear,
gerando um pulso que permanece proporcional ao número original de fotoelétrons emitido.

31) Um detector semicondutor consiste em um cristal semicondutor com grau elevadíssimo de


pureza e perfeição, contendo uma junção p-n em que é aplicada uma diferença de potencial positiva
elevada (várias centenas de Volts) ao semicondutor tipo-n. Além disso, o cristal é mantido a
temperaturas extremamente baixas (cerca de  196 C) por intermédio da refrigeração com
nitrogênio líquido, com o objetivo de minimizar a corrente intrínseca devida à excitação térmica.
Nestas circunstâncias, todo o cristal se comporta como um isolante elétrico, até o momento que
sobre ele incidir radiação ionizante. A incidência de radiação ionizante no detector causa a
formação de elétrons livres e buracos na junção p-n, que se torna um condutor elétrico. Estas cargas
são coletadas nos respectivos eletrodos e o semicondutor volta a ser um isolante elétrico. As cargas
coletadas geram um pulso de tensão, que é transferido a um circuito de registro. Os principais tipos
de detectores semicondutores são: a) detectores de barreira de superfície (à base de silício),
empregados na espectrometria de partículas carregadas massivas (partículas alfa e fragmentos de
fissão); b) detectores de germânio ultra-puro, designados como HPGe (à base de germânio),
empregados na espectrometria de radiações eletromagnéticas ionizantes com alta freqüência (raios-
x e raios-gama).

32) Devido ao fato de não ter carga elétrica, o nêutron não interage com a matéria através da força
Coulombiana. Como conseqüência, nêutrons não podem ser detectados por qualquer aparelho cujo
funcionamento tenha como princípio a ionização causada diretamente pela partícula que nele incide.
A detecção de nêutrons somente pode ser efetuada a partir da medida de efeitos secundários que
resultam de interações com núcleos atômicos. Estas interações podem ser agrupadas em quatro tipos
diferentes:
a) absorção de um nêutron por um núcleo, seguida de imediata emissão de uma ou mais partículas
carregadas rápidas.
b) absorção de um nêutron seguida de fissão do núcleo composto resultante.
c) absorção de um nêutron resultando na formação de um núcleo radioativo cuja atividade possa ser
medida.
d) espalhamento de um nêutron por um núcleo leve cujo recuo produz ionização.
No primeiro tipo de interação, mede-se a ionização causada pelas partículas carregadas rápidas
emitidas, no segundo tipo a ionização causada pelos produtos de fissão, no terceiro tipo a atividade
induzida e no quarto tipo a ionização causada pelo recuo do núcleo leve.

33) A detecção de nêutrons lentos é efetuada através da utilização das seguintes reações nucleares e
detectores correspondentes:
10
B(n,a)7Li Þ Detectores proporcionais preenchidos com BF3
6
Li(n,a)3H Þ Detectores cintiladores de LiI(Eu)
3
He(n,p)3H Þ Detectores proporcionais preenchidos com 3He

34) a) Inicialmente, é necessário calcular o número N de átomos de 197


Au existente em cada cm 3 da
folha de ouro. Para tanto, é utilizada a seguinte expressão:

onde  = 19,32 g/cm3 é a densidade do ouro, N 0 = 6,023.1023 é o número de Avogadro, Mol =


196,967 g é o mol do ouro, F = 1 (pois o ouro metálico é uma substância pura simples) e f = 1 (pois
o ouro é um elemento químico monoisotópico), de tal maneira que:
A constante de decaimento radioativo do 198Au também deve ser previamente calculada:

A partir dos valores calculados anteriormente e dos dados do enunciado, o número N de átomos de
198
Au produzido para cada cm 2 da folha de ouro que foi exposto ao feixe, pode ser calculado por
intermédio da expressão:

onde  = 98,65 b é o valor médio da seção de choque para a reação de captura radiativa,  = 1012
nêutrons/cm2.s é o valor médio do fluxo de nêutrons que incide na folha, Vol i = (1 cm2).(0,02 cm) =
0,02 cm3 é o volume da folha exposto ao feixe de nêutrons e t = 300 s é o tempo total de irradiação,
de tal maneira que:

N = 3,4953.1013
b) No instante de encerramento da irradiação, a atividade de cada cm 2 da folha que foi exposto ao
feixe de nêutrons resulta:

A = N  A = 3,4953.10132,9713.106  A = 1,0386.108 Bq  A = 2,8069.103 Ci

35) a) Inicialmente, é necessário calcular a constante de decaimento radioativo do 182


Ta, dada por:

para em seguida calcular, a partir da atividade fornecida no enunciado, o número N de átomos de


182
Ta produzido por cm2 da folha de tântalo irradiada:

A = N  1,23.107 = N6,9761.108  N = 1,7632.1014


b) Inicialmente, é necessário calcular o número N de átomos de 181
Ta existente em cada cm 3 da
folha de tântalo. Para tanto, é utilizada a seguinte expressão:

onde  = 16,6 g/cm3 é a densidade do tântalo, N0 = 6,023.1023 é o número de Avogadro, Mol =


180,948 g é o mol do tântalo, F = 1 (pois o tântalo metálico é uma substância pura simples) e f =
0,99988 (fração isotópica do 181Ta no elemento químico tântalo), de tal maneira que:

A partir dos valores calculados anteriormente e dos dados do enunciado, o número N de átomos de
182
Ta produzido para cada cm2 da folha de tântalo que foi exposto ao feixe é dado por:
onde  é o valor médio da seção de choque para a reação de captura radiativa (incógnita da
questão),  = 1012 nêutrons/cm2.s é o valor médio do fluxo de nêutrons que incide na folha, Vol i = (1
cm2).(0,02 cm) = 0,02 cm3 é o volume da folha exposto ao feixe de nêutrons e t = 7200 s é o tempo
total de irradiação, de tal maneira que:

 = 22,17.1024 cm2   = 22,17 b

36) A elaboração da teoria citada tem como fundamento as seguintes hipóteses: 1 - o número de
núcleos-alvo no qual reações nucleares são induzidas pelo feixe de partículas incidente é
desprezível em comparação com o número total de núcleos-alvo, de maneira que, durante toda a
irradiação, a taxa de reação do núcleo-alvo pode ser considerada constante; 2 - o feixe de partículas
incidente praticamente não induz reações nucleares no radionuclídeo gerado durante a irradiação.
Qualitativamente, a teoria citada deixaria de ser válida se ao menos uma destas hipóteses não
descrevesse corretamente o que acontece durante a irradiação. Quantitativamente, uma resposta para
esta questão requer que efeitos considerados desprezíveis na elaboração da teoria citada sejam
levados em conta durante uma abordagem completa do problema, com o objetivo de tornar possível
comparações posteriores. Neste contexto, há dois efeitos a considerar: a) a taxa de reação do núcleo-
alvo, ao invés de ser constante, diminui exponencialmente com o tempo de irradiação; b) o feixe de
partículas incidente induz reações nucleares também no radionuclídeo, de modo que átomos do
radionuclídeo gerado na irradiação desaparecem não apenas por decaimento radioativo, mas
também em decorrência destas reações nucleares. Tais efeitos são levados em conta acrescentando-
se os termos correspondentes na equação diferencial ordinária, que passaria a ser escrita como:

onde N é o número de átomos do radionuclídeo presente na amostra, N é o número de átomos do


núcleo-alvo por unidade de volume da amostra, é o valor médio da seção de choque para a
reação de ativação,  é o valor médio do fluxo de partículas que incide na amostra, Vol i é o volume
da amostra exposto ao feixe de partículas,  é a constante de decaimento radioativo do
radionuclídeo formado, é o valor médio da seção de choque total de absorção das partículas
incidentes pelo radionuclídeo gerado e t é o tempo total de irradiação. A resolução desta nova
equação diferencial fornece:

Este resultado, obtido mediante a abordagem completa do problema, fica reduzido ao apresentado
na teoria citada quando . Para a imensa maioria das situações práticas,
estas condições representam muito bem o que ocorre na produção de um radionuclídeo. Entretanto,
nas condições , a teoria citada deixaria de ser válida e, portanto, a
abordagem completa do problema deveria ser utilizada. Dentre as poucas situações práticas em que
a teoria citada deixaria de ser válida, a mais importante é constituída pela irradiação da amostra em
um fluxo de partículas com valor médio extremamente alto (  1015 1/cm2.s).

37) Em um acelerador linear ressonante, o tempo de trânsito das partículas em cada eletrodo é igual
ao semi-período do potencial alternado fornecido pelo gerador de alta freqüência. Portanto, para o
caso em questão:

Por definição, a freqüência é o inverso do período, logo:


38) A diferença principal consiste no fato de que, enquanto em um acelerador linear ressonante sem
cavidade a diferença de potencial responsável pela aceleração das partículas é fornecida diretamente
aos eletrodos cilíndricos conectados alternadamente aos terminais positivo e negativo do gerador de
alta freqüência, em um acelerador linear ressonante com cavidade os eletrodos cilíndricos são
envolvidos por um tubo cilíndrico de cobre conectado ao gerador de alta freqüência de maneira a
constituir uma cavidade ressonante na qual o campo elétrico oscilante é inteiramente longitudinal e
polariza alternadamente os eletrodos cilíndricos para causar a aceleração das partículas.

39) a) Em um cíclotron, a freqüência do gerador é escolhida de modo a igualar a freqüência de


revolução das partículas, a qual é calculada por intermédio da expressão:

onde B é a intensidade do campo magnético, q é a carga elétrica da partícula e m é a massa de


repouso da partícula. Segundo o enunciado,  = 1,2.107 Hz e, para as partículas em questão, resulta:

 Prótons

 Dêuterons

 Partículas alfa

b) Ao final da trajetória, a energia cinética das partículas que atingem o alvo é dada por:

onde B é a intensidade do campo magnético, q é a carga elétrica da partícula, R é o raio da trajetória


e ma é a massa da partícula acelerada. Considerando desprezíveis os efeitos relativísticos, ou seja, as
massas da partícula acelerada e em repouso como sendo iguais (m a = m), obtém-se:

 Prótons

 Dêuterons

 Partículas alfa
40) a) Em um mícrotron clássico, a condição de aceleração que envolve a intensidade do campo
magnético é expressa por intermédio da seguinte equação:

onde m0 é a massa de repouso de um elétron,  é a freqüência da diferença de potencial aplicada à


cavidade aceleradora, e é o módulo da carga elétrica de um elétron,  é a razão entre o período da
primeira órbita do elétron e o período da diferença de potencial alternada aplicada à cavidade
aceleradora e  é a razão entre a diferença de períodos de duas órbitas consecutivas do elétron e o
período da diferença de potencial alternada aplicada à cavidade aceleradora. Os parâmetros  e 
são números inteiros. Segundo o enunciado, o mícrotron se encontra operando no modo
fundamental, portanto  = 2 e  = 1. Substituindo os demais parâmetros na equação acima, resulta:

b) O raio da órbita dos elétrons, para a n-ésima órbita descrita em meio ao campo magnético, é dado
pela seguinte expressão:

onde  é a razão entre o período da primeira órbita do elétron e o período da diferença de potencial
alternada aplicada à cavidade aceleradora,  é a razão entre a diferença de períodos de duas órbitas
consecutivas do elétron e o período da diferença de potencial alternada aplicada à cavidade
aceleradora, n é o número de órbitas descritas pelo elétron em meio ao campo magnético, c é a
velocidade da luz no vácuo e  é a freqüência da diferença de potencial aplicada à cavidade
aceleradora. Segundo o enunciado, os elétrons são extraídos da trajetória circular após n = 21
órbitas. Substituindo os demais parâmetros na equação acima, resulta:

c) Em um mícrotron clássico operando no modo fundamental (condição dada no enunciado), a cada


passagem pela cavidade aceleradora os elétrons adquirem energia cinética igual à energia de
repouso de um elétron (m0c2 = 0,511 MeV). Segundo o enunciado, os elétrons são extraídos da
trajetória circular após n = 21 órbitas e, portanto, passaram pela cavidade aceleradora n = 21 vezes,
logo o feixe de elétrons atinge o alvo com energia:

E = n m0c2  E = 210,511  E = 10,73 MeV

41) A utilização de radioisótopos em medicina é efetuada por meio de: a) fontes de raios-gama, as
quais podem ser posicionadas interna ou externamente ao paciente; b) radiofármacos, os quais
resultam da combinação de fármacos (que possuem propriedades bioquímicas adequadas) com
radioisótopos (que possuem propriedades físicas adequadas) e são ministrados ao paciente. As duas
formas existentes de utilização de radioisótopos em medicina são em diagnóstico e em terapia.
42) Dentre os radioisótopos mais utilizados em medicina para fins de diagnóstico, destacam-se os
cinco enumerados a seguir: 99mTc, 131I, 18F, 123I e 67Ga. Todos estes radioisótopos são emissores de
raios-gama porque parte deste tipo de radiação consegue atravessar os tecidos do corpo do paciente
ao qual os radioisótopos foram ministrados, ser detectada por equipamentos e gerar sinais
eletrônicos que, uma vez processados, fornecem imagens adequadas para avaliações médicas
detalhadas.

43) As duas reações nucleares envolvidas no processo de produção citado no enunciado são:
6
Li(n,)t e 16
O(t,n)18F
onde t denota o núcleo de um átomo de trítio, que contém um próton e dois nêutrons, apresentando
portanto Z = 1 e A = 3.

44) a) As reações nucleares envolvidas no processo de produção citado são:

 Eletrodesintegração  19F(e,n)18F
 Fotodesintegração  19F(,n)18F
b) A energia cinética mínima que o feixe de elétrons deve ter para causar estas reações nucleares é
igual à energia de limiar para a reação nuclear de fotodesintegração, calculada conforme segue:

E0 =  E0 = 10,43 MeV

c) Para que a produção de 18F por fotodesintegração tenha o melhor rendimento possível, a energia
E dos fótons deve ser igual à energia de excitação da ressonância gigante, cuja sistemática indica E R
 66A1/3 MeV para núcleos leves. Portanto, sendo 19F o núcleo-alvo, tal rendimento é obtido
quando os fótons de Bremsstrahlung têm energia E  66(19)1/3  24,7 MeV.

45) O uso de radioisótopos em medicina para fins de terapia tem por objetivo destruir tumores por
intermédio de radioterapia. Os três tipos de radioterapia são: a) teleterapia – emprega fontes de
raios-gama externas ao paciente e feixes de radiação colimados são direcionados contra o tumor; b)
braquiterapia – emprega o radioisótopo na forma de partículas, fios, sementes, cápsulas ou outro
formato insolúvel adequado, posicionando-o dentro ou perto do tumor; c) terapia sistêmica – o
radioisótopo é inserido no paciente em forma adequada para ser concentrado no órgão em que está
localizado o tumor, empregando para tanto um radiofármaco. Radioisótopos usados em teleterapia:
60
Co e 137Cs. Radioisótopos usados em braquiterapia: 90Sr/90Y, 125I, 182Ta, 192Ir e 198Au. Radioisótopos
usados em terapia sistêmica: 32P, 131I e 153Sm.

Você também pode gostar